Mobilidade 44

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44 Nov / Dez 2016 #

Bimestral Gratuita

REVISTA DE TRANSPORTES E LOGÍSTICA

A estratégia Portuguesa dos próximos dez anos para o aumento da competitividade portuária

18

Angola e Zâmbia ligados por canal fluvial

20

Gestão da Carris passa para a Autarquia de Lisboa

24

OPEP tenta controlar a oferta e condicionar o preço do crude

28

As áreas mais afectadas pela pirataria marítima em todo o mundo

34

Turismo em Portugal com crescimento recorde


TRANSPORTE MARÍTIMO TRANSPORTE RODOVIÁRIO TRANSPORTE AÉREO Importações e exportações Formalidades aduaneiras Serviço porta-a-porta Armazenagem e Logística Recolhas e Entregas Seguros

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1 NOVembro • DEZEMbro 2016

índice

02

EDITORIAL

A Condução Autónoma

04

EM ANÁLISE

Análise da Conjuntura Económica Internacional

12

GRANDE REPORTAGEM

A Estratégia Portuguesa dos próximos dez anos para o aumento da Competitividade Portuária

18

ACTUALIDADE

Angola e Zâmbia ligados por canal fluvial

20

Gestão da Carris passa para a Autarquia de Lisboa

24

OPEP tenta controlar a oferta e condicionar o preço do crude

28

As áreas mais afectadas pela pirataria marítima em todo o mundo

34

Turismo em Portugal com crescimento recorde

40

BREVES NACIONAIS

54

BREVES interNACIONAIs


2 REVISTA MOBILIDADE

EDITORIAL

O TURISMO EM ANGOLA COMO ALAVANCA PARA O DIVERSIFICAÇÃO DA ECONOMIA

REVISTA MOBILIDADE

#44

NOVEmbro • DEZEMbro | 2016

PROPRIEDADE Transportes e Logística, Publicações e Eventos, Lda Rua Comandante Dack Doy, Nº 100, Bairro Azul, Luanda – Angola tlpe@tlpe-ao.com cONSELHO DE GERÊNCIA Manuel Ferreira Caetano, Presidente; Ladislau Silva, Manuel Rodrigues, Vogais cONSELHO EDITORIAL Personalidades nacionais e internacionais ligadas à logística, aos transportes, ao ordenamento do território, ao planeamento urbano e ao desenvolvimento regional DIRECTOR Manuel Ferreira Caetano cOLABORADORES António Costa, Manuela Graça, Maria Luísa Caetano, Paulo Pereira, Cargo News MARKETING E IMAGEM Fausto Reis de Oliveira PAGINAÇÃO Hugo Jesus FOTOGRAFIA António Vasconcelos

Ficha técnica

IMPRESSÃO E ACABAMENTO Imprimarte, Lda PUBLICIDADE E ASSINATURAS Maria Emília Barbosa emiliabarbosa@tlpe-ao.com

Revista bimestral, tirada em 3.000 exemplares Depósito legal: MCS-445/B/2006

ManuEl CAETANO director da revista mobilidade

Há muito que se discute a problemática da diversificação da Economia de Angola. O País é rico em recursos naturais, com destaque para o petróleo, mas também diamantes, minério de ferro, fosfatos, cobre, ouro e urânio. Contudo, o valor destes produtos no mercado, principalmente do petróleo, do qual Angola depende em grande escala, tem sofrido muitas alterações e, como tal, tem provocado enormes constrangimentos à economia do País. Porém, Angola não pode continuar a fazer depender a sua economia e finanças de um mercado com tais níveis de volatilidade, exógenas à actuação. Sectores como a agro-indústria, pescas, energia, entre tantos outros, têm de ser desenvolvidos por forma a aumentar a produção e consumo interno, para reduzir os níveis de importação do exterior.


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praia de cabo ledo, província de luanda

Por outro lado, estando criadas as condições para a exportação do excedente, seja a nível logístico, de transportes ou aduaneiro, esta produção nacional pode gerar a entrada de divisas estrangeiras, tão necessárias à Economia de Angola, para poder comprar ao exterior aquilo que não tem, ainda, capacidade de produzir internamente. O Turismo, por outro lado, é um Sector com grandes potencialidades, que tem vindo a ser desenvolvido em Angola, mas onde ainda há muito por fazer. E este é, talvez, o sector onde, mais facilmente, Angola poderia retirar os benefícios do seu investimento. Angola tem uma diversidade muito rica de paisagens, desde praia a floresta, a planícies e deserto. Tem uma cultura ancestral vasta, prévia à presença portuguesa no País. Tem um povo amigável e que sabe receber. Tem tudo para ser uma potência turística na África Subsaariana. Falta-lhe “apenas” definir uma estratégia global e integrada para criar as condições à existência

de uma economia à volta do Turismo em Angola, desde infraestruturas de turismo (hotelaria e similares, restaurantes, pontos de interesse turístico devidamente trabalhados, com bons acessos, entre outras condicionantes), passando pela promoção turística (dentro e fora do País), a profissionais de turismo devidamente formados e preparados (em hotelaria, em divulgação turística e guias de turismo), a um sistema alfandegário que facilite a entrada, para este fim, de turistas estrangeiros. Outros países, como Portugal ou o Brasil, países irmãos e com outro tipo de dificuldades económicas, têm-no sabido fazer. O Turismo de Portugal, por exemplo, está a desenvolver a sua Estratégia de Turismo numa visão a 10 anos, para alavancar, de fora sustentável, a prática do Turismo em Portugal. Angola deve olhar para este Sector de uma forma integrada e apostar… e estou certo que brevemente colherá os seus frutos.


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em análise

análise da conjuntura económica interNACIONAL Bpi paula gonçalves carvalho economista chefe do departamento de estudos econ ómicos e financeiros do bpi Vânia Patrícia Duarte departamento de estudos econ ómicos e financeiros do bpi José Miguel Cerdeira departamento de estudos econ ómicos e financeiros do bpi

Angola – OGE prevê défice de 5.8% em 2017 Expectativa de que o aumento de gastos seja compensado por crescimento nominal A situação económica angolana está bastante débil, com os dados económicos de maior periodicidade a indicarem mesmo um agravamento face ao período de 2015. A redução das importações em USD reflecte o ajustamento acumulado da economia desde 2014 (contracção de cerca de 60%), ajustamento que poderá não ter ainda terminado. O plano orçamental de Angola passa por um défice elevado, de 5.8% do PIB, embora haja disponibilidade para uma contenção de gastos (nomeadamente no investimento) procurando assegurar a manutenção de finanças públicas sólidas. Sobressai a intenção de estimular a

economia condicionada à necessidade de equilibrar a trajectória das finanças públicas e do endividamento do Estado. Ainda que as reservas internacionais estejam em níveis bastante razoáveis, está à vista uma tendência de descida que poderá implicar a necessidade de uma nova desvalorização do kwanza, uma pressão que poderá ser menos intensa em vista do novo cenário de preços petrolíferos mais altos, devido ao acordo da OPEP. 1. Dados mostram agravar de quebra económica durante 2016 →→ Na ausência de dados do PIB angolano (os últimos dados definitivos publicados pelo INE correspondem ao ano de 2013), as várias estatísticas económicas mostram uma


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economia em estagnação ou mesmo quebra, tanto no sector petrolífero como nas outras indústrias. →→ O petróleo, que representa quase a totalidade das exportações angolanas, ressente-se da baixa dos preços. Por um lado, tem estado a existir crescimento real da produção em 2016 em comparação com o ano anterior, como é visto pelos números da produção mensal. No

→→ O efeito das baixas receitas petrolíferas está, por sua vez, a afectar de maneira decisiva o comportamento da economia não-petrolífera. A falta de receitas do Estado reflecte-se em menos capacidade de realização de despesa, o que diminui a procura agregada através de vários canais. E por outro lado, a escassez de divisas decorrente da manutenção do câmbio em níveis artificialmente altos dificulta o pagamento de importações, sejam estas de consumo, matérias-primas, ou investimento. →→ Estes factores são patentes no comportamento da economia não petrolífera, com uma significativa diminuição do consumo. Os números do comércio internacional mostram claramente uma diminuição abrupta das

entanto, mesmo este crescimento é limitado: o pior desempenho na segunda metade do ano poderá fazer com que a produção média fique a níveis semelhantes a 2015 e aquém da previsão revista de 1.79 milhões de barris diários (mbd). Mas a consequência maior dá-se na quebra de receitas que decorre da baixa do preço por barril e que se encontra até Setembro 29.4% abaixo das receitas no mesmo período de 2015.

importações, que abrange os vários sectores. Como é visto pelo gráfico, o nível de importações está em mínimos, com a compra de alimentos originários do estrangeiro a diminuir 47.3% no 1º semestre de 2016, em termos homólogos. As importações de combustíveis, por seu lado, diminuíram 56.5% no mesmo período, enquanto as restantes caíram 55.9%. Considerando valores agregados de importações e sendo estes um indicador do dinamismo e dimensão da procura interna, verifica-se que esta encolheu mais de 60% em cerca de 3 anos, tendo este processo de ajustamento continuado em 2016. Outros indicadores, tal como a variação homóloga do crédito e do agregado monetário M3, ao estarem ambos claramente abaixo do nível de inflação, são um óbvio indicador de recessão económica.


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2. Estratégia passa por manter défice elevado, com investimento público como travão →→ O Estado angolano prevê, em dólares, um aumento das receitas em 5.5% e das despesas em 7.5%, invertendo a tendência de quebra sentida até 2016. No entanto, devido ao

aumento do PIB nominal (influenciado pela ainda bastante significativa inflação em 2017), estes aumentos são traduzidos em diminuições reais da receita e da despesa, e que acabam por tornar o défice mais baixo em percentagem do PIB, em uma décima, para 5.8%.


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→→ Do lado da receita, destaque para a previsão dos impostos petrolíferos, onde se espera pela primeira vez em vários anos um aumento em valor absoluto. É esperado um aumento de 10.7%, o que, no entanto, ainda significará uma diminuição em percentagem do PIB, embora ligeira, de 9.1% para 8.6%. O mesmo se passará com os impostos não petrolíferos, embora estes estejam a seguir uma tendência muito menos negativa, quando medidos em moeda americana. Mais importante ainda, se a previsão do Governo para 2016 e 2017 se realizar, será a primeira vez que os impostos não petrolíferos terão uma receita maior do que os petrolíferos, embora por curta margem. →→ Na despesa, é bastante notável o aumento da despesa em bens e serviços em 22.4%, sendo esta a única componente que deverá ver o seu peso em percentagem do PIB aumentar, factor que pode indicar uma intenção da parte do Governo de incentivar a economia privada. A este facto deve-se acrescentar a ponderação de que existirão eleições em 2017, que deverão (directa e indirectamente) fazer aumentar os gastos públicos. A outra componente com maior crescimento é a dos juros, que continuarão a rondar 2.5% do PIB, sendo que estes quase duplicam em relação a 2014, quando medidos em dólares. →→ As outras despesas deverão mesmo praticamente estabilizar em valor absoluto, sendo que algumas, como a do investimento, poderão estar dependentes do financiamento existente. O investimento deverá aumentar 3.8%, mantendo-se ainda em níveis bastante baixos, quando comparados com, por exemplo, 2014: o valor em 2017 é quase 1/3 das despesas de capital nesse ano. Além disso, é dito de forma implícita que a “capacidade de absorção dos desembolsos externos” poderá

condicionar o ritmo de execução de algumas despesas, o que foi efectivado já no primeiro semestre de 2016 com o investimento público, na altura de modo a reforçar a confiança nas contas públicas angolanas. →→ Uma outra questão relevante reside na fiabilidade das previsões executivas quanto aos gastos e receitas. Existe um histórico de execuções largamente diferentes do previsto no Orçamento de Estado, algo que não se limitou apenas aos anos de maior quebra de receitas com baixos preços petrolíferos. Por exemplo, em 2013 era previsto um défice de 3.8%, quando se verificou um superávite de 0.3% na execução, isto devido a um excesso de receitas e menos gastos do que o previsto no OGE desse ano. Entre 2010 e 2015, apenas num ano (2014) se deu o facto de o saldo global ser menos favorável do que o previsto inicialmente, quando expresso em percentagem do PIB. Mesmo no anterior ano de eleições gerais (2012), em que os gastos largamente superaram a previsão inicial, estes gastos só foram possíveis devido a receitas petrolíferas maiores do que o esperado. A posição orçamental na primeira metade de 2016 foi prova dessa prudência orçamental, em que uma necessidade de reforçar a credibilidade das finanças públicas angolanas numa altura em que o petróleo estava em mínimos fez com que a despesa executada fosse apenas 28% da planeada para o ano inteiro no Orçamento Rectificativo para 2016. 3. A descida das reservas internacionais pode impedir a manutenção do câmbio →→ Apesar da manutenção do câmbio a um nível que se pode considerar artificial em relação ao valor implícito da moeda angolana nos mercados paralelos, o Governo tem conseguido manter as reservas internacionais


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num patamar consideravelmente seguro. Ainda assim, a actual tendência de descida é preocupante, e pode levar à inevitabilidade de uma desvalorização. →→ Entre Junho de 2015 e Abril de 2016, as reservas líquidas internacionais têm rondado os USD 24 mil milhões. Porém, a partir de Maio registaram-se sucessivas descidas que fazem com que a reserva do Estado esteja agora somente em USD 21.0 mil milhões, representando cerca de 7 meses de importações de bens e serviços, outrora considerados pelas autoridades angolanas como um patamar de referência. Apesar de este rácio estar ainda acima dos 3 meses tipicamente considerados pelo FMI como o limiar da sustentabilidade para economias emergentes, a manutenção do ritmo de descida desde Abril (altura em que o câmbio deixou de desvalorizar significativamente) até Outubro implicaria que as reservas desceriam até esse nível em ano e meio (assumindo que as importações de bens e serviços se mantêm no actual nível, que será mínimo). Assim, uma continuada descida das reservas poderia levar a uma pressão para um alívio do câmbio.

→→ Em todo o caso, a intenção de Angola é claramente a de manter o câmbio, tal como indicado

pelo BNA no última reunião de política monetária (em que manteve as várias taxas de juro). Para além disso, a recente decisão por parte da OPEP de cortar na produção deverá, com o seu efeito de aumento de preço do petróleo, suportar esta estratégia, já que as reservas serão certamente beneficiadas num cenário de preços de petróleo mais elevados. Mesmo num cenário em que haja necessidade de desvalorização, é quase certo que esta não ocorrerá enquanto a inflação não chegar a níveis bastante mais brandos. →→ Finalmente, um comentário sobre a dívida pública, que, segundo o FMI, superará os 75% no final de 2016. Este patamar de dívida é seguramente arriscado para uma nação como Angola, o que é claramente ilustrado pela perspectiva de redução bastante gradual apresentada pelas previsões do Fundo, necessariamente devido à proporção dos juros nos futuros gastos Angolanos. →→ Assim, tudo estará dependente da evolução do preço do petróleo: se houver uma subida sustentada em 2017 para a casa dos USD 60, todo o cenário é mais facilitado para Angola, e torna-se mais possível a manutenção do câmbio. Mantemos, no entanto, a perspectiva,


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que mesmo com preços de petróleo mais elevados, a grave situação económica angolana implicará necessariamente algum alívio, e parte deste poderá ser originado num câmbio menos forte para a moeda angolana.

Portugal - Crescimento no 3º trimestre surpreende e afasta cenário de estagnação →→ Os dados do INE para o 3º trimestre mostraram uma aceleração bastante significativa, permitindo assim afastar um cenário de possível estagnação, após uma primeira metade do ano com um desempenho bastante mais fraco. O PIB cresceu 0.9% qoq (0.3% no 2º trimestre), o ritmo mais rápido desde o final de 2013. Em termos homólogos, a economia expandiu 1.6%, 0.7 pontos percentuais (p.p.) acima do trimestre anterior. Este desempenho foi causado em particular por uma melhoria no comércio internacional, que contribuiu com 0.7 p.p. para o crescimento homólogo: houve dois efeitos negativos a desvanecerem, com as exportações de bens para Angola a verificar uma quebra muito ténue em Setembro (a descida na primeira metade do ano foi de 44.5% yoy) e a descida das exportações de produtos petrolíferos também a suavizar (tinha sido prejudicada por uma paragem temporária numa das refinarias da Galp no início do ano); além disso, as exportações de bens para a Zona Euro (principal destino das exportações portuguesas) estão a acelerar gradualmente, tendo aumentado 5.9% no 3º trimestre (4.4% e 3.7% no 1T e 2T, respectivamente); por último os serviços turísticos estão a ser também um factor positivo muito importante – no 3T, os serviços de viagens e turismo (que representam cerca de metade de todas as exportações de serviços) aumentaram 9.4% yoy, acelerando em relação ao crescimento de 8.1% na primeira metade do ano, e fazendo com que o total das

exportações de serviços suba 1.9% entre Julho e Setembro, compensando assim a importante quebra na venda dos restantes serviços para o exterior. →→ O consumo privado observou uma aceleração do crescimento em 0.3 p.p. para 1.9% yoy, devido a uma maior subida no consumo de bens não duráveis e serviços. O consumo destes últimos subiu 1.5% (1.0% no T2), uma subida ao nível do verificado nos últimos tempos. É provável que a continuada reposição de rendimentos, junto com a melhoria sustentada no mercado de trabalho, continuem a potenciar esta melhoria no consumo, mas é expectável que o endividamento das famílias e a baixa taxa de poupança limitem esse crescimento. →→ O factor mais positivo prende-se com a menor descida no investimento: a formação bruta de capital fixo abrandou a quebra para -1.5% yoy, sendo que esta seria de apenas -0.5% se descontado o efeito extraordinário da venda de F16 à Roménia. O que é ainda mais importante, o investimento em máquinas e equipamentos interrompeu a série de 3 trimestres em queda e subiu 3.1% (teria subido 7.2% sem o impacto da venda referida), indicando um possível retomar de confiança na economia que trará mais investimento.


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Moçambique – Ritmo de crescimento económico historicamente baixo →→ Apesar da ligeira aceleração verificada no 3T deste ano, a actividade económica em Moçambique continua a crescer a um ritmo historicamente baixo. De acordo com os dados do gabinete de estatísticas moçambicano, no 3T o PIB cresceu 3.7% y/y, uma ligeira aceleração face ao valor revisto em baixa de 3.4% y/y no trimestre anterior (anteriormente estimado em 3.7% y/y). Assim, considerando os dados até ao momento disponibilizados, a economia cresceu, em média, 4.0% nos primeiros nove meses do ano, comparativamente a uma taxa de 6.8% em igual período do ano anterior. Este desempenho fica a dever-se ao sector terciário (4.4%), particularmente aos serviços financeiros, a par do sector primário, cujo crescimento se aproximou dos 5%. Em sentido contrário, o sector secundário registou um forte abrandamento, passando de uma taxa de crescimento a rondar os 10% no 2T para pouco mais de 2% no 3T. Em destaque esteve a contracção substancial no sector de electricidade e água (-12.1% y/y), numa dimensão não observada desde o 2T de 2013; uma possível explicação poderá residir no corte de produção de energia até ao final do ano, comunicada pela empresa Hidroeléctrica de Cahora Bassa SA, considerando a fraca afluência de água na albufeira, comprometendo o seu armazenamento, usado, posteriormente, na produção de energia. Esta decisão decorre dos efeitos que ainda se fazem sentir no país da situação de seca. →→ Considerando os últimos desenvolvimentos quanto à intenção de reestruturação de uma parte da dívida pública externa, duas das principais agências de rating emitiram novas avaliações. A S&P decidiu fazer um downgrade


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do rating de Moçambique, de CCC para CC, com uma perspectiva negativa. Em causa esteve a decisão do Governo em avançar com a intenção de reestruturar parte da dívida externa, que a agência de rating considera como equivalente a um default. Ao mesmo tempo, após a divulgação de um documento do Ministério da Economia e Finanças, onde dava conta da falha na amortização de uma parte do capital e pagamento de cupão

relativamente ao empréstimo concedido à MAM, de USD 535 milhões e que deveria ter sido pago em Maio, a Fitch desceu o rating de Moçambique de CC para RD (Restricted Default). Entretanto, alguns credores já se mostraram indisponíveis para aceitar a proposta de reestruturação da dívida nas condições apresentadas, o que pode tornar complicada a intenção do Governo em chegar a um acordo ainda este ano.


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grande reportagem

A ESTRATÉGIA PORTUGUESA DOS PRÓXIMOS DEZ ANOS PARA O AUMENTO DA COMPETITIVIDADE PORTUÁRIA Portugal é o país da bacia do Mediterrâneo com maior crescimento no turismo, 11,5%, o que permitiu a criação de 40.000 postos de trabalho no setor este ano. A cerimónia foi presidida pelo Primeiro-Ministro, António Costa, a sua divulgação esteve a cargo da Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino. Neste evento marcaram ainda presença o Ministro-adjunto, Eduardo Cabrita, o Secretário de Estado das Pescas, José Apolinário, o Secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme d’Oliveira Martins e a Secretária de Estado Adjunta do Primeiro Ministro, Mariana Vieira da Silva. A Ministra do Mar apresentou a Estratégia para o Aumento da Competitividade Portuária para os próximos dez anos, assente em três objetivos estratégicos em que o primeiro consiste na adequação

das infra-estruturas e dos equipamentos portuários à crescente procura, ao aumento da dimensão dos navios e à melhoria das ligações ao hinterland. O segundo objetivo estratégico engloba todas as medidas conducentes à melhoria das condições de operacionalidade das unidades portuárias e o terceiro objetivo e último consiste na criação de plataformas de aceleração tecnológica e de novas competências nos portos nacionais. O Governo estima que o investimento total para a implementação deste plano para o sector portuário cifra-se em cerca de 2,5 mil milhões de euros até 2026 e que permitirá criar cerca de 12


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mil postos de trabalho até 2030. A figura seguinte ilustra a repartição do investimento global e os

impactos esperados no incremento da carga movimentada.

Horizonte 2016 - 2026

Investimento: 24,5 M€ Crescimento: 30 M€ / Ano (+67%) Indústria Naval Investimento: 429,5 M€ Crescimento: 8,2 MTON (+44%)

Investimento: 77,6 M€ Crescimento: +15% PAX

Investimento: 24 M€ Crescimento: 1,2 MTON (+26%) Investimento: 36,1 M€ Crescimento: 933 MTON (+47%)

Investimento: 746 M€ Crescimento: 5,6 MTON (+49%)

Investimento: 25,2 M€ Crescimento: 4,5 MTON (+60%)

Investimento: 670 M€* Crescimento: 56,9 MTON (+130%) *Ao que acresce cerca de 470 M€ da 2ª fase do novo terminal de contentores Vasco da Gama

Investimento: 17,5 M€ Crescimento: 165 mPAX

Investimento: 2,1 / 2,5 ** MM€

**Inclui 2ª fase do novo termina Vasco da Gama em Sines.

Crescimento da Carga Total: 78 MTON (+88%)


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António Costa, Primeiro-Ministro de Portugal, Ana Paula Vitorino, Ministra do Mar de Portugal e José Luís Cacho, Presidente da APS - Administração dos Portos de Sines e do Algarve visitam o Porto de Sines

A Ministra do Mar aproveitou a ocasião para explicar que do valor de investimento total pretendido, 83% serão investimento privado, 11% oriundo do Orçamento do Estado e os restantes 6% terão origem em fundos comunitários. Segundo a governante, o cumprimento destes objetivos produzirá um aumento de 88% no volume total de carga movimentada nos portos nacionais e de 200% no que diz respeito à carga contentorizada ao mesmo tempo que a adoção de medidas de promoção da intermodalidade marítima, fluvial e terrestre terão como resultado uma diminuição do tráfego rodoviário de ligação entre portos em 20%. A sustentabilidade dos portos nacionais a médio/ longo prazo passa pelo investimento em inovação e na modernização do sector, através da disponibilização de recursos na formação, na I&D e na tecnologia, dado que estes são fatores críticos para a criação de novos negócios nas indústrias avançadas do Mar. Dentro desta visão de sustentabilidade

encontram-se ainda medidas conducentes ao aumento do volume de negócios e do grau de especialização da indústria naval nacional, bem como outras medidas orientadas a diversificação da oferta energética para o sector marítimo através da criação de uma rede de serviços de abastecimento de navios a GNL (Gás Natural Liquefeito) e no reforço da capacidade exportadora nacional por via do mesmo combustível. Segundo Ana Paula Vitorino o investimento em novas competências e o apetrechamento de plataformas de aceleração tecnológica nos portos nacionais conduzirão a um aumento de 50% no volume de negócios de atividades conexas/ transversais dos portos e ainda a um aumento do volume de negócios, também do mesmo valor, no que concerne à indústria naval. A governante apresentou num quadro resumo, que a seguir reproduzimos, as principais ações que se irão realizar nos próximos dez anos para cada porto.


16 REVISTA MOBILIDADE


17 NOVembro • DEZEMbro 2016

De todos os resultados esperados, enunciados pela Ministra do Mar, aquele mais se destaca diz respeito ao valor previsto para o movimento da carga contentorizada que acima mencionámos. O suporte para o aumento da carga contentorizada passa pelo investimento de 746 milhões de euros no novo terminal de contentores de Lisboa e em 429,5 milhões de euros de investimento para a construção do novo terminal de contentores em Leixões. Ainda no que concerne à carga contentorizada está previsto para Sines, com um investimento que rondará os 670 milhões de euros, a expansão do Terminal XXI mediante a construção da sua 3.ª fase, bem como o desenvolvimento de um novo terminal de contentores, designado por Terminal Vasco da Gama. Prevê-se que a concretização destes

projetos conduzirá a um aumento de cerca de 130% do volume de carga movimentada neste porto. De lembrar que, enquadrado no Plano de Investimentos em Infraestruturas Ferrovia 2020, apresentado pelo Ministério do Planeamento e das Infraestruturas, o Porto de Sines beneficiará do desenvolvimento do Corredor Internacional Sul (Sines-Caia-Madrid), que, conforme o Primeiro-ministro destacou, terá o seu início de construção em 2017. António Costa realçou a importância e o potencial dos portos portugueses enquanto impulsionadores da economia e salientou que “Portugal tem potencial para o crescimento da atividade portuária”.


18 REVISTA MOBILIDADE

actualidade

ZÂMBIA

ANGOLA

Angola e Zâmbia ligados por canal fluvial


19 NOVembro • DEZEMbro 2016

Angola tem feito uma aposta nas ligações aéreas, terrestres, marítimas e fluviais, não só aos países vizinhos, mas também a diversos países um pouco por todo o mundo, com os quais mantém relações comerciais e sociais. A mobilidade de pessoas e de bens é um forte pilar para o desenvolvimento de qualquer país e Angola não é excepção. Como resultado desta aposta, foi recentemente anunciada, pelo Ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás, a construção de um canal fluvial entre a sede do município do Rivungo (no Cuando-Cubango) e a localidade de Shangombo, na Zâmbia. Esta infraestrutura surge de um acordo celebrado entre o Ministério dos Transportes de Angola e o Ministério dos Transportes, Construção e Comunicações da Zâmbia. Com 10 quilómetros de extensão, 34 metros de largura e três de profundidade no rio Cuando, a construção ficará concluída no primeiro semestre de 2017, garantiu o titular da pasta dos Transportes. O canal vai fomentar as trocas comerciais entre os dois países, indo a ligação dispor de dois navios de passageiros, com capacidade para 25 pessoas cada e duas embarcações de carga de 10 toneladas cada. O Ministro, que efectuou uma visita àquele município, disse que projecto garante maior mobilidade e segurança durante a navegação e fomenta o intercâmbio comercial, político, cultural e social entre as populações dos dois países. O canal pode ainda ser

benéfico para o turismo, ao permitir que “turistas provenientes da Zâmbia entrem em Angola através do Rivungo, para poderem apreciar as belezas do projecto turismo transfronteiriço de Okavango-Zambeze e proporcionar mais colecta de receitas para o País”, acrescentou. O canal fluvial vai também dar resposta à melhoria das condições sociais, com a criação de postos de trabalho, obtenção de rendimentos pessoais e receitas fiscais, aumentar o comércio e serviços para minimizar os problemas da população que reside ao longo da fronteira. Por outro lado, a Zâmbia tirará igual partido desta infraestrutura, reforçando Angola como a porta de saída das exportações zambianas, nomeadamente de cobre para a Europa e Estados Unidos da América, que representam mais de 6% das exportações totais do País. Este projecto, a cargo de uma empresa sul africana, inclui a aquisição de equipamentos de sinalização, busca e salvamento, formação de quadros e a construção de pontes-cais nos dois lados para o embarque e desembarque de passageiros e mercadorias.


20 REVISTA MOBILIDADE

actualidade

GESTÃO DA CARRIS PASSA PARA A AUTARQUIA DE LISBOA Que medidas estão previstas para melhorar os transportes da capital portuguesa?


21 NOVembro • DEZEMbro 2016

O governo português e a Câmara Municipal de Lisboa assinaram, em 20 de Novembro do corrente ano de 2016, um memorando de entendimento de um novo modelo de gestão da Carris, empresa que opera os transportes públicos de superfície em Lisboa. “A Câmara Municipal de Lisboa está preparada para gerir a Carris. A empresa será dotada dos meios para funcionar corretamente”, afirmou o Presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, na cerimónia de assinatura deste memorando de entendimento. No início de Janeiro de 2017 deverá será promulgado, pelo Presidente da República, o diploma que conferirá, à Câmara Municipal de Lisboa, a propriedade e a gestão da Carris. Há muito que a autarquia defendia esta solução, como forma de melhorar os transportes na capital portuguesa, o que se apresenta, agora, como uma realidade, já para o início do próximo ano. Para se atingir essa melhoria, o conjunto de medidas anunciadas é muito amplo e cobre um leque mito diversificado de áreas de actuação. Passemos em revista algumas delas: Frota Durante os próximos 3 anos, está previsto o aumento e modernização da frota, com a aquisição de 250 novos autocarros, uns eléctricos, outros a gás, pelo que, segundo se espera, contribuirão para a redução das emissões poluentes em cerca de 40%.

Contratação de Motoristas Face ao aumento da frota, conforme referido, está prevista, em paralelo, a contratação e formação de 220 motoristas, para garantir que os novos autocarros entram em circulação

Rede de Bairros Está incluído no plano, o reforço da rede actual de autocarros, através da criação de 21 novas linhas, destinadas a satisfazer necessidades locais de transportes do dia-a-dia, designadamente assegurando as ligações a escolas, mercados, centros de saúde, farmácias, espaços comerciais e interfaces de transportes. Cada uma destas linhas foi pensada e desenhada com as freguesias respectiva.


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Corredores “Bus” Para além dos corredores reservados a transportes públicos, já existentes, prevê-se a criação de sete novos corredores “Bus” em percursos considerados estruturantes, servidos pelas principais carreiras da cidade. Esses corredores serão de alto desempenho, incluindo várias soluções, designadamente, uma faixa exclusiva para autocarros, sinalização semafórica que conferirá prioridade à circulação dos mesmos e redução de obstáculos. O objectivo anunciado é assegurar, nesses corredores, uma velocidade comercial de pelo menos 20km/h.

Sistema tarifário Está prevista a redução do preço dos transportes para alguns segmentos da população; assim, foi anunciado que o transporte será gratuito para crianças até aos 12 anos, enquanto que, actualmente, a gratuitidade aplica-se, apenas até aos quatro anos. Também, para as pessoas com mais de 65 anos, haverá uma redução do preço dos passes (os designados os “Navegantes”), que passarão a custar € 15 euros, em vez dos actuais € 26,75 euros.

Nova aplicação para telemóvel Neste âmbito, irá ser introduzida uma nova aplicação para telemóvel, que permitirá aos Clientes da Carris, saber em tempo real, quais os percursos que são mais rápidos e qual o tempo de espera pelo próximo autocarro e do trajecto do mesmo.

Wi-fi gratuito em toda a frota Esta é outra das novidades: espera-se que, até final do primeiro semestre, esteja instalado o sistema de wi-fi gratuito em toda a frota da Carris, o que visa permitir um melhor aproveitamento do tempo, nos percursos em transporte.


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Parques dissuasores: cerca de 4.500 novos lugares de estacionamento Com vista a diminuir o número de veículos a entrar diariamente na cidade e, simultaneamente, a incentivar o uso do transporte público, a Câmara Municipal de Lisboa prevê a criação de 4455 novos lugares de estacionamento, em parques dissuasores, situados na periferia da cidade e junto a importantes interfaces e com um tarifário simbólico, integrado no passe carris/metro.

A atribuição da concessão da Carris à Câmara Municipal de Lisboa não foi, contudo, um processo consensual. Muitos defendiam e continuam a

defender que a gestão da Carris deveria ser atribuída a um operador privado. Em 2015, o Governo anterior tinha lançado um concurso público para a concessão da Carris, por um período de 8 anos. Na sequência desse concurso, o relatório final do júri veio a confirmar a vitória do grupo espanhol Avanza. Entretanto, a Câmara Municipal de Lisboa tinha interposto duas providências cautelares. Com a entrada em funções do actual Governo, o processo foi travado, tendo vindo a ser anulada a decisão da concessão da Carris ao referido grupo espanhol. Esta foi uma das primeiras decisões formais do novo executivo, concretizando, assim compromissos eleitorais e assumidos no programa do Governo. É neste contexto que o memorando de entendimento Governo / CML foi assinado e o plano da autarquia para melhorar os transportes da Carris foi apresentado, conforme traços globais atrás mencionadas. Para os lisboetas, que residem na cidade, para aqueles que nela trabalham e para aqueles que a visitam, o que importa é que este plano se concretize e constitua uma alavanca decisiva para a melhoria dos transportes de Lisboa.


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actualidade

OPEP tenta controlar a oferta e condicionar o preรงo do crude Bpi paula gonรงalves carvalho economista chefe do departamento de estudos econ รณmicos e financeiros do bpi Agostinho Leal Alves departamento de estudos econ รณmicos e financeiros do bpi


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Na 171ª reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), de dia 30 de Novembro em Viena, foi ratificado o chamado “Acordo de Argel”, conseguido na Argélia na 170ª reunião, ocorrida no dia 28 de Setembro. Durante este período temporal foram desconhecidos os termos do acordo, sabendo-se somente que se pretendia uma redução da produção dos Estados-Membros e fixar um novo objectivo global diário. Perante as expectativas positivas, sabia-se que haveria dificuldades em fazer um acordo que agradasse a todas as partes. Possivelmente a relação mais difícil seria entre a Arábia Saudita, principal produtor da organização, e o Irão, recentemente regressado ao mercado depois do fim do embargo dos países ocidentais. Contudo, ambos comungavam no interesse de vender petróleo a um preço mais vantajoso, que permitisse arrecadar as divisas que “fugiram” no último ano. Assim, os 14 países da OPEP acordaram que a partir de dia 1 de Janeiro de 2017, o novo objectivo de produção total da organização passará a ser 32.5 milhões de barris por dia (mb/d), que compara com os cerca de 33.7 mbd verificados em Outubro, menos de 1.2 mb/d. Primeiro corte em oito anos. Em reacção, o preço do Brent, que no dia anterior era transaccionado nos $47, passou para os $53. Presentemente encontra-se nos $55. A questão é saber se tanto os novos valores para a produção, como os preços que estão a ser praticados no mercado internacional, são sustentáveis. Segundo informações divulgadas pelo secretariado da OPEP, tem vindo a diminuir o desequilíbrio entre a oferta e a procura mundial, nomeadamente se forem comparados os valores registados nos três primeiros trimestres de 2015 (valor médio) e os alcançados nos três trimestres correspondentes em 2016 (igualmente valor médio). E é curioso verificar que o valor médio da diferença entre oferta e procura nos três

primeiros trimestres de 2016 foi 1.1 mb/d e a OPEP decidiu reduzir a produção em cerca de 1.2 mb/d, como que assumisse a totalidade do desequilíbrio mundial e, desta forma, tornar o mercado equilibrado e sustentar os preços. É um facto que ao longo de 2016, o preço do crude tem vindo a formar uma tendência de subida sustentada. Em Janeiro registou-se o valor mínimo $27.10, área de preços que não era vista no mercado deste 2003 e, desde então, tem vindo a subir, tendo alcançado $54.53 após ter sido conhecido os termos do acordo. Ou seja, no período de um ano registou-se um agravamento de mais de 100% do preço do Brent. Outra questão prende-se com os efeitos em termos da produção noutros países fora da OPEP. De facto, quando a Arábia Saudita


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decidiu liderar este processo, mudando de estratégia (anteriormente era contra alterações nas anteriores quotas dos estados-membros), quis que outros países fora da organização seguissem a política de redução de produção e procurar um menor desequilíbrio. Neste âmbito, a Rússia decidiu aderir ao movimento de menor produção (pela primeira vez em quinze anos) e contribuir para a subida dos preços. Aceitou efectuar um corte de 300 mil barris por dia (kb/d), mas não deixou de subir a produção para valores máximos nos últimos meses, para tentar ganhar vantagem. Também alguns países da OPEP procederam da

mesma forma. (ver tabela). De facto, ao longo do ano e sobretudo nos últimos meses, países membros da OPEP aumentaram a sua produção: Arábia Saudita, Nigéria, Iraque, Líbia, Irão, etc. Com o “Acordo de Argel” é muito provável que o preço se venha a situar consistentemente acima do nível psicológico dos $50. É relevante referir que o acordo tem duração de seis meses. Passado este tempo será analisada a situação, nomeadamente as consequências que gerou ao nível do mercado, podendo ser decidido manter durante mais algum tempo, ou mesmo proceder a afinações tidas como necessárias.

Relataram-se conversações tensas em Viena, mas a OPEP surpreendeu os mais cépticos. A Arábia Saudita cedeu ao Irão, tendo agora sido fixada 3.8 mb/d a produção do Irão (superior aos valores anteriores), que passou a ter uma tratamento diferenciado face aos restantes países que foram receptivos ao facto de o país ter passado por um período de embargo penoso. A Nigéria e a Líbia, por seu turno, ficaram isentos de proceder a reduções das suas produções. São

países que estão a atravessar questões internas graves, a nível da própria integridade territorial. A Indonésia pediu suspensão temporária da OPEP por ser um importador líquido de petróleo e, assim, não quis aderir aos cortes de produção. Como maior produtor e detentor de maior capacidade produtiva, a Arábia Saudita acedeu proceder a um corte de 486 kb/d, para 10.1 mb/d, ou seja, um corte de cerca de 5%. Seguem-se o


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Iraque (2º maior produtor da OPEP) e os Emirados Árabes Unidos (com a 4ª posição) com cortes de 210 kb/d e 139 kb/d, respectivamente (igualmente cortes de cerca de 5%). O novo limite para o Iraque é 4.4 mb/d e para os Emirados Árabes Unidos 2.9 mb/d. O Irão (3º produtor), como já se referiu, foi-lhe permitido aumentar a produção para 3.8 mb/d, mais 90 kb/d. Acredita-se que levará algum tempo para que as novas regras sejam implementadas e surtam efeitos ao nível de um maior equilíbrio entre a oferta e a procura, com repercussão positiva nos preços. Há que contar ainda com os altos níveis de stocks que se foram acumulando ao longo do ano, embora se note já uma paragem nesse movimento. Se o crescimento económico mundial em 2017 for superior ao de 2016, e é o que indicam as previsões dos principais organismos internacionais, o consumo de petróleo deverá aumentar (também é a perspectiva da Agência Internacional de Energia)

e começar a balancear o mercado de forma mais ajustada. Desta forma, a fuga aos preços mínimos do preço do crude e a confirmação de uma tendência de subida deverá ser uma realidade. No curto/médio prazo, estamos a prever a evolução do preço do Brent a variar entre $55 e $60.


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actualidade

As áreas mais afectadas pela pirataria marítima em todo o mundo antónio costa Comandante da Marinha Mercante e Consultor Internacional em Transporte Marítimo


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A ameaça da pirataria marítima cresceu de forma exponencial nos últimos anos. Os canais noticiosos relatam, quase que diariamente, um novo incidente de pirataria, ataque a tripulações, saque e sequestro de navios e, até, ferimentos infligidos às tripulações, quando as exigências de resgate não são atendidas pelas autoridades. Tal como os piratas lendários que povoam as nossas histórias juvenis, os piratas modernos estão envolvidos na pilhagem e sequestro de navios para pedido de resgate, embora a sua forma de operar tenha mudado, dramaticamente, ao longo do tempo. Os modernos piratas usam óculos de visão nocturna, transportam metralhadoras pesadas AK-47 e lançadores de granadas, navegam com dispositivos GPS e usam lanchas sofisticadas, equipadas com lança morteiros pesados, para alvejarem os navios. Segundo relatos, os piratas somalis foram apanhados a atacar navios com lança morteiros russos de 82 mm, que podem atingir um navio até 5 quilómetros de distância. Os piratas modernos fazem hoje parte de gangues de crime organizado, que atacam navios de carga, sejam grandes ou pequenos, até mesmo navios de cruzeiros e iates privados. A propagação da pirataria marítima, nos tempos contemporâneos, não se restringe a uma determinada área ou zona marítima. Tornou-se fora de controlo em muitas partes do mundo. E embora com o mesmo objectivo, a pirataria marítima tem “as suas especializações”. Ao contrário dos piratas somalis – que, aliás, estão agora “quase fora do negócio” – os piratas do sul do Mar da China raramente, ou nunca, fazem reféns. O “negócio” deles consiste em roubar cargas de combustível líquido. E, na maior

parte das vezes, não são pequenos grupos ad hoc de aldeias costeiras, como as equipas somalis. Em vez disso, dizem os especialistas, são empresas criminosas, altamente organizadas, que recolhem informações, coordenam ataques, trabalham em equipas discretas, às vezes têm os seus próprios petroleiros e, depois, vendem o que roubam (a grandes empresas e a pré-arranjados compradores). Já a pirataria na costa nigeriana é bem diferente da somali. A insegurança marítima na África Oriental e Ocidental é consequência de circunstâncias socioeconómicas distintas e tem ramificações geopolíticas diferentes. Décadas de disfunções políticas e sociais deixaram a Somália sem um governo ou uma economia em funcionamento, enquanto a Nigéria é um país rico em recursos e com um sistema democrático de governação. Desde 2004, as forças navais da Nigéria têm conduzido operações conjuntas com parceiros regionais e globais para travar a pirataria e prender elementos criminosos nas suas vias navegáveis. Os piratas nigerianos e ladrões de combustível roubam uma média de 100 mil barris de petróleo por dia, elevando os preços globais da energia e custando ao governo nigeriano perto de 12 mil milhões de dólares de receitas anuais de petróleo. Por ironia, a pirataria ainda é legal na Nigéria... Ou, pelo menos, ainda não foi ilegalizada. Pontos “quentes” e rotas típicas do comércio marítimo mundial


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Os pontos quentes da pirataria hoje são o Oceano Índico, a África Oriental e o Extremo Oriente (incluindo o Mar da China Meridional), a América do Sul e o Caribe. Nos últimos tempos, descobriuse que os piratas estão muito activos nas águas entre o Mar Vermelho (particularmente no Golfo de Áden) e o Oceano Índico, ao largo da costa somali e no Estreito de Malaca. Há também relatos de ataques de piratas nos trechos sérvio e romeno do Rio Danúbio internacional, desde 2011. De acordo com algumas estimativas, os prejuízos em todo o mundo, devido à pirataria, podem atingir entre os 13 a 16 mil milhões de dólares, por ano. Nos últimos tempos, diminuíram os incidentes de brutal sequestro de navios ao largo da costa somali, que alimentaram as manchetes da imprensa global, em resultado do esforço multinacional para patrulhar as águas próximas ao Corno de África, evitando, assim, a continuação de ataques a navios. O Estreito de Malaca continua a ser um ponto quente para a pirataria nos nossos dias, embora nos últimos dois anos a área tenha visto uma queda dramática da pirataria, devido ao patrulhamento coordenado de forças da Marinha da Indonésia, Malásia e Singapura e ao aumento do nível de segurança a bordo dos navios. Outras grandes áreas propensas à pirataria são o Caribe (América Central) e a Baía de Bengala (no Oceano Índico). Segundo relatos, a pirataria no Oceano Índico está a ficar mais lucrativa e mais violenta, apesar de uma força naval anti-pirataria da UE a patrulhar a área, entre a Península Indostânica e o Golfo de Áden. O que se tem vindo a verificar, de uma forma geral, é que a pirataria tende a prosperar em locais que poderemos designar por “pontos de estrangulamento”. Por exemplo, o Canal do Panamá, a passagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico, tem atraído um número significativo de piratas. Somente em 2014, houve quarenta e

quatro incidentes de pirataria relatados na área. Este canal funciona como único ponto de trânsito importante para mercadorias que passam entre o Oceano Pacífico e o Golfo do México, Caribe e Oceano Atlântico a leste. Sem este canal, esses produtos seriam muito menos competitivos nos mercados mundiais, porque precisariam ser transportados pelo sul do continente da América do Sul, ou por via aérea ou terrestre, tornando os grandes comércios logisticamente menos viáveis. Os piratas modernos tendem a atacar navios de carga e navios de pesca, que têm mercadorias facilmente vendáveis no mercado negro e, portanto, raramente direccionam a sua atenção para navios de cruzeiro. Pequenos gangues de piratas, que não têm recursos para roubar a carga transportada, embarcam nos navios para roubarem quantias substanciais de dinheiro de caixa, destinados ao pagamento de salários e taxas portuárias, com uma tendência recente de sequestros de tripulantes para resgate. Em suma, quando a prevalência da pobreza numa determinada zona se combina com a sua adjacência a uma rota marítima importante e com falta de governança eficaz, isso cria a receita perfeita para a pirataria marítima. Abaixo descrevem-se algumas das áreas mais afectadas pela pirataria, onde o terror e a ameaça pirata atingiram proporções preocupantes: →→ 1. Estreito de Malaca: localizado no Oceano Índico, o Estreito de Malaca é uma área crucial para o comércio marítimo global e muito afectada pela pirataria marítima. Desde que o Estreito se tornou uma rota comercial primordial, ligando ao Canal de Suez e à Europa, além de ser uma das mais importantes rotas de navegação marítima Indo-Chinesa. No entanto, os esforços de colaboração entre as autoridades da Indonésia, Malásia e Singapura entretanto desenvolvimentos,


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permitiram reduzir os incidentes de pirataria nesta zona do mundo. →→ 2. Mar da China Meridional: principalmente malaios ou indonésios, os piratas marítimos no Mar da China Meridional estão considerados entre os piratas mais perigosos. A pirataria no Mar da China Meridional ocorre, principalmente, em áreas de jurisdição da Malásia, o que causa enorme preocupação às autoridades do país. →→ 3. Golfo de Áden: na entrada para o Mar Vermelho, o Golfo de Áden é outra área afectada pela pirataria marítima. O Golfo constitui uma importante rota comercial que conduz ao Canal de Suez e, geograficamente, posicionada muito perto de uma Somália anárquica. Os piratas Somalis causam enormes constrangimentos nessa rota de navegação, colocando inúmeros problemas às autoridades internacionais e às grandes empresas de transporte marítimo de todo o mundo. →→ 4. Golfo da Guiné: uma área emergente de actividades de pirataria, o Golfo da Guiné abrange uma grande parte da África do Norte e do Sul (até Angola). Trata-se de uma rota comercial muito importante (essencialmente, para os petroleiros) para os continentes europeu e americano, tornando-se um alvo preferencial para os malfeitores. De acordo com as estatísticas do Bureau Marítimo Internacional (IMB), até agora foram relatados cerca de 30 ataques embora, na ausência de uma definição adequada do termo “pirataria”, se especule que muitos ataques poderão não ter sido reportados. →→ 5. Benim: este país africano é mais uma área geográfica infestada de piratas marítimos. A

área foi listada como uma das áreas de alto risco em termos de transporte marítimo. A OMI tomou várias medidas para combater a pirataria marítima nesta área afectada, embora ainda não tenham sido observados resultados positivos. →→ 6. Nigéria: a Nigéria, na parte ocidental da África, é considerada uma colmeia de actividades de pirataria. A ameaça de pirataria é tão alta na região que foi classificada como uma das áreas mais arriscadas para o transporte marítimo de carga. O factor de cobertura de segurança fornecido pelas autoridades navais nigerianas também não é suficiente, levando a um aumento da pirataria marítima nesta área. Também tem sido relatado que, devido à extensa ameaça de pirataria, o transporte marítimo por todo o cinturão marinho da África Ocidental exige uma cobertura de seguro bem mais elevada para os bens transportados. Um dos principais pontos de distinção entre os incidentes de pirataria marítima que ocorrem na parte ocidental da África e na Somália é que os piratas que operam na África Ocidental operam a um nível organizativo inferior, quando comparados com os homólogos somalis e do extremo oriente. →→ 7. Somália: a principal razão para a pirataria marítima, que ocorre em proporções gigantescas na Somália, prende-se com a extrema pobreza na região, causada por guerras civis infindáveis, ineficácia do governo e vastos depósitos de resíduos marinhos – de natureza tóxica – existentes nas águas do mar da Somália. Segundo alguns pesquisadores, a moderna pirataria ao largo da costa da Somália poderá ter tido origem nos esforços de


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pescadores locais, que formaram grupos de vigilância para proteger as suas águas territoriais. Após a queda do regime de Barre, as embarcações estrangeiras de pesca industrial de Europa, da Ásia e de África transferiram-se, massivamente, para as águas somalis ricas em atum, o que provocou enormes perdas de captura pelos locais. Independentemente da sua origem, a pirataria marítima na Somália é uma causa de preocupação internacional, uma vez que grande parte dos seus habitantes acredita que esta actividade é a única opção disponível para fugir à pobreza e outros constrangimentos que a aflige. Devido à pirataria, têm subido, drasticamente, as taxas de prémio das apólices de seguro marítimo. →→ 8. Indonésia: a Indonésia também está entre as áreas mais afectadas por pirataria, no mundo. Algumas das áreas mais atingidas por esta actividade criminosa são Anambas, Natuna e as ilhas de Merundung, onde os piratas têm vindo a atacar navios durante a noite, em vez de com a luz do dia. A resposta punitiva das autoridades indonésias aos piratas capturados no país também é muito desadequada, suscitando grandes preocupações em todo o mundo.

→→ 9. Mar Arábico: o Golfo de Omã é uma das áreas no Mar Arábico que tem sido alvo preferencial dos piratas marítimos. No entanto, as organizações e autoridades internacionais têm mantido uma menor presença na cobertura de segurança fornecida nestas áreas, em comparação com a oferecida noutras áreas infectadas por pirataria, como o Golfo de Áden e as costas da Somália. Isto deve-se, principalmente, à limitação dos recursos navais disponíveis para fazer uma cobertura eficaz e devido à posição geográfica da área. →→ 10. Oceano Índico: as águas do Oceano Índico também têm sido palco de actos de pirataria marítima. Estes piratas são originários da Somália e têm causado problemas junto às costas indianas, bem como navios que navegam águas internacionais. O Oceano Índico é uma rota de navegação marítima inevitável, pelo que a natureza do problema é muito preocupante. →→ 11. América Latina e Caribe: tem-se assistido ao aumento no número de incidentes relatados nas águas da Colômbia, Venezuela, Honduras, Brasil e, no geral, em toda a América do Sul e Caribe. Os principais incidentes foram abordagens e assaltos a navios ancorados em Cartagena, Colômbia. Os restantes foram roubos a velejadores e a embarcações de recreio. O roubo de iates e de pequenas embarcações de recreio, embora conhecido por acontecer regularmente, envolvendo, muitas vezes, o uso da violência, raramente vem mencionado nas bases de dados internacionais. O actual declínio económico na Venezuela pode levar a um aumento da actividade criminosa no seu litoral.


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→→ 12. Sul da Ásia/Filipinas/Mar de Sulu: as Filipinas e a Indonésia acordaram, em Outubro de 2016, unir esforços no combate ao crime em alto mar, depois de uma onda de sequestros por parte de terroristas do grupo Abu Sayyaf nas águas entre os dois países. Pelo menos 25 marinheiros indonésios e alguns malaios foram sequestrados este ano por bandidos da Abu Sayyaf enquanto viajavam no mar de Sulu entre a Indonésia, a Malásia e as Filipinas. Este grupo armado (um ramo do Daesh), é conhecido por levar as suas vítimas para bunkers no sul das Filipinas e decapitar os cativos cujos governos não paguem resgate. →→ 13. Iémen: As acções dos rebeldes Houthi no Iémen e a resposta da coligação saudita continuam a afectar o comércio marítimo internacional, enquanto os relatos de potencial apoio marítimo iraniano aos rebeldes Houthi aumentam a tensão. A tentativa de ataque com recurso a mísseis contra navios de guerra norte-americanos em missão de fiscalização anti pirataria e contra um navio de transporte de LNG, nos corredores de tráfego internacionais transformou, nestes últimos dias, a área num “ponto quente” e concentrou a atenção mundial. →→ 14. Mar Mediterrâneo: no Mediterrâneo, a situação trágica sobre a migração em massa continua a dominar as notícias com histórias perturbadoras de perda maciça de vidas que está a afectar os navios comerciais, que têm de prestar assistência, juntamente com outros, às pessoas em perigo no mar. A situação política e militar extremamente instável na Líbia continua e está a ter um efeito perturbador sobre as operações normais de transporte marítimo e na crise humanitária da migração. Navios em portos Líbios têm sido alvo de bombardeio pelas

vietname: 27

índia: 13

nigéria: 14

malásia: 13 indonésia: 108

Fonte: IMB

No ano de 2015, 71% dos ataques piratas reportados ocorreram nestas cinco áreas

partes litigantes. Ameaças à navegação e outras tragédias ficam à espreita enquanto os traficantes agem secretamente e com barcos apagados à noite. A pirataria marítima é um crime que precisa ser abordado muito rapidamente nas instâncias internacionais. Embora os comités e organizações marítimas internacionais tenham vindo a fazer a sua quota-parte na resolução do problema, a ausência de um governo interno positivo e responsável nos países de origem dos piratas, torna a execução da justiça bastante difícil. Isso leva a uma maior disseminação destas actividades. No melhor interesse de toda a comunidade comercial, bem como das vidas envolvidas – tanto das tripulações, como dos circunstanciais piratas – precisam ser tomadas acções pró-activas de combate ao problema e à sua irradicação. Fontes: Dryad Maritime ICC – Câmara de Comércio Internacional IMB – International Maritime Bureau marineinsight.com/


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actualidade

Turismo em Portugal com crescimento recorde


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Portugal é o país da bacia do Mediterrâneo com maior crescimento no turismo, 11,5%, o que permitiu a criação de 40.000 postos de trabalho no setor este ano. O turismo em Portugal está a atravessar uma fase de expansão, com um crescimento 11,5% na atividade turística em 2016, face ao ano passado. Ana Mendes Godinho, Secretária de Estado do Turismo de Portugal afirma que “Estamos a viver bons momentos. Portugal registou um crescimento muito significativo em relação ao ano passado”. A também antiga vice-presidente do Turismo de Portugal fez um balanço da atividade do presente ano e assumiu que é impreterível que os momentos “não sejam efémeros”. O setor do turismo português assenta numa linha de estratégias dinamizadoras que têm dado frutos e posicionam Portugal nos lugares cimeiros das opções turísticas, no contexto dos países mediterrânicos. De acordo com informação dada a conhecer pela secretária de Estado do Turismo, o número de voos e de passageiros duplicou em dez anos, de 2005 a 2015. No que diz respeito ao emprego, o crescimento de 11,5% do turismo português possibilitou gerar 40.000 postos de trabalho. Quanto à estada em Portugal, o número médio de dias subiu de 3,1 para 3,8 dias em dez anos. A secretária de Estado reconheceu que ainda persiste a sazonalidade e as assimetrias regionais, pois 90% das dormidas são no litoral. Por isso, defendeu a necessidade de se trabalhar para conseguir “uma atividade turística sustentada que gere riqueza e emprego ao longo do ano”. Este ano, segundo disse, começou a haver uma inversão da situação com a criação significativa de emprego mais distribuído ao longo do ano. A governante lembrou ainda que as empresas do setor estão descapitalizadas e considerou

que a redução do IVA está a aliviar a respetiva tesouraria. Salientou, a propósito, os vários programas de apoio financeiro às empresas do setor, que estão em curso. Foram aprovados 230 projetos na área do turismo e foram pagos às empresas 34 milhões de euros para os respetivos investimentos. A aposta no ensino de qualidade foi também defendida por Ana Godinho, que anunciou a abertura de uma nova escola de turismo em Portimão. Neste contexto, o Turismo de Portugal quer esgotar capacidade das escolas e aumentar taxa de empregabilidade. O presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, referiu que entre os seus objetivos está o de esgotar as vagas nas escolas do organismo e aumentar a taxa de empregabilidade dos alunos, tendo a “ambição” de aumentar de 3.000 para 4.000 o número de alunos nas escolas. “A ambição é chegar aos 4.000 e esgotar a capacidade e aumentar a taxa de empregabilidade para 90%”, referiu o dirigente, acrescentando que


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atualmente esse número ronda os 82%/83%. O dirigente afirmou esperar uma “aposta clara” no currículo, alunos e na “própria estrutura física” de escolas, incluindo não só estabelecimentos do Turismo de Portugal, como outras escolas, universidades e politécnicos.

Em jeito de balanço de 2016 e de perspetivas para 2017, o responsável referiu que o enfoque do digital na promoção “tem sido uma aposta ganha”, mas que “não deve ser esquecido o ‘offline’ porque há mercados e países que precisam”, exemplificando com Espanha e França.

Turismo em Portugal em números Hóspedes

Dormidas

Taxas de Ocupação

Receitas

Proveitos Globais

+ 9,7%

+ 9,1%

54,2% / 66,8%

+ 10,3%

+ 16,7%

16.862,9 mil

48.118,2 mil

10.991,1 milhões

2.609,2 milhões

(Cama)

Entre os mercados de aposta, Luís Araújo reafirmou os Estados Unidos e a China, enquanto elencou como áreas a merecerem atenção no próximo ano o reforço do crescimento do turismo interno e o combate à sazonalidade. O dirigente aproveitou para afirmar que os últimos dados de inverno referem uma subida de mais de 25% de reservas de turistas britânicos em Portugal, com destaque para o Algarve. O crescimento verificado no Turismo em Portugal prende-se com a aposta ganha em diversas áreas e sectores complementares, tais como a Hotelaria, Infraestruturas de Transportes, Formação Profissional ou a Promoção Turística. A promoção do Turismo em Portugal tem vindo a ser intensificada, fruto do trabalho concertado entre o Turismo de Portugal e o Governo, com o desenvolvimento de campanhas um pouco por todo o mundo – da vizinha Espanha à China, dos Estados Unidos da América à Austrália.

(Quarto)

(euros)

(euros)

Por outro lado, a capital portuguesa aplicou em divulgação e promoção do turismo em Lisboa cerca de um terço das receitas geradas com a taxa turística – a qual entrou em vigor em Janeiro de 2016 – cobrada nas dormidas no município de Lisboa (em unidades hoteleiras e de alojamento local, mas também através de plataformas online tais como o Airbnb) e nas viagens aéreas com destino a Lisboa. Câmara de Lisboa indica que “o modelo de aplicação da taxa de chegadas, em vigor, está ainda a ser objeto de negociações com parceiros nacionais e internacionais”. A taxa, que reverte para o Fundo de Desenvolvimento Turístico de Lisboa (criado para financiar investimentos na cidade), já permitiu alocar 3,5 milhões de euros “para promoção e divulgação da cidade de Lisboa”, refere o município na mesma informação. Ao todo, este fundo vai suportar 18,2 milhões


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de euros em investimentos a realizar na capital até 2019, abrangendo projetos como a requalificação do Palácio Nacional da Ajuda, a criação do Museu Judaico de Lisboa, em Alfama, do Centro Interpretativo da Ponte 25 de Abril e do terminal de atividade marítimo-turística, na antiga estação fluvial Sul e Sueste, entre outros. Concelhos como Cascais, Porto e Vila Real de Santo António estão a estudar como criar e aplicar uma taxa semelhante à de Lisboa.

O Boom Turístico de Portugal Os números do boom turístico que Portugal tem conhecido são impressionantes. Portugal recebeu, em 2016, cerca de 11 milhões de turistas estrangeiros. Em termos de receitas, em 2005, Portugal tinha cerca de 4 mil milhões de euros/ano. Em 2011, obteve a marca de 8 mil milhões de euros. Este ano, Portugal chegou bem próximo dos 12 mil milhões (quase 11 mil milhões até Outubro). Ou seja, em cerca de 10/12 anos, as receitas triplicaram. Esta evolução vem em linha com o aumento do número de turistas. Por sua vez, os turistas estrangeiros gastam cada vez mais dinheiro em Portugal. Estima-se que no ano de 2016 tenham deixado cerca de 36 milhões de euros por dia, mais quatro milhões do que os gastos diários feitos no ano de 2015. O saldo da balança turística está perto dos 8 mil milhões de euros, uma vez que se calcula que os portugueses estejam a gastar

cerca de 3 mil milhões fora de Portugal. No que aos prémios e distinções diz respeito, em 2015, Portugal teve 151 prémios internacionais. Em 2016 já vai em 471! A Portugal como destino turístico impõem-se dois desafios: o primeiro é o de tornar este movimento estrutural, contínuo, duradouro e não meramente conjuntural ou ocasional; o segundo é o de levar a dimensão deste fenómeno, que reside principalmente em Lisboa, Porto e Algarve, cada vez mais ao resto do País. Quem o defende é Pedro Santana Lopes, ex-primeiro Ministro de Portugal, que referiu recentemente num seu artigo de opinião sobre o Turismo ainda que “Até agora não descobrimos nem minas de ouro nem petróleo. O nosso ouro e o nosso petróleo pode ser o turismo, se não o estragarmos. Essa é a principal questão, a de ter cabeça, bom senso, equilíbrio, capacidade de planeamento e de gestão. Oportunidades como esta raramente batem à porta dos países, também, por isso, têm de ser plenamente aproveitadas.”


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Estratégia Turismo 2027 O Governo português e o Turismo de Portugal estão já a preparar a “Estratégia Turismo 2027”, com o lema “Pensar o Futuro, Agir no Presente”. O mesmo está em consulta pública no site do Turismo de Portugal, IP em www.turismodeportugal.pt/ . O documento visa atingir os seguintes objetivos: →→ Assegurar estabilidade nas grandes prioridades para o Turismo nacional até 2027 →→ Promover uma integração das políticas setoriais →→ Gerar uma contínua articulação entre os vários agentes do Turismo →→ Dar sentido estratégico às opções de investimento Como tal, incidirá a sua acção tendo em conta os 10 Desafios Globais para uma estratégia a 10 anos que se colocam ao Turismo em Portugal: 1. PESSOAS Promover o emprego, a qualificação e valorização das pessoas e o aumento dos rendimentos dos profissionais do turismo. 2. COESÃO Mitigar as assimetrias regionais 3. CRESCIMENTO EM VALOR Crescer mais do que a concorrência em receitas turísticas 4. SAZONALIDADE Reduzir a sazonalidade 5. ACESSIBILIDADES Reforçar a acessibilidade ao destino Portugal e promover a mobilidade dentro do território

6. PROCURA Conhecer os mercados e adaptar as estratégias públicas e empresariais às tendências e alterações da procura 7. INOVAÇÃO Estimular a inovação e empreendedorismo 8. SUSTENTABILIDADE Assegurar a preservação e a valorização económica sustentável do património cultural e natural 9. SIMPLIFICAÇÃO Simplificar a legislação e tornar mais ágil a administração 10. INVESTIMENTO Garantir recursos financeiros e assegurar a sua adequada aplicação – fundos comunitários e outros financiamentos. A Estratégia Turismo 2027 prevê ainda acentar a sua linha de acção sobre os 10 activos de que dispõe: →→ Activos Diferenciadores: 1. Clima e Luz 2. Natureza e Biodiversidade 3. Água 4. História e Cultura 5. Mar →→ Activos Qualificadores: 6. Gastronomia e Vinhos 7. Eventos artístico-culturais, desportivos e de negócios →→ Activos Emergentes: 8. Bem-Estar 9. Living – Viver em Portugal →→ Activo Único – Transversal 10. As Pessoas


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Melhores acessibilidades marítimas, Maiores navios. Melhores ligações ferroviárias, Melhor janela única portuária, Menos burocracia.

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Inaugurado centro de treino para pessoal navegante Numa cerimónia presidida pelo Ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás, foi inaugurado, Luanda, nas instalações do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, o centro de formação para o treino de salvamento e evacuações, combate a fogos e sobrevivência em água. O empreendimento, propriedade da LUNAARDT, empresa privada dedicada à formação do Pessoal Navegante de Cabine (PNC) e Pessoal Navegante Técnico (PNT), surge como forma de dar cumprimento às recomendações da ICAO e do INAVIC. No acto de inauguração, a Presidente do Conselho de Administração da LUNAAR-DT, Ana Paula dos Santos, manifestou a sua satisfação pela conclusão do projecto que, apesar de provisório,

TRIPULANTES DO NOVO AVIÃO DA TAAG

vai permitir alcançar os objectivos preconizados. Reconheceu que, apesar das dificuldades enfrentadas para a instalação deste centro provisório de treino, o mesmo vai ajudar a reduzir os gastos da TAAG no referente ao treino do pessoal navegante. Informou que, no âmbito do projecto de construção do centro de treinamento, a LUNAAR-DT adquiriu um Boeing-737 e um Raio-X com o objectivo de transformar o avião num simulador para o treino dos formandos, que será no futuro posicionado nas instalações do centro definitivo, cujas obras terão início em princípios de 2017. Desde 2012, o centro da LUNAAR-DT formou mais de 200 navegantes, além de ter prestado treino a alguns membros da tripulação que tinham a sua certificação vencida.


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Criada Associação de Segurança da Aviação Civil Foi recentemente constituída, em Luanda, a Associação de Segurança da Aviação Civil de Angola, (ASACA) com o objectivo de ajudar a melhorar a segurança nos aeroportos e no espaço aéreo nacional. No acto, que decorreu no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, José Mendes de Carvalho foi eleito presidente da referida organização que está apostada no reforço da segurança na aviação civil. O presidente eleito disse que a associação surge no quadro do Plano Nacional de Desenvolvimento da Segurança da Aviação Civil (PNSAC). “A ASACA tem, também, como objectivo ajudar a ENANA - Empresa Nacional de Exploração de Aeroportos e Navegação Aérea a implementar as políticas traçadas pelo PNSAC, consubstanciadas no Programa Internacional de Segurança da Aviação Civil (AVSEC), com vista a optimizar a solidez da aviação civil nacional”, reforçou.

Avião da TAAG a caminho de Maputo O voo inaugural da TAAG, Linhas Aéreas de Angola, na rota Luanda/Maputo/Luanda, deixou, recentemente, a capital do país, com convidados a bordo num serviço de relações públicas oferecido pela companhia. Embarcaram, no Boeing 737-700 NG que doravante vai fazer a ligação entre as duas capitais lusófonas, vários convidados entre altos funcionários do Ministério dos Transportes e da companhia angolana de bandeira, com destaque para o seu Presidente do Conselho de Administração, Peter Hill. O voo DT 581/2 passa a cobrir, todas as quartas e sextas-feiras, a referida rota com previsão de saída de Luanda às 09h50 e regresso às 20h10 do mesmo dia. A TAAG atende, actualmente, 17 destinos domésticos e 25 internacionais, em África, América do Sul, Europa e Asia, com uma frota composta de 13 aeronaves, das quais oito são do tipo Boeing 777. A companhia opera nas linhas de Lisboa, Porto, Pequim, Dubai, Rio de Janeiro, São Paulo, Havana, Cidade do Cabo, Joanesburgo, São Tomé, Praia, Brazzaville, Bangui, Douala, Harare, Windhoek e, a partir de agora, Maputo.


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Segurança e saúde são catalisadores de qualidade no trabalho Mário Domingues, Secretário de Estado dos Transportes para a Aviação Civil, afirmou recentemente em Luanda que “ a segurança e a saúde no trabalho sempre se perfilaram como catalisadores da melhoria da qualidade do trabalho e da competitividade”, no âmbito da na cerimónia de abertura do Seminário sobre Prevenção de Acidentes, Segurança e Saúde no Local de Trabalho, promovido pela ENANA. O Secretário de Estado assegurou que o facto está comprovado nos vários indicadores de qualidade do trabalho e de competitividade, independentemente da sua origem social ou técnica. Um mercado de trabalho que funcione bem implica condições justas, incluindo de proteção à saúde e à segurança laboral, reforçou Mário Domingues. Acrescentou, ainda, que, boa saúde e segurança no trabalho podem ajudar a impulsionar a coesão social, combater a exclusão, promover a reintegração no mercado de trabalho, melhorar a empregabilidade e reduzir o impacto da reforma antecipada. Esclareceu que este seminário trará contribuições que resultam de propostas viáveis, conducentes à

Mário Domingues, Secretário de Estado para a Aviação Civil

melhoria da segurança e saúde no trabalho, além de constituir uma oportunidade para o lançamento da discussão pública do tema e da apresentação das estratégias de prevenção de riscos emergentes, derivados das grandes mudanças estruturais. Participam no evento, promovido pela ENANA – Empresa Nacional de Exploração de Aeroportos e Navegação Aérea, membros do Conselho de Administração, Directores, Chefes de Gabinete, de Departamento e de Divisão, entre outras individualidades.

Automobilistas e peões sensibilizados sobre prevenção rodoviária A Direcção Provincial da Juventude e Desportos promoveu, no Sumbe, uma campanha de sensibilização aos automobilistas e peões sobre a prevenção rodoviária e como circular pelas estradas, com vista a evitar acidentes durante a quadra festiva. O Chefe de Departamento da Juventude, Cawarloni Fernando Maurício, afirmou que a campanha teve como objectivo sensibilizar e aconselhar os automobilistas e piões a redobrarem as medidas de segurança contra a sinistralidade rodoviária. A campanha foi realizada nas principais artérias da cidade do Sumbe e se consubstanciou em conselhos úteis aos automobilistas relacionados com o uso obrigatório do cinto de segurança, cedência de prioridades e não condução em estado de embriagues.

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Soyo terá novo terminal fluvial de transporte Será construído, nos próximos meses, no município do Soyo, província do Zaire, um novo terminal fluvial terrestre, adstrito ao IMPA – Instituto Marítimo e Portuário de Angola. O auto de consignação da empreitada foi rubricado recentemente pelo Director Geral do IMPA, Victor Alexandre de Carvalho, e o representante da CHEC – China Harbour Engeneering Company, Lda, Song Linfu, na presença do Ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás, e do Governador do Zaire, José Joana André “Joanes”. Ao intervir no acto, Augusto da Silva Tomás afirmou que a infra-estrutura a ser erguida marca um momento especial na vida produtiva da província do Zaire.

Referiu que o sector investiu na área da salvaguarda da vida humana no mar e está agora a implantar infra-estruturas terrestres que vão ajudar a alavancar a economia nacional. Por seu turno, o governador do Zaire José Joana André, destacou a importância do terminal a ser erguido no Soyo, que vai acomodar embarcações do tipo catamarã e ro-ro para o transporte de passageiros e cargas diversas. O terminal terá ainda um edifício principal com os seus respectivos espaços comerciais. A empreitada de construção e apetrechamento do terminal fluvial e terrestre do Soyo foi adjudicada à empresa China Harbour Engineering Company LDA e tem o IMPA como representante do dono da obra.

cerimónia de auto de consignação da empreitada


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Comboio do CFB transporta mais de 200 mil passageiros em nove meses O CFB – Empresa do Caminho de Ferro de Benguela, EP transportou 288.498 passageiros, de Janeiro a Setembro do corrente ano. Quem o confirmou foi o representante no Moxico no Conselho de Administração do CFB, Fernando António Prata. O responsável disse que os passageiros do CFB são na sua maioria comerciantes que efectuam trocas comerciais do litoral, do Lobito (Benguela) ao Luau (Moxico), a última estação, na fronteira com a República Democrática do Congo (RDC). No mesmo período foram transportadas 20.657 toneladas de mercadorias, com destaque ao feijão, a fuba de milho, tomate, batata-rena,

repolho, alho, cebola, bebidas, cimento, gás butano e combustível. Sem revelar o montante arrecadado para os cofres de Estado, disse que o terceiro trimestre foi o mais rentável, durante o qual foram transportados de comboio 111.801 passageiros. No sentido inverso, o representante do Conselho de Administração disse ter sido transportado para o centro e litoral do País, com maior incidência, o peixe da água doce, mel e o bombo. Do Lobito (Benguela) ao Luau (Moxico), o comboio tem duas frequências semanais e diariamente são transportados 900 passageiros, com as passagens a variarem dos 2.000 a 6.000 kwanzas.


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Projectos Estruturantes do Sector dos Transportes são prioridade do Executivo A conclusão dos projectos estruturantes no Sector dos Transportes, em curso no País, nomeadamente no sub-sector rodoviário, ferroviário, aéreo, marítimo e portuário, bem como a contínua formação de quadros constituem os principais desafios do Ministério dos Transportes em 2017. A afirmação é do Ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomas e surge no contexto do balanço feito da actividade realizada no Sector, no ano em curso. O governante referiu que a conclusão destes projectos vão ajudar a aumentar a capacidade de transportação de pessoas e mercadorias em todo País, contribuindo, de forma decisiva, no desenvolvimento da agro-pecuária, pescas, indústria mineral e transformadora, assim como outras áreas que ajudam alavancar a economia nacional. No que concerne ao sector marítimo e portuário, o Ministro destacou o projecto da rede de cabotagem, que vai ligar as províncias de Cabinda/Zaire/ Luanda através de terminais marítimos, terrestres

e fluviais destas regiões e servirão de embarcações para transporte de passageiros e cargas. Augusto da Silva Tomás referiu igualmente a conclusão do projecto de construção do novo Aeroporto Internacional de Luanda, o Aeroporto do Cuito (Bié) e o programa de reabilitação, modernização e ampliação do Aeroporto de Cabinda, assim como consolidar o processo de reestruturação da TAAG e da Empresa Nacional de Navegação Aérea (ENANA). Afirmou que, no sector ferroviário, especial atenção vai recair na conclusão do Centro de Formação Profissional do Caminho de Ferro de Luanda, Benguela e Moçâmedes, bem como a criação de mais locomotivas para aumentar a capacidade de transportação de pessoas e bens. A nível específico da província de Luanda, avançou, vai se concluir o projecto da segunda via Bungo/Baia e o ramal que vai ligar Baia/Novo Aeroporto de Luanda, bem como a construção de cinco estações ferroviários de Luanda.

Ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás


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Director dos Transportes do Moxico considera o funcionamento do sector estável e regular O Di re c t o r P ro v i n c i a l d o s Tra n s p o r t e s , Telecomunicações e Tecnologias de Informação do Moxico, Cândido Celestino Cangolo, considerou, recentemente, no Luena, que o funcionamento do Sector que dirige está bastante estável e regular, o que facilita a movimentação de pessoas e mercadorias em toda extensão territorial da região. O responsável destacou a circulação dos meios de transportes rodoviários, ferroviários e aéreos, permitindo igualmente a ligação desta Província com o resto do País, o que contribui para o desenvolvimento da actividade comercial e turística na Região. Adiantou que, por inexistência dos meios de transportes públicos urbanos na cidade do Luena, no período em análise, a Direcção dos Transportes limitou-se à regulação, supervisão e acompanhamento das actividades das associações de taxistas e operadoras particulares,

que minimizam a transportação dos munícipes a nível da cidade. Para o próximo ano 2017, de acordo com o Director Provincial, o sector que dirige pretende incentivar a operacionalidade das rotas dos transportes intermunicipais e inter-provinciais para o transporte de passageiros, isso caso se ultrapasse a situação de contenção económica que o País vive.

Sector dos transportes arrecada mais de 600 biliões de kwanzas no Bié A Direcção dos Transportes do Bié arrecadou para os cofres do Estado 624.038.069.000 Kz com a cobrança de passagens e mercadorias dos comboios do Caminho de Ferro de Benguela (CFB) na Província. Este valor representa um acréscimo de 35 biliões, em comparação ao período anterior. A informação foi prestada recentemente à imprensa, no Cuito, pela Directora Provincial dos Transportes no Bié, Marta Artur, sublinhando que o CFB transportou 365.175 passageiros (mais 77 mil em relação ao período anterior) e 47.563 toneladas de mercadorias diversas.

O CFB prevê colocar em circulação em 2017 novos comboios para potenciar a arrecadação de mais receitas para os cofres do Estado.

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Ministro dos Transportes trabalha na província da Lunda Sul O Ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás, esteve durante dois em Saurimo (Lunda Sul) onde, entre outras questões, radiografou o sector na Província. O Ministro foi recebido no Aeroporto Deolinda Rodrigues pela Governadora da Província da Lunda Sul, Cândida Narciso, bem como membros do seu pelouro e funcionários da Direcção dos Transportes. O Ministro orientou ainda uma palestra sobre a Rede Nacional de Plataformas Logísticas, onde foram abordados temas relacionados à macro e micro economia, estratégias de segurança

aeroportuária, bem como apresentados projectos do sector para o ano económico 2017. A conferência abordou questões como as linhas mestras da estratégia para a saída da crise e regime jurídico da Rede Nacional de Plataformas Logísticas. Participaram na conferência membros do Governo local, autoridades tradicionais, eclesiástica, efectivos da ordem e segurança, juristas, economistas, estudantes, empresários, entre outros convidados. O Ministro esteve recentemente, na província da Lunda-Norte, com os mesmos objectivos.

Ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás


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Sector dos transportes contribui no desenvolvimento da província da Lunda Sul A Governadora da Província da Lunda Sul, Cândida Narciso, ressaltou recentemente que a implementação de projectos do sector dos transportes têm contribuído para o desenvolvimento da Região e no crescimento da economia. A Governadora fez este reconhecimento quando intervinha na abertura da conferência sobre “Rede Nacional de Plataformas Logísticas - o caso da Lunda Sul”, promovida pelo sector em colaboração com o Governo local, dirigida às autoridades locais. Para Cândida Narciso, a construção e modernização do Aeroporto Deolinda Rodrigues e a aquisição de equipamentos ligados ao sector dos transportes rodoviários e aeroportuários constituem a base para o relançamento e

desenvolvimento económico da Província. O sector dos Transportes deve continuar nas prioridades dos investimentos do Governo, a julgar pela contribuição que pode dar no crescimento rápido da economia e no bem-estar das populações, adiantou.

Angola apresenta estratégias do turismo nacional em Marrocos O Secretário de Estado do Turismo, Alfredo Kaputo, apresentou, na cidade de Marrakesh, em Marrocos, as “estratégias do turismo nacional”, durante uma mesa redonda sobre o Turismo, cujo evento contou ainda com os Ministros do Turismo da RD Congo, Cabo Verde, Nigéria, Níger e Gâmbia. Na ocasião, Alfredo Kaputo apresentou a entrada em vigor do Plano Director do Turismo, os três pólos de desenvolvimento turístico (Kalandula, Cabo Ledo e Bacia do Okavango), bem como o projecto transfronteiriço Okavango Zambeze. Apresentou, também, o plano operativo para o turismo 2016/2017 com vista à saída da crise, ressaltando que o mesmo constituirá

uma ferramenta de inclusão social e factor de contribuição para o desenvolvimento da economia.

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Baía Farta aposta no relançamento do turismo A Administradora Municipal da Baía Farta, província de Benguela, Maria João, defendeu a necessidade do relançamento do turismo na região, com vista ao desenvolvimento do Município. Maria João, que falava no acto alusivo ao 51º aniversário da elevação da Baía Farta à categoria de Concelho administrativo, considerou que as potencialidades turísticas do Município, bem exploradas, poderão contribuir para a diversificação da economia. Adiantou ainda que a crise económica e financeira provocou a redução de projectos e acções da administração municipal, daí toda a necessidade de se investir no Turismo.

INFOSI prevê acesso de três mil cidadãos a inclusão digital Cerca de 3.000 mil angolanos em todo País terão acesso às novas tecnologias, anualmente, em função da primeira unidade que permite levar conhecimento a localidades remotas. Manuel Homem, Director-Geral do Instituto Nacional de Fomento da Sociedade de Informação (INFOSI), fez a apresentação pública, em Luanda, do projeto “Andando com as TIC”. Referiu tratar-se de duas viaturas todo terreno, equipadas com infraestruturas de tecnologia de informação e comunicação, financiadas pela União Europeia e pelo Instituto Camões. Fez saber que estas unidades móveis estão localizadas centralmente e em diferentes províncias, já tendo trabalhado em Benguela,

Malange e Cuanza Sul, fazendo a cobertura do projecto de massificação e inclusão digital, que a instituição tem tal como Angola digital, Angola on-line, bem como outros projectos que implicam a fomentação deste acesso. Por seu turno, o Ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, José Carvalho da Rocha, reconheceu o dever e a obrigação de cada vez mais promover-se o uso das tecnologias de informação e comunicação e que, através deste instrumento, pode-se facilmente levar os serviços às populações e promover o desenvolvimento da sociedade. O projecto disponibilizará condições para os cidadãos aderirem à utilização das novas tecnologias através de cursos de curta duração, acesso a conteúdos na Internet ou a prestação de serviços públicos online com suporte da infraestrutura existente. O Projecto prevê a disponibilização de duas viaturas equipadas com 15 computadores cada, acesso à Internet, mesas e cadeiras desdobráveis, programas interactivos educacionais de matemática, geografia e ciências, jogos interactivos e aplicativos de uso geral. As viaturas serão fixadas nas províncias do Namibe e do Uíge.

MANUEL HOMEM, DIRECTOR-GERAL DO INFOSI


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Inventores China fornece angolanos equipamento prestigiam o País ferroviário a Angola internacionalmente A empresa China Railway International Group vai O mundo da criação e da invenção em Angola ganhou, em 2016, reconhecimento consolidado a nível nacional e internacional, com a conquista de quatro medalhas de ouro, duas de prata e cinco de bronze, na 68.ª Feira Internacional de Ideias, Invenções e Novos Produtos, realizada em Nuremberga, Alemanha, totalizando 11 e igualando o número de 2015. A distinção é fruto do trabalho que o Ministério da Ciência e Tecnologia (MINCT) tem vindo a empreender desde 2009, em prol dos inventores, que já conquistaram 59 medalhas nos eventos internacionais. A conquista angolana levou a Associação Brasileira dos Inventores e Inovadores, Cientistas Empreendedores e Inovadores (ABIPIR) a reconhecer o envolvimento do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, no desenvolvimento deste sector no País. A par destas realizações, há que destacar as obras finais do Centro de Controlo e Missão do primeiro satélite angolano “Angosat1”, em Cacuaco, que, até aos últimos meses de 2016, se encontrava a 80%.

fornecer equipamento ferroviário a Angola para apetrechar as oficinas das Empresas dos Caminhos de Ferro de Luanda, Benguela e Moçâmedes. Segundo refere a imprensa internacional, o contrato de fornecimento para as três empresas estatais custou cerca de 41 milhões de euros ao País. Recorde-se que Angola investiu cerca de 3,1 mil milhões de euros entre 2005 e 2015, na reabilitação dos seus 2.612 quilómetros da rede ferroviária, destruída pela guerra civil e que foi assegurada, também, pelas empresas chinesas China Railway Construction Corporation, China Railway 20 Bureau Corporation e China Hyway.

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União Europeia revela nova ‘Lista Negra’ de Companhias Aéreas Nos próximos seis meses a chamada ‘lista negra’ da aviação europeia incluirá 193 companhias aéreas certificadas em 18 países pela falta de segurança das autoridades competentes nessas nações, entre as quais se encontram Afeganistão, Guiné Equatorial, Libéria e Sudão. As companhias de aviação registadas na Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Moçambique continuam impedidas de aterrar ou sobrevoar espaço aéreo europeu, pois continuam a integrar a ‘lista negra’ da União Europeia, por não cumprirem com os padrões internacionais de segurança. A última lista, revista e atualizada, prevê também restrições a alguns aviões das companhias angolanas. Contudo, todas aeronaves Boeing (B737 e B777) podem pousar em aeroportos europeus e voar no espaço aéreo da União Europeia UE. Nesta última listagem, revelada no dia 8 de dezembro, a UE retirou “todas as companhias aéreas certificadas no Cazaquistão”. O Executivo comunitário, no entanto, introduziu nessa lista, que abrange agora 193 companhias, a iraniana Iran Aseman Airlines por “deficiências desatendidas”, indicou a Comissão Europeia em comunicado. A Comissão Europeia restringe as operações de companhias aéreas de países que, como tais, não se encontram na lista, como é o caso da Iran Aseman Airlines, Iraqi Airways (Iraque) e Blue Wing Airlines (Suriname). Também limita os voos chegando ou saindo da UE de várias companhias aéreas a certos tipos de aeronaves no caso de Afrijet e Nouvelle Air Affaires SN2AG (Gabão), Air Koryo (Coreia do Norte), Air Service Comores (Comores), Iran Air (Irão) e TAAG Angola Airlines (Angola).

cabo verde

TACV será privatizada em 2017 O Primeiro-Ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, prevê a concretização, em 2017, do processo da privação da companhia aérea nacional TACV – Transporte Aéreos de Cabo Verde. “Em 2017, nós vamos concretizar o processo de privatização da TACV, mas temos em cima da mesa da concessão dos portos, um processo que nós herdamos e temos outras empresas que estarão em fase de avaliação. Mas em fase mais adiantada está o da TACV que será concretizado em 2017”, afirmou. Ulisses Correia e Silva disse, ainda, que, no que se refere à companhia aérea internacional da Guiné Equatorial, que tem sido apontada como possível interessada na TACV, existe apenas um acordo comercial. “Com a empresa da Guiné Equatorial existe é um acordo comercial que nada tem que ver com a privatização e reestruturação da TACV”, reforçou o Primeiro-Ministro. A companhia área é detida a 100 por cento pelo Estado Cabo-verdiano e conta com mais de 50 anos de existência. A companhia está altamente endividada e em risco há vários anos, sendo neste momento considerada pelo Governo um risco fiscal para o País.



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Emirates terá serviço para transporte de automóveis A Emirates lançou a ‘Emirates SkyWheels’, um serviço de transporte especializado para automóveis de grande valor. O serviço será prestado pela Emirates SkyCargo, companhia aérea internacional de carga da Emirates. Com esta oferta, a Emirates SkyCargo irá oferecer, em toda a sua rede, soluções de transporte de veículos como carros clássicos, de luxo e carros desportivos. Os passageiros que queiram transportar os seus carros podem escolher entre a Emirates SkyWheels Premium e a Emirates SkyWheels

Advanced. Os pacotes personalizados de produtos Premium garantem o transporte do veículo desde o local de origem até ao destino escolhido. O serviço também inclui a recolha do veículo em casa do passageiro e entrega no local de destino, bem como o tratamento dos processos burocráticos para que o veículo possa realizar a viagem até ao destino. A preparação dos documentos e do seguro automóvel para circulação no destino está igualmente disponível na opção Premium.


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cabo verde

Ryanair iniciou voos regulares de Lisboa para a Ilha Terceira A Ryanair, companhia irlandesa de baixo custo, iniciou, no princípio de Dezembro, a operação regular de quatro voos semanais entre os Aeroportos de Lisboa e das Lajes, na ilha Terceira, nos Açores. “As vendas entre a Terceira e Lisboa, que começámos hoje com este voo, estão a funcionar muito bem. A prova é que o avião chegou praticamente completo”, adiantou José Espartero, Diretor Comercial da Ryanair na Península Ibérica. “O avião aterrou nas Lajes cinco minutos antes do previsto, com 184 passageiros, com apenas cinco lugares vagos”, concluiu. Segundo José Espartero, a resposta dos clientes à nova rota foi “muito positiva”, à semelhança do que já tinha acontecido para a ilha de São Miguel, cuja operação se iniciou no ano passado. “Os resultados foram muito bons e estamos convictos de que a Terceira vai ser um êxito também”, salientou, acrescentando que “os Açores estão na moda” e são considerados “um dos destinos preferidos a nível mundial” para o próximo ano. A maior parte dos passageiros do voo inaugural, ouvidos à chegada, disse que visitava pela primeira vez a ilha Terceira, apontando o preço dos bilhetes como fator de escolha da companhia aérea. Um dos passageiros foi o Ministro da Economia de Portugal, Manuel Caldeira Cabral, que realçou a importância desta operação aérea de baixo custo para o desenvolvimento do turismo na ilha Terceira. “Os Açores foram a região do país onde o turismo mais cresceu no ano passado e que está a ter um impulso muito grande do desenvolvimento. O que queremos é que mais ilhas dos Açores beneficiem

deste potencial de desenvolvimento e a ilha Terceira não podia ficar de fora desta oportunidade enorme que é o turismo nos Açores”, frisou, em declarações aos jornalistas. “Estou convencido que dentro de um ano, dois, três anos, este destino vai compensar. É muito interessante ver que nesta altura do ano o voo vinha cheio e as perspetivas que nos foram transmitidas é de que os voos dos próximos meses estão com uma boa ocupação e estão até a surpreender pela positiva”, salientou o Ministro. Por sua vez, o vice-presidente do Governo Regional dos Açores, Sérgio Ávila, destacou o “trabalho árduo, intenso e silencioso” das negociações com a companhia área, alegando que se iniciou hoje uma “nova etapa” no desenvolvimento económico da ilha Terceira.

aeroporto ilha terceira, açores

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Qatar Airways compra 10% da LATAM Airlines A Qatar Airways e o Grupo LATAM Airlines S.A., constituído por diversas companhias aéreas líderes na América Latina, anunciaram a entrada da Qatar Airways, por meio da sua subsidiária Qatar Airways Investments (UK) Ltd. (denominada correntemente por ‘Qatar’), na estrutura proprietária da LATAM. Tanto a Qatar Airwais como o Grupo LATAM são membros da aliança Oneworld.

A Qatar procedeu à aquisição de um total de 60.837.452 ações, que equivalem a 10% do total do capital social do grupo aéreo latino-americano. A entrada da Qatar na estrutura proprietária da LATAM representa uma oportunidade única para o desenvolvimento de uma relação de longo prazo e para a exploração de novas oportunidades de conectividade com a Ásia e o Oriente Médio.

Grupo LATAM Airlines tem uma frota de 322 aviões comerciais LATAM Airlines Group S. A. é a nova denominação da LAN Airlines S. A., resultado da sua associação com a companhia brasileira TAM S. A. O LATAM Airlines Group S. A. agora inclui a LAN Airlines e as suas filiais no Peru, Argentina, Colômbia e Equador, e a LAN CARGO e as suas filiais; bem como a TAM S. A. e as suas filiais TAM Linhas Aéreas S. A., incluindo as suas unidades de negócios, TAM Transportes Aéreos del Mercosur S. A. (TAM Airlines (Paraguai) e Multiplus S. A.

Esta associação gera um dos maiores grupos de companhias aéreas do mundo em malha aérea, oferecendo serviços de transporte de passageiros para cerca de 140 destinos em 25 países, bem como serviços de carga para aproximadamente 140 destinos em 29 países, com uma frota total de 322 aviões. O LATAM Airlines Group S. A. incorpora cerca de 47 mil funcionários e as suas acções são negociadas nas bolsas de Santiago do Chile e de Nova Iorque.



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brasiL

portugal

Novos direitos e deveres dos passageiros aéreos no Brasil

Aeroportos portugueses batem recordes em 2016

A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) do Brasil aprovou recentemente a Resolução n° 400/2016, que define os novos direitos e deveres dos passageiros no transporte aéreo no País. O normativo que trata das Condições Gerais de Transporte Aéreo (CGTA) foi revisto e amplamente discutido com a sociedade, através de audiências e consultas públicas, tendo recebido cerca de 1.200 contribuições. A nova norma passará a valer para passagens compradas a partir de 14 de Março de 2017. Para passagens aéreas adquiridas antes desta data, mesmo que o voo venha a acontecer depois da vigência do normativo, valerão as regras estabelecidas no Contrato de Transporte aceite pelo passageiro na data da compra do bilhete. As novas regras aproximam o Brasil do que é praticado na maior parte do mundo e contribuem para ampliação do acesso ao transporte aéreo e diversificação de serviços oferecidos ao consumidor, gerando incentivos para uma maior concorrência e preços mais baixos. Além disso, a aprovação da nova resolução vai actualizar as principais regras que regem o sector desde o ano 2000, antes mesmo da entrada da liberdade tarifária no País. Esta medida, juntamente com outras políticas de Governo, como retirar a restrição à participação do capital estrangeiro nas empresas aéreas e estimular a aviação regional, procuram fomentar ainda mais a concorrência no sector aéreo, preparando o ambiente para entrada de empresas low cost no País.

Os aeroportos portugueses obtiveram números extraordinários em 2016, que revelam a maior procura turística de todos os destinos portugueses, bem como a presença de mais companhias aéreas estrangeiras e a maior disponibilidade de voos de baixo custo. Estes números são reforçados pela prestação da Região Autónoma dos Açores, para onde começaram a operar a EasyJet e a Ryanair, e onde as companhias nacionais TAP e Azores Airlines aumentaram o número de voos e a capacidade de oferta. O Aeroporto Internacional Humberto Delgado, em Lisboa, fechará o ano com uma marca a ultrapassar os 22,1 milhões de passageiros (mais 11% que em 2015); o Aeroporto Internacional Francisco Sá Carneiro, na cidade do Porto, fechará com 9,2 milhões de passageiros (mais 16%); o Aeroporto Internacional de Faro/Algarve alcançará cerca de 7,6 milhões de passageiros (mais 18%) e o Aeroporto Internacional João Paulo II, na cidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, Região Autónoma dos Açores, deverá passar a marca de 1,5 milhões de passageiros (mais 19% que no ano anterior). O aumento de operações da TAP Portugal merece particular destaque que, com uma nova política comercial, permitiu a abertura de algumas novas rotas, nomeadamente para os Estados Unidos da América e para África, assim como a implementação da Ponta Aérea Lisboa-Porto-Lisboa. Este movimento é também responsável por uma nova animação nos aeroportos portugueses, com grandes perspectivas para 2017.


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portugal

Aeroporto da Madeira com três milhões de passageiros O Aeroporto da ilha da Madeira prevê encerrar o ano de 2016 com o melhor resultado de sempre. Tendo em conta os resultados obtidos ao longo do ano e as previsões feitas para o mês de Dezembro, estima-se que o número de passageiros desembarcados e embarcados deva atingir os 2,960 milhões. Este número representa mais 14% que em 2015, ano em que movimentou 2,605 milhões. Também na Região Autónoma da Madeira são surpreendentes os resultados obtidos pelo Aeroporto da ilha do Porto Santo, com um total de 160.000 passageiros comerciais, um aumento de 31% em relação ao ano de 2015, em que passaram pelo aeroporto da denominada Ilha Dourada,

aeroporto funchal, madeira

numa alusão à sua magnífica praia de areia amarela, 122.682 passageiros. Quer a Madeira, quer o Porto Santo, ilhas atlânticas que pertencem à Região Autónoma da Madeira, foram, nos últimos dois anos, muito beneficiadas pela mudança de fluxos turísticos na Bacia do Mediterrâneo e Norte de África, bem como pela maior promoção que as entidades responsáveis pelo turismo têm feito em mercados internacionais, nomeadamente europeus. A Madeira, ilha com grande tradição turística, foi novamente este ano eleita a ‘Melhor Ilha do Mundo para Férias’, um galardão atribuído pela ‘World Travel Awards’, votada por técnicos de turismo internacionais.

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Portugal aprova primeira entrada de capital privado na TAP SGPS A Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) de Portugal aprovou, recentemente, a venda de 61% do capital da TAP ao consórcio privado Atlantic Gateway, dos empresários Humberto Pedrosa e David Neeleman, negócio concretizado pelo anterior governo de coligação (PSD-CDS/PP) liderado por Pedro Passos Coelho e revertido pelo actual, constituído pelo Partido Socialista no final de 2015. A ANAC anunciou que o Conselho de Administração deliberou que a estrutura de controlo da TAP e da Portugália, decorrente da compra pela Atlantic Gateway SGPS de 61% do capital da TAP, está em conformidade com o disposto no Regulamento europeu, que impõe que as empresas detentoras de licenças de transporte aéreo comunitário pertençam e sejam, efectivamente, controladas por Estados-membros e/ou nacionais de Estadosmembros. Neste caso, o supervisor da aviação considerou que o empresário português Humberto Pedrosa é quem tinha a maioria do capital e o controlo efectivo do consórcio privado. Contudo, em Fevereiro, a estrutura accionista da TAP tinha sofrido mais uma mudança,

cumprindo-se uma promessa eleitoral do Governo socialista liderado por António Costa, em funções desde Novembro de 2015, que reforçou a posição do Estado de 39% para 50%. O processo relativo a este reequilíbrio de forças no capital da TAP ainda não deu entrada na ANAC, o que só acontecerá depois da renegociação da dívida com a banca. Em comunicado, o organismo regulador da aviação civil em Portugal realça que “não são apreciados os eventuais impactos decorrentes de uma nova estrutura de controlo e financiamento negociada entre o Estado Português e a Atlantic Gateway, constante de memorando de entendimento celebrado em 06 de Fevereiro de 2016 e do Acordo de Compra e Venda de Ações celebrado a 19 de Maio de 2016”, dado que a regulamentação europeia prevê que a análise da ANAC seja efectuada após a realização da operação, sendo que esta ainda não foi objecto de notificação. O consórcio privado fica assim com 45% do capital do grupo, que tem como principal activo a transportadora aérea, mas pode chegar aos 50%, em função da adesão dos trabalhadores da TAP à operação de venda de 5% que lhes está destinada.



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COREIA DO SUL

Maior terminal do porto de Pusan detido pela DP World A DP World adquiriu 23,94% das acções da Pusan Newport Company Limited (PNC), o maior terminal portuário do Porto de Pusan (também escrito Busan), na Coreia do Sul. Com estas acções adquiridas à Samsung Corporation & Subsidiaries, a DP World passa a controlar 66% da PNC, expandindo a sua presença num terminal que representa 34% do movimento de mercadorias no porto sul-coreano. «Estamos satisfeitos por poder anunciar o aumento da nossa participação no Pusan Newport Company Limited, que é o maior terminal do Porto de Pusan e uma enorme porta de entrada para o

porto de pusan, coreia do sul

tráfego do Nordeste asiático. Esperamos que o Porto de Pusan continue a ser uma parte importante da nossa rede global e este investimento sublinha bem o nosso compromisso com a Coreia do Sul», referiu o CEO da DP World, Ahmed Bin Sulayem. O Porto de Pusan é o sexto maior porto do mundo e 75% do volume total de contentores movimentados na Coreia do Sul passam por este porto. Com uma capacidade instalada de 5,25 milhões de TEU, atingiu os 19,5 milhões de TEU movimentados durante 2015.


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PORTUGAL

china

Terminal XXI do Porto de Sines ultrapassa 1,5 milhões de TEU´s

Construtores de plataformas chinesas formam aliança

O Porto de Sines acabará o ano de 2016 a bater dois recordes: mais de 50 milhões de toneladas de mercadorias movimentadas e a barreira dos 1,5 milhões de TEU´s finalmente superada no Terminal XXI. Praticamente todos os segmentos de carga cresceram, com especial destaque para os granéis líquidos, que registou uma variação homóloga no acumulado de diário de mais 15,5% que no ano transacto. Por outro lado, o segmento dos contentores registou um crescimento de cerca de 14% (em TEU´s), tendo sido movimentados mais de 1,5 milhões de TEU´s durante o corrente ano. O número de navios que escalaram o Porto de Sines também cresceu cerca de 10%, com aproximadamente 2.400 navios a atracarem neste importante Porto português.

Sete construtores navais chineses, cujas carteiras incluem a construção de plataformas, formaram uma nova aliança, para conseguirem realizar economias de custos através do compartilhamento de recursos. A aliança, chamada China Offshore (Deepsea) Industry Alliance, foi formalmente constituída em Pequim, a 28 de Dezembro. Os membros da aliança incluem os estaleiros Yantai CIMC Raffles, Xangai Zhenhua Heavy Industries Company (ZPMC), Cosco (Qidong) Shipyard, Xangai Waigaoqiao Shipbuilding (SWS), China Merchants Heavy Industry (Shenzhen), Dalian Shipbuilding Offshore Industry e Cosco Shipyard, todos eles membros da “Lista Branca” lançada pelo governo chinês em Novembro de 2015. Os construtores navais da “Lista Branca” comprovaram a sua competência tecnológica e beneficiam de condições de financiamento mais favoráveis. No caso dos construtores de plataformas, é critério para permanecer na “Lista Branca” que eles investam, pelo menos, 2% da sua receita anual no desenvolvimento de design e tecnologia. São várias as instituições de pesquisa, universidades, fornecedores de equipamentos e bancos que apoiam estes construtores, agora coligados, no prosseguimento do desenvolvimento de um equipamento de perfuração chinês para águas profundas. Durante o lançamento da aliança, Xin Guobin, Vice-Ministro da Indústria e Tecnologia da Informação da China, enfatizou que o sector de equipamentos offshore e marítimos é uma das 10 indústrias incluídas na estratégia governamental “Made in China 2025” para o País e a base da ambição da China em se tornar uma nação de construção naval.

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Belgica

Antuérpia atinge, pela primeira vez, os 10 milhões de TEU’s O Porto de Antuérpia movimentou 10 milhões de unidades equivalentes de 20 pés pela primeira vez em 2016, prolongando a sua tendência de crescimento e que, certamente, irá aumentar ainda mais a sua quota de mercado no raio de cobertura Le Havre/Hamburgo, com portos altamente competitivos. O segundo maior hub de contentores da Europa aumentou o tráfego em 4,2%, de 9,65 milhões de TEUs em 2015, para 10,06 milhões em 2016, de acordo com dados provisórios, imediatamente a seguir ao líder de mercado Roterdão, cimentando a sua liderança em relação ao terceiro classificado este ano, o Porto de Hamburgo. Para tornar o Porto de Antuérpia mais atraente para as novas alianças de navegação e aos seus meganavios, o Porto abriu este ano a maior eclusa do mundo, melhorando, assim, o acesso ao seu terminal Waasland. A eclusa de Kieldrecht

porto de antuérpia, bélgica

levou cinco anos a construir e pode acomodar os actuais maiores navios do mundo em operação. Anteriormente, apenas uma eclusa, a Kallo Lock, permitia o acesso a Waasland, o que significava que os navios tinham que esperar na fila por mais de três horas para entrar no porto. A produção total também atingiu um máximo histórico de mais de 214 milhões de toneladas (235,9 toneladas) em 2016, acima do recorde anterior de 208,4 milhões de toneladas movimentadas em 2015. Segundo os dados da entidade portuária, o volume movimentado de RO-RO caiu 1,9%, para pouco menos de 4,6 milhões de toneladas. Na carga geral convencional assistiu a uma queda de 2,4%, ficando-se pelas 9,76 milhões de toneladas, apesar do aumento de 12% nos embarques de aço, não suficiente para colmatar a quebra por menores volumes de metais não ferrosos, fruta, papel e celulose.


Seminário

Novo modelo de Contratação do Serviço Público de Transporte de Passageiros DATA: 17 de Fevereiro de 2017 LOCAL DE REALIZAÇÃO: ISG | Business & Economics School

PROGRAMA 08:30 - 09:00

RECEÇÃO E ACOLHIMENTO AOS PARTICIPANTES

09:00 - 09:40

NOVAS REGRAS. NOVOS ATORES José Alberto Franco, Diretor de Serviços de Regulamentação Jurídico-Económica do IMT, IP

09:40 - 10:00

Coffee Break

10:00 - 11:30

ESTUDO DE CASO – OS TRANSPORTES DE AVEIRO Ricardo Afonso, Administrador da TRANSDEV Representante da Câmara Municipal de Aveiro

11:30 - 12:30

DESAFIOS JURÍDICOS DA ECONOMIA DIGITAL NA CONTRATAÇÃO DO SERVIÇO DE TRANSPORTES Abel Marques, Mestre em Direito pela Faculdade de Direito de Lisboa

12:30 - 13:00

DEBATE

Organização:

INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES: www.logistel.pt E-mail: emiliabarbosa@logistel.pt Telefone: 21 464 38 80 Telemóvel: 96 221 36 16

VALOR DE INSCRIÇÃO: € 45,00


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BIMCO alerta que Porto de Hamburgo: 2017 será outro ano difícil em todos os prevista para sectores Fevereiro A Associação global de Armadores BIMCO acaba decisão sobre o de publicar as suas previsões para os três principais sectores marítimos em 2017 e, segundo elas, os alargamento do proprietários precisam de se preparar para outro difícil. canal de navegação ano “A indústria naval terá uma perspectiva de regressão

alemanha

O ajuste do canal de navegação no Baixo e no Elba Exterior constituir-se-á no mais importante projecto de expansão estratégica para o Porto de Hamburgo. Tendo em conta rápido crescimento dos navios, o porto de Hamburgo depende da adaptação do seu acesso marítimo a este desenvolvimento técnico a longo prazo. Esta é a única forma de garantir que Hamburgo pode ser escalado em condições economicamente viáveis e que o seu porto continua a ser competitivo. Recentemente, o Tribunal Administrativo Federal de Leipzig discutiu as questões legais e técnicas relacionadas com o ajustamento do canal de navegação para navios porta-contentores com calado de até 14,5 metros, apresentadas pelo governo federal e pela proprietária do porto, a Cidade Livre e Hanseática de Hamburgo.

porto de hamburgo, alemanha

em 2017, já que o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê o menor nível de crescimento do PIB mundial desde 2009. 2017 será outro ano de dura competição, passando, agora, a incluir os petroleiros”, apresenta o relatório na sua introdução. “O restabelecimento completo dos mercados de navegação precisará de vários anos de melhorias sólidas para elevar as taxas de utilização da frota”, afirma o relatório, referindo intervenções governamentais equivocadas no sector. Para a granel seco, a BIMCO diz que é vital que 30 milhões de dwt de navios sejam desmantelados este ano, já que existe uma entrada séria de tonelagem nova, saída dos estaleiros asiáticos neste ano e no próximo. Enquanto isso, a BIMCO espera que o segmento de petroleiros de crude veja um crescimento líquido da frota em torno de 3% em 2017, comparado com os 6% no ano passado. A taxa de crescimento do lado da oferta da frota de petroleiros de produtos petrolíferos deverá ser de cerca de 2,5%, muito menos do que no ano passado, 6,1%. Finalmente, o BIMCO espera que o segmento de transporte de contentores veja um crescimento líquido da frota em torno dos 3,1% em 2017, comparado com 1,1% no ano passado. “Se o multiplicador voltar a ser um e se a previsão do FMI de 3,4% de crescimento mundial se tornar realidade, o mercado não vai melhorar nem piorar em 2017”, disse a BIMCO sobre este sector.


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IRÃO

A DSME em joint venture na construção de estaleiro no Irão O construtor sul-coreano Daewoo Shipbuilding & Marine Engineering (DMSE) assinou um acordo de joint venture com a Organização de Desenvolvimento e Renovação Industrial do Irão (IDRO) para construir um estaleiro no Irão. A IDRO vinha procurando um parceiro com experiência e know-how tecnológico para a construção de navios no País, cumprindo dessa forma as ambições de expansão da frota das companhias marítimas iranianas National Iranian Tanker Company (NITC) e Islamic Republic of Iran Shipping Lines (IRISL). A DSME foi a escolhida pela sua especialização e experiência, além das fortes relações com as companhias marítimas iranianas, tendo anteriormente construído 38 navios (no valor de US $ 1,65 mil milhões) para a IRISL e NITC. O construtor naval também está em negociações para construir cinco plataformas do tipo jackup para a Iranian Offshore Oil Company. Osgovernosdeambosospaísescomprometeram-se

a prestar apoio sob a forma de financiamento e abastecimento de materiais. Os construtores sul-coreanos, que têm vindo a enfrentar uma procura fraca por parte dos seus clientes habituais, têm procurado oportunidades no Irão noutros lugares no Golfo e no Oriente Médio desde que as sanções internacionais contra o Irão foram levantadas em Janeiro. Recentemente, a IRISL encomendou quatro navios de 14.400 TEU à Hyundai Heavy Industries (HHI) e seis petroleiros de produtos à Hyundai Mipo Dockyard. A HHI também está a construir um complexo de construção naval na Arábia Saudita, em colaboração com a companhia petrolífera nacional da Arábia Saudita, a Saudi Aramco, a construtora de equipamento e fabricante Lamprell e a linha marítima nacional do reino, Bahri. Quando concluído em 2021, o complexo com 4,96 milhões de m2, terá capacidade para construir navios comerciais e instalações offshore e fornecer serviços de reparação de navios.

portugal

Porto de Lisboa está com o 2º maior total de passageiros de cruzeiros de sempre No final de Novembro o Porto de Lisboa estava próximo do meio milhão de passageiros de cruzeiros (mais propriamente, 498.792), constituindo-se como o segundo maior total de sempre para os primeiros onze meses do ano, aquém apenas dos 530.268 do ano de 2013, que foi o melhor ano de sempre em cruzeiros em Lisboa.

A “puxarem” os resultados destes onze meses de 2016 para cima está o aumento do número de passageiros de nacionais do Reino Unido em 9,6% ou 23,2 mil, bem como, em menor medida, dos Estados Unidos, com um aumento em 4,3% ou 2,5 mil, do Canadá, com 6,5%, ou mais cerca de 550, e do conjunto das nacionalidades fora do Top11, com 11,7% ou mais cerca de 4,1 mil.

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PORTUGAL

Novo terminal de contentores do Barreiro aprovado O Presidente da Câmara Municipal do Barreiro, Carlos Humberto, anunciou que o estudo de impacto ambiental sobre o novo terminal de contentores foi entregue e que os resultados desse estudo viabilizaram a instalação da infraestrutura. Carlos Humberto declarou que agora “os parceiros vão dar os ‘inputs’ (…), a empresa que o fez vai ter que adaptar o estudo aos vários pareceres que os parceiros fizerem chegar e terá que ser aprovado pela Administração do Porto de Lisboa. Logo de seguida será enviada para a Agência Portuguesa do Ambiente e depois de aprovado vai para discussão pública”. Carlos Humberto espera que a Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, tome uma decisão até ao final do ano, porque existem já vários investidores interessados no Terminal Multimodal do Barreiro. Recorde-se que o Barreiro está a ser estudado para receber o novo terminal de contentores do Porto de Lisboa, num investimento de cerca de 700 milhões de euros, com uma área logística de 400 hectares que engloba áreas de contentores com capacidade para receber 2,7 milhões de TEUS por ano e de multiusos.

PORTUGAL

Porto de Leixões tem nova grua de 124 toneladas O Terminal de Carga Geral e Granéis de Leixões (TCGL) vai ter em operação uma nova grua com

a capacidade para 124 toneladas, num investimento de 2,8 milhões de euros. Para além de aumentar a capacidade de movimentação de diferentes cargas – desde granéis sólidos, a carga geral fraccionada – a nova grua é ainda mais ecológica e permite a elevação de cargas de projecto de elevado peso e dimensão. Assim, para além dos 20 guindastes convencionais de via com capacidade até 40 toneladas, o TCGL passa a dispor de 5 gruas de pneus de grande mobilidade, nomeadamente a nova grua ‘Liebherr LHM 420’ de 124 toneladas de capacidade, três gruas de 104 tons e uma grua de 40 toneladas.

… e terá novo terminal de contentores brevemente O projecto para um novo terminal de contentores no Porto de Leixões deverá começar brevemente, de acordo com a APDL - Administração dos Portos de Douro, Leixões e Viana do Castelo. Este terminal servirá para aumentar a capacidade daquele porto em mais 25%, passando de uma capacidade de cerca de um 1.000.000 de TEU para um 1.200.000 TEU. Segundo o Presidente da APDL, Brogueira Dias, será “um terminal ferro-portuário que liga directamente a ferrovia aos contentores” e explica ainda que o novo terminal serve para dar resposta também à crescente dimensão dos navios e alargamento do canal do Panamá. ”Já assistimos a isto, há 30 anos, com o aparecimento dos superpetroleiros”, refere o Presidente da APDL.


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PORTUGAL

José Luís Cacho é o novo Presidente do Porto de Sines O ex-presidente do Porto de Aveiro e ex-Presidente da APLOP - Associação dos Portos de Língua Portuguesa, José Luís Cacho, foi escolhido pelo Governo de Portugal para assumir a liderança da APS - Administração dos Portos de Sines e do Algarve, substituindo no cargo João Franco. Licenciado em Engenharia Civil pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, José Luís Cacho conta com uma enorme experiência no sector, tendo sido ainda presidente dos portos de Aveiro e Figueira da Foz e da APP – Associação dos Portos de Portugal. Integrou, igualmente, a direcção da Associação Portuguesa dos Portos de Recreio e foi membro da Comissão Mista de Acompanhamento do Plano da Rede Nacional das Plataformas Logísticas de Portugal, entre 2001 e 2002 e do Grupo de Acompanhamento da Ligação Ferroviária ao Porto de Aveiro. O Governo nomeou ainda Duarte Lynce de Faria e Fernanda Albino para o cargo de vogais da APS.

Em declarações à imprensa portuguesa, o actual presidente do Porto de Sines confirmou que a Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, já o informou que “iria haver alteração da composição da administração” destacando que deixa o Porto com “enorme solidez financeira” e com “excelente relação com todos os concessionários”. João Franco acrescentou que “os negócios estão a correr muitíssimo bem” e que Sines, neste momento, tem “um volume de negócios de 45 milhões de euros, um resultado líquido, no final deste ano, de 18 milhões e quase 40 milhões em caixa”, com uma quota de mercado em Portugal superior a 55%. O Porto de Sines deverá terminar o ano de 2016 com 48,4 milhões de toneladas movimentadas, superando as expectativas iniciais que eram de 45,5 milhões, resultado que coloca Sines como o terceiro maior porto da Península Ibérica em carga movimentada à frente de Barcelona e atrás de Algeciras e Valência.

José Luís Cacho, Presidente da APS - Administração dos Portos de Sines e do Algarve

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moçambique

Porto de Maputo reforça capacidade

O Porto de Maputo vai poder receber navios de carga de até 85 mil toneladas já a partir de Fevereiro de 2017. Tal será possível quando se concluírem os trabalhos de dragagem naquele porto, que estão a ser executados desde Maio deste ano. O engenheiro responsável por este projecto, Paulo Mata, referiu que o porto dispõe actualmente de capacidade para processar 25 milhões

de toneladas de carga diversa por ano. “Quando os trabalhos que visam aumentar a profundidade e a largura do canal de acesso ficarem concluídos o porto disporá de capacidade para estar a processar mais de 40 milhões de toneladas de carga até 2020”, disse o responsável. Este projeto tem um custo de 100 milhões de dólares e está a cargo da empresa Jan de Nul Dredging Middle East FZE.

portugal

Siemens Portugal escolhida para modernização de portos A Siemens Portugal foi escolhida pela empresamãe como Hub Internacional de Engenharia de Sistemas de movimentação de carga para os portos marítimos. Neste âmbito, a Siemens Portugal tem exportado conhecimento e fornecido todas as soluções de engenharia, implementação e desenvolvimento nesta área para países como a Grã-Bretanha, Espanha, França, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Egipto ou Aruba. “As soluções implementadas nestes países permitiram que os portos alcançassem poupanças de energia até 70%, face aos sistemas tradicionais não regenerativos, e passassem a ter acesso a sistemas de supervisão e controlo de operação dedicados, de acesso local e remoto, que disponibilizam todos os indicadores de exploração dos terminais (KPIs), de uma forma intuitiva e integrada nas plataformas de gestão dos operadores portuários”, refere a Siemens. De acordo com a empresa, a nível nacional, as soluções Siemens para terminais portuários

contribuíram, desde 2001, para diminuir as emissões de CO2 destas infraestruturas em 74 mil toneladas e poupar cerca de 8,7 milhões de euros. “Através destes projectos foi possível aumentar a capacidade de movimentação de carga, assim como melhorar o desempenho energético das infraestruturas portuárias portuguesas”, salienta a Siemens. porto de leixões, portugal


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portugal

Porto de Lisboa na Ocean Alliance O Terminal da Liscont, em Lisboa, vai começar a ser escalado pela linha “AMERIGO”, um serviço que faz parte da Ocean Alliance, a maior aliança marítima do mundo, e que integra os armadores CMA CGM, COSCO Container Lines, Evergreen Line e Orient Overseas Container Line. O serviço irá começar a ser operado em Abril de 2017 e Lisboa será a última escala europeia à exportação, cuja rota é: Malta – Livorno – Génova – Fos – Barcelona – Valência – Lisboa – Nova Iorque – Norfolk – Savannah – Miami – Algeciras – (Valência) – Malta. De acordo com José Carlos Santos, Director-Geral da CMA CGM em Portugal, “é com enorme prazer que a CMA CGM Portugal vê reconhecidos os seus

esforços para ter Portugal contemplado como porto de escala de um dos serviços da Ocean Alliance. A Ocean Alliance, onde a CMA CGM é líder, é uma aliança que se apresenta como líder de mercado em praticamente todos os grandes eixos mundiais em número de escalas e de capacidade disponibilizada. O serviço “AMERIGO” retorna a Portugal com uma escala directa, após praticamente 10 anos de ausência, respondendo a uma necessidade de diversificação requerida pelo mercado.” Esta aliança tem na sua base um acordo assinado para 10 anos e é apoiada por uma frota de 323 navios com capacidade total de cerca de 3,5 milhões de TEU´s.

china

Linha de Alta Velocidade Xangai-Kunming concluída A China concluiu a linha de Alta Velocidade ferroviária de passageiros entre Xangai e Kunming, com a inauguração do troço Guiyang-Kunming. A linha Xangai-Kunming, com 2.252 quilómetros de extensão, é a maior linha de Alta Velocidade Este-Oeste da China. Atravessa as províncias de Zhejiang, Jiangxi, Hunan, Guizhou e Yunnan. O primeiro troço, de 150 quilómetros, foi inaugurado em 2009. A linha Xangai-Kunming foi projectada para velocidades de 350 km/h, operando actualmente com 330 km/h, de acordo com os Caminhos de Ferro chineses. A ligação mais rápida entre as duas cidades foi reduzida de 34 para 11 horas. A rede de Alta Velocidade da China já é a maior do mundo, com mais de 20 mil quilómetros de linhas.

O actual Plano Estratégico de Pequim prevê que haja um total de oito corredores Este-Oeste e outros tantos Norte-Sul até 2030, aumentando a rede de Alta Velocidade do País para 45 mil quilómetros e a rede ferroviária total para mais de 150 mil km.


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portugal

Governo dá ‘cheque’ de 2250 euros para compra de carros eléctricos Desde há vários anos que existem ajudas do Estado para a compra de um carro eléctrico. Se antes tinha de entregar um veículo para abate para obter este ‘cheque’, as regras mudarão a 1 de Janeiro. Basta apresentar um comprovativo em como comprou este tipo de automóvel para conseguir o subsídio de 2250 euros, atribuído pelo Fundo Ambiental. “A medida consta da versão final do Orçamento de Estado (OE) de 2017 e estará disponível para as aquisições de veículos 100% eléctricos realizadas a partir do dia 1 de

Janeiro de 2017”, segundo informou o Ministério do Ambiente. O artigo 181.º do OE refere que “no âmbito das medidas tendentes à redução de emissões de gases com efeito estufa, é criado um incentivo à introdução no consumo de veículos de baixas emissões, financiado pelo Fundo Ambiental”. O apoio do Fundo Ambiental estará limitado aos primeiros mil carros eléctricos comprados. O orçamento deste fundo para esta medida é de 2,25 milhões de euros.

ESPANHA

Madrid lança serviço de Carsharing

O Grupo PSA e a empresa espanhola Eysa lançaram um novo serviço de carsharing em Madrid, denominado emov, que envolve uma frota de 500 Citroën C-Zero. A oferta deste serviço insere-se na política de mobilidade sustentável da capital espanhola e surgiu ao abrigo de uma aliança estratégica entre a Eysa e a Free2Move, a nova marca de serviços de mobilidade do Grupo PSA. A área abrangida é um dos principais activos do emov. Os veículos eléctricos de cinco portas e quatro lugares Citroën C-Zero podem ser usados para além do centro de cidade de Madrid, servindo parte da periferia da cidade. A oferta “free floating” permite aos utilizadores recorrer a um veículo e utilizá-lo de acordo com a sua conveniência. O custo de utilização é de 0,19 euros por minuto ou de 59 euros por dia. A facilidade e simplicidade de utilização foi uma das prioridades do programa emov. O registo é feito online no portal www.emov.es ou através das apps móveis iOS ou Android, ficando o serviço disponível

24 horas após o registo. A sua gestão é simples e pode ser feita, de início a fim, através de smartphones. A aplicação para smartphones permite reservar gratuitamente o veículo 30 minutos antes da sua utilização, bem como abrir e fechar o veículo alugado. O veículo seleccionado para o lançamento do programa emov em Madrid tem 3,48 metros de comprimento e um diâmetro de viragem de nove metros, indicado para circulação com facilidade nas cidades, proporcionando aos seus quatro ocupantes uma condução serena e simples, bem como elevados níveis de conforto e de segurança. O serviço permite, ainda, estacionar a viatura sem custos num local de estacionamento dentro da área coberta. Os utilizadores do serviço emov também podem se podem deslocar pela cidade sem terem de se preocupar com as eventuais restrições ao tráfego nos casos de picos de poluição, ao mesmo tempo que poderão aceder às áreas reservadas a moradores e zonas de circulação temporariamente limitadas.

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portugal

Metro de Lisboa e Transtejo com novas administrações Vítor Santos e Marina Ferreira são os nomes escolhidos pelo Governo para presidir aos Conselhos de Administração do Metropolitano de Lisboa e Transtejo, respectivamente. Vítor Santos exercia à data o cargo de consultor independente para a área das Infraestruturas de Transportes, depois de ter estado 16 anos na espanhola Cintra, detida pela Ferrovial, onde foi Administrador-Delegado, ter sido presidente Executivo da Euroscut, da concessão Norte Litoral, Euroscut Açores, Via do Infante, entre outros cargos. A acompanhar Vítor Santos no Conselho de Administração do Metropolitano de Lisboa estarão, como vogais, Luís Barroso e Maria

Carrasco Campos (que transitam do anterior CA) e ainda Rui Nelson Ferreira Dinis. No que diz respeito à Transtejo, o Governo escolheu a ex Presidente do Porto de Lisboa, Marina Ferreira, que assim continua ligada ao sector marítimofluvial. Quadro da Carris, Marina Ferreira já exerceu diversos cargos públicos no sector, tendo sido Presidente da EMEL, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Lisboa e Vereadora e assessora do Ministro de Obras Públicas, Transportes e Comunicações. Foram ainda indicados para o cargo de vogais os nomes de Sara Murta Ribeiro e José Baptista Bagarrão, antigo director operacional do Metropolitano de Lisboa.

Alemanha

Dachser instala painéis solares em semirreboques A Dachser, grupo alemão de transportes e logística, está a participar num projecto-piloto que envolve a utilização de painéis fotovoltaicos no tecto de semirreboques. Contando com a participação do Fraunhofer Institute for Solar Energy Sistems ISE, o maior instituto de investigação de energia solar da Europa, esta parceria tem como objectivo descobrir a quantidade de energia que pode ser gerada por estes painéis durante um ano, contribuindo para a melhoria da sustentabilidade ambiental da empresa e da sua pegada ecológica. O equipamento inclui ainda uma unidade de armazenamento de bateria, aquecimento no compartimento de carga, sensores de temperatura

e um sistema de controlo. Segundo os cálculos do Fraunhofer Institute for Solar Energy Sistems ISE, os painéis solares podem gerar até 1.700 watts de energia e, em conjunto com a unidade de armazenamento, é possível manter uma temperatura estável a dois graus celsius no compartimento de carga. Os resultados deste projecto-piloto irão demonstrar o potencial da energia solar gerada em viagem, admitindo-se que, numa fase posterior de desenvolvimento, esta solução possa vir a ser aplicada em unidades de refrigeração, em camiões frigorífico ou tecnologias de accionamento alternativas.


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Indra e Google assinam acordo que para a comercialização de serviços para linhas aéreas A Indra, através da divisão ITA Software, assinou um acordo de colaboração com a Google para o fornecimento de serviços de pricing e shopping. A companhia anunciou que o acordo tem uma vigência inicial de três anos e que, através da sua concretização, ambas as partes poderão facultar serviços mais alargados às companhias aéreas em condições óptimas de comercialização. Assim, a ITA Software será responsável pela política de fixação de preços e processos de compra, facultando à Indra as tarifas e disponibilidade das passagens aéreas e catálogos turísticos que existem na sua base de dados. Por sua vez, a Indra assumirá a sua parte mais focada no merchandising, procurando as técnicas mais adequadas para

que as operações comerciais sejam mais rentáveis para os clientes, e mais satisfatórias para os consumidores e passageiros. «O acordo com a ITA Software supõe um salto qualitativo na experiência que a Indra tem como fornecedor para a indústria do sector aéreo, onde tem desenvolvido com sucesso projectos para companhias aéreas de todo o mundo através do fornecimento de sistemas e soluções que cobrem todas as áreas do seu ciclo operacional e comercial (ecommerce, Digital Strategy, Revenue Accounting, Business Analytics, Application Management, CRM, Loyalty, Gestão de Aplicações e Outsourcing entre outros)», afirmou Emilio Mora, Director do departamento de Linhas aéreas da Indra.

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Portugal 2020 deve abrir novas fases de candidaturas para empresas em Janeiro O Programa Portugal 2020 deverá abrir no início do ano novas fases de candidatura aos concursos dirigidos às empresas, prevê Arsénio Leite, economista e sócio-gerente da Sibec. “São 25 mil milhões de euros e, atendendo ao estado lastimável da banca, que tem dinheiro mas tem receio, pode ser uma alternativa de financiamento para as PME inovadoras e exportadoras e empregadoras”, referiu. O Portugal 2020 tem 16 programas operacionais, quatro horizontais e, paralelamente, há cinco programas regionais. Existem também três programas na agricultura e florestas. “Temos cinco regiões no País. Uma rica, que é Lisboa, outra ‘semi-rica’, que é o Algarve, e depois temos três pobres: o Norte, o Centro e o Alentejo.

O FEDER e o Fundo de Coesão são para as regiões mais pobres. Em termos de apoio às empresas, os incentivos dirigem-se à inovação, ao empreendedorismo, com um limite máximo de três milhões de euros. O empreendedorismo interessa para jovens, porque a taxa de incentivo aumenta 10%. Qualquer mulher tem também um adicional de 10% de incentivo”. Por Inovação entende-se na produção de um produto novo, diferente ou muito melhorado ou a criação de um processo produtivo novo ou muito melhorado. O objectivo é fazer algo que ninguém faz ou fazê-lo de outra forma radicalmente diferente. No entanto, este tipo de projectos tem estado fora das prioridades das pequenas e médias empresas, sendo mais habitual nas grandes empresas.

Trump quer Apple produzida nos EUa

O recém-eleito presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, num recente telefonema a Tim Cook, terá dito que pretende fazer com que a Apple construa os seus produtos nos EUA. Trump assume que uma das suas conquistas seria conseguir que a Apple construísse uma ou mais grandes fábricas nos Estados Unidos, evitando assim que os produtos de uma das mais icónicas marcas da terra do Tio Sam construísse os seus produtos na China, Vietname, “ou nos lugares onde neste momento está a produzir”, disse. Mas convencer a Apple a mover a sua produção não será propriamente fácil. Há mais de uma década que milhões de empregos “fabris” estão a desaparecer, o que pode inviabilizar o potencial para obter a Apple a construir os seus produtos nos EUA. Em 2011, Steve Jobs relatou ter dito ao presidente Obama que “esses empregos não estão

a voltar”. O que, ao que tudo indica, continua a ser uma verdade passado cinco anos. Mas não é apenas a mão-de-obra barata da China que a Apple vai buscar ao exterior, como salienta o The Verge. A marca depende profundamente da eficiência concedida por ter muitos componentes de sua cadeia de abastecimento nessas geografias. Recriar isso nos EUA não seria uma tarefa fácil. Ou barata. O plano de Trump é “um corte de impostos muito grande para as empresas”, bem como a remoção de regulamentos “que qualquer um concordaria que são ridículos.” E assume que se as fábricas americanas decidirem substituir os seus trabalhadores por robôs… “Fazemos também os robôs”. Trump lançou ainda a possibilidade de colocar uma maior carga nos impostos sobre os bens importados da China.


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Disrupção digital é encarada como o maior desafio empresarial A disrupção digital, ou a transformação digital, está a criar uma onda de “preocupação” entre os decisores mundiais. Sobretudo porque não sabem se as suas organizações terão capacidade de se adaptarem e aproveitarem as vantagens da digitalização. A Fujitsu encomendou um estudo que mostra as preocupações das empresas e dos seus decisores face à tão afamada digitalização. O documento diz que, apesar de claramente verem uma oportunidade, também não deixam de mostrar a sua preocupação, sobretudo com a capacidade de abraçar todo este processo. Um processo que impacta as empresas, mas que nasce no espaço individual. “Reparem que o software está a definir a forma como interagimos. Há menos contacto interpessoal, comunicamos através de equipamentos”, disse Regina Moran, Vice Presidente e responsável de Indústria do EMEIA (Europa, Médio Oriente, Índia e África) da Fujitsu, num encontro

promovido em Munique, durante o Fujitsu Forum 2016. E não vem tirar empregos, esta tal digitalização? Sim, claro, parecem todos concordar. Aliás, se repararmos, sempre que há fatores disruptivos na história, ou alguma forma de “revolução” empresarial ou industrial, esse medo da perda de emprego surge. Mas na verdade, diz Regina Moran, isso não acontece. Ou melhor, acontece, sim, mas outras tantas oportunidade de emprego surgem “Só para vos dar um exemplo, pensem só na quantidade de pessoas que a Uber passou a empregar“. Há postos de trabalho que se extinguem mas outros tantos são criados. O que muda é a própria sociedade e a forma como interagimos com ela, quer a nível pessoal, quer empresarial. O estudo da Fujitsu diz, ainda, que mais de metade dos líderes de empresas (52%) diz que a disrupção digital significa que as suas organizações não irão existir na sua forma actual em 2021.

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a herança da civilização

É possível estimar o peso da tecnosfera - tudo o que os seres humanos já construíram - para avaliar o seu impacto ambiental. Uma equipa internacional de cientistas chegou a um número: 30 biliões de toneladas.

Fonte: “Scale and Diversity of the physical tecnosphere: A geological perspective”. The Anthropocene Review

6,8 Mil milhões de telemóveis Este foi o número de telemóveis fabricados até hoje. Como cada aparelho e acessórios pesam entre 100 a 200 gramas, são mais de um milhão de toneladas de materiais tecnológicos que se vão transformar no futuro em tecnofósseis.

Fonte: cia.gov, census.gov, gemconsortium.org




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