Jornal FEESP - Ed. Abril de 2015

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ÓRGÃO DA FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE SÃO PAULO

FUNDADA EM 12 DE JULHO DE 1936

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Abril de 2015 - Nº 447 - Ano XL - DISTRIBUIÇÃO NACIONAL

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A Páscoa que deu sentido à minha vida

Psicografia sobre a Páscoa Pág. 2

Homenagem à Chico Xavier Págs. 7 e 13

Curiosidades do mês de Abril Dia da mentira Pág. 24

Resumos das palestras de domingo


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Editorial

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A Páscoa que deu sentido à minha vida Psicografia da médium Miriam Ofir, ditada pelo Espírito Eli, no trabalho mediúnico de psicografia literária da Área de Divulgação da FEESP.

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embro-me, ainda jovem, daquele domingo tão esperado. Domingo de Páscoa. Minha mãe, neste dia, não precisava se preocupar em nos chamar. Eu e meus irmãos despertávamos sem que ninguém nos chamasse. Era Domingo de Páscoa. Pulamos da cama cedo, felizes, pois iriamos desfrutar já pela manhã, de um café da manhã especial. Reunidos, eu, meus pais e meus irmãos, aguardávamos a prece que nossa mãe faria em agradecimento por este dia. Era Domingo de Páscoa! Iniciamos assim o nosso dia, brincamos um pouco até a chegada da hora do almoço. Todos reunidos à mesa, nova prece, os agradecimentos e nós, ainda crianças, estávamos ansiosos, primeiro para des-

frutar da refeição das doze horas e depois para abrirmos os presentes que naquele dia ganharíamos. Afinal, era Domingo de Páscoa! Essa rotina se fez presente durante alguns anos em nossas vidas, até que, fomos crescendo e saímos do local onde morávamos que era distante do centro daquele lugarejo. Vida nova, novos costumes, já estávamos na idade hoje conhecida como adolescência. O Domingo de Páscoa já não tinha a mesma importância para nós, estávamos mais interessados em aproveitar a nova vida, os namoricos, os prazeres que o novo ambiente nos proporcionava. Chegou o momento da minha despedida, do âmbito da minha família. Ia eu para a cidade grande, estudar e me tornar doutor. Foi nesta cidade que vim a compreen-

der o verdadeiro sentido do Domingo de Páscoa. Passava ao lado de um viaduto e vi que algumas pessoas ali se encontravam em total abandono. Era Domingo de PásSilvia Cristina Puglia coa. Diretora da Área de Divulgação Não havia para eles o café, o almoço os ovos de chocolate. Lembrei-me das preces de minha mãe, onde ela seja caridoso.” Segui à risca, mesmo que um agradecia a Jesus por estar entre nós e também pedia que nos aben- pouco assustado, essa orientação. çoasse. Senti nesse instante como Fiz a prece e iniciei um diálogo que um chicotear em meu peito. com um destes. Percebi, na conSenti piedade e dor por aqueles versa, que para eles a Páscoa não existia, que parecia uma fantasia. desprovidos de tudo. Ao vício se havia entregado, a Igualmente percebi a presença de minha mãe que já havia desen- família havia perdido, dos filhos carnado e foi ela, mais uma vez, nem noticias tinha. Resolvi tomar que me orientou: “Filho, faça uma atitude e iniciei naquele dia uma prece para eles, ajude-os, um trabalho de ajuda àquele ho-


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mem. Busquei guarida e através de pessoas boas que encontrei nessa busca, o home saiu das ruas e encontrou um novo lar. Fui visita-lo no trabalho que conseguira e senti uma indescritível felicidade ao vê-lo recuperado. Novamente a voz amiga de minha mãezinha querida chegava aos meus ouvidos, como o sopro de luz que em mim fibrilava e eu a sentia. Ela me dizia: “Esta é a verdadeira Páscoa filho, não mais dos presentes que o tempo leva, da mesa farta, que nem todos podem ter. A Páscoa, filho através de apenas um gesto, ajuda-o a soerguer-se. Lembra-se filho da prece que a mamãe fazia? Agora sim ela faz sentido em sua vida. É a caridade que chegou a porta do seu coração, que lhe pediu a chance e você lhe deu guarida. Foi para isso filho, que Jesus nos trouxe os Ensinamentos Divinos, Leis Eternas que não mudam. Simbolismos até hoje cercam os seres que ainda deles se utilizam, porém filho tudo isso deveria ser substituído por apenas um ato no bem.

EXPEDIENTE

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Abril de 2015 Feliz Páscoa, Maria, sua mãe.

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Essa foi a Páscoa que deu sentido à minha vida. Eli (Espírito) Com essa linda mensagem, desejamos Feliz Páscoa à todos os caros leitores do Jornal Espírita. Silvia Cristina Puglia Diretora da Área de Divulgação

Que cada um pudesse entender finalmente o verdadeiro sentido das palavras e Ensinamentos de Jesus e que um dia em uníssono pudessem todos sentir, como você filho sente hoje, a alegria de ajudar, a alegria de servir, de ser esse homem de bem que você se tornou, praticando a verdadeira caridade, também neste Domingo de Páscoa! Saiba filho que Jesus ressurge a cada dia para que você e toda a humanidade sejam felizes. Ele é o caminho, a verdade e a vida e quando

se pratica o bem estamos no caminho certo. Busque entender ainda mais através do estudo do Evangelho aplicar os ensinamentos do Mestre, para que um dia, possamos nos reunir em fraternidade, junto a Espiritualidade e, filho, neste dia, se hoje já sente em ti a alegria de servir, sentirá a alegria ainda maior daquele que cumpre com seu dever. Que esta filho, seja a Páscoa da renovação, do entendimento e da ação.”

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Miriam Ofir é expositora, médium e faz parte do grupo de psicografia literária da FEESP

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FUNDADA EM 12 DE JULHO DE 1936

Conselho Editorial Julieta Ignez Pacheco de Souza, presidente da FEESP, Maria Elizabete Baptista, vice-presidente, Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia, diretora da Área de Divulgação, e demais membros da Diretoria Executiva da FEESP Editor: Altamirando Dantas de Assis Carneiro (MTb 13.704) e-mail: divulgacao@feesp.org.br As opiniões manifestadas em artigos assinados, bem como nos livros anunciados são de responsabilidade de seus autores, não refletindo, obrigatoriamente, o pensamento do Jornal Espírita, de seu Conselho Editorial ou da FEESP. Redação O Jornal Espírita é uma publicação bimestral científica, filosófica e moral da Doutrina Espírita. Rua Maria Paula, 140, 3º Andar, Bela Vista,

São Paulo – SP, CEP 01319-000 – Tel.: (11) 3107-5544 Fundado em 1º de Julho de 1975 pelo Núcleo Espírita Caminheiro do Bem, registro nº 2.413, livro 33 de Matrículas de Oficinas Impressoras, Jornais, Revistas e outros periódicos, do 1º Cartório de Títulos e Documentos de São Paulo, conforme despacho do Juiz de Direito da 2ª Vara de Registro. Transferido para a Federação Espírita do Estado de São Paulo em 16 de maio de 1990. Certificado de Registro na marca na classe 11.10 processo nº 815.511.973 publicada na “Revista da Propriedade Industrial” nº 1103, de 21/1/92, página 16. Distribuição para assinantes e Centros Espíritas: Livrarias e Editora Espírita Humberto de Campos da FEESP. Diagramação: TUTTO - 2468-3384 Impressão: TAIGA - 2409-7926

FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE SÃO PAULO CNPJ 61.669.966/0014-25 Rua Maria Paula, 140, Bela Vista, CEP 01319-000, São Paulo - SP Tel.: (11) 3106-1619, 3106-5964, 3106-1200, 31065579, 3107-5279, 3107-1276, 3105-5879, 31155544 – Fax.: (11) 3107-5544 Portal: www.feesp.org.br - Email: feesp@feesp.org.br Diretoria Executiva: Presidente: Julieta Ignez Pacheco de Souza Vice-Presidente: Maria Elizabete Baptista Diretor da Área de Assistência e Serviço Social: Eli de Andrade Diretora da Área de Ensino: Zulmira Hassesian Diretora da Área de Assistência Espiritual: Maria de Cássia Anselmo Diretora da Área de Divulgação: Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia

Diretora da Área de Infância, Juventude e Mocidade: Vera Lúcia Leite Diretora da Área Financeira: Guiomar Cisotto Bonfanti Diretora da Área Federativa: Nancy César Campos Raymundo Presidente do Conselho Deliberativo: Afonso Moreira Junior Assistência Social da FEESP Casa Transitória Fabiano de Cristo CNPJ: 61.669.966/0002-91 Av. Condessa Elizabeth de Robiano, 454, Belenzinho, São Paulo – SP, Tel.: (11) 2697-2520 Sede Santo Amaro: Rua Santo Amaro, 370, Bela Vista, São Paulo – SP, Tel.: (11) 3107-2023 Casa do Caminho, Av. Moisés Maimonides, 40, Vila Progresso, Itaquera, São Paulo – SP, Tel.: (11) 2052-5711 Centro de Convívio Infanto-Juvenil D. Maria Francisca Marcondes Guimarães – Rua Franca, 145, B. Bosque dos Eucaliptos, São José dos Campos – SP


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Palestras

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Palestras Públicas na FEESP

Diariamente, a Federação Espírita do Estado de São Paulo abre suas portas a toda população de São Paulo, acolhendo aqueles que precisam de sentido ou consolo para suas vidas, bem como os que buscam conhecer o Espiritismo, através dos seus diversos cursos. Aos domingos, sempre às 10:00, é aberto um espaço especialmente destinado à realização de palestras sobre temas atuais, à luz do Espiritismo, que são muito esclarecedoras no sentido de entendermos melhor a problemática social em que vivemos. São abordados temas atuais, de forma a fornecer ferramentas de amor e fé, para enfrentar os desafios cotidianos. Para ajudar-nos

a refletir sobre esses diversos temas, contamos com oradores e palestrantes de alto gabarito, e conhecedores da doutrina espírita, que compartilham sua visão e experiência com o público presente. Nesses encontros alegres, contamos também com musicistas que se revezam, a cada semana, no palco do auditório Bezerra de Menezes, em apresentações que elevam e harmonizam a todos e o ambiente. Participe e divulgue. É sempre um prazer receber a todos! Confira, a seguir, as sinopses das palestras realizadas aqui na Federação Espírita do Estado de São Paulo.

Consciência e Vida

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ma questão fundamental de nossas existências é a qualidade da vida que levamos e isso, a par das questões de cunho material, está estreitamente associado à consciência que temos do mundo e de nós mesmos. Quanto ao mundo, temos certamente consciência de que conhecemos muitas coisas, mas que há várias outras ainda por conhecer. Em relação a nós mesmos, parece, a princípio, que conhecemos tudo e nada há que não saibamos, mas isto não é verdade, conforme veremos. O médico austríaco Sigmund Freud (1856-1939), criador da psicanálise, constatou que temos consciência apenas de uma pequena parte de nossa mente, pois a maior parte é constituída pelo chamado inconsciente, que abriga os traumas esquecidos, os conflitos não resolvidos, os desejos reprimidos, etc., dos quais não temos a mínima ideia, mas que influenciam constantemente nossos pensamentos, palavras e atos, levando-nos a manifestações contraditórias e envolvendo-nos em situação difíceis e embaraçosas.

Roberto Watanabe É por isso que o Espírito Joanna de Angelis nos aconselha a buscar o autoconhecimento, como meio para desfrutarmos de uma vida plena e equilibrada. Segundo suas próprias palavras, “faz-se indispensável, ao adquirir-se o conhecimento de si, o aprofundamento da busca de sua realidade, deslindando os complicados mecanismos viciosos que impedem a marcha ascensional e não levam à realização total”. Para isso, ela se serve dos conceitos delineados pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875-1961) que, a exemplo de Freud, realizou um estudo profundo da mente humana, De acordo com Jung, a mente é constituída de três estratos distintos: a consciência, o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo. A consciência, como o próprio nome indica, é a parte conhecida da mente, cujo núcleo constitui o que Jung chama de ego. O inconsciente pessoal contém as experiências penosas rejeitadas pelo ego, que vão formar os chamados complexos, isto é, os conteúdos mentais dotados de forte carga emocional, que influenciam constantemente a atitude e o compor-

tamento do indivíduo. Um exemplo é o complexo de inferioridade que faz com que, apesar de reunir todas as condições para realizar um determinado propósito, o indivíduo se julgue incapaz de fazê-lo. Em suma, o inconsciente pessoal decorre das experiências ocorridas na presente encarnação e corresponde ao inconsciente freudiano. Já o inconsciente coletivo é o reservatório de imagens herdadas do passado ancestral, que Jung chama de arquétipos. O arquétipo explicaria, por exemplo, o temor inato que temos de cobras ou do escuro, que seria decorrente de experiências penosas ocorridas “O arquétipo explicaria, por exemplo, o temor no passado remoto, quando inato que teríamos de cobras ou de escuro” pisamos inadvertidamente recebida pelo indivíduo de toda a numa cobra e fomos por ela picados ou quando sofremos coletividade humana. Na visão eso ataque de um inimigo ou animal pírita de Joanna de Angelis, porém, selvagem em meio a uma escuri- os arquétipos não são mais do que dão. Ao não dispor do conceito de registros das experiências vivenreencarnação, Jung atribuía os ar- ciadas pelo próprio indivíduo em quétipos a uma herança psíquica suas várias etapas reencarnatórias.


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Dentre os arquétipos estudados por Jung, destacaremos três: a persona, a sombra e o Eu. A palavra persona significava originalmente a máscara usada por um ator para compor uma personagem numa peça teatral. Jung a utiliza para representar os diversos papéis que exercemos em nossas vidas e que compomos para facilitar tanto o convívio social como a nossa aceitação pelos outros. A persona é imprescindível à sobrevivência do indivíduo, pois está diretamente associada à capacidade de adaptação social, mas pode ser prejudicial se nos ativermos excessivamente a ela e isso acontece quando damos demasiada importância às aparências, em detrimento dos valores interiores. A sombra representa o nosso lado instintivo e passional, herança atávica que buscamos ocultar dos outros e de nós mesmos. No dizer de Joanna de Angelis, “a sombra pode ser analisada como herança dos atos infelizes que o Espírito gostaria de esquecer, mas que prosseguem em mecanismos de punição” (Triunfo Pessoal, Cap.1). Mas, por outro lado, a sombra é também fonte de motivação, criatividade e intuições profundas, o que a torna um importante componente de nossas existências, desde que devidamente integrada à consciência, pois nos torna cheios de vida e energia. Finalmente, o Eu é o arquétipo central que harmoniza todos os demais. Ele une a personalidade e lhe dá um senso de firmeza; enfim, é ele que propicia a auto-realização, a paz consigo mesmo e com o mundo. Segundo Joanna de Angelis, “o Eu, na sua representação totalitária, é o Espírito imortal, herdeiro de si mesmo” (idem). Em suma, é a centelha divina de que nos fala Kardec (LE, q.613). A auto-realização do indivíduo decorre da integração entre o ego

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e os arquétipos numa conjunção plena e harmoniosa. É importante esclarecer que integrar a sombra não é dar livre vazão ao nosso lado instintivo e passional, mas aceitá-la como parte de nós mesmos, pois a sua negação conduz aos chamados mecanismos de fuga do ego, que tantos problemas nos causam. Dentre tais mecanismos, destacamos a compensação, o deslocamento, a projeção e a racionalização. A compensação ocorre quando atitudes exageradas de nossa parte escondem desejos inconscientes opostos. Joanna de Angelis exemplifica dizendo que “o excesso de pudor, a exigência de pureza, provavelmente são compensações por exorbitantes desejos sexuais reprimidos, vigentes no ser profundo” (O Ser Consciente, Cap.7). O deslocamento se efetiva quando, frente a um sentimento de revolta contra alguém mais forte, deslocamos nossa violência contra alguém mais fraco, que nada tem a ver com o caso. Kardec nos traz o exemplo dos “homens que são benignos fora de casa, mas tiranos

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domésticos, que fazem a família suportar o peso do seu despotismo, como para compensar o constrangimento a que se submetem lá fora” (ESE, IX.6). A projeção ocorre quando reprimimos aspectos desagradáveis de nossa conduta e as projetamos em outrem, passando a criticá-lo de forma impiedosa. Assim, “se tropeça em uma pedra na rua, a culpa é da administração pública; se choca com outrem, a culpa é dele” (O Ser Consciente, Cap.7). Por isso, já aconselhava o Mestre: “Tira primeiro a trave de teu olho, e então verás como hás de tirar o argueiro do olho de teu irmão” (Mt, 7:5). Em suma, sempre que a atitude ou comportamento de alguém nos incomodar em demasia, cabe-nos ficar atentos para um possível mecanismo de projeção, pois aquilo que tanto nos incomoda no outro pode estar em nós mesmos. Por fim, a racionalização busca justificar o erro mediante aparentes motivos justos, de tal maneira que as razões legítimas de nossos hábitos e condutas são mascaradas por

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alegações falsas. O caso clássico é o de Pilatos, que condena Jesus à morte com base em argumento falacioso que lhe fora apresentado pelos doutores da Lei. Segundo estes, Jesus se dizia o rei dos judeus, enquanto que Pilatos representava o imperador romano, que era o seu rei. Ora, se ele não condenasse Jesus, estaria cometendo crime de traição contra o imperador, pois estaria admitindo outro rei. Com esse falso raciocínio, Pilatos é levado a crucificar Jesus, lavando as mãos para liberar-se da culpa. Todavia, conforme afirma Joanna de Angelis, “ninguém pode mudar um mal em bem, apenas porque se recusa a aceitar conscientemente esse mal, que lhe cumpre trabalhar para melhor, ao invés de ignorá-lo ou justificá-lo com a racionalização” (O Ser Consciente, Cap.7). Mas que fazer para evitar esses mecanismos de fuga do ego que nos impedem de reconhecer nossa sombra, e que fazer para prevenir que nos apeguemos demasiadamente à persona, fazendo com que nos tornemos aquilo que Joanna chama de homens-aparência, que prosseguem desnorteados pela vida afora? O primeiro passo é a aceitação dos aspectos positivos e negativos de si mesmo, com base numa autoanálise ponderada e sincera. Note-se que a aceitação das próprias limitações favorece a tolerância para com aquelas do próximo. Tendo realizado essa etapa, podemos então, a partir de uma vontade firme e per-


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sistente do ego, encetar o processo de transformação moral que abrirá caminho para a integração entre o ego e os arquétipos, propiciando-nos uma vida feliz com plena consciência de tal ventura. Quando isso ocorrer, já não será mais o ego ou a personalidade transitória que estará no centro da consciência, mas sim o Eu, ou seja, o Espírito imortal. Disso decorre naturalmente uma mudança significativa nos interesses do indivíduo, que deixa de se pautar pelos valores materiais, para se guiar pelos valores espirituais. Isso, obviamente, não é algo fácil de realizar, pois exige coragem para identificar as próprias imperfeições, humildade para re-

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conhecê-las e perseverança para substituí-las por valores morais imperecíveis. Exige, enfim, a maturidade psicológica que nos impede doravante de imputar a outrem a responsabilidade pelas nossas mazelas, na medida em que passamos a assumir a responsabilidade pelos nossos atos e, consequentemente, pelo nosso próprio destino. Por isso, já nos recomendava o Mestre: “Sede vós logo perfeitos, como também vosso Pai celestial é perfeito” (Mt, 5:48). Mas, como vimos, para atingir tal objetivo o primeiro passo é por em prática aquela outra recomendação de um sábio da Antiguidade: “Conhece-te a ti mesmo” (LE, q.919). TA O ES PÍ RI

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O fim dos tempos Página 6

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Agora, o Jornal Espírita está mais informativo; você saberá tudo sobre as palestras doutrinárias ministradas aos domingos na FEESP. São 8 palestras, com seus resumos, recheadas de comentários. A Revista O Semeador é elaborada com artigos de renomados articulistas espíritas, que muito contribuem para o entendimento da Doutrina Espírita.Seja um assinante! Informações:

( 11 ) 3 1 0 7 - 3 9 6 7 , 3 11 5 - 5 5 4 4 , r a m a l 2 2 4 livraria da Sede Maria Paula Portal: www.feesp.org.br E-mail: redacao@feesp.org.br



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Solidão e solidariedade

á várias situações na vida em que a solidão se apresenta, ela pode surgir no momento em que ocorre a ruptura de um relacionamento afetivo ou quando os filhos partem do lar materno/paterno para viver suas próprias experiências, constituir a própria família, viajam para terras distantes para estudar, trabalhar ou fixar residência; há ainda a solidão do silêncio meditativo ou religioso, dá busca reflexiva de si mesmo ou do encontro com Deus. No entanto, precisamos conhecer e compreender as diferenças entre viver sozinho e se sentir sozinho. Na atualidade muitas pessoas, das mais diversas idades vivem sozinhas, mas não são pessoas solitárias, pois possuem uma vida dinâmica e social, são pessoas que se sentem em paz com essa situação, exemplo de que viver sozinho não significa que o sentimento de solidão está presente. Porém, há pessoas que mesmo cercadas de outras pessoas, sentem-se sós, como por exemplo, numa reunião festiva com amigos, no local de trabalho cercado pelos colegas, ou mesmo dentro de casa com a própria família, verifica-se que nessa condição a pessoa está solitária, vive a solidão no seu significado próprio, qual seja: “estado de quem está ou se sente só.” Portanto, os especialistas da área de saúde, da área de psicologia, nos alertam para a importância da observação dos sentimentos decorrentes da solidão. A pessoa solitária, independente de estar ou não sozinha, possui a constante atitude de isolamento vo-

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Ana Cristina Cavallo luntário, e com esse comportamento provoca na maioria das vezes, muita angustia e insegurança, forte sentimento de auto depreciação e pensamentos negativos frequentes. Joanna de Ângelis, pela psicografia de Divaldo Pereira Franco, na obra “O Homem Integral” afirma que a solidão é “Espectro cruel que se origina nas paisagens do medo, a solidão é, na atualidade, um dos mais graves problemas que desafiam a cultura e o homem.” O ser humano pressionado de forma cruel pela sociedade competitiva, que visa o sucesso exaltado pela mídia, que determina que a felicidade só é possível se o ser humano for bem sucedido, se for admirado por todos, se possuir o tipo físico determinado pela indústria da beleza superficial, e quanto não atingi esses padrões sente-se fracassado, torna-se emocionalmente instável, perde o equilíbrio e recua para a solidão. Temos ainda por Joanna de Ângelis a seguinte afirmação: “A neurose da solidão é doença contemporânea, que ameaça o homem distraído pela conquista dos valores de pequena monta, por que transitórios.” Quase todo ser humano cresce desejando ansiosamente ser adequado e certo para o mundo que o cerca, e, acreditando que não é suficientemente bom para ser amado pelo que é, passa, então, a criar uma imagem de como deveria ser, mas o ser idealizado é uma fantasia mental, impossível de ser atingida porque é alimentada pelo orgulho de acreditar-se onipotente, superior e invulnerável. Distanciando-se de quem real-

mente é, das vocações naturais que possui, o ser humano cria o autodesprezo e desenvolve o sentimento de solidão. A solidão traz sofrimento, desequilíbrio e isolamento, e é decorrente da busca pelo transitório, para exterminá-la é preciso abandonar a expectativa fantasiosa de perfeição e do modelo social de felicidade. A solidão precisa ser substituída pelos benefícios da solidariedade, da luta pela paz íntima e pela fé no futuro. Jesus, o Mestre do Amor, ao declarar que o Maior Mandamento é: “Amarás o Senhor teu Deus, de

todo o seu coração, e de toda tua alma, e de todo o teu entendimento.” ... “E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Mt, 22: 34 a 40), convocou o ser humano a amar-se, a valorizar-se, a conhecer-se, a planificar-se com o que é e com o que tem, ampliando seus recursos para as experiências futuras, para a realização edificante onde quer que esteja e em saudável companheirismo. A solidariedade é a cooperação mutua entre os seres, leva a humanidade a desenvolver o sentimento do amor presente na Lei de Deus, o amor vivido, exemplificado e en-


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Central de Doações da FEESP

Ajude-nos a transformar vidas! Coral e Orquestra Carlos Gomes da FEESP sinado por Jesus. Fénelon, em Instruções dos Espíritos, no Capítulo XI, item 8 do Evangelho Segundo o Espiritismo, nos diz: “O amor é de essência divina.” ... “Os efeitos da lei do amor são o aperfeiçoamento moral da humanidade e a felicidade durante a vida terrena...”, diante dessas afirmações em comunhão com os ensinamentos de Jesus, constata-se que para a o extermínio da solidão é necessário o desenvolvimento do amor que aproxima os seres, para que pouco a pouco, indistintamente, todos possam amar-se. A solidariedade torna-se então, uma importante ferramenta para que o ser humano possa envolver-se com os grandes ideais de engrandecimento humano, dando utilidade as suas vidas, contribuindo com o próximo, auxiliando os idosos, os enfermos, as crianças em abandono, as famílias em desajustes, os animais, a natureza. Amar é buscar em torno de si a razão íntima das dores que afligem o próximo e auxiliá-lo para dar-lhe alívio, é dar um sentido a própria vida exercitando a solidariedade, é fazer ao outro

aquilo que deseja para si mesmo. Jesus, na “Parábola do Bom Samaritano”, ensina como ser solidário, agindo em favor do próximo sem sequer aguardar reconhecimento. A solidão deve ceder lugar à confiança nos próprios valores, mesmo que sejam singelos, fortalecendo a autoestima, amando-se tal como é. Por fim, o Espírito Hammed revela na obra “As Dores da Alma” psicografada pelo médium Francisco do Espírito Santo Neto, que: “O amor e o respeito a nós mesmos cria uma atmosfera propícia para identificarmos nossa verdadeira natureza, isto é, nossa identidade de alma, facilitando nosso crescimento espiritual e, por conseguinte, proporcionando-nos alegria de viver.” O homem solidário jamais se encontra solitário!

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Doações Saiba como ajudar a Federação Espírita do Estado de São Paulo

“A prestar quase 9 milhões de atendimentos anuais” Faça seu depósito no Banco Bradesco Agência: 0449-9 Conta Corrente: 200.008-3 CNPJ: 61.669.966/0001-00 Rua Maria Paula, 140 - Bela Vista - CEP 01319-000 - Fone 11 3115-5544 - Fax 11 3104-5245 - São Paulo - SP Reconhecida de Utilidade Pública pelo Governos: Federal Decreto nº 70881/72 - Estadual Lei nº 4518/57 - Municipal nº 7661/68 CNPJ: 61.699.966/0001-00 - Inscrição Estadual isenta Certificados do CEAS, COMAS e CMDCA


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A mulher e a mediunidade

luz da Doutrina Espírita, somos esclarecidos no O Livro dos Espíritos, publicado em 18 de abril de 1857, nas questões 817 a 822-a, que os gêneros masculinos e femininos são iguais perante Deus e têm os mesmos direitos, porém funções diferentes, sendo as destinadas à mulher até de maior importância, já que é a responsável pelas primeiras noções de vida dos filhos. Sobre a igualdade de direitos entre homens e mulheres vale destacar a resposta dos Espíritos à questão 822-a de o Livro dos Espíritos: [...] A Lei humana, para ser justa, deve consagrar a igualdade de direitos entre homem e mulher; todo privilégio concedido a um ou a outro é contrário à justiça. A emancipação da mulher segue o progresso da civilização, sua escravização marcha com a barbárie. Os sexos, aliás, só existem na organização física, pois os Espíritos podem tomar um e outro, não havendo diferenças entre eles a esse respeito. Por conseguinte devem gozar dos mesmos direitos. Leon Denis, grande escritor espírita francês, dedica o capítulo sete de seu livro No Invisível integralmente para falar da mulher perante O Espiritismo, enfocando os seus dons mediúnicos. Inicia o capítulo dizendo que, apesar de encontrarmos excelentes médiuns de ambos os sexos, parece que à mulher sãos outorgadas as mais belas faculdades psíquicas. [...] Destaca que a mulher, dotada de grande sensibilidade, é um médium por excelência, capaz de exprimir, de traduzir os pensamentos, as emo-

Sueli Ribeiro da Silva ções das almas sofredoras e os ensinamentos dos espíritos celestes. Alerta que o perigo, tanto para o homem, quanto para a mulher, é deixar-se levar pelo orgulho nos poderes psíquicos adquiridos, a suscetibilidade exagerada e o ciúme entre os médiuns. Para evitar esses problemas cita a necessidade de desenvolver na mulher os poderes psíquicos e intuitivos, paralelamente às qualidades morais. Ao estudarmos a posição da mulher na Doutrina Espírita, comparativamente com a sua situação em outras doutrinas judaico-cristãs, podemos constatar que o Espiritismo aplica os princípios da igualdade entre homens e mulheres. Nas casas espíritas a presença da mulher é marcante, tanto em número quanto em sua ativa participação em todos os setores e atividades. A Federação Espírita do Estado de S. Paulo é um grande retrato dessa realidade, conta em seu corpo diretivo e em seus vários departamentos com a liderança de valorosas mulheres. A Doutrina Espírita desde os seus primórdios contou com a participação ativa de mulheres, notadamente as dotadas de mediunidade. Allan Kardec, além do grande apoio de sua esposa Amelie Boudet, contou com um grupo de mulheres médiuns como as irmãs Baudin, a Senhorita Ruth Japhet, Ermance Dufaux, entre outras. Vamos nos lembrar de algumas mulheres que se destacaram na história do Espiritismo, desde o seu nascimento até os dias de hoje. Irmãs Fox – Margaret, Katie e

Leah, eram as médiuns e tiveram um importante papel histórico como precursoras do espiritismo. Suas faculdades mediúnicas, a parte as polêmicas criadas em torno da fenomenologia e do comportamento das irmãs, atraiu a atenção da sociedade na América e na Europa, o que abriu as portas para estudos e pesquisas. Em 1848 cidade de Rochester, nos Estados Unidos, as irmãs Margaret e Katherine Fox, começaram a perceber estranhos ruídos, batidas, pancadas na casa onde moravam. As irmãs, em tom brincadeira, estabeleceram uma comunicação com o ente que provocava as batidas e descobriram que o fantasma que se comunicava era de um cai-

xeiro viajante chamado Charles B. Rosma que foi vítima de roubo e morto pelos antigos moradores da casa. Irmãs Baudin - Caroline e Julie Baudin, ambas foram médiuns que tiveram um papel importante nas pesquisas de Kardec para a elaboração de o O Livro dos Espíritos. Julie e Caroline Baudin na época tinham, respectivamente, 14 e 16 anos, psicografaram quase todas as questões do Livro dos Espíritos. Como a identidade das duas foi mantida em segredo por muitos anos, sabe-se pouco sobre elas. O que se sabe é que Julie era uma médium passiva, inconsciente do que escrevia. Somente achava di-


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vertido as pessoas lhe darem tanta importância. Poucos anos depois, ambas se casaram e as reuniões mediúnicas foram encerradas, pois a família se dispersou. Ruth Japhet - foi uma jovem médium sonâmbula que auxiliou Kardec na fase de revisão de O Livro dos Espíritos. Nas reuniões que aconteciam na casa do Sr. Rostain, realizadas sem a presença de Kardec, foram reunidos mais de 50 cadernos com mensagens psicografadas por ela. Esses cadernos foram ofertados à Kardec para serem utilizados nos em suas pesquisas. Florence Cook (1856-1904) – Florence, jovem médium inglesa de efeitos físicos, em sessões de materialização de espíritos se apresentava um espírito chamado Katie King que, conversava com os presentes e se deixava tocar. Em 1870, foi examinada pelo grande cientista, físico-químico, Sir William Crookes (1832-1919), que constatou que os fenômenos eram genuínos e, por isso, foi desacreditado pelos seus pares na Royal Society. Crookes relatou suas experiências com Florence e com o

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Espírito Katie King em um livro chamado Fatos Espíritas. Madame D’Esperance (18491918) - Madame D’Esperance, cujo nome verdadeiro era Elizabeth Hope, foi uma notável médium britânica que exerceu várias faculdades mediúnicas como a psicografia, a materialização, o transporte de objetos, a clarividência e, por essa razão, esteve em contato com grandes pesquisadores da época como os Professores Zollner, Friese e Alexander Aksakof. Desde a infância se relacionava com os Espíritos que apareciam no velho casarão onde residia, porém, ao narrar as suas visões aos membros de sua família, sofreu pela descrença, principalmente de sua mãe, que a ameaça de ser tratada como louca. Em sua autobiografia, que foi publicada no Brasil sob o título de No País das Sombras, apresenta os detalhes de sua rica e sofrida trajetória, entre eles destacamos o fato ocorrido durante uma sessão de materialização de um Espírito que se identificava como Yolanda, este foi agarrado por um dos pesquisadores que queria provar a fraude do fenômeno, a médium sofreu um

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trauma físico tão grande que abalou gravemente a usa saúde. Madame D’Esperance converteu-se ao Espiritismo e exerceu a sua prática mediúnica de acordo com os ensinamentos de Jesus, sem nunca cobrar nada. Anna Prado (1883-1923) – nascida na cidade Belém, no Estado do Pará, era médium de efeitos físicos. Os fenômenos deram início por volta do ano de 1918 na residência da família e chamaram a atenção de muitos pesquisadores brasileiros que procuravam participar das reuniões mediúnicas onde se davam as materializações de Espíritos. Por meio da mediunidade de Ana Prado, Frederico Figner, grande empresário e espírita, viajou com a esposa para o Pará a fim de tentar um encontro com a filha desencarnada Raquel. Vale destacar que o próprio Frederico Figner, como espírito desencarnado, trouxe a prova da continuidade da vida após a morte, narrando através da psicografia de Chico Xavier o livro Voltei, onde, sob o pseudônimo de Irmão Jacó dá detalhes do seu retorno à pátria espiritual. Na noite de 24 de fevereiro de 1955,

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por intermédio da psicofonia de Francisco Cândido Xavier, Anna Prado trouxe a mensagem de título Observação oportuna, que foi publicada no livro Instruções Psicofônicas, onde alertava quanto aos perigos da vaidade e do orgulho que rondavam os médiuns de efeitos físicos. Yvonne Pereira (1900-1984) Nascida na antiga Vila de Santa Tereza de Valença, atual Rio das Flores, no Sul fluminense, no dia 24 de dezembro de 1900. Yvonne, além de médium psicofônica, psicógrafa, gozava das faculdades mediúnicas de desdobramento, materialização e de cura. Psicografou 12 obras mediúnicas ditadas pelos espíritos Bezerra de Menezes, Léon Tolstoi, Camilo Castelo Branco, Charles, entre elas se destacam a trilogia de romances - Nas voragens do pecado, O cavaleiro de Numiers, O drama da Bretanha e o livro Memórias de um Suicida, obra narrada pelo Espírito Camilo Castelo Branco, que contou com a assessoria doutrinária do Espírito Leon Denis. Sob o pseudônimo de Frederico Francisco, entre os anos de 1963 e 1982, publicou uma série de interessantes


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artigos que foram compilados no livro À luz do Consolador. D. Aparecida Conceição Ferreira (D. Cidinha) – em 1957 D. Cida era enfermeira da área de isolamento da Santa Casa de Uberaba, quando inconformada com o a negativa de continuidade do tratamento dos doentes acometidos por Pênfigo Foliáceo, doença de pele rara e com tratamento caro, ela leva os doentes para sua própria casa. A partir daí começa a sua luta para a construção de um hospital para abrigar esses doentes e dar-lhes o tratamento adequado. Pênfigo foliáceo, conhecida popularmente como Fogo Selvagem, é uma doença auto imune e caracteriza-se por bolhas parecidas com as causadas por queimaduras, sendo tão dolorosas como se realmente fossem causadas pelas chamas. D. Cida constrói o hospital a partir de donativos conseguidos nas vias públicas de São Paulo e com o apoio de expoentes da impressa da

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época como Moacir Jorge e Saulo Gomes. Católica ferrenha, torna-se espírita em 1964, após vários fenômenos que ocorreram com a eclosão da mediunidade tardia e das provas de auxílio direto do plano espiritual à sua obra de caridade. Martha Gallego Thomaz (1915- 2014) – D. Marthinha, incansável trabalhadora espírita, com grande experiência mediúnica, atuou por muitas décadas na Federação Espírita do Estado de S. Paulo e fundou o Grupo Noel, cujo nome foi escolhido em homenagem ao Espírito Noel Rosa que, de rebelde e irreverente, tornou-se seu parceiro nas atividades mediúnicas de materialização e psicografia, bem como nos estudos sobre a doutrina espírita. Nasceu no Rio de Janeiro e em tenra idade já percebia os espíritos. Aos três anos presenciou uma entidade obsessora atacar o seu pai, o que o levou a ser internado em uma clínica psiquiátrica por longo tempo.

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Há na história do espiritismo muitas outras mulheres que lutaram, sofreram e deixaram grandes exemplos de suas vivências me-

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diúnicas, mas lembremos as palavras de Leon Denis para valorizar o papel da mulher nas lutas diárias e cotidianas:

“O papel da mulher é imenso na vida dos povos. Irmã, esposa ou mãe, é a grande consoladora e a carinhosa conselheira. Pelo filho é seu o porvir e prepara o homem futuro. Por isso, as sociedades que a deprimem, deprimem-se a si mesmas. A mulher respeitada, honrada, de entendimento esclarecido, é que faz a família forte e a sociedade grande, moral, unida!”

Isis Biazioli de Oliveira e Denise Manzo tiveram brilhante participação na parte artística


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Palestras

A mediunidade de Chico Xavier

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faculdade mediúnica sempre existiu desde o surgimento do homem na Terra e, por ser inerente à humanidade, tem sido conduzida desde sua origem por leis naturais do mundo inteligível. Considerados como maravilhosos e sobrenaturais, os fenômenos mediúnicos sob a feição equivocada dos milagres que lhe eram atribuídos, estiveram presentes na trajetória evolutiva dos povos. Em cada região ou localidade onde essas manifestações eclodiam, recebiam nomenclatura diferenciadas. No antigo Egito a mediunidade era reconhecida como ritos de iniciação. Entre os gregos era chamada de mistérios de Elêusis. Na Pérsia chamava-se magia, entre os babilônios, adivinhação. Para os hebreus seu nome era dons da profecia. Entre os cristãos primitivos a mediunidade chamou-se carisma, e recebeu diversos nomes conforme suas diferentes modalidades de manifestação: dons do espírito, dons de cura, dons de línguas, profecia etc. Allan Kardec define Mediunidade como faculdade dos médiuns. Médiuns (do latim médium, meio, intermediário) pessoa que pode servir de intermediária entre os dois planos da vida, ou seja, entre os Espíritos e os Homens; é todo aquele que sente, em um grau qualquer, a influência dos Espíritos. Daí o termo mediunidade, cujo significado passa a ser: “a faculdade inerente ao homem, não constituindo, portanto, privilégio exclusivo”.

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Maria Oliveira dos Santos Segundo André Luiz, mediunidade é o atributo do homem encarnado, para comunicar-se com o homem liberado do corpo físico. Diz Herculano Pires (Mediunidade, cap. 1) que mediunidade é a faculdade humana, natural, pela qual se estabelece as relações entre homens e espíritos. Não é um poder oculto, pois se desenvolve naturalmente entre pessoas de maior sensibilidade para a captação mental e sensorial de coisas e fatos do mundo espiritual que nos cerca, nos afetando com vibrações psíquicas e afetivas. Ainda segundo Herculano Pires na mesma obra, o Espiritismo é uma doutrina que abrange todo o conhecimento humano, sendo o mundo, o objeto, a razão o método, e mediunidade o laboratório universal abrangendo as dimensões espiritual e material. Conforme estudos de antropólogos, filósofos e etnólogos de diversas partes do mundo, (O Espírito e o Tempo) o fenômeno mediúnico nas fases do desenvolvimento da evolução humana denominadas de horizontes culturais, a saber, tribal, agrícola, civilizado, profético e espiritual, provam que mediunidade e religião se interagem durante o seu processo de racionalização. Embora não provada através da ciência stricto sensu, a mediunidade é corroborada por diversas doutrinas e correntes espiritualistas sendo parte das raízes greco-roma-

embora una em sua essência (faculdade que permite ao homem encarnado entrar em relação com os espíritos), não o é quanto a sua natureza, ou razão de ser; variando de indivíduo para indivíduo, assim, podemos classifica-la como: 1. Mediunidade própria ou natural, o próprio nome já o diz, segundo Edgar Armond, “à medida que o homem evolui e se moraliza, adquire a faculdade psíquica e aumenta consequentemente sua percepção espiritual.”

nas e judaico-cristãs, da sociedade ocidental bem como dos orientais hinduísmo e budismo tibetano. No meio espírita utiliza-se a palavra médium para designar o indivíduo que serve de instrumento de comunicação entre os espíritos encarnados e espíritos desencarnados, outras doutrinas e correntes filosóficas utilizam termos como clarividente, intuitivo, sensitivo. Emmanuel denomina de Mediunismo, a mediunidade nos primórdios do desenvolvimento espiritual do homem. Ernesto Bozzano, por sua vez, associa mediunidade à crença na sobrevivência, superstições e práticas populares mágicas de uma realidade abstrata oriundas de uma realidade concreta. Nota-se que a mediunidade,

2. Mediunidade de prova ou trabalho, faculdade outorgada ao indivíduo, para o desenvolvimento de uma tarefa com vistas ao seu aperfeiçoamento e de seus semelhantes. Ao se preparar de antemão no plano espiritual, o médium ao reencarnar, recebe abençoada oportunidade de trabalho. 3. Mediunidade de expiação, é misericordiosamente imposta àquelas pessoas que comprometeram a sua sensibilidade psíquica com as Leis Divinas em virtude do mau uso do livre-arbítrio em passadas existências. Nessas condições, surge a redentora oportunidade para ressarcimento de seus atos, com vistas à sua libertação futura. Manifesta-se à revelia do médium e quase sempre lhe causa sofrimentos e constrangimentos aos quais não se pode furtar, ou


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seja, é a manifestação da obsessão que vai do grau mais imperceptível à subjugação. 4. Médiuns missionários, lembrando que, excepcionalmente esses médiuns em razão de suas elevadas conquistas morais são verdadeiros missionários divinos entre os homens, são instrumentos da vontade Divina, em favor da humanidade. Diante do exposto sobre mediunidade, nos foquemos em Francisco Cândido Xavier, o maior médium de todos os tempos, pois, quando usamos o vocábulo “maior”, estamos nos referindo às qualidades morais conquistadas ao longo de sua jornada, fato que garantiu a Chico, modalidades diversificadas tanto nos fenômenos de efeitos físicos quanto nos de efeitos intelectuais, ou seja, houve na espiritualidade, um preparo quase que intensivo para o fiel cumprimento de sua missão. Na infância, Chico ouvia vozes e conversava com o espírito Maria João de Deus (sua mãe) que lhe deu o suporte necessário e o incentivou à prática do perdão, da compreensão e aceitação da existência física repleta de percalços. Aos dezessete anos iniciou publicamente as tarefas mediúnicas em 08 de julho de 1927, na cidade de Pedro Leopoldo, recebendo as primeiras páginas mediúnicas, às quais versava sobre os deveres do verdadeiro espírita-cristão. Ainda em Pedro Leopoldo no ano de 1931, nas tardes de domingo, Chico se reunia para fazer preces ao ar livre, próximo ao Ribeirão da Mata com as irmãs já desencarnadas, D. Joaninha e Ornélia Gomes de Paula. Nesta tarde, elas não compareceram e foi quando Chico viu o espírito Emmanuel pela primeira vez, e assim ele

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narrou: “Via-lhe os traços fisionômicos de homem idoso, sentindo minha alma envolvida na suavidade de sua presença, mas o que mais me impressionou foi que a entidade se fazia visível para mim ( segundo o livro dos Médiuns, na mediunidade de vidência é necessário que o espírito queira ser visto), dentro de reflexos luminosos que tinham a forma de cruz. Ao meu questionamento natural, respondeu-me: Descansa, quando te sentires mais forte, pretendo colaborar na difusão da filosofia espiritualista. Tenho seguido sempre os teus passos e somente hoje me vês na tua existência de agora, mas os nossos espíritos se encontram unidos pelos laços mais santos da vida e o sentimento que me impele para o teu coração, tem suas raízes na noite profunda dos séculos...” (Livro – Emmanuel). Chico comenta com o devido respeito que no local em que tivera esta visão, não pode deixar de recordar o grande legislador hebreu Moisés no episódio bíblico da sarça ardente, sentindo que também pisava em solo sagrado no sentido de responsabilidade espiritual, e naquele momento singular, se comprometeu com o orientador espiritual a aceitar as três condições exigidas pelo Alto em troca do apoio para o desempenho de sua missão mediúnica: DISCIPLINA, DISCIPLINA, DISCIPLINA!, isto é, submissão e humildade; prática fiel da instrução doutrinária e vivência do Evangelho. Emmanuel não apareceu a Chico com o aspecto com que sempre se apresenta, de Públio Lêntulus, famoso retrato de Delpino Filho tão amplamente difundido. Apareceu com a expressão de sua última encarnação terrestre, a qual não quis identificar-se. Na época, recebe muitas men-

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sagens de sua mãe que o orienta ao estudo da Doutrina Espírita e ele ajuda a fundar o Centro Espírita “Luiz Gonzaga” onde começa os estudos. Psicografou o livro “Parnaso de Além – Túmulo, autoria de Espíritos Diversos, lançado pela FEB, e pela sua mediunidade começaram a manifestação de diversos poetas falecidos, somente identificados a partir de 1931. A opinião pública causa muita repercussão na imprensa e no clero, recordando a triste lembrança da Inquisição, o povo suspira, a luz não se apagará, um livros, três, cem... etc., Chico serviu de intérprete a Espíritos Superiores como Emmanuel, Bezerra de Menezes, Humberto de Campos, André Luiz, Auta de Souza, Meimei e tantos outros que o procuravam graças à sua flexibilidade mediúnica. Em 1937, psicografa o livro “Crônicas de Além- Túmulo” ditado pelo Espírito Humberto de Campos e em 1938, o livro “Emmanuel”, primeira obra ditada por Emmanuel. Em 1943, é lançado o primeiro livro ditado pelo espírito André Luiz – “Nosso Lar”. Chico Xavier psicografou cerca de 450 livros, sendo 39 publicados após a morte. Psicografou cerca de dez mil cartas de mortos para suas famílias. Nunca admitiu ser o autor de nenhuma dessas obras e dizia sempre que escrevia apenas o que os espíritos lhe ditavam e em virtude disso, não aceitava o dinheiro arrecadado com a venda dos livros. Vendeu mais de cinquenta milhões de exemplares em português, com traduções em diversos idiomas, inclusive em braile. Doou os direitos autorais para Organizações Espíritas e Instituições de Caridade desde o primeiro livro. Desencarnou com 92 anos, em 30 de junho de 2002. Durante a sua jornada, esclareceu, consolou

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e deixou registrados os mais belos exemplos de humildade, desprendimento material, renúncia e devotamento ao próximo. Recebeu a admiração de líderes políticos e religiosos de todas as parte do mundo e nunca se cansou de levar uma palavra de encorajamento a todos, recebendo assim, homenagens diversas, nada modificando em seu caráter de “Verdadeiro espírita-cristão”. Ninguém quer saber o que fomos, o que possuíamos, que cargo ocupávamos no mundo; o que conta é a luz que cada um já tenha conseguido fazer brilhar em si mesmo. (Chico Xavier) Elencamos algumas das homenagens recebidas pelo maior médium da história da humanidade: - O titulo de cidadão honorário de mais de cem cidades brasileiras; - Em Filmes e documentários; em músicas de cantores brasileiros; - Em 1981 e 1982 foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz; - O governo de Minas Gerais em 1999 instituiu a Comenda da Paz de Chico Xavier; - Eleito em 2000, o “Mineiro do século XX; - Eleito o “O Maior Brasileiro da História” em 2006; - Em 2009, a Lei nº 12.065 deu o nome “Chico Xavier” ao trecho da rodovia BR 050, divisa dos Estados de São Paulo e Minas Gerias e a divisa dos municípios de Uberaba com Uberlândia; - Em 2010, o Correio Brasileiro lançou o selo e o cartão postal comemorativo em homenagem ao centenário do médium e a Casa da Moeda do Brasil, lançou a “Medalha Comemorativa do Centenário de Chico Xavier”; - Em 2012, no programa transmitido pelo SBT, foi eleito, “O Maior Brasileiro de Todos os Tempos”.


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A tentação de Jesus

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primeira notícia das ações de Jesus depois do seu batismo nas águas do Rio Jordão refere-se à sua tentação no deserto. Este acontecimento está narrado nos evangelhos de Mateus, Lucas e Marcos. A descrição de Mateus é a que segue: Evangelho de Mateus 4 Tentação no deserto — 1 Então Jesus foi levado pelo Espírito para o deserto, para ser tentado pelo diabo. 2 Por quarenta dias e quarenta noites esteve jejuando. Depois teve fome. 3 Então, aproximando-se o tentador, disse-lhe: “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães”. 4 Mas Jesus respondeu: “Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus. “ 5 Então o diabo o levou à Cidade Santa e o colocou sobre o pináculo do Templo (6 ) e disse-lhe: “Se és Filho de Deus, atira-te para baixo, porque está escrito: Ele dará ordem a seus anjos a teu respeito, e eles te tomarão pelas mãos, para que não tropeces em nenhuma pedra.” 7 Respondeu-lhe Jesus: “Também está escrito: Não tentarás ao Senhor teu Deus. “ 8 Tornou o diabo a levá-lo, agora para um monte muito alto. E mostrou-lhe todos os reinos do mundo com o seu esplendor 9 e disse-lhe: “Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares”. 10 Aí Jesus lhe disse: “Vai-te,

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Lila Esther D’Alessandro Satanás, porque está esSó o Pai tinha o controle tocrito: Ao Senhor teu Deus tal de tudo, e todos, inclusive adorarás e só a ele prestaEle, deveriam se submeter à rás culto. “ vontade do Pai. Sem ajuda externa, não Os antigos não sabiam conseguimos alcançar a nem ao certo o tamanho da natureza da pessoa que foi Terra, quanto mais imaginar Jesus. Esta ajuda pode vir a imensidão universal, com de muitas fontes, e vamos todas as suas galáxias, sóis escolher, para iniciar, as e mundos em quantidade comunicações compilaque nem no nosso pensadas por Allan Kardec para mento conseguimos fazer a realização do Livro dos uma imagem exata. Até bem Espíritos. Em determinapouco tempo Terra, Mundo do momento, pergunta-se e Universo eram sinônimos. à espiritualidade quem Notemos que na citação seria o maior modelo de Emmanuel está “Luz de “Ele é a Luz do Princípio e nas suas mãos para o homem de hoje. A misericordiosas repousam os destinos do mundo” todas as vidas terrestres...” resposta foi muito clara e Ele é grande, porém não simples: “Jesus “(pergunta 625 do suas mãos misericordiosas repou- como Deus. livro citado). É preciso sempre lem- sam os destinos do mundo. Seu coMas se Jesus é assim tão grande, brar que se estamos falando de co- ração magnânimo é a fonte da vida a ponto de conhecer cada coração municações devemos ter em mente para toda a Humanidade terrestre. terrestre, cada sentimento, conheque nem todo Espírito é de Deus; Sua mensagem de amor, no Evan- cer nosso passado... teria Ele hesinem todo fala a verdade. Allan Kar- gelho, é a eterna palavra da ressur- tado em nome de poderes terrenos dec, para codificar os livros que reição e da justiça, da fraternidade e efêmeros? Teria se deixado quase escreveu, comparou milhares de e da misericórdia. Todas as coisas seduzir por proposições que alguns mensagens, e as que se contradis- humanas passaram, todas as coi- poucos de nós, verdade que muito sessem deixou-as de lado. Assim sas humanas se modificarão. Ele, poucos, mas sabemos que alguns existe uma certeza, de acordo com porém, é a Luz de todas as vidas de nós não se deixariam seduzir? este método, que as ideias contidas terrestres, inacessível ao tempo e à Imaginemos algumas situações nos livros de Kardec têm um dire- destruição.” que sabemos que venceríamos Este texto, inclusive, lança uma com certeza. Todos nós temos fracionamento seguro. Corroborando Kardec, e ampliando horizontes, luz sobre o Evangelho de João, quezas, mas cada um de nós tem vamos a Chico Xavier, com o livro onde ele diz com precisão: “e o também uma fortaleza. Para um, o do Espírito Emmanuel, A caminho Verbo se fez carne, e habitou entre dinheiro não o tenta. Sabe o que a nós...” (João 1:14). Jesus, portan- corrupção traz, e não se deixa enda luz. Nele, podemos citar: to, é a Luz do Princípio, mas a luz ganar. Para outro, os prazeres já de qual Princípio, do Universo ou não contam como um fim em si “Introdução Só Jesus não passou, na cami- da Terra? mesmo, e não se deixam seduzir O próprio Jesus não se dizia igual por situações perigosas. Imaginenhada dolorosa das raças, objetivando a dilaceração de todas as a Deus, mas era o Filho do Homem, mos, então, um ser que já evoluiu fronteiras para o amplexo univer- não era bom como Deus, o Pai é tanto que conhece aonde vão todas sal. Ele é a Luz do Princípio e nas que sabia... Sempre remetia ao Pai. as tentações de poder e glória ter-


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renas. Sabe que a vida principal é a vida espiritual, e estamos aqui para crescer como Espíritos; que daqui só levamos nossas aquisições espirituais. O que ganha com as proposições do Mal? Jesus poderia ter sido tentado a seguir a carreira dos sacerdotes, pois com doze anos, mostrando sua sabedoria aos estudiosos da fé do templo, em Jerusalém, voltou a ficar com sua família. Conta o Espírito Humberto de Campos que Jesus, ao ser inquirido por Maria se deveria estudar em Jerusalém, preferiu ser aprendiz do seu pai carpinteiro. Esta passagem abaixo nos comove com a demonstração tão precoce da humildade que sempre o caracterizaria: Boa Nova Disse Maria: “- Tenho cuidado por ti, meu filho! Reconheço que necessitas de um preparo melhor para a vida... “

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Logo ponderou Jesus: “Mãe, toda preparação útil e generosa no mundo é preciosa: entretanto, eu já estou com Deus. Meu Pai, porém, deseja de nós toda a exemplificação que seja boa, e eu escolherei, desse modo, a escola melhor.” Se, então, Jesus não foi tentado porque já fora vencedor, por qual razão temos três dos nossos Evangelhos citando esta passagem? Pode ser para que nós aprendamos algo com estas passagens. “Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.” Precisamos, seguramente, da matéria do pão, da comida, da água e do abrigo para viver. Mas o nosso destino não é viver na matéria e terminar na matéria. Nosso objetivo maior, sendo a evolução que

Duccio (1255 - 1318) A tentação do Monte

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nos guiará a Deus, não prescinde da energia que Deus nos dispensa. “Também está escrito: Não tentarás ao Senhor teu Deus.” O fato de sabermos que estamos sendo protegidos não nos autoriza a agir de forma irresponsável; não podemos deixar de fazer a nossa parte. O destino não está congelado numa rota ascendente sem depender de nosso esforço. Tudo pode repentinamente mudar se nos fecharmos no nosso desafio. “Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele prestarás culto.” A força desta frase indica que temos uma só boa escolha: seguir e fazer a vontade do nosso Pai. Amar a Deus sobre tudo, pois é a construção do nosso destino. Quantas almas não se perderam por adorar pessoas, poder e riquezas que nos desviam da busca da Verdade! É certo, então, que Jesus não sofreu realmente estas tentações, mas este episódio é para nos alertar contra as dificuldades do mundo? Não se deve incentivar a desunião dos cristãos com polêmicas. Ainda temos todos nós um longo caminho de aperfeiçoamento interior até chegarmos com certeza a afirmações sobre a natureza dos pensamentos e sentimentos de Jesus. É apenas uma possibilidade imaginar que as tentações como foram descritas não ocorreram desta

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forma. Jesus orava sempre, e isto está explicitado nos Evangelhos. Antes de começar a sua missão, é muito provável que ele tenha procurado a solidão do deserto. Oraria Ele, e mais do que isto, pode ser que estivesse a preparar em espírito(*) as pessoas que o seguiriam. Sabemos que os pescadores escolhidos, o cobrador de impostos, enfim, todos os discípulos aceitaram prontamente e não precisaram de um minuto para refletir sobre tão inusitado convite. Apenas Tiago e João, apesar de no íntimo concordarem desde o princípio, precisaram da anuência de seus pais, por serem muito jovens. Não estariam eles sendo preparados para iniciarem seus trabalhos evangélicos naqueles dias de intensa meditação de Jesus? É uma hipótese que poderemos um dia comprovar, quando estivermos todos juntos ao redor do nosso Mestre amado, acontecimento que se dará através dos séculos vindouros, pois sabemos o quanto nos custa enveredar sem distrações pela senda que leva a Deus... “Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia.” Paulo. HEBREUS 11:8. “Obedeçamos, por nossa vez, conscientes de nossa destinação e convictos de que o Senhor nos espera, além da nossa cruz, nos cimos resplandecentes da eterna ressurreição. “ (Fonte Viva, Espírito Emmanuel) (*) Jesus, ao orar, pode ter alcançado as mentes dos futuros discípulos pela força do seu pensamento.


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Obsessão no coma

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bsessão = impertinência, perseguição, ideia fixa. Vem do latim “obsedere”, que indicava o ato de cercar ou rodear alguma coisa ou alguém. Obsessão é o substantivo feminino que significa um comportamento de importunar ou perseguir alguém de forma insistente. Também pode indicar um estado de preocupação permanente em relação a alguma coisa. Obsessão, segundo a Doutrina Espírita é o domínio que alguns Espíritos adquirem sobre outros, quer encarnados ou desencarnados, provocando-lhes desequilíbrios psíquicos, emocionais e físicos É uma espécie de constrangimento moral de um indivíduo sobre outro. Pode ser de encarnado para encarnado, encarnado para desencarnado, desencarnado para encarnado e desencarnado para desencarnado. Essa influência negativa e irracional traz para as pessoas problemas diversos, desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais, o que as tornam enfermas da alma, necessitando de cuidados, como toda doença. Normalmente se faz tratamento das obsessões em centros espíritas kardecistas sérios. Segundo Suely Caldas Schubert, no livro Transtornos Mentais, ao demonstrar, esclarecer, tratar e libertar o ser humano das teias da obsessão, o Espiritismo presta

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Magaly Sola Santos à Humanidade uma de suas tornam cada vez mais infelizes. mais avançadas contribuiArrastam-se, desse modo, por ções. Ao desvendar comséculos de sofrimentos excruplexo campo das obsessões ciantes, passando de vítimas a proporciona o tratamento algozes e, reciprocamente, até adequado, mas, sobretudo, que o amor lhes acenda a luz de prevenção. da esperança nas sombras onde É imprescindível reafirse detêm e o perdão os torne mar que o objetivo maior verdadeiros irmãos na senda da Doutrina dos Espíritos é evolutiva. sempre o de promover o ser Portanto, a obsessão é dohumano, seja em que situaença grave, mesmo quando se ção for ou estiver, mas não apresenta em quadro simples, se restringe a prometer uma em forma de inspiração depresvida de possíveis benefícios siva ou de morbo que afeta a celestiais após a morte e sim saúde física. Isso porque impõe a conquista da felicidade a transformação moral do paplena, que está ao alcance ciente e a mudança emocional de cada um, através das sudo agente que a desencadeia, cessivas reencarnações. consciente ou não. Este projeto de vida é tão Lembrando que só há obsesgrandioso que não marginasão porque há débito de quem “Os maus Espíritos pululam ao redor da liza ou exclui nenhum dos a sofre, uma vez que a finalidafilhos de Deus; trata a todos Terra como consequência da inferioridade de da dor não é punitiva, mas moral de seus habitantes” com equanimidade; distribui sim educativa, pois a dor se assim o Amor e a Justiça Diinstala apenas quando o amor suicidas, desregramento sexual vina a todos os seres do Universo. etc. Não se segue daí, que se con- se ausenta. Evidencia que a escalada evo- clua que todos os portadores desses Toda forma de obsessão resulta lutiva acontecerá, mais cedo ou sintomas estejam obsediados. Há de um inter-relacionamento pesmais tarde e dela ninguém esca- diversas outras causas, conhecidas soal interrompido pelas forças nepará, pois o impulso para a feli- da ciência médica, que podem pro- gativas da agressividade, do ódio, cidade existe em cada um de nós, vocar sintomatologia semelhante. da traição, do crime ou das exprespropelindo-nos a busca-la através Segundo Joanna de Ângelis, a sões do amor em desalinho, que do inexorável fatalismo que nos obsessão é uma chaga moral do desequilibram os sentimentos. levará à perfeição. Os maus Espíritos pululam ao Espírito que tem suas raízes fixaredor da Terra como consequêndas nos antecedentes morais de Se a Obsessão é uma doença da ambos os litigantes, que se dei- cia da inferioridade moral de seus alma, quais são seus sintomas? xam vencer pela inferioridade que habitantes. Sua ação malfazeja faz A obsessão apresenta sintomas os domina. parte dos flagelos com os quais a tais como: angústia, depressão, Egoístas e irrefletidos, não me- humanidade se vê a braços aqui perturbação do sono (insônia ou dem as consequências dos seus embaixo. A obsessão, que é um pesadelos), mau humor, desinte- atos venais, passando a vincular- dos efeitos dessa ação, como as resse pelo estudo ou pelo trabalho, -se um ao outro através das alge- moléstias e todas as tribulações da isolamento social, pensamentos mas do ódio, do desforço que os vida, devem, pois, ser considera-


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Atendimento diário na FEESP sede Maria Paula A FEESP está aberta de 2ª a sábado, das 8h às 21h30. Procure o DEPOE (Departamento de Orientação Espiritual) e você será atendido gratuitamente. Aos domingos a FEESP está aberta das 8h às 17h, com palestras públicas ou eventos e assistência espiritual

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piação, e aceitas como tal. Toda fixação indevida nos processos mentais e emocionais em torno de pessoas, fatos e coisas converte-se em estado perturbador do comportamento, empurrando o indivíduo para os transtornos de ordem neurótica e ou psicóticas. As obsessões, que resultam de traumas psicológicos, de conflitos de profundidade, de insuficiência de enzimas neuronais específicas, surgem também da interferência das mentes dos seres desencarnados, interagindo sobre aqueles aos quais são direcionadas em processos perversos de vingança. Pode ser também fruto de reencarnações compulsórias, as quais os infelicitadores se recusaram a aceitar como recurso de recuperação moral, produzindo assim no íntimo de ser revolta contra as Leis de Deus, que não puderam ludibriar ou infringir impunemente. Já as dolorosas obsessões compulsivas têm suas raízes etiopatogênicas em graves condutas do Espírito nas existências pretéritas, assinaladas pelo descaso à dignidade humana, por desrespeito às leis constituídas. Não podemos esquecer que assim como as moléstias são o resultado das imperfeições físicas que tornam o corpo acessível às influências perniciosas exteriores, a obsessão é sempre a decorrência de uma imperfeição moral, que dá entrada a um Espírito mau, ou melhor, ignorante, pois que ainda desconhece as verdades do Pai. Obsessão no Coma Coma (do grego κῶμα, kóma, sono profundo) é um estado de inconsciência do qual a pessoa não pode ser despertada. A manutenção da consciência depende de dois componentes neu-

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rológicos importantes: o córtex, a matéria cinzenta cerebral da camada mais externa do cérebro, e o sistema de ativação reticular ascendente (SARA). O Coma é causado pela perturbação grave do funcionamento cerebral devido a traumas crânio-encefálicos, acidentes vasculares cerebrais, tumores, distúrbios metabólicos, envenenamentos ou asfixia. Quando um paciente está em estado de COMA, é uma situação parecida com a do sono. Em O Livro dos Espíritos, os Espíritos Superiores nos esclarecem que durante o sono a alma se liberta parcialmente do corpo. Quando dorme, o homem se acha por algum tempo no estado em que ficará permanentemente depois que morre, mas nesse caso ainda ligado ao corpo pelos laços fluídicos ou energéticos, que pode se aplicar no caso do coma também, apenas o corpo está paralisado, o espírito se encontra parcialmente liberto ou seja o complexo Espírito e Períspirito (que é o laço de união entre o espírito e a matéria, também conhecido como corpo fluídico ou corpo espiritual) podem estar distantes do corpo físico, mas fica a ele ligado por um laço fluídico. Muitos perguntam onde fica o espírito durante o COMA e o Espiritismo nos esclarece que sempre depende do grau evolutivo de cada um, se ele for apegado em demasia ao mundo material, ao seu corpo, aos seus bens, ele ficará jungido ao corpo, mas se for um espírito mais elevado, enquanto seu corpo é tratado, ele poderá se deslocar pelas dimensões espirituais (mundo astral) do espaço infinito, visitando lugares e espíritos afins, mas estará sempre ligado a seu corpo pelo cordão fluídico, enquanto seu cor-


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po tiver vida orgânica. Se familiares, amigos ou médicos conversarem com o paciente em estado de COMA, muitos terão a capacidade de ouvir e ver, sem contudo ter a capacidade de dar a resposta, mas em alguns casos quando é permitido pela Espiritualidade Superior, poderão estes espíritos comunicar-se através de um médium (pessoa que pode servir de intermediária entre os espíritos e os homens) em uma sessão mediúnica, no centro espírita e ali relatar tudo o que está sentindo neste estado de coma ou ainda comunicar-se via pensamento ou intuição com aqueles que estão ao seu redor e tem esta sensibilidade mediúnica, e transmitir assim seus recados. A Experiência de quase morte (EQM) é mais uma oportunidade divina, é um chamamento de Deus para uma correção de rota, ou seja uma chance oferecida para alguns, de reflexão sobre suas vidas, sobre o que realizaram ou deixaram de fazer. As pessoas que passam por uma EQM, trazem na mente um novo sentido para a vida, refletem de como melhor aplicar as potencialidades divinas. Conforme as pesquisas 85% dos que passaram pela EQM, tem experiências positivas, isto é um grande aprendizado para o Espírito que a sofre, e dos familiares que vivenciam a possibilidade do desencarne (morte do corpo físico) deste familiar. Seus relatos guardam entre si pontos em comum: sentem uma sensação de paz e de calma, tem a percepção de uma luz brilhante,

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tem a sensação de estar fora do corpo, visão de um túnel, visão e contato com os Espíritos. No livro Nas Fronteiras da Nova Era, de Suely Caldas Schubert, capítulo 11, temos o relato de um jovem em coma que durante sua curta vida adulta agiu como uma pessoa cruel, cínica e que arruinou a vida de muitas jovens que, incautas, caíram nas armadilhas que ele

mas cujos amigos espirituais conseguem que ela permaneça em coma para um aprendizado não só para ela mas também para aqueles que a martirizavam. Já o neurocirurgião Eben Alexander III era um cético com 25 anos de profissão, tendo trabalhado no Brigham & Women´s Hospital e na Escola de Medicina de Harvard, entre outros. Após con-

preparava, Segundo a avó, que em espírito estava tentando ajuda-lo, o rapaz se comprazia em um tipo de conduta extremamente perversa. Em razão disso entrou em sintonia com Espíritos igualmente cruéis, mas por outro lado, atraiu a presença de pais desencarnados, que se tornaram seus obsessores, com a intenção de vingar o mal que ele fizera às suas filhas. Também no Livro Sexo e Destino, pelo Espírito André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, é narrada a história de uma jovem com uma encarnação gravada de duras provas, que tenta suicídio,

trair uma meningite bacteriana, ele viveu uma experiência de quase morte (EQM) , permanecendo durante sete dias em coma e escreveu o livro Uma prova do Céu, (Ed. Sextante) contando a história que mudou sua vida. E como se pode tratar essa doença espiritual? Segundo Allan Kardec, a uma causa física, opõe-se uma causa física; a uma causa moral, será preciso contrapor uma causa moral. Para se preservar das moléstias, fortifica-se o corpo; para garantir-se contra a obsessão será preciso fortificar a alma.

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A obsessão, sendo uma doença da alma, deverá ser curada definitivamente com a melhoria do indivíduo no campo moral e intelectual. O Espiritismo oferece tratamento seguro para essas doenças, pois trata o problema abordando os dois lados da vida. Se for um Espírito desencarnado, ele será chamado por meio de evocações particulares, nas reuniões sérias de intercâmbio espiritual, para uma conversa e conscientização do mal que está praticando. Do lado do encarnado, se cuidará de tratar com a evangelização (moralização) e pela fluidoterapia (aplicação de passes), levando-o ao entendimento do que precisa fazer para libertar-se do mal. Todo processo de obsessão acontece por compatibilidade, portanto o que determina a simbiose entre uma pessoa e seu obsessor é uma ligação por ressonância que respeita essas leis naturais. Se você chegar a conclusão de que está com um obsessor espiritual, não saia correndo gritando de medo, com desespero e pânico, simplesmente pelo fato de que o obsessor que uma pessoa atrai, é a consequência de suas falhas no equilíbrio emocional, mental e na capacidade de sentir amor. Uma vez que você perceber alguma intromissão na sua energia pessoal, a melhor forma de reverter o quadro é mudando o seu conjunto de pensamentos, sentimentos e emoções, que em outras palavras quer dizer, aumentando a sua elevação moral e o seu estado de amor. Em todos os casos de obsessão, a oração é o mais poderoso remédio.


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Lei de Causas e Efeito x Lei de Ação e Reação

stamos encarnados atualmente em um Planeta que chamamos de TERRA, que segundo a nossa atual ciência tem cerca de 4,6 bilhões de anos. O nosso planeta Terra, gira em torno de uma estrela, que chamamos de SOL, que por sua vez está em uma galáxia que chamamos de VIA LÁCTEA. Calcula-se, que a Via Láctea tenha mais de 200 bilhões de estrelas e que existam mais de 60 bilhões de galáxias no universo. Existe ainda, algo que a ciência está formulando teorias e que é chamado de Massa escura e Energia escura. A “idade“ do nosso universo é calculada hoje, em cerca de 13,8 bilhões de anos e temos conhecimento de estrelas de até 2000 vezes, o tamanho do nosso Sol. Este nosso imenso universo, é regido por Leis Físicas, no plano material e Leis Morais, no plano espiritual. Uma destas Leis Físicas, é a terceira Lei de Isaac Newton, conhecida como a Lei da Ação e Reação. Ela nos ensina que: quando um corpo A exerce uma força sobre o corpo B, simultaneamente, o corpo B exerce uma força sobre o corpo A, com a mesma intensidade mas em sentido oposto. Estas forças possuem, em princípio, a mesma intensidade, direção, mas agem em sentidos opostos. Esta Lei foi publicada em 1687. De uma maneira simples, pode-

Nemer Tarraf mos dizer que para cada ação, teremos uma reação oposta e de mesma intensidade. Porém, esta Lei assim como as outras leis de Newton, são basicamente aplicáveis para os movimentos nos quais as velocidades dos deslocamentos envolvidas, são bem menores que a velocidade da luz. Quando as velocidades dos objetos e/ou corpos são muito grandes, podendo ser próximas porém não iguais a da luz, usamos Leis da mecânica Quântica ou a teoria da Relatividade de Einstein, tanto para o microcosmo quanto para o macrocosmo. Portanto, mesmo a lei da Ação e Reação, tem seus limites e não é adequada para explicar e descrever, certos fenômenos materiais do nosso cosmo. Temos também outra Lei natural, que é a lei de Causa e Efeito, a qual não foi descoberta mas sim nos revelada pela Doutrina Espírita, no século XIX, e está nos livros de sua Codificação (Livro dos Espíritos- Livro Primeiro-das Causas e A Gênese- Capítulo II). Formalmente, não encontramos em nenhuma parte da Codificação ou na Revista Espírita a definição da Lei de Causa e Efeito. Encontramos sim, o axioma (algo que tem significado evidente e não tem nenhuma necessidade de prova)”

para todo efeito existe uma causa e não há causa sem efeito”. Essa máxima, vulgarizada nas obras de Kardec como um princípio, foi transformada em Lei pelo plano espiritual pós codificação. É de suma importância, conhecermos profundamente a lei de Causa e Efeito, para começarmos a entender a imensa extensão do amor Divino a toda humanidade e nos levar a agir racionalmente, com todo o nosso Amor, em nossos atos e atitudes para com todos os nossos irmãos. Podemos enuncia-la da seguinte forma: A todo ato da vida moral do homem, existe uma reação semelhante, dirigida a ele ou aos acontecimentos de sua vida. Somos sempre responsáveis por estes eventos, que tem um motivo justo e uma finalidade proveitosa, pois

estão submetidos as Leis de Deus. Podemos coloca-la de um modo bastante simples, dizendo: “Tudo o que plantarmos, isso mesmo iremos colher”. A colheita, poderá não ser imediata e implacável, porém se realizará. A consequência destas ações no nosso dia a dia, irá auxiliar a nossa reforma intima, fazendo que possamos caminhar de modo muito mais eficiente, no nosso progresso espiritual. Quando pensamos nestas duas Leis (Ação e Reação / Causa e Efeito) e suas similaridades é usual assumirmos serem a mesma coisa. Poderíamos sim dizer, que a Lei de Causa e Efeito é um exemplo prático da Lei de Ação e Reação uma vez que nada é “por acaso”, porém decididamente não são iguais. Perguntas e dúvidas do tipo são iguais? Porque sim ou porque não? Qual a relação entre elas? e outras, sempre existem e são comuns. Vejamos então, as considerações abaixo: A publicação das Leis do Movimento de Isaac Newton, aconteceu em 1687, enquanto a Lei de Causa e Efeito surgiu no século XIX, através do Espiritismo. Isto faz com que, através de encarnações anteriores, muitos de nós já teríamos ouvido falar e talvez até aprendemos as leis de Newton, antes de conhecermos a lei de causa e Efeito e por isto fazemos comparações e analogias.


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Lembramos também que enquanto as Leis de Newton da física, são muito difundidas de modo geral, as de Causa e Efeito ainda são restritas, sendo melhor difundidas e conhecidas, dentro da comunidade espírita. É comum quando estamos aprendendo algo, fazermos uma comparação para melhor compreendermos o objeto de estudo. Para o nosso caso, o objeto de estudo é a Lei de Causa e Efeito e o objeto de comparação e a lei de Ação e Reação. A comparação que se faz com estas Leis, pode nos levar a interpretação falsa de que na nossa vida “nada é por acaso”, criando-se uma falsa “Teoria do fatalismo Divino”, a qual como vemos na Lei de Liberdade do Livro dos Espíritos, nada tem a ver com os ensinamentos espíritas. Podemos afirmar que, apesar destas duas Leis terem um princípio semelhante, são Leis diferentes. A semelhança entre elas é que se baseiam no fundamento de que para cada ação, existe uma reação e que para cada Causa existe um Efeito. Esta semelhança é lógica, porém os modos de como uma e outra se processam, são completamente diferentes. Abaixo, colocamos um pequeno quadro comparativo, entre a Lei de Ação e Reação e a Lei de Causa e Efeito: Como podemos observar, as leis são diferentes apesar de

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algumas semelhanças ou seja nada é por acaso, porém cada caso é um caso. Portanto, não devemos tentar adivinhar as possíveis causas dos efeitos, inclusive porque dificilmente conhecemos completamente todas as circunstâncias de cada caso e principalmente se este conhecimento acrescentará algo de importante, ao nosso crescimento espiritual. Examinando de modo pouco mais detalhado a Lei de Causa e Efeito, nos vem a seguinte pergunta: “Qual seria a melhor forma de reparar um mal?” A primeira resposta seria sofrendo a pena de Talião, ou seja, olho por olho e dente por dente. Se assim fosse, como foi dito por Gandhi todos nós seríamos caolhos e desdentados, porque todos temos nossos erros, faltas, enganos e etc. Poderíamos também dizer, que o destino do homem está es-

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tipulado por uma causa Divina e nada ou ninguém é capaz de alterá-lo. Este Fatalismo ou Determinismo, nos remete ao nosso Livre Arbítrio. Caso isto fosse verdadeiro, como ficaria a nossa liberdade de escolha, conforme a Lei de Liberdade – Livro dos Espíritos/ As Leis Morais. Estaríamos impotentes para atuar diante de uma situação qualquer, uma vez que seu desenrolar já estaria definido. Outra resposta, seria que o homem é escravo de seus renascimentos, sem a oportunidade de reverter ou amenizar a sua situação, que é semelhante a resposta acima e também estaria em contradição com a Lei de Liberdade. Então, qual é a melhor forma de se reparar um mal. Através da lei de Justiça, Amor e caridade. “Pela força do AMOR, sempre associada a vontade do indivíduo de querer efetivamente, reparar os

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erros cometidos”. Portanto, qual seria a resposta correta para a pergunta: “Pode o homem, mudar a situação dos acontecimentos a ele relacionados?” “SIM, pois o homem é construtor de seu destino e, de acordo com disposições intimas, pode modificá-lo para melhor ou, também complicá-lo”. Lembrando sempre, dos ensinamentos de nosso amado mestre Jesus “Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados”. – Lucas, 6-37 Não devemos inclusive nos punir, através do sentimento de culpa, pelas decisões erradas que tomamos ou pelos sofrimentos que passamos, devemos isto sim aprender com eles e evitar comete-los novamente sempre pensando nas Leis Divinas antes de agirmos ou se quer pensarmos. Culpar pelos nossos erros ou sofrimentos a Deus, governo, familiares, amigos e etc. é agirmos achando que as Leis de Ação e Reação e Causa e Efeito são iguais e portanto promovendo a doutrina errada e ilógica do Fatalismo. Deus nosso Pai maior, é infinito AMOR e quer o bem de todos os seus filhos. “Fazei aos homens o que gostaríeis que eles vos fizessem, pois é nisto que consistem a Lei e os Profetas” – Jesus. “Não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual. Somos seres ESPIRITUAIS tendo uma experiência humana”. Pierre Teilhard de Chardin


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O conhecimento liberta Rosânia Dela Bruna

Em João 8:32 encontramos a citação de Jesus, informando que o conhecimento liberta. Os anos se passaram e, desde a época de Jesus até hoje, o conhecimento humano tem transformado a maneira que vivemos, promovendo avanços em várias áreas. O surgimento das ciências, as pesquisas e invenções humanas tem nos mostrado que tudo sempre pode ser melhorado. O progresso que alcançamos hoje, nos permite facilidades onde antes havia o trabalho pesado e sacrificante; nos permite conviver com tratamentos e curas, onde antes não havia esperanças; nos permite a comunicação rápida e o transporte a qualquer parte, o que tornou o mundo menor. Vivemos globalizados e em todos as aspectos, é preciso medir o impacto de nossas ações em todo o planeta, bem diferente de quando enxergávamos somente no limite da visão do nosso quintal. Como não concordar que o conhecimento liberta? Ninguém em sã consciência se oporia a esta ideia. Podemos até lamentar por estes avanços não estarem ao alcance de todas as pessoas, criando bolsões de pobreza no quais a dor e a desesperança assolam os corações. Este é ainda um aspecto injusto da nossa sociedade, mas que não invalida o reconhecimento do quanto o homem progrediu em inteligência. Dispomos atualmente de utensílios e objetos que existiam somente nos livros ou filmes de ficção. O conhecimento humano transformou a Terra e nos levou até a lua! Uma grande conquista e um marco na história da humanidade! Em breve realizaremos

viagens turísticas ao espaço. Quem imaginaria isto? Com certeza, uma mente muito fértil ou muito capaz! Mas, nos equivocamos ao transpor as palavras de Jesus, somente para o campo da inteligência. Incontestável ser este, um dos aspectos que o homem precisa desenvolver em si mesmo, não é porém, o único. Vale a pena considerar que Jesus sabia que as próprias agruras das lides diárias impulsionariam o homem rumo à descobertas e superação de suas dificuldades materiais. O melhor incentivo para este avanço seria o trabalho em si mesmo, possibilitando novas formas de execução, já que o que o pensamento do homem estaria constantemente direcionado à realização da tarefa. Isto posto, fica claro que Jesus se referia ao conhecimento das verdades espirituais que, à princípio, não tem apelo ou não despertam o interesse dos homens, sempre mais preocupados com a matéria do que com o espírito, no atual estágio em nos encontramos. O Mestre portanto, profundo conhecedor do Espírito

humano, lança a afirmativa que tem o poder de nos intrigar, aguçando a curiosidade humana, que quando bem direcionada nos possibilita maravilhas: “conhecerás a verdade e a verdade vos libertará”. Neste momento, alguém O questiona: “Já somos livres! Como podes dizer, tornar-vos-ei livres?” Ao que o Mestre responde: “Em verdade vos digo que quem comete o erro é escravo”. Muito tempo se passou, o homem foi à lua e voltou, mas tem resistido a viajar para dentro de si mesmo, adiando assim o despertar para as verdades espirituais, que nos permite avançar moralmente. Sempre é mais fácil olhar para fora do que para

dentro de si e evidenciar as nossas próprias falhas, os nossos deslizes, não é tarefa agradável para ninguém. Mas amortecer a consciência para não perceber como realmente somos, não nos torna mais livres, nem menos escravos dos nossos erros. O conhecimento das verdades espirituais opera profundas mudanças em nossa conduta, haja vista a compreensão do destino inexorável de cada um de nós: do Pai viemos e para ele voltamos no desenvolvimento de todas as nossas potencialidades. Se houve um tempo em que não foi possível conciliar o raciocínio lógico com a religião, este tempo se findou com Kardec. Realizada a missão do mestre de Lyon, ofertando-nos as obras que desvendam o plano espiritual e nos dão notícias de como se processa nossa caminhada rumo ao alto, as dúvidas que surgiram junto com o aparecimento das ciências puderam ser respondidas e a fé restabelecida, não pela imposição, mas pela lógica. O Espiritismo hoje nos possibilita assimilar essas verdades espirituais esclarecendo a questão do livre arbítrio, da lei de causa e efeito, da multiplicidade das existências e principalmente que tudo isso está em total consonância com as leis que a ciência desvendou até hoje, nos demonstrando a infinita bondade e justiça de nosso Pai eterno. Quando transpomos a afirmativa de Jesus para o campo do nosso coração uma nova perspectiva se abre ao nosso viver. Abandonamos as atitudes autômatas, reforçadas por anos de negligencia moral e


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desinteresse espiritual, na tentativa de agir em conformidade com uma nova ordem de entendimento que passa a fazer sentido para nós e que chamamos de moral cristã. Mais do que nos libertar dos nossos erros, dos nossos enganos e maus hábitos, conhecer as verdades espirituais nos proporciona consolo, amparo, sustentação e esperança em dias melhores. De forma prática, aos amigos leitores, podemos enumerar os grandes esclarecimentos somente possíveis através do conhecimento destas verdades: - O esclarecimento do enigma da morte, simplesmente como passagem do plano físico para o espiritual. - Nos libertamos do entendimento equivocado de um Pai que

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julga e condena, para percebermos o Pai que ama e perdoa. - Nos libertamos do medo de uma eternidade de castigos, para vivermos com a esperança de que todos temos novas possibilidades de recomeço e reajuste. - Abandonamos o engano da crença na unicidade da existência, para compreender que a bondade divina nos concede viver quantas vezes forem necessárias para o nosso avanço moral. - Nos foi possível entender que o Pai perdoa sempre e perdoa tudo, mas nos faz conviver com as consequências das nossas escolhas, além de corrigir o mal praticado, tudo isso utilizado como recurso educativo. - Compreendemos que não há castigos ou preferências, somente

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a lei de causa e efeito dando a cada um segundo as suas obras. - Libertamo-nos do pesado fardo de viver com a culpa dos nossos erros pois que todos os dias é tempo de se renovar, se redimir, corrigir os enganos e seguir adiante. Queridos amigos, muito temos caminhado pela vida, sem prestar atenção no que realmente importa. Que possamos utilizar o tempo de que dispomos para edificar em nossos corações o conhecimento que nos liberta dos erros e desacertos oriundos da nossa ignorância espiritual. Sabedores de que necessitamos desenvolver em nós a inteligência e a moral, nos conscientizemos de que somente a segunda permitirá o uso ético e fraterno dos recursos

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que a inteligência tem nos proporcionado. Caso tenha restado alguma dúvida sobre o acesso a estas verdades, Jesus mais uma vez vem em nosso socorro quando diz: “Eu sou o caminho a verdade e a vida e ninguém vem ao Pai senão por mim” – João 14:06. Os ensinos do Mestre nos foram ofertados há mais de 2 mil anos e permanecem aguardando a nossa disposição íntima para o estudo. Jesus foi, é e sempre será o farol que nos guia, conduzindo-nos de forma segura pelos caminhos da existência física. Sigamos portanto, estudando e nos aprofundando no conhecimento das verdades espirituais, seguindo a recomendação de Kardec: “Espíritas, amai-vos e instruí-vos!”


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bril é o quarto mês do calendário gregoriano e tem 30 dias. E alguns acontecimentos marcam a importância desse mês: • Dia 1º - Dia da mentira. • Dia 14 – Colisão do Transatlântico Titanic com um iceberg em sua viagem inaugural, em que seu fabricante fez uma declaração em que não pensou. (“Nem Deus afunda este navio!”) • Dia 15 – O Transatlântico Titanic afundou no oceano Atlântico causando a morte de 1553 pessoas, entre passageiros e tripulantes. • Dia 18 – Dia Nacional do Espírita. • Dia 21 – Dia de Tiradentes e Fundação de Brasília. • Dia 22 – Descobrimento do Brasil. Vamos analisar o dia da mentira: Esse dia começou a ser comemorado desde quando o rei da França, Carlos IX, depois de instituir o dia primeiro de janeiro para ser o início do ano, que antes era comemorado no dia 25 de março, terminava sua comemoração após uma semana, isto é, no dia primeiro de abril. Algumas pessoas, mais tradicionais, não gostaram da mudança e insistiram na mesma comemoração antiga. Outra parte das pessoas, que concordavam com o Rei passaram a fazer brincadeiras com esses radicais e enviavam presentes estranhos, como repolhos embrulhados ou convites para festa que não existiam. Isso causou dú-

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Curiosidades do mês Alceu Nunes vidas sobre o novo dia 1º de janeiro e confundiu muita gente, daí o nome usado até hoje para o 1º de abril, dia da Mentira. Quanto aos brasileiros, o primeiro Estado a aceitar a brincadeira foi Pernambuco, que transmitiu a notícia de falecimento de D. Pedro, o que não acontecera e que no dia seguinte foi desmentida. É claro que pregar mentiras nessa dia é uma brincadeira até agradável, quando nos lembramos que

nome de “As três peneiras”. Trata-se de uma lenda sobre Sócrates, o antigo filósofo grego: “Certa vez, um homem ofegante achegou-se ao grande filósofo e sussurrou-lhe ao ouvido: – Escuta Sócrates... Como seu amigo, tenho uma coisa muito grave para lhe dizer em particular... – Espera! – ajuntou o sábio, prudente. Já passou o que me você vai dizer pelas três peneiras? – Três peneiras? - perguntou o

não devemos prejudicar ninguém e que o amor ao próximo e a caridade são a base para qualquer relacionamento humano. Quanto à mentira inocente, há momentos em que pode se transformar numa arma contra algum amigo, conhecido – ou mesmo inimigo – o que contraria totalmente as lições de Jesus referentes ao nosso próximo. Dentro do Espiritismo, porém, lembramos a já famosa orientação bastante popular que recebeu o

visitante, espantado. – Sim, meu caro, três peneiras. Vamos ver se a sua confidência passou por elas. A primeira é a peneira da verdade. Você tem certeza absoluta daquilo que pretende me contar? – Bem - ponderou o interlocutor – certeza absoluta mesmo, não tenho... Mas, ouvi dizer e... Então... – Exatamente. Decerto você passou o assunto pela segunda peneira, a da bondade. Será bom o que você quer me contar?

Hesitando, o homem replicou: – Não... Muito pelo contrário... – Ah! - tornou o sábio – Então vamos recorrer à terceira peneira, a da utilidade, e vejamos a utilidade que tem o que você quer me contar. – Útil?!... – O visitante falou ainda mais agitado. – útil não é... – Então – rematou o filósofo num sorriso - Se o que você quer me confiar não é verdadeiro, não é bom e nem útil, vamos esquecer o problema e não se preocupe com ele, já que casos assim de nada valem nem servem de edificação para nenhum de nós... Como percebemos, a mentira pode se transformar em mexerico. Lendo a Bíblia, tanto o Velho quanto o Novo Testamento, verificamos frases e atitudes em que, desde a antiguidade, começando com Moisés e chegando aos nossos tempos, nada mudou ou deu sinais ainda de que irá mudar nos próximos séculos. E, na verdade, bastaria uma simples decisão de seguir urgentemente as delicadas orientações de amor deixadas por Jesus, mas que nós teimamos em não seguir inteiramente. E já no Velho Testamento, podemos encontrar: “LEVÍTICO – 16 a 18 – Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; nem conspirarás contra o sangue do teu próximo. (...) mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor.” E vamos examinar em profundidade o que diz o Salmo 15 completo: Quem, Senhor, habitará na tua tenda? Quem morará no teu santo


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monte? Aquele que anda irrepreensivelmente e pratica a justiça, e fala a verdade do coração; que não difama com a sua língua, nem faz o mal ao seu próximo, nem contra ele aceita nenhuma ofensa; aquele a cujos olhos o malvado é desprezado, mas que honra os que temem ao Senhor; aquele que, embora jure com prejuízo seu, permanece fiel; que não empresta o seu dinheiro a juros, nem recebe subornos contra o inocente? Aquele que assim procede nunca será abalado. Acreditamos que fica estabelecido o erro que muita gente pratica quando faz uma fofoca disfarçada de mentira pois estará impedindo a evolução de muitos Espíritos rumo ao Reino de Deus. Como poderemos auxiliar o maledicente, o fofoqueiro? Denunciando-o. Muitos irão protestar considerando que se amamos o próximo, não podemos acusá-lo de absolutamente nada. Na verdade, esse tipo de raciocínio nos lembra da opinião de Kardec e do Espírito São Luiz, que nós encontramos no Evangelho Segundo o Espiritismo, no Capítulo X (Bem-aventurados os que são misericordiosos): Perguntas de Allan Kardec a São Luiz: É permitido repreender os outros, notar as imperfeições dos outros, divulgar o mal dos outros? Como ninguém é perfeito, ninguém tem o direito de repreender o seu próximo? Resposta: Certamente que não é essa a conclusão a se tirar, porque cada um de nós deve trabalhar pelo progresso de todos. Mas, por isso mesmo, devemos agir com moderação, para um fim útil, e não, como quase sempre, pelo prazer de humilhar. Neste último caso, a repreensão é uma maldade; no

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primeiro, é um dever que a caridade manda que seja cumprido com todo o cuidado possível. Além disso, a censura que alguém faça a outra pessoa, (no caso da fofoca) deve ao mesmo tempo ser dirigida a si próprio, procurando saber se não está merecendo também ser chamado à atenção. Tudo depende da intenção. Decerto, ninguém está livre de ver o mal, quando ele existe. Seria até inconveniente ver em toda a parte só o bem. Semelhante ilusão prejudicaria o progresso. O erro está no fazer que a observação seja feita em prejuízo do próximo, desacreditando-o, sem necessidade na opinião geral. Igualmente repreensível seria fazer apenas para dar expansão a um sentimento de malevolência e à satisfação de apanhar os outros em falta. Dá-se inteiramente o contrário quando, estendendo sobre o mal um véu, para que o público não o veja, aquele que note os defeitos do próximo o faça em seu proveito pessoal, isto é, para se exercitar em evitar o que reprova nos outros. S. Luís (Paris, 1860.) É muito delicada esta questão e, para resolvê-la, é preciso apelar para a caridade bem compreendida. Se as imperfeições de uma pessoa só a ela prejudicam, nenhuma utilidade haverá nunca em divulgá-la. Se, porém, podem acarretar prejuízo a terceiros, deve-se atender de preferência ao interesse do maior número. Conforme as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode constituir um dever, pois mais vale que caia um homem, do que virem muitos a ser suas vítimas. Em tal caso, deve-se pesar a soma das vantagens e dos inconvenientes. – São Luís (Paris, 1860.) É o caso das mentiras, muitas vezes inocentes, mas que também

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podem esconder alguma intenção sutil e maldosa que iria prejudicar – mesmo de uma maneira um pouco suave – justamente o nosso próximo, apesar desse costume ser tão antigo quanto a própria Humanidade. Na Carta de I Pedro, cap. 2, vers. 1-2 encontramos o seguinte. “Libertando-se, portanto, de toda maldade e engano, de hipocrisias e invejas e de toda espécie de maledicências, desejem ardentemente, como crianças recém-nascidas, o puro leite espiritual, para que, por ele, seja dado a todos, o crescimento para a salvação.” (1Pedro. 2.1-2.) Como acreditamos em Jesus, devemos também seguir seus conselhos à risca e abandonar esta prática da mentira, que muitas vezes significa pura maledicência, prestando atenção a uma ordem que encontramos na Carta de Paulo aos Colossenses, cap. 3, vers. 8 a 11: abandonem também tudo isto: a raiva, a cólera, a malícia, a maledicência, as palavras indecorosas da sua boca; não mintam uns aos outros, pois já estão livres do homem velho com as suas práticas, e já se vestiram com o que é novo, seguindo a imagem de Deus, que o criou; para um lugar onde não há gregos nem judeus, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, escravo ou livre, mas Cristo é tudo em todos. A mesma recomendação que deveria ser dirigida a uma das suas igrejas, é encontrada na Carta de Paulo a Tito, cap. 3 vers. 1 a 2: Adverte que sejam obedientes, e preparados para toda boa obra, que não difamem ninguém, nem sejam protestadores, mas moderados, mostrando toda a gentileza para com todos os homens. E acrescentando: Porque tam-

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Alceu Nunes - Escritor espírita bém nós já fomos antigamente, insensatos, desobedientes, perdidos, praticando várias paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e nos odiando uns aos outros. Infelizmente, em nosso planeta ainda selvagem, não há agrupamento humano livre da maledicência. Junto com as mentiras, ela está presente mesmo nos lugares onde jamais deveria estar: nas instituições religiosas que realizam serviços dedicados justamente ao amor ao próximo. Quando nessas comunidades, infiltram-se companheiros desavisados, seguidores dos obsessores do mal, esse fato – que não deixa de ser bem comum – provoca o afastamento de muitos voluntários dedicados e prejudica bastante a própria evolução espiritual de muitos companheiros. Não há a menor dúvida de que a origem da mentira que resulta em maledicência é o atraso moral do nosso planeta. Encontramos nas palavras de Jesus: Jesus – “Não é o que entra pela boca que contamina o homem; mas o que sai da boca, isso é o que o contamina.” e “O que sai da boca procede do coração; e é isso o que contamina o homem.” - MATEUS, cap. 15 ver. 11 e 18


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PALESTRAS PÚBLICAS AOS DOMINGOS E EVENTOS DA FEESP Sede Central – Rua Maria Paula, 140 – Bela Vista – São Paulo

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05/04 TEMA: PENSAMENTOS E DOENÇAS Mauricio Bueno 10h PALESTRANTE: ATRAÇÃO MUSICAL: Sylvio Tancredi - piano e Marlene Araújo Mello - violino domingo

19/04 OS TORMENTOS VOLUNTÁRIOS Miriam Ofir Babosa 10h PALESTRANTE: ATRAÇÃO MUSICAL: Coral e Orquestra Carlos Gomes da FEESP TEMA:

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26/04 RESPEITO PELA VIDA Victor Reis 10h PALESTRANTE: ATRAÇÃO MUSICAL: Marco Antonio e Thiago Sivila TEMA:

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15º Encontro de Educadores Espíritas

Diretora da Área da Infância e Mocidade Vera Lúcia Leite (centro) e diretores dos departamentos

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spiritismo Educador - Amai-vos e instruí-vos, foi o tema do 15º Encontro de Educadores Espíritas da AIJM - Área de infância, Juventude e Mocidade da FEESP, realizado nos dias 14 e 15 de fevereiro de 2015,um evento que já se tornou tradicional por reunir educadores de crianças e de jovens, pais, dirigentes de casas espíritas e interessados em geral, em reciclar e aprender técnicas dinâmicas para a metodologia de aplicação da educação espírita para a faixa etária de 3 a 15 anos de idade. O tema escolhido reflete o fato de a Doutrina Espírita ser essencialmente pedagógica, um verdadeiro tratado de educação capaz de informar, formar e transformar as características do reencarnante, oferecendo-lhe a base para sua transformação moral, ou seja, apreender o conhecimento, mas também desenvolver o amor universal. Através da união de esforços dos educadores e coordenadores da AIJM, sob direção de Vera Lúcia Leite, o Encontro atingiu o

Diretora da Área de Ensino Zulmira Hasessian (centro) e diretores dos departamentos da Infância

objetivo geral de veis para tornar proporcionar aos a aula atrativa. participantes uma Durante os reciclagem de dois dias, a metodologia e esprogramação tratégias específidesenvolvida cas para a prepana sede Maria ração e aplicação Paula, privilede aulas de edugiou desde a cação espírita. recepção até o Considerando encerramento: A presidente Julieta Ignes Pacheco de que os educadodinâmicas moSouza fez a abertura do evento res estão hoje, tivadoras e rediante de crianflexivas; painel ças e jovens, que como espíritos ressaltando a história da educação milenares possuem considerável espírita, tanto do ponto de vista do bagagem e precocidade de pen- movimento pedagógico da espirisamentos, ideias e atitudes, mas tualidade, quanto da implantação com necessidade urgente de dire- dos cursos das Áreas de Ensino e cionar suas energias para os canais de Infância, Juventude e Mocidasuperiores da vida, o programa de na FEESP; planejamento como privilegiou não apenas as técni- base essencial para que o educador cas pedagógicas, mas também a execute com segurança todas as importância do conteúdo progra- atividades que devem ser desenmático aplicado através de aulas volvidas durante a aula; oficinas dinâmicas, capazes de despertar o práticas que estimularam a reflexão interesse dos educandos, que cons- sobre a necessidade da educação tituem a chamada geração da ima- espírita envolver também, a famígem, do som e da tecnologia, re- lia dos educandos e consequentequerendo do educador um passo à mente promover a identificação e frente, através da atualização para adesão destes às aulas e atividades o uso desses recursos indispensá- propostas, além de ressaltar a im-

portância da utilização de estratégias capazes de “educar espíritos na era do @.com”, aproveitando o momento de transformação e a precocidade que as crianças e os jovens apresentam. Enfim, podemos afirmar que o Encontro de Educadores 2015 foi um momento enriquecedor de trocas e de aprendizagens, contribuindo para refletirmos sobre nossa responsabilidade diante da educação do espírito, inspirados pela presença de Meimei, mentora da AIJM, que em sua mensagem sobre o Centenário de Evangelização da criança, nos adverte e ensina que “Unidos em torno do ideal do bom entendimento mútuo, o indivíduo educado, intelecto e moralmente, se transforma em servidor da Humanidade e em instrumento de Deus, contribuindo para que a fraternidade se estabeleça definitivamente no Planeta.” E, que “Isto só irá acontecer se a educação viabilizar a transformação íntima do Espírito.” Cristhine Almeida Diretora do Departamento do Curso CEPE


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O cantor Fábio da banda D’Angelis Cristhine Almeida

Educadores e público presente


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A páscoa e a Reencarnação Tempo de renovação, de reflexão, de interiorização. Momento de conhecimento de nós mesmos: o que somos, o que temos, o que fazemos. Melhor que ter é ser. Melhor que conhecer é fazer. Melhor que buscar é encontrar. Encontrar dentro de nós as respostas que o nosso Espírito já amadurecido nos proporciona. Já intuímos que frutos de ontem comprometido, o presente se abre como a oportunidade de construirmos benção futuras. Ontem a fé cega, hoje a razão prepondera e equilibra emoções e sentimentos. Discernimos entre o certo e o errado, o individual egoístico e o coletivo solitário e fraterno. Não mais o Eu solitário, mas o nós abundante, expansivo e vibrante. A certeza dos porquês, não mais a dúvida, o passo vacilante, a fé cega. Jesus em nós, somos as cartas vivas do Seu Evangelho. Vivemos, exemplificamos o potencial do amor conquistado e aprimorado por tantas existências... Somos hoje o legado merecido das escolhas conscientes ou inconscientes, resgatando débitos e reajustando-nos aos nossos desafetos e às leis que transgredimos. Nosso acervo se amplia pela consciência desperta, pela lucidez espiritual e progresso moral, alcançados. Jesus nos ampara como seus discípulos de hoje, como o fez quando esteve entre nós aos seus discípulos de ontem, da primeira hora. Tanto tempo... E num processo constante de aprendizado e trabalho, experiências necessárias, recapitulações e lições que falhamos, vamos conquistando a nós mesmos. O poder de domínio, de autocontrole, que lição difícil. Já senhores conscientes e cientes de que tudo nos é permitido, mas nem tudo no é lícito, caminhamos sem temos, a fé se robustece e o amor à verdade nos impulsiona à nossa maior conquista: o progresso moral. Somos hoje o que as nossas imperfeições nos permitem, na luta constante entre o bem e o mal. Alimentemos o bem em nós e a Páscoa, alicerçada nos ensinos de Jesus nos trará o Reino de Deus em nós, prenúncio de regeneração da humanidade e do mundo em que estagiamos nesta existência. Muita Paz! Espírito Protetor (Fraternidade de Maria de Nazaré)

Psicografado por Zulmira da C. Chaves Hassesian Diretora da Área de Ensino da FEESP e faz parte do grupo de psicografia literária da Área de Divulgação

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A ressurreição de Jesus

aqueles tempos houve a necessidade de acontecimentos que acabaram por chocar e trazer sentimentos contrários a todos os que conviveram próximos a Jesus. Estas necessidades pertenciam a um planejamento anterior, sob as orientações de Nosso Criador com Suas finalidades superiores. Momento de recomeço, de regeneração, de reflexão e transmutação de energias e posturas. Não havia mais espaço e tempo e o homem tinha que despertar. Houve sofrimento, conflitos, dor, pessimismo, anseios e receios do que viria, mas ao mesmo tempo uma esperança sincera, intuição forte de que tudo ficaria bem e seguiria um plano pré-definido por Deus, através de Seu filho, Jesus. O “ontem” foi necessário para que o “hoje” existisse. Em Sua infinita perfeição, Jesus nos mostrou como somos frágeis e fortes, quando desistimos e quando agimos e acreditamos. Descobrimos o poder da fé, compreendemos as curas realizadas como algo possível e fomos construindo até aqui, conforme o pouco saber, os alicerces que embasariam os anos que se seguiriam e os que ainda virão. Renovar significa subtrair o que

Ressurrection - Henry Siddons Mowbray (1915) não nos serve mais, o “velho”, para que o “novo” surja e transforme tudo o que estiver pronto e preparado para florescer. Como a correnteza, após sua queda, leva suas águas, até então turvas e turbulentas, a buscar seu curso, cristalino, levando minerais, saúde, escasseando a sede, limpando e purificando onde for necessário. Jesus sabia que precisaria passar por tudo o que passou, confiou em Nosso Pai e por amor se entregou

aos terríveis sofrimentos da cruz. Resplandeceu sobre a morte, com a alegria da existência infinita, demostrando Sua superioridade, ao mesmo tempo em que foi humilde até o final. Será que faríamos o mesmo? Muito difícil, porque ainda caminhamos por veredas contrárias ao amor, e a imperfeição ainda urge em nosso interior com vícios e equívocos, demorando o nascimento e permanência das virtudes.

Mas, como Nosso Mestre não desistiu de nós, também não o façamos, e continuemos a acreditar que podemos ser melhores, aprender, renascer e realmente escrever uma história de luz e amor. Nem que para isso tenhamos uma única certeza, a do amor de Jesus e Deus por nós, e a partir deste ponto possamos aprender com Eles o que ainda engatinhamos, que é realmente amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos! Todos os dias abrimos os olhos para o Universo, continuemos praticando, pois dia chegará que os olhos finalmente despertos, não somente enxergarão, mas praticaremos e exemplificaremos os Ensinamentos que Jesus tão bem praticou e exemplificou. Um Espírito Amigo caminhando na Seara de Jesus. Muita paz! Psicografado por Rosemary de Jesus que faz parte do grupo de psicografia literária da Área de Divulgação da FEESP


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No site WWW.tvaberta.TV.br ao vivo às 12h!

Os programas já apresentados encontram-se no Portal da FEESP. www.feesp.org.br Novidade: Toda sexta-feira, às 20:00, o programa estará disponível também no portal da FEESP.


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