Revista INCAPER by Bumerangue Produção de Comunicação

i n ca p e r e m revista

Ano I • Nº 01 • Janeiro a dezembro de 2010

Incaper I n f o r m a t i v o E s p e c ia l d o I n s t i t u t o Ca p i x a b a d e P e s q u i s a , A s s i s t ê n c ia T é c n i c a e E x t e n s ã o R u r a l

em revista

Incaper: 10 anos de integração pesquisa-extensão Um ciclo virtuoso de investimentos e realizações

E n t r e v i s ta s : Presidente do Incaper Evair Vieira de Melo | Secretário de Estado da Agricultura Enio Bergoli

Expediente Publicação do Incaper Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural Rua Afonso Sarlo, 160, Bento Ferreira, Vitoria, ES, Caixa Postal 391, CEP 29052-010 Telefax: (27) 3137-9868 E mail coordenacaoeditorial@incaper.es.gov.br www.incaper.es.gov.br ISSN - 2179-5304 V. 1 N.1 Janeiro - Dezembro 2010 Editor - Incaper Tiragem - 10.000

Conselho Editorial Antonio Elias Souza da Silva - Presidente Luiz Antonio Bassani José Aires Ventura Liliâm Maria Ventorim Ferrão Luciano Macal Fasolo Célia Jaqueline Sanz Paula Varejão

GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Governador do Estado do Espírito Santo

Colaboradores nesta edição Adelaide Fatima Santana da Costa Alciro Lamão Nazarino Alessandra Mª da Silva Machado Aliamar Comério Antônio Carlos Cavalcanti de Souza Antonio Elias Souza da Silva Antônio Francisco F. Torres Aristodemos de Paiva Hassem Arrmando Fonseca Aymbire F. Almeida da Fonseca Bernadeth Bona Dutra Alves Célia Jaqueline Sanz Célia Kiefer Dalmo Nogueira da Costa Daniel do Nascimento Duarte David dos Santos Martins Durnedes Maestri Edegar Antônio Formentini Enio Bergoli da Costa Evair Vieira de Melo Fabiana Gomes Ruas Geraldo Mendes da Silva Gilmar Gusmão Dadalto Jacimar Luis de Souza João Anselmo Molino José Aires Ventura José Antônio Lani José Braz Venturim José Carlos Grobério José Carlos Pigatti José Clezer de Oliveira

José Geraldo Ferreira da Silva Juliana de Barros Valle Laudeci Maria Maia Bravim Lauro Koelhel Leandro Roberto Feitoza Leo Junior Liliâm Maria Ventorim Ferrão Lorena Fraga Costa Luciano Macal Fasolo Luiz Antonio Bassani Luiz Carlos Pereira do Sacramento Maria Amélia Gava Ferrão Maria da Penha Angeletti Maria da Penha Padovan Maria das Dores Perim Gomy Maria Goret Tose Maxwel Assis de Souza Paula Varejão Pedro Arlindo O. Galveas Pedro Carlos Cani Pedro L. P. T. de Carvalho Pierangeli Cristina Marim Aoki Rachel Quandt Dias Renata Setubal Lourenço Renato Correa Taques Ricardo Silva Baptista Romário Gava Ferrão Samir Serodio Amim Rangel Selma Aparecida Pereira Theomir Basseti Filho Tiago dos Santos

Paulo César Hartung Gomes Vice-Governador do Estado do Espírito Santo

Ricardo Rezende Ferraço SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA, ABASTECIMENTO, AQUICULTURA E PESCA Secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca – Seag

Enio Bergoli da Costa Subsecretário do Desenvolvimento Técnico

Gilmar Gusmão Dadalto Subsecretário Administrativo

Carlos Luiz Tesch Xavier INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISA, ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL - Incaper

Produção: Bumerangue Produção de Comunicação Coordenação: Antony Moreira Produção de textos: Patrícia M. S. Merlo Pesquisa em arquivo: Ana Paula Cecom Calegari Revisão de Texto: Rogério Arthmar Redação Ater: Fernanda de Albuquerque Fotografia: Alair Caliari / Acervo Incaper Ilustração de Mapas: DCM - Incaper Colaboração: Mario L. Fosse Criação, diagramação e projeto gráfico: Allan Ost, Roges Morais Impressão: Grafitusa

Diretor Presidente

Evair Vieira de Melo Diretor Técnico

Antonio Elias Souza da Silva

Permitida a reprodução total ou parcial dos textos desde que citada a fonte.

Sumário Editorial �� 06

4.9. U ma experiência em organização rural: o Polo de Manga ��50

1. Do novo rural à prosperidade compartilhada �� 08

4.10. Técnica da caixa seca pode ser a solução para amenizar problemas de seca e também de chuvas intensas ��51

2. Linha do tempo �� 12 3. P esquisa: ciência e tecnologia 10 inovações tecnológicas �� 16

5. Programas do Incaper �� 52

3.1. Variedade de café conilon Vitória Incaper 8142 ��18

5.2. D esenvolvimento da Fruticultura ��60

3.2. Bananas ‘Japira’ e ‘Vitória’– resistentes às doenças �� 19

5.3. Ações do Incaper na Pecuária de Leite ��78

3.3. Abacaxi ‘Vitória’ – resistente à fusariose ��20

5.4. Desenvolvimento Florestal ��83

3.4. Variedade de milho Capixaba Incaper 203 ��21

5.5. Corredores Ecológicos ��88

3.5. Inhame ‘São Bento’ ��22

5.6. O Novo Cenário da Pesca no Espírito Santo ��92

3.6. Mamão ‘Rubi Incaper 511’ – primeira variedade de mamão do grupo Formosa para o estado do Espírito Santo ��23

5.7. Desenvolvimento da Floricultura ��96

3.7. Poda programada de ciclo do café conilon ��24 3.8. S ystems approach – tecnologia que reabriu as exportações de mamão do Brasil para os Estados Unidos ��25 3.9. Plantio em linha do café conilon ��26 3.10. G alinheiro móvel ��27

4. A ssistência Técnica e Extensão Rural: 10 experiências de desenvolvimento rural �� 28 4.1. Comunidade de Pedro Canário organiza associação, diversifica trabalho e conquista desenvolvimento e renda familiar ��30 4.2. Mel deixa a vida mais doce em Alto Rio Novo ��34 4.3. Tecnologia social dá vida a ‘Cores da Terra’ ��35 4.4. Artesanato de fibra de taboa é garantia de renda para mulheres de comunidade quilombola ��38 4.5. O reaprendizado em viver e cultivar em comunidade é o segredo de sucesso do assentamento Córrego Alegre, em Nova Venécia ��40 4.6. Agricultura orgânica familiar de Santa Maria é referência de comercialização no estado ��42 4.7. Colhendo flores e frutos da perseverança ��44 4.8. Produção de leite em Ibitirama aumenta 500% ��48

5.1. Café Sustentável ��52

5.8. Políticas Sociais Rurais ��98 5.9. Caminhos do Campo ��104 5.10. Atividades Rurais não Agrícolas ��106

6. Incaper: da reestruturação aos novos investimentos �� 110 6.1. Evolução do Orçamento Anual ��110 6.2. Investimentos ��113 6.3. Recursos Humanos ��114

7. Estruturas e serviços especiais �� 118 7.1. Sistemas de informações em rede ��118 7.2. Serviços laboratoriais ��124 7.3. Centro de Educação Ambiental de Jucuruaba – Ceaj: da educação ambiental às práticas agroecológicas ��124 7.4. Unidade de Referência em Agroecologia – URA ��125

8. Produzindo informação �� 130 9. Entrevistas �� 134 10. Publicações �� 142 11. Eventos �� 144

6 incaper

Editorial

Para ficar na memória A agricultura do Estado do Espírito

No Espírito Santo, diferentemente de

Santo experimentou, nos últimos anos, de-

outras unidades da federação, esses servi-

senvolvimento jamais alcançado em ou-

ços estão incorporados desde 1999 numa

tras épocas, fruto de um esforço de plane-

só instituição, primeiramente na Empresa

jamento de longo prazo, discutido com a

Capixaba de Pesquisa, Assistência Técni-

sociedade em 2003 e revisado em 2007,

ca e Extensão Rural – Emcaper - e, após a

sob a coordenação da Secretaria de Esta-

sua conversão em autarquia, no ano 2000,

do da Agricultura, Abastecimento, Aqui-

no Instituto denominado Incaper.

cultura e Pesca - Seag.

Para a reconstrução desse novo mo-

Sua execução tem logrado êxito devi-

delo de instituição foi extremamente im-

do às parcerias importantes estabelecidas

portante o desprendimento, a proativida-

no interior do arranjo institucional existen-

de e a percepção dos servidores do órgão,

te no complexo agropecuário capixaba, o

além do apoio e investimentos do Gover-

qual se mostrou extremamente atuante e

no necessários à união e potencialização

capaz de entender o momento favorável,

das competências e dos perfis institucio-

respondendo prontamente ao chamamen-

nais existentes, oriundos das empresas an-

to do Governo do Estado.

teriores que sucumbiram.

Na esteira dessas importantes decisões,

O Incaper é o grande responsável pela

os serviços oficiais de pesquisa, assistên-

execução dos programas de desenvolvi-

cia técnica e extensão rural são, numa ló-

mento coordenados pela Seag e principal

gica de desenvolvimento rural sustentável,

órgão de pesquisa aplicada e de extensão

garantia da geração e transferência de in-

rural do Espírito Santo, podendo-se atri-

formações, conhecimentos e tecnologias.

buir a ele, portanto, parte considerável do

Além disso, proporcionam o atendimento,

sucesso do agronegócio capixaba.

a orientação e o apoio tão necessário aos

Após dez anos de trabalho árduo, com

agricultores, especialmente os de base fami-

o modelo de prestação dos serviços inte-

liar que, ao final das contas, constituem-se

grados já consolidado, o Incaper gerou, no

os responsáveis, em grande parte, pela pu-

período, inúmeras soluções no meio rural

jança da agricultura que ora vivenciamos.

capixaba que o credenciam a contar em

i n ca p e r e m revista

revista como foi possível alcançar tal per-

ta terá periodicidade anual, descrevendo

formance invejável.

os avanços relacionados à ciência, à tec-

A presente edição de 2010 mostrará

nologia e à inovação produzidos conti-

as bases conceituais e o modelo operacio-

nuamente pelo Incaper e seus parceiros,

nal que permitiram o desempenho alcan-

constituindo-se assim em importante ve-

çado, o qual, com certeza, marcará uma

ículo de comunicação com a sociedade,

época de prosperidade a ser continuada.

particularmente a capixaba.

Este número inicial de nossa revista confi-

Quanto ao Incaper, numa projeção do

gura-se uma espécie de prestação de con-

futuro, espera-se vê-lo valorizado em to-

tas à sociedade capixaba e brasileira. Em

das as instâncias, planejado e organizado

suas páginas são apresentados alguns dos

em todas as suas nuances e ampliado em

muitos resultados e experiências impactan-

seus quadros de servidores. Essas ações são

tes que granjearam ao Instituto reconhe-

decisivas para expandir o seu espectro de

cimento, credibilidade e posição de des-

pesquisas e o atendimento aos agricultores

taque no âmbito estadual, nacional e até

frente às demandas cada vez mais desafia-

internacional, materializados em honra-

doras, diversificadas e complexas que lhes

rias, homenagens e prêmios.

são apresentadas. Somente dessa forma nos-

Como nada se consegue sem organi-

so Instituto, patrimônio vivo da sociedade

zação, a publicação reservou espaço para

capixaba, continuará atuando como pro-

mostrar as razões de tanta desenvoltura, a

tagonista do desenvolvimento do Estado.

saber: a seriedade, a consciência e a de-

A todos os servidores e parceiros do

dicação de todos os servidores, indistin-

Incaper, às empresas co-irmãs do Sistema

tamente; o comprometimento do Gover-

Público Agrícola, ao Governo do Estado,

no com os investimentos em infraestrutu-

por meio da Seag, e aos agricultores, es-

ra, em meios e em melhores condições de

pecialmente os de base familiar, nossos

trabalho, bem como o empenho e a qua-

respeitos e agradecimentos.

lificação dos recursos humanos do Instituto em todos os níveis. A partir desta primeira edição, a revis-

Antonio Elias Souza da Silva Diretor Técnico do Incaper

8 incaper

1. Do novo rural à prosperidade compartilhada O Espírito Santo vive notável momento de otimismo com relação ao futuro. Investimentos vultosos nos segmentos de extração de petróleo e gás, de siderurgia e de mineração, aliados ao planejamento estratégico capixaba, fundamentam essa visão positiva. Referência em beleza natural e por sua culinária à base de peixes e frutos do mar, o Estado tem muito mais a oferecer, consolidando-se, na atualidade, como um celeiro de oportunidades. A economia capixaba, de fato, vive um processo acelerado de transformação, diversificação e crescimento, o qual já mostra resultados significativos em termos da qualidade de vida dos capixabas. A economia como um todo cresceu, aumentando a oferta de empregos e a massa de renda disponível para as famílias, enquanto diminuiu o número de pessoas abaixo da linha de pobreza. Os governos estadual e municipais tiveram as receitas aumentadas, fortalecendo assim sua capacidade de investimento. Em resumo, estamos diante de um ambiente que tem favorecido a expansão dos negócios e o desenvolvimento econômico e social. O crescimento atual do Espírito Santo não pode, todavia, ser descolado de sua história recente. A economia capixaba, na verdade, tem apresentado desempenho in-

i n ca p e r e m revista

vejável nas últimas quatro décadas. De um panorama agrícola e uma população predominantemente rural na década de sessenta, passou-se rapidamente a um quadro caracterizado por uma economia industrial e urbana. Essa transição teve lugar de forma mais acelerada na década de setenta, com a implantação de grandes projetos - Vale, Samarco, Aracruz e CST - e prosseguiu, embora com menor intensidade, nas décadas seguintes, agora incorporando novos setores de atividade na matriz produtiva do Estado. Durante esse tempo, a economia capixaba sempre esteve à frente do desempenho da economia nacional. Na esteira dessas transformações de grande monta, o espaço rural viria a ser considerado como um campo de oportunidades para o desenvolvimento e a inclusão social. A agricultura familiar passou a ser vista como instrumento de garantia de um futuro melhor, ou seja, mais justo, equilibrado e sustentável. Em meados dos anos de 1990, não havia dúvidas que o desenvolvimento do campo seria objeto de uma nova perspectiva que demandava novos padrões de investimentos. É precisamente neste contexto que ingressa o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF, com os investimentos incorporando os avanços da

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pesquisa agropecuária associados à

sar de sua reduzida extensão, cobrin-

junto de tais peculiaridades confor-

assistência técnica e a extensão ru-

do pouco mais de 46 mil quilômetros

ma um cenário favorável à explora-

ral, contribuindo para o surgimento

quadrados ou apenas 0,5% do território

ção da agricultura que, por isso, afi-

de um novo mundo rural no meio

nacional, o Espírito Santo reúne con-

gura-se um dos setores de maior re-

agrícola do país.

dições para a exploração de diversas

levância socioeconômica no Estado.

Não há dúvidas de que esta pri-

atividades produtivas, tanto ligadas a

Com mais de 92% das propriedades

meira década do século XXI seja a

terra quanto ao mar. Isto se deve à sua

rurais com área inferior a 100 hecta-

mais completa em termos de desen-

posição geográfica, aos seus recursos

res, constituindo-se numa das maio-

volvimento socioeconômico, fruto da

naturais, à história do seu povoamen-

res expressões da agricultura familiar

organização do Estado, do planeja-

to e às características de sua gente.

do país, a atividade é estratégica para

mento de longo prazo e da prioriza-

A diversidade do Espírito Santo ma-

a ocupação produtiva e a geração de

ção, interiorização e regionalização

nifesta-se num rico mosaico de rele-

renda de milhares de famílias capixa-

dos investimentos. O resultado des-

vos, de radiação solar, de disponibili-

bas. Somando-se todos os elos da ca-

sa feliz combinação em terras capi-

dade de águas, de nutrientes e de ener-

deia produtiva, isto é, os segmentos

xabas não poderia ser outro: cresci-

gia, de ocupações produtivas e de um

de insumos agropecuários, produção,

mento econômico, geração de empre-

rico acervo cultural que, combinados,

agroindústria, transporte e comerciali-

gos, distribuição de renda e redução

fazem florescer os ecossistemas natu-

zação, o agronegócio revela-se o seg-

da pobreza, tudo isso em patamares

rais e produtivos. O Estado apresenta,

mento mais importante para 61 dos

superiores à média nacional.

em harmonia com sua multiplicidade

78 municípios capixabas. Responde

O Espírito Santo soube tirar provei-

ambiental, grande sortimento de ati-

ele, ainda, por 22% do Produto Inter-

to de sua localização estratégica para

vidades econômicas regionais. Aí es-

no Bruto (PIB) do Espírito Santo, mo-

se transformar numa potência logísti-

tão incluídas a produção de alimen-

vimentando atualmente cerca de 13

ca. Com aproximadamente 415 km

tos (agropecuária, pesca), a indústria,

bilhões de reais e empregando algo

de costa litorânea e cortado por duas

a exploração dos recursos hídricos e

como um em cada três trabalhado-

importantes rodovias federais (BR 101

energéticos, a extração e beneficia-

res do Estado.

e BR 262), desenvolveu o mais diver-

mento de rochas e minerais, as ativida-

O café ocupa liderança histórica

sificado complexo portuário do país.

des industriais e o comércio, além das

no setor, abarcando 500 mil hectares

Além disso, a variedade de ambien-

comunicações (portos, estradas, rodo-

de área plantada (18% da área agrí-

tes que compõem a sua riqueza na-

vias), chegando até ao artesanato e ao

cola), com produção anual em torno

tural é característica marcante do Es-

turismo, com destaque para o rico pa-

de 11 milhões de sacas beneficiadas.

tado, permitindo transitar-se do mar à

trimônio histórico e cultural do Estado.

A atividade está presente em pratica-

montanha em menos de 50 km. Ape-

Como será tratado adiante, o con-

mente todos os 78 municípios capi-

i n ca p e r e m revista

xabas e responde por 43% da ren-

Cabe salientar que a agricultura ca-

xaba de Pesquisa, Assistência Técnica

da agrícola, estimada em R$ 4,5 bi-

pixaba ingressa, a partir de 2003, em

e Extensão Rural- Incaper, como insti-

lhões. Mas a diversificação da agri-

um novo ciclo de desenvolvimento,

tuição de ciência, tecnologia e inova-

cultura do Espírito Santo não termi-

cujas condições foram estabelecidas

ção, sob a liderança da Secretaria de

na aí. Se o Estado é o maior produtor

pela recuperação da capacidade de in-

Estado da Agricultura, Abastecimen-

de café conilon do Brasil e o segun-

vestimento do Estado que ampliaram

to, Aquicultura e Pesca - Seag, junta-

do de cafés como um todo, ele tam-

as potencialidades de desenvolvimen-

mente com as instituições parceiras

bém é o segundo produtor nacional

to do setor. A partir daquele momen-

do complexo agropecuário capixaba,

de pimenta- do- reino, de mamão e

to, diversas iniciativas foram adotadas

especialmente as representações dos

de coco verde; o terceiro produtor

para estimular o setor primário do Es-

agricultores, revelou-se fundamental

de cacau e de maracujá e o quarto

pírito Santo. Para tanto, priorizou-se a

no processo de adaptação, geração e

em produção de borracha e abaca-

agricultura familiar, buscando sua in-

transferência de tecnologias necessá-

te, sem esquecer os produtos orgâ-

serção competitiva no mercado; apoia-

rias para o avanço do progresso téc-

nicos e agroecológicos. Nas expor-

ram-se, por meio das associações, as

nico, social e ambiental do mundo

tações capixabas, os destaques ficam

atividades de aquicultura e pesca em

rural capixaba.

para o mamão papaya, que abrange

suas iniciativas de produção e proces-

É notório que o Espírito Santo, des-

60% do comércio externo brasilei-

samento; inovou-se com a implanta-

de algum tempo, ingressou num ciclo

ro da fruta, bem como para o gengi-

ção de polos de frutas, aproveitando a

virtuoso de desenvolvimento. Para a

bre e o inhame, produtos nos quais o

vocação específica das diferentes zo-

continuidade do mesmo, contudo, é

Estado é líder nacional nas exporta-

nas naturais do Espírito Santo; incen-

imperativo dar prosseguimento à des-

ções. Não obstante este desempenho,

tivaram-se as experiências agroecoló-

centralização dos investimentos, va-

a celulose e o café são os campeões

gicas; melhoraram-se a produtividade

lorizando e potencializando as voca-

da pauta de exportações do agrone-

e a qualidade dos cafés arábica e co-

ções regionais por meio de estímulos

gócio capixaba. No ano passado, os

nilon, bem como dos produtos da sil-

aos arranjos produtivos locais e forta-

dois produtos responderam por mais

vicultura e da pecuária leiteira, den-

lecendo a política estadual de ciên-

de 87% das vendas totais do Estado

tre outras cadeias produtivas ligadas

cia e tecnologia e inovação, focada

ao exterior. Apesar de sua limitada

ao campo. Na infraestrutura do cam-

na integração interinstitucional e na

extensão territorial quando compa-

po foi possível investir em programas

abertura de novas oportunidades de

rado às dimensões do país, pode-se

de estradas, de eletrificação, de habi-

desenvolvimento para o Estado. Es-

dizer que o Espírito Santo represen-

tação e de telefonia rural, essenciais

tes são pilares fundamentais para se

ta a verdadeira síntese do agronegó-

à integração das comunidades rurais.

consolidar um futuro de prosperidade

Neste contexto, o Instituto Capi-

compartilhada em terras capixabas.

cio nacional.

12 incaper

2. Linha do tempo A história do Instituto Capixaba de Pesqui-

mente do Governo Federal. O restabelecimento

sa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Inca-

do equilíbrio contábil possibilitou que diversas

per, tem início após a conversão em autarquia

parcerias fossem viabilizadas, sobretudo com

pública estadual, no ano 2000, da antiga Em-

os Ministérios do Desenvolvimento Agrário –

presa Capixaba de Pesquisa, Assistência Técni-

MDA, Ministério da Integração Nacional – MI,

ca e Extensão Rural – Emcaper, resultante, por

Ministério do Meio Ambiente – MMA, Minis-

sua vez, da incorporação da Empresa Capixa-

tério de Ciência e Tecnologia - MCT, Ministé-

ba de Pesquisa Agropecuária – Emcapa à Em-

rio da Agricultura, Pecuária e Abastecimento –

presa de Assistência Técnica e Extensão Rural

MAPA, além do Conselho Nacional de Desen-

– Emater (sucedânea da Associação de Crédito

volvimetno Científico e Tecnológico – CNPq,

e Assistência Rural do Espírito Santo – Acares,

da Financiadora de Estudos e Projetos - Finep,

tendo incorporado parte da Empresa Espírito-

da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuá-

-santense de Pecuária – Emespe). A experiên-

ria – Embrapa, do Fundo de Amparo à Pesqui-

cia e credibilidade desses órgãos, angariadas ao

sa do Espírito Santo – Fapes, dentre outros ór-

longo de uma trajetória de contribuição ao de-

gãos nacionais. A partir daí, o Instituto recu-

senvolvimento rural do Espírito Santo, viriam a

perou a capacidade de realizar investimentos.

ser inteiramente assimiladas pelo novo Institu-

São lançados então os primeiros polos de

to, como evidenciado nas múltiplas conquistas

frutas, ao tempo que a estrutura física melho-

alcançadas em seus breves dez anos de vida.

ra, inclusive com a renovação da frota de veí-

No início, foi preciso realinhar posiciona-

culos do Instituto. Depois de 20 anos de imo-

mentos, identificar e agrupar perfis de pesqui-

bilismo sem contratação de pessoal, 90 servi-

sa, redefinir planejamentos, enfim, reestrutu-

dores são finalmente selecionados via concurso

rar a casa. O primeiro grande passo foi tornar

público, em 2005, e incorporados ao Instituto,

o órgão adimplente diante das dívidas acumu-

numa renovação importantíssima para melho-

ladas, obra indispensável de saneamento finan-

rar e ampliar os serviços prestados pelo Incaper.

ceiro que permitiu a ampliação do volume de

O planejamento ganha novas dimensões,

recursos captados de fontes externas, especial-

acordos internacionais de pesquisa são firma-

i n ca p e r e m revista

dos para o melhoramento da qualidade do café

tre 2002 e 2010, o orçamento geral do Institu-

e, em 2008, pela primeira vez na história capi-

to experimentou um salto de 228% na receita

xaba, foi superada a marca de mais de 50 mil

total. Com isso, foi possível aos seus servidores

agricultores assistidos, enquanto vários prê-

estarem presentes em todos os municípios do

mios são conquistados. O sistema de informa-

Estado, com 78 Escritórios Locais, sete Escritó-

ção agrometereológica do Incaper recebeu re-

rios Distritais de Desenvolvimento Rural, 11 Mi-

cursos, ampliou a estrutura e atualmente co-

crorregionais, quatro Centros Regionais de De-

bre todos os municípios do Estado, sendo refe-

senvolvimento Rural, além de 12 Fazendas ex-

rência de consulta para o avanço no campo. A

perimentais, 13 Laboratórios, e quatro Centros

tecnologia também chegou às mãos dos servi-

de Treinamentos. Outras unidades especiais de

dores, pois os instrumentos de trabalho foram

apoio aos serviços de pesquisa e extensão fo-

modernizados e ampliados. Ao todo, durante

ram estruturados, conferindo ao Incaper capila-

o período, o Instituto adquiriu 664 computa-

ridade única em relação às demais instituições

dores, 200 projetores multimídia e 130 apare-

de Pesquisa e Ater em nível nacional.

lhos GPS. Estes investimentos permitiram di-

Grandes passos foram dados em 2010, con-

namizar os sistemas de informação, fator crí-

substanciados, por exemplo, na Lei de Ater e

tico de sucesso em qualquer empreendimen-

na ampliação da captação de recursos finan-

to nos dias atuais.

ceiros para a pesquisa, especialmente por in-

A modernização da gestão, a competência

termédio do Programa de Aceleração do Cres-

técnica e o compromisso com os objetivos per-

cimento para o componente pesquisa PAC/

mitiram ao Incaper se integrar definitivamente à

OEPAS-EMBRAPA. Ademais, o planejamen-

vida cotidiana dos agricultores, mudando o pre-

to estratégico de longo prazo, assinado recen-

sente e o futuro do Estado. O desenvolvimento

temente, garante ao Instituto excelentes pers-

das diversas cadeias produtivas do agronegócio

pectivas de futuro, permitindo que a pesqui-

capixaba tornou-se realidade, fazendo com que

sa e a extensão rural continuem caminhando

a agricultura se consolidasse como um dos pila-

juntas com o olhar firme no desenvolvimento

res da economia do capixaba. No período en-

rural capixaba.

14 incaper

n Realinhamento do planejamento estratégico feito em dezembro de 1999, dessa vez, mais participativo, com representação ampliada dos funcionários.

2000 n Transformação por decreto, em 5 de dezembro, da Empresa Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural Emcaper no Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural Incaper.

n Lançamento dos Polos de Manga, de Mamão e de Coco. n Participação efetiva na elaboração do Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba - Pedeag 2003/2007. n Início do projeto de reestruturação do Incaper. O primeiro grande passo foi tornar o órgão adimplente, permitindo a captação de recursos financeiros de outras fontes (MDA, MI, MMA, MCT, MAPA, Finep, Cnpq, Embrapa, FAPES, dentre outros). A partir daí, começam os investimentos. n Debate da Ater pública com a participação ampliada de vários atores em função da criação da Pnater – Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural.

2001 n Prêmio FINEP de Inovação Tecnológica da região Sudeste na categoria “processo”, com a Tecnologia do “Systems approach” para a cultura do mamão.

2002

n Lançamento de novas cultivares de bananeira Vitória e Japira, em Alfredo Chaves / Incaper, n Lançamento do Sistema de Informação Agrometeorológica do Espírito Santo. n Ingresso de 90 servidores selecionados via concurso público, sendo 76 de nível superior e 14 de nível médio, após 20 anos sem contratações. n Lançamento do Polo de Banana n Aquisição de tecnologias de trabalho – aparelhos GPS, computadores e veículos para a total renovação de frota. n Retomada da elaboração do Proater. n Acordo de cooperação técnica entre o Incaper e a Nestlé Internacional para estudar o melhoramento genético do café do Incaper.

2003

n Lançamento da variedade de café clonal Vitoria - Incaper 8142 em Sooretama/ Incaper. n Lançamento dos Polos de Morango, Maracujá, Goiaba e Uva de mesa e vinho. n Lançamento do selo de controle de qualidade do morango “Morango das Montanhas do Espírito Santo, qualidade com responsabilidade.” n Início de renovação da frota veicular.

2004

2005

n Lançamento da nova cultivar de abacaxi Vitória, em Sooretama / Incaper. n Lançamento da Unidade Experimental de Produção Animal Agroecológica - UEPA em Linhares / Incaper. n Comemoração dos 50 anos de sucesso e da solidificação dos serviços prestados às comunidades rurais. n Incremento do enfoque agroecológico em métodos participativos de extensão rural, em concordância com a Pnater.

i n ca p e r e m revista

n Participação efetiva na elaboração e coordenação do “NOVO PEDEAG” (2007/2011). n Organização do V Congresso Brasileiro de Agroecologia em Guarapari. n Lançamento nova variedade de milho Capixaba - Incaper 203 em Viana / Incaper. n Prêmio FINEP como a melhor instituição de Ciência e Tecnologia da Região Sudeste. n Lançamento do Livro “Café Conilon”,com 25 capítulos, contemplando todas as áreas de conhecimento da cadeia produtiva do café.

2006

2007

n Lançamento do Polo de Abacaxi da região Norte. n Prêmio Finep da região Sudeste de Tecnologia Social com o Projeto ‘Cores da Terra’. n Acordo de cooperação técnica internacional com o Cirad – Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento, sediado em Montpellier, França, para identificar genes do café responsáveis pela tolerância à seca. n Continuidade de aplicações de investimento de recursos do PAC. n Capacitação de 32 Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável.

2008

n Lançamento da nova cultivar capixaba de Taro São Bento, em Alfredo Chaves. n Lançamento do programa Renovar arábica, em Domingos Martins. n XX Congresso Brasileiro de Fruticultura e 54th Annual Meeting of the Interamerican Society for Tropical Horticulture, em Vitoria n Contratação de 27 servidores de nível médio para atuarem especificamente na adequação ambiental das propriedades. n Pela primeira vez na história, superada a marca de mais de 50 mil agricultores assistidos, sem repetição (mais precisamente, 50.436). n Ampliação do sistema de informação agrometereológica com o lançamento do Cecam – Centro Capixaba de Meteorologia.

2009

2010

n Lançamento da primeira variedade de mamão grupo Formosa ‘Rubi Incaper 511’, em Sooretama/Incaper. n Lançamento dos Polos de Tangerina das Montanhas, de Acerola da região Sul e de Diversificado de Frutas da região Noroeste. n Coordenação e supervisão do Sistema GEOBASES encampadas pelo Incaper. n Mais verbas para os investimentos em estrutura e equipamentos. n Lei Nacional de Ater – Lei 12.188, institui a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pnater) e o Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pronater). n Assinatura da ordem de serviço do planejamento estratégico de longo prazo.

incaper 16 Incaper

3. Pesquisa:

Ciência e tecnologia A Política Científica e Tecnológica

mano com o meio ambiente compatível

A aproximação da ciência com os

é um dos pilares estratégicos para o de-

com o bem-estar das futuras gerações.

interesses e as necessidades do seu pú-

senvolvimento social e econômico das

No Estado do Espírito Santo, um

blico-alvo é constante no Instituto, as-

sociedades modernas, especialmen-

intenso processo de transformação na

sim como o uso de metodologias cien-

te aquela com foco nas camadas mais

Política Científica e Tecnológica vol-

tíficas que promovam a participação e

necessitadas. Sua priorização, em qual-

tada à agropecuária teve início com a

o empoderamento dos agricultores é a

quer governo, significa busca constante

incorporação dos serviços de pesqui-

tônica da ação dos profissionais do In-

da soberania, da hegemonia da compe-

sa ao de assistência técnica e extensão

caper, cada vez mais inseridos no coti-

titividade, além do compromisso com

rural - Ater, em 1999. Em 2003, o pro-

diano dos agricultores, oferecendo so-

a inclusão social e com o uso adequa-

cesso se tornou mais evidente e forta-

luções e tecnologias por meio da so-

do dos recursos naturais.

lecido com o início dos investimentos

cialização efetiva do conhecimento.

Ela proporciona a geração da infor-

na estruturação da pesquisa, com ba-

Sob essa perspectiva, a produção

mação, do conhecimento, da tecnolo-

ses físicas (12 fazendas e 13 laborató-

da ciência pela ciência em si não tem

gia e da inovação, criticamente impor-

rios) e qualificação do corpo técnico.

mais lugar no Incaper, local onde se

tantes para a melhoria das condições

Mas não só investimentos estrutu-

busca transformar o conhecimento ge-

de vida da população e o fortalecimen-

rais foram importantes. O Planejamento

rado pela ciência num poderoso instru-

to da cidadania.

Estratégico, coordenado pelo Governo

mento para a viabilização do desenvol-

São evidentes as conexões entre os

do Estado e discutido com a sociedade

vimento sustentável. Para tanto, novos

avanços alcançados por meio da Ciên-

capixaba, foi o divisor de águas na de-

atores e novos setores da sociedade es-

cia, Tecnologia e Inovação (C,T&I) e a

finição das bases de desenvolvimento

tão fazendo parte do processo de pro-

redução das diferenças sociais e da po-

do rural capixaba. Foi este um dos fa-

dução científica da instituição.

breza, o crescimento econômico e a

tores essenciais do sucesso alcançado

promoção de uma relação do ser hu-

pelo Incaper.

O que se vê, atualmente, são os serviços fortalecidos pela aproximação e

i n ca p e r e m revista

10 inovações tecnológicas interação advindas do processo de inte-

ções tecnológicas reconhecidas pela so-

portações e nas iniciativas promoto-

gração da pesquisa e da Ater deflagrado

ciedade e já plenamente incorporadas

ras da inclusão social por meio da

no início da década. Tal articulação fez

ao processo produtivo, criando opor-

valorização das questões de gênero

com que os serviços de pesquisa adqui-

tunidades, renda e ocupação no cam-

e juventude.

rissem capilaridade, assim como o diá-

po e que renderam premiações e ho-

Com isso, o Incaper está cada

logo necessário com os agricultores e

menagens aos profissionais do Incaper.

vez mais próximo e articulado com

suas representações. Além disso, os ex-

Essas inovações tecnológicas, jun-

os agricultores, com a comunidade

tensionistas fazem parte do processo e

tamente com outras não menos im-

científica e tecnológica nacional e in-

nele se identificam, o que fortalece as

portantes, sejam elas de produto, de

ternacional, com as empresas priva-

suas ações com respaldo técnico-cien-

processo ou de natureza social, têm

das e agências financiadoras de pes-

tífico, garantindo-se mais segurança e

sido a base para o lançamento de

quisas e desenvolvimento, além de

celeridade no processo de disponibili-

novas variedades de culturas, para a

ampliar parcerias com instituições

zação e transferência de tecnologias.

consolidação das principais cadeias

do complexo agropecuário capixaba.

Atualmente, o desenvolvimen-

produtivas do agronegócio e também

Como forma de comemorar os dez

to tecnológico no Incaper é realiza-

para o avanço da produtividade e da

anos do modelo compartilhado de

do dentro de uma base científica só-

qualidade dos produtos capixabas.

pesquisa e extensão, serão apresen-

lida, direcionado para gerar proces-

Neste sentido, destacam-se os cafés,

tadas dez tecnologias de grande im-

sos e produtos de elevada qualidade,

o desenvolvimento florestal e a im-

pacto desenvolvidas pelo serviço de

seguros e limpos, com maior eficácia

plantação e consolidação dos polos

pesquisa do Incaper e já apropriadas

no uso de recursos não agressivos ao

de frutas que promovem um intenso

pelos agricultores capixabas, as quais

meio ambiente.

programa de diversificação produti-

permitem ao Instituto seguir cumprin-

Os resultados de tais esforços per-

va no campo. Outros efeitos de tais

do sua função social de gerar oportu-

mitiram a geração de inúmeras inova-

ações residem na retomada das ex-

nidades, qualidade de vida e renda.

18 incaper

3.1. Variedade de café conilon Vitória Incaper 8142 Depois de 19 anos de pesquisas coordenadas pelo Incaper, em maio de 2004 foi apresentada ao público a variedade de café conilon mais produtiva já desenvolvida dentro de um programa de melhoramento genético no mundo: a ‘Vitória Incaper 8142’. Esta nova variedade resulta do agrupamento de 13 clones de melhor desempenho, selecionados a partir de 530 matrizes de lavouras comerciais e posterior avaliação experimental, durante oito safras consecutivas, em três ambientes representativos do cultivo do café conilon no Estado. A variedade possui o maior número de características superiores até então inseridas num único material genético, reunindo, portanto, a força de uma variedade de café que se destaca entre todas as demais existentes até o momento, particularmente em nossas condições de clima, solo e sistema de cultivo.

Além do fornecimento das matrizes para clonagem, o Instituto presta assessoria no tocante à definição

Produzindo 21% a mais que a média das cinco me-

de métodos de diagnose e recomendação de nutrição

lhores variedades lançadas pelo Incaper, a Vitória ultra-

e adubação, estabelecendo o manejo adequado de po-

passa em muito, com produtividade de 70,4 sacas/ha,

das, a definição dos espaçamentos mais indicados para

a média capixaba, estimada em 22,5 sacas/ha na épo-

os distintos sistemas de produção e diferentes ambien-

ca do lançamento. Apoiado em avanços técnicos des-

tes, a identificação e recomendação de métodos de ir-

sa grandeza, o Espírito Santo se afirma como o princi-

rigação, as medidas de manejo e controle de pragas e

pal produtor de conilon do Brasil.

doenças, além de reuniões periódicas com os agriculto-

Não é demais destacar que a cultivar Vitória, entre suas

res do Estado visando à socialização dos conhecimen-

inúmeras características favoráveis, traz consigo benefícios

tos mais recentes alcançados. Para garantir a qualida-

claros ao produtor, como a alta produtividade, maior tama-

de das mudas produzidas e assessorar o manejo corre-

nho dos frutos e grãos, tolerância à seca, alto vigor vegetati-

to das variedades, o Incaper mantém escritórios em to-

vo, uniformidade de maturação, estabilidade de produção,

dos os municípios capixabas, acompanhando de perto

tolerância à ferrugem e melhor qualidade final do produto.

o trabalho dos produtores.

i n ca p e r e m revista

3.2. Bananas ‘Japira’ e ‘Vitória’ – resistentes às doenças Desde o final de 2005, a bananicultura ganhou novo fôlego no cenário nacional e internacional. As variedades Japira e Vitória, do tipo Prata, chegaram ao mercado após 11 anos de estudos e pesquisas conjuntas do Incaper com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Estes novos tipos de bananas têm como principal característica a resistência às doenças sigatoka-amarela, mal-do-panamá e sigatoka-negra, esta última de grande potencial destrutivo, tendo dizimado lavouras por todo o mundo. As variedades Japira e Vitória foram desenvolvidas a partir de técnicas de melhoramento genético tradicional. Nos últimos anos, foram avaliadas em diferentes ecossistemas, no Espírito Santo (Incaper), na Bahia (Embrapa Mandioca e Fruticultura) e no Amazonas (Embrapa Amazônia Ocidental), apresentando resultados acima da média. Vigorosas, elas produzem frutos com excelente qualidade para o mercado, além de apresentarem maior produtividade. Por serem resistentes às doenças, não há necessidade do uso de agrotóxicos, estando, portanto, adaptadas ao modo de produção agroecológico, mais condizente com a realidade da agricultura familiar. A fruta apresenta ainda vida de prateleira maior após a colheita, qualidade de interesse comum aos produtores, comerciantes e consumidores. A banana é uma das frutas mais demandadas no mundo. O Brasil é o segundo maior produtor e o maior consumidor. Presente em todas as regiões do Espírito Santo e facilmente adaptável, o cultivo de banana ocupa uma área de 20 mil hectares, espalhados por 17 mil propriedades rurais, predominantemente familiares, gerando cerca de 25 mil ocupações em toda a cadeia produtiva. Nos últimos anos, a produtividade aumentou em 15%, passando de 25 para as atuais 35 toneladas por hectare. De 2005 a 2010, aproximadamente 100 mil mudas das novas variedades foram distribuídas aos agricultores capixabas, resultado do trabalho de pesquisa atrelado à assistência técnica e à extensão rural.

20 incaper

3.3. Abacaxi ‘Vitória’ – resistentes à fusariose Batizada como ‘Vitória’, esta nova variedade de abacaxi, selecionada após dez anos de pesquisas por técnicos do Incaper, tem como principal característica a resistência à fusariose. Esta doença, causada por um fungo, é a principal ameaça às lavouras no Brasil, responsável por perdas de até 40% na produção. Além disso, o abacaxi ‘Vitória’ possui elevada produtividade, ótimas características de sabor e pode ser utilizado tanto para o consumo in natura, quanto para atender à agroindústria. Desde 1996, o Incaper instalou unidades de pesquisa nos municípios de Cachoeiro de Itapemirim, Marataízes, João Neiva e Sooretama para iniciar a Seleção Recorrente Clonal, processo de avaliação de plantas volta-

O abacaxi ‘Vitória’, com folhas sem espi-

do a identificar as que apresentam melhores caracterís-

nhos, apresenta polpa branca, boa suculên-

ticas. A seleção teve início a partir de híbridos produzi-

cia, eixo central de tamanho reduzido e ele-

dos pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária

vado teor de açúcares. Outras características

- Embrapa, dentro do programa de melhoramento gené-

favoráveis para sua produção são a cor amare-

tico do abacaxizeiro. Com este trabalho, os pesquisado-

la da casca, o formato cilíndrico e o peso mé-

res do Incaper promoveram diversas seleções entre plan-

dio dos frutos, em torno de 1,5 kg.

tas potenciais até chegar, em 2006, à nova variedade. O abacaxi ‘Vitória’, dispensa o uso de fungicidas para controle da doença, possibilitando a redução do impacto ambiental e dos custos de produção. Apresen-

do Estado. Entre 2007 e 2009, foram 803 mil mudas e,

ta, também, maior resistência ao transporte e ao pós-co-

para 2010, foram adquiridas mais 800 mil. Os produto-

lheita, conferindo maior competitividade aos fruticulto-

res contemplados têm acompanhamento técnico do In-

res, principalmente os de base familiar. O abacaxi ‘Vitó-

caper, com o intuito de garantir a qualidade e a prospe-

ria’ está em franca expansão no Espírito Santo, impulsio-

ridade da produção, além de acesso às tecnologias ade-

nado pela distribuição de mudas por parte do Governo

quadas para o cultivo da fruta.

i n ca p e r e m revista

3.4. V ariedade de milho Capixaba Incaper 203 Segundo estudiosos da língua tupi, capixaba significa roça, roçado, terra limpa para plantação. Os índios que aqui viviam chamavam de capixaba a sua plantação de milho. Esse cereal, nosso conhecido, ganhou uma nova variedade em 2007, denominada Capixaba Incaper 203. A variedade de milho Capixaba é resultado do trabalho de pesquisa científica, iniciado em 1985, pela equipe do Incaper em parceria com a Embrapa Milho e Sorgo. Desenvolvido principalmente para os pequenos produtores de base familiar, essa é uma variedade cujas sementes podem ser utilizadas em até três plantios sucessivos. Entre suas principais características estão: boa produtividade, adaptação à condições desfavoráveis, além de tolerância à pragas e doenças. O valor nutricional dos grãos da variedade Capixaba é elevado, ultrapassando as quantidades encontradas na média dos milhos comuns brasileiros. Possui 30% a mais de proteína, 45% a mais de óleo, 50% a mais de fósforo e quatro vezes mais cálcio. Os grãos são duros, de cor vermelha alaranjada, considerados excelentes para a produção de fubá, polenta, canjiquinha, bolos e alimentação de aves visando à produção de ovos e carnes mais avermelhadas, o que agrada o mercado consumidor. No Espírito Santo, as lavouras ocupam 40 mil hectares e envolvem 20 mil produtores, principalmente de base familiar. A produção anual está em crescimento no Estado, sendo destinada integralmente ao mercado interno, ou seja, ao próprio consumo da agricultura familiar, à alimentação de aves, suínos e bovinos e aos produtos do agroturismo local. Por ser um cereal estratégico, de segurança alimentar e nutricional, o milho se configura importante fonte de receita para os agricultores capixabas.

22 incaper

3.5. Inhame ‘São Bento’ O taro ‘São Bento’ é uma raiz tuberosa com produtividade 30% superior às variedades tradicionais cultivadas no Espírito Santo. Por apresentar plantas vigorosas e rizomas de excelente aspecto comercial, apresenta-se mais propício ao atendimento dos mercados, principalmente os externos. Atualmente, o Estado é um dos maiores produtores e exportadores de inhame no país, com área de plantio em torno de 3 mil hectares. É a hortaliça com maior cultura local: são cerca de mil produtores que cultivam, anualmente, 60 mil toneladas, com produtividade média de 20 toneladas/ha, em diversas altitudes, o que resulta em safra o ano inteiro, emprestando ao cultivo destaque no cenário nacional. O plantio de taro, mais conhecido na região Sudeste do país como “inhame”, é tradicional no Espírito Santo e realizado predominantemente em propriedades de

A primeira cultivar de inhame genuina-

base familiar, contribuindo, dentro do agronegócio ca-

mente capixaba foi apresentada em agosto de

pixaba, como importante fonte geradora de emprego e

2008 pelo Incaper, recebendo o nome de São

renda. O aumento do consumo interno e a grande pers-

Bento em homenagem ao local onde foi en-

pectiva de incremento das exportações têm contribuin-

contrado pela primeira vez, em 1989, no dis-

do para a expansão das áreas de plantio e para a fixa-

trito de São Bento de Urânia, em Alfredo Cha-

ção do homem no campo, fazendo dessa hortaliça atra-

ves, pelo produtor rural Jair Pianzoli. A partir

tiva opção de cultivo. O ‘São Bento’ consiste em mais

de 1995, a equipe do Incaper passou a pesqui-

um importante avanço científico do Incaper para a pro-

sar o rizoma, confirmando estabilidade de pro-

dução de alimentos saudáveis, por necessitar de pouco

dução, sendo, em abril de 2008, realizada sua

insumo, reduzindo assim os custos da produção, além

inscrição no Registro Nacional de Cultivares,

de ser mais adequado ambientalmente, tornando-se im-

do Ministério da Agricultura, sob nº 22.987.

portante aliado do produtor na conquista da qualidade de vida no campo.

i n ca p e r e m revista

3.6. Mamão ‘Rubi Incaper 511’ – primeira variedade de mamão do grupo Formosa para o estado do Espírito Santo O Brasil é o principal produtor mundial de mamão,

vorecendo a redução da dependência de utilização de se-

com uma oferta aproximada de dois milhões de tonela-

mentes importadas. Plantada em locais isolados, distantes

das de frutos em 2008. Além de sua inegável importân-

de outros pomares de mamão, a ‘Rubi Incaper 511’ pos-

cia econômica, há que se destacar a sua capacidade de

sibilita ao produtor a reutilização das sementes da pró-

geração de emprego e renda, absorvendo mão de obra

pria lavoura para novos plantios, proporcionando assim

durante o ano todo em vista da constante necessidade de

sensível redução de custos. Por apresentar características

manejo, tratos culturais, colheita e comercialização, tare-

adequadas às exigências de mercado, a nova variedade

fas realizadas de forma contínua nas lavouras.

constitui-se alternativa extremamente vantajosa aos pe-

O Espírito Santo ocupa a segunda posição entre os estados produtores de mamão, com área plantada de 7.976 ha e produção de 630.124 toneladas de frutos em 2008. Desde a segunda metade da década de 1970, o Incaper trabalha na avaliação de novos genótipos de mamoeiro com o objetivo de disponibilizar aos agricultores cultivares mais produtivos e com frutos de boa aceitação comercial. No início da década de 1980, o “Programa de Melhoramento Genético do Mamão” do Incaper selecionou e recomendou a cultivar mamão do grupo Improved Sunrise Solo – Line 72-12, amplamente utilizada nas regiões produtoras do Estado. Em 1998, na Fazenda Experimental de Sooretama/Incaper, pesquisadores do Instituto iniciaram os trabalhos de seleção de genótipos promissores de mamoeiros do grupo “Formosa”. O resultado foi a variedade Rubi Incaper 511, planta vigorosa cujos frutos apresentam peso médio de 1,5 kg, com polpa consistente, de cor laranja-avermelhado e sabor suave. A nova variedade de mamão veio suprir uma lacuna existente no mercado brasileiro em relação às cultivares de frutos grandes, do tipo Formosa, fa-

quenos e médios produtores de mamão do Espírito Santo.

24 incaper

3.7. Poda programada de ciclo do café conilon Juntamente com as tecnologias ligadas ao melhoramento genético, as melhorias de processos relaciona-

mento necessário para se auferir elevada produtividade e qualidade de produção.

das ao cultivo de café conilon têm contribuído para o

A poda do café conilon já é recomendada pelo In-

aumento de 150% da produtividade média nos últimos

caper desde 1993 e vem sendo adotado pela maioria

dez anos, tendo com isso o Espírito Santo alcançado po-

dos produtores capixabas. Por conta da necessidade de

sição de destaque no âmbito nacional e internacional.

padronização na condução das plantas, o Incaper apri-

Dentre as tecnologias disponíveis, tem se destacado

morou a técnica de poda. Desde 2008, vem sendo reco-

o plantio em linhas, bem como o espaçamento e a poda

mendada a Poda Programada de Ciclo do Café Conilon,

com definição do número de hastes por área. Da mes-

que revigora a lavoura, aumentando a produção, melho-

ma forma, as técnicas de manejo e conservação de solo,

rando a qualidade final do produto, tornando as plan-

associadas à recomendação de calagem e adubação e

tas mais tolerantes à seca e com melhores condições

às tecnologias de manejo da irrigação, não são menos

para o monitoramento e o manejo de pragas e doenças.

importantes no conjunto de todo o aparato de conheci-

O cafeeiro conilon é uma planta de crescimento contínuo que possui hastes ou ramos verticais e horizontais que, após determinado número de colheitas, ficam envelhecidos e pouco produtivos. Daí a necessidade da poda, que deve ser realizada imediatamente após a colheita. A técnica apropriada consiste na eliminação das hastes verticais e ramos horizontais que vão se tornando improdutivos e sua substituição por outros mais novos. Os ramos fracos, quebrados, mais velhos e sem vigor, assim como os mal localizados que dificultam a entrada de luz no interior da copa das plantas e o excesso de brotações, também são eliminados. A nova técnica de renovação da lavoura cafeeira, além da facilidade de entendimento, aumenta a produtividade em, no mínimo, 20%, reduzindo em pelo menos 32% a mão de obra utilizada no serviço, redundando em maior retorno para o cafeicultor.

i n ca p e r e m revista

3.8. Systems approach – tecnologia que reabriu as exportações de mamão do Brasil para os Estados Unidos O Brasil destaca-se na produção mundial de mamão,

estágios da cadeia produtiva da fruta, proporcionando, a

respondendo por cerca de 20% da oferta global e auferin-

cada passo, a garantia de que o produto está livre de pragas

do uma receita média anual US$34,5 milhões pela venda

e, por conseguinte, a segurança quarentenária exigida

de 27,6 mil toneladas da fruta ao ano. A Bahia é o maior

pelos países importadores. O sistema representa grande

produtor nacional, seguida pelo Espírito Santo, e estas

evolução por ser uma alternativa viável aos tratamentos

duas unidades federativas respondem por cerca de 70%

baseados no uso de agentes químicos que empregam

do mamão negociado no país e no exterior.

substâncias tóxicas, bem com aos processos físicos como

A legislação internacional que regula as exportações,

frio, calor e radiação.

contudo, determina que os produtos comercializados de

O conceito de Systems approach foi aplicado pela

origem vegetal devam ser livres de insetos. Com essa fi-

primeira vez no Brasil no polo de fruticultura de Linha-

nalidade, existem atualmente sérias restrições no tocante

res, localizado no norte capixaba, permitindo que o ma-

à maneira como a fruta deve ser tratada, com eficiência

mão papaia brasileiro voltasse a ser exportado para os

quarentenária comprovada para garantir-se a segurança de

Estados Unidos após 13 anos de suspensão das vendas

que o mamão consumido esteja livre de qualquer praga.

para aquele país. A tecnologia proporcionou ao Incaper

Em função de tais restrições, o mamão brasileiro foi

o Prêmio Finep de Inovação Tecnológica 2002 da região

impedido de entrar nos Estados Unidos, a partir de 1985,

Sudeste, na categoria “processo”, ficando atrás apenas

por conta da proibição de um agrotóxico utilizado na

da tecnologia de exploração de petróleo em águas pro-

desinfestação das frutas como tratamento quarentená-

fundas desenvolvida pela Petrobras, empresa vitoriosa

rio. Com a suspensão de importação imposta pelos Es-

naquele ano.

tados Unidios, foram necessários longos estudos e o uso

Os resultados obtidos nos 12 primeiros anos do Pro-

de novas tecnologias que comprovassem o risco zero de

grama foram altamente expressivos, tornando os Estados

introdução das pragas.

Unidos o segundo maior importador de mamão brasilei-

Foi assim que o Incaper, por meio de inúmeras

ro. Assim, o mercado norte-americano, entre setembro de

pesquisas, chegou à aplicação do conceito de Systems

1998 a junho de 2010, absorveu cerca de 16% de todo

approach para as moscas-das-frutas, o que viabilizou, a

o mamão exportado pelo Brasil, perfazendo um total de

partir de setembro de 1998, o retorno do mamão capixaba

56.2 mil toneladas de frutas e gerando receita de US$53,6

ao mercado norte-americano. O Systems approach consiste

milhões no período. O processo, após 2006, passou tam-

numa tecnologia de ampla base ecológica que integra

bém a ser utilizado nos estados da Bahia, do Ceará e do

práticas de pré e pós-colheita utilizadas nos diversos

Rio Grande do Norte.

26 incaper

3.9. Plantio em linha do café conilon Entre as tecnologias recomendadas, o plantio em linhas é de fundamental importância para o cultivo das variedades clonais de café das cultivares Robustão Capixaba e Vitória. A tecnologia favorece a utilização de todos os clones em quantidades proporcionais, preservando assim as suas características originais, o que garante maior estabilidade às lavouras e segurança aos cafeicultores. O processo começa na aquisição das mudas, pois cada clone que compõe essas duas variedades deve ser adquirido em lotes separados. Por exemplo, se a variedade é formada por 13 clones (variedade Vitória Incaper 8142), eles devem ser transportados para o local de

O plantio em linha apresenta inúmeras van-

plantio em treze lotes, a serem plantados separadamen-

tagens em relação ao plantio convencional,

te, cada clone numa linha. Após o plantio do último clo-

quais sejam: (i) o aumento da produtividade;

ne, reinicia-se com o primeiro deles, sendo muito impor-

(ii) a melhoria da qualidade final do produto,

tante que a sequência seja alternada, com vistas a pro-

em função das plantas de mesma linha atingi-

porcionar maiores oportunidades de cruzamentos alea-

rem a maturação na mesma época; (iii) a pos-

tórios, ou seja, que a linha de um determinado clone fi-

sibilidade de plantar numa única área clones

que ao lado de clones diferentes a cada nova sequência.

com diferentes épocas de maturação, fazen-

Procurando minimizar o efeito da redução da base

do assim o escalonamento da colheita; (iv) a

genética, que ocorre quando se opta pelo cultivo de va-

facilidade de se realizar a colheita e as opera-

riedades clonais, os cafeicultores devem utilizar as varie-

ções de poda e desbrota, uma vez que todas

dades recomendadas com todos os clones que as com-

as plantas dentro de uma linha são semelhan-

põem. Ao mesmo tempo, os clones da cada variedade

tes e, por fim, (v) a possibilidade de se efetuar

devem ser plantados no campo de forma equilibrada, ou

adubação e controles fitossanitários diferen-

seja, utilizando a mesma proporção de cada um deles. Os

ciados entre as linhas.

arranjos de plantio podem ser ajustados de acordo com a quantidade plantada e a disposição dos talhões na área.

i n ca p e r e m revista

3.10. G alinheiro móvel A criação de aves caipiras, tanto de corte quanto de postura, tem se mostrado uma boa alternativa de renda para os agricultores familiares. Além de produzir ovos e carne para o consumo da família e comercialização do excedente, as aves ainda auxiliam no controle de plantas invasoras das lavouras e jardins, produzem esterco para adubação de plantas e ajudam no controle de insetos. A atividade exige investimento relativamente modesto em instalações por permitir o uso de mAteriais alternativos, reaproveitáveis e disponíveis na propriedade, como sobras de construção (tubos, lonas, madeiras, tábuas, forros de PVC), bambu etc. Mas, para garantir a biosseguri-

Vantagens do aviário móvel

dade das aves, há a necessidade de se mantê-las sob ma-

por permanecerem protegidas dia e noite;

nejo controlado em aviários e piquetes telados. Com o objetivo de desenvolver um aviário (galinhei-

Facilidade de deslocamento do aviário, por ser leve e possuir rodas;

nologia de “trator de galinhas” ou “galinheiros móveis”, tornando-os mais leves e de fácil deslocamento por meio

Baixo custo das instalações, por permitir o uso de material alternativo e reciclado;

ro) de baixo custo, com fácil manejo e que garantisse o bem-estar e sanidade das aves, o Incaper adaptou a tec-

Maior segurança das aves contra predadores,

Facilidade no manejo sanitário devido ao deslo-

de instalação de rodas, como as de bicicletas, adquiri-

camento diário, seguido da descontaminação

das em ferros-velhos.

natural pela radiação solar no local utilizado;

O galinheiro móvel ainda possui ninho coletivo, cons-

do ou pastagens, e

truído em PVC para garantir leveza e isolamento térmico. Possui também poleiros, cortinas lAterais, comedouros

Melhor aproveitamento das áreas de grama-

Evita a degradação das pastagens por per-

e bebedouros, além da cobertura em lona dupla face. A

mitir a sua recuperação devido ao desloca-

madeira roliça utilizada para os poleiros se estende para

mento diário.

fora do aviário, sob o ninho, e é utilizada como alavanca para deslocamento do aviário.

incaper 28 Incaper

4. Assistência Técnica e Extensão

10 experiências de Cada vez mais prestigiada e com o gran-

A partir de então o Incaper reforçou em seu

de desafio de contribuir para o desenvolvimen-

cotidiano os pressupostos do desenvolvimen-

to da agricultura familiar sustentável, a “Assis-

to rural sustentável envolvendo, de uma parte,

tência Técnica e Extensão Rural - Ater”, realiza-

gratuidade, qualidade e acessibilidade aos ser-

da pelo Incaper, pode ser resumida como um

viços de Ater e, de outra, a adoção das meto-

processo educativo não formal, emancipatório

dologias participativas com enfoque multidisci-

e contínuo, ao realizar ações e apoiar projetos

plinar, interdisciplinar e intercultural, buscan-

criados e protagonizados pelos agricultores. Este

do a construção da cidadania e a democratiza-

trabalho é dinâmico, como qualquer atividade

ção da gestão da política pública.

humana, e está em constante reformulação, na

Hoje, os extensionistas do Incaper que atu-

intensa busca de soluções compatíveis com as

am em todos os 78 municípios capixabas bus-

necessidades, interesses e possibilidades da po-

cam aprimorar as ferramentas de Ater, guiados

pulação rural envolvida nos processos de ges-

pela Lei 12.188, de janeiro de 2010, lançando

tão, produção, beneficiamento e comercializa-

mão de metodologias participativas e instru-

ção das suas diversas atividades.

mentos de gestão capazes de potencializar as

Prova desse constante repensar foi a parti-

competências humanas, sociais, ambientais e

cipação ativa do Incaper no movimento nacio-

econômicas presentes no meio rural capixaba.

nal, capitaneado pelo Ministério do Desenvol-

O Programa de Assistência Técnica e Exten-

vimento Agrário - MDA, quando foi repensa-

são Rural do Incaper (Proater), é realizado anu-

do o modelo de extensão rural no Brasil, cul-

almente em todos os escritórios locais a fim de

minando com a publicação, em 2004, da Po-

diagnosticar, planejar as ações, executar, acom-

lítica Nacional de Assistência Técnica e Exten-

panhar e avaliar, tudo de forma participativa,

são Rural - Pnater.

junto com os agricultores familiares e suas or-

i n ca p e r e m revista

Rural:

desenvolvimento rural ganizações, parceiros, prefeituras municipais e

priedades, de acordo com suas próprias condi-

demais agentes sociais para que os projetos se-

ções, necessidades e anseios.

jam ancorados na realidade e nos anseios dos

Longe de ser um registro completo das ações

beneficiários. Marcado por métodos da exten-

de Ater desenvolvidas nos últimos anos, as dez

são rural (reuniões, Diagnóstico Rural Participa-

experiências relatadas nas próximas páginas

tivo, oficinas), o Proater contribui indiretamen-

são uma amostra das múltiplas dimensões que

te para a construção da cidadania e o empode-

a Ater contempla. Importante para o desenvol-

ramento dos agricultores.

vimento rural sustentável do estado, a assistên-

Nos últimos dez anos foram atendidos, anu-

cia técnica e a extensão rural, nesse contexto

almente, uma média de 50 mil agricultores, re-

amplo e processual, torna-se ferramenta indis-

presentados nas suas mais diversas característi-

pensável para as pessoas que fazem do campo

cas sócio-culturais. Agricultores familiares, indí-

não só um lugar para se produzir, mas um meio

genas, assentados, quilombolas, pescadores ar-

e um modo de vida.

tesanais e ribeirinhos fazem parte da história da

É preciso ter a compreensão de que as inú-

Ater no Espírito Santo e, em conjunto com os

meras formas de intervenção da Ater não se li-

técnicos, constituem-se eles os verdadeiros pro-

mitam à disponibilização de tecnologias para

tagonistas do desenvolvimento rural do Estado.

o incremento da produção, conformando, para

Dias de campo, excursões técnicas, cursos

além disso, um processo educativo, democrá-

e oficinas, encontros, reuniões, são alguns mé-

tico e participativo, onde os agricultores aten-

todos utilizados na extensão rural que permi-

didos são ativos em todas as etapas de trans-

tem aos agricultores familiares conhecerem no-

formação em curso. A expectativa é que você

vas tecnologias, questionarem os resultados al-

possa ver, por que ainda haverá muitas déca-

cançados e realizarem escolhas para suas pro-

das para comemorar.

30 incaper

4.1. Comunidade de Pedro Canário organiza associação, diversifica trabalho e conquista desenvolvimento e renda familiar A Vila de Taquaras, no município de Pedro Canário, um dos mais carentes do Espírito Santo, possui 198 famílias que sobrevivem basicamente de atividades agroindustriais e agropecuárias. Os trabalhos do Incaper nesta comunidade iniciaram por volta de 2008, a partir de um diagnóstico participativo que tinha como objetivo levantar as principais necessidades e potencialidades da vila a fim de, em conjunto com os agricultores, desenvolver um proje-

a Secretaria Municipal de Agricultura e Meio

to de desenvolvimento sustentável.

Ambiente - Seama, os extensionistas do Inca-

O começo desse trabalho verificou-se num

per incentivaram e viabilizaram, com a comu-

momento no qual boa parte dos agricultores que

nidade, a criação da AMAVT - Associação de

trabalhavam em uma indústria localizada no mu-

Moradores e Agricultores da Vila de Taquaras,

nicípio estavam desempregados e preocupados

bem como a formação de parcerias com asso-

em encontrar formas de sustento para a família.

ciações de produtores locais, sindicatos e ou-

Perceberam eles, desde logo, que a organização

tros entes da sociedade civil organizada.

social era a chave para o sucesso dos seus traba-

Na horta orgânica, abarcando uma área

lhos e decidiram que o primeiro passo seria for-

cedida de 3,5 hectares, 17 famílias produzem

mar uma associação para desenvolver uma hor-

hortaliças diversificadas. “Começamos com um

ta comunitária, como forma de garantir a segu-

mutirão para a limpeza da área e plantio. Ini-

rança alimentar das famílias envolvidas.

cialmente conseguimos colher para nossa ali-

O objetivo da horta seria produzir alimen-

mentação e depois a sobra apareceu e vendí-

tos de qualidade para consumo e, caso tives-

amos em bacias nas costas, carros-de-mão na

se excedente, comercializá-lo, gerando ren-

estrada. Até que o Incaper conseguiu que fos-

da extra para os envolvidos. Em parceria com

semos às feiras e daí que nos organizássemos

i n ca p e r e m revista

Gilmar Fagundes Salomão,

para vender mais”, conta Gilmar Fagundes Sa-

em sistema agroecológico, o TAQUARIJÓ, con-

presidente da

lomão, Presidente da AMAVT.

sagrado por ser de fácil manejo, rápido retor-

AMAVT e sua

Com o passar do tempo, a produção au-

no e menor investimento inicial. A atividade é

esposa Silvana

mentou e a colheita destinada apenas ao con-

um estímulo à diversificação da renda, suprin-

Figueiredo de

sumo próprio passou a ser destinada também

do as necessidades básicas por meio da ven-

Jesus Salomão

para outros programas de fortalecimento da agri-

da de aves e ovos, resultando num importante

cultura familiar, como os Programa Nacional

complemento da receita para os envolvidos.

de Alimentação Escolar - PNAE, o Programa de

“Ainda temos planos já organizados de criar

Aquisição de Alimentos - PAA e o Compra Di-

peixes no córrego que banha a cidade, é um

reta da Agricultura Familiar - CDAF, garantin-

projeto de piscicultura em sistema intensivo

do uma melhoria de renda para cada integrante.

(tanque rede) que o Incaper está nos apoiando.

Atualmente, a AMAVT é composta por 32

O empenho e a habilidade de todos é essen-

famílias e, além da produção diversificada de

cial, mas sem trabalho do corpo técnico envol-

alimentos (olericultura), eles também realizam

vido como agentes facilitadores, esclarecendo

o reflorestamento de uma das nascentes do

dúvidas, orientando e otimizando condições

córrego Taquaras, que abastece a Vila e traba-

para a realização dos nossos trabalhos nenhu-

lham com o projeto de avicultura de postura

ma melhoria seria possível”, explica Salomão.

32 incaper

i n ca p e r e m revista

O trabalho “Um olhar sobre Taquaras: agindo para mudar”, realizado pelo Incaper, foi vencedor do Prêmio Inoves 2010, na categoria Inclusão Social. Gilmar, presidente da Associação de Moradores da Vila de Taquaras em Pedro Canário é um dos beneficiados por este trabalho.

34 incaper

4.2. Mel deixa a vida mais doce em Alto Rio Novo Alto Rio Novo está localizado no Noroeste capixaba e possui uma população de aproximadamente 7.000 habitantes, grande parte dela ocupada nas ativi-

Faltava, porém, um espaço para que o mel produzi-

dades rurais. Este é um município que pode ser usado

do pelo grupo pudesse ser beneficiado. Surge então, via

como exemplo para mostrar como a extensão rural deve

Pronaf Capixaba, o projeto ‘Casa de Mel’, um centro de

ser um processo que possibilita aos homens e mulheres

referência para os produtores ligados à atividade (espa-

transformarem suas realidades.

ço não só de produção, a casa funciona como um elo,

Tendo a sua agricultura baseada na cafeicultura e pe-

um espaço de identidade do grupo e da sua luta). Este

cuária, a diversificação da produção dos agricultores da

foi um passo fundamental para que a apicultura do mu-

região já era uma necessidade há anos, com o declínio da

nicípio se tornasse referência no estado.

comercialização desses produtos. As garantias de geração

A partir de 2006, os equipamentos foram sendo adqui-

de renda e de qualidade de vida precisavam adquirir am-

ridos e as coisas só melhoraram: as parcerias, com desta-

plitude. E foi aí que as ações de extensão rural do Incaper

que para as estabelecidas com a prefeitura local e o SE-

ganharam vida, com a possibilidade de organizar e apoiar

BRAE, somaram-se para que o grupo pudesse se envol-

os agricultores na adoção de tecnologias da apicultura,

ver em ações de capacitação em organização rural, api-

alternativa que se apresentava ao município desde 2005.

cultura, comercialização e gestão. Os agricultores rom-

Num primeiro momento, reuniões serviram para

peram as fronteiras do município e participaram, junto

diagnosticar a condição real da atividade e também

com os técnicos do Incaper, de congressos nacionais e

para que os protagonistas desta história percebessem

eventos sobre o mercado.

as necessidades efetivas e as potencialidades envolvi-

Hoje, contam-se vinte sócios na ARACAME e eles

das no empreendimento. A organização era fundamen-

vendem grande parte da sua produção para o PAA (Pro-

tal para que os agricultores se mantivessem unidos em

grama de Aquisição de Alimentos). A procura pelo mel é

torno dos seus próprios interesses. Com o incentivo e

tanta que as metas de produção passaram de 1,5 para 7

apoio do Incaper, foi criada a ARACAME - Associação

toneladas em um ano. Mas eles querem mais: aumentar

Rio-novense de Apicultores e Criadores de Abelhas Me-

a infraestrutura produtiva e a produção de mel orgânico.

líferas e Europeia.

Alguém dúvida que o grupo irá conseguir?

i n ca p e r e m revista

4.3. Tecnologia social dá vida a “Cores da Terra” Comunidades rurais de 23 municípios do Espírito Santo estão desenvolvendo uma técnica simples e sustentável, capaz de dar múltiplos usos às várias tonalidades da terra. O projeto é chamado de ‘Cores da Terra’, por ser baseado em uma tecnologia social que tem na terra a matéria-prima principal, misturada com ingredientes como água, cola

tarina, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.

e pigmentos de plantas, resultando em tintas de cores e

Este processo, de baixo custo e impacto ambiental

tons variados. O material não é tóxico, apresenta boa qua-

mínimo, compreende produtos, técnicas e metodologias

lidade e o custo é 30% inferior ao da tinta convencional.

que visam a transformação social, favorecendo a organi-

A técnica é executada dentro dos princípios da bio-

zação das comunidades por meio do exercício da coo-

arquitetura e agroecologia. Inicialmente desenvolvida no

peração entre as pessoas, desenvolvendo a criatividade

Departamento de Solos da Universidade Federal de Viço-

e ocasionando a melhoria da autoestima dos envolvidos.

sa - UFV, foi introduzida no Estado em 2007 pelos exten-

Além disso, a iniciativa contribuiu com o agroturismo, ao

sionistas do Incaper e Prefeituras Municipais a partir de

embelezar a paisagem rural, pois favoreceu a melhoria

cursos de formação de jovens estudantes (20%), agricul-

da aparência das habitações rurais, das instalações co-

tores familiares (30,1%), professores (5,8%) e outro pú-

munitárias e dos empreendimentos turísticos. Não fosse

blico (44,0%), incluindo aí pintores. A destacar também

isso o bastante, o projeto pode proporcionar uma alterna-

que 70% dos participantes foram mulheres, que passaram

tiva de renda a partir do acabamento de peças decorati-

a ser multiplicadoras da técnica em suas comunidades

vas e utilitárias a serem comercializadas, como vasos de

de origem. Em menos de dois anos, foram mais de 1.200

cerâmica, esculturas de barro, telas e telhas decorativas.

peças decoradas com a nova tinta, entre obras e peças

O projeto ‘Cores da Terra’, mais do que motivo de or-

de artesanato, além de quatro mil capixabas surpresos ao

gulho do Incaper por ser o grande vencedor de 2009 do

descobrirem novas habilidades e fontes de renda. O su-

prêmio Finep de inovação, na categoria “Tecnologia So-

cesso já extravasou os limites estaduais, com treinamen-

cial”, é visto hoje pelos extensionistas como um impor-

to efetuados pelos técnicos do Incaper em outras unida-

tante processo tecnológico de apoio ao desenvolvimen-

des da federação, destacando-se os estados de Santa Ca-

to sustentável das comunidades rurais.

36 incaper

Galpão de Produtor, em Caxixe, Venda Nova do Imigrante - ES

Prêmio Nacional Em 2009, o Incaper foi o grande vencedor, na região Sudeste, do Prêmio Finep de inovação na categoria “Tecnologia Social” com o Projeto ‘Cores da Terra’. O prêmio é o principal do setor no Brasil e é promovido pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), via Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), como um instrumento para identificar, divulgar e premiar esforços inovadores concebidos e aplicados no território nacional.

i n ca p e r e m revista

38 incaper

4.4. Artesanato de fibra de taboa é garantia de renda para mulheres de comunidade quilombola

São Mateus é o município com a maior população afrodescendente do Espírito San-

do aumento da geração de renda e qualidade de vida dos quilombolas.

to. Isso se deve ao fato de o local ter sediado

Com o objetivo de disponibilizar tecnolo-

um dos principais portos e importantes casas

gias em conformidade com as necessidades lo-

de comércio de negros do Brasil, que funcio-

cais, destaca-se a implantação de unidades de-

naram desde a chegada dos primeiros navios

monstrativas de variedades desenvolvidas pela

negreiros no século XVI até praticamente o fi-

pesquisa do Incaper, como o abacaxi Vitória e

nal do século XIX.

as bananas Japira e Vitória, além de uma uni-

Atualmente, a região denominada Sapê do

dade de referência em agricultura orgânica, im-

Norte, abrangendo os municípios de Concei-

plantada na comunidade Espírito Santo, o que

ção da Barra e São Mateus, é composta por

resultou no incremento da produção e em no-

mais de trinta comunidades quilombolas. Ge-

vos adeptos da agroecologia.

ograficamente, a comunidade quilombola de

Além dessas ações tecnológicas, haviam de-

São Jorge está próxima da sede do município,

mandas de ações de Ater para mulheres, que

em torno de 15 km. Quando se trata de aces-

sentiam necessidade de contribuir com o sus-

so às políticas públicas, entretanto, a distância

tento familiar. Foi então que surgiu a ideia de

se torna infinitamente maior.

se promover um curso de artesanato para esse

Sintonizado com os problemas enfrenta-

público específico.

dos pela comunidade, o Incaper, em 2008, re-

As mulheres que participaram do curso es-

alizou um trabalho de diagnóstico participati-

tão produzindo bolsas e carteiras da fibra de

vo para conhecimento da realidade dos mo-

taboa e colhendo sucesso. Regina Conceição,

radores da região. A partir daí, o incremento

uma das trinta artesãs que fez o curso, conta fe-

nos trabalhos de mobilização, fortalecimento,

liz que sua produção está sendo vendida pela

apoio e implantação de algumas ações de Ater

empresa Flor de Cafezal para os estados do Pa-

foram fundamentais para a promoção da diver-

raná, São Paulo, Rio de Janeiro, Amapá, Minas

sificação das atividades e, consequentemente,

Gerais e Mato Grosso do Sul.

i n ca p e r e m revista

Regina, com a bolsa na mão e feliz

“O curso e o apoio que recebi na manu-

com o apoio do Instituto, um selo de identifi-

com os resultados,

tenção do trabalho depois me fizeram prospe-

cação e origem das peças, garantindo visibili-

trabalha com a irmã

rar e hoje não tenho a preocupação que tinha

dade, qualidade e melhora da autoestima des-

Jorgina Conceição

de fazer as carteiras e não ter onde vender, o

sas mulheres. Além disso, a equipe de exten-

e a filha Leidiane

que é uma tranquilidade para a renda fami-

sionistas contribui ainda com a abertura de no-

Conceição

liar”, explica Regina, que trabalha junto com

vos mercados e o transporte das mercadorias.

sua irmã e a filha.

É a extensão rural atuando para o desenvolvi-

Mas o envolvimento do Incaper não acabou com a conclusão do curso. Foi desenvolvido,

mento e a emancipação das comunidades quilombolas do norte do Espírito Santo.

40 incaper

4.5. O reaprendizado em viver e cultivar em comunidade é o segredo de sucesso do assentamento Córrego Alegre, em Nova Venécia

Imagine reunir em comunidade

assentamento era diferente dos de-

grupos distintos de diferentes cultu-

mais da região, cabendo a cada fa-

ras. E, depois, conseguir a adesão de

mília 7,2 hectares de terra, muito in-

todos para dar andamento às ações

ferior àquela concedida aos demais

de extensão rural. Esse foi o desafio

projetos do tipo, que recebem aci-

do Incaper no Assentamento Córrego

ma de dez hectares, o Incaper resol-

Alegre, situado a três quilômetros da

veu, junto com o grupo, construir

sede do município de Nova Venécia.

uma proposta de trabalho diferente:

Em 123,6 hectares de terra, de-

produzir olerícolas, além das ativi-

zesseis famílias oriundas de Luzilân-

dades tradicionais.

dia e do próprio município (indica-

O trabalho não se concretizou do

das pelo Sindicato de Classe e sele-

dia para a noite. Passaram-se cinco

cionadas e homologadas pela Seag)

anos para que o sonho se tornasse re-

estão unidas e sediadas no assenta-

alidade. Hoje, porém, a base de sus-

mento, mediante contrato de como-

tentação das famílias são as hortas,

dato para um período de vinte anos

juntamente com o café. A diversifi-

e com constituição datada de 30 de

cação agrícola, aliada à organização

novembro de 1988.

dos assentados em associação, bem

Naquele mesmo ano, o Incaper

como à proximidade do assentamen-

começou o trabalho de Assistência

to com a cidade, favoreceram a co-

Técnica e Extensão Rural. Um fato

mercialização da produção de horta-

curioso é que a vocação dos assen-

liças na feira do município e o conta-

tados consistia em cultivar café co-

to direto com o consumidor.

nilon e mandioca, assim como criar

Atualmente, setenta e cinco pes-

pequenos animais e bovinos. Mas

soas, entre crianças, jovens e adultos,

como a característica fundiária do

moram no assentamento, que possui

i n ca p e r e m revista

ainda uma associação com dez fa-

608, além da própria horta), do que

rendimento por família/mês referen-

mílias, vários projetos implantados

resulta uma média de produção de

te à venda de verduras.

(cultura do café, irrigação, criação

50 sacas beneficiadas de café coni-

Essas conquistam mudaram o ce-

de cabras, aquisição de caminhão

lon por família/ano e R$ 700,00 de

nário da região. Por onde se passa no local é possível sentir a alegria e ver as cores nas ruas, nas casas. Todos os assentados vivem com um conforto digno, que dá orgulho de ver, inclusive as casas são equipadas com vários eletrodomésticos. A alimentação é saudável, com base nas hortaliças produzidas no assentamento. “A nossa renda conquistada é muito superior a que obtínhamos antes, tudo graças ao apoio que recebemos aqui do Incaper e do Incra. Hoje, vivemos muito melhor, temos casa boa, veículos para transporte, tudo fruto de nosso trabalho”, explica Juracir Quintino, Presidente da Associação dos Pequenos Produtores Assentados do Córrego Alegre.

Juracir Quintino e sua esposa Ironete Gazoli Francisco, felizes com a vida nova

42 incaper

4.6. Agricultura orgânica familiar de Santa Maria é referência de comercialização no estado

A agricultura orgânica converteu-se em op-

Incaper não se limitavam às orientações sobre

ção para um grupo de agricultores familiares da

as técnicas da produção orgânica e às formas

Comunidade Pomerana de Alto de Santa Maria,

de transporte dos produtos, envolvendo ainda

em Santa Maria de Jetibá quando eles, preocu-

ajuda intensa nas articulações e no esclareci-

pados com a intoxicação que alguns haviam so-

mento da comunidade sobre gestão, comercia-

frido com o alto índice de agrotóxicos usados,

lização e formas de acesso às políticas públicas.

perceberam ser possível produzir de forma sau-

As ações de apoio e fortalecimento da co-

dável e sustentável. O cultivo, que visa a har-

mercialização foram aprofundadas com o tra-

monia entre terra, água, ar, animais, plantas e

balho que o Incaper, em parceria com a Conab,

seres humanos, passou de uma filosofia de vida

realizou na divulgação e orientação sobre as

para a forma de sustento de 44 famílias da co-

políticas do Governo Federal voltadas à com-

munidade graças a algumas atitudes organiza-

pra direta da agricultura familiar. Mais especi-

cionais e às articulações com órgãos públicos.

ficamente, sobre o Programa de Aquisição de

Para viabilizar a comercialização dos seus

Alimentos – PAA, que permite pagar um ágio

produtos, que se deparava com sérios entraves,

de até 30% pelos produtos certificados como

Em sua banca,

o grupo recorreu ao Incaper e com o incentivo,

orgânicos ou agroecológicos, e sobre nova Lei

Selene Tesch,

apoio e acompanhamento do Instituto, foi cria-

que rege o Programa Nacional de Alimentação

compartilha

da a Associação de Produtores de Orgânicos da

Escolar - PNAE, a qual determina que parte do

qualidade de vida

Agricultura Familiar Amparo Familiar, que com-

recurso repassado aos municípios seja utiliza-

pletou nove anos de vida em maio deste ano.

da na compra de produtos da agricultura fami-

“O Incaper nos orientou que esta atitude era

liar, priorizando, sempre que possível, os ali-

absolutamente necessária para que fosse pos-

mentos orgânicos ou agroecológicos.

sível realizar as articulações de comercializa-

Além da divulgação das políticas públicas,

ção com diferentes mercados”, explica a Pre-

o projeto “Fortalecimento dos Espaços de Co-

sidente da Associação, Selene Tesch.

mercialização Solidária Através da Agricultu-

Segundo ela, as ações dos extensionistas do

ra Familiar e Organizações Sociais da Grande

i n ca p e r e m revista

Vitória”, viabilizado pela Finep/MCT e ope-

Assim, desde 2007, a Associação Amparo

racionalizado pela Fundagres/Incaper e pelas

Familiar consegue vender seus produtos orgâ-

Prefeituras Municipais de Cariacica e de Vi-

nicos na Feira de Orgânicos de Barro Vermelho,

tória e pela Cooperativa Solidária de Alimen-

em Vitória, e de Cariacica, bem como ao Mi-

tos Orgânicos do Estado do Espírito Santo –

nistério de Desenvolvimento Social, por meio

O Broto, promoveu a inserção dos produtos

do PAA e à Prefeitura Municipal de Vitória. “Em

dos agricultores de Santa Maria do Jetibá no

nossa opinião, para ter qualidade de vida não é

mercado institucional de Vitória, implantan-

preciso apenas produzir, mas também compar-

do, além disso, também a Feira Agroecológi-

tilhar os frutos com quem quer consumir qua-

ca de Cariacica.

lidade”, destaca Selene.

44 incaper

4.7. Colhendo flores e frutos da perseverança

No município de Alfredo Chaves, duas histórias contam ao mundo como a perseverança familiar, aliada à organização e ao planejamento, pode colher do campo sustento e sucesso do agricultor familiar. Uma plantação de bananas que era vendida ao preço estipulado pelo atravessador. Era isso que a família do agricultor Jamil Lorenzini, de 64 anos, e outras 22 do Quarto Território, distrito de Alfredo Chaves, possuíam há quatro anos. “Toda nossa fruta colhida era negociada pelos atravessadores, que já chegou a ter sete”, conta Lorenzini. Eles estabeleciam o preço de compra da banana em toda a região e a autonomia de venda era praticamente zero. Essa realidade começou a mudar quando essas 22 famílias se organizaram em uma associação e receberam a ajuda do Incaper.

À direita o

Hoje, com o apoio dado pelo Instituto ca-

presidente da

pixaba e a perseverança de sete dessas famí-

associação Jamil

lias, o grupo está organizado e estruturado. O

senvolvido pelo Incaper para acesso aos recur-

Lorenzini, feliz

empreendimento ganhou novo impulso com a

sos do Programa Nacional de Fortalecimento

com o empenho

compra de um caminhão com câmera climati-

da Agricultura Familiar -Pronaf.

das famílias

zada, caixas, galpão, carro e um sistema de ir-

Suas bananas agora possuem maior quali-

rigação para sanar o problema na época de es-

dade e tem maior rentabilidade, pois são co-

tiagem, tudo por intermédio de um projeto de-

mercializadas diretamente para empresas como

associadas

i n ca p e r e m revista

Vale, CST e para a merenda escolar de diversos

realizarmos o sonho de vendermos nossas bana-

municípios do Estado. Hoje, a família Lorenzini

nas direto ao consumidor. Graças à ajuda que

vende cerca de 700 caixas por mês, provenien-

tivemos, agora posso fazer um planejamento,

tes dos seus onze hectares de terra. “Orientan-

investir e confiar que tenho condições de hon-

do, divulgando e dando formas e iniciativas, o

rar um financiamento, pois conquistei uma ren-

Incaper conseguiu que nos organizássemos para

da mais garantida”, vibra o agricultor familiar.

46 incaper

A história do agricultor Darli Ardizzon e sua esposa Lucinéia Maioli Ardizzon lembra o conto do semeador que saiu a semear, conhece? Ao menos essas foram as palavras usadas por eles ao contarem um pouco da sua trajetória. Há gerações, a família plantava banana e café em suas terras, mas o resultado dessa renda não estava bom. Segundo Ardizzon, o motivo era a mudança do clima, a terra que tinha cansado, a crescente exigência da qualidade da banana e a escassez de mão de obra vinda com o êxodo rural. “Eu precisava de alternativas de diversificação e elas surgiram quando minha esposa Néia participou de um curso de flores dado pelo Incaper, em 2006”, relata. Apesar da tradição familiar, Darli Ardizzon decidiu usar a terra do café para plantar flores – primeiro Tango e depois Lysianto –, apostando suas economias e forças na compra de sementes de São Paulo e na construção da primeira estufa. Hoje, ele não se arrepende. Por meio do Incaper, a família também conseguiu o financiamento do Pronaf para a segunda estufa, de 600m², o que faz com que eles consigam vender, atualmente, cerca de 2.500 mocas por colheita. “Acredito na terra, na agricultura familiar, tivemos a coragem de inovar e, graças ao apoio que obtivemos do Incaper, estamos colhendo as sementes da terra fértil”, conta Néia Ardizzon.

Darli e Néia Ardizzon acreditam na terra

i n ca p e r e m revista

48 incaper

4.8. Produção de leite em Ibitirama aumenta 500% Ibitirama, região do Caparaó capixaba, é uma prova

propriedade e ainda favorece a qualidade do capim, já

de como um processo de capacitação técnica continua-

que os animais consomem sempre o capim novo, com

da contribui para o avanço na agropecuária sem que seja

maior valor nutricional.

preciso o aumento da área plantada. A produção de leite

O agricultor Ronaldo Vieira de Aguiar, sua esposa

no município aumentou cinco vezes nos últimos anos:

Malésia Vieira da Silva e seus três filhos buscavam ca-

passou de uma média de 3 mil litros por dia em 2004

pim a cerca de onze quilômetros de sua propriedade

para 15 mil litros de leite por dia em 2010.

para tratar dos animais. No início da assistência técnica

Esse sucesso tem relação direta com uma série de ações de assistência técnica e extensão rural promovidas pelo Incaper em parceria com o Serviço Nacional de Desenvolvimento Rural (Senar), e com a Prefeitura de Ibitirama. As comunidades do município foram capacitadas para a sustentabilidade da atividade leiteira: qualidade do leite, melhoramento genético, alimentação e manejo do rebanho e das pastagens. A inseminação artificial, por exemplo, só era utilizada por dez agricultores familiares até 2004. Agora, já são cinquenta os produtores que aderiram à prática, o que colaborou para o aumento da produtividade, já que proporciona a melhoria genética do rebanho com a utilização de sêmen de touros comprovadamente produtivos. Além disso, a técnica do pastejo rotacionado – divide-se a pastagem em piquetes, sendo o gado trocado de piquete a cada dia - que não era utilizada no município, já é praticada por quarenta e oito produtores dos cento e vinte atuantes no município. O sistema contribui para a melhoria do aproveitamento do espaço da

i n ca p e r e m revista

que receberam do Incaper, em 2004, eles possuíam 15

quadamente, e a de cana + ureia no período de inverno,

matrizes de leite e produziam 30 litros leite/dia. A ren-

instalaram uma ordenhadeira mecânica, eliminaram to-

da mensal da atividade era R$ 758,00 provenientes de

talmente o sistema de monta livre, implantaram o pro-

venda de leite e animais.

grama de sêmen sexado da Seag, chegando à fase de in-

Com o passar do tempo, as melhorias aconteceram.

seminação aos 14 meses de idade. Em seis anos, a famí-

Eles deram início à inseminação artificial, passaram a

lia Vieira passou a ter 18 vacas de leite e 5 vacas secas,

utilizar a pastagem de capim-mombaça, manejada ade-

a produção passou a 250 litros leite/dia e a renda mensal da atividade familiar multiplicou-se sete vezes. “Fazíamos queijo e vendíamos leite na rua, não tínhamos conhecimento de como mudar e crescer. A assistência do Incaper possibilitou que nossa família se organizasse e pudesse tirar o sustento de nossas terras e de nosso trabalho com mais dignidade”, conta o patriarca da família. Além da melhoria técnica na atividade em Ibitirama, houve também um incentivo estrutural. Foram instalados 30 tanques de recepção de leite, sendo 15 particulares e 15 doados pelo Governo do Estado, por meio da Seag, o que facilitou a comercialização e incentivou o desenvolvimento da atividade. O mecanismo incentivou o associativismo e estimulou a melhoria da qualidade em todo o município, já que o leite de vários produtores é despejado em um recipiente comum, o que favorece a cobrança mútua pela excelência da produção. Também foram instaladas 15 ordenhadeiras, máquinas que reduzem a mão-de-obra para tiragem do leite, diminuindo custos e aumentando a eficiência do sistema. Um avanço para a evolução do município e da vida no campo.

50 incaper

4.9. Uma experiência em organização rural: o Polo de Manga É inegável a importância da organização social para o sucesso de projetos e iniciativas voltadas para o desenvolvimento rural, sobretudo em um cenário de sustentabilidade. Desde 2003, a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Pesca - Seag - realizou intenso processo de planejamento de longo prazo para o desenvolvimento rural capixaba que culminou com a publicação do Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba- Pedeag. A partir daí, foram identificadas potencialidades e limitações regionais, além de propostas políticas e projetos capazes de estimular o desenvolvimento de cada uma

zação dos agricultores familiares vieram as conquistas.

das regiões do Estado, buscando-se assim dinamizar as

Foram adquiridos, via recursos do Pronaf-Infra e Pro-

principais cadeias produtivas do agronegócio capixaba.

naf, diversos equipamentos, máquinas e veículos, hoje

Foi neste cenário que nasceu o Polo de Manga na região

indispensáveis à comercialização da manga.

noroeste do Espírito Santo, que resultou em grandes avanços para a agricultura familiar.

Atualmente, há uma eficiente estrutura de colheita, seleção, transporte, escoamento e comercializa-

Desde então, agricultores de vinte municípios foram

ção conduzida pelos próprios agricultores e interme-

contemplados com 120.000 mudas de manga ubá para

diada pelo Grupo Gestor. Somente em 2009, estima-

o plantio organizado. Neste processo, as ações sistêmi-

-se que foram pagos aos agricultores familiares mais

cas de Ater do Incaper foram fundamentais, já que não

de R$ 1 milhão em um setor que antes não era visto

se limitaram às questões produtivas, considerando tam-

como fonte de renda.

bém os desafios mercadológicos e especialmente a orga-

O amadurecimento do Grupo Gestor, conquistado

nização social dos agricultores familiares enquanto pro-

nesses sete anos de trabalho, faz com que ano a ano a

tagonistas do processo.

dependência em relação ao poder público seja menor.

Para a mobilização e articulação dos agricultores

Neste período, foram realizadas diversas reuniões de mo-

familiares houve uma ampla parceria entre a Coopera-

bilização e articulação, além de ações de capacitação

tiva de Agricultores Familiares – CAF, de Colatina, os

para formação e desenvolvimento das competências téc-

Sindicatos dos Trabalhadores Rurais de Colatina e re-

nicas e comportamentais necessárias à sustentabilidade

gião, as Associações de Produtores Rurais, as prefeitu-

do processo, assim como para a gestão dos contratos de

ras dos municípios envolvidos no Polo e o Sebrae, sur-

longo prazo que garantem a segurança de escoamento

gindo assim o Grupo Gestor coordenado pelo Incaper,

da produção, a regularidade de demanda, preço mínimo

que atualmente coordena o processo. Com a organi-

e a certeza de que o esforço valeu a pena.

i n ca p e r e m revista

4.10. Técnica da caixa seca pode ser a solução para amenizar problemas de seca e também de chuvas intensas Já imaginou uma forma de amenizar os efeitos maléficos da falta de chuva e da abundância dela, ao mesmo tempo? Pois é, o que parece ser contraditório se tornou possível por meio de uma técnica chamada Caixa

Prêmio Inoves 2009 para

Seca, que já existe há anos, mas implementada pelo In-

tecnologia das caixas secas

caper em São Roque do Canaã, no ano de 2008, tendo

O trabalho com as caixas secas em São Roque

já demonstrado resultados surpreendentes.

do Canaã rendeu ao Incaper dois troféus do prê-

A tecnologia consiste na construção de reservatórios

mio Inoves, promovido pelo Governo do Esta-

tecnicamente dimensionados na margem das estradas para

do, em 2009. Com o título ‘Mobilização So-

a captação das águas de chuva. O procedimento evita as

cial para Produção de Água’, o projeto recebeu

enxurradas, a erosão, o assoreamento dos rios e a depre-

duas menções, uma de “Práticas Sustentáveis”

dação das estradas pela chuva, aumentando ainda o arma-

e outra “Destaque Atitudes Empreendedoras”.

zenamento de água e o abastecimento do lençol freático, o que favorece as nascentes e a vazão dos rios. No município, foram construídas 530 caixas secas em uma extensão de 10 Km de estrada. Após dois anos e

Santo, como Colatina, Santa Teresa, Itaguaçu, Marilândia,

meio de implantação, foi constatado, por monitoramento

entre outros. Em Alegre, por exemplo, durante a segun-

mensal, um aumento de 51% na vazão de uma das nas-

da quinzena do mês de maio deste ano foram construí-

centes do rio Santa Júlia que banha a região. Além disso,

das 17 caixas secas, ao mesmo tempo em que foram re-

foram conferidas a infiltração de aproximadamente 100

alizados cursos sobre a implantação da tecnologia para

milhões de litros de água no lençol freático e a retenção

outros técnicos da Prefeitura Municipal e de operadores

de 5.600 m de sedimentos sólidos que teriam ido pa-

de retroescavadeira. O objetivo foi a estruturação de uma

rar nos rios, arrastados pela água ao longo do caminho.

Unidade Demonstrativa para servir de parâmetro prático

A técnica das caixas secas já existe há muitos anos, mas

a outros agricultores que desejassem aderir ao modelo.

estava esquecida. O destaque da experiência de São Roque

Para implantação do projeto são necessários alguns

do Canaã é que foi o primeiro caso do Brasil que apresentou

cuidados, como a realização de cálculos precisos. É ne-

resultados monitorados e com a mobilização de agriculto-

cessário calcular o volume correto da escavação, deven-

res que se organizaram para a construção das caixas secas.

do-se definir não apenas a chuva que se quer captar em

Diante de tantos benefícios a partir de uma técnica

24 horas, como também se levar em consideração a lar-

relativamente simples, o Incaper tem incentivado a cons-

gura e a declividade da estrada, juntamente com a co-

trução de caixas secas em outros municípios do Espírito

bertura vegetal da microbacia hidrográfica.

incaper 52 Incaper

5. Programas do Incaper

5.1. C afé Sustentável O agronegócio do café é uma das atividades mais importantes do Espírito Santo por seu grande peso social e econômico no Estado. Presente em todos os municípios capixabas, exceto Vitória, é a atividade com maior poder de geração de empregos no Estado. A cafeicultura é o sustentáculo econômico de 80% dos municípios e responde por 43% do PIB agrícola capixaba. A cadeia produtiva, em sua totalidade, gera aproximadamente 400 mil postos de trabalho ao ano e só no setor de produção envolve 131 mil famílias, com tamanho médio das lavouras em torno de 8,3 hectares. O Espírito Santo está inserido numa das mais imponentes zonas cafeeira do mundo, numa área aproximada de 500 mil hectares, com produção anual de cerca de 10,2 milhões de sacas, entre arábica e conilon, colhidas em 60 mil propriedades, das quais mais de 73% são de base familiar. Esses números colocam o Estado como o segundo maior produtor do Brasil, respondendo, em 2009, por 25,8% da oferta nacional.

i n ca p e r e m revista

54 incaper

Da produção estadual de café no

do novas bases tecnológicas, têm al-

ra capixaba estão previstas no Pla-

ano de 2009, aproximadamente 74%

cançado produtividades superiores a

no Estratégico para o Espírito San-

constituiu-se de conilon e 26% de

100 sacas por hectare e cafés de qua-

to, 2007- 2025 (PEDEAG CAFÉ), no

arábica. O café conilon é plantado

lidade superior.

qual são delineadas as principais di-

em 64 municípios situados em regi-

O café arábica é produzido em

retrizes e ações estratégicas. O acom-

ões quentes e com altitudes inferio-

50 municípios capixabas, em regiões

panhamento da operacionalização

res a 500 metros, envolvendo 36 mil

com altitude superior a 500 metros,

deste Plano é realizado pelo Comitê

propriedades. Os maiores municípios

envolvendo cerca de 24 mil proprie-

de Gerenciamento de Políticas Cafe-

produtores são Vila Valério (650 mil

dades. Aproximadamente 75% da pro-

eiras, constituído por representantes

sacas/ano), Jaguaré, Sooretama, Rio

dução advém das regiões do Caparaó

de diferentes instituições envolvidos

Bananal, Nova Venécia, Pinheiros,

e Serrana e os principais municípios

nos elos da cadeia produtiva do café.

São Mateus, Linhares, Boa Esperan-

produtores são Brejetuba (350 mil sa-

Este comitê é amparado pelo Progra-

ça e São Gabriel da Palha (300 mil

cas/ano), Iúna, Vargem Alta, Muniz

ma Estadual de Cafeicultura Susten-

sacas). A safra capixaba de conilon,

Freire, Ibatiba, Irupi e Afonso Cláu-

tável, que possui seis linhas de proje-

em 2009, foi de 7,6 milhões de sacas.

dio. Em 2009, a produção foi de 2,6

tos: (i) renovação e revigoramento de

É expressivo, sem dúvida, o avan-

milhões de sacas e a produtividade

lavouras; (ii) qualidade e certificação

ço tecnológico da cultura do café co-

média de 15,0 sacas/ha, sendo que

da produção; (iii) adequação ambien-

nilon no Brasil, cujo predomínio pro-

muitos produtores alcançaram mé-

tal; (iv) organização social; (v) merca-

dutivo localiza-se no Espírito Santo,

dia de 40 a 80 sacas/ha. No contexto

do e, (vi) crédito. Dentre essas linhas

referência global da cultura. As varie-

nacional, o Estado destaca-se como

de trabalho, foram priorizadas ações

dades clonais de conilon desenvolvi-

o terceiro maior produtor de arábica.

e estabelecidos dois grandes progra-

das pelo Incaper destacam-se no ce-

Vale ressaltar que o Espírito Santo

mas estaduais, denominados: (1) Pro-

nário mundial. Essa tecnologia, asso-

é o único Estado brasileiro com pro-

grama Renovar Arábica e (2) Programa

ciada a outras desenvolvidas também

dução significativa das duas espécies:

de Melhoria da Qualidade do Café.

pelo Instituto, como manejo da cultu-

Arábica e Conilon. Assim, em face da

Na busca por maior conscienti-

ra, espaçamento, poda, plantio em li-

grande importância da cafeicultura na

zação dos envolvidos na cadeia pro-

nha, adubação, conservação de solo

geração de emprego e renda, a sus-

dutiva do café quanto à importância

e irrigação, contribuíram de forma ex-

tentabilidade tornou-se tema estratégi-

da produção sustentável, vêem sendo

pressiva para quase triplicar a produ-

co na agenda do agronegócio café no

implementadas ações para a utiliza-

tividade do Estado ao longo das últi-

Espírito Santo. Ao longo da última dé-

ção das boas práticas agrícolas, com

mas duas décadas. O rendimento mé-

cada, a cadeia produtiva de café capi-

o objetivo de ter-se uma cafeicultura

dio passou de 9,2 para 26,0 sacas/ha,

xaba vem assumindo o compromisso

ambientalmente correta, socialmente

a produção de 2,4 para 7,6 milhões

de atuar no sentido de produzir, além

justa e economicamente viável. Par-

de sacas/ano, enquanto a área plan-

de dividendos econômicos, desenvol-

te-se do princípio que para uma ati-

tada aumentou apenas 7,0%. Regis-

vimento humano, social e ambiental.

vidade ser sustentável, ela deve pro-

tre-se que muitos cafeicultores, que

As ações voltadas ao desenvol-

mover crescimento econômico e, ao

já renovaram suas lavouras utilizan-

vimento sustentável da cafeicultu-

mesmo tempo, respeitar o meio am-

i n ca p e r e m revista

cos, como o manejo integrado de pragas e a produção orgânica. Ademais, é preciso que se mantenham íntegras as áreas de reserva legal, enquanto aquelas degradadas devem ser recuperadas, favorecendo a conservação da biodiversidade e o estabelecimento de corredores ecológicos. A dimensão econômica: é necessário ao produtor rural assegurar a sobrevivência financeira, o bem-estar e a segurança alimentar das famílias sob sua dependência, monitorando seus gastos e receitas, evitando desperdícios com o uso ótimo das sinergias entre os sistemas de produção animal e vegetal, agregando vabiente e satisfazer as necessidades e

procedimentos simples, ao alcance de

lor aos produtos agrícolas, diversifi-

aspirações humanas. Neste contex-

todos os produtores. A promoção da

cando as atividades produtivas, bem

to, o foco da cafeicultura capixaba

adequação ambiental das proprieda-

como as fontes de renda, e buscan-

sustentável passa por três dimensões:

des por meio da proteção de nascen-

do, por fim, a autogestão da proprie-

A dimensão social: respeito

tes e mananciais de água, da conser-

dade. Deve ser facilitado o acesso aos

à força de trabalho, representada pe-

vação das matas ciliares junto às nas-

canais de comercialização, ao crédi-

los trabalhadores rurais contratados,

centes e no topo dos morros, da cor-

to e à assistência técnica.

parceiros e meeiros, expresso por in-

reta destinação dos esgotos domésti-

O Incaper iniciou os trabalhos de

termédio do cumprimento integral da

cos e das águas residuais do despol-

pesquisa com café conilon em 1985

legislação trabalhista, da remuneração

pamento de café e de criatórios ani-

e com café arábica em 1998. Nos úl-

justa e da moradia digna, bem como

mais deve ser estimulada. A degrada-

timos dez anos, trabalhos importantes

pela possibilidade de acesso à educa-

ção dos solos no interior das lavouras,

vêm sendo realizados nas áreas de me-

ção, à saúde e à recreação, com rela-

nas estradas e nos corredores de aces-

lhoramento genético, poda e adensa-

ções justas e humanas entre o capital

so deve ser sistematicamente combati-

mento, nutrição, manejo e conserva-

e o trabalho. A organização e a parti-

da mediante o uso de técnicas adequa-

ção de solo, manejo de pragas e doen-

cipação social devem ser promovidas.

das, com a roçada das ervas espontâne-

ças, manejo da colheita, destinação de

A dimensão ambiental: a uti-

as e a construção de caixas secas para

água residuária e qualidade do café.

lização da água, do solo e dos recursos

evitar a erosão. Deve haver diversifica-

Os principais resultados obtidos

naturais deve ser racional, planejada e

ção nos cultivos e adoção de tecnolo-

e de aplicação direta por parte dos

definida pela adoção de tecnologias e

gias que eliminem o uso de agrotóxi-

agricultores foram:

56 incaper

Café conilon: (i) desenvolvimento e recomendação de

da qualidade final do produto (colheita, secagem, bene-

cinco variedades clonais (Emcapa 8111, Emcapa 8121,

ficiamento e armazenamento), e (ix) estabelecimento de

Emcapa 8131, Emcapa 8141 - Robustão Capixaba e Vi-

parcerias para implantação de 200 jardins clonais e pro-

tória Incaper 8142) e uma variedade de propagação por

dução de mudas das variedades clonais Incaper.

sementes (Emcaper 8151 - Robusta Tropical); (ii) aprimo-

Esses resultados de pesquisa, associados ao uso de

ramento da técnica de produção de mudas clonais; (iii)

variedades e mudas de qualidades superior, oriundas de

adequação do manejo da cultura com a técnica de “ver-

mais de 200 jardins clonais, implantados em parcerias en-

gamento” das mudas; (iv) desenvolvimento de tecnolo-

tre o Incaper e viveiristas, prefeituras municipais, coope-

gias para a recomendação da poda, a poda programada

rativas, associações de produtores, instituições de ensino

de ciclo e de espaçamento; (v) ajustes na recomendação

e pesquisa, em 55 municípios, promoveram a renovação

de nutrição (amostragem do solo e de folhas, calagem e

de cerca de 40% (120 mil hectares) do parque cafeeiro de

adubação); (vi) recomendação do plantio em linha; (vii)

conilon do Estado, usando as boas práticas agrícolas. Es-

adequação do manejo de pragas, doenças, plantas dani-

ses produtores têm alcançado produtividade de 50 a 150

nhas e irrigação; (vii) tecnologias associadas à melhoria

sacas beneficiadas de café por hectare.

Programa ‘Renovar Arábica’ O ‘Renovar Café Arábica’ tem como o objetivo renovar ou

tação de unidades demonstrativas nas diferentes áreas de

revigorar, nos próximos 15 anos, todas as lavouras de ca-

produção, dentro do contexto de boas práticas agrícolas

fés arábicas do Estado utilizando novas bases tecnológi-

e de conservação de solo; (vi) a consecução de parce-

cas, visando oferecer maior sustentabilidade à atividade.

rias para a instalação de campos de produção de semen-

Possui como meta prioritária duplicar a produtividade e a

tes; (vii) o estabelecimento de um programa mais efeti-

produção, colhendo 30% de cafés com qualidade superior.

vo de análise de solo e de folha, calagem e adubação;

Este programa, com 16 ações estratégicas, abrange mais

(viii) a implantação de um amplo programa de capacita-

de 20 mil pequenas propriedades de base familiar distribuí-

ção de técnicos e produtores, e (ix) a realização de par-

das em 50 municípios, e está inserido no Programa de Cafei-

cerias para capacitação e organização dos cafeicultores.

cultura Sustentável, baseado no Novo Pedeag 2007- 2025.

Nos últimos três anos, 10% do parque cafeeiro do

Dentre as principais ações do programa, destacam-

Estado foi renovado usando-se boas práticas agrícolas,

-se: (i) a renovação de 5% do parque cafeeiro por ano,

adotando-se tecnologias modernas, variedades superio-

com a utilização de variedades recomendadas e mudas

res recomendadas pela pesquisa e maior adensamento

de qualidade superior; (ii) a aquisição e distribuição de

das lavouras. Vale ressaltar que já são observadas mu-

sementes para viveiristas e produtores; (iii) o treinamen-

danças significativas, com o aumento de cerca de 35%

to de viveiristas de mudas e produtores de sementes; (iv)

na produtividade e de 30% na produção, com pequena

a disponibilização de publicações técnicas; (v) a implan-

redução da área plantada.

i n ca p e r e m revista

Café arábica: (i) recomendação de 16 cultivares (Mun-

café; (vii) desenvolvimento e ajustes de sistemas para re-

do Novo IAC 376-4; Icatu Precoce IAC 3282, Catuaí Ver-

moção dos resíduos sólidos oriundos no processamento

melho IAC 44, Catuaí Vermelho IAC 81, Catuaí Verme-

do café e utilização da água residuária de forma susten-

lho IAC 99, Catuaí Vermelho IAC 144; Catuaí Amarelo

tável; e (vii) implantação do Programa Cafés das Mon-

IAC 62, Catuaí Amarelo IAC 86; Rubi MG 1192; Topázio

tanhas do Espírito Santo (1999/2000), que estabeleceu e

MG 1189 e 1190; Iapar 59; Katipó 243-3-7; Oeiras MG

difundiu, por meio de treinamentos e das salas de prova,

6851; Obatã IAC 1669-20; Tupi IAC 1669-33 e Paraí-

tecnologias de colheita e pós colheita para produção de

so MG H419-1); (ii) desenvolvimento e disponibilização

cafés de qualidade.

de software para calagem e adubação do cafeeiro; (iii)

Resultados importantes destes esforços são visíveis,

recomendação de práticas de conservação de solo; (iv)

posto que o Estado tem conquistado o reconhecimento no

indicação de tecnologias para o manejo de pragas e de

mundo como produtor de cafés de qualidade. Para a obten-

plantas daninhas; (v) validação de tecnologias e indica-

ção de um café de qualidade é necessário planejamento e

ção da poda e do adensamento; (vi) ajustes e validação

emprego de tecnologias adequadas desde o início da im-

de tecnologias de colheita, processamento e secagem do

plantação do cafezal até o momento da comercialização.

Campanha de Melhoria da Qualidade do café Com o propósito de melhorar a qualidade do café Coni-

foram realizadas pelo Incaper e parceiros, destacando-

lon e de buscar excelência na qualidade do café arábi-

-se os Concursos de Qualidade de Café, levados a efeito

ca, o Espírito Santo entra no terceiro ano de uma cam-

nos diferentes municípios, assim como o concurso cor-

panha com o tema: “O Espírito Santo Produzindo Café

respondente a nível Estadual e que em 2010 completa

de Qualidade”. O Incaper, em parceria com instituições

dez anos (10º Premio Qualidade).

envolvidas na cadeia do agronegócio café, além da capacitação de técnicos e de cafeicultores, produziu uma

Pesquisa e Tecnologia

série de materiais informativos, como cartazes, banners,

Existem hoje em andamento no Incaper 40 projetos

folders e cartilhas que mostram as técnicas adequadas

de pesquisa e desenvolvimento, nas diferentes áreas

de cultivo e os chamados “10 mandamentos para pro-

do conhecimento visando, sobretudo, contribuir para

duzir um café de qualidade”, visando a conscientiza-

duplicar a produtividade e melhorar a qualidade do

ção e a orientação dos cafeicultores capixabas em prol

café capixaba, seguindo os princípios de sustentabili-

do sucesso dos mesmos.

dade. A palavra de ordem é “qualidade” e isso justifi-

As ações para a Melhoria de Qualidade do Café no

ca as ações de pesquisa, capacitação e de conscienti-

Espírito Santo iniciou-se há dez anos com o café arábi-

zação dos cafeicultores capixabas quanto à importân-

ca mediante projeto estratégico denominado “Cafés das

cia de se adotar boas práticas agrícolas e de se produ-

Montanhas do Espírito Santo” (1999/2000). Várias ações

zir com qualidade.

58 incaper

Dia especial de cafĂŠ Fazenda experimental do Incaper em Venda Nova do Imigrante - ES

i n ca p e r e m revista

60 incaper

5.2. Desenvolvimento da Fruticultura

Em que pese sua reduzida extensão terri-

anos, a elevar a produção do Estado em 30%.

torial, o Espírito Santo desenvolveu um agro-

Um feito e tanto, considerando tratarem-se de

negócio expressivo e marcado pela agricultura

pequenos produtores.

familiar. São 250 mil produtores com este per-

De fato, ao longo da última década, a es-

fil, trabalhando numa média de menos de cin-

trutura em polos permitiu a formação de um se-

co hectares por família. Neste cenário, a orga-

tor fortalecido, com maior representatividade

nização da fruticultura do Estado em polos de

e concentração da produção, o que, de modo

desenvolvimento tem se mostrado uma estraté-

geral, tornou possível a comercialização mais

gia comprovadamente eficiente para potencia-

eficiente, com maior garantia de fornecimen-

lizar a produção.

to contínuo de produto. A formação dos polos

Como polo de fruticultura entende-se, no

tem sido muito utilizada em outras regiões do

que segue, uma região definida e criada para

país especializadas na produção e comerciali-

que os produtores rurais, as agroindústrias, as

zação de frutas.

instituições públicas, as associações e empre-

O segredo para elevar a rendimento foi in-

sas de diversos segmentos locais desenvolvam

vestir em aumento de produtividade. Para tan-

ações conjuntas para fortalecer o agronegócio

to, o Incaper mapeou o clima e o solo do Esta-

existente ou em implantação.

do e formou polos. Indicou variedades de fru-

Em 2002, a produção anual de frutas no Es-

tas mais produtivas e resistentes às doenças, de-

pírito Santo não ultrapassava 750 mil toneladas.

senvolvidas por meio de pesquisa e adaptadas

Hoje, o agronegócio da fruticultura registra nú-

especificamente para aquelas áreas.

meros expressivos para a agricultura capixaba,

É o conjunto de ações geridas pelo Incaper,

ao responder por 18% do Valor Bruto da Pro-

em parceria com outras instituições públicas e

dução Agropecuária do Estado. Ao todo, são 85

privadas, que explicam, de fato, o sucesso da

mil hectares ocupados com o plantio de frutas

fruticultura capixaba. Além das pesquisas que

que garantem uma produção anual em torno de

resultaram no lançamento e na recomendação

1.3 milhão de toneladas, gerando R$ 600 mi-

de variedades resistentes às doenças, com alta

lhões em renda.

produtividade, é preciso mencionar-se a pro-

Com a adoção de novas tecnologias de culti-

dução de frutas com qualidade para atender às

vo, como na Produção Integrada de Frutas (PIF),

exigências do mercado e, ainda, a organização

e com a introdução de variedades adaptadas, a

da cadeia produtiva por meio da capacitação

assistência técnica e a melhor gestão da proprie-

técnica e gerencial visando a consolidação de

dade, o Incaper e instituições parceiras ajuda-

novas regiões produtoras.

ram os fruticultores capixabas, nos últimos sete

Nas próximas páginas, vamos conhecer um

i n ca p e r e m revista

pouco mais sobre os polos de fruticultura, com

gico da Agricultura Capixaba (Novo Pedeag) a

ações desenvolvidas pelo Governo do Estado,

Seag, o Incaper e instituições parceiras execu-

sob a coordenação da Secreteria de Agricultu-

tam suas atividades sob duas vertentes: de uma

ra, Abastecimento, Aquicultura e Pesca - Seag,

parte, desenvolvem-se ações para a implanta-

podendo-se destacar o programa de aquisição

ção e a consolidação de Polos Especializados

de mudas de frutíferas para atender às deman-

de Frutas, com a visão de atendimento às de-

das dos produtores inseridos nos polos. Será

mandas em grande escala dos mercados de fru-

apresentado também o trabalho realizado pelo

tas frescas e das agroindústrias e, de outro, con-

Incaper, em parceria com as prefeituras muni-

templam-se os Polos Diversificados de Frutas,

cipais, cooperativas, associações e outras ins-

com uma visão diferenciada, onde a lógica dos

tituições públicas e privadas, que inicia com a

programas é a diversificação, com agregação de

seleção dos produtores e a distribuição de mu-

valor para a comercialização de frutas in natu-

das, ação considerada como base para a soli-

ra em mercados locais e industrialização asso-

dificação do setor no Espírito Santo.

ciativa, ampliando as oportunidades de comer-

Para atender à demanda do Plano Estraté-

cialização para além da indústria de polpa.

62 incaper

5.2.1. Produção de Maracujá se expande para o Sul do Estado

Tradicionalmente, o cultivo do maracujá se concen-

próxima aos grandes centros consumidores de Minas Ge-

trava apenas no Norte do Espírito Santo, o que possibili-

rais e Rio de Janeiro, o que facilita o processo e comer-

tou o lançamento do Polo de Maracujá nessa região, pelo

cialização. Os resultados já podem ser vistos pela pro-

Governo do Estado, por meio da Secretaria de Agricultu-

dução dos municípios de Itapemirim, Guarapari, Alegre,

ra, Aquicultura, Abastecimento e Pesca - Seag e do Insti-

Cachoeiro de Itapemirim e Marataízes.

tuto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Exten-

A maior parte da produção capixaba, contudo, ainda

são Rural - Incaper, em 2004. O objetivo consiste em es-

se concentra no Norte do Estado, com destaque para os

timular a diversificação da agricultura em razão da eleva-

municípios de Sooretama e Jaguaré, com aproximadamen-

da demanda das agroindústrias de sucos prontos para be-

te 2.800 hectares plantados e produção de 76 mil tone-

ber, aumentando a perspectiva do setor tanto para a pro-

ladas da fruta. A meta é que a área ocupada com o ma-

dução quanto para o processamento de frutas.

racujá no Estado seja ampliada para 5.000 mil hectares.

Foram iniciadas também ações para implantação do

A fim de promover a expansão da cultura no Estado,

Polo de Maracujá na região Sul do Estado, devido às con-

o Incaper vem oferecendo apoio ao agricultor capixaba

dições de solo e clima propícias para o cultivo em dife-

durante todo o processo produtivo, desde a capacitação

rentes municípios e a localização estratégica da região,

sobre o manejo adequado da cultura, até o incentivo ao associativismo e ao cooperativismo para o incremento da comercialização, com a conscientização sobre a potencialidade do mercado de maracujá. No Brasil, tem aumentado o consumo de bebidas à base de frutas, sem álcool e não refrigeradas, denominadas sucos pron-

Pedro Canário

tos para beber, com destaque para o

Pinheiros

suco de maracujá, um dos sabores preferidos dos consumidores. Para

São Mateus

se ter uma ideia, no Espírito Santo,

Jaguaré

de dezembro de 2007 até outubro de

Sooretama

Rio Bananal

2009, somente para indústria foram

Linhares Rio Doce

comercializadas cerca de 1,8 mil toneladas de maracujá, o que ge-

Aracruz

rou uma renda de aproximadamente R$ 1,2 milhão. Este é, sem dúvida, um mercado cada dia mais promissor.

Castelo Guaçuí Alegre

São José do Calçado

Jerônimo Monteiro Muqui

Bom Jesus Apiacá Mimoso do Norte do Sul

Cachoeiro de Itapemirim Atílio Vivácqua Itapemirim Presidente Kennedy

Marataízes

POLOS DE MARACUJÁ NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Áreas prioritárias Potencial de expansão

i n ca p e r e m revista

5.2.2. Produção de Manga iniciada no Estado há seis anos já atinge cinco mil toneladas As perspectivas de médio e longo prazos da produção

área plantada, com produção que ultrapassa cinco mil to-

de manga para fins de processamento são bastante positi-

neladas anuais e atende a cerca de 30% da demanda das

vas para o Espírito Santo em razão do parque agroindustrial

indústrias. Conta com o envolvimento de 747 famílias, das

instalado e da tendência de expansão do mercado mundial

quais 599 são de produtores rurais e 148 de trabalhadores

da polpa e do suco da fruta.

envolvidos em atividades terceirizadas, totalizando 31 co-

A cultura ganhou impulso com a ampliação da área plan-

munidades distribuídas em 17 municípios.

tada, de forma organizada e concentrada, facilitando a co-

A manga representa boa alternativa de diversificação

mercialização dos frutos. O desenvolvimento de novas tec-

agrícola e de renda para os agricultores familiares, já que o

nologias propiciou sistemas de cultivos adaptados às condi-

cultivo requer baixos custos e proporciona alto retorno, além

ções de clima e de solo do Estado. O lançamento do Polo

de possuir mercado promissor. O governo do estado do Es-

de Manga, no Espírito Santo, ocorreu em 2003. O Gover-

pírito Santo, por meio da Seag, como forma de incentivo

no do Estado, por meio da Seag e do Incaper e das prefei-

ao desenvolvimento do polo, no período de 2004 a 2010,

turas dos municípios com potencial para produção de man-

adquiriu 140.000 mudas de mangueiras repassadas, a pre-

ga estruturou e executou iniciativas com vistas ao estabele-

ço subsidiado, aos produtores rurais dos diferentes municí-

cimento do Polo de Manga para a indústria capixaba. Sua

pios inseridos no polo. A meta para 2011 é atingir-se uma

implementação e desenvolvimento passaram por ações de

área plantada de 1.900 hectares.

planejamento focadas na adequação da base tecnológica,

A região de abrangência do Polo de Manga foi selecio-

com expansão da área cultivada e ampliação da produção

nada de acordo com condições de clima e solo favoráveis

e produtividade, além da melhoria da qualidade do produ-

ao cultivo da fruta. Cerca de 60% da área re-

to por meio de tecnologias que propiciem sistemas de cul-

comendada apresenta terras quentes, aci-

tivos adaptados às condições de clima e solo do Estado.

dentadas e secas, destacando-se na pro-

Em 2006, foi criado o Grupo Gestor do Polo de Manga,

dução o município de Colatina. Os

composto por representantes do Incaper, do Sebrae-ES, da

municípios detentores de condições

Cooperativa de Agricultores Familiares de Colatina - CAF e

climáticas favoráveis ao cultivo são

de representantes de todos os municípios que fazem parte

Água Doce do Norte, Barra de São

do polo para coordenar a negociação da comercialização,

Francisco, Águia Branca, São Gabriel

o planejamento das ações de treinamento e capacitação e

da Palha, São Domingos do Norte,

promover maior interação entre os produtores de manga.

Mantenópolis, Alto Rio Novo, Pan-

O Grupo Gestor do Polo de Manga foi fundamental para a

cas, Marilândia, Colatina, Baixo

consolidação da cultura e promoção do desenvolvimento

Guandu, Laranja da Ter-

regional, sendo agente imprescindível no estabelecimento

ra, São Roque do Ca-

de preço mínimo no processo de comercialização.

naã, Itarana, Itaguaçu,

O resultado pode ser visto em números. Hoje, o Espírito Santo apresenta aproximadamente 1.600 hectares de

Ecoporanga

Água Doce do Norte

Vila Pavão

Barra de São Francisco

Man

tenó

poli

Alto Rio Novo

Águia Branca

Pancas

Baixo Guandú

Laranja da Terra

Itaguaçú Itarana

São Gabriel da Palha São Domingos do Norte Governador Lindenberg

Marilândia Rio Doce Colatina São Roque do Canaã

Santa Teresa

Afonso Claudio

Santa Teresa e Governador Lindenberg.

POLOS DE MANGA NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Áreas prioritárias Potencial de expansão

64 incaper

5.2.3. Morango capixaba: garantia de qualidade A organização do Polo de Morango surgiu da necessidade de viabilizar a produção desta fruta de forma organizada, com base na aptidão da região definida como polo e na vocação dos produtores de base familiar, enfatizando os sistemas de produção sustentáveis por meio do uso de tecnologias apropriadas e recomendadas para o culti-

Além disso, o Incaper tem desenvolvido diversas ações

vo do morango. O Governo do Estado, por meio da Seag e

em prol da melhoria da qualidade do morango, oferecen-

do Incaper, implementou, a partir de 2004, ações para po-

do treinamento e capacitação de técnicos e produtores,

tencializar a atividade no Estado, contando com a parce-

alternativa de monitoramento de resíduos de agrotóxicos

ria do Idaf, Sebrae-ES, empresas privadas, prefeituras mu-

nas plantações e incentivo à sustentabilidade na produ-

nicipais, entre outros. O Polo permitiu a organização dos

ção. Pode-se destacar, no tocante a isso, a recomenda-

agricultores, o que têm facilitado a comercialização (tanto

ção, em 2009, das variedades Aromas e a Diamante, que

na logística quanto na negociação) e a assistência técnica.

apresentam melhores características para o plantio de in-

Participam do Polo, principalmente, os municípios da re-

verno, com maior produtividade e distribuição de pro-

gião das Montanhas Capixabas, com destaque para Santa

dução durante todo o ciclo. É preciso mencionar ainda

Maria de Jetibá, Domingos Martins, Venda Nova e Castelo.

o lançamento do projeto Morango Mais Saudável, que

No Espírito Santo, produz-se uma média de 5.960

servirá de instrumento de gestão, de monitoramento e de

toneladas de morango ao ano. A atividade ocupa uma

rastreabilidade das etapas de produção, colheita e pós-

extensão de 185 hectares, gerando aproximadamente

-colheita do morango das montanhas do Es-

2.960 empregos diretos, envolvendo em torno de 1.500

pírito Santo. Pretende-se, assim, a obten-

propriedades de base familiar, se constituindo, assim, em

ção de um produto que reúna todos

importante fator de distribuição de renda e oportunizan-

os atributos de segurança do alimen-

do a permanência das famílias no meio rural.

to exigidos pelo consumidor, ofertan-

Atualmente, cerca de 70% da produção capixaba é co-

do-se um morango mais saudável.

mercializada para estados do Nordeste, especialmente Bahia

Uma das ações de grande importân-

e Pernambuco. As vendas, todavia, ainda tem muito espa-

cia nesse sentido é a rastreabilidade da

ço para crescer dentro do próprio Estado, principalmente

fruta, tendo em vista que qualquer com-

devido ao aumento da demanda pela fruta “in natura” em

ponente da cadeia produtiva, em es-

decorrência do melhor controle na qualidade do morango

pecial o consumidor, poderá, por

produzido em terras capixabas. Desde 2004, com a cria-

ra e do município im-

rito Santo - Qualidade com Responsabilidade”, as frutas

pressos no selo do pro-

capixabas passaram a apresentar a garantia para o consu-

duto, identificar a pro-

midor que adquire um produto fiscalizado e normatizado.

cedência dos frutos.

Itarana Afonso Claudio

meio dos códigos de bar-

ção do selo de origem “Morango das Montanhas do Espí-

Brejetuba Ibatiba Irupí Conceição Iúna do Castelo Ibitirama

Dores do Rio Preto

Rio Doce

Venda Nova do Imigrante

Santa Teresa

Santa Maria de Jetibá

Domingos Martins

Muniz Freire

Divino de São Lourenço Guaçuí

Castelo

Vargem Alta

POLOS DE MORANGO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Áreas prioritárias

i n ca p e r e m revista

5.2.4. P olo de Goiaba incentiva produção da fruta para indústria A goiaba representa importante alternativa para diversificação da agricultura no Norte capixaba devido às condições favoráveis de clima e solo e à garantia de mercado. Com a crescente demanda pela fruta por parte da indústria de sucos prontos para beber, a cultura ganhou novo impulso, a partir de 2004, com a implantação do Polo de Goiaba para a indústria do Espírito Santo. Entre dezembro de 2007 e outubro de 2009, o valor arrecadado com a comercialização da goiaba para processamento industrial chegou próximo a R$ 1 milhão, com a venda de 2,6 mil toneladas da fruta. A implantação do Polo viabilizou a plantação de pomares comerciais da variedade Paluma, mais adequada para a indústria. Desde 2004, foram distribuídas 165 mil mudas desta variedade, a preços subsidiados, aos agricultores cadastrados, ou seja, os produtores que fazem parte da área de abrangência do Polo e seguem as recomendações técnicas para a cultura, com o acompanhamento do Incaper. O desenvolvimento do Polo teve início no distrito de Cristal do Norte, em Pedro Canário, devido aos fatores edafoclimáticos (clima e solo) favoráveis, como alternativa de diversificação agrícola da cana-de-açúcar. O Polo tem como região de abrangência, além de Pedro Canário, outros municípios como Montanha, Pinheiros, Boa Esperança, São Mateus, Conceição da Barra, Jaguaré, Vila Pavão, Sooretama, Rio Bananal e Linhares.

Mucurici

Montanha

Ponto Belo

Pedro Canário Pinheiros

Boa Esperança

A comercialização da goiaba no Espírito Santo é feita para fruto de mesa e para a indústria de processamento de polpa asséptica

São Mateus

e concentrada, esta última destinada à agroindústria de sucos pron-

cionado aos produtores a negociação de preço mínimo no proces-

Jaguaré

Vila Valério

tos para beber, mercado em franca expansão no Brasil e no Espírito Santo. A existência de uma cooperativa bem estruturada tem propor-

Conceição da Barra

Sooretama

Rio Bananal Linhares Rio Doce

so de comercialização. Além dessa demanda, destaca-se também a possibilidade de aproveitamento industrial da produção na forma de goiabada, geléia, polpa congelada, néctar ou como compotas, sorvetes e doces, tanto para as grandes indústrias como para as indústrias artesanais.

POLOS DE GOIABA NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Áreas prioritárias Potencial de expansão

66 incaper

5.2.5. Mamão capixaba é o mais exportado do Brasil Com o intuito de garantir a alta qualidade do mamão produzido no Espírito Santo e melhor organizar o acompanhamento dos agricultores em relação ao manejo adequado das plantações e à utilização de modernas tecnologias, o Governo do Estado, por meio da Seag e do Incaper, incrementou, a partir de 2003, ações para a consolidação do Polo de Mamão do Espírito Santo. A área atual dedicada à atividade, cerca de 7,3 mil ha, bem como a produção de 550 mil toneladas, fazem do Estado o segundo maior produtor brasileiro da fruta, porém, o primeiro na produção do mamão formosa. A cultura já ocupou uma área de cerca de 11 mil ha, empregou cerca de 30 mil pessoas e produziu aproximadamente 750 mil toneladas ao ano. Números representativos que, aos poucos, estão sendo recuperados. Reação empreendedora do setor. De 2007 a 2009, por exemplo, as exportações brasileiras de papaya representaram cerca de US$ 107 milhões. Só o Espírito Santo foi responsável por US$ 56 milhões. A cultura do mamão capixaba apresenta hoje os maiores índices de produtividade do país, em torno de 80 toneladas do fruto por hectare, e encontra-se distribuída em onze municípios do Norte do Estado, gerando em torno de 20 mil empregos. A região de Linhares é a mais importante exportadora de mamão do Brasil, responsável por 70% das vendas brasileiras do fruto ao exterior. O Incaper, em parceria com outras instituições do país, desenvolveu diversos trabalhos de pesquisa com a cultura do mamoeiro visando elaborar o conjunto de tecnologias hoje utilizadas para promover maior produtividade e melhor qualidade de frutos a fim de atender às exigências dos mercados nacional e internacional. Pode-se destacar, nesse aspecto: (i) os estudos de epidemiologia e indicação de controle de diferentes doenças fúngicas; (ii) a identificação do agente causal do vira-cabeça (fitoplasma); (iii) o desenvolvimento de técnicas de diagnóstico molecular da meleira; (iv) os estudos de epidemiologia da Meleira do mamoeiro; (v) a indicação de controle de diferentes pragas; (vi) a adequação dos sistemas de manejo da cultura; (vii) a adequação dos sistemas de irrigação; (viii) o lançamento de programas de diagnose nutricional do mamoeiro (DRIS-mamão solo e DRIS-mamão formosa); (ix) o desenvolvimento e aplicação do Systems approach para a cultura do mamão, com utilização do Roguing, o que possibilitou a exportação do fruto para os Estados Unidos; (x) a publicação de diversos artigos científicos para divulgação das tecnologias de-

i n ca p e r e m revista

Mucurici

Montanha Pedro Canário Pinheiros Boa Esperança

senvolvidas e do livro sobre a Cultura do Mamoeiro; (xi) a realização de qua-

Conceição da Barra

Nova Venécia

tro versões do Simpósio do Papaya Brasileiro e publicação dos trabalhos apre-

São Mateus

sentados; (xii) a consecução de ações que possibilitaram o registro de produtos

Jaguaré

fitossanitários para a cultura do mamoeiro; (xiii) o desenvolvimento da Produ-

Sooretama

ção Integrada de Mamão: PIF-mamão e, (xiv) o lançamento, em 2010, da va-

Linhares Rio Doce

riedade Rubi Incaper 511, a primeira de Mamão Formosa para o Espírito Santo. Itaguaçú

O sucesso da cultura de mamão no Estado deve-se, portanto, à implantação

Aracruz

Itarana

de programas de acompanhamento técnico dos produtores e de monitoramento de lavouras, aliada ao desenvolvimento de tecnologias de manejo e controle de pragas no mamoeiro. Apesar da queda do dólar e da baixa no mercado interno que afetaram o setor, o mamão capixaba vem mostrando sua força e capacidade de permanecer como importante atividade do agronegócio no país.

POLOS DE MAMÃO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Presidente Kennedy

Áreas prioritárias Potencial de expansão

68 incaper

5.2.6. Produtividade de coco no Espírito Santo é o dobro da média nacional O Espírito Santo apresenta a maior produção de coco por hectare do Brasil. Enquanto a produtividade nacional média é de sete mil frutos por hectare, a capixaba é o dobro, de quatorze mil. Em relação às exportações, o Estado está em quarto lugar, comercializando mais de sete mil toneladas por ano. A alta produtividade observada no Estado é justificada pela ampla distribuição de mudas de coqueiro anão verde, variedade mais indicada para cultivo no Estado, e pela adoção de maior nível tecnológico de manejo nas plantações, como a adubação, a irrigação e o controle fitossanitário, tudo isso possibilitado pela assistência técnica e pelo treinamento dos agricultores. Para melhor organizar e estimular a

Com uma produção de cerca de 165 mil frutos

produção no Espírito Santo, o Governo do

por ano e quase 12 mil hectares de área planta-

Estado, por meio da Seag e do Incaper, a

da, o coco é a segunda fruta responsável pela ge-

partir de 2003, desenvolveu ações para a

ração de renda no agronegócio capixaba da fru-

consolidação do Polo de Coco do Espíri-

ticultura, respondendo por um em cada cinco re-

to Santo. Como parte das ações do Polo,

ais de renda total gerada pelo setor. Em primei-

foram distribuídas mais de 50 mil mudas

ro lugar, encontra-se o mamão, responsável por

de coco anão aos agricultores familiares

um em cada dois reais de renda gerada no agro-

do Estado. Por essa e outras ações, o Es-

negócio de frutas no Estado.

pírito Santo é hoje o segundo maior pro-

Montanha Pedro Canário Pinheiros Boa Esperança Vila Pavão Barra de São Francisco Nova Venécia

São Mateus Águia São Gabriel Branca da Palha

Pancas

coco no Estado, tais como a empresa De Mar-

do apenas pela Bahia.

tins/Wow Indústria e Comércio, a Ama-

O cultivo de coco no Espírito Santo

coco/PepsiCo e a DuCoco represen-

se concentra no Norte do Estado, com

tam importantes fatores de incenti-

destaque para os municípios de São Ma-

vo para a implantação de lavouras

teus, Nova Venécia, Linhares e Colatina.

comerciais.

Vila Valério

São Domingos do Norte

Jaguaré

Sooretama

Rio Bananal Linhares

Marilândia Rio Doce

A instalação de empresas processadoras de

dutor de coco-anão do Brasil, suplanta-

Conceição da Barra

Colatina Itaguaçú

João Neiva Ibiraçú

Aracruz

Fundão

POLOS DE COCO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Áreas prioritárias Potencial de expansão

i n ca p e r e m revista

5.2.7. Polo de Tangerina amplia oportunidades para agricultores O Polo da Tangerina das Montanhas no Espírito Santo, lançada em 2010, tem como uma das metas a ampliação da área plantada para 850 hectares na região, numa expansão de 150 hectares em relação à situação atual. Fazem parte do Polo os sete municípios que, juntos, detêm 80% da produção de tangerina do Estado, a saber: Muniz Freire, Conceição do Castelo, Venda Nova do Imigrante, Domingos Martins, Marechal Floriano, Santa Maria do Jetibá e Santa Lopoldina, além de outros dez que possuem potencial para expansão. A previsão para a consolidação do Polo é de quatro anos. Considerando-se a meta de ampliação da área da plantação, pode-se prever uma geração de empregos da ordem de 300 a 450 novos postos de trabalho para as microrregiões Sudoeste Serrana e Central Serrana capixaba. Além disso, o Polo vai servir para integrar os produtores atuantes num mesmo perímetro de modo que passem a realizar determinadas etapas da produção em conjunto, como, por exemplo, a estocagem. Almeja-se que os ganhos de escala derivadas da ação comum redundem em aumento efetivo na renda das famílias envolvidas. Organizado pela Seag e executado pelo Incaper e parceiros, o Polo de Tangerina das Montanhas no Espírito Santo visa incentivar o desenvolvi-

Rio Doce

mento e a expansão do plantio da fruta em terras capixabas. Quem adere tem acesso a políticas públicas, acompanhamento especializado pelo In-

Laranja da Terra

caper e apoio do setor privado para seguir na atividade. Projeta-se que, durante os próximos quatro anos, 100 mil mudas sejam distribuídas entre os municípios participantes, embora o número possa aumentar. No médio prazo, será criado um centro de produção de mudas em Santa Leopoldina. Assim, espera-se que mais pessoas possam ser atendidas.

Santa Teresa

Itarana Afonso Claudio Brejetuba

Conceição do Castelo Muniz Freire

Venda Nova do Imigrante

Castelo

Vargem Alta

Santa Maria de Jetibá Santa Leopoldina Domingos Martins Marechal Floriano

Cariacica

Viana

Alfredo Chaves

POLOS DE TANGERINA NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Áreas prioritárias Potencial de expansão

70 incaper

5.2.8. P rodução de Uva representa boa opção para agricultor familiar

O lançamento do Polo de Uva e Vinho do

um Grupo Gestor do Polo de Uva e Vinho, com-

Espírito Santo ocorreu em 2004. O Governo

posto por representantes do Incaper, do SEBRAE-

Estadual, por meio da Seag e do Incaper e das

-ES, das cooperativas e associações e de todos

prefeituras dos municípios com potencial para

os demais segmentos da vitivinicultura de San-

produção de manga no Espírito Santo, estrutu-

ta Teresa, município com a maior área de pro-

rou e implementou ações com vistas ao esta-

dução e maior número de vinícolas do Estado.

belecimento do Polo para o atendimento, de

O grupo estabeleceu como objetivo coordenar

forma prioritária, ao mercado local e às indus-

o Polo, com planejamento das ações de treina-

trias artesanais. A implementação e o desenvol-

mento e capacitação e estímulo à interação en-

vimento do Polo passaram por ações de plane-

tre os produtores. Passaram a ocorrer reuniões

jamento focadas na adequação da base tecno-

mensais, nas quais se discutem os problemas e

lógica, com expansão da área cultivada e am-

buscam-se opções de forma a minimizarem-se

pliação da produção e produtividade, além da

as dificuldades surgidas no gerenciamento da

melhoria da qualidade do produto por meio

cadeia produtiva.

de tecnologias que propiciem sistemas de cul-

Uma ação prioritária da Seag, a partir do

tivos adaptados às condições de clima e solo

lançamento do Polo, visando incentivar o au-

do Espírito Santo.

mento de área plantada, consistiu na distribui-

Com base num diagnóstico inicial da realida-

ção de porta-enxertos e de enxertos para forma-

de da vitivinicultura na região do Polo, foi pos-

ção de novos pomares. Antes do lançamento

sível identificar alguns entraves quanto ao sis-

do Polo, o porta-enxerto utilizado era somen-

tema de produção, como a embalagem impró-

te o ‘Traviú’. Após a formação do Polo, foram

pria das frutas para comercialização in natura,

introduzidos o ‘IAC-572’ e o ‘IAC-766 Campi-

a falta de infraestrutura e processos de produ-

nas’. As variedades indicadas para a formação

ção inadequados das vinícolas para garantir-se

de copa com a finalidade de produção de uva

a qualidade dos produtos industrializados ao ní-

de mesa e vinho foram ‘Isabel’, ‘Isabel Precoce’,

vel de exigência dos consumidores, o que resul-

‘Niágara Rosada’ e ‘Bordô’; para a produção

tava em grandes perdas. Para minimizar os pro-

de uva sem sementes destinada à mesa foram

blemas identificados, o Incaper criou, em 2006,

‘Clara’, ‘Linda’, ‘Morena’, ‘Maroo’ e Patricia;

i n ca p e r e m revista

Venda Nova do Imigrante, Conceição do Castelo e Alfredo Chaves, por apresentarem condições de clima e solo propícias ao desenvolpara a produção de vinho de mesa indicaram-

vimento da viticultura.

-se a ‘Moscato Embrapa/IAC 137’, a ‘Lorena’ e

Para proporcionar esse aumento significa-

a ‘Bordo’; para a fabricação de vinho fino, re-

tivo da produção, além da disponibilização

comendou-se a ‘Cabernet Sauvignon’ e, final-

de mudas pela Seag destinadas ao aumento

mente, para produção de suco, sugeriram-se

da área plantada, foram realizados junto aos

a ‘Cora’, ‘Isabel Precoce’, ‘Bordô’ e ‘Violeta’.

produtores diferentes cursos de capacitação

Por ocasião da implantação do Polo, em

voltados à adequação do pacote tecnológico,

2004, somente no município de Santa Teresa o

em busca de melhoria da produtividade, e da

cultivo da Uva era praticado em 17 proprieda-

infra-estrutura das cantinas, por meio de uma

des rurais, ocupando cerca de 13,0 ha. Em 2010,

assessoria de profissionais treinados do Insti-

o município atingiu um total de 60 proprieda-

tuto Brasileiro do Vinho (IBRAVIN).

des de base familiar produzindo uvas, numa

O processo de comercialização foi evo-

área de 45,0 hectares, dos quais, 23,0 hecta-

luindo e, na safra de 2009/10, 70% da pro-

res encontram-se em plena produção. Em tor-

dução in natura foi comercializada na Ce-

no de 368 produtores estão inseridos em toda a

asa-ES e 30% nos mercados local e regio-

cadeia produtiva. A produtividade média atin-

nal. Já a produção dos processados (vi-

ge 28,0 toneladas/ha, sendo colhidas duas sa-

nhos e sucos) foi comercializada no merca-

fras por ano: uma nos meses de julho/agosto e

do local e na própria propriedade, alavanca-

a outra nos meses de dezembro/janeiro. Na sa-

da pelo Programa de Agroturismo, Turismo

fra 2009/2010 foram fabricados cerca de 100

Rural e Eventos Típicos e Culturais no mu-

mil litros de vinho e 15 mil litros de suco de uva

nicípio, como a Festa do Vinho e

nas 8 cantinas existentes no município. Além

da Uva e Festa do Imigrante Ita-

de Santa Teresa, fazem parte do Polo os muni-

liano, eventos que mobilizam

Ibitirama

cípios de Santa Maria de Jetibá, Santa Leopol-

grande número de capixabas e

Guaçuí

dina, Domingos Martins, Marechal Floriano,

turistas dos Estados vizinhos.

Rio Doce

Santa Teresa Afonso Cláudio Brejetuba

Conceição do Castelo Muniz Freire

Santa Maria de Jetibá

Venda Nova do Imigrante Marechal Floriano

Vargem Alta

Santa Leopoldina

Domingos Martins

Alfredo Chaves Anchieta

POLOS DE UVA NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Áreas prioritárias Potencial de expansão

72 incaper

i n ca p e r e m revista

A expectativa para a colheita de uva em Santa Teresa, município que detém cerca de 80% da produção estadual da fruta, é que a safra 2010/11 seja 50% superior em relação ao ano anterior, atingindo 600 toneladas da fruta.

74 incaper

5.2.9. Abacaxi: pesquisas e assistência técnica fazem produção aumentar em 45% no Estado Tradicionalmente, a cultura do abacaxi é praticada no Sul do Espírito Santo, com destaque para os municípios de Marataízes, Itapemirim e Presidente Kennedy. Entretanto, a implantação pelo Governo do Estado, por meio da Seag e do Incaper, dos Polos de Abacaxi no Espírito Santo, ocorreu em duas regiões distintas devido às condições edafoclimáticas para produzir abacaxi em todo o litoral. Um Polo está localizado no Sul, nos municípios de cultivo tradicional, e outro na região Norte, em virtude do crescimento da demanda pela fruta, tanto doméstica quanto para a agroindústria. As ações de planejamento desenvolvidas para o lançamento de ambos os Polos são focadas na adequação da base tecnológica, com expansão da área cultivada, ampliação da produção e da produtividade, além da melhoria na qualidade do fruto. Os municípios inseridos no Polo de Abacaxi da Região Norte, lançado em 2009, são: Pinheiros, Montanha, Pedro Canário, Mucurici, Conceição da Barra, Boa Esperança, São Mateus Jaguaré, Sooretama e Linhares. Existe a possibilidade, porém, de expansão para outros municípios em função do aumento na demanda e de estudos de viabilidade técnica e econômica. Uma das ações considerada estratégica pelo Incaper foi o lançamento, em 2005, da variedade de abacaxi Vitória, resistente à Fusariose, principal doença do abacaxizeiro e responsável pela baixa qualidade de frutos e perdas na produção. O lançamento desta variedade possibilitou a expansão da cultura para a região Norte do Estado, suscitando o interesse de novos empresários rurais pelo plantio do abacaxi e impulsionando a expansão da cultura com nova base tecnológica. Esse cenário contribuiu para que a produção de abacaxi alcançasse destaque no cenário capixaba da fruticultura, passando de aproximadamente 20 mil para 35 mil toneladas nos últimos seis anos, numa taxa acumulada de crescimento de 45% ou, ainda, de 6,8% ao ano.

i n ca p e r e m revista

Mucurici

Montanha Pedro Canário

Ponto Belo

Ecoporanga

Pinheiros Boa Esperança Água Doce Vila do Norte Pavão Barra de São Francisco Nova Venécia

Mantenópolis

Águia Branca

Alto Rio Novo Pancas

Baixo Guandú

Conceição da Barra

São Mateus

São Gabriel Jaguaré da Palha Vila Valério São Domingos do Norte Sooretama Governador Rio Bananal Lindenberg

Linhares

Marilândia Rio Doce Colatina São Roque João do Canaã Neiva

Desde o lançamento da variedade Vitória até 2009, o Governo do Esta-

Aracruz Ibiraçú

do, por meio da Seag e do Incaper, adquiriu e distribuiu cerca de 450 mil

Fundão

mudas de qualidade aos agricultores familiares, enquanto outras 353 mil fo-

Serra

ram produzidas nas áreas experimentais do Incaper e também disponibilizadas aos produtores rurais. O Governo adquiriu mais 800 mil mudas, em

Alegre

Cachoeiro de Jerônimo Itapemirim Monteiro Muquí Atílio Vivácqua Itapemirim

2010, as quais serão distribuídas até março de 2011. Bom Jesus Apiacá do Norte

Mimoso do sul

Presidente Kennedy

Marataízes

POLOS DE ABACAXI NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Áreas prioritárias Potencial de expansão

76 incaper

5.2.10. Produção de Banana cresce 15% no Estado

A bananicultura, uma das atividades integrantes do

Nos últimos seis anos, a produção capixaba de bana-

agronegócio fruticultura, possui grande importância social

na ganhou fôlego e aumentou em 15% sua produtividade,

e econômica para o Espírito Santo, com uma área planta-

passando de 25 para as atuais 35 toneladas por hectare.

da de aproximadamente 20 mil hectares, sendo respon-

Tendo em vista a importância econômica e social da ati-

sável pela geração de emprego e renda para uma maio-

vidade, o Governo do Estado, mediante a Seag e o Inca-

ria de agricultures de base familiar envolvidos nos pro-

per, tem incentivado a bananicultura por meio de ações

cessos de produção e comercialização. A atividade gera

visando a consolidação dos três Polos de Banana do Espí-

cerca de 25 mil ocupações em toda a cadeia produtiva.

rito Santo, uma vez que no Estado predomina o cultivo de

Os principais municípios produtores são: Alfredo Cha-

banana do subgrupo Prata, com aproximadamente 80% da

ves, Iconha, Guarapari, Anchieta, Rio Novo do Sul, San-

área cultivada, seguida pela banana do subgrupo Terra (‘Ter-

ta Leopoldina, Domingos Martins, Ibiraçú, Fundão, Via-

ra’ e ‘Terrinha’), com 15% e pela banana do subgrupo Ca-

na, Cariacica e Mimoso do Sul.

vendish (‘Nanicão’, ‘Grande Naine’ e ‘Nanica’ ) , com 5%.

i n ca p e r e m revista

Os principais objetivos desses Polos residem, de uma

ação às doenças, sendo resistentes à sigatoka-amarela, à

parte, no desenvolvimento de tecnologias destinadas a

sigatoka-negra e ao mal-do-Panamá. Produzem, ademais,

aumentar a produtividade, a resistência às doenças e a

frutos de excelente qualidade para o mercado.

qualidade dos frutos e, de outra, em organizar os produ-

De 2005 a 2010, o Governo do Estado, por meio

tores para a comercialização, buscando superar assim um

da Seag, adquiriu 100 mil mudas das variedades Japira

dos principais entraves ao progresso da atividade enfren-

e Vitória, distribuídas pelo Incaper aos agricultores ca-

tado pelos bananicultores do Estado. Para tanto, o Inca-

pixabas via associações e cooperativas para a formação

per vem introduzindo e estudando cultivares e clones de

de pomares clonais planejados, unidades instaladas em

bananeira buscando variedades resistentes às principais

quase todos os municípios do Estado com a finalidade

doenças. Como resultado deste trabalho o Instituto lan-

de multiplicação de mudas a serem repassadas aos pro-

çou, em 2005, as cultivares do grupo Prata denominadas

dutores rurais. Desde o lançamento destas novas culti-

Vitória e Japira, recomendadas também para o cultivo or-

vares, a Seag e o Incaper recebem um grande número

gânico. Estas novas variedades apresentam características

de solicitações, encaminhadas por produtores, associa-

semelhantes à banana Prata disponível no mercado, mas

ções e cooperativas de diversas regiões do Brasil, bus-

com produtividade mais elevada. Mostram-se superiores

cando informações sobre a forma de obtenção de mu-

às variedades tradicionais, ainda, no que diz respeito à re-

das dessas duas variedades.

POLOS DE BANANA NO ESTADO ESPÍRITO SANTO São Mateus Jaguaré

GRUPO PRATA

Linhares

Sooretama

GRUPO CAVENDISH (‘NANICA’ E ‘NANICÃO’)

GRUPO TERRA

Linhares

Rio Doce

João Neiva Aracruz Santa Teresa

Ibiraçú Fundão

Santa Leopoldina

Viana

Marechal Floriano Alfredo Chaves Vargem Alta

Laranja da Terra

Itarana Santa Teresa

Santa Teresa

Aracruz Ibiraçú Fundão

Santa Maria de Jetibá

Santa Leopoldina

Domingos Martins Viana Marechal Floriano

Viana

Guarapari

Iconha Anchieta

Cachoeiro de Itapemirim

Rio Novo do Sul

Iconha Anchieta

Rio Novo do Sul

Áreas prioritárias

Mimoso do sul

Áreas prioritárias

78 incaper

5.3. Ações do Incaper na Pecuária de Leite O Espírito Santo possui atual-

sendo praticada com escassa incor-

te dos cursos, o Incaper possui dois

mente uma área de 1,37 milhão de

poração de tecnologias, apresentan-

centros regionais de treinamento em

hectares de pastagens, ocupadas por

do modestos índices de produtivida-

pecuária de leite, um em Cachoeiro

um rebanho bovino de 2,2 milhões

de e de rentabilidade, com exceção

de Itapemirim, no Sul do Estado, e

de cabeças, das quais aproximada-

de alguns pecuaristas. Entre os pro-

outro em Linhares, na região Norte.

mente 390 mil dedicadas à pecuária

dutores do Estado, observa-se um di-

Na área de assistência técnica e

leiteira. Apesar da área de pastagens

ferencial de produtividade da ordem

planejamento, 600 propriedades de

ter sofrido redução nos últimos anos,

de dez vezes, com os mais efetivos al-

base familiar, a partir de 2008, expe-

havendo declinado de um máximo

cançando desempenho em torno de

rimentaram a implantação de siste-

anterior de 1,8 milhões de hectares,

10.000 lts/ha/ano, enquanto aqueles

mas de produção de leite baseados

para 1,37 milhões de hectares a pro-

mais atrasados obtêm média de ape-

no pastejo intensivo e rotacionado,

dução de leite vem aumentando cer-

nas 1.000 lts/ha/ano.

na irrigação e adubação das pasta-

ca de 3% ao ano. A pecuária leitei-

Trabalhando para reduzir esta

gens e na utilização de cana-de-açú-

ra estadual apresenta grande impor-

grande diferença e visando atender

car e uréia no período da seca, mé-

tância social na geração de emprego

ao planejamento da Seag, o Incaper

todo que propicia ao produtor sensí-

e de renda, pois envolve milhares de

assiste anualmente a 6.000 pecua-

veis ganhos de produtividade. É im-

pequenos produtores tipicamente de

ristas, nas diversas fases da produ-

portante assinalar que a intensifica-

base familiar. De fato, cerca de 70%

ção do leite, promovendo Dias de

ção do sistema de produção promo-

deles compõem o estrato dos que en-

Campo, encontros técnicos, seminá-

vida por esta tecnologia resulta na

tregam até 100 litros de leite por dia

rios, visitas técnicas etc. Oferecem-

melhoria da qualidade dos solos e

aos laticínios.

-se ainda cursos voltados tanto à ca-

das pastagens, elevando a capacida-

A atividade envolve cerca de 17

pacitação dos pecuaristas nas técni-

de de lotação de uma para 10 cabe-

mil produtores e responde por 30 mil

cas de inseminação artificial quanto

ças/ha/ano. Com isso, liberam-se as-

empregos diretos no campo e 25 mil

à melhoria da qualidade do leite, da

sim áreas na propriedade para se res-

indiretos. No ano de 2007, segundo

sanidade do rebanho, do plantel ge-

taurar a infraestrutura ambiental exi-

dados da Embrapa Gado de Leite, a

nético, da alimentação animal e do

gida por lei, como matas ciliares, re-

produção estadual chegou a 438 mi-

gerenciamento da propriedade. Es-

servas legais, mananciais, o que re-

lhões de litros, contribuindo com 6%

tas iniciativas são levadas à todos os

dunda numa produção leiteira de ca-

do valor bruto da produção agropecu-

municípios do Espírito Santo e reali-

ráter mais sustentável.

ária. Apesar de sua relevância para a

zadas em parceria com o Senar e di-

Preocupado em divulgar esta tec-

economia estadual, a atividade vem

versos sindicatos. Para ministrar par-

nologia, o Incaper está implantando,

i n ca p e r e m revista

numa área de seis hectares, em sua

ma Especial de Melhoramento Gené-

anos de 2003 a 2009, 141 resfriado-

base física de Cachoeiro de Itapemi-

tico do Rebanho Leiteiro do Espírito

res com capacidade entre 1.000 e

rim, uma Unidade Demonstrativa de

Santo que, em sua fase inicial, atende

3.000 litros, alocados em cooperati-

manejo intensivo e rotacionado de

83 propriedades onde são utilizados

vas e associações de produtores de to-

pastagens que servirá para a capaci-

sêmen sexado de holandês ou zebu

das as regiões do Estado, benefician-

tação de técnicos e produtores. Ain-

para obtenção de fêmeas F1 (½ ho-

do 1.440 empreendedores. Em 2010,

da, dentro das ações de divulgação,

landês x ½ zebu), com maior rustici-

foram adquiridos mais 258 tanques,

deve-se conferir destaque à cana-de-

dade. Nos últimos três anos foram dis-

com capacidade variando de 1.000

-açúcar utilizada na alimentação do

tribuídas 7.800 doses de sêmen para

a 2.000 litros.

rebanho bovino, já tendo sido distri-

atender a 2.200 matrizes. Além dis-

No bojo das atividades voltadas

buídas cerca de 1.000 toneladas de

so, tem-se incentivado à formação do

para se garantir a qualidade do lei-

mudas de variedades selecionadas

Núcleo de Inseminação Artificial em

te e, consequentemente, a seguran-

para 500 produtores, ao tempo em

bovinos, numa ação conjunta com a

ça alimentar do cidadão capixaba, o

que 26 viveiros de mudas de cana

Seag, a qual mantém um programa

governo do Estado, por intermédio da

foram implantados em diferentes as-

de distribuição de botijões de sêmen

Seag, construiu um laboratório para

sociações e prefeituras.

às associações e que nos últimos dois

análise do leite. A responsabilidade

anos contabilizou 150 entregas.

técnica de funcionamento da unida-

No que tange à melhoria da qualidade genética do rebanho, a orien-

Outra iniciativa visa facilitar o

de cabe ao Idaf na Fazenda Santana,

tação do Incaper aos pecuaristas con-

acesso dos produtores interessados à

no município de Cariacica, onde se-

siste na utilização de animais mes-

animais de alto padrão genético. Com

rão conduzidas análises da contagem

tiços (holandês x zebu), comprova-

o Pró-Genética, a Seag/Incaper, em

de células somáticas (CCS) e conta-

damente mais rústicos e, portanto,

parceria com a ABCZ, organiza fei-

gem bacteriana total (CBT), além da

mais adaptados às condições de cli-

ras para a aquisição de touros, devi-

análise físico-química do leite.

ma tropical, além de apresentarem

damente registrados, o que favorece

O conjunto de tais ações tem

resistência maior às principais doen-

a renovação dos rebanhos com ani-

como objetivo principal o aumen-

ças e ao carrapato, reduzindo, por-

mais superiores. Em 2009, foram in-

to da renda familiar e a permanên-

tanto, a necessidade de medicamen-

corporados na atividade 72 touros.

cia do produtor na atividade, sendo

tos e carrapaticidas.

Buscando evitar perdas e manter

realizadas por cerca de 40 profissio-

Neste sentido, foi implantado, em

inalterada a qualidade do leite, foram

nais regularmente aperfeiçoados para

parceria com a Seag e ACPGL-ES e

distribuídos pela Seag, com acom-

acompanhar os avanços tecnológicos

cooperativas de laticínios, o Progra-

panhamento do Incaper, durante os

próprios à atividade.

80 incaper

i n ca p e r e m revista

82 incaper

i n ca p e r e m revista

5.4. Desenvolvimento Florestal A cobertura florestal do Espírito

mercado consumidor interno, estimu-

Santo é formada pelo remanescente

lando vultosos investimentos no setor.

da Mata Atlântica, totalizando cerca

Neste cenário, a produção de ma-

de 603 mil hectares ou pouco mais

deira por meio de florestas plantadas

de uma décima parte do território es-

no Espírito Santo vem crescendo em

tadual, bem como pelos plantios de

importância, representando nova al-

eucalipto, pinus e seringueira que,

ternativa de renda na lista dos produ-

juntos, somam quase 250 mil hecta-

tos comercializados pelos produtores

res. A atividade florestal atende aos

rurais e empresários florestais. Ativi-

setores de caixotaria, de artefatos de

dade tradicionalmente restrita às áre-

uso na construção civil, moveleiro e

as degradadas pela agropecuária tra-

de celulose. Agregam-se aí, ainda,

dicional, a silvicultura tem conquista-

as empresas de produção de carvão

do novos contornos, consolidando-se

e fornecedoras de lenha para consu-

como uma atividade sustentável, com

mo na indústria de cerâmica, side-

base social e ambiental. As florestas

rúrgica e de alimentação e bebidas,

plantadas no Estado, que ocupavam

bem como os segmentos de presta-

menos de 190 mil hectares em 2000,

ção de serviços e fornecimento de

podem ultrapassar 250 mil hectares

matérias-primas utilizadas nos pro-

em 2010 e, chegarem a 400 mil hec-

cessos florestais.

tares em 2025, conforme a meta es-

A atividade da silvicultura, par-

tabelecida do Novo Pedeag.

te significativa do setor florestal, diz

A produção de madeira proce-

respeito ao reflorestamento com fi-

dente de florestas econômicas é hoje

nalidade comercial. A madeira assim

amplamente empregada nas proprie-

produzida é destinada a diversas fi-

dades capixabas para fornecimento

nalidades, desde a lenha até a pro-

de energia, construções rurais, cer-

dução de celulose e papel. Normal-

cas, postes e tutoramento de plan-

mente, utilizam-se espécies exóticas

tas. O conjunto de tais ações contri-

como os eucaliptos, já que são me-

bui para diminuir a pressão sobre as

nos atacados por inimigos naturais

florestas nativas, em função da ne-

e crescem mais rapidamente. Atual-

cessidade de madeira existente nas

mente, no Brasil, existe enorme dé-

propriedades rurais, além de cons-

ficit entre a madeira produzida pela

tituir-se em excelente oportunidade

silvicultura e a demanda oriunda do

para aumentar a renda nas proprie-

84 incaper

dades por meio do aproveitamento de áreas

área de florestas de proteção, bem como para

ociosas ou com limitações para culturas agrí-

a ocupação de áreas marginais nas pequenas

colas mais exigentes.

e médias propriedades. Pretende-se, com isso,

Tendo em vista a meta definida pelo Novo

expandir-se a silvicultura econômica, integran-

Pedeag, de transformar o Espírito Santo em re-

do-a à lógica da mais ampla da recuperação,

ferência para a região Sudeste na cobertura flo-

conservação e uso dos recursos naturais.

restal e na produção de matérias-primas e pro-

A Extensão Florestal com eucalipto tem

dutos florestais processados, o Programa de De-

como foco ocupar as áreas degradadas e mar-

senvolvimento Florestal tem apostado na diver-

ginais ao processo produtivo da propriedade,

sificação das espécies e na distribuição espa-

que somam hoje mais de 600 mil hectares em

cial mais equilibrada entre as várias regiões do

todo o Estado e se localizam principalmente

Estado, considerando, nesse ínterim, tanto ver-

nas Regiões Sul Caparaó e a Região Noroes-

tentes econômicas quanto ambientais.

te. Para esse propósito, serão distribuídas mais

O Programa de Desenvolvimento Florestal

4 milhões de mudas até o final de 2010, con-

é uma iniciativa do Governo Estadual, com o

solidando assim a entrega de mais de 38 mi-

apoio de empresas privadas, tendo por objeti-

lhões de mudas em 21 mil propriedades rurais

vo fomentar, por meio do apoio técnico, a dis-

em todo o Estado até o final da década.

tribuição de mudas de espécies florestais aos

Já a Extensão Florestal com palmáceas está di-

agricultores capixabas para o crescimento da

recionada à recuperação da Mata Atlântica, prio-

Programa Campo Sustentável O programa Campo Sustentável nas-

simultaneamente preservação e ga-

avançar na adoção de boas práticas

ceu em 2008, como iniciativa do Go-

nhos econômicos. O foco do progra-

agrícolas nas atividades agropecuá-

verno Estadual, por intermédio das

ma é o desenvolvimento sustentável

rias mais expressivas em termos de

Secretarias de Estado da Agricultura,

da pequena e média propriedade ru-

ocupação do solo. Para isso, tem lan-

Abastecimento, Aquicultura e Pesca e

ral, mediante um conjunto de ações

çado mão de incentivos econômi-

da Secretaria do Meio Ambiente, vi-

integradas voltadas à recuperação e

cos aos produtores interessados por

sando apoiar os produtores rurais ca-

adequação ambiental, bem como à

intermédio do fornecimento de in-

pixabas interessados em promover, de

otimização e renovação das áreas de

sumos e serviços indispensáveis ao

forma planejada, ações de conserva-

produção agrícola e florestal.

planejamento individual da proprie-

ção e recuperação dos recursos natu-

O programa incorporou ainda

dade, à implantação das atividades

rais, simultaneamente à melhoria da

os desafios de ampliar a cobertu-

de recuperação e conservação de

produtividade agrícola, conjugando

ra florestal com essências nativas e

recursos naturais, bem como à re-

i n ca p e r e m revista

rizando as regiões Metropolitana, Central Serra-

espécies nativas e na proteção de nascentes e

na e Sul do Estado. Ao todo, envolve uma área

de áreas degradadas. Entre 2000 a 2009, foram

cultivada de 1.100 hectares com palmeiras para

entregues 800 mil mudas de espécies florestais

a produção de palmito, sendo referência nacio-

nativas aos produtores capixabas. Para o ano de

nal graças ao domínio técnico e ao pioneirismo

2010, está prevista a distribuição de mais 200

no cultivo de várias espécies. Por fim, o PROBO-

mil mudas, priorizando-se os diversos progra-

RES “Programa de Expansão da Heveicultura Ca-

mas de caráter ambiental desenvolvidos pelos

pixaba”, que em 2009 alcançou 373 mil mudas

órgãos públicos ou de organizações não gover-

de seringueira a 331 proprietários rurais benefi-

namentais sem fim lucrativo.

ciários do programa, pretende distribuir em 2010

Entre os anos 2000 e 2010, o Incaper desen-

mais 300 mil mudas para atender à demanda dos

volveu diversas ações na área florestal, notada-

produtores. Entre os anos de 2000 e 2010, veri-

mente os projetos de recuperação de áreas de-

ficou-se uma expansão de área de oito para tre-

gradadas e de reflorestamento com fins de pro-

ze mil hectares plantados com seringueiras no

dução, executados em 16 municípios da Região

Estado do Espírito Santo, representando um au-

Sul do Estado e contando com o apoio finan-

mento de 62% em relação ao início da década

ceiro do Ministério do Meio Ambiente. Além

e abrangendo 70% dos municípios capixabas.

disso, foram implementados projetos de pro-

A vertente ambiental, por sua vez, tem apostado em programas de extensão florestal com

teção de nascentes que abrangeram, até 2009, 537 diferentes áreas.

novação ou implantação de lavou-

ações do programa Campo Sustentá-

sa, São Domingos do Norte, São Ga-

ras e pastagens.

vel são: Afonso Cláudio, Água Doce do

briel da Palha, São Roque do Canaã,

Trata-se de iniciativa inovadora

Norte, Águia Branca, Alfredo Chaves,

Sooretama e Vila Valério.

e estruturante que, ao mesmo tem-

Alto Rio Novo, Anchieta, Atílio Vivá-

Dentre os resultados já obtidos,

po, se constitui em importante expe-

cqua, Baixo Guandu, Boa Esperança,

vale mencionar os 145 termos de ade-

riência piloto, em vista das dificul-

Brejetuba, Colatina, Domingos Mar-

são já assinados, os 75 projetos ela-

dades e obstáculos a superar dian-

tins, Ecoporanga, Guarapari, Itagua-

borados com termo de compromis-

te dos padrões atuais de degradação

çu, Itarana, Laranja da Terra, Linhares,

so assinados, além dos treinamentos

dos recursos naturais e dos elevados

Mantenópolis, Marechal Floriano, Ma-

para técnicos, as reuniões de sensi-

custos que sua recuperação impõe

rilândia, Mimoso do Sul, Montanha,

bilização realizadas com técnicos e

aos produtores rurais.

Mucurici, Muqui, Pancas, Pinheiros,

produtores, os Dias de Campo e, ain-

Ponto Belo, Rio Bananal, Santa Tere-

da, os workshops de planejamento.

Os municípios já beneficiados com

86 incaper Trecho Itaúnas– Riacho Doce, em Conceição da Barra - ES

i n ca p e r e m revista

88 incaper

5.5. Corredores Ecológicos Apesar de originalmente a Mata Atlântica haver coberto todo o território do Espírito Santo, o longo processo histórico de degradação fez restar apenas pouco mais de uma décima parte da malha florestal primitiva do Estado. Buscando reverter esse quadro, vem sendo estabelecidos corredores ecológicos no território capixaba. A estratégia tem sido amplamente utilizada nos mais diferentes biomas como forma de ampliar as áreas destinadas à conservação e garantir a manutenção da biodiversidade. A implantação do Corredor Central da Mata Atlântica (Bahia e Espírito Santo) é coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente - MMA, com apoio financeiro da cooperação Brasil-Alemanha conduzida pelo Banco de Desenvolvimento KfW Bankengruppe. No âmbito estadual, o Projeto vem sendo desenvolvido desde 2004. É coordenado pelo IEMA e executado pelo Incaper e demais instituições parceiras. Os corredores ecológicos se estabelecem nas chamadas “áreas de interstício”, constituídas pelas propriedades rurais onde se desenvolvem os processos produtivos com base na agropecuária. A implantação dos corredores depende, portanto, da implementação de modelos de desenvolvimen-

Morro da Vargem - ARIE

to rural em bases sustentáveis.

(Area de Relevante Interesse

Nesse contexto, o Incaper tem desen-

Ambiental) Complexo

volvido diversas ações, como: (i) a promo-

Centro Norte Serrano

ção de eventos de sensibilização e mobi-

i n ca p e r e m revista

90 incaper

lização de produtores rurais; (ii) o cadastramento de agricultores que querem disponibilizar suas terras para a implantação de corredores; (iii) a capacitação de técnicos e agricultores por meio de seminários, cursos e intercâmbios, abordando a adequação ambiental de propriedades, promoção de boas práticas agrícolas e recuperação de áreas degradadas; (iv) a produção de material didático direcionado aos produtores rurais e ao público em geral sobre conservação de solo, adubação, controle de pragas e doenças, sistemas agroflorestais e adequação ambiental de propriedades rurais; (v) o isolamento de nascentes e outras áreas para fins de conservação em propriedades rurais e, por fim, (vi) a promoção de sistemas agroflorestais por meio de cursos, seminários e implantação de dez Unidades Demonstrativas de Sistemas Agroflorestais e de Sistemas Silvipastoris. Além disso, nos últimos anos, o Incaper apoiou a criação de 12 Reservas Particulares do Patrimônio Natural - RPPN em parceria com a SOS Mata Atlântica/Conservação Internacional e The Nature Conservancy (Programa Aliança para a Conservação da Mata Atlântica). As iniciativas desenvolvidas pelo Incaper desde 2007 ajudaram a proteger 480 hectares de áreas para fins de conservação em propriedades rurais. As atividades previstas para 2011 deverão ampliar as ações de capacitação e duplicar

Reserva Duas Bocas

as áreas de intervenção nas propriedades

em Cariacica - ES

rurais capixabas.

i n ca p e r e m revista

92 incaper

5.6. O Novo Cenário da Pesca no Espírito Santo O litoral do Espírito Santo pos-

alidade incluem desde a manutenção

cer a substituição e modernização da

sui extensão de 411 km, a qual cor-

dos recursos pesqueiros no limite su-

frota pesqueira com o objetivo de am-

responde a 5% da costa brasileira.

portável de captura, até a produção

pliar o esforço de pesca.

Os 15 municípios localizados nessa

capaz de suprir a necessidade de con-

É nesse cenário que o Incaper,

área, constituindo 58 comunidades

sumo, conciliando harmoniosamen-

servindo-se de estratégias de comu-

de várias etnias, possuem uma frota

te os conflitos institucionais e as ocu-

nicação pautadas no diálogo, assume

pesqueira de mais de 3 mil embarca-

pações das áreas marinhas e costei-

o papel de gestor do desenvolvimen-

ções, utilizadas por 14 mil pescadores

ras por meio de atividades e empre-

to local, compartilhando suas ações

profissionais, e apresentam uma pro-

endimentos industriais, portuários e

com associações, colônias e federa-

dução estimada de 21 mil toneladas/

petrolíferos. Pretende-se, da mesma

ções de pescadores, empresas priva-

ano. Apesar de se constituir atividade

forma, a inserção igualitária da mu-

das, prefeituras, Ministério da Pesca

tradicional no Espírito Santo, existem

lher na atividade de pesca, a expan-

e Aquicultura e Ministério de Desen-

grandes desafios a serem vencidos.

são nos investimentos de infraestru-

volvimento Agrário. Com base nesta

tura e logística do setor, sem esque-

percepção de trabalho em parceria,

As demandas da extensão na atu-

POTENCIAL AQUÍCOLA CAPIXABA A criação de peixes, mariscos e plantas marinhas em

ria a perder fôlego. Nos últimos dez anos, porém, esse

águas costeiras e continentais é denominada aquicul-

quadro começou a mudar.

tura. Setor em expansão na atualidade, tem como meta

Graças ao cenário nacional de crescimento econômi-

a sustentabilidade da atividade pesqueira. Representa

co, a atividade atraiu novos empreendimentos, fazendo

ainda excelente alternativa para ampliar a produção de

despertar entre os agricultores capixabas novo interesse

pescados, diminuindo os riscos de extinção de espécies

pela atividade, principalmente como forma de diversifi-

e com ganhos ambientais. Isso porque, em futuro bre-

cação de renda, de ocupação e de melhoria da qualida-

ve, a tendência é que a pesca extrativa seja uma ativi-

de de vida das famílias. Estima-se que, atualmente, cer-

dade cada vez mais rara.

ca de 600 empreendimentos pratiquem a aquicultura no

Os cultivos aquícolas foram introduzidos no Espíri-

Estado. Para atender esse crescimento, o Incaper promo-

to Santo na década de 1980, quando ocorreu um gran-

veu um aumento no quadro de profissionais da equipe de

de desenvolvimento da atividade, ocupando então uma

aquicultura e pesca, proporcionando maior capilaridade

área alagada em torno de 120 hectares. Por falta de in-

nos assuntos de Ater/ATEPA ao ‘Programa de Aquicultura

vestimentos em pesquisa, assistência técnica e forneci-

e Pesca’ do Incaper. Numa parceria entre MDA, entidades

mentos regulares de pós-larvas e alevinos, a atividade vi-

governamentais, empresas e sociedade civil organizada,

i n ca p e r e m revista

várias ações estão sendo desenvolvi-

O Incaper tem trabalhado em

buscando-se operacionalizar as de-

das com vistas à execução e à elabo-

todas as comunidades pesqueiras

mandas de infraestrutura e logística

ração de planejamentos voltados para

para a formação de grupos unidos

inseridas no Novo Pedeag.

atender às necessidades das comuni-

por ideais coletivos de modo a per-

Nesta nova perspectiva, a pesca,

dades locais. Incluem-se aí a capaci-

mitir-lhes participar de forma cons-

atividade com imenso potencial eco-

tação e o treinamento das tripulações

ciente das decisões de políticas pú-

nômico, passa a reunir cada dia mais,

na manipulação do pescado a bor-

blicas inerentes à pesca, tais como

de um lado, as oportunidades de ne-

do das embarcações, bem como em

a socialização da política de crédi-

gócios e a consequente geração de

todo o transcurso das operações, da

to, a seguridade social e a habili-

emprego e renda e, de outro, a pre-

captura ao desembarque, contribuin-

tação profissional junto às institui-

ocupação com a sustentabilidade, o

do assim na melhoraria da qualidade

ções competentes da Marinha e do

respeito ao meio ambiente e o uso

final do produto para o consumidor.

Ministério da Pesca e da Aquicultu-

racional dos recursos naturais, con-

Espera-se que tais medidas elevem as

ra. Para tanto, o quadro técnico dos

tribuindo assim para uma realidade

receitas dos pescadores em até 30%.

extensionistas vem sendo ampliado,

social mais justa.

vêm sendo realizadas diversas ações de capacitação de

do Incaper e Idaf. Tais ações são norteadas por dire-

agentes de desenvolvimento rural, além de se ofertarem

trizes de inclusão social que passam pela estruturação

cursos de capacitação para pescadores profissionais, ar-

de cadeias produtivas, pelo fortalecimento do merca-

tesanais e aquicultores de base familiar.

do interno, pela organização do setor e, por último,

Como parte do processo de ampliação e aperfeiçoamento da política agrícola do governo do Estado e em

mas não menos importante, pela questão da sustentabilidade ambiental.

atendimento a uma antiga reivindicação do setor pesquei-

Além dos trabalhos de abrangência estadual, desde a

ro capixaba no tocante ao desenvolvimento da aquicultu-

sua criação a GAPES e seus parceiros articulam, desen-

ra e pesca, foi instituída recentemente, por parte da Seag,

volvem e apóiam inúmeras iniciativas nas áreas de infra-

a Gerência de Aquicultura e Pesca (GAPES).

estrutura aquícola e pesqueira. Pode-se citar aqui a faci-

A atuação da GAPES já pode ser percebida em im-

litação do acesso ao crédito, o fortalecimento e a orga-

portantes avanços conquistados para o setor. Incluem-

nização institucional do setor, a capacitação, a pesquisa

-se aí a articulação e operacionalização de programas

e o desenvolvimento, beneficiando de forma continuada

setoriais, bem como de ações estruturantes e de fomen-

comunidades pesqueiras e arranjos de produção aquíco-

to, desenvolvidas em parceria com os corpos técnicos

la de dezenove municípios capixabas.

94 incaper

Aquicultura - lagoa Juara em Jacaraípe no município de Serra - ES

i n ca p e r e m revista

96 incaper

5.7. Desenvolvimento da Floricultura A floricultura é uma atividade

significativa, tendo aumentado de 35

a produção, passando pela distribui-

do ramo da horticultura que assumiu

para 64 ha. A área dedicada às plan-

ção e chegando ao mercado varejista.

destaque na economia capixaba en-

tas ornamentais, às folhagens e à for-

A elaboração dos Planos Estratégi-

tre 2003 e 2009, período em que se

ração cresceu de 23 para 26 ha, en-

cos de Desenvolvimento da Agricul-

consolidou como alternativa de renda

quanto a de produção de gramas saltou

tura Capixaba, 2003-2007 e 2007-

para várias propriedades de base fa-

de 80 para 478 ha. O valor da produ-

2025, permitiu conhecer e detalhar

miliar do Espírito Santo. Presente em

ção, considerando os três segmentos,

a dimensão da atividade em termos

40 municípios, engloba 180 hectares

multiplicou-se de R$ 3,8 milhões para

socioeconômicos. Mesmo com a cri-

de área plantada sob responsabilida-

R$ 19,7 milhões ao longo do período.

se de 2008, a floricultura demonstrou

de de 647 produtores, dos quais 60%

A atividade cresceu a uma taxa mé-

ser uma atividade que se afirmou no

assistidos pelo Incaper.

dia de 20% ao ano, envolvendo ain-

cenário do agronegócio do Estado,

A expansão da área de flores tem-

da, aproximadamente, 20 mil pesso-

apresentando crescimento médio de

peradas e tropicais nesse período foi

as em toda a cadeia produtiva, desde

25% entre 2007 e 2009, ocasião em

Lysianto(Lysianthus)

i n ca p e r e m revista

que duas novas distribuidoras se ins-

sociações de produtores, qualificando

hibridações feitas pelos próprios pro-

talaram na Grande Vitória.

seus dirigentes no gerenciamento de

dutores da Região Serrana, ocupam

Entre as estratégias relacionadas à

suas unidades produtivas e na busca

posição de destaque em função da

floricultura, previstas no Novo Pedeag

de oportunidades no mercado da flo-

grande procura por parte do mercado

para o período de 2007-2025, se des-

ricultura estadual, dentre outras.

de arte floral. Houve grande expan-

tacam: (i) a consolidação de polos de

Atento às diretrizes governamen-

são dos plantios de gérberas, ama-

flores e plantas ornamentais segundo

tais, o Incaper, por meio da extensão

rilis, lysianthus, boca-de-leão, be-

aptidões regionais e as oportunidades

rural, tem incentivado o associativis-

gônias e kalanchoes. Na linha dos

de mercado; (ii) a ampliação e melho-

mo e realizado, junto às comunida-

arranjos florais, aplicou-se muito o

ria dos serviços de assistência técnica e

des, a capacitação profissional e a as-

plantio de junco, copo-de-leite, tan-

extensão rural em floricultura; (iii) a es-

sistência técnica aos produtores, in-

go, gypsophila e avencão e, na li-

truturação da cadeia produtiva da flo-

troduzindo modernas tecnologias de

nha das tropicais ornamentais, he-

ricultura e, por fim, (iv) o apoio às as-

plantio e manejo agronômico volta-

licônias, bromélias, alpíneas, cordi-

das à produção. Entre as novidades

líneas etc. O Espírito Santo exporta

técnicas recomendadas podem ser

grandes excedentes de juncos e co-

citadas: (i) a universalização da uti-

pos-de-leite, principalmente para o

lização de estufas; (ii) o controle da

mercado de São Paulo.

iluminação, fotoperíodo e tempera-

A exploração de flores tropicais

tura ambiente; (iii) a introdução de

existe no Estado há mais de 60 anos,

novas variedades de flores; (iv) a uti-

tendo se iniciado a partir de cole-

lização de sementes e mudas de qua-

ções biológicas de orquídeas e bro-

lidade superior; (v) a irrigação locali-

mélias. O cultivo de orquídeas, con-

zada; (vi) a adubação orgânica e mi-

tudo, se constitui hoje em uma fon-

neral balanceadas, e, por fim, (vii)

te de renda para pouco mais de 700

a adequação das práticas de mane-

orquidófilos capixabas. A orquido-

jos fitossanitários. O conjunto des-

filia capixaba se desenvolveu a par-

sas ações contribuiu para aumentar

tir de uma ampla base genética, for-

o nível de produtividade, melhorar a

mada por um acervo composto por

qualidade e proporcionar maior du-

mais de 800 espécies classificadas

rabilidade às flores e folhagens pro-

botanicamente e que deram origem

duzidas no Estado.

a milhares de variedades hibridadas

As espécies de flores mais pro-

de grande apelo comercial, cuja de-

duzidas são as rosas e os crisânte-

manda estimada soma cerca de um

mos devido às preferências do co-

milhão de mudas/ano nos mercados

mércio. Os antúrios, originários de

nacional e internacional.

98 incaper

5.8. Políticas Sociais Rurais A visão contemporânea do meio rural desafia as organizações voltadas ao desenvolvimento do campo a redescobrir fontes e oportunidades de diversificação do tecido social, econômico e cultural, preservando suas características e tradições. O novo conceito de desenvolvimento rural encara a propriedade familiar como muito mais do que apenas uma unidade produtiva, sendo vista, em vez disso, como local de reprodução de relações pluriativas, multidimensionais e multifuncionais. Deste modo, os agricultores familiares passam a ser encarados como sujeitos ativos e protagonistas de seu processo. Diante deste contexto, o olhar público foi redirecionado para o espaço da ruralidade capixaba, com a implementação de programas sociais rurais inovadores, que, associados aos demais contemplados no âmbito das cadeias produtivas, contribuíram para a consolidação de um modelo de desenvolvimento geograficamente desconcentrado, focado na inclusão social e na sustentabilidade. Consciente da complexidade e da importância da agricultura familiar, o sistema público agrícola coordenado pela Seag, além de suas funções precípuas de pesquisa e Ater, atua diretamente na qualificação e viabi-

PRONAF Capixaba

lização destas políticas públicas voltadas para o desen-

A partir do ‘Programa Nacional da Agricultura Familiar’ –

volvimento rural em diversas áreas. Destacamos algu-

Pronaf - desenvolvido pelo Governo Federal, a adminis-

mas de nossas ações.

tração estadual do Espírito Santo criou, de forma inédita no país, o seu próprio programa, voltado ao atendimento dos agricultores familiares com a finalidade de gerar desenvolvimento e oportunidades. Desde 2005, o Pronaf Capixaba oferece recursos para investimentos em infraestrutura, como a realização de obras, aquisição de veículos, maquinário agrícola e equipamentos, conforme as necessidades identificadas pela comunidade. Procurando atender às características que repre-

i n ca p e r e m revista

sentam a realidade agrícola capixaba, o Programa foi

e melhoria da infraestrutura necessária ao fortalecimen-

concebido para promover o desenvolvimento susten-

to da agricultura familiar.

tável no Espírito Santo com o fortalecimento da agri-

Desde a criação do Pronaf Capixaba, foram investi-

cultura familiar, utilizando recursos do próprio Gover-

dos cerca de R$ 20 milhões, totalizando mais de 110 pro-

no Estadual.

jetos em 54 municípios capixabas. No ano de 2009, fo-

As ações do Programa devem constar no ‘Plano Mu-

ram aprovados 19 projetos e, para 2010, o Governo Esta-

nicipal de Desenvolvimento Rural Sustentável’–PMDRS,

dual tem como meta alcançar um mínimo de 40 municí-

sendo debatidas entre as comunidades locais e aprova-

pios. No ano corrente, todos os equipamentos e maquiná-

das pelo ‘Conselho Municipal de Desenvolvimento Ru-

rios devem estar de acordo com especificação trazida pelo

ral Sustentável’-CMDRS. Tais iniciativas devem atender

programa federal “Mais Alimentos”, contemplando obje-

ao objetivo de implantação, ampliação, racionalização

tos mais direcionados ao pequeno agricultor.

100 incaper

Projeto Habitação de interesse social rural Implantado em 2004, o projeto é fruto da parceria da Seag, Caixa Econômica Federal e movimentos sociais, tendo sido responsável pela construção de 2.380 moradias rurais. Ao todo, foram investidos mais de R$ 13 milhões com recursos do Governo do Estado, beneficiando 47 municípios capixabas. De acordo com a proposta do programa, cabe às estruturas públicas a aquisição de material de construção, ficando sob responsabilidade dos beneficiários a área física e a mão de obra. Em complemento à construção das unidades habitacionais, é realizado um projeto de cunho técnico social cuja finalidade é desenvolver competências e comportamentos fundamentais para a gestão da propriedade rural, o associativismo, a organização social e o desenvolvimento social comunitário com o objetivo de conferir sustentabilidade aos processos.

i n ca p e r e m revista

101

102 incaper

PROGRAMA VALORIZAÇÃO DA JUVENTUDE RURAL Com objetivo de articular esforços e

desse modo, a construção de políti-

Já no projeto ‘Arte do Saber’, o ob-

ações para a inclusão social juvenil

cas públicas estruturantes para a in-

jetivo consiste em oferecer aos jovens

rural no espaço público e privado, o

tegração do jovem no espaço rural.

acesso às novas tecnologias e infor-

programa contou com investimentos

O projeto ‘Qualificação Social e

mações segundo as oportunidades da

superiores a R$ 4 milhões, proporcio-

Profissional’, por sua vez, busca a ca-

região, tendo sido efetivada a aquisi-

nados pelo Governo do Estado.

pacitação de jovens do campo acer-

ção de 22 laboratórios digitais e de

Atualmente, o Programa integra

ca dos principais saberes relaciona-

multimídia. Pretende-se que, em re-

seis projetos que já beneficiaram mais

dos à gestão da propriedade rural ou

gime de concessão de uso, possam as

de 4.200 jovens líderes rurais. Diver-

unidade pesqueira, numa perspecti-

associações de produtores rurais e as

sas ações foram desenvolvidas geran-

va empreendedora de valorização da

escolas família agrícola, em conjunto

do novas oportunidades visando a au-

técnica e do exercício da cidadania.

com os jovens líderes rurais integran-

tonomia e emancipação social dos jo-

Foi utilizada a metodologia da Pe-

tes dos núcleos sociais, organizarem

vens rurais, dentre as quais merecem

dagogia de Alternância, tendo como

ações locais de fomento às novas téc-

destaque alguns projetos.

pressuposto teórico a formação inte-

nicas e tecnologias da produção agrí-

Assim, o ‘Fortalecimento dos Nú-

gral do jovem, numa perspectiva que

cola, pesqueira e às questões agrárias.

cleos Sociais de Jovens Rurais para

alterna espaço de tempo de aprendi-

Para tanto, o projeto engloba a reali-

uma Cultura de Paz’ tem como es-

zagem na escola, na família, no meio

zação de cursos, seminários e encon-

tratégia inserir a juventude nos es-

sócio-profissional e que elege os es-

tros, assim como o estímulo às ações

paços de debates de âmbito comu-

tudantes como sujeitos do processo

de aprendizagem da informática que,

nitário em diversas esferas. Visa-se,

de ensino-aprendizagem.

utilizada de modo coletivo, permiti-

Programa Nacional de Alimentação Escolar–PNAE Conhecido como ‘Merenda Escolar’, o programa tem como objetivo a compra, diretamente da agricultura familiar, de gêneros alimentícios destinados à merenda escolar. Busca-se, dessa maneira, a valorização da cultura alimentar e da produção familiar local. O programa atende ao dispositivo legal 11.947/2009, que estabelece um mínimo de 30% da merende escolar a ser adquirido da agricultura familiar. Em acréscimo ao fato de se constituir poderoso canal de comercialização para os produtos da agricultura familiar, o projeto incentiva a organização social, o planejamento da produção e a gestão da propriedade, dado que, nesse arranjo, são indispensáveis a regularidade da oferta e o planejamento da produção.

i n ca p e r e m revista

rá a disseminação das informações a

ração e edição de documentários so-

no jovem a construção do raciocínio

respeito da produção, da produtivi-

bre o cenário rural, etnográfico e am-

lógico, a explicação racional dos fe-

dade, do tempo, do solo, do custo e

biental em 40 municípios capixabas.

nômenos naturais, sociais e econô-

Ainda, o projeto ‘Plantando Árvo-

micos e a capacidade de propor no-

‘Cultura e Juventude Rural’ é ou-

re, Colhendo Vida’ visa à conscienti-

vas incursões nas práticas agrícolas

tro projeto de inclusão social juvenil,

zação dos jovens sobre a importân-

e zootécnicas de forma sustentável.

tendo o propósito de promover polí-

cia dos processos produtivos susten-

O projeto foi desenvolvido no âmbi-

ticas de desenvolvimento cultural ca-

táveis, envolvendo-os na recupera-

to dos centros integrados de educa-

pazes de mobilizar as melhores ener-

ção e conservação do meio ambien-

ção rural e em escolas família agrí-

gias da juventude rural. Nele, valori-

te, na perspectiva da perenidade da

cola, numa parceria com as entida-

zam-se os círculos de amizade, preser-

vida nos espaços local, regional e es-

des sociais de produtores agrícolas

vando e recuperando a memória dos

tadual. O foco dado a esta ativida-

e associações de pais e ex-alunos.

saberes presentes da cultura local, fa-

de está centrado na preservação, na

Criaram-se, desse modo, unidades

vorecendo assim que novas idéias te-

promoção e na recuperação de nas-

de demonstração e experimentação

nham chance de se tornar empreen-

centes de treze propriedades rurais

da produção com foco na agroecolo-

dimentos audiovisuais, musicais e te-

do município de Anchieta.

gia, além de se desenvolver projetos

do valor de mercado dos produtos.

atrais na própria localidade dos parti-

Da mesma forma, o programa

de pequenas agroindústrias e se via-

cipantes. Em parceria com a Secult, foi

‘Processos Produtivos Sustentáveis’

bilizar a constituição de laboratórios

desenvolvido o projeto ‘Rede ÁudioVi-

financia ações que estimulem a ini-

de ciências da natureza nas áreas de

sual’ que realiza oficinas para elabo-

ciação científica, visando despertar

química, física e biologia.

Programa de Aquisição de Alimentos-PAA Criado em 2003, o programa é uma das ações estratégicas

Por sua capilaridade, conhecimento e atuação jun-

do Fome Zero. Sua função consiste na compra de alimen-

to às comunidades rurais, o Incaper possui papel funda-

tos, diretamente de agricultores familiares, com dispensa

mental na implementação e viabilização destes e diver-

de licitação no limite de R$ 4.500,00 para as modalida-

sos outros programas e projetos. Seja na mobilização, no

des de doação, de R$ 8.000,00 para a formação de esto-

apoio, na organização ou na condução, o Incaper con-

ques de compra direta por agricultor familiar/ano e de R$

tribui para uma multiplicidade de iniciativas envolven-

4.000,00 para PAA leite/semestre. O programa contribui

do diversas esferas e parceiros que comprovam o reco-

para equalizar um dos principais problemas da agricul-

nhecimento, por parte do Instituto, da importância das

tura familiar, a comercialização, favorecendo ainda a re-

parcerias para a melhoria da qualidade de vida dos agri-

gulação dos preços dos produtos da agricultura familiar.

cultores familiares.

103

104 incaper

5.9. Caminhos do Campo ‘Caminhos do Campo’ é o programa de pavimenta-

Além disso, o programa espera aumentar o fluxo

ção de estradas rurais levado a efeito pela Secretaria da

de visitantes no meio rural por meio da duplicação do

Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca do Es-

número de propriedades ligadas ao agroturismo, ativi-

pírito Santo desde 2003. O objetivo deste projeto é ade-

dade que gera milhares de empregos diretos e renda

quar e revestir as estradas rurais capixabas, priorizando

adicional para os produtores rurais. O programa ‘Ca-

as áreas de maior concentração de agricultura familiar

minhos do Campo’ está levando desenvolvimento aos

para melhorar o escoamento da produção e reduzir os

produtores rurais capixabas e beneficiando, assim, todo

custos e as perdas associadas aos produtos perecíveis.

o Espírito Santo.

i n ca p e r e m revista

É inegável que o desenvolvimento do Estado passa pelos caminhos do campo. Daí a necessidade de se investir na promoção da igualdade de oportunidades e na inclusão social, objetivos que somente serão alcançados com a descentralização dos investimentos e o incentivo às vocações regionais, como é o caso do agroturismo, da fruticultura, da pecuária, dentre outros. Atualmente, o interior é tratado como uma das novas fronteiras de desenvolvimento social e econômico sustentável do Espírito Santo.

De 2003, início do Programa, até o final de 2010, serão 85 trechos concluídos e inaugurados em 50 municípios, totalizando 700 km de estradas asfaltadas. O investimento envolvido está estimado em mais R$ 230 milhões.

105

106 incaper

5.10. Atividades Rurais não Agrícolas O mundo contemporâneo tornou o rural mais do que

Frente a este cenário, surgem novas exigências de ade-

agrícola. Estudos recentes têm demonstrado que a vida no

quação da infraestrutura e de fabricação que garantam a

campo não mais se limita às tradicionais atividades agro-

qualidade do produto ao consumidor em vista das normas

pecuárias. Esse novo universo, com frentes diversificadas

estabelecidas pelos órgãos fiscalizadores. Aliados a estas

de trabalho e renda, novas ocupações e oportunidades,

exigências e considerando o seu modo de fazer, os produtos

pode ser visualizado na ampliação das chamadas ativida-

da agroindústria rural tem se revelado fator preponderante

des rurais não-agrícolas, com destaque para o agroturismo,

para caracterizar e promover as regiões onde se encontram.

as pequenas agroindústrias e o artesanato rural.

O turismo rural, parte importante desse mosaico de ativi-

José Graziano da Silva, professor de Economia Agríco-

dades, começou a se expandir na década de 1960, no bojo

la da Unicamp, na contextualização do “Novo Rural Bra-

dos desdobramentos do movimento “hippie” que inaugurou

sileiro” na década de 1990, descreve a transformação de

a celebração do retorno à vida simples, baseada no mun-

caráter social e econômico operada no campo, protagoni-

do natural. No Brasil, as primeiras experiências de turismo

zada pela expansão das atividades rurais como a agroin-

rural surgem mais tarde, em meados da década de 1980,

dústria, o artesanato, o turismo rural e outros. De fato, cer-

em Santa Catarina, onde a aposta se volta para as ocupa-

ca de 4 milhões de pessoas estão ocupadas no meio rural

ções complementares às atividades agrícolas.

com atividades que fogem à produção agrícola tradicio-

No Espírito Santo, a implantação do agroturismo ocor-

nal. Outros dados revelam que quatro em cada 10 traba-

reu no início da década de 1990, instalando-se inicialmen-

lhadores adultos, nas áreas rurais, são remunerados por ati-

te na região serrana, com seu clima ameno, topografia fa-

vidades não agrícolas, num crescimento de 35% em me-

vorável e rica expressão cultural, além da proximidade e

nos de dez anos.

do rápido acesso à capital, Vitória. Esta nova atividade veio

Tradicionalmente, a agroindústria artesanal sempre

impulsionar o desenvolvimento da agroindústria artesanal,

esteve presente no cotidiano do campo, fruto da necessi-

do artesanato regional e da produção agroecológica, alicer-

dade de aproveitamento da matéria-prima excedente. Tal

çada em princípios como a valorização da gastronomia lo-

atividade, até pouco tempo atrás, era considerada margi-

cal, da preservação do meio ambiente e das tradições cul-

nal devido à sua reduzida importância na geração de ren-

turais dos agricultores.

da. Nos últimos anos, contudo, foi adquirindo importân-

Como visto, o meio rural não é mais um ambiente res-

cia econômica, gerando cada vez mais renda e empre-

trito à produção de alimentos. Constitui-se em espaço di-

go no meio rural, passando a integrar verdadeiras cadeias

nâmico e promissor de desenvolvimento dos outros setores

produtivas, envolvendo agroindústrias, serviços e comu-

da economia. Exige ele, portanto, políticas públicas apro-

nicações. Ultrapassou-se assim, portanto, o âmbito estri-

priadas para essas novas ocupações e atividades, frutos de

tamente familiar dos empreendimentos rurais para integrá-

uma transformação que vem ocorrendo em escala global

-los a um mercado mais amplo, transformando as ativida-

e que se apresenta como desafio à atuação da assistência

des descritas em renda real.

técnica, da pesquisa e de outras entidades de modo geral.

i n ca p e r e m revista

Produção de brot em Marechal Floriano - ES

Agroindústria Rural de Pequeno Porte Também conhecida como “Agroindús-

de produção, favorecendo a perma-

ra fundiária e à tradição existente nas

tria Artesanal”, esta é uma atividade já

nência do homem no campo ao mes-

famílias rurais, ofertando vantagens

consolidada no meio rural, permitin-

mo tempo em que permite uma me-

comparativas para a implantação de

do a agregação de valor aos produtos

lhoria de sua qualidade de vida, devido

agroindústrias de origem animal e ve-

da propriedade por intermédio do pro-

seu grande alcance sócio-econômico.

getal. Praticamente em todo o Estado

cessamento artesanal dos mesmos. A

O Espírito Santo tem se destaca-

estão instaladas pequenas agroindús-

matéria-prima, antes vendida a baixo

do nesse cenário graças à sua loca-

trias artesanais, com predominância

preço aos atravessadores, passa a ser

lização geográfica, à diversidade de

nas regiões onde o agroturismo está

processada em unidades apropriadas

ambientes e da produção, à estrutu-

mais estruturado.

Principais produtos da agroindústria no Espírito Santo: Doces: geleias, compotas, frutas

Derivados da cana-de-açúcar:

Conservas vegetais: picles,

cristalizadas;

rapadura, melado, açúcar

antepastos, pimentas, temperos;

Bebidas: polpas de frutas, vinhos,

mascavo;

Laticínios: queijos diversos,

licores, cachaça;

Derivados da mandioca: farinha,

iogurtes, ricota;

Massas e panificados: pães,

polvilho, beiju;

Embutidos e defumados: linguiça

bolos, cucas, biscoitos típicos,

Grãos: fubá de moinho de pedra,

suína e bovina, salame, socol.

massas diversas;

café torrado e moído;

107

108 incaper

Artesanato O artesanato é uma das mais fortes expressões da cultu-

das. Entre os municípios capixabas onde o artesana-

ra de uma comunidade e importante atividade não agrí-

to está mais desenvolvido, com produção em maior

cola, gerador de trabalho e renda e estimulante do exer-

escala e oferta no mercado, podemos citar: Anchie-

cício de cidadania e da autoestima das pessoas envol-

ta, Piúma, Grande Vitória, Guarapari, Alegre, Guaçuí,

vidas. No Brasil, a atividade gera perto de 8,5 milhões

Iconha, Baixo Guandu, Cachoeiro de Itapemirim, Do-

de empregos diretos, movimentando cerca de R$ 3 bi-

res do Rio Preto e municípios da região serrana nos

lhões ao ano, sendo a maioria dos artesãos constituída

quais o agroturismo vem sendo implementado com

por mulheres (em torno de 87%).

mais intensidade.

No Espírito Santo, já foram cadastrados pela Se-

Dentre os produtos característicos da produção arte-

cretaria de Estado do Trabalho, Assistência e Desen-

sanal no Espírito Santo destacam-se as panelas de bar-

volvimento Social -SETADES, cerca de 6.800 artesãos

ro; as bonecas, flores e bolsas de palha de milho; os va-

no meio rural e urbano que produzem em torno de

silhames, cestas, bolsas, jogos americanos de fibra de

três mil produtos, oriundos de matérias-primas varia-

bananeira; as diversas peças decorativas confecciona-

Agroturismo O Espírito Santo foi um dos primeiros estados do Brasil a im-

As opções turísticas dependem dos atributos naturais

plantar o agroturismo em seu território, a partir de um proje-

das propriedades rurais e da atividade produtiva exerci-

to-piloto que contemplava a Região Serrana Central abran-

da pelo agricultor. Na prática, o sucesso do turismo ru-

gendo os municípios: Afonso Cláudio, Castelo, Conceição

ral se deve à combinação de interesses das partes. De

do Castelo, Domingos Martins, Marechal Floriano, Vargem

um lado, o homem do campo necessitando criar alter-

Alta, Venda Nova do Imigrante, Viana, Santa Maria de Jetibá,

nativas para melhorar sua renda e, de outro, os residen-

Santa Leopoldina e Santa Teresa. As iniciativas adotadas no

tes dos centros urbanos, fugindo do ritmo estressante das

projeto-piloto tiveram como referência o modelo italiano,

cidades em busca das suas raízes, do modo de vida sim-

especificamente da região doVêneto. Posteriormente, novos

ples do interior, da vivência com o natural, o saudável e

municípios foram se integrando à atividade, com destaque

o ecologicamente correto.

para a região do Caparaó e da Grande Vitória. O agroturismo caracteriza-se pelo contato direto entre o produtor e os consumidores. Enquanto fornecedor de produtos e serviços no turismo rural, o produtor domina toda a cadeia produtiva, o que lhe permite auferir renda mais elevada do que normalmente ocorre noutras propriedades dedicadas exclusivamente à agricultura tradicional.

i n ca p e r e m revista

das a partir de produtos do mar; os balaios, peneiras e

Matérias primas mais

toda a cestaria de outras fibras naturais; os tapetes, bol-

utilizadas no artesanato

sas, colchas de fios e de retalhos, sem esquecer as pe-

Produtos do mar: conchas, escamas de peixe, bú-

ças utilitárias e decorativas produzidas a partir da reci-

zios, ossos de peixe, casca de ostra;

clagem do papel e de outros mAteriais.

Fibras naturais: bananeira, taboa, bambu, coquei-

Para atender melhor a atividade artesanal, algumas lo-

ro, milho, taquara, cana-da-índia e outros;

calidades têm investido na criação de uma infraestrutura

Produtos naturais: cipós, cascas, madeira, bambu,

específica para a comercialização dos produtos que, em-

sementes, cascas de coco, frutos secos, bucha vege-

bora insuficiente, têm funcionado com o apoio das pre-

tal, resíduos de mármore, granito, bagaço de cana;

feituras municipais. As experiências com maior êxito no

Argila e barro;

âmbito da comercialização do artesanato, todavia, es-

Tecidos e fios: especialmente algodão e sintéticos, e

tão diretamente ligadas à prática do associativismo en-

Material reciclável: papel, papelão, plásticos, vi-

tre os artesãos.

dros, latas de alumínio.

Principais ofertas do agroturismo

As atividades rurais não agrícolas (agroturismo,

Hospedagem: pousadas, domicílio do produtor

agroindústria e artesanato) são apoiadas pelo Inca-

(Cama & Café);

per por meio do “Programa Qualidade de Vida no

Atividades produtivas: produtos in natura (colhe e pague,

Campo” (PQVC), instituído em 2000. O projeto tem

pesque e pague) produtos da agroindústria, artesanato local;

como objetivo promover o desenvolvimento rural

Alimentação: restaurantes rurais, casas de chá, café co-

com ações norteadoras para a organização, educa-

lonial, centros de degustação;

ção (segurança alimentar, saúde da família e sane-

Entretenimento e lazer: trilhas ecológicas, passeios de bar-

amento ambiental) e capacitação técnica dos agri-

co, a cavalo e charrete, pescaria (pesque e pague), contem-

cultores que operam em escala familiar, especial-

plação de paisagens (mirantes), cachoeiras, caminhadas, e

mente daqueles inseridos nas atividades de agroin-

Manifestações culturais: festas regionais, músicas e dan-

dustrialização da produção, turismo rural/agroturis-

ças típicas, casas de cultura, museus.

mo e artesanato rural. As ações do PQVC são realizadas por técnicos do Incaper com formação nas

É importante destacar que enquanto protagonista no pro-

áreas de Economia Doméstica e Ciências Agrárias.

cesso de implementação das atividades não agrícolas, o

A coordenação do Programa, dentre outras atribui-

agricultor, ao fazê-las interagir com outros segmentos que

ções, orienta e apóia tecnicamente as ações plane-

lhe são pertinentes, contribui para o desenvolvimento rural

jadas pelos técnicos dos escritórios locais de desen-

sustentável e a melhoria da qualidade de vida no campo.

volvimento rural (ELDR´s) do Instituto.

109

110 incaper

6. Incaper: da reestruturação aos novos investimentos 6.1. Evolução do Orçamento Anual Nos últimos dez anos, o Instituto Capixa-

financeiro do Incaper possibilitou que diver-

ba de Pesquisa, Assitência Técnica e Extensão

sas parcerias fossem viabilizadas, sobretu-

Rural - Incaper, autarquia vinculada à Seag,

do com os Ministérios do Desenvolvimen-

vem implementando um histórico processo

to Agrário – MDA, Ministério da Integração

de reestruturação, que só se tornou possível

Nacional – MI, Ministério do Meio Ambiente

com a quitação das dívidas do Instituto. Em

– MMA, Ministério de Ciência e Tecnologia,

janeiro de 2003, através do apoio financei-

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-

ro do governo estadual, o Instituto tornou-

cimento – MAPA, além de Finep, CNPq, Em-

-se adimplente, o que permitiu a ampliação

brapa, FAPES, dentre outros, e que contribu-

do volume de recursos financeiros captados

íram para acelerar a reestruturação do Institu-

de fontes externas, especialmente do Gover-

to. A melhoria da infraestrutura, a recupera-

no Federal. O restabelecimento do equilíbrio

ção do equilibrio financeiro e a contratação

Tabela 01 Evolução do Orçamento Geral do Incaper– Por Fonte de Recursos Fonte/Ano

2002

2003

2004

2005

2006

2007

18.464.099,00

20.863.333,00

22.329.903,00

25.487.992,00

28.016.637,00

31.415.078,00

Receita própria

570.000,00

950.000,00

962.000,00

479.700,00

2.000.000,00

2.215.000,00

Órgãos federais

1.425.000,00

5.500.000,00

3.212.500,00

3.541.980,00

3.500.000,00

4.300.000,00

485.000,00

580.000,00

1.057.500,00

2.404.968,00

1.800.000,00

2.000.000,00

20.944.099,00

27.893.333,00

27.561.903,00

31.914.640,00

35.316.637,00

39.930.078,00

Tesouro estadual

Órgãos não federais Total Fonte: DPC, Incaper.

i n ca p e r e m revista

60.000.000,00

30.000.000,00

2002 TOTAL

2003

2004

Tesouro Estadual

2005

2006

Órgãos Federais

2007

2008

Receita Própria

2009

2010

Órgãos não Federais

Fonte: Área de Captação de Recursos/Orçamento - DPC, Incaper

figura 01: Evolução do Orçamento Geral – Por Fonte de Recursos

de novos servidores foram fundamentais para o fortale-

mento geral do Incaper saltou de aproximadamente R$

cimento e melhoria da qualidade dos serviços de pes-

21 milhões para R$ 68 milhões em 2010, o que repre-

quisa e assistência técnica e extensão rural oferecidos

senta um aumento de 228% na receita total. Os dados

aos agricultores familiares do Estado.

da figura 01 e tabela 01 mostram a evolução do Orça-

No período entre os anos de 2002 e 2010, o orça-

mento do Incaper, categorizados por fonte. Todas as fontes de recurso financeiro apresentaram substancial aumento, com destaque especial para os recursos de órgãos federais, com expansão de 1.560,8%, graças especialmente as fortes parcerias com o MDA,

2008

2009

2010

VARIAÇÃO % (2010/2002)

mediante a assinatura de convênio no valor R$ 6,3 mi-

35.094.113,00

39.470.573,00

38.958.835,00

111,11

do PAC/OEPAS/Embrapa, no valor de R$ 9 milhões. Cabe

3.640.900,00

4.654.000,00

4.921.427,00

763,41

destacar ainda o aumento de 763,4% na receita própria

7.284.100,00

14.722.000,00

23.666.804,00

1560,83

do órgão, de 157,7% nos recursos provenientes de ór-

2.075.000,00

1.200.086,00

1.250.000,00

157,73

gãos não federais, e de 111,1% nos recursos do tesouro

48.094.113,00

60.046.659,00

68.797.066,00

228,48

estadual, principal fonte em termos absolutos.

lhões de reais, e com a Embrapa, com recursos oriundos

111

112 incaper

i n ca p e r e m revista

6.2. Investimentos Significativos investimentos foram realizados nas bases físicas do Incaper, como a modernização e reforma dos Escritórios Locais de Desenvolvimento Rural, dos Centros Regionais de Desenvolvimento Rural, dos Microrregionais, das Fazendas Experimentais, assim como na sede do Instituto. Estes progressos foram acompanhados pela renovação e ampliação da frota de veículos, enquanto a aquisição de equipamentos de informática e de mobiliário possibilitou melhores condições de trabalho para todos os servidores e, consequentemente, a ampliação e melhoria dos serviços oferecidos ao nosso principal cliente, o agricultor familiar. Ao todo, durante o período, o Instituto adquiriu 520 computadores de mesa, 144 computadores portáteis, 200 projetores multimídia e 130 aparelhos GPS. Este investimento permitiu dinamizar os sistemas de informação do Instituto, fator crítico de sucesso das instituições nos dias atuais. Foi instalada também, na maioria das bases físicas, internet de banda larga, o que contribuiu de maneira significativa para a comunicação e modernização dos processos internos. Cabe destacar a aquisição de 220 veículos entre carros de passageiros, caminhões, motos e utilitários, que promoveram a ampliação e renovação da frota, atualmente com 315 veículos distribuídos nas unidades de pesquisa e extensão, sendo que deste total 191 com menos de cinco anos de uso.

113

114 incaper

6.3. R ecursos Humanos 6.3.1 Recomposição do quadro de pessoal do Incaper Após quase 20 anos sem contratações, em

zer presente em todos os municípios do Espí-

solenidade realizada no Palácio Anchieta, em

rito Santo, levando aos mais remotos quadran-

29 de julho de 2004, o Excelentíssimo Senhor

tes capixabas sua expressiva contribuição ao

Governador do Estado do Espírito Santo, num

desenvolvimento rural sustentável.

gesto de sensibilidade e reconhecimento pe-

A equipe que atua na área fim do Instituto

los trabalhos realizados pela Secretaria de Es-

é composta por profissionais com formação em

tado da Agricultura, Abastecimento, Aquicul-

engenharia agronômica, técnico agropecuário,

tura e Pesca e pelo Incaper, sempre com foco

economista doméstica, ciências biológicas, ad-

nos agricultores e pescadores de base fami-

ministração rural, zootecnica, medicina vete-

liar, autorizou a realização de concurso pú-

rinária, administração, economia, engenharia

blico para a contratação de profissionais desti-

de pesca, ciências sociais, engenharia agríco-

nados a atuarem na área de ponta do Incaper.

la, agrimensor (GIS), engenheiro florestal, ser-

O concurso público foi realizado em dezem-

viço social, turismo, dentre outros. Atualmen-

bro de 2004, possibilitando a contratação de

te contamos com um quadro de colaboradores

117 novos colaboradores, sendo 76 de nível

com 539 servidores, sendo que destes, 281 ou

superior e 41 técnicos agrícolas os quais, após

52% são extensionistas e pesquisadores atuan-

período de treinamento, passaram a exercer

tes no desenvolvimento das diversas atividades

suas funções nas unidades do Instituto. Estas

da área fim do Instituto, conforme pode ser ob-

contratações possibilitaram ao Incaper se fa-

servado nas tabelas a seguir.

Tabela 01 Evolução do Quadro de pessoal do Incaper de 2000 à 2010 Ano

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

Servidores

680

664

573

550

528

639

614

605

601

598

539

Fonte: DPC, Incaper.

Apesar da redução no quadro de pessoal, mo-

devido a otimização dos recursos financeiros,

tivado por aposentadorias e outros desligamen-

mAteriais e humanos, especialmente no que

tos (Tabela 01 e 02), os resultados obtidos na

diz respeito a utilização de metodos grupais

área finalistica e apresentados nessa revista tem

nas ações de Ater e a ampliação das parcerias

experimentando um incremento significativo,

no desenvolvimento dos projetos de pesquisa.

i n ca p e r e m revista

Tabela 02 Localização dos Servidores Efetivos por Unidades do Incaper – Em setembro de 2010 UNIDADE Unidades Descentralizadas

SERVIDORES Nº

(%)

423

78,5

Sede do Incaper

16,2

Seag e outros Órgãos

5,3

539

100

TOTAL Fonte: DRH/Incaper

Dos 180 técnicos de nível superior da área finalística, 133 são pós-graduados (48 especialistas, 56 mestres e 28 doutores), o que demonstra a alta qualificação de seu corpo técnico. (Tabelas 03 e 04)

Tabela 03 Profissionais Finalísticos de NÍveis Superior e Médio do Incaper – Em setembro de 2010 TITULAÇÃO

SERVIDORES Nº

(%)

Nível Superior

180

64,1

Nível Médio

101

35,9

TOTAL

281

100

Fonte: DRH/Incaper

Tabela 04 Titulação dos Profissionais Finalísticos de Nível Superior do Incaper – Em setembro de 2010 TITULAÇÃO

SERVIDORES Nº

(%)

Graduação

26,7

Especialização

26,7

Mestrado

31,1

15,5

180

100

Doutorado TOTAL Fonte: DRH/Incaper

115

116 incaper

6.3.2. Desenvolvimento de pessoal A qualidade dos serviços de pesquisa agrope-

Além disso, o Incaper incentiva e proporcio-

cuária e extensão rural depende da política ado-

na condições para que seus funcionários partici-

tada para a capacitação dos recursos humanos.

pem de eventos externos, tais como congressos

O resultado desta política de desenvolvimento de

e seminários, numa busca incessante de aperfei-

pessoal é a qualificação do seu corpo de servi-

çoamento e intercâmbio científico e institucio-

dores em diversas áreas, trabalhando para a pro-

nal. Na tabela 05 pode-se constatar o esforço do

moção do desenvolvimento rural sustentável em

Instituto no sentido de capacitar o seu quadro de

benefício da sociedade capixaba.

servidores através de eventos internos e externos.

Tabela 05 Número de servidores capacitados 2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

TOTAL

Interno

Modalidade

717

446

166

347

591

655

883

519

812

879

394

6.409

Externo

224

274

126

240

218

332

666

528

630

809

197

4.244

TOTAL

717

720

292

587

809

987

1.549

1.047

1.442

1.688

591

10.653

Obs.: O ano de 2010 corresponde até o mês de junho.

Fonte: DPC, Incaper.

Merece destaque também o programa de

xabas, através de uma equipe técnica altamente

pós-graduação instituído desde 1970, previs-

habilitada à pesquisa e extensão rural. Na tabela

to no Plano de Carreira do Incaper, com norma

06, podemos observar a importância deste pro-

própria que possibilita a seu quadro de pessoal

grama que, de 2000 até a presente data, possi-

se capacitar com aprofundamento de conheci-

bilitou a liberação de 58 profissionais para cur-

mentos científicos e tecnológicos, o que repre-

sos de pós graduação em diversas áreas de co-

senta um expressivo salto de qualidade nos servi-

nhecimento e de interesse para o atendimento

ços prestados aos agricultores e pescadores capi-

das demandas da agricultura capixaba.

Tabela 06 Servidores liberados para curso de pós-graduação 2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

TOTAL

Especialização

Ano

Mestrado

Doutorado

TOTAL

Fonte: DPC, Incaper.

i n ca p e r e m revista

Aula Inaugural em Alegre - ES

RecepĂ§ĂŁo de novos profissionais concursados

117

118 incaper

7. Estruturas e serviços especiais 7.1. Sistemas de informação em rede 7.1.1. GEOBASES O Sistema Integrado de Bases Geoespa-

to Santo uma era de intensa produção de ma-

ciais do Estado do Espírito Santo – GEOBA-

pas e de interação entre os integrantes do sis-

SES – foi criado em 1999, por decreto estadu-

tema, atraindo a atenção dos gestores de ór-

al, para viabilizar intercomunicação entre da-

gãos públicos.

dos mapeados por diferentes instituições numa

O GEOBASES tem importância não somente

mesma área geográfica. Através dele é pratica-

para produção de mapas, mas principalmente

da a cooperação mútua entre as 82 instituições

para que, através do sistema, seus usuários es-

(14 federais, 23 estaduais, 40 municipais e cin-

truturem e manipulem seus bancos de dados,

co privadas), hoje envolvidas no seu uso e na

procedam análises espaciais de dados e con-

composição, manutenção e compatibilização

duzam avaliações estatísticas das informações

das informações. A Unidade Central de Gestão

geoespacializadas.

do GEOBASES tem sede no Incaper, que exer-

No período de dezembro de 2008 a novem-

ce a função de Secretaria Executiva, fornecen-

bro de 2010, o Estado concretizou uma segun-

do suporte à execução do Convênio de Coo-

da fase importante que se refere ao uso e des-

peração Mútua que rege o sistema.

frute da base de dados geoespaciais online, que

Com o apoio do Ministério do Meio Am-

permite colocar usuários de várias instituições

biente, o Estado investiu de início, na concre-

e das mais distintas áreas de formação em con-

tização de uma base única, continua e padro-

dições de acessar, contribuir, atualizar, corrigir

nizada, abrangendo todo o território capixaba.

e, principalmente, usufruir dessa base via web.

Com essa base concluída, os usuários passaram

Os navegadores geográficos do GEOBASES

a ter acesso a uma única fonte com muitas ca-

são a interface de acesso para os mais diver-

madas de informações, inaugurando no Espíri-

sos usuários visualizarem e manipularem da-

i n ca p e r e m revista

dos via online. Esta nova etapa permite agili-

mações e os dados são disponibilizados para

zar o compartilhamento de dados para análi-

o uso de todos, racionalizando-se tempo e re-

se em diversos temas, dando condições para

cursos financeiros, evitando-se duplicação de

que os usuários comuns sejam também au-

esforços em levantamentos, cadastros e manu-

tores de dados geográficos. Temos hoje, por

tenções de banco de dados geoespacializados.

exemplo, desde usuários traçando períme-

É possível hoje, por exemplo, realizar levanta-

tros urbanos e de bairros, monitorando estra-

mentos envolvendo simultaneamente várias pes-

das e obras, medindo áreas e distâncias onli-

soas localizadas em diferentes partes do Estado

ne, localizando delegacias, pontos turísticos,

do Espírito Santo, trabalhando e disponibilizan-

postos de saúde, hospitais, praças e escolas,

do todos os seus dados via web, enriquecen-

mostrando estatísticas espaciais de doenças,

do assim o banco de dados único do GEOBA-

até aqueles checando a existências de fossas

SES com informações que podem ser de ime-

sépticas por residência para quantificar e orçar

diato, visualizadas por todos os interessados.

os equipamentos para os domicílios de forma

O Portal GEOBASES pode ser acessado no

a se encaminhar a despoluição de águas em

site <www.geobases.es.gov.br>, atingindo usu-

bacias hidrográficas.

ários no ambiente domiciliar capixaba, nas es-

A base, hoje, com cerca de 200 camadas de

feras de órgãos estaduais e federais, sendo tam-

dados diferentes, fica hospedada no Data Cen-

bém passível de uso a nível internacional. Com

ter recém inaugurado do Prodest, sendo geren-

isso, o Estado consolida uma ferramenta de tra-

ciada remotamente por uma equipe da Unida-

balho sem precedentes para uso na gestão pú-

de Central de Gestão do GEOBASES localiza-

blica capixaba, bem como no apoio a vários

da no Incaper. Graças a tais avanços, as infor-

temas úteis para a sociedade de forma geral.

119

120 incaper

A: Zoneamento de café arábica no município de Irupi – GEOBASES/IDAF

B: Traçado de perímetros urbanos municipais – GEOBASES/Prefeitura de Santa Teresa

i n ca p e r e m revista

EXEMPLOS DE USO DO GEOBASES

SERRA

C: Distribuição de viagens por modo de transporte (1997 e 2008) – GEOBASES/SETOP

VITÓRIA

CARIACICA

VIANA

Modo coletivo 1998 Modo coletivo 2007 Modo individual 1998

VILA VELHA

Modo individual 2007 Modo não motorizado 1998 Modo não motorizado 2007

Nome Vitória

Modo coletivo

Modo individual

Modo não motorizado

1998

2007

1998

2007

1998

2007

191.270

276.022

188.316

354.571

197.196

201.301

Cariacica

77.223

253.119

49.323

96.012

200.900

279.786

Serra

80.352

304.843

51.375

99.539

203.976

316.892

Viana Vila Velha

5.306

34.278

4.936

24.587

30.602

50.085

113.397

229.915

123.288

317.459

181.591

343.411

121

122 incaper

7.1.2. Sistema de Informações Agrometeorológicas do Incaper O planejamento e a gestão dos recursos

mações Agrometeorológicas - SIAG, tendo

naturais, nos dias hoje, são de fundamental

como objetivo fornecer informações climáti-

importância para se alcançar a sustentabilida-

cas aos produtores rurais. Por meio desse sis-

de dos empreendimentos econômicos. Dentro

tema, boletins agrometeorológicos passaram

desta perspectiva integrada, conhecer a capa-

a ser disponibilizados diariamente, permitin-

cidade e as restrições do ambiente em que se

do que os usuários do sistema tenham aces-

vive e produz é essencial para que não se ul-

so às informações geradas em cada estação

trapassem os limites do próprio meio ambiente.

meteorológica.

Assim, conhecer as condições climáticas e do

Em dezembro de 2008, apoiado com re-

tempo torna-se imperativo para o planejamen-

cursos financeiros das agências financiado-

to a curto, médio e longo prazo não só para o

ras de pesquisa, quais sejam: a Financiado-

agronegócio, mas para todo o setor produtivo

ra de Estudos e Projetos - Finep; o Conselho

e as comunidades em geral.

Nacional de Desenvolvimento Científico e

No Espírito Santo, existe uma ampla rede

Tecnológico CNPq; a Fundação de Amparo

de monitoramento ambiental, pertencente a

a Pesquisa do Espírito Santo - Fapes; o Mi-

diversos órgãos públicos e privados, poden-

nistério da Ciência e Tecnologia - MCT e a

do-se citar, entre os primeiros, o Instituto Ca-

Sociedade Brasileira de Agrometeorologia

pixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Ex-

- SBMET, o Incaper promoveu uma reestru-

tensão Rural - Incaper a Agência Nacional das

turação do SIAG, permitindo que se imple-

Águas - ANA, o Centro de Previsão do Tem-

mentasse a previsão do tempo e do clima,

po e Estudos Climáticos - CPTEC, o Instituto

além da emissão de alertas meteorológicos

Nacional de Meteorologia - INMET e, princi-

para todo o Estado. Nascia então o Centro

palmente, o Instituto Estadual de Meio Am-

Capixaba de Meteorologia e Recursos Hí-

biente - IEMA.

dricos CECAM.

Estação

Apesar do imenso volume de informa-

Graças a essas parcerias, o Espírito Santo

ções geradas pelas diferentes redes de moni-

conta atualmente com 17 estações meteoroló-

da Fazenda

toramento, o acesso a essa base, fosse pelas

gicas e duas estações fluviométricas automáti-

Experimental de

condições de armazenamento, fosse devido

cas que fornecem, em sua maioria, dados ho-

Marilândia - ES

à burocracia, acabava dificultado para os se-

rários, além de cinco estações meteorológicas

tores produtivos interessados na utilização de

e 54 pluviométricas convencionais que dispo-

tais dados em seu planejamento operacional.

nibilizam informações diariamente para o CE-

Buscando solucionar a questão, o Inca-

CAM. Tais dados são prontamente disponibili-

per, valendo-se de sua capilaridade em todo

zados via online ao público em geral. Já os aler-

o Estado, criou em 2005 o Sistema de Infor-

tas meteorológicos, além da web, são transmiti-

meteorológica

i n ca p e r e m revista

dos via telefone para a Defesa Civil Estadual e

teorológicos que possam causar danos, tais

via e-mail para os demais usuários, buscando-

como as chuvas fortes, vendavais, secas etc.

-se, com isso, minimizarem-se os impactos de

Além disto, o produtor rural dispõe hoje de in-

ocorrências extremas como tempestades, gra-

formações suficientes para fazer o uso racio-

nizo e vendaval.

nal da água e outros insumos, proporcionan-

Após a implementação do CECAM, a po-

do, assim, condições para o uso racional dos

pulação passou a dispor de um serviço de me-

recursos naturais. Atualmente, este serviço de-

teorologia confiável, possibilitando informar

nomina-se Sistema de Informações Agromete-

sobre o risco de ocorrências de eventos me-

orológicas do Incaper.

123

124 incaper

7.2 Serviços laboratoriais Reconhecidos pela excelência de seus serviços, os laboratórios do Incaper repre-

7.3. Centro de Educação Ambiental de Jucuruaba – Ceaj: da educação ambiental às práticas agroecológicas

sentam importante instrumento de apropriação e difusão de tecnologias. Cons-

Atento à causa ambiental e sensível à necessida-

ciente dos imperativos da competitividade

de crescente do uso sustentável dos recursos natu-

da agricultura capixaba, as ações de Ater

rais nas propriedades rurais, o Incaper transformou

do Incaper nos últimos anos enfatizaram,

uma de suas fazendas – antigo Viveiro Florestal – no

dentre outros aspectos, a importância das

Centro de Educação Ambiental de Jucuruaba – a Fa-

análises de solo e das estimativas de pro-

zenda Experimental Engenheiro Agrônomo “Reginal-

dutividade e produção esperados.

do Conde”. Com 27 hectares de área, dos quais 130

Atualmente, o Incaper mantém um to-

mil m 2 constituem fragmento florestal representativo

tal de 13 laboratórios nas áreas de análi-

da Mata Atlântica, e localizado no município de Via-

ses químicas de solos (2), análise física de

na, o Centro está dividido atualmente em vinte sub-

de solos (2), ecofisiologia vegetal, controle

projetos técnicos que podem ser replicados nas pro-

biológico, sementes, fitopatologia (2), ento-

priedades rurais.

mologia (2), biotecnologia e fisiologia ve-

O CEAJ tem como propósito demonstrar a necessi-

getal. A atuação dos laboratórios é funda-

dade de conservação e recuperação dos recursos natu-

mental para o apoio e suporte aos projetos

rais, além de apresentar modelos de exploração susten-

de pesquisa, desenvolvimento e inovação,

táveis, associando a produção agrícola e florestal com o

bem como para os programas de desenvol-

respeito ao meio ambiente. Promove-se, assim, o cresci-

vimento rural, através da prestação de ser-

mento da consciência e da responsabilidade ambiental,

viços de análises e diagnósticos, especial-

particularmente dos produtores rurais. O CEAJ apresen-

mente de doenças de plantas, para os agri-

ta unidades demonstrativas de sistemas agroflorestais e

cultores e demais segmentos do setor agro-

práticas recomendáveis de uso do solo.

pecuário capixaba.

Os projetos desenvolvidos fortalecem a visão de que

Consciente da importância dos servi-

a produtividade no campo deve estar associada à pre-

ços laboratoriais, o Incaper promoveu subs-

servação e ao aproveitamento correto dos recursos na-

tancial ampliação nos serviços desenvolvi-

turais. Nesse sentido, além de uma boa assistência téc-

dos. Em menos de uma década, o núme-

nica, a educação ambiental é ferramenta fundamental

ro total de análises processadas nos labo-

na mudança de comportamento, promovendo a transi-

ratórios do Incaper saltou de pouco mais

ção do sistema produtivo convencional, de visão exclu-

de 20 mil no início dos anos 2000 para

sivamente desenvolvimentista e com práticas inadequa-

mais de 100 mil por ano atualmente, sen-

das de uso dos recursos já quase exauridos, para uma

do que, somente em 2009, foram registra-

atitude mais agroecológica, fruto da aplicação de boas

das 120 mil análises.

práticas agrícolas.

i n ca p e r e m revista

7.4 Unidade de Referência em Agroecologia - URA O Desenvolvimento Sustentável

biodiversidade e as atividades bio-

rimental também é utilizada para a

é o paradigma do milênio. A temáti-

lógicas do solo. Com essa preocu-

aprendizagem de alunos das escolas

ca do meio ambiente passou susci-

pação, enfatiza o uso de práticas de

Família Agrícola.

tar preocupações a partir da década

manejo em oposição ao emprego

Na área experimental de 3 ha tem

de 1960, quando o uso indiscrimina-

de agrotóxicos, sendo uma forma

sido realizados diversos experimen-

do dos recursos naturais começava a

de produção ecologicamente sus-

tos. Para os diferentes tipos de culti-

provocar efeitos catastróficos sobre o

tentável, socialmente justa e eco-

vo, são adotados métodos agroecoló-

planeta. Inúmeros problemas ligados

nomicamente viável em todas as

gicos de manejo, ou seja, sem a uti-

ao meio ambiente decorrem do em-

escalas da produção.

lização de produtos químicos. Além

prego de tecnologias de produção

Atento a essa demanda, o Incaper

disso, realiza-se a multiplicação das

que não levam em conta os impac-

tem desenvolvido programas e proje-

sementes e propágulos orgânicos das

tos ambientais e seus efeitos globais.

tos de ciência e tecnologia no âmbi-

culturas, visando preservar a diversi-

A crise sócio-ambiental das últi-

to da agroecologia, dentre os quais

dade genética e identificar cultivares

mas décadas tem levado ao questio-

se destacam o programa de agricul-

de maior adaptabilidade ao sistema

namento das bases teóricas que sus-

tura orgânica executado no Centro

para serem disponibilizados aos agri-

tentaram o estabelecimento do atu-

Regional da região centro-serrana,

cultores orgânicos.

al modelo de crescimento econô-

em Domingos Martins, desde 1990.

As pesquisas desenvolvidas na

mico e sua reiterada inobservância

De lá para cá, grande parte do de-

área experimental culminaram em

dos limites impostos pela natureza,

senvolvimento científico e tecnoló-

recomendações importantes no que

notadamente no que concerne aos

gico na produção de alimentos or-

respeita às variedades mais adequa-

meios de produção. Diante da gravi-

gânicos teve lugar nesta área experi-

das, ou seja, com melhor desempe-

dade das tendências atuais de com-

mental, considerada atualmente Uni-

nho para os produtores rurais que de-

prometimento ambiental em escala

dade de Referência em Agroecolo-

sejam desenvolver a agricultura orgâ-

global, fez-se necessária uma mudan-

gia (URA), tanto para o Espírito San-

nica. Além disso, o manejo e os tra-

ça na estrutura dos meios de produ-

to quanto para o Brasil.

tos culturais em sistemas orgânicos

ção, conciliando-os com o desenvol-

Ao longo dos últimos 20 anos, o

de produção, em muitas situações,

vimento sustentável local, seja urba-

projeto tem apostado numa estreita

são diferenciados daqueles pratica-

no ou rural. Nesse contexto, a agri-

relação com os agricultores familia-

dos em sistemas convencionais. Nes-

cultura orgânica pode representar o

res e suas representações. Visando a

ta linha, foram realizados diversos

equilíbrio desejado quando avalia-

transferência das tecnologias, o In-

estudos que resultaram em tecnolo-

da sob os prismas da eficiência e da

caper utiliza o local para a realiza-

gias apropriadas ao cultivo orgânico

sustentabilidade.

ção de capacitações, aulas práticas

de hortaliças.

Consiste ela numa atividade

de campo, cursos e treinamentos so-

Dentre os estudos que proporcio-

que visa promover a preservação

bre agroecologia, além de excursões

naram bons resultados para a agri-

do meio ambiente, respeitando a

e visitas técnicas. A unidade expe-

cultura orgânica podemos destacar

125

126 incaper

Centro de Educação Ambiental Jucuruaba (Ceaj): plantio participativo para recuperação da mata ciliar do rio Jucu - ES

i n ca p e r e m revista

127

128 incaper

a compostagem, adubo orgânico forma-

comendação, considerando-se a eleva-

do por meio da reciclagem de sobra de

da sensibilidade da cultura à incidên-

resíduos agrícolas e composto por ca-

cia de pragas e patógenos, é que o cul-

madas de capim e de esterco intercala-

tivo deve ser feito em ambiente prote-

das, o qual pode aumentar a produtivi-

gido. Observou-se que, desse modo, a

dade de algumas hortaliças orgânicas

produção total aumenta em quase oito

em até 40%. Outro exemplo reside no

vezes quando comparada ao cultivo re-

Vandelino Tesch

cultivo sombreado do gengibre, que pro-

alizado em campo aberto.

Agricultor orgânico

porciona ganhos significativos de pro-

As tecnologias e indicadores mencio-

dutividade. Já na produção orgânica de

nados podem ser conferidos em dois livros

alho, espaçamentos maiores podem au-

editados pelo Incaper, além de diversas

xiliar no aproveitamento da adubação

publicações na forma de artigos científi-

orgânica e melhorar o desenvolvimen-

cos, matérias técnicas, trabalhos em con-

to dos bulbos. No caso do tomate, a re-

gressos, capítulos de livros, entre outros.

DESTAQUES Um dos trabalhos de destaque do pro-

orgânicas tendo produtividade menor

grama tem sido a avaliação do desem-

que a convencional, as receitas cor-

penho produtivo das espécies subme-

respondentes revelaram-se maiores,

tidas ao sistema de cultivo orgânico.

exceto para as culturas do morango e

Em linhas gerais, os resultados reve-

do pimentão.

laram que a produtividade e o padrão

Como é possível perceber, o cami-

comercial das hortaliças em sistema

nho apontado para agricultura susten-

orgânico têm sido plenamente satis-

tável tenta incorporar, de forma sistê-

fatórios para atender as necessidades

mica, as três dimensões desse concei-

e as exigências deste mercado.

to: (a) um sistema agrícola economi-

O custo médio de produção de

camente viável; (b) socialmente jus-

1 ha em sistema orgânico é em mé-

to e (c) ecologicamente correto. Em

dia 60% inferior ao do sistema base-

tais condições, a agricultura orgâni-

ado nos modelos agroquímicos atu-

ca apresenta-se como possibilidade

almente em uso. Por outro lado, a re-

de uma agricultura sustentável, com

ceita média obtida no sistema orgâ-

processos de produção acessíveis a

nico, proporcionou rendimento 21%

pequenos e médios produtores, espe-

superior ao convencional. Vale ressal-

cialmente aqueles inseridos no mode-

tar que mesmo com algumas culturas

lo de agricultura familiar.

i n ca p e r e m revista

129

130 incaper

8. Produzindo informação As transformações ocorridas nas últimas dé-

espaço cada vez melhor de se viver e produzir.

cadas promoveram uma grande mudança na visão

Procuram-se também meios de gerar capacida-

geral da agropecuária. Muito mais do que produ-

de de diferenciação de produtos, abrindo-se no-

zir alimentos e matérias-primas de baixo custo, ou

vas oportunidades para os agricultores. Busca-se

simplesmente constituir reserva de mão de obra

fazer com que o produtor rural, desta maneira,

para a indústria, a agricultura ganhou contornos

possa enfrentar os novos requisitos do mercado

mais dinâmicos na perspectiva do agronegócio.

estando, ao mesmo tempo, atualizado para aten-

A adoção de um padrão produtivo diferen-

der aos novos padrões de qualidade e consumo

ciado, baseado em tecnologia e conhecimen-

Neste cenário, o Incaper tem procurado

to, fez com que diversas cadeias produtivas se

aproveitar as oportunidades de ampliar a pro-

consolidassem, gerando trabalho, renda, ex-

dutividade e as condições de competitividade

cedentes e divisas. Atualmente, o agronegó-

do agronegócio capixaba por meio do desen-

cio responde por parcela significativa das ex-

volvimento de novos produtos e tecnologias.

portações e do PIB brasileiro.

Por outro lado, a qualidade de vida, o acesso à

No Espírito Santo não é diferente. A agro-

políticas públicas e o cuidado com o meio am-

pecuária se diversificou, passando a incorpo-

biente tem impulsionado todos os servidores do

rar novas tecnologias e novas atitudes frente ao

Incaper a protagonizar, junto com os agriculto-

meio ambiente e a um consumidor cada vez

res, projetos cada vez mais criativos e eficientes.

mais exigente. A atividade se integrou com os

O Incaper tem criado um ambiente cada

demais setores da economia e do turismo, tor-

vez mais favorável à discussão e à criativida-

nando-se o centro das atenções na formulação

de, viabilizando a difusão de tecnologias e co-

das políticas públicas de desenvolvimento ru-

nhecimentos voltados para o aumento da pro-

ral e ambientais. É cada vez maior o empenho

dutividade e da rentabilidade do agronegócio

dos profissionais do Incaper com a geração e

capixaba. O resultado desse empenho se tra-

a disponibilização de tecnologias apropriadas

duz em reconhecimento estadual e nacional.

à agricultura familiar, bem como com a quali-

As diversas premiações e homenagens recebi-

dade de vida e o desenvolvimento sustentável.

das pelo Instituto ao longo da última década

Hoje, o grande desafio é produzir mais com

são a prova do trabalho bem realizado. É o In-

cada vez menos impacto ambiental e com cus-

caper produzindo conhecimentos que melho-

tos competitivos, além de tornar o meio rural um

ram a vida de todos!

i n ca p e r e m revista

131

ORDEM DO MéRITO TéCNICO-CIENTÍFICO 2004: Prêmio Mérito Técnico-Científico, pe-

do pelo Governo do Estado do Espírito San-

los serviços prestados em prol do desenvol-

to, através da Secretaria Estado de Ciência

vimento científico e tecnológico. Ofereci-

e Tecnologia.

TIÃO SÁ 2003: Premio Tião Sá - Pesquisa Ambiental, ofe-

tura Municpal de Vitória/ Secretara de Meio

recido pela Secretaria Municipal de Meio Am-

Ambiente (SEMMAM) ao projeto “Potencial

biente-SEMMAM ao projeto “Utilização do lodo

da Agricultura Orgânica para o Sequestro de

de estação de tratamento de esgoto para a cul-

Carbono Atmosférico e Redução do Aqueci-

tura do mamão”, que se destacou na área de

mento Global”, que demonstra a capacida-

disposição final de resíduos urbanos.

de da produção agrícola orgânica de “capturar” o gás carbônico atmosférico e aprisioná-

2008: Prêmio Tião Sá de Incentivo à Pesquisa

-lo na terra, contribuindo para a redução do

e Educação Ambiental, concedido pela Prefei-

aquecimento global.

PRÊMIO ECOLOGIA 2007: Prêmio Ecologia 2007, na categoria “Pes-

ses de Efeito Estufa”, que estudou o potencial

quisa Científica”, conferido ao projeto “Seques-

existente no sistema orgânico de produção agrí-

tro de carbono em solos agrícolas sob mane-

cola para a reciclagem e sequestro de carbo-

jo orgânico para redução da emissão de Ga-

no da atmosfera.

132 incaper

PRÊMIO EMBRAPA 2006: Prêmio “Frederico de Menezes Veiga”, concedido

BRAPA) e que premia os melhores profissionais com tra-

pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EM-

balhos relacionados à Inovação Tecnológica.

PRÊMIO INOVES 2006: Menção Especial de Destaque na Inovação Tecno-

ra do Estado do Espírito Santo”, um dos principais respon-

lógica, concedida ao projeto “Variedades clonais de café

sáveis pela produtividade e qualidade da cultura do coni-

conilon: tecnologias que inovam e renovam a cafeicultu-

lon, não só no Estado, mas também no Brasil e no mundo.

PRÊMIO FINEP Categoria Inovação Tecnológica 2002: Prêmio Finep de Inovação Tecnológica 2002 - Su-

o Sudeste do Brasil no segmento “Instituição de C&T”,

deste, promovido pela Financiadora de Estudos e Pro-

tendo o Incaper alcançado o primeiro lugar como Insti-

jetos – FINEP, concedido à tecnologia Systems approa-

tuição de Ciência e Tecnologia da Região Sudeste.

ch que reabriu as exportações de mamão do Brasil para os Estados Unidos.

2009: Prêmio Finep de Inovação, na categoria “Tecnologia Social”, região Sudeste, agraciando o projeto “ Co-

2007: Prêmio Finep de Inovação Tecnológica 2007, para

res da Terra”.

CICLO 2009 DO PRÊMIO INOVES 2009: Premiação Categoria Inovação Tecnológica, obti-

buída ao projeto “Mobilização Social para Produção de

da pelo projeto “Uso do lodo de esgoto na adubação de

Água”, com o trabalho de caixas secas no município de

fruteiras”, que transforma um problema ambiental em

São Roque do Canaã - ES.

uma alternativa de adubação sustentável na agricultura. 2009: Menção Especial na área de Desenvolvimento So2009: Menção Especial de Destaque na área Práticas

cial, conferida ao “Projeto Trama do Sol-Eco Produtos”

Sustentáveis e na área de Atitudes Empreendedoras, atri-

que gera qualidade de vida.

i n ca p e r e m revista

O pesquisador José Aires Ventura recebe do Vice-presidente da República, José Alencar, o prêmio “Frederico de Menezes Veiga”, concedido pela Embrapa

133

incaper 134 Incaper

9. Entrevista: Evair Vieira de Melo, Presidente do Incaper

Incaper: Presente e futuro 1. Como você avalia a trajetória do Incaper?

A atuação do Incaper nos últimos dez anos

Ao longo de sua existência, o Incaper mostrou

reforça esta premissa. A criação de tecnologias

um percurso de conquistas em prol da agricul-

e mAteriais, como a cultivar de Taro São Ben-

tura capixaba. Estas conquistas, evidenciadas

to, desenvolvida a partir da interação horizon-

pelos inúmeros resultados alcançados mostra

tal e dialógica entre o agricultor - extensionis-

que é possível levar, de maneira eficiente, os

ta - pesquisador, bem como outras várias tec-

benefícios da ciência e tecnologia até o coti-

nologias desenvolvidas neste modelo, é prova

diano da sociedade, e mais, mantendo essa

irrefutável disto.

mesma sociedade na trajetória do progresso social e econômico, sobretudo em um cená-

2. Na sua opinião, qual é o papel da ciência e tec-

rio de sustentabilidade.

nologia para o desenvolvimento rural capixaba?

Neste sentido, é fundamental a aproxima-

Ciência e tecnologia são condições básicas de

ção e o estreitamento da relação Ciência-Tec-

sobrevivência em qualquer segmento ou setor

nologia-Sociedade. Esta relação deve ser es-

da economia. O desenvolvimento tecnológico

tabelecida através de interações construídas

está intimamente associado à competitividade

e mantidas pelo adensamento das redes de

e na agricultura não é diferente.

relações confiáveis, tecidas com tramas do

Graças ao desenvolvimento tecnológico ge-

conhecimento e da inovação, onde os fluxos

rado, o Espírito Santo possui hoje a cafeicultu-

de informações são mais importantes que os

ra de conilon mais avançada do mundo e que,

fluxos do poder.

somente nos últimos anos, experimentou um

i n ca p e r e m revista

acréscimo de produtividade superior a 188%.

dições de vida e bem-estar da população, em

E não apenas na cafeicultura. O Estado apre-

sintonia com a diversidade socioeconômica e

senta grande dinamismo e eficiência em outras

biofísica das regiões.

cadeias produtivas, sobretudo da fruticultura, da olericultura e da silvicultura.

Para isto, as ações devem estar alinhadas aos saberes populares e aos grupos sociais, es-

Porém, as ações de Pesquisa e Desenvolvi-

pecialmente aos mais vulneráveis. Neste sen-

mento devem estar focadas na busca de produ-

tido, merece destaque o projeto ‘Cores da Ter-

tos, processos, técnicas e métodos aplicáveis,

ra’, vencedor do Prêmio Finep de Tecnologia

concebidos e desenvolvidos em interação com

social em 2009. Seu conceito, o uso de tintas

a coletividade e que representem efetivamente

formuladas à base de terra e argila é extrema-

soluções de transformação da realidade e eman-

mente simples e antigo. Porém, aperfeiçoado e

cipação social, isto é, a partir de uma concep-

com fácil disseminação, tem contribuído para

ção de investigação participativa.

melhorar o aspecto cênico e a auto-estima das

Cabe, então, às instituições públicas de

populações rurais.

C,T&I, como o Incaper, o papel de geração do conhecimento aplicado numa perspecti-

3. Qual seria a o papel do Incaper, como ins-

va emancipadora da sociedade. Ciência e tec-

tituição pública nessa apropriação do conhe-

nologia a serviço do desenvolvimento huma-

cimento?

no autônomo, com respostas e alternativas que

O papel do Incaper passa a ser o de coorde-

promovam, efetivamente, a melhoria das con-

nar e estimular o desenvolvimento de conhe-

135

incaper 136 Incaper

cimentos e competências capazes de mobilizar a sociedade para o envolvimento, reflexão e proposição de projetos e ações que promovam a mudança de sua realidade e a melhoria contínua da qualidade de vida das comunidades. É a sociedade refletindo sobre sua reali-

Nosso grande desafio é garantir a continuidade do desenvolvimento do Estado sobre as bases da sustentabilidade

dade, participando do processo de desenvolvimento e geração de novos conhecimentos e avaliando, de maneira sistêmica, seus problemas e potencialidades, aproximando o sa-

e gestão das redes de relações democráticas

ber do fazer.

mais densas, na trajetória de estabelecer uma

Neste processo, surge a identificação cole-

nova relação entre Sociedade e Natureza.

tiva dos gargalos e problemas de natureza tecnológica ou social que entravam o desenvolvi-

4. O que seria este projeto político-institu-

mento, a gestão da informação e a inovação,

cional no Incaper?

o adensamento de cadeias produtivas, consi-

Esse projeto culminaria com o repensar do

derando a multifuncionalidade e multidimen-

próprio Incaper, à luz dos anseios e necessi-

sionalidade do campo com ações pautadas no

dades da sociedade capixaba. A instituição

uso racional dos recursos naturais e na prote-

buscará um modelo de gestão flexível e ágil

ção do ambiente e da diversidade. Contribuir

em seus processos de tomada de decisão, não

para o desenvolvimento humano, econômico

se acomodando aos fragmentos de uma ca-

e social: este é o papel mais nobre da ciência

deia de responsabilidades, confortavelmen-

e tecnologia;

te inerte, sem agir, à espera que algum ou-

Através da participação ativa no processo de concepção, organização e implementa-

tro segmento decida com maior autonomia e eficiência.

ção das ações emancipatórias, o Incaper será

E, assim, o Instituto passa a ser reconhe-

o provedor de uma proposta de desenvolvi-

cido pela expressão fisionômica de sua iden-

mento rural pautada na equidade, na justiça

tidade, em que as prioridades de suas ações,

e na mobilidade social por meio de pesqui-

criteriosamente selecionadas, serão definidas

sas e processos educativos e comunicativos

em consonância e harmonia com os anseios

para o campo - a extensão rural dialógica -

da sociedade.

que induzem à promoção da equidade e do

Outro ponto não menos importante são os

empoderamento dos cidadãos na construção

papeis tradicionais de gerar e difundir tecnolo-

i n ca p e r e m revista

gias, tanto pelo acervo de informações tecnoló-

especificidades socioculturais dos diversos gru-

gicas já desenvolvidas quanto pela concepção,

pos sociais que compõe o Estado.

elaboração e implementação de projetos polí-

O Incaper precisa garantir a manutenção e

tico-pedagógicos voltados para a educação no

renovação continuada de seu quadro de pes-

campo, à luz dos desafios propostos no Plane-

quisadores, de extensionistas e de apoios ad-

jamento do Governo do Estado, a saber: a erra-

ministrativos. É necessário também garantir a

dicação da pobreza; o protagonismo dos atores

manutenção e ampliação do aporte de recur-

sociais, a participação política no processo de

sos financeiros destinados à modernização

gestão; o território como unidade de referên-

das estruturas e bases físicas, bem como dos

cia e a preocupação central com a sustentabili-

equipamentos voltados à melhoria das condi-

dade sócio-ambiental, incluídas em uma agen-

ções de trabalho.

da relacionada aos temas aquecimento global, matriz energética e emissão de CO2.

A revisão do Planejamento Estratégico previsto para 2011 buscará redefinir, em conjunto com a sociedade, os novos horizontes de lon-

5. Faça algumas considerações do que pode-

go prazo, reavaliando o tamanho e o papel do

rá ser visto nas futuras páginas do Incaper

Instituto a fim de proporcionar as respostas que

Nosso grande desafio é garantir a continuidade

a sociedade capixaba espera e merece.

do desenvolvimento do Estado sobre as bases

As estratégias de universalização dos ser-

da sustentabilidade. Diante das diretrizes estra-

viços de Ater e ampliação das ações de pes-

tégicas dos Planos de desenvolvimento ES 2025

quisa agropecuária, passam obrigatoriamen-

e do Novo Pedeag, bem como da necessidade

te pela estruturação de redes compostas pe-

de evoluir no amadurecimento dos instrumen-

las diversas instituições com foco nestes ser-

tos de participação e controle social, o Inca-

viços e pela sociedade civil. Neste sentido,

per terá papel fundamental de gerar respostas

o papel do Incaper será o de contribuir para

às demandas da sociedade a partir da consoli-

o aperfeiçomento e qualificação das ações,

dação de um modelo dialógico e participativo.

colocando sua experiência, estrutura e capi-

Para tanto, é necessária a continuidade no

laridade a favor da construção de um proje-

projeto de reestruração. Os resultados e os avan-

to compartilhado de desenvolvimento rural

ços verificados nos últimos anos fizeram com

para o Espírito Santo.

que o agricultor e a sociedade buscassem ain-

O Incaper chama a sociedade capixaba para

da mais a presença do Incaper. Hoje buscamos

ajudar a escrever as futuras páginas da sua his-

ampliar o número de agricultores beneficiados,

tória, pautado na construção de uma socieda-

garantido ações de qualidade considerando as

de mais justa, solidária e sustentável.

137

incaper 138 Incaper

Entrevista: E nio Bergoli,

Secretário de Estado da Agricultura do Espírito Santo

O Agronegócio Capixaba. Uma visão econômica e gerencial 1. Qual a importância do agronegócio para a

2. Quais são as excelências na área rural

economia capixaba?

capixaba?

O agronegócio é um setor de natureza estraté-

O Estado do Espírito Santo, apesar de suas di-

gica, principalmente em razão de sua respon-

mensões reduzidas (0,5% do território nacional),

sabilidade na produção de alimentos, energia

apresenta grande diversidade de ambientes (cli-

e fibras, e elevada capacidade de geração de

ma, solo, relevo), possibilitando a adaptação de

emprego por unidade de capital aplicado.

uma vasta gama de atividades agrícolas. Assim,

No Estado do Espírito Santo, a agricultu-

são cultivadas em nosso Estado culturas tropi-

ra representa cerca de 9% do PIB e é respon-

cais, exigentes em calor, como mamão, coco,

sável por empregar aproximadamente 20% da

café conilon, e culturas de clima frio, como café

mão-de-obra economicamente ativa, cerca de

arábica, pêssego e morango, entre outras.

duas vezes mais que a média de outros setores da economia capixaba.

Esses fatos, aliados à existência de tecnologias (grande parte desenvolvidas pelo Incaper),

Levando-se em conta todos os segmentos da

à localização geográfica privilegiada e à facili-

cadeia de produção agrícola, o agronegócio re-

dade de acesso aos diferentes centros consumi-

presenta aproximadamente 27% do PIB estadu-

dores, tornaram o Espírito Santo um Estado im-

al. Para 61 dos 78 municípios capixabas, o agro-

portante sob o ponto de vista agrícola.

negócio é a principal fonte de emprego e renda.

É atualmente o maior produtor nacional de

A estrutura fundiária no Estado, compos-

café conilon e o 2º em cafés (conilon e arábi-

ta de 80% de agricultores familiares, demons-

ca), coco verde, pimenta do reino e mamão do

tra a grande importância social da atividade.

país. Vale destacar que as principais atividades

i n ca p e r e m revista

As oportunidades estão postas. Precisamos nos dedicar à superação de nossos desafios, sempre com foco nas tendências que o mundo aponta, para que possamos confirmar a excelência do agronegócio capixaba e brasileiro no cenário mundial

agrícolas capixabas, como o café e a fruticul-

Outro fato a destacar, responsável pela di-

tura, apresentam rentabilidade maior do que

versidade, produtividade e principal fator de

as culturas alimentares tradicionais cultivadas

sucesso na agricultura é o uso da irrigação, re-

em outros Estados, como o arroz, o milho, a

presentando mais de 25% da área com lavou-

soja e o feijão.

ras em 30 mil propriedades rurais, num total

Na produção orgânica de alimentos, ocu-

aproximado de 200 mil ha.

pamos a 4ª posição no país, mas apresentan-

No entanto, a maior riqueza do Espírito San-

do um crescimento exponencial, gerando no-

to é a sua distribuição fundiária, com predomi-

vas oportunidades de negócios agrícolas e dan-

nância de pequenas propriedades administra-

do a opção ao consumidor de adquirir alimen-

das pela própria família, o que o torna, segu-

tos mais saudáveis.

ramente, um dos Estados com melhor divisão

O Estado também possui acentuada voca-

fundiária do país.

ção para o agroturismo, já bastante difundido na Região Serrana, permitindo considerável au-

3. Quais os principais avanços do agronegócio

mento na rentabilidade e geração de empregos

capixaba nos últimos anos?

no meio rural.

Na infraestrutura, podemos destacar o Progra-

Temos também uma das maiores produti-

ma Caminhos do Campo, onde pavimentamos

vidades de eucaliptos do mundo e um elevado

700 km de estradas rurais em mais de 90 tre-

potencial florestal, que permite o uso de áreas

chos, abrangendo 53 municípios. Melhoramos

da propriedade com baixa aptidão para o de-

assim as condições do escoamento da produ-

senvolvimento de outras atividades.

ção agrícola, criando condições para o desen-

139

incaper 140 Incaper

volvimento do agroturismo e mesmo para o uso coti-

miliares capixabas. É o caso do Pronaf Capixaba, que

diano das pessoas que vivem no campo. Com o Pro-

já está presente em 40 localidades destinando recursos

grama Telefonia Rural, beneficiamos 422 comunidades

para melhoria na infraestrutura de produção agrícola

do interior do Estado e com o Programa Luz para To-

nos municípios, e do Programa Campo Sustentável, que

dos, em parceria com o Governo Federal, praticamen-

permitiu aliar produção agrícola e conservação do meio

te foi universalizada a energia elétrica no campo, com

ambiente em diversas propriedades rurais capixabas.

mais de 120 mil pessoas beneficiadas.

No programa “Juventude Rural”, capacitamos mais

Disponibilizamos ainda quase 400 máquinas pe-

de 20.000 jovens, sendo cerca de 600 com cursos de

sadas e cerca de 150 tratores agrícolas para associa-

250 horas em gestão da propriedade rural ou gestão

ções e cooperativas de todos os municípios capixabas.

da unidade pesqueira.

Nas atividades geradoras de renda no rural, con-

Estes foram avanços significativos que mostram a

seguimos melhorar a qualidade do café arábica e au-

vitória do planejamento sobre a improvisação e fun-

mentar a produtividade do café conilon. Em apenas 17

damentalmente a responsabilidade com o investimen-

anos, a produção do conilon aumentou 238%, com ex-

to público.

pansão de apenas 7,5% de área plantada. A pecuária de leite vem avançando também na melhoria da qua-

4. Quais os principais desafios que o agronegócio ca-

lidade e no aumento da produtividade, devido princi-

pixaba deverá enfrentar nos próximos anos?

palmente à incorporação de tecnologias e ao investi-

Sem dúvida, ainda temos muitos desafios a superar no

mento em equipamentos. Foram entregues às associa-

agronegócio capixaba. Precisamos remover diversas

ções, cooperativas e prefeituras, mais de 400 tanques

“barreiras” internacionais a que estamos submetidos,

resfriadores e cerca de 150 botijões de sêmen.

sejam elas sanitárias, tributárias ou de resíduos quími-

Na fruticultura, implantamos 11 polos que permi-

cos. A competitividade do agronegócio fica prejudicada

tiram a ampliação da produção, a irradiação e difusão

no exterior em virtude dos excessos. Portanto, é funda-

de novas variedades mais produtivas e adaptadas às

mental que o Governo Federal atue mais incisivamente

regiões. A silvicultura também se destacou com o au-

na negociação internacional para que as decisões se-

mento da área plantada.

jam mais técnicas e menos protecionistas.

Também avançamos muito na diversificação de ati-

Por aqui, precisamos avançar na infraestrutura e lo-

vidades rurais, dentre as quais destacamos a agroindus-

gística disponíveis para a movimentação de cargas de

trialização, o agroturismo, a aquicultura, a floricultura,

modo que possamos receber navios de grande porte

a apicultura, entre outras.

e aumentar a eficiência dos serviços. Nosso aeropor-

Destaco ainda a consolidação das políticas sociais

to, além de defasado para o transporte de passageiros,

e ambientais através da implementação de vários pro-

precisa urgentemente ser adequado para a movimen-

gramas que beneficiaram diretamente os agricultores fa-

tação de cargas.

i n ca p e r e m revista

A irrigação é fundamental para alcançarmos bons

persistem entre os agricultores. Num futuro não muito

índices de produtividade, especialmente em nosso Es-

distante, o mercado tende a excluir aqueles que se uti-

tado que possui 2/3 de seu território com balanço hí-

lizam de níveis tecnológicos mais defasados.

drico negativo. Dessa forma, precisamos reservar e proteger nossos recursos hídricos com técnicas adequa-

5. Quais as tendências mundiais futuras para o agro-

das, mais eficientes no uso da água, para que possa-

negócio?

mos manter e progredir nestes índices.

O agronegócio é um setor da economia que sofre grande

A recuperação de terras degradadas é outro desafio

influência das transformações da sociedade que ocorrem

importante a superar, pois elas representam, além da

em escala mundial. Assim, considero quatro grandes ten-

perda de nutrientes e do aumento do custo de produ-

dências: (1) a mudança na demanda em busca por produ-

ção, a redução da rentabilidade da atividade agrícola.

tos de que privilegiem o sabor, a qualidade, a saúde hu-

Com a nossa estrutura fundiária representada em

mana, o meio-ambiente; (2) a concentração demográfi-

grande parte por produtores familiares, o adensamento

ca, aumentando de forma crescente a população urbana

das cadeias produtivas torna-se fundamental. Com rela-

em detrimento da rural. Em decorrência, haverá aumen-

ção à geração de divisas, devemos buscar a comercia-

to significativo da demanda por alimentos. Em 2025, há

lização de produtos com maior valor agregado, como

uma projeção de aumento em 42% no volume de car-

é o caso do café, onde deveríamos comercializar in-

nes consumidas; (3) a melhoria da renda nos países em

dustrializado ao invés de café verde.

função do crescimento da economia mundial, com uma

A legislação ambiental/florestal precisa ser discu-

expectativa, para os próximos dez anos, de uma expan-

tida sob critérios técnicos para um ajuste adequado. É

são em torno de 3 a 4% ao ano, em média; (4) os avan-

fato que precisamos conservar e preservar nossos re-

ços da tecnologia para a produção agrícola, em especial,

cursos naturais, mas, também é importante considerar-

nas áreas de biotecnologia, nanotecnologia e sustentabi-

mos as peculiaridades de cada ambiente.

lidade. A partir dessas tendências, surgem novas oportu-

A garantia de renda mínima aos produtores é outro

nidades para o agronegócio brasileiro e capixaba, pois

fator decisivo para a maior segurança nos investimen-

há expectativa de ampliação de 40% na demanda por

tos no agronegócio. Para tanto, torna-se imprescindível

alimentos nos próximos dez anos. A China, por exem-

a modernização do crédito, com tratamento diferencia-

plo, privilegiará o uso de água para consumo humano e

do para projetos que implementem não só práticas con-

industrial, em detrimento da produção agrícola.

servacionistas e de baixo carbono, com a ampliação do

As oportunidades estão postas. Precisamos nos de-

seguro rural, como também proporcionem a garantia de

dicar à superação de nossos desafios, sempre com foco

preços mínimos corretos e a desoneração da cesta básica.

nas tendências que o mundo aponta, para que possa-

Outro ponto importante a equacionar é a correção

mos confirmar a excelência do agronegócio capixaba

das desigualdades tecnológicas e gerenciais que ainda

e brasileiro no cenário mundial.

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142 incaper

10. Publicações Editadas na última década

1. Natural Resources information systems

2. A cultura do mamoeiro: tecnologias

for rural development , 2001, 266P

de produção, 2003, 497P

Leandro Roberto FEITOZA

David dos Santos MARTINS

Michael STOCKING

Adelaide F. Santana da COSTA

Mauro REZENDE

5. Criação de galinhas em sistemas

6. Agricultura Orgânica : tecnologias para

agroecológicos. 2005; 284p.

a produção de alimentos saudáveis VOL2.

Marcia Neves Guelber SALES

2005, 257p. Jacimar Luís de SOUZA

9. Pesquisa agroecológica

10. Tomate. 2010, 430p.

capixaba. 2008, 105p.

Incaper

Maria da Penha PADOVAN João Antônio MOTA NETO Alex Fabian Rabelo TEIXEIRA

i n ca p e r e m revista

3. Tecnologias para produção de goiaba.

4. Tecnologias para produção de maracujá.

2003, 341P.

2003, 205p.

Adelaide F. Santana da COSTA

Aureliano Nogueira da COSTA

Na última década foram editadas mais de 120

7. Seminário Brasileiro de Produção

8. Café Conilon. 2007, 702p.

publicações compostas

Integrada de Frutos 8. 2005, 666p.

Romário Gava FERRAO

de livros, folhetos e cd´s

David dos Santos MARTINS

Aymbiré F. Almeida da FONSECA

técnicos; documentos,

Scheilla Marina BRAGANÇA

anais, manuais e circulares

Maria Amelia Gava FERRAO

técnicas, além de cartilhas

Lúcio Herzog de MUNER

educacionais.

CARTILHAS SÉRIE MEIO AMBIENTE – 8 TEMAS

Protejam as Reserva legal: Agroecologia: Conservação nascentes!

uma solução vida digna no genial!

campo

do solo

Adequação

Sistema

ambiental

agroflorestal

Adubação

Controle de pragas e doenças

143

144 incaper

11. Eventos Principais eventos organizados pelo Incaper na última década 1. SIMPÓSIO DE PESQUISA DOS CAFÉS DO BRASIL

3. VIII SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS

II Simpósio de Pesquisa

VIII Seminário Brasileiro de

dos Cafés do Brasil

Produção Integrada de Frutas (PI)

Vitória 24 a 27 setembro 2001

Vitória, 11 a 13 de julho de 2006

Centro de Convenções de

Hotel Canto do Sol, Vitória, ES

Vitória, Vitória, ES VI Simpósio de Pesquisas dos Cafés do Brasil Vitoria, 2 a 5 de junho de 2009 Centro de Convenções de Vitória, Vitória, ES 2. SIMPÓSIO DO PAPAYA BRASILEIRO I Simpósio do Papaya Brasileiro Vitória, 19 a 21 de novembro de 2003 Hotel Canto do Sol, Vitória, ES

4. V CONGRESSO BRASILEIRO DE AGROECOLOGIA V Congresso Brasileiro de Agroecologia Guarapari, 01 a 04 de outubro 2007 Centro de Convenções do SESC, Guarapari, ES 5. SIMPÓSIO INTERESTADUAL SOBRE SISTEMAS AGROFLORESTAIS – SAF'S Simpósio Interestadual sobre Sistemas Agroflorestais – SAF'S

II Simpósio do Papaya Brasileiro.

Vitória, 19 a 20 de junho de 2008

Vitória, 04 a 07 de novembro de 2005

Senac, Vitória, ES

Hotel Canto do Sol, Vitória, ES III Simpósio do Papaya Brasileiro Vitória, 06 a 09 de novembro de 2007 Hotel Canto do Sol, Vitória, ES IV Simpósio do Papaya Brasileiro Vitória,04 a 06 novembro de 2009 Hotel Canto do Sol,Vitória, ES

i n ca p e r e m revista

6. XX CBF E 54TH ANNUAL MEETING

9. IX CLIA E XXXIX CONBEA

OF THE INTERAMERICAN SOCIETY

IX Congresso Latino-Americano e do

FOR TROPICAL HORTICULTURE

Caribe de Engenharia Agrícola (CLIA),

XX Congresso Brasileiro de

e o XXXIX Congresso Brasileiro de

Fruticultura e 54th Annual Meeting

Engenharia Agrícola (CONBEA)

of the Interamerican Society

Vitória, 25 a 29 de julho de 2010,

for Tropical Horticulture

Centro de Convenções de

Vitória, 12 a 17 de Outubro de 2008

Vitória, Vitória, ES

Centro de Convenções Vitoria, Vitória, ES

10. FERTBIO XXIX Reunião Brasileira de Fertilidade

7. 5º CBMP 2009

do Solo e Nutrição de Plantas,

5º Congresso Brasileiro de

XIII Reunião Brasileira sobre

Melhoramento de Plantas

Micorrizas, XI Simpósio Brasileiro de

Guarapari, 09 a 13 de agosto de 2009

Microbiologia do Solo e VIII Reunião

Centro de Convenções do

Brasileira de biologia do Solo

SESC, Guarapari, ES

Guarapari, 13 a 17 de setembro de 2010,

8. 50º CBO

Centro de Convenções do

50º Congresso Brasileiro

SESC, Guarapari, ES

de Olericultura Guarapari, 19 a 23 de julho de 2010 Centro de Convenções do SESC, Guarapari, ES

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