Boletim A Tribuna - Setembro/Outubro de 2018 - Edição 3.823

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BOLETIM INFORMATIVO A TRIBUNA - ÓRGÃO OFICIAL DA ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS

Foto: iIsabella Cardoso

ANO 107 - EDIÇÃO 3.923 - SETEMBRO/OUTUBRO DE 2018

Solenidade de Nossa Senhora Aparecida


Sair de si, em vista da missão

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EXPEDIENTE Boletim A Tribuna

Publicação do Setor Imprensa da Arquidiocese de Campinas – SP

Administrador Diocesano: Mons. José Eduardo Meschiatti Direção: Padre Antonio Alves (Assessor de Comunicação) Editora-chefe: Bárbara Beraquet (MTb 37.454) Jornalista: Wilson Antonio Cassanti (MTb 32.422) Apoio: João do Carmo Costa Isabella Cardoso Arte e Diagramação: Bárbara Beraquet

Composição própria Distribuição gratuita Impressão: RIP Editores Gráficos Tiragem: 10 mil exemplares Fechamento editorial: 13/10/2018 WWW.ARQUIDIOCESECAMPINAS.COM

os dias 22 e 23 de Setembro, aconteceu no Centro de Espiritualidade Inaciana Vila Kostka, em Itaici, o Encontro Arquidiocesano que reuniu padres, leigos e leigas, religiosos e religiosas, lideranças e representantes das várias forças vivas da Arquidiocese de Campinas para um encontro de formação e espiritualidade. O momento foi propício para retomar a prática dos encontros de oração comum entre as lideranças de nossa Arquidiocese; orar juntos, como Igreja Arquidiocesana, para que Deus nos envie um Pastor a exemplo do Cristo, Bom Pastor; recordar e rezar sobre os três desafios pastorais escolhidos pela Igreja na Assembleia de 2017 (Família, Juventude e Missão); marcar, de modo orante, a celebração do Ano Nacional do Laicato – aos moldes de um retiro para os cristãos leigos e leigas. Também, para o clero, tivemos o encontro de atualização com o assessor nacional da Juventude, Padre Antônio Ramos Prado. Agora, neste final de ano, estamos em fase do Planejamento da Ação Pastoral para o ano de 2019, tendo como foco o Testemunho de uma Igreja em Comunhão à espera do novo Pastor, destacando a urgência do nosso Plano de Pastoral Orgânica: Igreja: Comunidade de Comunidades. Neste Planejamento, pedimos o esforço de todos em atualizarmos nossas ações à luz das indicações do Papa Francisco: nas ações com família – “Amoris Laetitia”; com jovens, as indicações do Sínodo para a Juventude; para a catequese, liturgia, ação social e demais projetos, a iluminação dos documentos “Evangelii Gaudium” e “Gaudete et Exsultate”. Em especial neste período de Sé Vacante, no qual aguardamos a chegada de um novo Bispo, é necessário reforçar a comunhão entre todos - padres, comunidades, leigos -, à luz da inspiração do Concílio Vaticano II, que nos convida a todos para vivermos como irmãos, saindo de nós mesmos em prol da participação em vista da nossa missão. Ó Deus, Pai de misericórdia, que velais sobre nós com solicitude, volvei o Vosso olhar sobre a Igreja Arquidiocesana de Campinas, que vive este período de Sé Vacante. Derramai sobre esta porção do Vosso Povo o Espírito de inteligência e entendimento, e dai-nos a alegria de nos enviar um Pastor que nos dirija no caminho da verdade, da unidade e da paz. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém

REDACAO@ ARQUIDIOCESECAMPINAS.COM RUA IRMÃ SERAFINA, 88 BOSQUE 13026-066 CAMPINAS, SP

Monsenhor José Eduardo Meschiatti, Administrador Diocesano Confira a versão digital do Boletim A Tribuna, que também está disponível para download em

www.arquidiocesecampinas.com/banca 02 - SETEMBRO/OUTUBRO 2018 - BOLETIM A TRIBUNA


Encontros de Estudo e Espiritualidade Dias foram destinados à formação, à reflexão e à oração BÁRBARA BERAQUET

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o final do mês de setembro, dois momentos distintos conjugaram a importância de janelas para o estudo e para aprofun-

damento da espiritualidade, tanto para o clero da Arquidiocese de Campinas, quanto para os agentes de pastorais e movimentos: o Encontro Arquidiocesano de Formação e Espiritualidade e os dias de Estudo do Clero. O Encontro de Formação e Espiritualidade da Arquidiocese de Campinas reuniu cerca de 350 pessoas de toda a Arquidiocese para dois dias de oração e

O encontro foi permeado por atividades em grupo, como dinâmicas de partilha da vida e momentos de oração e espiritualidade comunitária, e também de oração pessoal e recolhimento. Ao longo dos

“Os jovens moram no coração da Igreja

de encontro da Igreja arquidiocesana, no Mosteiro de Itaici, em Indaiatuba (SP), nos dias 22 e 23 de setembro. O objetivo foi, considerando o Ano do Laicato e a vacância da Arquidiocese de Campinas, juntar leigos e leigas, padres e religiosos que, cotidianamente, fazem de sua vida fermento, sal e luz para o mundo, para uma experiência e oração, comunhão e formação, em torno da mesma expectativa: a eleição do novo Arcebispo da Arquidiocese de Campinas.

Oração pessoal e comunitária

dois dias, foram refletidos diferentes temas: a professora Márcia Signorelli, do Conselho Nacional do Laicato do Brasil, falou aos presentes sobre o Ano Nacional do Laicato (ano corrente); Padre Luís González-Quevedo fez uma colocação com o tema “A espiritualidade do leigo e da leiga”; no Auditório Rainha

dos Apóstolos, um momento de espiritualidade comunitária, com o tema da vocação batismal, teve oração conduzida pelas Irmãs de São José e pelo padre Paulo Roberto Rodrigues, administrador paroquial da Paróquia Bom Pastor, em Campinas. Encontro de Espiritualidade em Itaici e Celebração Eucarística. Fotos de João Costa

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Encontro de Espiritualidade: Padre Quevedo e apresentação de Márcia Signorelli. Fotos de João Costa No último dia, Mons. José Eduardo Meschiatti, Admi-

deu na última Jornada Mundial da Juventude (Polônia,

nistrador Diocesano, convidou os seminaristas presen-

2017), enfatizando que o Papa Francisco, como “grande

tes a se apresentarem aos participantes. A seguir, Padre

pedagogo” que é, entrega uma novidade neste Sínodo,

Caio Augusto de Andrade, Pároco da Paróquia Santo

a de permitir a escuta da juventude. “Nós, adultos, não

Antônio de Indaiatuba, ofereceu uma reflexão sobre

dominamos a linguagem juvenil, estamos aprendendo

a missionariedade, centralizando a alegria da missão.

com eles, por isso ‘escutar’. Eles trazem para a Igreja o

Foi distribuída aos presentes uma carta da CNBB com

contexto, o cenário, as dificuldades, os desafios, os an-

orientações sobre as eleições 2018, mais ao fim do en-

seios, os medos, as angústias que vivem no cenário do

contro, com encerramento na Eucaristia do 25º Domin-

mundo hoje”, explica.

go do Tempo Comum, em Missa presidida pelo Mons. Eduardo e concelebrada pelos sacerdotes presente, com o serviço dos diáconos.

Dias de estudo do Clero Já os dias de estudo do Clero tiveram início em 25 de setembro, indo até o dia 27 de setembro, no Centro Ma-

Vocação batismal “A temática do Sínodo - o jovem, a fé e o discernimento vocacional - ajudará a Igreja a olhar o cenário juvenil em que ela vive, como os jovens vivem a fé e qual é o discernimento que eles têm de sua vocação batismal dentro da Igreja”, completa Pe. Antônio.

rianista Caná, em Campinas. O tema da formação foi “O

O assessor da Comissão também lembrou do Docu-

Sínodo sobre a Juventude – Juventude: Questões Per-

mento 85 da CNBB, lançado em 2007, como um ges-

tinentes”, ministrada pelo Padre Antônio Ramos Prado

to concreto que a Igreja do Brasil teve para demostrar

(SDB), Assessor do Setor Juventude da CNBB, gradua-

sua preocupação e seu cuidado para com a juventude,

do em Filosofia, Pedagogia e Teologia pelo Centro Uni-

ao abordar os desafios e perspectivas na Evangelização

versitário Salesiano (Unisal); pós-graduado em Ciências

da Juventude. “Tem uma frase muito importante que os

da Religião pelas Faculdades Claretianas e mestre em

bispos dizem: ‘os jovens moram no coração da Igreja’.

Pastoral Juvenil pela Pontifícia Universidade Salesiana

Isso significa que há uma preocupação muito grande

do Equador. Desde 2012, é assessor nacional da Comis-

com as juventudes e a diversidade que existem dentro da

são Episcopal Pastoral para a Juventude.

Igreja. De lá pra cá, o Documento 85 veio abrindo portas

Padre Antônio diz que a preocupação sobre o cenário

nas nossas dioceses e nas paróquias, para que os jovens

juvenil no mundo resgata uma discussão que também se

pudessem se sentir mais próximos, mais ‘em casa’”, diz.

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Sínodo da Juventude

pastoral, oportunizar à juventude o “sair”, o “em saída”,

Antes da realização do Sínodo, houve uma fase de consulta, quando os jovens tiveram voz ativa e foram convocados, primeiramente, pelas dioceses, a responder um questionário. Mais de 15 mil jovens do Brasil e do mundo deram sua contribuição. Sobre o que anseiam os jovens brasileiros, o padre explica que, em primeiro lugar, vem a preocupação com a família. “Mais de 70% dos jovens colocaram essa questão”, observa Pe. Antônio. A segunda questão foi a importância das mídias, das redes sociais, na vida dos jovens. “Não pode se pensar hoje em juventude sem pensar nas novas tecnologias. E o terceiro é uma Igreja mais acolhedora e que respeite a linguagem deles, que procure dialogar com eles e que se proponha como testemunha eficaz de Jesus Cristo, que proponha ações concretas de experiências de Deus, para que eles possam assumir sua vocação batismal”, encerra.

para que seja sal e luz. Estendendo-se até dia 28 de outubro, conforme habitualmente se dá, os cristãos aguardam a publicação do documento pós-sinodal.

Planejamento 2019 “A presença do Padre Antônio aqui abriu vários horizontes da nossa ação pastoral completa e, agora, logo no mês de outubro, iniciamos o planejamento de 2019 da Arquidiocese. Essa reflexão veio a calhar, porque contempla nossas prioridades para o próximo ano, que são família, missão e juventude”, manifestou Mons. José Eduardo Meschiatti, em apreço, durante o segundo dia de estudo. No último dia de estudo do Clero, os padres receberam suas cópias do Diretório de Comunicação Arquidiocesano e orientações sobre a ação pastoral neste tempo de espera pelo novo arcebispo.

Após os Sínodos dos Bispos sobre a Nova Evangelização e a Família, a Igreja volta seu olhar à presença e ao protagonismo dos jovens em seu seio. A abertura do o XV Sínodo Ordinário dos Bispos, em Roma, convocado pelo papa Francisco, com o tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, marcou o dia 3 de outubro. O sínodo quis ver e conhecer a realidade juvenil, ouvir seus clamores, sugestões e esperanças e, em conversão Estudo do Clero teve como assessor Padre Antônio Prado (SDB). Fotos de Bárbara Beraquet

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Em Defesa da Vida Conheça algumas iniciativas pela Vida na Arquidiocese BÁRBARA BERAQUET

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os 19 anos, Adriana descobriu-se no início de uma gravidez. Com medo da reação da família e do namorado à época, recebeu incentivo e apoio das amigas para fazer um aborto. Quase todos concordavam sobre o quanto seria melhor interromper a gestação, mas uma frase mudou tudo: “Não faça isso. Eu te ajudo”. Foram as palavras daquela única amiga que, sem saber, salvaram a vida da criança que estava em seu ventre, hoje já um adulto.

Missão Fiat Mihi

Saber que não estava sozinha foi algo fundamental para que Adriana desse o seu “sim” à vida. Casou-se com o pai do bebê e tiveram mais um filho. A família acolheu aquela gestação que inicialmente tinha lhe causado tanta angústia. Ninguém ainda sabia, mas, naquele momento, quase 30 anos atrás, formava-se o embrião da Missão Fiat Mihi, que mais tarde, em agosto de 2012, seria fundada por Adriana e seu marido, André Misiara. Adriana conta que, assim como foi com ela, muitas mães precisam desta “mão estendida”. Cofundadora da Missão, junto com o marido, Adriana repete as mesmas palavras que ouviu daquela única amiga para outras mães que vivenciam a angústia, o medo ou a rejeição à gravidez, para salvar vidas humanas.

“Eu era uma pessoa egoísta”

O retrato sincero de si mesma é um grande passo em pouco tempo para a jovem manicure Ariane Barbosa. Assim como muitas mulheres, aos 22 anos, em um relacionamento amoroso instável, ela não deseja-

va a maternidade e estava decidida pelo aborto. Tudo mudou com o auxílio da Missão Fiat. Aos poucos, ela percebeu que a morte não era uma solução e acolheu a ideia de entregar o bebê legalmente para adoção, sem que sua família soubesse da gravidez. Como todo o processo é realizado com o acompanhamento da Justiça, na maior parte dos casos os bebês seguem do hospital para a família adotiva, sem passar por abrigo. No entanto, com o desenvolvimento da criança em seu ventre, ela encarou a maternidade com um olhar positivo e é, hoje, mãe da pequena Rafaela, de pouco mais de um ano.

“Não faça isso. Eu te ajudo”

Ao acolher as mães que não vêem muita saída além do aborto para o seu “problema”, o casal explica as sequelas físicas, psicológicas e espirituais do aborto provocado, e orienta sobre as muitas outras opções para as mulheres que não querem ser mães - mas já carregam uma vida no ventre -, como a adoção legal. Este trabalho de aconselhamento e ajuda tem salvo mães e bebês, como foi com Ariane e Rafaela. “O aborto não é a solução”, diz André, e deixa seu contato para as gestantes que estiverem precisando de orientação: www.missaofiat.com.br.

Semana Nacional da Vida

A Semana Nacional da Vida foi realizada de 1 a 7 de outubro, e o Dia do Nascituro, no dia 8 de outubro. O tema de 2018 foi “A fecundidade do amor na família” e toda a temática foi desenvolvida à Luz da Exortação do Papa Francisco, a Amoris Laetitia. Na Comunidade Jesus Te Ama, em Campinas, palestras sobre o tema foram promovidas pela Pastoral Familiar e ministradas por convidados, de 02 a 05 de outubro.

Passeata

A “Passeata pela vida – contra o aborto” aconteceu no dia primeiro de setembro, à noite, saindo da Praça da Basílica do Carmo, em Campinas, em direção à Praça da Catedral Metropolitana. A organização veio de grupos de jovens de diversas paróquias da Arquidiocese de Campinas. Ariane e Rafaela na Missão Fiat Mihi, com Adriana e André. Foto de Bárbara Beraquet 06 - SETEMBRO/OUTUBRO 2018 - BOLETIM A TRIBUNA


1. Marcha pelo SUS. 2.Setembro Amarelo/ Foto Portal SMMC. 3. Passeata pela Vida. 4. Grito dos Excluídos. Fotos gentilmente cedidas

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Grito dos Excluídos

Com o tema permanente “A vida em primeiro lugar” e o lema “Desigualdade Gera Violência: Basta de Privilégios!”, o dia 07 de setembro foi o dia do 24º Grito dos Excluídos, com a concentração no Largo do Pará pela manhã. Após o desfile oficial da Independência, os blocos organizados pelas pastorais e movimentos sociais desceram a Av. Francisco Glicério, central em Campinas, manifestando-se pelos direitos dos mais vulneráveis e de toda a população.

Marcha pelo SUS

A Pastoral da Saúde da Arquidiocese de Campinas se uniu ao Conselho Municipal de Saúde de Campinas na realização da Marcha em Defesa do Sistema Único de Saúde – SUS, que teve como tema “A esperança somos nós”, em 29 de agosto, para defender o direito à saúde de todos os campineiros. A imprensa regional tem noticiado, desde o ano passado, a superlotação de UTIs e prontos socorros nos hospitais. Com falta de leitos, remédios, filas para atendimento, reclamações de usuários, ausência de investimento, denúncias e greve de funcionários e médicos no Hospital Ouro Verde, um dos principais hospitais públicos da cidade, bem como com a migração de clientes de planos de saúde suplementar para o SUS, de acordo com a organização do evento, o SUS de Campinas vive sua pior crise.

Setembro Amarelo

Um levantamento da Secretaria de Saúde apontou que, de janeiro a agosto deste ano, ocorreram 24 casos de suicídios em Campinas. A Campanha Setembro Amarelo, mês de conscientização sobre o suicídio, quer debater e alertar a população sobre o assunto, e este ano contou com com diversas atividades como palestras, mesas-redondas, caminhadas e oficinas, promovidas pela Câmara Municipal de Campinas, a Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC), a Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), além do Centro de Valorização da Vida (CVV) e a ONG Ensino Profissionalizante (Espro). A Prefeitura Municipal de Campinas também realizou e apoiou ações. No dia 13 de setembro, a PUC-Campinas promoveu a mesa-redonda “Suicídio no Ambiente Acadêmico”, mediada pelo professor e psiquiatra Eduardo Teixeira, no Anfiteatro Monsenhor Salim – Campus II da Universidade. “Temos que sempre trazer o assunto para dentro do ambiente acadêmico. Importante trazer conhecimento; informação”, esclarece Professor Eduardo.

Pastoral do Idoso

te cedida Foto gentilmen

No ano que é dedicado ao laicato, os líderes da Pastoral da Pessoa Idosa se reuniram, na Catedral Metropolitana de Campinas, em missa presidida pelo assessor espiritual, Padre Manoel Messias, para comemorar o Dia Internacional do Idoso (1º de outubro) e o trabalho missionário que desenvolvem na Arquidiocese de Campinas, bem como os 15 anos do Estatuto do Idoso, instrumento de cidadania e de educação. “A presença da Pastoral da Pessoa Idosa, através da visita mensal, transforma a realidade da população idosa no Brasil e contribui de forma relevante no processo educativo de formação de lideranças comunitárias, que por sua vez multiplicam o saber junto às pessoas idosas e suas famílias”,discorre a coordenadora nacional, Ir. Terezinha Tortelli.

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ARQUIDIOCESE em destaque Falecimentos

Lançamento De 18 a 20 de setembro, o Centro de Linguagem e Comunicação (CLC) da PUC-Campinas promoveu o REVERBERA 2018: Inovação e Experiência na Linguagem e Comunicação. Durante o evento, Padre Antonio Alves, assessor de comunicação da Arquidiocese de Campinas, falou aos presentes lançando oficialmente o Diretório de Comunicação. Os padres receberam seus exemplares nos dias de estudo do Clero.

Arquivo pessoal

Partiram para a Casa do Pai, nos meses recentes (na ordem das fotos), Mons. Valdemiro Caran, Presbítero da Arquidiocese de Campinas, aos 94 anos, no dia 30 de setembro; Padre Pedro João Tomazini, Presbítero Emérito da Arquidiocese, aos 96 anos, no dia 24 de agosto; no mesmo dia, aos 73 anos, Padre José Luis Nemes (CSS). No dia 23 de agosto, aos 65 anos, faleceu a leiga Márcia Regina Ferreira Pacheco Lima, da Comissão de Liturgia da Arquidiocese de Campinas, da Escola de Formação Teológico-Pastoral Imaculada Conceição e agente de pastoral da Paróquia Santa Cruz. No dia 28 de setembro, aos 90 anos, a leiga atuante Maria Nely Torres Babini, uma das fundadoras do OVI- Vila Solidária SA - Orientação de Vivência Sacramental, retornou aos braços do Criador. A Prefeitura de Valinhos assinou , em 31 de agosto Unimo-nos em oração aos amigos e familiares, passado, o convênio com a Cáritas Arquidiocesana agradecendo e louvando a Deus por suas vidas e entrega à Igreja de Campinas, na certeza de que de Campinas para adminiscontemplam a glória dos céus. trar a Vila Solidária. O convêDNJ nio foi assinado no Dia InternaO Dia Naciocional da Solinal da Juvendariedade. tude aconteceu em 30 de setembro, no Liceu SaleO diretor da Cáritas, padre José Arlindo siano, com o de Nadai, lembrou que o convênio faz valer a tema “Juventulei orgânica da Assistência Social. O local tem de Construin15 funcionários, inclusive assistente social, psido uma Cultucólogo, monitores, coordenador e administrara de Paz”. Arquivo dores. Fotos: Dominique Torquato.

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Setembro, mês da Bíblia

Sabedoria: expressão da Justiça de Deus com seu povo COMISSÃO ARQUIDIOCESANA DE CEBs

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radicionalmente, setembro é dedicado à Bíblia. Em todo o Brasil, no mês de setembro deste ano, a reflexão feita pela Igreja foi sobre

a Sabedoria, uma grande oportunidade diante da realidade cada dia mais difícil, injusta, violenta e sofrida em que estamos vivendo. Diante das eleições que acon-

“Amem a justiça, vocês que julgam a Terra. Tenham bons pensamentos sobre o Senhor e o busquem na simplicidade do coração”

(Sabedoria 1,1)

teceram em todo o país, em 07 de outubro, o conteúdo apresentado pelo Livro da Sabedoria traz uma preciosíssima luz! O tema geral do subsídio que a Comissão Arquidiocesana de CEBs preparou foi “Sabedoria: expressão da Justiça de Deus com seu povo”. Alguns capítulos do livro da Sabedoria foram escolhidos e desenvolvidos em três encontros e uma celebração de encerramento, para serem vividos pelos grupos de vivência cristã. Trabalhando o tema, a consciência se abre, como um olhar para o horizonte, no sentido de perceber que Sabedoria, na Bíblia, não está ligada à somatória de conhecimentos científicos, intelectuais, a cursos universitários, acadêmicos, mas à Justiça de Deus, que é respeito e compromisso com a Vida, partilha, bondade nas mãos e no coração, fidelidade ao Projeto de Deus, busca e testemunho da Verdade, Amor ao próximo e ao próprio Deus. A prática desses valores fundamentais, em todos os âmbitos, da vida, vai construindo uma nova sociedade, tão sonhada e querida por todas e todos nós! A Sabedoria é dom de Deus, mas, também, construção cotidiana, que é devida a cada pessoa e a todas e todos nós.

Capa do Subsídio Nacional. Divulgação. BOLETIM A TRIBUNA - SETEMBRO/OUTUBRO 2018 - 09


Rainha e Padroeira do Brasil Com sua coroa de ouro e seu manto azul escuro, Nossa Senhora Aparecida é venerada pelos fiéis no dia 12 de outubro BÁRBARA BERAQUET

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o dia 12 de outubro, a Igreja celebrou a Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil. Com o tema “Em Jesus com Maria, restauramos a vida”, os municípios da Arquidiocese celebraram a data. Na cidade de Campinas, a Missa foi às 16h00, na Praça José Bonifácio, em frente à Catedral Nossa Senhora da Conceição, presidida por Dom Gilberto Pereira Lopes, Arcebispo Emérito, e concelebrada por Monsenhor José Eduardo Meschiatti, administrador diocesano, Monsenhor Rafael Capelato, pároco da Catedral, padres, diáconos, seminaristas e grande número de fiéis da Arquidiocese de Campinas. Em sua homilia, Dom Gilberto refletiu sobre o Evange-

lho de João (Jo 2,1-11), que trata das Bodas de Caná, episódio em que Jesus transforma água em vinho, considerado seu primeiro milagre. “Esses vossos olhos misericordiosos, dizemos nós (na oração Salve Rainha), a nós volvei sempre, e que Maria guarde o interesse que teve nas Bodas de Caná de ajudar o povo em uma situação difícil”, falou o arcebispo emérito. “Maria, a virgem fiel, caracterizou sua vida por uma decisão radical e permanente - eu sou a serva do senhor, faça-se a mim segundo vossa vontade. Devemos imitar, sim, a fé, para que pela fé possamos dizer sempre sim a Deus. Aos pobres se volta o olhar de Maria, aos pequenos se volta o olhar de Maria. Vamos pedir à mãe de Deus que nos assista sempre nos caminhos da vida e que seja muito presente nesse momento singular do nosso país”, concluiu. Ao final, foi realizada a consagração a Nossa Senhora Aparecida. Mais de duas mil pessoas participaram dessa celebração.

Fotos: Isabella Cardoso

Sobre o encontro da imagem

A pequena imagem foi resgatada das águas do Rio Paraíba, na segunda quinzena de outubro de 1717, tendo sido completos 300 anos no ano passado. Encontrada por três pescadores, que não haviam conseguido pescar um só peixe. Em certo ponto do Rio Paraíba, no fundo da rede de arrasto, havia um objeto de cor escura, com pouco mais de um palmo e aparência de uma pequena imagem. Lavada, viram uma escultura, representando Nossa Senhora da Conceição. Infelizmente, a imagem não tinha cabeça. Atirada novamente a rede e arrastando-a no fundo do Rio, veio a cabeça da estatueta.A imagem era, de fato, de Nossa Senhora da Conceição, medindo, no total, 40 cm de altura, feita de terracota.

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Conselho Missionário de Seminaristas RUAN CARLOS ANDRÉ LOPES COORDENADOR DO COMISE DA ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS.

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o dia 05 de setembro de 2018, dia de Santa Teresa de Calcutá, foi oficialmente criado o Conselho Missionário de Seminaristas (COMISE) da Arquidiocese de Campinas, composto pelos seminaristas das três etapas da formação, a saber: Propedêutico, Filosofia e Teologia, e possui por objetivo proporcionar aos futuros presbíteros uma sólida espiritualidade e formação missionária capaz de enfrentar os desafios da missão na pastoral, na nova evangelização e na missão ad gentes e além-fronteiras. Muitas dioceses do Brasil possuem os COMISE’s e, de maneira especial, todas as dioceses que compõem nossa Província Eclesiástica (Amparo, Bragança Paulista, Limeira, Piracicaba e São Carlos). O COMISE é vinculado ao Conselho Missionário Diocesano (COMIDI) e, desse modo, está em comum acordo com as diretrizes missionárias da Arquidiocese. A existência do COMISE, segundo as Pontifícias Obras Missionárias (POM), se fundamenta em documentos da Igreja: 1. Ela é missionária por sua própria natureza e seus ministros devem ser formados “com espírito verdadeiramente católico”, para que “se habituem a transcender a própria diocese, nação ou rito, e ajudar as necessidades de toda a Igreja, dispostos a pregar o Evangelho em toda a parte” (Concílio Vaticano II, Optatam Totius, 20). 2. “O dom espiritual, recebido pelos presbíteros na Ordenação, não os prepara para uma missão limitada e determinada, mas sim para uma missão imensa e universal de salvação ‘até os confins da terra’ (At 1,8). Com efeito, todo ministério sacerdotal participa da amplitude universal da missão confiada por Cristo aos Apóstolos” (Presbyterorum Ordinis, 10). 3. A educação dos futuros sacerdotes no espírito missionário deve ser tal que o sacerdote se sinta e atue, ali onde se encontra, como um pároco do mundo, ao serviço de toda a Igreja missionária. Ele é o animador nato e o primeiro responsável pelo despertar da consciência missionária dos fiéis. (João Paulo II, Mensagem para o Dia Mundial das Missões de 1990) 4. A Conferência de Aparecida (2007) fez um apelo à conversão pastoral e renovação missionária da Igreja. E o Papa Francisco propõe colocar todas as atividades de evangelização em chave missionária para formar uma Igreja em saída (cf. EG 20). Os seminaristas, presbíteros, diáconos, bispos e religiosos são lideranças fundamentais nessa tarefa. 5. Os bispos do Brasil destacam a formação pastoral-

missionária como “princípio unificador de todo o processo formativo” (cf. Doc.93 CNBB, n.300). É preciso garantir uma formação missionária aos candidatos ao ministério ordenado, de modo que “não exista um só clérigo que não arda este sagrado fogo de caridade pelo apostolado missionário” (Pio XI, Rerum Ecclesiae, 9) (cf. Doc. 108 CNBB, n. 34).

Atividades

As atividades do COMISE possuem um caráter interno e externo. Interno devido a formações missionárias, simpósios, congressos e retiros sobre a temática missionária para os seminaristas. Externo devido a experiências missionárias nas paróquias dentro e fora da arquidiocese. Estamos no começo desse trabalho e contamos com a colaboração de todos, padres, religiosas e religiosos, leigas e leigos, para nos auxiliarem na dimensão missionária, haja vista que a missionariedade é identidade da Igreja! Se sua PARÓQUIA quer receber a Missão dos Seminaristas, entre em CONTATO conosco através de nossa página no facebook, no instagram ou pelo email: comise.arqcampinas@gmail.com. Seja parte dessa MISSÃO! Que Santa Teresa de Calcutá e a Imaculada Conceição sempre intercedam por nós! Amém!

Coordenação do COMISE. Da esquerda para direita: Vinícius Felipe (Filosofia), Jhonatan Lagoeiro (Propedêutico), Douglas Murari (Filosofia), Ruan Carlos Lopes (Teologia), Rafael Machado (Teologia), Tiago Brito (Teologia) e Bruno Dos Santos (Filosofia).

BOLETIM A TRIBUNA - SETEMBRO/OUTUBRO 2018 - 11


102 comunidades são atendidas

30 anos da Pastoral da Criança na Arquidiocese de Campinas ISABELLA CARDOSO

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ra. Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Em Campinas Criança no Brasil, nasceu em 25 de agosto Maria das Graças (67 anos) é líder desde a primeira de 1934, em Forquilhinha, Santa Catarina. turma e conta que foi a Irmã Laurette Vachon quem Tinha 12 irmãos, seis homens e seis mulheres. Em trouxe a Pastoral para Campinas, motivada pelos al1982, o diretor executivo da Organização das Nações tos números da mortalidade infantil. A irmã foi até Unidas (ONU) incentivou um de seus irmãos, Dom as paróquias e convidou quem fazia parte da Igreja Paulo Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo na épo- para ser líder. Na época, Graça, como é conhecida, ca, a promover na Igreja um movimento para salvar era catequista na Comunidade Nossa Senhora de a vida de crianças que morriam de desidratação, enGuadalupe; hoje, participa da Paróquia Sansinando o preparo de soro oral para as mães. to Afonso do bairro Parque Valença, Ao contar para Zilda, ela acrescentou ambas em Campinas. Sempre gosmais ações que usava como médica petou muito de crianças e, mesmo diatra na prevenção da diarreia. Ela com medo, aceitou a missão. Fiz uma associou esse trabalho implantado A capacitação foi feita com o nas comunidades ao milagre da primeiro Guia do Líder, livro sopinha bem ralinha multiplicações dos pães. Identificou de estudos usado até hoje com líderes motivados e com espírito de para a neném e edições renovadas, que acomfraternidade cristã para multiplicar panha o Caderno do Líder, nas famílias vizinhas o conhecimen- colocava na boquinha em que são feitas as anotações to recebido. Deu certo. A Unicef do sobre a criança acompanhaBrasil chamou Zilda para discutir o dela da. Em 2016, foi desenvolvido o Projeto de Redução da Mortalidade Inaplicativo Visita Domiciliar, com as fantil junto ao presidente da CNBB. E, com mesmas funções. Para começar o acoma ajuda de técnicos do Distrito Sanitário de Lonpanhamento das crianças da comunidade, a drina, formou-se a primeira Capacitação dos Líderes primeira equipe de líderes, em torno de 12 pessoas, dividindo o grupo foi até as casas das famílias conhecidas para explicar em líderes e coor- a ideia da Pastoral da Criança e pedir indicação de denadores. outras famílias que poderiam ser atendidas. Graça Faleceu em 12 de conta que a receptividade era grande, principalmenjaneiro de 2010, te porque as crianças eram desnutridas, os pais eram vítima de um for- desempregados, tinham vergonha de pedir ajuda te terremoto em e não tinham o que comer. Ela também conta um Cuba, onde estava episódio dessa época de muita desnutrição, quando para implantar a ajudou a salvar uma menina de seis meses, muito Pastoral. abaixo do peso esperado, ensinando a mãe a fazer uma sopa bem rala que a criança conseguisse engolir. Graça trouxe a comida de sua casa porque a mãe Maria das era muito pobre: “...ele (o médico) me deu a criança Graças, 30 anos e disse que, se ele a internasse, ela iria morrer, mas junto com a que eu não iria deixar ela morrer - que responsabilidade, né? - A mãe amamentava, mas nem tinha o Pastoral.Ela atua que comer. Fui até minha casa, fiz uma cestinha de com as líderes comida e voltei. Fiz uma sopinha bem ralinha para Elena e Lídia. a neném e colocava na boquinha dela até ela comer Foto de Isabella uma concha. Quando acabou, ela dormiu e falei para Cardoso a mãe da criança continuar dando a sopinha até a menina melhorar...”, conta.

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Por conta desse cenário no Brasil todo, uma nutricionista do Nacional, Clara Brandão, junto com a Dra. Zilda Arns desenvolveu a Nutrimistura, feita de farelos de cereais, para poder mudar os índices e tirar as crianças da desnutrição. Hoje, a orientação não é mais a mesma, porque apesar de ainda haver desnutrição no país, o maior problema enfrentado é a obesidade infantil, devido à facilidade e ao baixo custo em alimentar os filhos com produtos industrializados, com muita gordura e baixo valor nutricional. Até hoje, Graça leva comida de sua casa para as mães e também recebe doações para levar. Com dinheiro doado, alguns dias atrás, ela negociou com o vendedor um bom preço por um colchão de berço, onde pôde dormir tranquilo um recém-nascido. “Eu tenho uma mãe que ganhou bebê esses dias, tô indo lá agora na casa dela visitar, sabe como é que eu vou? Eu passo e pego macarrão e pedaço de coxa de frango”, conta Graça. Por essa proximidade, ela passa a fazer parte das famílias, apadrinhando as crianças na Igreja ou mesmo sendo chamada de “vó” e “madrinha”.

Pastoral da Criança hoje

Muitas mudanças se deram em 30 anos. A coordenadora da Pastoral na Arquidiocese de Campinas, Maria da Consolação, explica que as mudanças visam acompanhar a sociedade e os avanços científicos. Para líderes como Graça e as famílias que ela acompanha desde pais, filhos e, agora, netos, é um desafio, mas “vendo a carinha das crianças”, ela continua seu belo trabalho. Todos os líderes são voluntários e divididos em Equipe de Coordenação Nacional, Multiplicadores, Capacitadores e Líderes. A Arquidiocese de Campinas conta com o apoio de 350 líderes. O conhecimento passado para as famílias vem de equipes especializadas em cada ação na Coordenação Nacional. As ações envolvem os temas alimentação da gestante, pré-natal, plano de parto, amamentação, vacinação, atuação junto ao Conselho de Saúde, acompanhamento nutricional das crianças, orientações para crianças (desnutridas, dentro do peso padrão, com sobrepeso e obesidade), orientação para fazer hortas caseiras e como organizar brinquedos e brincadeiras. Duas vezes por ano, um coordenador de cada ação capacita os multiplicadores de cada diocese, que passa o conhecimento para os capacitadores que orientam os líderes. Os líderes começam a capacitação pelo Guia do Líder, um manual que trata desde a abordagem das famílias até as orientações de saúde e alimentação, depois, conforme as necessidades de cada família, ele pode se especializar nas ações.

“Tudo que nós fazemos é para o líder. Para que ele possa visitar as famílias, acompanhar bem, a capacitação é direito dele. A missão da Pastoral da Criança é levar o conhecimento para a mãe para que ela seja proativa. O Estado cobra e a sociedade denuncia, mas a gente ensina. O objetivo é fazer com carinho uma ação transformadora”, explica Consolação.

De mãe à coordenadora

Maria da Consolação Silva dos Santos (45 anos) é casada desde os 17 anos com Valdir Pereira dos Santos (55 anos) e teve seu primeiro filho, Alexandre Silva Santos (27 anos) aos 19 anos, quando morava em Sumaré (SP). A ação da Pastoral da Criança chegou em seu bairro e Alexandre tinha três meses. Ela conta que não gostou de a líder, Vera, entrar em sua casa, perguntar sobre seu filho, sua vida e sugerir mudanças. Sentiu-se incomodada. Quando Vera a convidava para o Dia da Pesagem (hoje chamado de Celebração da Vida), ela dizia que ia, mas nunca ia, na esperança de que Vera parasse de visitá-la. Vera não desistiu. Depois de um ano e meio sendo visitada todos os meses pela mesma líder e sempre sendo tratada com carinho e convidada para o Dia da Pesagem, decidiu ir. Foi contagiada. Passou a ser líder também, mas desistiu logo depois, quando começou trabalhar. A mãe de Consolação recebia as visitas da pastoral enquanto cuidava de Alexandre e Bruna, filha mais nova (20 anos). Mas Consolação só voltou a se envolver quando sua mãe morreu. Outra vez teve o apoio das líderes e decidiu ajudar quem sempre a ajudou. Passou por líder, capacitadora, multiplicadora, coordenadora em sua comunidade, coordenadora em sua paróquia e, atualmente, é a coordenadora da Pastoral da Criança na Arquidiocese de Campinas. Sua família toda é voluntária. “Hoje eu copio a Vera nas visitas”, revela.

Consolação, Letícia e o filho. Arquivo pessoal

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O acompanhamento com as famílias conta com Valdir é de muita intimidade. Construíram um laço dois momentos presenciais no mês, o dia da visita familiar e os dois são padrinhos de Marcos Gabriel. e o Dia da Celebração da Vida. No primeiro dia de Essa conexão entre a equipe da Pastoral e as famívisita é feito o Laço de Amor, uma cartela com pan- lias atendidas é comum porque cria-se uma imersão fletos de orientações com possíveis problemas com a nas casas e na rotina das pessoas que se desenvolsaúde do bebê nos 1000 primeiros dias (nove meses ve gradualmente. “A gente enfrenta situações que de gestação mais dois primeiros anos da criança) e o ninguém enfrenta, porque a gente está lá dentro da que ela deve fazer. casa, cuidando da criança”, diz Maria das Graças. Na Celebração da Vida, são feitas brincadeiras, Ela narra muitos episódios em que esteve em perigo roda de conversa com as mães para discutir assuntos por tentar ajudar crianças com pais envolvidos com locais da comunidade, um lanche rico em nutrien- drogas ilícitas. tes para incentivar a alimentação saudável e, Para Letícia, a “intromissão” das líderes é bemde três em três meses, é feita a pesagem vinda. “Ter orientação da Pastoral, desde a e medição nas crianças, o que faz pargestação, me ajudou muito. Quando meu te do Acompanhamento Nutricional. filho completou três meses, o pessoal A gente Todos os dados de cada criança são já começou falar para eu dar comida mandados pelo aplicativo para a para ele e eu não queria, porque sabia enfrenta situações Pastoral Nacional, que responde se que o melhor é amamentação excluas medidas estão dentro do padrão siva até seis meses. Insistiam muito que ninguém para a idade. e ninguém me apoiava. Quando eu Apesar de as líderes atenderem compartilhava com a Pastoral o que enfrenta crianças de todas as idades, e a pesaestava acontecendo, todas me apoiavam gem ser até os seis anos, a prioridade são e me orientavam sobre os benefícios da os primeiros 1000 dias, porque é nessa fase amamentação exclusiva”, lembra. que a criança consegue os nutrientes que precisa A principal mudança que Letícia sentiu nela como para crescer mais saudável. Consolação explica para mãe foi a consciência de sempre buscar uma educaa mãe que é um investimento que ela faz para seu ção sem violência. Lembra que não foi educada asfilho. sim e sempre ficava de castigo ou levava umas “palmadas”. Ela se emociona ao lembrar de Consolação A vida se renova contando que nunca havia encontrado uma família Uma das mães acompanhadas por Consolação é a que conseguisse educar de uma forma diferente, Letícia Graziele de Freitas Lemes (29 anos), seu filho mesmo sendo muito importante para o desenvolvide dois anos, Marcos Gabriel de Freitas Lemes, pas- mento da criança não passar por nenhuma situação sou pelos 1000 dias e continua participando das vi- de violência nos primeiros 1000 dias. Foi então que sitas domiciliares e das Celebrações da Vida. Letícia Letícia começou fazer cursos on-line e ler sobre disconta que para ela foi muito fácil receber a Pastoral ciplina positiva e educação não-violenta. da Criança de “portas abertas” porque, aos 13 anos, era amiga da filha de uma líder e começou a partici- Como ajudar par das Celebrações da Vida brincando com as crianA Pastoral da Criança é formada por voluntários, ças. Depois disso, participou de outras pastorais e re- qualquer pessoa pode se tornar líder ou apoios aos tomou o contato com as líderes quando engravidou líderes. Além disso, a equipe recebe alimentos não e recebeu o Laço de Amor de Consolação. “Eu fiquei perecíveis saudáveis e fórmula para os recém-nasciencantada desde o início, achei tudo muito lindo, fui dos, mesmo com embalagem violada, roupas e brinna Celebração da Vida na primeira vez que me cha- quedos. Quem tiver doações pode entrar em contato maram”, comenta. A relação dela com Consolação e pelo telefone (19) 3519.3054.

Aplicativo Visita Domiciliar

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Pastoral da Criança recebeu, este ano, durante cerimônia realizada em Aparecida (SP), o Prêmio de Comunicação da CNBB - “Dom Luciano Mendes de Almeida”, na categoria Aplicativo, com o Aplicativo Visita Domiciliar. Dr. Nelson Arns Neumann, Coordenador Internacional da Pastoral da Criança, recebeu o prêmio e agradeceu todas as líderes que motivaram a criação do Aplicativo Visita Domiciliar. Baseado nas nas perguntas do Caderno do Líder, o aplicativo Visita Domiciliar

foi criado para auxiliar o líder durante a visita realizada para gestantes e crianças acompanhadas e pode ser usado em celulares e tablets. O App permite cadastrar cada criança ou gestante acompanhada Padre Jondo Líder específicas e apresenta orientações do Guia para a faixa etária ou semana de gestação. Por meio de suas atualizações, ajuda o líder a acompanhar as principais mudanças e levar as mais novas informações para as famílias.

Visite www.pastoraldacrianca.org.br

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Hortas Caseiras e Aleitamento Materno BÁRBARA BERAQUET

Andrielli e seu filho. Arquivo pessoal

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á cerca de 35 anos, a desnutrição infantil destacava-se no acompanhamento feito pelas líderes da Pastoral da Criança, em todo país; hoje, as voluntárias testemunham uma mudança no sentido oposto. De acordo com dados do Ministério da Saúde, a cada três crianças brasileiras, uma está acima do peso, e a obesidade infantil tem se tornado um problema de saúde pública. Por isso, a orientação para as famílias tem se voltado ao enriquecimento da alimentação do dia a dia com a maior variedade possível de alimentos disponíveis na própria região, por meio da sensibilização das mães ou cuidadores, com orientações práticas na cozinha e estímulo às hortas caseiras. Além disso, as voluntárias priorizam o incentivo ao aleitamento materno.

Hortas caseiras

A organização nacional da Pastoral capacita os líderes na implantação das hortas, e eles se tornam multiplicadores em suas comunidades, para “plantar” a ideia e fazê-la “pegar”. As hortas podem ser de quintal, de jardim, de rua, em vasos, e cultivadas até mesmo em garrafas pet. As vantagens para a alimentação são evidentes, mas há também ganhos sociais: a troca de experiências, mudas e plantas com a comunidade aproxima as pessoas e ensina aos pequenos, desde cedo, a plantar e a respeitar a natureza. Andrielli Rosa da Silva, mãe de um bebê de 1 anos e 5 meses, é coordenadora paroquial da Pastoral da Criança pela Paróquia Sagrada Família, no Jardim Monte Cristo, em Campinas. Responsável por orientar as líderes e suas famílias, que farão o trabalho de acompanhamento das crianças da comunidade, ela conta que as hortas caseiras tem sido abraçadas ainda de forma tímida, pois o cuidado com as plantas é visto como um trabalho adicional à jornada das mães e demais membros da família. “Tentamos, aos pou-

cos, primeiro colocar na cabeça da pessoa que aquilo ali é importante, que vai fazer bem para a saúde dela e da família”, comenta. Das 18 famílias acompanhadas na região da Paróquia, quatro fazem horta. De acordo com a nutricionista Ana Paula Novaes, especialista em Atendimento Interdisciplinar Preventivo na Primeira Infância (FOP/UNICAMP) e especialista em Nutrição Clínica em Pediatria pelo Instituto da Criança (FMUSP), uma alimentação equilibrada em quantidade e qualidade é importante para todas as fases da vida. “É este balanço que rege nossa saúde. Na primeira infância, a alimentação exerce papel fundamental para o pleno desenvolvimento físico e cognitivo. Ela é essencial para a criança crescer e ganhar peso adequado, adquirindo, desta forma, habilidades pertinentes à idade”, explica.

Aleitamento materno

De acordo com Andrielli, embora sejam conhecidos os benefícios do aleitamento materno - exclusivo até os seis meses de vida da criança e complementar até dois anos ao mínimo - ainda há barreiras. “As mães ainda tem aquele negócio antigo, dos avós, que a criança tem que comer desde cedo, que o leite não é tão importante, e tem até pediatra que não está preparado e diz isso - graças a Deus não é o caso da minha paróquia! Porque a pediatra também fala o que a pastoral fala”, conta a jovem coordenadora. A especialista Ana Paula Novaes reitera que o aleitamento materno supre toda necessidade nutricional do bebê até os seis meses, evitando a subnutrição e, consequentemente, diminui o índice de mortalidade. Além disso, a amamentação reflete economicamente, já que não existem gastos com fórmulas ou outros leites, é fator importante do ponto de vista imunológico, evitando possíveis alergias, infecções, e colaborando para o desenvolvimento gastrintestinal, e estimula o sistema neurológico, promovendo melhor desempenho cognitivo, que pode repercutir em melhor desempenho escolar, seguido de maior índice de escolaridade e, consequentemente, maior renda.

Horta caseira. Foto gentilmente cedida/ Pastoral da Criança

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Outubro, mês das Missões

Voluntariado Internacional Vedruna MERCEDES, VALERIE E ZURI, VOLUNTÁRIAS DA ESPANHA

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o dia 13 de julho de 2018, chegaram, em Campinas (SP), as espanholas Mercedes, Valerie e Zuri, à casa de acolhida das Irmãs Vedruna, no bairro Santa Mônica. Tiveram a oportunidade de conviver com as irmãs Dalila, Lucía, Cecilia, Tonina, Josefa, Yaeko, Kasuko, Luisa e Dirce, encantadoras. Durante sua estadia, estiveram acompanhando ao centro de dia Vedruna, no bairro São Marcos. Ali realizaram diversas atividades com as crianças, de idades entre 6 e 14 anos. No seu tempo livre, participaram das atividades de pastoral: visita ao centro de menores e às favelas da mão do Padre Antonio e da Irmã Dirce, e também participaram das atividades culturais do bairro, como capoeira e zumba. Nos finais de semana aproveitaram para fazer visitas turísticas, foram à Aparecida do Norte e Belo Horizonte, onde as irmãs Vedruna têm outra comunidade. Lá conheceram Regina, Vilma e Socorro.

Fotos gentilmente cedidas. Durante o mês que estiveram aqui, descobriram a vida simples com as irmãs, a alegria e o carinho das crianças, que lhes emocionou. A acolhida das famílias foi mágica e cheia de amor. Algo que ficou marcado para as três voluntárias. (Originalmente redigido em espanhol. Tradução: Professor de Espanhol e Português, Elcio Adriano Silva Junior)

Seminário sobre o acordo entre o Brasil e a Santa Sé em comemoração dos 10 anos de sua assinatura 12, 13 e 14 de novembro de 2018 Auditório Dom Gilberto Campus I - PUC-Campinas Informações (19) 3343.7066 Inscrições em www.puc-campinas.edu. br/acordo-brasil-santa-se 16 - SETEMBRO/OUTUBRO 2018 - BOLETIM A TRIBUNA


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