Hist cibernéticas 2011-2012

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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS PÊRO DA COVILHÃ BIBLIOTECA ESCOLAR

HISTÓRIAS CIBERNÉTICAS de Alunos do JI ao 6º ano

Ano letivo 2011/12


MUDANÇA DE VIDA Era uma vez uma linda menina de tranças pretas, feliz e amada, chamada Lucinda. Vivia com os seus pais numa linda casa à beira-mar.

Um dia, os seus pais ficaram sem emprego e tiveram de ir para casa dos avós, que viviam numa pequena aldeia na Serra da estrela.

No dia que partiram, estava um dia enevoado, com um sol envergonhado.

Andaram de carro durante algum tempo. Pelo caminho a Lucinda ia um pouco triste, pois iria ter saudades do mar e dos amigos, mas logo se lembrou do que os pais lhe disseram e também que era bom voltar a ver os avós, já tinha saudades deles.

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Quando chegaram a casa dos avós, já era de noite, estes esperavam-nos com muita alegria. Depois de um saboroso jantar e algum tempo de conversa e brincadeira em família, Lucinda foi dormir e pediu ao avô para lhe ir contar uma história, pois gostava muito das suas histórias. No dia seguinte, Lucinda acordou com o ladrar do cão e os chocalhos das ovelhas do avô.

Ainda com sono, abriu bem os olhos e viu pela janela do seu quarto flocos de neve a cair nos ramos do pinheiro.

- Está a nevar! - Disse Lucinda muito contente. Saltou da cama, lavou-se, vestiu-se e foi a correr para a cozinha, deu beijinhos de bons dias aos pais e à avó que lhe tinha preparado um delicioso leite com pão quentinho.

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Depois de comer, vestiu um casaco e luvas, pôs um gorro e foi brincar para a rua,

fazer

um

boneco de neve e o pai foi ajudá-la.

Com duas bolas de neve fez o corpo e a cabeça; os olhos eram botões da avó; a boca, uma casca da laranja que a mãe estava a comer; o nariz, uma cenoura que a avó estava a descascar; o chapéu era do avô. O pai também quis ajudar, com dois ramos caídos fez os braços. A Lucinda continuou a brincar com o seu boneco de neve, enquanto o pai foi com o avô tratar dos animais. Passados alguns dias, houve uma reunião familiar. Os avós da Lucinda conversaram com os pais e com a Lucinda acerca do futuro. Sabemos que as coisas estão difíceis, que há poucos empregos e como nós temos uns terrenos muito grandes, um trator, muitos pastos e horta e um celeiro, temos muito espaço e condições para todos podermos trabalhar. Também já estamos um pouco velhos e cansados e o rebanho é muito grande e dá muito trabalho!


As ovelhas são muito queridas para nós, todas têm um nome, mas há aquelas que nos são mais queridas.

o trepador adora andar em cima das pedras, A serrana é a chefe do rebanho,

a família leitosa sempre unida, a loira que é diferente de todas as outras …

… todas com as suas histórias, os seus feitios e o seu gosto especial por esta ou aquela erva ou pastagem. - As ovelhas devem de ser muito felizes, avô. - Disse a Lucinda! - Penso que sim, minha netinha, mas aqui na serra, temos lobos… não são lobos maus, não, são lobos que têm fome e, por vezes, atacam os rebanhos. - E quem é que as defende? - Os cães-pastores! Ou pensavas que eles iam só passear! - Disse o avô a rir. - Sim, respondeu a Lucinda, também a rir! - O que acham da nossa proposta? - Perguntou o avô, olhando para os pais da Lucinda. Os pais da Lucinda agradeceram a proposta e disseram que, pelo menos até arranjarem alguma coisa melhor, iriam aceitar. - Sim, sim, sim! - disse a Lucinda muito feliz e depois parou… e, com um sorriso maroto, virou-se para os pais e disse - mas só se me comprarem um cão !!!!!! A mãe da Lucinda, depois de olhar para o pai disse:

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- Um só não, vamos arranjar-te dois, um cão e uma cadela. - Viva! Viva! Já estou feliz por ter vindo para a Serra da Estrela!!!! Até já sei os nomes que lhes vou dar, a Estrelinha e o Nevado. Mas

falta

ainda

irmos

inscrever-te numa escola aqui perto! – Disse a mãe. Que

bom!

-

Disse

a

Lucinda – até já estou a imaginar uma brincadeira para fazer com as

amigas

novas

que

vou

arranjar !!! - Mãe! Ainda falta muito para eu ir para a escola? Perguntou a Lucinda. - Não filha, vais já para a semana. - Respondeu a mãe. - Sabes mãe! Eu vou ensinar aquela canção de roda, que eu gosto muito, aos meus amigos. - Já sei! - Disse a mãe, é o “Manel Tim – Tim”. Quando chegou o dia de ir para a escola, a Lucinda, ao acordar, perguntou à mãe e ao pai. - Acham que vou ficar bem? - Sim, claro que sim! A escola é muito importante e também divertida. Aprendemos muitas

coisas

e

ficamos

com

muitos

amigos… Ao chegar à escola de São Silvestre, ficou muito feliz, porque ia ter mais amigos do que ela pensava. No recreio, a Lucinda ensinou a canção de roda aos seus novos amigos.

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Ao

regressar

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à

sala, eles também quiseram

ensinar

a fazer trabalhos sobre

a

lua

e

construir um carro lunar. Quando o carro lunar ficou pronto, os meninos partiram numa grande viagem a caminho da lua. Demoraram algum tempo,

mas

chegaram

à

lua,

onde

encontraram um astronauta que os levou a conhecê-la.

- A lua é redonda, tem rochas, mas não tem água, não podemos ficar aqui muito tempo! O nosso planeta Terra é tão lindo visto daqui, é azul, por isso, lhe chamam o planeta azul! - O planeta Terra é azul, porque tem muita água, o que não acontece com a Lua, que não tem água! – Disse a Lucinda. - Temos que voltar para Terra! - Disseram os meninos ao astronauta. - Já temos saudades dos nossos pais, de casa, da escola… Após alguns dias de viagem o carro lunar entra em Terra e aterra no pátio da escola. Tinham tantas coisas para contar aos amigos, à família, mas não queriam voltar à Lua. A Lucinda teve uma ideia… - Vou convidar os meus amigos para fazerem uma visita à quinta dos meus avós na Serra da Estrela, podiam descobrir tantas coisas, ia ser uma surpresa para todos! Com a ajuda da professora e da avó da Lucinda, prepararam a visita e partiram num lindo dia de sol, de autocarro a caminho da quinta.


8 A paisagem era linda, muito verde, tão

diferente

da

Lua…

Havia

muitas

árvores, rebanhos de ovelhas a pastar, campos cheios de ervas, cães da serra que ajudavam

os

pastores a guardar as ovelhas. As

ovelhas

dormiam no bardo, onde o avô e o pai da Lucinda entravam para ordenhar as ovelhas. - Sabem quantos tetas tem uma ovelha? - Perguntou o avô. Uns disseram que eram 4, outros 6, só a Lucinda acertou. Cada ovelha tem 2 tetas. O Pai da Lucinda pediu-lhe para ela pegar nas tetas e ensinar aos amigos, como é que se tirava o leite das ovelhas. Depois o avô preparou 2 biberons com leite e deixou os meninos darem o leite no biberon às ovelhinhas bebés. O avô da Lucinda perguntou se alguém queria provar o leite. A Lucinda disse logo que queria, pois era daquele leite que ela bebia todos os dias de manhã, antes

de ir

para

a

escola

e os amigos

também

quiseram

experimentar… era quentinho e delicioso! Depois, o pai e o avô levaram os meninos para dentro da casa da quinta e mostraram o que faziam com o leite que tinham ordenhado às ovelhas. - O leite foi transformado, com a ajuda das nossas mãos, em queijo, branquinho, desfazia

na

fresquinho, boca,

Explicou Lucinda. A avó da Lucinda chegou com fatias de pão, para os meninos comerem com o queijo. A mãe trouxe sumo das laranjas da quinta. Que bela merenda a família da Lucinda lhes tinha preparado!

era

que

se

delicioso!


Já de “barriga cheia”, o pai da Lucinda, convidou-os a irem à horta onde havia cenouras, alfaces, nabos, couves, batatas, cebolas, tomates, pepinos, feijãoverde, repolho, favas, cebolo, brócolos, coentros, ervilhas, salsa, alhos, couve-roxa e hortelã.

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No outro dia a seguir, a professora Maria perguntou aos alunos o que iam fazer aos legumes que tinham trazido da horta, dos avós da Lucinda. Como os meninos deram muitas ideias, a professora ensinou-os a votar, para resolverem qual era a ideia de que gostavam mais. Ganhou a ideia do Jorge que era assim: fazerem uma sopa e convidarem os meninos das outras turmas para comerem a sopa todos juntos.

O Jorge ficou tão contente que foi logo convidar os amigos das outras salas, para comer a sopa de legumes. Todos concordaram e deram sugestões. Os meninos de uma sala sugeriram fazer também uma jardineira com carne e com os legumes, porque eram muitos, muitos. Os meninos

da

outra

sala

tiveram a ideia de trazer cada um, uma peça de fruta

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para

fazer

espetadas

de

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frutas. E a Lucinda disse: -

Eu

vou

trazer

muitas

quinta

dos

porque

também

cerejas meus

da

avós,

estão

vermelhinhas!”. Com

a

ementa

saudável e como o sol estava tão brilhante resolveram fazer um piquenique no Covão da Ametade, local onde nasce o rio Zêzere. E lá foram todos de autocarro, cantando e rindo. - “Que maravilha! Vamos correr, saltar, jogar, ver as pedras com várias formas. Que divertido que está a ser este dia.” A Lucinda de repente teve uma ideia: - Oiçam com atenção, vamos pedir aos pais para virmos todos acampar para ver melhor as estrelas, a lua e ouvir os sons da natureza? -

Boa

Responderam

ideia! todos

Boa

ideia!

-

com

alegria

e

começaram logo a imaginar a aventura. - Eu quero dormir numa tenda grande. - Disse o Jorge. Mas a Beatriz disse: - Eu tenho medo do lobo, au, au, au! O João acalmou-a logo, dizendo: - Não, não, o lobo é amigo. Não te preocupes! Até era engraçado ele vir brincar connosco. E lá continuaram a imaginar como seria o acampamento. A maioria dos pais concordou, mas acompanharam os seus filhos, pois é perigoso estarem na serra sozinhos. Com a Lucinda, foram os avós. Na

serra,

escolheram

o

melhor

lugar

para

acampar e montaram as tendas em forma de círculo. O avô disse que era preciso juntar muita lenha e pinhas, no centro do acampamento para fazer uma fogueira,


onde iriam cozinhar e daria para aquecer e iluminar a noite escura, pois o sol iria ficar do outro lado do planeta terra. A noite foi muito divertida. Partilharam a comida, assaram carne, comeram pão fresquinho, salada, queijinho fresco e seco e muita fruta. Para finalizar, a mãe do Jorge trouxe um grande bolo de chocolate muito bom. Depois de toda a gente ter comido, cantaram e dançaram à volta da fogueira. Quando todos começaram a ficar mais sossegados, o avô contou histórias da sua infância,

passadas

naquela

serra. Mas a Lucinda quis saber

das

estrelas…e

perguntou: -

Avô,

e

as

estrelas?

Fala-nos

das

estrelas… Foi, então, que o avô perguntou: - Sabem porque é que esta serra se chama Serra da Estrela? Por causa duma estrela muito brilhante… - Diz a lenda, que, há muitos anos atrás, havia um pastor que queria atravessar as montanhas e chegar à montanha mais alta. Um dia, quando dormia, uma estrela muito brilhante disse-lhe que quando quisesse ir, ela acompanhava-o. O pastor quis ir e a estrela e o seu cão acompanharam-no. Passaram muitos dias, semanas, meses, anos e o seu cão ficou tao velho, que morreu no caminho. Ainda, demoraram mais algum tempo, até que por fim chegaram ao cimo da serra. O rei quando soube que tinha sido uma estrela a guiar o pastor até à serra, quis comprá-la. Disse ao pastor que lhe dava o que ele pedisse para lhe comprar a estrela. O pastor disse que não podia, porque não era dele, a estrela era do céu. A estrela agradeceu ao pastor por não a ter vendido e disse que a partir desse momento, essa serra se

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chamaria SERRA DA ESTRELA. Ainda hoje, a estrela brilha lá em cima. É a mais brilhante… estão a vê-la meninos? Todos acharam que a tinham visto… No dia seguinte, com muita pena de todos, foi preciso regressar, depois de deixarem tudo muito limpo. A semana ia começar e todos tinham de ter muita energia para regressar à escola. A Lucinda quando chegou a casa estava tão cansada que tomou um belo duche e foi logo para a cama. O pai e a mãe sentiram a sua falta, pois raramente se separavam uns dos outros. Foram levar-lhe à cama um leitinho quente com mel e então o pai disse-lhe a brincar: - Então, hoje, não queres que te conte uma história???? - Não, não, hoje quem conta uma história sou eu!!! - Ai sim, vamos a isso, mas estás tão cansada, que o melhor é ficar para amanhã. - Tem que ser hoje pai, pois é a história mais linda do mundo. E assim começou a Lucinda: - Era uma vez uma menina que vivia com os seus pais numa grande casa, mas para terem muito dinheiro, os pais trabalhavam todo o dia e só à noite é que se encontravam todos, mas já tão cansados que iam logo para a cama e sem contar histórias. Mas um dia, sem estarem à espera foram despedidos dos seus empregos e ficaram sem dinheiro. Tiveram que vender a casa, - Ah! Mas esta história parece que não me é estranha! - Disse a mãe. - Pois é mãe, mas eu ainda não cheguei ao fim - Desculpa filha, continua lá a nossa história…. - E então tiveram que ir viver com os avós para a quinta onde a menina acordava com os passarinhos, bebia leite fresquinho todos os dias, comia legumes e fruta que apanhava na horta que ajudava a tratar. Tinha muito espaço para correr e brincar com os cães e apanhava flores. Brincava com as folhas das árvores, com a neve e tomava banho no rio. Nas noites quentes de verão, adormecia no

alpendre

a

contar

estrelas

cadentes junto do avô. Mas do que gostava mais era ter sempre os

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pais e os avós por perto. Sentia-se a pessoa mais feliz do mundo e, por isso, não queria sair dali nunca mais. - Sabes – disseram os pais – enquanto estiveste fora conversámos muito e também chegámos a essa conclusão, nós também nunca fomos tão felizes. - Então, quer dizer que podemos ficar aqui para sempre? - É melhor irmos perguntar aos avós o que pensam sobre o assunto. E assim fizeram, foram acordar os avós e, quando a Lucinda lhes contou a história, ficaram tão contentes que fizeram uma grande festa que durou até adormecerem todos no alpendre a olhar o céu.

Mudança de vida de alunos dos jardins de infância do Agrupamento de Escolas Pêro da Covilhã

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A VIAGEM DE DIOGO Diogo era um menino de olho azul, cor do céu. Este menino sonhava ver o mundo que existia para além da escola da sua aldeia e do seu rebanho. Da sua aldeia, no seio da Serra da Estrela, avistava o horizonte e tentava imaginar o que ele escondia. Diogo adorava olhar o céu ao princípio da noite! Sentava-se numa pedra junto a sua casa e ficava horas a observar a lua e as estrelas e a imaginar como seria o mundo visto lá de cima! Numa noite de outono, enquanto estava no seu posto de vigia, reparou numa estrela cadente, muito brilhante e bonita, que se deslocava no céu a grande velocidade. Fechou os olhos e disse: - Quem me dera poder viajar contigo para ver o mundo… A estrela cadente ouviu o menino e decidiu fazer-lhe a vontade! Quando abriu os olhos, Diogo já voava sentado na sua amiga. Agarrou-se com toda a força ao pescoço da estrela e voou, voou… Quando chegou a madrugada, a estrela teve que descansar um pouco e deixou o Diogo no centro de uma cidade perto da Serra da Estrela, chamada Covilhã. O menino reparou numas crianças da sua idade de mochila às costas e perguntou-lhes para onde iam. Eles responderam que iam para a escola de S. Silvestre, que era a sua escola e convidaram Diogo para ir com eles. O nosso amigo aceitou o convite. Chegou à escola onde conheceu muitos amigos, mas os que o ajudaram mais foi o Pedro e a Sofia. Na escola, aprendeu a ler, pois era coisa que não

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sabia. Mas o que gostava mais era brincar às apanhadas e jogar à bola. Passaram algumas semanas e as saudades dos pais começaram a fazer com que andasse triste. O Pedro e a Sofia bem o animavam e o ajudavam, mas nada resultava. Numa bela manhã de sol, a professora mandou abrir o livro de Matemática, pois era dia de aprenderem mais um número. O Diogo reparou na nave espacial do Alfa que se encontrava no livro e logo começou a sonhar… Pedro e Sofia viram o ar pensativo que ele tinha e perguntaram-lhe: - Diogo, em que pensas? - Gostava de continuar a minha viagem nesta nave espacial do Alfa. - Mas é muito fácil, vamos todos chamar, pode ser que nos oiça. Na verdade, foi assim que aconteceu, tanto chamaram que o Alfa apareceu com a sua nave espacial. Partiram a grande velocidade com destino à Terra da Imaginação. Mas primeiro foram visitar os pais, pois já tinham tantas saudades. Assim que viu os pais, o Diogo apresentou-lhes logo os seus novos amigos. Como as saudades eram muitas, deu-lhes um abraço tão grande e tão forte que quase se ia esquecendo da nave espacial. Mas, o Pedro e a Sofia, não tardaram a relembrá-lo: -Diogo, a nave espacial está quase de partida. Não te esqueças que o nosso destino é a Terra da Imaginação! Os três amigos despediram-se dos pais do Diogo e entraram na nave. A caminho da Terra da Imaginação viram muitos planetas com nomes esquisitos e avistaram também o planeta Terra. Mal chegaram à Terra da Imaginação e pisaram terra firme, foram saudados por alguns dos seus habitantes que lhes disseram:

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-Aproveitem da melhor maneira a vossa estadia na nossa terra e não se esqueçam que, tudo o que imaginarem, será concretizado. Enquanto caminhavam pela rua viram um cão que brincava alegremente atrás de uma borboleta. Seguiram o cão e divertiram-se com ele. Assim caminharam durante algum tempo, até que o cão parou junto de um menino. Curiosos perguntaram-lhe como se chamava. - Sou o Simão! E vocês como se chamam? Eles responderam: - Diogo, Pedro e Sofia. - Mas logo a seguir perguntaram. - Podemos ser amigos? O pequeno Simão concordou e convidou-os para irem a sua casa. Ao chegarem a casa, o Simão chamou pela mãe e apresentou-a aos seus amigos. Foi então que o Simão se lembrou de pedir à mãe a caixa com as decorações de Natal e teve a ideia de irem todos enfeitar o pinheiro que já estava na sala. A mãe trouxe a caixa e chamou a irmã do Simão para conhecer os amigos dele e ajudar na tarefa. A Dalila tinha onze anos, fez um intervalo nos seus estudos e veio ajudar o grupo de amigos. Estiveram entretidos toda a tarde. Depois do lanche os quatro amigos foram à rua e viram que tinha nevado. Entusiasmados puseram-se a fazer um boneco de neve. Mas estava frio e voltaram para casa. Ficaram na sala a ver um filme do Rodolfo. Durante o filme, imaginaram-se em cima das renas e a correr com elas. De repente, sentiram que algo estava a acontecer… Eles estavam no meio da neve, a fazer uma corrida, sentados sobre as renas, e …o Diogo estava sentado no Rodolfo… …tinha acontecido uma bela magia de Natal!!

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Os

meninos passaram

a personagens daquela

história.

Ficaram

preocupados ao repararem que era bastante tarde. Então, antes de mais nada, foram a casa do Pai Natal, para que iniciasse a distribuição das prendas, pois todos iriam ajudá-lo. Diogo ordenou a Rodolfo que corresse o mais rápido possível. Ao chegarem, repararam que os sacos já estavam bem cheios e prontinhos para a viagem… Os meninos estavam maravilhados e muito felizes! Então cumprimentaram o Pai Natal: - Bom dia! Muito prazer em conhecê-lo. Somos o Diogo, a Sofia, o Pedro e o Simão! - Então meninos, o que fazem por aqui? Não deviam estar na escola? - Não se preocupe! Estamos de férias e decidimos ajudá-lo. – Responderam todos em coro. - Deste modo, vai terminar mais rápido o trabalho. Finalmente, este ano, poderá passar uma noite de Consoada tranquilo e bem quentinho!! – Exclamou o Diogo. Os meninos e o Pai Natal iniciaram a distribuição dos presentes. Começava assim uma noite de grandes emoções… As emoções eram tão grandes que os meninos não acreditavam que estavam a ajudar o Pai Natal a distribuir os presentes! Parecia um sonho! Começava então uma grande viagem cheia de magia. Os quatro amigos andaram de porta em porta a distribuir os presentes em cima das renas, no meio da neve e do frio que se fazia sentir. No fim da sua distribuição, o Pai Natal conversou com os meninos e disse: - Tenho presentes para os quatro pela ajuda que me deram nesta árdua tarefa. Posto isto, o velho de barbas branquinhas ofereceu uma caixa de música à Sofia, um livro de histórias ao Pedro e ao Simão e um diário ao Diogo

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para poder escrever todas as emoções que sentiu ao longo desta maravilhosa viagem. No final da distribuição dos presentes, o Pai Natal disse aos meninos que tinha mais uma surpresa. Estes ficaram muito entusiasmados e curiosos para saber o que o Pai Natal lhes tinha preparado … Olharam uns para os outros… interrogando-se acerca da surpresa! - O que será? – pensaram… Dirigiram-se rapidamente para casa do Pai Natal onde os esperava uma mesa composta de bebidas quentes e bolinhos. Enquanto descansavam e se deliciavam com os bolinhos e as bebidas, ouviu-se a voz do Pai Natal: - Meus amigos, não sei como vos agradecer a ajuda que me deram. Sem o vosso contributo alguns meninos iriam ficar sem presentes. No entanto, há alguém neste momento que está a pensar em vós. Todos ficaram em silêncio lembrando-se da sua família. O Pai Natal continuou: - Todos sabem que o Natal é a festa da família. Como tal, os vossos familiares devem estar ansiosos para vos ver. Sem mais demoras o Pai Natal acompanhou cada um dos meninos a sua casa, para festejarem o Natal em família. Por fim, o Pai Natal regressou a casa sozinho… mas muito feliz.

A viagem de Diogo de alunos do 1º ano do Agrupamento de Escolas Pêro da Covilhã

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VISITA À SERRA DA ESTRELA

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O Sr. Ramos tem uma casa

nas

montanhas,

onde

habita com sua esposa, a Dona Matilde.

Pela

manhã,

Dona

Matilde ordenha as ovelhas e o Sr. Ramos guarda-as durante o dia. O leite é uma fonte de rendimento

nesta

família,

assim como outros produtos que a Serra da Estrela dá. Um dia, esta família recebe uma visita dos primos de Lisboa, a família Madeira.

À chegada, a D. Matilde ofereceu-lhes um lanche muito gostoso, pão de leite, leite, manteiga e queijo. Para sobremesa, um delicioso, leite-creme e arroz muito docinho. Depois do lanche, deram um passeio. Enquanto caminhavam pelos montes, sentiam o ar puro, a calma e o perfume da montanha. A família Madeira estava encantada com tudo o que via.


- Não há nada igual, na cidade. Quem nos dera a liberdade que se vive aqui. De repente, ouviram o berrar de um cordeiro. Estava perdido, não sabia da sua mãe. A D. Matilde deu um passo e disse: - Eu levo-te e prometo que te deixo junto da tua mãe. O cão Pluto dava saltos de contente. No final do passeio, foram ver ordenhar as ovelhas. A D. Matilde preparava tudo para fazer o delicioso queijo.

No dia seguinte, acordaram cedo. Estava um belo dia de sol. O Sr. Ramos e a D. Matilde já tinham preparado um lanche, pois iam levar os primos Madeira a um local de que eles gostavam muito. Tinham a certeza de que eles também iam adorar Belmonte, terra de Pedro Álvares Cabral. Partiram entusiasmados. Levaram-nos a visitar o Solar dos Cabrais, o Castelo… Por fim, foram ao Museu das Descobertas, onde é possível recuar no tempo e ser o braço-direito de Pedro Álvares Cabral na viagem que fez em 1500 e que levou à descoberta do Brasil. Aí puderam experimentar através das aplicações multimédia os objetos dos navegadores, as rotas e as peripécias,

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que incluem monstros e sereias, encontradas no mar. Fizeram uma viagem pela História. Com a sua máquina fotográfica recolheram várias imagens para mostrarem aos amigos. Tinha sido um dia fantástico! Chegaram a casa cansados, mas felizes. Quando foram para a cama sonharam com os monstros e as sereias…

Depois de uma noite bem dormida, acordaram cedo, tomaram o pequeno-almoço e seguiram para o redil. - Hoje é um dia especial! – Disse o senhor Ramos. - Vamos tosquiar as ovelhas. O filho mais novo da família Madeira perguntou porque é que cortavam a lã às ovelhas, cheio de curiosidade… e o senhor Ramos disse que era necessário cortar a lã às ovelhas, todos os anos, no início do verão. - Para que serve a lã? - Perguntou o filho mais novo da família Madeira. Então, o senhor Ramos explicou-lhe que a lã servia para fazer roupa quentinha como casacos, meias, cobertores e muitas coisas. O menino olhou para o rebanho e perguntou. - As ovelhas assim todas despidas não vão ter frio? Tirámos-lhes os casacos que traziam vestidos. Coitadinhas! Todos se riram.

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O senhor Ramos explicou que elas até agradecem, porque assim ficam mais fresquinhas para o verão que estava quase à porta e como dormiam todas muito juntinhas, não tinham frio. Depois de todas as ovelhas tosquiadas, o senhor Ramos foi levá-las a pastar e lá iam elas todas vaidosas e muito mais leves e fresquinhas. No dia seguinte, o senhor Ramos e a D. Matilde tinham mais uma surpresa preparada para os membros da família Madeira, iriam levá-los a conhecer uma pequena aldeia chamada Peraboa, pertencente ao concelho da Covilhã. - Onde nos leva primo? - Perguntou o senhor Madeira à entrada de Peraboa. - Vou mostrar-vos uma das melhores fábricas de confeção de queijo, que se chama Fábrica Braz&Irmão. Nesta fábrica, produz-se queijo de ovelha, queijo de mistura (vaca, ovelha e cabra), queijo fresco e requeijão. Atualmente, os queijos da fábrica Braz e Irmão são vendidos em todo o país, em parte da Europa e também no Brasil, sendo reconhecido por ser um queijo com excelente qualidade, tendo ganho recentemente um prémio pelo melhor queijo de mistura. - Parece interessante! - Disse o filho mais velho do senhor Madeira. Depois da passagem pela fábrica do queijo, foram visitar o Museu do Queijo que está situado no centro histórico de Peraboa, onde viram e ouviram toda a história do pastor Viriato, observaram os utensílios e equipamentos utilizados no processo de fabrico manual dos queijos, desde a ordenha, passando pela fermentação e produção final. Também assistiram a um pequeno filme com projeção 3D e ainda tiveram acesso a jogos interativos, a uma sala de degustação e a uma loja de vendas.

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No regresso a casa, a família Madeira ia fascinada com tudo o que tinha visto. Ao outro dia o senhor Ramos fez uma surpresa à família Madeira, levouos a conhecer a Serra da Estrela. Pelo caminho, a esposa do senhor Madeira perguntou: -Porque se chama Serra da Estrela? -Eu vou contar, em poucas palavras, a lenda da Serra da Estrela. Disse a D. Matilde. E começou: -Era uma vez um jovem pastor que vivia numa longínqua aldeia. Por único amigo tinha um cachorrinho. Este pastor tinha um sonho, alcançar uma serra enorme que via muito ao longe. Uma noite, sonhou que uma estrela o guiaria a essa serra. Passados muitos dias, o pastor decidiu seguir o seu sonho, chamou o cão e partiu. O pastor caminhou durante muitos anos guiado pela sua estrela. Por fim, já velho alcançou o ponto mais alto da serra, tinha concretizado o seu sonho mas o seu amigo, o cão, não chegou ao fim. Passaram os anos, o pastor morreu. Enterraram-no debaixo de uma fraga e, nessa noite, a estrela que sempre o acompanhou, brilhou com mais intensidade. Desde então, a serra passou a chamar-se Serra da Estrela. A esposa do senhor Madeira, com a lágrima no canto do olho, disse: -Que lenda tão comovente! -Deixemo-nos de coisas tristes e vamos desfrutar das coisas belas que a Serra da Estrela nos oferece. - Disse a D. Matilde.

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25 Dito isto, puseram-se a caminho e começaram a subir a serra. Pararam na Pedra do Urso para mostrarem aos Madeira como a natureza faz maravilhas. - Fantástico! Parece mesmo um urso!- Exclamou o filho mais velho da família Madeira. A visita continuou, percorrendo curvas e contra curvas, até que chegaram à barragem. O Sr. Madeira ficou admirado com o espelho de água. O seu filho perguntou se podiam tomar banho. O Sr. Ramos explicou que a água da barragem servia pra abastecer a cidade da Covilhã e outras localidades do concelho. Depois desta paragem, seguiram em direção à Torre. A D. Matilde disse-lhes que o lugar onde se encontravam era o mais alto de Portugal Continental. - Tem cerca de 2000 metros de altitude. - Concluiu o Sr. Ramos. - Magnifico! - Exclamou o Vasco, o filho mais velho da família Madeira. Durante o tempo que passaram na torre, a família Madeira pode apreciar a paisagem e comprar alguns produtos típicos, como o queijo da serra, o belo presunto serrano e alguns artigos feitos de lã e pele. Logo a seguir ao almoço, o Sr. Ramos sugeriu que descessem pelo lado oposto até à vila de Seia, passando pela aldeia mais alta de Portugal, o Sabugueiro, onde poderiam apreciar as cascatas e as casas típicas feitas de granito. Quando chegaram a Seia, os amigos levaram a família Madeira ao Museu do Pão. No museu, passaram pelas várias salas temáticas, a sala do ciclo do pão; a sala do pão político, social e religioso; a sala da arte do pão e finalmente a sala pedagógica. Foi nesta última que os filhos da família Madeira puderam meter ”a mão na massa” ou seja fazer uma lembrança com a massa do pão.


Com tudo isto, o dia chegou ao fim. No caminho de regresso a casa, o Sr. Ramos disse-lhes que, no dia seguinte, iriam visitar o Vale Glaciar do Zêzere. -Estou certo que irão adorar o passeio!- Afirmou o Sr. Ramos.

De manhã, bem cedinho e depois dum pequeno - almoço reconfortante, puseram-se a caminho de mais uma aventura. O Sr. Ramos explicou aos seus convidados, que o Vale do Zêzere era o maior Vale Glaciar da Europa, atingindo uma extensão de 13km. Este Vale foi alimentado pelas Línguas da Nave de S. António, Covão da Ametade, Candeeira e Covões. A família Madeira estava completamente maravilhada, com tanta beleza natural. Depois seguiram para o Poço do Inferno, para apreciarem as cascatas de água límpida, mais uma raridade e beleza em plena Serra da Estrela. Aproveitando estarem perto da vila de Manteigas, o Sr. Ramos e a D. Matilde levaram os primos “alfacinhas” a visitar o Viveiro das Trutas. Foi muito interessante observar as trutas distribuídas por diversos tanques, conforme o tamanho. O mais engraçado foi o aquário da maternidade onde estão os ovinhos das trutas.

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- Ó prima Matilde, esta água deve estar mesmo fresquinha! – Exclamou o Nuno, o filho mais novo da família Madeira, reparando na força com que corria a água para dentro dos tanques. - Ui! Isto de ver as trutas deu-me cá uma fome!... – Disse o Vasco, esfregando a barriga. - Boa! O melhor é irmos almoçar a um restaurante, no centro de Manteigas. – Disse a mulher do Sr. Madeira. - Excelente ideia! E o almoço vai ser trutas grelhadas! – Confirmou o Sr. Madeira. Enquanto faziam a digestão do “rico” almoço, decidiram ir ver a pista artificial de esqui a funcionar e, quem sabe, até fazer um pouco de esqui. - Sabem que nesta pista também se pode fazer esqui noturno? Ela está iluminada com grandes holofotes!... – Informou o Sr. Ramos. - O Skiparque é uma pista artificial, ou seja, podemos esquiar em qualquer altura do ano. - Referiu ainda o Sr. Ramos. Os filhos do S. Madeira ficaram tão entusiasmados que também quiseram experimentar este desporto. A D. Matilde foi falar com o responsável pela pista, no sentido de arranjar o equipamento necessário à prática desta atividade. Depois de bem equipados, os meninos foram para a pista de aprendizagem que é onde se aprendem os primeiros exercícios de equilíbrio nos esquis. Entre escorregadelas, quedas e risadas, todos se divertiram muito, combinando voltar nas próximas férias. Estava a anoitecer, as crianças já acusavam algum cansaço e também alguma fomita. Resolveram então regressar a casa, mas ao passar por Valhelhas o Sr. Ramos convidou-os ainda a ver a praia fluvial do rio Zêzere, a jantar e saborear mais um dos pratos típicos da região, o cabrito assado.

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Já todos bem reconfortados, lá foram até à casa da montanha onde, exaustos, adormeceram. A visita da família Madeira tinha chegado ao fim. Na manhã seguinte, a D. Matilde preparou algumas iguarias e após o

pequeno-almoço

regressaram a Lisboa. No caminho pelo Fundão puderam ainda provar e levar as famosas cerejas da Cova da Beira. Todos estavam maravilhados com esta visita à serra e prometeram voltar brevemente.

Visita à Serra da Estrela de alunos do 2º ano do Agrupamento de Escolas Pêro da Covilhã

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AS FÉRIAS DE MARIA Maria todos os anos passava férias com os seus avós no campo e com eles fazia visitas à Serra da Estrela, onde fazia coisas fantásticas e experimentava iguarias deliciosas. Numa manhã fresca do mês de Julho, já o sol espreitava por detrás das montanhas, quando Maria e os avós chegavam à Serra da Estrela para passarem alguns dias de férias. Ficaram numa casa típica feita de pedra, perto do lago Viriato, com algumas árvores à volta e um baloiço. Todos os dias, de manhã, passava por ali o senhor Manuel pastor com o seu rebanho e o cão Ruivo que os assustava quando ladrava. De vez em quando, o senhor Manuel deixava leite das ovelhas para o pequeno-almoço e para a avó Olinda fazer o queijo fresco e o requeijão. Era com muita alegria que Maria ajudava a avó. Com muito entusiasmo, procurava e preparava o acincho, a francela e o cardo. Este ingrediente, o cardo, é uma planta silvestre, que coalha o leite. Passado mais ou menos uma hora, com ajuda da avó, colocava a coalhada no acincho para espremer o soro. O queijo começava a tomar forma e era colocado na queijaria para secar. Esta iguaria deliciosa era uma das preferidas de Maria. Comia-a com pão do Sabugueiro, aldeia típica da Serra da Estrela. Quando regressava a sua casa, tinha o cuidado de levar alguns queijos para o resto do ano. Esta era uma das atividades preferidas de Maria. Mas como Maria não podia passar o tempo a comer, naquela manhã, quando deu conta do Sr. Manuel passar, pediu-lhe se o podia acompanhar pela montanha. O Sr. Manuel prontamente lhe respondeu que sim e que teria muito gosto. Poderia mostrar-lhe alguns dos lugares maravilhosos da Serra da

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estrela. Iniciaram a sua caminhada rumo ao Cântaro Magro. Quando Maria chegou, ficou espantada com a altura daquela rocha e perguntou ao pastor: - Será possível subir até ao cume? - Claro que sim, Maria. Sabes que não existe só este Cântaro, existe também o Cântaro Gordo. Os dois se podem subir, basta ter muita coragem. Gostavas de o subir? Depois de alguma hesitação, Maria respondeu que sim. Seria uma grande aventura que esse ano teria na Serra, pensou. De repente, Maria lembrou-se que uma caminhada como aquela merecia um bom lanche, ou melhor, um lanche reforçado que, infelizmente, não tinha trazido. E disse: - Sr. Manuel, acho que hoje não é o melhor dia… Com a caminhada que já fizemos sinto que estou com fome e se continuarmos a subir vou ficar faminta. O melhor será ir para casa ajudar a avó Olinda a fazer uns bolinhos para amanhã podermos continuar esta aventura. Mas, no dia seguinte, o pastor não apareceu. Maria estava à espera dele, já com uns bolinhos e um bom pedaço de queijo num cestinho para fazerem um lanche depois de subirem ao Cântaro. Mas o avô disse-lhe que o Sr. Manuel tinha passado muito cedo para ir com as ovelhas para pastos mais longínquos. - O vosso passeio tem que ficar para outro dia. Mas não fiques triste, porque hoje eu tenho que ir a um certo sítio e quero que venhas comigo. – Disse-lhe o avô. - A sério, avô? E que sítio é esse? – Perguntou a Maria. O avô disse-lhe que era surpresa e mandou-a entrar no carro. Ela lá entrou e partiram. Não demoraram muito a chegar à entrada de uma terra pitoresca que se via lá em baixo. O avô parou o carro e entraram por um portão. Quando espreitou lá para dentro viu uns tanques muito bonitos e ouviu

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água a correr. O avô então explicou-lhe que aquela terra era a vila de Manteigas e que era ali que havia um viveiro de trutas, aquelas trutas de que ela tanto gostava, quando a avó as cozinhava tão bem para o jantar. E lá foi com o avô, descendo umas escadinhas engraçadas e vendo os vários tanques com as trutas a nadar lá dentro. Umas maiores outras mais pequenas, havia ali centenas de peixes até chegarem ao sítio onde elas nasciam, dentro de uma casa que também tinha tanques lá dentro. - Espetacular – gritou a Maria – adorei vir aqui avô! - Ora! O passeio ainda não acabou! Vamos levar umas trutas para o jantar e vamos lá até à vila. – Disse o avô. E puseram-se a caminho. A caminho do centro da vila de Manteigas encontraram um rebanho. Para espanto dos dois viram o Sr. Manuel acompanhado do cão Ruivo. Cumprimentaram-no e perguntaram-lhe se queria jantar com eles, pois o prato principal seria trutas grelhadas. O senhor Manuel agradeceu o convite mas disse que tinha de regressar a casa para tratar das ovelhas. Ao despedir-se dos amigos sugeriu que fossem jantar ao parque de campismo do Covão da Ponte. - Covão da Ponte? Onde fica? - Perguntaram o avô e a neta. - O Covão da Ponte é um lugar do concelho de Manteigas, situado a 960m de altitude por onde corre o Rio Mondego na fase inicial do seu percurso. Em Manteigas sigam pela EN 232 em direção a Gouveia, andem cerca de 5 km e cortem à direita até ao Covão da Ponte. – Explicou-lhes o senhor Manuel. - Vamos seguir o seu conselho. Obrigada e adeus! Entretanto, a caminho do Covão da Ponte foram a um café onde souberam que os naturais de Manteigas se chamavam manteiguenses e que a cerca de três quilómetros da Vila de Manteigas, encontra-se uma importante

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Estância Termal - Caldas de Manteigas, com águas sulfurosas, indicadas no tratamento de várias doenças como o reumatismo, vias respiratórias e doenças músculo -esqueléticas. Estas termas são alimentadas por duas nascentes, com destaque para a chamada Fonte Santa, cujas águas brotam a uma temperatura de 42 graus. Depois de saírem do café, dirigiram-se imediatamente para o Covão da Ponte. Quando lá chegaram, a Maria, como estava vento, aproveitou e lançou o papagaio de papel colorido…

Este voou, voou, voou e, como Maria não o conseguiu segurar, por causa da ventania, ficou preso num pinheiro bravo.

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Maria, muito aflita, tentou abanar o pinheiro para o papagaio cair mas a tentativa não resultou. Muito chorosa e triste, correu para junto do avô, que observava uma bela paisagem, a contar-lhe o sucedido. - Avô, avô, o meu papagaio ficou preso na árvore! Podes-me ajudar? - Claro que sim. Olhou à sua volta e viu um pau muito comprido, envolto na caruma. Apanhou-o e tentou tirar o papagaio. Mas … o papagaio rasgou-se. Maria chorou imenso e o avô tentou acalmá-la, dizendo-lhe que tudo tinha solução. Lembrou-se então que tinha papel colorido e fio de pesca no carro para fazer um papagaio novo. Puseram mãos à obra e com papel colorido, cola, fio de pesca e paus lá fizeram um lindo papagaio que a Maria lançou pelo ar, correndo atrás dele, alegremente. Já um pouco cansada, sentiu fome e lembrou-se do jantar… Maria correu para junto do avô e disse-lhe: - Já tenho fome, podemos ir jantar? - A minha barriga também já está a dar horas. Arruma o papagaio, entra para o carro e vamos buscar a avó Olinda para jantarmos no parque de campismo do Covão da Ponte. E lá voltaram eles para a casa feita de pedra junto ao lago Viriato. Maria saiu do carro e foi chamar a avó. Como a porta estava entreaberta, Maria entrou. - Avó, avó onde é que tu estás? Vamos jantar. – Disse a Maria. Mas não obteve resposta. Muito aflita foi a correr para junto do avô. Entretanto, como já estava a escurecer, pegaram numa lanterna e decidiram ir à procura da avó Olinda pelas redondezas. A paisagem, àquela hora do dia, era lindíssima, com o sol a esconder-se por detrás das montanhas. Subiram e desceram muitas pedras, desviaram ramos de giestas até que viram um vulto encostado a um enorme pinheiro e… era um lobo que ia atacar uma ovelha.

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Muito sorrateiramente, foram embora. Sem querer, a Maria pisou um galho e fez barulho. O lobo foi atrás dela. O avô, com um pau lenhoso e duro, bateu no lobo que fugiu a sete pés. Com os corações a tremer apressaram-se a sair dali, levando a ovelha que deveria ser do sr. Manuel. Entretanto, a avó fora apanhar pinhas e esquecera-se das horas. Ao chegarem a casa, verificaram, para seu espanto, que a avó estava muito sossegada a acender a lareira com as pinhas que apanhara enquanto eles se ausentaram. Felicíssimos e aliviados, abraçaram-se todos. A avó não percebia o que se estava a passar. O avô e a Maria explicaram o que tinha acontecido. A avó muito assustada, perguntou se eles estavam bem e eles responderam que sim. Como já era tarde decidiram assar as trutas no belo lume que a avó Olinda tinha acabado de fazer. O Covão da Ponte ficaria para outro dia. Estavam, descontraidamente, a saborear a iguaria quando alguém bate à porta… - A estas horas, quem será? - Perguntou o avô. Ao abrir a porta, apareceu o pastor a agradecer por lhe terem levado a ovelha. Depois, fez o convite, para irem todos jantar ao Covão da Ponte no próximo domingo. Maria ficou muito contente e os avós aceitaram o convite. No domingo, os avós de Maria resolveram ir para o Covão da Ponte, logo a seguir ao almoço, para conhecerem aquele local. Ao chegarem, Maria viu um menino e uma menina que brincavam sozinhos. Maria perguntou-lhes se podia entrar naquela brincadeira e eles responderam que sim. Jogaram com as raquetes, saltaram à corda e tomaram um banho nas águas límpidas do rio. Também tiraram algumas fotografias para recordação e foram admirar os pescadores que apanhavam peixe com as canas de pesca.

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O Sol estava quase a desaparecer no horizonte, quando o Sr. Manuel apareceu com a sua família para jantar. Maria despediu-se dos seus novos amigos e trocaram os endereços eletrónicos para puderem contactar. Então, dirigiram-se ao restaurante, onde se deliciaram com um dos saborosos pratos típicos da região, cabrito à serrano e para sobremesa comeram um rico requeijão com doce de abóbora. Estavam todos muito contentes, embora pairasse uma certa tristeza nos olhos de Maria, por ir deixar os seus amigos e a Serra onde vivera tantas aventuras já que as férias estavam a terminar. A noite ia já alta e brilhava no céu serrano uma lua muito redonda e brilhante quando se despediram com muita emoção do simpático pastor, prometendo um reencontro no próximo ano. Já aconchegada na sua caminha, Maria, de olhos fechados pelo cansaço do dia, recordava os seus dias de férias e todas as aventuras vividas naquelas belas paisagens serranas. E foi com a cabecinha cheia de sonhos maravilhosos que Maria adormeceu docemente embalada pelo belo sussurro noturno das serranias.

As férias de Maria de alunos do 3º ano do Agrupamento de Escolas Pêro da Covilhã

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PLANETA ORANJA

Nico era fascinado por animais. O seu pai era biólogo e, por vezes, acompanhava-o nas suas viagens. Numa das viagens do pai à Serra da Estrela, ele contactou com as maravilhas da natureza. Estávamos no mês de dezembro. Aproveitando as férias de Natal, Nico acompanhou o seu pai e um grupo de vários cientistas até à Serra da Estrela. Vinham em busca de novas espécies animais e vegetais na região. Ficaram hospedados no hotel Serra da Estrela, estando assim mais perto dos locais a explorar. Para não perderem muito tempo, logo no dia seguinte à sua chegada, decidiram imediatamente iniciar o trabalho. Com todo o equipamento necessário, saíram em direção ao Covão da Ametade. De facto, o Nico, em conversa com o rececionista, ouviu falar de algo estranho que fora avistado naquela zona. Uma vez no local e enquanto o pai e os outros cientistas procediam ao trabalho de campo, Nico, que se tinha ligeiramente afastado do grupo, avistou umas pegadas estranhas… Olhou atentamente e cheio de curiosidade, resolveu segui-las. Apercebendo-se que se afastava cada vez mais do grupo, lançou um grito de entusiasmo: - Paai…! Paaai…! Venham ver o que eu encontrei!


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Apressadamente, dirigiram-se todos para o local, mas quando lá chegaram e perante a insistência de Nico para que olhassem para o chão, eles não observavam nada. As pegadas só se tornavam visíveis aos olhos das crianças! Nico, empenhado em revelar a sua descoberta, resolveu tirar uma foto. Inexplicavelmente, nessa foto as pegadas também não se viam. Ele não desistiu e, no dia seguinte, insistiu para que o pai o levasse novamente ao local das pegadas. Pensando tratar-se duma brincadeira, o pai deixou-o continuar a sua investigação, enquanto ele e os cientistas continuavam a recolha de amostras das mais variadas espécies. Tratava-se de uma pesquisa muito importante para a região!


Entretanto, Nico que perseguia as pegadas, deparou-se com a existência de um curso de água. Nico seguiu o ribeiro, saltando de pedra em pedra, por entre campos de giestas amarelas e brancas, até que encontrou uma gruta com um aspeto misterioso. O rapaz aventurou-se a entrar na gruta que era enorme, com paredes rugosas e cheias de musgo e assim que entrou, viu uma luz forte e brilhante que iluminava todo o espaço. Nico, assustado, mas também curioso, dirigiu-se para a luz que, de tão intensa, o deixou quase cego. Esfregou os olhos e qual não foi o seu espanto, quando viu uma grande nave espacial de forma esférica, azul e cor de laranja que irradiava a tal luz ofuscante. À volta da nave espacial, pequenos seres verdes com três olhos, duas antenas e três braços falavam uma língua estranha. Então, cheio de medo, Nico virou costas e tentou fugir, mas foi rodeado pelos extraterrestres que lhe barraram a saída. O rapaz verificou que eram seres amigáveis e perguntou-lhes com a voz a tremer: - Quem são vocês…? - Somos Oranjenses e vimos do planeta Oranja que é cor de laranja. – Responderam em português quase perfeito. Foi assim que Nico percebeu que as pegadas que tinha visto perto do Covão da Ametade poderiam pertencer a estes seres. Então, já mais calmo, Nico perguntou-lhes muito admirado: - O que vieram fazer ao nosso planeta?! - Viemos à procura de ajuda. Um vírus terrível e destruidor infestou as nossas laranjeiras que dão as laranjas, fruta que é a base da nossa alimentação. – Respondeu o ser verdinho mais claro e que, por isso, deveria ser o mais jovem, pensava o Nico.

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- Calha mesmo bem! Porque o meu pai é um bom cientista e estuda tudo o que tenha a ver com animais, vírus ou bactérias. - Disse o Nico muito contente. - Mas há um problema, somos transparentes para o teu pai, lembras-te? Só as crianças conseguem ver-nos. Os adultos têm uma visão pouco clara da realidade. – Disse outro dos seres verdinhos. Diante deste obstáculo, Nico ficou pensativo imaginando a cara do pai se ele lhe contasse este estranho encontro sem possibilidade de provar o que dizia. E logo surgiu a ideia de lhe perguntar como se combatem os vírus das laranjeiras sem lhe dar mais justificações, apenas como uma curiosidade sua. Nesta altura, sossegando os seus novos amigos, disse: - Não se preocupem que eu vou tentar ajudar-vos a resolver a situação. Vou pedir ajuda ao meu pai. Até logo. E saiu da gruta numa grande correria, cheio de entusiasmo. O cientista, depois de ouvir o filho, disse: - Ó filho, não percebo para que queres saber isso. - Estamos a fazer um trabalho de ciências na escola. Quais são os vírus que podem atacar as laranjeiras? - É o laranjismo e o laranjovírus. Para os destruir existem dois tratamentos, um com inseticida, que por ser artificial faz mal aos seres vivos e outro que é natural e biológico, faz-se com uns insetozinhos chamados Lexitrinos que por acaso eu tenho no meu laboratório da Universidade da Covilhã. - Ótimo pai! Vou já contar aos meus amigos, pode ser que eles queiram ir lá vê-los. Podemos pai? - Claro que não. O laboratório é um espaço perigoso e de muita responsabilidade.

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Aí, o Nico ficou triste e foi contar aos verdinhos. Mas os extraterrestres lembraram-se que são invisíveis para os adultos e resolveram assaltar o laboratório durante a noite. Nico explicou aos extraterrestres, onde se situava a Universidade da Covilhã e combinaram encontrar-se, num jardim próximo, o Jardim da Goldra, às 2 horas da manhã. Muito nervoso, regressou ao hotel e esperou ansiosamente, pela hora combinada. Por volta da 1 da manhã, esquivou-se sorrateiramente do quarto e saiu do hotel, por uma porta de serviço, para não ser visto pelo rececionista. Seguiu o percurso até ao local combinado,

procurando

zonas

mais

escondidas

para

não

ser

visto.

Rapidamente chegou ao jardim, que àquela hora era um pouco assustador. As sombras das árvores pareciam fantasmas de braços abertos, o vento na folhagem fazia um som que lembrava gemidos. Nico tinha chegado um pouco cedo, por isso escondeu-se à espera que chegassem os amigos extraterrestres. No silêncio da noite, começaram a ouvir-se uns ganidos assustados. Nico aproximou-se do som e viu um cachorro preso numa raiz. Como adorava animais, apressou-se a soltá-lo. Felizmente, o cachorro não estava ferido e ficou muito contente, por estar livre e abanava a cauda, em sinal de agradecimento. Entretanto, os extraterrestres verdinhos apareceram e incrivelmente o cão também conseguia vê-los. Estava na hora marcada, por isso tinham que tentar entrar no laboratório… Todos juntos dirigiram-se num frenesim à Universidade. Chegados às grandes portas da entrada, verificaram que estavam fechadas, e, por momentos, sentiram alguma frustração, sentimento que se desvaneceu, quando num tom de entusiasmo, um dos pequenos adoráveis extraterrestres avisou os restantes que o pequeno edifício da portaria estava aberto. Mas antes de entrar, teriam de ultrapassar um pequeno obstáculo, o segurança noturno. Então, Nico teve uma excelente ideia, enviar os verdinhos

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numa missão para distrair o segurança, e, após isso, entrar sorrateiramente pela porta. Missão cumprida! Caminharam então todos em fila, pé ante pé até ao laboratório, mas para seu espanto, a porta estava trancada. Um dos verdinhos voltou atrás para retirar a chave ao segurança, uma vez que este não o conseguiria ver, pois estas criaturas são mágicas. Regressado, abriram a porta com muito cuidado e entraram no laboratório. Nico tinha consigo uma lanterna, e começaram logo à procura dos lexitrinos, quando, de repente, o mais pequeno dos verdinhos começou a ficar azul e cheio de borbulhas. Cheio de sede, decidiu beber um líquido amarelo que se encontrava conservado num tubo de ensaio. O cão que os seguia ladrou assustado, quando viu o verdinho, azul e fluorescente. O guarda ao ouvir o latido do cão, ficou em sobressalto e foi à procura da origem do barulho. Chegado ao laboratório, deparou-se com a porta aberta e sentiu que algo de estranho se passava. Nico, pressentindo que o guarda se aproximava, agarrou no cão, apertando-lhe o focinho para que não voltasse a ladrar e enfiou-se dentro de um dos inúmeros armários de portas lacadas de branco, que havia no laboratório. Em cima da bancada, o guarda viu uma luz fluorescente, nada familiar. A medo, pois não era costume ver luzes azuis e amarelas naqueles laboratórios, recuou e carregou no alarme fixado na parede do lado esquerdo da porta de entrada, preparando-se, em seguida, para sair e trancar a porta. Quando meteu a mão ao bolso para tirar a chave apenas sentiu vazio. Ficou estático de espanto e cada vez mais convencido que algo de estranho se passava. Pegou no telemóvel e ligou o número do professor responsável por aquele laboratório, o pai do Nico…! Quando

o

cientista

recebeu

o

estranho

telefonema,

vestiu

apressadamente o pesado capote alentejano que tinha em cima da cadeira e

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calçou as botas ainda enlameadas da caminhada que, na véspera, tinha feito pelos caminhos pedregosos da Serra da Estrela e dirigiu-se ao quarto onde estava o filho. Abriu a porta e… a cama estava intacta! O pai do Nico ficou paralisado ao ver que o filho não estava no quarto e gritou: -Onde está o meu filho? Perante o grito todas as pessoas do hotel acordaram assustadas e o rececionista do hotel ligou para a PSP que se deslocou ao hotel imediatamente para procurarem o rapaz. Entretanto, no laboratório, Nico apercebendo-se que o guarda tinha ligado ao seu pai, ficou com receio da reação deste e sem saber o que fazer…Então, perante esta situação aflitiva, um dos verdinhos teve a brilhante ideia de conseguir mandar uma SMS ao pai de Nico, em nome do guarda, dizendo que tinha sido falso alarme e que afinal estava tudo bem. Contudo…o guarda aguardava a chegada do professor…enquanto este continuava a procurar o filho, pelas redondezas do hotel. No laboratório, o verdinho que tinha ficado azul fluorescente, estava já no seu tom verde e saiu de dentro do armário sussurrando: -Encontrei! Acho que o lexitrinos, está aqui! Nico entusiasmado e feliz disse: -É verdade, é o lexitrinos…já podemos ir embora. Saltam pela janela e apercebem-se que a nave estava à sua espera, pois um dos verdinhos tinha tratado de a deixar em standby para uma eventual fuga. Nico confessa aos verdinhos estar preocupado com o pai e estes perguntam-lhe se existe um local perto do hotel para o poderem deixar lá… Nico responde que quer que o deixem na Pedra do Urso e dá-lhe a localização desta. Neste percurso, os verdinhos agradecem ao Nico toda a sua ajuda e

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pedem desculpa pelo incómodo causado, principalmente ao pai do Nico. Nico responde que foi um prazer ajudá-los e desejou-lhes um bom regresso a casa. O verdinho mais jovem pergunta-lhe: _Queres vir connosco? -Deixem-me pensar um pouco… Seria uma aventura maravilhosa poder conhecer as extraordinárias galáxias e todo o universo, mas sinto que não posso e não devo deixar a minha família. Eles ficariam muito preocupados com o meu desaparecimento. O verdinho acrescentou: -Tenho estado aqui a pensar, que no nosso planeta, existe uma pequena poção mágica que faz parar o tempo e por acaso até temos uma pequena quantidade connosco. Assim poderás visitar o planeta Oranja e recolher algumas provas da nossa existência. Nico, muito eufórico, concordou. Ainda dentro da nave, Nico, de tão contente que estava, nem acreditava na escolha que fez. -Será que seria a escolha certa? -Pensava Nico… Nesse instante uma grande quantidade de pó cor de laranja atingiu toda a zona da Covilhã, incluindo a Serra da Estrela. A nave descolou e já não havia volta a dar… E lá foram eles à descoberta do planeta Oranja e seus habitantes. Entretanto, pelo caminho apanharam uma chuva de meteoritos e Nico ficou cheio de medo. Os verdinhos sossegaram-no, dizendo-lhe que a nave estava preparada para estes casos e que não receasse.

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A viagem ao planeta Oranja realizou-se com sucesso e, quando a porta da nave se abriu, um monte de extraterrestres, de cor verde, aproximou-se gritando:


-Chegou a nossa salvação! E Nico, muito apressadamente, soltou os lexitrinos sobre toda a superfície que se encontrava infetada. Eis, que num abrir e fechar de olhos, toda a zona ficou colorida e tudo tinha voltado ao normal. O rei dos verdinhos organizou um grande banquete com bolos, sumos, doces, saladas… tudo à base de laranja. Nessa festa, coroou o Nico como sendo o salvador de Oranja. A festa já ia a altas horas e Nico sentiu saudades… Então, foi falar com os verdinhos, explicou-lhes que tinha saudades da família, do seu planeta e que desejava voltar à Terra. O verdinho mais velho e sábio disse. _ Nós vamos levar-te, porque tu salvaste-nos e ao planeta Oranja. Quando já estava tudo preparado para a viagem, o verdinho mais claro, perguntou: _ E as provas? Sem elas não poderás mostrar ao teu pai que nós existimos. Rapidamente um dos verdinhos colocou o seu pé numa folha, contornou-o e deitou por cima sumo das laranjas de Oranja o que tornaria a pegada visível aos adultos. Partiram do planeta Oranja, logo encontraram o portal que os transportaria para a Terra. Aproximavam-se a uma grande velocidade, tinham de lançar o pó mágico para o tempo retomar o seu curso. Nico pediu ao comandante da nave para o deixar junto à Pedra do Urso. Quando chegaram, Nico despediu-se dos seus amigos e apressou-se a dirigirse ao hotel para se encontrar com o seu pai e provar-lhe que não tinha mentido. Assim que o viu, correu a abraçá-lo, pediu-lhe que o ouvisse e contoulhe a sua aventura com os extraterrestres e a viagem ao planeta deles.

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O pai, incrédulo, não acreditava no que Nico dizia, então, o rapaz mostrou-lhe as provas que tinha recolhido. O pai acreditou e sentiu-se orgulhoso do seu filho, porque tinha utilizado os conhecimentos aprendidos com ele para salvar um planeta. Nico sentia-se muito contente, mas tão cansado que mal se deitou adormeceu e sonhou...

Planeta Oranja de alunos do 4º ano do Agrupamento de Escolas Pêro da Covilhã

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FÉRIAS NA NEVE Pedro ganhou um fim de semana na neve, podendo escolher entre Andorra, Alpes e Serra da Estrela. Apesar da beleza paisagística dos três locais, ele optou pela Serra da Estrela. - Fantástico! – Exclamou o Pedro - Vou telefonar já ao Miguel para me acompanhar nesta viagem. De mochila às costas e muito ansiosos, embarcaram na estação de Faro, deixando para trás o sol envergonhado de dezembro. Pedro e Miguel consideravam-se com sorte, lá fora, o vento uivava e cortava a respiração. O comboio corria feroz, em passo ritmado, rumo à Covilhã… Pãf! Pãf! Puf! Puf! Piuiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! A viagem ia ser longa, por isso resolveram fazer um jogo de cartas para ajudar a passar o tempo e não se aborrecerem. Fizeram vários jogos e, tal como sempre acontece, o Pedro ganhou ao Miguel que, após as sucessivas derrotas, decidiu que não queria continuar a jogar. - E se comêssemos qualquer coisa? – Sugeriu o Miguel enquanto procurava, na mochila, algo para comer. - Boa ideia! – Concordou, de imediato, o Pedro. Enquanto saboreavam as sandes deliciosas que a mãe do Pedro preparara, ouviu-se um barulho muito estranho que sobressaltou todos os passageiros.


- Uau!! Que barulho é este?! – Exclamou o Pedro assustado. Subitamente, soou uma voz no comboio que informava que tinha havido uma avaria na locomotiva, facto que os impedia de avançar. O Pedro apercebeu-se que começava a anoitecer e, ao olhar através da janela, verificou que um pequeno manto de neve revestia a paisagem circundante. Os passageiros foram informados que teriam de pernoitar no comboio. Apesar do desconforto, os dois amigos acabaram por adormecer embalados pelos ruídos da tempestade. Ao amanhecer, o Pedro e o Miguel acordaram estremunhados com o barulho de passos que vinha de fora do comboio. - O que se passa? – Perguntou o Miguel, num sussurro, para não acordar os restantes passageiros que ainda dormiam. Pedro cobriu a sua mão direita com a manga da camisola e passou-a no vidro para tentar perceber o que se passava lá fora. O nevoeiro era denso, mas mesmo assim conseguiu distinguir três vultos: - É o Sr. Henrique, o maquinista e, com ele, estão dois homens. – Respondeu, no mesmo tom de voz, o Pedro. - São mecânicos! – Exclamou o Miguel que, entretanto se aproximara do vidro. O Pedro, conhecido na escola pelas trapalhadas em que se metia, teve outra das suas ideias… - Miguel, põe as luvas e o gorro e segue-me, em silêncio! – Ordenou o Pedro, enquanto se levantava e seguia pé ante pé, pelo corredor do comboio. O Miguel ainda tentou impedi-lo, mas sem êxito e, vendo-se sem alternativa, seguiu o seu amigo.

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Em poucos segundos, encontravam-se no exterior, sem que o maquinista desse por nada. O Miguel que, há minutos atrás, tentara deter o Pedro, estava agora totalmente rendido àquela paisagem maravilhosa. Os dois amigos brincaram, rebolaram, atiraram bolas de neve um ao outro, fizeram um boneco de neve… e não deram conta do tempo passar. De repente, ao longe, o apito do comboio… O coração quase parou. Sem acreditar no que lhes estava a acontecer, disseram: - E agora? O que vai ser de nós aqui perdidos no meio do nada? Estavam desnorteados e sem saber o que fazer. Além disso, o ar gelado entranhava-se no corpo e quase rachava os ossos. E ainda por cima o telemóvel não tinha rede… Então, sem saber para onde, começaram a caminhar. Mas o nevoeiro era denso e mal se via em redor. Andaram, andaram e, já cansados, pararam junto de uma fonte e sentaram-se. - Pedro, ainda tens aí alguma coisa que se coma? – Perguntou o Miguel. - Só uma barrita de cereais e temos que a dividir, porque eu também já tenho fome. Entretanto, o tempo melhorara, o nevoeiro desaparecia e um sol quentinho derretia a neve vagarosamente. Foi então que o Pedro se levantou e resolveu explorar aquele sítio junto à fonte. Já fora da vista do amigo, Pedro tropeçou num tronco, escorregou e … - Migueeeeeeel!!! Anda cá! Vem ver isto! Miguel correu até junto do amigo e, juntos, entraram por uma fenda na rocha. Era um buraco frio, escuro e húmido. Era uma gruta. - Pode não ser muito confortável, mas já temos onde passar a noite… Ao entrarem depararam-se com duas meninas que se aqueciam junto de uma fogueira. Miguel e Pedro aproximaram-se e perguntaram-lhes:

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- Como se chamam? - Ana e Margarida. – Responderam as duas meninas em simultâneo. - Eu sou o Pedro e ele é o Miguel. O que é que vos aconteceu para estarem aqui? – Perguntou o Pedro. - Estamos a acampar com os nossos pais. Enquanto eles estavam a tratar do almoço, nós começámos a explorar o trilho pedestre que estava assinalado no parque. De repente, apercebemo-nos que estava a escurecer e que nos tínhamos perdido. Só nos restou refugiarmo-nos nesta gruta. - Olha, nós também nos perdemos … – disse o Miguel. Cansados, todos adormeceram depois de terem partilhado a comida que o Pedro e o Miguel levavam na mochila. No dia seguinte, acordaram sobressaltados com o ladrar de um cão junto à entrada da gruta. Assustados, levantaram-se e foram ver o que se passava. A Margarida, ao ver um enorme e assustador cão da Serra da Estrela, saltou para o colo da sua irmã Ana. - Não sejas mariquinhas! Ele só quer brincar… - Ou talvez não! – Defendeu-se Margarida. – Se calhar, é um dinossauro disfarçado de um inofensivo cão. Todos se riram. Aquelas manas…! O Pedro tentou falar: - Eu acho que… -...ele nos quer mostrar algo. – Concluiu o Miguel. Todos concordaram em seguir o cão que olhava para eles, latia e caminhava em direção a uma casa que se avistava ao longe. O caminho era mais longo e sinuoso do que parecia inicialmente, mas o fumo que se desprendia da chaminé era uma esperança de obter ajuda.

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Os quatro amigos decidiram seguir o cão através de um caminho cheio de silvas. Para prosseguirem a sua viagem encontraram um pau, desviando as silvas no seu caminho. - Au!- Exclamou a Ana.- Já me piquei! Um pouco mais à frente Margarida tropeçou e com a ajuda do Miguel chegaram à porta de casa. A porta encontrava-se fechada, então os quatro amigos espreitaram à janela. Por entre algumas teias de aranha, viram um velho sentado junto à lareira. Decidiram então bater à porta, espreitando por uma das fendas. - Quem está lá?- Perguntou o velho. Os quatro amigos decidiram entrar. O velho de barbas brancas tinha ao seu lado um velho livro de magia. - Conta-nos a tua história.- Disseram todos em coro. Pegando na sua bola de cristal, começou a narrar a sua história. - Há muitos, muitos anos atrás, era eu ainda jovem, quando me casei. No início, sempre pensei em ser feliz, mas a minha mulher só estava interessada na minha riqueza. Comecei depressa a aperceber-me que estava a ficar cada vez mais enfraquecido e doente, perguntando a mim próprio que doença seria aquela. Fui mesmo consultar um médico, que não descobriu nada de estranho comigo. Certo dia ao passar por um corredor lá em casa, tropecei, sem forças, num tapete... batendo, ao cair, numa parede que, para meu espanto, se deslocou, abrindo-se uma passagem secreta! Entrei com muito receio e deparei-me com uma espécie de laboratório um pouco estranho! Numa das mesas, encontrei uma bola de cristal e, ao seu lado, um livro... tão esquisito! Era um livro de feitiçaria e bruxaria! Uma das páginas estava marcada com a minha fotografia. A curiosidade fez-me averiguar e ao ler incrédulo aquela receita “Comer e Morrer”, descobri que a minha mulher me

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andava a deitar aquela poção na minha comida. Ao ouvir passos no corredor junto à parede, agarrei no livro e na bola de cristal e saltei para dentro do caldeirão, para me esconder... Quando dei por mim, estava no meio do nada, no meio do mato.” - Então, o caldeirão era uma espécie de portal? – Questionou o Miguel muito intrigado. - Sim, acho que sim. Como é que viria parar aqui? – Concluiu o velho um tanto hesitante. - Mas por que razão ficou aqui tão sozinho, longe de tudo e de todos? – Indagou a Ana. - Preferi a natureza pura e simples aos meus problemas! Aqui todos me respeitam e me ajudam e eu auxilio-os como posso... com o meu livro de receitas de feitiços, preparo remédios, antídotos e tudo o mais que possa tratar, curar ou simplesmente ajudar animais, plantas, árvores... e com a minha bola de cristal... - Que brilho tão intenso! Que luz tão estranha! – Interrompeu-o a Margarida, ao olhar de repente para a bola de cristal. Ouviu-se um estrondo e a luz da bola de cristal desvaneceu-se, dando lugar à figura de uma velha mulher muito feia. - Oh! Não! A bruxa da minha mulher outra vez! Que quererá ela de mim? - Apenas quero aquilo que há muito me deves!- Respondeu a velha. - De acordo, vou ceder, para me deixares em paz de uma vez por todas! Deverás estar à porta desta casa daqui a uma hora. Como combinado, uma hora depois, chegou a mulher. Não precisou de bater à porta, os relâmpagos fizeram com que a porta se abrisse ruidosamente e se deparassem com uma estranha criatura de corpo mal proporcionado,

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mãos muito pequenas, cabelo longo, de cor estranha e um rosto marcado por profundas rugas. O velho dirigiu-se a ela com a bola de cristal numa mão e com um monte de notas na outra, o livro de feitiços ficara aberto em cima da mesa. Não trocaram palavras, ele estendeu-lhe o que trazia e ela aceitou, mas as notas não couberam todas na sua pequena mão e acabaram por se espalhar pelo chão. Enquanto ela se baixou para as apanhar, o velho sussurrou um feitiço para dentro do livro: “Sempre mal fizeste Nesta bola, presa, vais ficar! Perlimpimpim, perlimpimpeste! Nunca mais poderás escapar” Mal acabara de pronunciar o feitiço, uma luz muito intensa foi ao encontro da mulher que, instantaneamente, começou a encolher e a ser sugada para dentro da bola de cristal. - Finalmente livre! – Exclamou o velho. O tormento da minha vida acabou aqui e agora! Dirigiu-se para a frente da casa e atirou com a bola para uma grande fraga, onde ela se desfez completamente. Por baixo, corria um rio e precisamente nesse momento, passou uma grande truta que abriu a boca e fez da velha uma bela refeição. - Obrigado pela força que me deram! Agora já não preciso de me esconder, posso viver a minha vida em paz e cuidar da natureza! Mas primeiro vou tratar de vocês. As meninas vão regressar ao acampamento para junto dos pais e vocês, rapazes, vão passar o merecido fim de semana na a Serra de Estrela. Nunca se esqueçam de que, na vida tudo tem solução, é preciso ser paciente e acreditar que o bem acaba por vencer.

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Dito e feito, o velho pronunciou um feitiço e as meninas deram com elas junto dos pais. Estranhamente, eles não se tinham apercebido de nada, parece que o tempo parara durante a sua ausência. Então, olharam uma para a outra, piscaram o olho, sabiam que este seria o segredo de suas vidas. Simultaneamente,

os

rapazes

deparam-se

no

quarto

do

hotel,

equipados e prontinhos para irem fazer ski, curiosamente, parecia que tudo tinha corrido como previsto. Afinal, a grande aventura das suas vidas tinha acontecido ainda antes de chegarem à Serra. - Agora vamos divertir-nos! – Exclamou o Pedro. - Depois de tanta aventura, já só faltava aparecer-nos o abominável monstro das neves! Até gostava! Vamos a isso! – Replicou Miguel.

Férias na neve de alunos do 5º ano do Agrupamento de Escolas Pêro da Covilhã

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MISTÉRIO NA SERRA DA ESTRELA Francisco tinha como trabalho de casa investigar acerca dos atrativos da Serra da Estrela. Como a sua casa era perto da cabana do guarda-florestal, resolveu visitá-lo e conversar com ele. Ao aproximar-se, avistou um Audi preto com os vidros escuros e dentro da cabana duas sombras em jeito de discussão. Quando se preparava para bater à porta, o som das vozes tornou-se mais intenso e ouviu alguém gritar, num tom agressivo: - Eu sei que estava a nevar, inútil! Mas tu conheces a serra como a palma das tuas mãos. Não me digas que não te lembras do sítio onde o escondeste! Assustado, o rapaz deu meia volta e foi esconder-se atrás de um arbusto. O seu coração não parava de bater e não conseguia pôr as ideias em ordem. Passados alguns minutos, fixou o olhar no vidro traseiro do carro e pareceu-lhe ver um vulto. -“Parece um cão. Ai, ai, tenho que me acalmar! Posso estar metido numa grande alhada”. – Pensou o Francisco, tremendo como varas verdes. Na cabana, os gritos subiam de tom e, Francisco, apesar do medo, apelou para toda a sua coragem e aproximou-se pelas traseiras, onde sabia existir uma pequena janela e, assim, tentar perceber o que se passava lá dentro. Espreitou. Um senhor fortalhaço, todo vestido de negro, com um bigode farfalhudo e de óculos escuros, gritava ameaçador: - Eu vou-me embora mas, amanhã, à esta mesma hora, voltarei e ai de ti que não tenhas informações mais exatas para me dares.

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Dito isto, com modos bruscos e grosseiros, saiu porta fora, entrou no carro e arrancou a toda a velocidade. Só, então, ao sentir que o perigo já estaria suficientemente longe, saiu, evitando ser visto e regressou para contar ao seu grande amigo e companheiro de brincadeiras e aventuras o que naquela tarde acabara de presenciar. Finalmente, chegou ao parque, onde costumava brincar com o seu amigo. – António! António! Tenho uma coisa para te contar. – O que é Francisco? – Lembras-te daquele trabalho de casa sobre os atrativos da Serra da Estrela que nos foi pedido? Para saber mais, fui à cabana do guarda-florestal com o objetivo de falar com ele, mas ouvi gritos e fiquei assustado… deveras preocupado… – Estranho, vamos investigar?! À mesma hora do dia seguinte, Francisco e António foram à cabana do guarda-florestal e ouviram novamente gritos. Esconderam-se e, quando o homem de óculos escuros saiu, entraram e encontraram o guarda-florestal ferido e inconsciente, estendido no chão. – Que havemos de fazer? – Perguntaram um ao outro… Os dois amigos depararam-se com aquela situação complicada e resolveram ligar para o 112, ao mesmo tempo que o tentaram questionar sobre o sucedido. Porém o homem naquele estado, inconsciente, não dava acordo de si. -Hum, onde estou?-Disse o homem começando a acordar. -O que se passou consigo? - Perguntaram.- Quem era aquele homem e o que queria ele?

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-Porque querem saber tanta informação? – Perguntou o homem meio atordoado. Na mente dos dois amigos estava o dilema do que se teria passado! Ao longe, ouvia-se a sirene da ambulância. Assim que chegou ao local, o senhor foi observado e apresentava hematomas graves e alguns sinais de amnésia. De seguida, como o senhor parecia não se recordar do sucedido, resolveram chamar a polícia para investigar o caso. Assim que a polícia chegou, procedeu ao interrogatório: - O que se passou aqui? - Questionou o polícia baixinho. - Quando aqui cheguei vi o guarda-florestal inconsciente no chão. – Respondeu o Francisco. - E não viste mais nada? – Retorquiu. - Sim, ontem estive cá para falar com o senhor guarda, para obter informações para um trabalho da escola e vi à porta um carro preto com vidros escuros e dentro de casa estavam os dois senhores a discutir. - E reconheceste alguém? - Sim, o guarda. - E o outro senhor? - Não conheci, ele era grande, tinha bigode e óculos escuros. Após o interrogatório, os polícias procuraram vestígios da presença do outro senhor, nomeadamente impressões digitais, vestígios de ADN. Depois de algumas horas deram por concluído o seu trabalho na cabana. Das provas recolhidas, as mais significativas foram as manchas de sangue no chão, um taco de golfe ensanguentado e pegadas. Dias mais tarde, a polícia voltou a interrogar o guarda-florestal sobre o homem misterioso que o atacara e o que procurava, mas continuava a afirmar que não se lembrava de nada.

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Certa manhã, como era habitual, o pai do António saiu para comprar o jornal. Ao chegar a casa, o António pediu-lho para ver a classificação do seu clube. Ao folheá-lo deparou-se com um artigo que dizia: Multimilionário,

Álvaro Soares Venâncio, comprou o M.G.G. (Mini Golfe de Gonçalo, situado no concelho de Belmonte, distrito da Guarda). Na fotografia estava o homem que correspondia à discrição que o seu amigo Francisco fizera à polícia. Entusiasmado, António correu para casa do Francisco e mostrou-lhe a notícia. Atónito, Francisco, fitou o amigo e balbuciou: -Não pode ser! Este é… é… -O homem que agrediu o guarda-florestal, certo? – Questionou António. Sem tirar os olhos do jornal, Francisco anuiu com a cabeça. - Temos que avisar a polícia. - Disse António. Os rapazes decidiram ir à esquadra nessa mesma tarde. Quando chegaram, contaram ao chefe as suas suspeitas, mas, como o homem do jornal era uma pessoa influente, os polícias não acreditaram neles. - Mas vocês têm as provas da cabana! – Ainda argumentou o Francisco. - Estamos à espera dos resultados, mas os meninos não têm que se preocupar com isso. Deixem o trabalho de investigação com a polícia. – Ordenou o chefe, mandando os dois amigos para casa. Eles ficaram desesperados, tinham a certeza que o agressor era o Álvaro Venâncio, o multimilionário do jornal. - Tenho uma ideia! – Disse, de repente, o António. – Vamos contar o que sabemos ao guarda-florestal, pode ser que ele se lembre de algo. - Boa, ele já está na cabana, vamos até lá. Uma vez na cabana, foram recebidos pelo guarda a quem contaram tudo o que sabiam. No final, o guarda perguntou aos dois amigos: - Já que me querem ajudar, são capazes de guardar um segredo?

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- Claro que sim! – Responderam imediatamente os rapazes. - Eu não perdi a memória… – murmurou-lhes o guarda. - Há muito tempo encontrei um tesouro que tinha uma carta e muito dinheiro, nessa carta estavam lá alguns mapas do tesouro localizados no M.G.G. Esse senhor descobriu a existência dos mapas e do dinheiro. Insistiu várias vezes para que lhe desse as coordenadas do tesouro. - A sério?! Que tipo de tesouro é e onde se encontra?- Retorquiram os dois amigos. O guarda-florestal retirou de um cofre que tinha detrás de um quadro. Um mapa onde só um verdadeiro guarda- florestal conseguiria encontrar a árvore que se encontrava a mais na floresta. - Na localização dessa árvore- continuou o guarda- estaria a localização da outra metade da carta. Nesse momento, ouviu-se um cão a ladrar, o guarda veio à janela e reparou que o carro de Álvaro Venâncio estava a ir-se embora. Ele ouvira e vira tudo. O guarda-florestal ficou muito atrapalhado com a situação. Disse para os meninos: - Venham comigo! Entraram no jipe todo o terreno, arrancaram a alta velocidade, deixando as marcas dos pneus na neve branca e macia que caía naquele momento. - Temos que chegar antes do Álvaro Venâncio!! Vamos por este caminho secreto, que só os guardas-florestais conhecem!!! – Dizia muito assustado o Sr. João, guarda-florestal há vinte anos. Desceram por uma encosta muito íngreme. Continuaram por uma estrada muito estreita, aos ziguezagues e com muitas árvores, todas iguais que pareciam um túnel sem fim.

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O Francisco e o António estavam entusiasmados com aquela viagem alucinante. Podiam observar as fantásticas paisagens da Serra da Estrela. Pelo meio daquelas árvores brancas, cheias de neve, a sensação era de tranquilidade, mas por outro lado tinham bastante medo. Estava tudo cheio de neve branca como a lã. A estrada estreita com imensas curvas e eles a alta velocidade, conseguindo observar os animais a fugir do ruído para o meio dos grandes penhascos que pareciam esconder segredos. De repente, no meio daqueles pinheiros bravos, repararam numa árvore com algo diferente. O seu tronco era mais largo, os ramos mais castanhos e rugosos e as folhas mais verdes e radiantes. Era a árvore mais fascinante alguma vez vista. Saíram do jipe arrastados pela beleza da árvore. Naquele momento, tinham esquecido tudo o resto. Aproximaram-se e o António, aventureiro e corajoso, subiu até à copa da árvore e avistou um pedaço de papel rasgado. Deu um grito que se ouviu em toda a serra: - Encontrei!!! Pôs o papel no bolso e, quando estava a descer da árvore, ouviram o barulho de um carro a aproximar-se. O pânico espalhou-se... Com a pressa, ao saltar da árvore, o papel caiu do bolso e voou para longe, sem ele se aperceber. Entraram no jipe e seguiram para a cabana. - António, tens a outra metade do mapa? O António, entusiasmado, pôs a mão no bolso e ... - Oh! Não! – Exclamou com preocupação... - Então, o que se passa? – Perguntou o Francisco. O António explicou-lhe o que acontecera e os dois amigos foram procurar o pedaço de papel que, como todos os mapas do tesouro, era acastanhado e, portanto, fácil de encontrar na neve branca, enquanto o Sr. João escondia o jipe.

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Alguns minutos depois, os dois amigos avistaram o papel perdido, mas que também já tinha sido visto pelo Sr. Venâncio. Os três correram para ele. O Francisco chegou primeiro, apanhou o papel e, quando se preparava para fugir, umas mãos gordas, frias e vermelhas agarraram-no violentamente. Era o Sr. Venâncio! Ao aperceber-se do que ia suceder, o António escondeu-se, enquanto o Sr. João observava tudo num ponto mais elevado e chamava a polícia. Apesar dos protestos que o rapaz fazia e dos pontapés que lhe dava, o homem arrastou-o pela neve fofa e fria e meteu-o dentro do carro. Qual não foi o espanto do Francisco, quando se apercebeu que o vulto que havia visto dentro do carro, no primeiro dia, era a professora que lhes tinha mandado fazer o trabalho sobre os atrativos da Serra da Estrela. Nesse preciso momento, ouviram-se as sirenes estridentes da polícia e a professora, olhando para o Francisco de forma conspiradora, piscou-lhe o olho, mostrando-lhe que estava do lado dos alunos e do guarda-florestal. Francisco, embora não conseguisse perceber o que se estava a passar, ficou um bocadinho aliviado ao ver a atitude da professora. O senhor Venâncio ainda quis arrancar com o carro, mas viu-se, rapidamente, rodeado pelos carros da polícia. Era impossível fugir! A uma ordem do comandante, saiu e foi empurrado para um dos carros que arrancou em alta velocidade. Francisco e António ficaram a saber que o senhor Venâncio há muito que andava a ser investigado e que tudo sido um estratagema montado pela polícia para o poder apanhar. Então e o mapa do tesouro nas mãos do Francisco? Bem… essa será uma nova história…

Mistério na Serra da Estrela de alunos do 6º ano do Agrupamento de Escolas Pêro da Covilhã

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