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CENTRO ESCOLAR DE RONFE // P.13

“EQUIPAMENTO DE EXCELÊNCIA” A FUNCIONAR ATÉ À PÁSCOA

“TENHO VONTADE DE SER CANDIDATO À CÂMARA, MAS É PRECISO QUE AS COISAS MUDEM” “NÃO TIVE CIÚMES DO RESULTADO DO ANTÓNIO OLIVEIRA” SÁ MACHADO - ENTREVISTA / P. 15 E 16

JOANE Centro Social da Paróquia de Joane: em missão de ajuda desde 1986

dia da freguesia Pousada encontra-se com a História localidades // P. 08

Creche, Jardim-de-Infância, ATL e Apoio Domiciliário servem duas centenas de utentes. especial // P. 09-11

EMÍLIA MONTEIRO “Os nossos amigos e os outros” opinião // P. 17

joane Paulo Cunha de tabuleiro na mão na cantina do Centro Escolar Famalicão // P. 18

atletismo Cláudia Pereira está sem clube Falta de apoio põe em risco carreira de sucesso. Desporto // P. 14

Nº 184 • ANO XVI • OUTUBRO 2014 • DIRECTOR LUÍS PEREIRA

SELEcÇÃO DE TALENTOS Três atletas da região integram a Selecção Nacional em modalidades diferentes. Saiba quem são! EM FOCO / PGS. 03 E 04


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EM FOCO Região // REPORTAGEM

Jovens de eleição no desporto nacional

A voz embargada de André Carvalho, a emoção de Sofia Oliveira e a expressão de felicidade de Miguel Pinto dispensam palavras e revelam o sentimento por terem estado ao serviço de um dos maiores símbolos da nação: a selecção nacional. A emotividade vem ao de cima no momento de descrever o que sentiram quando vestiram, pela primeira vez, a camisola da selecção nacional. Seja no ciclismo, no kickboxing ou no basquetebol, o sentimento atravessa o discurso de todos. Esta realidade foi experimentada pelos três atletas de Pousada, Joane e Mogege que estiveram, no último Verão, em competições internacionais, ao serviço das cores nacionais.

Paulo Cortinhas paulocortinhas@reporterlocal.com

A medalha de prata no campeonato do mundo de Kickboxing, que se realizou em Rimini, Itália, em Setembro, é o orgulho de Sofia Oliveira. É o primeiro e o maior troféu da sua ainda curta carreira. Não é capaz de suster a comoção ao ser interpelada sobre como é representar o país além-fronteiras, manifestando que o peso da responsabilidade é grande, mas quando o êxito se alcança a recompensa é muito maior. “Quando um atleta abraça uma modalidade tem em mente chegar à selecção para valorizar o país”, diz, afirmando que a experiência fica para a posteridade não apenas por ter sido o concretizar de um sonho pessoal, mas também o da irmã, que praticou o mesmo desporto mas nunca teve tal oportunidade, apesar do seu valor. “Foi por mim e também por ela”, relata Sofia Oliveira, adiantando que os atletas ficaram emocionados quando, no regresso a Portugal, foi cantado o Hino nacional na aeronave. “Foi impressionante”, conclui. O talento da região conquista, assim, espaço a nível nacional e um sinal de que o trabalho está

a ser bem feito, pois também no ciclismo e no basquetebol há razões para celebrar. André Carvalho foi um dos ciclistas em pista no mundial de juniores que se disputou em Ponferrada (Espanha). Apesar do azar, que o afastou de lutar pela vitória, o campeão nacional de juniores, atleta da Escola de Ciclismo Carlos Carvalho, de Pousada de Saramagos, sabe que os olhos dos responsáveis federativos estão focados naquilo que está a fazer. “É uma enorme satisfação representar o nosso país. Estamos entre os melhores, por isso a responsabilidade é acrescida”, refere o jovem ciclista, que espera poder voltar à selecção no campeonato europeu e estar na discussão pelas medalhas. “Espero ter nova oportunidade para mostrar o meu real valor”, sublinha, notando que esta presença “contribuiu para o meu saber, enquanto ciclista”. Do alto dos seus 1,95 metros, Miguel Pinto deu um grande salto no basquetebol, passando a pertencer à elite nacional dos sub18. Começou na Academia ATC e despertou o interesse do seleccionador nacional. As suas qualidades levaram-no até ao Centro de Alto Rendimento (CAR) do Jamor, onde trabalha, desde Setembro, com

outros jovens da mesma idade. O convite para integrar o CAR surge na sequência da sua participação nos jogos da CPLP e do Campeonato da Europa, que se disputou em Agosto em Strumica, na Macedónia. “Fazer parte da selecção foi uma experiência engraçada”, refere o jovem joanense. Mesmo que em termos colectivos os resultados ficassem aquém das ambições de Portugal, nomeadamente no campeonato da europa, realizado na Macedónia, a prestação de Miguel Pinto foi assinalável. “Tenho muito orgulho naquilo que fiz e por representar Portugal. A responsabilidade é muito grande e queremos sempre dar o nosso melhor”, confessando que não estava à espera de chegar onde chegou. Mas agora que as portas se abriram, Miguel Pinto quer aproveitar ao máximo e mantê-las franqueadas. É ambicioso, sonha alto, mas não esquece as origens. “Não posso deixar de agradecer à ATC a oportunidade que estou a viver”, frisa. São apenas três exemplos de muitos jovens de valor e não de uma geração que rejeita o rótulo de rasca e agarra com unhas e dentes os seus sonhos. Um sinal também do bom trabalho que está a ser realizado ao nível do movimento associativo local.

SOFIA OLIVEIRA Uma medalha que vale por duas

Nome: Sofia Oliveira | Idade: 16 anos | Freguesia: Mogege Modalidade: Kickboxing Palmarés: Vice-Campeã do Mundo

Sacrifício, dedicação, esforço e compensação são palavras que Sofia Oliveira, jovem de Mogege que se dedica ao kickboxing, mais repete. Não é para menos. Com uma vida curta, de apenas 16 lindas primaveras, Sofia já tem uma longa história para contar. Ainda não dá para um livro, mas já conta com vários capítulos, preenchidos de dor e angústia, mas também de glória e satisfação. Dor e angústia pelas dificuldades que teve para manter-se numa modalidade que ainda é vista com algo menor; glória pelo sucesso alcançado ao longo dos anos e que teve o seu ponto mais alto no final deste Verão, no campeonato do mundo que se realizou em Itália, de onde trouxe a medalha de prata na sua categoria. O troféu tem andado de mão em mão, principalmente dos amigos e da família. São eles também o pilar e a base de todo o sucesso. “Funcionámos como uma equipa, só assim é que a minha participação neste campeonato do mundo foi possível”, refere, lembrando que foram os atletas a suportar as despesas de deslocação e a estadia, sem qualquer apoio da Federação. O movimento de apoio foi-se alargando, envolveu também empresas e instituições oficiais, como as Juntas de Freguesia de Mogege e Pousada de Saramagos e também a Câmara Municipal de Famalicão. A confiança depositada acabou por se traduzir numa medalha que Sofia Oliveira comprometeu-se a trazer de Itália dias antes da partida. Não era falsa modéstia, muito menos falta de humildade, mas a percepção da sua capacidade e talento, ampliada pela enorme falange de apoio. “Tinha essa ambição e acabou por se concretizar. Deu muito trabalho e foi um percurso feito a pulso”, recorda, lembrando que, por causa da competição ficou privada de férias, pois os meses de Verão foram ocupados entre o parque e o ringue do ginásio Vivalight. Dia após dia, treino após treino. “Valeu a pena”, resume, dedicando o troféu à irmã, que também praticou kickboxing mas que não teve a oportunidade que ela teve. Sofia diz que este troféu vale por dois, mas espera em breve voltar aos palcos internacionais para trazer o ouro para o nosso país. Destaca o apoio dos pais e do mestre Araújo do ginásio Vivalight e o incentivo dos três atletas que a acompanharam nesta aventura - o José, o João e o Dani. “Sem eles não tinha chegado onde cheguei”, frisa. O confronto com a vencedora - uma atleta russa - não deixou margem para dúvidas. “Foi considerada uma das melhores atletas do mundial e como tal tinha outro andamento”, diz, lembrando que na Rússia o kickboxing é uma das modalidades do desporto escolar. A competição deu-lhe experiência e alento para voltar ainda mais forte. “Quero regressar e espero já no próximo ano estar no campeonato da europa para tentar chegar a um título”, afirma. No futuro vê-se a exercer uma profissão na área da medicina ou da saúde, embora a prática da modalidade retire algum tempo aos estudos. “Atrapalha um pouco, mas quem anda por gosto não cansa”, resume, adiantando que em casa instalou uma espécie de mini-ginásio para facilitar a preparação. OUTUBRO de 2014 // 3


EM FOCO

ANDRÉ CARVALHO

MIGUEL PINTO

Continuar a saga do “Rei da Montanha”

Lançamento para futuro

Nome: André Carvalho | Idade: 17 anos | Freguesia: Pousada de Saramagos Modalidade: Ciclismo Palmarés: Campeão Nacional de Juniores; Participação no Campeonato do Mundo de Estrada.

O ciclismo corre-lhe nas veias e é a nova esperança da família Carvalho, uma família de Pousada de Saramagos com grande tradição no pelotão nacional. O avô, Carlos Carvalho, ficou conhecido como “Rei da Montanha” e conseguiu um feito do qual poucos ciclistas portugueses se podem orgulhar: vencer uma volta a Portugal em bicicleta. O neto quer seguir-lhe as pisadas e mostra que é feito da mesma fibra. Ambição e capacidade de sofrimento são duas das características do ciclista, que veste a camisola da Escola de Atletismo Carlos Carvalho, colectividade de Pousada de Saramagos que é dirigida e treinada por Filipe Carvalho, pai do jovem ciclista. “Se me derem condições irei dar-lhe continuidade. É um orgulho representar um nome tão grande e uma família de campeões, com tradição nesta modalidade”, refere André Carvalho, focado nos objectivos que traçou desde cedo. Com 17 anos acabadinhos de fazer o atleta, que frequenta o 11.º ano de Línguas e Humanidades na Escola Secundária P. Benjamim Salgado, em Joane - atrasou um ano porque quis mudar de curso, por considerar que o curso de Ciências e Tecnologias não era aquilo que pretendia– afirma com todas as letras que quer ser ciclista profissional. “Tenho a perfeita noção de que preciso de trabalhar muito para lá chegar”, porque talento e maturidade parece não faltar a André Carvalho. “Alertaram-me para muitas coisas que podem acontecer, mas penso que irei ter a cabeça no sítio para chegar à elite”, expressa, afirmando ser um privilégio poder contar com os conselhos do pai e treinador que conhece bem os meandros da modalidade. “Esta é uma idade decisiva”, acrescenta o progenitor, consciente das dificuldades e dos degraus que são precisos trepar até atingir o

profissionalismo. Além do André, Filipe Carvalho lembra que também o ciclista João Pereira, de Vermoim, está nessas condições. Apesar da ambição, André Carvalho vai procurando conciliar o ciclismo com os estudos e admite que quando acabar o secundário pretende prosseguir no ensino superior, frequentando um curso ligado ao desporto, embora incapaz ainda de definir qual o percurso. A prioridade, diz, está no ciclismo, uma ideia que ganhou ainda mais consistência desde a sua última participação no Campeonato do Mundo de Estrada ao serviço da Selecção Nacional, na categoria de juniores, depois de garantir o título de campeão nacional. Não foi uma participação feliz porque foi forçado a desistir depois de se ver envolvido num incidente com outros ciclistas – ficou preso na roda de um adversário e perdeu o contacto com o pelotão -, mas o convívio com os maiores do ciclismo mundial acabou por deixar marcas. “Foi apenas uma semana mas muito intensa e marcante pois pudemos conviver com a elite e os melhores do mundo”, diz. No dia em que fizeram o reconhecimento do traçado da prova, partilhou a estrada com a “tropa de elite”. Vincenzo Nibali, Alejandro Valverde, Joaquim Rodriguez, Peter Sagan, entre outros, pedalaram consigo. “Foi fantástico e sentimos uma emoção enorme por estar em estrada com estes ciclistas de eleição que disputam grandes voltas. Vê-los ao nosso lado é algo indiscritível”, refere André Carvalho, que tem como principal ídolo Alberto Contador, mas o espanhol não esteve neste mundial. “Deu para sonhar e sentirmo-nos um pouco naquela pele. Saber que eles começaram com a mesma idade que a minha é sempre um estímulo e um grande incentivo”. Paulo Cortinhas

Nome: Miguel Pinto | Idade: 16 anos | Freguesia: Joane Modalidade: Basquetebol Palmarés: Representou Portugal no campeonato europeu e no da CPLP.

Aos 16 anos, a vida de Miguel Pinto alterou-se radicalmente. Em Setembro último mudou-se de armas e bagagens para a capital com a finalidade de seguir o sonho de ser jogador de basquetebol profissional. É um dos jovens portugueses que está a evoluir no Centro de Alto Rendimento do Jamor, da Federação Portuguesa de Basquetebol. Encarou com receio o convite mas depois dos devidos esclarecimentos não se fez rogado e abraçou o desafio com corpo e alma, mesmo que isso implique alguns sacrifícios, como seja rever a família e os amigos apenas aos fins-de-semana, altura em que regressa a Joane, onde reside e joga pela Academia de Basquetebol da ATC. Foi aí que despertou para a modalidade e deu a conhecer todo o seu talento. Entrou para a ATC aos 10 anos, pela mão dos amigos da escola, e hoje está a um passo de fazer do basquetebol o seu futuro. Para já é apenas uma jovem promessa, em quem o seleccionador nacional e a Federação depositam grandes esperanças, depois do que o viram fazer nos estágios da selecção de sub 16. Representou Portugal no campeonato da CPLP, que decorreu entre Julho e Agosto, em Angola, e também no europeu da modalidade que se disputou na Macedónia, em Agosto. “Estou em Lisboa para evoluir e para melhorar as minhas capacidades” refere, adiantando que além dos estudos, dedica uma boa parte do tempo a treinar com as melhores referências nacionais da modalidade, como é o caso do treinador Carlos Seixas. Ao fim de algumas semanas, as melhorias são significativas. “É um mundo à parte. Tenho aprendido muito. É uma oportunidade para mostrar o meu valor que não posso desperdiçar” diz, mostrando-se focado neste novo desafio. “Quando me lançaram o convite era para não aceitar”, mas hoje considera que tomou a melhor opção. “Quando disseram que poderia vir todos os fins-de-semana a casa não hesitei”, vinca, salientando que a família incentivou-o a partir. “A minha mãe ficou orgulhosa sem dúvida. O meu pai está em França e também está orgulhoso”, afirma, sustentando que o basquetebol pode proporcionar um bom futuro. “Todos acreditamos nisso, pois é o que mais gosto de fazer”, diz, sublinhando que os amigos também o incentivam a investir nessa carreira. A permanência em Lisboa está assegurada até ao final do presente ano lectivo. “Depois logo se verá, mas espero receber uma proposta de uma equipa sénior para evoluir ainda mais”. Miguel Pinto é o exemplo de como um jovem humilde, distante dos grandes centros, pode vir a singrar no desporto nacional. Despertou o interesse do seleccionador quando representava a equipa do distrito de Braga e agarrou a oportunidade com unhas e dentes. “Estar concentrado ao máximo” e empenhar-se nos treinos diz serem os segredos do sucesso. O talento e a altura - mede quase dois metros - fez o resto. Paulo Cortinhas

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// EDITORIAL

Ser notícia. LUÍS PEREIRA luispereira@reporterlocal.com

A pronúncia variava entre o Joane, o J(ó)ane e o Joane(m). Dependia do pivô e da estação. Dia 28 de Outubro, a RTP tem o furo jornalístico e abre o Telejornal com um directo de imagens de fundo que nos são familiares. A partir de então, o homicídio de Odete Castro, com duas confissões de autoria do crime, colocava Joane nas bocas do país e precipitava a discussão jurídica sobre uma espécie de “caso-CITIUS” que promete fazer jurisprudência. O filme dos acontecimentos, em resumo nesta edição do RL. André, Sofia e Miguel não abrem telejornais. A lógica dos alinhamentos noticiosos, sempre questionável, não coloca os talentos na ordem das prioridades. O Repórter Local tenta inverter a tendência e faz dos jovens atletas de Pousada, Mogege e Joane, respectivamente, o em foco da sua edição. Porque são “dos nossos”, porque os seus feitos são assinaláveis e porque representam as cores da bandeira portuguesa e dão medalhas ao país e títulos de campeões mundiais em modalidades tão diversas como o ciclismo, o kickboxing e o basquetebol. Habituada a conquistas está também a atleta joanen-

se Cláudia Pereira, a melhor europeia na maratona de Amesterdão, ao terminar no sexto lugar, com 2.37,13 horas, a pouco mais de oito minutos da vencedora, a etíope Betelhem Moges. Depois de Nuno Melo, agora Sá Machado. O sempre putativo candidato socialista à Câmara de Famalicão abre portas para que o seja efectivamente. Com muitos “ses”, ou não se tratasse de Ivo. Um ano depois de deixar a presidência da Junta da vila, em entrevista ao RL, o actual vereador dispara em todas as direcções, não poupa o partido, deixa recados ao líder Nuno Sá, acusa a Câmara da coligação de propagandista e diz não ter ciúmes do resultado do seu sucessor, António Oliveira. Sobre outros Oliveiras, o Ivo livre de responsabilidades institucionais na terra que o projectou politicamente, toca em feridas que estão longe de cicatrizar. Tal como foi escrito em Maio, sobre Nuno Melo, impõe-se a pergunta: o que ganha Joane com um presidente da Câmara da terra?! A avaliar pelos joanenses que já foram chefes do executivo municipal de Famalicão, os prejuízos são maiores que os proveitos.

Boas notícias têm os ronfenses. O tão aguardado Centro Escolar vai cumprir os prazos de execução e em Janeiro a Câmara de Guimarães vai transferir os alunos da escola de Gemunde para a nova casa. Quase três centenas de crianças trocam as salas frias e obsoletas por um equipamento que faz jus a um sistema de educação público que se quer de qualidade. Valeu a pena esperar e há que não ter receios quando, no futuro, o debate sobre a transferência de alunos de freguesias mais pequenas, como Vermil, tiver que acontecer. Por essa altura, que o tão proclamado interesse superior da criança esteja acima dos bairrismos e politiquices. Mas isso é só no futuro… que pode estar já aí à porta! NB: Como prometido, esta edição estreamos a nova imagem do Repórter Local. O layout foi construído na base de uma maior sobriedade e capacidade organizacional do jornal. Tal como o grafismo anterior, esperamos que esteja do agrado do leitor e volte a merecer os elogios dos entendidos na arte gráfica.

// PROTAGONISTAS

FRANCISCO COSTA VENCER SÁ MACHADO O POLÍTICO

SOFIA OLIVEIRA TALENTO

Reinou em Joane mais de duas décadas e tem vontade de repetir o feito em Famalicão. Um ano depois de terminar funções como Presidente da Junta, o actual vereador da Câmara famalicense fala abertamente sobre o moribundo PS concelhio e acusa a Câmara de Paulo Cunha de fazer “habilidades” contabilistas. De Joane defende o legado que deixou, ataca os contestatários internos e elogia o “benjamim” que lhe sucedeu no cargo.

De Itália trouxe para Mogege e para o país a medalha de prata na sua categoria conquistada no Campeonato do Mundo de kickboxing. Como ela, outros jovens da região têm alcançado sucesso no desporto nacional em várias modalidades. Caso do joanense Miguel Pinto que veste a camisola nacional em basquetebol e de André Carvalho, campeão nacional de Juniores em ciclismo e que marcou presença no campeonato do mundo de estrada em nome de um país que, no desporto, nem sempre releva o que está para lá do futebol.

CENTRO SOCIAL DA PARÓQUIA DE JOANE MISSÃO Chegam perto das duas centenas as pessoas servidas diariamente por esta instituição. Da creche ao Apoio Domiciliário, o Centro Social da Paróquia de Joane representa uma mão amiga para pais e idosos da vila. Ligado à Igreja, há um lema que é seguido dentro de portas da instituição: nunca recusar o auxílio a quem bate à porta deste Centro. Nesta edição, o RL entrou dentro das instalações do CSJ e dá a conhecer o que está para lá do longo muro na Avenida Cristo Rei em três páginas de “Especial CSJ”.

Uma dúzia de anos depois, Joane e Ronfe defrontaram-se para uma partida de futebol a contar para o mesmo campeonato. Regressado aos distritais, ocupando o último lugar da tabela, o clube de Barreiros atravessa uma página negra da sua história. Ao invés, o Desportivo de Ronfe está sólido na segunda posição da tabela e a aposta na formação de Rui Barros começa a dar frutos. Em comum um treinador: Francisco Costa. Vindo das camadas jovens, o mister subiu o Joane e manteve-o no campeonato nacional. Mesmo assim o clube joanense não renovou e o vizinho Ronfe piscou-lhe o olho. Hoje lidera, pelo Ronfe, o mesmo campeonato onde compete o Joane, que visitou no início de Outubro e saiu vencedor.

ADELAIDE SILVA RESULTADOS Pode dizer-se que pouco fez para que a obra fosse uma realidade. Certo é que é no seu primeiro ano de mandato que o tão desejado Centro Escolar de Ronfe é concluído. O equipamento está pronto em Dezembro, será inaugurado em Janeiro e ainda neste ano lectivo, as crianças serão transferidas para a nova casa. Simultaneamente, a presidente da autarquia ronfense mostra trabalho ao organizar a primeira feira de saberes e sabores, no próximo fim-desemana (15 e 16).

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LOCALIDADES JOANE // Polícia

Afinal, quem matou Odete Castro?

// JOANE

Duas confissões para um mesmo crime e um condenado (foto) que poderá não ter sido o verdadeiro autor do homicídio de Odete Castro, uma idosa de 73 anos, de Joane, que foi assassinada em Março de 2012, no apartamento em que vivia, junto à rotunda da Via Intermunicipal Joane-Vizela.

FESTIVAL DE TEATRO

Depois da “Barraca”, o “Chapitô” LUÍS PEREIRA luispereira@reporterlocal.com

reDAcÇÃO geral@reporterlocal.com

A investigação levou a Polícia Judiciária até ao sobrinho da vítima, Armindo Castro, que inclusive na fase inicial do processo confessou o crime às autoridades e fez a reconstituição do mesmo, facto valorado pelo tribunal para a condenação e aplicação de uma pena de 20 anos de prisão, pena que foi reduzida a 12 anos pelo Tribunal da Relação. Contudo, ao fim de dois anos e meio de prisão, uma outra confissão sobre o mesmo crime deixou a vila em sobressalto. Artur Gomes, de 46 anos de idade, natural de Ronfe, entregou-se às autoridades por não aguentar o peso na consciência e declarou ter sido o autor de duas mortes, a de Odete Castro e de uma outra mulher, em Abril deste ano, em Felgueiras, onde estava a residir actualmente, com a companheira Júlia Paula Lobo, de 40 anos, de Joane. O homem acusou mesmo a companheira de ser a mandante dos dois homicídios e de outros crimes como os assaltos à empresa Sonicarla, em 2012, onde esteve a trabalhar, e a uma gasolineira em Felgueiras. O casal estava desempregado e a mulher insistia para que o homem roubasse. À Polícia Judiciária, Artur Gomes confes-

sou que ele e a mulher assassinaram a vizinha de Felgueiras, Sónia Soares, que foi degolada em Abril deste ano, em casa. Para além do crime de Felgueiras, confessou ainda a autoria da morte de Odete Castro, em 2012, altura em que o casal vivia no mesmo edifício da septuagenária. No Tribunal de Marco de Canavezes, onde foram ouvidos, o casal manteve-se em silêncio e vai aguardar julgamento em prisão preventiva, indiciados apenas pelo crime de Felgueiras. A juíza relevou o facto de haver perigo de fuga e a possibilidade de novos crimes para a aplicação da medida de coacção mais severa. A família de Júlia Paula Lobo está em choque com a sua detenção, apesar de não terem qualquer relacionamento com ela vai para 15 anos, altura em que se terá juntado a Artur Gomes. “Estamos chocados. Ela queria viver sem trabalhar mas nunca esperávamos isto”, referiu a irmã, em declarações à imprensa. O homicídio de Odete Castro já foi julgado pelo Tribunal de Famalicão, que condenou o sobrinho da vítima. O advogado de defesa, Paulo Gomes espera pelos desenvolvimentos deste processo.

“O que importa agora é descobrir a verdade” refere o causídico, lembrando que Armindo Castro sempre negou, perante o tribunal, a autoria do crime, mas este valorou como prova a reconstituição do mesmo, no qual participou o sobrinho da vítima. É um dado adquirido que a confissão de Artur Gomes não chega para a libertar Armindo Castro, até porque será preciso encontrar provas que sustente as afirmações de Gomes. “Se vier a demonstrar que a reconstituição não devia ter sido valorada, até porque na nossa opinião em alguns pontos era evidente que o arguido estava a mentir, podemos falar em erro de avaliação, mas o mais importante é apurar a verdade e verificar de facto se aquilo que é a nossa convicção - que o Armindo não foi o autor do homicídio - a justiça tire daí as consequências o mais rápido possível e faça pela sua libertação o mais urgente possível”, apontou o advogado, adiantando que já falou com o jovem detido. “A primeira coisa que me disse foi: eu bem lhe dizia que não era eu”, revela Paulo Gomes, adiantando que esta nova confissão pode vir a ajudar a corrigir um “erro de avaliação” do Tribunal de Famalicão.

RONFE // INICIATIVA

Junta organiza “Feira dos Saberes e Sabores” No próximo fim-de-semana, de 15 a 16, Ronfe acolhe a primeira “Feira dos Saberes e Sabores”. A iniciativa da Junta de Freguesia local, em colaboração com o Centro Social e agentes locais, pretende dar a conhecer o melhor da gastronomia e artesanato de Ronfe. Entre tasquinhas e stands, a poucos dias do certame estão já confirmados mais de duas dezenas de participantes na iniciativa que decorre na antiga fábrica Gomes e Filhas, junto ao Salão Paroquial. “A ideia surgiu ainda em período de campanha eleitoral em que um grupo de pessoas mostrou

interesse em realizar algo do género. Integramos a iniciativa no nosso programa eleitoral que agora cumprimos. A Junta organiza com a ajuda da comunidade que se tem mobilizado para que a iniciativa tenha sucesso”, explica Adelaide Silva, presidente da Junta de Ronfe. Além das tasquinhas e do artesanato, a “Feira dos Saberes e Sabores” conta com provas, degustações, música e exposições diversas de alfaias agrícolas. Alguns stands marcam presença para dar a conhecer os seus trabalhos, ao passo que outros têm como objectivo a venda dos produtos expostos.

A receita das inscrições dos stands e de uma das tasquinhas presentes reverte na totalidade para o Centro Social da Paróquia local, em mais um esforço para ajudar a pagar o novo equipamento. “Esta será uma primeira experiência que queremos repetir talvez no Verão, num espaço aberto e com maior dimensão”, adianta a autarca. Nos dois dias de certame as portas abrem às 10h30 sendo que no sábado encerra à meia noite e no domingo as portas fecham-se às 19h00. Luís Pereira

A “Barraca” regressou ao festival! Em 29 anos de festival de teatro, o mais antigo do país, a conceituada companhia de Maria do Céu Guerra marcou presença em muitas das edições do certame da ATC. No passado sábado, dia 8, a companhia lisboeta voltou a Joane com o monólogo “Hoje é o dia”. Estranhamente, o espectáculo encenado por Rita Lello e com texto inédito de Pedro Mota, não mereceu a atenção do público, como seria expectável. Meia casa (uma centena de pessoas no auditório do Centro Cultural de Joane) assistiu à história de um advogado que se confunde como um louco e se assume como assassino mas alterna com discurso de vítima. Uma crítica que apela à reflexão sobre o Portugal de hoje. Desde 18 de Outubro que oito espectáculos já subiram ao palco do Centro Cultural mas a afluência do público na edição deste ano tem ficado aquém das expectativas da organização. “O festival tem corrido bem ao nível artístico mas temos a lamentar a falta de público. A casa nunca encheu e o espectáculo da “Barraca”, apesar de tudo, foi a que recebeu o maior número de pessoas. A qualidade do festival não está em causa. Tem a ver com o afastamento das pessoas da dinâmica cultural de Joane e importa reavaliar o interesse do público”, refere Simão Barros. O festival entra agora na recta final e tem um importante trunfo para contrariar a tendência e trazer o público ao certame: “Chapitô”. A mais internacional das companhias de teatro portuguesa sobe sábado, dia 15 (21h30), ao palco joanense com“Dr Jekyl e Mr Hyd”. No fim-de-semana seguinte é a vez do encerramento do festival cuja programação só será divulgada no final desta semana.

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localidades // BREVES UNIÃO // INICIATIVA

Magusto na Praia Fluvial O Rancho Folclórico de Vermil e a Confraria dos Bombos de Airão Santa Maria animam no próximo sábado, dia 15, o magusto da União das Freguesias de Airão Santa Maria, Vermil e Airão S. João. Com a organização da autarquia local, a iniciativa decorre, a partir das 15h30, na Praia Fluvial da freguesia sede de autarquia. Haverá castanhas e vinho para todos os que se associarem ao certame. VERMOIM // HALLOWEEN

Centenas na noite das bruxas No primeiro dia de Novembro, centenas de pessoas encheram as instalações da antiga Fiação de Vermoim para uma noite de Halloween. A iniciativa da Associação Cultural de Vermoim (ACV) contou com música ao vivo, cozinha regional e muita diversão. O certame teve ainda como finalidade a angariação de fundos para a equipa de andebol da instituição que atravessa dificuldades financeiras.

POUSADA // DIA DA FREGUESIA

Encontro com a história Uma placa com os nomes de todos os regedores da freguesia permitiu revisitar a história e recordar algumas peripécias de tempos mais distantes. A homenagem que a Junta de Freguesia de Pousada de Saramagos fez aos antigos regedores, depois de distinguir os ex-presidentes de Junta, marcou a comemoração do Dia da Freguesia, preenchido ainda com actividades lúdicas e recreativas. Paulo Cortinhas paulocortinhas@reporterlocal.com

Para o autarca local, esta foi uma forma de ajustar contas com o passado e dar a conhecer um período da história do poder local não democrático que muitos recusam abordar. “Isto já devia ter sido feito, porque a história das pessoas não pode nem deve ser apagada por uma revolução ou qualquer outra coisa do género”, diz António Sousa, actual presidente da Junta, adiantando que a iniciativa teve o condão de mexer com muitas famílias da terra. A homenagem percorreu todos os cidadãos que representaram a administração central, desde o tempo da monarquia até à 3.ª República, em 1977. De todos

antigos regedores, apenas um ainda é vivo. José Magalhães Azevedo exerceu funções de 1974 a 1976, nomeado pelo presidente da Câmara de então, Pinheiro Braga, de quem era amigo. Presente na cerimónia, que se realizou no salão nobre da Junta de Freguesia, no dia 18, afirmou que foi como que “obrigado” a ser o regedor da freguesia. Foi na sua vigência que assistiu à revolução de Abril e à restituição da liberdade ao povo português, “um dom que nos concederam”, expressou. O momento proporcionou a recordação de algumas histórias de um passado já distante, algumas delas contadas na primeira pessoa pelo actual autarca, uma vez que o seu progeni-

tor - António Machado Sousa - foi o último a exercer o cargo. “É curioso porque a minha família esteve sempre muito ligada à história desta terra”, afirma António Sousa, encarando isso como uma responsabilidade acrescida para o trabalho que está a realizar na freguesia. O autarca considera que estas iniciativas “apelam ao coração” e são importantes para dar a conhecer às gerações mais jovens a história da localidade. “O Dia da Freguesia foi criado com esse propósito, levar as pessoas aos locais mais históricos para que nunca esqueçam as origens”, frisa, apontando que os documentos históricos da freguesia permitem ainda concluir que a razão está do lado Pousada de Saramagos no conflito com

Marta, a “historiadora” O levantamento sobre os antigos regedores foi feito por um elemento da Assembleia de Freguesia, que vasculhou os documentos onde está descrita grande parte da história da freguesia. “Andar a mexer na história da freguesia deu-me um gosto especial. Permite entender o que se passou e esclarecer a questão dos limites geográficos”, refere Marta Azevedo, que agora diz ter mais argumentos para confrontar todos quantos colocam em causa a dimensão ou a importância da freguesia no contexto da região. Na apresentação do trabalho deu ainda a conhecer o papel e as funções dos regedores que foram alterando ao longo da história e associou-os a alguns momentos marcantes. A deputada diz que o aprofundamento da história local permite uma melhor visão do futuro e encontra algumas semelhanças entre as funções do regedor com as de deputados, nomeadamente na perspectiva

GUIMARÃES// ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

Votação repetida após denúncia de irregularidades O processo de votação do Orçamento Participativo da Câmara de Guimarães vai ser repetido. Em comunicado, o Município avança que o inquérito instaurado após denúncias de votos comprados confirmou a “existência de diversas irregularidades”. “Neste contexto, a Câmara deliberou anular todos os registos e votação por considerar que tais irregularidades são susceptíveis de prejudicar o exercício de uma análise das diversas propostas de uma forma consciente e autónoma e, consequentemente, o exercício do voto como forma de manifestação de uma opção individual e livre, subvertendo-se gravemente os princípios que orientam o OP”, lê-se no comunicado da autarquia. Assim, o processo será reiniciado sendo que o registo para votação estará disponível de 3 a 20 de Novembro e a votação ocorrerá de 10 a 27 de Novembro. A autarquia informa ainda que todos os registos efectuados até à data foram anulados.

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Mogege, por causa da delimitação das freguesias. “Este livro é muito valioso. Está gravado que em 1898 a freguesia de Joane cedeu terreno a Pousada para tivéssemos tamanho suficiente para manter um padre e esse terreno diz respeito aquela área do conflito”, atirou o autarca. O presidente da Câmara nada acrescentou sobre o assunto, mas enalteceu a iniciativa da Junta de Freguesia por revisitar a história. “As nossas raízes são um activo fortíssimo. É um acto de elementar justiça trazer estes momentos para o presente. É um processo de aprendizagem interessante para todas as gerações mesmo para as mais jovens que não conviveram de perto com esta realidade”, defendeu Paulo Cunha.

JOANE // POLÍCIA

Grafitis e portão da Secundária danificado na noite das bruxas Um grupo de adolescentes foi identificado pela GNR de Joane por grafitarem muros e paredes na noite de Halloween na Escola Secundária P. Benjamim Salgado. A direcção da escola não apresentou queixa, embora na mesma noite o por-

tão e o ecoponto do exterior do estabelecimento de ensino joanense tivessem sido ainda alvo das “bruxarias” dos jovens. A noite em que começa a ganhar tradição o “porta-a-porta” nocturno para as doçuras ou travessuras houve também

registo para exageros na Avenida Pedro Hispano (avenida de acesso à igreja) onde, além de grafitis, existiram pequenos e diversos vandalismos. Ao que apurou o RL, o grupo identificado pela guarda joanense apenas está associado

aos grafitis na secundária da vila. Contactado pelo RL, Alfredo Mendes, director do Agrupamento de Escolas P. Benjamim Salgado, confirma os estragos que, no caso do portão não terá reparação fácil.


especial cspj especial CSPJ // história

Centro Social da Paróquia de Joane em missão de ajuda desde 1986 Luís Pereira luispereira@reporterlocal.com

Vulgarmente conhecida por “escolinha”, a primeira pré-primária de Joane nasce a meados da década de oitenta pelas mãos da Comissão Fabriqueira numa parceria com a Junta de Freguesia local. Quis a ironia do destino que a primeira casa a acolher, à data, as primeiras 25 crianças fosse as instalações da “Casa de Telhado”, onde hoje se instala a ATC. Em 1989 a transição do projecto de educação pré-escolar ligado à Igreja é transferido para o Salão Paroquial. O rés-do-chão do velhinho edifício serviu de casa de acolhimento do projecto durante uma década e permitiu dobrar para cinquenta o número de crianças a frequentar o “infantário”. CAF, Cooperativa de Ajuda à Família, foi a primeira designação atribuída ao projecto que funcionava como um departamento da Fábrica

da Igreja. “O dinheiro para pagar os primeiros salários das educadores (500 contos na moeda antiga), foi emprestado e o primeiro protocolo com a Segurança Social foi feito no mesmo dia em que fui com o Sr. Abade inteirar-me das condições”, recorda António Cardoso (foto cima), que dirige a instituição desde sempre. O Salão permitiu acrescentar ao, entretanto designado Jardim-de-Infância, a valência de Actividades de Tempos Livres (ATL). A designação de CAF pouco tempo durara. Dois anos bastaram para perceber que o edifício centenário não tinha as condições aceitáveis para o desempenho de tão grandiosa missão de educar. O espaço exíguo e a grande procura por uma vaga na “escolinha” obriga a Igreja a concluir que era no descampado contíguo ao Salão, onde centenas jogaram à bola, que passaria o futuro da instituição. E é desta forma que tem início o processo

da constituição jurídica do Centro Social da Paróquia de Joane (CSPJ) que assume a designação com que é conhecida ainda hoje. “A Fábrica da Igreja estava impedida de fazer, directamente, a candidatura para apoios à construção do edifício e para celebrar acórdãos de comparticipação. Foi então que formalizamos a instituição que, assim, assumiu personalidade jurídica com estatutos aprovados”, conta Cardoso. O presidente do CSPJ faz questão de sublinhar que a instituição sempre foi gerida com os proveitos da sua própria actividade de educar na infância. Foi com esses ganhos alcançados na primeira década da sua existência, conseguidos com a ajuda de uma despesa de manutenção da casa, diminuta, que lançam-se para a construção do primeiro edifício de raiz que ainda hoje é a “casa mãe” da instituição.

DO VELHINHO SALÃO PAROQUIAL PARA DOIS IMPONENTES EDIFÍCIOS DE RAIZ “Construímo-lo sem ter de pedir um cêntimo à comunidade”, realça Cardoso. Oitocentos e sessenta mil contos, foi quanto custou o equipamento que foi apoiado em trezentos mil contos pela Segurança Social. Pouco mais de um ano após o lançamento da primeira pedra, a obra estava pronta e a instituição deixava o velhinho salão, onde a cozinha funcionava por debaixo de umas escadas, mudando-se de malas e bagagens para um “hotel de luxo”, se comparado. Decorria o ano de 1997. A transferência de instalações voltou a aumentar a capacidade de resposta e criou a valência da creche. A partir de então, não era preciso já saber andar e comer para ir para a “escolinha”, os do berço também já podiam ser servidos. Com as doravante designadas “empresas de inserção”, o CSPJ amplia o seu raio de actuação, alargando a oferta dos serviços aos adultos, com especial incidência na população idosa. É daí que, no ano da viragem de milénio, nasce o Serviço de Apoio Domiciliário (SAD). Com uma legislação cada vez mais exigente com as Institui-

ções Particulares de Solidariedade Social (IPSS), a Segurança Social, organismo que apoia financeiramente as instituições desta natureza, através dos protocolos de cooperação que variam consoante o número de utentes e valências, obrigou à existência de uma separação física da valência da creche da do Jardim de Infância. Confrontados com essa imposição, no final da primeira década do novo milénio, o CSPJ lança-se na construção de um novo edifício de raiz, localizado no terreno contíguo ao “edifício-mãe”. “O custo das obras de requalificação para ampliação das instalações não justificava a intervenção no edifício-sede. Avançamos para uma nova construção de raiz. Se fosse hoje, teimava comos responsáveis da Segurança Social e não o construíamos. O custo da manutenção dele é grande porque é uma espécie de duplicação do que já tínhamos. Todos os equipamentos e estruturas como lavandaria, cozinha, etc, estão lá todos também, em duplicado”, afirma o presidente do Centro joanense. O investimento de 800 mil euros foi comparticipado em 65%

pelo programa PARES e o restante suportado pela receita própria da instituição. Tal como em 1986, o Centro Social da Paróquia de Joane mantém-se hoje uma ajuda fundamental a dezenas de famílias de Joane. Com a actuação vocacionada sobretudo para a educação na infância, são mais de 180 as crianças que diariamente são acolhidas, tratadas e educadas para lá daquele extenso muro que salta à vista a quem passa na Avenida Cristo Rei, em Joane. Todos os dias quase meia centena de adultos, sobretudo idosos, recebem a alimentação em casa e serviços de limpeza e higiene pessoal, cuidados prestados pelo Centro Social que, neste caso, não mete folga semanal. António Cardoso assegura não haver ninguém que bata à porta da instituição a pedir ajuda, seja alimentar ou de outra ordem de necessidade básica, e que saia de “mãos a abanar”. Esse é o espírito e a missão de uma IPSS assente em valores religiosos e que todos os dias, das 7h30 às 19h00 trabalha, ajudando e cooperando com dezenas de famílias joanense. Março de 2013 // 9


especial CSPJ ESPECIAL CSPJ // creche

SENTIR O CENTRO SOCIAL DA PARÓQUIA DE JOANE NA PRIMEIRA PESSOA

nATÁLIA rIBEIRO DIRECTORA TÉCNICA DO cspj “Somos uma Instituição Pública de Solidariedade Social com cariz religioso e que assenta em princípios da doutrina cristã. Nalgumas práticas isso é um factor de diferenciação mas não fazemos disso o nosso foco nem há qualquer rigor na admissão no que concerne a esses princípios. Mas, gostamos sempre de salientar que estamos ligados à Igreja. Temos uma missão social e educativa que se preocupa não só com as crianças mas também com o desenvolvimento da comunidade e das famílias. A preocupação vai muito além da componente pedagógica, é também com o apoio à família. Quando somos questionados sobre a diferenciação de mentalidade e acção entre instituições. Nós temos que ter a sensibilidade que a nossa missão é diferente. Quando falamos do cariz religioso não é por causa da doutrina mas da missão”

Instituição educa desde o berço aos primeiros passos da criança No edifício mais recente da instituição está instalada a Creche do Centro Social da Paróquia de Joane. Destinada a acolher e a tratar crianças desde os quatro meses aos três anos de vida, na ausência de pais e familiares, a valência conta com sessenta e seis utentes nesta valência que, tal como o Jardim-de –Infância, funciona das 7h30 às 19h00. São quatro as educadoras a acompanhar os seus primeiros anos de vida. Natália Ribeiro, Directora técnica que faz a articulação

entre a gestão de serviços e pessoas e a parte educacional nota a baixa de natalidade na região ao olhar para a ausência de lista de espera para a admissão. A trabalhar na casa desde os tempos do Salão Paroquial, a antiga educadora aborda o assunto com preocupação. “A natalidade baixou e isso reflecte-se um pouco nas inscrições. Em Joane existem as instituições que já existiam há 26 anos. Não sentimos a baixa de natalidade no número de utentes mas na lista de espera que agora não existe.

É sempre uma moeda de dois lados. Cada caso é um caso mas, no geral, a criança beneficia sempre num contexto de grupo em que interage com crianças e com regras e com uma dinâmica e rotina organizada. O foco das preocupações das famílias nas crianças é bem diferente do de há 25 anos atrás. A preocupação de agora é a de que nada falte e isso, por vezes, compromete porque a falta também faz bem porque ajuda a crescer. Perdemos por aí”, considera Natália Ribeiro.

ESPECIAL CSPJ // SERVIÇO DE APOIO DOMICILIÁRIO

Todos os dias a cuidar dA alimentação e higiene dos que não podem Luís Pereira luispereira@reporterlocal.com A funcionar desde o ano 2000, resultado das antigas “empresas de inserção”, o Serviço de Apoio Domiciliário (SAD) é a valência do Centro Social da Paróquia de Joane direcionada directamente ao apoio da população adulta, sobretudo a idosa. São várias as instituições da região a prestar este auxílio domiciliário. O factor de diferenciação do serviço na instituição joanense é de o prestarem todos os dias, sem excepção. Ao todo são 46 a beneficiar da resposta embora o Centro só tenha comparticipação da Segurança Social para 40 clientes. Concretamente, a valência presta serviços de refeição ao domicílio, trata da higiene pessoal do utente bem como da limpeza da habitação. Os destinatários são pessoas que têm, por diversos motivos, manifesta incapacidade de executar

10 // Março de 2013

Há uma procura e entrada imediata que antigamente não acontecia. Nesse aspecto, as perspectivas de futuro não são risonhas”, comenta a directora.Educar crianças desde os primeiros meses de vida requer uma formação contínua dos educadores que acabam por ser um complemento essencial à família. Houve tempos que essa tarefa cabia aos avós. Os tempos mudaram e as vontades também. “Os avós de hoje já não estão tão disponíveis como antigamente estavam.

estas tarefas. Há utentes servidos com as três respostas e casos em que só necessitam de uma delas. “Os motivos da procura do SAD são diversos. Variam entre a incapacidade física e a mental que os impede de organizarem-se de forma coordenada nas tarefas do quotidiano. Na maior parte dos casos há a incapacidade da retaguarda familiar no auxílio já que a família não consegue dar respostas de apoio, não porque não queira mas pela indisponibilidade de tempo face à ocupação profissional ou situações em que, por exemplo, são precisas duas ou mais pessoas para fazer a higiene pessoal do cliente”, explica Natália Ribeiro, directora técnica do Centro. Em qualquer dos casos a envolvência da família do utente é sempre precisa. “O serviço não substitui a família, ajuda-a na realização das tarefas”. O quotidiano das funcionárias do CSPJ com a tarefa de percorrer as casas começa bem cedo. “As carrinhas

saem às 7h30 e só regressam pelas 17h00. A parte da manhã é dedicada às higienes pessoais, da casa e da roupa. À hora de almoço é distribuída a refeição de acordo com as necessidades especificas de cada cliente. Na nossa instituição o utente só não leva jantar para a noite se não quiser”. Curiosamente, a crise tem levado a uma diminuição na procura do SAD. Com o flagelo do desemprego, as famílias passam a ter tempo disponível para executar essas tarefas. “Todos os candidatos são devidamente avaliados até porque temos de ter a noção se podemos responder às necessidades actuais e às futuras. Não saímos muito da nossa área geográfica porque, havendo necessidade na freguesia não faz sentido acudir primeiro às de fora. Um dos critérios de admissão também é esse: prioridade aos joanenses”, remata Natália Ribeiro.


especial CSPJ ESPECIAL CSPJ // JARDIM-DE-INFÂNCIA

Actividades extra-curriculares para ocupar a criança nas onze horas dentro da instituição Luís Pereira luispereira@reporterlocal.com

Se a infância ocupa a grande percentagem da acção da instituição, o Jardim é quem mais utentes recebe. Dos três aos seis anos de idade, as primeiras aprendizagens de setenta e cinco crianças fazem-se no Centro Social da Paróquia de Joane com três educadoras de “olho” em cada uma delas. Muitas delas permanecem na instituição as onze horas diárias de funcionamento do centro. Os afazeres profis-

sionais dos pais são a principal razão mas a ausência deles em grande parte do dia dos filhos, gera preocupações de que o CSPJ procura colmatar. “Quero acreditar que em 99% dos casos tal acontece única e simplesmente porque os pais estão ocupados com o trabalho. Sabemos, por vezes, que as crianças poderiam estar cá menos tempo mas essa é sempre uma decisão da família. Hoje há mais dificuldades nas crianças devido às dificuldades de articulação com os pais. É cada vez mais difícil trabalhar o envolvimen-

to dos pais na educação das crianças mas é impossível fazer qualquer trabalho educativo com as crianças sem envolvê-los”, considera Natália Ribeiro, directora técnica do CSPJ. Passar quase metade do dia numa instituição requer imaginação constante das educadoras para diversificar as rotinas e manter as crianças ocupadas. Neste sentido, o Centro oferece um conjunto de serviços extracurriculares que estão dependentes da escolha que os pais façam. O CSPJ oferece a todos os utentes aulas de educação

musical e física. As restantes são opcionais e com custos. “Temos a preocupação de criar uma oferta adicional porque as crianças passam muito o tempo na instituição e podem tirar partido de áreas que podem ser cá trabalhadas. Nesse contexto estão disponíveis as aulas de inglês, natação, informática, ballet e dança criativa. Praticamente todos os pais aderem à natação para as crianças. As outras ofertas já requerem o gosto e interesse quer da parte da criança quer dos pais”, explica a directora.

ESPECIAL CSPJ // ATL

Crianças e jovens mantêm vínculo com instituição com respostas para o “depois da escola” As actividades de tempos livres é a resposta mais procurada ao nível da infância. Trata-se de uma oferta educativa do Centro Social joanense que responde aos tempos não lectivos da escola primária e, por solicitação dos pais, contempla serviço de refeitório, para as crianças que não querem usufruir da alimentação escolar. O ATL também é muito procurado sobretudo por quem

passou pela creche e Jardim da instituição e que, por isso, procura manter a ligação e o vínculo à casa. Actualmente a valência serve quarenta utentes com idades dos seis aos catorze anos e que são acompanhados por uma técnica. “No tempo de escola, damos apoio às famílias nas pontas. Ou seja, antes da entrada para as aulas e quando estas terminam. Acolhemos e levamos o utente à

escola. No final do dia, vamos buscar à escola e cá têm o acompanhamento ao estudo e fazem actividades pedagógicas e físicas diversificadas e de tempos livres. À sexta é dia sem estudo, com uma dinâmica diferente, dedicada só á brincadeira. Esta é a rotina diária normal. Fora dos períodos lectivos, temos uma programação especial”, explica Natália Ribeiro.

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12 // OUTUBRO de 2014


localidades // CENTRO ESCOLAR DE RONFE

RONFE // EDUCAÇÃO

Crianças de Gemunde mudam de escola antes de terminar o ano lectivo Numa visita de trabalho ao Centro Escolar de Ronfe, o presidente da Câmara de Guimarães anunciou a conclusão da obra para o próximo mês de Dezembro. O pré-escolar entra em funcionamento em Setembro, mas o primeiro ciclo é transferido para a nova casa ainda este ano lectivo

Luís Pereira luispereira@reporterlocal.com

Os alunos da escola de Gemunde (Ronfe) vão concluir o ano escolar estreando a nova escola. A transferência das crianças para o Centro Escolar da vila vai decorrer até à Páscoa. A novidade foi dada pelo presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança, no decorrer de uma visita de trabalho ao equipamento que fica concluído no próximo mês de Dezembro. O investimento é de mais de dois milhões e meio de euros e está preparado para receber 260 alunos no primeiro ciclo do ensino básico e 25 crianças no pré-escolar. Sendo o ensino pré-escolar público novidade na vila ronfense, este só entrará em funcionamento em Setembro, no arranque do novo ano escolar. “O pré-escolar do Centro será ocupado pelas crianças cujos pais entendam fazer essa opção. Não se trata de tirar crianças das respostas privadas que já existem na freguesia (Centro Social da

Paróquia e Somelos). Haverá de tudo, pais que não têm as crianças em nenhuma instituição, crianças que estão em Brito ou em Vermil e que prefiram transferir-se para o Centro no próximo ano”, explica Adelaide Silva, presidente da Junta que acompanhou o edil vimaranense na visita ao equipamento. A data da transferência dos alunos ainda está por definir. Segundo a autarca, com a obra concluída em Dezembro haverá trabalhos de limpeza e o processo de transferência administrativa. Adelaide Silva acredita que essa fase durará, no máximo, até à Páscoa, sendo previsível que o terceiro e último período lectivo do presente ano escolar decorra já na nova escola. “Há crianças do quarto ano que já manifestaram o desejo de não concluir a escola primária sem que antes tenham experimentado a nova escola nem que seja por pouco tempo. Queremos dar-lhes essa possibilidade”, avança a autarca. O edifício está instalado junto à sede do

Agrupamento de Escolas Abel Salazar, ocupando um terreno com uma área de cerca 9.900 metros quadrados. “Cada vez mais, os Centros Escolares assumem um papel relevante na preparação dos nossos alunos. É uma sensação excelente entrar num espaço com esta qualidade, que as crianças de Ronfe já mereciam”, salienta Adelina Pinto, vereadora da Educação do Município que também integrou a comitiva. Silvério Silva, presidente do Agrupamento de escolas Abel Salazar, considera que o Centro Escolar ronfense é um “equipamento de excelência” e que isso será traduzido no aumento da qualidade de ensino das crianças. “Será um pólo de promoção de aprendizagem e de sucesso educativo, de atractividade de novos públicos e de fidelização de alunos no Agrupamento, adequando-se às actuais exigências do ensino”, sublinhou o presidente do Agrupamento de Escolas Abel Salazar.

Preço: 2.105.207,20€ + IVA Capacidade: 285 alunos (25 do pré-escolar e 260 do 1.º ciclo) Área: 9.900 metros quadrado Planta do edifício: Ala nascente: salas de aula do 1.º ciclo, articuladas com um recreio específico. Ala poente: salas do pré-escolar com recreio próprio com dimensões bastante generosas. Todos os espaços do edifício são estruturados à volta da sala polivalente, que é o espaço central do conjunto. Corpo da infra-estrutura (próximo da rua): sala polivalente, cozinha, zona administrativa e biblioteca. Datas anunciadas: Dezembro: Conclusão da obra; Janeiro-Março: equipamento de mobiliário e limpezas; Abril: transferência dos alunos da escola de Gemunde para concluir o ano lectivo na nova escola; Setembro: funcionamento em pleno do Centro com a abertura do pré-escolar. Infra-estruturas: parque infantil, campo de jogos, zona de lazer ajardinada (que será objecto de plantação de árvores de médio porte). Pormenores do edifício: Serão utilizados equipamentos que garantem uma elevada eficiência energética, entre eles, painéis solares, isolamento térmico de paredes ou palas de ensombramento. Todos os espaços de ensino e sociais dispõem de iluminação e ventilação natural, concorrendo nesse sentido para uma elevada poupança energética. No exterior, pontuada por um relógio, sobressai uma pequena torre, que conduz o universo escolar para um sentimento de segurança e ao mesmo tempo de descoberta, enquanto o relógio está associado ao conceito da pontualidade e do rigor.

// ORA ESCUUIITA... AQUI TÃO PERTO! * Por:por: Henrique Ferreira Cinema e vídeo O realizador Hélder Faria anunciou para breve a estreia do seu novo filme “Ao redor” (foto). Contando com um elenco de luxo, com a presença dos actores Paulo Calatré, Diogo Freitas e Luísa Freitas, esta obra tem a particularidade de ter sido filmada integralmente na vila de Joane. Na categoria de video; antecipando a presença da banda sueca por terras lusas; o seu conterrâneo e colega de ofício, o realizador joanense, Mário Macedo, e a sua produtora de cinema ‘73 collective’, apresentou, no passado dia 25, o mais recente video-clipe produzido para a banda alternativa The Congo Club. *nova rúbrica mensal sobre a agenda cultural da região

Teatro No mês em que a companhia de teatro da Didascálica desceu até à encosta sul do Castelo de S. Jorge para levar à tenda do Chapitô o seu aclamado espectáculo de comédia e teatro físico ‘One Man Alone’; a Associação de Teatro de Construção, naquele que é um dos mais antigos e prestigiados do país, estreou por cá, a 18 de Outubro, o seu XXIX festival de teatro. Em palco até ao próximo dia 21 de Novembro, o festival conta ainda levar à cena os seguintes espectáculos: “Dr Jekyl e Mr Hyd” (dia 15; 21h30, Companhia do Chapitô); “Tio Oskar” (dia 16; 16h00) encerra dia 21 com a companhia da casa. Música Integrado na iniciativa ’30 anos 30 eventos… o epilogo’, que tem em vista continuar a divulgar projectos embrionários e ajudar a lançar

jovens talentos da nossa terra; o grupo das Velhas Glórias do Liceu de Joane, numa parceria conjunta com a Junta de Freguesia de Joane, levou a concerto de estreia, no dia 25, o promissor musico João Paulo Costa.

Dia 29 de Novembro, no mesmo auditório da antiga Junta de Freguesia de Joane, com entrada livre, será a vez de Rita Sousa fazer as honras da casa e apresentar a todos o seu talento e valor. Dia 06 de Dezembro, Charles Band Dickens - projecto da autoria dos músicos Carlos e Débora Lopes- estará presente na sede da Junta de Freguesia de Airão Sta Maria para concerto. Este, será o primeiro dos concertos itinerantes

a realizar-se fora da Vila Joane, pelas freguesias que fazem parte da área geográfica que integram escola secundária Padre Benjamim Salgado. Seguem-se nos próximos meses, concertos pelas terras de Vermil, Airão S. João, Mogege, e [a confirmar ainda] Pousada de Saramagos. E para terminar, quatro anos volvidos após o edição do segundo trabalho Empty Space, e depois de terem efectuado uma aclamada tour europeia que serviu para corroborar o seu sucesso e internacionalização, a banda Utter, do joanense Giliano Boucinha e João Botelho, anunciou para breve o lançamento do seu mais recente álbum intitulado ‘I like Playing for whales’. ‘Animal Love’, o primeiro single a ser apresentado, contou com a presença, no video clipe, de uma jovem e bela sereia, que um dia foi miss alemã! Vale a pena ver! Vale a pena ouvir! OUTUBRO de 2014 // 13


futebol // GDJ E DR

// BREVES

Ronfe e Joane: tão perto e tão distantes

O Obissi

berspit atusda ipis et invenimi, veligniat maxim eaquam evenientibus rerrum ide qui comnis exeratest et lantissus. Qui cum untionsecus aut ulparum quatquamus sim volupta quiandi tatiumquatur autatus quam fuga. Ut et a delitest dolupis core odipsap iciene dolorer itiusam fugita inciet vere nam aut et moditio. Udipsus. Uptat labore occum, auda sequi alitatur, net es sequae reped quosQui re et escipsae corerest hil eium fuga. Nam ex esedia ilicitio. Et ut fugit a quas abor moluptati dis as ende moluptaquae nimus, voluptatur a por magnihil id ut quistio qui rendit quaspit quam im represt volorpo rectatu ribeatquas nonsequo iduntis qui volestiae exerferi officaborume volorum qui ius ut offic temporis aut am recab invellu ptatus dolupta estioss O Obissi

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Treze anos depois, Joane e Ronfe voltaram a encontrar-se numa partida de futebol (foto). O resultado do dérbi da região (2-0, vitória do Ronfe) e a classificação de ambos (a 7 de Novembro o Grupo Desportivo de Joane era último na tabela classificativa ao passo que o clube ronfense ocupava a segunda posição) diz bem do actual momento que os dois clubes vivem. Luís Pereira luispereira@reporterlocal.com

Com um passivo que teima em não deixar a casa dos 60/70 mil euros, o clube de Barreiros está a atravessar um dos momentos mais difíceis da sua história. Com uma pesada dívida, o vazio directivo do clube tardou a ser ultrapassado e obrigou a constituir um plantel “à pressa” e “barato”. Não bastava já o pesadelo de iniciar uma época num campeonato distrital onde não competia há mais de uma década, nove jornadas jogadas é o “lanterna vermelha” da competição com apenas uma vitória e dois empates. “Não há milagres” diz Custódio Batista, o empresário joanense que arriscou “chegar-se à frente” para tentar tirar o clube da situação dramática que vive tanto nas finanças como ao nível desportivo. “Já estava a contar que assim fosse. A situação do clube é muito difícil e há muito a resolver. Além das contas, as condições em que treinam as camadas jovens são uma dor de cabeça. Quanto à equipa sénior, não há milagres”. Mesmo assim, o presidente da comissão administrativa do GDJ diz que os resultados “vão ter de começar a aparecer” e nem lhe passa pela

Com contas em dia e resultados desportivos positivos anda o vizinho Desportivo de Ronfe. Nem tudo são rosas, é claro, e os apoios financeiros estão longe de serem o que eram, obrigando a muita “ginástica” para conseguir os cem mil euros do orçamento anual. Contudo, Rui Barros, presidente do clube, bem pode sorrir porque arriscou, apostando na formação que revelou ser ganhadora. “As dificuldades são grandes para manter toda a estrutura do clube a funcionar e, até nisso, é graças à formação que o clube vai respirando”, adianta o dirigente. Com metade do plantel

de 24 jogadores composto por ex-juniores do clube, numa média de idades a rondar os 21 anos, seria impensável para muitos que ao fim de nove jornadas uma equipa assim poderia ocupar os lugares cimeiros do principal campeonato distrital cujo prémio maior é subir aos nacionais. O Ronfe provou que é possível. Rui Barros chegou ao clube determinado em correr esse risco e preparou toda a estrutura na base da formação. Hoje o clube que dirige tem todas as equipas nos lugares cimeiros dos diferentes campeonatos. Mesmo assim, não entra em loucuras. “É este o caminho que se faz caminhando, batalhando todos os dias. O objectivo não passa por subir de divisão. Não damos passos maiores que a perna mas também não pedimos aos jogadores para perderem ou empatarem. Se subirmos, logo veremos”, diz o dirigente. Sobre a situação do clube joanense, Barros diz olhar “com tristeza” e aponta o caminho da formação como conselho. “Acho que o Joane, no passado, fez opções precipitadas mas agora o que interessa é que consiga trazer as pessoas que sempre ajudaram o clube para que voltem a apoiar”, comenta Rui Barros.

qualidade ela vem ao de cima. Em Ronfe encontrei um presidente e um clube que pensa o que eu há dez anos digo: todas as equipas desta zona para se manterem vão ter que fazer o caminho da formação que o Ronfe fez e que agora está solidificado. As equipas não têm dinheiro e, por isso, não têm alternativa”, frisa Francisco Costa. Sobre a possível subida de divisão, o mister ronfense alinha com a direcção do clube dizendo que mesmo que suba a “coerência e atitude tem de ser a mesma”.

“O mais difícil é convencer os adeptos que têm que mentalizarem-se que apostar nos miúdos é o mais importante e não adianta ter muita formação se depois não são aproveitados para a equipa principal”, vinca. Rejeitando qualquer pressão pelo segundo lugar, Francisco Costa assegura que o Desportivo de Ronfe trilhará a linha de sempre: “pensar jogo a jogo”. “O que nos pedem é para ganhar e é o que estamos a fazer, sem grandes individualidades mas com um colectivo muito coeso e forte”, remata o treinador.

cabeça uma nova despromoção da equipa principal. “Não estou arrependido de assumir o clube mas, se ao fim de um ano não houver ajudas, vou-me embora. Temos batido a todas as portas e as pessoas vão colaborando mas, claro, não estão de “pernas abertas”. Com sacrifício vai conseguir ultrapassar o problema maior que é a divida. Somos poucos mas temos uma equipa unida e isso já não é mau”, comenta o dirigente do clube joanense.

Desportivo de Ronfe: Equipa da formação no topo da tabela

Francisco Costa Entre Joane e Ronfe a somar sucessos Em ambos os clubes conquistou o respeito pelos resultados obtidos. Está há duas épocas à frente da equipa técnica do Desportivo de Ronfe mas onde começou a fazer história foi no Grupo Desportivo de Joane. Francisco Costa fez o clube de Barreiros subir de divisão e foi campeão de série. Na época seguinte, já com as dificuldades à porta, manteve-o nos nacionais. A saída não foi pacífica mas nem por isso guarda remorsos. Defrontar no campeonato distrital o clube que fez subir nos

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nacionais não lhe dá satisfação. Pelo contrário. “Gostava muito que o Joane ganhasse todos os jogos, menos com os do Ronfe. Não foi-me indiferente voltar aquele campo. Foi esquisito estar no outro balneário. É com mágoa que vejo o clube como está. Nunca pensei que dois anos depois estaria como adversário no distrital. O que interessa é a instituição e essa tem de ser defendida e ajudada”, refere o mister do Ronfe que não tem dúvidas quanto aos erros do GDJ. “Tenho pena que o clube tenha deixado de apos-

tar na formação, ao contrário do que em Ronfe se faz cada vez mais. Era essa a política que eu lá estava a praticar e que depois houve uma quebra. A direcção é que assim o decidiu”, conta. Quem ganhou com a saída do mister do clube de Barreiros foi o clube vizinho que logo lhe “piscou o olho”. Há duas épocas no Ronfe, o treinador revê-se na política da direcção de aposta na formação. “É preciso muito trabalho e aplicação de todo o colectivo. Apostar na formação é arriscado mas quando há


ENTREVISTA ENTREVISTA // SÁ MACHADO

“Não fiquei com ciúmes da votação do António Oliveira” Socialista, ex-presidente da Junta de Joane e actual vereador sem pelouro, da Câmara de Famalicão. Um ano depois de ter terminado o seu longo “reinado” na condução da autarquia da vila, fomos “sentir o pulsar” político de Ivo Sá Machado.

Paulo Cortinhas paulocortinhas@reporterlocal.com

Revê-se nas criticas que Mário Martins, destacado militante socialista tem feito ao PS e a quem o dirige? O PS precisa de um líder com maior presença, até para que o partido possa ocupar o seu espaço. Não chega dizer que a imprensa famalicense está voltada para o poder, temos que ter mais acção a denunciar e a propor alternativas para que os cidadãos se revejam nelas. Algumas críticas são justas, nomeadamente no que se refere à vida interna do partido, onde é preciso fazer algo. O PS já resolveu o trauma de 2001? Isso já é desculpa para muita coisa. Em 2001 estive ao lado de Fernando Moniz e tenho hoje relação perfeita com Agostinho Fernandes. O facto de ter Paulo Folhadela de um lado e Nuno Sá do outro pode dar essa sensação mas não é assim, até porque as pessoas que estiveram de um lado em 2001 estão do lado oposto em 2014. É um assunto arrumado e bem arrumado. O que existem são estratégias de poder individuais que prejudicam o colectivo. A afirmação colectiva do partido tem que estar acima delas. É preciso que o partido se renove internamente e que mude as suas práticas. Há trabalho e pessoas bem intencionadas na Comissão Política, agora as lógicas do aparelho estraga toda essa boa vontade. Era positiva a clarificação no seio da concelhia, após vitória de António Costa [Nuno Sá apoiou António José Seguro]? O Nuno Sá foi eleito por 4 anos e tem duas opções: ou torna-se um líder concelhio presente ou terá que tirar as suas ilações. Não pode continuar a prejudicar o colectivo. Não exijo que vá embora, mas tem que assumir em

pleno a sua condição de líder. Preveni-o para isto. Quero vê-lo mais acutilante a fazer o trabalho de oposição. Se ponderou ou não colocar o lugar à disposição, não sei, mas tem que fazer mais do que fez neste primeiro ano.

de reclamar a sua isenção, quando todos sabemos que votou no Xavier para a Junta e no Custódio para a Câmara. Não sei até que ponto esse apoio não levou a que pessoas do PSD tenham votado em sentido contrário.

Não tem tido uma postura ziguezagueante no seio do PS. Ora está contra, ora a favor? Prezo muito a minha liberdade e há coisas que não aceito. Apoiei Joaquim Barreto por convicção, apesar do convite de Maria José Gonçalves. Tem uma capacidade de trabalho que a Maria José não tem e isto é fazer opções. Quando o Nuno me convidou para a comissão política a garantia que lhe dei foi a de que não ia estar contra ele, mas ia apoiar o Paulo Folhadela. Pode dar a sensação que me zanguei, mas não. Inclusive avisei-o de que a situação dele não era fácil por estar em Lisboa

Está a dizer é que não é um problema do partido? O facto deles estarem divididos não é problema nenhum. Há mais exemplos por essas autarquias fora. A política é actividade nobre, alguns políticos é que não são nobres no seu propósito. Se houver nobreza, ainda que sejam irmãos, há espaço para a diversidade ideológica, embora ela esteja cada vez mais esbatida.

“nuno sá Não pode continuar a prejudicar o colectivo” como deputado. E disse-lhe que, ou seria um líder presente ou necessariamente ia pagar isso caro. O tempo está a dar-me razão. Não há nenhuma postura ziguezagueante. O que se passa com PS em Joane que faz com que dois irmãos [Xavier e Orlando Oliveira] estejam de lado diferente da barricada? O comportamento do Orlando era o de um homem claramente dividido. Apoiava o Xavier, ele diz que não, mas sabíamos pelas redes sociais e noutras coisas como era. Percebe-se que assim tenha acontecido e não precisava

Nas autárquicas foi entusiasta de Custódio Oliveira [candidato do PS à Câmara]. As divergências foram sanadas? Uma coisa é não aceitar as críticas que fez à Junta outra é reconhecer os seus méritos. Tinha perfil para presidente da Câmara e para fazer coisas muito interessantes. Famalicão precisa da novidade, de arrojo, de ideias europeias e de vivências europeias e Custódio Oliveira corporizava isso. É esse Custódio que me entusiasmava, pela capacidade de imprimir a acção politica e autárquica. Não o Custódio da ATC que me criticava e provocava. Ainda que passado algum tempo, registei com agrado mas também com desconfiança, que tenha dito, na refrega das autárquicas de 2009, que eu tinha perfil para me candidatar à Câmara. A relação entre nós estava fria, e isto teve o condão de nos aproximar, mas a divergência tinha mais a ver com a ligação Junta-Teatro, até porque ele entendeu esse como um poder legitimidado e estimulado para depois fazer oposição à Junta. Nuno Melo manifestou vontade de exercer o cargo de presidente da Câmara daqui a 3 mandatos. Vamos ter dois joanenses na luta? (continua na próxima página)

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ENTREVISTA Tenho enorme estima pelo Nuno Melo e espero que a sua acção no Parlamento Europeu seja mais social-democrata pois é lá que se joga muito do nosso futuro. Mas não estou a vê-lo candidato à Câmara, porque o PSD nunca permitirá que uma referência do PP o seja. Mesmo numa lógica de coligação, só será numa prespectiva de rotura e numa estratégia de afirmação pessoal, que a tem, vestindo a roupagem de independente. No seu caso, será candidato à Câmara mais cedo? Não necessariamente… Digo-lhe que a vontade existe mas para ela ser materializada é preciso que me convença de que é esse o caminho que quero. Não é que não sinta apelo, mas não tenho necessariamente essa convicção. Agora que me libertei da Junta para que me hei-de meter numa coisa que, com certeza me dará prazer, porque me afirma e proporciona outros sentimentos que dão gozo, mas terei de me sujeitar a outras coisas que não dão gozo nenhum. Se sente o apelo e existe a vontade o que falta? Admito que haja um pouco de comodismo, mas eu tenho que estar convencido de algumas coisas e vendo o meu partido em termos colectivos como está… Que diabo, tenho que acreditar que vou para ganhar para me sentir motivado. É preciso que as coisas mudem, que o colectivo funcione através de uma afirmação cada vez mais presente no contexto concelhio para mobilizar as pessoas. Esta gente da Câmara trabalha muito bem a imagem, tão bem que nós acabamos por não conseguir fazer chegar ao eleitorado um conjunto de realidades que não são bem o que a Câmara de Famalicão diz. Podemos interpretar a resposta como “será candidato se o partido estiver organizado, unido e preparado”? Não quero responder a isso. Primeiro tenho que manifestar que quero ser e nunca o fiz pelo que o partido foi fazendo as suas opções. Eu podia ter dito que queria entrar na corrida nas últimas autárquicas. Não o fiz e disse ao Nuno que estava noutra. Estou a gostar muito do estou a fazer enquanto professor e de ir de quinze em quinze dias dizer algumas coisas ao presidente da Câmara Municipal de Famalicão. P.C.

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ENTREVISTA // SÁ MACHADO

JOANE: duas décadas de poder e o legado Como foi o regresso ao “anonimato” após tanto tempo na autarquia? A saída não foi tão traumática como se poderia pensar porque vinha sendo preparada. Depois o meu ingresso no hospital permitiu que me distanciasse da autarquia e ajudou também na transição, que foi tão bem feita que foi com naturalidade que os jonanenses continuaram a apostar no António Oliveira e no PS. Não sente falta ou saudade desse dia-a-dia? Não sinto. Gosto das pessoas e de “dar duas de treta” com elas, mas saio com satisfação porque sinto que fizemos muito. É certo que houve algumas quezílias, mas nada que fosse extraordinário. Julgo que fui sensato ao longo dos últimos 21 anos. Reconheço que o entusiasmo não era o mesmo dos primórdios, embora o prazer de concretizar e de ver concretizado fosse o mesmo. Qual a obra que lhe deu maior satisfação?

Foram muitas, desde a ligação entre o lugar da Torre e Senra, que estava prevista desde 1979 e que fizemos em 1996. Foi das primeiras coisas que fizemos e que permitiu ligar duas aldeias. Há também a Rua da Ribeira, que exigiu negociações tremendas, cuja abertura significou um ganho extraordinário para a vila. O Parque da Ribeira também nos deu imenso prazer e agora já se pensa em alargá-lo. É inevitável. Espero que Câmara consiga comprar os terrenos da antiga estamparia, um dos objectivos que tínhamos e que a actual Junta mantém. Isso permitirá abrir novas avenidas de acesso ao centro e a construção de novos equipamentos. Joane está habituado a ter uma obra com alguma dimensão a cada 4 anos, espero no final deste mandato seja essa a grande obra. Deixou o executivo sem resolver o imbróglio jurídico dos terrenos do centro… Fizemos o acordo e o senhor Campos quis depois renunciar ao mesmo, mas nunca o per-

mitimos. Recorreu ao tribunal mas perdeu na 1.ª e 2.ª instância. Parece que perceberam que era altura de negociar em vez lutar pela ideia de reverter tudo. Acredito que em breve haverá novidades. Com a nossa acção não hipotecamos pelo menos o futuro, apesar de não termos materializado aquilo que perspectivamos. Estou certo de que o centro de Joane vai ser uma vaidade, com a aquisição dos terrenos. É algo que nos vai orgulhar. Ficou surpreendido com a votação do seu “benjamim”? Não sinto ciúmes por essa expressão eleitoral. É uma satisfação e um alívio extraordinário porque o nosso maior objectivo é manter o PS no poder. O António é uma pessoa afável, mais calmo do que eu e que soube afirmar-se. A forma como lidamos com as pessoas e como ela são recebidas é decisiva e o António fez bem esse trabalho. Depois o adversário ser quem foi – apesar de ser uma boa aposta do PSD – só beneficiou a candidatura do

Câmara de Famalicão: “O ano 2015 vai ser uma nulidade” Qual o balanço que faz do executivo municipal? Ao fim de um ano a sensação que tenho é que esta Câmara engana. E a imagem que tinha do presidente da Câmara é uma imagem que se vai revelando diferente. Julgava que iríamos ter um comportamento diferente na forma como a informação municipal é distribuida e, claramente, manipulada. Aquilo que é vertido para a comunicação social é muito preparado e mitigado ao ponto de sonegarem informação que vemos como demasiado óbvia. É uma Câmara que cuida apenas da imagem? O município vai fazendo algum trabalho positivo. O que dizemos é que a imagem é muito trabalhada e nalguns casos é claramente manipulada. Isto de dizer que se paga em 19 dias é falso, porque recorre-se a alguns expedientes refinados que não são propriamente faceis de desmontar. A obra da VIM está concluida desde Agosto de 2013… Pois ela está a ser paga em autos de medição desde 2014 e pela proposta de orçamento vai continuar a ser paga em 2015. Os estudos da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas (OTOC) avalizam esses prazos... O que a OTOC faz na presença dos dados financeiros é certificar que a Câmara paga em 19 dias, mas não sabe que o município trabalha esses dados para que a informação disponível e contabilizável seja pagável em 19 dias. É uma forma de trabalhar diferente junto de quem lhe presta o serviço, usando este tipo de estratagemas. É mentira ainda que os números sejam verdadeiros. Depois vemos empréstimos para duas pequenas obras em escolas e concluí-se facilmente que algo não está bem. Basta questionar alguns empresários para perceber que tudo isto é concertado. Como vê a proposta de orçamento para 2015? O ano que se avizinha vai ser uma nulidade outra vez, mas continuam a aumentar os impostos directos e são mais dois milhões no próximo ano. Famalicão é de facto dos que mais cobra e os que menos devolvem. Nem mesmo com o aumento previsível de 11% nas receitas de IRS o município devolve algum.

PS, porque o Xavier não foi tão bem recebido como era desejável pelo eleitorado social-democrata, ainda por cima quando o irmão era candidato à Câmara pelo PS. Todas estas particularidades influenciaram. Qual foi o PSD que mais o irritou em Joane? [Breve exercício de memória] Houve um PSD em 2001 que me irritou por força da relação tripartida. O PSD está há muitos anos a olhar e naquela altura acreditou que podia chegar ao poder, até pela divisão do PS. Não esteve longe e com o acordo de governação com o Orlando tentaram manietar a minha acção. Foram momentos terríveis. Quiseram ver documentos, facturas, estive duas tardes a mostrar e a explicar. Foi a fase mais turbulenta que me chateou porque me senti atacado. Depois tive sempre boa relação, apesar de alguns momentos complicados nas Assembleias, mas quando passavam das marcas tinham resposta à altura.


OPINIÃO

Os nossos amigos e os outros

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Emília Monteiro | Jornalista

omo escrever um texto sobre um assunto de que todos ouviram falar, sem citar nomes (embora quase toda a gente conheça as personagens) e sem fazer juízos de valor? Sim, é sobre isso que eu quero escrever, sobre esse caso que pôs Joane e Ronfe nas bocas do mundo, que encheu páginas de jornais e revistas e motivou os mais acesos debates nas televisões. É difícil escrever sobre quem se conhece, amigos ou apenas conhecidos. Pessoas com quem brincamos na infância, a quem confidenciamos

segredos de criança e de quem conhecemos os filhos, os pais e os irmãos. De tudo, o que mais me chateia é não ter percebido quando se deu o ‘clik’, quando aconteceu a tal mudança que fez com gente nossa, da nossa terra, que andou na mesma escola que uma geração inteira de joanenses, passou a margem, mudou de vida, deu o salto e se lançou no abismo. Diz o provérbio que ‘longe da vista, longe do coração’ mas não é assim. Muitas vezes, está perto da vista, mesmo em frente aos nossos olhos, e

nós nada vemos. Será a crise económica? Será a crise social? Será a crise de valores? Será tudo junto? A dúvida permanece. Há, contudo, uma certeza: durante os últimos anos, centenas (milhares?) de famílias estão a ser apoiadas, das mais diversas formas, pelas mais variadas instituições. E eu pergunto, quem passa certidões, quem atesta a pobreza, quem confirma subsídios escolares, quem garante o pagamento do rendimento social de inserção, quem assina os escalões do abono, quem afirma a

isenção nos cuidados de saúde não se questiona? Toda a gente ‘assina de cruz’? E a proteção de menores? E a escola? E você e eu? Perto da vista, longe do coração. Agora, estamos todos mais desconfiados. Trancamos as portas. Será que fulano ou sicrano é mesmo de confiança? Podemos confiar, sem reservas, na família? Nos amigos? Nos outros? Pois, e é por estas e por outras, que somos cada vez mais associais, mais fechados e que, apesar do mundo à volta, vivemos cada vez mais fechados na nossa casa.

freguesia? E será que apresentar uma terceira proposta “Abrigo no parque da praia fluvial” no segmento até 50 mil euros que claramente teve mão do próprio, entrando em concorrência directa com as outras duas faz jus ao apelo à união? Não seria mais correto apelar ao voto da população das três freguesias no projecto acima de 50 mil euros para Airão Sta. Maria e repartir os votos pelas outras duas propostas Airão S. João e Vermil? E ainda ataca o projecto de Airão São João dizendo que o mesmo apenas beneficia uma única freguesia e então volto a questioná-lo: onde podem as crianças, jovens e adolescentes da União de Freguesias brincar e praticar todo o tipo de desporto num único espaço, onde pais e avós dos mesmos podem, simultaneamente, acompanhá-los e vigiá-los e, ao mesmo tempo, poderem praticar algum exercício mantendo a saúde física e mental? Pois claro não tem respostas a isso tudo, porque o projecto é realmente uma mais-valia pois foi pensado, analisado e avaliado como uma

mais-valia não só para Airão S. João como diz, mas também benéfico para a população de Airão Sta. Maria e Vermil, ou não fosse este o projecto mais votado dentro da União de Freguesias e mesmo o único projecto a figurar entre os projectos mais votados do concelho de Guimarães, resultado esse que, em condições normais, fará parte do próximo plano plurianual da Autarquia de Guimarães! Espero que com este artigo possa desmitificar a personalidade do Sr. presidente António Carvalho e colocar a olho nú a toda a população do que ele pretende quando fala de união e faz apelo à união. Pretendemos um presidente que realmente seja idóneo e justo com todas as freguesias da União de Freguesias e que não seja falso quando diz que o projecto de Airão S. João serve apenas a população aí residente e que o projecto de Airão Sta. Maria é mais amplo e abrangente.

Cartas à redacção Isaac Moreira | Airão S. João

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omo cidadão da freguesia de Airão São João e promotor da proposta apresentada para a construção de um Parque Desportivo, no âmbito do Orçamento Participativo de Guimarães 2014, venho mostrar a minha indignação pelas palavras proferidas pelo presidente da Junta de Freguesia da União de Freguesias de Airão Sta. Maria, Airão S. João e Vermil, em entrevista publicada na anterior edição deste jornal. É de lamentar que o presidente de uma instituição pública, eleito por sufrágio universal, venha criticar a liberdade que qualquer cidadão tem em apresentar qualquer projecto que seja, que cumpre todos os princípios que a Câmara Municipal exigiu e que por sinal aprovou. Relembro ao Sr. António Carvalho e transcrevo aqui o art.º 5 do respectivo regulamento do Orçamento Participativo de Guimarães 2014: “Podem participar no Orçamento Participativo de Guimarães os cidadãos com idade igual ou superior a 18 anos naturais, residentes, traba-

lhadores ou estudantes no concelho de Guimarães.” Pelas palavras do Sr. António Carvalho, só ele é que teria direito de apresentar propostas e não menos surpreendente é o facto que as propostas nem sequer concorriam uma com a outra. Na verdade existiam quatro propostas divididas em duas categorias, sendo que na primeira categoria de menos de 50 mil euros recaíam os projectos de Marçal Mendes, a minha (Isaac Moreira) e a de Paula Carvalho, por sinal esposa do Sr. António Carvalho. Numa segunda categoria figurava apenas a proposta acima de 50 mil euros do Sr. António Carvalho e nas palavras ditas por ele é que toda a população da União de Freguesias deveria ter votado na proposta acima de 50 mil euros, mas que no que respeita às restantes propostas cada um se devia desembaraçar. Ora pergunto eu, onde está aqui o presidente de Junta que apela tanto ao espírito da “união” e que depois só defende os interesses da sua própria

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FAMALICÃO FAMALICÃO // EDUCAÇÃO

Paulo Cunha de tabuleiro na mão no Centro Escolar de Joane

FAMALICÃO // CULTURA

José Gil recebe prémio “Eduardo Prado Coelho”

O presidente da Câmara de Famalicão fez uma visita-surpresa e almoçou com os alunos joanenses. O momento inicia o ciclo de novas visitas às freguesias tendo a educação como o centro das preocupações.

O presidente da Câmara de Vila Nova de Famalicão, Paulo Cunha, almoçou esta terça-feira, dia 4,com os alunos do Centro Escolar de Joane. A refeição simbólica no centro joanense inaugurou um novo ciclo de visitas às freguesias do concelho tendo a educação como o centro das preocupações do edil famalicense. Acompanhado por António Oliveira, presidente da Junta de Joane, e por Leonel Rocha, vereador com o pelouro da educação, foi de tabuleiro na mão que Paulo Cunha contactou de perto com a realidade da rotina de 400 alunos que frequentam o ensino pré-escolar e primeiro ciclo da vila. “A ideia passa por absorvermos a realidade do dia-a-dia das nossas escolas, per-

cebermos se as refeições estão a ser servidas às crianças com a qualidade exigida e se estão asseguradas as condições necessárias ao desenvolvimento da actividade lectiva”, refere a propósito o presidente da Câmara Municipal. No encontro estiveram os representantes do Agrupamento de Escolas P. Benjamim Salgado e Associação de Pais daquele estabelecimento que trocaram impressões informais sobre as condições educativas da escola. A imagem vai repetir-se regularmente, sempre à hora do almoço, até que estejam visitadas todas as escolas do 1.º Ciclo do Ensino Básico e pré-escolar do concelho, num total 79 estabelecimentos de ensino. As escolas só são avisadas da visita do presidente da

Câmara na véspera da mesma, de forma a dissuadir qualquer preparação especial para a recepção ao autarca. Pelo mesmo motivo, a empresa que fornece as refeições só no próprio dia é que fica a saber que tem que preparar mais meia-dúzia de refeições. Os alunos têm também uma palavra a dizer neste processo e nas suas visitas, que vão coincidir com o intervalo das aulas, Paulo Cunha fará questão de reservar sempre algum tempo para ouvir os alunos, sempre de uma forma espontânea e totalmente informal. “Sei que a sinceridade e a espontaneidade das crianças é por si só um precioso relatório da forma como a escola funciona”, explica o autarca,

FAMALICÃO // INAUGURAÇÃO

“Made IN” com website e espaço inaugurado por Passos Coelho Depois do primeiro-ministro ter inaugurado o espaço físico, “Famalicão Made In” tem agora um espaço virtual na Internet. O website ww.famalicaomadein.pt é o endereço que se posiciona como o prolongamento do novo gabinete de apoio ao empreendedor, criado pela autarquia famalicense, sendo um importante instrumento de captação de novos investimentos para o concelho e de valorização das marcas famalicenses. Os conteúdos do website, disponíveis em vários idiomas, desenvolvem-se a partir de três eixos de actuação: Famalicão Made INcubar, Famalicão Made INvestir e Famalicão Made INcentivar. Eixos articulados entre si que se desdobram em programas e acções e que corporizam a estratégia da iniciativa Famalicão Made IN para um concelho que, apesar de ser o terceiro município mais exportador do país e a segunda maior economia do

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Minho, quer potenciar a genética empreendedora e a vocação exportadora que o caracterizam. Já antes, no passado dia 20, por altura da passagem de um ano de Paulo Cunha na presidência da Câmara famalicense, Pedro Passos Coelho inaugurou as instalações do espaço do apoio ao investimento (foto). Na ocasião, o primeiro-ministro realçou o facto de Famalicão ser um dos concelhos com “maior dinamismo económico” do país, entendendo que o “Espaço Famalicão Made IN” é uma iniciativa que “ajuda a criar novos empreendedores, a gerar novos negócios, a incubar novas ideias, a facilitar a canalização de maiores competências de gestão para essas empresas, a criar incentivos e, sobretudo, a remover obstáculos para que as empresas possam progredir”, afirmou o primeiro-ministro aquando da sua passagem por terras de Camilo.

O “Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho” deste ano foi atribuído ao escritor e filósofo José Gil. A Câmara de Famalicão e a Associação Portuguesa de Escritores (APE) premiaram a obra do “Cansaço, Tédio, Desassossego” com o prémio monetário de 7.500 euros. José Gil disse sentir-se “reconhecido no seu trabalho”, sublinhando que o prémio o tocou, em primeiro lugar, pelo trabalho que desenvolveu sobre Fernando Pessoa e os seus heterónimos. Para Paulo Cunha, presidente da Câmara de Famalicão, José Gil é “um dos melhores pensadores do nosso tempo”. A Câmara Municipal de Famalicão atribui anualmente dois prémios literários – o de Conto Camilo Castelo Branco e este de Ensaio num “sinal claro” do investimento e da aposta do município na cultura, como refere Paulo Cunha. A sessão de entrega do Grande Prémio ficou marcada pela inauguração da exposição dos livros de José Gil que integram o espólio literário de Prado Coelho. Ao todo, são nove livros que incluem dedicatórias de amizade e admiração. A obra contém ainda anotações de Eduardo Prado Coelho. Os livros ficarão expostos ao público na Biblioteca Municipal até ao final de Novembro. FAMALICÃO // EMPREENDEDORISMO

FINICIA II com 250 mil euros disponíveis para pequenas e micro empresas São 250 mil euros disponíveis no fundo da segunda fase do projecto “FINICIA”, destinado ao apoio às micro e pequenas empresas famalicenses. Desde o dia 27 que os empresários locais podem candidatar-se ao fundo em que a autarquia contribui com 50 mil euros, financiamento sobre o qual não cobra juros, e a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Médio Ave com 200 mil euros, com um spread de 2,5 por cento sem encargos adicionais. O programa tem a duração de um ano e oferece condições de financiamento atractivas sendo que o apoio financeiro a projectos de investimento é limitado a 45 mil euros por projecto e terá um período de reembolso mínimo de três anos e máximo de seis, com o máximo de um ano de carência de capital. O FINICIA II destina-se ao financiamento de pequenos projectos empresariais aos quais seja reconhecido interesse para o município. Podem candidatar-se os projectos empresariais nas áreas da indústria, comércio, turismo, energia, construção e serviços. FAMALICÃO // DISTINÇÃO

Concelho tem a “Autarquia Mais Familiarmente Responsável”

Famalicão volta a receber a distinção de “Autarquia Mais Familiarmente Responsável”. Pelo segundo ano consecutivo, o Observatório das Autarquias Familiarmente Responsáveis atribui o galardão ao Município famalicense como reconhecimento da “excelência das suas políticas sociais e de apoio às famílias”. A ajuda no acolhimento e no prolongamento de horário, as refeições e a fruta escolar e os manuais escolares gratuitos são exemplos na educação concelhia, tidos em conta na atribuição da distinção que se repete pelo terceiro ano. O programa municipal “Casa Feliz” e os descontos e isenções nas tarifas de água e saneamento para as famílias numerosas e para as mais necessitadas foram medidas que pesaram também na decisão. O galardão será entregue no próximo dia 19 no auditório da sede da Associação Nacional de Municípios, em Coimbra.


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