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Sumário Rede Regional de Ciências: Formação Continuada da Zona Sul do RS ....................................... 3 Resumo ..................................................................................................................................... 3 Resumen ................................................................................................................................... 3 Introdução.................................................................................................................................. 4 O que pensamos sobre a Formação Continuada ...................................................................... 6 O Pronecim e as atividades extensionistas de Formação Continuada ...................................... 8 Rede Regional de Ciências ....................................................................................................... 9 As ações do Programa em Formação Continuada .................................................................. 10 Ciências na Educação Infantil .............................................................................................. 10 Fundamentos das Ciências nas séries finais do ensino fundamental................................... 11 Matemática nos anos finais do ensino fundamental ............................................................. 11 Instrumentalização para o ensino da Química ..................................................................... 12 Espaço Ciência .................................................................................................................... 12 E o produto? ............................................................................................................................ 13 1ª Feira de Ciências e Matemática da Metade do Sul do Rio Grande do Sul .............................. 15 Trabalhos Premiados ............................................................................................................... 15 A Automedicação, o Consumo Abusivo e o Descarte .......................................................... 15 Tabagismo/Alcoolismo ......................................................................................................... 17 Sacola Matemática ............................................................................................................... 19 Meio Ambiente e Sustentabilidade ....................................................................................... 20 Diversidade do Ecocamping Municipal de Pelotas ............................................................... 22


Rede Regional de Ciências: Formação Continuada da Zona Sul do RS Vitor Hugo Borba Manzke, Dr. vimanzke@gmail.com Vera Lúcia Bobrowski, Drª. vera.bobrowski@gmail.com Rita Helena Moreira Seixas, Me. ritamseixas@hotmail.com Instituições: Instituto Federal Sul-rio-grandense/Campus Pelotas-Visconde da Graça Universidade Federal de Pelotas/Instituto de Biologia

Resumo

A

formação continuada de professores é um tema que tem gerado ansiedade e preocupação para as secretarias municipais de Educação em nossa região. O Pronecim

(Programa Núcleo de Estudos em Ciências e Matemática) em atenção à demanda oferece diversos cursos nas áreas do conhecimento indicadas pelos secretários municipais como carentes de atendimento mais especializado. A Rede Regional de Ciências surgiu como uma possibilidade de ampliação das ações de formação continuada dirigida aos professores do ensino básico que o Pronecim oferecia exclusivamente em suas dependências, no Campus PelotasVisconde da Graça, no município de Pelotas. Com a participação dos colegas professores que trabalham no ensino básico e com as demandas estabelecidas através dos contatos com os setores pedagógicos de diversas secretarias de Educação, foram estruturados cursos desde a educação infantil até o ensino médio. A Rede então passou ao atendimento dos vinte e três municípios da região delimitada pela Associação dos Municípios da Zona Sul - Azonasul, colaboradora do Núcleo nos contatos com seus associados. Nessa etapa foram oferecidos cinco cursos com participação que atende às metas estabelecidas. Palavras Chave: Formação Continuada, Ensino Aprendizagem, Ensino de Ciências. Resumen La formación continua de profesores es un tema que genera ansiedad y preocupación para las secretarias municipales de educación en nuestra región. El Pronecim (Programa Núcleo de Estudios en Ciencias y Matemática) en

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atención a la demanda ofrece diversos cursos en las áreas del conocimiento indicadas por los secretarios municipales como carentes de atendimiento más especializado. A Rede Regional de Ciencias surgió como una posibilidad de ampliación de las acciones de formación continua dirigida a los profesores de la enseñanza

básica

que

el

Pronecim

ofrecía

exclusivamente

en

sus

dependencias, en el Campus Pelotas-Visconde da Graça, en el municipio de Pelotas. Con la participación de los colegas profesores que trabajan en la enseñanza básica y con las demandas establecidas través de los contactos con los sectores pedagógicos de diversas secretarias de educación, han sido estructurados cursos en los niveles desde a educación infantil hacia la enseñanza media. A Rede entonces pasó al atendimiento de los veinte y tres municipios de la región delimitada por la Asociación de los Municipios de la Zona Sur - AZONASUL, colaboradora del Núcleo en los contactos con sus asociados. En esta etapa fueran ofrecidos cinco cursos con participación que alcanzó las metas establecidas. Palabras Clave: Formação Continuada, Ensino Aprendizagem, Ensino de Ciências. Introdução A região sul do Estado do Rio Grande do Sul é formada por vinte e três municípios e tem a cidade de Pelotas como polo regional. Conta com expressiva população escolar com mais de onze mil alunos em educação infantil, cento e trinta mil no ensino fundamental e cerca de trinta e três mil alunos no ensino médio. O INEP aponta ainda uma população escolar de mais de cento e setenta e cinco mil alunos e cerca de oito mil professores distribuídos desde a educação infantil até o 3º ano do ensino médio. Pelotas, por exemplo, apresenta um IDEB observado de no máximo 3,6 que se caracteriza como média regional. Nesse contexto, surgiu há seis anos o Programa Núcleo de Estudos em Ciências e Matemática - Pronecim, que tem como norte atuar na formação continuada de professores do ensino básico e na promoção de eventos como Feiras de Ciências e o Simpósio Sul-rio- grandense de Professores de ciências e matemática.

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Nessas atividades desenvolvidas pelo Núcleo ficou clara a necessidade de ampliar a área de abrangência para colocar em contato um número maior de professores do nível básico de ensino e futuros professores alunos das licenciaturas da área de Ciências, tanto do Campus Pelotas-Visconde da Graça/IFSul como os alunos da UFPel. Entendemos que um dos principais objetivos da Educação Básica é levar os estudantes à construção de conhecimentos que os auxiliem na compreensão do mundo em que vivem. A perspectiva, a partir da qual se trabalha, é a de que tal compreensão determinará o modo como os estudantes se relacionarão com o mundo, mas como partícipes ativos e transformadores da sociedade e não como meros coadjuvantes. Para isso é de fundamental importância que os professores estejam devidamente preparados. É cada vez mais evidente a importância política e social do conhecimento e dele se sobressai o conhecimento científico. Porém, não há consciência, por parte dos alunos do ensino básico, dos acadêmicos das licenciaturas e de muitos professores, de como a atividade científica e tecnológica participa e afeta nosso cotidiano. É importante, por exemplo, que nas experiências vivenciadas por alunos e professores seja promovida uma aproximação eficaz com o conhecimento pedagógico, social, científico e tecnológico. A proposta de criação da Rede como ambiente de formação continuada justificou-se basicamente por pretendermos identificar experiências didáticas vivenciadas pelos professores nas áreas de Ciências da Natureza e Matemática, no âmbito das escolas públicas e, a partir deste conhecimento, caracterizar o nível de envolvimento que os professores mantinham com suas salas de aula. Assim, tornou-se de grande importância a promoção do debate sobre diferentes metodologias alternativas em relação às propostas mais tradicionais de ensino como, por exemplo, o uso exclusivo do livro didático em sala de aula. Com isso, estimulamos os professores a participarem de eventos relacionados a sua formação continuada. Aos futuros professores (formação inicial) observamos a possibilidade de um processo interativo onde a vivência das experiências didáticas e pedagógicas discutidas durante os cursos lhes indicaria caminhos na sua futura atuação docente. Por sua vez os alunos do ensino básico tiveram a oportunidade de dar significado aos conteúdos

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desenvolvidos em sala de aula, enquanto a comunidade escolar pode acessar através de eventos e palestras de popularização das ciências. O que pensamos sobre a Formação Continuada O tema “formação de professores” tem sido apontado pela sociedade e reforçado com a divulgação de dados de pesquisas, através dos meios de comunicação, como de importância global devido aos altos índices de reprovação, evasão e exclusão social na escola básica de países como Brasil e Espanha. Os números negativos encontrados no último informativo do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA-sigla em inglês) têm mostrado a situação precária do ensino em áreas como a Matemática e as Ciências Físicas e Biológicas, no mundo inteiro. Daí conclui-se que a escola pública não ensina, o professor é despreparado e, portanto, o culpado pela má qualidade do ensino, pelo analfabetismo e pela não aprendizagem das disciplinas consideradas mais complexas, como, por exemplo, a Matemática. Entretanto, deve-se salientar a existência de muitas propostas alternativas de metodologias de ensino as quais, como já foi dito anteriormente, estão restritas ao ambiente de uma determinada escola, que não tem o espaço, nem meios para divulgar suas experiências para outras, ou seja, não ocorre um intercâmbio que seria importante para uma evolução em termos didáticopedagógicos. O Ministério da Educação/MEC, por sua vez, tem deixado claro sua preocupação sobre o tema. Prova disso são os vários programas e projetos desenvolvidos pelas Secretarias do MEC que se ocupam da formação continuada. Exemplo disso pode ser encontrado no Programa de Extensão Universitária - Proext, promovido pela Secretaria de Ensino Superior/SESu, que anualmente lança um edital onde um dos tópicos de financiamento é especificamente a formação continuada de professores do ensino básico. Um exemplo claro de prioridade de Governo é o fato da Capes historicamente voltada a Programas de Pós-Graduação ter criado uma Secretaria específica para tratar do ensino básico e aí estabelecer o Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica/Parfor. Outro exemplo que pode ser citado foi a criação no ano de 2004 da Rede Nacional de Formação Continuada de Professores - Renafor, pela Secretaria da Educação Básica -

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SEB/MEC, com o objetivo de contribuir para a melhoria da formação dos professores e alunos. O público-alvo prioritário da rede são professores de educação básica dos sistemas públicos de educação. No ano de 2010, novas instituições de ensino superior públicas, federais e estaduais foram integradas à Rede, com o objetivo de ampliar a oferta de cursos nas áreas de alfabetização e linguagem, educação matemática e ensino de Ciências, entre outras áreas do conhecimento. Deve-se questionar aqui o tipo de relação que as academias estabelecem nas práticas pedagógicas que servirão de modelo para o professor na educação básica. Como se dá a construção do conhecimento no interior das salas de aula, aos futuros professores? As respostas dadas a essas perguntas muito provavelmente levarão à constatação de que os professores da educação básica reproduzem em suas aulas exatamente o que o ambiente acadêmico universitário abomina: a transmissão dos conteúdos, como

verdades

absolutas.

O

encastelamento

academicista

cria

um

distanciamento entre a universidade e a educação básica. No entanto, e felizmente, muitos professores do nível básico já superaram a fase da verdade absoluta e passaram a questionar a academia e, por vezes, a excessiva teorização.

Felizmente,

também,

algumas

instituições

superiores

se

aproximaram e trabalham na promoção e evolução da educação básica, ultrapassando barreiras e preconceitos. As dimensões pensadas por diversos autores que escrevem sobre formação continuada de professores apresentam, por vezes, vieses bastante diferenciados. Afinal, o que é formação continuada? Quando se discute formação continuada, a ideia principal está voltada aos projetos onde as ações, previamente estabelecidas e planejadas, atenderão a demandas identificadas e os objetivos traçados passaram pela avaliação dos professores no exercício do magistério, conforme propostas elaboradas por esse coletivo. É certo dizer-se que muitas dessas demandas são ações reprimidas que o próprio professor desenvolveu em sua sala de aula e não teve a oportunidade nem o ambiente apropriado para a socialização dos recursos didáticos produzidos. Nesse sentido, Novoa (1997) comenta que “atualmente é a formação contínua de professores que se encontra na ordem do dia...”, diz ainda que “não há ensino de qualidade, nem reforma educativa, nem inovação

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pedagógica sem uma adequada formação de professores”. Falsarella (2004) diz que entender o docente como um profissional responsável apenas pela transmissão do conhecimento é um conceito ultrapassado que vem sendo questionado e revisto. Como Rodrigues (2011), entendemos que a formação continuada tem de ser coerente, integrada e sistemática, no tempo e ação docente. A formação continuada que importa deve desenvolver-se como parte integrante do quotidiano, através de projetos de formação criteriosa e conscientemente fundamentada. Neste sentido, e sustentada em diversos autores, a autora diz ainda que é preciso desenvolver com os professores e educadores um trabalho de formação de “exigência continuada”, capaz de conduzir a mudanças de perspectiva e, posteriormente, a novas práticas - a práticas inovadoras, pela atitude e valores que introduzem, para fazer emergir uma outra cultura de educação cientifica. Diz ainda que o modo como se ensina as Ciências tem a ver com o modo como se concebe a Ciência que se ensina, e o modo como se pensa que o outro aprende o que se ensina, bem mais do que o domínio de métodos e técnicas de ensino. A permanente formação pelo professor em atividade parte de um pressuposto lógico nos dias atuais. Os conhecimentos trazidos de sua formação inicial e a inércia de grande parte dos sistemas públicos de ensino levam o profissional do magistério à situação de que os conhecimentos adquiridos tornam-se insuficientes e ultrapassados devido à rápida evolução do ambiente científico das academias, exigindo atualização constante sobre as tecnologias e novos conhecimentos produzidos. O Ensino de ciências carece de uma reestruturação capaz de levar a sociedade

a

pensar

ciência

de

maneira

completamente

diferente,

desmistificada, palpável. Devemos orientar nossas ações de popularização das Ciências, como forma de superar os anseios da sociedade. Por certo, um dos caminhos é o trabalho constante e permanente de formação continuada e uma competente formação inicial dos futuros professores. O Pronecim e as atividades extensionistas de Formação Continuada O Pronecim – Programa Núcleo de Estudos em Ciências e Matemática, é um Programa que desenvolve atividades de Extensão, Pesquisa e Pós-

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Graduação voltadas à educação básica. Está localizado no Campus PelotasVisconde da Graça, do Instituto Federal Sul-rio-grandense - IFSul, mas seu corpo docente é formado por professores do CAVG/IFSul e da Universidade Federal de Pelotas - UFPel. Em seis anos de intensas atividades, o Núcleo tem recebido apoio integral da Azonasul - Associação dos Municípios da Zona Sul do Estado do Rio Grande do Sul, e, por conseqüência, do Fórum de Secretários de Educação, que são órgãos que congregam todos os vinte e três municípios da região onde estamos inseridos. O reconhecimento do MEC, através da Secretaria de Educação Básica, e de outros órgãos financiadores, como Capes e CNPq, têm sido muito importantes na continuidade dos trabalhos. Rede Regional de Ciências O Programa Rede Regional de Ciências é subdividido em seis subprojetos, cada um apresentando estrutura própria de desenvolvimento, mas complementares no atendimento aos objetivos traçados no Programa. Contávamos com a participação dos professores dos sistemas públicos no sentido de que continuasse sendo expressiva na sequência dos cursos, pois sempre colaboraram na construção de cada proposta, no desenvolvimento, na execução e na avaliação das atividades desenvolvidas no Núcleo, com o qual mantêm uma relação democrática. Para permitir maior organização e otimização das ações da Rede a região de abrangência do Pronecim foi dividida em cinco polos: O Polo de número 1 teve o município de Jaguarão como sede, somando-se os municípios de Arroio Grande, Pedro Osório, Herval e Cerrito; o Polo número 2 teve Pelotas como sede, e os municípios de Arroio do Padre, São Lourenço do Sul, Capão do Leão e Turuçu; o Polo 3 foi estruturado por Santa Vitória do Palmar, como sede, e mais os municípios Chuí, Rio Grande e São José do Norte; já o Polo 4 contou com Canguçu como sede, mais os municípios de Morro Redondo, Amaral Ferrador, Encruzilhada e Santana da Boa Vista e, por último, o Polo 5, que teve Piratini como sede e os municípios de Aceguá, Pedras Altas e Pinheiro Machado como associados. Cada município contou com um professor, considerado Coordenador Municipal do Programa. Sua função foi organizar todas as atividades a serem

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desenvolvidas em sua cidade e colaborar nas ações do Polo de sua microrregião. A Secretaria de Educação disponibilizou espaço físico necessário para a recepção das ações do Programa, que se utilizou das áreas físicas existentes nas escolas. Coube ao Pronecim a Coordenação Geral do Programa e a indicação dos professores ministrantes de cursos, e a avaliação e seleção dos professores indicados pelos municípios para atuarem na Coordenação do Polo e como coordenadores municipais nos demais municípios. Todos os professores

envolvidos

(coordenadores,

colaboradores,

professores

ministrantes, etc), no Programa, receberam bolsas para desempenharem tais atividades através da Capes em seu Programa denominado Capes - Educação Básica, específico para docentes nesse nível de ensino. As ações do Programa em Formação Continuada Através dessas ações procuramos promover a construção de um espaço didático, de troca de experiências científicas e pedagógicas entre professores que atuam desde a educação infantil até o ensino médio, visando ao desenvolvimento de um ensino contextualizado e com significado social. O corpo docente do Pronecim esteve presente constantemente em cada Polo para a organização das atividades propostas através dos diversos projetos estruturadores deste Programa. Todas as palestras, minicursos e eventos programados tiveram a participação da equipe do Núcleo. Os cursos oferecidos versaram sobre: Ciências na Educação Infantil, Fundamentos das Ciências nas séries finais do ensino fundamental, Matemática nos anos finais do ensino fundamental e a Instrumentalização para o ensino da Química. Além disso, foi criado o Espaço Ciência concomitante ao Simpósio Sul-rio-grandense de Professores, promovido pelo Núcleo, e ocorrerá o I Colóquio de Professores da Rede Regional de Ciências. A seguir apresentamos um pequeno detalhamento de cada um dos cursos. Ciências na Educação Infantil Ciências na Educação Infantil visa a atender a demanda identificada nos cursos de formação continuada desenvolvidos pelo Programa Núcleo de Estudos de Ciências e Matemática - Pronecim/UFPel, durante as diversas

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atividades ocorrentes nos últimos anos, nas quais os colegas professores das redes municipais e estaduais de Educação, além dos alunos da UFPel oriundos das diversas licenciaturas, relataram as dificuldades e a necessidade da discussão do ensino de Ciências voltado à educação infantil. A proposta deste curso de 40 horas foi, então, abrir um espaço de discussão de propostas metodológicas que permitam aos professores promover o estudo de Ciências e da Matemática com significância para si e para os alunos. Fundamentos das Ciências nas séries finais do ensino fundamental Nos dias de hoje, existe uma deficiência em termos de estrutura física e material didático adequado para o ensino de Física e Química em escolas de ensino fundamental na rede pública da região sul do RS, mais especificamente no que se refere a atividades experimentais. Este curso teórico/prático, com foco nos estudos da Química e da Física, atendeu a docentes do ensino fundamental das oitava séries, com carga horária de 60h. O objetivo foi buscar metodologias alternativas para a sala de aula, através de atividades experimentais, e preparo de material didático para estas atividades, por intermédio do desenvolvimento de “kits” de Física e Química em sala de aula. Além disso, ocorreu uma revisão da literatura que permitiu a elaboração de material didático escrito. Matemática nos anos finais do ensino fundamental É de conhecimento geral que o ensino, no Brasil, tem obtido precários resultados, tanto no que diz respeito aos estudos, que envolvem principalmente habilidades na leitura e escrita, quanto no desenvolvimento de estudos de Matemática. Particularmente, em se tratando desses últimos, as limitações com que as crianças chegam, por exemplo, à quinta série do nível Fundamental dificultam seus estudos nesse estágio e nos seguintes. De acordo com os dados do Sistema Nacional de Avaliação da Escola Básica (Saeb), em 2001, 59% dos alunos brasileiros da 4ª série do ensino fundamental não desenvolveram competências elementares de leitura e 52% demonstram profundas deficiências em Matemática. O papel do lúdico nos processos educativos; a história do desenvolvimento da Matemática e sua relação com o ensino desta área nas escolas básicas; a relação da Matemática com outras

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áreas do conhecimento humano e o reflexo disso com o ensino no nível fundamental; e estratégias didáticas para o ensino da Matemática no nível fundamental foram temas abordados durante as 40h do curso. Instrumentalização para o ensino da Química Instrumentalização para o ensino da Química para os professores que estão em constante atualização, a realização de atividades didáticas alternativas é uma tarefa comum na sua rotina educacional; entretanto parece que isso não se constituiu em regra e muitos não divulgam suas experiências didáticas alternativas. De modo geral, os profissionais que desenvolvem esse tipo de atividade deixam as mesmas restritas a sua sala de aula, sem proporcionar aos outros professores a possibilidade de testá-las com outros alunos. O desinteresse dos discentes pelo estudo da Química deve-se, em geral, à falta de trabalhos experimentais como importante meio de interconexão teoria - prática no ensino da disciplina. Por outro lado, os professores usam o argumento para a inexistência da experimentação baseados na falta de espaço físico, equipamentos e reagentes. As escolas por sua vez não disponibilizam esse espaço e condições para o desenvolvimento da experimentação. Um dos nossos objetivos foi oportunizar, na formação continuada de docentes da educação fundamental e média, a discussão sobre o ensino de Química, discutindo as alternativas para a melhoria no processo ensino- aprendizado, acompanhado da produção de textos didáticos para a contextualização do ensino e do preparo de material didático alternativo, para atividades experimentais em sala de aula. As atividades transcorreram em um período de 40 horas, tendo como um dos principais objetivos o de promover o intercâmbio ensino superior-ensino básico. Espaço Ciência No Espaço Ciência, presente em cada município, ocorreram atividades de popularização das Ciências, pois ele foi pensado para que sejam organizadas mostras de experiências ocorrentes nas salas de aula do município. Nele o professor tem acesso a computador conectado à rede mundial, poderá realizar trabalhos e participar de debates que o Pronecim pretende promover via EAD já estruturada no Campus CAVG/IFSul. Foi nesse

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ambiente interativo entre ciência e comunidade que se promoveu a inclusão científica

para

professores,

alunos

e

comunidade,

considerando

as

oportunidades oferecidas para a vivência das Ciências em meio a palestras e visitação ao Museu Itinerante da PUC/RS - Promusit. Já o I Colóquio de Professores da Rede Regional de Ciências - outra ação da Rede, tem por objetivo reunir os professores que participaram dos cursos de formação continuada citados anteriormente. O Colóquio deve constituir-se no fórum de debates sobre as atividades, os produtos desenvolvidos e o impacto dessa ação na sala de aula do ensino básico. São mais de 200 professores participando durante 10 horas dos temas referenciados. E o produto? Após o desenvolvimento de praticamente todas as ações que estavam previstas para a Rede Regional de Ciências para o ano de 2010/11, podemos dizer que ela é uma realidade com atividades que tendem a permanecer. As metas estabelecidas quanto à participação de professores nos cursos realizados nos cinco polos atenderam às expectativas. Com mais de seiscentos professores inscritos para participarem dos cursos, em vários momentos as inscrições necessitaram de fila de espera. A participação dos alunos das licenciaturas no desenvolvimento das atividades nos permitiram identificar o interesse que os mesmos têm em vivenciar este ambiente pedagógico. Já a participação dos alunos do ensino básico superou totalmente as expectativas, pois até o momento já passaram pelas diferentes ações mais de vinte e dois mil alunos. Portanto, a Rede Regional de Ciências é uma ação extensionista que vem ratificar a necessária relação das instituições de ensino superior com aquelas que se dedicam ao ensino básico. É na interação desses entes públicos que poderemos estruturar uma educação básica com muito mais qualidade.

Referências Bibliográficas NOVOA, Antonio (1997) - Os professores e sua formação. Lisboa. Dom Quixote 1997.

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FALSARELLA, Ana Maria - Formação continuada e prática de sala de aula. Campinas, SP, Autores Associados.

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1ª Feira de Ciências e Matemática da Metade do Sul do Rio Grande do Sul Proporcionar aos alunos, docentes e futuros professores da educação básica pública a oportunidade de contextualizar o conhecimento produzido no ambiente escolar e difundir a ciência. Esses foram alguns dos objetivos da Feira de Ciências e Matemática da Metade Sul do Rio Grande do Sul (Fecimes), em sua primeira edição, realizada na Escola Estadual Cassiano do Nascimento, em Pelotas. O evento tem a coordenação do Pronecim. Participaram trabalhos oriundos de instituições públicas de ensino selecionados previamente nas feiras municipais de Ciências. Os seis trabalhos premiados, com o nome dos respectivos autores, turmas, municípios e escolas, estão nesta edição da Educar + . Trabalhos Premiados A Automedicação, o Consumo Abusivo e o Descarte Área: Ciências Instituição: Escola Estadual Ensino Médio Engº Frederico Horta Barbosa Autores: Professora: Jucimara Oliveira de Almeida Alunos: Lucas de Campos Drumm e Maria Jaqueline Kobs

Os acidentes e as intoxicações são as maiores causas de mortes de crianças dos quatro até os doze anos de idade no Brasil. Os medicamentos são os principais responsáveis pelas intoxicações seguidos pela ingestão de domissanitários e inseticidas. Temos como objetivo alertar a sociedade sobre os riscos da alta medicação, os cuidados que se deve ter com medicamentos e seu descarte e a influência da propaganda no consumo. O nosso trabalho se deterá mais no consumo do paracetamol, vendido de maneira assustadora nas farmácias. Fizemos entrevistas, pesquisas em sites e construção de tabelas com dados. Quantidades fabulosas de remédios são consumidas sem receita e muitas vezes sem necessidade, devido em alguns casos à influência da

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propaganda em nosso meio. O sabor doce dos remédios infantis e as apresentações de drágeas multicoloridas em frágeis e inseguras embalagens, em muito contribuem para esses acidentes, incentivando também a prática da automedicação. Concluímos que temos que tomar cuidado com todo o uso de medicamentos, pois eles causam sempre reação, até mesmo aqueles que consideramos mais “bobos” ou comuns. Exemplos são os analgésicos e antitérmicos, medicamentos que não faltam em nossa casa.

Referências Bibliográficas: MORAES, Roque, ROSITO, Berenice Álvares, RAMOS, Maurivan Guntzel, BORGES, Regina Mª Rabello. Livro Unidades Experimentais: Uma contribuição para o Ensino de Ciências, Editora Sagra-DC Luzatto. Site da ANVISA e o site do CIT/RS(Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul).

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Tabagismo/Alcoolismo Área: Matemática Instituição: Instituto Estadual de Educação Ponche Verde Autores: Professora: Tania Regina de Avila Furtado Neitzke Alunos: Luana Bandeira Barão e Tiago de Oliveira Dias

Introdução O que motivou para a realização deste trabalho foram relatos dos próprios alunos que sofrem com o alcoolismo e com o tabagismo, tendo pessoas da família dependentes do álcool e fumo, muitos destes correndo risco de morte, sem falar dos prejuízos causados no convívio social e familiar. Objetivos Apresentar as principais causas do tabagismo e alcoolismo; refletir sobre os conceitos comparando-os com a atualidade e com os dados colhidos, tabulados e pesquisados na escola; reconhecer os efeitos nocivos causados pelo álcool e cigarro para a saúde e sociedade em geral. Material e Métodos: Os alunos pesquisaram sobre os problemas que o álcool e o fumo provocam à saúde e elaboraram um questionário que foi aplicado na própria escola I. E. E. Ponche Verde nos cursos normal, técnico, ensino médio e EJA. Foram entrevistados 294 alunos no tema sobre o álcool sob a responsabilidade do bloco 7B e 409 alunos com o tema tabagismo tendo como responsáveis o bloco 7ª. Resultados e Discussão Após a realização da pesquisa na escola os alunos tabularam os resultados, fizeram cálculos percentuais, construíram gráficos e apresentaram sob forma de seminário. Conclusão Os resultados foram muito positivos, os alunos concluíram que as drogas que mais viciam e matam no Brasil são as vendidas livremente nas padarias, bares e supermercados: o cigarro e as bebidas alcoólicas. O hábito de fumar e beber inicia-se muito precocemente. Na maioria das vezes o vício origina-se pelo exemplo dos pais que fazem uso de fumo e/ ou bebidas em casa. Em outras, a influência pode vir de amigos que instigam o jovem a

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experimentar o cigarro ou a bebida. A prevenção inicia-se na infância, com diálogos, exemplos e, sobretudo, uma clara noção de limites. Obs: Apresentação em forma de banner.

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Sacola Matemática Área: Física/Matemática Instituição: Instituto Estadual de Educação Ponche Verde Autores: Professora: Mariza Madruga Alunas: Geovana Farias Martins e Paola Vaz Mendes

Introdução O presente projeto visa que o aluno compreenda melhor o conteúdo estudado e apresentado pela professora. Os alunos criam jogos didáticos relacionados com os conteúdos e cada turma tem uma “Sacola Matemática”. Os jogos criados são colocados nas sacolas para depois, serem usados em sala de aula. Material Sucata, sacolas, internet, livros, etc. Métodos O trabalho é desenvolvido em sala de aula com o conteúdo estudado, sendo solicitado aos alunos de cada grupo de cada série de cada Sacola Matemática, a criação de jogos relacionados com o conteúdo. Resultados O resultado foi de grande valia para os alunos, pois os mesmos passaram a compreender e memorizar melhor os conteúdos, perdendo o receio da Matemática. Conclusão O Projeto teve uma boa aceitação por parte dos alunos, em todas as turmas e o mesmo colaborou muito na aprendizagem, tornando a Matemática mais prazerosa e de melhor compreensão.

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Meio Ambiente e Sustentabilidade Área: Educação Ambiental Instituição: E.M. Prof. Dias Autores: Professora: Leila Machado Boaventura Alunas: Adélia Rita Coelho Nunes e Lucilea Silva de Souza

O presente projeto desenvolveu-se durante a Semana do Meio Ambiente, com a inalidade de conscientizar os alunos da EJA da E.M. Prof. Dias, em Santana do Livramento-RS, obre a importância da preservação ambiental através de atitudes sustentáveis, tendo como responsável a professora Leila Machado Boaventura, e as alunas Adélia Rita Coelho Nunes Leite e Lucilea Silva de Souza. Dentro das temáticas ambientais, trazíamos questionamentos: Como é hoje a nossa realidade ambiental?; Existe consciência sobre a necessidade de mudar hábitos? Entendendo a escola como um dos agentes fundamentais para a divulgação dos princípios da Educação Ambiental, que deve ser abordada de forma sistemática e transversal em todos os níveis de ensino, os conteúdos devem permear todas as disciplinas e estarem contextualizados com a realidade, para que, dessa forma, o aluno perceba a correlação dos fatos e tenha uma visão integral do mundo em que vive. A realização do projeto tem por objetivo a promoção de ações educativas que resultem numa melhor qualidade de vida, localizando problemas, fazendo descobertas e buscando soluções voltadas para a proteção

do

meio

ambiente

e

conservação

dos

recursos

naturais,

compreendendo que a sustentabilidade não é um dom, mas sim realização dos homens. Para promover ações educativas que resultem numa melhor qualidade de vida e com a finalidade de localizar problemas, a 1ª semana de junho foi usada para elaboração do projeto e embasamento teórico. Através das informações

adquiridas,

foram

confeccionados

cartazes

e

maquetes

caracterizando ambientes sustentáveis e impactos ambientais. Com o objetivo de selecionar e reciclar os resíduos, visitamos uma cooperativa de reciclagem.

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Vídeos e peça de teatro, protagonizada pelos alunos, enriqueceram o trabalho, demonstrando a importância de conhecermos a percepção dos envolvidos em projetos ambientais, para que os mesmos tenham êxito. A metodologia usada foi consulta bibliográfica, vídeos, pesquisa de campo, trabalhos em grupos, visita à usina de reciclagem, apresentação do vídeo “Mudança do clima, Mudanças de vida” músicas, construção de maquetes com material reciclado, papel crepom, cartoflex, isopor, tinta, palitos, madeira, pinha, sonda, mangueira, recipiente plástico, argila, pedra, objetos plásticos, fio de nylon, tnt, folhas de ofício dentre outros. Esta experiência representa o início de um trabalho que deverá ser contínuo. O sucesso deste projeto pode ser avaliado através da mudança de comportamento, reformulação de conceitos e formação de consciência crítica na maioria de nossos alunos.

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Diversidade do Ecocamping Municipal de Pelotas Área: Biologia Instituição: Colégio Municipal Pelotense Autores: Professora: Alunos:

Introdução Questões voltadas à preservação do meio ambiente são atuais e devem fazer parte do cotidiano da sala de aula. O conhecimento do meio onde vivemos é fundamental para que estratégias voltadas a sua preservação possam ser adotadas. Na maioria das vezes, o conteúdo de Biologia abordado em sala de aula é pouco contextualizado e de difícil entendimento para os alunos. No que diz respeito ao conteúdo de Ecologia, é amplo e os exemplos utilizados nos livros didáticos não contemplam a região de Pelotas. Partindo da necessidade de tornar as aulas de Biologia mais contextualizadas, utilizando exemplos de animais e plantas da nossa região, estudou-se um ecossistema local e de fácil acesso, que representa a nossa realidade. Dessa forma, conceitos teóricos, considerados pelos alunos de difícil compreensão, foram vivenciados na prática. O Ecocamping Municipal de Pelotas, um ecossistema com mata nativa (resquício de Mata Atlântica), localizado junto à orla da Laguna dos Patos, próximo ao centro da cidade, mostrou-se um ambiente ideal para trabalhar os conceitos de Ecologia, bem como conceitos ambientais atrelados à importância da preservação desse ambiente para a manutenção da biodiversidade local. Além de abrigar uma grande riqueza de fauna e flora, representativas da nossa região, o Ecocamping apresenta trilhas no interior da mata e possui infraestrutura para receber os estudantes, facilitando o desenvolvimento de atividades pedagógicas no local. Objetivos - Conhecer a diversidade da fauna e flora de um ecossistema local, o Ecocamping Municipal de Pelotas; - Divulgar a riqueza e a importância desse ecossistema; - Despertar para a consciência ecológica a partir de palestras e atividades diversas;

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- Estimular a conscientização para a preservação do Ecocamping, partindo de atividades com alunos das séries iniciais. Metodologia A atividade foi proposta e realizada com alunos que cursam o Ensino Médio do Colégio Municipal Pelotense, no município de Pelotas, Rio Grande do Sul. O trabalho teve início a partir do planejamento coletivo de como seria a visita ao Ecocamping e quais aspectos deveriam ser observados no local. Um roteiro para servir de guia foi elaborado e utilizado no dia da atividade de campo. Durante a visita registros fotográficos de plantas e de animais foram feitos. Também foram feitas observações sobre a conservação do local e da mata do entorno do Ecocamping. Após a visita realizou-se pesquisa na internet e em livros sobre o Ecocamping e sua diversidade (fauna e flora). Para cada planta e animal identificado, procurou-se informações sobre sua morfologia e comportamento. Imagens de animais também foram procuradas na internet para incrementar o trabalho. Uma pesquisa foi aplicada junto à comunidade escolar (alunos, pais, professores, funcionários). A pesquisa tinha como objetivo identificar se a comunidade escolar conhecia o Ecocamping e qual uso fazia do mesmo. Também foi feita uma visita à Prefeitura Municipal do município para levantar dados referentes ao Ecocamping e matas vizinhas. Resultados Constatou-se que existe uma grande riqueza de animais (mamíferos: gato-do-mato, mão-pelada; aves: bem-te-vi, sabiá-laranjeira, tesourinha; entre outros) e plantas (figueiras, orquídeas, bromélias, samambaias, entre outras) no Ecocamping Municipal de Pelotas. Embora muitos animais não tenham sido avistados durante a ida ao local, estes são citados na bibliografia como pertencentes ao ecossistema. Observações feitas pelos alunos exemplificaram de maneira prática como um ecossistema está estruturado: “Existe uma grande riqueza de aves no local, as quais se alimentam dos frutos das figueiras, estas por sua vez são árvores enormes que abrigam uma variedade de espécies epífitas, entre as quais orquídeas, samambaias, cactos e bromélias gigantes,

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dentro das quais também existe um “microecossistema”, que armazena água onde vivem larvas de insetos, anfíbios e outros animais”.Os alunos puderam perceber a partir destas observações que em um ecossistema todos os componentes encontram-se interligados e para a manutenção deste equilíbrio não pode ocorrer quebra nesta ligação.Também constatou-se que a intervenção humana vem provocando a quebra desse equilíbrio. A mata que fica no entorno do Ecocamping, e que também faz parte desse ecossistema, sofre com a ação antrópica. Lá foram observadas muitas clareiras feitas pelo homem para colocar o carro e fazer churrasco no verão, uma enorme quantidade de lixo depositado pela própria população foi observada, várias árvores foram queimadas e muitas plantas retiradas, principalmente a orquídea Cattleya intermedia, que coletada pela beleza de suas flores já não é mais observada ou pouco frequente nessa área. Essa situação motivou os alunos a desenvolver atividades de conscientização para incentivar a preservação do local. Então o que foi feito: 1) Num primeiro momento, para aguçar a curiosidade da comunidade escolar, e introduzir o assunto, vários cartazes com fotos de animais e de plantas que ocorrem no Ecocamping foram espalhados pela escola; assim como fotos de árvores queimadas e lixo encontrado na região. Os cartazes eram acompanhados de perguntas do tipo: Você conhece este animal? Você conhece essa planta? Sabia que ele (ou ela) vive no Ecocamping, próximo de nós? Esse lixo combina com a natureza? Você coleta plantas? É correto deixar lixo na natureza ou em qualquer lugar que você vá? 2) Foram publicadas matérias no jornal da escola e também no jornal de maior amplitude na cidade de Pelotas, divulgando a importância daquele ecossistema, a riqueza de sua fauna e flora e principalmente chamando a atenção

para

a

preservação

do

Ecocamping

através

de

atitudes

ecologicamente corretas: orientando a população a não deixar lixo no local, não queimar árvores e não coletar plantas. 3) A pesquisa realizada com a comunidade escolar indicou que a grande maioria dos alunos, pais ou responsáveis, não conhecia a importância e a riqueza da fauna e flora do ecossistema existente no Ecocamping.

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4) A partir disso, várias palestras sobre o assunto foram feitas para os alunos das turmas do Ensino Fundamental e Médio. A amplitude dessas iniciativas ficou visível nos alunos, pais, professores e funcionários da escola e também na população da cidade, pois alguns nos procuravam para saber mais sobre o assunto; outros para comentar como era linda a diversidade daquele lugar. 5) Órgãos municipais foram procurados para saber de o porquê aquele acumulo de lixo na mata, porque providências não estavam sendo tomadas. 6) Panfletos (Anexo) foram distribuídos no centro da cidade (esses panfletos apresentam a riqueza do ecossistema e ao mesmo tempo contêm atitudes ecologicamente corretas para frequentadores do local). 7) Um dos resultados mais satisfatórios obtidos foi com as crianças das séries iniciais (1º ao 4º ano), que responderam positivamente à proposta de trabalho e se mostraram entusiasmadas em conhecer e preservar o Ecocamping. Relatos de alguns pais constatam que a educação ambiental deve mesmo começar pelos desde cedo: “Ele (o filho) chegou na casa contando que tinha ouvido som de pássaros na aula, e que esses moram bem perto de nós e que devemos cuidar deles”. “Outra mãe relata que sua filha chamou sua atenção quanto ao fato de não jogar lixo no chão e separar o lixo.” 8) Visitas ao Ecocamping também foram feitas com crianças da escola. 9) Para conscientizar moradores e frequentadores do Ecocamping, no verão, época que muitas pessoas frequentam a praia e acampam no local, foi apresentado aos campistas um álbum com fotos de animais e mostradas as plantas que ali vivem, orientando o cuidado que esses devem ter com o meio ambiente, para que a diversidade seja mantida e preservada para as futuras gerações. Dessa forma, este projeto tem atingido seus objetivos, uma vez que ainda está em andamento, através da conscientização da comunidade escolar e da população em geral, incentivando a preservação de um ambiente que pode e deve ser desfrutado por todos sem agressão à natureza.

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