Jornal FEESP - Ed. Agosto de 2015

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Jornal Espírita ÓRGÃO DA FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE SÃO PAULO

FUNDADA EM 12 DE JULHO DE 1936

Agosto de 2015 - Nº 449 - Ano XL - DISTRIBUIÇÃO NACIONAL

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150 anos do livro

O Céu e o Inferno

Editorial O Céu e o Inferno Pág. 2

79 anos da FEESP Pág. 24

O Reino dos Céus descrito por Jesus Pág. 28

Espetáculo teatral Entre Mundos Pág. 31


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Editorial

Agosto de 2015

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O Céu e o Inferno (1865-2015) 150 anos

abendo Jesus das dificuldades de entendimento devido a profundidade educativa de seus ensinamentos e conhecedor do futuro através da sua potente clarividência, preveniu muitas deturpações das “Verdades” por interesses pessoais e sociais ao longo dos tempos. Allan Kardec, predestinado a ser o grande missionário da Terceira Revelação reconhecia em Jesus sua superioridade intelectual e moral como o Espírito mais elevado do planeta, aceitando assim quando informado da Revelação Divina, através dos Espíritos Superiores de Escol, o trabalho da Codificação do Espiritismo. Ao todo, os livros da Doutrina Espirita são cinco sendo que o primeiro que é O Livro dos Espíritos contém, de forma resumida, todos os outros. O livro O Céu e o Inferno foi o

quarto na ordem de publicação, o que aconteceu no dia primeiro de Agosto de 1865, há 150 anos. Este livro é uma obra esclarecedora sobre as penas futuras que tanto amedrontavam e porque não dizer, tolhiam o progresso do Espírito pelo medo e falta de esperança que representavam. Com muita clareza e objetividade o livro discorre sobre o destino do homem relacionado à Sabedoria, Bondade e Justiça Divinas, ampliando as informações sobre anjos e demônios. Há muitos depoimentos de Espíritos com exemplos variados sobre situações de estados felizes e infelizes da vida após o desencarne. Esclarece que a Justiça Divina não condena seus filhos, porque o problema de felicidade é inerente ao grau de maturidade espiritual, ou seja, de caminhada à perfeição através das transformações morais que a criatura tenha conquistado.

Indica que o mal praticado gera, incontestavelmente o sofrimento e que cada Espírito, pelo seu livre arbítrio, detém o poder de melhorar ou não a sua condição de felicidade. O Céu e o Inferno não são espaços determinados onde o fogo escaldante e os malvados demônios Silvia Cristina Puglia podem nos atacar ao seu Diretora da Área de Divulgação bel prazer mesmo que pratiquemos o bem, como nos contos de fadas, em que moci- praticarmos. nhas bondosas são atacadas por Lembremos sempre do belo monstros demoníacos. ensinamento do mestre Jesus: Que tudo é uma questão de “A cada um será dado segundo sintonia e harmonia entre as as suas obras” – valorizando o criaturas que se encontram em nosso esforço pessoal. nosso planeta, ainda em estágios evolutivos diferentes. Sugerimos a leitura do livro O Assim sendo nos juntamos Céu e Inferno aos caros leitores àqueles que estão no mesmo pa- que desejam conhecer um pouco drão vibratório que o nosso, e mais da Doutrina Espírita. seremos felizes ou infelizes de acordo com o bem ou o mal que Silvia Cristina Puglia

*CAPA: Pintura mediúnica da FEESP. Tela pintada pela médium Juvita Maria da Costa no programa Um Sentido Para Sua Vida #67. Equipe espiritual de Salvador Dali. O quadro remonta simbolicamente às diversas viagens que o espírito faz durante seu progresso, transitando pelos mundos materiais e espirituais. Na mitologia grega, Caronte é o barqueiro de Hades, que carrega as almas dos desencarnados sobre as águas dos rios Estige e Aqueronte que dividiam o mundo dos vivos e o mundo dos mortos.


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Codificação Espírita ALLAN KARDEC OBRAS DO AUTOR PARA ESTUDOS FILO CIENTÍFICOS E REL SÓFICOS, IGIOSO DA DOUTRI NA ESPÍRITA I - O LIVRO DOS ESPÍR

ALLAN KARDEC , ESTUDOS FILOSÓFICOS OBRAS DO AUTOR PARA RITA GIOSO DA DOUTRINA ESPÍ RELI E OS TÍFIC CIEN

ITOS .............................. II - REVISTA ESPÍR ........................................ ITA .............................. .................. 1857 ........................................ III - REVISTA ESPÍR ............................ 1858 ITA .............................. ........................................ IV - REVISTA ESPÍR ........................... 1859 ITA .............................. ........................................ V - O LIVRO DOS MÉDIUNS .................... ........................... 1860 ........................................ VI - REVISTA ESPÍR ............................. 1861 ITA .............................. ........................................ VII - REVISTA ESPÍR ........................... 1861 ITA VIII - REVISTA ESPÍR ...................................................................... .......................... 1862 ITA .............................. ........................................ IX - O EVANGELH O SEGUNDO O ESPIR ........................ 1863 ITISMO.................... X - REVISTA ESPÍR ................................ 1864 ITA.............................. ........................................ XI - O CÉU E O INFE ............................. 1864 RNO .............................. ........................................ XII - REVISTA ESPÍR ITA.............................. ........................ 1865 ........................................ XIII - REVISTA ESPÍR .......................... 1865 ITA .............................. ........................................ XIV - REVISTA ESPÍR ........................ 1866 ITA .............................. ........................................ XV - REVISTA ESPÍR ITA ........................ 1867 XVI - A GÊNESE .......... ...................................................................... .......................... 1868 ........................................ XVII - REVISTA ESPÍR ........................................ ITA.............................. ..................... 1868 XVIII - INICIAÇÃO ........................................ ESPÍRITA .................... ....................... 1869 ........................................ XIX - OBRAS PÓST UMAS .............................. .......................... 1869 ........................................ ........................ 1890

.................................... 1857 .................................................... I - O LIVRO DOS ESPÍRITOS ................................. 1858 .................................................... II - REVISTA ESPÍRITA ............. ............................................. 1859 ............. ............. ............. ............. III - REVISTA ESPÍRITA ............................................. 1860 ............. ............. ............. IV - REVISTA ESPÍRITA ............. ..................................... 1861 NS .................................................... ................................ 1861 V - O LIVRO DOS MÉDIU .................................................... VI - REVISTA ESPÍRITA ............. ............................................ 1862 .................................................... ............................. 1863 VII - REVISTA ESPÍRITA ............. ............. ....................................... .......................... 1864 VIII - REVISTA ESPÍRITA ............. DO O ESPIRITISMO............. IX - O EVANGELHO SEGUN .................................. 1864 .................................................... ............. TA ESPÍRI A REVIST ............................. 1865 X .................................................... ............. O INFERN O E CÉU XI - O ............................................ 1865 .................................................... XII - REVISTA ESPÍRITA .......................................... 1866 .................................................... ... 1867 XIII - REVISTA ESPÍRITA .................................................... ............. ............. ............. TA XIV - REVISTA ESPÍRI ............................................ 1868 ............. ............. ............. ............. 1868 XV - REVISTA ESPÍRITA .............................................. ............. ............. ............. XVI - A GÊNESE .......................... ......................................... 1869 .................................................... XVII - REVISTA ESPÍRITA .................................. 1869 TA .................................................... ................ 1890 ............. XVIII - INICIAÇÃO ESPÍRI ............. ............. ....................................... XIX - OBRAS PÓSTUMAS

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Conselho Editorial Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia Antônio Bartolomeu Cruzera Fátima Luisa Giro Paulo Sergio de Oliveira Editor: Altamirando D. de Assis Carneiro (MTb 13.704) e-mail: redacao@feesp.org.br As opiniões manifestadas em artigos assinados, bem como nos livros anunciados são de responsabilidade de seus autores, não refletindo, obrigatoriamente, o pensamento do Jornal Espírita, de seu Conselho Editorial ou da FEESP. Redação O Jornal Espírita é uma publicação bimestral sobre o movimento Espírita. Rua Maria Paula, 140, 3º Andar, Bela Vista, São Paulo – SP, CEP 01319-000 – Tel.: (11) 3115-5544 ramal 224

Diretor Geral de redação: Antônio Bartolomeu Cruzera Fundado em 1º de Julho de 1975 pelo Núcleo Espírita Caminheiro do Bem, registro nº 2.413, livro 33 de Matrículas de Oficinas Impressoras, Jornais, Revistas e outros periódicos, do 1º Cartório de Títulos e Documentos de São Paulo, conforme despacho do Juiz de Direito da 2ª Vara de Registro. Transferido para a Federação Espírita do Estado de São Paulo em 16 de maio de 1990. Certificado de Registro na marca na classe 11.10 processo nº 815.511.973 publicada na “Revista da Propriedade Industrial” nº 1103, de 21/1/92, página 16. Distribuição para assinantes e Centros Espíritas: Livrarias e Editora Espírita Humberto de Campos da FEESP. Diagramação: TUTTO Impressão: TAIGA - 2468-3384

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FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE SÃO PAULO CNPJ 61.669.966/0014-25 Rua Maria Paula, 140, Bela Vista, CEP 01319-000, São Paulo - SP Tel.: (11) 3106-1619, 3106-5964, 3106-1200, 3106-5579, 3107-5279, 3107-1276, 31055879, 3115-5544 – Fax.: (11) 3107-5544 Portal: www.feesp.org.br Email: feesp@feesp.org.br Diretoria Executiva: Presidente: Julieta Ignez Pacheco de Souza Vice-Presidente: Maria Elizabete Baptista Diretor da Área de Assistência e Serviço Social: Eli de Andrade Diretora da Área de Ensino: Zulmira Hassesian Diretora da Área de Assistência Espiritual: Maria de Cássia Anselmo Diretora da Área de Divulgação: Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia Diretora da Área de Infância, Juventude e Mocidade: Vera Lúcia Leite

Diretora da Área Financeira: Guiomar Cisotto Bonfanti Diretora da Área Federativa: Nancy César Campos Raymundo Presidente do Conselho Deliberativo: Afonso Moreira Junior Assistência Social da FEESP Casa Transitória Fabiano de Cristo CNPJ: 61.669.966/0002-91 Av. Condessa Elizabeth de Robiano, 454, Belenzinho, São Paulo – SP, Tel.: (11) 2697-2520 Sede Santo Amaro: Rua Santo Amaro, 370, Bela Vista, São Paulo – SP, Tel.: (11) 3107-2023 Casa do Caminho, Av. Moisés Maimonides, 40, Vila Progresso, Itaquera, São Paulo – SP, Tel.: (11) 2052-5711 Centro de Convívio Infanto-Juvenil D. Maria Francisca Marcondes Guimarães – Rua Franca, 145, B. Bosque dos Eucaliptos, São José dos Campos – SP


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Palestras

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Palestras Públicas na FEESP

Diariamente, a Federação Espírita do Estado de São Paulo abre suas portas a toda população de São Paulo, acolhendo aqueles que precisam de sentido ou consolo para suas vidas, bem como os que buscam conhecer o Espiritismo, através dos seus diversos cursos. Aos domingos, sempre às 10:00, é aberto um espaço especialmente destinado à realização de palestras sobre temas atuais, à luz do Espiritismo, que são muito esclarecedoras no sentido de entendermos melhor a problemática social em que vivemos. São abordados temas atuais, de forma a fornecer ferramentas de amor e fé, para enfrentar os desafios cotidianos. Para ajudar-nos

a refletir sobre esses diversos temas, contamos com oradores e palestrantes de alto gabarito, e conhecedores da doutrina espírita, que compartilham sua visão e experiência com o público presente. Nesses encontros alegres, contamos também com musicistas que se revezam, a cada semana, no palco do auditório Bezerra de Menezes, em apresentações que elevam e harmonizam a todos e o ambiente. Participe e divulgue. É sempre um prazer receber a todos! Confira, a seguir, as sinopses das palestras realizadas aqui na Federação Espírita do Estado de São Paulo.

A Terapia do perdão

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história do perdão não começa com Jesus, mas é ele quem enfatiza, justifica e exemplifica seu exercício, como ninguém. O Evangelho, considerado o maior tratado psicoterapêutico de que a humanidade tem notícia e Jesus, o Psicoterapeuta por excelência, ensinando o perdão incondicional, constante, indistinto, motivam um dos mais perfeitos comportamentos, responsáveis pela saúde e pela harmonia pessoal. Tanto quanto a Regra Áurea, e intensamente vinculada a ela, a ideia do perdão apresenta-se nas diversas culturas da Terra perdendo-se seu início na noite dos tempos. O tema está investido de tanta importância para a alma em desenvolvimento, que não erraremos ao inferir que o Mestre Jesus, ordenou aos seus profetas que semeassem o seu conceito a todos os povos, em todos os tempos. A alma abarcando todas as possibilidades virtuosas com que foi criada, permanece, no geral, insensível ao impulso da humanização e da sensibilização que lhe compete desenvolver para galgar patamares

Roberto Buchmann espirituais mais altos. Todos os estudos e esforços que pudermos fazer na área intelectual a respeito do entendimento e providencialidade do perdão nos darão subsídios para exercê-lo no campo moral, emocional e dos sentimentos. Serão valiosíssimas a prece, a meditação e os exemplos das almas superiores de que temos conhecimento, no cultivo da percepção e da intuição. As pessoas que nos despertam raiva e julgamentos nos dão oportunidade de perdoar reiteradas vezes, e os desafios de perdoarmos a nós mesmos nos ensinarão muito sobre o perdão. Toda intervenção que visa tratar problemas, suas causas e seus sintomas com o fim de restabelecer a saúde ou o bem estar é chamada terapia. O perdão é a terapia de ouro para os nossos problemas somáticos, psíquicos ou psicossomáticos. A área da Psicologia têm apresentado avanços quanto ao tema.

Em um artigo de 2012, os pesquisadores Rodrigo Gomes Santana e Renata Ferrarez Fernandes Lopes, da Universidade Federal de Uberlândia, estudando o perdão, em seu artigo “Aspectos Conceituais do Perdão no Campo da Psicologia”, constatam que, por ser a Psicologia uma ciência relativamente nova, o interesse pelo estudo do perdão

também é recente. Apesar da importância do perdão dentro de algumas tradições religiosas, sobretudo nas três grandes tradições monoteístas, que vêm articulando o conceito e a prática do perdão há milênios, levou tempo para que surgissem estudos sistemáticos sobre o tema, especialmente no Brasil. Até pouco tempo a Psicologia científica não havia dedicado quase nenhuma atenção ao assunto. É somente a partir da década 1980 que surge um interesse intensivo e metodologicamente estruturado, voltado para o estudo do perdão, observam os autores. Eles constatam e descrevem esforços de pesquisadores de várias universidades do país que demonstram a importância desse processo comportamental para quem perdoa, para quem é perdoado e para a sociedade. Os estudos analisados pelos autores, mostram que, apesar dos pesquisadores concordarem sobre o que não seja o perdão, eles demonstram divergências em como o compreendem, fato que leva a implicações importantes na maneira


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de estudá-lo. Uma corrente de pesquisadores considera o perdão como sendo um fenômeno intrapessoal, ou seja, o indivíduo deve resolver-se dentro de si mesmo, sem a necessidade da participação do ofensor. Isso pode acontecer mesmo que o ofendido não tenha mais relação com o ofensor, ou mesmo que esse tenha falecido. A outra corrente entende que o perdão deva ser abordado de forma interpessoal, ou seja, importa a relação com o outro. É levada em conta a forma de relacionamento antes e depois do incidente e como cada um contribui para o relacionamento. Nesse sentido, estimulam-se conversas francas e as terapias familiares onde os conflitos são discutidos abertamente e cada um coloca seu ponto de vista, suas razões para ter agido de determinada forma. Segundo eles, não existe ainda uma definição consensual sobre o que é perdão no campo da Psicologia, “essas diferenças nos sentidos atribuídos ao perdão não são necessariamente problemáticas neste estágio recente de estudos... Em outras palavras, embora as definições sejam plurais, o objetivo último das investigações que envolvem o perdão é descobrir maneiras de promover atitudes positivas que possam sustentar a decisão de perdoar”, concluem. Existem esforços individuais muito bem sucedidos, como por exemplo, os citados por Divaldo Franco em seu seminário “O perdão e o autoperdão”, em que a terapeuta de Boston, dra. Robin Casarjian, apresenta visões práticas da aplicabilidade do perdão. A autoterapia do perdão de Robin é gradativa, como em um treinamento. É preciso repetição para que esse ato seja perfeitamente dominado, integrado e natural. Ela afirma que o perdão é algo que se

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pode fazer imediatamente, mesmo quando existam pessoas que não nos sintamos prontos a perdoar. Recomenda que se inicie no que chama “território neutro”, ou seja, com pessoas que não conhecemos realmente, com quem não temos histórias de raiva e ressentimento. Essa proposta permite que se acostume com o processo, iniciando com alguns pontos básicos. Ela ensina a aceitar e vivenciar a raiva, diluí-la e nunca cultivá-la. Mostra que perdoar é mais do que algo que se faz quando se está culpado, zangado ou ressentido. Pode-se trabalhá-lo com qualquer um; e explica que ao encontramos

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e criando bodes expiatórios para carregar o fardo de nossas inseguranças e medos. A prática do perdão em “campo neutro” do conceito da dra. Casarjian é muito interessante. Quando cumprimentamos alguém com um olá, esse costuma ser nosso reconhecimento que outra pessoa está diante de nós. Em uma certa cultura africana, a saudação significa “eu o vejo”, não “eu vejo você”, referenciando um corpo, mas a sua natureza central, sempre digna de respeito, reconhecimento e amor. Como toda terapia implica em procedimentos, exercícios e esforços de modificação, não bas-

Grupo Portal Som alguém, o impulso do ego é julgar e fazer distinções para determinar se estamos lidando com um amigo ou inimigo em potencial. Somos ainda essencialmente julgadores e esses julgamentos mantêm nossos corações fechados e nos separam dos outros. Nós nos afastamos por meio de uma presunção de superioridade ou nos isolamos estabelecendo nossa inferioridade. Ou diminuímos e julgamos a nós mesmos e nos tornamos ‘errados’, ou projetamos a separação de nosso self, tornando os outros errados

ta o conhecimento intelectual do conceito, mas ela propõe que três vezes ao dia, por alguns minutos, onde estejamos, pratiquemos o perdão com pessoas que nunca vimos antes, ou que não conhecemos bem. Vejamos nelas pessoas pacíficas, amorosas e sábias, ou seja, que vejamos luz em todos. A partir do perdão em “campo neutro”, em seu “O Livro do Perdão”, a dra. Robin desenvolve exercícios de perdão aplicados aos pais, cônjuges, crianças e a nós mesmos. Ela considera “que as

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pessoas que perdoam, são capazes de ir além do mero conformismo rumo a uma cura mais profunda e a uma vida mais feliz.”. Perfeitamente inspirada nos conceitos de Jesus, a Doutrina Espírita com Allan Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo X, traz comentários valiosíssimos sobre o tema, tanto por parte de Kardec quanto dos Espíritos da Falange Verdade como o Apóstolo Paulo e São Luís, em que tomando por base as passagens de Jesus registradas no Evangelho, aprofundam os entendimentos e trazem novas luzes e incentivo à sua prática. Os Espíritos André Luiz, Emmanuel, Joanna de Angelis, Hammed, entre tantos outros, em livros complementares à Codificação, oferecem um conteúdo vastíssimo sobre o tema. André Luiz, pela psicografia de Chico Xavier, nos mostra as consequências de não perdoar pela ótica espiritual. Em várias passagens ele exibe cenário, personagens e as consequências, ficando claro que o perdão, quando não concedido pela alma na Terra, pode significar a continuidade da animosidade e do desforço entre as partes envolvidas nos dois planos da vida. Constatamos esse fato nas Assistências espirituais de desobsessão. Nesse aspecto, continua atualíssima a advertência de Jesus quando nos ensina “reconciliai-vos o mais depressa com o vosso adversário, enquanto estais com ele no caminho”. Joanna de Angelis, a orientadora do médium Divaldo Pereira Franco, apresenta-nos uma série de estudos psicológicos onde não falta o tema do perdão. Em seu “Liberta-te do Mal”, ela afirma que sem o equilíbrio psicofísico, ou seja, do corpo e da mente, muito difícil se torna o autoconhecimento, o discernimento e a consci-


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ência ante os desafios da existência. Assevera ainda que são inúmeros os males causados aos tecidos nervosos quando as criaturas reincidentemente cultivam ideias nocivas. Pessimismo, mágoa, desejo de vingança, ciúme, rebeldia emocional transformam-se em tóxicos destrutivos para o organismo, agredindo células e abrindo espaço para a contaminação bacteriológica. Depressões e distúrbios do pânico, ansiedades e angústia também são produtos do cultivo de sentimentos desalinhados na nossa mente. No sentido de minorar esses desequilíbrios, ela indica a terapêutica do perdão das ofensas. Lembra, que praticarmos o perdão não sig-

nifica que o ofensor ficará liberado da responsabilidade do ato ignóbil praticado, e orienta que não deixemos que a mágoa peça conta ao ofensor em apelos de justiça feitos por nós à Divindade. O ofensor é o infeliz. Ela pondera que, em certos casos, muitos dos que nos combatem gostariam de estar em nosso lugar, ou fazer o que fazemos, mas verificando essa impossibilidade, ao invés de crescerem moralmente, apedrejam-nos o nome. Recorda-nos, ainda, que tudo o que aconte-

Público presente ce tem uma finalidade útil no caminho do nosso aprimoramento. - “Senhor, quantas vezes pecará meu irmão contra mim, que lhe hei de perdoar? Será até sete vezes?” Jesus respondeu-lhe calmamente: - “Não te digo que até sete ve-

a t i r í p s E l Viva bem a n Jor informado sobre o mundo Espírita! Assine o Pádua Antônio de Jornal Espírita e a Revista O Semeador FE DE RA ÇÃ ÓR GÃ O DA

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Previsões de r Chico Xavie Pág. 10

zes, mas até setenta vezes sete.” Humberto de Campos, Espírito, nos relata em seu “Boa Nova”, capítulo 10, que, a partir dessa resposta dada a Pedro por Jesus, lhe ensinando a necessidade do perdão incondicional na sublime obra da redenção, o Mestre passou a aproveitar as menores oportunidades para enfatizar a lição aos seus apóstolos, que a absorveram e foram fieis a ele após a sua partida, perdoando indistintamente. Espelhando-nos em seus exemplos possamos, também nós, a breve tempo, alcançarmos o entendimento, a prática e o sentimento dessa ação virtuosa em nome de nossa paz.

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Agora, o Jornal Espírita está mais informativo; você saberá tudo sobre as palestras doutrinárias ministradas aos domingos na FEESP. São 8 palestras, com seus resumos, recheadas de comentários. A Revista O Semeador é elaborada com artigos de renomados articulistas espíritas, que muito contribuem para o entendimento da Doutrina Espírita.Seja um assinante! Informações:

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O Batismo e a Doutrina Espírita

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Zulmira da Conceição Hassesian

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tema desta palestra é bastante oportuno. Estamos no mês em que nasceu João Batista, este seis meses antes de Jesus. Era primo em segundo grau, já que Isabel e Zacarias, pais de João eram primos de Maria de Nazaré. Seu nome se faz pela prática do Batismo – João Batista, o que batizava. Preparou os caminhos para a atuação de Jesus. Encontra o Mestre Jesus ao redor do Rio Jordão, no qual o batiza. Com base em duas passagens do Evangelho de Lucas, Gabriel teria anunciado os nascimentos de João Batista e Jesus: “Eu sou Gabriel, o que está na presença de Deus” (Lucas 1:19). Zacarias teria ficado mudo desde este momento até o nascimento do filho. Lucas ainda disse: Foi enviado por Deus o anjo Gabriel a uma cidade da Galileia, a uma virgem chamada Maria, e chegando junto a ela, disse-lhe: “Salve Maria, cheia de graça, o Senhor está contigo”. Ela ficou confusa, mas disse-lhe o anjo: Não tenhas medo, Maria, porque estais na graça do Senhor. Conceberás um filho a quem porás o nome de Jesus. Ele será filho do Altíssimo e seu Reino não terá fim” (Lucas 1:26-38). O “anjo” Gabriel é tido como o Mensageiro de Deus para diversas religiões. O batismo assinala períodos milenários: nascido na Grécia Antiga, logo após a constituição de uma seita que cultuava a Deusa da Torpeza, a quem denominavam Cotito. Esta seita, constituída de sacerdotes que tinham recebido o nome de baetas, porque se banhavam e purificavam com perfumes antes

“Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer é o que batiza com o Espírito Santo.” (João 1:33)

da celebração das cerimônias. O povo hebreu, contudo, não adotou esse ato religioso. Usava, como característica da sua fé, a circuncisão, prática que Moisés, o grande legislador dos judeus havia decretado (Levítico 12:2-3), levando em conta, sobretudo, uma necessidade higiênica. Circuncisão – exérese do prepúcio, peritomia ou postectomia – é uma operação cirúrgica que consiste na remoção do prepúcio, prega cutânea que recobre a glande do pênis. Essa remoção é praticada há mais de 5 mil anos. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 30% dos homens no mundo são circuncidados (cerca de 665 milhões de homens), a maioria por motivos religiosos (68% deles são muçulmanos). A circuncisão torna-se um requisito obrigatório que se realiza no 8º dia após o nascimento. No primeiro século da Era Cristã, era costume social entre os judeus dar

nome ao recém-nascido do sexo masculino no momento da circuncisão. Mas os profetas do Antigo Testamento mostravam que mais importante do que a circuncisão literal é a circuncisão figurativa ou circuncisão do coração (Deuteronômio 10:16; Deuteronômio 30:6; Jeremias 4:4; Jeremias 9:25). Aos judeus insensíveis às palavras dos profetas chama-se figurativamente incircuncisos (Jeremias 6:10; Atos 7:51). O próprio Jesus foi circuncidado. Passados os tempos, a medida de profilaxia empregada por Moisés não tinha mais razão de ser e os povos se tornaram mais aptos para zelarem pelos seus corpos. João Batista nasce nesta época. Foi profundo conhecedor dos mistérios e da ciência da Grécia e foi um dos precursores do Cristianismo. João Batista pregou o batismo em símbolo de arrependimento; Jesus também ordenou que seus seguidores fizessem discípulos e os batizassem

(Marcos 1:4; Mateus 28:19). A Lei mosaica enfatizava a necessidade de o povo de Deus ser limpo em sentido espiritual e físico. Os israelitas estavam sujeitos a várias formas de impureza das quais tinham de se purificar por banharem o corpo e lavarem as roupas (Levítico 11:28; 14:19; 15:1-31; Deuteronômio 23:10, 11). Jesus criticou os fariseus por insistirem nos rituais de limpeza. Jesus disse que os fariseus deturpavam os mandamentos de Deus para impor suas próprias tradições (Hebreus 9:10; Levítico 11:32-33; Marcos 7:1-9; Lucas 11:38-42). Paulo resiste à ideia da circuncisão onde pregara a salvação pela fé para todos, judeus e gentios (Romanos 3:28-30; Gálatas 5:2,6,11; Colossenses 3:11). Os judeus realizavam rituais de limpeza em si mesmos. O batismo que João realizava, no entanto, não era o tipo de banho ritual que os judeus conheciam. O fato de João ter ficado conhecido como Batista – ou Batizador – indica que a imersão realizada por ele era diferente. Os líderes religiosos judeus até mesmo enviaram uma delegação para perguntar-lhe: Por que batizas? (João 1:25). O batismo de João indicava arrependimento e rejeição do anterior modo de vida. O batismo cristão simboliza o fato de que a pessoa se dedicou a Deus. O batismo cristão representa a solicitação de uma boa consciência, feita a Deus (1 Pedro 3:21). A completa imersão em água é um símbolo apropriado de tal dedicação. É costume dos que não conhecem as Escrituras, justificar o batismo


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com água pelo fato de ter sido Jesus batizado com água. Em Mateus, cap. III, v. 13 a 17, relata: Depois veio Jesus, da Galiléia ao Jordão, ter com João, para ser batizado por ele. Mas João objetava-lhe: Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim? Respondeu-lhe Jesus: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então ele anuiu. E batizado que foi Jesus, saiu logo da água; e eis que se abriram os Céus; e viu o Espírito de Deus descer sobre Ele, como uma pomba e vir sobre Ele, e uma voz dos Céus disse: Este é o meu Filho dileto, em quem me agrado. Em Marcos (1:9-11) e em Lucas (3:21-22) também relatam tal episódio. O Batismo de Fogo, no qual Jesus incita, no livro Casos Con-

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significa esterilizar-se das máculas contraídas no decurso de suas reencarnações. O Espírito é criado simples e ignorante por Deus, como nos ensina a Doutrina Espírita. Sua jornada evolutiva, de acertos e erros, segundo os desígnios divinos lhe permite o discernimento à compreensão das Leis Divinas. Temos nesse decurso ranços de existências passadas, necessários aprendizados que nos permitem a evolução; mas há costumes que precisamos reformular em nós. As reencarnações nos possibilitam isso. Nos despojamos do homem velho e descobrirmos o homem novo, este mais consciente de sua potencialidade infinita. O objetivo da encarnação do Espírito, como do batismo, é o de fazer o Espírito atingir a perfeição.

Coral e Orquestra Carlos Gomes da FEESP trovertidos do Evangelho temos uma explicação, de Paulo Alves Godoy, vemos que o arrependimento dos erros e de transgressões praticadas pelo ser humano é a fase preparatória para o Batismo de Fogo, o qual acontece quando ele inicia uma luta pela sua renovação, reparando os males cometidos. É sua religiosidade e espiritualidade despertada para outra condição. Simbolicamente,

Todavia como este não a alcança numa só existência, ele tem oportunidade de outras. O mesmo se dá muitas vezes nas próprias igrejas cristãs: é comum um adepto se batizar e não se converter totalmente tendo a necessidade de confirmar posteriormente o batismo. Por isso João Batista disse que o batismo de Jesus seria mais eficaz do que o dele, pois ao ser batizado com o fogo e o Espírito a criatura não

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mais necessitaria reencarnar; se daria a queima de todas as impurezas e o aperfeiçoamento pleno pela vivência do amor. Os rituais e dogmas são revistos na Doutrina Espírita, respeitados pela prática em outras Doutrinas Religiosas. O Batismo pelo Espírito é a constância na prática do Bem, com a consequente evolução moral, obtendo, por mérito, o reconhecimento do Plano Espiritual Superior. É a vivência do Evangelho de Jesus – Mestre, modelo e guia para a Humanidade. O batismo que o Espírita deve proporcionar à criança é o da educação religiosa segundo os postulados da Doutrina Espírita. A criança é um Espírito milenar, que traz experiências das mais diversas, onde na condição de reencarnada necessita de cuidado, amparo, educação e disciplina para que possa progredir intelectual, moral e espiritualmente. Como explicitamos anteriormente, a consciência se faz necessária ao batismo. Allan Kardec, no livro O Céu e Inferno, no capítulo II, item 6 nos faz seguinte referência: “Mal se pode conceber que o selvagem ignorante, de senso moral obtuso, pelo único fato de ter recebido o batismo, esteja no mesmo nível daquele que chegou ao mais alto grau da ciência e da moralidade prática, depois de longos anos de trabalho. É ainda menos concebível que a criança morta em tenra idade, antes de ter a consciência de si mesma e de seus atos, goze dos mesmo privilégios, pelo único fato de uma cerimônia na qual a sua vontade não tem nenhuma parte”. A iniciação de um adepto à qualquer prática religiosa faz-se necessário o dispor-se à renovação. Na Doutrina Espírita enfatizamos a Reforma Íntima que é uma prática constante de renovação. Fortalece-se assim a fé raciocinada, que é a atuação do ser humano em to-

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dos os campos da Vida com a sua prestimosa consciência. A Doutrina Cristã nos vislumbra uma vida futura de venturas, apesar de sofrimentos que nos purgam constantemente e, como base cristã da Doutrina Espírita nos rompe os véus da transitoriedade. A Evangelização acontece quando atingida a idade suficiente para a perfeita assimilação dos ensinos de Jesus. Jesus personifica a pureza e constitui o Caminho, a Verdade e a Vida. A verdadeira finalidade do batismo, e para justificar o batismo de água, o “pecado” oriundo da desobediência de Adão e Eva, em outras religiões, se transmitiu às gerações e só pode ser cancelado pelo batismo de água, invalidando, assim, a sentença divina: “A cada um será dado segundo as suas obras”, o que seria um contrassenso para a Doutrina Espírita. Finalizamos com Emmnuel, que dita em O Consolador: Os espiritistas sinceros, na sagrada missão de paternidade, devem compreender que o batismo, aludido no Evangelho, é o da invocação das bênçãos divinas para quantos a eles se reúnem no instituto santificado da família. Longe de quaisquer cerimônias de natureza religiosa, que possam significar uma continuação dos fetichismos da Igreja Romana, que se aproveitou do símbolo evangélico para a chamada venda dos sacramentos, o espiritista deve entender o batismo como o apelo do seu coração ao Pai de Misericórdia, para que os seus esforços sejam santificados no trabalho de conduzir as almas a ele confiadas no instituto familiar, compreendendo, além do mais, que esse ato de amor e de compromisso divino deve ser continuado por toda a vida, na renúncia e no sacrifício, em favor da perfeita cristianização dos filhos, no apostolado do trabalho e da dedicação.


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Pensamentos e doenças

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Mauricio Bueno

homem pode ser considerado o pensamento que exterioriza, fomenta e nutre. Conforme a sua paisagem mental, a existência física será plasmada, face ao vigor da energia direcionada. O pensamento é a manifestação do anseio espiritual do ser, não uma elaboração cerebral do corpo. Sendo o Espírito o agente da vida, nos intrincados painéis da sua mente se originam as ideias, que se manifestam através dos impulsos cerebrais, cujos sensores captam a onda pensante e a transformam, dando-lhe a expressão e forma que revestem o conteúdo de que se faz portadora. O homem de bem, pensando corretamente como consequência da sua realidade interior, progride, adicionando forças à própria estrutura. A criatura de constituição moral frágil, por efeito das suas construções mentais infelizes, envolve-se

nas teias dos pensamentos perturbadores e passa a estados tumultuados, doentios. Como resultado, conclui-se que o Espírito e não o corpo é fraco ou forte, conforme o conteúdo dos pensamentos que elabora e a que se entrega. O pensamento é força. Por isso, atua de acordo com a direção, a intensidade e o significado próprios. A duração dele decorre da motivação que o constitui, estabelecendo a constância, a permanência e o direcionamento do que possui como emanação da aspiração íntima. Os pensamentos são os fenômenos cognitivos que procedem do ser real. Pensa no amor e te sentirás afável. Cultiva a ideia do progresso, e terás estímulo para porfiar, logrando êxito nos empreendimentos. Sustenta a ideia do bem, e descobrirás quão ditoso és como fruto do anelo vitalizado. Se pensas no medo, ele assoma e te domina. Se dás atenção

Apresentação artística

ao pessimismo, tornas-te incapaz de realizações ditosas. Se te preocupas com o mal, permanecerás cercado de temores e problemas. Se agasalhares as ideias enfermiças, perderás a dádiva da saúde. Tudo pode ser alterado sob a ação do pensamento. Vibração que sintoniza com ondas equivalentes ao teu pensamento é o gerador das tuas ações, e estas, as modeladoras da tua vida. Pensamento é vida, pois, são termos da equação existencial do ser humano. Pensando na necessidade de ascensão, os heróis, os cientistas, os mártires, os educadores e os santos edificaram o mundo melhor, que ainda não alcançou o seu ápice, porque tu e outros ainda não vos convencestes de pensar bem, agindo melhor; para conquistardes a vitória sobre as paixões, a dor e a

infelicidade. Mas sendo o pensamento assim tão forte, será que, ao nos sintonizarmos com energias e atitudes negativas, não estamos abrindo caminho para ficarmos doentes? De fato, todas as vezes que nosso corpo apresentar alguma “doença”, isto deve ser tomado como um sinal de que alguma coisa não está bem. A doença não é uma causa, é uma conseqüência proveniente das energias negativas que circulam por nossos organismos espiritual e material. O controle das energias é feito através dos pensamentos e dos sentimentos, portanto, possuimos energias que nos causam doenças porque somos indisciplinados mentalmente e emocionalmente. No livro “ Nos Domínios da Mediunidade” psicografado por Chico Xavier, André Luiz explica que “assim como o corpo físico pode ingerir alimentos venenosos que lhe intoxicam os tecidos, também o organismo perispiritual absorve elementos que lhe degradam, com reflexos sobre as células materiais”. Permanentemente, recebemos energia vital que vem do cosmo, da alimentação, da respiração e da irradiação das outras pessoas e para elas imprimimos a energia gerada por nós mesmos. Assim, somos responsáveis por emitir boas ou más energias às outras pessoas. A energia que irradiamos aos outros estará impregnada com nossa carga energética, isto é, carregada das energias de nossos pensamentos e de nossos sentimentos, sendo necessário que vigiemos o que pensamos e sentimos.


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O Consolador Prometido

odos nós que aqui estamos, acreditamos em Deus ... Em Jesus ... Na existência do Espírito Imortal ! Frequentamos essa Casa abençoada porque queremos seguir a Jesus e conhecer bem a Lei Divina que Ele veio nos ensinar... Já sabemos, há muitas encarnações, que Jesus é o nosso Mestre, Modelo e Amigo de todas as horas... Conhecemos Seus ensinamentos e sentimos uma saudade imensa d’ Ele... Nossa ligação com Ele começou há milênios, como nos ensina amplamente a Doutrina Espirita, afirmando que Ele é o responsável pelo nosso planeta e pela Humanidade terrestre, desde a sua criação. Todos temos conhecimento acerca das três recentes e grandes revelações no nosso mundo ocidental... A Primeira Revelação com Moisés, Espirito Missionário, que trouxe as primeiras informações acerca do Deus Único, da Lei Divina, e naquele momento mediúnico, grandioso, de efeitos físicos, recebeu com a fenomenologia de voz direta e gravação na “Pedras da Lei” – o Decálogo ou os Dez Mandamentos... Esses mandamentos ou regras são sobejamente conhecidos e ... pouco vivenciados, apesar do tom imperativo e da clareza explicita. Nesse momento, o alerta, o enfoque para a reflexão acerca da Lei Divina, chama a atenção para os desvios tão presentes na conduta das criaturas da época... Os três primeiros mandamentos orientam acerca da importância de amar e respeitar a Deus, ainda tão mal compreendido pelas criaturas

Lucia Vilela imaturas, reconhecendo respeitosamente que Ele é o nosso Criador! O quarto mandamento, ou seja, o primeiro que fala de criatura para criatura esclarece à humanidade acerca do relacionamento mais importante, do honrar pai e mãe, a quem devemos a benção da vida. Os demais mandamentos orientam com relação a outros atos de desamor, para que entendamos que o Amor é a Lei da vida. Quando estudamos a Doutrina Espirita percebemos que essa Revelação começou bem antes, com Abraão, Isaias e outros Profetas do Velho Testamento, precursores que estabeleceram as bases do Monoteísmo, numa época em que o Materialismo e o Politeísmo predominavam... A Primeira Revelação aconteceu há cerca de 6000 anos atrás... e seus conceitos pouco foram assimilados ! Mas, ensina a Doutrina Espirita , a Misericórdia de Deus é infinita e , no momento adequado, promoveu a Segunda Revelação ... personificada em Jesus. E quando Jesus veio na Sua Missão de Enviado de Deus, Mensageiro do AMOR, causou um impacto cósmico, transcendental na face da Terra ! Modificou a face do Planeta, dividiu o próprio calendário da Terra, em AC e DC... Hoje, no mundo todo, até mesmo entre povos não cristãos, quando se data um simples do-

cumento, nas entrelinhas está sendo dado o testemunho de que há 2015 anos atrás, nasceu o nosso Cristo Planetário, o Enviado de Deus, para guiar a Humanidade, acontecimento cósmico, grandioso devidamente anunciado em diversas profecias ! O Plano Divino se preocupou em promover para Ele uma família com religiosidade, bem estruturada, honesta, honrada , trabalhadora, em detrimento de valores materiais transitórios e passageiros... Ao iniciar a Sua Missão publica, de inicio informou claramente aos que o seguiam : - “Eu não vim destruir a Lei (de Moisés, o Decálogo) e os Profetas , não vim destruir, mas cumprir...” Não veio anular, revogar, interromper...Veio para recordar, completar e ampliar a lição não aprendida... ( Mt 5:17 )E assim fez. Ensinando a Lei Divina com palavras e exemplos... personificação

do Amor incondicional! Ao termino de Sua Missão, chegada a hora de retornar às Esferas Crísticas de onde viera, novamente esclarece , anunciando o Paracleto: - “ Eu tenho de voltar para junto de meu Pai, mas não vos deixarei órfãos... Eu rogarei ao Pai e Ele vos enviará o Consolador , que ficará sempre convosco e recordará tudo que vos tenho dito “... Paracleto, segundo pesquisa de Haroldo Dutra Dias, na sua excelente tradução do Novo Testamento, Paracleto significa: Espíritos sábios, justos, que vem à Terra ensinar a lição de Jesus para a Humanidade; vem interceder pelas criaturas junto a Deus, como advogados... Um trabalho de caráter universalista, de intercessão espiritual, com a função de consolar, esclarecer, ensinar, exortar... Jesus comprometeu-se a nos ajudar, a auxiliar o Homem imaturo na sua caminhada evolutiva, deu-nos esperança em dias melhores, com o desenvolvimento de nossas potencialidades... Prometeu consolar, aliviar ou suavizar as dores e sofrimentos na face da Terra, sejam sofrimentos morais, espirituais ou materiais. Com Sua ajuda as criaturas encontrarão a estrada reta, livre das veredas da impiedade. O Espiritismo vem, na hora certa, abrir os olhos e ouvidos, falando sem alegorias, erguendo o véu sobre os mistérios... Dá causa justa e fim útil a todas as dores !


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Recebemos há cerca de 150 anos, com o magnifico trabalho de Allan Kardec, a Terceira Revelação que é o Consolador Prometido por Jesus! Não estamos órfãos, desce à Terra aquela Plêiade de Espíritos de Luz, a equipe de Espíritos redimidos e santificados, Espíritos Puros , que trabalham com Jesus desde o principio da Criação, para dar continuidade ao Plano Divino. O Consolador ficará para sempre conosco, para relembrar o Mestre, para nos ajudar a colocar Jesus em nossa vida... “ Se me amais, guardai os meus mandamentos”... Esse é o compromisso! Acatar o jugo leve e suave de Jesus, com fé raciocinada atender ao apelo à observância da Lei. Nada acontece por acaso... nada fica perdido.... o acaso não existe ! Com abnegação e devotamento, seguindo os ensinamentos de Jesus, vivenciando o Amor fraternal em nossos pensamentos, sentimentos, palavras e atitudes conquistaremos “tesouros” de paz, equilíbrio, harmonia agora e pela eternidade ! Doutrinas externas filosóficas ou políticas não resolvem... Ao longo do tempo tivemos várias tentativas – Fascismo, Anar-

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quismo, Comunismo, Nazismo, Integralismo, Monarquia, Socialismo, Democracia, Neo liberalismo, Parlamentarismo... que pouco fizeram pelo Planeta e pela Humanidade... O Homem alcança o Cosmo, realiza voos siderais e continua sem paz interior, ansioso, sem entender o grandioso acontecimento da Vida... Para ser feliz, o processo de trabalho deve acontecer de dentro para fora! Educação das criaturas dentro dos padrões da Lei Divina...

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Com Jesus, nosso Mestre e Amigo, aprendemos as diretrizes básicas... “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” Convite tão lindamente explicitado no Consolador Prometido... Que a Misericórdia Divina continue amparando a Humanidade! Que Jesus continue nos inspirando a fim de que saibamos transformar nossas vidas e o mundo, vivenciando Seus ensinamentos de Paz, Amor e Luz!

Que o Ser inteligente da Criação saiba usar bem seus talentos, especialmente Livre Arbítrio, fazendo escolhas adequadas, estabelecendo Sintonia com as Esferas Superiores da vida. A cada um segundo suas obras... A lei de Justiça não falha, dentro dos mecanismos de Ação e Reação, de Causa e Efeito ! Só depende de nós! Filhos de Deus, criados para a felicidade! Somos co - criadores, colaboradores de Deus na Criação, centelhas divinas ... artífices de nos mesmos! Imprescindível viver o Evangelho de Jesus, educador de nossas almas... O Evangelho é a síntese de todo processo de conhecimento. Amplia horizontes, renova a visão, estabelece vinculo racional com o “eu”, com o “nós” e com o “ mundo”. Essa é a solução e o objetivo da realidade existencial ! Jesus é a porta, Kardec é a chave... A Terceira Revelação é o Cristo Consolador entre nós!... “Amai-vos e instruí-vos”!


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Transtornos emocionais e obsessão

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ciência mais próxima do Espírito. Vivemos em um mundo moderno onde a tecnologia e a inovação criam as facilidades e atrativos do que poderíamos chamar “tecno sociedade”, onde praticamente todas as áreas gravitacionais das realizações humanas da atual coletividade, encontram-se mecanismos tecnológicos mediando, auxiliando e interferindo nas transações, comunicações e relações interpessoais e interorganizacionais. A Inteligência Artificial é uma realidade. A ciência classifica o Genôma Humano. A medicina avança para a saúde integral do ser. A Biotecnologia traz novos recursos em alimentos e medicamentos. O homem conquista as fornteiras do Cosmos descobrindo novas galáxias e planetas. A Física Quântica vem comprovar o que a

Joanna Bennati codificação Kardequiana falava há mais de um século e o que o Espírito André Luiz, pela psicografia do nosso saudoso Chico Xavier, já esclarecia na década de 40/50. O homem descobre que 96% do Universo é formado por matéria invisível (73% energia escura e 23% matéria escura). A ciência moderna começa a se aproximar do mundo espiritual, explorando o conceito de novas dimensões. A oração e o perdão são centro de estudos e pesquisas científicas comprovando eficácia na saúde do corpo físico. Hoje, os ensinos de Jesus são reconhecidos e utilizados em grandes corporações, como exem-

des dos fatores mentais e emocionais no campo das moléstias do corpo físico e que todos os órgãos são subordinados à ascendência moral.”

plo de “Inteligência Emocional”. Tantos avanços, mas a criatura humana ainda padece em seu psiquismo. Psicólogos, psiquiatras, sociólogos, teólogos tentam encontrar as causas de tantos desequilíbrios comportamentais em níveis mentais e emocionais. O momento atual é o das questões psicológicas. Há um novo entendimento e uma nova visão que levam os especialistas a concluírem que existe uma força superior e vibracional que comanda o cérebro. A ciência moderna começa a perceber os domínios do Espírito imortal. São extraordinários os recursos dos Espíritos Superiores para ensejarem aos cientistas atuais estas novas conquistas que levarão a Humanidade a uma nova era: a era do Espírito. Afirma o Espírito André Luiz: “A medicina humana será muito diferente no futuro, quando a ciência compreender a extensão e complexida-

Psicologia Transpessoal e Espiritual. O Espírito Joanna de Ângelis, através do brilhante médium Divaldo Pereira Franco, transmite à Terra os caminhos da Psicologia Transpessoal e Espiritual, que vê o homem integral: Espírito, corpo espiritual e corpo físico e suas relações. Um ser imortal e reencarnante para os desígnios da evolução moral. A mentora espiritual apresenta em várias obras de estudo do psiquismo humano, pontes entre os mecanismos das psicologias humanistas e transpessoal com a Doutrina Espírita, mostrando o caminho da felicidade através do conhecimento de si próprio e da elevação moral no descobrimento e vivência do amor. A saúde da criatura humana resulta de fatores essenciais que lhe compõem o quadro de bem-estar como equíbrio mental e emocional, harmonia orgânica e ajustamento sócio-econômico. Quando um desses elementos entra em desequilíbrio a saúde cede lugar à perturbação, que afeta qualquer área do conjunto psicofísico. Sendo a criatura humana constituída pela energia que o Espírito envia a todos os departamentos materiais e equipamentos nervosos, qualquer distonia que a perturbe abre campo para a irrupção de doenças. As doenças emo-


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cionais são como um tumor que se alastra trazendo dor e sofrimento ao indivíduo acometido, a família e a sociedade. A análise espírita mostra que a manifestação de transtornos emocionais que levam aos vários desconcertos patológicos, são “efeitos não causas”, que provém sempre do Espírito, o maestro regente de todo o conjunto mental/emocional/biológico/espiritual - os sons provêm do instrumento! Transtornos Emocionais. Freud, o pai da psicanálise, afirmara que todas as pessoas têm um pouco de neurose em si, sendo apenas o excesso chamado de patológico. Verificar várias vezes antes de dormir se apagou a luz, se desligou o gás, se fechou a porta, todos nós temos um tipo de mania. Porém, quando chegam a um nível de sofrimento, afetando a normalidade da vida do indivíduo tornam-se doenças emocionais perturbadoras. Os transtornos emocionais variam muito em grau e complexidade. Os mais frequentes são: o Stress, a Ansiedade, Compulsões, Fobias, Síndrome do Pânico, Transtorno Obsessivo Compulsivo (T.O.C.), Depressão, Transtorno Bipolar até graus mais graves como as Psicoses. Para a Doutrina Espírita, somente a visão integral do ser, pode explicar estas anomalias psíquicas. As emoções. Segundo a ciência moderna as emoções são reguladores da vida, sinais de alerta que avisam o corpo como reagir diante de situações que vivenciamos, sejam endógenas ou exógenas. Para Eric Bernie, pai da análise transacional e para a psicologia moder-

na, são quatro as emoções básicas/ primárias: medo, raiva, afeto/amor, tristeza/alegria. Todas as emoções fazem parte do nosso arcabouço emocional evolutivo. Conforme a Ontogênese Espírita, no reino vegetal o Princípio Inteligente conhece as sensações, que no reio animal transformam-se em instintos e emoções para, no reino Hominal verterem em emoções mais trabalhadas, guiadas pela razão e consciência, gerando os sentimentos. Nossa existência se caracteriza pelo movimento psíquico emocional senóide, oscilando em altos e baixos: alegria/tristeza, amor/desafeto, paz/conflitos. Ninguém tem uma existência horizontal: o tempo todo feliz ou triste, só os esquizofrênicos que ficam privados de emoção. De acordo com a mentora Joanna de Ângelis devemos utilizar a inteligência e a razão para resignificar nossos impulsos emocionais transformando-os em sentimentos nobres do perdão, da benevolência, da fraternidade e do amor: “Não podendo viver sem as emoções,

cuidar-se daquelas que edificam em detrimento das que perturbam, tal é a missão do homem e da mulher inteligentes na Terra.” Psicologia Integral e o Homem Integral. De acordo com a Doutrina Espírita, as distonias emocionais e mentais são provas ou expiações resultantes do comprometimento do Espírito devedor diante da Lei de Causa e Efeito, que se apresentam no corpo físico, reflexo do corpo perispiritual, como limitações e perturbações de várias ordens, para a corrigenda no bem. De forma brilhante afirmou Gabriel Dellane que “Somente a Psicologia Integral, aquela que vê no homem os seus três elementos: Espírito, Perispírito e Corpo Físico, poderá, definitivamente, equacionar o problema sério das perturbações psíquicas.” Quando Jesus nos disse: “Vós sois deuses, podeis fazer tudo o que faço e muito mais”, o Mestre Nazareno queria nos mostrar os seres extraordinários e belos que somos. Dotados de uma

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estrutura psíquica/emocional radiante, energia vibracional que forma em nossa volta a nossa psicosfera, onde se expressam a qualidade de nossos pensamentos, emoções e sentimentos. Temos um corpo físico complexamente perfeito pela obra de Deus, espelho do corpo espiritual, envoltório fluídico ligado atomicamente, célula a célula, modelador biológico de nosso corpo físico, como declarou Allan Kardec. O corpo espiritual recebe todas as impressões do Espírito, dirige, orienta e comanda o metabolismo vital sob a ordem deste, plasmando no físico as necessidades morais evolutivas, através dos genes e cromossomos onde assinala nos órgãos correspondentes as atividades morais do Espírito. No perispírito são gravados todos os desequilíbrios morais, psíquicos e emocionais do Espirito, suas culpas, débitos carmicos, medos, ressentimentos, ódio, esperando a época e reencarnação próprias para serem expurgadas ao corpo físico, libertando o Espírito e purificando sua “capa espiritual”. O Espírito Emmanuel, mentor de Chico Xavier assevera: “O progresso mental e moral garante a renovação do períspirito”. Por isso Jesus nos ensinou a trabalharmos nossas imperfeições morais através do perdão e do amor que libertam para vestirmos a “túnica nupcial”. Assim, somos herdeiros de nós mesmos, através de nossas vivências pelas reencarnações sucessivas. O Espírito André Luiz fala que os fatores que programam as condições do renascimento no corpo físico, são resultantes dos atos e pensamentos de vidas anteriores. O Pensamento. O pensamento circula por todo o escarninho de nosso sistema físico, psíquico


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e emocional que se interpenetram numa sinfonia que deveria ser de harmonia, um grande concerto divino do maestro Espírito. Estas energias elevadas deveriam lembrar o magnetismo do amor, irradiando bênçãos por onde formos e por onde circular nosso pensamento. Este é o desejo de Jesus quando nos diz: “Que brilhe a vossa luz.” Mas o homem não consegue “brilhar” e os transtornos emocionais dominam a humanidade. Nosso sistema imunológico guarda uma intensa, umbilical e visceral ligação com a nossa natureza emocional e psicológica. Entristecidos, com pensamentos negativos, nossa psicosfera se torna contrátil, como que nos fechamos em uma energia nociva contra nós mesmos, tornando-nos vulneráveis às doenças. Conforme o pensamento emitido, as células nervosas enviam impulsos elétricos que, associados ao estado emocional, irão determinar o ritmo e o padrão da carga energética transmitida ao períspirito e deste ao corpo físico. Fluidos tóxicos e densos atingem o períspirito que, imediatamente, adquire uma forma mais densa e sua cor fica mais escura. Devido à densidade essas energias não conseguem descer de imediato ao corpo físico e vão se “acumulando no períspirito” na forma de manchas e placas. Nas palavras do Dr. Jorge Andréa: “As cargas de energias defeituosas são canalizadas para as telas físicas, cujas usinas celulares absorvem em totalidade as imposições. O corpo físico passa a ser o grande Exaustor da Alma.” À medida que drena isto para o corpo físico, o Espírito se liberta daquelas dificuldades vibratórias deletérias que ele trazia em virtude de seu passado desajustado, seja na vida atual ou nas vidas pregressas. Portanto, podemos concluir que a doença é a cura do Espírito. Conforme a OMS: não existem doenças, existem doentes.

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O Espírito pensante, emocional e agente é o causador de sua própria doença ou cura, de suas mazelas ou realizações felizes. Segundo o Espírito Emmanuel: “Energia viva, o pensamento desloca, em torno de nós, forças sutis, construindo paisagens ou formas e criando centros magnéticos ou ondas, com os quais emitimos a nossa atuação ou recebemos a atuação dos outros. Nosso êxito ou fracasso dependem da persistência ou da fé com que nos consagramos mentalmente aos objetivos que nos propomos alcançar. Encarnados e desencarnados povoam o Planeta, na condição de habitantes de um imenso palácio de vários andares, em posições diversas, produzindo pensamentos múltiplos que se combinam, que se repelem ou que se neutralizam.” Desta forma, podemos atrair Espíritos desencarnados ou encarnados, com as mesmas emoções/sentimentos numa sintonia de ondas mentais. Obsessão. Os transtornos emocionais podem também ser fruto de obsessões. Mas, não podemos dizer que todos os transtornos tem uma obsessão atrelada. Muitas vezes, nós somos nossos próprios obsessores através da autoobsessão, onde o Espírito cristaliza seu psiquismo em torno de determinados fatos, sentimentos e pessoas do passado, isolando-se em seu próprio mundo enraizado na idéia infeliz. É o caso, por exemplo, da culpa, que leva à depressão. De tal forma, vamos ver que cada transtorno emocional, pode ter suas causas no Espírito doente e ser agravado pela ação malévola de entidades espirituais obsessoras. Todos os processos obsessivos podem ser ativados e alimentados pelas ações desequilibrantes de conduta e descontrole emocional e afetivo, cujos mecanismos aceleram as condições de fixação mental. O Espírito obsessor vai procurar o ponto fraco, a brecha

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que o ligará ao encarnado. Transtornos emocionais e Obsessão. Ansiedade: a ansiedade é um fenômeno psicológico natural, faz parte do Espírito em evolução que nunca se contenta com o que tem e o que lhe é concedido. Quando surge a palpitação, a sudorese fria, começamos a experimentar dores de cabeça e problemas de natureza digestiva, já se torna uma ansiedade patológica, geralmente pode-se encontra casos de obsessão simples atrelados; Compulsões de diversas matizes: por comida, sexo, compras, bebidas, jogos, denotam um “vazio interior” do ser espiritual que procura fora o que está dentro de si. O cérebro, como mecanismo de defesa aciona o sistema de recompensa. Jesus nos alertava: “O reino dos céus está dentro de vós.” Entidades desencarnadas podem se aproveitar; Fobias e Síndrome do Pânico: apresentam o medo que o Espírito traz resultante de traumas vividos em vidas pretéritas. Em grau maior, surge a Síndrome do Pânico, transtorno muito antigo e um dos mais terríveis, pois o indivíduo perde o contato com sua personalidade saudável, tem a sensação de morte. Pode ser muitas vezes o caso de interferência de entidades perversas em quadros cármicos, que transmitem, telepaticamente, idéias de morte, crimes, ameaçando o indivíduo pelo terror. Transtorno Obsessivo Compulsivo: o paciente torna-se vítima de condicionamentos repetitivos. Pode ser criação da própria mente, delírios pessoais por comprometimentos, erros, medos do passado ainda não resolvidos. Pode haver ainda um componente espiritual, um Espírito agindo para agravar o quadro do enfermo na obsessão por subjugação. Depressão: esta se colocou de forma tão perturbadora que quando estamos tristes dizemos que é depressão. O

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mal do século. Mas em termos psicológicos, tristeza não é depressão, como vimos anteriormente, é uma emoção básica do ser humano. Se a tristeza persiste por muito tempo, a pessoa tem vontade de isolar-se em seu mundo, não quer mais sair de casa, torna-se um quadro depressivo. No Livro dos Médiuns, no Cap.23, Allan Kardec comenta que grande número de pacientes dos sanatórios psiquiátricos não são loucos, mas sim obsediados. O ser desencarnado domina o outro de uma forma agressiva, a princípio telepática, depois lhe toma a capacidade de raciocínio, podendo levá-lo ao suicídio. Joanna de Ângelis ressalta que na raíz psicológica do transtorno depressivo encontra-se uma insatisfação profunda do ser em relação a si mesmo que não foi solucionada. Faltam-lhe neurocomunicadores como serotonina, dopamina e noradrenalina, que são as manifestações neuropeptídeas do estímulo. O Espiritismo por sua vez coloca também uma psicogênese para esta patologia: o Espírito endividado. Depois de ter praticado atos ignóbeis gera inimigos e estes, porque não reencarnaram vêm cobrar daqueles que os maltrataram, todos os males que lhes fizeram gerando o triste capítulo das obsessões; Transtorno Bipolar: segundo os modernos psicoterapeutas há uma variação entre a euforia e a melancolia. Depois da euforia o paciente tomba no poço do autoaniquilamento e corre o perigo do suicídio. Temos o fenômeno fisológico, o transtorno psicológico e o desequilíbrio obsessivo, com atuação de entidades malévolas; Psicoses: são fruto da ação desequilibrada do Espírito encarnado, seus débitos pretéritos mais a ação insistente e vampiresca de entidades espirituais sob a forma de terrível obsessão. Segundo Allan kardec o que predispõe às obsessões são as “imperfeições


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morais”. Precisamos criar nossas “resistências morais”. Quando o indivíduo tem comprometimentos do passado, mas tornou-se honesto, caridoso, justo e amoroso cria “defesas espirituais”. O Espírito obsessor não encontra brechas para agir. Há autoridade moral. Maior exemplo foi o Mestre Jesus que expulsava obsessores, tidos como demônios na época, pela Sua autoridade Moral. Assim, o mestre nos ensina na mais bela oração de todos os tempos: “Não nos deixei cair em tentação, mas nos livrai do mal.” Também nos adverte: ”Vigiai e orai”— receita para nossa “vibração de defesa”. Terapêutica. Oração - o Espírito André Luiz esclarece a importância da oração: “A mente centralizada na oração pode ser comparada

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a uma flor estelar, aberta ante o infinito, absorvendo-lhe o orvalho nutriente de vida e luz”. Trata-se de um dos recursos terapêuticos mais eficazes, comprovado, inclusive, pela ciência em laboratórios; Amor - a melhor maneira de livrar-se dos transtornos emocionais, da culpa, dos medos, é AMAR. Jesus ensinou o caminho: “Amai ao próximo como a ti mesmo”. Só o amor pode nos transformar, cicatrizar e curar nossas dores; Gratidão – o ser grato se ilumina na ordem divina, pois reconhece e se resigna ante a vontade do Pai de Amor, reconhecendo que Deus sabe o que é melhor pra nós e está sempre do nosso lado. Deus nos deseja para a plenitude; Perdão: o perdão nos liberta sempre e nos enobrece de méritos perante a consciência cósmica; Vivência do Evangelho de Jesus – o

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roteiro seguro, nossa bússola no mar das tormentas existenciais. Fazermos de nossas vidas um ato de bondade, “Um Evangelho de Feitos”, como nos fala Divaldo Franco; Tríade Psiquiatria, Psicologia e Espiritismo: a terapêutica para os transtornos emocionais deve contar com os recursos da Medicina e Psiquiatria, que repõe sob a forma de medicamentos as substâncias necessárias ao equilíbrio do sistema psíquico, com a Psicologia que vai de encontro ao conhecer-se a si mesmo e com o Espiritismo, que revela ao homem a importância das aquisições morais, de resignificar suas emoções para sentimentos elevados diante dos ensinos do Mestre Jesus; Fluido Terapia – passes magnéticos; Sessões de Desobsessão – experiências mediúnicas em que se dialoga com o algoz e o convence

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do drama de sua infelicidade, tornando-o também saudável. Neste ponto estaremos praticando a caridade ensinada pelo Mestre: “Amai, inclusive, vossos inimigos.” Leitura e conhecimento – existe um manancial riquíssimo na obra espírita, a começar pelas obras da codificação, o legado de livros deixados por Chico Xavier, tantos outros vultos do espiritismo, cursos na casa espírita, que nos esclarecem e indicam o verdadeiro caminho do ser; Ação da prática do bem. O Espiritismo é a mais avançada psicoterapia da humanidade, mostrando que o homem é a medida dos seus esforços e lutas interiores para o autocrescimento, colorindo com o pincel do amor suas paisagens emocionais para expressar os mais belos quadros morais em lições de caridade ao seu próximo.

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Sonambulismo e Mediunidade

termo Sonambulismo vem do latim somnus, que significa sono e ambulare, que significa marchar, passear. Classificado como uma parassonia, o transtorno se caracteriza pela realização de atividades motoras sem a pessoa ter consciência plena do que está fazendo, uma vez que parte de suas funções cerebrais continua adormecida, e ela permanece num estado de transição entre o sono e a vigília. A causa do sonambulismo ainda é desconhecida. É também um estado de emancipação da alma. No sonambulismo, a lucidez da alma, isto é, a faculdade de ver, que é um dos atributos de sua natureza, é mais desenvolvida. Ela vê as coisas com mais precisão e nitidez e o corpo pode agir sob o impulso da vontade da alma. O esquecimento absoluto no momento do despertar é um dos sinais característicos do verdadeiro sonambulismo. Kardec conceituava os médiuns sonâmbulos como sendo médiuns inconscientes. O Sonambulismo pode ser magnético, quando provocado por emanação magnética ou passe; natural, quando é espontâneo e se produz sem provocação e sem influência de nenhum agente exterior. O chamado sonambulismo artificial (magnético) é a mesma coisa que sonambulismo natural, com a só diferença de ser provocado. O sonambulismo natural e artificial, o êxtase e a dupla vista são efeitos vários, ou de modalidades diversas, de uma mesma causa. Esses fenômenos, como os sonhos, estão na ordem da Natureza. Tal a razão por que hão existido em to-

Irene Bárbara Chaves dos os tempos. A História mostra que foram sempre conhecidos e até explorados desde a mais remota antiguidade e neles se nos depara a explicação de uma imensidade de fatos que os preconceitos fizeram fossem tidos por sobrenaturais. André Luiz, no livro No Mundo Maior, psicografia de Francisco Cândido Xavier, relata a respeito dos primeiros magnetistas e, em especial Puysegur, que foi um dos primeiros magnetistas que encontraram o sono revelador, em que era possível conversar com o paciente noutro estado consciencial que não o comum. Desde então, a descoberta impressionou os psicologistas; com ela, surgia nova terapêutica para tratamento das moléstias nervosas e mentais. E nos diz que o fenômeno é corriqueiro: diariamente milhões de pessoas adormecem sob a influência magnética de amigos espirituais, a fim de serem auxiliadas nas resoluções inadiáveis. O plano espiritual atua silenciosamente sem nos determos nos fenômenos que nos possibilitam progressos nos mais diversos campos da vida. No mesmo livro, André Luiz relata como se processa o sonambulismo magnético: Calderaro – O orientador – fitou a André Luiz com significativa expressão e comunicou: - Tenho instruções para impor ao doente o sono mais profundo, logo

depois da meia-noite. E, verificando que o relógio informava não estar distante o momento predefinido, começou a ministrar-lhe aplicações fluídicas ao longo do sistema nervoso simpático. A vasta rede de neurônios experimentou a influência anestesiante. A enferma tentou levantar-se, gritar, mas não conseguiu. A intervenção era demasiado vigorosa para que a enferma pudesse reagir. O orientador prosseguiu atento, envolvendo-a mansamente, em fluidos calmantes. Dentro em pouco, cedendo à irresistível dominação, a moça recostou-se vencida nos travesseiros, no estado a que o magnetizador comum chamaria “hipnose profunda”. O sono é uma condição fisiológica necessária para o ser humano. É um estado ordinário de consciência, complementar ao estado de vigília (desperto), caracterizado

pela suspensão temporária da atividade perceptivo-sensorial e motora voluntária. O sono é composto por quatro fases: sonolência, fase intermediária, sono de ondas lentas (o período mais profundo) e REM (Rapid Eye Movement), período de maior relaxamento muscular, quando acontecem os sonhos. Durante a noite acontecem de três a cinco ciclos de sono, em que esses estágios se intercalam. A sincronia e proporção entre essas fases conferem o efeito reparador de descanso, consolidação das memórias e regulação das emoções durante o sono. No Livro dos Espíritos, na questão 401, a alma não repousa como o corpo. O Espírito jamais está inativo. Durante o sono, afrouxam-se os laços que o prendem ao corpo e, não precisando este então da sua presença, ele se lança pelo espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos. Nesta afirmação, vemos que a emancipação da alma se processa de forma natural e frequente durante toda a existência do ser reencarnado. No caso acima citado, como vemos, foi provocado. É importante ressaltar que o sono resulta, geralmente, em sensação de energia física, psíquica e intelectual restabelecida. Necessário dormirmos em média oito horas por noite. A privação do sono pode causar transtornos e afeta a regeneração celular assim como a total recuperação da função imunitária. Sobre estas afirmações, André Luiz nos amplia a compreensão: na emancipação da Alma, durante o sono, quando assistida pela espiritualidade superior, as melhoras adquiridas pela organização perispirítica são


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apressadamente assimiladas pelas células do equipamento fisiológico. Sabem os médicos terrenos que o sono é um dos ministros mais eficientes da cura. É que, ausente do corpo, muitas vezes consegue a alma prover-se de recursos prodigiosos para a recuperação do veículo carnal em que estagia no mundo. O sonâmbulo possui mais conhecimentos do que supõe. Esta é a razão das ideias inatas do sonâmbulo, quando fala com exatidão de coisas que ignora quando desperto, de coisas que estão mesmo acima de sua capacidade intelectual. Tais conhecimentos dormitam, porque seu invólucro carnal não lhe consente rememorá-lo. Podemos dizer que a intuição são lampejos deste grande arquivo espiritual. No Livro dos Médiuns, no Item 190, vemos que os Médiuns sonâmbulos são aqueles que, em estado de sonambulismo, são assistidos por Espíritos. O sonambulismo possui duas ordens de fenômenos que frequentemente se acham reunidos: O sonâmbulo age sob a influência do seu próprio Espírito: é sua alma que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe, fora dos limites dos sentidos. O que ele externa tira-o de si mesmo; suas ideias são, em geral, mais justas do que no estado normal, seus conhecimentos mais dilatados, porque tem livre a alma. Neste aspecto, o sonambulismo é anímico. O médium sonambúlico é instrumento de uma inteligência estranha; é passivo e o que diz não vem de si. Neste caso, consideramos um fenômeno mediúnico. Os médiuns sonâmbulos veem perfeitamente os Espíritos e os descrevem com tanta precisão, como os médiuns videntes. Podem confabular com eles e transmitir-nos seus pensamentos. O que dizem, fora do âmbito de seus conhecimentos pessoais é sugerido por outros Espíritos.

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No Livro dos Espíritos, vemos que, nos fenômenos sonambúlicos, em que a alma se transporta, o sonâmbulo experimenta no corpo as sensações do frio e do calor existentes no lugar onde se acha sua alma, muitas vezes bem distante do seu invólucro. A alma, em tais casos, não tem deixado inteiramente o corpo; conserva-se lhe presa pelo laço que os liga e que então desempenha o papel de condutor das sensações. No estado de desprendimento em que fica colocado, o sonâmbulo vê ao mesmo tempo o seu próprio Espírito e o seu corpo, os quais constituem, por assim dizer, dois

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tratamento das enfermidades e operou grande número de curas consideradas impossíveis. Certo dia, dando consulta a um doente, descreveu a enfermidade com absoluta exatidão. Não basta, disseram-lhe, agora é preciso que indiques o remédio. Não posso, respondeu, meu anjo doutor não está aqui. Quem é esse anjo doutor de quem falas? - O que dita os remédios. - Não és tu, então, que vês os remédios? - Oh! não; estou a dizer que é o meu anjo doutor quem mos dita. Kardec ressalta que a lucidez sonambúlica é uma faculdade que se radica no organismo e que independe, em absoluto, da eleva-

Marlene Araujo de Melo e maestro Sylvio Tancredi seres que lhe representam a dupla existência: corpórea e espiritual. Nem sempre o sonâmbulo se apercebe de tal situação e essa dualidade faz que muitas vezes fale de si, como se falasse de outra pessoa. Temos um exemplo de médium sonâmbulo no item 173 da mesma obra citada: Um rapaz sonâmbulo, de 14 a 15 anos, de inteligência muito vulgar e instrução extremamente escassa. Entretanto, no estado de sonambulismo, deu provas de lucidez extraordinária e de grande perspicácia. Excedia, sobretudo, no

ção, do adiantamento e mesmo do estado moral do indivíduo. O que fala por si próprio pode, portanto, dizer coisas boas ou más, exatas ou falsas, demonstrar mais ou menos delicadeza e escrúpulo nos processos de que use, conforme o grau de elevação, ou de inferioridade do seu próprio Espírito. A assistência então de outro Espírito pode suprir-lhe as deficiências. Mas, um sonâmbulo, tanto como os médiuns, pode ser assistido por um Espírito mentiroso, leviano, ou mesmo mau. Aí, sobretudo, é que as qualidades

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morais exercem grande influência, para atraírem os bons Espíritos. Um alerta que nos diz André Luiz, no livro Nos Domínios da Mediunidade é que o sonambulismo puro, quando em mãos desavisadas, pode produzir belos fenômenos, mas é menos útil na construção espiritual do bem. A psicofonia inconsciente, naqueles que não possuem méritos morais suficientes à própria defesa, pode levar à possessão, sempre nociva, e que por isso, apenas se evidencia integral nos obsessos que se renderam às forças vampirizantes. Não iremos nos estender a respeito da possessão, que é um assunto tratado no livro A Gênese de Allan Kardec, mas vamos ressaltar que esta condição não é propriamente má, como vemos ela retratada de forma errônea. Como refere Ernesto Bozzano, no livro A Crise da Morte, onde relata o caso da Sra. Duffey, a médium permanecera em condições do sonambulismo no estado de vigília, como acontecia em circunstâncias análogas ao célebre vidente americano Andrew Jackson Davis. Diz Ernesto Bozzano, que isto provaria que o órgão cerebral do médium foi submetido, durante todo aquele período de tempo, a uma disciplina de possessão parcial, exercida pela entidade que se comunicava. Esta manifestamente se propusera a eliminar assim o perigo da emergência esporádica de interferências subconscientes, que teriam podido interpolar-se às mensagens, interferências que só muito dificilmente se pudera evitar, desde que o médium, entre duas mensagens, remergulhasse nas preocupações da vida cotidiana. Delicada modalidade mediúnica da qual devemos estudar cada vez mais e, com muita cautela para não haver perturbação nesta condição. Apesar de raros, os médiuns sonambúlicos merecem todo o apreço.


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Progresso pela reencarnação

ntes de abordarmos o tema: “Progresso pela Reencarnação”, se faz necessária a compreensão e aceitação da reencarnação, lembrando que a reencarnação faz parte da humanidade como espíritos imortais que somos. Allan Kardec, codificador da Doutrina Espírita, através de estudos e pesquisas científicas, desmistificou o sobrenatural, hoje natural, e os fenômenos outrora inexplicáveis, passaram a ser explicados, e, o que não tinha respostas, passou a ter. Para tanto, façamos uma viagem através do tempo. Dos povos da antiguidade, do oriente ao ocidente, até os dias de hoje, buscamos nas pesquisas de arqueólogos, antropólogos, filósofos e religiosos de todas as épocas, a crença dos nossos antepassados. Cada civilização, ao seu modo, sempre questionou a vida, a morte, os desastres naturais, onde o medo e o respeito eram cúmplices. Nos tempos pré-históricos, bem antes da escrita, milhares de anos atrás, os seres humanos já se dedicavam à religião. Amparados em descobertas como estatuetas cuidadosamente esculpidas, pinturas rupestres admiravelmente executadas, complexos rituais fúnebres, podemos, com base em estudos posteriores, entender a existência de uma crença religiosa. Os historiadores chamam de berço da Humanidade, as chamadas civilizações orientais. Todavia, não podemos esquecer que todo o desenvolvimento agrícola, cultural, econômico, religioso e político, foi herdado das pré-culturas tribais. A evolução do Ser, ou seja, do

Celisa Maria Germano Espírito, está bem clara nesse longo e imenso caminhar do desenvolvimento histórico da Humanidade. O homem se eleva, progressivamente, da selva à civilização, através de períodos históricos, os quais podemos definir pelos “rastros” deixados, como marcas de uma época, uma cultura, um povo. Primeiramente, o homem se destaca da natureza por um conjunto tribal, reafirma sua independência através das civilizações agrárias e depois, constrói os conjuntos mais complexos das civilizações orientais. Iniciemos nossa viagem pelos aspectos culturais das sociedades tribais. De Norte a Sul deste Planeta, encontramos vestígios de um passado milenar. Estudos indicam que os primeiros seres humanos que chegaram ao continente americano, vieram da Ásia; chegaram à América, provavelmente, após passarem pelo Estreito de Bering. Foram se espalhando pelo continente até chegarem ao Sul e começaram a povoar o território brasileiro. Atualmente existem vários sítios arqueológicos pré-históricos sendo estudados no Brasil. Por isso, por serem descobertas mais recentes, escolhemos a América do Sul para iniciarmos nossa viagem. Com base em estudos arqueológicos, pode-se ter uma ideia sobre como era a vida desses homens na pré-história. Numa descoberta recente, en-

contra-se a cidade de Machu Picchu, no Peru. Descoberta pelo arqueólogo Hiram Bingham, em 1911, há pouco mais de cem anos. Na língua indígena quíchua ou quéchua, Machu Picchu, significa “Velha Montanha”, é o símbolo mais típico do Império Inca, que devido a sua localização e características geológicas, recebeu o título de Patrimônio Mundial da Unesco. Ainda no Peru, na cidade de Ica, no Museu Regional de Ica, um dos pontos mais visitados da cidade encontram-se três múmias, em ótimo estado de conservação, com cerca de 2000, 1500 e 500 anos aproximadamente. Nessa parte do Peru, objetos da civilização pré-inca e inca, registram a cultura de Paracas, Nazca e Ica. A importância dessa cultura está nesses registros, pois os Incas acreditavam na vida após a morte. Os mortos eram enterrados na posição de feto, como nasciam,

para que pudessem renascer na outra vida. Com eles eram enterrados seus pertences e objetos relativos a sua profissão, para que não esquecessem o que tinham sido. Outra descoberta importante, foi na cidade de Arequipa, Peru, pelo antropólogo Johan Reinhard, depois de vinte e três anos de investigações, sob a responsabilidade da Universidade Católica de Santa Maria, em 8 de Setembro de 1995, a múmia Juanita, que pode ser vista no Museu Santuários Andinos. Estudos atestam que Juanita tinha entre 12 e 14 anos quando foi sacrificada, em oferenda à divindade Apu Ampato, deus da montanha, pelos sacerdotes incas. Foi encontrada no vulcão Ampato, numa altitude aproximadamente de 6380 metros, permanecendo lá por mais de 550 anos. Assim como a cultura pré-inca e inca, tão próximas de nós, apresentam descobertas recentes, o Brasil também faz sua caminhada ao encontro dos antepassados. Outros estudos históricos, agora na Ásia, mostram as crenças religiosas mais antigas, como da Índia, onde se encontram documentadas em vários textos sagrados, os Vedas, redigidos em língua sânscrita. Os textos sagrados revelam a crença em divindades personificadas nas forças da natureza e afirmam a sobrevivência da alma. Na China, desde tempos remotos, a religião chinesa consistia na veneração aos deuses liderados por Shangi Di, (O Senhor das Alturas), além de venerações aos antepassados. Confúcio, Tao e Buda, explicam muito sobre os chineses e a relação chamada religião tradicional chine-


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sa, que inclui filosofia, magia, talismã e reencarnação. Nesse contexto, a ideia da imortalidade é clara. No Egito, devido a crença numa vida após a morte, era preciso preparar a sepultura com todo o conforto, para o morto poder desfrutar da vida em outro plano. Era primordial conservar o corpo físico em perfeito estado e também receber as bênçãos dos sacerdotes. Foi esse o grande motivo para a mumificação, e foram tão precisos nessa técnica, que há corpos bem conservados até hoje. Já os antigos gregos, acreditavam num submundo para onde iam os espíritos dos mortos. Se um funeral nunca fosse realizado em homenagem ao morto, acreditava-se que o espírito dessa pessoa nunca conseguiria chegar ao submundo e permaneceria assombrando o mundo como um fantasma, eternamente. Uma das áreas desse mundo inferior era conhecida como Hades, governada por um deus, também chamado Hades. Outro reino, chamado Tártaro, era o local para onde se acreditava que iam os amaldiçoados, um local de tormentos. Um terceiro reino, Elísio, era um local agradável, onde os mortos virtuosos e os iniciados nos cultos de mistérios habitavam. Como vimos, desde os primórdios, os homens acreditavam numa força superior, e em vários deuses, eram politeístas; essa crença formou uma fé comum a muitos povos, além da crença numa vida após a morte. Contudo, foram os hebreus (depois os judeus), que introduziram a crença num único Deus, Jeová; criador de todo o Universo. O livro sagrado dos cristãos pode ser dividido em duas partes: Antigo Testamento e Novo testamento. A primeira parte conta a criação do mundo, a história, as tradições judaicas, as leis, a vida dos profetas; na segunda parte a vinda do Messias, escrito após a morte de Jesus.

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Podemos observar que todos os povos tinham, como preocupação ímpar, a vida, a morte e a crença na vida futura. Os judeus acreditavam que o homem poderia reviver, sem se inteirarem com precisão da maneira pela qual o fato podia ocorrer; a isso dava-se o nome de ressurreição, que supõe o retorno à vida do corpo que morreu; o que a Ciência demonstrou materialmente impossível e que o Espiritismo chama de reencarnação. Vamos encontrar esse assunto no Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo IV “Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo”, no item IV, “Ressurreição e Reencarnação”, ainda no mesmo capítulo, Jesus ao conversar com Nicodemos, senador dos judeus, disse: “Em verdade, em verdade vos digo, ninguém pode ver o reino de Deus, se não nascer de novo”. A ideia da preexistência da alma permaneceu entre os cristãos até o século VI. Foi no Segundo Concílio de Constantinopla, (quinto Concílio Ecumênico da Igreja) realizado na cidade de Constantinopla, atual Istambul, na Turquia, em 543 d. C., que o Imperador Justiniano, sem levar em conta o ponto de vista clerical de Roma , o que gerou protesto do Papa Virgílio, e com a participação da maioria

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dos bispos do oriente (ortodoxos), excomungou e maldisse a doutrina da preexistência da alma. “Todo aquele que ensinar esta fantástica preexistência da alma e sua monstruosa renovação, será condenado”, como parte das conclusões do concílio. Essa decisão teve a colaboração de Teodora, esposa de Justiniano. Muito ambiciosa e manipuladora, exercia grande influência sobre o marido. Como cortesã, iniciou rápida ascensão ao Império. Dona de uma beleza singular, caiu nas graças de Justiniano. Contam alguns autores, por ter sido cortesã, e isso era motivo de muito orgulho por parte das ex-colegas. Por sua vez, Teodora queria libertar-se do passado, e para acabar com essa história, manda eliminar todas as cortesãs da região, cerca de quinhentas. Como parte do povo, naquela época, acreditava na preexistência da alma, passou a chamá-la de assassina e dizer que deveria ser assassinada quinhentas vezes, em vidas futuras. Teodora passou a odiar a doutrina da reencarnação e com Justiniano empenharam-se em destruí-la. Então, ao invés de aceitação simples e clara da reencarnação, a igreja passou a rejeitá-la, lançando obscuridade sobre os problemas da vida e ao desenvolvimento espiri-

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tual da humanidade. Nessa viagem que fizemos através dos tempos, vimos que a crença em outra vida, ou seja, a reencarnação fez e faz parte da vida do Ser como lei para seu progresso. Deus, soberanamente bom e justo, dá a todos um mesmo ponto de partida, a mesma aptidão e as mesmas obrigações a cumprir e a mesma liberdade de agir. O estudante não alcança seu objetivo senão depois de percorrer série a série. Assim é com o homem sobre a Terra, a encarnação faz parte de várias etapas da vida corporal, uma só vida não seria possível para seu progresso moral, material, intelectual e espiritual. Basta apenas um olhar no ontem e outro no hoje, para constatar o progresso material, científico e tecnológico. Como ser pensante que somos, não há como negar o progresso. É visível, concreto. No Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, na questão 132, os Espíritos esclarecem que a finalidade da encarnação é a perfeição. Deus, na Sua sabedoria, quis que os homens tivessem um meio de progredir e de se aproximar D’Ele. O progresso faz parte da Lei de Deus, e Jesus, nosso Mestre maior, através do Seu Evangelho nos diz: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai, se não for por mim”. João 14:6 O presente é um presente, e dos erros de ontem, saem os acertos para o hoje, na oportunidade da reencarnação cumpre-se a Lei do Progresso. Bibliografia:

Kardec, Allan, O Livro dos Espíritos Kardec, Allan, O Evangelho Segundo o Espiritismo Kardec, Allan, O Céu e o Inferno Pires, J. Herculano, O Espírito e o Tempo Childess, David Hatcher, Cidades Perdidas e Antigos Mistérios da América do Sul Coogan, Michael D., Religiões História, tradições e fundamentos das principais crenças religiosas


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A cura de um coxo

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edro e João subiram ao Templo para a oração das 3 horas da tarde. Era conduzido um homem, coxo de nascença, que todos os dias punham à porta do Templo, chamada Formosa, para pedir esmola aos que entravam. Ao ver Pedro e João entrando no Templo, pediu dele uma esmola. Pedro fixou nele os olhos, junto com João e disse: “Olha para nós.” Ele os olhou com atenção, esperando receber alguma coisa. Pedro, porém, disse: “Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: Em nome de Jesus Cristo Nazareno, põe-te a caminhar”. E, pegando-o pela mão direita, o levantou. Imediatamente se lhe firmaram os pés e os tornozelos. De um salto se pôs de pé e andava. Entrou com eles no Templo, caminhando, saltando e louvando a Deus. Todo o povo o viu andar e louvar a Deus. Reconheceram ser o coxo que se sentava para mendigar à Porta Formosa do Templo e se encheram de espanto e pasmos pelo que lhe tinha acontecido.” (Atos 3:1-10) A passagem acima foi tirada de um livro do Novo Testamento chamado “Atos dos Apóstolos”. Sua autoria é atribuída a Lucas, e narra a vida e os feitos dos apóstolos, principalmente Pedro e Paulo, após a partida de Jesus, fazendo-nos conhecer a história das primeiras comunidades cristãs. Se não nos detivermos em meditações mais profundas, o texto não apresenta nenhum enigma. Parece tudo explicado. Uma história bem

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Atos 3:1-10

Evangelina Muniz narrada, contando sobre uma cura, fato que não representa novidade nas narrações do Novo Testamento. Porém, tudo o que foi dito por Jesus ou narrado pelos apóstolos merece atenção especial. Jesus, o Espirito de mais alta moralidade que já esteve na Terra, seu governador planetário, após tantos séculos de preparação para sua vinda, em uma vida pública de apenas três anos, não viria até nós para dizer alegorias, ou para falar frases de efeito. Tudo o que Jesus disse deve ser estudado, meditado e esmiuçado com muita atenção. Os ensinamentos de Jesus são para todos. Ele dava lições de conteúdo extremamente elevado, só que de uma simples, que qualquer pessoa pudesse entender. A mensagem era sempre clara e objetiva para que fosse compreendida pelos humildes pastores e sábios doutores de sua época, como por nós, hoje, cada um em sua condição mora e intelectual. Jesus, para isso, tantas vezes se utilizou das parábolas. Histórias quase infantis, mas que traziam conteúdo moral extremamente elevado. Porém, aqui não temos uma parábola. Temos quase uma “noticia de jornal”, uma reportagem narrando um fato.

A mensagem, entendida assim, já é bastante empolgante. Fala sobre o poder e a misericórdia de Deus. Isso já bom. Porém, para nós, que somos seguidores de Jesus e queremos extrair o máximo de Seus ensinamentos, inclusive os que foram passados por seus apóstolos, que continuaram sua missão e a propagação de Sua palavra, cabe um olhar mais atento e profundo. O que podemos extrair desta narrativa, além do mais superficial? A lei judaica prevê três momentos de oração obrigatórios durante o dia. Pela manhã, pela tarde, às 15h00, chamada hora nona, e ao anoitecer. No templo de Jerusalém, às 15h00 eram feitos sacrifícios e oferendas, como incenso, enquanto as preces eram feitas. E lá estavam Pedro e João, para fazer suas orações no templo, seguindo o costume religioso, que existe até hoje entre os judeus.

Por que ainda iam, se sabiam que o Messias já viera? Iam porque lá encontravam as pessoas que procuravam a Deus, paravam os afazeres de seu dia para honrar um compromisso com Deus, logo, pessoas com o coração aberto e potencialmente abertos a ouvir dos apóstolos as histórias do Jovem Galileu. Os apóstolos conquistavam a simpatia de muitas pessoas por seu meio de vida, seu exemplo. Continuaram sendo pessoas atuantes, não só na missão de propagar o Evangelho, mas de agir segundo ele. E não se vive conforme o Evangelho sozinho. É só na convivência com os irmãos que podemos colocar em prática os ensinamentos do Mestre. O templo de Jerusalém tinha oito portas, cada uma com um nome, seguindo tradição do antigo testamento. Uma destas portas, a maior delas, era chamada “Porta Formosa”, cujo significado em grego é “Algo que floresce abundantemente na estação certa”. Esta porta tinha cerca de 25 metros de altura e era toda ornada em bronze especial vindo da cidade de Corinto. Era mais bela que as sete demais portas. Nas escrituras o significado de “Porta” é amplo. Um objeto tão corriqueiro pelo qual passamos todos os dias em nossas casas, trabalho, na rua, durante todo dia, pode ter um significado mais profundo. Significado de passagem, mudança, trocar o velho pelo novo, proteção, segurança. Jesus nos disse: “Eis que estou à porta e bato”. Temos a passagem da “Porta estreita”. Uma pintura célebre de Jesus como o bom pastor, segurando uma ovelha, que representa todos


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nós, bate a uma porta que não tem maçaneta. Ele não pode entrar sem que alguém de dentro abra. É o nosso livre arbítrio. Nosso próximo elemento, um coxo. Sabemos apenas que teria aproximadamente 40 anos de idade e era coxo de nascença. Ou seja, tinha problemas nas pernas que lhe permitia equilibrar-se sobre elas, ou seja, só se locomovia ajudado por outras pessoas, não podia trabalhar, e o que sempre fizera de sua vida foi pedir esmolas, já que havia no exterior do templo uma área própria para isso, já que aleijados e pessoas nessas condições não eram bem vistos dentro do mesmo. O nome do coxo? Não sabemos. Fato interessante. Sabemos o nome do bom ladrão, Dimas; o nome do cobrador de impostos, Zaqueu; o do servo do Sumo Sacerdote a quem Pedro cortou a orelha, Malco. Por que o coxo não teria seu nome escrito? Seria apenas uma falta do detalhe na redação? Temos aqui, então, o Templo, Pedro e João, a porta Formosa, e um coxo. Num dia comum, foram Pedro e João ao mesmo templo de sempre, fazer as mesmas orações de sempre e, provavelmente, entraram pela porta de sempre. Havia ali uma multidão de mendigos e pedintes implorando por uma esmola e, como era comum na época, vários ganhavam. Tudo igual a qualquer dia. Porém, para o coxo, não era um dia normal. Para ele, era dia entrar pela porta onde cujo nome, repito, significa “Algo que abundantemente floresce na estação certa”. Chegou a sua hora de mudar. Chegou a hora que a alegria iria abun-

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Sanzio, Rafael (Raffaello) La Cozolli

dar em sua vida. Pedro e João se compadeceram dele. Talvez, se pudessem, teriam-no ajudado materialmente. Mas não podiam. E, ao invés de fazer como os outros que simplesmente atiravam uma moeda, eles se abaixaram até onde estava o coxo, desceram até a sua situação, abaixaram-se para ficar na mesma altura do coxo, pediram-lhe que olhassem nos olhos, costume que só se permitia a pessoas da mesma classe e situação, e lhe dirigiram uma frase sincera. “Não temos nada material. Mas iremos lhe dar algo muito maior”. “olha para mim, disse-lhe Pedro” E dando-lhe a mão direita, disse-lhe: “Levanta-te e anda em nome de Jesus Cristo” E o homem saiu pulando e andando, onde todos os que estavam no templo, já tendo visto tantas vezes o coxo a pedir esmolas, se espantaram. Eram aproximadamente 5 mil homens, fora as mulheres que, na época, não eram contadas, mais os outros pedintes da parte exterior, onde o feito aconteceu. A primeira cura depois que Jesus não estava entre eles! Não restou outra alternativa a Pedro do que proferir um discurso

para toda aquela gente, explicando o que havia acontecido: Exaltou o poder do Deus de Abrão, Isac e Jacob. Glorificou a Jesus, com o auxílio de quem e cuja fé, aquele homem foi curado. Nós sabemos que tudo acontece na sua hora, que nada é por acaso. Deus escreve certo por linhas certas. E aqui, nessa história tão simples, de uma cura, podemos perceber uma trama intrincada. Era ali, naquela hora, naquele lugar, que deveria acontecer o fato que daria uma nova etapa na vida do coxo, e também para os apóstolos. Ali estava, desde o principio a espiritualidade agindo para que o plano de Deus fosse se cumprindo. Algumas perguntas ficam no ar. Podemos achar muitas respostas, imaginar hipóteses, mas sempre saberemos que aconteceu o que deveria ter acontecido. O homem vivia na porta do templo. Não dentro, mas do lado de fora. Será que já havia realizado uma prece de coração e pedido a Deus a sua cura? Ou será que acostumou-se a sua situação, e nunca teve esperanças de mudança? Pedro e João poderiam ter saído após a cura, para evitar con-

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flitos, mas enfrentaram, pois fazia parte do plano maior. Sabemos que os apóstolos foram presos e ali seguiram seus destinos. E quanto ao coxo? Como o escravo que anseia pela liberdade e, após conquista-la, não sabe o que fazer dela. Era escravo, mas tinha comida, moradia, obedecia. Liberto, precisa tomar decisões, ir atrás do seu alimento e abrigo. Será que está preparado para isso? Aprendeu que o melhor alimento ele tinha conseguido. E o nome do coxo? Por que não quiseram contar? Porque o nome do coxo é o nome de cada um de nós. Maria, João, José, Paulo, Renata... Somos nós que não ficamos nem dentro nem fora do amor de Deus. Somos nós que nos acostumamos com o mal, não lutamos para mudar nossa situação, não gritamos pra dentro da porta pedindo a ajuda de Deus, somos nós que pedimos o peixe, mas não que nos ensinem a pescar. Mas o amor de Deus é maior que o nosso acomodamento. Como Deus age na vida de Seus filhos através das suas criaturas, chega dia em que você está lá embaixo, cansado, desanimado, pede sem sequer olhar pra cima, e alguém abaixa até você e te ajuda a erguer. Em nome de Jesus? Sim. Fazendo o que Ele ensinou. Amar, ajudar o outro a levantar. Porém, quando chegar a nossa vez, saberemos cruzar a porta e nos alegrar pela conquista? Saberemos voltar a andar? Saberemos administrar nossa liberdade? Devemos tentar. Mas não importa. Algum dia acertaremos, e a misericórdia divina, através da pluralidade das existências, nos dá muitas chances para isso. Tanto sendo o coxo, como sendo o Pedro. O coxo que hoje sofre, mas amanhã se alegra,


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porém tendo toda uma adaptação de vida para fazer. . E Pedro fez o seu famoso discurso, glorificando a Jesus. Esta é uma narrativa tão simples, uma vez que temos noticias de várias curas tanto no Antigo como no Novo Testamento. Mostra que as Curas dos enfermos por ação Psico-magnética fez parte dos planos de Jesus, como bem compreenderam os discípulos e que hoje o Espiritismo apregoa. A ação dos Apóstolos não consistia em cultos ou rituais de qualquer espécie. Pedro foi o primeiro apóstolo chamado por Jesus. Ele possuía grande mediunidade, por isso o Mestre disse: “Pedro, tu és pedra, e sobre esta pedra construirei a minha igreja”. Quis dizer sobre sua mediunidade: inspiração, cura, além de outras. À famosa pergunta de Jesus aos discípulos, “Quem dizem que eu sou?”, Pedro, por inspiração, respondeu que Jesus era o filho do Deus vivo. Depois, propôs a escolha do substituto de Judas Iscariotes. Pela cura, fez seu primeiro prodígio acompanhado por João, que é esta passagem que lemos há pouco. Outro fenômeno clássico que ocorreu no dia de Pentecostes, as línguas de fogo, são flocos ou bolas de luzes que assinalam a presença espiritual. Foi Pedro quem, neste dia, fez o primeiro grande discurso aos que insinuavam que estariam bêbados, por falarem línguas estranhas. No antigo testamento, o profeta Joel fala sobre a mediunidade poliglota, ou xenoglossia. “Mancebos terão visões e verão línguas de fogo”. Enquanto Jesus estava encarnado, os apóstolos não produziram nenhum prodígio, mas depois deste fenômeno, todos os discípulos curavam, expulsavam maus espíritos e, à partir daí até a Nova Era, que é a

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que vivemos, Kardec pôde receber a 3ª revelação, através de médiuns com credulidade suficiente para codificar a Doutrina Espirita. Sabemos, através de relatos transmitidos pelos sábios e experimentadores, que como auxílio de médiuns tão poderosos quanto os apóstolos, têm prestado serviços para desmoronar o materialismo e erguer a grande pirâmide do amor, o belo farol da imortalidade. Paulo citou na epístola aos Ro-

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fosse, estaria derrogando uma Lei Divina, coisa que Ele nunca fez. Houve muitos casos de curas no Antigo e no Novo Testamento. Isto vem demonstrar que as “curas dos enfermos” por ação psico-magnética fazia parte dos planos de Jesus, como bem aprenderam os discípulos e a Doutrina Espirita vem explicar e apregoar. A ação dos apóstolos não era de mostrar rituais ou dogmas, mas de sempre fazer o bem. “Ide por toda parte e

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2) A cura fora feita por processo psico-magnético. a) Fixação nos olhos; (Olhe para nós) b) Contato físico. (Tomando-o pela mão direita, o levantou)

“Não foi por nosso poder e ou nossa piedade que o fizemos andar”. E o coxo, agora curado, começou a falar e exaltar a Deus de Isaac e Jacó, que glorificou Jesus, com o auxilio de quem e por cuja fé aquele homem havia se Speccaly - Séc. XVII. Por Eustache Le Sueur, atualmente na Galeria Sanssouci, em Potsdam, na Alemanha. restabelecido. As curas espíritas sempre acontecem, e não são milagres, mas fé e força do médium. A medicina, como arte de curar, é filha legítima do espiritismo.

manos que todos os membros não têm a mesma função e, assim, somos um só corpo em Cristo. Temos vários dons, mostrando os vários tipos de mediunidade. Continuando, fala da mediunidade de cura, o “Dom do Espirito Santo”, quer dizer, dom de um Espirito bom, da mediunidade usada na comunicação com Espíritos bondosos. Esses dons de cura foram dados aos apóstolos, mas existem até hoje em casas espiritas. Esta passagem não encerra nenhum milagre, uma vez que nem Jesus os praticou, pois, se assim

curai os enfermos”, disse o Mestre. Eles curavam através da grande mediunidade com Jesus. Da vontade dos apóstolos de querer curar, e dos doentes de serem curados. Antes de Pentecostes eles aprenderam do Mestre a teoria, ou seja, o modo de curar, expelir espíritos e divulgar o evangelho. Após Pentecostes, passaram a aplicar tudo o que foi ensinado, através da mediunidade. Nesta passagem da cura de um coxo, observamos que: 1) Os apóstolos não possuíam bens materiais;

Os fenômenos de ordem psíquica foram divididos em 2 partes: Espírita e Anímica.. Richet dá o nome de metapsiquico. O metapsiquismo é uma força ou um fluido chamado X, ou desconhecido que, em sua opinião, aparecerá mais tarde para dar explicações das causas dos fenômenos. Assim, a histeria, que não foi conhecida a causa, diz o ilustre cientista Dr. E. Gyel: “Ela só pode ter uma explicação pelo estudo científico do períspirito. É ele quem dirige a vida orgânica e, portanto, deve-se estudar as relações existentes entre eles. Só assim se encontrará o X da questão. É preciso distinguir a mediunidade, e só o faremos se considerarmos o dom natural concedido por Deus às suas criaturas. Podemos chegar a conclusão e compreensão dos fenômenos que se desenrolam a todos os momentos às nossas vistas e que se podem ser explicados pelo Espiritismo. Que erro comete


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aquele médico que diz ser o médium histérico ou doente! As curas são, então, a transmissão de fluidos medicamentosos às células enfermas, fazendo-as recuperar sua vitalidade. Entre os fenômenos observados por todos os sábios que têm se dedicado ao estudo experimental da nova ciência, podemos citar inúmeros tipos, mas vamos refletir só no tema. As curas são conseguidas pela transmissão de fluidos, gazes imponderáveis como Hidrogênio e Oxigênio mas que, combinados, formam o medicamento necessário para a cura do enfermo. Em tudo isso, nada há de sobrenatural. Mas, e a cura do coxo? O corpo humano é a maior pilha magnética que encontramos. Ser médium não quer dizer ser Espírita. Os médiuns são instrumentos usados pela ciência materialista, inclusive, quando querem demonstrar o hipnotismo. As curas pelo magnetismo Pelo olhar, quando Pedro disse “Olhe para mim”, os olhares se encontraram e Pedro magnetizou-o. O mesmo fez quando pediu sua mão direita. Magnetismo do corpo, mas também psico, pelo olhar. No encontro desses olhares houve confiança e fé de ambos os lados. E pelo toque das mãos, passou sua própria energia. Pedro fez como Jesus fazia. O doente deveria doar primeiro. “Olhe para mim”... “Dê as mãos”. Isso era o que o coxo tinha a oferecer a Pedro para ficar livre da sua invalidez. Mesmer, em 1766, sustentou a existência de fluido sutil, espalhado por toda parte e por cujos meios os corpos celestes influenciam os corpos animados. Pouco depois, tentou curar pelo magnetismo usando ímã às partes doentes. Logo concluiu que bastava as mãos no corpo para produzir o

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mesmo efeito. Proclamou o Magnetismo Animal. Poderia restabelecer a saúde do doente acumulando-o no corpo do doente, sua própria vitalidade. Em 1874, uma comissão de sábios, onde figurava também Benjamin Franklin, encarregou-se de examinar essa doutrina. Jussieu, um dos membros da comissão, não compartilhou a opinião dos colegas e aceitou. Entrou, então, o Magnetismo na Academia, mas com o nome de Hipnotismo. Tanto o Hipnotismo usual quanto o Magnetismo dependem do estudo do Espiritismo. São rios que correm para o grande mar espiritual. Ambos demonstram a realidade das curas espirituais. Aksakof diz: “O Magnetismo já criou a Psicologia Experimental e fará compreender o animismo e Espiritismo”. “O sobrenatural é criado pela nossa ignorância”, diz Dr. Billot. As curas espíritas vêm de longe, e na filosofia de Chardel há uma narração e até relatos dados pelos Espíritos. Por exemplo, não vemos as estrelas durante o dia, mas elas estão lá. Negar as curas espíritas porque não se vêem os fluidos medicamentosos, seria como negar a própria dor. O Cloral, o Bromofórmio, são anestésicos; O bicarbonato de sódio, de potássio, carbonato de cálcio, são antiácidos. Estudemos, pois, o espiritismo na teoria e na prática, e veremos que os efeitos dos médiuns podem curar, como curam os remédios. A arte de curar As curas espíritas vêm de tempos imemoriais. Os sacerdotes

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brâmanes curavam com o olhar e produziam a hipnose para remodelar o períspirito e restabelecer o Espírito. Os egípcios, com a imposição das mãos. Heródoto, historiador grego, cita os santuários onde os peregrinos se reunião para curarem-se através de remédios

descobertos em sonho. Galeno recebia as receitas durante o sono. Hipócrates, o pai da medicina, afirmava que nos sonhos lhe surgiam os medicamentos que prescrevia. Stialão de Menphos narra que as sibilas adormeciam e davam consultas médicas. Deodoro de Sicilia narra que os doentes iam em massa ao templo de Isis para serem adormecidos e curados pelos sacerdotes. Os romanos tinham templos para cura. Celso diz que Alcebíades adormecia as pessoas atacadas de histerismo. As curas espíritas estão espalhadas entre todas as religiões. Na Gália, os druidas possuíam a faculdade de curar e recebiam cartas de todas as partes do mundo. Mansões de Jupter, Marte na Trácia, Vulcano em Heliópolis, Vênus em Amphaca, Templo de Delphos, prendiam a atenção popular. S. Justino, o filósofo, doutor da igreja, fala dos prodígios da Sibila, e fala que no momento em que os espíritos se afastavam, esqueciam o que haviam feito. E, assim,

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Lucano foi a Delphos e presenciou tal fato. S. Cipriano fala de coisas maravilhosas e prodígios imensos produzidos pelas Sibilas. As principais figuras da medicina diziam possuir um segredo para curar os enfermos. Esculápio confessava ser inspirado por espíritos. É sabido que se deve à intervenção dos Espíritos, os padres terem exercido a medicina com os elixires beneditinos, as águas das carmelitas, etc... Há verdadeiras e pretensas curas espíritas, bem como verdadeiros e pretensos médiuns, que se intitulam curadores. Discernir o falso do verdadeiro é dever de todos os homens que trabalham pelo progresso. Em alguns países existem leis severas contra os exploradores. Entregar um doente de moléstia grave a um ignorante em medicina ou a um falso médium é falta de senso e critério. O Espiritismo não reclama uma crença cega de quem quer que seja. Ele ensina a desenvolver o raciocínio para bem utilizar a liberdade, abraçando o que é bom e repelindo o que não é. Maravilhas fazem as Curas do Corpo,, através do remédio do maior Médico do mundo: é a nossa Cura Espiritual. Mas e o coxo? Quem é ele afinal? Somos todos que ainda não vivenciamos a Doutrina do Mestre. Somos o coxo que ainda não tem o direito de entrar no templo do nosso coração. Estamos ainda a espera de Pedro e de João, que exigirão que os olhemos nos olhos, que demos a mão direita e assim poder gritar a todos: “Estamos curados! Nossas mazelas desapareceram e agora podemos adentrar”.


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Especial

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79 ANOS DA FEESP

comemorados com reverências ao amigo Jesus

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o dia 11 de julho próximo passado, a Federação Espírita do Estado de São Paulo festejou os 79 anos, de atividades diárias da caridade em ação. O emérito palestrante José Carlos De Lucca com o tema “O AMIGO JESUS” realizou a maior façanha, de levar a plateia constituída de 1.200 pessoas, a viajar no tempo e espaço nas lembranças dos ensinos do mestre JESUS, recordando seus exemplos encantadores e amorosos, permitindo que o público trocasse o passado de dificuldades não bem assimiladas, por um verdadeiro manancial de luzes, nutrindo-lhes o espírito, para uma nova jornada consciente e esperançosa. Parafraseando os dizeres do insigne orador “... Divino amigo. Quero ser um ramo produtivo de sua videira. Quero dar uvas doces e suculentas aos irmãos do caminho. Sobretudo àqueles que só têm experimentado amargor em sua vida. Mas que eu não esqueça Jesus, a minha condição de simples ramo, ramo que somente pode dar bons frutos se estiver

José Carlos De Lucca unido a você...” Realmente, é um convite a viajar pela vida de forma mais tranquila, pacientes e felizes. A festividade se encerrou com um grande jantar beneficente, enriquecido com primoroso musical tendo como regente Yuri Jaruske-

Diretoria da Divulgação e trabalhadores da Área

vicius e Marco Antônio Bernardo (piano), com participação da Presidente da FEESP Sra. Zulmira da Conceição Chaves Hassesian, do Vice-Presidente Sr. João Batista do Valle - da Diretora da Área de Divulgação e Expansão Doutrinária,

João Batista (vice presidente da FEESP), José Carlos De Lucca e Zulmira Hassesian (Presidente da FEESP)

Coordenadora do Evento, Sra. Silvia Cristina Puglia - da Área de Ensino, Dir. Sra. Irene Bárbara Chaves - Área de Assistência Espiritual - Sra. Alice de Paula- Área de Infância, Juventude e Mocidade, Sra. Vera Lúcia Leite.

Jantar após a palestra no mezanino


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João Batista do Valle Vice Presidente da FEESP

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Fátima Luisa Giro - Mestre de Cerimônias do evento

JOSÉ CARLOS DE LUCCA

Público presente

Música ao vivo com Yuri Jaruskevicius e Marco Antonio Bernardo

Zulmira Hassesian Presidente da FEESP

Público no mezanino

Conheceu o Espiritismo aos dozes anos de idade. Ao completar seu s estudos na Federação Espírita do Estado de São Paulo e no Centro Espírita Aprendizes do Evangelho, sentiu um forte impulso de utilizar seu dom de oratória para levar a mensagem espírita aos corações aflitos. Depois do lançamento do seu Best-seller “Sem Medo de ser feliz”, sentiu aumentar significativamente, os convites para participar de palestras e seminários. • Paulistano, é casado e pai de dois filhos e, desde o ano de 1989, é juiz de direito. Antes de

ingressar na magistratura, exerceu a advocacia durante cinco anos, atuando na área empresarial e do direito de família. Desde a mocidade dedica-se às atividades de divulgação do Espiritismo, voltado especialmente para o livro espírita. • Na Rádio Boa Nova (AM 1450), emissora da Fundação Espírita André Luiz, apresenta o programa “Sem medo de ser feliz”. • Faz parte do elenco de convidados especiais para entrevistas no programa de TV da FEESP “Um Sentido Para Sua Vida”.

Fila dos autógrafos


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O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo

A

Federação Espírita do Estado de São Paulo, FEESP, faz uma singela homenagem ao codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, ao lembrar os cento e cinquenta anos do seu quarto livro O Céu e o Inferno, ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo, em língua francesa, “Le Ciel et l’Enfer ou La Justice Divine Selon le Spiritisme”, publicado em Paris em 1º de agosto de 1865, marcando o acontecimento da época, pois, a partir desse fato, os conceitos espíritas sobre a imortalidade da alma ganharam nova dimensão e,

Celisa Maria Germano como um relâmpago, se fez sentir na cultura da época, trazendo luz em vários pontos confusos ou mal interpretados por outras doutrinas. Esta obra foi dividida em duas partes, onde, no primeiro momento faz um exame crítico entre as demais doutrinas, ao apontar contradições e incoerências filosóficas sobre vários assuntos como o temor da morte, o céu e o inferno, o purgatório, penas eternas, a origem dos anjos e dos demônios. No segundo momento reúne depoimentos de casos reais, durante e após a morte física, proporcionando ao leitor entendimento e

compreensão da Lei de Causa e Efeito em perfeito equilíbrio com as outras Leis Divinas. Composta de 19 capítulos, sendo 11 na primeira parte e 8 na segunda, O Céu e o Inferno aborda temas conflitantes sobre a vida e a morte, e nos leva a questionar “pecados” e “castigos”, finalizando com inúmeros exemplos da real situação da alma durante e depois da morte física. Vamos observar no primeiro capítulo, O Futuro e o Nada, indagações que até hoje assombram o ser humano: Para onde vamos depois da morte? O que há depois da

morte? Estaremos pior ou melhor? Existiremos ou não? A aproximação da morte, com a crença no vazio, no nada, concentra os pensamentos da vida presente, traz desesperança e o medo se faz real. Cem anos depois das ponderações de Kardec, ainda permanecia a ideia do nada. Simone de Beauvoir, discípula e companheira do filósofo Jean Paul Sartre, contradiz seu mestre e essa filosofia ao escrever em seu livro “La force des choses” : “... detesto pensar no meu aniquilamento... Penso com melanco-


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O CÉU E O INFERNO

lia nos livros lidos, nos lugares vi- superiores ou infesitados, no saber acumulado e que riores, num estado não mais existirá. Toda a música, transitório rumo à toda pintura, tantos lugares percor- perfeição. ridos – e de repente mais nada!” Ninguém é coO temor da morte é consequên- locado em 1º lucia do instinto de conservação; à gar por privilégio, medida que se compreende melhor mas o 1º lugar a a vida futura, o temor diminui. A todos é franqueado Doutrina Espírita muda a maneira à custas de esforde se encarar o futuro. ço próprio: Lei de O céu e inferno, trata-se de um Progresso. lugar ou um estado!? Ainda no últiAtravés do conhecimento, va- mo capítulo da 1ª mos percebendo que cada um tem parte, “Da Proibiseu céu e o seu inferno particular. ção de Evocar os É o estado do Espírito. Mortos”, lei moO purgatório, purgar (do lat. Pur- saica que punia os gare), tornar puro – purificar – lim- gentios de evocar par, é o processo de purificação, em os mortos, com inque as almas daqueles que morrem tuito banal e fútil. são preparadas para o reino dos Por distorção do céus, admitido pelo papa Gregório verdadeiro sentiI, no século VI, em 593 d.C., fez e do das palavras de faz parte de diversas crenças. Moisés, a lei foi leAs penas eternas, o sofrimento vada ao pé da letra, como castigo, foram criados por nós e assim, o proibir e, não são eternos. Deus não casti- colocou um véu ga, Deus é amor, Deus é justiça. sobre a verdade. Obras que abordam Os antigos diziam e alguns Na segunda o tríplice aspecto Todo homem sente da Doeuto ne-dessa obra, O Céu rinInainda hoje dizem: “olho por olho parte a Espírcance ita: de todos o processidade de viver, Filosofia, Ciência e Re de ligião pelo qual se dá dente por dente”, Jesus vamos encontrar diversos cesso usufruir disse: a vida, deferno, amar, de ser feliz. “amai-vos uns aos outros”. NósExpedepoimentos do além-túmulo, e a Justiça Divina, em rimente dizer a quem está O Livroos escolhemos o próprio caminho. como para se -deram dosprocessos Espíritos do acordo com os ensimorrer que ele ainda 1857 va i O maior tesouro, o livre-arbítrio. viver muito, que suadesencarne. São casos reais que namentos de Jesus - O Livro dos Médiu hora ns Não somos vítimas de nada, proporcionam ao leitor condições Cristo, “a cada um foi ret ardadapea; diga pr 1861 incipalmenpróprios te que ele serde nas respondemos pelos compreender a Lei de Causa segundo suas obras”. á feliz - O Evangelho Segu ndo o Espiritismo como nunca foi e sen e64 coloatos, Lei de Causa emo Efeito. O ho- e tirEfeito em perfeito equilíbrio Vamos18pois, s seu coração pular de O CéuLeis mem é produto das próprias as outras nas car mais este trabae o InDivinas, ferno alegria. Mobras. as, pelo cocom ntrá1865 rio , de que va Escolhemos nossos caminhos, esnarrações de espíritos felizes, in- lho de Allan Kardec, i adian tar A Gênese essa esperança de fel felizes, -em crevemos nossa história. condições medianas, O Céu e18o68 Inferno icidade, se tudo pode sumi r de O Espírito sofre,rep quer mun- sofredores, endurecidos, suicidas em nosso estudo reente?no ” do espiritual, querAllan no Kamundo e criminosos. gular, e principalrdec (Capítu lo I – O Fu tu ro corporal a consequência dasepróo Nada) Em resumo, céu e inferno, fe- mente, em nosso prias imperfeições. licidade ou infelicidade são cria- dia a dia. O homem sempre buscou figuras dos por nós mesmos. O sofrimenAgradeçamos a ou imagens que lembrassem qua- to dura enquanto dura a teimosia, Kardec este prelidades ou defeitos humanos. Daí resultado da imperfeição, de que sente, verdadeiro o duplo princípio do bem e o mal. com vontade e conhecimento po- guia para nossa Segundo o Espiritismo anjos e de- demos nos libertar. vida presente e mônios são considerados Espíritos O Céu e o Inferno coloca ao al- futura. CAPA.indd 1

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O CÉU E O INFERNO

TRADUÇÃO DE AL

CEU NUNES

ALLAN KARDEC

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“ sam qu tiv isso tivo este irem nos melh mos Ser alter pre – é tu mos se aca volta. pensa


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O que seria o Reino dos Céus descrito por Jesus

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Alceu Nunes exterior; ninguém vai dizer “Olhem ele aqui” ou “Olhem ele ali! Porque o reino de Deus está dentro de vocês! Assim como o relâmpago, caindo em uma extremidade do céu, ilumina até a outra extremidade, assim será também o Filho do homem no seu dia. Mas primeiro é necessário que ele padeça muitas coisas, e que seja rejeitado por esta geração.

este mês de agosto vamos analisar o que significava para Jesus o Reino de Deus (ou Reino dos Céus, pois é citado das duas maneiras na Bíblia). Ele o citou inúmeras vezes, inclusive em várias parábolas que talvez tenham a chave para o significado das normas e leis estabelecidas por Deus para a nossa felicidade quando esse Reino chegar a nós, isto é, quando o nosso planeta for perfeito em sua evolução. Vejamos as citações: As parábolas de Jesus são muito claras e um aviso para que passemos a cumprir de verdade tudo o que ele disse. Nas parábolas em que ele define como é o Reino de Deus, o ensino é claro e não são conselhos ou orientações, mas sim deveres a cumprir. O nosso comportamento no Reino está bastante explícito na Parábola das Dez Virgens – (Mateus, 25, 1 a 13) Diz Jesus: o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, to-

mando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo. Cinco delas eram insensatas, e cinco prudentes. Ora, as insensatas, não levaram azeite de reserva, ao contrário das virgens prudentes. Quando chegou o noivo, as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e a porta foi fechada. As outras virgens também quiseram, mas não conseguiram. Concluímos que no Reino dos Céus existirá necessidade de pru-

dência e honesto planejamento para as aquisições de ordem espiritual e para subir os planos elevados da espiritualidade. “Orai e vigiai” a todo o momento, porque não sabemos o dia e a hora. Quando virá o Reino dos Céus? – Lucas 17 vers. 20 a 27 “Sendo Jesus interrogado pelos fariseus sobre quando virá o reino de Deus, ele respondeu: O reino de Deus não vem com aparência

Mas, como entrar no Reino dos Céus? - Mateus 18 – 23 a 35 Naquela hora chegaram-se a Jesus os discípulos e perguntaram: Quem é o maior no Reino dos céus? Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles, e disse: Em verdade eu digo que se vocês não se converterem e não forem como crianças, de modo algum entrarão no Reino dos céus. Ai do mundo, por causa dos escândalos! Se, pois, a tua mão ou o teu pé te fizer tropeçar, corta-o,


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lança-o de ti; melhor será entrar na vida aleijado ou coxo, do que, tendo duas mãos ou dois pés, ser lançado no fogo. Em Mateus, 22 vers. 1 a 14 Então Jesus tornou a falar-lhes por parábolas, dizendo: O Reino dos céus é semelhante a um rei que celebrou o casamento de seu filho. Enviou os seus criados para chamar os convidados, mas eles não quiseram vir. Então enviou outros criados, ordenando que convidassem outras pessoas. Eles, porém, não fazendo caso, foram um para o seu campo, outro para o seu negócio; e os outros, ainda, apoderando-se dos criados, os ultrajaram e mataram. O rei ficou furioso e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade. Então disse aos seus criados: Os convidados não eram dignos. Vão, pois, pelas encruzilhadas dos caminhos, e convidem a todos que encontrarem para a festa de núpcias. E saíram aqueles criados pelos caminhos e a sala encheu-se de convidados. Mas, quando o rei entrou para ver seus convidados, viu um homem que não estava vestindo a veste nupcial (que, pelo costume da época, era fornecida pelo próprio rei) e perguntou-lhe: Amigo, como entraste aqui, sem teres veste nupcial? Ele, porém, emudeceu. Então o rei mandou que os criados o amarrassem de pés e mãos, e o lançassem nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes. Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos. Nessa parábola, Jesus nos fala evidentemente dos convites feitos pelos profetas para a festa do conhecimento evangélico. E desde que o mundo é mundo, muitas cidades, nações e templos já foram destruídos por catástrofes naturais

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– ou pela mão do homem na destruição de seus irmãos, todos filhos de Deus, do mesmo pai, mas que, até a data de hoje, não merecem estar no Reino dos Céus. Na pesquisa que fizemos para conhecer as parábolas de Jesus referentes ao Reino dos Céus, verificamos uma descrição bem clara do que será o nosso planeta renovado e dentro das Leis de Deus misericordioso. E isso vem desmentir a noção ultrapassada de um lugar material, determinado, para abrigar um céu apático, moroso e indolente. Com uma pesquisa mais profunda e geral das parábolas, poderemos conhecer as regras que teremos de seguir quando o nosso planeta estiver evoluído a ponto de ser chamado de Reino de Deus – como, aliás já muitos existem em muitos planetas. É espantoso e admirável o trabalho de Jesus procurando nos explicar o que seria esse Reino. Mas com o surgimento do Espiritismo, tudo começa a se esclarecer: através da nossa evolução, com as encarnações e reencarnações de seres cada vez mais perfeitos, o nosso planeta se tornará de fato o Reino de Deus. Mas estamos no princípio do começo dessa preparação. Jesus já anunciou isso no passado e nós estamos observando no presente, com os desastres contínuos, violência e selvageria em plena rua, mortes coletivas, doenças que atingem o nosso atraso moral, etc. É espantoso e admirável que Jesus também já estivesse prevendo tudo isso e, não só nos alertando sobre o “princípio das dores” como descrevendo como iríamos atingir esse Reino de Deus, orientando o nosso comportamento para quando isso acontecer. Mateus Cap. 24, vers.6 a 8 – Jesus: E ouvirão falar de guerras e rumores de guerras; olhem, não

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se perturbem; porque é preciso que assim aconteça; mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá fomes e terremotos em vários lugares. Mas todas essas coisas são o princípio das dores. Tudo isso se encontra também nas previsões de Jesus aos Apóstolos e, com mais força ainda nas parábolas que falam da renovação planetária, aguardando a leitura e ampliando o nosso conhecimento, nossa fé e esperança.

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Alceu Nunes - Escritor espírita

Atendimento diário na FEESP sede Maria Paula A FEESP está aberta de 2ª a sábado, das 8h às 21h30. Procure o DEPOE (Departamento de Orientação Espiritual) e você será atendido gratuitamente. Aos domingos a FEESP está aberta das 8h às 17h, com palestras públicas ou eventos e assistência espiritual


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Palestras

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PALESTRAS PÚBLICAS AOS DOMINGOS E EVENTOS DA FEESP Sede Central – Rua Maria Paula, 140 – Bela Vista – São Paulo

AGOSTO / 2015

02/08 O PECADO ORIGINAL Sérgio Luiz Moreira Valente 10h PALESTRANTE: ATRAÇÃO MUSICAL: Denise Perez Manzo e Leandro Gomes TEMA:

domingo

09/08 TEMA: O DOGMA DA SANTÍSSIMA TRINDADE Amilton Aparecido Rodrigues 10h PALESTRANTE: ATRAÇÃO MUSICAL: Orquestra e Coral Carlos Gomes

COS, ARDEC ALLAN K TUDOS FILOSÓFI ITA PÍR ES R PARA TRINA ES U TO O D AU A O D ........ 1857 OBRAS D S E RELIGIOSO .................... ... 1858 CO .................... .......... 9 .................... .............................. CIENTÍFI ..... ............ 185 ....................

..... ..... S ESPÍRITO ................................... ................................... ............ 1860 RO DOS ..... ITA .......... I - O LIV .................... .................... .............. 1861 STA ESPÍR ITA ......................... .............................. II - REVI .................... ............ 1861 ..... PÍR ..... ..... ES ..... ..... A ..... ..... ST ..... III - REVI A ESPÍRITA .......... ................................... .............................. ...... 1862 ST ..... S ..... .................... 3 IV - REVI MÉDIUN ................................... .................... ........................ 186 RO DOS .................... V - O LIV A ESPÍRITA .......... .......... .. 1864 .................... .............................. ST .................... 1864 ..... ITA.......... ..... ..... VI - REVI PÍR ..... ..... ES STA O............... .................................. .................... SM ITA 5 ITI VII - REVI PÍR 186 PIR ..... .......... .............. VISTA ES SEGUNDO O ES .................... .............................. ........... 1865 VIII - RE O ..... ANGELH ..... .................... 6 IX - O EV ITA.......... ................................... .............................. .............. 186 ..... ..... STA ESPÍR ..... ..... ..... ..... ..... ..... 7 X - REVI E O INFERNO ..... ..... .................... .............................. .............. 186 U ITA.......... ..... XI - O CÉ .................... ........... 1868 STA ESPÍR ITA ......................... .............................. ..... VI ..... RE ..... I 8 ..... XI .................... .............................. .......................... 186 STA ESPÍR ..... VI ..... RE XIII .......... PÍRITA .......... ... 1869 VISTA ES ITA......................... .............................. .................... XIV - RE .................... ..................... 1869 ............... A ESPÍR ..... ..... ST ..... VI ..... ..... ..... RE 0 .......... XV .......... ............... ......... 189 NESE ..... .................... .............................. .................... XVI - A GÊ STA ESPÍRITA..... .................... .................... VI XVII - RE IAÇÃO ESPÍRITA ................................... IC ..... XVIII - IN S PÓSTUMAS ..... RA XIX - OB

domingo

16/08 MEDICINA PSICOSSOMÁTICA Valdete Zorate dos Santos 10h PALESTRANTE: ATRAÇÃO MUSICAL: Júlia Lorenzini Mendes TEMA:

domingo

23/08 TEMA: O CÉU, O INFERNO E A JUSTIÇA DIVINA Cristiane Maria Colasurdo L. Fortunado 10h PALESTRANTE: ATRAÇÃO MUSICAL: Marco Antonio e Thiago Sivila domingo

29/08 Espetáculo Teatral 18h30 sábado

ENTRE MUNDOS Cia Fluir Encena | Texto e Direção Silvano Soares

30/08 EPILEPSIA E OBSESSÃO Rosana Batalha Navajas 10h PALESTRANTE: ATRAÇÃO MUSICAL: Marcos Antonio Silva e Silvia Regina Orfão TEMA:

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CAPA 201


Projeto Socioeducativo Incentivo Ă cultura


No site WWW.tvaberta.TV.br ao vivo às 12h! Os programas já apresentados encontram-se no Portal da FEESP. www.feesp.org.br ou no YouTube www.youtube.com/umsentidoparasuavida Novidade: Toda sexta-feira, às 20:00, o programa estará disponível também no portal da FEESP.


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