Boletim A Tribuna Janeiro Fevereiro Março 2019

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BOLETIM INFORMATIVO A TRIBUNA - ÓRGÃO OFICIAL DA ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS ANO 111 - EDIÇÃO 3.925- JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO DE 2019

Políticas Públicas é o tema da CF 2019

Recorte do cartaz da Campanha da Fraternidade deste ano, que tem Fraternidade e Políticas Públicas como tema. Divulgação.


EXPEDIENTE Boletim A Tribuna Ano 111

Publicação do Setor Imprensa da Arquidiocese de Campinas – SP

Administrador Diocesano: Mons. José Eduardo Meschiatti Direção: Padre Antonio Alves (Assessor de Comunicação) Editora-chefe: Bárbara Beraquet (MTb 37.454) Jornalista: Wilson Antonio Cassanti (MTb 32.422) Estagiária: Nathália Luperini Apoio: João do Carmo Costa Arte e Diagramação: Bárbara Beraquet

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Editorial Igreja em saída “é uma Igreja com as portas abertas. Sair

em direção aos outros para chegar às periferias humanas (...) para olhar nos olhos e escutar, ou renunciar às urgências para acompanhar quem ficou caído à beira do caminho. Às vezes, é como o pai do filho pródigo, que continua com as portas abertas para, quando este voltar, poder entrar sem dificuldade”, Evangelii Gaudium. As ações da nossa Igreja Arquidiocesana para o ano de 2019 estão ancoradas no Plano de Pastoral Orgânica - 4ª urgência: Igreja, Comunidade de Comunidades, assumindo a mística de uma Igreja em Comunhão e Participação. O Projeto Pastoral para 2019 foi elaborado de forma participativa, tendo em vista os resultados das assembleias pastorais e das últimas reuniões ampliadas. Sua intuição principal e inspiração apontam para que as ações sejam realizadas a partir do Magistério do Papa Francisco. Sendo assim, recomendamos vivamente o estudo deste magistério nos momentos de formação e reunião de cada pastoral e também no desenvolvimento de cada atividade proposta pelo calendário pastoral.

Mons. José Eduardo Meschiatti Administrador Diocesano Confira a versão digital do Boletim A Tribuna, disponível para download em www.arquidiocesecampinas.com/banca Composição própria Distribuição gratuita Impressão: RIP Editores Gráficos Tiragem: 10 mil exemplares Fechamento editorial: 11/03/19 WWW.ARQUIDIOCESECAMPINAS.COM

REDACAO@ ARQUIDIOCESECAMPINAS.COM RUA IRMÃ SERAFINA, 88 BOSQUE 13026-066 CAMPINAS, SP

Erratas: 1. O Mensageiro, jornal da Diocese que daria origem à Tri-

buna em meados dos anos 20, nasceu em 13 de junho de 1909 já em seu Ano I. Para corrigir distorções de datas e celebrar os cem anos de existência de nosso órgão oficial, a partir desta edição de 2019 acataremos o ano 111 em nossas informações técnicas. 2. Na última edição, a matéria da página 09, “Dia de dor para uma Mãe e seus filhos”, cita que houve dois feridos no atentado à Catedral, além de seis mortos: cinco vítimas fatais e o atirador. Foram, na realidade, três os feridos sobreviventes, que receberam alta médica ainda nos dias seguintes à tragédia.

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Diretrizes Pastorais para 2019 POR PADRE AMAURI THOMAZZI SECRETÁRIO DA COORDENAÇÃO DE PASTORAL DA ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS

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s Diretrizes Gerais da Ação Evangelizado- são e ação social: Evangelii Gaudium e Laudato Si. ra (DGAE) 2015-2019 nos apontam cinco Para retiros e momentos de espiritualidade: Gaudete urgências para a promoção da pastoet Exultate e Lumem Fidei. ral orgânica de conjunto na Igreja do BraAcreditamos que esse caminho pastoral sil. Estas são, na verdade, a continuidanos trará muitos frutos, pois estimula Temos de das Diretrizes Gerais de 2011-2015; a Igreja a romper com as estruturas que, atualizadas à luz da Exortação cultivado com condicionadas de ação pastoral e Apostólica do Papa Francisco “Alegria promove aquilo que o pontificado do Evangelho”, dão prosseguimen- atenção estas cinco do Papa Francisco tem nos pedido: to ao processo de aplicação do Docuque sejamos uma Igreja em Saída. urgências mento de Aparecida: Igreja em estado Que a Mãe Imaculada, padroeira permanente de missão; casa da Iniciação de nossa Arquidiocese, interceda por à vida Cristã; lugar de animação bíblica, da nossos trabalhos pastorais a fim de que vida e da pastoral, Comunidade de Comunidades e assumamos cada vez mais a mística da Comunhão Igreja a serviço da vida plena para todos são as cinco e Participação; que interceda também por nossa frentes de ação assumidas pelos bispos para a evan- Arquidiocese que vive este período de Sé Vacante. gelização. Amém! Na Arquidiocese de Campinas temos cultivado com atenção estas cinco urgências. São elas as estruturas que sustentam os nossos trabalhos: as últimas reuniOração em período ões ampliadas, as assembleias pastorais e a continuidade ‘revigorada’ do 7º Plano de Pastoral Orgânica. de sede vacante São elas também que nortearam o desenvolvimento e a elaboração da ação pastoral para o ano de 2019. Ó Deus, Pai de misericórdia, que velais soDiante disso, a equipe executiva da Coordenação de bre nós com solicitude, volvei o Vosso olhar Pastoral da Arquidiocese de Campinas propõe, para sobre a Igreja Arquidiocesana de Campinas, os trabalhos pastorais deste ano de 2019, um comque vive este período de Sé Vacante. promisso ainda maior na aplicação das Diretrizes Derramai sobre esta porção do Vosso Povo Gerais da Ação Evangelizadora em cada paróquia, o Espírito de inteligência e entendimento,e pastoral e organismo que compõe nossa Igreja Partidai-nos a alegria de nos enviar um Pastor cular; mas sugere que este compromisso seja inspique nos dirija no caminho da verdade, da rado e motivado pelo Magistério do Papa Francisco: unidade e da paz. Para as ações que envolvam o tema família, Amoris Por Cristo, Nosso Senhor. Laetitia. Para as ações que envolvam a juventude: Amém Documento conclusivo do Sínodo dos Bispos sobre a Juventude e projeto IDE – CNBB, para as ações que envolvam catequese, formação cristã, liturgia, mis-

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Quaresma, preparação para a Páscoa Tempo forte, tempo penitencial para toda a Igreja

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POR PADRE DIVINO ANTONIO DE MORAES

Quaresma é um tempo litúrgico que pre- oferecidos a Cristo aqueles momentos que geram depara os Cristãos para a Páscoa do Senhor. sânimo no transcorrer do dia e se aceita com humildaPor 40 dias, a Igreja pede que os fiéis fa- de, gozo e alegria, todas as diversidades que chegam. çam penitência e cheguem à verdadeira conversão; A caridade é necessária como refere São Leão Magpreparem-se, assim, para viver os mistérios da Pai- no: “Se desejamos chegar à Páscoa santificados em xão, Morte e Ressurreição de Cristo na Semana Santa nosso ser, devemos pôr um interesse especialíssimo e a Páscoa do Senhor Ressuscitado durante toda a na aquisição desta virtude, que contém em si as vida. Portanto, chamamos Quaresma o perídemais e cobre multidão de pecados”. Sobre odo de quarenta dias reservado à prepaa prática do doar, São João Paulo II exração da Páscoa e indicado como última plica que este chamado “está enraizado Deve se preparação dos catecúmenos que deveno mais profundo do coração humano: riam receber nela o Batismo. toda pessoa sente o desejo de colocarobservar um Desde quando se vive a se em contato com os outros e se realiza espírito Quaresma? plenamente quando se dá livremente Desde o século IV se manifesta a tenaos demais”. Mais do que uma esmola penitencial dência para constituí-la no tempo de pe(dar do que sobra), é um compromisso nitência e de renovação para toda a Igreja, (dar segundo a necessidade). com a prática do jejum e da abstinência. ConserA duração da Quaresma está baseada na vada com bastante vigor, menos no princípio nas igre- simbologia da Bíblia? jas do oriente, a prática penitencial da Quaresma vem Os 40 dias da Quaresma representam o mesmo núsido cada vez maior no ocidente, mas deve se observar mero de dias que Jesus passou no deserto antes de um espírito penitencial e de conversão. começar sua vida pública; os quarenta dias do dilúvio; Qual é o espírito da Quaresma? os quarenta dias da marcha do povo judeu pelo deserDeve ser como um retiro coletivo de quarenta dias, to; os quarenta dias de Moisés e Elias na montanha e durante os quais a Igreja, propondo a seus fiéis o os 400 anos que durou a estadia dos judeus no Egiexemplo de Cristo em seu retiro no deserto, se pre- to. Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo para para a celebração das solenidades pascais, com material; seguido de zeros significa o tempo de nossa a purificação do coração, uma prática perfeita da vida vida na terra, cheio de provas e dificuldades. cristã e uma atitude penitencial. Quais os sentidos do jejum e da abstinência? Quais práticas quaresmais? 1. Somos radicalmente dependentes de Deus. Na EsA Oração é uma condição indispensável para o en- critura, a palavra nephesh significa, ao mesmo tempo, contro com Deus. Na oração, o cristão entra em diá- vida e garganta. A idéia que isso exprime é que noslogo íntimo com o Senhor, deixa que a graça entre em sa vida não vem de nós mesmos, não a damos a nós seu coração e, como Maria, abre-se para a oração do próprios; nós a recebemos continuamente: ela entra Espírito cooperando com ela em sua resposta livre e pela nossa garganta com o alimento que comemos, a generosa (ver Lc 1,38). água que bebemos, o ar que respiramos. Jamais o hoO Jejum é saber renunciar a certas coisas legítimas mem pode pensar que se basta a si mesmo, que pode para viver o desapego e desprendimento. Consiste em se fechar para Deus. Quando jejuamos, sentimos uma fazer uma refeição forte por dia. O jejum não proíbe certa fraqueza e lerdeza, às vezes, nos vem mesmo de tomar um pouco de alimento na parte da manhã um pouco de tontura. Isso faz parte da “psicologia do e à noite. É obrigatório dos 18 aos 59 anos inclusive. jejum”: recorda-nos o que somos sem esta vida que Essa mortificação se realiza cotidianamente e sem a vem de fora, que nos é dada por Deus continuamente. necessidade de fazer grandes sacrifícios. Com ela, são A prática do jejum, impede-nos da ilusão de pensar

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que a nossa existência, uma vez recebida, é autônoma, fechada, independente. Nunca poderemos dizer: “A vida é minha; faço como eu quero!” A vida será, sempre e em todas as suas etapas, um dom de Deus, um presente gratuito, e nós seremos sempre dependentes dele. Esta dependência nos amadurece, nos liberta de nossos estreitos e mesquinhos horizontes, nos livra da auto-suficiência e nos faz compreender “na carne” nossa própria verdade, recordando-nos que a vida é para ser vivida em diálogo de amor com Aquele que nos deu a vida. 2. O alimento é uma de nossas necessidades básicas, um de nossos instintos mais fundamentais, juntamente com a sexualidade. A abstenção do alimento nos exercita na disciplina, fortalecendo nossa força de vontade, aguçando nossa capacidade de vigilância, dando-nos a capacidade para uma verdadeira disciplina. Nossa tendência é ir atrás de nossos instintos, de nossas tendências, de nossa vontade desequilibrada. Aliás, essa é a grande fraqueza e o grande engano do mundo atual. Dizemos: “não vou me reprimir; não vou me frustrar”, e vamos nos escravizando aos desejos mais banais e às paixões mais contrárias ao Evangelho e ao amor pelo próximo. O próprio Jesus, de modo particular, e a Escritura, de modo geral, nos exortam à vigilância e à sobriedade. O jejum e a abstinência, portanto, são um treino para que sejamos senhores de nós mesmos, de nossas paixões, desejos e vontades. Assim, seremos realmente livres para Cristo, sendo livres para realizar aquilo que é reto e desejável aos olhos de Deus! O próprio Jesus afirmou que quem comete pecado é escravo do pecado! Não adianta: sem o exercício da abstinência, jamais seremos fortes. Não basta malhar o corpo; é preciso malhar o coração! 3. O jejum tem também a função de nos unir a Cristo, no seu período de quarenta dias no deserto. Quaresma de Cristo, quaresma do cristão. Faz-nos, assim, participantes da paixão do Senhor, completando em nós o que faltou à cruz de Jesus. O cristão jejua por amor a Cristo e para unir-se a ele, trazendo na sua carne as marcas da cruz do Senhor. É uma união com o Senhor que não envolve somente a alma, com seus sentimentos e afetos, mas também o corpo. É o homem todo, a pessoa na sua totalidade que se une ao Cristo. Nunca é demais recordar que o cristianismo não é uma religião simplesmente da alma, mas atinge o homem em sua totalidade. Pelo jejum, também o corpo reza, também o corpo luta para colocar-se no âmbito da vida nova de Cristo Jesus. Também o corpo

Quaresma é tempo forte e penitencial. Padre Odair Costa Nogueira, pároco da Paróquia São Geraldo Magela, em Campinas, dá bênção à fiel na Catedral Metropolitana, onde também atende confissões . Foto: João Costa necessita, como o coração, ser esvaziado do vinagre dos vícios para ser preenchido pelo mel, que é o Espírito Santo de Jesus. 4. Finalmente, o jejum e a abstinência, fazem-nos recordar aqueles que passam privação, sobretudo a fome, abrindo-nos para os irmãos necessitados. Há tantos que, à força, pela gritante injustiça social em nosso País, jejuam e se abstêm todos os dias, o ano todo! O jejum nos faz sentir um pouco a sua dor, tão concreta, tão real, tão dolorosa! Por isso mesmo, na tradição mística e ascética da Igreja, o jejum e a abstinência devem ser acompanhados sempre pela esmola: aquele alimento do qual me privo, já não é mais meu, mas deve ser destinado ao pobre. É por isso que os pobres, ainda hoje, nos dias de jejum, pedem nas portas o “meu jejum”. Eis o jejum perfeito: ele me abre para Deus e para os irmãos. Neste ponto, é enorme a insistência seja da Sagrada Escritura, seja dos Padres da Igreja (os santos doutores dos primeiros séculos do cristianismo). Resta-nos, agora, passar da teoria à prática. Seja nossa Quaresma rica do jejum e da abstinência, enriquecidos com o bem da caridade fraterna, da esmola, que se efetiva na atenção e preocupação ativa e concreta pelos pobres de todas as pobrezas. A versão estendida deste artigo está no nosso portal! Acesse e leia o texto completo.

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1 Início Ano Letivo Seminário

Em 18 de fevereiro, na Paróquia Sant’Ana, de Campinas, houve celebração eucarística de abertura do ano formativo do Seminário Arquidiocesano, presidida por Mons. José Eduardo Meschiatti, administrador diocesano, e concelebrada pelos padres responsáveis pela comissão de formação. Atualmente, a Arquidiocese conta com 66 seminaristas, sendo 11 novos do Propedêutico, 33 da Filosofia, 18 da Teologia e quatro em Ano Pastoral.

2 Missa dos Enfermos

No dia 11 de fevereiro, festa de Nossa Senhora de Lourdes, celebra-se o Dia Mundial dos Enfermos. Mons. José Eduardo Meschiatti presidiu Missa Solene e Bênção dos Enfermos na paróquia dedicada, em Campinas.

Foto gentilmente cedida

Fotos gentilmente cedidas

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Foto gentilmente cedida

ARQUIDIOCESE em destaque

3 D. Gilberto completa 92 anos

Em 14 de fevereiro, na Igreja Nossa Senhora da Boa Esperança, Campus II da PUC-Campinas, houve celebração pelos 92 anos de vida de D. Gilberto P. Lopes, arcebispo emérito.

4 Os cem anos de Padre Haroldo

No dia 22 de fevereiro passado, o jesuíta Pe. Haroldo Joseph Rahm completou 100 anos de vida, celebrada em dois eventos especiais, com o tema “Um século dedicado ao próximo”: Missa em Ação de Graças e um almoço festivo.

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Arquivo

7 Dia de São José As paróquias dedicadas a São José na Vila Industrial, em Campinas, e em Elias Fausto, celebraram o dia do padroeiro com novena, missas, quermesses e festa. O Dia de São José, patrono da Igreja, é comemorado em 19 de março.

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Fotos gentilmente cedidas por Meire Cardoso/Pascom Catedral

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5 6 “Marco Frisina no Brasil” No dia 10 de março, às 09h30, na Catedral Metropolitana, o Mons. Marco Frisina presidiu a Missa do 1º Domingo da Quaresma, na forma ordinária em latim. A Missa teve a participação do Coro da Arquidiocese de Campinas, sexteto de metais e órgão de tubos. Esta é a primeira visita de Mons. Marco Frisina, compositor e Diretor do Coro da Diocese de Roma, ao Brasil. Depois de visitar as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Aparecida, a programação contemplou Campinas novamente no dia 22 de março, também na Catedral, às 20h00, em Concerto, com Coros, Solistas e Orquestra. O evento chamado “Marco Frisina no Brasil” está sendo organizado pelo Pateo do Collegio (Jesuitas), Schola Cantorum (Pateo do Collegio) e o Coro da Arquidiocese de Campinas.

8 Falece Ir. Laurette

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Irmã Laurette faleceu no dia 04 de março, em Quebec, no Canadá, na Casa Provincial de Sainte-Anne-des-Monts, das Irmãs de São Paulo de Chartres. Batizada Marie Gisele Laurette Vachon, a religiosa nasceu no Canadá no dia 19 de fevereiro de 1938, filha de Albert Vachon e de Imelda Binet. Em 1957, entrou para a Congregação das Irmãs de São Paulo de Chartres já com o desejo de ser missionária da área da saúde fora do Canadá. Fez os votos perpétuos em 1965. Nesse período, a Irmã Laurette fez, também, um curso de enfermagem. Foi enviada para a cidade de Valinhos, em nossa Arquidiocese, em 1969, com a missão de iniciar o trabalho do Setor de Pediatria da Santa Casa de Valinhos, que ainda estava em construção. Lá ficou até 1987. Foi chamada para iniciar na Arquidiocese de Campinas o trabalho da Pastoral da Criança, que teve início em 1º de maio de 1988. Em abril de 2011, já com o mal de Alzheimer, retornou ao Canadá, para a Casa Provincial de Sainte-Anne-des-Monts. “Desde pequena eu queria ir em Missão, ser enfermeira, cuidar das crianças. Fui privilegiada por Deus porque Ele me deu tudo o que eu queria. Por isso seria mais do que justo que eu tivesse que corresponder. Ele me chamou e eu respondi, com todo o meu ser. E eu sou feliz por isso”- Irmã Laurette. Foto: Arquivo

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Fraternidade e Políticas Públicas é tema da Campanha da Fraternidade deste ano

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POR PADRE MARCEL GUSTAVO ALVARENGA COORDENADOR DA EQUIPE ARQUIDIOCESANA DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE

odos os anos a Igreja no Brasil direciona nosso

Neste ano, a CF tem como tema “Fraternidade e Polí-

olhar para uma problemática social por meio

ticas Públicas”. Políticas públicas são “ações e progra-

da Campanha da Fraternidade, cujo tempo

mas desenvolvidos pelo Estado para garantir e colocar

forte de discussão e aprofundamento coincide com a

em prática direitos que são previstos na Constituição

Quaresma. Isso de forma alguma enfraquece o funda-

Federal e em outras leis” (Texto Base, 14). Em outras

mento da espiritualidade quaresmal; antes, aperfeiço-

palavras, é por meio de políticas públicas que nossos

a-a.

direitos saem do papel e passam a ser aplicados de for-

De fato, o Concílio Vaticano II nos pede que “a peni-

ma que nós possamos usufruir deles. Saúde, educação,

tência do tempo quaresmal não seja somente interna

habitação, transporte, assistência social e previdência

e individual, mas também externa e social” (SC 110).

social são alguns dos temas que dizem respeito às po-

Dessa forma, buscamos não apenas nossa conversão

líticas públicas, bem como os direitos das mulheres,

pessoal, mas também a conversão da comunidade e da

dos negros, dos idosos, da população LGBT, dos indí-

sociedade. Uma conversão de estruturas.

genas, das crianças e adolescentes, entre outros mais.

Coletiva de Imprensa pelo lançamento da Campanha em Campinas, em 6 de março, Quarta-feira de Cinzas. “A primeira ação prática da campanha é a conscientização. À medida que a gente consegue sensibilizar as comunidades e fazer com que elas olhem para a sua realidade e as suas carências, elas podem começar a se questionar e partir para ações comunitárias, que têm muito mais força”, diz Mons. José Eduardo Meschiatti, administrador diocesano. 08 - JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO 2019 - BOLETIM A TRIBUNA


“Em outras palavras, é por meio de políticas públicas que nossos direitos saem do papel e passam a ser aplicados de forma que nós possamos usufruir deles.

Por vivermos num contexto democrático, é de

Usar dos meios de participação que estão ao nosso

suma importância que haja a participação popular

alcance e nos envolver no desenvolvimento de polí-

na discussão, elaboração e execução das políticas pú-

ticas públicas justas e inclusivas. Diminuir a igno-

blicas. A participação da Igreja Católica, por meio do

rância religiosa e política do nosso povo e fazer com

clero e dos fieis leigos, se faz também necessária. Os

que todos reconheçam a importância de encarar a

canais de participação são vários: audiências públi-

política iluminados pela fé cristã autêntica. Assim,

cas, conselhos gestores ou de direitos, conferências,

poderemos contribuir na construção de uma socie-

fóruns, reuniões, organizações da sociedade civil e

dade mais justa e solidária, fiel ao projeto de Deus.

movimentos sociais. Neles é possível ser protagonista na execução das políticas públicas e fazer com que as necessidades da população sejam ouvidas e atendidas (cf. Texto Base 95-100). À luz das Sagradas Escrituras, entendemos a proposta do lema “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1,27). Na base da fé de Israel, a justiça é libertadora e visa melhorar as condições de vida dos mais necessitados no meio do povo. Assim, as leis visam garantir que não haja pobres no meio do povo (Dt 15,4). Os profetas denunciam com firmeza a hipocrisia de um povo que louva a Deus, mas se esquece de praticar a justiça para com os pobres (cf. Is 1,10-20). O próprio Cristo, cuja atividade alcança largamente os mais humildes e pequenos, nos ensina o verdadeiro caminho da justiça: “Sede misericordiosos, como vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36). Como discípulos de Jesus, precisamos compreender a dimensão sócio-política a partir do anúncio e da prática do Mestre que faz do seu próprio amor o critério para a identificação de seus seguidores. Quanto a nós, precisamos melhorar cada dia mais na prática da cidadania e na busca pelo bem comum.

Campanha discute o que são e a importância das políticas públicas na garantia dos direitos previstos em sociedade. Divulgação

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“Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38) POR RUAN CARLOS ANDRÉ LOPES, SEMINARISTA DO SEGUNDO ANO DE TEOLOGIA

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34ª Jornada Mundial da Juventude ocorrida na Cidade do Panamá desde o princípio mostrou que seria diferente das demais. Primeiro por ocorrer em um dos menores países do mundo, cuja população é em torno de quatro milhões de pessoas; segundo por ser em um país centro-americano que vive, como todos os demais países da América Latina, uma realidade gritante de desigualdade social; e terceiro por, apesar de pequenos, terem uma alegria contagiante e um coração gigantesco que abarcou a juventude do mundo inteiro. A felicidade em acolher o mundo logo ficou evidente na abertura da Jornada Mundial, ocorrida na terça-feira, dia 22 de janeiro. O Arcebispo do Panamá, Monsenhor Jose Domingo Ulloa, em sua homilia, agradeceu ao Papa a oportunidade de acolher a juventude do mundo: “Obrigado Papa Francisco, por confiar e nos dar a oportunidade de fazer uma Jornada para a juventude das periferias existenciais e geográficas. Desejamos que seja um bálsamo para a difícil situação com a que convivem sem esperanças muitos deles, especialmen-

te a juventude indígena e afrodescendente, a juventude que migra devido à resposta quase nula de seus países de origem, que os lançam a semear suas esperanças em outros países, expondo-os ao narcotráfico, o tráfico de seres humanos, a delinquência e tantos outros males sociais.” A Via-sacra expressou muito bem a contemplação do Cristo Jovem nas diversas realidades americanas. Com o lema “realidade dos jovens e a Igreja Mártir”, cada estação, a cargo de um país do continente americano, apontou, de modo profético, a situação da juventude do mundo. Temas como pobreza, ecumenismo, indígenas, ecologia, migrantes, violência contra as mulheres, direitos humanos, corrupção, terrorismo, aborto e outros, foram contemplados durante o caminho da cruz nos recordando que “o caminho de Jesus para o Calvário é um caminho de sofrimento e solidão que continua nos nossos dias. Ele caminha e sofre em tantos rostos que padecem a indiferença satisfeita e anestesiante da nossa sociedade que consome e se consome, que ignora e se ignora na dor dos seus irmãos” (Papa Francisco). Na Vigília, ponto máximo da Jornada, o Papa Francisco, após ouvir os testemunhos de alguns jovens, salientou que: “o Evangelho ensina-nos que o mundo não será melhor por haver menos pessoas doentes, debilitadas, frágeis ou idosas de que ocupar-se, nem por haver menos pecadores, mas será melhor quando forem mais as pessoas que, como estes amigos, estiverem dispostas e tiverem a coragem de dar à luz o amanhã e acreditar na força transformadora do amor de Deus” (Papa Francisco). Ruan na JMJ Panamá. Arquivo pessoal.

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E por fim, no domingo, ocorreu a missa de Envio. Embora o sol estivesse forte, não diminuiu o ânimo dos seiscentos mil peregrinos que gritavam, a todo o momento, “Esta é a juventude do Papa!”. E para esses jovens reunidos, o Papa recordou que: “Jesus revela o AGORA de Deus, que vem ao nosso encontro para nos chamar, também a nós, a tomar parte no seu AGORA, no qual «anunciar a Boa-Nova aos pobres», «proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos a recuperação da vista», «mandar em liberdade os oprimidos» e «proclamar um ano favorável da parte do Senhor» (cf. Lc 4, 18-19). É o AGORA de Deus que, com Jesus, se faz presente, se faz rosto, carne, amor de misericórdia que não espera situações ideais ou perfeitas para a sua manifestação, nem aceita desculpas para a sua não-realização. Ele é o tempo de Deus que torna justos e oportunos todos os espaços e situações. Em Jesus, começa e faz-se vida o futuro prometido”. Sem dúvidas essa Jornada Mundial da Juventude foi singular! Expressou a todo instante o vigor latino -americano, nos cantos, nas danças, na liturgia, nos momentos de silencio, oração e meditação. Uma Jornada VIVA que impulsionou os jovens a não deixarem de sonhar e acreditarem, com esperança, que o Cristo caminha conosco nas diversas situações e realidades. Uma Jornada que impeliu a juventude do mundo inteiro, a exemplo de Maria, a dizer: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra”.

Papa Francisco e grupo de brasileiros na JMJ Panamá. Fotos de Eduardo Elesbão

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Jornada Mundial da Juventude é uma verdadeira renovação da nossa fé, um lugar onde milhares de jovens se reúnem para um mesmo propósito, sem contar a presença encantadora e especial do nosso Papa Francisco, que exala paz com seu sorriso e transmite um ensinamento único com suas palavras. Em seus discursos, o Papa falou sobre o amor, a diversidade e o papel do jovem na igreja hoje, “o jovem não é o futuro da igreja, o jovem é o hoje da igreja”, disse ele. Outra experiência incrível é passar os dias em casas de famílias diferentes, onde somos recebidos com um amor e uma felicidade que não tem como dimensionar, nesses dias eu ganhei três novas verdadeiras famílias e um dos momentos mais tristes foi deixá-las. Os momentos mais emocionantes para mim foram, a missa de abertura, onde caiu minha ficha de onde eu estava, o primeiro encontro com o Papa e suas primeiras palavras e por fim a vigília e missa de encerramento, quando se juntam as emoções de tudo que você viveu.

EDUARDO ELESBÃO PARÓQUIA NOSSA SENHORA DO PERPÉTUO SOCORRO DE INDAIATUBA

“Mas será melhor quando forem mais as pessoas que, como estes amigos, estiverem dispostas e tiverem a coragem de dar à luz o amanhã” BOLETIM A TRIBUNA - JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO 2019 - 11


“Precisamos mostrar que toda felicidade que sentimos nessa semana e demonstramos pelas redes sociais com vídeos e fotos tem um único motivo:

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O Amor de Jesus!”

Jornada Mundial da Juventude é um conjunto de momentos incríveis e inesquecíveis. São diversos acontecimentos que ocorrem a cada dia que vão desde uma troca de lembranças com outro peregrino ou o registro de uma foto, até estar no mesmo lugar que o Papa! Surpreendentemente, o que me marcou e emocionou mais não foi ver o Papa Francisco de pertinho, mas sim ouvi-lo! Isso ocorreu no terceiro dia da jornada, na cerimônia de abertura e acolhida. Nós tivemos dificuldades para entrar no local onde ocorreria o evento: ficamos horas no aperto em meio a uma multidão de pessoas. Quando conseguimos nos encaixar em um cantinho, ficamos em pé e tivemos que acompanhar a abertura pelo telão. Mas, quando ouvimos o Papa falar com a gente, senti uma emoção indescritível. Suas primeiras palavras foram: “Queridos Jovens, boa tarde! Que bom encontrar-nos de novo!”. Nesse momento, esqueci todo sufoco que passamos e tudo que conseguia sentir era uma alegria imensa por estar ali no Panamá, na Jornada Mundial da Juventude, junto ao Santo Padre e milhares de jovens! Durante todo esse período, percebi o quanto somos os protagonistas da JMJ e como todo o cansaço valeu a pena. Participar dos eventos, conversar com pessoas novas, pegar grandes filas, entrar nos ônibus e metrôs lotados... tudo isso faz parte. Afinal, é assim que se vive os momentos únicos da jornada: cantar com peregrinos de outros países e aprender um pouco sobre suas culturas, conversar com os amigos, cumprimentar os moradores locais e receber

um largo sorriso de volta; tudo isso porque estamos unidos pela mesma fé e pelo mesmo amor! O quão bem fomos acolhidos pelas famílias é exemplo concreto de como a fé no Cristo gera confiança e amor. Todos nos receberam como filhos e demonstraram um carinho imenso por nós. Criamos laços com nossas famílias e com certeza as levaremos em nossos corações para sempre. Juntos, temos uma força capaz de realizar tantas coisas! E justamente por causa disso - por termos um evento internacional com a presença do Santo Padre voltado para nós, jovens - temos uma grande responsabilidade para com a Igreja e a sociedade. Precisamos mostrar que toda felicidade que sentimos nessa semana e demonstramos pelas redes sociais com vídeos e fotos tem um único motivo: o amor de Jesus! E é por meio do exemplo de Maria, com o seu “sim” que conseguimos viver plenamente os planos de Deus, que com certeza incluem espalhar para todos os jovens essa energia e amor que só a Jornada Mundial da Juventude pode proporcionar.

BEATRIZ NAOMI PANZARIN AOKI PARÓQUIA SANTA TERESA DE ÁVILA CAMPINAS

Jovens da Paróquia Santa Teresa de Ávila acampam para vigília na Jornada. Acima, grupo da paróquia com Dom Vilson Basso após catequese. Beatriz está ao lado esquerdo do bispo, de cabelos soltos e óculos. 12 - JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO 2019 - BOLETIM A TRIBUNA


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