Histórias cibernéticas 2009-10

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BIBLIOTECA ESCOLAR AGRUPAMENTO DE ESCOLAS PÊRO DA COVILHÃ

Histórias Infanto-Juvenis

Obra de docentes e alunos do Agrupamento

2009/10


BIBLIOTECA ESCOLAR

A elaboração destas histórias foi um desafio lançado pela Biblioteca Escolar do Agrupamento de Escolas Pêro da Covilhã às Educadoras, aos docentes titulares de turma do 1º ciclo e aos docentes de Língua Portuguesa do 2º ciclo do Agrupamento, no âmbito do Projecto aLer+, com o objectivo de promover a leitura, desenvolver o espírito crítico e explorar o imaginário infantil. O

projecto,

que aqui

se

conclui,

apresenta-se como resultado do trabalho colaborativo entre docentes e alunos do Agrupamento. Neste sentido, toda a equipa da Biblioteca Escolar agradece o empenho de todos os envolvidos no processo.

Professoras Bibliotecárias

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Sonho trapalhão Esta manhã, o Paulo abriu a janela do seu quarto e tudo tinha mudado! Olhou lá para fora e o céu tinha uma cor um bocadinho diferente, estava o céu muito verdinho. Sim, verdinho como a relva, as plantas e os lagartos. Que estranho! Apesar de ser Verão e estar muito calor, estava a nevar e havia um boneco de neve no quintal. Como tinha acabado de acordar, esfregou bem os olhos para ter a certeza de que não era um sonho, mas continuava tudo igual. Da sua janela, via do lado esquerdo um sol quadrado e do lado direito um arco-íris com cores muito diferentes, branco, preto e vários tons de cinzento. Decidiu descer as escadas para ver de perto o que se passava. Quando olhou para o lado, viu que a macieira do seu quintal não tinha maçãs, tinha bananas pintadas de todas as cores do arco-íris. - Mas o que se terá passado? - Pensava o Paulo muito preocupado, continuando o seu caminho. De repente, reparou que o chão estava muito macio e AZUL! Estava tudo trocado, o céu verde, o chão azul e com nuvens. Enquanto o Paulo pensava no que podia ter acontecido, ouviu mugir: - MUUUUUU, MUUUUUU. - Devo estar a ficar doido, estou a ouvir mugir, mas eu não tenho nenhuma vaca … - pensava ele cada vez mais confuso.

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Quando olhou para o lado, viu que quem mugia era o seu cão Pantufa, com umas grandes orelhas muito espetadas, que mais faziam lembrar um coelho. O Pantufa estava a chamá-lo para ele ver duas ovelhas cor-de-rosa, que voavam no céu. Nada estava normal, estava mesmo tudo trocado! O Paulo correu e foi procurar a mãe. O Paulo entrou em casa, chamou pela mãe e quem lhe respondeu foi o pai, a mãe tinha ido trabalhar. - Pai, pai, lá fora está tudo ao contrário! De repente, reparou que o pai estava de cabeça para baixo. Admirado, olhou à sua volta e viu que a máquina de lavar a roupa estava no meio da sala, os brinquedos estavam no tecto, a cama do seu quarto estava de pernas para o ar, o sofá estava na cozinha e a televisão estava na casa de banho. Depois disto é que o Paulo ficou confuso.

Resolveu, então, ir a casa da tia Maria Rosa ver o que lá se passava. Quando

chegou,

nem

queria

acreditar!

Estava…ao contrário.

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Entrou e foi ao escritório, viu caixas no sítio dos livros, na casa de banho reparou que a banheira e a sanita tinham trocado de lugar, mas o lavatório, esse tinha desaparecido. Continuou à procura da tia e dirigiu-se ao quarto dela. Ela não estava, mas os seus móveis e roupas estavam, calculem vocês, de “pernas para o ar”! A seguir, foi até à cozinha, e, para grande espanto seu, lá estava o lavatório da casa de banho com as escovas de dentes, e a tia estava…pois é, a tia estava a lavar os dentes, mas de “pernas para o ar”! Isto não podia continuar, o Paulo tinha que resolver este problema. Começou a pensar, a pensar e eis que se lembrou do seu Livro Mágico, com receitas mágicas. Foi buscar o livro, mas quando chegou ao sítio onde ele costumava estar não

o

encontrou.

Então,

procurou,

procurou, procurou e, por fim, lá o encontrou, no meio das panelas. Mas, mais surpreendido ficou, quando abriu o livro, é que estava tudo ao contrário e, por mais que tentasse, não conseguia ler nada do que estava lá escrito. Era tudo muito estranho, as letras estavam todas baralhadas, viradas ao contrário, parecia que tinha passado por ali um vendaval. Depois de muito pensar achou que o melhor era ir pedir ajuda a alguém.

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O Paulo pegou no livro Mágico para procurar uma receita que lhe resolvesse o problema, mas o Paulo, ao passar as folhas do livro, via as receitas todas ao contrário. O Paulo, além de confuso, ficou muito assustado e foi procurar os amigos, a Inês, o João e o André, para o ajudarem a pôr as coisas direitas. Só que os amigos não viam nada ao contrário. O que teria acontecido ao Paulo enquanto dormia? A Inês, o João e o André pensaram, pensaram e diz o João: - Deve ter sido a bruxa Picolina, que, enquanto o Paulo dormia, lhe fez um feitiço. A Inês e o André olharam um para o outro, estavam cada vez mais assustados. - Como vamos ajudar o Paulo? - O que podemos fazer? De repente, a Inês disse: - O melhor é pedirmos ajuda à fada Maria. - Mas onde é que ela mora? – Perguntou o André. - Mora numa linda casinha de ovos de chocolate, no meio da floresta. Respondeu a Inês. - É que as árvores da floresta não deixam entrar os raios de sol e protegem a casinha da fada Maria. - Vamos, então, antes que noite chegue. - Disse o João. Os amigos e o Paulo foram para a floresta e quando chegaram a casa da fada Maria, bateram à porta: - Truz, truz, truz!

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A fada Maria abriu a porta e perguntou: - O que andam estes meninos a fazer?... Perderam-se? - Não, não, … precisamos da sua ajuda! A fada Maria, ao vê-los tão assustados, mandou-os entrar e perguntoulhes: - Em que vos posso ajudar? Os amigos contaram que o Paulo ao acordar começou a ver tudo ao contrário, e que estavam todos muito confusos e assustados. A fada Maria foi, então, buscar o livro das Receitas Mágicas e depois de o consultar, pegou no caldeirão, na varinha mágica e começou a deitar os ingredientes. Depois de mexer, mexer e voltar a mexer, tudo muito bem, chamou o Paulo e, com a varinha mágica, bateu-lhe na cabeça e disse as palavras mágicas: - Bidi – bô – bum – bum Bidi – bô – bum – bum Abracadabra. Abracadabra. Mal a Fada Maria acabou de dizer as palavras mágicas, ouviu-se um trovão arrepiador e não imaginam o que aconteceu:

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O caldeirão, a varinha mágica e os amigos do Paulo desapareceram e apareceu a Bruxa Antonieta.

A Bruxa Antonieta era uma bruxa má, com borbulhas na cara, como todas as bruxas, tinha o nariz muito bicudo e os olhos eram vermelhos. ELA ERA ASSUSTADORA! A Bruxa Antonieta era assustadora e estava muito zangada. Mas, passado algum tempo, resolveu ir andar de prancha para a praia. As ondas, quando sentiram o seu mau humor, começaram logo a tremer muito. Sabem o que é que aconteceu? Zus catrapus! A Bruxa Antonieta desequilibrou-se, virouse ao contrário e ficou toda, toda molhada. - Isto não pode ser! - Exclamou ela, indignada.

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- Ora, ora! Eu vou é voar na minha vassoura mágica. Abracadabra! Abracadabra! E logo conseguiu levantar voo. Lá bem no alto, avistou um castelo e, à volta dele, andavam várias joaninhas, amigas do Paulo, a rodopiar. De repente, tiveram uma ideia. - Vamos convidar a bruxa. - Olá Bruxa Antonieta! Queres vir connosco dar um beijinho ao sol? - Ah! Ah! Vou pensar - respondeu a Bruxa.

Pensou, pensou e, como era muito curiosa, resolveu ir com as joaninhas bisbilhotar o sol. Quando lá chegou, sentiu-se muito esquisita, e qual não foi o seu espanto. Viu as joaninhas transformarem-se em fadinhas muito luzidias. E ela?! Ela, a bruxa Antonieta, sentiu as borbulhas a desaparecerem, os olhos a mudarem de cor e o nariz a minguar. Sentiu um enorme gosto em estar ali. E sentiu uma grande vontade em transmitir aos outros este seu novo sentimento. Desceu na sua vassoura rodeada de fadinhas. Mas, ao descer, de tão hilariantes que estavam, tropeçaram no telhado de uma casa. E adivinhem de quem era a casa?! Do Paulo. Este, quando viu todo aquele espalhafato, ficou

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assustado. Veio à rua ver o que se passava. Quando deu de caras com uma senhora muito linda e simpática, rodeada de luzinhas dançarinas, perguntou: - Quem és tu? - Sou a bruxa Antonieta. E o Paulo mais assustado ficou. - Estou cada vez pior. Agora até esta está bonita e simpática e irradia felicidade. Isto está lindo, está, está! - Não te assustes, é mesmo verdade o que vês. E para te compensar de toda a tua desgraça, deixo-te aqui estas lindas fadinhas que te acompanharão dia e noite. O Paulo ficou muito contente. Mas como é que aquelas fadinhas o poderiam ajudar a resolver as suas confusões? E ficou pensativo. As fadas olharam para ele e perguntaram-lhe: – Paulo, porque é que estás tão triste? O Paulo contou às fadinhas o que se passava. Elas nem queriam acreditar no que o Paulo dizia que via e prometeram-lhe que o ajudariam a melhorar a sua visão. Ele voltaria a ver as coisas de forma certa, normais. As fadinhas começaram por pedir ao Paulo que fechasse os olhos e com as suas varinhas mágicas dançaram à volta dele, dizendo:

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- PLIM, PLIM, PLIM! Faça-se luz ABRACABRACA, ABRACABRACA! PLIM, PLIM, PLIM! Faça-se luz ABRACABRACA, ABRACABRACA! Quando as fadinhas pediram ao Paulo para abrir os olhos, ele nem queria acreditar. O Paulo abriu os olhos e viu-se na sua cama, no seu quarto e a sua mãe a dizer-lhe: - Filho, está na hora de acordares. O Paulo pôs a mão na cara da mãe e disse-lhe: - És mesmo tu, mãe? A mãe respondeu-lhe: – Sou eu, mesmo, filho! Mas porque é que me perguntas isso? Estás assustado? Estiveste a sonhar? O Paulo contou à mãe. Depois de o ouvir com atenção, a mãe disse-lhe: – Filho, foi só um sonho, já passou. – Um sonho - disse o Paulo. E era verdade. A sua cama, os seus brinquedos, tudo estava no sítio certo, nada tinha mudado.

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Depois, levantou-se de repente e foi espreitar à janela. Tudo estava no seu lugar, o céu, a relva, e o sol era redondo e até a estação do ano era o Verão e o arco-íris tinha as suas lindas cores.

De seguida, foi à sala e lá estava o sofá e a televisão; Depois foi a correr à cozinha e viu a máquina de lavar roupa e o pai não estava de cabeça para baixo, estava a preparar o pequeno-almoço para ele tomar.

O pai disse-lhe

para se despachar e o Paulo deu-lhe um

beijinho e um abraço muito apertadinho. O pai perguntou-lhe o que ele tinha e ele contou-lhe o sucedido. O pai também confirmou que tinha sido só um sonho, mas o Paulo não se convencia. Quando ia a sair de casa, olhou para o quintal e viu a macieira com maças e o seu cão Pantufas, que vinha a correr para ele a ladrar. Ão! Ão!

Ao chegar à escola, encontrou os seus amigos e deulhes um grande abraço. Os amigos acharam estranho e perguntaram-lhe o que se passava. O Paulo

respondeu: - Pensava que nunca mais vos via - E contou-lhes o que lhe tinha acontecido. - Isso foi um sonho - disseram os amigos.

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O Paulo estava quase convencido, mas, ao sair da Escola, ainda quis ir a casa da tia Rosa Maria, que tinha acabado de lanchar e estava a lavar os dentes na casa de banho no lavatório, também lá estava a banheira e a sanita. O Paulo teve vontade de rir. A tia perguntou-lhe porque é que se estava a rir e o Paulo contou-lhe que tinha tido um sonho, onde ela estava de pernas para o ar. Riram-se os dois e a tia curiosa quis que o Paulo lhe contasse o sonho todo. Antes de se ir embora ainda foi com a tia ver o escritório, nas prateleiras só havia livros e no quarto tudo estava arrumado. O Paulo, finalmente, acreditou que tudo não passara de um sonho. Só gostaria de ver, outra vez, as fadinhas para lhes agradecer terem-no tirado daquele pesadelo.

Prilim pim pim, a história chegou ao fim!

História criada pelos Jardins-de-infância Agrupamento de Escolas Pêro da Covilhã Ano lectivo 2009-10

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Líquido da invisibilidade Francisco era uma criança carente, órfã de mãe. O pai, cientista, trabalhava imenso e não lhe dava atenção. Muitas vezes sentava-se num canto do laboratório do pai só para sentir a sua companhia e ver as suas experiências. Quando o pai o chamou, aproximou-se. Mas o pai continuava a chamá-lo, porque não o via. Lembrou-se que tinha bebido um líquido laranja que estava na mesa do canto onde costumava ficar. Era o líquido da invisibilidade. Como o Francisco não respondia, o pai foi procurá-lo ao sótão (ele passava lá muito tempo) e não o encontrou. Então, preocupado voltou outra vez para o laboratório. Ao entrar sentiu que pisou alguma coisa e… - “Au…au…au! - gritou o Francisco. O pai espantado com este grito, perguntou: - Quem gritou? E o Francisco respondeu: - Fui eu, não reconheces a minha voz? - Francisco és mesmo tu!? Não te consigo ver! - Sim sou eu! Estou invisível. - Como te tornaste invisível e porque o fizeste? - Porque queria passar mais tempo contigo a ver-te a fazer experiências. – Respondeu o Francisco.

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-Meu Deus! Como vou fazer para o tirar da invisibilidade? -pensou o pai. Depois de muito pensar, pensar, o pai do Francisco resolveu fazer uma poção de líquido verde para ver se conseguia que o filho ficasse visível, outra vez. Passaram alguns dias para que o líquido fizesse efeito e quando isso aconteceu abraçaram-se os dois muito apertadinhos, chorando de alegria. Então, o Francisco disse ao pai: -Desculpa, nunca mais volto a fazer o mesmo. O pai também prometeu passar mais tempo com ele e levá-lo até ao parque da cidade, lugar muito agradável que ele gostava de visitar. Quando lá chegaram e depois de comerem um delicioso gelado, apareceu um amiguinho do Francisco chamado Miguel. Foram os dois brincar, enquanto os pais conversavam, pois já não se viam há imenso tempo. Passado algum tempo, os pais foram procurá-los mas… Não os encontraram. O Miguel tinha convidado o Francisco para ir ver os cachorrinhos da vizinha. No caminho, encontraram um homem muito velho que fingiu ser bom e, os levou para sua casa para beberem um sumo. O sumo tinha um líquido que os transformou em sonâmbulos. Então, o velho fez deles seus criados. Faziam as camas, limpavam o pó, faziam a comida… No dia seguinte o velho disse: -Vão ao sótão buscar os meus sapatos para engraxarem.

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Quando o Francisco e o Miguel entraram no sótão encontraram uma bola mágica. Ao aproximarem-se da bola, ela começou a girar e a brilhar muito. Na rua, os pais que continuavam a procurar os filhos, viram um brilho estranho no sótão daquela casa. Olharam mais de perto e viram a sombra dos seus dois meninos. Decidiram ir bater à porta da casa: -Truz! Truz! Truz! Ouviram-se passos mas ninguém abriu. Não abriram, porque pensavam que eram estranhos. Ao tocarem na bola, o sonambulismo passou e eles conseguiram abrir a porta. Para não passarem pelo velho aproveitaram uma escada que estava pendurada na parte de fora da janela. O velho, ao ver que nunca mais vinham, decidiu ir procurá-los. Ficou muito zangado, quando não os encontrou. Entretanto, os meninos e os pais chegaram ao quintal e apareceram dois cães muito perigosos. O pai do Francisco atirou-lhes um osso, que os deixou cheios de comichão e a dançar. Conseguiram fugir e chegaram a um bosque onde havia muitos animais ferozes. O dia não estava a correr nada bem… Eles precisavam urgentemente de sair dali. E nem sequer tinham um telemóvel… Será que o pai do Francisco, como cientista, teria algum truque escondido?... Os dois meninos estavam cheios de medo e começaram a chorar ao verem que os animais se estavam a aproximar. O pai do Francisco pensou um pouco e lembrou-se que tinha no bolso do casaco um pequeno frasco com um líquido que dava imensa força e disse -lhes: - Fiquem calmos que eu já encontrei a solução!

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Então, beberam todos um bocadinho do líquido, pegaram em paus grossos e começaram a lutar com os animais. A luta durou bastante tempo mas os animais acabaram por ficar exaustos e desistiram de os atacar. Os pais e os meninos ficaram mais calmos e seguiram o seu caminho, mas o bosque parecia não ter fim e caminharam quase toda a noite. De repente, o efeito do líquido acabou, desataram a fugir e foram parar a uma caverna, que tinha lá dentro um laboratório, que estava abandonado. Nesse laboratório, existia uma máquina do tempo que os levou para o ano de 2070. Que estranho! Tudo ficou muito estranho, estranho de mais… para ser verdade. Os pais tinham os cabelos brancos e uma barba muito comprida, estavam mais velhos e sem força para caminhar. Os meninos estavam também mais velhos mas cheios de energia para continuar. De repente, começou a chover… Era urgente procurar um abrigo. O que estava mais perto era uma casa velha e abandonada. Havia muitas teias de aranha! Parecia uma casa fantasma! Apesar do medo, decidiram entrar, pois a chuva era muita e não tinham alternativa. Receosos, foram olhando para todos os lados, não fosse aparecer algum fantasma. Foi então que apareceu um fantasma de verdade…o susto foi grande e desataram todos a correr para fora da casa. Mas a chuva era muita e a casa era o único abrigo. Receosos, voltaram a entrar. Olharam em seu redor e a casa tinha aspecto de abandonada. Chamaram, mas ninguém respondeu. Resolveram explorar a casa e subiram até ao segundo andar. Durante a subida partiu-se um dos degraus… foi só o ranger da madeira. Na realidade nada encontraram na casa. Era apenas uma casa velha e abandonada que nada tinha para oferecer. Mas havia, ainda, um sótão para explorar. Subiram e viram uma grande máquina parecida com aquela que os

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tinha transportado até ali e outros materiais que eram familiares ao Francisco. Na realidade, o Francisco conhecia aquele lugar. Era a sua velha casa… a casa onde nasceu e cresceu com o seu pai. Começou a recordar todos os momentos que ali tinha vivido. Foi lindo, mas estava na hora de voltar para o seu ano de vida e tirar o seu pai daquela velhice em que se encontrava. Assim, eles entraram todos na máquina do tempo e carregaram num botão. Mas a máquina não funcionou…O Francisco lembrou -se então do tempo em que ele era pequeno e invisível. Ele sabia onde o pai guardava as chaves da máquina do tempo! Foi buscá-las a correr, girou a chave e a máquina funcionou! Todos acabaram por regressar à época em que o Francisco e o Miguel eram crianças. Estavam de novo no parque onde tudo tinha começado. Mas, uma coisa estranha ocorreu: só os meninos se recordavam do que tinha acontecido! Decidiram chamar os pais para brincarem com eles e já não foram ver os cachorrinhos da vizinha do Miguel…Todos juntos, passaram uma tarde muito divertida!

História criada pelos 1ºanos de escolaridade Agrupamento de Escolas Pêro da Covilhã Ano lectivo 2009-10

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Espelho mágico

O pai da Ana foi transferido e isso implicava a mudança de toda a família. Mudaram de localidade e de casa. Alugaram uma casa no campo, que tinha um sótão. Nesse sótão, havia um espelho redondo que parecia antigo. De vez em quando a Ana ia para lá brincar e gostava de se mirar no espelho. Uma vez reparou que as suas feições mudaram momentaneamente e, ao tocar no espelho, reparou que a sua mão o trespassava. Tentou com o corpo e deparou-se, do outro lado, com um mundo diferente do seu. O mundo era todo branquinho, nada tinha cor. Ana fez um ar de espanto e pensou regressar ao sótão para trazer o seu estojo de pinturas. Assim que chegou ao sótão, verificou que junto ao seu estojo estava a sua boneca de porcelana, o seu ursinho de peluche e o seu carro de bombeiros. Pensou, pensou e decidiu levar consigo os seus brinquedos preferidos. Ao entrar no mundo branco, os seus brinquedos adquiriram vida. Os brinquedos, de tão contentes que estavam, começaram a andar feitos tontos, de um lado para o outro. A certa altura, o ursinho encontrou um lápis de carvão e, ao pegar nele, reparou que era diferente, porque começou a conversar com ele. Este disse-lhe que era mágico e que tudo o que desenhava ficava com vida. O urso ficou entusiasmado e foi logo contar à Ana. Ela pensou, de imediato, em pedir-lhe para desenhar os amigos que tinha deixado na outra terra. O lápis então disse-lhe:

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- Eu tenho de saber como são os teus amigos! A Ana contou-lhe: - Um dos meus amigos é o Luís, ele é alto, magro e gosta muito de ler e estudar. A Olga é a minha melhor amiga, ela é alta, rechonchuda e gosta muito de brincar. É especial, posso contar-lhe segredos, problemas, desabafar… Pouco a pouco a Ana falou de todos os seus amigos e o lápis começou a desenhá-los. Primeiro, desenhou o Luís com os seus cabelos encaracolados e castanhos, na mão colocou-lhe um livro de histórias de encantar e o Luís, como por magia, ganhou vida! Olhou à sua volta e viu, naquele mundo sem cor, a sua amiga Ana que lhe disse: - Este mundo é diferente do nosso. Eu pedi ao lápis mágico que te desenhasse para me ajudares a colori-lo. -Fizeste bem, Ana. Eu vou começar a colorir o arco-íris. - Boa ideia, eu vou pedir ao lápis que desenhe a nossa amiga Olga para também nos ajudar a pintar este mundo. Assim dito, assim feito, logo a amiga Olga foi desenhada pelo brioso lápis mágico. - Olá Ana, olá Luís, mas como é que eu aqui cheguei? - Foi obra do nosso amigo lápis. – Respondeu a Ana. Após terem posto a conversa em dia, decidiram então pedir ao lápis que desenhasse umas casas, para eles as poderem pintar de modo a que o mundo branco pudesse começar a ficar mais colorido. Mal o lápis acabou de desenhar as casas, os três amigos meteram mãos à obra, pegaram nas tintas e nos pincéis e começaram a colorir o pálido mundo branco. Depois de terem o mundo mais

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colorido ficaram a olhar e, por magia, a escola e os pais apareceram-lhes á frente. Muito surpresos, perguntaram: - Isto é obra vossa? - Sim. - Responderam receosos. - Que mundo bonito! – Disseram os pais em coro. - Gostaríamos muito de viver aqui. – Disse a Olga. Enquanto os amigos conversavam com os pais, o lápis com a sua magia, encheu o mundo de plantas, animais, rios e um Sol gigante. O tempo passava e, ao anoitecer, aperceberam-se, surpresos, que o local, onde se encontrava o espelho, desaparecera. - OH…! Como é que sairemos daqui? – Pergunta a Ana que, no entanto, fica sem ouvir resposta. Entretanto, lembrou-se de pedir ao lápis para desenhar um espelho. Ele assim fez. A Ana experimentou com a mão para ver se conseguia o mesmo efeito do primeiro espelho e ficou surpreendida ao verificar que tinha resultado. Decidiu passar então para o outro lado. - Meu Deus! – Exclamou ela – Isto não é o sótão da minha casa! Vendo-se noutro mundo, desta vez todo negro, ficou sem saber muito bem o que fazer e o que a podia esperar dali. Ana, assustada e ansiosa, pediu ao lápis mágico que fizesse alguma coisa porque precisava de luz. E, de repente, surgiram no céu muitas estrelas brilhantes e uma lua enorme que iluminavam um caminho. A menina começou a caminhar convencida de que brevemente ia ter com os seus pais e amigos. Caminhou, caminhou… caminhou e parecia que não tinha saído do mesmo sítio!... 21


- Pai, mãe, Luís, Olga. Onde é que vocês estão? – Gritou com toda a força. Estava a ficar cansada e com muito sono. Mas, subitamente, ouviu uma voz que lhe era familiar! - Ana, querida. Acorda! Está na hora de ires para a escola. Era o pai que a acabara de acordar e lhe dera um beijo na testa. Ela abriu os olhos e fez uma careta… - Então, meu amor, dormiste mal? - Não, pai. Estava a ter um sonho lindo e… foi pena não ter continuado! – Disse a Ana enquanto esticava os braços e bocejava ao mesmo tempo. - Desculpa, minha querida. Mas… tu sabes que não deves chegar atrasada à escola.

História criada pelos 2ºanos de escolaridade Agrupamento de Escolas Pêro da Covilhã Ano lectivo 2009-10

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Palavra mágica Quando brincava, o Rui inventava palavras. Ao pronunciá-las, reparou que uma delas fazia movimentar alguns dos seus brinquedos. Apercebeu-se que era mágica. Com ela poderia realizar alguns dos seus sonhos. Essa palavra era “IMAGINAÇÃO”. E ao dizê-la tantas vezes decorou-a! Um dia, quando brincava com o seu carro de corrida, repetiu a palavra três vezes e abriu-se um portal. Ele viu uma luz lá ao fundo e ouviu uma voz que lhe disse: -Vem até aqui, vou levar-te aos teus sonhos! O Rui foi até à luz e encontrou três caminhos com cor vermelha, amarela e verde. Quando se aproximou do caminho vermelho, descobriu pegadas que diziam Itália. Ao virar-se para o caminho amarelo, encontrou círculos com o nome Paris. Por fim, pisou o caminho verde e viu castelos a dizer Disneylândia. O Rui ficou deslumbrado! A sua alegria foi tão grande que começou a dar saltos, não se apercebendo que o chão estava molhado. E zás! Escorregou e deu uma cambalhota, rebolando até à Disneylândia. Ao ver-se lá, o Rui não sabia onde ir primeiro, tinha tantas coisas divertidas! Resolveu ir à Montanha Russa, mas ao ver a sua altura, tremeu da cabeça aos pés. Estava ele a pensar no que ia fazer, quando apareceu um coelho. Não era um coelho qualquer, era nem mais nem menos o coelho da história Alice no País das Maravilhas. O Rui perguntou-lhe:

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- Podes ajudar-me a encontrar o carrossel? - Não! Exclamou o coelho. Estou apressado, preciso de encontrar a Alice! Por acaso não a encontraste? Quando o Rui lhe ia responder, o coelho desapareceu. -Bem! -Exclamou o Rui -vou explorar sozinho este lugar. De repente, num abrir e fechar de olhos, o Rui viu-se rodeado pelas personagens das histórias que ele já tinha lido na escola. O Rui estava pasmado e maravilhado! Um dos seus sonhos era precisamente conhecer as personagens das histórias que tinha ouvido em casa dos avós e na escola! Chegou o Peter Pan, acompanhado da Sininho; o Capuchinho Vermelho com a avozinha e o lobo mau; os três porquinhos; o Pinóquio e o Gepetto e até o Mickey se aproximou do Rui, juntamente com a Minnie, o Pateta, o Pluto, a Margarida e o Pato Donald. Logo que se refez do susto, o Rui perguntou ao Mickey: - Podes ajudar-me a encontrar o carrossel? - Não necessitas que nós te ajudemos – exclamou o Mickey. Já te esqueceste que se disseres a palavra mágica os teus sonhos são realizados? - Pois é – respondeu o Rui, pensativo. - “IMAGINAÇÂO”. O sonho cumpriu-se e, num abrir e fechar de olhos, estavam todos no carrossel, ele e todas aquelas personagens das histórias infantis. Lá do alto, o Rui via todos os locais onde se passaram as histórias. Estava estupefacto! Como seria bom se ele se transformasse numa personagem de uma daquelas histórias!... O Rui pensativo sonhava: talvez ser o Mickey, ou então o Pluto.

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-Não, nada disso! Quero ser o Peter Pan. O Rui indeciso não sabia qual das personagens queria ser. Foi, então, que ele teve uma ideia e repetiu a palavra “Imaginação” três vezes. Abriu-se outra vez o portal. Mas, desta vez o caminho vermelho tinha pegadas a dizer América, no caminho amarelo encontrou círculos com o nome Londres e, quando pisou o caminho verde, viu Veneza. A aventura iria começar … Como eram bonitos os seus canais cheios de gôndolas …O Rui entusiasmado decidiu ir à descoberta. Apanhou uma gôndola e lá foi ele. Foi o momento mágico com que sempre sonhara. Na parte mais antiga da cidade, os canais eram estreitos e as casas pareciam estar mergulhadas na água e à medida que a gôndola ia avançando, o canal ia alargando e as gôndolas pareciam ficar maiores. De repente, o Rui viu passar uma gôndola diferente das outras, outra e mais outra...Parecia que iam para uma festa de sonhos, tão enfeitadas que iam. - Que bonitas! - Exclamou o Rui. - Vão enfeitadas com máscaras brilhantes e coloridas …Para onde é que irão? Para algum palácio, ou para uma festa? O Rui não se cansava de fazer perguntas, mas ninguém lhe respondia. Inquieto e curioso resolveu segui-las. Passaram a ponte dos Suspiros, a ponte do Ribalto sobre o grande canal, até que pararam na praça de São Marcos, onde havia muita gente mascarada de reis, rainhas, princesas, príncipes… - Parece que é Carnaval! Gostava tanto de estar ali! - Pensou o Rui. Enquanto espreitava atrás das colunas, aproximou-se dele uma princesa que lhe perguntou:

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- Estás aqui sozinho? Queres brincar comigo ao Carnaval? - Não, tenho de ir a outro sítio - disse o Rui. Pensou na palavra “IMAGINAÇÃO” e apareceu outro portal. Rui entrou no portal e viu um caminho amarelo a dizer Covilhã; também havia um caminho verde e um vermelho.O vermelho dizia Lisboa e o verde dizia Cabo Verde.O Rui foi para a Covilhã. Aí viu uma estrela e a estrela perguntou: - Queres brincar ao Carnaval da Neve? - Sim, respondeu o Rui. - Mas vai ser na Serra da Estrela que é o único sítio onde há neve. O Rui repetiu a palavra “IMAGINAÇÃO”. No cimo de uma montanha, apareceu uma casa cheia de fatos diferentes. O Rui foi escolher um fato para brincar com a estrela. Viu três fatos engraçados: o fato de palhaço, o de rei e o de cão. Estava indeciso, então, pediu opinião à estrela que estava vestida de Pai Natal. A estrela escolheu o fato de rei. Depois de tanta brincadeira, o Rui sentiu-se cansado e com saudades do pai e da mãe. Então, repetiu novamente a palavra “IMAGINAÇÂO” e num abrir e fechar de olhos, estava em casa a dormir.

História criada pelos 3ºanos de escolaridade Agrupamento de Escolas Pêro da Covilhã Ano lectivo 2009-10

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S.O.S A Sara estava na praia a brincar, a fazer castelos de areia. Quando se aproximou do mar e aguardou a onda chegar para encher o seu balde de água, avistou, muito perto de si, uma garrafa com um papel no interior. Por fora, conseguia ver-se as letras S.O.S. A Sara abriu a garrafa e viu que o bilhete era de uma ilha deserta dos mares do sul. Ela foi à procura de um barco, e, quando o encontrou, escondeu-o e foi chamar os amigos: o João, o Pedro, a Maria e o Jorge. Quando os encontrou explicou o que se estava a passar e foram todos investigar. Prepararam as mochilas com muita comida, muita água, lanternas, sacos cama, um ou dois jogos, casacos, cobertores, guarda-chuvas, o mapa e seguiram viagem. A meio da viagem apareceu uma tempestade muito forte, eles abriram o guarda-chuva e ficaram muito abrigados do frio. Quando o mar acalmou puderam ver os peixes que eram de várias cores, golfinhos, baleias, o som das gaivotas e toda a beleza do mar. Os meninos ficaram preocupados porque não sabiam onde andavam, mas, de repente, a Sara lembrou-se que tinham levado o mapa e ficaram todos mais tranquilos. Ao fim do dia, já cansados da viagem chegaram à ilha deserta… Atracaram o barco e partiram por entre uma densa floresta à procura de abrigo para pernoitarem. Já cansados de andar, encontraram uma gruta gigantesca. Entraram e, para se certificarem de que não havia lá ninguém, gritaram: - Olá! Está aqui alguém?

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Como ninguém respondeu, entraram e qual não foi o seu espanto, viram que havia uma mesa gigante com copos e pratos enormes, com muitas iguarias. Olharam uns para os outros assustados mas muito curiosos. - Afinal, a ilha não é deserta. Quem viverá aqui? – Retorquiu a Sara. Sentaram-se à mesa e comeram do que havia. De repente, começaram a ouvir vozes que se aproximavam. - Quem será? – Perguntou a Maria. - Vamo-nos esconder para descobrirmos. - Propôs o Pedro e o Jorge - Não, é melhor sairmos daqui. Vamos! – Respondeu o João. Quando se preparavam para sair, eis que surge um “GRANDE” PROBLEMA. Uma pedra enorme “PUM!”… bloqueou a saída. O que fazer agora? Tinham de pensar muito rápido numa solução. - Depressa! Escondam-se, aqui, debaixo da mesa! – Disse a Sara muito aflita. De imediato, entraram naquela sala três gigantes de aspecto horrível, cabeça roxa com um só pêlo, nariz abatatado, olhos esbugalhados, orelhas pontiagudas, tronco comprido e pernas curtas e peludas. Contrastando com a aparência, as suas vozes eram muito agudas e estridentes. O gigante que parecia ser o mais velho, transportava no ombro uma águia de três cabeças. Esta, mal entrou na sala, não parou de piar e de esvoaçar em grande alvoroço, avisando que qualquer coisa de estranho se passava. Foi, então, que o gigante mais novo, olhando para a mesa, disse com a sua vozinha: - Olhem! Já repararam? A nossa comida desapareceu!...

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- Tens razão! – Continuou o gigante do meio. – Miragi! Busca os intrusos! Com toda a agitação, a águia Miragi soltou algumas das suas penas, o que provocou uma grande alergia ao Jorge, que espirrou: - ATCHIM!... - Santinho! – Disseram os gigantes em coro. E os meninos exclamaram baixinho: - Upss!... O gigante mais velho sentou-se à mesa e disse ao gigante do meio: - Procura os intrusos, onde quer que eles estejam. - Esta bem, vou procurar. A Maria gritou para o João: - Tem cuidado, o gigante vai pisar-te! O gigante mais velho, que estava sentado à mesa, levantou a toalha e encontrou as crianças. - Oh! São só umas crianças, não são os caçadores. E trazem a nossa garrafa de S O S. Eles saíram debaixo da mesa e o Pedro e perguntou: - Vocês, vão-nos assar e depois comer? - Não! Claro que não, nós somos humanos, mas um feiticeiro maléfico enfeitiçou-nos, transformando-nos em gigantes, que, mesmo sem querer, tudo pisamos e estragamos. As pessoas revoltaram-se e querem matar-nos. Os caçadores andam atrás de nós, temos medo e não sabemos como resolver o problema. Ajudem-nos a sair deste feitiço. Por favor!!...

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O João como era o mais destemido, perguntou ao gigante mais velho: - Porque é que o feiticeiro maléfico vos transformou em gigantes? - Nós éramos crianças, como vocês, e andávamos na escola. Um dia, ao chegar à escola disseram-nos que tinha sido assaltada, resolvemos brincar aos detectives para desvendar esse enigma. Quando andávamos à procura de pistas, descobrimos na biblioteca, atrás de uma estante, um chapéu. Ao tentarmos agarrá-lo, ele desapareceu. Ficámos desconfiados, mas não contámos nada a ninguém. Saímos e, ao entrar numa sala de aulas, lá estava novamente o chapéu à frente do computador. Sem fazer barulho aproximámo-nos e quando já estávamos quase a apanhá-lo ele desapareceu. Ficámos intrigados, mas estava a tocar para entrar, fomos para as aulas. No dia seguinte, no caminho para a escola, vimos um homem muito esquisito, olhámos bem para ele e descobrimos que trazia, na cabeça, o chapéu que, no dia anterior, tínhamos visto na escola. Era o feiticeiro maléfico. Resolvemos segui-lo. Sempre atrás dele chegámos a uma casa suspeita e isolada. Quando ele abriu a porta, nós entrámos sem ele ver e escondemo-nos debaixo de uma cama. A sua casa tinha muitas riquezas e depressa avistámos as coisas que nos tinham roubado na escola. Saímos pela janela a correr, para contar à directora, mas o mágico apanhou-nos e lançounos um feitiço que nos transformou em gigantes. Não podendo voltar assim para as nossas famílias, resolvemos pegar num barco e fugir. Uma tempestade trouxe-nos até esta ilha, onde a nossa vida não tem sido fácil. Há caçadores que nos querem matar. Ainda os gigantes conversavam com as crianças, quando surgiu um grupo de homens prontos a disparar. Sem pensar duas vezes, as crianças

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colocaram-se em frente dos caçadores, não os deixando disparar, ao mesmo tempo que lhes diziam que estavam a cometer um erro enorme, porque os gigantes eram crianças que tinham sofrido um feitiço. Os caçadores, ao ouvirem, a história, acalmaram e juntaram-se aos meninos para ajudar. Um dos caçadores, o Sr. José, conhecia um Mago que morava na ilha e que poderia tirar esse feitiço. Combinaram formar grupos e sair só, no dia seguinte, de manhãzinha para o procurar. Nessa noite, prepararam a expedição que iria terminar ao pôr-do-sol, porque, no escuro, seria impossível continuarem a caminhada. Arranjaram comida, água, uma caixa de primeiros socorros para precaução e uma bússola. Não podiam esquecer a Miragi que também os poderia ajudar. Se algum dos grupos encontrasse algo suspeito, enviaria, ao outro, sinais de fumo. Quando terminaram os preparativos, foram descansar para que tudo corresse bem. De madrugada, mal acordaram, prepararam-se e partiram em busca do Mago. Um dos grupos foi em direcção ao Norte da ilha, o outro dirigiu-se para Sul. Sendo ele Mago, já suspeitava que o procuravam. Então, decidiu preparar-lhes uma armadilha para que tal nunca acontecesse, pois como tinha sido ele a lançar o feitiço que transformou as crianças em gigantes, tinha receio de ser denunciado. A armadilha estava no local onde os grupos tinham combinado encontrar-se. Quando chegaram, cansados e desiludidos por nada terem descoberto, um dos gigantes activou-a sem querer e caíram todos num buraco misterioso. Caíram uns em cima dos outros. Quando se refizeram da queda e conseguiram habituar os olhos à escuridão, puderam ver que o buraco era o início de um

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caminho, que começaram a percorrer, com toda a cautela. Andando em silêncio, com medo de encontrarem perigos, foram dar a um lago de cor azul, um azul tão belo como nunca tinham visto… Estavam maravilhados com a água e como o cansaço e o calor apertavam, decidiram meterem-se na água e tomarem um bom banho. Nadavam e brincavam todos, como bons amigos, e a amizade entre os gigantes e as crianças crescia. Eram agora amigos com um só objectivo: descobrir a maneira de desfazer o feitiço. E nadaram… nadaram… e o lago era, agora, o mar da praia onde a garrafa, com a mensagem, tinha aparecido. Os que já se sentiam cansados, por serem mais fracos, eram ajudados pelos fortes, que sabiam nadar melhor e com a praia a aproximar-se, o milagre da amizade e da entreajuda acontecia. Os gigantes já não eram gigantes, mas sim crianças normais como todas as outras, que ao chegarem à praia riam e davam vivas. Então, junto do calor da fogueira que acenderam, compreenderam que a amizade é o remédio mais eficaz contra todos os feitiços.

História criada pelos 4ºanos de escolaridade Agrupamento de Escolas Pêro da Covilhã Ano lectivo 2009-10

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Viagem no tempo O Homem não pára de criar, de inventar. Uma das últimas invenções foi a máquina de viajar no tempo. Como o Artur era astrónomo, foi contratado para testar a nova máquina, com o objectivo de registar tudo o que vir, ouvir e sentir nessa viagem. O Artur, feliz da vida, voou até casa para contar as novidades à sua família. Ao chegar ao portão do seu jardim, foi surpreendido pelo seu cão, Rutra, que o seguiu até à cozinha, onde esperava encontrar um bom petisco. - Olá, trago novidades! - Exclamou Artur ao deparar-se com a sua mulher. -Urf! Urf! - Clamava Rutra. -Conta lá, pai! - Pediram os filhos, Carlina e Corlum, a Artur. - Vá Artur, conta! – Pediu Elga, mulher de Artur. - Tenham calma! – Disse Artur, com um brilho nos olhos, enquanto se dirigia para a porta. Rutra ainda tentou ir atrás do dono, mas este impediu-o. - Acho que é desta que o pai nos vai oferecer a PS3, que tanto desejamos! - Segredou Corlum a Carlina. Quando, finalmente, Artur reapareceu, a ansiedade deu lugar à desilusão, pois, em vez da tão esperada PS3, Artur trazia apenas um computador portátil. Artur preparou-se para o ligar, mas apercebeu-se que não

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tinha bateria, por isso, foi ligar o carregador a uma tomada, mas algo inesperado aconteceu! - Ia, ia, ua, ua - gritou Artur de dor, numa linguagem que ninguém entendia. - Meugilsed a etnerroc acirtcèle, oãn ogisnoc ratneuga! - Continuou Artur, já desesperado. Eles ainda não sabiam, mas … Artur estava a falar Contrariês. Sem saber o que fazer, a família de Artur entrou em pânico. Artur, vendo que ninguém o compreendia, ganhou forças e conseguiu desligar, ele próprio, o carregador da tomada. Todos em coro perguntaram-lhe: - Como te sentes? O que te aconteceu? O que nos tentavas dizer? Artur, ainda um pouco confuso, respondeu: - A… máquina… a… a… máquina… od… opmet… Artur não conseguiu concluir a frase e desmaiou. Enquanto Carlina e a mãe tentavam desesperadamente reanimar Artur, Corlum reflectia sobre o comportamento inexplicável do pai. Tentando encontrar algumas respostas, atreveu-se, corajosamente, a ligar o portátil do pai. Começou, rapidamente, a vasculhar os ficheiros e descobriu algo inacreditável, verdadeiramente extraordinário! Entretanto, Corlum sentiu uma mão no ombro e voltou-se para trás, não conseguindo evitar um grito de susto. Estava atrás dele uma criatura muito estranha, coberta de longos pêlos, envolta numa pele de animal e trazia na mão um instrumento parecido com uma moca. A criatura parecia estar muito assustada e terrivelmente impressionada. Perante esse ser misterioso, que mais parecia ser uma aparição fantástica, Corlum não conseguiu reagir,

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ficou imóvel, com os cabelos em pé, durante uns bons segundos. De repente, Corlum teve uma sensação terrível, apercebeu-se de que aquela criatura era de facto um homem das cavernas, muito semelhante aos do seu livro de História. Ainda pensou que estava alucinado, mas depressa lhe ocorreu um pensamento completamente louco: “Será que foi o computador que conseguiu transportar para o presente este ser?” Subitamente, o homem das cavernas começou a grunhir e a gesticular, olhou em direcção à janela que estava aberta e, num ápice, saltou para a rua onde Rutra ladrava ferozmente. Com tantas emoções, em tão pouco tempo, Corlum ficou desorientado, sem saber que pensar ou fazer. Entretanto, Artur tinha recuperado os sentidos, mas Elga e Carlina continuavam petrificadas com o que tinham acabado de ver. - O rodatupmoc! asserpeD! – Gritou Artur. Elga, muito angustiada, tentou perceber o que Artur pretendia. Corlum, com tamanha aflição, tropeçou no fio do computador e, na queda, com o cotovelo carregou no teclado e, como por magia, subitamente o homem das cavernas, que estava inexplicavelmente no jardim, desapareceu. “Para onde teria ido? O que lhe teria acontecido?” A atrapalhação era enorme. Cada um pensava lá para si, mas não sabiam a resposta. Entretanto, um barulho enorme fez estremecer toda a casa e causou ainda maior confusão. Outro se seguiu, mas desta vez um clarão iluminou toda a sala, indicando que uma forte trovoada se abatia sobre a cidade. Tudo ficou às escuras. Fez-se silêncio. Só Rutra, lá fora, continuava a ladrar furiosamente.

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Alguns instantes depois, a sala voltou a iluminar-se. Artur estava ainda atordoado e não conseguia dizer nada. Elga e os miúdos estavam também confusos. O ecrã do computador ficara negro, sem qualquer imagem. - Eh pá, e agora? – Interrogou-se Corlum, à espera que alguém desse uma ideia. - Carrega numa tecla qualquer para ver o que dá! – Sugeriu Carlina. E assim foi. De repente, no computador começou a aparecer lentamente uma paisagem amarelada e a parecer areia. - Ei, o que é isto? – Perguntaram ambos ao mesmo tempo. - Ou me engano muito, ou são as Pirâmides de Gizé, no Egipto. – Comentou a mãe -Que estranho! - Olhem! E aquilo ali parece um urso!… - disse Corlum. - Sim, é peludo! Mas não é um urso. É o homem das cavernas que desapareceu daqui. – Acrescentou a mãe. Corlum debruçou-se sobre o ecrã para ver melhor, mas Rutra entrou na sala a correr, dirigiu-se ao computador e carregou na tecla E. UPS… o computador transportou-os para o Egipto. - Estamos onde? – Perguntou Carlina. - Ah! O computador trouxe-nos para o Egipto! – Gritou a mãe. De repente, o chão tremeu, as Pirâmides de Gizé transformaram-se numa leoa gigante, os dois irmãos, a mãe e o Rutra apressaram-se a fugir, escondendo-se num túmulo. - Ó mãe onde nos metemos? – Perguntou Carlina, aflita. - Não sei bem, mas julgo que é um túmulo! – Respondeu Elga.

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Corlum acrescentou: - É o túmulo de um faraó, eu estudei isso em HGP. Temos que estar atentos, pois deve ter muitas armadilhas. - Fixe! Vamos procurar tochas para o explorar! – Sugeriu Carlina entusiasmada. Enquanto conversavam, um vulto aproximou-se e quando se viraram, deram de caras com o homem das cavernas, que lhes deu um mapa. Elga, a medo, aceitou-o. - É um mapa do tesouro! – Disse Corlum, desdobrando-o. - Ena pá! Bora lá, à procura dessas riquezas! – Sugeriu a irmã. Rutra, agitado, correu pelo túmulo a fora e caiu num buraco, latindo muito. Todos correm na direcção dele: - Rutra, estás bem? – Gritaram, olhando para baixo. - Au, Au! – Respondeu o cão magoado. Um dos irmãos desceu e foi buscar Rutra, mas não sabia como subir. Carlina disse para Elga: - Podemos ir lá fora tentar encontrar uma corda. Enquanto falavam, apareceu o homem das cavernas, que lhes disse para descerem com ele, pois conhecia uma passagem secreta. Quando chegaram lá, viram que Rutra tinha uma pata magoada. Como a mãe era enfermeira foi pedir algum material ao homem das cavernas. O homem das cavernas encontrava-se dentro de uma pirâmide. Dentro dessa pirâmide encontraram uma tocha que lhes iluminou o caminho. Havia lá pedras amarelas, laranjas, castanhas,

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cinzentas, pretas e brancas. Então, apanharam todas as pedras que encontraram na entrada da pirâmide e usaram-nas para não se perderem. Carlina afirmou: - De que é que estamos á espera, bora lá procurar o tesouro. - Carlina, espera! Vamos primeiro curar o Rutra. - relembrou Elga. - Tens razão! Tive uma ideia - gritou Carlina, toda entusiamada precisamos de água e plantas para curar o Rutra. Passado algum tempo, encontraram uma pequena ribeira na qual estavam umas plantas, que Carlina e Elga viram num livro sobre Medicina. Com a ajuda da água e das plantas fizeram um medicamento para curar Rutra. Depois de Rutra estar curado, Elga e Carlina partiram em busca do tesouro. Após muita procura, encontraram uma caverna muito diferente. Arriscaram entrar nela. Quando entraram na caverna, viram a estátua da rainha do Egipto e nela encontraram uma porta subterrânea. Entraram e ficaram encantados com o que viram. Assim que entraram na porta subterrânea, ficaram surpreendidos, viram imensas jóias do Egipto. Então, passaram a mão sobre uma das jóias e ouviu-se um suave tilintar de um belo diamante. Carlina assustou-se, não sabia o que pensar e sem mais demora perguntou à mãe: - Mãe, que se passa, de onde vem este barulho tão encantador?! E a mãe, tentando acalmá-la, disse: - Calma filha, não fiques tão assustada com um simples ruído. Carlina questionou:

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- Mas mãe, não vamos tentar descobrir este enigma, como acontece nos livros de aventuras que eu adoro ler?! Olha, e por falar em histórias de aventuras, onde está o Corlum e o computador? A mãe esclareceu: -Talvez estejam lá fora, tentando encontrar pistas… Vamos ter com eles ou resolvemos o enigma? Enquanto decidiam, ouviu-se um latido… - Escuta mãe, será o Rutra? - Perguntou Carlina. - Vamos espreitar filha, depressa, e depois voltamos ao enigma! respondeu Elga. E as duas, apressadamente, dirigiram-se para a entrada da caverna. Ao chegarem, depararam-se com Cleópatra e o seu exército que tinham capturado Rutra e Corlum. A rainha do Egipto dirigiu-se a elas: - Quem são vocês? - Somos todos amigos e não vos queremos fazer mal… - tentou explicar a mãe. - Silêncio! Vocês estão aqui para me roubar! – Interrompeu Cleópatra. - Nós só queremos voltar para casa. O que podemos fazer para ter de volta os nossos amigos? – Perguntou a Elga. - Pois bem, se querem os vossos amigos de volta, têm que descobrir o meu diamante, que foi escondido nessa caverna pelo faraó ciumento. – Informou a rainha. - Mas, mãe, a caverna está cheia de armadilhas! – Sussurrou Carlina.

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- Não te preocupes, nós já sabemos o caminho para o tesouro. – Disse a mãe, e dirigindo-se a Cleópatra: - Tudo bem, nós encontramos o diamante e, em troca, ajuda-nos a regressar a casa. Cleópatra concordou. Assim que o diamante foi encontrado, cumpriu o prometido, ajudando-os a regressar a casa.

História criada pelos 5ºanos de escolaridade Agrupamento de Escolas Pêro da Covilhã Ano lectivo 2009-10

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A ilha misteriosa A família da Sofia foi dar um passeio de barco. De repente, viram-se em alto mar e com uma tempestade a aproximar-se. A tempestade chegou e o barco naufragou. De manhã, quando acordou, Sofia olhou à sua volta e reparou que estava numa ilha deserta. Desesperada, por se ver sozinha, procurou os pais, mas só encontrou um nativo, que não falava a sua língua. Ambos tentavam falar, gesticulando. Sofia não percebia nada e tentava explicar o que lhe tinha acontecido. O homem continuava a gesticular e, pelo tom de voz e pelos gestos, Sofia teve a certeza de que ele não lhe queria fazer mal mas que teria que fazer tudo o que ele lhe ordenasse. Então, lembrou-se de escrever o seu nome na areia. Agarrou num pau e começou a desenhar, uma por uma, as letras na areia molhada. O homem olhava com ar desconfiado para Sofia, enquanto ela batia com a mão no peito, soletrando S-O-F-I-A, S-O-F-I-A. De repente, o nativo deu um grito e, num instante, apareceram dezenas de outros nativos, acompanhados de mulheres e crianças. Usavam roupas feitas de folhas de árvores e as mulheres usavam colares à volta do pescoço e dos braços e nos tornozelos. Sofia olhava com curiosidade e um pouco assustada aqueles rostos queimados pelo sol e começava a sentir-se demasiado cansada e fraca. Percebeu, então, que o chefe queria que ela os acompanhasse e, depois de terem caminhado durante algum tempo pelo interior da ilha, chegaram a uma pequena aldeia.

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Na cabeça de Sofia, tudo estava muito confuso. Onde estariam os pais e o seu irmão? Estariam no outro lado da ilha, em segurança? Uma lágrima correu pela sua face. Os seus pensamentos foram interrompidos por uma criança que lhe estendeu uma malga feita de madeira, cheia de frutos apetitosos. Sofia sorriu, sentou-se no chão e começou a comer. Lentamente, começou a sentir-se tonta, a perder as forças até que ficou completamente inanimada. Acordou, sentindo algo quente e áspero que lhe lambia a cara. Deu um salto e reparou num enorme cão, com pêlo preto e brilhante que parecia querer dizer-lhe algo importante. Olhou à sua volta e não havia ninguém. Teria sonhado? Onde estariam todos aqueles que ela tinha conhecido nessa manhã? Então, o cão começou a empurrá-la até à entrada duma gruta que se encontrava escondida entre árvores gigantes… Receosa aventurou-se a entrar. Logo à entrada, deparou com um espaço grande, que mais parecia um salão de festas, na penumbra, abandonado e esquecido, há alguns anos, e, de si para si, pensou: - «É aqui que vamos ficar esta noite!» Apercebeu-se, entretanto, que a gruta deveria ser muito maior do que parecia mas, cansada como estava e sem luz, decidiu adiar a sua exploração para o dia seguinte. Lá fora, o horizonte, raiado de tons avermelhados, anunciava a aproximação da noite. Sofia lembrou-se, então, que ainda não tinha comido nada desde que tinha ido parar àquela ilha e que precisava de lenha para ter luz e calor durante a noite e saiu, acompanhada pelo seu novo amigo. Subiu a árvores e apanhou frutas variadas e com os mais diversos sabores. Passou por uma

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pequena cascata e saciou a sua sede. Pegou em duas pedras e na lenha que tinha juntado e regressou à sua «nova» casa. Antes que a noite cobrisse toda a ilha, preparou a fogueira e, como tinha aprendido na escola, com as duas pedras que apanhara, acendeu-a. Algum tempo depois, enroscada ao seu amigo, Sofia tentava dormir mas não conseguia. Na sua cabeça, fervilhava um turbilhão de pensamentos: «Onde estão os meus pais?», «Porque me abandonaram aqui?», «O que aconteceu?». Finalmente, vencida pelo cansaço e aquecida pelo calor da fogueira deixou-se adormecer. O Sol já ia alto, quando Sofia acordou com o rebentamento das ondas do mar. Com a graça de uma princesa, espreguiçou os seus membros doridos, esfregou os seus lindos olhos azuis, abriu-os de mansinho e,... onde estava o seu amigo? Tinha desaparecido…apenas restavam na areia, as suas pegadas. Sofia sentiu uma tristeza sem fim, novamente estava só nesta imensidão desconhecida. Primeiro os pais, agora o cão… que mais lhe poderia acontecer? Tanto infortúnio junto, era mesmo azar! – Nem um nome eu lhe dei – pensou Sofia – como hei-de chamar por ele? A exploração da gruta deixou de ser a sua prioridade, era preciso encontrá-lo! Não queria ficar novamente sozinha e o seu amigo cão, talvez a ajudasse a descobrir a sua família. Antes de partir, Sofia comeu algumas peças de fruta recolhidas na véspera e tentou ganhar coragem para empreender as suas buscas. Ela estava consciente das dificuldades que a esperavam, não ia ser tarefa fácil, pois, as

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pegadas fora da gruta foram levadas pelas ondas que vinham quebrar-se na praia de areia fina. Com uma vontade imensa de encontrar o seu amigo partiu… Hesitante, começou a embrenhar-se na densa floresta. Esta, ensombrada pela débil luz do dia que penetrava pelas frondosas copas das gigantes árvores, que estendiam os seus braços para o céu como se quisessem apanhar as nuvens, amedrontava-a. Durante o percurso, bastante acidentado, fantasiava sobre o que poderia encontrar. Na sua memória bailavam as histórias que ouvira contar, em criança, sobre ilhas perdidas no meio do oceano: pássaros enormes que cruzam o céu, rios de águas revoltas povoados de peixes carnívoros, barulhos medonhos, que ecoam por entre a vegetação, sem ninguém saber de onde provêm… Todos estes relatos pareciam tolher-lhe os movimentos. - Crarrc… crarrc… Este barulho trouxe-a de volta à realidade, gelando-lhe o sangue nas veias. - Que foi isto? - Murmurou petrificada. - Talvez o melhor seja voltar para a segurança da gruta… De repente, um veado apareceu por entre o arvoredo. - Ufa! - Respirou de alívio. Que grande susto o veado me pregou! Mais descansada, continuou a sua cruzada. Quando os últimos raios de sol se escondiam no horizonte decidiu parar para descansar. Encostada a uma árvore pensava na sua casa e no carinho da sua família. Perdida nos seus pensamentos viu um vulto a serpentear por entre os arbustos.

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- Parece o meu amigo cão… Levantou-se de um salto e começou a correr atrás dele. Durante esta corrida desenfreada, inesperadamente, o chão fugiu-lhe debaixo dos pés e, de um momento para o outro, viu-se a rebolar por uma encosta, sem conseguir evitar os trambolhões para

a esquerda

trambolhões para a direita

e foi cair lá a b a i x o… … … … … … dentro de um buraco, inanimada. Uma hora duas horas três horas se passaram até recuperar os sentidos. Lentamente, foi abrindo os olhos. Tentou mexer-se mas o seu corpo estava demasiado dorido para obedecer. Deixou-se ficar imóvel. Gotas de água, geladas, escorriam-lhe pelo rosto, ensanguentado. A sua cabeça era um ponto de interrogação… Onde estaria? A escuridão e o silêncio envolviam-na. A quebrá-lo só as gotas de água que ao caírem num poço faziam pling

ploc

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pling


ploc

pling

pling

como se fossem notas saídas de um piano. Levantou, ligeiramente, a cabeça e viu que estava em cima de um arbusto. Olhou em redor e vislumbrou um vulto que se aproximava, a p r o x i m a v a, a p r o x i m a v a … … O seu corpo retraiu-se mas ao sentir algo quente e molhado na cara estendeu o braço para o vulto e ao tocar-lhe o seu coração encheu-se de alegria … era o seu amigo de quatro patas! O cão começou a ladrar e ela ria que nem uma perdida… Ele ajudou-a a levantar-se e Sofia abraçou-o. Ao tocar-lhe na coleira, uma luz intensa brilhou na escuridão… Protegeu os olhos com o braço. Quando tudo serenou, nem queria acreditar no que os seus olhos viam… O seu irmão estava à sua frente… agarrou-se a ele a chorar… - Tu?! Como vieste aqui parar? - É uma longa história… Após o naufrágio, um nativo levou-me para a sua aldeia. Lá, comi daqueles frutos apetitosos que a criança te deu e te deixaram inanimada… - Como sabes isso? – Interrompeu-o, curiosa. - Eu estava lá. Os frutos que te deixaram sem reacção, a mim, transformaram-me em cão. A coleira que tinha ao pescoço era mágica. Quando lhe tocaste quebraste o feitiço. - Pareciam tão simpáticos! Que motivos teriam para nos fazer isto? O que querem de nós? - Ainda não descobri… - Podes explicar-me como vim parar a esta ilha? 46


- Posso. Mas só amanhã. Agora temos que descansar. Amanhã, temos que tentar encontrar uma saída. Só assim podemos procurar os nossos pais. Esgotados pelo esforço e pelas emoções do dia, os dois irmãos adormeceram daí a pouco e dormiram toda a noite de um sono só. A tímida claridade da manhã despertou-os. Em redor, a chuva tropical caía nas plantas com um som forte e despertava o cheiro da terra molhada. Este cheiro lembravalhes as tardes que passavam com a mãe, no jardim. A mãe gostava muito de plantas verdes, de flores e de chuva. A recordação da mãe avivou neles a necessidade de saírem dali. Então, levantaram-se rapidamente. Rui cruzou os dedos das suas mãos em “pé de ladrão”, Sofia trepou para as mãos do irmão, agarrou-se a uma rocha, que estava junto do buraco, e conseguiu sair. Pouco depois, com a ajuda de uma liana comprida e resistente introduzida no buraco, puxou Rui para fora. Com as roupas encharcadas e esfarrapadas pelos espinhos ásperos de algumas plantas, encontraram finalmente um sítio para ficarem. Era uma cabana pequena, feita de madeira, em cima de uma sequóia. - É enorme a árvore! Como vamos subir? – Perguntou Sofia. Logo uma escada rolou pela sequóia abaixo. Subiram, arriscando tudo por tudo. Finalmente, chegaram. Cautelosamente, abriram a porta. Era uma sala enorme, com o quíntuplo do tamanho que a cabaninha, lá em baixo, aparentava ter. Tinha milhões, talvez biliões, triliões de gavetas. - Esperava-te há um ror de tempo, Sofia… Vejo que trouxeste o teu irmão - falou um vulto dentro de uma porta.

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À medida que a luz embatia no vulto, mais se conseguiam ver os seus olhinhos salientes, esbugalhados!... Era um camaleão. No entanto, Sofia nada estranhou, pois o camaleão era sábio e estabelecer uma conversa com ele foi bastante fácil e agradável. Cheia de curiosidade e excitação, Sofia interrogou: - Para que servem todas estas gavetas? - Isto, minha menina, são os sentimentos de todas as pessoas – explicou o camaleão – Têm três portas à escolha. Só podem escolher duas. - Qual delas escolhemos primeiro, mano? – Perguntou Sofia. - Não sei. Mas para que queremos exactamente escolher? - Uma das portas contém a chave para abrirem a gaveta do vosso pai, a qual poderá mostrar onde ele está, e outra ajudar-vos-á na busca pela vossa mãe. Hesitantes, escolheram a porta do meio. Era maravilhoso. Um imenso lençol azul-marinho os envolvia. Era o mar. Rapidamente e felizmente, encontraram a chave dentro de uma ostra. De volta à superfície: - Estive a pensar e já sei qual escolher. Se a mãe estivesse perdida, ia certamente para um jardim cheio de flores! – Exclamou Sofia, apontando para a porta da esquerda, que tinha uma flor a espreitar por uma fisga – Tu ficas cá e abres a gaveta do pai e eu vou à procura da mãe. Quando Rui abriu a gaveta, não podia acreditar: - Mas o pai está… Entretanto, no jardim, Sofia ouviu um barulho ensurdecedor por entre as árvores. - Mãe, és tu…?

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Logo que Sofia disse estas palavras, brotou do chão uma imponente planta carnívora. Numa das suas flores, Sofia pôde ver aquilo que julgou ser uma mensagem num código desconhecido:

« »

Perturbada e confusa, Sofia não sabia o que fazer e perguntava a si mesma como ia decifrar o sentido daqueles símbolos. A certa altura, apareceu uma arara cujas penas de cores fortes atraíram completamente a atenção de Sofia. Era uma ave encantadora. E olhava a menina como se a conhecesse bem. Entretanto, a ave falou: - Procura a iguana Joana, ela é verde como uma cana, muito pequena e muito inteligente. Assim, é fácil identificá-la. Sofia andou, andou e chegou ao outro lado da ilha. Encontrou um macaco engraçado e perguntou-lhe se conhecia a iguana Joana. Mas deixou-se rir com as caretas que ele fazia. Daí a pouco, olhou à esquerda e viu uma placa, perto da entrada de uma gruta, a indicar:”Cabana de Joana, a iguana”. Sofia entrou e logo apareceu a iguana. «É na verdade muito verde, a arara tem razão» pensou Sofia, enquanto a iguana se aproximava. Sem demoras, a menina explicou ao que ia. Joana compreendeu o seu problema mas, afirmando-se muito ocupada, aconselhou: - Para o código decifrar, um lobo a ler o jornal terás de encontrar.

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Sofia interrogou-se: «Um lobo a ler o jornal?» E, com a força de quem queria, a todo o custo, encontrar a mãe, foi à procura dele. Encontrou-o sentado numa rocha, à sombra de uma palmeira. Sofia, receosa, disse: - Desculpe, será que podia fazer-me um favor? - Claro! Estava a ver que não chegavas. Vamos lá! O Sol já se estava a pôr, o azul suavíssimo do céu ganhava aqui e além luminosos tons alaranjados. O lobo e Sofia puseram-se a caminho e andaram durante algumas horas. A meio da noite, descansaram numa pequena toca, Sofia estava exausta. Quando a claridade da manhã começou a romper, retomaram a caminhada. Uma hora depois, estavam junto da grande planta carnívora. - A mensagem está ali, naquela pétala, não a consigo entender… - Oh! Dá-me um minutinho – pediu o lobo. Sofia pôs-se a observar a planta e repentinamente gritou. - Cuidado! Na verdade, a arara estava em cima da planta carnívora. Rápida e decidida, Sofia trepou até ao topo e, ao tocar na ave, uma coisa espantosa aconteceu: - Mãe! - Olá, Sofia - murmurou a mãe. As duas abraçaram-se. Duas lágrimas soltaram-se dos seus olhos claros. - Já sei – gritou o lobo - «A cabeça tens de bem usar para a tua mãe encontrar». Mas vejo que já não é preciso… Os três riram com vontade. Pouco

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depois, mãe e filha despediram-se do lobo e dirigiram-se à cabana da sequóia. Rui apareceu à entrada, tristonho e abatido. - Encontraste o pai? Ele está bem? – Interrogou a irmã, fazendo as perguntas quase ao mesmo tempo. - Não o encontrei – declarou o rapaz, triste, e logo a seguir alegre, por ver a mãe. - Nada de tristezas. Juntos, encontrá-lo-emos em breve – afirmou a mãe, confiante. As duas crianças e a mãe decidiram ir procurar o pai, mas reconheciam que seria difícil, uma vez que, após o naufrágio, tinha acontecido algo de muito estranho… Qualquer ser, poderia ser o pai. E como identificá-lo?! Mas, apesar de tudo isto, não poderiam desistir. Naquela ilha, tudo parecia estranho! Mas tinham de encontrar o pai. Caminharam em direcção à floresta densa e verdejante. Havia tanta vegetação que os raios solares dificilmente conseguiam atingir o solo. Estava relativamente escuro e ouviam-se sons muito estranhos. Mas não podiam desistir. Estavam determinados a encontrar o pai. Era necessária uma particular prudência nesta floresta, onde o perigo era permanente e onde era muito fácil perderem-se. Tentavam ter cuidado onde punham os pés, porque os diferentes insectos, aranhas, serpentes e outros animais poderiam ser perigosos. A vegetação, tão densa, dificultava a caminhada. Cabia à mãe abrir caminho e observar, com cuidado, o percurso. De repente, depararam-se com um ser de corpo volumoso, era um jaguar. Não podiam fazer barulho, nem nenhum

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movimento. Este predador tem um ouvido e um olfacto muito desenvolvidos, que lhes permite detectar a sua presa na densa floresta. O felino estava a aproximar-se de uma clareira à procura de pequenos crocodilos. De seguida, apanhou um e afastou-se. As crianças e a mãe respiraram aliviadas. Tiveram sorte de não serem descobertas. Chegaram à clareira, ali, corria um rio, mas deviam ter cuidado, pois junto das margens encontravam-se crocodilos e nos ramos das árvores, surgiam as serpentes, mais ou menos inofensivas. Tinham de sair dali! Ao longe, ouvia-se uma queda de água e começaram a encaminhar-se para lá. O som era cada vez mais claro, estavam a aproximar-se. Que paisagem extraordinária! O verde contrastava com o azul da água e estes dois tons eram salpicados por cores vivas. A nível do solo, surgiam rãs minúsculas de cores espectaculares, riscadas e às pintas, a saltarem de um lado para o outro. As flores faziam brotar manchas de cores fantásticas no meio da folhagem verde. O ar adornava-se com as mais belas cores, esvoaçavam borboletas e aves de cores bonitas e coloridas. Tudo, por instantes, parecia deslumbrante! Mas, de repente, os nossos aventureiros estavam rodeados de seres estranhos. No entanto, não sentiram medo. Era de facto estranho, mas não sentiram medo de seres tão esquisitos! Eram os acrobatas da selva: gibões, orangotangos e chimpanzés. Estes primatas começaram a gesticular e a emitir sons. Parecia que queriam dizer-lhes alguma coisa. Mas, os nossos amigos aventureiros, não entendiam. Começaram a seguir os acrobatas da selva, talvez eles lhes quisessem mostrar algo.

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Chegaram a uma aldeia e os primatas começaram a lançar gritos muito potentes, que ressoaram a vários quilómetros. Das cubatas saíram indígenas e foram receber os novos visitantes. Cumprimentaram os nossos aventureiros e conduziram-nos a uma das cubatas. Quando chegaram à porta, viram duas mulheres indígenas e um homem deitado no chão. Estava ferido e a ser cuidadosamente tratado. Qual não foi a surpresa! Era o pai! As duas crianças nervosas e ao mesmo tempo felizes, saltaram para cima do pai, cobrindo-o de beijos e de abraços. A mãe, chorando de alegria, recomendava aos filhos que tivessem cuidado com o pai, pois ele ainda não estava bom. Nessa noite, na tribo houve motivo de festa; o homem que tinham descoberto, tinha reencontrado os filhos e a mulher! Ficaram na aldeia ainda algumas semanas, o tempo suficiente para o pai ficar totalmente bom. Alguns elementos da tribo, mostraram os lugares mais bonitos da ilha. A ilha, que semanas atrás era um lugar medonho, transformou-se num lugar paradisíaco. A convivência e a experiência de estar com indígenas e viver como eles tinham sido experiências únicas! Partiram com a promessa de voltarem e de ajudarem a salvar quer a fauna quer a flora daquela ilha! Sofia e a sua família navegavam, felizes e radiantes, num barco oferecido pela tribo, que os tinha acolhido, com destino a casa. Mas, nem tudo corria bem… A expectativa no regresso era grande, mas os perigos da viagem não podiam ser ignorados. Estava a trovejar e, de repente, do azul profundo do mar, surgiu uma enorme e temerosa tempestade. A água estava agitada e o vento

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soprava forte. Era quase impossível controlar o barco que baloiçava, baloiçava, só lhes restava deixarem-se levar pela corrente. Estava tudo perdido. Rumavam ao centro de um remoinho, e de repente… splash! Tchibum! catrapum! O barco virou-se. Fora da água Um braço no ar: -Socorro! Socorro! -Estamo-nos a afogar!... Meu corpo à ilha Queria regressar Mas a tormenta Não queria deixar!... Agora todos tentavam nadar para se manterem à superfície da água, mas as forças já eram poucas e era inútil resistir mais. Um a um, todos foram cedendo e Sofia sentiu as suas forças desvanecerem-se. Quando recuperou a consciência, estava deitada na cama de um hospital, rodeada de médicos, enfermeiros e máquinas estranhas com monitores que pareciam controlar o seu frágil corpo. Sofia percebeu que estava a salvo, mas onde estariam os seus pais e o seu irmão? De repente reparou Que tinha estado a sonhar Tudo acabou bem E de alegria começou a chorar.

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Logo a família abraçou Mas não conseguiu entender Afinal, foi real!... Ou foi um sonho a valer? Sofia continuava intrigada. Não conseguia encontrar explicações para o que tinha acontecido. Teria vivido um sonho ou era mesmo realidade?! Anos mais tarde, tornou-se numa bióloga marinha que vivia sempre preocupada com a preservação do meio ambiente. Viajava frequentemente e participava em expedições à procura de novas espécies e a cuidar das que estavam em vias de extinção. Numa dessas viagens ouviu um som muito agudo, parecia um pedido de socorro. Olhou em redor e só viu um mar muito agitado, que mudava de cor conforme a ondulação, tanto era verde como cinzento, como prateado. No meio daquela dança de cores e de sons, o seu companheiro avistou um golfinho com um saco de plástico enrolado ao pescoço. Observaram o animal com muita atenção e parecia-lhes que estava a pedir socorro. Como uma criança desesperada,

Os seus movimentos eram acompanhados de sons que arrepiavam !!! Sofia e o seu companheiro sentiram uma grande tristeza perante o desespero do animal. Quem teria deixado um saco de plástico no mar, sem ter consciência de que o estava a poluir e que poderia matar os seres vivos?! Decidiram ajudar o golfinho e seguiram-no. Ia desorientado por entre aquela ondulação que parecia estar a viver o seu problema.

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Algum tempo depois, avistaram uma mancha verde na imensidão que os rodeava. Aquela ilha não constava nos mapas. Mas era para lá que o golfinho se dirigia … Ao pisar a areia, Sofia sentiu algo estranho mas tinha outra preocupação naquele momento. O animal continuava muito agitado e não havia tempo a perder. Quando conseguiram tirar o enorme saco, que tinha enrolado ao pescoço, o golfinho acalmou. Nadou em volta dos dois companheiros e emitiu sons, agora, de felicidade. Naquele momento, o mar acalmou e o céu ficou ainda mais azul! Fatigados mas muito aliviados, deitaram-se na areia a descansar. Sofia fechou os olhos e sentiu um cheiro que lhe era familiar. Cheirava-lhe a terra molhada, a flores exóticas, a frutos sumarentos,… enfim, a mistura era tal que parecia estar numa loja de perfumes. Levantou-se e decidiu ir espreitar o que estava para lá da duna e das palmeiras que rodeavam a praia. Por detrás de um coqueiro gigante viu uma sombra e sentiu que estava a reviver o seu passado. Sofia sentou-se na areia fina, tirou o seu diário e começou a escrever a história que acabaste de ler.

História criada pelos 6ºanos de escolaridade Agrupamento de Escolas Pêro da Covilhã Ano lectivo 2009-10

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