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washington silvera
entretempo
Washington Silvera volta a expor na Ybakatu Espaço de Arte depois de 3 anos. A exposição "entretempo" apresenta obras que foram feitas nesse hiato, um exemplo são os parafusos da série "Fábulas" que ganharam novas aberturas plásticas. Os "Objetos Acústicos" obras que chamaram bastante atenção do público no SP Arte 2013 e 2015 também estão presentes na mostra. Silvera irá apresentar também 3 obras inéditas feitos em madeira uma das marcas desse artista. O público também terá a oportunidade de ver a instalação "Moldura/Mar" uma humorada releitura das clássicas "marinhas". Ao total serão 10 obras que mostram o percurso recente desse artista curitibano.
l Ybakatu l espaço de arte O que dizem as coisas Ítalo Calvino, em Seis propostas para o próximo milênio, faz uma observação pertinente sobre os objetos presentes nas descrições literárias: A partir do momento em que um objeto comparece numa descrição, podemos dizer que ele se carrega de uma força especial, torna-se como o pólo de um campo magnético, o nó de uma rede de correlações invisíveis. O simbolismo de um objeto pode ser mais ou menos explícito, mas existe sempre. Podemos dizer que numa narrativa um objeto é sempre um objeto mágico. (CALVINO, 1999: 47) É claro que um objeto, numa obra literária, nunca é o objeto ele mesmo, mas algo que se define através de uma série de palavras – um objeto, digamos, lingüístico, como aliás tudo o que existe nas obras literárias. Com as artes visuais, as coisas se passam de maneira diversa, pois a obra pode tanto representar um objeto – ser uma imagem bidimensional, por exemplo, de um vaso de flores –, quanto ser o próprio objeto: foi o caso dos readymades de Duchamp, que inaugurou a prática, hoje amplamente aceita, de tomar objetos reais e convertê-los em obra de arte, alterando ou não as suas características. Os objetos que são tomados como obras de arte adquirem, assim, algo de mágico: eles passam a pertencer ao mundo da arte. A obra de Washington Silvera é toda ela dedicada à elaboração destes objetos mágicos. Porém, ao contrário de Duchamp (e apesar da sua óbvia influência), Washington opera com objetos substancialmente alterados. São alterações em termos de material, dimensão, disposição espacial, construção; suas obras tomam objetos conhecidos, como mesas, raquetes, martelos, e os transformam em objetos “estranhados”: ainda que os reconheçamos como tal, há algo de substancialmente errado com eles. Destes objetos, podemos dizer: “é um serrote”, “é um martelo” − mas são coisas defeituosas, inutilizadas por aquilo mesmo que as define: o serrote serve para serrar madeira, mas ele mesmo é feito de madeira; o martelo é curvo e só pode martelar a si mesmo.
O interessante é que o procedimento de Washington faz com que o objeto seja ao mesmo tempo o próprio objeto e a sua representação: o martelo não deixa de ser um martelo, mas também é uma “escultura” de um martelo. E talvez por isso mesmo o artista não se considere um escultor. Ele é um fabricante de objetos, simplesmente; mas de objetos que são vítimas da magia: objetos enfeitiçados. A obra de Washington persegue esse estatuto flutuante, contraditório do objeto – simultaneamente o objeto elemesmo e a sua representação em condições alteradas . O “objeto enfeitiçado” vive nesse lugar, entre o real e o irreal, entre o fato e a ficção: são coisas parecem fazer parte de uma narrativa, como se fossem objetos de cena de uma série de fatos insólitos, cômicos, intrigantes. Como ferramentas, trazem a referência ao trabalho, à ação produtiva; mas, substancialmente alterados, são testemunhos de uma ação interrompida, como se víssemos um pedaço de uma história absurda que fica implícita no objeto. Na sua manipulação precisa dos materiais, na sua incorporação insólita dos elementos do cotidiano, Washington Silvera faz confundir a banalidade com o fantástico, extraindo poesia das coisas mais simples e comuns.
Fabricio Vaz Nunes
Texto escrito para a exposição " O que dizem as coisas", Museu Afro Brasil, São Paulo, SP, 2012
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Vista panorâmica da exposição
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Vista panorâmica da exposição
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3 chances (Série Fábula), 2014 Madeira e resina 120 x 8 x 8 cm
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Cupim imbuia - Série Fábulas, 2014 Escultura em madeira de imbuia 207 x 25 x 25 cm (altura sem a base)
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Boliche, 2015 Madeira e laca 65 x 55 x 40
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Bandolim, 2014 Madeira, metal e corda de violĂŁo 140 x 160 x 12 cm
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Dock Ellis, 2015 Madeira de imbuia, mogno e cerejeira 95 x 30 x 30 cm
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Entretempo, 2015 Marchetaria e equipamentos de rel贸gio 40 x 40 x 10 cm
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Bandolim (Série Objetos Acústicos), 2014 Madeira e ferragens 205x60x14cm
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Raquetes, 2014 Madeira e marchetaria 100 x 70 cm cada (dĂptico)
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Cupim múltiplo - Série Fábulas, 2014 Escultura em madeira imbuia Medidas variáveis
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Objeto Moldura Mar, 2012-14 Instalação com Tv plasma e moldura Vídeo Instalação 30 minutos 138x90x18cm
https://vimeo.com/131980860
l Ybakatu l espaço de arte Washington Silvera Curitiba, Paraná - 1969 Formação Artista multidisciplinar, estudou na UFPR, mas concluiu sua formação de forma autodidata. Expõe desde 1994. Principais exposições coletivas - 11º Salão Banestado de Artistas Inéditos, Galeria Banestado, Curitiba, 1994 - 7º Salão de Joinville, Museu de Arte de Joinville, Joinville 1995 - 52º Salão Paranaense, Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba 1995 - "...somente as diferenças se parecem", Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba 1996 - 53º Salão Paranaense, Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba 1996 - 55º Salão Paranaense, Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba 1998 - 57º Salão Paranaense, Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba 2000 - "Seis reflexões à luz de Ítalo Calvino", Escritório de Arte Glauco Menta, Curitiba, 2000 - “Metaforismos Visuais”, Ybakatu Espaço de Arte, Curitiba, 2001; - 8ª Bienal Nacional de Santos, São Paulo, 2002; - 59º Salão Paranaense, Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba 2002 - 60º Salão Paranaense, Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba 2003 - Extra Bienal, São Paulo, SP 2002 - 6ª Mostra João Turin de Arte Tridimensional, Casa Andrade Muricy, Curitiba 2004 - Negras Memórias, Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, 2006 - Bienal de Valencia “Encuentro entre dos mares”, Valência, Espanha, 2007; - “Pequeños Rituales Domésticos”, Galeria Cubo, Barcelona, Espanha, 2007; - “Os olhos mágicos das Américas” Museu Afro Brasil, São Paulo, 2009; - “O Estado da Arte”, Museu de Arte Oscar Niemeyer, Curitiba, 2010; - "Outras Formas", Centro Cultural FIEP , Curitiba, 2011 - Coletiva Ybakatu 2013, Ybakatu Espaço de Arte, Curitiba 2013 Principais exposições individuais - “Esculturas”, Centro Cultural Brasil Estados Unidos, Curitiba, PR, 1996; - "Metáforas Visuais", Casa da Cultura, Teatro Ouro Verde, Londrina PR, 1998 - “Consciência Expandida”, Memorial de Curitiba, 2007; - “Galeria Abierta”, Plaza Joan Miró, Barcelona, Espanha, 2008; - "Fábulas Contemporâneas" Centro Municipal de Cultura Odette dos Santos, São Carlos, SP, 2011; - “Viu?”, Ybakatu Espaço de Arte, Curitiba, PR, 2011; - "O que dizem as coisas" Museu Afro Brasil, São Paulo, SP, 2012; - “Inventário”, Museu Metropolitano de Arte - MUMA, Curitiba, PR, 2014. - “Entretempo”, Ybakatu Espaço de Arte, Curitiba, PR, 2015. Participação em feiras com a Ybakatu Espaço de Arte - ARCO Madrid, IFEMA, Espanha, 2012, 2013, 2014 - SP Arte, Pavilhão Ciccillo Matarazzo, São Paulo 2011, 2012, 2013, 2014, 2015
Intervenções urbanas - Sob a Imagem das Nuvens, arte urbana com Alexandre Wasong, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1996. - "Olhar Efêmero", arte urbana no ônibus Circular Centro em Curitiba, Fundação Cultural de Curitiba, 2010. - "Carro Zero", Arte Urbana na Av. Wenceslau Brás, Curitiba, 2012. Performances - 12 rádios, adaptação da obra de John Cage, 1996, Centro Cultural Brasil-Estados Unidos, Curitiba, PR; - Kitchen Dub Experience, Espaço Zebra, São Paulo 2012; - Kitchen Dub Experience, Teatro Novelas Curitibanas no Ornitorrinco – Modos Transitivos de Criação, junho de 2013; - "Objeto para Performance" com Fernando Ribeiro, Av Luiz Xavier (Boca Maldita), Curitiba, julho de 2013; - Kitchen Dub Experience, Centro Cultural Sesi Heitor Stockler de França, Curitiba, PR, 2015. - Kitchen Dub Experience, Centro digital do Portão Cultural no MUMA, Curitiba, PR, 2015. Bolsa - Em 2006 foi contemplado com a Bolsa Produção da Fundação Cultural de Curitiba - Indicado para o Prêmio Pipa, prêmio investidor profissional de arte em 2012 e 2013, Rio de Janeiro, RJ Coleções Algumas de suas obras estão em coleções particulares e Instituições como O Museo de la Solidaridad, Fundación Salvador Allende em Santiago no Chile, Fundação Cultural de Curitiba, Museu Afro Brasil em São Paulo, Ole Faarup Collection Copenhagen. Bibliografia Selecionada Livro Silvera, Washington Alfredo. Viu?; texto de apresentação: Fabricio Vaz Nunes. Curitiba, PR: Cultural Office, 2014. Catálogos Bojo, Curitiba, 2002 Justino, Maria José. O Estado da Arte: 40 anos de arte contemporânea no Paraná. Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, 2010 Araújo, Emanoel. A Mão Afro Brasileira. Museu Afro Brasil, São Paulo, 2010 Araújo, Emanoel. Os Mágicos Olhos das Américas. Museu Afro Brasil, São Paulo, 2010 Araújo, Emanoel. Museo de Solidaridad Salvador Allende, Estéticas, sueños y utopías de los artistas de Brasil por la libertad. Imprensa Oficial, São Paulo, 2010 Jornais Fernandes, José Carlos. Variações de um Berimbau. Gazeta do Povo, Curitiba, 6 de novembro 1996 Guimarães, Mariângela. Investindo na Arte. Gazeta do Povo, Curitiba, 16 de março 1997 Fernandes, José Carlos. Três cabeças, uma sentença. Gazeta do Povo, Curitiba, 15 de setembro 1998 Fernandes, José Carlos. Tem barulho bom na cidade. Gazeta do povo, Curitiba, 17 de dezembro 2002 Brito, Daniele. O feijão e o Sonho. Gazeta do povo, Curitiba, 14 de abril 2003
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Fotos de Gilson Camargo com exceção da foto da pagina 19, de Rafael Dabul
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