Rl set2014

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Nº 183 • ANO XVI • SETEMBRO 2014 DIRECTOR: LUÍS PEREIRA

ESPECIAL ATC | PAG 09-12

Quarenta anos de Cultura, Desporto e Solidariedade Social

JOANE | p. 13 Vila vai ter mini loja do cidadão

CASTELÕES | p. 13 “Tostões Contados” promove comércio

EM FOCO | PAG 03 E 04

Longos dias têm cem anos Arminda Pereira, de Vermil, e Joaquim Azevedo, de Pousada de Saramagos, são os habitantes mais velhos destas localidades. Separam-nos as fronteiras de dois concelhos, provavelmente nunca se viram nem sabem que têm muito em comum: ambos celebram o centenário do nascimento este ano e contam histórias de anos longínquos que a maioria dos vivos não viveu.

“Não me recandidato se não resolver o problema das Piscinas de Airão e da Casa Mortuária de Vermil” ENTREVISTA P. 15 E 16 PUBLICIDADE

António Carvalho, Presidente da Junta da UF de Airão Sta. Maria, Vermil e Airão S. João

RONFE | p. 08 Oferta de livros gera discussão

POUSADA| p. 08 Riopele antecipa aumento de salário mínimo

UNIÃO| p. 08 Limites com Joane voltam a marcar passo

OPINIÃO | p. 17 EMÍLIA MONTEIRO

“Ser de Joane!”


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2 SETEMBRO DE 2014 • REPÓRTER LOCAL


REPÓRTER LOCAL • SETEMBRO DE 2014 • 3

Joaquim Azevedo, Pousada de Saramagos, 100 anos de vida.

em foco

“Não tenho pressa nenhuma de morrer!”

em foco • reportagem

Longos dias têm cem anos Arminda Pereira, de Vermil, e Joaquim Azevedo, de Pousada de Saramagos, são os habitantes mais velhos destas localidades. Separam-nos as fronteiras de dois concelhos, provavelmente nunca se viram nem sabem que têm muito em comum: ambos celebram o centenário do nascimento este ano e contam histórias de anos longínquos que a maioria dos vivos não viveu. No caso do pousadense, a festa dos cem já foi feita em Agosto. Já a dona Arminda “do Montinho”, chegará aos três dígitos no próximo sábado, dia 11. Ambos deixaram entrar o RL em suas casas, contaram histórias e mostraram que velhos… velhos são os trapos! Conheça-os! LUÍS PEREIRA

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Aos cem anos, Joaquim Azevedo, de Pousada de Saramagos, é quem ainda “faz” a sua própria cama quando acorda, trata da higiene pessoal e ainda ajuda nas lides domésticas. As pernas já não são o que eram mas lá andam, ao mesmo ritmo de uma audição débil, mas uma lucidez e memória de fazer inveja. “Sinto-me bem. Se tivesse pernas, ainda fazia muita coisa. Não tenho pressa nenhuma de morrer. Tenho pernas e mãos com pouca força, mas ainda verga. A cabeça já esteve melhor”, diz o centenário. A 12 de Agosto, Joaquim Azevedo atingiu os cem anos de idade. As 11 horas do dia em que nasceu no longínquo ano de 1914 ainda estão bem presentes na memória do pousadense que teve direito a festa de arromba que juntou dezenas de familiares e amigos na sua residência. “Comecei a trabalhar com 7 anos na encartadeira do “Arturinho”. Ganhava dois tostões. Fiz de tudo. Fui pedreiro, andei nas vindimas e na lavoura. Trabalhei até aos 67 anos. Não sei se foram os patrões ou a caixa, mas nessa altura mandaram-me para casa com oito contos”, conta Joaquim Azevedo. A falta de visão de um dos olhos não é da velhice de quem tem cem anos. É bem antiga e resulta de um acidente de um dia de

trabalho a pedreiro, num penedo, ainda com corpo de menino. Nascido e criado em Pousada, casa aos 25 anos com a companheira que partiu há quinze. Da relação nascem oito crianças. “Cinco foram à pia do baptismo, três não chegaram lá”. Só uma, Narcisa Azevedo, 68 anos, resistiu e é quem toma conta do centenário. Conversar com José Azevedo é deliciar-se com histórias. Se a fala acompanhasse o raciocínio, muitas mais se ouviriam da sua boca. O trabalho está sempre presente no discurso. “Na fábrica ganhava mais 10 tostões que os outros todos, mas o trabalho também era mais. O que era preciso era unha e cabeça”, revela como se de “segredo do negócio” se tratasse. Lamenta não saber ler. Não porque não quisesse, mas as circunstâncias deixaram-lhe perder oportunidades. “Não aprendi a ler porque não havia nem padre nem escola em Pousada. Podia ter aprendido alguma coisa depois mas, por causa da doença da minha mulher, não pude. Tenho pena de não saber porque podia ser Mestre na fábrica”, afirma desolado. Quando no assunto entram namoricos e histórias da juventude, puxa pelo sorriso

maroto. E gaba-se. “Era o capitão da equipa. Mas não era gandulo. Nem bati, nem levei”, resume. Por graça diz ter a sensação de ter sido mais alto do que hoje é. A freguesia de Pousada de há um século é incomparavelmente diferente da de hoje que se apresenta aos olhos do centenário, irreconhecível. As fronteiras da terra pousadense, conhece-as bem. “Era uma dúzia de casas, agora já não conheço isto. O padre de Joane é que fazia Pousada. Veio, mais tarde, um de Barcelos mas, durante anos foi o Cónego e o P. Manel a fazer Pousada. Eles é que mandavam na freguesia, e ainda mandam! A nossa freguesia vai até ao muro de visconde, a Lousela, às Charrueiras e a Figueiró. Pousada era maior que Joane”, afiança. Come de tudo um pouco, bebe o copito de vinho às refeições, não “faz lama” no Centro de Saúde e apenas a próstata e o coração são merecedores de medicação diária, como diária e certinha é também a reza do terço. A fé é coisa íntima e sobre isso não se alonga, prefere brincar. “Rezar?! Isso… Rezo o terço à noite, mas já não vou à missa… Estas pernas não deixam! O padre dispensou-me!”, conclui.

DISCURSO DIRECTO “Tenho muito orgulho nos cem anos do meu pai. Dá pouco trabalho, só tenho de ter a canseira de estar atenta porque às vezes há deslizes. Sujo não anda! Toma banho sozinho. Não tem nem uma marquinha no corpo. A festa dos cem anos foi bonita. Esteve quem quis. Aos cem anos não se convida ninguém, abre-se os portões e quem quiser entra. Tenho um pai pobre mas muito respeitado na freguesia. Sempre foi amigo de fazer bem. Faz hoje as mesmas asneiras que fazia aos 70”.

Narcisa Azevedo, 68 anos, herdeira única do centenário pousadense


4 SETEMBRO DE 2014 • REPÓRTER LOCAL

em foco • reportagem

Arminda Pereira, Vermil, 100 anos de vida

Antiga parteira da freguesia chega aos cem este sábado Texto de: Luís Pereira A habitante mais velha de Vermil está a dias de chegar aos três dígitos de idade. No próximo sábado, dia 11, Arminda Pereira celebra o centenário do nascimento e haverá festa rija para os lados da Rua do Alto. Arminda do Montinho, como é conhecida, nasceu em 1914 e Vermil foi a única terra onde sempre residiu (primeiro na Rua do Jogo). Foi, em tempos, a parteira de serviço da freguesia. “Ligavam-me a toda a hora da noite e eu ia. Fui aprendendo e fazia tudo. Depois de os trazer ao mundo ia oito dias para lavar a criança. Era a enfermeira da freguesia”, recorda a centenária. Aos cem anos, Arminda já não consegue andar, tem dificuldades de visão mas uma audição e lucidez de raciocínio aceitáveis, tendo em conta a idade. A consciência da fragilidade física é o seu maior lamento. “Quem me dera estar rija! Nunca pensei chegar aos 100. Fui andando como as outras pessoas e cá estou. Não há segredo: é Deus que assim quer e se ele quiser, ando por cá por mais alguns”, diz com sorriso rasgado. Deus e a fé ainda hoje estão bem pre-

sentes na mulher das dez décadas. Foi catequista na Paróquia, viu falecer dois párocos (P. Carneiro e P. Flávio) que, segundo conta, eram, outrora os verdadeiros donos e “presidentes de junta” da freguesia. Todos os domingos recebe a comunhão no seu domicílio. “Agora não rezo muito… Estou a falhar! Antes nunca ia para a cama sem rezar o tercinho”, assegura. Bem-disposta e conversadora, Arminda Pereira tem ainda bem presente o seu passado profissional e os tempos das dificuldades. “Costurava para fora e para a casa dos fidalgos. Hoje já não me atrevo, mas podia dizer como se fazia. Costurava o que calhava e assim levei a vida. Fartura nunca houve, mas um bocadito de pão havia sempre”, diz. A dona Arminda do Montinho é hoje uma pessoa com sorte, confessa. Tem toda a família unida a seu redor e diz que todos a tratam bem. Na vizinhança, tem amizades que todos os dias lhe fazem companhia. “Custou um bocado criar os filhos, mas estou contente porque hoje tenho quem me ajude e sou bem tratada. Os netos podiam vir mais vezes, mas penso mesmo que eles gostam muito de mim.

Nunca fiz mal a ninguém e, por isso, tenho muitos amigos”, salienta com voz embargada. Com a ajuda de uma irmã, cabe à filha Maria José Oliveira, de 70 anos, os cuidados diários da centenária. Sair de casa é coisa que para Arminda Pereira só acontece quando há idas ao médico, mas isso não a faz viver na solidão dos dias sem fim, vistos à luz de quem chega aos cem. “Tem dias que está pior. O dia dela começa entre as 8 e as 9 da manhã. Faço-lhe a higiene, tiro-a da cama e sento-a numa cadeirinha que ela tem junto à cama. Depois do pequeno-almoço, colocamo-la noutra cadeira mais confortável onde passa o dia. Tem sempre visitas, ou dos vizinhos ou a família. Gosta muito de falar e fica toda contente quando recebe visitas”, descreve a filha. O problema no pâncreas é o que mais atormenta a saúde de Arminda Pereira embora há um ano que não visita o hospital. Quanto à festa do próximo sábado, está a ser preparada para juntar família e vizinhos porque, ao fim de contas, cem anos não é para qualquer um!

A FRASE

“É uma alegria muito grande vêla chegar aos cem anos. A gente sabe que um dia ela vai. É a vida, irá custar e a mim muito mais. Embora tenha muitos aninhos, a separação vai ser muito difícil”.

NÚMEROS

8 filhos (4 rapazes e 4 raparigas. O mais velho tem 75 anos) 15 netos 13 bisnetos (alguns já casados)

(Há ainda um nono “filho” criado por Arminda Pereira. Trata-se do filho do primeiro casamento do marido, falecido há já 25 anos, e que é tratado e acolhido em casa, ainda hoje, como um filho igual aos outros)

Maria José Oliveira, filha que diariamente cuida do bem-estar de Arminda Pereira


REPÓRTER LOCAL • SETEMBRO DE 2014 • 5

OPINIÃO | Pag. 18 EMÍLIA MONTEIRO: “Ser de Joane!” ANDRÉ FERNANDES: “Democracia em forma de birra ...”

editorial

LUÍS PEREIRA Director

PAG. 09-12 | ESPECIAL Quarenta anos depois, a ATC assume um papel de singular importância na vida de Joane, da região e do concelho.

O tempo das coisas!

Foi com o tempo que a Associação Teatro Construção foi-se construindo. A IPSS joanense soube esperar e teimar pelos projectos e eles foram aparecendo. Não por obra e graça de um santo espírito que se encontra ao virar da esquina ou pelo bafejar da sorte. Do trabalho e da dedicação de gente que soube esperar, nasceu a obra construída sob alicerces de qualidade que lhe dão o prestígio que dignifica a história de quatro décadas de cultura, desporto, educação e solidariedade social a que o RL dedica-se nesta edição em quatro páginas de “Especial”. Tempo é o que não falta a Joaquim Azevedo, de Pousada de Saramagos e a Arminda Pereira de Vermil. “Não tenho pressa de morrer”, diz o primeiro ao RL no alto dos seus 100 anos de vida. Nascidos em 1914, atravessaram o tempo passando pelas épocas da história da terra, do país e do mundo. Criaram as suas próprias histórias de vida que hoje contam, com tempo, ao RL. Fora de tempo partiu Artur Salazar. O menino de Mogege não resistiu aos ferimentos de um acidente estúpido, como todos o são, e deixou pais e amigos e uma comunidade que lamenta a

morte fora do tempo que se exige necessário para a vida ser vivida. Com tempo se constrói a história das coisas. Em 1992 nascia em Joane a associação juvenil Centro de Apoio Local (CAL). Nasceu com o propósito primeiro de fazer nascer um jornal que relatasse no tempo o quotidiano de uma região feita por pessoas e freguesias de dois concelhos esquecidas no tempo pelos poderes instalados nas sedes das suas cidades tão distantes de onde se encontram. O CAL precisou do tempo de seis anos para parir o Repórter Local. Em 2008, a falta de tempo dos seus progenitores e dos jovens da vila fez sucumbir a associação que acabou por finar. Houve quem, à data, teimasse em não deixar morrer o filho primogénito. Encontrada a solução, o RL sobreviveu, regressou refrescado, dinâmico e com renovada vontade de ser o elo de ligação de dez freguesias que por ele são informadas mensalmente. Passando para a tutela da empresa Tamanho das Palavras Lda. conquistou por mérito próprio, o tempo da atenção de mais leitores. Este tem sido o ano em que os tempos pediram, de novo, tempo ao RL. Depois de dois meses de

ausência para reflexão e reorganização interna, o RL volta ao seu tempo de informar a tempo e no tempo das histórias, toda uma região. A partir da presente edição, o jornal, como prometido, regressa ao convívio dos seus leitores. Continua com uma estrutura pequena, modesta mas cheia de entusiasmo e vontade de oferecer um produto informativo que se nega a baixar de qualidade. Paulo Cortinhas, reputado e conhecido jornalista famalicense aceitou embarcar no projecto e passa a figurar como colaborador de um jornal que quer, com tempo, continuar a contar o tempo da região que abarca. NB: A mudança do RL passa ainda por um novo layout gráfico. Nesta edição desvendamos, no “Especial ATC” (páginas centrais), um pouco do que será a nova imagem do jornal a partir da próxima edição. A presente edição impressa marca ainda o regresso em força da presença da informação diária da região na página do Facebook do RL. Clique em “Gosto” na página https://www.facebook. com/reporterlocal e aceda diariamente à informação da sua freguesia e do seu concelho.

PROTAGONISTAS

Associação Teatro Construção

Joaquim Azevedo e Arminda Pereira

EXCELÊNCIA

CEM ANOS DE VIDA

No velhinho barracão face à Estrada Nacional 206 nasce, em 1974, a ATC. Começou com o teatro, que ainda hoje assume um papel de relevo na vida da instituição, mas depressa aventura-se noutras áreas. Da cultura à Solidariedade Social. Da educação ao Desporto hoje, a associação joanense é reconhecida regional e nacionalmente como uma IPSS de sucesso.

Viver até aos cem não é para todos. O pousadense e a vermilense são casos raros a conseguirem chegar ao século de vida. Um centenário tem histórias por dentro que merecem ser contadas sobretudo, como é o caso, se quem as conta ainda tem a lucidez da memória para as narrar. Ao RL, os centenários falaram da infância marcada pelo trabalho precoce, da juventude e vida adulta vivida sob o signo de um regime ditatorial.

Artur Salazar

JUNTA DE CASTELÕES

António Carvalho

CHOQUE

INICIATIVA

COMPROMISSO

O menino de Mogege atropelado em Joane sucumbiu aos ferimentos, acabando por falecer na passada quinta-feira. Com oito anos, Artur Salazar deixa pais, irmãos e demais familiares e amigos destroçados e toda uma comunidade que, em choque, chora a morte prematura de uma criança, fruto de um acidente estúpido, como todos o são. Que a sua morte sirva de lição e reforce os cuidados de condutores e peões nas estradas da região.

Exemplo de que o papel de uma autarquia não se confina à burocracia dos papeis e ao betão está a iniciativa da Junta de Castelões que abriu, no passado domingo, a loja “ Tostões Contados”. Tratase de um espaço comercial para mostra e venda do que melhor tem a terra. Funciona aos domingos e é um incentivo ao tecido produtivo da terra, além de promover o movimento associativo castolenense.

A findar o ciclo de entrevistas aos presidentes das Juntas que o RL cobre, eleitos há um ano, o presidente da Junta da União de Freguesias de Airão Santa Maria, Vermil e Airão S. João é claro: “não me recandidato se não resolver o problema da Casa Mortuária de Vermil e da dívida das piscinas de Airão S. João”. É de compromissos e da palavra dada que a nova política tem que ser feita.

Propriedade e Editor - Tamanho das Palavras, Lda - Rua das Balias, 65, 4805-476 Stª Mª de Airão Telefone 252 099 279 E-mail: geral@reporterlocal.com Membros detentores de mais de 10 % capital Joaquim Forte, Luís Pereira e Dominique Machado Director: Luís Pereira (luispereira@reporterlocal.com) Redacção: Luís Pereira (luispereira@reporterlocal.com) e Paulo Cortinhas (paulocortinhas@reporterlocal.com) Paginação: Filipa Maia Publicidade: Alberto Fernandes (publicidade@reporterlocal.com) Colaboradores: Fernanda Faria; João Moura; Luís Santos; Sérgio Cortinhas; Quintino Pinto; Emília Monteiro; Ângela Machado Impressão: Gráfica Diário do Minho | Tiragem 4000 ex. Jornal de distribuição gratuita Distribuição: Alberto Fernandes | Registo ICS 122048 | NIPC 508 419 514


6 SETEMBRO DE 2014 • REPÓRTER LOCAL

LOCALIDADES

joane • ENSINO

Aluno da escola Secundária premiado em concurso internacional Manuel Marques, aluno do 12.º ano do Agrupamento de Escolas de Padre Benjamim Salgado, de Joane venceu o XVI Concurso Literário Manuel Maria Barbosa du Bocage, na modalidade de Revelação, com um conjunto de poemas da sua autoria. Tr a t a - s e d e u m p r é m i o literário internacional, promovido pela Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão (LASA). A edição deste ano contou com 509 trabalhos a concurso. O jovem talento da escola joanense foi premiado com 1.500 euros e verá a sua obra editada em livro, da qual receberá 50 exemplares. Os poemas do aluno joanense já haviam sido premiados em Maio, no 7.º Concurso Poético Cancioneiro Infanto-Juvenil para a Língua Po r t u g u e s a , p r o m o v i d o pelo Instituto Piaget .. A participação destes e s t u d a n t e s e m co n c u r s o s literários insere-se no projecto “Desafios em Po r t u g u ê s ” , d i n a m i z a d o no Agrupamento há já vários anos. O projecto, v i s a c o n q u i s t a r, d e f o r m a lúdica, os jovens para a leitura e a escrita..

GUIMARÃES | MAIS DE MIL IDOSOS SINALIZADOS NO PROGRAMA “GUIMARÃES 65+” A Câmara de Guimarães sinalizou 1.193 idosos e efectuou 809 visitas sociais, durante o primeiro ano de actividade do Programa “Guimarães 65+”, destinado a prevenir o isolamento dos idosos do concelho e a promover o bem-estar e segurança . O acompanhamento é feito por 37 gestores sociais e foram fornecidos 215 telemóveis que facilitam a comunicação do idoso com o gestor e familiares e permitem uma maior proximidade com entidades na área social, saúde e segurança .

POUSADA • EMPRESAS

Salário mínimo na Riopele é de 505 euros desde Julho Roteiro Famalicão Made In passa na têxtil de Pousada de Saramagos.

Paulo Cortinhas

A

empresa têxtil de Pousada de Saramagos antecipou-se ao Governo e actualizou o salário mínimo dos seus trabalhadores, atribuindo um aumento mensal de 20 euros. Em vez dos 485 euros, os trabalhadores estão a receber 505 euros. A medida está em vigor desde Julho último e abrange cerca de 400 funcionários, num universo de 1054 postos de trabalho, representando um aumento de 200 mil euros ano nos custos com o pessoal. Só a semana passada é que o Governo anunciou o acordo em sede de concertação social para idêntico aumento. Segundo a administração da empresa, a actualização salarial extraordinária, que se estendeu a outros escalões remuneratórios, insere-se na política social do grupo que engloba outras medidas, como a actualização da tabela dos valores de subsídio de alimentação diário. José Alexandre Oliveira, presidente do conselho de

administração da Riopele, defende que o capital humano é o principal activo de qualquer empresa, daí que encare o reforço da remuneração mínima como um contributo para o sentimento de bem-estar e satisfação dos colaboradores. “As empresas para serem competitivas no mercado global em que operam precisam de colaboradores motivados e integrados, que percebam o esforço que está a ser feito. A decisão foi tomada em Junho para ser aplicada no mês seguinte, porque há quatro anos que se fala em aumentar o salário mínimo. Todos temos de viver. As pessoas são para mim um ponto fundamental, por isso antecipamos o aumento para os 505 euros. Se a decisão do Governo for maior faremos o ajuste; se for menor iremos manter os 505 euros, porque não podemos retirar às pessoas aquilo que achamos que é o devido”, refere o administrador, detentor de 90 por cento do capital da Riopele, que este ano já admitiu mais 75 novos trabalhadores.

O neto do fundador da Riopele anunciou ainda uma área de 1800 metros quadrados para reforçar a aposta na inovação e investigação no desenvolvimento de novos produtos. O departamento está a ser instalado num dos pavilhões da empresa e estará operacional até ao final de 2014 ou no início do próximo ano. José Alexandre Oliveira salienta que é na inovação do produto e no investimento tecnológico que reside o futuro do sector e aponta como exemplo o “Çeramica Clean” um tecido ecológico, suave ao toque, respirável e que evita as nódoas, resultado de uma parceria entre a Riopele, o CeNTI e o Citeve, organismos sediados no concelho de Famalicão. A nova marca registada da Riopele tem sido apresentada nas principais feiras da especialidade e está a ter uma boa aceitação, como atesta o administrador da Riopele. “Já existia uma aplicação semelhante mas que alterava as propriedades do tecido. Com o Çeramica Clean conseguimos man-

ter as características”, sublinha, notando que a empresa fornece as marcas de moda de renome internacional. De resto, cerca de 98% da produção da têxtil de Pousada de Saramagos destina-se ao mercado de exportação, espalhado por mais de 30 países de todo o mundo. Fundada em 1927, a Riopele foi incluída no roteiro Famalicão Made In e recebeu a visita do presidente da Câmara de Famalicão. Paulo Cunha disse que a empresa tem sido notada pelo crescimento inclusivo, sustentável e inteligente e destacou o facto da Riopele ter antecipado o aumento do salário mínimo. “Esta empresa deu o sinal ao país de que é possível fixar o salário mínimo acima do valor que ele tem neste momento”, afirma o edil, sublinhando a estratégia centrada no desenvolvimento de novos produtos, o notável trabalho da empresa na protecção do ambiente e na capacidade de associar o crescimento da empresa e o aumento da facturação ao crescimento do nível de empregabilidade.


REPÓRTER LOCAL • SETEMBRO DE 2014 • 7

LOCALIDADES

JOANE • TRAGÉDIA

Menino atropelado foi a sepultar no cemitério da vila

joane | FUNDO DE EMERGÊNCIA SOCIAL LONGE DE ESTAR ESGOTADO N a ú l t i m a A F, o p r e s i d e n t e d a J u n t a d e J o a n e i n f o r m o u q u e a p e n a s 1 . 5 0 0 e u r o s d o s 7 . 5 0 0 euros disponíveis para o Fundo de Emergência Social foram utilizados. O executivo adianta que o pagamento de contas da luz em estado de iminente corte e alimentação têm sido as situações mais tem dado respostas.

JOANE • Assembleia de Freguesia

Queixa da oposição chega atrasada e faz repetir votação Em causa está a entrega de documentos pedidos ao executivo que se recusa a entregar enquanto PSD/PP não retirar voto de protesto. Luís Pereira

Um mar de gente marcou presença, na passada sexta-feira, dia 2, no fun e r a l d e A r t u r S a l a z a r, a t r o p e l a d o no dia 27 de Setembro, em Joane. As cerimónias fúnebres do menino de oito anos dividiram- se entre Mogege, freguesia em que residia e onde o corpo foi velado e realizada a missa do funeral, e Joane, terra natal dos pais. Em sinal de homenagem, no dia do funeral, familiares da vítima colocaram um ramo de flores num rail junto ao local do acidente (foto). Artur Salazar acabou por sucumbir aos ferimentos graves provocados pelo embate de um automóvel na bicicleta em que seguia, ao início da tarde do passado dia 27, na Via I n t e r- M u n i c i p a l q u e l i g a J o a n e a V i zela, a poucos metros da rotunda. O embate deu-se depois do pai, que seguia à sua frente, noutra bicicleta, ter mudado de direcção, que terá assinalado. O rapaz sofreu o embate quando se preparava para atravessar a e s t r a d a , s e g u i n d o o p r o g e n i t o r. Na altura do acidente, a criança circulava sem capacete de protecção. O pai, que assistiu à tragédia, entrou em estado de choque. Desde o dia do acidente que o mais novo de quatro filhos do casal de Mogege esteve em morte cerebral n o s C u i d a d o s I n t e n s i vo s Pe d i á t r i co s do Hospital de São João, no Porto. O rapaz era tido como uma criança activa. Aluno na escola de Mogeg e , d o A g r u p a m e n t o d e e s c o l a s P. Benjamim Salgado, Artur praticava judo na Casa do Povo de Ronfe. Deixa três irmãos, pais, restante família , amigos e toda uma região que se associou à dor dos mais próximos, no dia do funeral, em sinal de solidariedade. L u í s Pe r e i r a

Um bebedouro e umas casas de banho no Parque da Ribeira podem vir a ser construídas na sequência de um voto de recomendação apresentado pela coligação PSD/PP na última Assembleia de Freguesia, no passado dia 30. A sugestão reuniu consenso entre maioria e oposição que aprovou o voto por unanimidade. “Finalmente que, passado um ano, sugerem qualquer coisa de construtivo”, comentou, a propósito, António Oliveira, presidente da Junta. Mas consenso não foi a palavra de ordem que imperou no último encontro que começou com a coligação a reivindicar a retirada da acta da última reunião, a intervenção de um cidadão (que, entre outros, terá dito que o PSD/PP tem estado “atado e perdido em

pormenores” e pedido para que estes “arrepiem caminho”). A oposição reclama que a intervenção foi “covarde”, não colocou uma pergunta objectiva, desrespeitando o regimento. “Retire isso da acta, abre precedentes para intervenções de chefes de claque”, ameaçou Miguel Azevedo, presidente demissionário dos “laranjas” joanense. Cláudio Cadeia, presidente da AF afiançou que as Assembleias são espaços democráticos e que no passado já teriam existido intervenções idênticas, em sentido contrário, que não deixaram de constar na acta. O documento acabou por passar com os votos da maioria. A oposição ameaçou queixar-se de “sonegação” de documentação pedida à Junta por requerimento e cumpriu. Acontece que a queixa foi tarde e a Comissão de Acesso a Documentos Administrativos

arquivou a queixa. Por isso mesmo, o PSD/PP voltou a levar à Assembleia todos os requerimentos e votos de protestos que já haviam trazido (e que não passaram por rejeição da maioria), para poder voltar a queixar-se, cumprindo agora os prazos legais. “Algo de grave escondem”, acusou Miguel Azevedo. Na resposta, o chefe do executivo joanense disse que a documentação seria entregue no dia em que a oposição se retractasse quanto à documentação entregue em Dezembro passado, levantada por Xavier Olivera que terá assinado que a recebeu e que, mais tarde, em Assembleia, mesmo confrontado com a sua assinatura, negara ter recebido os documentos. “Está nas vossas mãos, retirem o voto de protesto e têm os documentos”, desafiou o autarca.

ronfe • ASSOCIATIVISMO

Jovens ronfenses querem “Voar Alto” “Voar Alto” é o nome da mais recente associação de Ronfe. Direccionada à população jovem da vila, a associação quer criar uma dinâmica associativa que envolva a juventude. Sedeada numa das salas do “Espaço Jovem” da Casa do Povo, na mira da associação juvenil está já um desfile de moda e uma acção de solidariedade de recolha de roupa. “Verificamos que há muitas actividades para as crianças e idosos, mas há carência de iniciativas para os jovens. Só pontualmente é que elas se verificam e não são representativas da juventude da freguesia”, diagnostica Vera Lima, a presidente da “Voar Alto”. Através de programas europeus e do Instituto Por-

tuguês da Juventude, a associação quer promover intercâmbios de jovens ronfenses com outros de vários países, trabalhar em parceria com as instituições da vila e lançar várias formações direccionadas à juventude. “Queremos ser uma associação que intervém em áreas diversas, alargando o âmbito da acção, não se centrando apenas em actividades culturais ou no desporto”, refere a dirigente. A dar os primeiros passos, a associação, que nasceu de um grupo de amigos, conta, para já com poucos sócios, dos quais fazem parte os onze elementos fundadores que integram os primeiros órgãos sociais, mas a ideia é cativar o maior número de associados.


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8 SETEMBRO DE 2014 • REPÓRTER LOCAL

LOCALIDADES

RONFE • ASSEMBLEIA DE FREGUESIA

Pólo de Leitura regressa à vila O anúncio foi feito durante a última sessão da AF que ficou marcada por troca de galhardetes entre o executivo socialista e a oposição PSD/PP sobre a oferta de livros e a dívida da autarquia.

Luís Pereira

A oferta de livros e material escolar marcou a última Assembleia de Freguesia de Ronfe. O PSD/PP acusa a autarquia socialista de ter criticado a medida, enquanto oposição e que a repete, agora que está. Adelaide Silva, presidente da Junta explica que a os moldes da oferta diferem do praticado pelo executivo “laranja” já que funcionará em sistema de “banco de livros”. “Tem de haver mudança de mentalidades. Temos de pôr as pessoas a pensar que não podem receber por receber. No final do ano os pais entregam os livros dados que servem para outros, no ano seguinte. Vamos ver no que dá daqui a um ano. Os que precisam mesmo vão entregar”, defende a chefe do executivo ronfense. Inconformado, António Sousa, eleito do PSD-PP, acusa os socialistas de terem “mentido” à população, em campanha eleitoral. “O actual tesoureiro da Junta quando estava na oposição, diabolizou a iniciativa durante anos e, ironicamente foi quem, este ano, assinou o cheque da medida”, atirou o ex-presidente da Junta. A Junta alega que o custo da medida

é de cinco mil euros (valor contestado pela oposição) e que tal é incomportável para o magro orçamento ronfense. De regresso à vila estará o Posto de Leitura. Depois de encerrado pela Câmara por falta de procura, o executivo socialista fez aprovar no encontro do passado dia 28, um contrato de comodato para a loja onde estava instalado o Posto. “Anteriormente a Câmara entendeu que o dinamismo era tão diminuto que fechou as portas. Queremos um espaço que vá além de uma biblioteca, conciliando com actividades e espaços para workshops e ateliês”, explica Adelaide Silva. Também sobre o assunto, a oposição

acusou a Junta de copiar projectos do antigo executivo PSD. “Esse projecto foi submetido por nós, o ano passado, exactamente nos mesmos moldes e a Câmara disse-nos que não era exequível porque precisaria de pessoal qualificado”, atirou Sousa, ao que Adelaide retorquiu, acusando a oposição de quer chamar a si a “paternidade” de tudo o que é feito na vila. A Junta de Ronfe vai também canalizar o valor de um protocolo com a Câmara para pagar parte da dívida herdada do executivo de António Sousa. “Vamos usar o dinheiro essencialmente para pagar obra já executada e não paga”, adiantou a autarca.

Henrique Barros aproveitou o assunto para contrariar a ideia “exagerada” de que a coligação terá deixado a Junta fortemente endividada. “Prova de que a dívida não é assim tão calamitosa é a de que bastou assinar um contrato com a Câmara para que ela fosse paga”, atira Barros. O argumento não colhe entre o executivo socialista que explica que o valor do protocolo apenas paga parte da dívida já que a restante foi sendo paga durante este ano, pelo orçamento da autarquia local. “É dinheiro que, se não pagasse a dívida, seria canalizado para investir noutras necessidades da vila”, sustenta a presidente da Junta.

FREGUESIAS • | POLÉMICA

Limites de Joane com Airão Santa Maria voltam a marcar passo A Comissão eleita pela Assembleia de Joane para resolver os limites na Rua do Vinhal e na Urbanização Moinho da Lage pediu mais noventa dias e alargou o âmbito da Comissão que passará a analisar as fronteiras com todas as freguesias da União. Luís Pereira

A Assembleia de Freguesia (AF) de Joane voltou a adiar a resolução do problema dos limites da vila com Sta. Maria. A questão tem barbas e afecta a vida de dezenas de moradores da Rua do Vinhal e Moinho da Lage, que têm casas registadas em Famalicão e pagam contas em Guimarães. Em alguns casos a duplicação de registo tem impedido o acesso a isenções de taxas moderadoras. Apesar de ser consensual que a zona é terra aironense, a

Carta Administrativa Oficial de Portugal, atribui o território ao concelho vizinho. O diferendo só é ultrapassado por acordo entre as autarquias locais, seguindo-se a rectificação nas Assembleias Municipais para terminar na Assembleia da República. O processo está agora “nas mãos” de Joane que constituiu, em Abril, uma Comissão, que integra eleitos do PS e do PSD/PP, para deliberar sobre um possível acordo. O mandato da Comissão terminava na última Assembleia mas esta pediu mais 90 dias.

Foi ainda alterada a finalidade da Comissão que, além de analisar os limites com Sta Maria, vai verificar as fronteiras com toda a União ou seja, com Vermil e Airão S. João. “Lamento que Joane esteja a arrastar a resolução do problema. A minha vontade é a de começar a mandar os moradores a bater à porta da Junta de Joane sempre que tiverem problemas, reage António Carvalho, presidente da União de Freguesias. António Oliveira, presidente da Junta joanense, foi confrontado pelo deputado

da oposição, André Fernandes, sobre o que alegadamente Carvalho terá dito na Assembleia da União. “Ouvi o presidente da União dizer que tinha acordo feito com o presidente da Junta de Joane e que só faltava assinar” atirou o eleito do PSD/PP. O presidente da Junta de Joane apressou-se a desmentir o seu homólogo. “Da Junta de Joane nada foi assumido. O que Carvalho diz é da sua inteira responsabilidade. Temos conversado, e ele queria que assinasse o acordo, o que recusei, afiançou Antó-

nio Oliveira. Confrontado com estas declarações, Carvalho evita a polémica. “O que não é meu não quero para mim e todos devem fazer o mesmo. Não reconhecer que aquilo é Airão, é, de certa forma, roubar. O presidente de Joane mostrou-se de acordo com os meus argumentos, mas sei que não lhe cabe a ele decidir. É uma questão de repor a legalidade porque todos sabemos que aquilo sempre foi de Santa Maria”, replica Carvalho, que diz não ter sido contactado pela Comissão.


REPÓRTER LOCAL • SETEMBRO DE 2014 • 9

especial ATc

Especial ATC // História

Quatro décadas de cultura, educação, desporto e solidariedade social Texto de: Luís Pereira Êxito e dinâmica associativa são a imagem de marca da Associação Teatro Construção (ATC). A Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) joanense impôs-se no panorama do movimento associativo famalicense e, ao fim de três décadas de história, é hoje uma referência no contexto distrital e nacional. É preciso recuar aos tempos da ditadura para perceber a génese da ATC. Em 1974, um grupo de jovens oriundos da Juventude Operária Católica dá os primeiros passos no projecto que tinha o teatro como mote. Chamam-lhe, então, “Teatro Construção”. Durante longos anos, o objectivo da dinamização cultural da vila, assente no teatro, manteve-se como a razão de ser da associação enfrentando hostilidades várias, vindas de sectores mais conservadores da freguesia e da Igreja. Nada a fez parar. Com o teatro cimentado e coroado de êxito, é no primeiro ano da década de 80 que a ATC abre o leque da sua intervenção, lançando as primeiras sementes na área da solidariedade social com a instauração do primeiro Jardim-de-infância joanense. Na década de 90, a ATC lança respostas à terceira idade, começando com o “Centro de Dia”. O ano de 1996 é, para a história de ATC, de significado relevante. Ao fim de cinco anos em construção, a instituição inaugura as novas

instalações, contíguas à “Casa de Telhado”. O “Centro Cultural da Juventude de Joane” permite transferir a companhia de teatro, que passa a contar com um espaço teatral maior, devidamente equipado e com um auditório para 204 pessoas. A obra dotou a ATC com seis salas polivalentes, um ginásio, um café-bar, um Pólo da Biblioteca Municipal (funcionou até 2013, altura em que transita para as Piscinas de Joane e permite a implantação do projecto da Universidade Sénior). Pelo Centro Cultural passaram iniciativas diversas como exposições, debates e cinema. E, claro, o teatro! Sempre, o teatro! Hoje, a ATC tem definido um conjunto de sectores de intervenção, estruturalmente divididas pela Cultura, Desporto e Tempos Livres (teatro, poesia, música, cinema, basquetebol, atletismo, BTT, Fit Club ATC, Ocupação de Tempos Livres). Na área da educação conta com o “Colégio ATC” onde se centram as valências da Creche, Jardimde-Infância, ATL, Centro de Estudos, Lar de Infância e Juventude e o Centro de Acolhimento Temporário. Na área da solidariedade social, a ATC conta com a Casa de Giestais que congrega o Centro de Dia, os serviços de Apoio Domiciliário, a Residência de Idosos, o Centro de Actividades Ocupacionais, e a oferta que disponibiliza na área da Saúde. Nesta vertente, a instituição oferece serviços de fisioterapia e reabilitação bem como serviços de enfermagem. A área

O NÚMERO: Especial ATC // 15.º Famalicão-Joane

Cinco mil pessoas no lugar dos automóveis

5.000

“projectos e desenvolvimento” trabalha com o sector da qualidade, das obras e equipamentos, das parcerias e protocolos de cooperação, com a comunicação e com os projectos comunitários nacionais e internacionais bem como o programa “Juventude em Acção”, ao passo que a “Formação e Qualificação” dedica-se ao trabalho com o “Centro de Formação ATC” que a instituição assume de particular importância para a formação e qualificação dos recursos humanos internos e externos. “Com esta estrutura e modelo organizacional e funcional respondemos de uma forma permanente a centenas de crianças, jovens e idosos e suas famílias de uma forma integral e completa. A ATC favorece e contribui para o desenvolvimento da comunidade local e regional, centrada nas necessidades, expectativas e motivações de cada pessoa de uma forma individual e focalizada, assentando esta intervenção em princípios de qualidade e de melhoria perante as suas actividades e serviços, acrescentando valor para todas as partes interessadas”, resume Francisco Melo, o director geral da ATC. Muito há para contar sobre a história da ATC. O “Especial” de quatro páginas que se segue não chegará, por certo, para narrar todas elas. Foi alinhado, contudo, para dar a conhecer, em súmula, o percurso, os projectos, as iniciativas e os anseios desta que é, seguramente, a maior das instituições da região que o RL cobre noticiosamente.

Participantes das três provas (caminhada, atletismo e bike)

Texto: Paulo Cortinhas

Os automóveis deram lugar a milhares de pessoas e a Estrada Nacional 206 ficou repleta de gente para mais uma festa do desporto da Associação Teatro de Construção, de Joane. A correr desde Famalicão, a caminhar a partir de Vermoim ou de bicicleta da sede do concelho, o Famalicão-Joane continua a ser um dos eventos mais marcantes do panorama desportivo concelhio pela competição que encerra, mas sobretudo pelo convívio que proporciona a todos os envolvidos. No passado domingo, o êxito repetiu-se, com a presença de cerca de cinco mil pessoas, nas contas da organização. “Mais um grande êxito, com milhares de participantes e muitas pessoas na assistência”, refere Fernando Oliveira, da organização, adiantando que o traçado que liga a sede do concelho a Joane “é fantástico” e proporciona uma “animação muito boa” para atletas e público. O lote de atletas contribuiu para a afirmação da prova,

que foi ganha por Daniel Pinheiro, do Maia, e Doroteia Peixoto, do Maratona. Na competição masculina, Daniel Pinheiro, que chegou a pertencer ao Núcleo de Atletismo de Joane, cortou a meta isolado. “É um gosto tremendo correr aqui”, declarou o atleta, afirmando que ao assegurar a vitória “o gosto é a dobrar”. Pinheiro imprimiu um ritmo forte desde a partida e chegou à primeira meta volante em primeiro lugar (37,7´). A partir daí geriu o esforço e manteve a concorrência sob controlo, chegando a Joane com uma vantagem de um minuto sobre o segundo classificado, Luís Mendes, da Senhora do Desterro. Heitor Oliveira, do Ciclones, ocupou o último lugar do pódio. Também na corrida feminina, Doroteia Peixoto controlou a prova desde início e apesar da luta da concorrência, também cortou a meta isolada, deixando atrás de si, com mais de um minuto de diferença, Marta Martins, da Senhora do Desterro. Susana Godinho, do Benfica,

chegou em terceiro, com dois minutos de atraso. “Queria repetir a vitória que já tinha conquistado em Joane e consegui”, declarou a atleta do Maratona, salientando o “enorme apoio do público ao longo do percurso”, numa terra de onde saem muitos atletas. De entre os muitos atletas que fizeram os 12 quilómetros da prova estava o presidente da Câmara. Foi a primeira vez que Paulo Cunha correu nessa qualidade um Famalicão-Joane, mas soma já 8 participações. “É A FRASE: um prazer participar nesta iniciativa. A ATC está de parabéns, mas também a boa gente de Joane que ajuda na organização”, frisou o edil, notando que o percurso permite “conviver com pessoas que não falámos no dia-a-dia”, garantindo o apoio da autarquia no futuro. “É um projecto bem-sucedido, que leva o atletismo a várias Daniel Pinheiro, atleta vencedor freguesias do concelho e que, por isso, se tornou na do XV Famalicão-Joane prova mais popular”, vincou Paulo Cunha.

“É um gosto tremendo correr aqui”


10 SETEMBRO DE 2014 • REPÓRTER LOCAL

especial ATc Especial ATC // CASA DE GIESTAIS

Respostas à terceira idade com selo de garantia de qualidade Com a viragem do milénio, o então primeiro-ministro, António Guterres, descerrava, em 2000, a placa inaugural da Residência Comunitária “Casa de Giestais”. A infra-estrutura da ATC permitiu equipar Joane com uma estrutura residencial para idosos e concentrar as respostas sociais que a instituição já oferecia à terceira idade. Além da estrutura residencial, na “Casa de Giestais” está ainda o “Centro de Dia” e o serviço de “Apoio Domiciliário”,

que a ATC já presta desde 1990. “É um verdadeiro espaço de convívio, que tem contribuído de forma muito significativa no reforço das relações interpessoais e na ocupação dos tempos livres, sendo notório o grau de satisfação existente entre os habituais frequentadores. Sabemos que os idosos constituem um grupo social de risco, dada a precariedade das suas condições económicas e a impossibilidade de acederem a bens e serviços considerados

fundamentais. Promovemos o envelhecimento activo, tendo presente as suas reais necessidades ao nível bio-psicosocial, e os recursos humanos e materiais disponíveis”, referem os responsáveis. O lar tem a sua capacidade lotada e são muitos os que se encontram em lista de espera. “O envelhecimento demográfico é um fenómeno da sociedade moderna. Há um número considerável de pessoas idosas

Especial ATC // COLÉGIO ATC

“É bom crescer aqui!” Texto de: Luís Pereira O “Colégio ATC” é composto por Creche, Jardimde-Infância, ATL, Centro Estudos (respostas fixadas na “Casa de Telhado”) e o Centro de Acolhimento Temporário e Lar de Infância e Juventude (integrados na “Casa de Giestais”). A excelência nos resultados são as premissas para as valências do Colégio fixadas na “Casa de Telhado”. “Procuramos atingir as metas definidas para as diferentes idades. Somos parceiros das famílias na educação das crianças”, salienta o director Ruben Dias. O Jardim de Infância conta com actividades extracurriculares que vão desde a dança e o teatro até ao inglês e a educação musical de forma a “despertar nas crianças o conhecimento do corpo e do mundo”. “Com o Centro Escolar em Joane e o alargamento de horários escolares, as necessidades dos pais alteraram-se e o ATL reorganizou o seu funcionamento respondendo aos constrangimentos e ao nível de exigência do acompanhamento escolar. Passamos a disponibilizar os serviços de prolongamentos de horários, almoços, serviço de transportes, acompanhamento escolar e actividades de ocupação de tempos livres no período de interrupções lectivas”, explica o responsável. O “Centro de Estudos” está vocacionado para o apoio intensivo ao estudo de forma a alcançar o sucesso

escolar dos jovens. Para tal, o Colégio tem serviços como o das explicações individuais e em grupo, a preparação para exames, transporte e almoço. O Colégio conta também com respostas ao nível da pediatria, psicologia e terapia da fala, que estão abertos ao exterior a preços convidativos. Uma equipa multidisciplinar de profissionais trabalha diariamente no “Colégio ATC” numa educação das crianças sob os princípios da excelência nas diversas áreas, fazendo justiça ao lema de quem frequenta o Colégio da ATC: “É bom crescer aqui!”. O Centro de Acolhimento Temporário (CAT) e o Lar de Infância e Juventude (LIJ), fecham o leque das valências educacionais e sociais do “Colégio ATC”. Integrados na “Casa de Giestais”, estes serviços respondem às solicitações das Comissões de Protecção de Menores e Tribunais no acolhimento de crianças e jovens em situação de risco/perigo. “Na casa existe uma placa que caracteriza esta área: a Arca de Noé. O CAT e LIJ são a Arca que acolhe as crianças e jovens quando há uma tempestade nas suas famílias. Nela têm os cuidados que devem ter e quando a tormenta passa, regressam às suas origens. Aqui a dificuldade, é que as tempestades teimam em não passar e o tempo de permanência dos utentes destas respostas prolonga-se mais do que seria expectável ou desejável”.

que não encontra uma resposta adequada no seu meio natural de vida (o familiar). É frequente a necessidade do recurso ao alojamento em Estrutura Residencial, a título permanente e é fundamental que esta se constitua como um contexto humanizado, tendo presente que os clientes são o centro de toda a actuação”. O Serviço de Apoio Domiciliário constitui uma resposta organizada para que pessoas

em situação de dependência, possam ter acesso a serviços que satisfaçam necessidades básicas e específicas, apoio nas actividades instrumentais da vida quotidiana e actividades sócio recreativas. Este conjunto de serviços é prestado no domicílio habitual do cliente. O Centro de Actividades Ocupacionais e o Centro de Dia têm como principal missão a integração e interacção do grupo com a comunidade em geral e as restantes valências da instituição.


REPÓRTER LOCAL • SETEMBRO DE 2014 • 11

especial ATc ESPECIAL ATC // XXIX FESTIVAL DE TEATRO

Todos ao Teatro! Texto de: Luís Pereira Está aí o Festival de Teatro da ATC! A 29.ª edição arranca no dia 18 e a programação estende-se até 16 de Novembro. Não há desculpas para ficar em casa! O festival da ATC é a oportunidade no ano para que a região assista a vários espectáculos de teatro de qualidade sem percorrer quilómetros até aos grandes centros urbanos. Conceituadas companhias nacionais como a “Barraca” e “Chapitô” voltam a Joane, abrilhantando ainda mais este que é o dos festivais mais antigos de Portugal. “O festival é dedicado ao Homem e a programação reflecte essa temática abordando as forças e fraquezas dos seres humanos e o que mais preocupa a humanidade. É um convite à reflexão sobre o papel do ser Humano na sociedade”, explica Simão Barros, actor da companhia da casa (que participa com a reposição de duas peças). O “Festival OFF” é a novidade da edição deste ano e pretende abrir o certame aos agentes culturais da comunidade para que apresentem livremente

as suas propostas. “Paralelamente à programação oficial haverá um espaço para apresentações espontâneas. Momentos não programados que irão ocupar e animar o espaço. Nesta programação “OFF” podem acontecer performances, exposições, tertúlias, concertos e demais manifestações artísticas de forma livre. Assistir a esta programação OFF é absolutamente gratuito”, explica a fonte. O preço dos ingressos para assistir aos espectáculos no Centro Cultural de Joane varia entre os três euros (aos domingos, na programação familiar) e os sete euros (para a programação geral). A bilheteira representa metade do orçamento do festival sendo que a expectativa da organização é ter a casa cheia, no seguimento do que tem acontecido nas edições anteriores. A abertura está a cargo da Rusga de Joane com a recreação de uma desfolhada minhota e para o encerramento estão reservadas surpresas. Por revelar está também o nome do homenageado desta edição, como tem vindo a ser tradição do Festival de Teatro da ATC.

ESPECIAL ATC // UNIVERSIDADE SéNIOR D. DINIS

ATC desafia adultos a cultivar e partilhar saberes Texto de: Luís Pereira Destinada a adultos com mais de cinquenta anos de idade, a “Universidade Sénior D. Dinis” (USDD), é a aposta mais recente da Associação Teatro Construção. Desde Abril que três dezenas de seniores ocupam os tempos, até então livres, a partilhar saberes e experiências, a conviverem e a aprendem de forma informal desde a conversação da língua inglesa a navegar na Internet. O projecto da ATC pretende evoluir e quer acolher mais adeptos para colocar em funcionamento disciplinas que, apesar da oferta disponível, ainda não arrancaram face à ausência de interessados. “A USDD suporta-se na ideia da partilha e do cultivo de saberes, numa dinâmica de participação activa da população sénior que

encontra neste espaço momento de convívio, de partilha, de aprendizagem e até de quebra do isolamento”, explica Francisco Melo, director geral da ATC. A USDD funciona nas instalações da ATC deixadas de vago com a saída do Pólo de Joane da Biblioteca Municipal para as piscinas. A ATC tem profissionais preparados para as múltiplas disciplinas que fazem parte da oferta educativa. A USDD não dá qualquer certificação académica aos alunos mas está aberta a qualquer interessado, independentemente da escolaridade que possui. Promover a educação não formal dos adultos e incentivar a participação e organização dos seniores em actividades culturais, de cidadania, de ensino e de lazer está entre o rol dos objectivos da Universidade da ATC que quer

ainda contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos seniores e impulsionar a sua participação cívica e auto-organização no pósreforma. O combate ao isolamento é também uma das intenções do projecto. “A USDD é um espaço onde para enriquecer competências em diferentes domínios e um espaço de convívio, de partilha, de animação, de felicidade e de vida”, resume o dirigente.

XXIX FESTIVAL DE TEATRO DUAS PERGUNTAS É difícil organizar um festival de teatro na “periferia” dos grandes centros? A arte e a cultura devem estar onde estão as pessoas. E o Homem não está apenas nas cidades. É fundamental descentralizar a programação verdadeiramente e esse papel não deve caber apenas aos organismos públicos. Deve também caber aos artistas e agentes culturais que devem criar uma programação diversificada nos temas, nas estéticas e também nos locais. A maior dificuldade em realizar este festival em Joane prende-se essencialmente com as questões de financiamento e de meios técnicos. Há ainda a questão da grande oferta cultural dos grandes centros e da facilidade de acessos que faz com que o público opte por deslocar-se a Guimarães, Braga ou Porto. Paralelamente à oferta cultural, estas cidades têm ainda opções para lazer antes e depois dos espectáculos. Em Joane verificase uma falta de oferta paralela ao festival o que faz com que, no momento de decidir, o público coloca na balança outros factores que não a programação do festival. A companhia da casa (TC) participa com que peças? O Teatro Construção vai repor dois dos seus melhores espectáculos com encenações revistas. É a oportunidade para rever “KaMoNs” e “Camilo - O criador”. O primeiro é um exercício imaginário a partir de “pistas” encontradas na obra e nos estudos biográficos de Camões. Aqui não viajamos até 1524 (possível data do seu nascimento). Acontece no passado, no presente e no futuro. Pois é aí que encontramos Camões. Na sua intemporalidade, no espaço-tempo por excelência dos grandes génios que os mantém sempre actuais. É uma encenação de Nuno J. Loureiro e interpretação de Romeu dos Anjos Pereira e Hélder Melo. “Camilo - o Criador” é uma encenação de Miguel Fonseca a partir do universo de Camilo Castelo Branco. Com uma cenografia que nos leva a uma viagem ao passado, com efeitos de ilusionismo, o espectáculo, assente na interactividade com o público por parte do personagem Camilo, e dos personagens Simão Botelho e Zé do Telhado, pretende despertar as crianças e jovens para a leitura das obras de Camilo Castelo Branco.

XXIX FESTIVAL DE TEATRO PROGRAMa sáb, 18 out Grupo Etnográfico Rusga de Joane Desfolhada minhota sáb, 18 out Aventuras Mágicas Ui! naquele tempo...

sex, 24 out Art’imagem O Vosso Maior Pesadelo sáb, 25 out C.ia da Esquina Em baixo e em Cima A propósito de Beckett sex, 31 out Captum – Uminho ligação UM - Zona X sáb, 01 nov Teatro Construção KaMoNs sáb, 08 nov A Barraca Hoje é o dia sáb, 15 nov Companhia do Chapitô Dr Jekyl e Mr Hyde sex, 21 nov Teatro Construção Encerramento Centro Cultural da Juventude de Joane |ATC |21:30| Variável entre 3€ e 7€

Programa Famílias dom, 19 out Aventuras Mágicas Aventuras Mágicas no circo dom, 02 nov Teatro Construção Camilo O Criador dom, 16 nov Tio Oskar Tio Oskar Centro Cultural da Juventude de Joane |ATC |16h | 3€

QUANTO CUSTA? DÚVIDAS 10 Euros de inscrição + 10 Euros por cada disciplina que adira. QUAIS AS DISCIPLINAS DISPONÍVEIS? Informática; Internet; Inglês (conversação); Pintura e desenho; Música; Português, História, usos e costumes; Ginástica de manutenção; Dança; Hidroginástica e Saúde e Nutrição. Clubes: fotografia, jogos de mesa, cultura e lazer, leitura e poesia e jogos de mesa. INSCRIÇÕES? Na secretaria da ATC; por telefone (252993906) e por correio electrónico (geral@atc.pt).


12 SETEMBRO DE 2014 • REPÓRTER LOCAL

especial ATc

ESPECIAL ATC // DESPORTO

Academia de Basquetebol uma aposta ganha Texto: Paulo Cortinhas A Academia de Basquetebol da ATC aumenta a área de influência e chega já a Famalicão e Calendário, proporcionando a prática da modalidade a centenas de crianças e alunos das escolas do 1.º ciclo da área urbana. A ligação ao 1.º ciclo foi iniciada no ano lectivo passado, em resultado da parceria com a Associação de Pais do Centro Escolar de Joane. O sucesso alcançado levou a colectividade a ampliar a ligação às escolas e o seu raio de acção. A relação com o meio escolar não é de agora, já haviam protocolos com a Didáxis de S. Cosme e de Riba de Ave, mas desde o ano transacto sofreu um impulso. “Em Joane cerca de 60 alunos do centro escolar passaram a jogar basquetebol e a praticar desporto após o horário lectivo. Registamos uma boa adesão, até porque esta é uma actividade sem custos para os pais. A experiência foi positiva e é para continuar”, refere o responsável pela área desportiva da ATC, Fernando Oliveira.

O sucesso desse trabalho levou a associação a estender o conceito a outras escolas e, neste ano lectivo, alunos do 1.º ciclo do Agrupamento de Escolas D. Sancho I, à qual pertence a Escola Dr. Nuno Simões, já praticam basquetebol nos mesmos moldes. A funcionar desde o ano 2000, a Academia veio preencher a lacuna do concelho ao nível da modalidade. Decorridos quase 14 anos, Fernando Oliveira fala numa “aposta ganha”, salientando que, desde então, milhares de crianças e jovens contactaram com a modalidade e praticam actividade física, aspecto que a instituição mais valoriza. “Isso vale por tudo. Mais do que dizer que fizemos muitas equipas e tivemos muitos atletas, preferimos destacar o acesso à prática desportiva”, nota o dirigente. Mas a competição não tem sido descurada e, na última época, a Academia envolveu cerca de centena e meia de atletas federados, distribuídos por todos os escalões de formação, desde os minis até aos sub-20. O palmarés conta já com alguns títulos regionais “Somos uma Academia respeitada

ESPECIAL ATC // DESPORTO

BTTeatro: A ambição de ir sempre mais além Texto: Paulo Cortinhas

não só pela qualidade que fomos tendo ao longo dos anos, mas também pela forma como estamos na modalidade”, refere Fernando Oliveira, sublinhando que na época transacta a ATC foi campeã em sub18 e sub-20 masculinos. Os sub-16 também foram campeões regionais. “O título de sub-18 é o mais importante e o mais apetecido em termos regionais” e possibilitou o ingresso no nacional da modalidade. “Foi uma experiência excelente, permitiu a evolução dos jogadores e conquistar algum prestígio. Além disso, conseguimos que um dos nossos atletas fosse convocado para participar no europeu. Tem sido uma grande conquista”, frisa. Fernando Oliveira admite que a formação de talentos é uma consequência natural do trabalho realizado, mas “não é o principal”, até porque a instituição coloca o enfoque na formação integral dos jovens. Criar uma equipa no escalão sénior continua a ser uma das ambições da ATC, mas “somos realistas”, alerta Fernando Oliveira, até porque não estão reunidas condições para

“Ir sempre mais além, rumo às coisas grandes”. A expressão do Papa Francisco foi adoptada como lema do BTTeatro porque encerra a forma de estar e de ser de um grupo de amigos que associa a promoção do BTT ao convívio. O grupo surgiu no ano de 2005 e desde essa altura que mantém a ligação à ATC. Têm apostado na divulgação do BTT e no desenvolvimento de um trabalho centrado na promoção de passeios de cicloturismo, sensibilizando os novos praticantes, para que não sujem nem danifiquem os trilhos por onde passem. Ao longo do ano, organiza diversas actividades sazonais, desde passeios nocturnos a actividades em épocas tradicionais como a Primavera ou o São Martinho. Do vasto leque de actividades, o destaque vai para o passeio

que tal aconteça. Desde logo ao nível dos espaços físicos. A ausência de um pavilhão inviabiliza uma resposta cabal ao crescimento da academia. Francisco Melo, director geral da ATC, nota que a estratégia de chegar a outros locais prende-se, por um lado com a necessidade de alargar a base e ter mais espaços para treinar. “O pavilhão de Vermoim respondeu às necessidades nos primeiros anos, mas depois foram surgindo outras modalidades e ficamos com menos espaço. Isso é compreensível e aceite por nós, mas condiciona e obriga-nos a procurar espaços alternativos, mesmo que isso represente maiores dificuldades logísticas”, frisa, adiantando que esse investimento não está nas prioridades da associação, apesar de ser tema recorrente. “A conjuntura não é favorável e nos últimos anos temos feito grandes investimentos na qualificação dos nossos espaços. Mas se houvesse um pavilhão gimnodesportivo na vila, facilitava muito”, atira, em jeito de repto ao poder municipal.

Caminhos Penosos, que conta com oito edições e tem como imagem de marca a beleza e também a dureza dos percursos. Apesar disso, de ano para ano o número de participantes tem vindo a aumentar e a edição deste ano, que se realizou no dia 14, não fugiu à regra e mais de 170 betetistas aceitaram o desafio do BTTeatro e alinharam naquele que é um teste à condição física dos participantes e uma celebração ao BTT com condições de fazer inveja aos melhores eventos nacionais. Com um percurso de 35 quilómetros e 1350 metros de acumulado, por entre os concelhos de Famalicão, Guimarães e Braga, a edição teve uma dificuldade adicional com o mau tempo que se fez sentir nos primeiros quilómetros, mas não esmoreceu o entusiasmo dos concorrentes.

A qualidade do trilho percorrido, as condições de segurança, a marcação do percurso, a presença de elementos da organização nas zonas mais problemáticas e críticas do traçado, o apoio constante aos atletas, foram alguns dos aspectos elogiados pela maioria dos participantes, à chegada ao centro nevrálgico do evento, o Parque da Ribeira. O calendário cada vez mais apertado e a maior oferta de passeios coloca maiores exigências à organização dos Caminhos Penosos, mas o evento do BTTeatro impõe-se pelas condições e regalias que oferece aos participantes, além do sorteio de prémios no valor global de 1500 euros. Para o ano a organização promete novas sensações pelos montes da região.

ESPECIAL ATC // DESPORTO

FitClub cuida da forma dos joanenses Texto: Paulo Cortinhas

O desporto na ATC não se resume ao basquetebol. A instituição preocupa-se em oferecer um leque de outras actividades à comunidade. Foi com esse propósito que surgiu o FitClub, equipado de uma série de valências e modalidades que vão de encontro às necessidades da população. “O nosso ginásio tem tido uma frequência elevada. É um espaço que corresponde a uma necessidade que foi por nós identificada. Há um bom ambiente, está bem equipado

e temos gente qualificada a acompanhar os utilizadores”, refere Fernando Oliveira, notando que o ginásio, além de servir a população também ajuda a cobrir as necessidades do Colégio ATC e da Casa de Giestais, com actividades físicas para as crianças e para os idosos. A funcionar de segunda a sexta, das 8h30 às 22h30, e também ao sábado, o FitClub conta com aulas de grupo de modalidades diversas e para todas as faixas etárias. Ballet,

hip-hop, danças de salão, Alex Ryu Jitsu, Step, Zumba, são algumas das disciplinas que pode frequentar nesta valência. Fernando Oliveira diz que a instituição tem sempre presente a vertente social em todas as suas áreas e o FitClub não foge à regra. “Os custos são mais reduzidos e a mensalidade é acessível”, indica, revelando que os sócios e utentes usufruem de descontos, assim como o pacote família.


REPÓRTER LOCAL • SETEMBRO DE 2014 • 13

LOCALIDADES Castelões • AUTARQUIA

Junta cria espaço para promover produtos locais “Tostões Contados” é um espaço de promoção da cultura, artesanato e associativismo de Castelões.

C

Paulo Cortinhas

astelões passa a dispor, a partir de Outubro, de um espaço comercial para a promoção e venda de produtos locais. Localizada na Rua do Carvalhal, a loja “Tostões Contados” é um espaço da Junta de Freguesia de Castelões que vai funcionar todos os domingos, das 9h30 às 18 horas, para promover o comércio local e também o movimento associativo da freguesia. É que além de proporcionar eventuais negócios de produtos agrícolas, flores, plantas, doçarias e petiscos, entre outros produtos, o espaço “Tostões Contados” ambiciona acolher regularmente

eventos temáticos e actividades recreativas. Com uma decoração baseada no ex-libris da freguesia, os arcos, património classificado de interesse público, ali vai ser possível comprar e vender flores e plantas diversas, ervas aromáticas, excedentes agrícolas (legumes, frutas, frutos secos, ovos, pintos e galinhas, coelhos, etc) de produção caseira/biológica. “Queremos promover a nossa cultura, o nosso artesanato, as nossas associações, a nossa gente”, salienta a autarquia, em nota enviada à imprensa da autarquia, adiantando que quem quiser apenas expor, encontra ali uma boa solução. “Pretendemos que este espaço seja criado pela população e para a

população”, refere a autarquia castelenense, adiantando que o recinto conta com nove lugares interiores e oito espaços exteriores que estarão disponíveis em regime de rotatividade, ou seja, os artesãos vão variando de semana para semana. Os interessados em usar o espaço têm que fazer a respectiva inscrição através do facebook da Junta de Freguesia de Castelões, pelo email info-geral@jfcasteloes.com ou na sede da Junta de Freguesia, podendo a mesma ser feita individualmente ou em grupo. A autarquia dá prioridade aos residentes na freguesia, mas informa que aceita inscrições de pessoas externas à localidade.

JOANE | AUTARQUIA

Vila acolhe segundo “Espaço Cidadão” do concelho Luís Pereira

Depois da cidade de Famalicão, Joane acolherá uma mini-loja do cidadão. O “Espaço Cidadão” vai funcionar na sede da Junta e resolve problemas burocráticos como o da renovação da carta de condução. Numa lógica de aproximar os serviços administrativos centrais dos cidadãos, Joane vai acolher uma mini-loja do cidadão. Trata-se do “Espaço Cidadão” que vem para Joane ao abrigo de um programa governamental de modernização da administração central. Ao desafio da Câmara de Famalicão, a Junta da vila respondeu afirmativamente e tem já em curso a preparação de toda a logística para receber o “Espaço Cidadão” “Tudo o que seja aproximar os serviços da população, é bem-vindo e por isso respondemos de imediato que queríamos aderir ao projecto”, comenta António Oliveira, presidente da Junta da vila. O “Espaço Cidadão” não tratará de todos os assuntos de uma “Loja do Cidadão” mas é um passo importante na resolução de problemas diversos como o da renovação da carta de condução, candidaturas do programa “Porta 65”, documentação da ADSE, da Autoridade para as Condições de Trabalho ou dos Serviços de Estrangeiros e Frontei-

ras. Se tem burocracias destas para resolver, dentro em breve vai passar a não ser obrigado a deslocar-se a Famalicão ou a Guimarães. O “Espaço Cidadão” servirá a vila, mas também todas as freguesias em seu redor, quer do concelho famalicense quer do vimaranense. Ainda não há data prevista para que o serviço seja instalado. Quase certo é que será fixado na sede da autarquia (o autarca diz que o “ideal” seria a loja vaga que o Município tem no Largo 3 de Julho). O governo central paga o mobiliário, o equipamento informático e o acesso às plataformas digitais e presta informação e apoio constante. A Junta disponibiliza o espaço e os funcionários. “Não aumentaremos o pessoal nem teremos despesa acrescida. O que aumenta é o trabalho, mas quem ganha é a população”, refere Oliveira. O projecto já funciona na sede do concelho e para vir para Joane, as funcionárias da autarquia irão receber formação adequada e específica para dar resposta. “Teremos de adaptar o espaço físico da Junta às condições que são impostas pelo programa “Espaço Cidadão” que tem normas técnicas específicas que têm de ser cumpridas”, explica o presidente de Junta.

JOANE | CULTURA

Imagens e relatos de caminhantes do “Caminho” compilados em livro Testemunhos de meia centena de peregrinos que percorreu os Caminhos de Santiago com a Associação Teatro Construção estão compilados no livro “Mil Quilómetros Pelos Caminhos de Santiago”. Aos relatos dos caminhantes, o livro junta-lhe 333 fotos inéditas e presta homenagem a todos os que abraçaram o projecto da associação que assinala dez anos de existência. Sob coordenação de Custódio Oliveira, presidente da ATC, o livro foi apresentado no Porto (dia 18) e em Joane, no Joannem Auditorium, no passado dia 20.


14 SETEMBRO DE 2014 • REPÓRTER LOCAL

ATLETISMO • joane

CLUBES• CASTELÕES

Escola Rosa ADECA resolve crise directiva e suspende futebol Oliveira com três reforços

A Associação Desportiva de Castelões não vai participar nos próximo campeonato concelhio de futebol de salão. A colectividade ultrapassou o impasse directivo e essa foi uma das primeiras medidas da nova direcção, liderada por Sérgio Ferreira, que já havia assumido o cargo de 2011 a 2013. Na base da decisão, que foi ratificada em Assembleia Geral, está o atraso na preparação da temporada. Só agora é que ficaram reunidas condições para formar uma equipa directiva, mas a isso a associação acrescenta o «desgaste» pela forma como os campeonatos concelhios, organizados pela Associação de Futebol de Salão Amador, têm vindo

a desenrolar-se e que tem gerado o descontentamento de várias associações. De resto, a associação de Castlões diz que existem ecos da desistência de várias equipas na próxima temporada. A isso acrescentam o facto da nova direcção da AFSA, eleita recentemente, «não inspirar confiança» aos dirigentes de Castelões. Apesar da pausa no futebol, a colectividade pretende manter as restantes modalidades como o atletismo e o pedestrianismo e implementar outras que sejam do interesse e do agrado dos associados. Após três assembleias inconclusivas, a solução foi encontrada na reunião decisiva, que se realizou no dia 22 de Setembro. A

equipa directiva é composta por 11 elementos e do grupo faz parte ex-presidente e outros sócios que exerceram cargos directivos nos últimos anos. Refira-se que, na última época, a continuidade da associação foi assegurada por uma comissão administrativa, depois da ausência de candidatos. Para além da direcção, a associação também procedeu à renovação dos outros órgãos sociais. A Assembleia Geral vai passar a ser presidida por Manuel Pinto, enquanto que o Conselho Fiscal é liderado por João Azevedo. A tomada de posse está agendada para o dia 12 de Outubro.

A Escola de Atletismo Rosa Oliveira (EARO) vai reforçar-se com três jovens atletas famalicenses para a época 2014/2015. Rafael Silva, atleta juvenil que representava o Sport Club de Braga; Bruno Abreu, também juvenil e Miguel Torres, atleta iniciado (ambos, ex- ADECA) são promessas do atletismo famalicense que agora

vestem a camisola da associação de Joane. Entretanto, a EARO esteve representada na Iª Corrida de Campanhã pelo atleta André Silva tendo este terminado em sétimo lugar. Já o atleta Vasco Batista correu a “Meia Maratona Cidade de Ovar” e bateu novamente o seu recorde pessoal ao percorrer a prova em 1:16:16.

CICLISMO • POUSADA

André Carvalho não foi feliz no Campeonato do Mundo

Paulo Cortinhas

GRUPO DESPORTIVO DE JOANE

Torneio de sueca no Campo de Barreiros O Grupo Desportivo de Joane promove, no próximo sábado, dia 11, um torneio de sueca . A iniciativa realiza-se no Campo de Barreiros e as quatro melhores equipas serão premiadas, respectivamente, com dois presuntos; dois frangos; dois coelhos e d u a s g a r r a f a s d e w h i s k y. Pa r a l e l a m e n t e , j o g a - s e o “J o g o d o Pa l i t o ” c u j o p r é m i o ú n i c o é o de um frango. No local funcionará uma cozinha com petiscos e bons vinhos.

O jovem ciclista da Escola de Ciclismo Carlos Carvalho, de Pousada de Saramagos, não teve uma participação feliz no Campeonato do Mundo de Estrada, que se realizou, na semana passada, em Ponferrada, Espanha.O actual campeão nacional de fundo, na categoria de juniores, esteve envolvido num acidente e foi forçado a desistir, dei-

tando por terra as suas aspirações ao serviço da camisola da selecção nacional.“Fiquei preso numa queda e nunca mais consegui voltar ao pelotão», declarou o jovem famalicense, que é neto de Carlos Carvalho, vencedor da Volta a Portugal, acrescentando que “com o ritmo que se corre aqui, ter um azar é o mesmo que dizer adeus à corrida”.


REPÓRTER LOCAL • SETEMBRO DE 2014 • 15

Há mérito no resultado de Marçal Mendes, a quem à partida se apontava uma pesada derrota face ao domínio esmagador do PS nas Airões? A v o t a ç ã o e m Ve r m i l f o i p r e v i s í v e l , e m b o r a n ã o c o m t a n t a e x p r e s s i v i d a d e . E m Santa Maria , a votação foi a esperada . Airão S. João, tínhamos alguma preocupação porque poderia ser a decisiva e foi o único resultado que saiu fora das nossas previsões, embora não por muito.

entrevista

“Não me recandidato se não resolver o problema das Piscinas e da Casa Mortuária de Vermil” António Carvalho Presidente da Junta da União de Freguesias de Airão Santa Maria, Vermil e Airão S. João. Luís Pereira

Em que valores se situa a dívida das Piscinas de S. João e como a pretende pagar? Qualquer obra que se faça na área geográfica das freguesias desta União tem de contar com o apoio da Câmara. A obra tem sido paga ao longo dos anos com os protocolos que a Câmara fazia com a freguesia. Não quer dizer que a Câmara não atribuísse valores superiores aos que atribuiria normalmente se não tivesse aquele equipamento. Enquanto presidente da Junta de Sta. Maria foi crítico daquele investimento. Mantém a crítica? A minha opinião continua a mesma, mas também sou sensível ao facto de, quando o investimento foi feito, as condições económicas do país eram outras. Mas há contas por pagar… Há um diferendo entre o orçamento inicial e a factura que o empreiteiro entregou. A adjudicação foi feita pela ordem dos 500 mil euros mas o empreiteiro argumenta que foram feitas obras extra e apresentou uma factura com outros valores. Há obra que está enterrada e não há forma de a medir e é aí que se centra o diferendo. Os técnicos da Câmara estão a tentar chegar a um acordo com a empresa em causa. A autarquia reconhece uma dívida na ordem dos 170 mil euros, a empresa reclama 220 mil euros. Ou seja, cinco anos depois, quase 40% da obra está por pagar. É a prova que foi um mau investimento?

Herdei esta responsabilidade e uma das preocupações foi inteirar-me da situação e procurar formas de a resolver. Tenho a garantia do presidente da Câmara que a solução para as piscinas passará pelo município. Que nos sirva de exemplo de que as ambições têm de ser medidas. A prova de que é assim que trabalhamos é a de que, colocamos na gaveta o projecto que tínhamos para a requalificação do recinto desportivo da escola de Santa Maria. Não avançamos porque é dispendioso e não queremos comprometer outros investimentos. Com isto, o investimento em Airão S. João fica comprometido neste mandato? Não. Ainda este ano aplicamos um protocolo na pavimentação de uma rua e que pretendemos executar. A Casa Mortuária de Vermil só se faz se houver dinheiro? Vai-se fazer com a ajuda da Câmara. Guimarães vai pagar num mandato o que falta das Piscinas e a Casa Mortuária? Tenho esse compromisso da Câmara. Se não cumprir, não terei coragem de continuar por cá. Se não forem resolvidos esses dois problemas, daqui a três anos não serei candidato ao cargo. Não é possível fazer iniciativas que juntem as três freguesias, nomeadamente a nível cultural? Temos feito algumas. Tenho pena é que algumas iniciativas que

existiam tenham desaparecido. Veja-se o caso do Festival da Juventude em Vermil que era supostamente promovido por uma associação que não sei o que é feito dela. Tudo a seu tempo. Temos feito iniciativas como o zumba e outras de natureza desportiva nas três freguesias. Para breve iremos experimentar um Magusto num único local para toda a população da União. A união da União passa pouco-a-pouco por aí e isso não significa que haja necessidade das pessoas cortarem o vínculo com a freguesia onde residem. Respondeu às acusações de Marçal Mendes sobre o número de assalariados que existem ao serviço da autarquia. Alguém tentou baralhar e só por isso vi-me na necessidade de responder, mas não estou para fazer politiquice e andar a responder todos os meses a quem só quer baralhar as pessoas. Fomos claros na campanha quanto à forma que iríamos trabalhar: a Junta é composta por três elementos e teríamos um colaborador em cada freguesia para auxiliar no trabalho. Colaboradores esses remunerados pelo orçamento da Junta. Quem são e quanto recebem? Dos três, dois são remunerados (Pedro Monteiro, em Airão S. João e José Bairrinho, em Santa Maria). Cada um recebe mensalmente 250 euros. Em Vermil temos Domingos Barros a ajudar que, como tem disponibilidade de tempo, entendeu prescindir da remuneração.

ANTÓNIO CARVALHO

“Colocamos na gaveta a requalificação do recinto desportivo da escola de Sta. Maria porque é dispendioso” Se todo o investimento de vulto vai para Vermil e S. João e, tendo em conta que já disse que não avança com os balneários, é Sta. Maria que vai ficar a perder nesta União? Não pode e não vai. Queremos resolver o problema do trânsito da capela de Santa Luzia embora seja difícil implementar o projecto que existe porque depende também da vontade de privados que se mostraram muito pouco receptivos. A requalificação do recinto desportivo da escola canalizamos para o orçamento participativo (OP), embora não tenha grandes esperanças. Tenho pena que algumas pessoas não olhem para esta obra como o futuro das crianças das três freguesias. Isso é uma crítica ao projecto e empenho que Marçal Mendes impôs no projecto que propôs para o OP (circuito de manutenção nos terrenos traseiros da escola de Vermil)? Tenho pena que as pessoas que quiseram estar à frente do destino das três freguesias não tenham tido agora a visão de pensar nas três. Mais grave que a proposta de Vermil é o parque que propuseram para S. João. A obra que foi proposta para Sta. Maria era muito mais ampla e abrangia as três freguesias. Não compreendo a ignorância das pessoas, sobretudo daquelas que estão por dentro destas coisas. O OP previa dois tipos de projectos: os de menos e os de mais de 50 mil euros. Para o de menos, existem três propostas para esta União: uma para cada freguesia. Aí faz todo o sentido que as populações votem na proposta que respeita à sua freguesia. O que não se compreende é que no projecto da requalificação do parque escolar, que diz respeito ao futuro das crianças das três freguesias, que não interferia em nada com os outros projectos, tenha havido pessoas no terreno a fazer campanha para não votar nele. Estou arrependido de ter sido eu a apresentar a proposta, parece que foi esse o problema.


16 SETEMBRO DE 2014 • REPÓRTER LOCAL

ENTREVISTA | António Carvalho

“Sinto uma União de Freguesias a três velocidades”

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Foi difícil adaptar a gestão de uma autarquia à nova realidade? Os inícios foram difíceis porque existiram situações que tinham de ser mudadas e colocadas de acordo com a lei, como a dos funcionários. A promessa de que os cidadãos não sentiriam a diferença, está a ser cumprida? Perfeitamente. Além de garantir o funcionamento das sedes, alargamos os horários de atendimento e aumentamos os serviços. Os problemas que a Junta pode resolver a um cidadão de S. João são exactamente os mesmos que pode resolver a um de Vermil? Completamente. Nota-se que as pessoas já vão procurando a Junta nos seus locais de origem e outros que se deslocam à sede da autarquia (Santa Maria). A esse nível penso que a população está bem servida e não tem queixa. Existem duas realidades paralelas: a das Airões e a de Vermil?

Sinto uma União a três velocidades. A interiorização dos cidadãos e dos membros da oposição é que ainda não está consolidada. Vermil é das três freguesias a que mais necessita e é aí que temos perdido mais do nosso tempo. Porque é que isso acontece? Desde logo na organização, porque as pessoas que temos a trabalhar naquela freguesia não faziam parte da Junta anterior e tiveram que pôr a máquina a trabalhar e isso exigiu uma presença mais constante. Vermil é a freguesia que mais atrasada está e, por isso, é que se fizeram lá investimentos, nomeadamente a pavimentação de uma rua, a requalificação de parte do cemitério, a repavimentação de passeios. Não se pode sentir, portanto, como a “ovelha negra” desta União… Pelo contrário. São 270 mil euros que temos para gerir e quem pegar no orçamento vê que tivemos a preocupação de distribuir o investimento de forma equitativa.

Tem sido um ano de polémicas. Isso acontece dado o “resvés” do resultado das eleições? Esta Junta tem a legitimidade total para governar as três freguesias. O que sinto é que há pessoas que vêm para a Assembleia com questões particulares e políticas. A política numa Junta tem que acabar no dia em que terminam as eleições. A acusação é dirigida a Marçal Mendes? É estendida a mais alguns. Há pessoas conscientes e cumprem o seu papel mas há outras que ainda não perceberam que as eleições acabaram e que temos todos que lutar pelo mesmo. Está a dizer que o candidato da coligação provoca a desunião na “União”? Há situações em que seriam desnecessárias a sua p olitização. Não tenho sentido o espírito de colaboração da parte da oposição. Espero que mude, a bem das freguesias. Ainda sobre o resultado de há um ano, foi Airã o S. João que travou o PS nesta União?

Se analisarmos os resultados, em Santa Maria e Vermil aconteceu o previsível. Obviamente que não contávamos com aquele resultado em Airão S. João (onde o PSD/PP ganhou numa autarquia até então governada pelo PS). Domingos Forte, ex-presidente da Junta de S. João, seu camarada de partido e agora membro do seu executivo, é o responsável por essa derrota? A estratégia que traçamos na campanha eleitoral passava pela vontade das pessoas responsáveis em cada freguesia. Reconheço que não utilizamos a estratégia mais adequada. Por um se ganha, por um se perde mas a diferença de apenas quatro votos coloca o executivo em posição diminuída? A única coisa que dá é mais motivação para trabalhar. Sabendo que a diferença foi tão pequena, temos de mostrar que merecemos mais do que isso, sobretudo em Vermil e S. João.


REPÓRTER LOCAL • SETEMBRO DE 2014 • 17

OPINIÃO

os artigos de opinião são da inteira responsabilidade de quem os assina

Ser de Joane

Emília Monteiro Jornalista Joane

É sempre assim. Perguntam-me se sou de Famalicão e eu, sem pensar, respondo logo que não, que sou de Joane. E depois explico que Joane pertence ao concelho de Famalicão mas está numa espécie de enclave geográfico entre Guimarães, Famalicão e Braga. Digo que Joane também fica a 11 quilómetros de Guimarães (tal como de Famalicão) e tento justificar a insistência em dizer que sou de Joane. Normalmente, não tenho sucesso e respondem-me coisas tipo “as pessoas de Joane têm a mania” ou “vocês querem é ser independentes”. Para mim, nem uma nem outra explicação servem. Na nossa Vila, vamos a Famalicão quase porque somos obrigados a ir às finanças, à segurança

social, ao tribunal. Na verdade, não conheço nenhum joanense que se desloque à cidade para fazer compras ou para dar um passeio ou para cumprir o acto social de ‘tomar café’. Com excepção para o Parque da Devesa que ainda motiva passeios, caminhadas e corridas. Um dia, alguém disse que Famalicão era uma terra “com risco ao meio”, isto é, uma terra atravessada por uma importante estrada nacional. Claro que Famalicão não é só isso assim como Joane não é só a terra onde deitaram abaixo uma igreja repleta de história, única e de um valor patrimonial incalculável. O que de mais valioso há em Joane são os Joanenses. Um povo que resiste a tudo: à crise económica, às falências, aos atentados urbanísti-

cos, à falta de um plano, a longo prazo, para o desenvolvimento, a todos os níveis da Vila, enfim, um povo que, apesar de tudo, faz questão de continuar a viver em Joane. E, curiosamente, não por mérito da autarquia local, nem da câmara, mas por demérito de outros, Joane atrai população de freguesias como Mogege, Pousada de Saramagos, Santa Maria de Airão e Ronfe. Crianças que preferem estudar nas escolas joanenses, consumidores que, religiosamente, vêm à feira semanal, ao ginásio ou passear a Joane. Nós, os joanenses, andamos mundo fora mas regressamos sempre a casa nem que seja de visita. Porque, como diz o ditado, “ o bom filho a casa do pai retorna”.

“Na nossa Vila, vamos a Famalicão quase porque somos obrigados a ir às finanças, à segurança social, ao tribunal”

Democracia em forma de birra…

André Fernandes Eleito PSD/PP na AF de Joane

“As nossas Assembleias locais vão, aos poucos, caminhando lado-a-lado com a linha que separa a democracia e a ditadura democrática”

Estar na oposição é um acto de profunda tolerância e liberdade criativa em que a distância entre a responsabilidade e o populismo quase se confunde. Como que de uma tormenta de águas agitadas se tratasse, lançam-se estreitas bóias em contraponto às titânicas ondas e que em nada servem, salvo perturbar ou isolar ainda mais os problemas. Há quem muito queira fazer da política um centro comercial, onde veste o seu melhor fato e vai desfilando pelas iluminadas galerias do centro comercial. Mas, felizmente, a democracia não é um centro comercial, onde se escolhe à última da hora, o produto que se quer comprar. Porque o cidadão não é cliente e as escolhas políticas não são produtos. A democracia é dos cidadãos e é feita pelos cidadãos. Vivemos assim as últimas semanas com a birra dos Antónios, de costas voltadas, muito seguros na vitória, como se de umas legislativas se tratasse. Mas, afinal a birra dos Antónios alastrou a passo de bala por este imenso país, conseguindo mesmo contagiar outros Antónios mais a norte. Deixando agora os Antónios do Sul

entretidos com as suas amorosas birras, venho agora falar das birras democráticas do norte. Embirrando agora com as nossas assembleias locais, democraticamente eleitas pelo povo, estas mesmas vão, aos poucos, caminhando lado-a-lado com a linha que separa a democracia e a ditadura democrática. Serão estes Antónios, como Rómulo e Remo, descendentes dos deuses fundadores de Roma viram a luz do dia pela primeira vez sob os galhos de uma oliveira? Pois é meus amigos, as birras dos Antónios não ficam só mais a sul. Temos por entre terras de Bernardino Machado e de Afonso Henriques, rosas que nascem por entre carvalhos e oliveiras que nem mesmo entre oliveiras, as feridas da separação quando eram rebentos, curaram com o seu precioso óleo. Será isto Made In Joane? Não meus caros, afinal isto já existia antes de o ser. Fico a pensar se a birra dos Antónios é pessoal e intransmissível ou se é geral e transgredível. Aí está uma das minhas dúvidas relativas à poílitica local. Será que vamos chegar ao ponto de colocar Post Its pela freguesia só por birra de modo a que democracia não passe sem dar conta? Acho

que não, porque existem regras democráticas e regimentos capazes de legislar uma assembleia e, ao mesmo tempo, permite à oposição um trabalho digno, seguindo todos os direitos inscritos na lei da oposição de modo a nunca ter a “cadeia” a morder os calcanhares quer da oposição quer do executivo, que por muita birra que faça, lá terá de ler e praticar a legislação democrática. Para concluir, os Antónios do norte são diferentes entre si. Um aposta mais na imagem perante o povo, colocando muitas vezes uma pá na mão em vez de rosa na lapela e o outro aposta mais em disputas aguerridas com a oposição e colocando-se muita das vezes na sombra do júri da assembleia. Mas, existe algo em comum, a birra. Birra esta que os deixa em estado de sítio quando alguém tenta semear a democracia junto de uma vegetação densa de carvalhos e oliveiras, de modo a que quando o sol nasce, nasça para todos.Termino esta crónica a agradecer ao Repórter Local pelo convite e saudar todos os Joanenses e associações por toda esta dinâmica cultural e social que mais uma vez demonstra a dimensão da nossa terra.


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18 SETEMBRO DE 2014 • REPÓRTER LOCAL

publicidade@reporterlocal.com


REPÓRTER LOCAL • SETEMBRO DE 2014 • 19

Famalicão | O conforto da Cidadania

fAMALICÃO

Desde 12 de Setembro que o Sofá Visão’ 25 tem vindo a percorrer vários espaços da cidade, tendo j á r e c o l h i d o i n ú m e r a s i d e i a s e s u g e s t õ e s p a r a o f u t u r o d e Fa m a l i c ã o . E n t r e j o v e n s e s e n i o r e s , f o r a m já dezenas os que se sentaram no famoso sofá amarelo para responder à pergunta - “Como gostaria d e v e r Fa m a l i c ã o d a q u i a d e z a n o s ? ” . M a i s a c e s s i b i l i d a d e s e m a i s e s p a ç o s v e r d e s f o r a m a l g u m a s d a s ideias até agora partilhadas. O Sofá Visão’ 25 vai continuar a ouvir o que esperam os famalicenses para o futuro do concelho até ao dia 10 de Outubro.

Famalicão • investimento

Cidade de Famalicão com corredores para bicicletas O primeiro de seis eixos já está implementado

E

Paulo Cortinhas

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stá instalada a primeira via destinada exclusivamente a bicicletas, na cidade de Famalicão. O traçado foi marcado a semana passada, no pavimento da Avenida 25 de Abril, entre a faixa de rodagem e o espaço destinado ao estacionamento automóvel, e vai ligar o Parque 1.º de Maio, junto à Escola D. Sancho I, ao Parque da Devesa. É o primeiro de seis eixos cicláveis que compõe a rede, intitulada de Ciclovia Central, e com uma extensão de 20 quilómetros, cuja execução total implica um investimento global de 200 mil euros. O projecto foi apresentado no Dia Europeu Sem Carros, a 22 de Setembro, e começou a ser executado a semana passada. Na Avenida 25 de Abril as bicicletas vão circular em ambos

os sentidos, numa via própria, paralela à via destinada aos automóveis. Já na Avenida do Brasil a circulação será partilhada entre carros e bicicletas em ambos os sentidos, sendo que as bicicletas deverão circular, preferencialmente, na via da direita. A rua Fernando Mesquita, localizada junto ao Citeve e que até agora servia de acesso ao Parque da Devesa, passará a estar interdita ao trânsito automóvel, passando a ser de utilização exclusiva para bicicletas. Na apresentação pública da primeira fase do projecto da Rede Ciclável Urbana, o presidente da Câmara manifestou o desejo de ter uma cidade cada vez menos voltada para os automóveis e mais amiga do meio-ambiente. “Até agora foram criadas a pensar nos automóveis, mas hoje as circunstâncias são di-

ferentes e temos de introduzir medidas de transportes suaves, sem grandes impactos ambientais, como é o caso desta Rede Ciclável”, refere o autarca, consciente de que a mudança de mentalidade por parte da sociedade passa por um “processo longo”, advogando uma maior compatibilidade e convívio entre os diferentes meios de transporte “exige uma mudança comportamental por parte das pessoas e um maior respeito pelos peões e por quem opta por usar, diariamente, a bicicleta como meio de transporte”. Recorde-se que a Rede Ciclável Urbana é composta por 6 linhas cicláveis, num total de 20 quilómetros de ciclovia. Com este projecto, a autarquia famalicense conta servir mais de 20 por cento da população residente no concelho.

Famalicão • cultura

Busto de Camilo regressa a largo renovado O busto de Camilo, executado pelo escultor Henrique Moreira, vai regressar ao Largo Camilo Castelo Branco, em Seide S. Miguel. A obra será colocada num lugar de destaque, depois das obras de renovação do espaço contíguo à Casa de Camilo, cujo projecto teve a assinatura de Siza Vieira. Esse é um dos momentos que marcam os primeiros Encontros Camilianos, nos dias 10 e 11, que pretendem assinalar o 150.º aniversário da publicação do romance “Amor de Salvação” e da fixação da residência de Camilo no concelho. O evento da Câmara de Famalicão reúne especialistas na temática camiliana, ligados a instituições universitárias de Portugal e do Brasil. O programa conta com um “Roteiro Literário Camiliano” com o objectivo de ilustrar o aproveitamento que o romancista fez da paisagem física e humana da região para a sua ficção. Haverá também a exposição “Espaços da Vida e da Ficção Camilianas em Vila Nova”, com fotografias estereoscópicas em anáglifo e projecções e a apresentação da obra Calvário e Glória de Camilo, de Eduardo Sucena, por João Bigotte Chorão. Além de visitas orientadas à Casa-Museu, registo ainda para um almoço com ementa camiliana e recriações teatrais de trechos da bibliografia activa do escritor.


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20 SETEMBRO DE 2014 • REPÓRTER LOCAL


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