Revista Lumen - Setembro de 2013 - Edição 03

Page 1

EDIÇÃO 03 - SETEMBRO 2013

Jornada Mundial da Juventude

Missa de envio reuniu mais de 3,5 milhões de pessoas na praia de Copacabana


N CAPA

JMJ Rio2013

Durante missa de envio, mais de 3,5 milhões de pessoas rezaram juntas na praia de Copacabana. Foto de Fernanda Sales JMJ Rio2013

esta edição, você confere um diário da Jornada Mundial da Juventude, na visão de alguns jovens que peregrinaram e viveram intensamente uma semana de caminhada na Fé, no seguimento em Cristo e na Igreja. Do passado recente ao histórico, lembramos também o centenário de nascimento do Cardeal Dom Agnelo Rossi. A história deste homem, que deixou um legado de amor pela Igreja, começa no clero diocesano de Campinas. Navegue e acompanhe outras reportagens da edição. Boa leitura! SETOR IMPRENSA ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS



Cem anos de Dom Agnelo

Somascos comemoram 50 anos no Brasil

Intereclesial das CEBs

Pequeninos do Senhor

JMJ Especial

E a passagem do Papa Francisco por Aparecida

Teologia Moral


PUC-Campinas

Espiritualidade Terapia Canina completa 4 anos

Capela da Boa Morte

Vocações Pio XII e Casa Cor

Convento das Irmãs Dominicanas


arquivo

Centenรกrio de

Dom Agnelo Cardeal Rossi POR CAROLINHA GROHMANN E Bร RBARA BERAQUET


E

m 3 de maio passado, se vivo, Dom Agnelo Cardeal Rossi completaria seus cem anos. Filho de Campinas, nascido em Joaquim Egídio, Cardeal Rossi deixou um legado de amor e de entrega de sua vida a Deus, à Igreja. Presente na memória e no coração da Igreja de Campinas, Dom Agnelo deixou na lembrança dos que o conheceram a impressão vívida de um homem de Deus, que foi conduzido por Ele e conduziu seu rebanho com alegria. Assim foi ao longo de sua história na Igreja, em especial na Igreja Particular de Campinas.

Os pais, Vicente e Vitória Rossi, conduziram-no e ao irmão, Miguel, com simplicidade e na fé. Desde o nascimento, teve a visível proteção da mão de Deus, pois sua mãe, em função de delicado estado de saúde, esteve por perder a criança.

Acima, o jornal A Tribuna, em sua edição de 12 de maio de 1956, registra a partida de Dom Agnelo, como bispo, a Barra do Piraí Revista Digital Lumen

7


N

o dia 23 de maio passado, no Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Campinas, Dom Giovanni D’Aniello, Núncio Apostólico no Brasil, presidiu Celebração Eucarística em memória dos 100 anos do nascimento do Cardeal Rossi. A Missa foi concelebrada por Dom Airton José dos Santos, Arcebispo Metropolitano de Campinas, e por 8

Revista Digital Lumen

Dom Odilo Pedro Cardeal Scherer, Arcebispo de São Paulo. Durante a homilia, Dom Giovanni compartilhou que conheceu o Cardeal quando, na época, Dom Agnelo estava na Congregação da “Evangelização dos Povos”, na África. Dom Giovanni destacou o amor, a determinação e o carinho que o Cardeal sentia pela Igreja. A simplicidade do Cardeal também foi uma caracterís-


tica marcante, segundo Dom Giovanni. “O Cardeal Rossi passou de uma cidade a outra, de uma responsabilidade para outra, e andou quase pelo mundo inteiro pela renovação dos povos, para levar a Palavra de Deus. E, no final dos seus dias, mesmo sendo um Cardeal de Roma, ele se manteve simples. Ele ficou disponível, sempre um companheiro para os outros nessa simplicidade. É isso que nós temos que lembrar. Temos que fazer com que nossa vida também seja completamente de Deus, não importa onde, não importa quando, testemunhar! A gente tem que fazer com que as pessoas que ainda não conhecem Deus, que ainda não sabem que o dom da vida vem de Deus, através de nós, possam conhecer e dizer que vale a pena segui-lo”, enfatiza.

Nas fotos desta e da página anterior, feitas em 01 de maio de 1966 (Bodas de Prata do Centro Social Leão XIII), a entrada na Escola do Belém do Bispo Dom Lafayette e, ao centro, o Cardeal de São Paulo Dom Agnelo Rossi. (www.jurassicos.com.br) Revista Digital Lumen

9


P

arquivo

ara o núncio, o Cardeal foi um exemplo de dedicação. “Na sua pessoa, podíamos sempre experimentar a presença de Deus, mesmo na simplicidade que cada um traz consigo”, observou. Dom Airton lembrou a importância do Cardeal para a Arquidiocese de Campinas desde o começo de seu ministério como padre, depois bispo, arcebispo e, mais tarde, cardeal. Como grande legado que o Cardeal deixou para Campinas, Dom Airton destaca o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe. “Foi ele quem idealizou o terreno, o projeto, a construção, trabalhou, conseguiu recursos e foi atrás de gente que pudesse ajudar. Essa Igreja é um pouco da figura do Cardeal Rossi. Lembramos o fato de ele estar sepultado aqui. É uma honra tê-lo como cidadão da região e que participou e ajudou em tantas coisas da Igreja, de modo muito especial na dimensão missionária”, diz. O Padre Carlos José Nascimento, Paróco do Santuário, destaca que a igreja foi construída em um tempo recorde de 11 meses. A construção foi um agradecimento do Cardeal por ter a saúde restabelecida por intercessão de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da América Latina. “Já era o desejo do Cardeal, desde o começo, que o Santuário também fosse uma Igreja túmulo”, explica.

10

Revista Digital Lumen


arquivo Revista Digital Lumen

11


Obras Além do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe e da Paróquia São Miguel Arcanjo, o Cardeal Rossi deixou sua contribuição em outras obras, físicas, como a Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, e missionárias. Ângela de Mendonça Engelbrecht, Reitora da PUC-Campinas, diz que é muito significativo colher os re-

sultados do início da Universidade. “O Cardeal foi nosso primeiro vicereitor e foi pelas mãos dele que veio, de Roma, o título de Pontifícia para a nossa Universidade. Ele participou da gestão de uma época em que as pessoas desbravavam a educação. Hoje, colhemos estes resultados, do começo da Universidade”, comenta.

Fotos de Carolinha Grohmann 12

Revista Digital Lumen


Abaixo, o jornal A Tribuna, em sua edição de 17 de março de 1956, registra a elevação do sacerdote Agnelo ao episcopado, como bispo eleito de Barra do Piraí

S

endo o Cardeal um dos precursores das Igrejas Eclesiais de Base, Dom Airton afirma que Dom Agnelo trabalhou muito, apresentando as preocupações da Igreja, como evangelização e recuperação das identidades. “As comunidades pequenas dão identidade e rosto às pessoas. O grande esforço dos grandes Bispos do Brasil, entre eles o Rossi, é de fazer com que as pessoas se encontrem com Jesus Cristo na vida de comunidade, trazendo para o dia-a-dia coisas que são importantes e que foram importantes na vida das pessoas, e para que sua identidade e suas características não desaparecessem. A importância de incentivar os pequenos grupos é quase que uma resistência à violência de ataque de anonimato que existe na sociedade. Atualmente, nas cidades, as pessoas têm somente o número, não tem identidade, não tem rosto. As pequenas comunidades recuperam isso”, diz.

Revista Digital Lumen

13


Dom Giovanni

D

om Odilo também destaca a dedicação do Cardeal Rossi. “Ele foi um grande trabalhador, que teve muito amor à Igreja, um enorme coração missionário e é bom recordá-lo, ele é um exemplo, um grande Bispo da Igreja do Brasil que também serviu a Igreja do mundo todo”, disse. Dom Giovanni resume a característica missionária do Cardeal como um “espírito paterno muito próximo da gente”. 14

Revista Digital Lumen

“Eu vi este espírito missionário, espírito do homem aberto, sobretudo pela evangelização dos povos que ainda não conheciam o Cristo o desempenho dele para fazer que a palavra de Deus atravesse também as Igrejas locais e possa atingir todo o mundo. O legado mais forte que ele deixou foi justamente esta Igreja aberta, que vai, evangeliza e que está sempre em movimento”, diz.


Um dos momentos que Francisco Rossi, sobrinho do Cardeal, tem orgulho de compartilhar, foi a comemoração de seu tio pelos 25 anos de Cardeal em Roma, durante o pontificado do Papa João Paulo II. O Papa recebeu a família de Dom Agnelo em audiência particular, celebrou missa em uma capela e ofereceu almoço no Palácio do Vaticano. Francisco lembra do tio como alguém preocupado com a formação humana, social e cultural do mundo. Segundo ele, o Cardeal visitou 132 países, alguns mais de uma vez, como enviado do Papa João Paulo II. “Ele visitou todos os países com muito amor e dedicação”. Como obra física, Francisco enfatiza a contribuição do Cardeal para Campinas com a PUC-Campinas. Junto com Monsenhor Salim, o Cardeal começou a formar os cursos da Universidade, onde foi professor de filosofia. “Ele sempre era o diretor ou vice-diretor conforme os institutos. No dia em que ele tomou posse como vice-reitor da Universidade Católica de Campinas, que naquele tempo ainda não era Pontifícia, ele foi nomeado Bispo de

Acesse a biografia completa de Dom Agnelo Cardeal Rossi

Barra do Piraí, então deixou Campinas. Desde então, foi subindo para a Igreja Universal”, lembra. Francisco agradece as comemorações do centenário, com a presença de Dom Airton, Dom Odilo e pelo Papa Francisco ter enviado seu representante pessoal do Brasil para presidir a celebração. “É uma grande homenagem que Campina presta ao meu tio. A família está feliz e agradecida com a comunidade Nossa Senhora Aparecida de Guadalupe”, finaliza.

Revista Digital Lumen

15


50 anos da presença dos

Somascos no Brasil Por Bárbara Beraquet Reportagem de Mariana Ignácio

A

partir de um convite de Dom Jaime Cardeal Barros Câmara, arcebispo do Rio de Janeiro, aos somascos italianos, chegam, em 1962, os primeiros religiosos enviados pela Província Romana dos Padres Somascos. Vive-se o início do Concílio Vaticano II, convocado por João XXIII no ano anterior, e Padre Heitor Giannela e Padre Miguel Pietrangelo, da Ordem Somasca da Itália, vem ao Brasil para fundar, aqui, a Vice-Província Cristo Redentor. Logo depois, somam-se a eles dois estudantes de teologia, Líbero Zappone e Marino Nati. Assim, a Ordem dos Somascos dá seus primeiros passos naquela que é a capital do país de 1763 a 1960, o Rio de Janeiro. Eles se dirigem em missão “ad gentes” 16

Revista Digital Lumen

para a Diocese de São Sebastião. Mais tarde, ela estaria presente em vários lugares da nação que os acolheu.

Divulgação


Em Campinas Alguns anos mais tarde, é a vez de Padre Américo Vecchia, atualmente padre provincial da Ordem, aportar em terras brasileiras. Depois de uma viagem de 13 dias em um navio, o padre chegou da Itália em 27 de janeiro de 1970. Com outros somascos que aqui estavam, percorreram cidades do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo e, ao longo de sua trajetória no país, o religioso, assim como outros da Ordem, passou por diferentes realidades. Fundada por São Jerônimo Emiliani, Patrono Universal da Criança Órfã e da Juventude Abandonada, a Ordem teve início do trabalho caritativo do santo, na Itália, em meados de 1500. “Filhinhos, o mundo passa e deve ser menosprezado com discernimento. Sigam a via do Crucificado, amem-se uns aos outros, sirvam os pobres”, é o testamento espiritual deixado pelo santo, que fundou hospitais, orfanatos, asilos, escolas profissionalizantes e também a Ordem dos Clérigos Regulares em Bérgamo. No dia 8 de fevereiro de 1537, São Jerônimo Emiliani morre na cidade Somasca, sendo canonizado 230 anos mais tarde.

“A parte do nosso carisma, o apostolado de São Jerônimo, se caracterizou por uma proximidade às crianças marginalizadas, órfãs, isso naquela época (no início da Congregação no Brasil). Hoje, é todo tipo de criança que conhecemos. Na verdade São Jerônimo trabalhou com um leque maior, como catequistas, com camponeses, mulheres em situação de rua, doentes. Mas pegamos como característica maior o cuidado com as crianças. Nessa linha, nos colocamos perante a Igreja e a Sociedade com as crianças, nos orfanatos até onde pudemos, depois trabalhando com o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e nas periferias dos lugares onde estão situadas nossas paróquias. Depois, constituindo estas obras que, especialmente hoje, realizam o programa sócio-educativo em meio aber-to, em que as crianças com períodos contrários à aula permanecem conosco em um trabalho preventivo, de socialização, psicologia, assistência às famílias mais carentes”, explica Padre Américo, que enfatiza a importância desse trabalho com o envolvimento da família e da sociedade no território. Revista Digital Lumen

17


m a r e z fi s ê c “vo s o ã d a d i c s muito brasileiros”

18

Revista Digital Lumen


Formar cidadãos “Nestes anos, passaram muitos jovens no seminário e somos muito poucos, apenas 15 religiosos somascos no Brasil, nestes cinco lugares: Uberaba (MG), Campinas, Santo André, Presidente Epitácio (SP) e Satuba (AL). Poucos se tornaram padres e também tivemos um abandono de seis ou sete religiosos, padres e irmãos, que saíram e voltaram para suas casas. Fiquei muito triste ao falar isso e um seminarista me disse:

‘Padre, se vocês não fizeram muitos padres ou religiosos, vocês fizeram muitos cidadãos brasileiros’. Acho que essa frase não é um consolo, que venham muitos padres e religiosos. Mas temos a confiança de ter ajudado a formar cidadãos”, finaliza.

Somascos Em 50 anos, a Congregação, que já tem mais de 500 anos, passou por seis comunidades em seis dioceses brasileiras diferentes, sempre orientada pelo Carisma dado por São Jerônimo Emiliani, seu fundador. Três fundamentos são a herança que sustenta os Somascos: Oração, Caridade e Trabalho.

Eles surgem no tempo de São Jerônimo como “Companhia dos Servos dos Pobres”, chamados a deixar tudo para se colocar a serviço do Reino, a serviço dos pobres e vivendo como pobres. A primeira Obra foi criada em Veneza, em 1531, em locais disponibilizados pela Igreja de São Roque.

Imagem de São Jerônimo junto aos pequenos. Abaixo, Padre Américo Veccia no jardim do Seminário Somasco. Canto superior: sala de reuniões. Fotos de Mariana Ignácio. Revista Digital Lumen

19


leigos e leigas

13º Intereclesial das CEBs “Como Igreja centenária, a Diocese de Crato (CE), acolhe no 13º Intereclesial de CEBs, em Juazeiro do Norte, os romeiros do Reino, com suas culturas, costumes, desafios, clamores e fé. Todos serão acolhidos e abençoados na Basílica de Nossa Senhora das Dores, à sombra do Juazeiro e sob a inspiração do Padre Cícero, fazendo-se conosco uma só nação romeira”. Na oração, meditação e reflexão encontraremos a melhor forma de preparação para o 13º Intereclesial de CEBs, que irá acontecer em Juazeiro do Norte, nos dias 07 a 11 de janeiro de 2014, com o Tema “Justiça e

20

Revista Digital Lumen

profecia a serviço da vida”, e o Lema “CEBs romeiras do reino no campo e na cidade”. Os intereclesiais têm por objetivo proporcionar uma maior articulação entre as comunidades eclesiais de base, reunindo seus representantes vindos de todas as dioceses do Brasil, da América Latina e de outros continentes, bem como representantes de Igrejas evangélicas e membros de outras religiões. Estes encontros são momentos de celebração, de avaliação e partilha do que se vive nas comunidades. É uma grande liturgia, uma assembleia do povo de Deus.


leigos e leigas

Eles reforçam a caminhada das CEBs, revelam suas riquezas e apontam caminhos novos para que sempre mantenham sua fidelidade a Jesus Cristo, à Igreja e à vida do povo. “As CEBs urbanas não podem se acomodar e ficar apenas no campo religioso. Parceria crítica e profética: eis o caminho novo! Nem donas, nem afastadas dos espaços em que jogam as cartadas decisivas da vida do cidadão urbano”. Os Encontros Intereclesiais das CEBs são patrimônio teológico e pastoral da Igreja no Brasil. Manifestação visível da eclesialidade das CEBs, congregam bispos, religiosos e religiosas, presbíteros, assessores e assessoras, leigos e leigas animadores e animadoras de comunidades,

bem como convidados de outras Igrejas cristãs e tradições religiosas. Neles se expressam a comunhão entre os fiéis e seus pastores. Regional Sul I CNBB O nosso regional já vem se preparando há muito tempo para a nossa participação no 13º Intereclesial das CEBs. Realizamos como parte desta preparação o Paulistão das CEBs, no dia 30 de junho de 2012, na Diocese de Santo André (SP); a Romaria Estadual das CEBs, no dia 20 de maio de 2013, à Aparecida (SP). Ainda este ano realizaremos o encontro dos representantes do Regional Sul 1 ao 13º Intereclesial; somos 400 delegados/as, sendo 80 pessoas da Sub-região Campinas.

Revista Digital Lumen

21


leigos e leigas

O encontro acontecerá na Arquidiocese de Botucatu, na cidade de Pirajuí, nos dias 21 e 22 de setembro de 2013, com o mesmo tema do Intereclesial. Contaremos com a assessoria do padre Nelito Dornelas, assessor da CNBB. Cada uma das oito Sub-regiões realizará também o seu momento de reflexão sobre o tema e o lema do 13º Intereclesial, para um aprofundamento do texto base, e para um maior conhecimento das realidades de nossas comunidades. O Sub-regional Campinas também realizará o seu 27º Encontro de CEBs nos dias 24 e 25 de

“A IGREJA NOS CONVIDA A UMA NOVA EVANGELIZAÇÃO!”

22

Revista Digital Lumen

agosto, em Itatiba, Diocese de Bragança Paulista. Participarão do Encontro 200 pessoas, irmãs e irmãos vindos de diversas Comunidades das diferentes cidades da sub-região Campinas. Também em preparação ao 13º Intereclesial das CEBs, o tema de estudo desse encontro será o mesmo do Intereclesial. A Igreja nos convida a uma Nova Evangelização! As CEBs, como um pai-mãe de família que tira do seu baú coisas novas e velhas, querem buscar nos beatos do Nordeste uma fonte de inspiração e um método de evangelização para o hoje de nossa história, sempre iluminados e conduzidos pela força do Espírito Santo. Edmundo Alves Monteiro Diocese de Bragança Paulista Membro da coordenação Colegiada das CEBs do Regional Sul 1 e Ampliada Nacional das CEBs.


leigos e leigas

Nota A Diocese de Campinas estará presente no 13º Intereclesial das CEBs, com 28 delegados/as. São representantes de várias Comunidades, de pastorais sociais, jovens, conselho de Leigos/as, cristãs e cristãos leigos engajados no movimento de mulheres, no sindicato, padres, religiosas e uma irmã representante da Igreja Luterana. Estamos nos preparando para participar desse momento de graça,junto com os romeiros/as do Padre Cícero e dos beatos e beatas de Juazeiro do Norte (CE), que vivem sua fé em Jesus Cristo enraizada no coração dos pobres do Nordeste. Contamos com as preces de toda a diocese para que este seja um tempo de graça e fortalecimento de nossa fé e missão aqui em nossa Igreja particular. Lizete Aparecida de Souza Comissão Arquidiocesana de CEBs e Membro da coordenação Colegiada das CEBs do Regional Sul 1 CNBB

Revista Digital Lumen

23


Viver o ‘ser cristão’ pós JMJ Rio2013 Olá amigo, olá amiga dos pequeninos, Estamos vivendo o êxtase da pós Jornada Mundial da Juventude! É tempo de respirar os ares que o Papa nos deixou e que o Espírito Santo soprou sobre todos nós brasileiros e todo o mundo que acompanhou esse evento tão profundo e emocionante. Nesta edição, você vai poder vivenciar, através do testemunho da experiência de cinco jovens que foram Pequeninos do Senhor quando crianças, o que foi viver intensamente a pré-jornada e a JMJ – Rio 2013! O Papa Francisco mostrou-nos Jesus! Prepare o seu coração e tenha uma linda experiência também! Um abraço fraterno, Rachel Lemos Abdalla Fundadora e Presidente da Associação Católica Pequeninos do Senhor

24

Revista Digital Lumen


pequeninos do senhor

Quem faz o caderno Pequeninos do Senhor Coordenadora e Redatora: Rachel Lemos Abdalla Direção Espiritual: Monsenhor João Luiz Fávero Colaboração Psicopedagógica: Daniela Frattini colla- danifrattini@hotmail.com Debora Corigliano deboracorigliano@hotmail.com +55 19 2121-0444 contato@pequeninosdosenhor.org www.pequeninosdosenhor.org

Escreva para o Pequeninos do Senhor Envie o seu depoimento ou contenos a sua história vinculada ao Projeto Pequeninos do Senhor! E se quiser dar alguma sugestão ou fazer alguma crítica, encaminhe para o nosso endereço de email: contato@pequeninosdosenhor.org. Com certeza sua mensagem será lida e nós lhe responderemos!

Revista Digital Lumen

25


Pequeninos do Senhor e Jovens do Senhor Dentro da Paróquia Santa Clara, os ‘Pequeninos do Senhor’ se encontram dentro de um projeto de Iniciação à Vida Cristã, como o primeiro passo, uma primeira etapa na formação das crianças. Temos percebido diversos frutos recolhidos a partir desse projeto, principalmente com as famílias, fazendo das crianças agentes evangelizadores das famílias, acarretando em um maior engajamento pastoral dos seus pais. Percebo que nesses mais de 15 anos de trabalho do Pequeninos do Senhor, as crianças vão se tornando jovens maduros na fé e comprometidos com a construção do Reino de Deus. Fruto esse também percebido nesta última edição da Jornada Mundial da Juventude, com o Papa Francisco na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Padre Jonas Barbosa da Silva Administrador Paroquial da Paróquia Santa Clara de Assis, Sumaré (SP) Assessor Arquidiocesano da Área Pastoral Juventude

Quero acreditar que os Jovens do Senhor de hoje, “pequeninos” de ontem, têm muito potencial de evangelização e respondem ao pedido de Jesus: “Ide por todo o mundo e fazei discípulos entre todas as nações” (cf. Mt 28, 19). Contem com a Igreja, e nós contamos com vocês! Abraços em Cristo Sempre Jovem

26

Revista Digital Lumen


pequeninos do senhor

Aos catequistas

Por Rachel Lemos Abdalla

Q

uanta alegria o povo brasileiro sentiu naquela semana que viveu, colocando a esperança nos jovens para o futuro, assim como pediu o Papa Francisco na Homilia da missa em Aparecida, no dia 24 de julho. Assim ele disse: “É de Maria que se aprende o verdadeiro discipulado... venho hoje bater à porta da casa da Mãe, que amou e educou Jesus, para que ajude a todos nós, a transmitir aos nossos jovens os valores que farão deles construtores de um país e de um mundo mais justo, solidário e fraterno. Para tal, gostaria de chamar atenção para três simples posturas: conservar a esperança; deixar-se surpreender por Deus; viver na alegria”. Foram poucos os jovens que vieram para o encontro da Jornada Mundial da Juventude, comparado aos católicos de todo o mundo e, no entanto, falou-se em 3 milhões e meio deles, reunidos no Rio de Janeiro, em nome de Jesus Cristo, vindos dos quatro quantos do planeta, rezando em diversas línguas, mas pro-

ferindo uma só fé, uma só esperança na linguagem do Amor que Jesus ensinou. Ele que um dia disse: Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles (Mt 18,20). Que emoção! Ele estava lá, e era o jovem ao lado, atrás, à frente, vibrando e rezando dentre tantos outros jovens. O Papa Francisco veio como o próprio Cristo humilde e simples, falar a linguagem do nosso povo, colocandose no meio de todos, sem medo, sem receio, ao contrário, de corpo e alma, ensinando além das palavras, através de gestos e atitudes, saindo de si mesmo em busca do outro para mostrar o Cristo vivo e presente que ama incondicionalmente. Obrigada Papa Francisco por sua presença no meio de nós, abençoando este nosso povo e o nosso país!

Revista Digital Lumen

27


Os Pequeninos do Senhor, em 1997, hoje são Jovens do Senhor na JMJ Rio2013 Entrevista com jovens que, num determinado momento de sua infância, passaram pelo ‘Pequeninos do Senhor’ e que estiveram presentes na JMJ Rio2013. A primeira é Georgia Lemos Abdalla, 20 anos, uma das sete crianças que iniciaram o projeto em 1997. Georgia, você acha que a sua vivência, desde pequena no Pequeninos do Senhor, e a sua caminhada dentro de uma comunidade cristã, influenciaram a sua ida à JMJ? De que forma? Com certeza toda essa minha caminhada dentro de uma comunidade cristã, iniciada pelo Pequeninos do Senhor, desde que eu era pequenininha, me influenciou muito nesta vontade imensa de ir e participar da Jornada Mundial da Juventude. Eu nasci dentro de uma família muito católi-

28

Revista Digital Lumen

ca e praticante, e com cinco anos comecei a participar dos Pequeninos do Senhor, desde seu início. E a partir daí, nunca mais eu deixei de participar dos caminhos dentro Igreja. Fiz catequese; após a primeira comunhão participei do Clube de Jovens; comecei a cantar nas missas com o Grupo de Canto; e hoje estamos iniciando um novo Grupo de Jovens, e também sou Ministra da Eucaristia. Todos esses momentos marcaram minha vida de forma grandiosa. Agradeço a Deus e à minha família por terem me proporcionado conhecer esse caminho repleto de amor e de fé. Por eu ser, desde então, uma cristã convicta e participante, sem medo e capaz de falar ao mundo sobre o meu imenso amor a Deus. E é através dessa minha caminhada, que senti dentro de mim


pequeninos do senhor

uma vontade enorme de participar da JMJ, presenciar esse momento tão abençoado com mais de 3 milhões de jovens de todos os lugares do mundo, sentir a presença tão forte de Jesus entre nós, e ouvir as palavras tão emocionantes do Santo Padre, o Papa Francisco. Foi uma experiência maravilhosa e que eu quero repetir daqui a 3 anos, na Polônia. Qual foi o momento mais emocionante da JMJ? O momento que mais me tocou foi a Vigília, principalmente na adoração ao Santíssimo. O Papa Francisco fez uma oração linda, que me emocionou com cada palavra. E, olhando lá de trás, onde nós estávamos, podíamos ver todos os jovens ajoelhados, adorando e rezando em absoluto silêncio, que me arrepiou, tamanha a emoção. Eram mais de 3milhões de jovens adorando o Santíssimo, rezando com suas mãos para o alto, de olhos fechados, emocionados e completamente envolvidos pelo Espírito Santo. Com 20 anos de idade, nunca me senti tão intensamente envolvida. Minhas lágrimas escorriam espontaneamente, sem nem mesmo eu perceber. Minha vontade naquele momento era que todos os jovens, do mundo inteiro, pudessem sentir o mesmo que nós estávamos sentindo. Que pudessem ser iluminados pelo Espírito Santo e compreender

o infinito amor de Deus, que Seu caminho é repleto de alegrias, esperança e amor, e que caminhar junto Dele traz paz e tranquilidade. Com Ele nada poderá lhe acontecer de mal e Ele lhe dará as mãos para, juntos, seguirem até o fim, até a vida eterna.

“Ide, sem medo, para servir”

Revista Digital Lumen

29


O que esta experiência mudou ou vai mudar na sua vida? Esta experiência me mudou como pessoa, senti-me mais próxima de Deus, mais atenta aos seus chamados e com vontade de ir em frente, seguindo Seu caminho e dizendo a todos sobre a minha fé, sobre o meu amor a Deus. Assim como dizia o lema da JMJ, “Ide e fazei discípulos entre todas as nações”, quero ser uma discípula de Jesus para o mundo. E como disse o Papa Francisco: “Bote fé, bote esperança, bote amor!”, é dessa forma que poderemos testemunhar para os jovens do mundo inteiro que somos discípulos do Senhor e estamos aqui em nome Dele para levar a Sua Palavra a todas as nações e construir um mundo melhor.

Na Vigília, lembro-me de um homem que, após a adoração ao Santíssimo, foi o primeiro a cantar uma linda música que dizia em inglês “Lord, I need you!”, e neste momento, comecei a chorar pedindo a Deus o quanto eu precisava Dele para ajudar-me a levar a Sua palavra para todos os outros jovens que não têm fé, nem esperança. Pedindo forças para conseguir dar meu testemunho, sem medo. Porque sei que com Ele, tudo posso. E então, no dia seguinte, o Papa nos disse: “Ide, sem medo, para servir”. Somente a partir daquele momento senti uma tranquilidade infinita dentro de mim, com a certeza de que Deus guiará meus caminhos, ajudando-me a servir, a ser missionária, a ser discípula de Jesus, sem medo de falar, de testemunhar a minha fé. Qual foi a palavra do Papa que você vai Hoje, após esta experiência, sei que esta tranquilidade que senti, foi o primeiro passo para levar para o resto da sua vida? O Papa Francisco, em sua homilia da Santa uma mudança em minha vida: Servir a Deus Missa, nos disse através das palavras de Jesus: e fazer discípulos entre todas as nações. Com “Ide, sem medo, para servir”, e o que mais me tocou nisso, foi quando disse “Não tenham medo!”. Diversas vezes me pego pensando: Como falar sobre a minha fé? Como proclamar a palavra de Deus e dar o testemunho sobre a minha religião? E aí, me vem o medo. Medo de não saber falar, medo de falar e ser criticada, medo de testemunhar e me julgarem mal.

30

Revista Digital Lumen


pequeninos do senhor

Ele, sei que posso começar a minha caminhada, sem receios e sem medo, para um mundo melhor, com a intenção de provocar, em todos os jovens, esta emoção infinita que senti e esse amor que tenho por Deus, nosso Pai. De que forma você vive o “ser Cristão” no seu meio? Sou jovem, estudo em uma Universidade Católica, tenho amigos e um namorado. Vivo o meu “ser cristã” em todos os lugares que frequento. Indo para a faculdade, rezo todos os dias no carro, para que eu tenha um bom e iluminado dia. Na própria faculdade, sei que tudo é guiado por Deus, e quando há oportunidades, falo um pouco sobre minha religião para os amigos. Todo final de semana eu saio, vou para churrascos, baladas, bares, casa de amigos, e me divirto muito, sem esquecer o meu “ser cristã”. Tenho meus princípios, meus valores e minha fé. Não tenho medo de me divertir, pois sei que minha vida está nas mãos de Deus. Tudo tem seu limite, mas nada impede de eu fazer o que tenho vontade, com plena consciência daquilo que faço, e conforme os Mandamentos de Deus. E, além da diversão do final de semana, tenho o meu horário sagrado, todos os domingos, para ir à missa. E posso dizer que quando está chegando o

horário da missa, sinto uma alegria dentro de mim, saber que vou encontrar com Jesus e poder louvá-Lo com o meu canto, rezar junto da minha família e com os amigos que também estão lá presentes, agradecer pela minha abençoada semana, e pedir para que a próxima também seja tão iluminada quanto a que se passou, além de comungar o Corpo e Sangue de Cristo, e me sentir mais segura e iluminada por Jesus estar comigo. É assim que eu vivo o meu “ser cristã”, tendo a consciência de que posso desfrutar de todas as alegrias e diversões, sair com os amigos, dar boas risadas, conversar, ir ao cinema, com a certeza de que nunca “deixo” de ser cristã por esquecer de rezar uma noite antes de dormir, ou por ter ficado até horas da madrugada na balada, porém, convicta de que estou nas mãos de Deus, seguindo o Seu caminho.

Revista Digital Lumen

31


Ana Be, você acha que a sua vivência desAna Beatriz Frare Gonçalves, 20 anos. de pequena no Pequeninos do Senhor e Desde pequenina participou dos acolhimentos dos a caminhada dentro de uma comunidade pequeninos nas Missas da Paróquia Nossa cristã influenciaram a sua ida à JMJ? De Senhora das Dores, no Cambuí. que forma? Com certeza! No ‘Pequeninos do Senhor’ eu comecei a conhecer e aprender sobre Jesus Cristo e também a reconhecer a importância que Ele tinha na minha vida. Agradeço a Deus pelo Pequeninos do Senhor, pois lá eu iniciei, naturalmente, a minha caminhada junto com Jesus. E, ao mesmo tempo em que eu crescia e amadurecia como pessoa, também crescia e amadurecia na fé, pois tive uma formação muito presente e forte ali, e que me acompanhou durante todas as fases da minha vida, dentro da nossa comunidade, que me acolheu e continua acolhendo, e é onde eu me envolvo e me dedico, tudo em nome do Senhor. Toda essa vivência e caminhada de uma vida inteira dentro da comunidade é o que me influenciou a ir nessa Jornada, e eu sou muito grata por tudo. Qual foi o momento mais emocionante da JMJ? Na noite da vigília, nosso grupo ficou bem afastado do altar, que estava na ponta da praia, então conseguimos ver praticamente toda a orla da praia que estava “tomada” por aquela multidão de jovens. Também foi de arrepiar quando toda aquela multidão ficou de joelhos na areia e permaneceu em profundo silêncio durante a adoração ao Santíssimo. 32

Revista Digital Lumen


pequeninos do senhor

O que esta experiência mudou ou vai mudar na sua vida? Depois dessa experiência na Jornada, sinto que cresci na minha fé em Jesus Cristo, o que também fortalece o meu testemunho cristão em todos os lugares. Qual foi a palavra do Papa que você vai levar para o resto da sua vida? Na sua última homilia, o Papa Francisco deixou a todos os jovens a seguinte missão: “Ide, SEM MEDO, para servir”. Essas são as palavras que desejo levar por toda a minha vida de agora em diante, pois é muito difícil ser cristão nos dias de hoje, e no mundo em que vivemos, e mais difícil ainda é ser um jovem cristão! Portanto, levarei dentro do meu coração essas palavras de conforto e inspiração do nosso Santo Papa, pois são elas que me darão força para ser instrumento de evangelização em qualquer lugar onde eu estiver, para que eu possa levar Cristo a todas as pessoas. E sempre, SEM MEDO! De que forma você vive o “ser Cristão” no seu meio? Sempre frequentamos lugares em que, na maioria das vezes, encontraremos pessoas que não pensam da mesma maneira que pensamos, e às vezes pior, que não concordam com aquilo que acreditamos e tentam nos abalar. Porém, tenho força na minha fé e, por isso, acredito que sou capaz de viver o meu “ser Cristão” em todos os meios – dentro e fora da Igreja e de nossa comunidade – e ainda procurar dar testemunho. Revista Digital Lumen

33


Ricardo Queiroz Guimarães Camargo de Campos, 19 anos, filho e neto de cristãos praticantes e atuantes, iniciou sua formação cristã dentro de casa e sempre participou das atividades na Paróquia e dos Retiros Pequeninos do Senhor. Você acha que a sua vivência, desde pequeno, no Pequeninos do Senhor e a caminhada dentro de uma comunidade cristã, influenciaram a sua ida à JMJ? De que forma? Com certeza. A experiência de crescimento cristão que tive quando criança no Pequeninos do Senhor foi essencial para que eu permanecesse dentro da Igreja católica e seguisse no caminho da fé. Foi esse caminho que me trouxe até onde estou hoje, como jovem engajado na Paróquia. Graças a essa participação na minha comunidade paroquial eu tive a oportunidade de formar um Grupo de Jovens que partilham da mesma fé, e aceitaram o desafio de peregrinar até o Rio de Janeiro para ver o Papa Francisco.

“Estávamos no metrô com centenas de pessoas, que estavam ali por uma única razão: Jesus Cristo” 34

Revista Digital Lumen


pequeninos do senhor

Qual foi o momento mais emocionante da JMJ? Foi quando estávamos no metrô com centenas de pessoas, que estavam ali por uma única razão: Jesus Cristo. Naquele ambiente apertado e desconfortável não se ouvia nenhuma reclamação ou queixa, somente o grito de centenas de jovens de todo o mundo que clamavam pelo Papa e pela Igreja em uma só voz. Sentir-se parte dessa grande massa da fé, vivendo a universalidade da Igreja Católica foi uma experiência incrível e única. Com certeza a mais emocionante de todas.

uma grande limpeza no meu coração e na minha alma. Já pude perceber, nesses primeiros dias após a Jornada, como minha alma e meu coração estão mais leves, mais puros. A oração, que antes era muitas vezes cansativa, agora flui com naturalidade e profundidade. Tornei-me muito mais próximo de Cristo e mais próximo da minha Igreja. Além disso, já pudemos perceber, nos meses que antecediam a JMJ, uma grande movimentação dos jovens na paróquia que começaram a se envolver nas atividades da Semana Missionária e a se conhecerem melhor. Então, além da rica experiência de crescimento pessoal, O que esta experiência mudou ou vai a Jornada proporcionou também um grande mudar na sua vida? crescimento na comunidade, criando maior A experiência da JMJ, com certeza, me fez união e interação entre os jovens dentro da amadurecer muito, mas acima de tudo fez Paróquia.

Revista Digital Lumen

35


Qual foi a palavra do Papa que você vai levar para o resto da sua vida? O Papa Francisco sempre nos fala sobre sermos caridosos e generosos com o irmão. No entanto, nesta Jornada ele também nos fez um apelo diferente: “Não tenham medo de serem generosos com Cristo”. O Papa incentivou os jovens a serem generosos com Jesus, ou seja, deixar Jesus entrar em nossos corações e fazer ali sua morada. Ele explicou que isto implica em permitirmos que Deus nos revele o caminho a seguir e mais do que isso! Isso implica em termos a coragem de trilhar o caminho que nos foi revelado.

36

Revista Digital Lumen

“Não tenham medo de serem generosos com Cristo”


pequeninos do senhor

De que forma você vive o “ser Cristão” no seu meio? Nesta jornada também tivemos a oportunidade de assistir a um espetáculo da Beata Chiara Luce Badano. Esta beata italiana morreu muito jovem e, no entanto, deixou um rico legado de santidade. Ela diz que em muitos momentos é inútil ‘falar’ de Deus e ‘falar’ do Evangelho, é muito mais eficiente

‘viver’ o Evangelho. Muitas pessoas não se convertem com uma pregação, mas sim com um ato de caridade e de amor. Por isso eu busco viver o ser cristão me colocando a serviço do irmão, demonstrando o amor de Deus que está em mim através de ajuda caridosa, doando meu tempo e minha atenção para as pessoas ao meu redor que mais necessitam deles.

Revista Digital Lumen

37


Milena Queiroz Guimarães Camargo de Campos, 17 anos, cresceu em berço católico e foi evangelizada desde bem pequenina pelos seus pais e avós. E também participou dos Retiros Pequeninos do Senhor quando criança. Você acha que a sua vivência desde pequena no Pequeninos do Senhor e a caminhada dentro de uma comunidade cristã influenciaram a sua ida à JMJ? De que forma? Sim. Participei do Pequeninos do Senhor, principalmente durante os Retiros de Família que meus pais ajudavam a preparar e dos quais também participavam. Vejo que foi importante para que eu e meu irmão também pudéssemos viver esses Retiros. Hoje, percebo que me permitiram ir conhecendo um pouquinho aqueles que eu viria a reencontrar alguns anos mais tarde na Paróquia e que

38

Revista Digital Lumen

hoje fazem parte da minha comunidade. Foi junto com os jovens Pequeninos do Senhor que programei minha ida para o Rio de Janeiro e, graças à ajuda de toda a comunidade, pude ir à JMJ.


pequeninos do senhor

Qual foi o momento mais emocionante da JMJ? Para mim, o momento mais emocionante da Jornada foi a Missa de Envio com o Papa. Depois que acordamos na praia no dia seguinte ao da Vigília, precisávamos ir ao banheiro, então decidimos enfrentar a fila. Era por volta das nove horas da manhã. A fila estava enorme, e bateu o medo de que chegasse nossa vez exatamente na hora da consagração, eu queria muito participar daquela Eucaristia. O papa chegou e a missa começou. Eu podia acompanhar de onde estávamos e acompanhei, mas o tempo passava e a fila não andava. Uma moça, então, que estava atrás de nós, mas desistiu de esperar, veio nos avisar que havia um banheiro com menos fila em uma galeria perto dali. A homilia acabou e fomos correndo para essa galeria rezando o Credo.

Enquanto esperávamos na fila, bem menor dessa vez, rezávamos. Usamos o banheiro e fomos literalmente correndo até a praia. No instante em que chegamos o sininho da consagração bateu: Jesus tinha nos esperado! Foi lindo! Mas não estávamos na areia da praia e temi não conseguir comungar, então minha amiga me cutucou e disse-me para olhar para trás, Jesus estava ali, logo atrás de nós, nas mãos da freira a quem eu acabara de desejar a paz de Cristo! Quase sem fila, pude comungar e me emocionei de perceber tão claramente que, embora parecêssemos perdidas no meio de tanta gente, Deus não nos abandonara e soubera exatamente onde estávamos em cada momento.

Revista Digital Lumen

39


O que esta experiência mudou ou vai mudar na sua vida? A JMJ me mostrou de maneira muito clara que Deus está comigo e tem os melhores planos para mim. Com certeza melhores do que aqueles que eu poderia planejar! A experiência da Jornada foi uma prova concreta de que devo confiar em Deus e oferecer tudo, cada dor e cada sorriso a Ele, por que nossa Jornada está só começando. Qual foi a palavra do Papa que você vai levar para o resto da sua vida? “Jesus Cristo conta com vocês! A Igreja conta com vocês! O Papa conta com vocês!”

40

Revista Digital Lumen

De que forma você vive o “ser Cristão” no seu meio? Vivo meu “ser cristão”, buscando ser cristã! Simplesmente “ser” quando se é cristão e cheio do Espírito Santo já é o suficiente para fazer uma enorme diferença. As atitudes devem ser justas e retas, repletas de amor, e as responsabilidades devem ser cumpridas, a alegria de pertencer a Jesus. E o próprio Jesus cativado em nós através da vivência dos Sacramentos, das orações e do amor deve transbordar no nosso olhar e sorriso. Levar Jesus é nossa obrigação e o Espírito Santo nos dirá como, seja convidando nossos amigos a eventos da Igreja ou apenas ouvindo o que têm a dizer. Não é tão fácil, e por isso mesmo digo que vivo meu “ser cristão” buscando ser cristã. Não me parece nada relativo, ser verdadeiramente cristã para mim é ser santa e é a santidade que quero buscar viver.

“Jesus Cristo conta com vocês! A Igreja conta com vocês!”


pequeninos do senhor

Camila Albieri Pereira, 21 anos, foi evangelizada desde pequena e participou do Clubinho de Jovens que nasceu a partir do Pequeninos do Senhor na Paróquia Nossa Senhora das Dores, no Cambuí. Você acha que a sua vivência desde pequena dentro de uma comunidade cristã influenciaram a sua ida à JMJ? De que forma? Acredito ser de extrema importância a vivência, desde pequena, em uma comunidade cristã. Desde criança vou à missa, participo de grupinhos e catequese. Comecei no Pequeninos do Senhor um pouco mais velha, participando do Clube de Jovens e, desde então, estive sempre ligada à comunidade. Em minha opinião, a participação nas atividades da comunidade, em especial como parte do Pequeninos do Senhor, faz a criança enxergar a Igreja como algo natural,

parte de seu cotidiano, e não uma obrigação. A criança sente vontade de participar e terá, desde pequena, uma ligação com Deus diferente daquelas que não participaram, influenciando pelo resto de suas vidas. É por esse motivo, que, mais velhos, eu e meus amigos, que participaram comigo do Clube de jovens, vimos tamanha importância em participar também da JMJ. Tenho certeza que a convivência desde pequena com a comunidade cristã tem cem por cento de “responsabilidade” pela fé que tenho hoje consolidada, que me levou à JMJ, e que vem sendo construída em mim desde criança.

Revista Digital Lumen

41


Qual foi o momento mais emocionante da JMJ? Para mim, o momento mais emocionante foi sábado à noite, durante a vigília. Ver o respeito de todos os jovens, o silêncio absoluto, no momento de Adoração ao Santíssimo, realmente me comoveu. Além disso, os depoimentos de outros jovens sobre sua caminhada, suas dificuldades que muitas vezes tiraram-lhes do caminho de Jesus, me fez ter uma reflexão sobre meus comportamentos. Em especial, o momento que mais me comoveu durante estes testemunhos, foi o discurso de um jovem, que nos falou sobre a chuva “criadeira”. É a chuva mansa que faz brotar a semente da terra, depois, vem o sol e continua fazendo-a crescer. Exatamente como estava acontecendo no Rio durante a Jornada, choveu um pouquinho todos os dias da semana, no domingo, veio o sol e ajudou a crescer as sementes da fé plantadas pelo Santíssimo Padre, o Papa Francisco. Sem dúvidas, a vigília foi o momento que mais me tocou e me emocionou. O que esta experiência mudou ou vai mudar na sua vida? Penso que a maior mudança realizada em mim pela JMJ foi a confiança em mim mesma, de que eu posso semear a semente de Deus também! Não quero deixar que a Jornada seja um episódio pontual em minha vida, quero dar seguimento à tudo que vivenciei durante estes

“Quero dar seguimento à tudo que vivenciei” 42

Revista Digital Lumen

dias e aplicar em meu cotidiano. Com certeza voltei com minha fé muito mais fortalecida. Qual foi a palavra do Papa que você vai levar para o resto da sua vida? No discurso realizado pelo Papa Francisco durante a vigília, ele comentou sobre a mudança do local da vigília do “Campus Fidei” para a Praia de Copacabana, e disse que, o “Campus Fidei”, melhor dizendo, o Campo da fé, não deveria ser apenas um local geográfico, mas que cada um de nós éramos um Campo de fé, e explicou como poderíamos ser Campos de fé em seus três significados: Campo como lugar de treinamento, Campo como lugar onde se semeia e Campo como canteiro de obras. Essas palavras me inspiraram muito e me instigaram a nunca deixar de ser um terreno fértil para germinar as sementes de Jesus Cristo; de treinar, ou seja, rezar sempre, e nunca deixar de acreditar em seu amor; e por fim, um canteiro de obras, ser uma construtora da palavra de Deus, e poder, da minha maneira, passá-la adiante. De que forma você vive o “ser Cristão” no seu meio? Hoje em dia é muito difícil vivenciar um “ser Cristão” nos ambientes que frequento. Muitos jovens acabam se sentindo acuados e recriminados por outros, fazendo-os, muitas vezes, ter vergonha de demonstrar sua fé. Sempre participo das atividades de minha Paróquia, além de fazer parte do grupo de jovens, mas, mais importante ainda, tento sempre continuar com a minha fé perante outros jovens, demonstrando-os que ser Cristão é sinônimo de orgulho e não vergonha.


pequeninos do senhor

Fotos das entrevistas: Arquivo pessoal

“Nunca deixar de ser um terreno fértil para germinar as sementes de Jesus ” Revista Digital Lumen

43


Novidades Pequeninos do Senhor

Pequeninos do Senhor tem nova diretoria eleita em Assembleia

N

o dia 10 de agosto de 2013, sábado, às 10h, a Associação Pequeninos do Senhor elegeu, em Assembleia Extraordinária, uma nova diretoria para o triênio 2013-2016, conforme relacionados, abaixo, os cargos e seus respectivos diretores: Presidente: Rachel Lemos Abdalla (2º mandato) Vice-Presidente: Daniela Frattini Colla (2º Mandato) Diretor Administrativo: Mario Eduardo Paes Diretora de Planejamento: Célia Regina Grego Diretora Jurídica: Márcia Maria da Silva Bittar Latuf (2º Mandato)

44

Revista Digital Lumen

Diretora Financeira: Raquel Dib Camargo Diretora de Qualificação: Maria Lúcia Bigotti Bastos (2º Mandato) Diretora de Implantação: Carmen Augusta Frare Gonçalves (2º Mandato) Diretor Comercial: Natanael da Silva Moreira Diretora de Produtos: Renata Soares Lemos Diretora Primeira Secretária: Adilce Moreira Moretto (2º Mandato) Diretora Segunda Secretária: Patricia Lemos Troyse


pequeninos do senhor

Nova diretoria Presidente: Rachel Lemos Abdalla (2º mandato) Vice-Presidente: Daniela Frattini Colla (2º Mandato) Diretor Administrativo: Mario Eduardo Paes Diretora de Planejamento: Célia Regina Grego Diretora Jurídica: Márcia Maria da Silva Bittar Latuf (2º Mandato) Diretora Financeira: Raquel Dib Camargo Diretora de Qualificação: Maria Lúcia Bigotti Bastos (2º Mandato) Diretora de Implantação: Carmen Augusta Frare Gonçalves (2º Mandato) Diretor Comercial: Natanael da Silva Moreira Diretora de Produtos: Renata Soares Lemos Diretora Primeira Secretária:Adilce Moreira Moretto (2º Mandato) Diretora Segunda Secretária:Patricia Lemos Troyse

Revista Digital Lumen

45


46

Revista Digital Lumen


pequeninos do senhor

N

o Domingo, durante a Missa das 11h, na Paróquia Nossa Senhora das Dores, no Cambuí, em Campinas, o Monsenhor João Luiz Fávero que é o Diretor Espiritual do ‘Pequeninos do Senhor’, entregou em mãos, para cada um dos

Diretores, o Documento de Compromisso cristão frente à direção não só burocrática como fundamentalmente evangelizadora da Associação. Em seguida, deu a Bênção solene aos diretores, encaminhando-os rumo à missão de discípulos de Cristo Jesus.

Revista Digital Lumen

47


“A orla de Copacabana ficou cheia de peregrinos, cheia de fé”

48

Revista Digital Lumen


“Mal posso esperar por esse primeiro encontro” A estudante de Jornalismo da PUC-Campinas e estagiária do Setor Imprensa da Arquidiocese de Campinas, Mariana Ignácio, viajou como peregrina à Jornada Mundial da Juventude e nos relata, num diário pessoal de sua experiência de Fé, o que viu e viveu de mais marcante durante aquela semana especial. Mariana viajou junto de outros jovens, alguns de sua paróquia, Santa Teresinha, em Sumaré (SP). Outras estudantes da PUC-Campinas e que também participam do programa de estágio da Arquidiocese estiveram presentes à Jornada, que se realizou de 23 a 28 de julho de 2013, na cidade maravilhosa. Elas dão seus depoimentos nesta reportagem especial sobre a JMJ Rio 2013. Fotos: Mariana Ignácio e site oficial JMJ Rio2013

Revista Digital Lumen

49


Faltando pouco para começar a JMJ, a ansiedade Ê grande entre os peregrinos!

50

Revista Digital Lumen


Diário de Bordo: ansiedade na véspera do evento Chegamos ao Rio de Ja neiro! É a mistura de culturas Apesar da demora pela , idiomas e organização costumes que rege o primeiro dia de tudo, retirada de ki ts e alocação de viagem e a véspera (algo que todos os pereg da Jornada rinos estão M un d ial da Juventude. passando), o clima aqui no Rio está Amanhã celebramos a um máximo. aber tura ofici al d a Jo rnada Mundial da Juve A dica é ter paciência e ninteragir tu d e R io 2 0 1 3 . Mal posso esperar com os peregrinos que estão na mes- por esse primeiro encontro, que ma situação, sejam bras já ileiros ou es- tem pro metido muita animação trangeiros. O impor tan . Pelo te aqui não é menos os jo ve ns peregrinos e os caria língua, mas a fé que todos profes- ocas já conseguem sentir isso be samos num só Cristo. A m de linguagem: o per tinho . amor. As pessoas que se inscre veram, fiTags do dia: #paciência, carão hospedadas em al #calor, ojamentos # qu edemora, #holaquetal?, (escolas, ginásios e paróq #oi, uias) e casas de família que se pre #sono, #ansiedade pararam para receber o continge nte de jovens católicos vindos do mun do todo: colombianos, chilenos, pol oneses, brasileiros do sul e do nor te , sudeste, nordeste e centro-oest e, italianos, francese, iraquianos, am ericanos, enfim, a festa é do mund o.

Revista Digital Lumen

51


Diário de bordo: frio e alegria! O dia estava frio, chuvoso. Nem parecia o Rio de Janeiro tropical. Mas também, com tantas misturas de países, culturas e idiomas, São Pedro deve ter se confundido! O que realmente contagia é a animação de nossos irmãos de fé. Ônibus lotado, atrasado, devagar e conseguimos ir cantando a viagem toda (cerca de 1h) com peregrinos da Argentina e do Panamá. As músicas, quando não eram parecidas e cantávamos nas duas línguas (português e espanhol), eram aprendidas tanto por nós quanto por eles. O interesse em se envolver nesse intercâmbio cultural e aprender é grande. É isso que rege a jornada. Rezamos o terço também em duas línguas, cada um orando em seu próprio idioma. Apesar da aparente confusão, a linguagem do amor nos fez entender e acompanhar o santo terço juntos. Nem a chuva espantou a animação dos peregrinos para a abertura da JMJ Rio2013. Antes da Santa Missa, vários artistas animaram o público,

52

Revista Digital Lumen

inclusive cantores internacionais. A missa celebrada por Dom Orani, arcebispo do Rio de Janeiro, reuniu toda juventude, vinda de todos os cantos do mundo. Bandeiras tão diversas que não era possível distinguir. A orla de Copacabana ficou cheia de peregrinos, cheia de fé, cheia de alegria. Aqui não importa se você é brasileiro, argentino ou polonês. Louvamos o mesmo Deus, portanto somos irmãos e gritamos juntos todos os hinos. O Rio de Janeiro está recebendo o povo de Deus de braços abertos!!! Um ponto positivo que ouvi do meu amigo coreano, jornalista da Arquidiocese de Seul, Lee. Segundo ele, nenhuma jornada teve uma estrutura tão boa preparada para a mídia. O Media Center de Copacabana é muito bem equipado. Informação e divulgação sobre a Jornada não poderão faltar.


“a linguagem do amor nos fez entender ”

A

abertura oficial da Jornada Mundial da Juventude Rio2013, na praia de Copacabana, foi acompanhada por jovens peregrinos vindos de mais de 175 países. Desde as primeiras horas da manhã, jovens ainda chegavam para participar do encontro. A acolhida aos peregrinos começou às 15h, com apresentações artísticas e musicais não apenas brasileiras, mas também internacionais. Antes de começar a celebração, um momento tradicional do evento: a acolhida da Cruz Peregrina e do Ícone de Maria, símbolos oficiais da JMJ, que circularam por todo o país.

Dom Orani Tempesta, Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, presidiu a cerimônia e deixou uma mensagem aos jovens ali presentes que iniciavam a semana de fé junto a toda Igreja. A mensagem, na verdade, era um convite à juventude: se comprometerem com um novo mundo, contagiarem com a alegria e serem protagonistas de um novo amanhecer de esperança. “Vamos construir pontes em vez de muros”, incentivou.

“Vamos construir pontes em vez de muros” Revista Digital Lumen

53


O

Cristo Redentor de braços abertos foi a figura usada pelo Cardeal Stanislaw Rylko, presidente do Pontifício Conselho para Leigos, órgão responsável pela organização da JMJ. O Cardeal pediu para que os jovens de deixassem abraçar pelo Cristo que abençoa a cidade do alto do Corcovado, pois é Ele o verdadeiro protagonista desta grande festa. Sendo assim, Rylko também convidou os jovens a fazerem o que o lema da Jornada propõe, ir ao mundo e pregar o evangelho. “Cristo nos chama a sair de nós mesmos e derrubar os muros do nosso egoísmo, para ir com coragem às ‘periferias’ geográficas e existenciais do mundo, levando Cristo e seu Evangelho”, declarou.

54

Revista Digital Lumen


Diário de Bordo: Abençoado! O dia foi muito abençoado. Apesar do frio e da chuva constantes, que fazem com que o Rio fique um pouco pequeno para tanta gente, afinal ficam todos nos lugares cobertos e não conseguimos visitar os pontos turísticos, é nesse clima que encontramos a graça. A catequese na Cidade da Fé teve as belas palavras de Dom Alberto, arcebispo de Belém do Pará. De tudo o que foi dito, e, diga-se de passagem, muito bem dito, ficou a bela mensagem: “Pedi a Deus: O Senhor me tire tudo, menos o entusiasmo. E Ele tem cumprido Sua palavra”. E mais, a explicação de tudo isso, pois “entusiasmo” significa estar no Senhor, trazer Deus para dentro de si. Após a catequese, a Santa Missa foi realizada também por Dom Alberto e padres presentes. Com a bênção de Nossa Senhora de Nazaré, encerrouse a parte da manhã, mas não os ensinamentos. A Cidade da Fé é o recinto da Expocatólica. Muitos estandes compõe a exposição, cada Estado está representando um pouco de sua cultura e pontos turísticos.

Por enquanto todas as pessoas a que pedimos informação têm sido muito solícitas e fazem até mais que apenas informar. Fazemos amizades até mesmo dentro do ônibus, trocamos experiências e contatos. Melhor ainda são os anjos que Deus nos apresenta quando o fardo pesa. Como estamos hospedados numa escola, que só tem ducha, o banho é assim: gelado e minguado. E o pior é que o Rio não está como de costume, calor 40°, tá muito frio. Mas hoje tomamos banho quente. Agradecemos imensamente à família da Débora, dona Irá, Nath e João, que nos acolheram com tanto carinho e nos cederam a casa não só para um banho, mas também se abriram ao amor de Deus e nos mostraram esse amor. Isso porque a Débora gentilmente percebeu nossa agonia enquanto estávamos no ônibus e sem nos conhecer nos levou pra sua casa. Obrigada família linda. Vocês não sabem como nos ajudaram! A noite foi até mais quente depois deste gesto singelo de carinho e caridade.

Revista Digital Lumen

55


Acesse todos os discursos do Papa Francisco em sua visita apostólica ao país aqui

Diário de bordo: Chegada do Papa A acolhida ao Papa Francisco à Copacabana foi linda. A multidão aguardava ansiosa pela chegada do Santo Padre, que percorreu o corredor cumprimentando os jovens que ali estavam. Francisco é como vemos nos jornais e TVs: simples, simpático e alegre. Fez questão de abençoar cada criança que estivesse perto dele. Nossa sorte: ele parou bem na nossa frente para beijar fraternalmente um bebê. Empurra daqui e dali, mãos para todos os lados, mas quando ele passou, via-se que o sentimento das pessoas era único: a certeza de estar reunido por Cristo, com Cristo e em Cristo. Em sua alegria, até brincou com o clima carioca. “Eu sempre achei que os cariocas não gostassem de frio e chuva, mas a fé de vocês é maior que o frio e a chuva, porque vocês estão aqui. Parabéns.” Jovens representando os cinco continentes apresentaram ao papa pre-

56

Revista Digital Lumen

sentes de suas terras. Emocionados, os jovens reverenciavam Francisco, que os abraçava e conversava com eles como se fosse um amigo de anos. Pura simpatia. Pareceu que o Papa estava se sentindo tão em casa que até se confundia com o idioma. Começou com português, mudou para espanhol, voltou para o português, enfim, pelo menos, qualquer que fosse a língua, todos nos sentimos abençoados com as palavras de nosso Sumo Sacerdote. Ponto Positivo: os cariocas que gentilmente nos acolheram e dão informações úteis aos peregrinos que não são do Rio. Ponto negativo: a falta de organização do transporte e a falta de informação. Estamos bem perdidos!!! #papa, #simplicidade, #alegria, #chuva, #graça, #amordeDeus


Seja feita a vossa vontade

N

a Catequese de Dom Eduardo Pinheiro, sob o tema Discípulos, participação especial da nossa caravana na missa após a catequese. Aline Bispo leu o salmo, representando o Estado de São Paulo.

Revista Digital Lumen

57


As duas filhas com Sílvia Arquivo pessoal

Mendigar é preciso

F

ilas imeeeeensas pra receber nossos kits, chuva caindo, dades e o transformem. Sim! Ele é um grande líder! E, se me banheiros insuficientes e (argh!) terríveis, o que nos fez permitem os meus irmãos de outras religiões, sua sabedoria e suplicar para usar banheiros de estabelecimentos (tão entrega não podem ser monopólio dos católicos: ele é um líder

sujos quanto...), dormir ao relento numa noite de 9ºC, pés do- de todos aqueles que, como se diz em Ezequiel, são marcados loridos e uma multidão se espremendo para entrar na estação do na testa com o tau, símbolo de que se incomodam com a dor metrô! Passar por tudo isso e, ainda que fosse, muito mais, valeu do mundo! muito, muito a pena!

Não toquei o Papa Francisco. Na verdade, nem o vi de tão

Ver aquela infinidade de gente fazendo do chão a sua cama, perto assim! Na minha possível foto, ele ficou escondido atrás do céu estrelado seu teto só pra estar ali e proclamar a sua fé de um braço que erguia uma câmera e de um cartaz levantado em Jesus Cristo, gritar ao mundo que, sim, jovens sabem ser no momento do meu clique... protagonistas de sua própria história e podem fazer isso em paz

Mas, o que importa é que ele me tocou! E que eu me toquei!

e com esforço e dedicação me leva a crer mais no mundo, no E que, principalmente, ao me tornar peregrina, tornei-me, tamhomem, na vida!

bém, mendiga. Mendiga do amor de Deus, mendiga da mise-

Aquele homem que estava a nossa frente não estava ali como ricórdia de Deus, que me leva a perguntar como Francisco (o um ídolo! Não! Ídolo é aquilo que colocamos no lugar de Deus! primeiro, do século XII): “Senhor, o que queres que eu faça?” Não! Sua presença branca e simples estava ali para nos fazer ver,

Que eu, inspirada por toda vivência deste final de semana de

através de suas palavras tão, tão sábias, que é possível amar a graças, saiba ser atenta para ouvir sua resposta!” Deus no outro, transformando a nossa realidade! Ele aponta o seu dedo para o alto e nos adverte para que não olhemos para

Sílvia Caetano, 54, é professora de Português para o Ensino Médio no

a pontinha do seu indicador, mas para o que está além e, ao COTUCA, atua em sua Paróquia (Nossa Senhora de Fátima, Taquamesmo tempo, dentro de nós e do outro!

ral, Campinas) como ministra da Palavra e coordenadora da Pastoral da

Sim! O Papa Francisco é especial! Sim! Ele é um verdadeiro Crisma e do Grupo de Reflexão e Estudo Bíblico. Na JMJ, esteve como líder! Pois, até onde entendo, o líder é aquele que é capaz de des- parte da COJOFÁ – Comunidade de Jovens de Fátima, que re-fundou pertar o que há de melhor dentro de cada um dos seus liderados, com seu marido, Luiz Antonio Costalonga, em 1993. fazendo com que eles enxerguem o seu mundo, as suas dificul-

58

Revista Digital Lumen


Diário de Bordo: Dia de Sol Hoje a catequese nos falou sobre missão. O bispo de Blumenau, Dom José Negri, nos deixou uma frase muito bonita sobre sua missão e vocação. “O que tenho para dar aos jovens? Minha vida!” E foi muito bom ter a animação da catequese e da missa com Nilton Junior, da Comunidade Católica Pantokrator, em Campinas. Foi sucesso!!! Além disso, hoje fez sol! Pela primeira vez na semana. Via-se que os peregrinos aproveitaram a tarde para

conhecer mais a cidade maravilhosa que, enfim, dava o ar da graça. Se já podíamos ver peregrinos em todos os lugares da cidade, agora também víamos na praia, tomando banho de mar. Embora ainda estivesse frio para os brasileiros, tenho certeza que os europeus curtiram muito o clima. Ao fim da tarde pudemos acompanhar a Via-Sacra, encenada por jovens atores e ouvir as palavras do Santo Padre. Cerimônia emocionante!

Revista Digital Lumen

59


Foto: Alex Mazullo / JMJ Rio2013

C

erca de um milhão e meio de pessoas acompanharam a Via Sacra na praia de Copacabana. A apresentação teatral representou o caminho que Jesus Cristo fez até o local onde seria crucificado, mas os jovens a representaram de maneira diferente. Isso porque o objetivo da apresentação foi aumentar a fé, o amor e a compaixão dos peregrinos, para que eles fossem despertados a mudar o mundo. “Não é só para falar do calvário, mas para atingir o espírito das pessoas para agirem como cristãos”, disse o diretor artístico Ravel Cabral.

60

Revista Digital Lumen

Ao todo, 280 voluntários e narradores encenaram a Via Sacra. Atores brasileiros também participaram do momento. Cada uma das mensagens apresentadas nas estações foram lidas por peregrinos de diferentes perfis: um missionário, um convertido, um ex-usuário de drogas, uma pessoa que representava as mães, um seminarista, alguém do movimento pela vida, um casal de namorados, uma mulher representando as pessoas que sofrem, um jovem que trabalha com redes sociais, um da pastoral penal, um jovem com doença terminal e um jovem deficiente auditivo.


Cada reflexão trazia não apenas o calvário de Cristo, mas o calvário que o mundo tem vivido hoje. Um exemplo é a sexta estação, que representa o momento que Verônica limpa o rosto de Jesus, mostrou trabalhadores sem terra, mulheres prostituídas e outras pessoas excluídas e tratadas com preconceito pela sociedade, mas que, assim, como Verônica, lutam pela vida. E assim foram em outras estações, trazendo a tona temas atuais inspirados nas dores de Cristo. Ao final da apresentação, Papa Francisco proferiu palavras de fé aos presentes, tratando do tema. Primeiramente, perguntou aos presentes com quem eles mais se pareciam: Pilatos, Cireneu ou Maria. E também questionou os jovens dizendo que, se Cristo os pedisse ajuda para carregar a cruz, qual seria a resposta de cada um. Papa Francisco colocou aos jovens três questões que gostaria que ecoassem no coração as pessoas. “O que vocês terão deixado na Cruz, queridos jovens brasileiros, nestes dois anos em que ela atravessou seu imenso país? E o que terá deixado a

Cruz de Jesus em cada um de vocês? E, finalmente, o que esta Cruz ensina para a nossa vida?”, questionou ele. E afirmou que a Cruz de Cristo acompanha todos aqueles que sofrem. “Com a Cruz, Jesus se une ao silêncio das vítimas da violência, que já não podem clamar, sobretudo os inocentes e indefesos; nela, Jesus se une às famílias que passam por dificuldades, que choram a perda dos seus filhos, ou que sofrem vendo-os presas de paraísos artificiais como a droga”, declarou. Com isso, o Santo Padre desafiou os peregrinos a imitarem a Via Sacra, pois não há cruz pequena ou grande que o Senhor não venha compartilhar conosco.

Revista Digital Lumen

61


Diário de Bordo: Peregrinação A peregrinação começou cedo. Usamos ônibus e metro para chegar até o Aterro do Flamengo, onde os jovens pegariam os kits. Como foi resolvido de última hora, só tinha um ponto de distribuição para todos os inscritos. Na verdade, não tivemos paciência para esperar na fila e seguimos para nossa caminhada de 6km até Copacabana. O caminho foi incrível. O céu estava limpo, muita gente andando e fazendo daquilo um ato de fé. Num certo momento, estávamos entre o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor. Fotos lindas, na certa. Passando o túnel, com alegria e cantando sempre, chegamos a Copacabana, mas não foi fácil para ninguém conseguir um lugar para ficar. Sabíamos que já tinham nos per-

“O Campo da Fé somos nós” 62

Revista Digital Lumen

mitido dormir na praia, embora o alerta fosse que não teria segurança suficiente e nem infraestrutura para isso, mas a maioria dos peregrinos foi preparada para dormir lá mesmo, nas areias de Copacabana. Era tanta gente que mal podíamos ver o fim da praia. Começada a cerimônia, Papa Francisco fez questão de explicar a mudança de local e dizer que a falta daquele espaço não nos diminuía. “O Campus Fidei, o Campo da Fé, não é um espaço geográfico, somos nós”, afirmou. Durante seu discurso, explicou que existem três tipos de campo: aquele que se planta, aquele que se treina e aquele que se constrói. O Campo da Fé somos nós em cada uma dessas etapas de campo. Lindo!


e não “Eu quero ser uma chama qugên pode se afastar do oxi io”

A

pesar de não saber o que esperar de uma Jornada Mundial da Juventude, minha expectativa era grande. O grupo da minha paróquia fechou o pacote para três dias, por conta do trabalho de muitos. Na quinta-feira à noite saímos de Campinas rumo ao Rio de Janeiro. Fomos recebidos por uma paróquia da zona oeste do Rio e acolhidos em casas de família, o que foi uma surpresa, já que tinham nos falado que iríamos ficar em um salão paroquial ou escolar. Chegamos ao Rio às 5h30 e só retornei para a casa da família que me acolheu depois da meia noite. Estava cansada e um pouco desanimada por não ter visto a Via Sacra. Demoramos três horas para voltar ao bairro e já me perguntava se os três dias da jornada seriam daquele jeito, muito cansativos e pouco produtivos. No dia seguinte, levantamos cedo e nossa intenção era chegar o quanto antes em Copacabana, para garantir um lugar bom para participar da Vigília com o Papa. No caminho de mais de 9 quilômetros de caminhada eu e meu grupo, de aproximadamente 12 pessoas, passamos por muitas coisas. Uma das garotas se perdeu, brigamos, enfrentamos filas, cantamos, encontramos, no meio de uma multidão, amigos que nos animaram, passamos frio, ficamos com fome, cansados e muitas vezes com vontade de desistir. Chegamos ao local da vigília já era noite, apesar de ter saído muito cedo, e não encontramos lugar para ficar na areia. Tivemos algumas discussões com um grupo de estrangeiros e generosidade de outro. Todos estavam cansados, desanimados, sem entender porquê, aparentemente, tudo estava dando errado. A vigília foi boa, o Papa sempre encoraja e entende os jovens. Porém eu só fui entender realmente o que aquela jornada e a

mensagem do Papa Francisco significaram quando, de madrugada, estávamos nos preparando para dormir, em um lugar pequeno para o número de pessoas, e uma amiga reanimou minha fé. Uma fé que estava fraquinha e que eu já não acreditava ser possível de resgatar. Confirmando as palavras do Papa Francisco, eu pude entender que eu podia ser também protagonista da minha vida, da sociedade, de um mundo melhor. Que eu não estava sozinha ali, que tinha mais 3 milhões de jovens do mundo todo que assim como eu queria ir e fazer discípulos entre todas as nações e muitas vezes não tinha forças para isso. Eu queria ser a juventude do Papa, que não fica parada, que vai ao encontro de quem precisa, que preza pela simplicidade e pelo amor, que não tolera injustiça e impunidade. Pela manhã, antes da missa, pude ver o Santo Padre passar e parar na minha direção para beijar e abençoar algumas pessoas. Não é uma situação que se possa colocar em palavras. Ele é um homem, mas um homem de Deus e sua presença tem um elemento divino que não se pode explicar. Toda a missa de envio foi uma alegria, ouvir a homilia do Papa Francisco, comungar e comemorar a próxima Jornada foram umas das melhores coisas dos três dias que passei no Rio de Janeiro, eu finalmente me sentia feliz de estar ali. Voltei com o corpo cansado e com a mente em paz, com um pouco mais de certeza que eu quero ser uma chama que não pode se afastar do oxigênio, não quero me afastar de Jesus. E agora já começo a esperar pelos dias na Polônia do Beato João Paulo II.

Mariana Rodrigues, 20 anos, mora na cidade de Campinas (SP) e é estagiária do Setor Imprensa da Arquidiocese de Campinas.

Revista Digital Lumen

63


Dia 27

“é essa alegria que jorra do coração dos jovens mesmo no meio do cansaço” “O DINHEIRO É ARRECADADO ATRAVÉS DE PARCEIROS E POR DOAÇÃO”

64

Revista Digital Lumen


O

s três piores e melhores dias que já vivi até hoje, é o que resume em poucas palavras esta passagem pelo Rio de Janeiro, como peregrina da Jornada Mundial da Juventude. Chegamos no Rio as 5h30 da sexta-feira, dia 26, e em vez de ficarmos todos juntos em alojamentos como o combinado, fomos divididos e distribuídos para casa de famílias, eu como a maioria do meu grupo fiquei no bairro de Realengo e, por coincidência, em um pequeno condomínio em que o assassino de 12 alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira, Wellington Menezes de Oliveira, cresceu e viveu com sua família adotiva. Fomos todos muito bem acolhidos e foi nesta família que pude conhecer o verdadeiro carioca e não aquele falso que carregava cheio de pré-conceitos na minha cabeça. Passei a maior parte desta peregrinação com alguns dos meus melhores amigos e foi na caminhada de 9km e meio e, depois, na vigília, que passamos o momento mais intenso da nossa JMJ. Fomos os primeiros a sair em peregrinação e os últimos do nosso grupo a chegar em Copacabana e até agora não conseguimos entender ou explicar como conseguimos isso. Nesta caminhada, passamos por muitas dificuldades, dentre elas o cansaço, fome, chuva, brigas, dores e muito desânimo. Porém, foi neste caminho que também aconteceram coisas maravilhosas, pudemos ver e sentir a juventude da nossa Igreja, pudemos celebrar isto

com pessoas de outras nações, línguas, cor e etnia. Foi neste caminho que encontramos amigos em meio de 3 bilhões de pessoas. Como foi possível encontrar os franceses que conviveram conosco na Semana Missionária? Encontramos sorrisos e alegria ao meio da tribulação. Ao chegar em Copacabana, encontramos mais dificuldades e no meio dela uma onda de generosidade mútua de um grupo de cariocas que dividiram um pedacinho da praia conosco. As palavras do Papa Francisco, neste dia, fizeram meu coração transbordar em água cravando-me com estas palavras: “Tivemos que cancelar por mau tempo o evento no Campus Fidei Guaratiba. Não estaria o Senhor querendo nos dizer que o verdadeiro campo da fé, não é um ponto geográfico, mas sim nós mesmos? Sim. É verdade, cada um de nós e de vocês. Eu e vocês todos aqui somos discípulos missionários. O que quer dizer isso? Que nós somos o campo da fé de Deus”. Voltei a minha cidade natal, Campinas, com uma única certeza: a Jornada não é os atos centrais, ou o Papa como a mídia mostrou. Mas, sim, a simplicidade dos pequenos momentos, é essa alegria que jorra do coração dos jovens mesmo no meio do cansaço, é a coragem que a juventude carrega no peito para sair nas ruas e lutar por aquilo que se acredita, são os sorrisos, carinhos, amor, zelo e respeito. Foram essas coisas que eu encontrei na casa que já posso chamar de minha família carioca, no metrô, na praia e por todo lugar que passei e pessoa que conheci nesta peregrinação. Está é a cara do nosso Santo Padre, e por isso nós entoamos com força e alegria nesta Jornada “Essa é a juventude Papa!” Agradeço através de orações ao Papa Emérito, Bento XVI, por ter escolhido o Brasil para sediar esta jornada e ao Papa João Paulo II, por ter criado está obra. Proporcionando-me a ter a primeira experiência de momentos maravilhosos e me fazendo dizer: Até a Polônia.

Mariana Rodrigues, 20 anos, mora em Campinas e é estagiária do Setor Imprensa da Arquidiocese de Campinas.

Revista Digital Lumen

65


Dia 28

“ir ao mundo e fazer discípulos entre todas as nações”

66

Revista Digital Lumen


o d a b á s o n a i l í g i V

F

rancisco chegou à Copacabana para participar da Vigília Eucarística com os jovens peregrinos por volta das 19h. Mas a cerimônia havia começado por volta das 15h, com apresentações artísticas. Após a chegada do Papa, jovens deram testemunhos de vida no palco da Jornada e disseram como a JMJ mudou suas vidas desde que foi anunciado que seria realizada no Brasil. O Santo Padre iniciou seu discurso dizendo que a juventude ali reunida lhe lembrava a história de São Francisco, que diante do crucifixo escuta a voz do Senhor que lhe diz “Francisco, vai e repara minha casa”. “E o jovem Francisco responde, com prontidão e generosidade, a esta chamada do Senhor: repara a minha casa. Mas qual casa? Aos poucos, ele percebe que não se tratava fazer de pedreiro para reparar um edifício feito de pedras, mas de dar a sua contribuição para a vida da Igreja; tratava-se de colocar-se ao serviço da Igreja, amando-a e trabalhando para que transparecesse nela sempre mais a Face de Cristo”, acrescentou o Papa. Papa Francisco também citou a mudança de local da Vigília, explicando que a troca foi feita por conta do mau tempo, que inviabilizou a realização da cerimônia no Campus Fidei, o Campo da Fé, em Guaratiba. “Não estaria o Senhor dizendo que o campo da fé real, o Campus Fidei em si, não é um lugar geográfico, mas somos nós?”, indagou. E acrescentou a reflexão feita a partir deste questionamento, dizendo que havia pensado na imagem de três diferentes tipos de campo. “A primeira, o campo como local onde se planta; a segunda, o campo como um local de treinamento; e a terceira, o campo como local de obra e construção”, refletiu.

Citando parábolas para completar seu pensamento, Francisco pediu aos peregrinos que se enxergassem como aquele campo e falando sobre o primeiro tipo de campo, onde se semeia. “Queridos jovens, quando aceitamos a Palavra de Deus, então nós nos tornamos Campo da Fé! Por favor, deixem que Cristo e sua Palavra entrem em sua vida, para germinar e crescer”, completou. No segundo campo, pediu para que os jovens pensassem nele como um local de treinamento, como se fossem atletas. “Jesus nos oferece algo maior do que a Copa do Mundo! Nós oferece a possibilidade de uma vida proveitosa e feliz, e também um futuro com ele sem fim, a vida eterna. Nos pede para ‘estar em forma’, sem medo de enfrentar qualquer situação da vida, testemunhar a nossa fé”, afirmou, pedindo para que fizessem isso através da oração, dos sacramentos e do amor fraterno. “Queridos jovens, sejam autênticos ‘Atletas de Cristo’!”, pediu. Na terceira imagem, disse aos jovens para que fossem construtores da Igreja, sendo parte do campo como uma obra em construção e vivendo como cristãos. Assim, citou o lema da JMJ Rio 2013 “Ide e fazei discípulos entre todas as nações”. “Esta tarde, respondemos a Ele: Sim, eu também quero ser uma pedra viva, para juntos, construir a Igreja Jesus. Digamos juntos: eu quero ir e ser um construtor da Igreja de Cristo”, clamou o Papa. Para finalizar, o Papa pediu para que os jovens não esquecessem de tudo o que ele tinha dito e que fizessem como Nossa Senhora: se colocassem como servos do Senhor. Revista Digital Lumen

67


“Sabe qual é o instrumento para evangelizar um jovem? Outro jovem”

68

Revista Digital Lumen


Diário de Bordo:

Amanhecer, despertar e ir ao mundo! O amanhecer em Copacabana foi um presente de Deus aos peregrinos que dormiram na praia. Muita gente estava no mar logo cedo... mas deixamos isso para os estrangeiros, porque para nós, apesar do sol, ainda estava frio. Na chegada do Papa, as três milhões de pessoas ali presentes fizeram um Flash Mob com a música “Seja Bemvindo”, acolhendo Francisco para a cerimônia de envio. O maior Flash Mob do mundo! As palavras do Santo Padre estavam inspiradas e nos fizeram pensar

no motivo daquele grande encontro de fé, com milhões de pessoas vindas de vários países. O lema da Jornada, ir ao mundo e fazer discípulos entre todas as nações, nunca foi tão óbvio quanto nas palavras de Francisco. “Sabe qual é o instrumento para evangelizar um jovem? Outro jovem”. Fantástico. Ao final da celebração, o anúncio: a próxima Jornada Mundial da Juventude será na Cracóvia, Polônia, em 2016. Terra do Beato João Paulo II, idealizador e fundador da JMJ. Então é isso: nos vemos na Polska!!!

Revista Digital Lumen

69


“Meu coração se encheu de alegria”

M

eu nome é Priscilla Geremias, nasci na cidade

A experiência de fé compartilhada com os meus compa-

de Araras (SP), tenho 19 anos, e sou estudante

nheiros de viagem foi muito importante, e me serviu como

de jornalismo. A vivência com Deus sempre foi

exemplo de cristão. Ao chegarmos ao Rio de Janeiro, senti

presente na minha vida, cresci na Igreja. Hoje meu estágio na

a força do Espírito Santo em cada peregrino que avistava, e

Arquidiocese de Campinas me permitiu estar ainda mais pró-

eu ali também era uma. Ao iniciar a caminhada do bairro

xima de Deus, através de cada experiência. A experiência que

Botafogo até a praia de Copacabana, a primeira Capela que

contagiou julho de 2013 foi a Jornada Mundial da Juventude,

vi, foi a capela de Santa Terezinha do Menino Jesus, da qual

que até então eu não participaria, por estar fora da minha ci-

sou devota, meu coração se encheu de alegria, este foi um

dade natal há um ano, e ter deixado de participar junto da

sinal da querida santinha que sempre atende meu clamor.

juventude na minha paróquia em Araras. Acompanhei pela

Em Copacabana, era impossível não sentir a energia, a for-

internet e televisão tudo o que acontecia na JMJ, me emocio-

ça da fé, de longe vi o Papa e me senti abençoada. Havia

nava a cada palavra proclamada, cada testemunho e gesto que

mi-lhares de pessoas lá, a prova de que eu estava lá, mis-

mostrava o amor de Cristo. Na sexta, 26, uma amiga do tra-

sionária e fazia parte daquele momento, aconteceu quando,

balho me chamou para ir ao Rio de Janeiro, para participar

dentre poucas pessoas, recebi o corpo de Cristo. Lembrei

da Missa de Envio. Hesitei no primeiro momento, aquilo que

das palavras ditas pelo Papa “Mas, em vossa fé de que para

estava distante de mim, poderia se concretizar. Fiquei muito

Deus nada é impossível. Vós, ó Mãe, não hesitastes, e eu não

feliz com a possibilidade de fazer parte desse grande evento,

posso hesitar.” Por ser pecadora, não sou digna do Senhor,

de celebrar a minha fé jovem e ainda se possível conhecer o

mas Ele veio até mim, e eu necessito Dele. Hoje, animada, já

Papa Francisco. Lembrei do hino da Jornada que tanto ouvi

quero me preparar para fazer parte da Jornada Mundial da

“Cristo nos convida, venham meus amigos...” e eu decidi que

Juventude na Polônia em 2016.

iria.

70

Revista Digital Lumen


Revista Digital Lumen

71


Francisco visita Aparecida por Mariana Maia

P

apa Francisco visitou no seu terceiro dia (24 de julho) de estadia no Brasil, por ventura da 27º Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em Aparecida, São Paulo. Ao chegar ao Santuário, para sua primeira missa em solo brasileiro, o Santo Padre foi acolhido por cerca de 15 mil fiéis que lotavam a praça em frente à Basílica e seu interior,; a grande maioria já o esperava sob um frio com sensação térmica de 4 graus e chuva desde a madrugada do dia 23. Antes da Celebração Eucarística, o pontífice teve um momento de oração e veneração à imagem original de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, guardada na Capela dedicada aos 12 Apóstolos.

“o Santo Padre foi acolhido por cerca de 15 mil fiéis que lotavam a praça em frente à Basílica e seu interior”

72

Revista Digital Lumen


Revista Digital Lumen

73


“também eu venho hoje bater à porta da casa de Maria”

74

Revista Digital Lumen


Fotos oficiais JMJ Rio2013

E

m homilia, o Santo Padre demonstrou alegria em estar na “casa da Mãe de cada brasileiro” e contou que o motivo de sua passagem pelo Santuário era suplicar a Nossa Senhora o bom êxito da JMJ, “Assim, de cara à Jornada Mundial da Juventude que me trouxe até o Brasil, também eu venho hoje bater à porta da casa de Maria, que amou e educou Jesus, para que ajude a todos nós, os Pastores do Povo de Deus, aos pais e aos educadores, a transmitir aos nossos jovens os valores que farão deles construtores de um País e de um mundo mais justo, solidário e fraterno”, disse o Papa. Após a missa, o Papa seguiu para um almoço que ocorreu no Seminário Bom Jesus, com membros da sua comitiva, o Cardeal Arcebispo de Aparecida, o bispo auxiliar, bispos da Província, os seminaristas que residem no seminário e os padres formadores dos seminaristas. A despedida do Pontífice surpreendeu com o anúncio de que em 2017 voltará ao Brasil, por ocasião dos 300 anos da pesca milagrosa na qual foi encontrada a pequena imagem da Virgem Maria, padroeira do Brasil.

O Papa prometeu voltar à Basílica em 2017, quando se comemoram 300 anos da aparição da imagem da santa no Rio Paraíba. Ao pegar a imagem nas mãos e apresentála aos fiéis, Francisco afirmou que a Mãe Maria está sempre presente. “Uma mãe se esquece de seus filhos? Ela não se esquece de nós. Ela nos quer e nos cuida”, disse ele.

Revista Digital Lumen

75


teologia moral

: e d u t n e v u J e Francisco a Moral i g o l o e T a a r a p Desafios

Por Padre José Antônio Trasferetti Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Evangelização (Campinas) e professor da PUC-Campinas

O

Brasil tem se constituído num imenso laboratório de grandes transformações sócio-comportamentais. O movimento das ruas nos meses de junho/julho de 2013 tem demonstrado uma capacidade de se manifestar que há muito tempo estava esquecida. Na verdade, foram em sua maioria jovens que desencadearam fortes demonstrações de protestos contra o sistema neo-liberal de cunho capitalista que não tem possibilitado serviços públicos de qualidade. Esta ênfase no campo da política, sobretudo no momento em que se desenvolvia a “copa das confederações” foi um despertar para a realidade social, mostrando que o povo brasileiro não está “deitado em berço explêndido”. Os jovens tornaram-se protagonistas de muitas ações sociais que obrigaram os gestores da política a se movimentar e agir rapidamente para atender as demandas sociais de melhor qualidade da educação, saúde, transporte publico e demais serviços. Ainda estamos vivendo estes momentos e não sabemos exatamente como irão se desenvolver ao longo do ano, sobretudo, em 2014, quando teremos eleições majoritárias.

76

Revista Digital Lumen


teologia moral

Garota durante a Missa de Envio. Foto de Fábio Santoro/ JMJ Rio2013

A

presença do Papa Francisco na 28ª Jornada Mundial da Juventude também trouxe uma movimentação muito importante, pois possibilitou muitos momentos de crítica social ao mesmo tempo em que conclamava os jovens a viverem na esperança e na caridade. Os gestos de Francisco, desde que foi eleito Papa, têm demonstrado que ele deseja uma igreja mais solidária e próxima dos pobres, sobretudo, conjugando o evangelho com a realidade social que circunda nosso povo. No Rio de Janeiro, o Papa insistiu para que o jovem não desanime diante da corrupção e não perca a esperança apesar de todas as dificuldades sociais que caracterizam o nosso país. O Papa Francisco sabe que nossa era tem sido marcada por intensas e profundas mudanças, que inclusive implica não somente numa “época de mudanças”, mas numa verdadeira “mudança de época”. Este contexto local e mundial possibilita uma alteração dos paradigmas tradicionais que tem caracterizado as nossas sociedades nas ultimas décadas. As transformações locais e globais estão interligadas e afetam a vida cotidiana das pessoas, sobretudo, dos nossos jovens que estão conectados diariamente com as novas mídias sociais geradas pelas novas tecnologias que invadem o planeta.

Revista Digital Lumen

77


teologia moral

N

a verdade, a passagem do Papa Francisco pelo Brasil deixou duas marcas indeléveis: simplicidade e ousadia. Simplicidade porque desde o momento em que pisou o solo brasileiro se comunicou com as pessoas sem arrogância e orgulho. Sua maneira carinhosa de falar com as pessoas, beijar e abençoar as crianças, abraçar os jovens e as pessoas de todas as idades, cativou a todos. Seus gestos e atitudes foram de uma pessoa que quer estar próximo das pessoas, ouvindo e aprendendo com todos. Francisco também foi ousado ao dispensar seguranças, tratamento especial, carros de marca e outras regalias que poderia ter. Sua ousadia extrapolou o comportamento e chegou aos seus pronunciamentos, pois com calma e muita sabedoria fez colocações importantes para a juventude mundial e para o futuro da Igreja Católica, indicando muitas perspectivas novas, sobretudo em relação à ação pastoral. O Papa Francisco tratou com sutileza vários temas importantes para a juventude, tais como, o combate à corrupção, a insistência no agir social, a necessária busca de relacionamentos mais sólidos, a importância da família e do trabalho voluntário nas comunidades.

78

Revista Digital Lumen


teologia moral

O

papa não se envolveu em temas polêmicos relacionados à moral sexual, talvez por opção ou porque todos já sabem o que pensa a Igreja Católica em relação a temas como aborto, eutanásia, pílulas, preservativos etc. De todo modo, sua mensagem foi clara no sentido de solicitar aos jovens maior engajamento social, compromisso com a justiça e com um mundo mais justo e fraterno. A própria Igreja, segundo Francisco, precisa sair da sacristia e atuar de maneira forte junto às pessoas em seus locais de moradia, trabalho, educação, saúde e lazer. O papa não quer jovens parados, desanimados, trancafiados em suas casas ou em suas igrejas. Ele quer o povo de Deus nas ruas, fazendo “bagunça” como ele mesmo fez no Rio de Janeiro. No final da visita, já no avião retornando a Roma, ele falou sobre a questão homossexual, dizendo que os gays precisam estar integrados a sociedade e que ele não tem condição de julgá-los. O trabalho de inclusão social e de respeito à cidadania homossexual é uma necessidade que a realidade social exige. Que estas palavras sejam ouvidas e que Francisco continue suas viagens pelo mundo trazendo luzes para uma sociedade cada vez mais carente de fé e amor. Papa em visita ao Santuário de Aparecida. Foto de Ronaldo Correa/ JMJ Rio2013 Revista Digital Lumen

79


puc-campinas

Destrave a língua Com o crescimento econômico da China no mundo, cresce a importância do aprendizado do Mandarim

“O MANDARIM A I C N Â T R O P M I U O H GAN L A I D N U M O I R Á N E NO C O COM O CRESCIMENT ” A N I H C A D O C I M Ô N O EC

80

Revista Digital Lumen

por Elismere Machado elismere.machado@puc-campinas.edu.br

O

mandarim é o principal dialeto falado na China com, aproximadamente, 840 milhões de falantes. É também o idioma mais falado no planeta. O mandarim ganhou importância no cenário mundial com o crescimento econômico da China que, atualmente, é a segunda economia do planeta. Um exemplo disso é o resultado de um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa da Universidade de Phoenix (Arizona, Estados Unidos) no qual mostra que 42% dos empregadores nos Estados Unidos esperam que seus colaboradores falem mandarim nos próximos dez anos.


puc-campinas

D

e acordo com o Coordenador do Departamento de Relações Externas da PUC-Campinas, Prof. Douglas Ferreira Barros, fora a China, os Estados Unidos é o país em que mais se estuda mandarim no mundo. “Para se ter uma ideia dessa realidade, em 2012, a China enviou aos EUA mais de 300 mil universitários, fora profissionais já formados. Por aí se pode medir a importância do estudo do mandarim. Temos evoluído no Brasil quanto a esse critério. Várias universidades abrigam o Instituto Confúcio, que promove cursos de cultura e língua chinesa, e o interesse dos estudantes brasileiros é visivelmente muito maior hoje do que há cinco anos”, afirma.

... “FORA A CHINA, OS ESTADOS UNIDOS É O PAÍS EM QUE MAIS SE ESTUDA MANDARIM NO MUNDO”

Fotos da estudante Elisa Arruda por Álvaro Júnior/ PUC-Campinas Revista Digital Lumen

81


A

aluna do 2º ano da Faculdade de Direito da PUC-Campinas, Elisa Schenfel de Arruda, já falava inglês e espanhol quando foi selecionada para um intercâmbio em Taiwan. Ao saber que iria para a China, Elisa se matriculou em uma escola para aprender o idioma. “Posso dizer que, de maneira direta, o que me

82

Revista Digital Lumen

fez começar a estudar mandarim, em 2009, foi a iminência de morar um ano em Taiwan. Mas também teve a vontade de realizar algo desafiador. Nos primeiros meses que passei lá a experiência não foi fácil. Mesmo tendo começado a estudar mandarim um ano e meio antes de viajar, senti muitas dificuldades em me comunicar.


A D O D A Z I D N E R P A O “ LÍNGUA PROPORCIONOU DIVERSAS OPORTUNIDADES”

P

orém, com o passar do tempo, fui me habituando às diferenças e posso dizer que aprendi a apreciar muitas delas”, disse a aluna, que tem muitas histórias e boas lembranças do tempo em que morou em Taiwan. O aprendizado da língua proporcionou diversas oportunidades para Elisa. “Meu primeiro empre-

go foi conquistado justamente por saber mandarim. Durante o primeiro ano da faculdade, dei aulas de mandarim e inglês em uma escola de idiomas. Além disso, já recebi outras propostas de trabalho por saber mandarim. Tenho certeza de que ainda usarei muito mais o conhecimento que tenho da língua chinesa”, disse. Revista Digital Lumen

83


espiritualidade

o d a m a O jovem por Evaristo E. de Miranda Pai de quatro filh o s, autor do livro “Quando os joven s não tinham voz, nem vez” (Vozes)

T

em pai que fala muito. Demais. Não era o caso de José, o esposo de Maria, mãe de Jesus. Ele não abre a boca. Não há registro de uma palavra sequer pronunciada por José, em lugar algum dos evangelhos. E olha que José fez e viveu muita coisa. Na Bíblia, José entra mudo e sai calado. Deus também, o Pai do céu, não é muito de falar na Bíblia. No Novo Testamento, menos

84

Revista Digital Lumen

ainda. Ele prefere ouvir. Só fala duas vezes e diz praticamente a mesma coisa. No batismo de Jesus (Mt 3,17; Mc 1,9; Lc 3,21-23) e em sua transfiguração na montanha, ouve-se a voz de Deus (Mt 17,5; Mc 9,7; Lc 9,35) falar de seu filho Jesus. Em resumo, Deus diz: - Este é meu filho, meu amado, em quem me comprazo. Escutai-o!


espiritualidade

J

esus é a fonte de alegria, em quem Deus se compraz, permanentemente. Essa mensagem deveria ser repetida sempre e sempre, por todo pai e por “TALVEZ A ÚNICA FRASE toda mãe. Talvez a única frase que vale a pena se pronunciar QUE VALE A PENA SE com relação a um filho jovem PRONUNCIAR COM ou adolescente. Ela os autoriza RELAÇÃO A UM FILHO a falar e a ser. Essa declaração amorosa lhes dá poder. Poder JOVEM” para ser. Às vezes é assim: os amigos trazem o filho de volta à sua casa de madrugada. O pai acorda. O filho está bêbado, drogado, delirando, vomitando e sujo. O pai o ampara; leva-o para dentro; pai o contempla e antes tira sua roupa; ajuda-o a tomar de se retirar, diz: um banho e coloca-o na cama. - Este é meu filho amPrepara um chá e quando retorado, em quem encontro na o jovem já dorme. minha alegria! Amanhã, com calm a, eu vou escutá-lo.

O

Revista Digital Lumen

85


espiritualidade

A

filha adolescente engravidou. Apesar dos avisos e das orientações dos pais. Ela sabia dos riscos. A relação com o namorado não suportou esse evento, não desejado. Desesperada, ela agride os pais ao dar a notícia. Como se a culpa fosse deles. Diz palavras inimagináveis. Dá um escândalo. Sai da sala desesperada, derruba objetos, grita e chora. Bate violentamente a porta e se tranca no quarto. E a mãe olha o esposo e diz: - Essa é minha filha amada, em quem encontro minha alegria! Estarei à sua escuta.

No livro “Quando jovens não tinham voz, nem vez”, o autor Evaristo de Miranda aborda a premissa de que mesmo nos tempos da Bíblia, como sempre e em toda parte, os jovens viviam, sentiam e pensavam diferente dos adultos. Os únicos a falar eram pais, vizinhos e parentes, os jovens não tinham voz, nem vez. Mas no livro é possível ver que Jesus mostrou muito interesse pelos jovens, mas do que pelos idosos e resgata os jovens nos evangelhos. Sua atenção está na humanidade de Jesus e dos jovens que encontrou. Ele não entra em discussões religiosas, doutrinas ou fé, seus episódios apresentam os encontros de Jesus com jovens explorando o texto grego original, a cultura hebraica daquele tempo, o lugar e as preocupações da juventude na sociedade. Para jovens, as reflexões deste livro são como um alimento espiritual, destinado a quem busca sua humanidade e identidade. 86

Revista Digital Lumen


espiritualidade

O

filho toma o carro do pai sem autorização. Sofre um acidente de madrugada com amigos. Um deles morre. O outro e o filho, em estado grave, são hospitalizados. Na infindável noite dos hospitais, cheia de luzes, alguém entra no quarto e pergunta quem é o jovem. O pai responde: - Ele é meu filho amado, em quem encontro minha alegria! Estou aqui para escutá-lo. Prisão, julgamento iníquo e humilhação diante da multidão. Logo, tortura e martírio público. Massacrado, abandonado por todos, ele foi crucificado entre malfeitores. Sobre sua cabeça ensanguentada enterram uma coroa de espinhos. Ele morreu em grande dor. Um soldado vazou seu lado direito com uma lança.

“MASSACRADO, ABANDONADO P OR TODOS, ELE FOI CRUCIFICADO EN TRE MALFEITORES”

D

eus o contemplava do alto, como no dia de seu batismo e de sua transfiguração, e falou. Ninguém ouviu: - Esse é meu filho amado, em quem encontro minha alegria. Escutai-o! Mensagem a ser repetida por todo pai e por toda mãe diante dos melhores e piores momentos vividos por seus filhos, especialmente os jovens e adolescentes.

Revista Digital Lumen

87


hospital e maternidade celso pierro

Terapia canina completa quatro anos por Hospital e Maternidade Celso Pierro

E

m vez de estetoscópios, jalecos, soros, medicações, há uma grande dose de afago, e muita sensação de segurança. É assim que a maioria das crianças se sente perto de um animal. Para quem estã hospitalizado, esse contato pode ser ainda mais positivo. O Projeto Medicão implantado no Hospital e Maternidade Celso Pierro (HMCP) da PUC-Campinas, em junho de 2009, já atendeu mais de 1,2 mil crianças internadas, além de adultos, profissionais e alunos. O melhor amigo do homem não pede nada em troca, está ali apenas para ser acariciado e transmitir

tranquilidade e carinho. O animal é considerado um grande aliado no processo da recuperação do paciente. Prova disso é o pequeno Pedro Henrique dos Santos Oliveira, hoje com 7 anos de idade, que, em janeiro de 2010, estava com o avô quando caiu em cima de uma mesa de vidro e teve inúmeras perfurações, que atingiram órgãos como rim, intestino, pulmão e parte do coração. “Ao chegar ao hospital, ele estava em choque, mas os médicos conseguiram conter a hemorragia”, lembra a mãe, Maria Amélia Lopes dos Santos, de 46 anos.


hospital e maternidade celso pierro

N

o início, Pedrinho, como é conhecido no Hospital, ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica e foi submetido a várias cirurgias. Ao passar pela situação de risco, ele sentiu medo de voltar a andar, não colocava os pés no chão e a fisioterapeuta já não sabia mais o que fazer. Foi quando o tratamento alternativo foi solicitado: os cães terapeutas.

“AO PASS AR PELA SITUAÇÃ O DE RIS CO, ELE SENTIU M EDO DE VOLTAR A ANDAR ”

Revista Digital Lumen

89


hospital e maternidade celso pierro

“Quando meu filho viu os cães se aproximarem dele, esqueceu que estava internado e se sentou. Com ajuda, ele desceu da cama e conseguiu dar três passos com o cão”, emocionada relata a mãe. “Graças aos cães meu filho voltou a caminhar com mais facilidade”, completa. “Os cachorros, da mesma forma que os palhaços, ajudam a descaracterizar o ambiente hospitalar, que é hostil. Não faltam histórias de crianças internadas por longo tempo que só começaram a interagir com a ajuda dos cães terapeutas, explica o gestor da pediatria e professor da PUCCampinas, Nilton Crepaldi. O Projeto Medicão faz parte do Projeto de Humanização do HMCP. “O objetivo do encontro do animal com a criança ou adulto internado é de promover o bem-estar, melhorar a capacidade motora e a autoestima, diminuir a ansiedade e a quanti-

90

Revista Digital Lumen

dade de medicamentos, além de diminuir as tensões da equipe de trabalho”, explica a infectologista da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, Maria Fernanda Scudeler. Segundo a infectologista, para garantir o sucesso do Projeto Medicão, os cães são cadastrados, possuem certificados de vacinas e vermifugação, renovados mensalmente. “Há procedimentos realizados antes da visita, no dia e pós-visita dos cães. Tudo isso para garantir a saúde das crianças, acompanhantes e profissionais”, explica Maria Fernanda. A visita acontece a cada 15 dias, às quartas-feiras, às 15h, e conta com a presença da Mel, Brenda, Hanna, Ayla, Bob e Oliver da raça golden retriever; Cacau da raça griffon de bruxelas, Juca o pequeno poodle e para completar Natasha da raça cocker spaniel.


hospital e maternidade celso pierro

O Projeto Medicão tem a parceria com a Art & Nic (centro de treinamento e formação de cães terapeutas). “A iniciativa é muito bemaceita nos hospitais. O que nos faz continuar e o retorno dos pacientes é muito gratificante”, ressalta o coordenador e adestrador Hélio Rovay Júnior.

A

utilização de animais em ambientes hospitalares ocorre com frequência em hospitais nos Estados Unidos há várias décadas. No Brasil, o método foi implantado no ano de 1997 pela veterinária e psicóloga Dra. Hannelore Zucks e é chamado de zooterapia ou Pet Terapia. Esse método é utilizado principalmente com crianças, idosos e doentes mentais. A terapia com cães não promete a cura de doenças, mas promove benefícios físicos e men-

tais. Estudos demonstram que o simples contato com um animal já é suficiente para promover bem-estar. Alguns benefícios da Pet Terapia já foram comprovados, como a diminuição da pressão sanguínea e cardíaca, melhora do sistema imunológico, da capacidade motora e da autoestima. Também estimula a interação social e tem uma ação calmante e antidepressiva, o que resulta, em alguns casos, na redução da quantidade de medicamentos. Revista Digital Lumen

91


Capela Nossa Senhora da Boa Morte recebe tratamento tecnológico

A

por MARIANA MAIA, MARIANA IGNÁCIO, MARIANA RODRIGUES e PRISCILLA GEREMIAS

Capela Nossa Senhora da Boa Morte, situada na Santa Casa da Misericórdia de Campinas, vem passando por uma restauração e a novidade é a técnica utilizada para o restauro. No final de semana de 10 a 12 de maio, toda a capela sofreu um processo de imageamento tecnológico nas pinturas e imagens, feito pela equipe do Instituto de Física Nuclear da USP, que iniciou a análise científica de toda parte interna da capela. Elizabeth Kajiya, responsável pelo imageamento e restauradora, explica que os processos de refletografia de infravermelho e ultravioleta e o microscópio são técnicas não invasivas. “Com a de infravermelho, eu consigo ver camadas subja92

Revista Digital Lumen

centes, mas isso vai depender da espessura da tinta e do material utilizado”, deixando claro que tudo depende do que foi feito anteriormente. “O ultravioleta vai me mostrar áreas de retoque onde houve intervenções antigas, recentes”, dizendo que a técnica também pode mostrar a pintura original, na qual é possível caracterizar o material utilizado dentro da técnica artística. Já o microscópio portátil serve para reconhecer anomalias dentro da pintura. Além disso, Kajiya afirma que a tecnologia está se tornando importante para o trabalho de restauração que vem sendo feito na capela. “Porque a gente tem um estudo preliminar antes de intervir na obra”, explica.


Restaurador Antônio Sarasá demonstra técnica do imageamento

“TODA A CAPELA SOFREU UM PROCESSO DE IMAGEAMENTO TECNOLÓGICO NAS PINTURAS E IMAGENS”

Revista Digital Lumen

93


94

Revista Digital Lumen


“A gente faz todo levantamento histórico-documental, faz um levantamento de dados analíticos de técnicas que a gente pode utilizar; conforme a problemática que a gente tem, existem técnicas para tentar identificar o material que foi utilizado, a técnica de pintura usada para poder intervir da melhor maneira possível”, declara. O restaurador responsável pelo projeto geral de restauração da capela, Antônio Sarasá, afirma que a utilização da tecnologia para a recuperação da capela vai além do belo, pois a principal ideia é entender a arte sacra em seu período de concepção. “A arte sacra enquanto está sendo usada para liturgia é arte sacra. Na hora em que ela perde esse efeito, ela se torna uma arte decorativa”, diz ele. “É isso que nós vamos tentar resgatar, o porquê de ter, ali, aquela

pintura, o porquê desses elementos. É tentar resgatar essa informação da arte sacra. Não é simplesmente para deixar bonito, é o entendimento de como era utilizado na época”, declara. Segundo ele, todo o trabalho de campo irá durar cerca de trinta dias e, depois disso, mais dois meses para processar as informações e, então, estudar qual intervenção será feita. Sarasá também diz que a imagem de Nossa Senhora da Boa Morte vai passar por um processo de imageamento, mas este será feito num tomógrafo, a fim de entender como a imagem era feita e a possível presença de cupins. “Nós vamos resgatar essas informações e trazer todo potencial que ela tem para a arte sacra e para a própria Igreja”, afirma.

A física Elisabeth Kajiya mostra processo feito com luz infravermelha e imagens reveladas Revista Digital Lumen

95


Pintura original revelada em pequenos recortes e imagem de Nossa Senhora da Boa Morte

Restauração

O

“O DINHEIRO É ARRECADADO ATRAVÉS DE PARCEIROS E POR DOAÇÃO” 96

Revista Digital Lumen

órgão proponente do restauro é o Instituto de Saúde Integrada (ISI), que desenvolveu todo o projeto da restauração. A Capela foi tombada pelo Estado. A restauração, que começou em 2008 e terá um custo final de aproximadamente 12 milhões de reais, foi dividida em etapas. O dinheiro é arrecadado através de parceiros e por doação da comunidade e, segundo a coordenadora do projeto e integrante do ISI, Leide Mengatti, as doações são as principais fontes da restauração. “Somos transparentes no que fazemos e à medida que nós divulgamos e a comunidade vê o restauro acontecendo, ela se envolve mais”, diz.


Detalhe do teto da cúpula esculpido em gesso

Leide Mengatti também comenta que a participação da população é importante, pois a Capela pertence a todos, e conta que o Sesc Campinas também é um parceiro, trazendo em todo o último sábado de cada mês uma apresentação de música erudita na Capela, em que se convida a toda população para ajudar a tornar o restauro possível. Para colaborar com a restauração da Nossa Senhora da Boa Morte é necessário ir até a capela, localizada no centro da edificação da Santa Casa de Misericórdia de Campinas, na Rua Benjamin Constant, 1651, Centro. As doações também podem ser feitas através de depósito bancário.

História

A

Capela Nossa Senhora da Boa Morte tem 142 anos de edificação e foi construída com o estilo típico do Brasil na época, misturando a arquitetura tradicional popular do império com o estilo neoclássico vindo da Europa. Toda feita de taipa, construída por mão de obra escrava, teve sua primeira missa celebrada em 19 de novembro de 1876 e faz parte da história de Campinas.

Fotos de Priscilla Geremias Revista Digital Lumen

97


Pela vocação de

padres e diáconos da redação

O

último mês, agosto, é um mês especialmente dedicado às vocações sacerdotais. No dia 4, comemora-se o Dia do Padre, na festa do patrono dos párocos, São João Maria Vianney. Universalmente conhecido como o Santo Cura d’Ars, a Igreja comemora a memória do Santo desde 1925. Tornou-se sacerdote aos 29 anos

e foi transferido para uma Paróquia em Ars, um lugar distante da França, com 200 habitantes. Ao lado, dois momentos. Clero reunido em frente a Catedral Metropolitana, na Quinta-feira Santa, e reunido nos dias de estudos, na Casa Éremon

Este ano, os estudos do clero reuniram padres e diáconos durante três dias de formação sobre o tema “visão panorâmica do Sínodo sobre Nova Evangelização para a transmissão da Fé” e reflexão sobre “Fé no horizonte do Ano da Fé”. Na Arquidiocese de Campinas, os temas foram orientados pelo Arcebispo Metropolitano de Brasília, Dom Sérgio da Rocha e o assessor da Comissão para a Doutrina da Fé da CNBB, Monsenhor Antonio Luiz Catelan Ferreira. No último dia do encontro, Dom Airton José dos Santos realizou um momento de reflexão sobre as palestras que ocorreram durante o encontro, que ocorreu de 21 a 23 de maio na Casa de Retiros e Encontros Éremon, em Campinas. 98

Revista Digital Lumen


“As vocações sacerdotais e religiosas nascem da experiência do encontro pessoal com Cristo” Bento XVI

Fotos de Carolina Grohmann Revista Digital Lumen

99


N

o dia 10, é lembrado o Dia do Diácono, na festa de São Lourenço, um dos primeiros diáconos da Igreja Católica. Com a responsabilidade de cuidar dos bens da Igreja e da distribuição de esmola aos pobres, São Lourenço tornou-se um mártir cristão e é considerado um servo fiel da Igreja. Também são lembrados em agosto, Santo Afonso Maria de Ligório, fundador da Congregação dos Missionários Redentoristas, São Tarcísio, padroeiro dos coroinhas, Santa Rosa de Lima, primeira santa nativa da América e padroeira do Peru, e Maria Santíssima, durante a solenidade da Assunção, recordando o momento de dizer “sim” a Deus.

100

Revista Digital Lumen

O mês se encerra com o último domingo comemorando o Dia dos Catequistas. Mas o trabalho dirigido às vocações nem se limita, nem termina neste único mês do ano. Ele é contínuo e atravessa o tempo! Em sua mensagem para o 50º Dia Mundial de Orações pelas Vocações, que foi celebrado em 21 de abril último, o Papa Emérito, Bento XVI, dizia que a oração constante e profunda faz crescer a fé da comunidade cristã, “na certeza sempre renovada de que Deus nunca abandona o seu povo e que o sustenta suscitando vocações especiais, para o sacerdócio e para a vida consagrada, que sejam sinais de esperança para o mundo. Na realidade, os presbíteros e os religiosos são chamados a entregar-se de forma incondicional ao Povo de Deus, num serviço de amor ao Evangelho e à Igreja, num serviço àquela esperança firme que só a abertura ao horizonte de Deus pode gerar”. A Arquidiocese de Campinas, na Festa de São Lourenço, celebrou, com alegria, a ordenação diaconal de quatro seminaristas. Conheça-os a seguir.


André Ulisses da Silva

O

diácono André Ulisses da Silva é o primeiro dos três filhos do casal José Alcindo da Silva e Izabel Martins da Silva, hoje falecidos; são seus irmãos Silvio Abel da Silva e Luis Renato da Silva. Nasceu no dia 1º de setembro de 1971, em Campinas. De família católica, foi educado na fé a partir da reza do terço nas casas e da participação nas missas todos os domingos. Estudou na Escola Estadual “Luiz Galhardo”, no bairro Swift, em Campinas. Começou a trabalhar aos 14 anos como ajudante de pedreiro com o pai e, após terminar os estudos no SENAI, trabalhou em uma mecânica de autos e, depois, na área de vendas de baterias automotivas. Momento de muita tristeza em sua vida aconteceu em novembro de 1996, com o falecimento de sua mãe Izabel e, dez meses depois, de seu pai. O chamado vocacional começou na juventude, na Paróquia Santo Cura D’Ars, com a participação na catequese, no grupo de jovens “Força Jovem”, na Crisma e na participação na comunidade. Com a criação da Paróquia Santa Luzia, no Jardim dos Oliveiras, onde participava da comunidade Nossa Senhora de Lourdes, sentiu mais forte o chamado para a vocação sacerdotal. Em 2004 começou a participar frequentemente dos encontros vocacionais e, após encontros e conversas pessoais, foi admitido no mesmo ano no “Instituto Vocacional Propedêutico São José”.

No ano de 2006, iniciou o curso de Filosofia na PUC-Campinas e ingressou no “Seminário da Imaculada de Filosofia da Arquidiocese de Campinas”, graduando-se em janeiro de 2009. Neste mesmo ano ingressou no curso de Teologia da PUC-Campinas e foi admitido no “Seminário da Imaculada de Teologia da Arquidiocese de Campinas”. Fez estágio pastoral nas Paróquias Nossa Senhora Aparecida, Jardim Campos Verdes, Hortolândia; Conceição de Nova Aparecida, Vila Padre Anchieta, Campinas; Nossa Senhora Auxílio da Humanidade, Jardim Nova América, Campinas; e, atualmente, na Paróquia Jesus Cristo Libertador, na região do Campo Grande, em Campinas.

Revista Digital Lumen

101


Claudiney Ferreira de Almeida

O

diácono Claudiney Ferreira de Almeida nasceu na cidade de Ubiratã, Paraná, em 25 de abril de 1980, filho de Erzina Ferreira de Almeida e João de Almeida (falecido). O casal teve seis filhos, sendo Claudiney o mais novo. Filho de agricultores, morou até 18 anos no sítio da família, quando, em 1998, começou com a família uma nova etapa de sua história na cidade de Indaiatuba, SP, dando continuidade à vida comunitária na Paróquia Santo Antônio e trabalhando na indústria. A vivência comunitária o fez perceber, sentir e responder ao chamado de Deus para ser padre. Em 2004 fez encontros vocacionais e no dia 03 de abril de 2005, domingo da Divina Misericórdia, ingressou no Seminário Propedêutico São José, na Arquidiocese de Campinas. Cursou Filosofia no período de 2005 a 2008 e Teologia de 2009 a 2012, ambos os cursos na PUC-Campinas. Nesse processo de formação exerceu estágio pastoral nas paróquias Santa Teresinha, em Sumaré; Santa Luzia, no Jardim Novo Campos Elíseos, em Campinas; Santa Isabel, em Barão Geraldo; e Santa Clara de Assis, em Sumaré.

102

Revista Digital Lumen

No início de 2013, a pedido de Dom Airton José dos Santos, iniciou uma nova etapa na formação, chamada de Ano Pastoral, um tempo de discernimento e preparação para receber o Sacramento da Ordem, sendo acolhido na Paróquia Jesus Cristo Libertador, em Campinas. Neste período, também, exerceu estágio Clínico-Pastoral no Hospital e Maternidade Celso Pierro da PUC-Campinas.


Nilo Cavalcante de Oliveira Júnior

O

diácono Nilo Cavalcante de Oliveira Junior nasceu no dia 1º de maio de 1983, na cidade de Brasília, DF, filho de Heleny Izabel dos Santos e Nilo Cavalcante de Oliveira (in memoriam), comerciários do ramo gráfico. Tem uma única irmã, Daniele Cristina Cavalcante de Oliveira. No ano de 1996 finalizou o ensino fundamental no Colégio Santa Dorotéia, da Congregação das Irmãs de Santa Dorotéia. Em 1998, com o falecimento de seu pai, mudou-se com sua família para a cidade de Borborema, SP, onde, em 2001, concluiu o ensino médio na Escola Estadual Dom Gastão Liberal Pinto. Ainda em 2001, na Paróquia São Sebastião, Diocese de São Carlos, foi crismado e atuou na Renovação Carismática Católica e nos Círculos Bíblicos. Mudou-se com sua família para a cidade de Indaiatuba, SP, em 2002. Sua resposta vocacional tem origem na Paróquia Nossa Senhora da Candelária, em Indaiatuba, onde atuou na Pastoral da Juventude e no Ministério de Música. Em 2004, iniciou os encontros de discernimento vocacional na Arquidiocese de Campinas. Ingressou no Seminário Propedêutico São José em 2005, realizando estágio pastoral em sua paróquia de origem. No ano de 2006 ingressou no Seminário Maior, cursando

Filosofia na PUC-Campinas, onde se graduou em 2008, com ênfase em ética. Em 2006 fez estágio pastoral na Paróquia Santa Cruz, em Campinas, e nos anos de 2007 e 2008, na Paróquia São Paulo Apóstolo, em Sumaré. Iniciou os estudos de Teologia em 2009, na PUC-Campinas, graduando-se em 2012. Nos anos de 2009 e 2010 fez estágio pastoral na Paróquia Sagrada Família, em Campinas, acompanhando a Pastoral da Juventude e assessorando-a em nível forâneo na realização de Cursos de Capacitação para Líderes Jovens e retiros. Nos anos de 2011 e 2012, fez estágio pastoral na Paróquia Santa Bárbara, em Sumaré, acompanhando a Pastoral dos Acólitos e a implementação da Catequese Catecumenal. Concluídos os estudos, deixou o Seminário para iniciar o Ano Pastoral na Paróquia Beato José de Anchieta, em Valinhos, acompanhando a Catequese e o Movimento Apostólico de Shoenstatt.

Revista Digital Lumen

103


Renato de Moura Petrocco

O

diácono Renato de Moura Petrocco nasceu em Campinas, no dia 28 de agosto de 1986. É filho de Clemente Petrocco e Silvia Naves de Moura e tem dois irmãos, Rafael e Paula. Iniciou a participação na igreja na Paróquia Santa Luzia, no Jardim dos Oliveiras, em Campinas, onde foi catequista, coordenador da Pastoral da Catequese, membro da equipe de coordenação da Comunidade Matriz e Ministro da Palavra. Iniciou o processo de discernimento vocacional em 2002. No dia 03 de abril de 2005 ingressou no Instituto Vocacional Propedêutico São José, em Campinas. No ano de

104

Revista Digital Lumen

2006 ingressou no Seminário da Imaculada de Filosofia e na Faculdade de Filosofia da PUC-Campinas, formando-se em 2008. Em 2009 ingressou no Seminário da Imaculada Teologia e na Faculdade de Teologia da PUCCampinas, concluindo o curso em 2012. Exerceu estágios pastorais nas Paróquias Santa Luzia, Jardim Novo Campos Elíseos, em Campinas; São Miguel Arcanjo, em Sumaré; Nossa Senhora da Candelária, em Indaiatuba; e Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, em Barão Geraldo, Campinas. Atualmente, está na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Hortolândia.


Revista Digital Lumen

105


Prédios da Arquidiocese ganham nova vida com Mostra Casa Cor por Carolina Grohmann

O Palácio Episcopal, situado no Bairro Nova Campinas, sedia a quinta edição da Casa Cor Campinas. Para o Padre Alexandre Moura, a arquitetura dos edifícios é um dos motivos da escolha. No ano passado, a mostra foi realizada no Centro de Pastoral Pio XII. “Tanto o Pio XII quanto o Palácio Episcopal são edifícios muito tradicionais, com uma arquitetura muito marcante e vastamente conhecidos pela sociedade campineira”, diz Padre Alexandre. 106

Revista Digital Lumen


Estúdio da Rádio Brasil, no Centro de Formação, e vista do pátio. Fotos de Carolina Grohmann

Sala de aula e pátio interno do Centro de Formação

Na página anterior, Palácio do Bispo recebe pintura e imagem do corredor do Centro de Formação

Revista Digital Lumen

107


e d o r t n e c m u “ s a d o s u e d o ã formaç ” s i a r o t s a p s a s diver

108

Revista Digital Lumen


Na página anterior, pátio central do Centro de Formação e sala para aulas e palestras. Abaixo, torre de transmissão de rádio

E

m agosto, o Centro Pastoral Pio XII volta a ser ocupado. Após sediar a Casa Cor Campinas ano passado, o prédio reabre com a Escola de Formação Teológico-Pastoral Imaculada Conceição, com o Curso de Extensão em Música Litúrgica da Arquidiocese de Campinas (CEMULC) e com a Rádio Brasil Campinas AM 1270. Para se adequar às mudanças, o nome do prédio passa a ser Centro Arquidiocesano de Formação Pio XII. Desde a sua criação, por Dom Paulo de Tarso Campos, no final da década de 50, o objetivo era que nele funcionassem atividades pastorais. “A ideia de resgatar esta identidade de centro de formação pastoral vem ao encontro das expectativas do Plano de Pastoral que favorecem a formação dos leigos nas diversas

dimensões da vida cristã. Nós não estamos reinventando, estamos apenas dando a ele o caráter que é dele: um centro de formação de uso das diversas pastorais da Arquidiocese de Campinas”, explica Padre Alexandre Souza e Silva de Moura, encarregado das construções da Arquidiocese de Campinas.

Revista Digital Lumen

109


Abaixo, uma das salas que recebe a Rádio Brasil. Ao lado, fachada do Palácio Episcopal recebe pintura

O

Centro Arquidiocesano de Formação Pio XII marcou a primeira parceria entre a Casa Cor Campinas com a Arquidiocese de Campinas. Em 2012, o prédio sediou a quarta edição do evento de arquitetura e decoração na cidade. Além de receber novas janelas, pinturas e ter o piso original resgatado, o prédio do Centro de Formação foi equipado com uma nova escada de emergência e um elevador, a fim de garantir acessibilidade.

110

Revista Digital Lumen

Este ano, o Palácio Episcopal, situado no Bairro Nova Campinas, sedia a quinta edição da Casa Cor Campinas. Para o Padre Alexandre, a arquitetura dos edifícios é um dos motivos da escolha. “Tanto o Pio XII quanto o Palácio Episcopal são edifícios muito tradicionais, com uma arquitetura muito marcante e vastamente conhecidos pela sociedade campineira”, finaliza.


“a arquitetura dos edifícios é um dos motivos da esco lha”

Revista Digital Lumen

111


I

nspirados no tema internacional da Casa Cor 2013, “Um olhar muda tudo”, cerca de 50 profissionais de arquitetura e decoração entraram, no final de julho, no Palácio Episcopal para começar a ambientação dos 40 cômodos do imóvel. Com objetos e designs criados pelos profissionais, os cômodos devem contar a história de uma família fictícia tradicional campineira.

r a i r c s o m e r “que e u q s a i c n ê i r e exp inspiram”

112

Revista Digital Lumen

A proposta da 5ª Casa Cor Campinas é apresentar aos visitantes pontos de vistas diferentes de um mesmo ambiente. “Queremos criar experiências que inspiram, emocionam e revelam as principais novidades da arquitetura e decoração pelas mãos de arquitetos de renome da região. Um olhar muda o jeito de se ver, muda a perspectiva e cria novidades”, explica Adriane Sanna, presidente da Casa Cor Campinas. Para ela, a edição deste ano promete ser uma das mais belas edições já realizadas na cidade.


Na página anterior, Palácio do Bispo. Abaixo, o restaurador Hervert Carvente

C

om as partes estrutural, elétrica e hidráulica já reparadas, os profissionais estão livres para criar os ambientes. Como a norma é “conservar o que já existe”, eles devem devolver os ambientes com os pisos e janelas originais, podendo apenas tampálos, caso não se adéquem ao ambientes por eles criados. Para auxiliar os profissionais, um manual técnico com todas as intervenções autorizadas foi elaborado pela comissão do evento, que também vai analisar os projetos depois de prontos. “A análise é feita para conferir a estrutura e instalações elétricas, nunca cerceando o processo criativo do profissional”, explica o engenheiro civil e restaurador da obra, Herbert Carvente Faustino. Padre Alexandre acompanha pessoalmente o processo de revitalização do Palácio. “Sempre vou lá para ver o que está acontecendo. Às vezes, surgem dúvidas, como mexer em uma parede ou no piso, por isso tenho que sempre ir ao Palácio”, afirma.

Para Faustino, o trabalho entre a equipe da Casa Cor Campinas com a Arquidiocese de Campinas é perfeito e muito entrosado. “Eu cuido de um patrimônio não só da Cúria, mas sim da cidade de Campinas. Por isso, a gente trabalha muito bem integrado, conseguindo ter um resultado muito bom”, explica. Para ele, o prédio pronto “volta a ser um cartão postal da cidade”.

Revista Digital Lumen

113


114

Revista Digital Lumen


Casa Cor Campinas

A

mostra será realizada de 16 de setembro a 27 de outubro. O uso do Palácio após o período não foi definido. Para o Padre Alexandre, o objetivo da recuperação é também o resgate histórico do prédio. “Dom Airton tem se mostrado muito preocupado com o patrimônio da Arquidiocese de Campinas, no sentido de resgatar o seu valor e o seu uso para a Igreja. Então, a ideia da parceria da Casa Cor com a Arquidiocese é de que o Palácio seja resgatado como residência oficial”.

Período de 18 de setembro a 03 de novembro de 2013 Horário de Funcionamento Terça a Sábado, das 13h às 21h Domingos e Feriados, das 12h às 19h

Construído na década de 1950 pela Arquidiocese de Campinas, o Palácio estava desocupado desde a década de 1970. Sendo utilizado por alguns anos pela Promotoria Pública, o Palácio do Bispo foi o segundo prédio da Arquidiocese de Campinas a ser cedido para a realização da Casa Cor Campinas. Para este ano, a expectativa da Casa Cor Campinas é de mais de R$ 2 milhões investidos para o restauro do Palácio, para que ele seja devolvido em perfeitas condições de uso à Arquidiocese de Campinas.

“volta a ser um cartão postal da cidade”

Local Antigo Palácio do Bispo Rua Dr. José Ferreira de Camargo, 844 Nova Campinas Campinas Ingressos Inteira: R$ 32,00 Meia: R$ 16,00

Revista Digital Lumen

115


Convento das Irmãs Dominicanas em Campinas por MARIANA MAIA, MARIANA IGNÁCIO, MARIANA RODRIGUES e PRISCILLA GEREMIAS

N

o final do ano passado, em 22 de dezembro de 2012, foi inaugurada a parte nova do Convento das Irmãs Dominicanas em Campinas, a primeira sede da Congregação no Brasil. A casa passou por um longo processo de reformas, incluindo seu pensionato que aluga quartos para meninas de outras cidades que dese-

As pensionistas Natalia Kassoof e Maria Clara Magalhães com a irmã responsável pelo pensionato 116

Revista Digital Lumen

jam morar em um lugar mais tranquilo e bem localizado no centro da cidade. A arquiteta Rosa Maria Varella Silveira comenta que foram 14 meses só para o projeto da reforma. “É sempre uma missão para o arquiteto trazer uma coisa nova para uma construção de 1780”, afirma. Segundo ela, as Irmãs queriam que ali se tornasse a casa da Irmã idosa da Congregação. Com isso, a reforma foi separada em módulos: a clausura, cujo eixo central é a capela, e o pensionato. Um dos pontos principais da reforma foi a divisão entre Pensionato e espaço das Irmãs. Tanto as Irmãs quanto as pensionistas viram essa separação física como um ponto positivo, por possibilitar privacidade para ambas as partes sem prejudicar o bom convívio. Ainda assim, a reforma possibilita que as irmãs e as pensionistas tenham um espaço comum na sala de recepção, onde está exposta a parede de taipa, um marco que exibe a diferença entre a parte antiga e a parte nova. Na parte externa do prédio, essa demarcação está na pintura: a parte antiga é pérola e a parte nova, rosa.


Irmã Maria Elisa Bueno Galvão e a arquiteta Rosa Maria, responsável pela obra

Casa das Irmãs

A

reforma da Clausura foi toda planejada e projetada para pessoas idosas, por ser uma casa que possui muitas consagradas de idade avançada. Assim, sua estrutura foi projetada com passagens amplas, grandes vitrais e janelas para ser um ambiente bem claro, cheio de cores, flores e feminilidade. Cada detalhe foi pensado para o conforto e bem estar das irmãs dominicanas. A cozinha foi moldada sob a construção da antiga, tornando-a mais moderna e favorecendo o convívio das Irmãs. Há balcões e, ao lado, um refeitório onde as Irmãs podem comer sem se deslocar muito de um lugar para o outro. Os quartos são todos planejados para acolher Irmãs que futuramente podem precisar de um ambiente adaptado. São suítes amplas com vidros automáticos, portas largas e barras de segurança. Há também quartos clínicos projetados para cuidado especial das irmãs enfermas.

As maçanetas foram feitas com um material que não cria hematomas tão profundos, caso haja algum acidente, e algumas portas adaptadas para que cadeirantes possam deslocá-las com facilidade. Já o quarto reservado para a Madre Provincial fica ao lado da capela. Segundo a arquiteta responsável, a essência do projeto era que as Irmãs tivessem um lugar, por mais simples que fosse, em que não faltasse dignidade e que preservasse seu bem estar.

Revista Digital Lumen

117


O coração da clausura

A

capela é o espaço em que as Irmãs passam a maior parte do dia. “A capela é o coração pulsante da clausura porque elas estão aqui 24 horas”, ressalta Rosa Maria. A capela foi construída de acordo com os estilemas do código romano. “É dogmático”, explica Rosa Maria, dizendo que todas as normas técnicas estão de acordo com os códigos de arquitetura de Roma. “Nós seguimos a cardio decumana. Para fazer uma capela seguimos normas e as seguimos religiosamente”, declara.

Segundo a arquiteta, o projeto da torre é diferenciado. O formato em agulha, a cor verde, tudo feito com materiais recicláveis como tubos de creme dental e pneus. Na torre, há a réplica da cruz da Capela Santa Cruz, que segue as dominicanas a dezenas de anos. A cruz da torre reformada possui LEDs e, quando acesa, ativa o dispositivo programado para rezar a oração da ‘Ave Maria’. De acordo com a Irmã Maria Elisa Bueno Galvão, responsável pelo Pensionato, a vizinhança toda consegue ouvir a oração todos os dias às 18h. Por isso, a torre se tornou um ícone urbano.

Acima, interior da capela da clausura das irmãs. Ao lado, torre

118

Revista Digital Lumen


Pensionato São Domingos

O

pensionato foi feito para ser um subsídio econômico das irmãs dominicanas e, antigamente, funcionava junto à casa da Congregação; hoje, está separado. As pensionistas ganharam um novo espaço, mais moderno e aconchegante. As moças têm a sua disposição cozinha, refeitório, armário e sala. Com a reforma, o pensionato passou a ter 28 quartos, e cada quarto pode ser ocupado em dupla ou individualmente. Segundo a Irmã Maria Elisa, a prioridade para o acolhimento são moças que vem de fora para estudar ou trabalhar. “Hoje, a maioria das meninas que estão aqui estão fazendo cursinho para o vestibular”, comenta a Irmã. O ritmo de estudos das moças impede que sejam realizadas atividades religiosas com elas, mas a Irmã conta que, antigamente, era mais fácil e essas atividades aconteciam sempre. Ela justifica a preferência dos pais pela estada das meninas no pensionato. “Aqui elas adquirem hábitos saudáveis, são ensinadas regras, organização, e elas se tornam mais responsáveis”, diz. Para muitas das garotas, que estão longe dos pais e parentes, as Irmãs acabam se tornando sua família.

Distinção da parte antiga para a parte nova da obra

Irmã Maria Elisa em frente a um dos novos quartos do pensionato Revista Digital Lumen

119


Sala de convivência das pensionistas e, abaixo, torre da capela

N

atalia Kassoof tem 21 anos e morou no pensionato antes e depois da reforma. Ela é da cidade de Amparo e sua decisão de viver no pensionato foi bem aceita pelos pais. “Com a reforma, a estrutura ficou bem melhor, todos os móveis e utensílios novos, é muito bom”, diz Natalia. Sobre a relação com as outras meninas, a pensionista conta: “eu e as meninas do antigo pensionato éramos mais unidas, fazíamos muitas coisas juntas, hoje, com a falta de tempo e pela maioria das meninas estarem no cursinho, não interagimos muito”. A pensionista Maria Clara Magalhães, de 17 anos, veio de Andradas, Minas Gerais, para estudar em Campinas, e decidiu morar no pensionato São Domingos, para não morar sozinha. “Fiquei muito mais responsável morando aqui no pensionato, até minha família notou minha mudança”, afirma. As pensionistas seguem regras, horário de chegada em casa, visitas, limpeza dos quartos, uso de vestimentas adequadas nos espaços comuns e, segundo a Irmã Maria Elisa, quando chega uma nova pensionista, ela assina um termo com normas e responsabilidades.

120

Revista Digital Lumen


Como era antes

O

antigo pensionato era um ambiente mais simples, mas não deixava de ser acolhedor. Maristela Domingues morou lá entre os anos de 2009 e 2010, vinda da cidade de Barretos para fazer faculdade. “O lugar, as pensionistas e principalmente as irmãs me acolheram e foram ótimas companhias nos dois anos em que eu estive por lá”, conta. As regras do pensionato a fizeram crescer enquanto pessoa. “Era um ambiente muito ‘família’, com regras estipuladas pelas próprias irmãs a serem seguidas, para manter a organização”, diz ela. Maristela só saiu do pensionato por conta da reforma e, hoje, mora com uma amiga que conheceu lá. “Por causa da construção de um prédio ao lado, a estrutura começou a tremer muito e ficou perigoso”, completa. Tombado em 1999, o Complexo das Irmãs Dominicanas vem sofrendo algumas depredações. Isso porque foi tombado como elemento único, o que permite que o bairro e as construções ao seu redor continuem crescendo. Os problemas começaram a surgir com a construção de um prédio ao lado do terreno do pensionato e da capela Santa Cruz. “Quando começou a construção do prédio, a estrutura começou a ser fissurada inteirinha”, explica Rosa Maria.

Arquivo sobre a história da Congregação, disponível para consulta

Revista Digital Lumen

121


Como começou

C

onhecendo o trabalho com moças em situação de risco realizado pelas Irmãs dominicanas em Portugal, o Padre José de Almeida e Silva criou o Instituto de Santa Maria e convidou as Irmãs recém-chegadas ao Brasil para administrarem a instituição. A primeira escola, chamada de Externato São Domingos, se localizava a Rua Campos Salles, no centro de Campinas, e ensinava português, geografia, aritmética, catecismo, história sagrada e do Brasil, costura e pequenos trabalhos manuais à meninas. Pouco tempo depois, o bispo Dom João Nery, a quem as Irmãs são muito gratas, cedeu à Congregação uma nova sede para a escola e um convento na Praça XV de Novembro, junto a Capela Santa Cruz, e disse-lhes que seria delas enquanto houvesse uma Irmã Dominicana na casa. Além da escola para meninas, as Irmãs ofereciam cursos de bordados, pintura e música, que permanecem até os dias atuais. Dez anos depois de sua fundação, o Externato foi transferido para Limeira e, em 1923, em Campinas, passou a funcionar o Noviciado. Em onze anos, a Congregação admitiu 46 postulantes, com a falta de espaço na casa, o estudo das noviças voltou para Amparo, em 1934. Com quartos de sobra na casa das Irmãs, fundou-se o Pensionato São Domingos que sempre foi muito procurado principalmente por estudantes universitárias.

São Domingos de Gusmão (1170 – 1221)

Imagem no pátio da capela 122 Revista Digital Lumen

Muito caridoso, teve o seu gesto mais reconhecido quando em um contexto de fome e miséria na Espanha, Domingos vendeu todos seus livros e doou o dinheiro aos pobres. Questionado, explicou-se pela lógica da caridade: não podia estudar enquanto seus irmãos morriam de fome. A sua prioridade era sempre a vida humana, pela qual conseguia enxergar Cristo. Sabendo que não bastava pregação com palavras, o santo de desapegou de todo seus bens e passou a ser exemplo de vivência na pobreza evangélica. A primeira Ordem seguidora de São Domingos surgiu em 1215, na França.


Na província de Santa Cruz

E

ram elas: Maria de São Pedro Mártir Marques, Maria de São José Chaves, Maria Cândida Rebelo Teixeira, Maria de São Francisco de Assis Teixeira Guedes, Maria de São Gonçalo Andrade, Maria de São Pedro Apóstolo Dias, Maria de São Jerônimo e Maria de Santa Apolonia Rodrigues Dias, as oito Irmãs vindas para o Brasil, em decorrência da expulsão de Portugal. Aqui, se encontraram com a brasileira de Belém do Pará, Irmã Maria de Santo Inocêncio Lima, para a qual Madre Teresa tinha enviado uma carta dizendo que a Congregação já possuía uma sede no Brasil, a cidade de Campinas, e um trabalho de dedicação à juventude. Com o apoio do bispo Dom João Batista Correia Nery, em menos de um ano surgiram, além da sede da Congregação, propostas para abrir um colégio em Amparo e a Santa Casa da Misericórdia em Piracicaba (entregue às Irmãs Franciscanas quatro anos mais tarde), na diocese de Campinas; um Sanatório em Petrópolis e uma escola em Copacabana, no Rio de Janeiro. E em todos os lugares, as Irmãs encontravam pessoas dispostas a ajudá-las. Entre dezembro de 1911 e janeiro de 1912 vieram mais 13 Irmãs e até o ano seguinte já tinham vindo 52 Irmãs portuguesas ao Brasil.

Início das atividades das Irmãs Dominicanas. Foto cedida

Revista Digital Lumen

123


M

adre Teresa nunca pôde vir ao país, mas mantinha uma correspondência assídua com as Irmãs, enviando, além de cartas, presentes e livros, o que fortalecia as jovens consagradas na missão que lhes foi confiada. A primeira Madre Vigária do Brasil foi a Irmã Maria de Santo Inocêncio Lima, que era “uma perfeita religiosa com tino e, como brasileira, sabia lidar com os brasileiros que muito a estimavam”, segundo a Madre Maria Teresa, sobrinha de Teresa de Saldanha, vinda ao Brasil para resolver os negócios da Congregação. Com o passar dos anos, surgiram novas vocações, o que possibilitou a abertura de novas comunidades. Em 1968, depois do Concílio Vaticano II, o governo foi descentralizado e a Congregação foi dividida em Províncias. As casas do Brasil passaram a pertencer à província de Santa Cruz com sede em Amparo, logo removida para São Paulo, que também passou a sediar a Associação de Educação e Beneficência Santa Catarina de Sena, mantida pelas Irmãs. Todas elas passaram por momentos muito difíceis até a consolidação da Congregação no Brasil, mas sempre tinham em mente as palavras da sua fundadora, Madre Teresa de Saldanha: “Tudo o que não tem a cruz por base não é obra de Deus.”

124 Revista Digital Lumen

Pintura retrata a fundadora. Exposto na Casa das Irmãs, em Campinas


“Se a obra é de Deus, não morre”

T

eresa de Saldanha, nascida em setembro de 1837, cinco séculos depois de Santa Catarina, foi seguidora do mesmo carisma: a Caridade verdadeira. A família em que nasceu era católica e, desde cedo, Teresa pode exercitar sua bondade, além de estudar, ter conhecimento de música, artes e cultura. Certa vez, ao pintar um quadro com o rosto de Jesus sofredor, sentiu que Ele a chamava, nos olhos Dele podia ver os olhos de todos aqueles que sofriam. Isso mudou sua vida. Decidiu se dedicar especialmente às meninas pobres, promovendo-as através da Educação, para isso fundou a Associação de Meninas Pobres, em 1859, em Lisboa, que manteve muitas instituições educativas, para as quais Teresa doou seus bens e a si mesma. Desejando consagrar-se a Deus e restaurar a Igreja e a sociedade por meio da vida Religiosa, fundou a Ordem das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena. Teresa entendia que não bastava a cultura, mas também a educação na fé, para que as pessoas tivessem caráter firme e fossem capazes de se comprometerem com o bem, a justiça e a paz. Em 1910, a Congregação já contava com cerca de 230 consagradas em nove casas. Foi então que aconteceu a Revolução Republicana em Portugal e a Igreja foi perseguida. A maioria das casas das Irmãs Dominicanas foi fechada e as Irmãs dispersadas. A aparente destruição da Congregação só serviu para encontrarem novos meios de crescimento. Teresa conservou a fé “se a obra é de Deus, não morre”. Oito Irmãs embarcaram para o Brasil e Teresa pode contemplar o renascimento da Ordem das Dominicanas em 1911.

Santa Catarina de Sena (1947 – 1980)

Santa Catarina de Sena

Foi seguidora do carisma de São Domingos em uma fase difícil para a Igreja, havia muitos conflitos, divisões e misérias. Assim como o santo, via Cristo nos pobres e doou sua vida em favor dos mais necessitados. Aprofundou-se no sacrifício e na oração, “se mil vidas eu tivesse, mil vidas eu daria pela Igreja”. Mesmo analfabeta, possuía a sabedoria da verdadeira caridade e chamou governantes e clérigos ao diálogo, justiça e comunhão. Foi nomeada Doutora da Igreja. Revista Digital Lumen

125


CAPELA SANTA CRUZ

T

oda feita de taipa de pilão – paredes de barro amassado e calcado -, a Capela de Santa Cruz data de 1779 e carrega uma rica história arquitetônica e campineira. A construção erguida pelos escravos foi feita com terras da região de Campinas e levava crina de cavalo, caco de telha, sangue de animal e saibro (terra batida), os materiais substituíam elementos importantes que não existiam no Brasil. Segundo a arquiteta responsável pelo projeto, Rosa Maria Varella Silveira, o retábulo - parede de trás do altar -, é composto por treze telas pintadas em albumina, uma espécie de tinta feita com claras de ovo batidas em neve e pigmento, que vinham da Alemanha e da Áustria. A cruz foi confeccionada por escravos que usavam uma ferramenta chamada de enxó para moldar a madeira, mesma técnica usada para moldar os pilares de entrada na capela. A capela de Santa Cruz foi revitalizada de 1998 a 2005, como explica Rosa Maria. “A restauração significa que você tem que pegar o mesmo material que foi usado no passado. Aqui no Brasil é muito difícil ter restauração, tem revitalização. Você adequa a parte antiga com a metodologia presente pra tentar fazer uma coisa bastante parecida, similar”, declara. Durante esta revitalização, alguns elementos foram recuperados e mantidos, devido ao valor histórico que representam. As partes que sofreram alguma alteração foram sinalizadas, a fim de mostrar que aquela não é uma composição original, mas uma revitalização do que já existia. “A capela era coberta de tinta, tinha amarela, verde, azul, marrom, então fomos descascando tudo, retiramos e deixamos respirar. Essa é a capela tal como foi feita”, diz Rosa Maria. Até mesmo a metodologia construtiva, a taipa de pilão, está aparente, num espaço que tem a finalidade de expor o modelo de construção da época. Rosa Maria afirma que é importante conhecer e manter a Capela Santa Cruz, pela riqueza cultural e histórica que ela representa para a cidade. “É o único exemplo de Campinas, então por isso ela é muito rica. Ela é rica pela simplicidade”. A Capela de Santa Cruz faz parte do Complexo das Irmãs Dominicanas e é o marco histórico da fundação da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição em 1774, que mais tarde se tornou Campinas. Ela foi matriz da cidade, como paróquia, até o ano de 1781, quando a matriz mudou-se para a Igreja do Carmo. 126

Revista Digital Lumen


REVISTA DIGITAL LUMEN A Revista Lumen é uma publicação digital da Arquidiocese de Campinas - SP. Disponível gratuitamente nas plataformas web online, aplicativo para tablets e download para computadores no portal da Arquidiocese de Campinas. Seu formato, propriamente digital, favorece a leitura em telas de computadores e tablets: com tipos e espaçamento maiores, imagens tratadas para web e links para recursos multimídia. A pequena tiragem impressa serve para fins de arquivo, pesquisa e divulgação. Acesse e divulgue a Revista Digital Lumen!

EXPEDIENTE Arcebispo Metropolitano Dom Airton José dos Santos Direção Padre Rodrigo Catini Flaibam Editora chefe Bárbara Beraquet Mtb 37.454 Editora assistente Carolina Grohmann Jornalista e Assessoria de Imprensa Wilson Antonio Cassanti Mtb 32.422 Apoio Mariana Ignácio Mariana Maia Mariana Rodrigues Priscilla Geremias João do Carmo Costa

Arte e design Bárbara Beraquet Interatividade Padre Rodrigo Catini Flaibam Distribuição Digital MAGTAB Tecnologia da Informação Projeto Minha Paróquia www.arquidiocesecampinas.com redacao@arquidiocesecampinas.com Rua Lumen Christi, 02 Jardim das Palmeiras 13092-320 Campinas - SP (19) 3794.4650

Revista Digital Lumen

127



Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.