O que é o alongamento ósseo? Dentro da rotina da minha prática cirúrgica tenho contato com dois perfis de pacientes: 1) os que possuem alguma doença genética; 2) vítimas de acidentes de trânsito. Para corrigir os defeitos e sequelas resultantes desses dois grupos de pacientes eu utilizo os princípios e filosofia disseminados pelo russo Garviil Abramovich Ilizarov, o pai da “tração osteogênica”. O alongamento ósseo é utilizado há mais de 100 anos, mas ganhou notoriedade no final da década de 60 no interior siberiano da Rússia, quando o Professor Dr. Ilizarov tratou o famoso atleta e medalhista olímpico da Ex-União Soviética, Valery Brumel, portador de uma fratura complexa nos ossos da perna devido a um acidente motociclístico. Fato esse lhe rendeu a mais alta condecoração russa, o Prêmio Lenin. Outro fator importante para a difusão dessa técnica foi o tratamento do jornalista italiano Carlo Mauri, em meados da década de 80, portador de osteomielite da tíbia. Viajante, fotógrafo e escritor esse paciente iniciou um trabalho de divulgação do “Método de Ilizarov” entusiasmando vários ortopedistas da região a conhecerem o “Michelangelo da Ortopedia”. Em 4 meses Carlo estava com sua infecção tratada e as deformidades corrigidas. O alongamento ósseo pode ser utilizado para correção de defeitos ósseos (fraturas complexas), encurtamentos por defeitos congênitos (hemimelia fibular), correção de contraturas articulares e capsulares (pé equino, joelho em
flexão), alongamento ósseo funcional (pacientes com acondroplasia) e até para o alongamento estético (pessoas que gostariam de ganhar alguns centímetros de altura). A técnica da tração ostegênica esta baseada na tração de 1mm por dia. Essa técnica pode ser executada utilizando-se fixador externo circular, fixador externo monolateral, associados ou não a uma haste intramedular (técnica conhecida como alongamento sobre haste, que permite o uso do fixador externo por um período menor de tempo quando comparada com a técnica que utiliza apenas o fixador externo). O paciente é orientado a manusear o fixador externo para ajustar diariamente seu distrator para ganhar o comprimento desejado. Esse período é crítico e requer um acompanhamento multidisciplinar. Ao termino dos ajustes, inicia-se a fase de “corticalização do osso regenerado” que é a etapa de amadurecimento do osso novo. Com os avanços e tecnologias de implantes foram desenvolvido hastes intramedulares com motores ativados por controle remoto (PRECISE® - Nuvasive e a FITBONE® - Orthofix). Essas hastes dão muito mais conforto ao paciente submetido ao tratamento para alongamento ósseo, pois dispensam a utilização do fixador externo.
Pacientes com discrepância dos membros podem levar a uma sobrecarga articular, resultando em artrose precoce e desvios do eixo de carga da coluna, resultando em escoliose. Testes pré-operatórios com palmilhas de compensação podem dar uma sensação do resultado final após um alongamento ósseo. Alinhar as expectativas é fundamental para o sucesso no alongamento ósseo. Um tratamento tão desafiador quanto gratificante.
A técnica da tração ostegênica esta baseada na tração de 1mm por dia. Essa técnica pode ser executada utilizando-se fixador externo circular, fixador externo monolateral, associados ou não a uma haste intramedular (técnica conhecida como alongamento sobre haste, que permite o uso do fixador externo por um período menor de tempo quando comparada com a técnica que utiliza apenas o fixador externo).
DR. LEONARDO MARANHÃO GUBERT CRM/SC 27718 | RQE 18034 | TEOT 13501 | Ortopedia e Traumatologia CURRÍCULO • • • • • •
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Revista Saúde | Julho . 2022 | rsaude.com.br
Residência Médica em Ortopedia e Traumatologia no Hospital Universitário Cajuru 2010 - 2013 Especialização em Cirurgia do Trauma, Reconstrução e Alongamento Ósseo no Hospital Universitário Cajuru 2014-2015 Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia - SBOT Membro da ASAMI Brasil Membro da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico - SBTO Estágio no Texas Scottish Rite Hospital For Children - Dallas TX - EUA em 2019
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