Jornal do Frei

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set. 21 N.º 24

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50 cêntimos

Jornal do Frei JORNAL DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS FREI JOÃO DE VILA DO CONDE

Editorial|2 Acontece nas Escolas do Agrupamento|3 Poesia|28 Olhar o mundo|29 Arte na Escola|30 Grande Pesquisa|35 Educação Inclusiva|36 Plano Nacional de Cinema|37 Bibliotecas Escolares| 38 Cantinho da História|46

Desporto na Escola|48 Lugar para as ideias|49

FICHA TÉCNICA

Arte na escola| Matemática| Ciências| Desporto Projetos| Atividades| História| Poesia| Geografia| Literatura| Tecnologia

Tiragem: 100 exemplares

Fotografia: Comunidade escolar

Edição: Lídia Sanches Mota

Revisão de textos: Armanda Ribeiro

Logotipo do jornal: Miguel Sousa Pinheiro

Coordenação: Lídia Sanches Mota


2|Editorial

O nosso agrupamento de escolas Miguel Cubo Presidente da CAP do AE Frei João

Ao folhearmos as páginas do nosso jornal, digital ou em papel, apercebemo-nos da diversidade e da riqueza de atividades desenvolvidas no nosso agrupamento. Apenas decorreu um período, e mesmo estando em contexto de pandemia foram desenvolvidas muitas atividades. Desde proteger o mar, limpar a praia, promover a solidariedade, defender os Direitos Humanos, promover projetos como Ubuntu ou eTwinning entre outras ações que não estão aqui divulgadas. Dar lugar às expressões e às vozes da escola é também o propósito deste jornal. O nosso agrupamento como ou-

tros assenta na diversidade, na necessidade de dar resposta às necessidades de formação de cada um dos seus alunos e alunas. Já há algum tempo que a Escola tem a preocupação com a promoção do sucesso de todos os alunos, para tal deve-se integrar os princípios associados à autonomia, flexibilidade curricular e educação inclusiva. A promoção de uma educação de qualidade é o desafio que é colocado às escolas. Durante muito tempo falou-se na massificação do ensino, onde estava definido um currículo prescrito, uniformizado, nas palavras de João Formosinho um “currículo pronto-a-

vestir”. Atualmente, defende-se a “escola de todos e para todos”, o que significa que todos os alunos devem ter sucesso escolar. Sucesso escolar não significa apenas transição de ano, mas que os alunos alcancem o que está definido no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória. Para que tal aconteça a escola não pode ser a mesma que era no passado, tem que haver uma reconstrução das conceções e uma alteração das práticas associadas ao processo educativo desenvolvido pelas escolas.| Para terminar, uma referência aos profissionais que servem o Agrupamento de Escolas Frei João. O contexto pandémico tem sido extremamente difícil e apelou a que cada um convocasse toda a sua energia, profissionalismo e motivação. Todos juntos, unidos, com tenacidade característica das gentes vilacondenses, estamos ao serviço Comunidade Educativa que abraçámos!


3|Acontece nas escolas do agrupamento

Dia Mundial da Alimentação Na sexta-feira, dia 15 de outubro, a nossa escola comemorou o Dia Mundial da Alimentação e, tal como é hábito, foi vivido com muito entusiasmo pelos participantes. A turma V2-1 vivenciou esta comemoração em diversas fases. A atividade, previamente

fecionarem, em casa, com os seus familiares. A semana chegou ao fim e sexta-feira era o dia dos pequenos cozinheiros passarem à ação e, como tal, nada melhor do que colocar em prática os

GELATINA DE FRUTAS PARA MENINOS GULOSOS Ingredientes:

planificada, contemplou variadas competências, desde o estudo do texto instrucional à escrita, passando pela confeção de gelatina e educação artística. Foram dinamizadas, durante a semana, atividades na sala de aula, em parceria, com a docente de Educação Especial Marta Barbosa. Partindo de um conteúdo de Português, foi trabalhado, tal como referenciado acima, o texto instrucional – a receita, texto muito utilizado no nosso quotidiano. As crianças aprenderam que é constituída por duas partes: a lista de ingredientes e o modo de preparação. E assim surgiu a receita «Gelatina de frutas para meninos gulosos». Partilhamo-la para eventuais interessados con-

2 saquetas de gelatina ao gosto

500g de fruta a gosto (manga, maçã, morangos, pêssegos, kiwi, etc.)

Modo de preparação:

conhecimentos adquiridos com o texto instrucional. Puderam, desta forma, confirmar como é importante seguir instruções… Enquanto a gelatina solidificava com a fruta, os alunos redigiram, no seu caderno diário, um texto informativo, relatando a atividade, trabalhando a competência da escrita de texto. Posteriormente, o texto foi devidamente ilustrado, de acordo com o gosto e criatividade de cada aluno. Os alunos consideraram que a melhor parte, ou a mais apetitosa, foi quando todos

Prepare as gelatinas, conforme as instruções da embalagem.

Descasque, lave a fruta e corte-a em cubinhos.

Coloque cuidadosamente a fruta no recipiente com a gelatina.

Leve o recipiente ao frio, até solidificar. Bom apetite!

puderam saborear a sobremesa saudável confecionada pelos pequenos/grandes chefes. Cristina Sousa, professora do 1.ºciclo , turma V2-1


4|Acontece nas escolas do agrupamento

Semana do Mar A escola das Violetas festejou, em novembro, como tem sido habitual, a Semana do Mar. Uma das atividades programadas para o 2.º ano foi a visita da engenheira Sílvia, do Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental (CMIA) de Vila do Conde, durante a qual foram abordados temas sobre a vida dos peixes, a poluição dos mares, as redes fantasmas, entre outros.

Os alunos foram alertados para a importância das nossas boas atitudes enquanto cidadãos responsáveis, atentos e com sentido ecológico para vivermos num mundo melhor, num mundo com menos poluição. Perceberam, dessa forma, que devem ter atitudes proativas, procurar soluções criativas e gerar novas ideias de forma a minimizar os danos executados pelo Homem até à data. Os

alunos refletiram, ainda em conjunto, sobre pequenas atitudes que podem começar dentro da casa de cada um, com o intuito de levarem consigo esses conselhos e partilhá-los com os membros da família. No fim da sessão esclarecedora da engenheira Sílvia, em jeito de consolidação do que aprenderam, as crianças da turma escreveram um texto individual alusivo ao tema. Fica o nosso agradecimento à Engenheira Sílvia pela sua disponibilidade e pela partilha de conhecimentos que proporcionou aos nossos futuros homens e mulheres de amanhã.

Cristina Sousa, Professora 1.º ciclo, turma V2-1


5|Acontece nas escolas do agrupamento

Dia Nacional do Mar: 16 de novembro cada vez mais e pior, o Mar está sujeito, tudo fica ameaçado. Então, deixamos o desafio: - evitar a compra de sacos, objetos e materiais de plástico; - reutilizar todos os objetos e materiais o máximo possível; - separar corretamente o lixo nos diferentes contentores do ecoponto;

No âmbito do Dia Nacional do Mar, realizamos um conjunto de atividades para assinalarmos a data e, principalmente, para reforçarmos a importância que o Mar tem na vida do nosso planeta. Pesquisamos e procuramos informação para aprendermos mais sobre o Mar e as espécies marinhas. Lemos excertos de livros sobre o Mar. Visualizamos apresentações multimédia e vídeos sobre as ameaças e as consequências da poluição do Mar https:// www.youtube.com/watch? v=EWqnWXnXURw Refletimos e apontamos estratégias para cada um de nós e todos juntos podermos contri-

buir para a proteção e a preservação do Mar e das suas espécies. Para concluirmos o nosso estudo sobre o Mar, elaboramos representações de animais marinhos utilizando materiais reutilizáveis. No final, todos concordamos que: - o Mar tem uma importância enorme na vida na Terra (à volta de 70% do oxigénio existente na Terra é produzido por microalgas marinhas); - o Mar tem uma intervenção ativa e regula o clima na Terra; - o Mar é fonte de alimentação e de riqueza (economia); - o Mar é um meio de lazer. No entanto, devido à poluição a que, desde há muito tempo e

- não deitar lixo para o chão e participar em limpezas de espaços na Natureza; - partilhar os conhecimentos com os outros e incentivá-los a fazer mais e melhor.

Alunos da Turma BF2-1


6|Acontece nas escolas do agrupamento

Semana do mar: “A arte do mar- linhas e anzóis”

Colocação dos anzóis

Mestre Jerónimo falar sobre o mar português.

No âmbito da semana do mar, no dia dezoito de novembro fomos à biblioteca da escola ouvir o Mestre Jerónimo falar sobre o mar português. Ele começou por nos contar uma história sobre um “menino caxineiro” de nove anos, que ajudava os pais nas tarefas relacionadas com a pesca. De seguida, ele apresentou-nos o livro “Profissões do mar” de Teresa Azevedo. Alguns alunos leram o livro, onde cada um representou uma personagem co-

mo: Manuel o construtor naval, Laidinha a peixeira, Zeca o pescador, Correia o polícia marítimo, Solange a marinheira, Sebastião o capitão, Lima o mergulhador, Luísa a bióloga marinha, Odete a surfista e César o faroleiro. A seguir, mostrou-nos uma bússola que serve para os pescadores se orientarem. Aprendemos a vestir corretamente um colete e as três formas de o insuflar, para a segu-

rança dos pescadores em situação de emergência. O Mestre Jerónimo ensinounos a colocar os anzóis e a fazer um nó de pescador, foi divertido pois nós também podemos experimentar. Gostamos muito da apresentação, pois aprendemos muitas coisas novas relativas ao mar e ainda tivemos direito a um presente da mútua dos pescadores. Escola Básica das Violetas

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Turma: V4-1


7|Acontece nas escolas do agrupamento

Traz e leva na Escola de Benguiados

No passado dia 26 de novembro, realizou-se na Escola de Benguiados a atividade “Traz e leva”, proposta pelo programa EcoEscolas. Esta atividade, que contou com uma grande adesão por parte dos alunos do primeiro ciclo da nossa Escola, foi promovi-

da no âmbito da “Semana Europeia da prevenção dos Resíduos – Comunidade Circular”, e consistia em promover uma feirinha de trocas de livros, jogos ou brinquedos, trazidos pelos alunos. A nossa feirinha teve lugar na Biblioteca da nossa escola e, mesmo que por sorteio, todos os alunos ficaram bastante satisfeitos com o que lhes saiu “em sorte”. Prendas trazidas pelos alunos expostas na Biblioteca da Escola de Benguiados.

Escola de Benguiados

Traz e leva os alunos à escola Ia começar a escrever que compreendo, é só um minuto, não atrapalha ninguém. Mas, não é verdade, às vezes é mais de que um minuto e atrapalha. Passo a explicar: de manhã quando chego à escola (nem sempre é fácil sair uns minutos mais cedo a essa hora do dia e todos os minutos contam) não consigo circular normalmente. Tenho um lugar para estacionar, mesmo ali, mas não está acessível porque os “pais” estão a deixar o “filho/a” na escola e param onde lhes é mais conveniente. Não se preo-

https://www.google.pt/maps/@41.3605494,-8.7491066,3a,75y,274.42h,89.72t

cupam com a fila que provocam, nem com os lugares que bloqueiam, até nos dias de sol, ou seja,

não se preocupam com o outro.

Será que não podíamos fazer melhor? Lídia Sanches Mota Professora de Geografia


8|Acontece nas escolas do agrupamento

Dia Nacional do Mar No dia 16 de novembro, Dia Nacional do Mar, fizemos questão de dar “voz” à problemática do lixo marinho. Neste âmbito, e porque desejamos que o nosso mar não se transforme numa ilha de lixo, participamos juntamente com os coleguinhas do 3º ano da escola de Benguiados e Violetas e turma C3-2 de Caxinas numa ação de limpeza da praia de Vila do Conde. A quantidade de lixo recolhido é impossível descrever. Encontramos plásticos, esferovite, fraldas de criança, garrafas de vidro, pedaços de redes, brinquedos, muitas máscaras… Apelamos a que reduzam, depositem o lixo nos contentores, reciclem e reutilizem, para que a vida marinha não desapareça.

Turma C3-1

Centro Ciência Viva na Escola – Experimenta Octante No âmbito do Projeto Octante, o Centro Ciência Viva de Vila do Conde dinamizou com os alunos do 2.º ano de escolaridade da Escola Bento de Freitas, durante o mês de dezembro, três atividades experimentais “oficinas de ciências”: O caracol catita, Que lixo é este? e Entre Estrelas e Ouriços. Estas atividades tiveram

como principal objetivo promover o desenvolvimento de competências académicas, relacionais, lúdico-experimentais e de cidadania. Tudo isto só foi possível com o apoio da Câmara Municipal de Vila do Conde. Escola Básica Bento de Freitas, Turmas do 2.º ano


9|Acontece nas escolas do agrupamento

Já somos Escolas Ubuntu! A Ação Específica 1.6.2 - Programa para competências sociais e emocionais, no âmbito do Plano 21|23 Escola+, faz parte de um conjunto de medidas que procura dar respostas à necessidade de recuperação de aprendizagens e garantir que ninguém fica para trás, https:// escolamais.dge.mec.pt/ . Decorrente deste enquadramento, a Direção-Geral da Educação pretende, em parceria com o Instituto Padre António Vieira, desenvolver, nos anos letivos 2021-2022 e 2022- 2023, o Programa Escolas Ubuntu. O programa ESCOLAS UBUNTU visa proporcionar a cada agrupamento de Escolas aderente a realização da ACADEMIA DE LÍDERES UBUNTU para os seus estudantes, tendo em vista o desenvolvimento de competências socio-emocionais, como o autoconhecimento, autoconfiança, resiliência, empatia e sentido de serviço. Está baseado no conceito “UBUNTU” que significa “eu sou porque tu és, eu só posso ser pessoa através das outras pessoas”, e potencia uma educação para a cidadania que valorize três eixos: a ética do cuidado (saber cuidar de si, dos outros, da comunidade e do planeta), a liderança servidora (atenção ao serviço e ao bem comum) e a

capacidade de construir pontes (atitude essencial num mundo polarizado e fraturado). Inspira-se igualmente em líderes de referência, como Nelson Mandela, Martin Luther King, Gandhi, Madre Teresa, Malala, entre outros, cujas biografias podem inspirar os participantes. Usa uma metodologia de educação não-formal, experiencial e relacional, baseada em estratégias e recursos muito diversificados, que são disponibilizados a todos os animadores Ubuntu de cada Unidade Orgânica (UO). As evidências recolhidas são inequívocas quanto ao impacto gerado nos participantes. O incremento dos níveis de autoconfiança, de resiliência e empatia, com consequências quer nas aprendizagens, quer na sociabilidade, a par com o reforço do seu compromisso cívico de “líder Ubuntu” são recorrentes. Este programa, que poderá complementar o trabalho dos docentes no âmbito do apoio tutorial específico, aposta também na capacitação de educadores (professores, professores tutores, psicólogos, assistentes sociais, assistentes operacionais e outros profissionais) de cada Agrupamento, através de oficinas de 50h de capacitação, de modo a que, progressivamente, possa desenvolver autonoma-

mente esta metodologia e cumprir os objetivos enunciados. Em termos de público-alvo, no ano letivo 2021/22, em termos etários / nível de ensino, destinar-se-á aos 13-18 anos (correspondente, em geral, a 3º ciclo e secundário). No ano letivo 2022/23, disponibilizar-se-á também a opção dos 6-12 anos (correspondente ao 1º e 2º ciclo). E o nosso Agrupamento não quis "perder o comboio" e aderiu a esta iniciativa! Para o desenvolvimento do projeto, foi solicitado ao Agrupamento a seleção de seis pessoas da comunidade educativa, entre professores, técnicos e assistentes operacionais. Tendo sido criado, este ano letivo, o Observatório da Indisciplina (OI), que pretende desenvolver uma ação preventiva da indisciplina no Agrupamento, considerou-se importante que alguns membros desta estrutura ingressassem esta iniciativa. Outros elementos da comunidade que já estão envolvidos em outros projetos, bem como uma Assistente Operacional completaram a equipa. A formação deste grupo de trabalho visou promover o trabalho colaborativo entre o OI com o Apoio Tutorial Específico, Academia de Líderes Ubuntu, Progra-


10|Acontece nas escolas do agrupamento

ma de Mentorias, entre outras que futuramente poderá vir a propor. Nos dias 2 e 3 de novembro, seis elementos da nossa comunidade educativa, em representação do Agrupamento de Escolas Frei João de Vila do Conde, estiveram num encontro online, com cerca de quatrocentas pessoas de escolas de todo o país, para dar início a este projeto, que irá ser

implementado ao longo do presente ano letivo. Nos dias 22 e 23 de novembro, estiveram no nosso Agrupamento quatro formadoras da “Academia de Líderes Ubuntu”. Tivemos o privilégio de receber alguns colegas dos Agrupamentos de Escolas de Aver-o-Mar, Cego do Maio e da Escola Secundária Eça de Queirós, que, tal como o nosso Agrupamento,

aderiram a este desafio e são escolas “Ubuntu”. O principal objetivo prendeu-se com a preparação da semana “Ubuntu” para os alunos de cada uma das escolas presentes. Fiquem a aguardar as novidades. Os Educadores Ubuntu do Agrupamento de Escolas Frei João

Mundo de palavras 8.º J “Não à Escravatura” Não à escravatura - WordArt.com

“Voluntariado” https://wordart.com/u5onoskz9zxj/word-art%204

Maria Armanda Ribeiro, professora de História


11|Acontece nas escolas do agrupamento

Palestra “Modos de vida e tradições das gentes das Caxinas” No dia 16 de novembro de 2021, celebra-se o Dia Nacional do Mar. Nesse dia, as professoras de História, Mª Isaura, Mª Armanda e Mª Antonieta, organizaram, para os alunos do 8º ano, uma Palestra intitulada “Modos de vida e tradições das gentes das Caxinas”. O palestrante foi um antigo aluno desta escola, o Dr. Abel Coentrão. O Dr. Abel é Presidente da Bind'ó PeixeAssociação Cultural.

Os alunos revelaram muita curiosidade e muito interesse. Levaram para casa muitas perguntas para colocarem aos seus avós e outros familiares; encontraram fotografias de familiares que

nunca tinham visto; imaginaramse na vida dura dos pescadores do bacalhau; navegaram nos mares gelados; …. Transcrevemos aqui algumas Palavras do Dr. Abel Coentrão: “Fomos os quatro. Os mortos e os vivos: Eu, que poderia passar dias a contar o que com outros aprendi, o outro vivo, que não gosta de falar da pesca do bacalhau (o meu pai, um ausente sempre presente); o meu avô Abel, que não

chegou a viver a tempo de me contar sobre aquela viagem no Sr.ª do Mar, de 1958, em que teve como médico de bordo um Dr. Martinho que afinal era escritor (Bernardo Santareno); e o

meu bisavô Abel, que teve uma dúzia de filhos e filhas, um a cada duas viagens e que levou todos os rapazes ao bacalhau, onde perdeu um deles, António (O Bermelho). Fomos os quatro, com 1531 vilacondenses mais, e várias histórias debaixo da língua, celebrar o Dia Nacional do Mar, com todas as turmas do 8.º ano da B 2,3 Frei João de Vila do Conde, e contar àqueles adolescentes o quanto de mar há em cada um de nós, na nossa história coletiva. Este é um dia em que podemos olhar o Oceano de muitas formas, mas esta, à Bind'ó Peixe, e a mim em particular, diz-nos muito. O mar levanos muita gente, mas foi, e continua a ser, o sal que preserva a nossa identidade coletiva. Foram cinco sessões intensas, participadas e seguidas com muito interesse, das quais espero que fique, nestes e nestas adolescentes, alguma vontade de conhecerem mais sobre a ligação dos seus antepassados ao mar.” Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa

Antonieta Silva, Professora de História


12|Acontece nas escolas do agrupamento

A tradição do jogos no Dia da Escola No dia 28 de outubro de 2021, celebramos mais um Dia da Escola, da nossa escola, a Frei João.

Os professores do Departamento de Ciências Sociais e Humanas, com já vem sendo tradição, organizaram e dinamizaram a atividade Jogos Tradicionais. Prepararam com muito afinco o jogo dos pés atados, o jogo da corda, o jogo das latas e o jogo

da colher e implementaram cada um deles no parque de jogos, com a preciosa ajuda de alunos colaboradores. Já vamos nos terceiros jogos. Este ano, a adesão dos alunos foi ainda mais elevada, foi a maior de sempre, cerca de 200 alunos do segundo e terceiro ciclo do ensino Básico.

Foi uma manhã muito ativa, divertida, de entre ajuda, de aprendizagem e de cidadania. Todos os alunos que participaram nesta atividade receberam um Certificado de Participação e um prémio. Os prémios foram um livro, para os alunos do 3º ciclo e uma caneta, para os alunos do 2º ciclo. Estes prémios foram gentilmente oferecidos pela Porto Editora, na pessoa da

Dra. Cecília Oliveira, que destacou a importância que a Porto Editora dá a estas atividades, a vontade que tem em participar na vida das escolas e em poder contribuir para a formação das nossas crianças e jovens. Assim, a entrega do Certificado de Participação, dos livros e das canetas constituiu também um momento de alegria e de reconhecimento pela importância da participação nas atividades que dão vida à escola.

Ficámos a aguardar os IV Jogos Tradicionais, para o próximo ano. Contámos contigo!!

Antonieta Silva, professora de História e Lídia Mota, professora de Geografia


13|Acontece nas escolas do agrupamento

Notícias do Departamento de Línguas se a leitura de lendas de diver-

vos a esta efeméride.

sos países da Europa, a criação de pequenos vídeos, a elaboração de trabalhos alusivos à celebração, que foram expostos na biblioteca, e a exploração de Entre os dias 24 e 27 de setem-

diversos

recursos

bro, o Departamento de Línguas

num

dinamizou novamente o Dia Eu-

Kahoots, uma apresentação no

ropeu das Línguas. De entre as

Mentimeter e jogos. Os alunos

inúmeras atividades destacam-

visualizaram, ainda, vídeos alusi-

No dia 28 de outubro, o Auditó-

uma destinada aos alunos do

mas mais cantados foram Oxy-

rio da Escola Frei João vibrou

turno da manhã e outra para os

tocin de Billie Eilish, Gosto de ti

com mais uma edição animada

alunos do turno da tarde.

de David e Sara Carreira, Despa-

de Karaoke, tendo sido cumpri-

Os alunos dos 2.º e 3.º ciclos

sito de Luis Fonsi e Papaoutai

das as normas de prevenção e

interpretaram temas em língua

de Stromae. A participação de

mitigação do contágio da covid-

portuguesa, espanhola, inglesa

todos foi entusiástica e vibran-

19.

e francesa. Novamente foram

te.

Integrada no Dia da Escola, esta

revelados talentos até então

atividade teve duas sessões,

desconhecidos. Alguns dos te-

padlet,

agregados

nomeadamente Link: https://tinyurl.com/yc544285


14|Acontece nas escolas do agrupamento

O Departamento de Línguas deseja a todos os leitores um Feliz Natal / Merry Christmas / Joyeux Noël / Feliz Navidad e sugere um conjunto de recursos repletos de espírito natalício (vídeos, filmes, músicas, kahoots, livros, jogos, receitas, entre outros).

Manuela Marques, A Subcoordenadora de Línguas Estrangeiras Dores Fernandes, Coordenadora da Biblioteca Link: https://tinyurl.com/7wn9pn5w

Anabela Machado,

Coordenadora do Departamento de Línguas


15|Acontece nas escolas do agrupamento

Selo de Escola eTwinning No dia 26 de novembro, o Agrupamento de Escolas Frei João de Vila do Conde participou na cerimónia de atribuição do Selo de Escola eTwinning, onde estive-

ram representadas 108 escolas do nosso país. Os alunos da EB de Benguiados, tal como outros alunos, que no ano anterior desenvolveram projetos eTwinning, foram convidados a estar presentes no auditório da EB Frei João e, através da plataforma Zoom, associaram-se virtualmente a este evento. Estiveram representados alunos de vários

níveis de ensino cujos projetos obtiveram o Selo de Qualidade Nacional e /ou Europeu, distinção esta que reconhece a qualidade do trabalho desenvolvido em colaboração com outras escolas nacionais e europeias. Turma B3-1 Escola Básica de Benguiados

Projeto do agrupamento recebe Prémio Nacional eTwinning No dia 22 de novembro foram divulgados, através das redes sociais do eTwinning, os prémios nacionais atribuídos aos projetos desenvolvidos no ano letivo anterior. O projeto “ Me, my family and my city”, desenvolvido pela nossa turma, que

atualmente frequenta o 3º ano na Escola de Benguiados, para além da distinção de Selo Nacional de Qualidade e Selo Europeu, ganhou o prémio nacional eTwinning na categoria de primeiro projeto. Ficamos muito orgulhosos pelo reconhecimen-

to do nosso trabalho. No dia 10 de dezembro, a professora fundadora do projeto, e responsável pela sua implementação, participou na cerimónia de entrega de prémios onde apresentou e divulgou o projeto e a nossa cidade.

Turma B3-1 Escola Básica


16|Acontece nas escolas do agrupamento

Green Travel: Projeto interdisciplinar Os alunos das turmas 6B e 6F desenvolveram atividades integradas no Projeto eTwinning, intitulado Green Travel, por forma a trabalhar o incontornável e atual tema da proteção e sustentabilidade do Planeta Terra. Os conteúdos programáticos das disciplinas de Matemática, Educação Visual e Educação Tecnológica foram articulados, com a colaboração de Português e Inglês.

O trabalho final culminou num painel decorativo exposto na Biblioteca Escolar, resultado do empenho e dedicação dos alunos. Convidamos toda a comunidade escolar a visitar a Biblioteca e a

contribuir para a sustentabilidade do nosso Planeta!

Ana Lourenço, Professora de Matemática Sandra Pinto, Professora de Educação Visual


17|Acontece nas escolas do agrupamento

Agrupamento de Frei João de Vila do Conde, Escola eTwinning colaborativos entre professores e alunos nacionais e europeus. Integrar esta comunidade significa ter acesso a uma plataforma online, onde se potencia e desenvolve o gosto pelo trabalho em equipa, onde se acede a um espaço destinado ao desenvolvimento de projetos e onde se promovem inúmeras oportunidades de desenvolvimento profissional apoiadas nas mais recentes políticas educativas. Desafiamos todos os docentes que ainda não o fizeram, a juntarem-se a esta comunidade Sendo o eTwinning uma comunidade de escolas da Europa, a obtenção do Selo de Escola eTwinning veio reconhecer e valorizar o envolvimento, empenho e dedicação não só de eTwinners individualmente, mas de todo o Agrupamento no qual equipas de professores e direção trabalham em estreita colaboração. Para poder apoiar mais diretamente os professores, foi criada a figura de professor mentor, que pretende, na respetiva escola / comunidade educativa, apoiar professores a promoverem o trabalho colaborativo com recurso à plataforma eTwinning, divulgar projetos desenvolvidos e dinamizar eventos de (in) formação e de disseminação de práticas educativas.

A obtenção do estatuto de Escola eTwinning apresenta-se como um processo em desenvolvimento, aberto à participação de todos, pretendendo incluir professores e alunos de diferentes níveis de ensino e dar visibilidade a práticas inovadoras, baseadas no desenvolvimento de projetos

de escolas e, aos que já fazem parte dela, a desenvolverem os “nossos” projetos que permitirão ao Agrupamento manter o galardão de Escola eTwinning nos próximos anos! Dores Fernandes e Susana Mendes, mentoras eTwwinning


18|Acontece nas escolas do agrupamento

All about us

No âmbito do projeto eTwinning, os alunos que frequentam o Centro de Apoio à Aprendizagem e alguns dos alunos do Apoio Tutorial Específico integram o projeto “All About Us”. Este, que tem como parceiras escolas da Grécia, Lituânia e Espanha, pretende que os alunos apreendam a conhecer as tradições dos seus países, dando-as a conhecer aos outros através de trabalhos que vão sendo realizados, muitos dos quais com recursos às tecnologias web 2.0. Assim sendo, nesta primeira fase, dado que os alunos também participaram no Bookmark Exchange das Bibliotecas e as características dos alunos que integram o projeto, trabalhámos, sobretudo, a identidade: Quem

sou? O que mais gosto? O que menos gosto? Quais são os meus sonhos? Quem são as pessoas mais importantes para mim?, entre outros aspetos. Para a concretização desta atividade, a psicóloga, Doutora Goreti, trabalhou com os alunos, criando um pequeno caderno/ portefólio, no qual os alunos fizeram os seus registos e, posteriormente, utilizando as ferramentas web 2.0, com a professora Rosa Macieira, os alunos utilizaram a Plataforma PIXTON. Deve realçar-se que esta foi uma atividade que agradou muito aos alunos, pois, para além de aprenderem a conhecer-se um pouco melhor, também desenvolveram algumas competências nas áreas das tecnolo-

gias, tão importantes num mundo que se torna a cada dia mais digital.

Rosa Macieira, professora de EMRC


19|Acontece nas escolas do agrupamento

DAR no Natal, um compromisso social

Foi sob o repto

da solidariedade como compromisso social que o Agrupamento de Escolas Frei João se uniu, mais uma vez, à volta de um projeto comum: dar um Natal melhor às famílias carenciadas dos nossos alunos. Neste Natal de 2021, foram distribuídos 65 cabazes que certamente contribuirão para gerar alguma esperança nas famílias que dela mais precisam. Para concretizar este objetivo, foi crucial o envolvimento de toda a comunidade educativa: dos professores de EV/ET que

construíram um belo e inspirador cenário; dos professores de EMRC que procederam ao transporte de alimentos, à elaboração dos cabazes e à sua distribuição; dos Diretores de Turma, Professores Titulares e Educadores, essencias na motivação para a campanha e identificação de situações de famílias carenciadas; dos Coordenadores de estabelecimento, imprescindíveis na implementação da campanha e na logística de recolha de alimentos; dos Assistentes Operacionais, preciosos na entrega dos

cabazes às famílias carenciadas; dos docentes e não docentes que de uma forma anónima contribuíram e vibraram com esta iniciativa; dos Encarregados de Educação que souberem inundar a escola sede de uma generosidade contagiante. É esta junção de sinergias que faz o Natal acontecer no nosso Agrupamento e nos torna partícipes da solidariedade natalícia que dá um sentido único a esta quadra. Alípio Barbosa Coordenador do Projeto DAR


20|Acontece nas escolas do agrupamento

Projeto DAR Tapeçaria para o projeto DAR realizado pelo sub-departamento de Artes nas disciplinas de Educação Visual e Educa-

ção Tecnológica das docentes Ana Luísa Rodrigues e Adelina Martins. Turmas envolvidas 6ºA, 6ºB, 7ºE e 8ºJ.

Foram reutilizados tecidos e fita de cassete VHS em técnicas de tapeçaria mistas.


21|Acontece nas escolas do agrupamento

Texto e fotografias Professoras Adelina Martins e Claúdia Coelho


22|Acontece nas escolas do agrupamento

A LIMPEZA de PRAIA nas palavras deles…

A limpeza na praia através das palavras dos alunos do 5ºJ, atividade realizada na aula de Educação Visual com a professora Adelina Martins “Eu acho que recolher lixo foi uma atividade diferente, divertida tal como preocupante. Uma das coisas mais estranhas foi uma meia que encontramos na areia, que não sei como foi ali parar. Isto foi uma atividade que as pessoas deviam fazer regularmente.” Rodrigo Silva nº22 “Uma escova de dentes na praia! Não é normal.”

Carolina Serrão nº7 “Não devemos deixar caixas de pizza na praia. Não gosto de ver a praia poluída.” Ines Vareiro nº10 “Plástico jogado, mar poluído. Limpeza em primeiro lugar.” Sara Martins nº23 “Havia esferovite, garrafas de agua, caixas de cigarros por toda a praia. Foi um bocado nojento mas assim a praia fica mais limpa e mais bonita.” Maria Sousa nº15 “Na praia até encontrei um cigarro. Achei muito mau porque

parece que nem querem saber da camada de ozono, da geração futura, do mundo!” Mafalda Martins nº13 “Mar poluído, vida poluída.” Rita Costa nº21

“Eu encontrei sacos, mascaras, madeira e etc… Acho que fiz o bem não só para a praia mas também para os animais.” Lourenço Rodrigues nº11 “Apanhei muita esferovite, embalagens e pacotes de produtos. Adorei ajudar o planeta.” Mª Ines Pessoa nº17


23|Acontece nas escolas do agrupamento

“Na praia eu vi tábuas, esferovite, cigarros, papeis de anúncios, papeis de chiclet etc. Eu gostei muito de limpar a praia apesar do calor, foi divertido, também andei muito subi montes de areia, vi chupetas. Eu espero que as pessoas mudem, se não vai ser impossível limpar.” David Pires nª8 “Na praia encontrei uma meia e achei muito estranho e nojento. Não gosto de ver a praia poluída, concordo com a limpeza da praia.” Mafalda Barreto nº12 “As coisas que eu achei mais estranhas que eu apanhei foi uma chupeta e uma caixa de pizza, porque não é comum.” Maria Jáco nº18 “Vamos cuidar do planeta, deveríamos fazer isto todos os dias. Até chinelos encontramos, tanto lixo que apanhamos.” Maria Ines Ferreira nº16

“Nós fomos à praia e encontramos esferovite, chinelos, luvas, sacos de pizza, cigarros, redes de pescadores, um tubo e paus de madeira de barracas. Achei nojento e acho que as pessoas deviam ter cuidado porque assim todos os peixes morrem.” Henrique Tunico nº9

“Apanhei mais de 50 bocados de esferovite, uns 5 paus de chupachupa, algodão enrolado nas algas e muito plástico e também um dia muito calorento e limpo e acho que deviam de chamar trabalhadores para limpar a praia.” Afonso Azevedo nº1 “Eu acho que o lixo que apanhei não tem nada a ver com a praia. Porque madeira, plástico e tecidos não é para estar na praia.” Vicente Matos nº25 “Nos apanhamos varias coisas podia estar o dia todo a inúmera -las: meias, luvas, chinelos e até tábuas de madeira. Eu acho e todos deviam achar que um problema gigante é facilmente evitável com uma pequena ida a um caixote do lixo.” Alexandre Alcobia nº3 “Eu fui à praia e encontrei um par de meias, achei muito esquisito. Não gostei de ver a praia poluída.” Angela Magalhães nº4 “Eu apanhei uma tábua com pregos e esferovite e acho triste ver a praia poluída.” Rafael David nº20 “Apanhei uma luva e bastante esferovite, achei que uma luva é um bocado estranho apanhar

numa praia. Acho importante a recolha de lixo das praias.” Sofia Barral nº24 “A coisa mais estranha que apanhei na praia foi a chupeta do bebé muchi, eu achei muito estranho por as razões de raramente se encontrar e por o seu material de silicone poluir muito por conta de demorar muitos anos para se desfazer.” Beatriz Silva nº6 “Tinha muito esferovite. Apanhamos meias e luvas. É por isto que o planeta está assim.” Ariana Silva nº5 “Eu, quando fui apanhar lixo na praia encontrei uma chupeta com o nome muchi, mas nunca se deve poluir a praia.” Constança Abegão nº14

“Eu gostei da atividade porque limpei a praia e limpei o ambiente e quando estava a limpar a praia percebi que as pessoas poluem muito.” Miguel Machado nº19


24|Acontece nas escolas do agrupamento

DIA NACIONAL DO MAR

Para as comemorações do Dia Nacional do MAR - 16 de Novembro – o subgrupo de Educação Visual e Educação Tecnológica da nossa escola reutilizou o lixo recolhido na limpeza de praia realizada no dia 14 de Outubro no âmbito da disciplina de Educação Visual e em articulação com o Programa EcoEscolas e criou o painel de 2x1m que se encontra em exposição na escola.

Com a temática "Como sair desta corrente" pretendese alertar a comunidade escolar para a união pela preservação do MAR e do nosso PLANETA. Nota: A base onde se encontram montadas as letras que formam a palavra MAR é um antigo painel da escola, contribuindo para a reutilização de antigo material escolar. Turmas envolvidas na limpeza de praia – 5ºJ e 5ºF. Professores acompanhan-

tes na limpeza de praia Adelina Martins, Sandra Pinto, Joaquim Neves e Ana Campos. Criação e desenvolvimento do painel – Professora Adelina Martins, Professora Ana Rodrigues, Professora Cláudia Coelho.

Adelina Martins, Professora de Educação Visual


25|Acontece nas escolas do agrupamento

Projeto Mente Azul-Escola Azul: Go Deeper—AÇORES/SÃO JORGE O Centro de Formação Desportiva Náutica do AE Frei João de Vila do Conde, em parceria com a Escola Azul e a Universidade dos Valores, promoveu junto da sua comunidade um projeto de literacia oceânica, designado “Mente Azul – Escola Azul: Go Deeper”. A atividade foi composta por duas partes, a primeira constituiu num workshop realizado em Vila do Conde, no dia 28 de outubro, onde os alunos da turma 8ªB assistiram a uma palestra na biblioteca da Válter Hugo Mãe, seguida de um treino prático em piscina e uma saída de mar com apoio de embarcações. A segunda foi um estágio a realizar na Ilha de S. Jorge, de 6 a 11 de dezembro. Nesta parte do projeto participaram três alunas do 8ºB, acompanhadas pela professora Eva Martins. De realçar que a nossa escola foi a representante da zona norte neste projeto, e teve como participante da zona centro a escola da Nazaré e da zona sul uma escola de Lagos. A análise do vivido, memória e visão do então estágio realizado na Ilha de São Jorge-Açores, decorreu de 6 a 11 de dezembro de 2021,um Projeto designado “Mente Azul”- Escola Azul: Go Deeper-Universidade dos Valores (uma organização sem fins

lucrativos que procura encontrar soluções para uma vivência plena em ambientes culturalmente diversificados através do desenvolvimento de atividades inovadoras, disponibilizando ao público um espaço de bem-estar e ferramentas que se sustentam em valores universais e em aprendizagens que procuram expandir a Sabedoria Universal. A nossa Escola participou ativamente neste projeto completamente ligado à LITERACIA DO OCEANO, numa inigualável Ilhaa Ilha de São Jorge-Açores. Mais do que sensibilizar nossos alunos, é incentivar todos os cidadãos para assumirem atitudes informadas e responsáveis sobre o Oceano e os seus recursos. Literacia do Oceano vai para lá do conhecimento. É também comunicar, agir e decidir. É compreender que temos responsabilidades individuais e coletivas para com o Oceano. O Maravilhoso desta viagem, foi sentir a Alegria destes Jovens estudantes desde o aterrar na Ilha de São Jorge até o momento do regresso a casa! A meio da tarde depois de nos instalarmos na “Casa de Pedra malhada” e de bagagens arrumadas em Urzelina foi tempo para convívio entre os alunos das várias escolas ali presentes,

Vila do Conde-Nazaré e Lagos. Dias seguintes...dias inesquecíveis, as atividades propostas tinham como objetivo desenvolver competências pessoais, sociais e cívicas, trabalhando valores claramente identificados, como por exemplo, amizade, cooperação, liderança, honestidade, humildade, entre muitos outros. No primeiro dia, rumamos à “Fajã de Santo Cristo”, é um dos lugares mais bonitos da Ilha de Sâo Jorge, nos Açores. Disso não temos dúvidas. Mas será sensato alertar que não é um destino para toda a gente. A fajã é muito isolada (o acesso faz-se a pé ou de motorizada),nós fomos a pé, a partir da Serra do Topo A pé! Avistar a lagoa pela primeira vez a partir dos miradouros, continuar a descer junto à costa com a fajã desvendandose aos poucos, passagem pela cascata onde os mais corajosos sentiram a frescura da água com mergulhos naturalmente vividos, até que aparecem as primeiras casas, a igreja, a lagoa… são momentos difíceis de verbalizar, …Olhávamos o Oceano!! Ficámos fascinados com a beleza e tranquilidade, sentimo-nos numa espécie de transe, absorvendo tudo aquilo que a Fajã da Caldeira de Santo Cristo nos ti-


26|Acontece nas escolas do agrupamento

nha dado. Com o facto de ter desligado completamente do mundo que estamos acostumados! “Mágica” é a palavra que ocorre quando se define a estadia na Fajã da Caldeira de Santo Cristo., nem que tenha sido por um instante! Os alunos manifestavam a alegria caminhando e desfrutando de tal beleza!

mos, ainda na versão júnior, peixes como lírios, anchovas, sargos, garoupas e sargos, vejas… Com a presença de dois grandes caçadores Submarinos, conseguimos um belo de um petisco para todos neste projeto!

Mergulho no Porto dos TerreirosSâo Jorge- Açores Miradouro da Fajã dos Cubres

De magia se tratava o dia seguinte! Os fatos de Mergulho, davam cor e movimento à nossa estadia…chegou a hora! Mergulhar Mergulhar nas límpidas águas dos Açores perfeitas para mergulho no Oceano Atlântico foi como entrar num sonho mágico, de experiência memorável garantida para estas crianças! Partimos à exploração subaquática, inúmeros peixes e montes submarinos. São Jorge é uma das ilhas dos Açores com vida marinha mais rica. Começamos no Portinho dos Terreiros. Muitos peixes aproveitam este refúgio de predadores e pescadores para desovar e por isso é frequente ver-

No dia seguinte, houve momento também para uma Palestra na escola de Velas (a maior vila da Ilha de São Jorge), seguida de Limpeza do Lixo das praias desse povoado.

mas também de onde possam trazer e partilhar uma “Mente Azul” que beneficie a sua escola, comunidade e sociedade, construindo mais Escolas Azuis que promovam um Crescimento Azul Rumo a uma Economia Azul sustentável. O projeto “Mente Azul” Escola Azul”, apoiado pelo Programa Crescimento Azul - EEA Grants Portugal – DGPM, integra do programa Go Deeper da Universidade dos Valores e pretende assegurar que os desportos náuticos em contexto escolar em Portugal possam estar munidos de duas ferramentas essenciais a uma criação de valor e crescimento sustentável da economia azul. Essas ferramentas, fatores de sustentabilidade, são a (i) segurança e a (ii) ética azul. Se as crianças pudessem decidir sempre, com certeza teríamos passado mais dias vivendo neste MAR AZUL COM MENTE AZUL!!!;

Limpeza do Lixo das praias de Velas -São Jorge-Açores

Foram Atividades altamente integrantes neste Projeto; tiveram presente a importância de formar cidadãos numa relação profunda ao Oceano, onde aprendam a encontrar propósito e significado para as suas ações nas mais diversas esferas da vida,

Arquipélago dos Açores

Obrigada “BLUE MIND”! Eva Martins, Professora de Educação Física


27|Acontece nas escolas do agrupamento

DIA DA MÚSICA

Na EB de Caxinas, o Dia da Música, 1 de outubro, foi comemorado em parceria com o Conser-

násio, nos períodos da manhã e da tarde. Para assinalar esta data, alguns

vatório de Música de Vila do Conde. A atividade realizou-se com todas as turmas da escola, no gi-

alunos do ensino articulado e quatro professores proporcionaram a audição de instrumentos de metal, sopro e cordas. Os alunos do Conservatório toca-

ram, a solo, excertos de trechos de música clássica. Os instrumentos que ouvimos foram: flauta transversal, saxofone, violino, viola de arco, violoncelo, guitarra portuguesa, guitarra clássica e piano. Revelou-se um momento musical de partilha e convívio, muito agradável e produtivo, onde se ouviram sons melodiosos e partituras clássicas de enorme beleza. Apresentaram, também, o PowerPoint do Bichinho da Música, que nos mostrou os instrumentos (de sopro e cordas e os instrumentos de metal e madeira) e as suas caraterísticas. As turmas do 2º ano (C2-1 e C22) deram continuidade à atividade ao longo do mês, com a leitura dos livros “Ismael e Chopin”, de Miguel Sousa Tavares e “O menino que se apaixonou por uma guitarra –Carlos Paredes”, de José Jorge Letria. Também analisámos os objetivos do Dia Mundial da Música, com base na aplicação dos ideais da UNESCO.

Tânia Lazera, Professora do 2.º ano - C2-1 Ana Maria Carolino, Professora do 2.º ano - C2-2


28|Poesia

Poemas do Dinis Maria sobre reis

I

II

III

O desaparecimento d’El Rei “O Desejado”

A dinastia Filipina

O Rei D. Dinis

Eis que, com grande ânsia de vitória, Espada, escudo e armadura, Que venha mais tarde à memória O lutar com muita bravura. Ele queria ser rei de Portugal E muitas terras conquistar. Certo dia, foi à guerra Deixando o povo a esperar. Mas mal podia saber o povo Da grande perda que tivera, Que numa tarde de nevoeiro El-Rei saiu da terra. O povo não queria acreditar, pensaram que na terra teria ficado. Por isso lhe foi dado o nome De Sebastião “O Desejado”.

Alguém tinha de assumir o trono real, Mas quem é que seria? Foi o seu tio-avô cardeal Começando assim outra dinastia. Começa a nova dinastia Com os Filipes de Castela, O segundo não merecia E a alma do terceiro era paralela. Tinha de ser um grupo de nobres A salvar-nos desta prisão, Éramos quase um povo de pobres Todos com muita pressão. Mas o nosso rei D. João, O famoso duque de Bragança, Fez uma grande revolução Para um futuro com mais esperança!

Tinha que ser D. Dinis A plantar o pinhal de Leiria. Mandou construir os barcos, Para descobrir o mundo com alegria.

Em 1290, Criou os estudos gerais. Ajudou muita gente e Fez coisas sensacionais! Criou as feiras francas, Onde ninguém tinha que pagar. Todos agradeceram Por ser ele a governar. Graças a esse grande rei O português tornou-se língua oficial. Foi um rei quase sem defeitos E ao país nunca fez mal.

Dinis Morais Damas, 5.ºA


29|Olhar o Mundo

Vacinação no mundo – Coronavírus Há mais de dois anos que o coronavírus surgiu, deixando o mundo de ponta-cabeça. Havendo fortes consequências na vida das pessoas, como a morte. No início do ano de 2021 surgiram as vacinas, começando a vacinar-se a população de uma maneira descendente por idades. Neste mapa conseguimos ver um grande contraste, do total de doses por 100 pessoas, entre os países. Na maior parte dos países desenvolvidos, foram administradas mais de 50 doses por 100 pessoas, enquanto que nos países em desenvolvimento, sobretudo nos países da África subsariana, é possível observar-se, no mapa, menos de 10 doses por 100 pessoas. Com este mapa, chegamos à conclusão que há contrastes entre os países até em coisas

como a prevenção de um vírus mortal. Vacinas contra covid: como

Contrastes de desenvolvimento As criações digitais do turco Uğur Gallenkuş como reacção às desigualdades apresentadas no “Público” por Ana Marques Maia em 17 de Dezembro de 2018, serviram de mote para uma proposta de trabalho aos alunos de Geografia do 9.º ano. Eis os resultados.

está a vacinação no Brasil e no mundo - BBC News Brasil Maria Sofia Tunico 9ªB


30|Arte na Escola

Yayoi Kusama

Yayoi Kusama é uma artista contemporânea, reconhecida internacionalmente como uma das artistas vivas mais importantes do Japão. Tem 92 anos e trabalha principalmente com pintura e escultura, mas também performance, cinema, moda e poesia. Foi nas décadas em que viveu em Nova Iorque que começou a chamar a atenção do público ao apresentar quadros pintados com bolinhas coloridas. Yayoi usa a sua arte como um meio de equilibrar a sua saúde mental "Eu luto contra a dor, a ansiedade e o medo todos os dias, e o único método que descobri que aliviou minha doença é não parar de criar arte. Segui a arte e de alguma forma des-

Yayoi e as abóboras

cobri um caminho que me permitiu viver”. Yayoi começou a desenhar abóboras quando estudava na Escola Municipal de Artes e Ofícios de Kyoto na década de 1940.

Sua obsessão pela abóbora está enraizada nas suas memórias de infância, ao crescer no Japão. A escassez de alimentos durante a Segunda Guerra Mundial, tornou o armazém de abóboras da sua família muito importante e sustentou grande parte da sua aldeia natal, Matsumoto. A abóbora assumiu um significado ainda mais pessoal e psicológico para Yayoi, após ela começar a sofrer alucinações durante a infância. As abóboras de Kusama preenchem as telas, cada uma apresentando características individuais que lhes conferem uma presença distintamente personificada. O uso da repetição de Yayoi destaca a abóbora como um símbolo pessoal de alívio da ansiedade, pensamentos obsessivos e alu-


31|Arte na Escola

cinações assustadoras. Durante os anos 80, Kusama explorou variações de cores vibrantes e brincou com a bidimensionalidade do preto. Em 1993, ela apresentou Mirror Room (Pumpkin) no pavilhão japonês da Bienal de Veneza. Esta instalação histórica combinou inúmeras esculturas de abóboras amarelas com manchas pretas numa sala espelhada que dava a impressão de um campo infinito abundante. Pintado em 2002, Pumpkin representa o estilo de Kusama e a complexidade técnica. Por meio de um manuseio hábil de tinta, Kusama combina detalhes minuciosamente precisos com um pontilhado rítmico da casca das abóboras para criar uma experiência visual fascinante. Os pontos aumentam de tamanho em direção ao centro elevado de cada lóbulo da abóbora, com os pontos diminuindo de tamanho

e aumentando em frequência em direção às ranhuras que dividem cada segmento. O avanço resultante e o recuo da forma impregnam a tela com uma energia visual única que é quase escultural. Combinando o pessoal e o universal, as abóboras de Yayoi causam sensações de majestade e maravilha Desde 1977 que Yayoi decidiu viver num hospital para doentes mentais, onde vive até hoje. A uma curta distância fica o seu estúdio, onde ela continua a produzir obras de arte em várias técnicas e materiais, e a construir uma carreira literária com publicação de vários livros. Continua a expor nos maiores museus do mundo. Na disciplina de Educação Visual nas suas turmas de 5º, 6º, 7º e 8º ano a professora Adelina Martins apresentou a obra de Yayoi Kusama e desafiou os

alunos a criarem a sua própria abóbora explorando os conteúdos programáticos de cada nível de ensino. Assim os elementos da linguagem plástica como o ponto, linha, forma, textura e cor foram explorados em várias técnicas que incluem o lápis de cor, marcador, pastel de óleo, tinta acrílica e colagem. Os trabalhos encontram-se expostos nas vitrines da escola e são de autoria dos alunos do 5ºJ, 6ºC, 6ºD, 7ºE, 8ºF, 8ºG e 8ºJ.

https://www.mediotejo.net/yayoikusama-por-massimo-esposito/


Adelina Martins, Professora de Educação Visual


33|Arte na Escola

Postal de Natal Postal de Natal realizado com fotos dos trabalhos sobre polígonos regulares e estrelados, desenvolvidos pelo 8ºJ na disciplina de Educação Visual, com a professora Adelina Martins.

Autores: alunos do 8ºJ (Adelina Martins, Professora de Educação Visual)


34|Arte na Escola

Árvores de Natal "Árvores de Natal realizadas pelo sub-grupo de Artes, a primeira inserida na iniciativa "Árvores no Parque" promovida pela Camara de Vila do Conde e a segunda para alegrar a entrada da nossa escola. As duas realizadas com a reutilização de materiais e com a colaboração de diversas turmas de vários níveis de ensino."

Adelina Martins, Professora de Educação Visual


35|Grande Pesquisa

Os felinos dos diferentes continentes

Olá, chamo-me Salvador e estou a fazer um artigo sobre os felinos, então vamos começar!

verno conseguem chegar aos – 40ºC, nessa altura a pelagem do tigre da Sibéria ganha mais es-

palmadas e vive nos pântanos do sudeste da Ásia, ataca pequenos mamíferos ou quando vê as presas lança-se à água para apanhar peixes. América LINCE VERMELHO: Com a sua pelagem fumada o lince vermelho camufla-se nos bosques, rochas e vegetação que é o seu terreno de caça, tem visão e audição apuradas e caninos aguçados, quando deteta as presas ele rasteja para as atacar.

África (Savana ) CHITA: A chita é o segundo animal mais rápido do mundo, mas entre os terrestres é o primeiro. É o único felino do mundo que nas curvas mantém as unhas extraídas, adora antílopes e consegue atingir 115 Km/h. LEÃO: O leão é o maior felino de África. A sua função é proteger as crias, come dez quilos de carne por dia. Ásia TIGRE DA SIBÉRIA: O tigre da Sibéria é o maior de todos os felinos. Os machos chegam a pesar 400 kg. É um predador solitário que dispõe de territórios bastante vastos. As temperaturas in-

pessura e pode embranquecer para assim, passar despercebido na neve. GATO-DE-PALLAS: O gato-depallas é um enorme gato selvagem com uma longa cauda felpuda e de pelagem espessa. Durante o dia descansa e à noite caça pequenos roedores e pássaros, por isso, é um animal notívago. LEOPARDO DAS NEVES: OS leopardos das neves são os únicos felinos que vivem nas montanhas. São animais de hábitos noturnos, são encontrados a 5000m de altitude. GATO PESCADOR: O gato pescador tem patas ligeiramente es-

PUMA: O puma é da família dos felinos (mia/ronrona) mas não ruge, este animal chega a pesar mais de 100kg. OCELOTE: O ocelote é um pequeno felino muito ágil e furtivo, vive nas árvores e alimenta-se de pequenos animais e pássaros que consegue derrubar com uma patada. JAGUAR: O jaguar é o maior felino da américa do sul. Tratase de um predador feroz e de um excelente nadador.

Salvador Russa, 7.ºD


36|Educação Inclusiva

Dia Nacional da Língua Gestual Portuguesa Na semana de quinze a dezanove de novembro realizaram-se várias atividades de sensibilização à Língua Gestual Portuguesa no agrupamento Frei João. No dia 15 de novembro comemora-se o Dia Nacional da Língua Gestual Portuguesa, um marco significativo para a comunidade surda. Neste sentido, a docente de educação especial Ângela Machado e a terapeuta da fala Alexandra Lopes, dinamizaram várias atividades, adaptadas a cada nível de ensino, nas diversas escolas do agrupamento, cumprindo as regras sanitárias divulgadas pela DGE. Realizou-se uma breve explicação referente à importância da introdução da Língua Gestual Portuguesa (LGP) no ensino de alunos surdos, co-

mo é utilizada, produzida bem como quando foi reconhecida como língua da comunidade surda na Constituição da República Portuguesa. Os alunos aprenderam alguns gestos da LGP que replicaram de forma muito entusiasta. No préescolar e primeiro ciclo, os alunos realizaram trabalhos muito interessantes no seguimento desta atividade, como se pode ver no vídeo publicado nas redes sociais, nomeadamente, na página do Facebook e no blog da

educação especial e da biblioteca do agrupamento. No decorrer da atividade os alunos levantaram diversas questões pertinentes, o que revelou o interesse demonstrado pelo tema. Pode-se mesmo afirmar que esta atividade despertou muita curiosidade.

Departamento de Educação Especial


37| Plano Nacional de Cinema

O filme da minha vida

A lista de filmes poderia ser longa, pois são muitos os filmes que nos tocam. No entanto, dado o tema solicitado, escolhi “Os condenados de Shawshank”, do realizador Frank Darabont. A história tem como cenário o interior de uma prisão e as diversas interações que ali são estabelecidas entre prisioneiros, guardas e o diretor. Interações, onde a violência está sempre presente, mas onde o companheirismo, o respeito e a lealdade por vezes também acontecem. Encontramos duas personagens principais – Andy Dufresne (Tim Robbins) que é um banqueiro acusado e condenado pelo homicídio da mulher e do seu amante. Andy, que garante ser inocente, é enviado para a prisão de Shawshank, onde cumpre a sentença de prisão perpétua. Ali estabelece uma longa amizade com o prisioneiro Red Boyd (Morgan Freeman) que é o narrador desta história e que tam-

bém está condenado com a mesma pena. Andy, com formação superior na área das finanças, torna-se uma peça importante num esquema de fuga aos impostos entre os guardas e de lavagem de dinheiro realizado pelo diretor de Shawshank (Samuel Norton). Acaba por encontrar dentro da prisão uma testemunha para o seu caso, inocentando-o da acusação de homicídio, mas a sua importância em garantir a manutenção dos esquemas ilícitos dentro da prisão levam o diretor a recusar a reabertura do seu processo. (Re)ver este filme faz todo o sentido neste tempo, um tempo em que muitas vezes ouvimos vozes a reclamar pelo regresso da prisão perpétua e até da pena de morte, apesar de Portugal ser um dos países mais seguros do mundo. É um filme sublime porque nos permite uma profunda reflexão sobre a desumanização do am-

biente prisional e, sobretudo, da prisão perpétua. São vidas sobre quem se impôs uma sentença longa e, praticamente definitiva, mas sem qualquer possibilidade de reabilitação. Mesmo que alguns, já velhos, consigam a liberdade condicional, como aconteceu com um dos protagonistas, na verdade a institucionalização prisional limitalhes a capacidade para sobreviverem em sociedade. Não têm amigos cá fora, já não têm familiares à sua espera e a própria sociedade não tem mecanismos para os acolher. Os Estados com prisão perpétua ou pena de morte encaram o individuo como pessoa que tem apenas de ser castigada e não recuperada. E assim temos estados que satisfazem apenas a vontade de vingança por parte das vítimas e dos seus familiares, mas que são incapazes de exercer a justiça num plano mais equilibrado. E esse equilíbrio implica reabilitação, a qual deveria ser sempre acompanhada de uma avaliação psicológica séria, garantindo-se desta forma a oportunidade de se seguir um novo caminho depois de se ter cumprido uma pena. Portugal tem um sistema judicial que prevê castigo e recuperação e, apesar de muitas limitações e necessárias correções, apresenta uma taxa de criminalidade


38| Plano Nacional de Cinema

muito inferior à dos países com prisão perpétua e pena de morte. Ver este filme significa não ficar indiferente a uma das questões humanas mais complexas: o

exercício da justiça implica tão somente o desejo de vingança por parte do Estado ou pressupõe um balanço entre a atribuição de uma pena e o desejo de redenção

O valor das coisas

Sugestão de filme

Curta-metragem: O outro par https://youtu.be/vEb9WpSffk0 Para refletirmos sobre o valor das coisas. Não falamos de ter um teto, um carro… mas um par de sapatos! Dois, dois sapatos, um par! Uma criança que tenta remendar um par de chinelos, usados, sujos mas o único par daquela criança. Uma criança que se senta na cadeira do engraxador, um belo par de sapatos novos, novinhos em folha! E perdeu um, seria uma grande desgraça se a criança “chinelos” não tentasse devolver-lhe o sapato verniz…. E terá o esforço compensado?! Têm de ver e refletir!

Maria Armanda Ribeiro, Professora de História

Já que estamos na época natalícia e, em que os sentimentos mais nobres sobressaem, cá fica uma sugestão de um filme para ver em família. Trata-se da história de Kate (Hilary Swank), uma mulher casada confiante, bem sucedida e admirada por todos. Até que é surpreendida com uma terrível doença: o ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica). O filme retrata todo o processo degenerativo inerente à doença

de quem a comete. Os condenados de Shawshank dão uma resposta humanista a esta questão. Maria Isaura Maia, Professora de História

e remete-nos para a uma reflexão interior profunda. E se fossemos nós? E se fossem alguém que amamos? Esquecemos muitas vezes o quão finitos somos e, provavelmente os dias não estarão a ser vividos. Muitos passam os dias em modo automático, num corre-corre desenfreado,numa luta constante por ser mais e melhor. Não estará a verdadeira essência da vida deturpada? Não devíamos emanar os melhores sentimentos? Ser amigos de verdade? A pandemia é agora desculpa para a incompreensão!? Para a maldade!? Para o crescimento da inveja? Vejam o filme e sintam que o que realmente é importante: ser puro de coração e alma. Até porque hoje estamos vivos, mas amanhã, talvez não! Boas Festas. Cláudia Cruz, PNC


39|Bibliotecas escolares

O Plano Nacional de Cinema e a Biblioteca Cinanima vai à Escola

De 8 a 14 de novembro realizouse um ciclo de cinema nas diferentes bibliotecas do agrupamento usando a

plataforma que o Festival de Cinema de Animação de Espinho disponibilizou na rubrica Cinenima vai à Escola. O CINANIMA VAI ÀS ESCOLAS é um programa da 45.ª Edição do

Festival que tem como objetivo levar aos alunos de todos os níveis de ensino programas de cinema de animação de autor com qualidade artística e de produção, maioritariamente, europeia. Este Programa tem como missão melhorar a literacia fílmica das crianças e oferece, gratuitamente, seis programas, dois para cada nível de ensino, cada um com um conjunto de cerca de uma dezena de filmes de curta-metragem selecionados pelo Serviço Educativo do CINANIMA. Realizaram-se ainda sessões de cinema com a visualização dos filmes "Mirai" e “Hachiko Amigo para Sempre”.

Ciclo de Cinema “Viver o Natal na BE” As bibliotecas selecionaram um conjunto de vídeos/filmes para os diferentes anos de escolaridade. Os docentes têm acesso a outros vídeos e ferramentas natalícias em https://tinyurl.com/yckz5xth Visitem o site do Plano Nacional de Cinema do Agrupamento em https://tinyurl.com/bdz7ysfu

A Equipa do Plano Nacional de Cinema


40|Bibliotecas escolares

Bibliotecas Escolares: Vem conhecer as suas atividades A Rede de Bibliotecas Escolares preconiza que as bibliotecas escolares sejam espaços agregadores de conhecimentos e recursos diversificados e que sejam, na escola, locais implicados na mudança das práticas educativas, no suporte às aprendizagens, no apoio ao currículo, no desenvolvimento da literacia digital, da informação e dos media, na formação de leitores críticos e na construção da cidadania. Assim, o trabalho desenvolvido nas bibliotecas do nosso Agrupamento procura sempre pautar-se por estes princípios basilares. Nesse âmbito, foram várias as iniciativas desenvolvidas em articulação com os docentes e várias entidades da comunidade educativa.

Outubro é o Mês Internacional das Bibliotecas Escolares (MIBE)

bibliotecas escolares do nosso Agrupamento participaram, mais uma vez, no projeto de troca por correio de marcadores de livros entre escolas de diferentes países. As Escolas de Caxinas e Violetas trocaram marcadores com uma escola dos Estados Unidos (110 marcadores) e duas escolas da Croácia (36+58 marcadores); as escolas Bento de Freitas e Benguiados trocaram marcadores com escolas da Eslovénia (55 marcadores), Lituânia (41 marcadores), Eslováquia (24 marcadores), Roménia (13 marcadores) e Croácia (25 marcadores) e a Escola Frei João trocou marcadores com duas escolas da Eslovénia (147 marcadores), duas da Croácia (95 marcadores) e uma Hungria (30 marcadores).

Vamos brincar Micronarrativas

às

Foi uma atividade que envolveu as turmas das diferentes escolas, com grande participação e entusiasmo. Os trabalhos encontram-se disponíveis em https://tinyurl.com/4xkss64e

O tema do MIBE 2021, Contos de fadas e contos tradicionais de todo o mundo. As bibliotecas associaram-se a esta celebração, enaltecendo a ligação entre os livros, as bibliotecas e o mundo maravilhoso dos contos de fadas e contos populares. Ainda no domínio do MIBE e da International Association of School Libraries (IASL), as

https://tinyurl.com/yafnpt47


41|Bibliotecas escolares

A Arte e as Bibliotecas - Por mês umpintor de cada vez As turmas dos 3.º e 4.º anos de Caxinas e de Violetas empenharam-se e realizaram lindos marcadores divulgando além das suas histórias preferidas, o pintor português José Guimarães. Depois de terem assistido a sessões “Por mês um pintor de cada vez” sobre a vida e obra do pintor, assim como as principais caraterísticas e

técnicas dos seus quadros, os alunos puderam dar asas à sua criatividade realizando uma ilustração nos seus marcadores.

O Dia Nacional das Bibliotecas (25 de outubro) foi festejado com as rodas de leitura subordinada ao tema - “Era uma vez…”. As turmas escolheram um livro surpresa que foi apresentado aos alunos e foi lido em leitura repartida. Na atividade – “Queres ouvir? Eu conto… “ foram trabalhadas diversas obras, nomeadamente A Estrela Bernardina de Natércia Rocha, O Amigo Fiel de Óscar Wilde, O Elefante Cor-de-Rosa de Luisa DaCosta, Tudo ao contrário de Luísa Ducla Soares, A Menina gotinha de água de Papiniano Carlos e A Flor Vai Ver o Mar de Alves Redol, …

Dia do Animal Os alunos foram convidados a criar o cartão de identidade dos seus animais de estimação, tendo as Prof. Bibliotecárias cedido um exemplo:

As turmas aderiram em massa e ficámos a conhecer os animais de estimação de muitos alunos. Recebemos o Dr. Miguel do Hospital Veterinário da Póvoa de Varzim – Animar. Os alunos divertiram-se imenso a “brincar” aos Doutores Veterinários. Alguns dos trabalhos da Escola Frei João encontram-se disponíveis em https:// tinyurl.com/5d2p9tax Semana do Mar


42|Bibliotecas escolares

Divulgação de literatura relacionada com o Mar e leitura de algumas dessas obras como O dia em que o mar desapareceu de José Fanha, A Rosa e os feitiços do Mar de Manuela Ribeiro. e Mensagem numa garrafa de Abigail, Maria Baker, e Vikki Gunn.

Teresa Azevedo que apresentou Projetos de Leitura em FAMÍLIA o seu projeto e os livros que Já sei LER e Leituras em VAI E escreveu. No final, houve uma VEM sessão de autógrafos que deixou os nossos alunos muito felizes.

Semana Europeia da Prevenção de Resíduos Assistiram à sessão online “Gaivotas urbanas na área Metropolitana do Porto” turmas de Violetas, de Caxinas e da Escola Frei João. Comunidades circulares em parceria com o Eco-Escolas

As professoras bibliotecárias do 1.º ciclo dão os PARABÉNS aos Pais que mantêm a hora de Leitura Partilhada em Família com os livros enviados pelas bibliotecas e outros e, APELAM aos Pais que ainda não o fazem, para dedicarem pelo menos uma hora por semana à Leitura Partilhada com os seus filhos.

Com a colaboração do CMIA de Vila do Conde, realizaram-se várias sessões, para os diferentes anos de escolaridade (jardim, 1.º 2.º, 3.º, 7.º, 8.º 9º Atividade - Circular é ganhar… anos)": Animais e plantas do nos- Vamos trocar DECOJovem so Mar,; Os peixes da nossa Costa; Redes Fantasmas; Lixo Marinho- Marés negra ao Mar.

As escolas de Benguiados e Bento de Freitas celebraram o Dia do Mar com a participação do projeto “Mar de experiências” de

Em outubro e novembro, os alunos das escolas de Caxinas e da Frei João participaram em diferentes Consumer Talks, promovidas por técnicos da DECOJovem, subordinadas a temáticas emergentes - “Combate o desperdício alimentar!”, “Go Green, Torna-te


Sustentável” e “Desplastifica-te”. Estas ações visam sensibilizar os jovens consumidores para um mundo em mudança, o qual requer que estejam preparados e o façam de forma crítica e ativa, sendo eles agentes para um futuro melhor e mais sustentável.

Jorge Pereira, autor da obra Murro no Estômago

mem de Plantava Árvores, de Jean Giono. Os alunos do 2.º ciclo leram O Ulisses, de Maria Alberta Meneres, e os do 3.º ciclo Missão Impossível, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada. Estas foram as histórias selecionadas para a Fase Escolar, cujas provas escritas decorreram no dia 4 de dezembro, para o 1.º ciclo, e 16 de dezembro, para os 2.º e 3.º ciclos.

No total, o livro Murro no Estômago inclui histórias de sete mulheres que sobreviveram a atos inqualificáveis e oito experiências de quem salva vidas todos os dias.

Antes de estar a trabalhar no MAAC, o autor procurou a APAV porque pretendia conversar com sobreviventes de violência doméstica para que contassem as suas histórias e, com isso, ajudassem quem passa por esse flagelo. Concurso Nacional de Leitura Mais tarde, em conversa com a editora 20I20/Influência, sugeriOs alunos de 4.º ano do nosso ram-lhe que abordasse também Agrupamento leram a obra O Ho- quem estivesse envolvido no combate ao fenómeno. E assim abordou uma comissária da PSP; o psicólogo e assessor da APAV, Daniel Cotrim; uma magistrada do Ministério Público; uma profiler da Polícia Judiciária; o diretor nacional adjunto da própria Judiciária, entre outros.

As professoras bibliotecárias agradecem a colaboração e empenho de todos os envolvidos nas atividades dinamizadas. Visita à Escola Frei João, no dia 8 de novembro, do jornalista Paulo

«A Serra da Estrela é magnífica. A sua imponência fascina todos. Muitos pensam na estrela de Belém quando a olham, e pressentem nela como que um caminho Apresentação da obra O Menino para qualquer coisa maior. Para Jesus Roubado de João Paulo Lo- quem vive nas aldeias que escorpes Clemente rem por ela abaixo ou que se agarram às encostas adjacentes, a vida é dura. As gentes de fé inabalável vivem do pouco que arrancam à terra, e os ventos ásperos e gelados do inverno nuncam lhes dão tréguas. As famílias mais pobre passam frio e fome. Mesmo no Natal. Mas este Natal vai ser diferente. O Pedro, o Tiago e a Maria são meninos e é com meninos que o


44|Bibliotecas escolares

Mourão-Ferreira).» José Carlos Soares Para o ano cá estaremos com mais novidades e contamos convosco (alunos, professores, assistentes operacionais, famílias e direção). Visitem-nos em https://tinyurl.com/ykkebm75 https:// caxibiblioteca.blogspot.com/ https:// bibliotecafreijoao.blogspot.com/

verdadeiro Natal acontece. Neles vive um fogo de esperança que ilumina os vãos sombrios daqueles com quem se cruzam. É nesse espírito de fraternidade que resgatarão da frieza da noite um pai quase perdido e um louco chamado Jacinto. Um conto de amor

à terra fecunda e às pessoas vestidas de Beira Alta e que nos lembra que em cada Natal deveriam nascer de novo os homens de boa vontade acreditando, como Reinaldo Ferreira, que “A verdade é Belém”. Talvez assim seja “Natal, e não Dezembro” (David

Festas Felizes! Boas leituras para todos! Cláudia Cruz Maria Celeste Pinheiro Maria Dores Fernandes, professoras bibliotecárias

"Sonhar e Ser" Em dezembro foi lançado o livro "Sonhar e Ser", que contou com a participação da professora de informática e professora bibliotecária do 1.º ciclo do nosso Agrupamento. Trata-se de uma obra que reúne contos que inspiram as crianças a sonhar e a acreditarem nos seus sonhos e, mais do que isso, que as empoderem a ser a melhor versão de si mesmos, para construírem o mundo que precisamos. Tendo isto em conta, esta coletânea tem subjacentes os valores do Respeito pela Natureza e pelo Ou-

tro, a Generosidade, a Responsabilidade e o Empoderamento Pessoal e a Educação para a Mudança e a sustentabilidade. A Educação para o Desenvolvimento Sustentável é um dos temas que muito diz à professora Cláudia Cruz , ao ponto de ter sido investigado nos seus estudos. Apresentamos um pouco a professora Cláudia e o livro que uniu 10 mulheres de diferentes áreas. A salientar que a coletânea de contos infantis “Sonhar e ser”, 2021 é uma iniciativa da autora Susana

Machado e do projeto Fórmula S – Educação de valores para a mudança e a sustentabilidade. Boas leituras. Cláudia Cruz, Professora bibliotecária


45|Bibliotecas escolares

Palestra na Biblioteca sobre a Acidificação dos Oceanos coral são locais de nidificação de muitas espécies marinhas. Para diminuir a acidificação dos oceanos, o ser humano tem de reduzir a utilização de combustíveis fósseis para a produção de energia, pois os gases por eles libertados são responsáveis pelo aumento do efeito de estufa e pela diminuição do pH dos oceanos. No dia 9 de dezembro, várias turmas do 8.º Ano assistiram a uma palestra, na Biblioteca da escola, cujo tema foi a “Acidificação dos oceanos”. Nesta palestra, dinamizada pelo CMIA de Vila do Conde, falou-se de ácidos e bases e a escala de pH. Ácidos e bases são dois grupos químicos relacionados entre si. Estes dois grupos de substâncias, de grande importância, estão presentes no nosso quotidiano. Este tema engloba um assunto muito atual, a poluição. Nesta palestra o tema das chuvas ácidas também foi

abordado. As chuvas ácidas são uma das principais consequências da poluição atmosférica com efeitos nefastos para o planeta Terra. O aumento da temperatura dos oceanos e a diminuição do pH da água do mar também trazem graves consequências para alguns seres vivos marinhos como, por exemplo, os corais. Os recifes de coral, em muitas regiões, têm sido danificados por um processo chamado branqueamento. A morte destes seres vivos levará à perda de biodiversidade, uma vez que os recifes de

Todos podemos e devemos colaborar neste processo como, por exemplo, andar de transportes públicos ou de bicicleta e fazer a separação dos resíduos para serem reciclados.

Beatriz Ramos da Costa, 8.º A


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Maria Antonieta Silva Professora de História

Há registos de um método ancestral de inoculação, praticado no Oriente cerca de mil anos antes de Cristo, que consistia em furar a pele de uma pessoa sã com uma agulha impregnada com secreção das feridas de um paciente acometido pela varíola. Em 1767, J.Z. Hollwell, cirurgião irlandês escreveu “Um relato sobre inoculação da varíola nas Índias Orientais”, onde descrevia que durante certo tempo, roupas contaminadas pelos variolosos eram guardadas e depois pequenos pedaços desses tecidos eram aplicados sobre escarificações feitas propositalmente na pele de pessoas sãs. Este procedimento mostrava de forma empírica a atenuação da virulência do agente causador da doença pelo uso tardio dos fragmentos daquelas vestes, porém também apresentava risco de transmitir a doença.

Imperatriz Catarina, a Grande

Breve História e Curiosidades sobre a vacinação Uma carta escrita pela imperatriz russa Catarina, a Grande, em abril de 1787, sublinha a importância da vacina contra a varíola. Catarina, a Grande governou a Rússia de 1762 a 1796. A imperatriz foi uma grande defensora da vacinação, numa altura em que havia muita resistência por parte da população. Em 1768, tornou-se a primeira pessoa na Rússia a ser vacinada contra a varíola e, pouco depois, mandou inocular o seu filho.

Edward Jenner

Em 1789, Edward Jenner, médico britânico, observou que algumas vacas tinham feridas nas tetas semelhantes às provocadas pela varíola no corpo de humanos. Em maio de 1796, Jenner resolveu pôr à prova a sabedoria popular que dizia que as pessoas que lidavam com gado não contraiam varíola humana. Ele conduziu a sua primeira experiência com James Phipps, um menino de oito anos. O

médico inoculou no menino pus extraído das bolhas das mãos de uma leiteira que havia adquirido a varíola bovina através do contato com gado. O menino teve um pouco de febre e algumas lesões, mas não desenvolveu a infeção da varíola completa, tendo uma recuperação rápida. A partir daí, Jenner pegou no líquido da ferida de outro paciente com varíola humana e expôs novamente o menino ao material. Semanas depois, James Phipps não tinha desenvolvido a doença. Estava descoberta assim a propriedade de imunização, que recebeu o nome de vacina (do latim vacca). A doença foi considerada erradicada em todo o mundo pela Organização Mundial da Saúde em dezembro de 1979, depois de ter matado mais de 300 milhões de pessoas só no século XX.

Louis Pasteur


47|O Cantinho da História

O cientista francês Louis Pasteur (1822-1895) imortalizou a descoberta de Edward Jenner ao generalizar o termo vacinação, denominando assim todo o tipo de injeção imunizadora para prevenir doenças. Pasteur fez novas pesquisas para descobrir uma vacina contra a raiva (hidrofobia), e constatou que o vírus atacava o sistema nervoso. Sabendo que existia um tempo entre a mordida do cão e a chegada do vírus da doença ao cérebro humano, Pasteur observou que se um medicamento fosse injetado precocemente numa pessoa mordida por um cão raivoso, ela poderia ser salva. Em 06 de julho de 1885, uma mulher procurou Pasteur (que não era médico), suplicando que salvasse o seu filho de nove anos, Joseph Meister, mordido há dois dias por um cão raivoso. O procedimento foi realizado na criança, que recebeu uma série de inoculações da suspensão da medula de coelhos com vírus atenuados – o menino foi o primeiro ser humano da história a ser vacinado e salvo da raiva, que até então era mortal em cem por cento dos casos. Durante o século XX, surgiram várias vacinas com vírus atenuados ou inativados. Em 1937, ocorreu um grande desenvolvimento das vacinas, Max Theiler desenvolveu a vacina contra a febre amarela. Em 1940, Thomas Francis Jr. foi a primeira pessoa a conseguir a isolar o vírus da influenza e a desenvolver uma vacina para a doença. Jonas Salk, desenvolveu uma vacina para poliomielite. A vacinação causou grande diminuição na

incidência da doença. No início dos anos 1960, Albert Sabin, desenvolveu outra vacina para poliomielite, eficaz na prevenção da maioria das complicações da pólio. Após o êxito demonstrado por esta vacinação, a partir de 1968, passaram a usar exclusivamente a vacina desenvolvida por Albert Sabin. Sabin renunciou aos direitos de patente, facilitando a difusão da vacina e permitindo que crianças de todo o mundo fossem imunizadas contra a poliomielite. A vacina, administrada oralmente, eliminou efetivamente a pólio em quase todo o mundo. Na mesma linha de vacinas, com vírus atenuados, surgiram os imunizantes para o sarampo (1963), caxumba/papeira (1967), rubéola (1969) e rotavírus (2008). Nos anos 1980, ocorreu um novo avanço na tecnologia das vacinas, quando Richard Mulligan e Paul Berg, desenvolveram a técnica do ADN recombinante, que proporcionou o surgimento de vacinas para Hepatite B (1986), Papilovírus humano (2006) e Influenza (2013). A mais nova tecnologia em vacinas não contém proteínas virais (usam mRNA, ADN e vetores de vírus que transmitem instruções às células sobre como produzir proteínas virais). Algumas dessas vacinas já estão em uso no mundo contra a COVID-19. Há ainda um número crescente de candidatas de segunda e terceira gerações. Na corrida por uma vacina eficiente e segura contra a doença, o uso

de várias vacinas utilizando plataformas diferentes aumenta as possibilidades de bons resultados na imunização.

Poucas intervenções médicas do último século podem igualar o efeito que a vacinação exerceu sobre a longevidade, redução de custos e qualidade de vida da humanidade.

https://www.unicef.org/brazil/novefatos-sobre-vacinacao - consultado no dia 13 de dezembro de 2021 https://hospitaldocoracao.com.br/ novo/midias-e-artigos/artigos-nomesda-medicina/a-historia-das-vacinas/ consultado no dia 13 de dezembro de 2021 https://zap.aeiou.pt/carta-de-catarina-a -grande-vai-a-leilao-incentivava-avacinacao-contra-a-variola-446689 consultado no dia 13 de dezembro de 2021

Antonieta Silva, Professora de História


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“Bicicletada”

A alegria, os cheiros, o ar fresco, as cores do mar, fizeram-nos vaguear pelas ruas de Vila do Conde em Bicicleta! Foi na beleza e brilho da manhã do dia 28 de Outubro de 2021 (dia da Frei João), que o grupo de Educação Física participou ativamente na organização de uma “Bicicletada”, com a presença de cerca de cem alunos de todas as idades e anos escolares, esta atividade foi inserida no programa do ” Dia da Escola”. Porque é quase mágico, porque temos vontade, porque gostamos de desfrutar do ar livre, pedalando, experimentando uma vida simples com estes alunos! Aproveitamos cada momento. Em anos conquistamos nestes jovens a afeição das “amigas” do ambiente e o resto, bem, o resto é paisagem, absorver todo o prazer que as nossas bicicletas nos têm proporcionado. Vila do Conde sobre Rodas! A logística foi preparada antecipadamente, com a colaboração das Forças Policiais, Escola Segura e respetivos professores de Educação Física. A “Bicicletada” teve início na nossa escola pelas

10horas da manhã com durabilidade de cerca de duas horas, os alunos percorreram as ruas de Vila do Conde devidamente acompanhados pelas forças policiais e respetivos professores. Ao longo da manhã viveu-se em rodas que obedeceram ao impulso dos pedais e demos início à pedalada! As voltas e passeio tiveram o seu planeamento, têm sempre as maiores expectativas, com intenção de esta Bicicletada ser mais um memorável evento

gargalhadas, sentem-se as sensações vindas lá do fundo- A Alegria de participar nesta Bicicletada! Alguns encontrões entre bicicletas sucediam, eramos muitos! Não era estranho não parar, para não falar do acelerar, ahahaha! Tudo é possível quando a adrenalina espalha o seu efeito. Para alguns alunos, foi mais ou menos como uma experiência extra corporal, como quando contemplamos um sonho, onde sabemos tudo e dominamos tu-

para a vida destes alunos da Frei João! Partida! Os sorrisos altamente satisfeitos dos alunos ciclistas e as nossas bicicletas. Estrada fora…pedalando pelas ruas, avenidas, encontramos o Mar das Caxinas! Serenamente em reencontros com a história do nosso “Forte de S.João”, vagueando pela Foz do Rio Ave! A estrada estava por nossa conta! No constante movimento sobre o asfalto, ouvem-se os sorrisos, as

do. Porque é quase mágico, às vezes apenas queremos nunca sair dali. Foi um pedaço de maravilha para estas crianças! Uma Bicicletada a repetir… Obrigada Grupo de Educação Física! Obrigada Escola Básica Frei João! Eva Martins Professora de Educação Física


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Evadventures em África Eva Martins Professora de Educação Física

Olá! Aqui estou eu, “EvAdventures”, para mais um relato de uma grande aventura - a conquista do teto de África, o Kilimanjaro (5895m), numa alucinante Ascensão! Natural de Vila das Aves, professora de Educação Física na Escola Básica Frei João de Vila do Conde, não escondo o espírito de aventura, de abertura à viagem, à descoberta, à imersão em experiências que formam e nos tornam mais ricos física e espiritualmente. Nas minhas andanças já trilhei caminhos em diferentes continentes e diferentes países: Europa, Ásia (Índia), África (Marrocos, África do Sul, Namíbia, Botswana Tanzânia) América do Norte, América do Sul (Perú, Chile, Venezuela, Brasil), Islândia,…não importa a quantidade nem a distância! Poder partilhar as minhas experiências inspiradoras é para mim um prazer estampado no rosto. O relato pessoal e caloroso de "EvAdventures" está de volta!

Com mais um projeto, mais um sonho concretizado... Sob o mote: "Em cada viagem, uma aprendizagem", depois de longos anos ter fascinado a atenção daqueles que me seguem nas redes sociais, no dia-a-dia social, a nível profissional e entre família e amigos, para seguir os meandros das muitas viagens pelo mundo que como professora e viajante já realizei, estive novamente numa aventura! Vou -vos falar da fascinante viagem ao cume de África – KILIMANJARO. Uma montanha fascinante, de paisagens lunares tão inóspitas quanto belas, de vulcões. É a maior montanha da África e um dos maiores desníveis do mundo! Localizado no norte da Tanzânia, junto à fronteira com o Quénia, com uma altura de 5.895m. O Kilimanjaro é protegido por um parque designado Parque Nacional do Kilimanjaro, classificado pela UNESCO como Património da Humanidade. Famoso mundialmente, este vulcão emerge no meio da Savana

africana e apesar do enorme desnível topográfico ele não representa um grande desafio técnico. Seu cume é alcançado por uma longa caminhada e não é preciso usar as mãos para escalar. Por isso, o Kilimanjaro é considerado a montanha mais fácil dos sete cumes mundiais, é todo um projeto ambicioso de montanhismo. A verdade é que o Kilimanjaro pode ser escalado por quase todas as pessoas. No entanto, a montanha também é a mais subestimada do mundo levando quase 50% das pessoas a desistirem a meio do caminho. Para subir até ao topo do Kilimanjaro é necessário estar fisicamente e mentalmente preparado. É também preciso ter muita determinação e força de vontade para superar este desafio. Queria pôrme à prova… de alguma forma queria provar a mim mesma ser forte o suficiente para fazê-lo! Pretendi com a aventura, conhecer e dar a conhecer mais do que o trilho e as suas lindas paisagens, vivenciar as comunidades


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locais, a cultura e o povo que habita aquela região, fazer chegar a todos o maravilhoso estado de espírito que as montanhas nos oferecem. Foi num dia de verão de 2021, que pensei seriamente nesta aventura não hesitei em comprar minha viagem de avião para o aeroporto de Dar Es Salaam, situado na Tanzânia, território africano. Sem medo parti! Sem qualquer itinerário e tour comprado, fui

no nordeste da Tanzânia, município e capital da região de Kilimanjaro). Em Moshi, após vários contactos arteiros, astuciosos, brincalhões, espertalhões, manhosos (digase que este povo tem fome de negócio turístico, com intuito de ganhar algum dinheiro! quem não o tem?! …), tentei encontrar a rota mais barata (nenhuma Rota ao Kilimajaro fica por menos de 1500€!).

Fig.1. Viagem de train- Dar Es Salaam – Moshi (Tanzânia)

na aventura! Sabia das dificuldades que me esperavam; dos quilómetros a pé, do peso da mochila, das possíveis chuvas, do frio, da inexistência dos banhos, da altitude, do ar rarefeito, doença da montanha, etc… Apesar disso não desisti e avancei. Aterrar em terras africanas já me era familiar. Desta vez pisava o encantador país da Tanzânia. Pus-me a caminho no “train” (Fig.1 em cima), em direção a Moshi (cidade bem lá

A Rota “Marangu” foi a minha escolha por ser a mais acessível, turística e barata, a mais popular conhecida como a Rota da “Coca-Cola”, devido à sua singularidade é a mais antiga e preferível, é uma das sete rotas possíveis e existentes para subir o “Kili”! Após a minha decisão relativa à empresa, reuni com o meu guia e meu carregador (chamados de Posters) de equipamento necessário (mochilas, tendas, botas, casacos, lanternas, água,

alimentação, oxigénio, etc…). Foi a minha “equipa” nesta Ascensão ao Kilimanjaro, o trio: EvAdventures; o guia, Silvery e o carregador,James… No dia seguinte numa viagem aproximadamente de duas horas de carro, passando pela Vila de Marangu, fui levada à entrada do Parque para fazermos a entrega da documentação exigida pelas autoridades do Parque Natural do Kilimanjaro, e daí fomos até à porta da entrada de “Marangu Gate” (Fig.2.a, 2.b). Aqui começava! Comecei a subir pela floresta tropical num excitação difícil de explicar. Os guias dizem constantemente “pole pole” que significa “devagar, devagar”. Necessitava de sete dias no mínimo para aclimatização e encontro com o Kilimanjaro! Todo o trajeto

Fig.2.a-Marangu Gate-a 1879m

Fig.2 b- Porta de Entrada da Rota Marangu. a 1879m.

permitiu desfrutar das paisagens


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únicas com uma caminhada inesquecível! Este é o maior segredo para subir o Kilimanjaro, temos que andar muito lentamente, beber 3L de água por dia, comer tanto quanto conseguir e descansar durante a noite. A floresta é mágica, repleta de névoa e gotas de água cristalina nas barbas do musgo que aqui me parecia mais verde que em qualquer outro lugar. É também aqui onde a maioria dos animais se encontram (os animais não são perigosos). Ao longo dos primeiros oito quilômetros percorridos, tive a oportunidade de ver os macacos colobus e de atravessar floresta de eucalipto. A meio do trajeto, fizemos uma pausa para almoçar e recarregar as energias antes de continuar o nosso caminho até o acampamento Mandara Huts, onde ía jantar e passar a noite, nessa paragem tomamos um chá quente, umas bolachas... Lá vamos nós sempre a subir...pole pole (devagar devagar). À medida que ia subindo a montanha passava por diferentes ecossistemas. As encostas mais baixas da montanha eram zona de floresta densa. Em altitudes mais elevadas (3000 metros) encontrava um cinturão de floresta tropical. Este cinturão é substituído por sua vez, por um deserto alpino que nos lembra a

paisagem lunar (4400 metros). Nas extremas altitudes encontrava uma zona de gelo e neve permanente. A floresta é incrível, tive que parar um milhão de vezes para tirar fotos e filmar as enormes árvores (com formas muito estranhas) que circundavam o caminho de terra batida e lama feita pelos montanhistas ao longo de décadas. Após algumas horas de caminhada (a última hora é dolorosa) chegava finalmente ao Mandara Hut onde ia passar a minha primeira noite. O Mandara Hut é um grupo de cabanas de madeira construído numa clareira no meio da floresta. Cada cabana tem 6-8 beliches para dormir com iluminação gerada pelo sol. A água é canalizada para o acampamento vinda das nascentes da montanha e há casas de banho por trás da cabana principal. O jantar foi preparado pelos meus cozinheiros (guia e carregador) e servido numa cabana de refeições comum a todo o acampamento. A comida não me satisfazia, sou um pouco esquisita com a alimentação fora do nosso país! Mas eles esforçaram-se, ao servir, uma sopa, umas salsichas com ovos mexidos, amendoins, pão, leite e água fervida, porém, o que me sabia sempre melhor era a fruta!

Como durante todos os dias da viagem, depois do jantar, o guia (Silvery) questionava-me sobre o meu estado físico e psicológico. Um processo que se repetia todas as manhãs e noites para avaliar como está o meu corpo a reagir à altitude. As cabanas são o que são… não esperava qualquer luxo quando se está em áreas tão remotas. São pequenas, frias, com colchões sujos por onde já passaram 20.000 alpinistas e que nunca foram limpos ou trocados… restava enfiar-me no meu saco cama e dormir. Quanto às Casas de banho…estava preparada, o xixi era de pé, e nem pensar em banho, apenas passar o corpo com uma toalhinha! Em todas as noites desta aventura tive problemas para dormir, sentia de alguma forma a falta de oxigénio, mas estava tão cansada que me deixava adormecer, embora num sono muito irregular! Ao cair a noite, antes de dormir, tirava sempre meu momento para escrever…à luz da minha lanterna. Nos dias seguintes, acordava muito cedo, tomava o pequeno-almoço e preparava minhas coisas. Na rotina do despertar, o meu guia visitavame com uma bacia de água para me lavar. Sentia-me ótima, não me doía as pernas, não tinha problemas de respiração…


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Estava realmente preparada para mais um dia… muito animada! Feliz! Saímos de Mandara Hut eu, Silvery (meu guia) e james (carregador) caminhamos aproximadamente por um pequeno caminho de floresta. Contornamos a base da cratera Maundi e entramos no ecossistema “moorland” que se define por ter bastante relva tipo savana. Contemplava e maravilhava-me com tais paisagens! Alguns instantes para tirar as minhas fotos!…Aqui pude ver algumas das plantas mais espetaculares do Kilimanjaro – a gigante lobelia endêmica que cresce até 3m de altura e o groundsel gigante (Senecia Kilimanjari), que pode alcançar alturas de 5m! Paramos para um almoço sentados nas rochas cercada pela imensidão da natureza. Após cerca de 6 horas de caminhada, chego finalmente à vila Horombo. Eu só queria era sentar-me ou deitar-me num Aiiii de cansaço, mas de satisfação!!! Não me cativava pensar em jantar, porque sabia que por mais esforços que faziam a preparar a comida, não me satisfazia, chegava ao ponto de engolir a comida sem saborear, para não me sentir fraca! dizem que com a altitude perdemos o apetite e que devemos contrariar isso…. Antes do jantar tive a habitual bacia de água quente para lavar

os pés (sim não se toma banho durante 7,8 dias, lava-se os pezinhos, passa-se um dodot ao final do dia e ao despertar! E estamos com sorte. Depois do jantar, ficava ali no convívio com os outros montanhistas aventureiros, partilhando histórias e aventuras vindas de todo o mundo! Aqui encontrei muitos viajantes que estavam a subir mas também aqueles que estavam a descer… há uma atmosfera de aventura e emoção. Era um ótimo lugar para falar com aqueles que chegavam ao topo, fazer algumas perguntas, pedir dicas… Claro que também falei com pessoas que não conseguiram, que passaram mal… melhor seria nem sequer ouvi-los para não ficar ansiosa. Ao vislumbrar pela primeira vez lá longe o Kilimanjaro, senti uma enorme emoção, uma sensação indiscritível de alegria, ao ponto de caírem as lágrimas! Sabia que estava ainda longe de o alcançar, faltavam ainda uns dias de caminhada, a motivação e excitação apoderou-se de mim aquando da Visão do “KILI”! Uma das mais belas visões da minha vida! O Kilimanjaro (Fig3). Para escalar a montanha de grande altitude precisava de estar focada, precisava de acreditar em mim. Era importante estar fisicamente em forma, mas igualmente

importante estar bem com a mente! Estar mentalmente preparada para sofrer e subir aquela imensidão! Tu

Fig.3 Kilimanjaro- Deserto Alpinoaqui estava a 4720m.

consegues! (sou eu a falar para mim!). Nos dias seguintes continuava a minha subida até ao deserto Alpino passando pela última nascente de água (4130m). A viagem calma, a inclinação da montanha aqui não era muito grande, apesar disso as pernas fraquejavam e a falta de oxigénio começava a fazer com que custasse cada vez mais mover o corpo. Sentia o cheiro do “Kili”, bem mais perto…etapa difícil! Muito vento, alguma dificuldade respiratória e um caminhar a passo de caracol! Pole Pole! Comecei a sentir a necessidade de algumas paragens para beber


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água, umas barritas energéticas, sentia-me tão fraca e a desfalecer, nesta fase pedi ao meu carregador (que já tinha chegado ao camp Kibo Hut4720mantes de mim) para voltar para trás e trazer-me um chá e uma sopa quente para ganhar

Estava nervosa…sentia perfeitamente o ar rarefeito da altitude! Uma sensação única! Vivia algo duro fisicamente, exigente, uma etapa muito íngreme com bastantes rochas exigindo um grande esforço físico e mental. Começava a ser

Fig. 5 Mais perto do “KIli”, num pára-arranca!

Fig. 4 Zona alpina, onde ofereci minhas barritas energéticas a uns montanhistas. a 4720m.

forças e continuar meu caminho até atingir o novo patamarCamp Kibo Hut 4720 metros. Uns montanhistas que se cruzavam comigo, já estavam a desistir, lembro que ofereci minhas barras energéticas e cubos de marmelada para aumentar a sua energia…como ficaram para trás, não sei se continuaram (Fig.4)! O meu objetivo estava apenas a 1195m acima de mim. Conseguia ver ao longe a neve na cúpula, conseguia ter ideia do que faltava para subir. O “Pole Pole” (devagar, devagar) começava a fazer jus ainda mais fortemente!

assustador, sem dúvida partes exigentes de todo o percurso. É aqui também que entro em modo automático… Não conseguia pensar ou sentir qualquer dor ou frio… Apenas caminhava e caminhava… o meu coração batia, não sei se rápido ou lento, comecei a ficar preocupada! Falei de imediato com o guia que me ia ajudando com comida e água. Num páraarranca (Fig.5) …com vistas do sol a querer furar as nuvens, a vislumbrar glaciares, vistas deslumbrantes! Por cima das nuvens! Minha cabeça parecei ir estourar! Finalmente, chegada ao Gillmans Point, para mim, chegar aqui foi

como se a missão tivesse sido cumprida… Sabia que a pior parte já tinha passado, comecei a sentir-me mal, uma pressão muito forte na cabeça! Um simples passo parecia o mesmo que “correr uma maratona”… muito pouco oxigénio lá em cima por isso qualquer movimento é muito mais difícil. No topo do deserto Alpino encontramos o Kibo Hut 4720 metros (Fig.6), uma espécie de casernas com beliches para 60 alpinistas. Havia casas de banho na plataforma atrás das cabanas, o cheiro era insuportável, os buraquinhos no chão davam diretamente para um poço com tudo o que possam imaginar (dos últimos anos), lol uma verdadeira aventura! Vi um montanhista deitado numa daquelas macas de rodas que transportam os alpinistas doentes! (se não mortos!) com todo Staff à volta, num ambiente silencioso e comprometedor!


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meu guia para descermos imediatamente! Comecei a chorar como um bebé, não sei exatamente porquê… Talvez pelo alívio de tudo ter corrido bem… Talvez porque no fundo sempre acreditei que iria conseguir, talvez porque a paisagem era de “outro mundo” – Senti-me tão forte, tão feliz, ao mesmo tempo que queria gritar e rir de satisfação, não conseguia parar de chorar…mas

e glaciares. A ascensão final é uma experiência única de esforço, cansaço, satisfação e alegria (polê, polê,), sendo tudo isto rapidamente assimilado dentro de nós ao atingir o cume e o vislumbrar de um magnífico nascer ou Pôr do sol a 5.895 mts. Senti a conquista deste meu sonho de Mulher, Professora, Atleta, Amante da Montanha, a elevar ainda mais o

Fig.6 Chegada a Kibo Hut- Camp a 4720m.

Acabaram por descer com ele pelo monte abaixo, num tom tenso e triste.! Fiquei ainda mais nervosa! Nestas alturas só nos lembramos das desgraças e é um esforço enorme que temos de fazer para superar o medo. Mas o caminho era para a frente!! Cruzei com inúmeros viajantes vindos das diferentes rotas, a atmosfera era maravilhosa, todos com ar cansado mas bem-dispostos! Nos últimos metros apercebi-me que tinha conseguido, foi quase como um descer à terra ainda que já tenha estado em outras montanhas igualmente altas, esta era especial! Estava no ponto mais alto da África. (Fig.7). Total histerismo e satisfação – mas com uma dor de cabeça fortíssima, uma pressão enorme que me fez descer imediatamente…pedi ao

Fig.7 Pôr do Sol por cima das nuvens no Topo do Kilimanjaro

a forte dor de cabeça persistia, só acalmou após alguns metros de descida! As condições meteorológicas lá em cima determinam quanto tempo podes lá ficar. Normalmente, podes ficar 15 minutos… infelizmente a dor de cabeça não permitiu contemplar por muito mais tempo a estonteante visão quase a tocar o céu! Foi uma ascensão simplesmente extraordinária, proporcionando magnificas vistas sobre as montanhas, vales, florestas, rios

meu histórico de conquistas de aventura.

Eva Martins EvAdventures



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