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Foto Luciana Sotelo

ANO XIV - Nº 162 -DEZEMBRO/2015 A revista Beach&Co é editada pelo Jornal Costa Norte

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Redação e Publicidade Av. 19 de Maio, 695 - Bertioga/SP Fone/Fax: (13) 3317-1281 www.beachco.com.br beachco@costanorte.com.br Diretor-presidente Reuben Nagib Zaidan

A magia dos presépios no Santuário do Valongo

Diretora Administrativa Dinalva Berlofi Zaidan Editora-chefe Eleni Nogueira (MTb 47.477/SP) beachco@costanorte.com.br Diretor de Arte Roberto Berlofi Zaidan

E mais...

roberto@costanorte.com.br Criação e Diagramação Giuliano Rodrigues

Repatriação

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giu@costanorte.com.br Marketing e Publicidade Ronaldo Berlofi Zaidan

Curiosidade 28

marketing@costanorte.com.br Depto. Comercial

Comportamento 32

Aline Pazin aline@costanorte.com.br

Gastronomia 50

Revisão Adlete Hamuch (MTb 10.805/SP)

Flashes

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Colaboração Aline Porfírio, Durval Capp Filho, Edison Prata, Fernanda Lopes, Karlos Ferrera, Luciana Sotelo, Luci Cardia, Marcus Neves Fer-

Destaques 62

nandes, Maria Helena Pugliesi Circulação

Alto Astral

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Celebridades em foco

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Baixada Santista e Litoral Norte Impressão Gráfica 57

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Foto Cécile Graat

40 Na onda dos brinquedos sustentáveis

Foto Marcelo Magnani

50 Morar bem? Na Riviera de São Lourenço

Capa KFpress

Foto: Yair Leibovich / shutterstock

Moda pág. 54

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fotos: Aline PorfĂ­rio

meio ambiente

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Uma família carismática chega a São Vicente Por Aline Porfírio

Sete exemplares de mico-leão-de-cara-dourada chegaram ao Parque Ecológico Voturuá, em São Vicente. Os primatas vieram de Niterói, RJ, por meio de um projeto que retira os animais de áreas de risco ou de habitats artificiais. Eles se constituem na mais nova atração da cidade, que possibilita, também, alertar sobre o tráfico e soltura irregulares de animais silvestres

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meio ambiente

A prefeitura de São Vicente lançará um concurso para a escolha dos sete nomes dos membros da família. Uma urna será colocada na entrada do parque para receber as sugestões.

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Um grupo bastante simpático acaba de se mudar para São Vicente, litoral paulista. Trata-se de sete macacos da espécie mico-leão-de-cara-dourada, que chegaram ao Parque Ecológico Voturuá em novembro. São seis machos e uma fêmea que, a partir de agora, somam-se aos mais de 100 animais de diversas espécies do parque. A família veio de Niterói, Rio de Janeiro, graças a uma parceria para a repatriação e distribuição da espécie no Brasil. O animal é originário do sul da Bahia, porém, sua população vem crescendo de forma acelerada em florestas do Rio de Janeiro, ameaçando outras espécies exclusivas da região. A bióloga do Parque Ecológico Voturuá, Carla Cerqueira, explica que a instituição cadastrou-se no projeto de adoção dos animais, realizado pelo Instituto Estadual do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro (INEA), em parceria com o Instituto Chico Mendes e a ONG Pri-Matas. O parque foi uma das instituições selecionadas para receber os animais que não estavam aptos a viver em outro ambiente externo. “Nós recebemos esses animais com muita alegria. Todos eles passam por triagem e são monitorados; só depois são encaminhados para os locais especializados, do qual o Parque Voturuá foi um dos escolhidos”, explica a bióloga. Carla destaca que o projeto é importante por se tratar de uma emergência animal. Esses animais soltos em áreas urbanas tornam-se também uma fácil ameaça de extinção. O trabalho de remoção dos macacos começou em 2012. A ONG Pri-Matas, precursora do projeto, descreve em seus relatórios técnicos que,

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quando iniciaram os trabalhos de retirada dos micos-leões-da-cara-dourada do Rio de Janeiro, depararam-se com situações típicas de uma fauna que transita em um habitat que não é o seu ou, então, em áreas urbanizadas. Foram encontrados animais eletrocutados em fios elétricos de ruas, animais machucados e diversos relatos de moradores sobre primatas atacados e caçados por cães e gatos domésticos. Até agora, 700 macacos da espécie foram retirados do Rio de Janeiro. Desses, 300 foram transportados para áreas da Bahia, onde vivem em florestas monitoradas. Muitos não conseguem mais retornar ao seu habitat, pois desaprenderam as táticas de caça e busca de alimentos, bem como a convivência em outros grupos. Esses, então, ganham uma nova casa, como foi o caso da família que chegou a São Vicente. Segundo a bióloga, no início, os animais ainda estavam um pouco tímidos, mas, logo deixaram aflorar sua personalidade curiosa e inteligente. “Eles ainda estão um pouco retraídos, pois estão conhecendo seu novo espaço. Mas já se nota que eles são muito curiosos e divertidos. Em questão de pouco tempo já estarão à vontade no parque. As crianças se divertem quando a família toda aparece”. Os macacos se alimentam de frutas, insetos, ovos e ração específica. O parque conta com outras três espécies de primata: o bugio, prego e sagui do tufo branco. Para celebrar a chegada dos novos companheiros, a prefeitura de São Vicente lançará um concurso para a escolha dos sete nomes dos membros da família. Uma urna será colocada na entrada do parque para receber as sugestões. Depois haverá uma seleção prévia feita pela administração e, então, uma votação pelo site da prefeitura para a escolha final.

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A bióloga Carla Cerqueira explica que os macacos se alimentam de frutas, insetos, ovos e ração específica

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meio ambiente Repatriação da espécie

Até agora, 700 macacos da espécie foram retirados do Rio de Janeiro. Desses, 300 foram transportados para áreas da Bahia, onde vivem em florestas monitoradas

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A chegada da família primata a São Vicente também chama a atenção para o tráfico de animais silvestres e a soltura indevida dos mesmos em áreas que não são seu habitat. O mico-leão-de-cara-dourada pertence à região de Una, na Bahia, e se divide em quatro gêneros: mico-leão-dourado; mico-leão-de-cara-dourada; mico-leão-preto; e mico-leão-da-cara-preta. Em 2002, foram observados indícios de mico-leão-de-cara-dourada em florestas de Niterói. Esse grupo foi solto de forma indevida e tem se reproduzido e tomado o espaço da espécie originária do local, o mico-leão-dourado. Estão ameaçados de extinção tanto o mico-leão-dourado quanto o da cara-dourada, sendo que o dourado está no topo da lista de risco dessa espécie. Estima-se que o mico-leão-da-cara-dourada (que tem ocorrência natural apenas na região sul da Bahia e nordeste de Minas Gerais) possui entre três e seis mil indivíduos na natureza. Já o mico-leão-dourado (que ocorria em toda a região costeira do Rio de Janeiro, mas, hoje, está restrito aos municípios de Saquarema, Cabo Frio, Búzios, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, Silva Jardim, Araruama e Rio Bonito), não ultrapassa 1.600 indivíduos na natureza, e as florestas nas quais as últimas populações sobrevivem são pequenas e muito isoladas umas das outras. A problemática da procriação ocorre porque eles são de habitats diferentes e alimentações semelhantes. A espécie introduzida erroneamente alimenta-se dos mesmos recursos (frutos e insetos), usa os mesmos locais de dormida, os mesmos territórios e pode comprometer a

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sobrevivência do mico-leão-dourado por meio de competição direta. Além disso, por ambos serem do gênero Leontopithecus, essas espécies podem vir a se acasalar, dando origem a híbridos (cruzamento entre espécies diferentes) que, potencialmente, ocupariam os remanescentes de Mata Atlântica, o que representaria uma nova ameaça ao mico-leão-dourado. Outro ponto importante é a preocupação com a transmissão de doenças. Zoonoses são doenças de animais transmissíveis ao homem, e as antropozoonoses são aquelas transmitidas do homem para os animais. Os animais silvestres podem transmitir e adquirir mais de 150 doenças, para o homem e do homem, como verminoses, raiva, herpes, leptospirose, tuberculose, salmonelose, leishmaniose, doença de chagas e outras. Segundo a ONG WWF Brasil, estima-se que o Brasil é um dos países que mais exportam animais silvestres ilegalmente no mundo. É um negócio que movimenta mais de 1 bilhão de dólares e comercializa cerca de 12 milhões de animais anualmente. Esses animais, muitas vezes, são capturados e confinados de forma bruta, e sofrem maus- tratos. Quando adquiridos, muitos de seus compradores não conseguem criar o animal silvestre de forma domesticada, e acabam soltando-o de forma indevida em áreas civilizadas ou então em habitats diferentes do seu de origem. O mico é o quarto animal mais procurado pelos traficantes, segundo a ONG.

O parque conta com outras três espécies de primatas, o sagui-do-tufo branco é uma delas. Abaixo, aspectos da área aberta para visitação

O Parque Ecológico Voturuá funciona de terça a domingo, das 9h às 17h. Os ingressos custam R$ 2,00. Crianças de até 5 anos, pessoas acima de 60 anos, ou portadores de necessidades especiais, grupos de alunos, professores e monitores de escolas não pagam entrada. O endereço é rua Dona Anita Costa, s/nº - Vila Voturuá, São Vicente.

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meio ambiente

Dentre os mais de 150 animais, os visitantes podem apreciar uma variada espécie de pássaros, um hipopótamo de três toneladas e leões

foto: Pedro Rezende

Bom passeio

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O Parque Ecológico Voturuá conta com outras atrações animais; são mais de 150 indivíduos, de 19 espécies, tais como aves, répteis e mamíferos. Os visitantes poderão ver leões, um casal de onça e um hipopótamo de três toneladas. Saguis, macacos-prego, tucanos, papagaios e araras também povoam o agradável espaço, ideal para levar a criançada. Os animais são tratados por uma equipe composta por biólogos, veterinários e tratadores, que preparam e distribuem cerca de 300 quilos de frutas, verduras e feno por dia aos recintos dos animais; além dos mais de 20 quilos de carne ingeridos diariamente pelos leões, principais carnívoros do parque. Além do contato com a fauna, o Horto Municipal também desperta a atenção de turistas e munícipes para as trilhas ecológicas na Mata Atlântica, uma das últimas reservas dentro da zona urbana da cidade, com 825.500 metros quadrados. O parque ainda abriga um pesque-pague e área de playground para as crianças. Funciona de terça a domingo, das 9h às 17h. Os ingressos custam R$ 2,00. Crianças de até 5 anos, pessoas acima de 60 anos, ou portadores de necessidades especiais, grupos de alunos, professores e monitores de escolas não pagam entrada. O endereço é rua Dona Anita Costa, s/nº - Vila Voturuá, São Vicente.

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Foto: Heleno Rezende

Prestação de contas

Herculano Passos Tendo sido prefeito de uma estância turística (Itu-SP) e presidente da Associação das Prefeituras das Cidades Estâncias do Estado de São Paulo (Aprecesp), tenho uma relação muito estreita com o turismo. Essa experiência me gabaritou para presidir, no Congresso Nacional, a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Turismo (FrenTur), composta por mais de 250 deputados e senadores. Também sou diretor do Conselho Consultivo da Frente Parlamentar da Hotelaria, membro da Comissão de Turismo da Câmara Federal e da Frente Parlamentar dos Transportadores de Turismo e Fretamento. O turismo tem uma agenda legislativa muito grande. Ao longo deste ano, nos debruçamos sobre diversos temas ligados a este setor e, sob minha relatoria, transformamos em leis alguns projetos que tramitavam na Câmara Federal. Tais como a que coloca o turismo rural no rol das atividades rurais, formalizando o setor no Brasil. Outro projeto que foi convertido em lei foi o que estabelece condições e

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requisitos para a classificação de estâncias turísticas. As estâncias existem no estado de São Paulo há muitos anos e, agora, este modelo pode ser ampliado para todo o país. Outra grande vitória recente do turismo brasileiro foi a sanção da lei que permite aos turistas estrangeiros entrarem no Brasil sem visto, em 2016, ano olímpico. Os visitantes de outros países poderão vir para cá no período de janeiro a setembro sem a necessidade do documento de entrada e poderão permanecer aqui por até 90 dias. Uma portaria conjunta dos Ministérios das Relações Exteriores, da Justiça e do Turismo irá definir quais os países que terão esta dispensa do visto. A previsão é que sejam EUA, Canadá, Japão e Austrália, países que emitem grande número de turistas para o mundo todo. Além disso, os turistas destes locais costumam ter gastos médios significativos durante as suas viagens, o que ajudará a aquecer a economia do Brasil. Mas o trabalho não para aqui. Queremos que o fim da exigibilidade do visto de tu-

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deverá ser publicada. Por fim, como presidente da Frente do Turismo, defendo a legalização dos cassinos no Brasil. Com a crise, o poder executivo voltou a cogitar a legalização dos jogos de azar e, entre os diferentes tipos de jogos, estão os realizados em cassinos, segmento diretamente ligado ao turismo. A liberação pode trazer uma arrecadação de R$ 20 bilhões anuais aos cofres públicos, e o melhor, sem onerar a população, pois os impostos sobre os jogos só serão pagos por quem aposta. Além disso, atrairemos turistas estrangeiros para jogar aqui e evitaremos que boa parte dos apostadores brasileiros saiam do Brasil para jogar. Com os cassinos, estima-se que serão criados 400 mil novos postos de trabalho, além de um crescimento na taxa de ocupação de hotéis e resorts. São estas algumas das atividades que desenvolvi neste primeiro ano de mandato como deputado federal e presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Turismo e sinto-me feliz de poder realizar este trabalho e muitos outros que virão, honrando os mais de 92 mil votos que recebi dos eleitores do meu estado, São Paulo.

Foto: Claudio Araújo

rista seja permanente e não só para o Ano Olímpico. Porque, assim, beneficiamos toda a cadeia do turismo, que envolve mais de 50 segmentos, além de outros setores, como o comércio, por exemplo. Neste ano, também trabalhei pela regulamentação do trabalho intermitente. Essa modalidade permite a contratação de mão de obra por hora com escala móvel. A lei trabalhista atual permite a contratação por hora, mas dentro de uma jornada que deve ser sempre no mesmo horário, o que não atende à demanda do setor de serviço, que é a base do turismo. Em outubro, realizamos uma audiência pública na Comissão de Turismo para debater o tema, e o que pudemos concluir foi que o trade turístico é favorável. Todas as sugestões colhidas na audiência foram apresentadas ao relator do projeto sobre o trabalho intermitente, para serem incluídas em seu parecer. Ainda relacionado às regras trabalhistas que dizem respeito ao setor de turismo, em novembro, apresentei o Projeto de Lei (PL 3737/15), que trata sobre as atividades com permissão permanente para o trabalho em domingos e feriados. Vigora no Brasil um decreto que regulamenta quais os tipos de estabelecimentos comerciais podem funcionar nestes dias sem depender de convenção coletiva. Na relação, contida no decreto, incluem-se os hotéis e similares, restaurantes e bares. Ele concede claramente a tais estabelecimentos a permissão para funcionar de forma permanente aos domingos, no entanto, o Tribunal Superior do Trabalho e o Ministério do Trabalho e Previdência Social baseiam suas decisões na Lei 10.101/2000, que diz que o trabalho em dias de descanso exige, em qualquer caso, a prévia autorização da norma coletiva. Tal posicionamento ameaça o funcionamento de bares, restaurantes e similares nesses dias da semana e, com esse projeto, queremos incluir na referida lei o rol dos estabelecimentos dispensados de acordo coletivo sindical, trazendo mais segurança ao setor. O transporte turístico também tem sido um dos meus trabalhos na Câmara dos Deputados. Está tramitando na casa um projeto, do qual sou relator, que regulamenta o fretamento de vans e micro-ônibus para viagens interestaduais e internacionais. Até metade deste ano, essas viagens não podiam ser feitas nestes tipos de veículos. Em julho, conseguimos que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) liberasse esse fretamento, mas ela impôs um limite de quilometragem de 540 quilômetros ida e volta, o que não satisfaz o setor. Após várias reuniões e audiências, conseguimos sensibilizar a ANTT de que, da forma como está, o turismo é prejudicado. Assim, neste mês, uma nova resolução extinguindo o limite de quilometragem

Herculano Passos Deputado Federal (PSD-SP) Presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Turismo

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lazer

Presépios revivem o Amor Já uma tradição em Santos, a 22ª Exposição de Presépios Internacionais do Santuário Santo Antônio do Valongo pode ser vista até fevereiro de 2016

Por Luciana Sotelo

Essa bonita história que se inicia tem origem no ano 1223, quando a primeira representação de um dos mais importantes acontecimentos do planeta foi recriado. Tudo aconteceu numa cidadezinha italiana chamada Greccio. Na noite de Natal, São Francisco de Assis criou o primeiro presépio para reviver o nascimento de Jesus na manjedoura. Ele então mandou que viessem os moradores locais para que todos juntos relembrassem essa passagem do Menino Deus em Belém. E assim foi feito e repetido por gerações e gerações, até chegar aos dias de hoje, quando milhares de casas e estabelecimentos comerciais no mundo todo montam seus presépios e replicam o momento vivido pela Sagrada Família. Em Santos, uma mostra coletiva já se tornou tradição há mais de duas décadas, para reacender a chama do amor no coração dos visitantes. Quem explica é frei Rozântimo Antunes Costa, da Ordem dos Frades Menores, responsável pela 22ª Exposição de Presépios Internacionais do Santuário Santo Antônio do Valongo. “São Francisco de Assis fez uma celebração ao vivo para que as pessoas pudessem sentir a humildade de Deus, que se fez gente como a gente para reencantar a todos”.

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fotos: Luciana Sotelo

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lazer Em ambiente climatizado e sonorizado, os visitantes presenciam uma variedade enorme de presépios montados por artistas, voluntários e fiéis da comunidade, além das peças do acervo franciscano e outras internacionais

A mostra contém mais de 70 exemplares, que não só entretêm como, principalmente, manifestam o amor no renascimento de Jesus em formas, cores e raças diferentes. E existem presépios montados por artistas, voluntários e fiéis da comunidade, que não abriram mão de participar dessa festividade. A artista plástica Marcia Teixeira foi uma delas. “Assim que eu recebi o convite, não pensei duas vezes. Dei a minha contribuição e estou muito orgulhosa e satisfeita”. Há 20 anos, Marcia confecciona quadros e objetos de decoração com figuras traçadas mediante recortes com estilete. “Esse presépio, em especial, levei quatro dias para fazer, trabalhei direto com muito empenho e capricho. Senti-me privilegiada”. Num ambiente climatizado e sonorizado, os visitantes presenciam uma variedade enorme de materiais utilizados: cerâmica, tecido, vidro, argila, papelão, plástico e muito mais, além das peças do acervo franciscano e outras internacionais. Joaquim Lopes Cardoso da Silva, 62 anos, não é artista de formação, mas deu a sua contribuição. O aposentado tem uma banca de jornal e resolveu fazer arte. “Eu faço minhas construções à base

Milhares de casas e estabelecimentos comerciais no mundo todo montam seus presépios e replicam o momento vivido pela Sagrada Família

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de varetas de madeira, e o frei pediu que eu fizesse algo para a exposição. Fiquei muito contente e coloquei a mão na massa, quer dizer, na madeira”, afirma sorridente. Em um mês de trabalho, nas horas vagas, entre um freguês e outro, Joaquim fez um belo presépio. A técnica, ele desenvolveu por acaso, há quatro anos. “Um dia, achei uma dessas cortinas de madeira no lixo e trouxe para a banca. Deixei-a aqui e num certo momento achei que tinha que fazer algo com ela. Foi então que comecei a criar edificações imaginárias, como eu as chamo. Já fiz mais de 30”. Para o frei, uma exposição como esta é fundamental nos dias de hoje. “Papai Noel é a grande figura, mas, no nosso mundo egoísta, onde as pessoas só se importam em alcançar o poder e o prazer, muitas vezes, o essencial se perde, que é o próprio Jesus. Ao percorrer os corredores da mostra, a ideia é que as pessoas fiquem tocadas pelo amor de Deus”. No ano passado, mais de 15 mil pessoas passaram pelo Santuário e, para essa edição, a expectativa é aumentar ainda mais essa marca. “São mais de 500 peças, ficamos meses preparando essa atração, para que todos se sintam felizes e acolhidos”. Um dos destaques desse ano é o presépio construído com material reciclado, feito por Antônio Ednaldo da Silva, mais conhecido como Berbela de Paraisópolis. O pernambucano, que mora em São Paulo há 14 anos, é conhecido pelo talento em fazer arte com materiais descartados. “O incomum presépio, feito com objetos reaproveitados, faz um alerta sobre a importância de preservarmos o meio ambiente”, explica frei Rozântimo.

Significados das peças do presépio: - Menino Jesus (filho de Deus e o Salvador) - Virgem Maria (mãe de Jesus Cristo) - São José (pai de Jesus Cristo) - Manjedoura com palhas em um curral (local onde nasceu Jesus) - Burro e boi ou ovelhas (representam a simplicidade do local onde Jesus nasceu) - Anjos (responsáveis por anunciar a chegada de Jesus) - Estrela de Belém (orientou os reis Magos quando Jesus nasceu) - Pastores (representam a simplicidade das pessoas do local em que Jesus nasceu) - Reis Magos (Melquior, Baltazar e Gaspar)

Frei Rozântimo Antunes Costa, da Ordem dos Frades Menores, responsável pela mostra

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lazer

Mostra contém mais de 70 exemplares, que manifestam o amor no renascimento de Jesus em formas, cores e raças diferentes

A exposição pode ser vista todos os dias até 28 de fevereiro, das 8h às 18 horas, com entrada franca. O endereço é Largo Marquês de Monte Alegre, 13, centro histórico de Santos.

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Unindo arte e devoção, o artista plástico e fotógrafo Laurival Camargo também contribuiu para a vivacidade do evento. O responsável pelo Coletivo Photoclub F8 remontou o nascimento de Jesus em dois diferentes presépios, o primeiro, por meio de fotos e, o segundo, com esculturas. E criatividade não faltou na mostra. O ilustrador santista Leandro Shesko desenhou a Sagrada Família nas paredes do Santuário. Enquanto o caminhoneiro Anderson Camargo expôs suas imagens desenhadas em MDF. Já Wilson Pinto, além do presépio, fez as maquetes detalhadas da Igreja do Valongo e do Monte Serrat. Outros materiais reciclados aparecem nos presépios do artista plástico Bruno Granato, com garrafas PET, e o das voluntárias Elaine Rodrigues e Elza Damaso, que usaram cápsulas de café. Em meio às inovações, dedicação e fé, a Sagrada Família está presente em muitas formas e gostos.

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curiosidade

O famoso

garçom santista Com quase 30 anos de casa, ele se destaca pela cordialidade, simpatia e pelo seu chá gelado com toque especial e secreto

fotos: Luciana Sotelo

Por Luciana Sotelo

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Poucas pessoas conseguem chegar a quase trinta anos de profissão com o mesmo entusiasmo inicial. Mas, na trajetória de João José de Oliveira, baiano de Fátima, cidade pequena, a 353 quilômetros de Salvador, nunca teve ‘tempo ruim’. Ele saiu da terra natal há 35 anos, sem a família, decidido a vir para Santos, uma terra que, segundo ele, lhe traria boas oportunidades. E não é que ele acertou? Em pouco tempo, conseguiu o emprego tão sonhado, de garçom, que lhe rendeu não só o sustento como o sentido para a própria vida. Sem ter feito curso para a profissão, baseado apenas na garra e determinação, ele passou por vários cargos em restaurantes antes de chegar ao emprego atual, o que lhe rendeu toda base e experiência: ele foi ajudante de cozinha; chapeiro; lancheiro; balconista; pizzaiolo; cumim e, finalmente, garçom. Ou seja, um curso completo. Quando ‘formado’, recebeu um convite especial para trabalhar na prefeitura de Santos. “Uma honra para mim, que sempre sonhei com essa profissão. Quando vim para Santos, já tinha em mente conquistar o meu espaço nesse ramo”, argumenta João. Foi com humildade, habilidade e sorriso no rosto que, em 1986, ele se tornou o primeiro garçom da prefeitura de Santos. E, até hoje, ele é o único nesse ofício no Palácio José Bonifácio. Coube a João a honra

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de servir desde o primeiro chefe do Poder Executivo eleito pelo voto popular, após o período ditatorial, até o prefeito atual. No currículo, já contabiliza oito mandatos e seis prefeitos distintos: Oswaldo Justo; Telma de Souza; David Capistrano; Beto Mansur; João Paulo Tavares Papa; e o atual, Paulo Alexandre Barbosa. “Trabalho com muito orgulho, essa aqui é a minha segunda casa, tenho carinho e respeito por todos e muita discrição no trato com as pessoas. Esse é o meu dever”. O dia a dia de João começa cedo; ele atravessa a praça Mauá, em direção à prefeitura, às 8 da manhã. Assim que chega, veste calça social, camisa, colete, paletó e sapatos, sempre muito bem engraxados. “Faço questão de estar sempre impecável, às vezes, mudo a cor da roupa, mas sempre estou apresentável para qualquer cerimônia, faz parte das minhas obrigações”. Imediatamente começa o preparo do chá gelado, sua especialidade. São várias etapas até chegar ao sabor que só ele sabe dar à bebida, apreciada até por chefes de Estados internacionais. “Quando eu entrei aqui, o chá era preparado pelas copeiras. Era uma bebida simples. Eu mudei a forma de preparo e, a partir de então, ninguém resiste. Ele é cremoso, refrescante, tem três camadas e alguns segredinhos no preparo. É o chá mais famoso de Santos, sem dúvida. Quem toma, fica admirado”, diz orgulhoso o dono da fórmula secreta. Questionado sobre outro segredo, o de ser um bom profissional, esse ele revela sem hesitar: “É preciso ser educado, dedicado, atender com cordialidade qualquer que seja a pessoa, não trazer os problemas da rua aqui para dentro, ter respeito por todos, paciência e muita atenção no servir. É fácil”. Além de todos esses quesitos, o garçom também tem preocupação constante com o bem-servir, por isso, tem sempre à mão alguns livros de etiqueta como o dos consultores Fabio Arruda e Claudia Matarazzo. “Em muita coisa a gente emprega o toque pessoal, mas é sempre bom rever o que é de bom tom. Eu quero sempre prestar o melhor atendimento”. Às vezes, ele canta pelos corredores. Versátil, nas horas de folga revela-se um compositor. “Eu adoro cantar. É um hobby que muito me satisfaz, já compus dez músicas. Canto de tudo, sertanejo, forró, gospel e o que minha inspiração permitir”.

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João José teve a honra de servir desde o primeiro chefe do Poder Executivo santista eleito pelo voto popular, após o período ditatorial, até o prefeito atual Paulo Alexandre Barbosa. Acima, ao lado do artista global Alexandre Borges, um dos muitos que já passaram pelo Palácio José Bonifácio

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curiosidade

Personalidades Por trabalhar no local mais emblemático da cidade, João já teve a honra de servir muitas pessoas poderosas e outras famosas. A lista de personalidades a quem já serviu é de dar inveja a qualquer paparazzo. Entre presidentes, políticos, artistas, esportistas e empresários, a soma já ultrapassa os limites da sua memória. Ao citar nomes, ele menciona Pelé, Sérgio Reis, Beto Carrero, Hortência, Fernanda Montenegro, Vanderlei Luxemburgo, Beth Goulart, Zezé de Camargo e Luciano, Chitãozinho e Xororó, Alexandre Borges, Ney Latorraca, sem falar em nomes internacionais, também pre-

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sentes na sua extensa lista. Sobre o ex-presidente da República, Lula, ele guarda uma recordação especial. Na época em que era candidato, após experimentar seu chá, Lula fez questão de servir João, pessoalmente. “Guardo o registro desse momento fantástico. Ele era candidato a presidente”. João tem mesmo essa sorte de ser fotografado ao lado de celebridades. Não é para menos que ele já montou uma espécie de acervo desses bons momentos. “Gosto de guardar essas lembranças. Fico orgulhoso de saber que essas pessoas têm respeito pelo meu trabalho. Isso é muito gratificante. Já conheci pessoas de mais de 50 países diferentes”.

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comportamento

Celso Leandro Romรฃo, de 12 anos, jรก leu boa parte dos exemplares infantis da biblioteca

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Um novo horizonte apoiado em livros Contêiner adaptado transforma-se em um mundo encantado, com informação, literatura, gibis, contos de fada e livros didáticos

Por Luciana Sotelo

Era uma vez uma comunidade localizada à beira da avenida marginal da rodovia Anchieta, no bairro Alemoa, em Santos, que vivia em chão de terra batida, sem muitos recursos. Nesse local de poucas oportunidades, havia centenas de crianças que, além da escola, não tinham muito que fazer. Mas, eis que num virar de página, essa história ganha um novo colorido. Um contêiner aparece na favela para oferecer esperança à garotada. Dentro dele, não havia quinquilharias para vender e, sim, livros, muitos livros. Não foi por acaso que a narrativa mudou de enredo. Ao perceber o grande problema da comunidade, ou seja, a ociosidade dos jovens pelas ruas, o casal Irene dos Santos Leandro e José Givanildo Batista resolveu dar um novo desfecho à trama. Foi então que eles criaram o projeto da Biblioteca Comunitária. Com aproximadamente quatro mil livros acondicionados no contêiner, eles não só incentivam o hábito da leitura em crianças e adolescentes, como também criam uma perspectiva de dias melhores. De acordo com Givanildo, que comanda o movimento União das Comunidades (Uncom), a ideia surgiu ao notar a dificuldade dos pequenos em se comunicar, além da questão da defasagem escolar. “Eles tinham problemas para ler, não conseguiam se expressar direito e nem fazer as quatro operações da matemática. Um quadro muito triste. Por isso, pensamos numa forma de mudar essa realidade por meio dos livros. Na época, me chamaram de louco, diziam

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que biblioteca em favela não transformaria ninguém. Foi mais um desafio”. Com a grande missão pela frente, Givanildo pensou no contêiner para que, futuramente, também pudesse ser implantado em outras localidades. Mas, inicialmente, não foi fácil. Irene incumbiu-se de conseguir os primeiros livros. E após uma campanha no local de trabalho e uma doação da Biblioteca Mário Quintana, da prefeitura de Santos, recebeu 400 exemplares. Ela conta: “Trabalhava num lugar de alto padrão e decidi pedir colaboração. Eu era operadora de caixa num empório, no Bairro da Pompeia, conhecia muita gente, tinha muitas amizades e deu certo”. E foi assim que, em 2010, a iniciativa começou de maneira tímida e improvisada. Como não havia ainda o contêiner, os livros foram colocados na casa de Givanildo e de uma vizinha. “Não era o que queríamos, mas era preciso iniciar de alguma forma”, lembra Givanildo. Em 2013, com o apoio do Rotary Club, que cedeu o contêiner, e da Cohab Santos, com a cessão do terreno no qual foi implantado o equipamento, a biblioteca, finalmente, foi inaugurada. A partir de então, todas as pessoas da favela puderam ter acesso à informação, literatura, gibis, contos de fada e livros didáticos. Basta fazer um cadastro. “Hoje, temos 69 inscritos. O sonho era abrir o contêiner durante todo dia, mas, devido à falta de pessoal e de verba, isso ainda não é possível. Funcionamos das 19h às 20 horas e, apenas uma vez por semana, abrimos durante o dia. Infeliz-

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comportamento mente, não temos estrutura para toda nossa demanda. Mas o que existe já dá bons resultados”. Frequentador assíduo, Willian da Silva Bezerra, de 11 anos, confessa que antes do projeto raramente lia algum livro, hoje, sabe que pode obter, neles, uma boa parceria para o futuro. “Com a leitura, eu consigo imaginar as histórias, conhecer coisas novas e até sonhar. Estou no quinto ano, e agora, tenho mais motivação para estudar, sei que é importante para mim”, afirma o garoto que, nas férias, já faz planos para levar alguns exemplares para casa. Para o idealizador desse sonho, soldador e caldeireiro de formação, atualmente na fiscalização da Defesa Civil, a cultura é a maior força que se pode ter dentro de uma comunidade. “Somente por meio da educação conhecemos os nossos direitos e podemos mudar o bairro, a cidade e até mesmo o país. Tudo que eu sei foi conquistado com o hábito da leitura. Tenho o 2º grau completo, fiz curso técnico de administração empresarial e logística portuária, mas me considero um autoditada, tenho muito interesse por assuntos novos e procuro pesquisar”, revela Givanildo, hoje com 39 anos e planos de se formar em arquitetura até os 45.

Luan Lemos adora ler gibis e desenhar. As opções oferecidas no contêiner são variadas, como aulas de violão. Na página ao lado, o frequentador Willian da Silva Bezerra, um novo apaixadonado pelos livros

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Aulas de reforço Além de estimular a leitura, a obra de Givanildo e de Irene propõe-se, também, a ajudar a criançada a melhorar nos estudos, a ter mais afinco no aprendizado. No contêiner, são oferecidas aulas de reforço e rodas de contação de histórias. “Há casos de jovens de 13 anos que mal sabem escrever o próprio nome”, destaca Givanildo. A arte de ensinar o que sabe coube a Irene, que concluiu o ensino médio e tem cursos técnicos profissionalizantes nas áre-

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as de comércio exterior, assistente administrativa, informática e conferente de carga. Ela lembra que montou caderninhos para os interessados e passou a ajudar os pequenos com as lições de português e matemática. Ao lidar com os alunos, Irene identificou um garoto de 8 anos, em especial, que não sabia identificar as letras do alfabeto e nem se comunicar. “Ele quase não falava, mas não me intimidei. Foi meu desafio e, ao mesmo tempo, motivação. Passei a apresentar letra por letra a ele e, com o tempo, revelou-se um ótimo aprendiz; passou a escrever e até a fazer leituras curtas para a turma”, diz, feliz. Luan Lemos, de 9 anos, também foi aluno da Irene e, para ele, a grande lição que aprendeu foi que, para ser alguém na vida, é preciso estudar bastante. E por falar no futuro, Luan já sabe o que quer da vida. “Eu venho na biblioteca quase todo dia, já sou um aluno melhor, consigo ler sozinho e adoro os gibis da Turma da Mônica. Também venho para cá desenhar; quando eu crescer, quero ser um desenhista profissional”. Em meio a relatos motivadores, Irene também passou a tirar as próprias conclusões. “Comecei a perceber que as crianças, cada uma na sua individualidade, passaram a se tratar melhor. Antes, eles brigavam muito, não se respeitavam. Com a disciplina, eles se tornaram mais amigos. Sem contar que a maioria não se interessava pelos livros. Agora, eles entram aqui, escolhem os títulos, sentam e ficam ali, entregues ao mundo maravilhoso da leitura”. Outra grata surpresa para ela foi o interesse coletivo pelos contos. “Eles começaram a pedir que eu contasse histórias e isso passou a fazer parte da nossa programação”, comenta Irene, que já tinha experiência na contação de histórias em casa.

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No contêiner, são oferecidas aulas de reforço e rodas de contação de histórias. Uma vez por mês ainda há um cineminha com pipoca e refrigerante para a criançada, um atrativo a mais para atrair os pequenos

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comportamento

Os idealizadores do projeto Biblioteca Comunitária José Givanildo Batista e Irene dos Santos Leandro

“Eu comecei a ler para os meus filhos desde que os três estavam na barriga”. Um dos seus herdeiros seguiu ao pé da letra o gosto da mãe e se tornou um devorador de letras. Celso Leandro Romão, de 12 anos, já leu boa parte dos exemplares infantis da biblioteca e sua fome de conhecimento, só aumenta. “Quando os livros começaram a ser doados, não tínhamos onde deixar e eles ficaram no quarto de Celso que, na época com 9 anos, passou a aproveitar aquele presente”, diz a mãe coruja. “Eu adoro ler, me envolver em diferentes histórias e a aprender muitas coisas. Tenho muito sorte de ter pais que incentivam a leitura”, relata Celso. As opções oferecidas no contêiner não são apenas relacionadas ao universo das palavras. Uma vez por mês, os frequentadores podem assistir a um cineminha, com pipoca e refrigerante. A aula de violão também é outro atrativo. O professor Giliard Batista, sobrinho de Givanildo, ministra aulas cheias de melodia e diversão. Ele explica: “O intuito não é formar profissionais, apenas mostrar possibilidades. O aprendizado acontece duas vezes por semana e tem duração de duas horas. Ao todo, são cinco violões”. Para montar currículos e realizar pequenos trabalhos de digitação, no interior do contêiner há ainda dois computadores, sem acesso à internet. Conforme Givanildo, o projeto é amplo e ainda não foi colocado todo em prática. Esse ano, ele deve formalizar uma ONG, o que facilitará a entrada de recursos para aprimorar as ações sociais. “Sempre tem gente querendo nos ajudar, mas como ainda não somos pessoas jurídicas, fica difícil. Já estamos montando um estatuto e, mais para a frente, quem sabe, seremos referência em ponto de leitura”.

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ser sustentável

Foto: Cécile Graat

Brinquedo sustentável? Por que não?

Por Marcus Neves Fernandes

Amarelinha, pular-corda, esconde-esconde, ioiô, pega-pega. Essas típicas brincadeiras infantis parecem não fazer mais parte do mundo atual, no qual imperam os videogames e os jogos baseados em personagens enlatados de desenhos animados. Hoje, até mesmo os velhos peões de madeira foram substituídos pelo onipresente plástico, sinônimo de uma realidade descartável, efêmera e consumista. Mas, se não é possível (e talvez, nem desejável) voltar ao passado, é plenamente viável optar por brinquedos que primam pela sus-

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tentabilidade e pela educação – sem abrir mão, obviamente, da diversão. Mesmo no Brasil, há vários fabricantes que trabalham com esse conceito. Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos, dos R$ 5 bilhões que o setor faturou em 2014, mais de 20% já são de brinquedos educativos. Todavia, não há dados sobre a questão da sustentabilidade, seja na fabricação das peças ou no conceito do produto, o que não quer dizer que não exista uma preocupação nesse sentido. O problema, entretanto, é a baixa

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Foto: Divulgação

Foto: Cécile Graat

Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos, dos R$ 5 bilhões que o setor faturou em 2014, mais de 20% já são de brinquedos educativos

oferta de matéria-prima, como madeira certificada ou bambu, segundo a Abrine – Associação Brasileira de Brinquedos Educativos. A entidade informa que, para conseguir bambu com valores acessíveis, é preciso recorrer à importação da China. E aí, toda a sustentabilidade do produto se perde no transporte. Mas, se já é difícil produzir brinquedos sustentáveis, imagine então, em plena época de compras natalinas, dizer para os seus filhos que eles não mais irão ganhar presentes, seja no Natal ou mesmo no aniversário? Além de antipática, esse tipo de ação acaba sendo contraproducente quando adotada de uma hora para outra, sem o devido cuidado e contexto. Uma alternativa mais interessante é estipular algumas regras.

Doação e troca Por exemplo: sempre que adquirir um brinquedo, outro tem que ser doado. Isso estimula o desapego, combate o materialismo e educa para a solidariedade, já que apresenta uma realidade (a dos que não têm brinquedo) que muitos jovens desconhecem. Outra opção são as feiras de troca, muito comuns no exte-

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rior. Lá, a criança vai percebendo, pouco a pouco, a diferença entre o desejo e a necessidade. Você pode desejar o impossível e se frustrar com isso. Por outro lado, aprende que a necessidade (de amor, proteção, liberdade) são bens muito mais valiosos e duradouros. Atualmente, algumas escolas já fazem isso. Em vez de levar um brinquedo ‘pronto’ de casa para brincar com os amigos, elas propõem que os alunos levem papelão, por exemplo. Com esse tipo de matéria-prima, é possível estimular a criatividade e a sociabilidade, com resultados tão ou mais divertidos.

Clube do brinquedo É nesse contexto que algumas novidades começam a chegar ao Brasil, como os ‘clubes de brinquedos’. Por meio de uma taxa mensal de sócio, você leva o produto para casa por tempo determinado, podendo renovar o aluguel. A ideia é compartilhar em vez de acumular. E quem tem filho pequeno sabe o que isso significa: em geral, pilhas de produtos guardados em caixas e armários, sem qualquer serventia. O site ‘Joanninhas’ é um dos que apostam no aluguel. Lá,

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ser sustentável

Foto: Cécile Graat

cada brinquedo vale certo número de joaninhas, a moeda da loja, que envia os produtos pelos Correios para a casa do interessado. Outra alternativa é o Clube do Brinquedo, que, assim como o Joanninhas, dá preferência aos brinquedos feitos com madeira de reflorestamento, bambu ou outros materiais duráveis, pintados com tintas atóxicas.

Internet E mesmo para aquelas crianças em que o apelo do computador é irresistível, ainda assim é possível introduzir conceitos educativos e de sustentabilidade via internet. É

o caso de sites como o Educar para Crescer, que tem uma lista com instruções sobre como construir dez brinquedos em casa. Outra dica bem oportuna é o Akatu Mirim, do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente – cujo mote, aliás, tem tudo a ver com datas de cunho fortemente comercial como o Natal ou o Dia das Crianças. A página disponibiliza diversos jogos on-line, como o Conserte o Celular; o Jogo da Horta; a Máquina do Tempo; e o Descobrindo Petróleo. Em todos eles, o objetivo é refletir sobre a relação que temos com os produtos, a reciclagem e a qualidade de vida. Tudo isso, obviamente, brincando.

Foto: Divulgação

Endereços Eletrônicos www.clubedobrinquedo.com.br www.joanninha.com.br www.educarparacrescer.abril.com.br www.akatumirim.org.br www.comdesenho.com.br www.galapagosjogos.com.br www.ludiks.com.br

Jogos de tabuleiro Até os velhos jogos de tabuleiro souberam se reinventar. O Banco Imobiliário, por exemplo, tem a sua versão sustentável. O plástico das peças é feito de resina de cana-de-açúcar, um processo inédito, desenvolvido no Brasil pela Brasken. O objetivo do jogo ainda é se tornar um milionário, mas, desta feita, com responsabilidade social e ambiental. Outra opção nessa linha é o Aventureiros da Mata Atlântica. Nele, seu objetivo é descobrir quem está poluindo uma pacata cidadezinha do interior. Até sete crianças (ou marmanjos) podem participar. Ainda na linha dos tabuleiros, o Reciclando foi desenvolvido pela Galápagos, em parceria com o WWF, a Agência Nacional de Águas e o Banco do Brasil. O desafio

é comandar um time de catadores pelas ruas da cidade e administrar uma cooperativa para tornar a reciclagem um negócio economicamente viável. Já no Eco Planeta - Big Star, vence o jogo quem conseguir a melhor estratégia para conservar o planeta. A empresa Comdesenho, por sua vez, apostou nos tradicionais jogos de memória. A diferença é que os cartões retratam a fauna e a flora brasileiras de regiões como o Pantanal e a Amazônia. O material é 100% reciclável, com tintas atóxicas produzidas com compostos vegetais. Além dos tabuleiros, outra opção é a Ludiks. Lá, tudo é feito com papelão, de casinhas a foguetes. É possível, inclusive, pedir um projeto especial, que eles criam do seu jeito. *O autor é jornalista especializado em desenvolvimento sustentável

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decoração

Riviera, um amor antigo Paixão à primeira vista e aposta certa no início dos anos 1980, a Riviera de São Lourenço é o destino preferido de muitos nas férias

Por Maria Helena Pugliesi

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Fotos Marcelo Magnani

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decoração Tratores ainda abriam o traçado das ruas e avenidas do recém-inaugurado empreendimento litorâneo Riviera de São Lourenço, quando o casal paulista deparou-se com a placa solitária do lançamento do primeiro edifício do local. “A praia era deserta, não havia muito que ver, mas já dava para sentir o potencial do lugar. Aquilo iria virar um paraíso para relaxar e se divertir. Apostamos na compra do apartamento e ganhamos. Realmente, a Riviera prosperou e se tornou para nós o melhor lugar do mundo”, conta a designer de acessórios femininos. Ainda sem filhos, o casal curtiu muito seu refúgio de lazer, mas quando a família cresceu, o apartamento começou a ficar pequeno. Em 2003, resolveram mudar para um maior. A proprietária recorda: “Fomos atrás de outro que tivesse a mesma vista encantadora, meu marido e eu adoramos olhar o mar”. A nova aquisição foi o quarto andar de um prédio a 50 metros da praia, praticamente um pé na areia.

Com 450 metros quadrados e quatro suítes, o imóvel tinha o tamanho ideal para acomodar o casal, os dois filhos e também hóspedes. Recentemente, os donos quiseram dar uma repaginada geral no apê e chamaram o arquiteto Maurício Karan para a missão. Ele explica: “Meu projeto modernizou a decoração e deixou os espaços mais condizentes com o uso. Os proprietários têm um astral ótimo, curtem organizar festas, com muita música e dança. Precisavam de áreas fluidas e dinâmicas”. Para cumprir o prometido, o profissional começou pela sala. Retirou as portas de alumínio que a isolavam da varanda e integrou os dois ambientes com molduras de mármore travertino. O terraço foi fechado com caixilharia retrátil. “Assim”, fala Maurício, “este espaço pode ser usado inclusive nos dias de chuva e ventania. Basta fechar as placas de vidro”. No estar, os antigos móveis escuros e pesados foram substituídos por peças de desenho leve e de cores alegres. Apenas as cadeiras da

Apenas a suíte dos hóspedes recebeu camas de solteiro. Assim como nas demais, o papel de parede à base de algodão contrasta com a frieza do piso cerâmico

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mesa de jantar permaneceram, mas ficaram mais despojadas com as novas capas de sarja peletizada branca. As paredes também mudaram: “Nos inspiramos nas casas de praia sofisticadas de Trancoso, por isso, aplicamos revestimento de palha na maior parte delas e criamos um painel de mármore calacata na sala de jantar”, diz o arquiteto. Xales de tecido listrado navy, em tons de azul e branco, emolduram as passagens para a varanda e persianas automatizadas ficam ocultas no cortineiro de madeira. Segundo Maurício, elas só são fechadas quando a família quer assistir filmes no telão durante o dia e precisa da sala mais escurinha. “Mas o que eles curtem mesmo é poder ver o mar do sofá”, diz ele. Desligado, o vídeo projetor fica embutido no teto de gesso. Apesar de ser uma extensão do living, a varanda não perdeu suas características originais. O mobiliário segue a linha de itens de exterior e recebe com conforto e descontração quem vem da praia ou quem chega para o churrasco. O piso na área da churrasqueira recebeu mosaico de mármore travertino. Já no canto social, as tábuas do antigo deque receberam tratamento para que ficassem como se feitas de ébano. “O acabamento na madeira reforça o ar acolhedor do espaço e dialoga com o voal franzido que veste e disfarça as colunas estruturais do edi-

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fício”, argumenta o arquiteto. Com móveis novos, as suítes ficaram ainda mais aconchegantes. Para eliminar o eco produzido pelo piso frio original do apartamento, as paredes foram forradas de papel belga, à base de algodão natural. “A acústica melhorou cem por cento. Na hora de dormir, é apenas o som do vai e vem das ondas que se escuta”. Frequentadores assíduos da Riviera há mais de trinta anos, o casal ainda preserva a emoção de novidade cada vez que desembarca por lá. Segundo a proprietária, “tem sempre algo novo para nos surpreender, seja um restaurante, uma atividade no shopping, uma trilha recém-inaugurada. Não há rotina na Riviera. O que nunca muda é a paz do lugar, suas belezas naturais e os amigos da praia. Ainda bem”. Eles já estão de malas prontas para comemorar, em seu apê remodelado, mais um Réveillon nas areias do loteamento.

Móveis: Micasa, Casual, Kare, Érea Iluminação: Luz e Design Marcenaria: Medeiros Quadros: Arte Aplicada

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fotos: Fernanda Lopes

gastronomia

Ceia da sorte O simbolismo abarca boa parte dos alimentos e, na entrada de um novo ano, pode representar fartura e prosperidade Por Fernanda Lopes Muitas pessoas colocam em prática um ritual para atrair sorte e fartura a cada ano que se inicia. A cor da roupa, um amuleto, pular ondinhas... Muitos desses hábitos relacionam-se a alimentos. O próprio termo Réveillon deriva do verbo francês réveiller, que significa revelar, despertar, acordar. É o fechamento de um ciclo. Segundo Fátima Duarte, coordenadora do curso de gastronomia da Unimonte, “as comidas carregam a simbologia da fartura”. Os grãos, por exemplo, remetem à multiplicação. Arroz, lentilha, feijão, milho simbolizam a fertilidade. No Brasil, como temos influência árabe direta e indireta (por meio dos portugueses), a lentilha é o ingrediente mais usado para este propósito. Unida ao arroz, que simboliza a fartura, a lentilha fica perfeita. O peixe também é um clássico na ceia de Ano-Novo. Em diversas culturas, ele faz alusão à partilha e purificação por causa do seu habitat, a água. Eles são férteis e quase nunca andam sozinhos. O bacalhau, em razão da herança lusa, é o peixe mais consumido nesta época. Mas, nos últimos anos, o salmão ganhou espaço nas ceias de Réveillon. Veja, na página ao lado, o que cada alimento representa em diferentes crenças. É claro que não há nada de científico em todas essas crenças, mas já que todos esses ingredientes podem resultar em pratos deliciosos, vamos nos render a eles e incluí-los na contagem regressiva para 2016.

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Receita Arroz com lentilhas e cebolas fritas Ingredientes 2 xícaras (chá) de arroz branco; 1/2 xícara (chá) de lentilha; 1 xícara (chá) de vinho branco seco; 1 colher (sopa) de óleo; 1/2 cebola picada; 1 colher (chá) de pimenta-síria; sal a gosto. Para a cebola: 2 cebolas fatiadas; farinha de trigo o quanto baste; sal e pimenta a gosto; e 1/2 xícara de óleo. Modo de preparo do arroz Num escorredor ou numa peneira, coloque as lentilhas e lave sob água corrente. Numa panela, cubra as lentilhas com bastante água, acrescente sal a gosto e leve ao fogo alto. Quando ferver, abaixe o fogo e deixe cozinhar por cerca de 15 minutos ou até que as lentilhas fiquem macias. Escorra a água e transfira as lentilhas para uma tigela. Reserve. Numa panela média, acrescente o óleo e leve ao fogo baixo. Quando esquentar, adicione a cebola, a pimenta-síria e tempere com sal. Refogue por cerca de 2 minutos

ou até que a cebola fique transparente. Coloque o arroz e refogue por mais 1 minuto. Aumente o fogo, junte o vinho branco e misture por 1 minuto. Coloque 4 xícaras de água fervente e deixe o arroz cozinhar por cerca de 20 minutos ou até secar. Para verificar se ainda há água no fundo da panela, fure o arroz com um garfo. Quando a água começar a secar, prove o arroz para ver se já está cozido. Caso contrário, acrescente um pouco mais de água quente e deixe secar totalmente. Retire o arroz do fogo e misture com a lentilha reservada. Cebola: tempere um pouco de farinha de trigo com sal e pimenta branca moída. Passe as fatias finas de cebola nessa mistura e bata para tirar o excesso de farinha. Esquente o óleo e coloque as cebolas e frite até dourar. Escorra o óleo em uma grade ou papel absorvente. Sirva sobre o arroz. Rendimento: 5 porções.

O simbolismo de cada alimento Peixe Simboliza a purificação devido ao seu habitat, a água. Além de ser fértil, dificilmente nada sozinho. Traz sorte.

Porco Um animal polêmico na história da civilização. Enquanto algumas culturas consideram sua carne impura, outras o tratam como animal resistente, forte e que busca oportunidades – já que fuça para frente. Por isso, é bem-vindo na ceia de Ano Novo. Na Itália, o pé de porco com lentilhas é um prato tradicional de boa sorte. Os alemães e os mexicanos também comem a carne suína na virada

Lentilha e outros grãos Trazem a expectativa da fertilidade na maioria

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das culturas. Arroz, trigo e feijão são a base da alimentação na história da civilização. Para os orientais, o mais simbólico é o arroz, considerado o grão da vida. No caso da lentilha, diz a lenda que ela deve ser o primeiro alimento a ser ingerido na ceia, para que não falte dinheiro e saúde durante o ano. Isso porque as sementes incham e dobram de tamanho depois de cozidas.

Uvas e romã Repletas de sementes ou nascidas em cachos, elas trazem a ideia de multiplicidade e fartura. A uva é a fruta que dá o vinho de Baco, o deus mitológico dos excessos, da fartura e das festividades. A romã, por sua vez, carrega a simbologia religiosa. Para os judeus, comer essa fruta no Ano Novo judaico é questão de virtude e, ao comer algumas

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gastronomia Lombo com romãs

Receita

Ingredientes 1kg de lombo de porco; 2 cebolas raladas ou processadas; 2 folhas de louro; 3 dentes de alho picadinhos; salsinha e alecrim picados (2 ramos de cada); 1 colher (sobremesa) de sal; 1 colher (café) de pimenta-branca; 1 xícara (chá) de vinho branco seco; suco e raspas da casca de 1 limão; 2 colheres (sopa) de azeite; 2 colheres (sopa) de manteiga e polpa de uma romã. Modo de preparo Tempere o lombo com as cebolas, o alho, o limão, o sal, a pimenta, o azeite e o vinho branco. Deixe no tempero durante 2 horas. Tire da marinada, mas conserve-a. Esquente uma frigideira e sele o lombo de todos os lados. Coloque o lombo na assadeira, junte o molho dos temperos e a manteiga. Primeiro deixe o forno alto (250 graus) por 10 minutos e depois baixe para 200 graus e deixe por cerca de 35 minutos. Quando o lombo estiver corado, retire-o para a tábua de carne e deixe-o descansar um pouco. Retire o excesso de gordura do molho, despejando-o numa tigela. Acrescente ½ xícara (chá) de água, deixe ferver e, se quiser, sirva na molheira. Corte-o em fatias e arrume-o na travessa com a romã salpicada por cima. Rendimento: 5 porções.

de suas sementes, o homem estaria reforçando suas qualidades. O peso religioso da romã também aparece no catolicismo. No dia de Reis, costuma-se comer algumas sementinhas e guardar outras na carteira para ter sorte e riqueza ao longo do ano.

Frutas secas, nozes e castanhas São associadas à fartura e à sorte por ser alimentos resistentes, possíveis de ser armazenados durante muitos dias, uma garantia de alimentação. Também a doçura remete ao desejo de ano doce.

Cordeiro As citações bíblicas comprovam o apelo religioso do cordeiro para os católicos. É um animal considerado puro e, por isso, é permitido até mesmo no período da quaresma, em que os fiéis não podem comer carne vermelha ou de animais de sangue quente.

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Louro De origem greco-romana, o louro é símbolo de sucesso e vitória. Na Grécia, os atletas recebiam coroas de louros, ou seja, eram laureados, expressão usada até hoje. Além disso, são folhas de uma árvore resistente e que dá frutos em bagas volumosas. Guardar umas folhas de louro na carteira na virada é promessa de sucesso e fartura ao longo do ano.

Champanhe É produzido a partir da uva, que atrai sorte. Além disso, é a bebida da celebração da vida e por isso atrai felicidade. Há o costume de tomar três goles de champanhe e, para cada um, fazer um pedido. Ao contrário do que diz a etiqueta, na superstição deve-se abrir o champanhe com bastante pressão. Quanto mais longe a rolha for, mais sorte terá. Quem encontrar a rolha deve guardá-la durante todo o ano para garantir prosperidade.

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Receita Bolo de nozes Ingredientes bolo 8 ovos (clara e gema separadas); 1 e 1/2 xícara de açúcar; 1 e 1/2 xícara de nozes moídas; 6 colheres (sopa) de farinha de rosca; 1 colher (chá) de fermento em pó; 2 colheres (sopa) de licor de cacau; margarina e farinha de rosca para untar uma forma redonda com 23cm de diâmetro e que seja alta. Recheio e cobertura: 1 litro de creme de leite fresco; 2 colheres (sopa) de açúcar e algumas nozes para enfeitar. Preparo bolo Na batedeira, em velocidade alta, bata as claras com 1/2 xícara de açúcar. Reserve. Agora, bata as gemas com o restante de açúcar até formar um creme bem claro. Desligue e misture, com uma espátula, as nozes moídas, a farinha de rosca e o fermento. Por último, junte, delicadamente, as claras. Unte a forma com margarina e polvilhe farinha de rosca. Coloque a massa e leve ao forno pré-aquecido a 200°C por cerca de 45 minutos ou até que, ao enfiar um palito no centro, este saia limpo. Recheio: na batedeira, bata o creme de leite gelado com açúcar até ficar em ponto de chantili. Comece em velocidade baixa para não espirrar. Montagem: tire o bolo do forno e deixe amornar. Desenforme e corte em dois discos. Coloque chantili sobre um disco de massa, cubra com o outro e enfeite com um pouco de chantili e nozes. Se quiser, polvilhe açúcar de confeiteiro. Rendimento: 10 pedaços.

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moda

Estilo de guerra

Ralph Lauren

Modelo mais versátil e leve do que o jeans, a calça chino é ideal para o verão de homens sofisticados

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Formal, mas sem perder a leveza, a calça chino em algodão, com toque aveludado e corte de alfaiataria, transita entre os momentos descontraídos ou formais com uma simples mudança de combinações. Os aviamentos em couro e metal acrescentam um ar sofisticado aos homens atentos aos detalhes

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fotos: KFpress

Existem várias histórias sobre a origem da calça chino. A principal, e mais aceita, conta que as elas foram usadas pelos soldados do exército americano na Guerra dos Boxers, em 1900, na China, por isso, ao entrar na América, recebeu o nome “Chino”. O diferencial da calça é a sua fabricação, geralmente feita 100% em algodão, sem pregas e de corte levemente afunilado. É um modelo mais versátil e leve do que o jeans, ideal para o verão. Tradicionalmente vistas nas cores bege, marrom e cáqui, as calças chino são geralmente peças com corte de alfaiataria em tecido mais casual, como sarja, por exemplo. Atualmente, há uma variedade de calças deste modelo e

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cabe ao homem escolher a peça que corresponde direitinho ao seu estilo pessoal. Sem dúvida, a chino é imprescindível no closet masculino e sua função é deixá-lo mais elegante tanto para o ambiente corporativo informal, como para almoços em família. Ela pode ter pregas, vincos ou modelagem slim. As barras das calças podem ser dobradas, o que lhes garantem um jeito mais descolado, ou adicionar um cinto, para sofisticar o look. Opções não faltam para eles ficarem bem vestidos nos dias quentes de verão. E o melhor de tudo é que é possível encontrá-las com muita facilidade, em várias lojas, em diferentes cores e modelagens (mais afuniladas, com cortes retos etc.).

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moda

Cintos que fazem a diferença Se na moda feminina os acessórios são capazes de mudar o visual de uma produção, no masculino eles revelam que tipo de homem você é: clássico, moderno, elegante, vaidoso, bem cuidado, relaxado, descuidado... Mais uma vez, os homens mostram que os acessórios são a parte fundamental dos seus looks e, por isso, o mercado já coloca nas prateleiras opções incríveis para abastecer essa demanda masculina. A dica aqui é combinar as outras peças do visual com uma das cores do cinto ou com itens neutros, dando ênfase a esse acessório. Além de modernos, eles mostram tendências de moda já que seguem as cores e as estampas certas da estação.

Os cintos multicoloridos e estampados tomaram conta do verão europeu e prometem embarcar em terras brasileiras também

Guia de estilo para homens Se os seus ombros são caídos, além de natação e exercícios para melhorar a postura, você deve usar paletós e jaquetas com ombros estruturados e ombreiras discretas, camisas e camisetas com a cava no lugar. Esqueça regatas, colarinhos altos e mangas raglã (a costura da cava começa debaixo do braço e segue reta até o colarinho). Se você tem pernas finas, o jeito é disfarçar com calças feitas com tecidos encorpados, esquecer as bermudas curtas e os shorts com tênis pesado e as calças justas.

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Bike style Para quem pensa que andar de bicicleta é só uma questão de esporte, está muito enganado! A bike está agregada ao estilo de vida de muitas mulheres e já se tornou um meio de transporte alternativo nas grandes capitais do mundo. E quem é esse público? Mulheres antenadas, que trocam o ar condicionado do carro pelo exercício físico ao ar livre - e isso não significa que elas não se produzam e não se sintam lindas! As bikers vão do lazer ao trabalho com looks charmosos e confortáveis, que as vestem tanto para um programa em família, quanto para uma reunião de trabalho - e até salto algumas usam (uma questão de prática). Bacana, não é?

Vermelho, vermelhão, vermelhaço... Para esta temporada internacional, o vermelho não só marca presença como traz um algo a mais aos looks. A cor, que chega em tom vivo para contrastar com as cartelas de inverno, colore roupas de peso, que são peças-chave da produção. O acabamento é envernizado com barra cortada a fio. Com mood bem despojado, essas peças trazem modernidade e sofisticação aos looks casuais do dia a dia.

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Flashes

Mais uma vez, a Construtora Möntmann e Gomes encantou Bertioga com sua Cantata de Natal

O coral da Igreja Batista regido pelo maestro Donaldo Guedes

Luis Fernando, Kleber Gonçalves, Cristina Pousada, Érica Florência e Kaique Bolchovitch

Antonio Rodrigues e Quintana

Os casais Umberto e Elisa Andrade e Edy e Wellington Nogueira

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Marcos Quintana, Cynthia Möntmann, Isabelle Hernandez, Mauro Orlandini, Mariana Hernandez e Marina Fernandes

Luci e José Aparecido Cardia

Marcia Lia e Mauro Orlandini

Ivan Carvalho, Wanderley Nicola e Ricardo Ramblas

Donaldo Guedes, Marcos Quintana, Irland Pereira de Azevedo e Cynthia Möntmann

Vanessa, Karina e Caio Matheus

Adriana Markendorf Baumhardt e José Filipe

Regiane Carvalho, Elaine Pierre e Márcia Ribeiro

Nelson, Cleia e Bryan Bergamo

Paulo Volino e Ana Paula Brotto

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“Destaques” // Luci Cardia

Na Maison Haddad, na Riviera, a Turma dos Apaixonados pela Riviera - TAR -, recebeu seus integrantes e convidados para celebrar mais um aniversário. Na pessoa do eterno amigo Roberto Haddad, homenageamos a todos

Liderados por Roberto Haddad, a festa anual da TAR, mais uma vez sucesso total. Parabéns

Martinho Marques, Dr. José Cardia, Dr. Camilo As mulheres da TAR, sempre lindas e Di Francesco, o empresário Roberto Haddad e maravilhosas Vicente Criscio

Jean e Masci Souza, Silvana e Ricardo Genovezi, Rose e Sérgio Aragon

O casal Luiz e Dirce Simão e os belos Luciane e Pascoal Biondo O clã dos Haddad: Carina, Sidney, Roberta, Ricardo Fogliano, Lynn e Dennis

Fanny França, Heloisa di Francesco, Gerson França, Selma e Arnaldo Barreto

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Hélio e Carla Violani, Nawal e José Avelino

Milton e Rosely Casari, Masci e Jean Souza

Kristen Pelster e Tim Crutchley, diretamente dos Estados Unidos para a TAR. Welcome

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“Destaques” // Luci Cardia

Festa de Natalia Andery

Natalia Andery com as cores da paz e da felicidade. Maravilhosa

Patrícia del Rio, Natalia, Claudia Marques e esta colunista

O clã da família Andery em festa. Felicidade é prioridade

Lideradas por Carla Dellanese, todas as amigas Laura Piccoli e Fabio Nilo, Ana Lucia, Natalia confirmaram, a festa foi um sucesso Andery e Marco Bosculo

Eles estão sempre unidos, os amigos Carla Dall Anese e Marco Abreu, e Tânia e Willian Fidelix

Luci Balaguer e Paulo Prudêncio... O amor está no ar

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Dr. José Cardia, o empresário Jamil Andery e a aniversariante

O empresário Jamil Andery, mais uma vez recepciona os amigos com felicidade

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“Alto Astral” // Durval Capp Filho Aniversário de Neusa Sleiman, casamento de Guilherme e Fernanda, Mostra Revestimenta e aniversário de 16 anos do programa Estilo Elsa

Aniversariante Neusa Sleiman, Aniz Sleiman e os filhos No Clube Recreativo Vasco da Gama, após Luciana, Karina e Vladimir, na Capital Disco cerimônia religiosa no Valongo, os noivos Fernanda Daroz Paulo e Guilherme Colombo Barboza receberam os convidados

Sandro Mastelari (cantou com o Grupo Feitiço) e Maria Cláudia Colombo Barboza (irmã do noivo) foram os anfitriões

A empresária Viviane Trespach, deslumbrante na Mostra Revestimentta 2015, na Washington Luiz

Como sempre, a arquiteta Carla Árigon Felippi embarcou no Espaço do Café

Margarida e Luiz Colombo Barboza, pais do noivo, recebiam os convidados no exuberante salão decorado por Pupy Zogaib

A arquiteta Carina Fontes em seu correto espaço na Mostra

Em comemoração ao 16 ª aniversário do Programa Estilo Elsa, da TV Santa Cecília, Elsa Rodrigues e Carlos Alberto Martins Carvalho, na AEAS

A empresária Regina Chirico, da Escola Geração Futuro, levou o abraço à amiga Elsa

Ao encerrarmos 2015, desejamos um feliz Natal e um próspero Ano de 2016

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“Celebridades em Foco” // Edison Prata

Um dos mais famosos oftalmologistas do litoral, Dr. Guaracy Reis, e sua eleita Letícia do Valle Reis marcam presença em eventos beneficentes, atitude de reconhecimento para com sua cidade e com as pessoas menos favorecidas

Pedro Horn e sua mulher Cecília Horn dão um toque todo especial nos locais que frequentam

O coronel Messina, da Polícia Militar, e sua mulher Cathia Messina

Recém-chegado da Europa, o advogado Valberto Souza é só alegria

O empresário Artur Ubiratan (à direita) e o advogado e colunista social Edison Prata

E por falar em amigos, vale a pena estar sempre com o querido amigo Pinho, coronel da Polícia Militar na reserva

O empresário Wiliam Araújo, proprietário da Auto Escola Expressão e sua mulher Kika, em recente estada em Ilhabela

Parabéns aos novos presidentes da OAB – Guarujá. O presidente Paulo Roberto Fiorotto Rodrigues Júnior e a vice-presidente Simone Oliveira Agria

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Interligação Rio Grande-Alto Tietê Água para mais de um milhão de pessoas ainda este ano. Ampliação da ETA Alto da Boa Vista Tecnologia de membranas ultrafiltrantes na ampliação do Sistema Guarapiranga.

Reservatórios metálicos 20 reservatórios que serão entregues em 16 cidades da região metropolitana de São Paulo.

Novo Sistema São Lourenço Maior obra de abastecimento em execução no país.

Interligação Jaguari-Atibainha Maior segurança para as bacias do Paraíba do Sul e do Cantareira.

Interligação Rio Guaió-Alto Tietê Redução da dependência do Sistema Cantareira.

É importante cada um continuar fazendo a sua parte. Porque, juntos, estamos vencendo a maior seca dos últimos 85 anos. Contamos com a sua colaboração. Beach&Co nº 162 - Dezembro/2015

Nova Adutora do ABC Mais de 250 mil pessoas beneficiadas na zona sul da capital.

Aqui no litoral, economize água.

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UM PATRIMテ年IO DE BERTIOGA

Fotos Riviera de Sテ」o Lourenテァo


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