Revista Novacer Edição 73 Maio 2016

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Entrevista com o presidente da consultoria Thymos Energia, João Carlos Mello

Ano 7

Maio/2016

Edição 73

www.novacer.com.br

Resistência Mecânica Produtos que atendem às normas demonstram segurança e confiabilidade

Nova diretoria da Anicer toma posse no RJ

Unibave forma última turma de Engenharia Cerâmica

Casa cerâmica construída na Feicon segue o modelo do CDHU


O forno pode ser construído nos tamanhos de: 18,0m x 3,0m x 2,8m / 18 ,0m x 4,0m x 2,8m / 20,0m x 3,0m x 2,8m 20 ,0m x 4,0m x 2,8m / 24,0m x 3,0m x 2,8m / 24 ,0m x 4,0m x 2,8m

Comparando o custo final com os demais fornos do mercado o forno vagão metálico fica em torno de 40% a 60% mais barato e construído aproximadamente 60 dias.

O sistema de isolamento térmico em fibra cerâmica nas paredes, aplicados em módulos de 2m de comprimento eliminando propagação e fuga de calor, proporcionando uma economia de até 50% no combustível (madeira, cavaco e serragem, entre outros). Outra vantagem é o fantastico resultado da queima, tijolos queimados uniformimentes, tanto na parte superior da carga como na parte inferior da carga nao tendo tijojos requeimados ou sem queimar. Economia de mão de obra devido a facilidade no carregamento do tijolo para plataforma do vagão para queima e facilidade do descarregamento do tijolo depois de queimado diretamente no caminhão. Este forno esta totalmente em conformidade com as exigência do Ministério do Trabalho, ele evita que o funcionário entre dentro do forno com temperatura elevada. Após retirada do vagão os tijolos estão resfriados após 2 horas.

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SUMÁRIO

DESENVOLVIMENTO 14: Resistência: sinônimo de segurança e confiabilidade

EDITORIAL

CONSTRUÇÃO CIVIL

FEIRAS

GESTÃO

12: Carta ao Ceramista

13 : Manual de desempenho é lançado na Expo Revestir

18: Casa cerâmica construída na Feicon segue o modelo do CDHU

20: Investir com segurança em tempos de crise

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Não nos responsabilizamos pelos artigos assinados


ENTREVISTA

ARTIGO TÉCNICO

24: Mercado livre: 30% a 40% de desconto nas contas de luz

30: Estudo de argila para uso em cerâmica vermelha ou estrutural da região sul da Bahia

SUMÁRIO

Maio 2016 DESENVOLVIMENTO 22: Unibave forma última turma de Engenharia Cerâmica 27: Ceramistas da PB se reúnem para discutir a NBR 15.575 27: Sindicer promove evento sobre design em SP 28: Nova diretoria da Associação Nacional toma posse no RJ 29: Ceramistas debatem sobre temas do setor na Paraíba 35: LabSenai oferece ensaios a participantes do PSQ

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EDITORIAL

Carta ao Ceramista Os ceramistas precisam estar atentos quando o assunto é a resistência mecânica dos seus produtos cerâmicos. Pensando nisso, a NovaCer resolveu abordar neste mês este assunto. A falta de resistência não só causa danos às peças, como também pode trazer prejuízos à estrutura edificada, como fissuras, abalos e até mesmo desmoronamentos ao longo e depois da construção. Para que riscos como estes sejam evitados, é preciso realizar alguns testes. Os ensaios mais usais na cerâmica vermelha, conforme o engenheiro ceramista Clement Cadier, são Resistência à compressão e Resistência à flexão três pontos. Para blocos estruturais, existe um ensaio ainda mais representativo: O Prisma. Segundo Cadier, nesse teste se ensaia a resistência à compressão de uma parede de blocos com argamassa. Outra terma abordado neste mês foi a construção da casa cerâmica na Feicon. O imóvel foi construído com base no modelo desenvolvido

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pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) e foi um dos destaques da 22º edição da feira, realizada de 12 a 16 de abril, no Anhembi, em São Paulo. Neste mês a NovaCer também conta como foi a formatura do curso de Engenharia Cerâmica, do Centro Universitário Barriga Verde (Unibave), de Cocal do Sul (SC). A instituição formou ,no dia 9 de abril, 11 alunos, que receberam o diploma após cinco anos de estudo. A entrevista especial deste mês é com o presidente da consultoria Thymos Energia, João Carlos Mello. Ele fala sobre migração para o mercado livre de energia elétrica. Segundo o presidente, empresas que optam por este mercado obtêm uma economia de 30% a 40% em suas contas de luz. Confira na entrevista completa a seguir como funciona o mercado livre e quais são as suas vantagens. Aproveite a leitura!

A Direção


Um Manual Setorial de Desempenho da Indústria de Placas Cerâmicas para Revestimento foi lançado durante o Fórum Internacional de Arquitetura e Construção da 14ª Edição da Expo Revestir, no Transamérica Expo Center, em São Paulo. O manual foi elaborado pela equipe técnica do Centro Cerâmico Brasileiro (CCB) e da Anfacer, com o auxílio de profissionais do setor jurídico e de especialistas da área da construção civil e de determinados requisitos específicos da norma de desempenho. “Este manual é mais uma ferramenta que está disponível e que tem como objetivo esclarecer as interferências do componente placa cerâmica no atendimento aos requisitos da norma de desempenho ABNT NBR 15.575:2013, o qual traz a caracterização das placas cerâmicas frente aos requisitos de desempenho especificados na norma, de modo a colaborar com a correta escolha e uso das placas cerâmicas nos sistemas de pisos e vedações verticais”, disse a engenheira de materiais e gerente de projetos do CCB, Lilian Lima Dias. Conforme ela, a ideia do manual surgiu da necessidade de ajudar tanto empresas fabricantes de placas cerâmicas quanto construtores, arquitetos, especificadores, e projetistas quanto a esta nova abordagem introduzida pela publicação da norma ABNT NBR 15.575/2013, que é baseada no desempenho. “As primeiras conversas para a elaboração deste manual iniciaram no final de 2014 passando depois para a fase de planejamento e definição dos objetivos, público-alvo e ensaios a serem realizados, entre outras. A partir destas definições, foram cerca de oito meses para a aquisição dos produtos, realização dos ensaios e redação do texto. Depois do texto concluído, foi realizado todo o trabalho de diagramação do manual”, disse Lilian. Para o CCB, que participou ativamente desta fase inicial e da fase de elaboração do manual (aquisição, realização de ensaios e redação do texto), ou seja, efetivamente da parte técnica, a elaboração do manual foi uma oportunidade de estudar mais a fundo a norma de desempenho e um trabalho realizado com bastante dedica-

ção com o objetivo de oferecer mais esta ferramenta de consulta aos engenheiros, arquitetos, construtores e para as empresas fabricantes de placas cerâmicas. “O CCB participou ativamente da elaboração da norma de desempenho por meio da coordenação do Grupo de trabalho 3, o qual tratou especificamente dos sistemas de pisos no processo de revisão da norma. A norma de desempenho traz uma nova abordagem e introduz o conceito de desempenho na construção civil e poder contribuir para o desenvolvimento e fortalecimento da cadeia produtiva da indústria da construção civil por meio de ações como esta, realmente, nos deixa bastante satisfeitos”, comentou Lilian. O Manual, voltado para a cadeia produtiva do setor da construção civil, principalmente os arquitetos e engenheiros, incluindo o consumidor final, é divido em oito capítulos. São eles Introdução, Definições, Garantias e Assistência técnica, Requisitos de desempenho, Operação, uso e limpeza, Manutenção, Durabilidade, VU e VUP e Informações complementares. Para ter acesso ao manual, basta acessar a página eletrônica: http://manualdesempenho.anfacer. org.br/. NC

CONSTRUÇÃO CIVIL

Manual de desempenho é lançado na Expo Revestir

Fotos: CCB.

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D E S E N VO LV I M E N T O

Resistência: sinônimo de segurança e confiabilidade A falta de resistência causa danos às peças, e pode trazer prejuízos à estrutura edificada

Com o intuito de evitar riscos como trincas e quebras no transporte e no manuseio dos produtos cerâmicos, os ceramistas precisam estar atentos quando o assunto é a resistência mecânica dos seus produtos cerâmicos. A falta de resistência não só causa danos às peças, como também pode trazer prejuízos à estrutura edificada, como fissuras, abalos e até mesmo desmoronamentos ao longo e depois da construção. Para que riscos como estes sejam evitados, é preciso realizar alguns testes. Os ensaios mais usais na cerâmica vermelha, conforme o engenheiro ceramista Clement Cadier, são Resistência à compressão e Resistência à flexão três pontos. O primeiro Fotos: Laboratório de Cerâmica Vermelha do SENAI – AM

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é o ensaio principal e mais comum realizado num tijolo da produção que precisa cumprir com a norma. Já o segundo é o ensaio usado para determinar a carga à ruptura de uma telha. Também pode ser realizado para caracterizar e comparar argilas. Para blocos estruturais, existe um ensaio ainda mais representativo: o Prisma. Segundo Cadier, nesse teste se ensaia a resistência à compressão de uma parede de blocos com argamassa. Os ensaios de resistência mecânica, conforme Adilson Carlos Costa, são de grande importância para a construção civil, pois com os resultados se determina a aplicação adequada para o produto. Conforme o consultor técnico da Anicer e da Fundacer Jeferson Lemke, produtos com uma resistência mecânica considerada boa, na verdade, são produtos que apresentam uma estrutura física composta que suporta as diversas variações temporais e de uso que o produto cerâmico é submetido, tendo como referência os limites mínimos previstos em norma, dando o significado de segurança e confiabilidade. “A determinação da resistência à compressão dos blocos cerâmicos e da resistência à flexão para as telhas cerâmicas, demonstram, acima de tudo, a característica ligada à segurança no uso do produto, transmite confiança para o usuário de que aquele produto não trará riscos”, complementou. Conforme o engenheiro ambiental Alexandre Zaccaron, as peças só podem ser comercializadas se estiverem dentro das normas estabelecidas e se forem fiscalizadas pelo INMETRO. “Se atenderem a norma, não haverá problemas nas obras. Mas um produto não resistente somado a uma obra não conforme, traz consequências como fissuras nas paredes, o não atendimento


para que a obra não apresente patologias, garantindo que a obra seja de qualidade quanto à resistência, infiltrações e outras propriedades que podem ter ligações com o bloco.

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às normas de desempenho e, por fim, até mesmo o abalo de um sistema construtivo”. A utilização de produtos cerâmicos de qualidade e que atendam aos requisitos de norma, segundo o consultor técnico da Anicer e da Fundacer Jeferson Lemke, coopera na qualidade da habitação final, na segurança da estrutura e na manutenibilidade do sistema como um todo, cumprindo e prorrogando a vida útil da construção. Quando o assunto é resistência, conforme Zaccaron, o ceramista precisa estar atento quanto a três passos. O primeiro é realizar semestralmente o ensaio do produto acabado. O segundo é ver se o produto atende a norma. Caso não, deve-se fazer um rastreio no processo produtivo buscando eventuais problemas na matéria-prima ou no processo. O terceiro é, se descoberto o foco do problema, buscar a solução. Quando o produto apresenta resistência mecânica de acordo com as normas técnicas, as vantagens, segundo o analista técnico do Instituto Senai de Tecnologia em Construção Civil, Lucas Otavio Tramontin, são quanto qualidade, duração e garantia

Produto Resistente A resistência de um produto depende principalmente de matéria-prima, conforme o engenheiro ceramista Clement Cadier. Também são fatores importantes a temperatura de queima e o desenho do produto e orientação (furos horizontais ou verticais). Além desses, existem outros fatores como a qualidade e pressão de extrusão, granulometria ou uso de aditivos. Ainda segundo Cadier, a resistência tem a ver com o desenho do bloco de modo geral. A espessura é um dos fatores a serem considerados, porém não é o único. “Não é sempre que o bloco com maior espessura será considerado mais resistente. Por exemplo, um bloco estrutural de 19 pode ter uma resistência à compressão menor que o bloco de 9”, explicou.

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D E S E N VO LV I M E N T O

Conforme Cadier, o aumento da resistência de um bloco está ligada à qualidade da argila, espessura das paredes do bloco e desenho e repartição das paredes do bloco. “Portanto, é necessário sempre controlar a qualidade da argila e granulometria com ensaios de laboratório. Também ficar atento às trincas no processo e à temperatura de queima”, disse. Para Zaccaron, a dinâmica do produto pode influenciar na resistência da peça. “Quando as peças sofrem esforços, parte dela é mais solicitada que outras, assim o ideal seria reforçar algumas regiões e reduzir outras, visando maior resistência e menor peso. Furos e ranhuras fazem seu esforço ao redor ser intensificado (ver na foto 1). “A boa preparação da matéria- prima, o bom dimensionamento de um processo produtivo, principalmente, nos procedimentos térmicos, gestão no sistema tradicional e a incorporação de algum material fundente na argila pode auxiliar para que a peça

Foto 1

Foto: Alexandre Zaccaron

tenha uma resistência mecânica maior”, revelou Zaccaron. Ainda segundo ele, a baixa resistência mecânica pode estar alinhada a algum problema no processo produtivo e matéria-prima. Às vezes, apenas a dinâmica da peça pode resultar a um produto com esse problema. “Sempre importante observar que as peças com baixa resistência mecânica podem apresentar alto índice de umidade, o que acaba influenciando no não atendimento às normas técnicas no item do percentual de absorção de água, e até mesmo a problemas futuros na construção”. Conforme o diretor técnico da Emerson Dias Consultoria e Gestão Empresarial, Emerson Dias, atualmente, há uma necessidade cada vez mais latente de se controlar o processo de fabricação em todas as suas fases e etapas, “para que, assim, se possa de fato identificar possíveis falhas que resultarão na queda dos índices de resistência mecânica. O consultor técnico da Anicer e da Fundacer Jeferson Lemke complementou que quando se tratar da resistência mecânica dos produtos cerâmicos, é preciso observar os processos produtivos, para que haja constância na fabricação, tomando medidas de controle desde a pesquisa de matérias-primas, passando pela composição equilibrada entre as várias argilas e/ou insumos aplicados, conformação e geometria das peças, seguindo para a secagem, formando ligações fortes no processo de queima e dando ao cliente a certeza de que variados lotes produtivos terão as mesmas características técnicas e mecânicas.

Os ensaios Os ensaios de Determinação da Resistência à compressão de Blocos e Telhas cerâmicas são realizados conforme NBR 15.2703/2005 Anexo “C” e NBR 15.310/2009 Anexo “C”. Para os tijolos maciços, conforme o engenheiro ambiental Alexandre Zaccaron, é preciso seguir a ABNT NBR 6460/83. “O

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objetivo de cada ensaio é analisar se a peça ensaiada atende as condições de construção, colocado conforme cada norma específica”. Para o ensaio de blocos, segundo o coordenador Técnico do laboratório de Cerâmica Vermelha do SENAI – AM, Francis de Matos Aquino, são separadas 13 peças de amos-


ABNT realizam estudos para que haja coerência nos valores mínimos a serem atendidos para cada produto. “As telhas cerâmicas, por exemplo, devem suportar a carga de uma chuva de granizo e o peso de uma pessoa caminhando para realizar a manutenção do telhado. Os blocos e tijolos sem função estrutural devem sustentar-se na obra, já que possuem apenas a função de vedação. Os blocos estruturais, devem resistir o peso da obra, pois tem a função estrutural, por isso possuem uma rigorosidade maior na norma técnica”. Para que isso ocorra, conforme o analista técnico do Instituto Senai de Tecnologia em Construção Civil, Lucas Otavio Tramontin, os ceramistas devem, primeiramente, procurar um laboratório de confiança para realização dos ensaios para averiguar a situação da sua produção. “Sabendo como está o andamento de sua produção deve-se atentar os pontos de melhoria que podem ser mais fáceis de serem aplicados e começar a fazer as melhorias até que se atinja o valor mínimo de resistência, garantindo a qualidade do seu produto”, acrescentou. NC

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D E S E N VO LV I M E N T O

tragem. “São medidas as dimensões como: comprimento, largura e altura da parte superior e inferior do Bloco para calcularmos a determinação da área bruta estabelecida em mm². Depois disso, os blocos recebem uma camada de argamassa (pasta de cimento) de 6mm de espessura em sua área superior e inferior, conforme sua posição de assentamento, onde o processo de cura é de 24 horas. Após esse procedimento, os blocos são submetidos a imersão de água no período de seis horas e levados para Prensa Hidráulica”, explicou Aquino. Este ensaio tem como objetivo principal obter a capacidade de carga que cada bloco pode suportar em sua área superior de assentamento. Para ensaios de telhas, segundo o diretor técnico da Emerson Dias Consultoria e Gestão Empresarial, Emerson Dias, a amostra é coletada, apoiada sobre dois pontos posicionados abaixo e um ponto apoiado ao centro na parte superior onde se aplica uma força até a sua ruptura. Para que sejam considerados resistentes, os produtos devem apresentar os seguintes resultados: “para telhas cerâmicas, deve-se atender o item 5.5 “Carga de ruptura à flexão” da norma ABNT NBR 15310/05, que é de 1.000 N para telhas Planas de encaixe, Simples de sobreposição e Planas de sobreposição e de 1.300 N para telhas Compostas de encaixe. Os blocos cerâmicos de vedação devem atender o item 5.5 “Resistência à compressão” da norma ABNT NBR 15270-1/05, que é de 1,5 MPa para blocos usados com furo na horizontal e de 3,0 MPa para blocos usados com furos na vertical. Aos blocos cerâmicos com função estrutural, deve-se atender o item 5.5 “Resistência característica à compressão” da norma ABNT NBR 152702/05, que é a partir de 3,0 MPa, referida à área bruta. Os tijolos maciços devem atender ao item 5.1.1 “Resistência à compressão” da norma ABNT NBR 7170/83, que classifica o produto dentro de três categorias: entre 1,5 MPa até 2,5 MPa é classificado como A, entre 2,5 MPa até 4,0 MPa é classificado como B, e acima de 4,0 MPa, se classifica como C”, explicou o engenheiro ambiental Alexandre Zaccaron. Conforme o engenheiro, as normas da

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FEIRAS Fotos: João Neto / Cerâmica Salema e Sindicer/PB

Casa cerâmica construída na Feicon segue o modelo do CDHU A 22º edição do evento foi realizada de 12 a 16 de abril, no Anhembi, no estado de São Paulo A casa cerâmica, construída com base no modelo desenvolvido pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) foi um dos destaques da 22º edição da Feicon Batimat, feira realizada de 12 a 16 de abril, no Anhembi, em São Paulo. O projeto, com iniciativa do Sindicato da Indústria de Cerâmica para Construção (Sindicercon-SP), começou a ser construído no primeiro dia da Feicon e apresentou novas opções construtivas e tecnológicas, visando a sustentabilida-

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de e acessibilidade nas propostas urbanísticas e arquitetônicas, além de ser economicamente mais viável. A Casa Cerâmica é toda construída em blocos cerâmicos, prevendo ampla e geral acessibilidade. Seu projeto possui um pé direito mais alto e ventilação cruzada, o que permite melhor conforto térmico. Na parte externa, há muro de divisa entre os lotes para maior segurança e privacidade dos moradores. Outra vantagem é que a casa é feita de forma rápida: as paredes podem ser construídas em até 20 horas. Com foco na sustentabilidade e na preservação do meio ambiente, as unidades habitacionais são projetadas com tecnologias que economizam água, energia elétrica e materiais menos impactantes. Um item importante é o aquecedor solar para a água do chuveiro que, além de minimizar


FEIRAS

impactos ambientais, reduz em até 30% a conta de consumo de energia elétrica. Também são utilizados equipamentos redutores de consumo de água, como bacias sanitárias com volume de descarga menor e torneiras com arejadores que diminuem o fluxo de água. A Casa Cerâmica 2016 contou com a parceria da Reed Exhibitions Alcantara Machado, do CDHU e do governo do estado de São Paulo; apoio técnico da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp); do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai); e apoio das demais associações e sindicatos de cerâmicas de todo o Brasil e empresas privadas.

Dia a dia da obra 1º dia – A execução das alvenarias é feita em até seis horas. Nesta etapa, são levantadas as paredes e toda a parte elétrica e hidráulica é embutida. O projeto é todo modulado e cada peça é aplicada no seu devido lugar. Importante destacar que, como é tudo aplicado, peça a peça como num jogo de Lego, não há desperdício de material. 2º dia – Neste dia é feito a laje da casa, realizado em poucas horas, já que é apenas fechamento. Uma empresa da área de indústria cerâmica faz o cálculo de fechamento e quantitativo para a casa executada na FEICON BATIMAT. 3º dia – Com o sistema de alvenaria pronto, é hora de aplicar o sistema de cobertura. Nesta etapa o uso da madeira é substituído por um sistema galvanizado, resultando em mais velocidade e um padrão ecológico e ambientalmente correto. Tudo é feito em até quatro horas. Também é realizado a instalação elétrica. 4º dia – São feitas as aplicações de pisos e revestimentos, ou seja, os acabamentos. 5º dia – Neste dia são finalizados os revestimentos de piso e paredes. Também é instalado um sistema de aquecedor solar criado para obras de padrão econômico.

A Feicon A Feicon Batimat, evento referência para o setor da construção civil na América Latina, deu início ao calendário da construção civil e arquitetura no Brasil e fortaleceu o fomento e geração de negócios do setor. Durante a exposição, a feira recebeu 96.325 profissionais entre varejistas, arquitetos, construtores e engenheiros. Deste público, 36% tinha poder de decisão final na empresa que atuam e estavam interessados em

fechar negócios: 20% do público são formados por sócios-proprietários, 13% por diretores e 11% por gerentes. O Encontro de Negócios trouxe 39 compradores em 107 reuniões durante duas horas, e gerou mais de R$10 milhões em novos negócios. A próxima edição da feira já tem data marcada. O evento ocorrerá de 4 a 8 de abril de 2017 no São Paulo Expo, em São Paulo. NC

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GESTÃO

Investir com segurança em tempos de crise Por: Ana Alves Anima Consultoria

Os cinco passos para você não errar e tomar a decisão correta Nos dias atuais, tenho ouvido muito de meus clientes ceramistas: “Investir em época de crise? Não tenho coragem!” E então me lembro do hideograma chinês, onde a palavra “crise” pode significar “perigo” ou “oportunidade”. Qual significado você escolhe? Segundo palavras do Presidente da Totvs, Laércio Cosentino, a crise significa momento de investir. Afirma ainda que o Brasil é “maior do que tudo que está acontecendo. Vamos conti-

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nuar trabalhando e acreditando no país. Sabemos que a tecnologia é uma ferramenta essencial para auxiliar as empresas a crescerem”. O setor da Construção Civil, que é onde a sua Cerâmica está inserida, em 2015, apresentou uma queda de 7,6%, segundo dados da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), porém teve redução menor que em outros setores. Todo nós sabemos que a economia é cíclica, ou seja, tem momentos de queda e de crescimento. Portanto, se hoje se apresenta em queda, em breve terá um crescimento. A pergunta, portanto, deve ser: Como investir com segurança neste momento de queda (ou crise, como as pessoas gostam de chamar) ? Para isso, criei os 5 passos para você tomar a decisão correta sobre investimento na sua cerâmica.

Autoanálise – Descubra qual tipo de investidor você é. Existem 5 tipos de investidores:

a. O sabe tudo – aquele que sempre sabe o que faz; b. O postergador – aquele que deixa sempre para depois; c. O imperial – aqueles que só investem se for trocar toda a produção; d. O advogado – aquele que questiona todos os pontos e acaba criando motivos para não investir; e. O conhecedor dos riscos – aquele que só decide investir depois de conhecer seus riscos e planejar. Qual seu tipo de investidor? Conhecer como você é te levará ao segundo passo.

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Avaliar a necessidade real de investimento na sua Cerâmica

Se você não conhecer sua necessidade, jamais tomará a decisão correta. O caminho, portanto, para conhecer sua demanda real é identificar se sua produção está baixa ou se existe queda na qualidade do produto. Saber se a baixa produtividade ocorre devido, principalmente, à existência de máquinas desgastadas e se existe necessidade de novas tecnologias na produção. Este procedimento deve ser feito de forma cuidadosa, com base em dados levantados e na identificação de gargalos de produção.

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Neste momento, você deve estar preocupado com seu dinheiro (ou com a falta dele), certo? E então, se você é como eu ou como outros ceramistas, deve ficar se perguntando se vai conseguir pagar tal investimento ou se vai perder ainda mais dinheiro. A boa notícia é que existe um método capaz de verificar se sua empresa poderá suportar esse investimento futuro, que é a montagem e análise do Fluxo de Caixa. Para isso, precisam ser registradas, diariamente, todas as receitas e despesas de sua empresa de forma organizada. E só assim poderá projetar, em seguida, as receitas e despesas futuras da empresa. Dessa forma conseguirá avaliar sua disponibilidade de recursos em relação às suas despesas e, principalmente, se conseguirá pagar pelo investimento realizado.

GESTÃO

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Analisar o caixa da empresa – O dinheiro é o oxigênio da sua empresa

4 Analisar a viabilidade do investimento A melhor forma de analisar a viabilidade é construir um Plano de Negócios. Este Plano de Negócios vai te mostrar se o investimento feito vai te trazer retorno, em quanto tempo terá retorno e, finalmente, se é viável para sua cerâmica. Além disso, o Plano de Negócios mostrará, passo a passo, todas suas decisões de negócios para que funcione e tenha sucesso.

5 Planejar o investimento Sabendo, agora, da viabilidade do seu investimento, falta adicionar o ingrediente de como fazê-lo: Devo buscar recursos de terceiros? Devo usar meu capital próprio? Quanto posso pagar de juros? Mesmo assim é viável? Estas perguntas também serão respondidas na elaboração do seu Plano de Negócios. Dessa forma, você conhecerá o quanto este investimento te trará de resultados, como você deve estruturar o caixa de sua empresa para conseguir quitar seu investimento, sabendo se utilizar do período de carência, inclusive.

Através destes 5 passos, você irá se tornar um empresário e ceramista mais seguro em suas decisões. Uma pessoa que sabe correr os riscos calculados e que tem uma visão estratégica do futuro de sua cerâmica. Assim, você pode transformar suas ideias em retorno financeiro para sua empresa. Sair da intuição e entrar na análise

de dados reais vai fazer com que você e sua cerâmica entrem em outro nível de negócios. Caso você queira ainda mais dicas, escrevi um artigo onde identifiquei os 5 erros básicos que te impedem de ter sucesso em sua cerâmica. E você poderá baixar gratuitamente em cerâmica.anaalves.com.br. NC

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D E S E N VO LV I M E N T O 22

Unibave forma última turma de Engenharia Cerâmica Formatura ocorreu no dia 9 de abril no Centro de Vivências do Unibave, em Orleans, Santa Catarina

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O Centro Universitário Barriga Verde (Unibave), de Cocal do Sul (SC), formou no dia 9 de abril a última turma do curso de Engenharia Cerâmica. Em uma noite especial, no Centro de Vivências do Unibave, em Orleans, 11 alunos receberam o diploma, após cinco anos de estudo. São eles Anderson Rosso Leal, Alex de Oliveira, Cyd Montelo Vieira, Dailson Renato Umbelino, Fabio Rosso, Hugo Burin, Jacquelini Ribeiro Crozetta, Jordana Mariot Inocente, Leandro Bes de Souza, Laudecir Loli e Vanderlei Felizardo. “É mais uma conquista para a instituição a formação desses novos profissionais que estão preparados e capacitados para desenvolver suas funções no mercado de trabalho. Os novos engenheiros cerâmicos estão aptos a desenvolver suas atividades nos diferentes setores cerâmicos, bem como estar atuando no seu próprio empreendimento ou fazendo consultorias nas empresas da região e também de outros estados”, disse a coordenadora do curso, Karina Donadel Carvalho.


D E S E N VO LV I M E N T O

Para o formando Cyd Montelo Vieira, a formação em Engenharia Cerâmica é completar mais uma fase de um projeto de vida ou carreira. "Penso que ao completar essa fase passo a estar à frente em termos de conhecimentos técnicos e tecnológicos. Ainda mais para os dias de hoje em que, como profissionais, há uma exigência maior de todos ao nosso redor. Essa formação me traz mais segurança para tomar decisões sobre o futuro que imagino na cerâmica”, disse. A graduação foi criada em 2007 e era a única da América Latina, tendo formado os oito primeiros profissionais nesta área no Brasil em 2012. Ao todo, a universidade já formou 33 engenheiros cerâmicos. Destes, conforme Karina, a maioria já atua na área ou em áreas afins.

Última turma Devido à baixa procura pelo curso, esta foi última turma do curso de Engenharia Cerâmica do Unibave. A universidade conta agora com apenas quatro acadêmicos que precisam finalizar algumas disciplinas para a conclusão do curso. “O fechamento do curso foi pensado e discutido em reunião com sindicatos do setor, empresas, poder

público e comunidade em geral. A decisão foi tomada, primeiramente, pela falta de interesse e procura do curso por novos alunos. Além disso, a falta de apoio e incentivo de alguns sindicatos e empresas voltadas ao setor também foi um fator decisivo e, por fim, o apoio da comunidade em geral”, informou Karina. NC

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ENTREVISTA

Mercado livre: 30% a 40% de desconto nas contas de luz Neste mês a NovaCer conversou com o presidente da consultoria Thymos Energia, João Carlos Mello, para falar sobre migração para o mercado livre de energia elétrica. Segundo ele, empresas que optam por este mercado obtêm uma economia de 30% a 40% em suas contas de luz. Confira na entrevista completa a seguir como funciona o mercado livre e quais são as suas vantagens. NC - O que é o Mercado Livre? João Carlos Mello - Mercado livre é um ambiente em que geradores e consumidores podem negociar compra e venda de energia elétrica diretamente, sem a intermediação de uma distribuidora. NC - Quem utiliza o mercado livre de energia hoje? Qual o número de empresas que já migraram para este sistema? JCM - As maiores empresas do Brasil já estão no mercado livre. Hoje, são 2.972 companhias. E mais de 900 unidades estão migrando neste ano. NC - Como as tarifas de energia elétrica se comportaram nos últimos anos? Quais são as perspectivas? JCM - As tarifas de energia elétrica subiram, em média, 50% no ano passado. Esses aumentos excessivos, que têm sido verificados desde 2013, devem-se a diversos passivos do setor, como os custos de distribuidoras com exposição involuntária ao mercado de curto prazo de energia e ao aumento dos encargos setoriais, entre outros. A perspectiva para este ano é que os reajustes desacelerem um pouco. NC - De maneira geral, as indústrias do setor de cerâmica têm carga instalada inferior a 3 MW, montante necessário para que uma

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NC- Em média, qual é a redução de custos que os consumidores observam ao migrar para o mercado livre? JCM - De acordo a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), hoje os consumidores que migram para o mercado livre verificam uma redução média de 22% nos seus gastos com energia. Essa redução está associada principalmente às condições de contratação da energia tanto pelas distribuidoras como comercializadoras. Outra vantagem é que podem contar com gestão dedicada da energia, de modo a garantir as condições mais adequadas para o seu negócio. NC - Embora o mercado livre ofereça melhores condições para os consumidores, o segmento também enfrenta importantes desafios. Quais são? JCM - Hoje o principal desafio do mercado livre diz respeito à portabilidade dos serviços, ou seja, que todos os consumidores possam escolher seu fornecedor de energia. Trata-se da aplicação, no setor elétrico, de paradigmas vigentes em outros serviços como telefonia, internet e bancário, em que o cliente é livre para escolher seu prestador de serviço. O Brasil já tem as bases técnicas e regulatórias para a adoção dessa sistemática, que deve favorecer uma redução geral nos custos da energia, graças principalmente ao aumento da concorrência. Além disso, promoverá aumento da eficiência em toda a cadeia setorial. NC - Quais as vantagens de migrar para o mercado livre? JCM - A redução de custos é um dos principais benefícios para quem opta pelo merca-

"As cerâmicas e demais empresas com carga instalada entre 500 kW e 3 MW podem participar do mercado livre como consumidores especiais"

do livre. Atualmente, as empresas que temos apoiado na migração têm obtido uma redução entre 30% e 40% nas contas de luz. Trata-se da economia mais significativa desde a criação do ambiente de contratação, no final dos anos 1990. Informações da Abraceel (Associação Brasileia dos Comercializadores de Energia) indicam que, de lá para cá, os consumidores livres registraram economia média de 17%. Outras vantagens incluem a possibilidade de escolha do fornecedor de energia e melhores condições de previsões orçamentárias. Os consumidores também ficam livres da necessidade de gerar a própria energia a diesel ou óleo combustível para cobrir as tarifas mais elevadas nos horários de ponta.

ENTREVISTA

empresa possa contratar energia por meio do mercado livre tradicional. Qual é a opção para essas empresas? JCM - As cerâmicas e demais empresas com carga instalada entre 500 kW e 3 MW podem participar do mercado livre como consumidores especiais. Nessa condição, podem contratar energia de fontes alternativas, como pequenas centrais hidrelétricas ou usinas eólicas. Além de pagar menos pela energia, as empresas têm a vantagem do desconto de 50% nas tarifas de distribuição e transmissão.

NC- Qual a diferença entre mercado livre (ACL) x mercado cativo (ACR)? JCM - A principal diferença é que, no mercado livre, os consumidores adquirem a energia diretamente de geradores, negociando contratos adequados para suas necessidades em termos de preços, montantes e prazos. No mercado cativo, por sua vez, a contratação é feita por meio das distribuidoras, e os consumidores ficam sujeitos às condições estabelecidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em termos de reajustes tarifários. NC - Quem pode migrar para o Mercado Livre de Energia? JCM - O mercado livre pode ser acessado por empresas com demanda superior a 3 MW, que podem contratar energia de grandes hidrelétricas, e pelos chamados consumidores livres especiais, empresas com demanda contratada entre 500 kW e 3 MW, que devem adquirir a energia de fontes alternativas

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ENTREVISTA

"Independente da atuação ou não no mercado livre, é fundamental que as empresas fiquem atentas à eficiência energética dos processos produtivos"

(e incentivadas) – como usinas a biomassa, eólicas ou pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Neste caso, as empresas também têm a vantagem de desconto de 50% nas tarifas “fio” (relativas à transmissão e à distribuição da energia). NC - Quais os tipos de Contratos no Mercado Livre de Energia? Para quem são pagas as contas? JCM - No mercado livre, os consumidores passam a ter três contratos diferentes: dois deles são com a distribuidora da região em que se encontram (o Contrato de Uso do Sistema de Distribuição e o Contrato de Conexão

ao Sistema de Distribuição); e com o gerador (contrato da energia propriamente dita, que pode ser incentivada ou convencional). O custo de cada serviço é pago diretamente à empresa responsável. NC - Como é feita esta migração para o mercado livre? JCM - Principais etapas são as seguintes: suspender a renovação automática do contrato com a distribuidora; adequar o sistema de medição: no mercado livre, a leitura do consumo tem de ser feita pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que acessa o sistema do consumidor remotamente; aderir à CCEE; e negociar com fornecedor. NC - Quais medidas devem ser tomadas para ter o uso eficiente de energia? JCM - Independente da atuação ou não no mercado livre, é fundamental que as empresas fiquem atentas à eficiência energética dos processos produtivos. Isso inclui, por exemplo, a identificação dos equipamentos com maiores gastos de energia e a avaliação da possibilidade de substituição por outros mais modernos (e mais econômicos). Também recomenda-se a realização de manutenção frequente. De qualquer forma, esse tipo de análise varia de empresa para empresa, dependendo do tipo de processo produtivo e dos equipamentos usados. NC - Quantos por cento a energia elétrica representa nas despesas totais de uma cerâmica? JCM - Em média, o custo da energia responde por entre 10% e 20% do custo das cerâmicas. Mas esse porcentual depende muito do tipo de processo utilizado (ex: se há uso de gás natural e em que condições). NC - Quanto mais moderna a cerâmica, quanto mais automação, maior é a conta de energia elétrica? JCM - Não necessariamente: se a cerâmica for mais moderna, é bem provável que conte com equipamentos mais eficientes (ou seja, com menor gasto de energia para o desempenho de funções que, em outras empresas, demandem mais energia). NC

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Uma reunião entre ceramistas associados ao Sindicer/PB e o consultor de qualidade da Anicer Antônio Carlos Pimenta foi realizada no dia 30 de maio. O assunto abordado foi a Norma de Desempenho de Edificações Habitacionais. Durante o evento, os participantes conheceram um pouco mais sobre a NBR 15.575. Produtores e fornecedores da construção civil devem ficar atentos para atender as exigências desta norma, já que traz vantagens ao produto, a exemplo da durabilidade das construções que utilizam os blocos cerâmicos. Outro assunto discutido foi a qualificação no Programa Setorial de Qualidade (PSQ), que garante a legalidade da obra, uma vez que o PSQ atende a todos os pré-requisitos e exigências da Norma 15.575. Produtos ce-

D E S E N VO LV I M E N T O

Ceramistas da PB se reúnem para discutir a NBR 15.575

Foto: Sindicer/PB

râmicos certificados pelo programa garantem segurança e qualidade para as edificações habitacionais. NC Fonte: Sindicer/PB.

Sindicer promove evento sobre design em SP O encontro ainda colaborou para melhorar a integração entre os empresários do ramo, que puderam ampliar o leque de conhecimento, trocar experiências, estreitar contato com outras empresas e discutir as dificuldades do setor ceramista ferreirense. NC Fonte: Sindicer – Porto Ferreira. Foto: Sindicer / Porto Ferreira

O Sindicato das Indústrias Cerâmicas de Porto Ferreira (Sindicer) promoveu no dia 10 de maio sobre design para as indústrias cerâmicas. O evento ocorreu na sede da instituição, no Jardim Primavera. Realizado em parceria com a unidade do Senai Mario Amato, de São Bernardo do Campo, o evento abordou três assuntos importantes para as indústrias cerâmicas do município: o cuidando do meio ambiente com a correta destinação dos resíduos sólidos gerados na fabricação de produtos cerâmicos; a melhoria de qualidade com a implantação de novas ferramentas de desenvolvimento de modelos de peças (softwares e prototipagem 3D); e a implantação do selo de qualidade dos produtos cerâmicos produzidos em Porto Ferreira.

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D E S E N VO LV I M E N T O

Nova diretoria da Associação Nacional toma posse no RJ A cerimônia de posse da diretoria eleita para comandar a Associação Nacional da Indústria Cerâmica (Anicer), no triênio 20162019, ocorreu no dia 31 de março. O evento foi realizado no auditório da Federação das indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Tomaram posse como presidente e vice-presidente, Natel Henrique Farias de Moraes e João Gomes de Andrade Neto, respectivamente. Para Neto, o principal desafio será fortaFotos: Nayra Halm para Anicer

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lecer o relacionamento com os associados, parceiros e demais interessados no setor, como os fabricantes de máquinas e peças, as revistas deste segmento e todas as associações e sindicatos. “Vamos trabalhar muito, principalmente, no relacionamento Anicer x Associado, recebendo as demandas que forem pertinentes ao setor. Outra questão é restabelecer a parceria com os fabricantes de máquinas e equipamentos, para juntos trabalharmos em prol dos ceramistas”, complementou o novo presidente da Anicer. Além disso, de acordo com Moraes, a ideia é dar continuidade às ações já existentes e fortalecer o PSQ. “Acredito que a qualidade vai ser o diferencial do nosso setor. Pretendemos fazer da Anicer uma associação cada vez mais transparente e dar suporte para nossa diretoria e colaboradores, para que consigam realizar todas as nossas ações com êxito”, relatou. Como vice-presidente, Neto afirmou que estará pronto para colaborar com o presidente Natel no que for preciso. “Pretendo estreitar os laços de toda diretoria e demais associados, assegurando uma Anicer mais transparente para os ceramistas e seus públicos interessados, com uma rede de parceiros que ganhe força com a união”, afirmou. Ele ainda complementou que é uma honra fazer parte desta diretoria. “O sentimento de amor pela cerâmica vermelha corre no meu sangue, e poder fazer o melhor para a melhoria de todos os amigos que também estão neste mercado é o que mais me motiva”. “A responsabilidade é grande, para seguir o melhor caminho dentro do que já foi construído e costurar novos horizontes. Espero que possa receber a parceria dos demais amigos ceramistas para que, juntos, com esta nova diretoria, tenhamos um setor com uma voz única e cada vez maior”, finalizou Neto. NC


Fotos: Sindicer / PB

O Sindicato da Indústria de Cerâmica Vermelha do Estado da Paraíba (Sindicer/PB), em parceria com o Senai, promoveu no dia 6 de abril, o I Encontro do Sindicato de Cerâmica Vermelha da Paraíba. O evento contou com a participação de ceramistas de todo o Estado e ocorreu no auditório da Escola Senai da Construção Civil, localizada na cidade de Bayeux. Também estiveram presentes representantes do Senai e ainda representantes do Sesi, IEL e Sebrae, empresas que apoiaram o encontro. Esta parceria entre Sindicer/PB e Senai tem aumentado o elo e possibilitado novos projetos entre as duas entidades, que visam fortalecer e unificar o setor cerâmico do Estado. “Essa parceria vem desenvolvendo ações que valorizem o produtor ceramista no mercado e estabeleçam diretrizes para os empresários diante a conjuntura econômica atual”, disse o presidente do sindicato, João Neto. O evento foi dividido em duas etapas. Em um primeiro momento, ocorreu um ciclo de palestras. Eficiência Energética, Meio Ambiente e NR10 e NR-12 foram os temas

abordados durante esta primeira etapa. Já na segunda parte do evento ocorreu uma mesa redonda. Ceramistas da Paraíba se reuniram para debater sobre os temas abordados no evento e sobre a realidade vivenciada pelo setor. “A ocasião oportunizou uma maior aproximação entre os representantes da categoria, para que, em unidade, reivindiquem e busquem melhorias para o setor, fortalecendo a imagem do produto cerâmico e restabelecendo o mercado”. NC

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D E S E N VO LV I M E N T O

Ceramistas debatem sobre temas do setor na Paraíba

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ARTIGO TÉCNICO

Estudo de argila para uso em cerâmica vermelha ou estrutural da região sul da Bahia Trabalho apresentado no 59º Congresso Brasileiro de Cerâmica, de 17 a 20 de maio de 2015, Aracaju

Resumo O uso de matérias-primas sem o conhecimento prévio de suas características leva a maioria das empresas a produzir produtos cerâmicos de baixa qualidade, não atendendo as recomendações mínimas das normas técnicas. Este trabalho tem o objetivo caracterizar duas matérias-primas utilizadas na fabricação de cerâmica vermelha do sul da Bahia. A caracterização foi feita através dos índices de atterberg, granulometria, fluorescência de Raios-X, difração por raios -X, absorção de água, retração linear, porosidade e tensão de ruptura à flexão. Os corpos de prova com dimensões de 6x2x0,5 cm3 foram conformados em matriz metálica com uma pressão uniaxial de 25 MPa e sinterizados nas temperaturas de 850, 950, 1050ºC. Os resultados indicam a presença predominante de caulinita e, que em parte, as argilas não atendem as recomendações mínimas para uso em alguns produtos de cerâmica vermelha ou estrutural.

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E. P. Reis, U. U. Gomes, V. B. Dantas, S. M. Valcacer IFBA – Instituto Federal de Educação, Ciência e tecnologia da Bahia UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Introdução O setor da construção civil é um dos setores que mais emprega trabalhadores com baixa, ou nenhuma escolaridade, e é onde consequentemente carece de profissionais qualificados. Dentro deste setor, está a indústria de cerâmica vermelha, que em sua maioria, produz produtos cerâmicos de baixa qualidade, não atingindo os valores mínimos recomendados pelas normas e necessário para a fabricação de produtos com qualidade. Este fato se agrava mais ainda, para pequenas empresas que, muitas vezes, são de estrutura familiar e baixa capacidade de produção, onde não acham viável o investimento em mão de obra qualificada ou consultoria técnica. Embora o Brasil possua grandes jazidas de argilas para cerâmica vermelha, com o passar do tempo essas áreas de exploração vêm diminuindo, colocando em risco o abastecimento futuro(8). Estudando as matérias-primas é possível fornecer informações para novas combinações entre diferentes argilas, podendo levar à obtenção de produtos com qualidade superior e também aumentando a vida útil de Jazidas(9). Este trabalho se propõe a caracterizar três matérias-primas oriundas de jazidas utilizadas por duas empresas da cidade de Eunápolis (Figura 1), localizada às margens da BR-101, no sul da Bahia, que segundo o IBGE (2012), registrou uma população de aproximadamente 102.000 habitantes. Nesta pesquisa, caracterizou-se as ma-


ARTIGO TÉCNICO

térias-primas de duas empresas que tem como principal produto comercializado os blocos cerâmicos de oito furos. As massas cerâmicas tiveram identificadas como sendo MA, MB e MBS. Sendo que uma das empresas utiliza a MB juntamente com o solo S (50% MB + 50% solo S (MBS)). Utilizou-se também a MB sem adição do solo para verificar o seu comportamento. Foram coletadas cerca de dez quilos de cada amostra de argila que após seca ao ar livre, passou pelo processo de destorroamento manual em almofariz de porcelana e, em seguida, colocadas em estufa a 110°C, por 24 horas. Na sequência, utilizou-se o moinho de bolas até que fosse possível peneiramento na peneira de malha 177 (80 mesh). A caracterização física das matérias -primas foi feita antes (bruta) e depois de processamento pelo moinho de bolas para preparação dos corpos de prova. Utilizouse para isso, os ensaios normatizados de granulometria ABNT 7181(1)), com o fim de avaliar a textura dos grãos e principalmente a fração de argila; Índices de Atterberg (ABNT 7180(2) e 6458(3)), com fim de avaliar o Limite de plasticidade. Para a identificação das fases, foi realizado o ensaio de Difração de Raio–X (DRX) através do equipamento do laboratório de materiais da UFRN da Shimadzu XRD-6000. A amostra (bruta) fornecida foi em pó passante na peneira #200 conduzido nas condições de radiação Cu-Kα, 40kV / 30mA, 5 a 60°. A análise química foi feita por fluorescência de raios-X em um equipamento da Shimadzu EDX-720. Para os ensaios de determinação das propriedades tecnológicas, cada jazida teve como amostra representativa cinco corpos de provas, com dimensões de 6x2x0,5 cm3, que foram conformados em uma prensa semiautomática mod. CT335, da marca Servitech e pressão uniaxial de 25 MPa e teor de umidade 10%. A secagem feita em estufa a 110°C por 24 horas e sinterizados em forno elétrico nas temperaturas de 850, 950, 1.050ºC com taxa de queima de 10°C/ min e patamar de queima de 120 minutos. As propriedades tecnológicas determinadas foram absorção de água pelo méto-

Figura 1 - Localização da região de Eunápolis do da imersão, de acordo com o princípio de arquimedes5. A retração linear pela diferença de comprimento dos corpos de provas antes a após queima. A absorção de água foi calculada após a determinação da massa de água absorvida pelos corpos de prova após imersão por 24 horas. A porosidade foi determinada utilizando a massa do corpo de prova seco, imerso em água e úmido. Já a tensão de ruptura à flexão (de três pontos(4) foi determinada utilizando uma máquina universal de ensaios.

Resultados e discussões Os resultados da análise química são apresentados na tabela 1. A matéria-prima MA e S tiveram um maior porcentagem de Al2O3, diferente da matéria-prima MB que apresentou uma maior concentração de

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Al2O3

SiO2

Fe2O3

MgO

TiO2

K2O

SO3

ZrO2

MnO

Cr2O3

PF(%)

MA

43,31

39,41

5,17

1,23

0,97

0,71

0,05

0,05

0,03

0,01

9,04

MB

41,54

42,33

3,52

1,15

0,82

0,73

0,05

0,04

0,02

0,02

9,78

S

43,45

40,77

3,11

0,78

0,69

0,71

0,06

0,05

0,01

-

10,37

M BS

43,03

40,89

3,02

0,88

,74

0,68

0,05

0,05

0,02

0,01

10,02

Tabela 1. Composição química das matérias-primas

Figura 2. Difratogramas das matériasprimas (MA, MB e S e massa cerâmica MBS).

Q - Quatzo K - Kaolinite M - Muscovita

Q K

K KQK

M

K KQ

intensidade

ARTIGO TÉCNICO

Matéria prima

Q

Q Q

Q

MBS

Q

S

M

MB

M

MA 10

20

30

40

50

60

2teta

Tabela 2. Índices de Atterberg das massas cerâmicas.

Massa cerâmica MA

LL(%)

LP(%)

IP(%)

Classificação5

Extrusão

44

27

16

Altamente plástica

Zona aceitável

MB

49

21

28

Altamente plástica

Zona aceitável

S

54

33

21

Altamente plástica

Fora da zona de extrusão

MBS

54

29

25

Altamente plástica

Zona Aceitável

LL=Limite de Liquidez; LP=Limite de Plasticidade; IP=Índice de Plasticidade

Tabela 2. Índices de Atterberg das massas cerâmicas

Figura 3. Prognóstico de extrusão através dos limites de Atterberg

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SiO2 o que é mais comum nas argilas brasileiras. Essas matérias-primas podem ser classificadas, quimicamente, como argilas aluminosas11. O Fe2O3 da argila MA (5,17%) levou a uma coloração mais avermelhada em relação a MB e MBS. O TiO2 apresenta um valor menor que 1% nas três matérias -primas, e valores acima deste, podem contribuir para atenuar o efeito do óxido de ferro (Fe2O3) na coloração do corpo sinterizado10. A Perda ao Fogo é, principalmente, devido às águas intercaladas, à água de hidroxilas dos argilominerais, hidróxidos existentes e componentes voláteis de matéria orgânica, sulfetos, sulfatos e carbonatos(5). A figura 2 apresenta os difratogramas de raio-X das matérias-primas e a identificação mineralógica correspondente. A argila MA é composta pela caolinita (Al2O3.2SiO2.2H2O) predominante, mineral micáceo (mica-muscovita-KAl2(AlSi8O10)(OH)2 ou ilita- (K,H3O) (Al,Mg,Fe)2(Si,Al)4O10[(OH)2,H2O]) e o quatzo (SiO2). A argila MB e o solo B apresentam uma composição mineralógica semelhantes entre si. A tabela 2 apresenta os resultados da caracterização física utilizando os índices de Atterberg. Pode-se concluir que as duas argilas MA, MB e o solo S são altamente plásticas (IP>15)5. A argila MA apresenta uma plasticidade bem menor que a argila MB. A massa MBS permanece altamente plástica, uma vez que ambas apresentam alta plasticidade. Plasticidade é uma propriedade que indica o quanto o material será mais facilmente moldado ou não com adição de água (extrusão ou prensagem). Esses resultados obtidos para a plasticidade estão dentro dos intervalos observados para cerâmica vermelha, 30 a 60% para o LL, 15 a 30% para o LP e 10 a 30% para o IP. As três massas cerâmicas encontram-se localizadas no interior da zona aceitável de extrusão, mas o solo S está fora desta zona, conforme apresentada na figura 3. A massa MBS (LP=29%) encontra-se próxima ao limite de extrusão aceitável (LP = 30%). Os resultados das análises granulométricas1 das matérias-primas (bruta) e processadas (80 mesh) estão apresentados no diagrama de Winkler (figura 4), que permite


Figura 4. Localização das massas cerâmicas no diagrama de Winkler bruta e, após processamento na peneira 80 mesh

Figura 5: Massa específica aparente das massas cerâmicas

ARTIGO TÉCNICO

avaliar se as matérias-primas estão dentro das regiões consideradas ideais para utilização em cerâmica vermelha e, consequentemente, obtenção de produtos de qualidade. Neste caso, todas as matérias-primas, tanto brutas, quanto após o processamento, estão fora das zonas consideradas ideais para produção de produtos em cerâmica vermelha. Na figura 5 são apresentados os valores das massas específicas pós-queima, demonstrando que aumenta com o aumento da temperatura. Apenas a massa MB ficou abaixo do limite recomendado em 850ºC que foi de 1,68 g/cm3, as demais massas estão acima do limite recomendado (³1,7gf/ cm3). Na temperatura de 1050°C para as três massas, a massa específica tende para o mesmo valor. A figura 6 apresenta a absorção de água (AA) em função da temperatura de queima. Apenas a massa cerâmica MB, nas temperaturas de 850°C e 950ºC ficou acima do limite máximo de absorção de água (8% £ AA £ 22%). Na temperatura de 1050°C, todas as massas ficaram abaixo do recomendado. A adição de 50% do solo S na argila MB permitiu uma redução de absorção de água, apesar de ficar ainda acima da norma. Na temperatura de 1050°C para as três massas, a absorção de água tende para valores próximos. A figura 7 apresenta a retração linear de queima das massas em função das temperaturas de sinterização. É possível observar que houve um aumento da retração linear de queima com o aumento da temperatura. Pode-se observar também que a 1050ºC, o aumento da retração é mais significativo em todas as massas. Para a porosidade aparente (figura 8), nenhuma argila ou massa estudada atende o limite da norma na temperatura de 950ºC. A 1050ºC todas ficaram abaixo de limite máximo (17%£ PA £ 35%) e na temperatura de 850ºC somente MA ficou abaixo de 35%. Os resultados para o módulo de ruptura a flexão (figura 9) mostra aumento com o incremento da temperatura, sendo o mínimo de 2,73 MPa para a MA a 850ºC, e máximo de 6,97 MPa para MB a 1050ºC.

Figura 6: Absorção de água das massas cerâmicas

Figura 7: Retração Linear das massas cerâmicas

NovaCer • Ano 7 • Maio • Edição 73

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ARTIGO TÉCNICO

Figura 8: Porosidade aparente das massas

Figura 9: Tensão de ruptura à flexão

Conclusões Com os resultados, pode-se concluir que as matérias-primas são basicamente caoliníticas, altamente plásticas, estão dentro da zona aceitável de extrusão, com exceção do solo S e, apresentam uma granulometria com grande quantidade da fração argilosa, f<2mm de 48% e 61% para o solo MA e MB respectivamente. Considerando as especificações para pro-

dutos de cerâmica vermelha e, temperatura de queima na região estudada que é de 850 a 950ºC nenhuma das matérias-primas atendem em todas as recomendações. Apenas na temperatura de 1050ºC, a massa MB, alcançou os valores mínimos para produtos de cerâmica vermelha (tijolos, blocos e telhas), nas propriedades tecnológicas estudadas.

Referências 1. ABNT, Associação Brasileira de Normas técnicas, ABNT 7181, Solo, análise granulometria, Rio de Janeiro, 1984. 2. ABNT, Associação Brasileira de Normas técnicas, ABNT 7180, Solo, Determinação do limite de Plasticidade, Método de Ensaio, Rio de Janeiro, 1984. 3. ABNT, Associação Brasileira de Normas técnicas, ABNT 7180, Solo, Determinação do limite de Liquidez, Método de Ensaio, Rio de Janeiro, 1984. 4. American Society for Testing and Materials, ASTM C648, Standard Test Method for Breaking Strength of Ceramic Tile (1980). 5. SOUZA SANTOS, P. Ciência e Tecnologia das Argilas. 6. CAPUTO, H. P. Mecânica dos solos e suas aplicações. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1994. 7. MORETE, G.F., PARANHOS, R.P.R., HOLANDA, J.N.F. Avaliação de Algumas Propriedades Físico-Mecânicas de Corpos Cerâmicos Incorporados com Resíduo de Escória de Soldagem. Revista Matéria, v.11, n. 3, PP. 232 – 237. 8. TANNO, L.C.; MOTTA, J.F.M., Panorama Setorial - Minerais Industriais, Cerâmica Industrial, v.5, n.3, p. 37-40, 2000. 9. KOZIEVITCH. V.F.J., VALENZUELA-DIAZ, DIAS, F.R., TOFFOLI, S.M. Caracterização de argilas utilizadas para fabricação de Cerâmica estrutural na região de Monte Carmelo, MG. CBECIMAT, São Pedro, SP, 2000. 10. VIEIRA F. A. Processamento e caracterização de materiais cerâmicos obtidos através da incorporação de resíduos de mármore e granito provenientes das indústrias do RN, 2004, 149p. Tese (Doutorado em Ciência e Engenharia dos Materiais) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN, Natal, Rio Grande do Norte. 11. DUTRA, R.P.S. Efeito da velocidade de aquecimento nas propriedades de produtos da cerâmica estrutural, 2007, 136p. Tese (Doutorado em Ciência e Engenharia dos Materiais) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN, Natal, Rio Grande do Norte. NC

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Com o objetivo de gerar um ambiente que possibilite aumento dos padrões de produtividade e redução de custos das indústrias cerâmicas de Mato Grosso do Sul e de outros Estados do País, o Senai de Rio Verde, por meio do LabSenai Cerâmica, realiza os ensaios laboratoriais das empresas participantes do PSQ (Programa Setorial de Qualidade) de Cerâmica Vermelha. Atualmente, 43 empresas tem sido atendidas. Entre estas estão Cerâmica Volpini, Cerâmica Volpiso, Cerâmica NHF; Cotto Cerâmica Figueira; Ceramitelha, Cerâmica Nemer, Cerâmica MS, Cerâmica Guerra, Cerâmica Modelo, Cerâmica Tijopiso, Cerâmica Trevo, Cerâmica Nova Alvorada, Cerâmica Campo Grande, Cerâmica Isabela, Cerâmica Fênix e Artesanato Figueira. De acordo com a técnica em cerâmica Liliana Florencio Pereira, o laboratório é uma ferramenta importantíssima para o desenvolvimento e aprimoramento dos produtos cerâmicos aqui no Estado. “Temos um local

próprio, com o acompanhamento de técnicos do Senai, o que possibilita elevar a qualidade do que é produzido em nosso estado. A importância está em fortalecer a cerâmica oferecendo mecanismos para que o setor cresça, sendo uma ação concreta com bons resultados”, disse. Hoje, o LabSenai, que está há 23 anos no mercado, atente empresas não só de Mato Grosso do Sul, mas também de Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Rondônia, Pará, interior de São Paulo, interior de do Paraná e Paraguai. Conforme o técnico em cerâmica Josenilto Fernandes de Souza, os ensaios laboratoriais auxiliam as empresas a enquadrarem blocos e telhas cerâmicos e processos de acordo a Norma vigente do produto, contribuindo direta e indiretamente para elevar a imagem do setor e dos Blocos e Telhas cerâmicas; reduzir perdas no processo produtivo com maior sistematização da produção; aumentar produtividade; e trabalhar a melhoria contínua da qualidade; entre outros. NC

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D E S E N VO LV I M E N T O

LabSenai oferece ensaios a participantes do PSQ

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25˚ Salão internacional da tecnologia e maquinaria para a indústria de construção e cerâmica

O Futuro da Cerâmica

26 A 30 SETEMBRO DE 2016 RIMINI-ITÁLIA Organização

Em colaboração com

tecnargilla.it

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