Rl novembro 2014

Page 1

RL MAGAZINE // P.9

VASCO FERREIRA: OS OLHOS DO PILOTO

VIVE HÁ UM MÊS NA GARAGEM DE UM PRÉDIO LOCALIDADES / P. 11

DANIEL RODRIGUES

“A candidatura do PS Ronfe foi arranjada pelo presidente de Brito”

UNIÃO DE FREGUESIAS

RONFE

Bombos e Santa Luzia animam Airão Academia LOCALIDADES // P. 6 Berço do Papel Oposição não apareceu à Assembleia no Desportivo LOCALIDADES // P. 13 DESPORTO // P. 17

ENTREVISTA // P. 14-15

POUSADA DE SARAMAGOS

O “Tuna” ardeu! LOCALIDADES // P. 14

Nº 184 • ANO XVI • NOVEMBRO 2014 • DIRECTOR LUÍS PEREIRA


2 // NOVEMBRO DE 2014


EM FOCO CASTELÕES // INICIATIVA

“Estar perto das pessoas, sentir os seus problemas e tentar resolvê-los”

Junta de Freguesia de Castelões inicia visita às ruas da freguesia. Iniciativa visa promover proximidade entre eleitos e eleitores.

“SE NÃO TEMOS CAPACIDADE PARA GRANDES OBRAS, POR RAZÕES FINANCEIRAS, PORQUE NÃO SERVIR AS PESSOAS O MELHOR QUE CONSEGUIRMOS E PROCURAR RESOLVER TODO O TIPO DE PROBLEMAS?!”

BRUNO CAMPOS Presidente da Junta de Freguesia de Castelões

PAULO CORTINHAS paulocortinhas@reporterlocal.com

É uma espécie de presidência aberta, mas que envolve todo o elenco autárquico. A Junta de Castelões está a percorrer as diversas ruas da freguesia com o propósito de sentir as necessidades da população. A iniciativa pretende ainda acolher os reparos, as críticas e as sugestões dos castolenenses. “Queremos estar a par do sentir as pessoas”, resume o presidente da Junta, Bruno Campos, que pretende fazer deste um “mandato de proximidade”. A medida foi lançada recentemente e está a ter uma boa aceitação por parte dos moradores, na medida em que permite, através de um contacto informal, dar conta dos anseios das populações e das queixas no próprio local. Já foram visitadas três ruas e, até ao final do mandato, o executivo espera ter oportunidade de percorrer todas as artérias da freguesia. “A Junta tem um horário de atendimento e procura estar perto das pessoas, a verdade é que muitas vezes não conseguimos ter a percepção de todos os problemas que se passam na localidade. A ideia de sairmos da sede da Junta para ir às ruas,

avisando as pessoas da nossa visita, visa estabelecer um contacto directo com a população e, ao mesmo tempo, perceber aquilo que as preocupa”, refere o autarca, ao Repórter Local, adiantando que as jornadas têm-se revelado profícuas, não só por ser uma iniciativa informal onde as pessoas se sentem mais à vontade para falar, mas principalmente por permitir a resolução quase imediata dos problemas, sobretudo quando se tratam de intervenções de pequena monta e da competência da autarquia local. “As pessoas não ficam retraídas e não precisam de se deslocarem à Junta de Freguesia. Os horários nem sempre são compatíveis e assim damos mais uma oportunidade para nos falarem”, avança, aludindo que a ida ao terreno proporciona aos eleitos uma ideia do que está “menos bem” na freguesia, até porque, na maioria dos casos, são problemas de resolução fácil. A reacção da população tem sido positiva, mas alguns mostram-se surpreendidos e estranham uma visita que usualmente só acontece em período eleitoral. “Não faz sentido fazer isto apenas de quatro em quatro anos. Se fomos eleitos com o objecti-

vo de servir melhor as pessoas, só as auscultando é que poderemos ter maior eficácia nesse propósito”, refere Bruno Campos. O contacto é o mais informal possível. Na semana que antecede a visita a autarquia faz passar a mensagem de que vai estar em determinada rua. As visitas acontecem aos sábados à tarde e, apesar de ter um período de tempo definido, o que se passa é que o encontro prolonga-se muito para além da hora. As limitações financeiras obrigam as autarquias a serem engenhosas na resolução dos problemas mas Bruno Campos recusa a ideia de que este tipo de acções ajuda a ludibriar as pessoas, dando a ideia de que a autarquia está a trabalhar. “Se não temos capacidade para ter grandes equipamentos e grandes obras, porque estamos muito limitados financeiramente, procuramos servir nas pequenas coisas e assim tentamos resolver todo o tipo de problemas. O que conseguimos resolver resolvemos, o que não conseguimos procuramos encaminhar e indicar a melhor solução. É esse o espírito desta iniciativa, procurando prestar um melhor serviço à população”, argumenta o autarca socialista.

Rede viária entre as reclamações mais usuais Nas três visitas já efectuadas, há um denominador comum nas queixas apresentadas e que dizem respeito à rede viária, nomeadamente com a falta da rede de águas pluviais. Os últimos meses foram marcados por condições climatéricas adversas e as vias sofrem com isso. “Há um problema transversal que é consequência do mau tempo e que se prende com as águas pluviais. Há várias ruas que, por má drenagem ou outras dificuldades, provocam problemas às pessoas que chegam a sofrer algumas inundações. Esse tem sido um dos reparos mais frequentes, que nós procuramos minimizar”, diz o autarca, dando como exemplo a obra que está a ser executada na rua Georgiana Neto, com a instalação da rede de águas pluviais. “Sempre que chovia com alguma intensidade as garagens eram inundadas, fomos ao local, falámos com as pessoas e avançámos com os trabalhos. A obra vai ficar mais cara que o previsto inicialmente, por causa de outras condicionantes, mas esperamos que o problema fique definitivamente resolvido”, acrescenta Bruno Campos, adiantando que as pessoas queixam-se ainda da falta de limpeza de algumas zonas verdes, competência que a Junta diz ser do município.

NOVEMBRO DE 2014 // 3


RESERVE PUBLICIDADE DE NATAL

publicidade@reporterlocal.com 252 099 279

4 // NOVEMBRO DE 2014


// EDITORIAL

Entre o dever e a legitimidade de participação. LUÍS PEREIRA - DIRECTOR luispereira@reporterlocal.com

Há um homem que dorme entre cartões que recolhe no lixo, numa garagem, em Joane. Às escondidas de todos. O RL descobriu-o e retracta a realidade nua e crua da fragilidade humana. Não importa, no imediato, perceber como Filipe Taveira foi parar à garagem. Não importa, para já, saber de que perturbações ele padece ou de que feitio ele é feito. Não importa se a sua condição de vida perturba e afecta as rotinas dos seus “vizinhos”. No imediato, importa agir. Importa tirar o homem da garagem. Restituir-lhe a mínima dignidade de vida. Que a descoberta o RL contribua para um recomeço de vida de Filipe Taveira e que outros, que ainda não tenham sido descobertos, se sintam capazes de pedir ajuda. O chamado “espírito de Natal” costuma puxar pela sensibilidade do mais rancoroso dos homens. Aproveitemo-la. O Natal está aí à porta. Esta ainda não é a edição de Natal do RL (essa irá para as bancas no dia 22). Contudo, são muitas as iniciativas alusivas à época que já fervilham na região. Joane e Ronfe estão mais revestidas do que é normal com as luzes de Natal. Na vila famalicen-

se, o próximo fim-de-semana convida a ir até ao Largo 3 de Julho ao “Mercado de Natal”, numa acção inédita promovida pela autarquia. No mesmo sábado, à noite, o Centro Cultural de Joane acolhe um encontro de cantares natalícios, organizado pela Rusga. O apelo é o da participação da comunidade. As iniciativas quando existem, devem ser participadas, sob pena de, ao invés, elas deixarem de existir.

das a sério pela empresa “Berço do Papel”. Com ligações a Ronfe, a empresa não se limitou a dar o “subsídiozinho” ao clube ronfense. Juntou sinergias, envolvendo a autarquia e o clube, e ergueu a “Academia Berço do Papel”. Um projecto pioneiro que atende às necessidades escolares dos atletas do clube, conciliando-as com a paixão destes pela bola e dando respostas sociais às suas famílias. Um projecto onde todos podem “marcar golo”.

Apelos não faltam à participação cívica dos cidadãos. Sobretudo nas freguesias. Fazer parte da comunidade é ajudar a construir a cidade. Mas, o exemplo tem de vir de cima. Na União de Freguesias das Airões e Vermil o plano e orçamento para 2015 já estão aprovados. O mais importante documento que rege uma autarquia contou com a ausência da oposição do PSD/ PP. Questiona-se sobre a legitimidade dos eleitos em pedir participação aos eleitores quando os próprios se demitem dos mais elementares deveres que lhes foram confiados pela população.

Um golaço terá marcado o executivo castelonense quando, em boa hora, decide ir para o terreno. Ao romper com a velha ideia de que só em ano de eleições, os políticos visitam os lugares da freguesia e contactam com os cidadãos, a equipa de Bruno Campos abre um precedente que deve servir de exemplo aos seus congéneres.

Participação e responsabilidade social terão sido leva-

NB: Como habitual, a edição de Dezembro será antecipada. Assim, em vez de ir para as bancas na primeira semana de Janeiro, dentro de menos de duas semanas, o RL volta ao contacto com os seus leitores no dia 22, com a tradicional edição de Natal. Até já!

// PROTAGONISTAS

FILIPE TAVEIRA DESUMANO

DANIEL RODRIGUES À ESPREITA

BRUNO CAMPOS PROXIMIDADE

VASCO FERREIRA A SOMBRA

O cenário de homens e mulheres a dormirem num passeio ou à porta de um qualquer edifício, parece coisa de cidade, distante do aconchego de quem vive num meio semi-rural. O facto dele não se vislumbrar no nosso olhar quotidiano não significa que, de outro modo, ele não aconteça mesmo ao lado da nossa porta. O caso de Filipe Taveira, que vive na garagem de um prédio em Joane, em condições desumanas, põe a nú o limite a que chegamos com esta crise financeira e de valores.

“Vou andar por aí”. A frase de Santana Lopes depois de perder as eleições para o agora recluso José Sócrates, encaixa na perfeição ao ex-presidente da Junta de Ronfe, Daniel Rodrigues. Depois de dez anos à frente da autarquia, Rodrigues fez uma retirada, cedendo o lugar a António Sousa que acabara por perder para o PS. O actual presidente da Casa do Povo de Ronfe continua a gozar de grande influência na vila entre os seus pares e, no contexto concelhio partidário, “faz peito” a Marçal Mendes, pelo controlo “laranja” desta zona do concelho.

O presidente da Junta de Freguesia de Castelões tem visitado os lugares da terra, contactando com a população. No terreno, o autarca tem a oportunidade de auscultar os seus fregueses, tomar nota das suas necessidades e anseios e, até, resolver, na hora, pequenos problemas que são adiados pela falta de tempo dos habitantes em deslocarem-se à Junta para os comunicar. Contrariando a tendência de que tal acção normalmente acontece apenas em anos eleitorais, a autarquia abre um bom precedente a ser seguido. É desta forma que se faz a proclamada “política de proximidade”.

Os talentos da região são múltiplos e em múltiplas áreas. Vasco Ferreira, navegador joanense com três títulos nacionais, vai regressar ao campeonato nacional de ralis absolutos. Desde 2010, é a “sombra” de Adruzilo Lopes, um dos maiores pilotos da actualidade.

BERÇO DO PAPEL RESPONSABILIDADE SOCIAL Não é comum ver entidades privadas a tomarem a iniciativa de promover projectos de cariz público. Uma empresa do ramo do papel, ligada a Ronfe, apresentou um capaz de fazer conjugar a paixão pelo futebol dos atletas do Ronfe à necessidade imperiosa dos estudos. De um conjunto de sinergias, que envolve também a Junta de Freguesia, nasce em Janeiro, nas instalações do Desportivo de Ronfe, a “Academia Berço do Papel”.

Propriedade e Editor Tamanho das Palavras, Lda Rua das Balias, 65 4805-476 Stª Mª de Airão » Telefone 252 099 279 | E-mail geral@reporterlocal.com Membros detentores de mais de 10 % capital Joaquim Forte, Luís Pereira e Dominique Machado | Director Luís Pereira | Redacção Luís Pereira (luispereira@reporterlocal.com) | Paulo Cortinhas (paulocortinhas@reporetrlocal.com | Paginação Filipa Maia | Colaboradores Emília Monteiro; Luís Santos; Sérgio Cortinhas; João Moura; Quintino Pinto | Impressão Gráfica Diário do Minho | Tiragem 4000 ex. | Jornal de distribuição gratuita | Distribuição: Alberto Fernandes | Registo ICS 122048 | NIPC 508 419 514

NOVEMBRO DE 2014 // 5


LOCALIDADES AIRÃO SANTA MARIA // FESTIVIDADES

Santa Luzia, bombos e palhete animam a freguesia este sábado Este fim-de-semana, de 12 a 14, é de festa em Airão Santa Maria. Ao programa da festa de Santa Luzia junta-se o sétimo encontro de Bombos da “Confraria” e as tradições de encetar o vinho palhete e da chouriça cozida. LUÍS PEREIRA luispereira@reporterlocal.com

Está aí a semana mais aguardada de Airão Santa Maria! A Capela de Santa Luzia é, por estes dias, o epicentro da freguesia sendo o local onde acorrem centenas de pessoas para participarem nas festividades em honra da santa. A também designada “capela-rotunda” é ainda ponto de partida para o já habitual “Encontro de Bombos”, da Confraria da terra. Há vários dias que o pau trazido do monte pelos solteiros de Airão Santa Maria está colocado junto do templo a anunciar a festa. Este ano, o dia treze, dia em que a Igreja festeja a santa dos olhos, calha a um sábado, sendo de prever enchentes para o lado de Airão Santa Maria. As festividades arrancam na sexta-feira, dia doze, com uma vigília pelas 21 horas mas é para sábado que estão concentradas as atracções maiores com o dia a começar com a missa em honra de Santa Luzia marcada para as 10H00. Simultaneamente ao programa oficial da festa, a Confraria dos Bombos realiza, pelo sétimo ano consecutivo, o “Encontro de Bombos”. Para o rufar dos tambores estão já convocados nove grupos organizados, a que se juntam dezenas de amantes da arte de bem tocar. Às 11H30 está marcada a concentração na escola primária da freguesia, saindo em desfile pelas ruas de Airão Santa

Escuteiros recolhem medicamentos usados O Agrupamento de Vermil do Corpo Nacional de Escutas (CNE) está a recolher medicamentos usados, fora de prazo e embalagens. A campanha de recolha faz parte da “Missão Ambiente”, uma acção de sensibilização ambiental da Valormed e à qual se associaram os escutas vermilenses. A campanha decorre até 3 de Abril e tem como objectivo a recolha de materiais que fizeram parte de embalagens de medicamentos fora de uso (com prazo ultrapassado ou já não utilizados) adquiridas na farmácia. Podem ser entregues cartonagens, folhetos, frascos, colheres, copos, seringas de medida e conta-gotas.

TRÊS PROJECTOS VENCEDORES NO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

Maria, a partir das 14H30. O programa do encontro termina com o regresso à Capela, a entrega de lembranças e o sorteio de um bombo. Quando calarem os bombos, a música é outra e está a cargo da Banda “Xystema” que abrilhantará a noitada da festa que encerra com o fogo-de-artifício. Várias tradições se cruzam em Airão Santa Maria pelo dia de Santa Luzia. O encetar do vinho palhete e a chouriça cozida é disso exemplo. A festa termina no domingo, dia 14, preenchido com a missa e procissão pela manhã e por uma tarde musical com concertinas e o grupo “2cute4U”.

ATC vai gerir orçamento de 1,8 milhões de euros em 2015

6 // NOVEMBRO DE 2014

VERMIL //

GUIMARÃES //

JOANE // ASSOCIATIVISMO

A Associação Teatro Construção, de Joane, vai gerir um orçamento de 1,8 milhões de euros em 2015. Os responsáveis falam num orçamento “equilibrado” e atento à sustentabilidade financeira da instituição. “Temos uma dinâmica de “passo a passo” para não colocar em causa a sustentabilidade da instituição. Não crescemos de forma acelerada nem desequilibrada”, diz o director-geral, Francisco Melo. Depois de ter sido aprovado por unanimidade em Assembleia Geral, a 15 de Novembro, os documentos do plano e orçamento foram apresentados à imprensa, no passado dia 1, e reflectem uma “preocupação com as necessidades das pessoas”. “O orçamento foi montado na base da relação e cooperação, quer internamente, com os quase cem colaboradores, quer com outras entidades. A ATC quer envolver as pessoas nos processos de decisão, numa perspectiva de governança em que

// Breves

as pessoas são chamadas a fazer parte”, refere Francisco Melo. Em vez de criar novas iniciativas, a ATC opta por, em 2015, “inovar” as actividades já tradicionais da associação, como o “Famalicão-Joane” e o “Festival de Teatro”. “O “Famalicão-Joane” é exemplo onde percebemos que fizemos um crescimento gradual ao longo do tempo mas depois estagnamos. A expectativa é que, no próximo ano, ele conte com mais participantes”. Se na área social a palavra de ordem é manter os níveis de frequência que a instituição regista em todas as valências, já na cultura, é tempo de repensar. No ano em que o Festival de Teatro faz trinta anos de existência, a ATC quer descobrir o caminho para atrair mais público. “Temos falado muito sobre o funcionamento da cultura e chegamos à conclusão que é uma das áreas onde temos de gastar mais tempo e recursos. Ficamos sem-

“Corredoura, Lazer e Tradição” foi o projecto mais votado na repetição da votação das propostas do Orçamento Participativo de Guimarães para 2015. Com 1.018 votos, o projecto avaliado em 86 mil euros vai ser executado a par de uma segunda proposta vencedora (“Dinamizar o Parque de Selho”) na categoria de projectos até cem mil euros. A “Requalificação do Ringue da Escola EB1 de Motelo”, em Fermentões, foi a única do grupo de propostas até cinquenta mil euros, a ultrapassar os quinhentos votos exigidos pelo Município de Guimarães para declarar uma proposta vencedora. JOANE//

pre sem perceber qual a melhor altura no ano para fazer o Festival de Teatro porque parece não haver público nem para o Verão nem para o Inverno. Ainda não conseguimos perceber onde está o defeito, se na data, se no desinteresse do público ou na divulgação”, explica o director-geral da ATC. Em 2015, a ATC redobrará a aposta na Universidade Sénior D. Dinis. Dos actuais cinquenta alunos, a instituição joanense quer atingir os três dígitos de aderentes. Luís Pereira

EARO EM PROVA DE OBSERVAÇÃO A Escola de atletismo Rosa Oliveira (EARO) participou no 33º Corta-Mato de Matos Velhos, prova de observação para o Campeonato da Europa da modalidade. O iniciado Miguel Torres foi 7.º ao passo que Bruno Sampaio obteve o 14.º lugar em juvenis. Em juvenis femininos, Sara Oliveira conquistou o 8.º lugar.


LOCALIDADES JOANE // ENSINO

Benjamim Salgado: a melhor Secundária pública do concelho Entre as 628 escolas secundárias do país, a P. Benjamim Salgado ocupa o lugar 112 no ranking elaborado com base nos resultados dos últimos exames nacionais.

LUÍS PEREIRA luispereira@reporterlocal.com

A Escola Secundária Padre Benjamim Salgado (ESPBS), de Joane, é a melhor escola pública do concelho de Vila Nova de Famalicão. Todos os rankings elaborados com base nos resultados dos exames nacionais do ensino secundário no ano lectivo passado colocam o estabelecimento de ensino joanense nos melhores lugares tanto ao nível concelhio como distrital. Os 11,08 valores fizeram a melhor média da ESPBS desde que existem tais rankings. “Fica claro o sucesso, apesar de ser uma escola da periferia, estando longe da sede do concelho e, ao mesmo tempo, periférica, por Joane não ter as mesmas condições que tem Famalicão. O serviço educativo que esta escola presta é de qualidade. Conseguimos fazer tão bem como outras escolas e sem onerar o orçamento das famílias. Os joanenses e os habitantes das freguesias limítrofes não têm nada a perder em frequentar a escola em Joane em vez de outras, no centro urbano”, reage Alfredo

Mendes, director do Agrupamento de Escolas P. Benjamim Salgado (AEPBS). Entre as 628 escolas secundárias do país, a ESPBS ocupa o 112.º lugar no ranking elaborado pelo “Jornal de Notícias”, com uma média de 11,08 valores nos 530 exames analisados. A secundária joanense foi, assim, a escola pública do concelho melhor classificada. Só o privado Externato Delfim Ferreira conseguiu melhor resultado (84.º lugar) no contexto concelhio. “Os resultados dos exames são representativos de um desempenho global. A média na maioria das disciplinas encontra-se acima da nacional e todas as disciplinas obtiveram médias positivas”, salienta Alfredo Mendes. Para a direcção da escola, os resultados não são fruto de um acaso mas reflexo de medidas pedagógicas adoptadas pela escola. “O sucesso ou insucesso é determinado pelo empenho dos alunos e suas famílias, dos professores e pelo contributo da escola em termos de organização. Ter professores a trabalhar na escola há vários anos permite um melhor conhecimento dos alunos e

do seu meio. Isso ajuda a consolidar metodologias de trabalho, quer formais, quer informais. A relação de anos do professor com a escola é promotora deste trabalho produtivo e cooperativo”, considera o responsável escolar. A articulação curricular entre os professores das mesmas disciplinas é apontada como outro argumento que justifica o bom desempenho dos alunos da secundária joanense por criar condições favoráveis ao sucesso educativo dos alunos. “Todas as tardes das quartas-feiras, os alunos podem desenvolver actividades com os professores de Matemática. São iniciativas extracurriculares como esta que se revestem de importância para os alunos que chegam a encher seis ou sete salas para receberem este apoio que a escola disponibiliza”, adianta Alfredo Mendes. Esta é também uma vitória do Agrupamento em que está integrada a secundária joanense já que o estatuto de melhor secundária pública do concelho surge no ano em que distinção igual obteve ao nível do primeiro ciclo de ensino.

Chove dentro das salas de aula da ESPBS A melhor escola pública do concelho é, também a que mais necessita de obras nos seus edifícios. Ainda o Inverno não começou e já há sinais de alerta como a chuva que recentemente caiu dentro de algumas salas de aula da ESPBS. “Tivemos salas onde andamos com baldes a apanhar a água. Aguardamos por uma visita do organismo responsável do Ministério para avaliarem e decidirem alguma intervenção”, adianta Alfredo Mendes. A escola está construída há 31 anos e nunca conheceu intervenções de fundo. São pessimistas as expectativas para que, a curto-prazo, tais obras venham a concretizar-se. Fazendo parte da “Parque Escolar”, a ESPBS continua colocada na última fase do programa que prevê a modernização das secundárias do país, fase essa que se encontra suspensa. “Vai demorar algum tempo até haver solução para a necessidade de modernizar este edifício. Até lá, alguém vai ter que resolver as situações que vão acontecendo. A crise tem sido dada como resposta para não intervirem. Além da chuva nas salas de aula, existem problemas como a falta de condições para utilização de equipamento didáctico e informático”, lamenta o director. Alfredo Mendes manifesta descontentamento pela prioridade dada às intervenções de modernização das escolas da sede dos concelhos. “Preocupa-me a visão que concentra os esforços nas sedes dos concelhos. Qualquer dia temos muitas freguesias descaracterizadas e sem serviços. Assim, a periferia torna-se cada vez mais afastada”, refere.

RONFE // EQUIPAMENTOS

António Sousa anuncia fim de impasse do Lar LUÍS PEREIRA luispereira@reporterlocal.com

António Sousa, ex-presidente da Junta de Freguesia de Ronfe, anunciou estar por dias a abertura do Lar de idosos da Paróquia. O pároco João Silva, contudo, não terá sido oficialmente informado da novidade. O candidato derrotado da coligação de direita à Junta ronfense, nas últimas eleições autárquicas, utilizou a página do Facebook para anunciar que estão assegurados 35 protocolos de cooperação com a Segurança Social (SS) para o lar da vila. “Posso anunciar que o nosso Centro acaba de ver viabilizado, pelo governo, através da Segurança Social”, escreveu. Contactada pelo RL, a paróquia diz desconhecer tal certeza. “Até hoje (domingo), não nos foi comunicada oficial-

mente qualquer tipo de informação a esse nível”, disse o sacerdote João Silva ao RL. A falta de protocolos de cooperação que permite a viabilidade financeira do equipamento tem sido apontada como a razão para que o Lar de Ronfe esteja de portas fechadas, apesar das obras concluídas há dois anos. A veracidade da informação foi reafirmada pelo ex-autarca a este jornal. Sousa assegura que foi o próprio Rui Barreira, director da SS de Braga, a transmitir-lhe a novidade. “O PSD tem feito um trabalho discreto junto dos responsáveis, tentando assegurar que os protocolos fossem assinados. É natural que Rui Barreira quisesse dar-nos a notícia já que temos sido nós a usar dessa influência”, justifica António Sousa a quem Barreira não disse datas concretas, mas tudo indica que já en

Janeiro, os protocolos sejam assinados. “Posso dizê-lo com toda a segurança: o Lar vai entrar em funcionamento. Estou autorizado a fazê-lo. Ao abrigo do orçamento de Estado do próximo ano, eles virão”, afirma António Sousa ao RL. Até à hora do fecho da edição não foi possível confirmar tais informações junto do director da Segurança Social de Braga.

NOVEMBRO DE 2014 // 7


LOCALIDADES JOANE // EMPREENDEDORISMO

Cavaleiros do Centro Hípico rendidos à nova linha de vestuário Bellator O Centro Hípico de Joane foi o local escolhido para uma sessão fotográfica do catálogo de Natal da Bellator, uma linha de vestuário de equitação, da autoria de uma jovem famalicense, que tem como particularidade ajudar no desempenho do cavaleiro. Além do design inovador, a Bellator introduziu um novo conceito na modalidade, ao associar a mobilidade e a resistência dos materiais ao conforto, incorporando nos tecidos microcápsulas têxteis que libertam uma fragância que tem um efeito calmante no cavalo. PAULO CORTINHAS paulocortinhas@reporterlocal.com

O conceito foi criado por Liliana Serra, em parceria com o Centro de Alto Rendimento de IDT do Citeve e com o Centro Hípico de Joane, onde a filha, de apenas oito anos, pratica equitação, e foi dado a conhecer no âmbito do programa Famalicão Made IN, da Câmara de Famalicão. Foi, de resto, por não encontrar roupa confortável para a filha que Liliana Serra decidiu avançar com este projecto desenvolvido na Academia da Inovação do Citeve. “Derrubamos algumas barreiras e o conservadorismo que existe no meio equestre, substituindo matérias-primas de menor flexibilidade, como tecido em pele, pela tecnologia Nano Pool”, que assegura maior capacidade de resistência e impermeabilidade às fibras têxteis. Após várias pesquisas e tentativas, o resultado agradou aos agentes do mundo equestre, nomeadamente aos cavaleiros que ficaram rendidos aos modelos versáteis da marca, que concilia o design, a moda e o conforto com a tecnologia. “Num mercado tão exigente e rigoroso,

// BREVES RONFE // ASSOCIATIVISMO

Eleita a primeira miss Ronfe Está eleita a primeira Miss Ronfe. A eleição foi feita no passado dia 22, na Casa do Povo de Ronfe, na primeira iniciativa da “Voar Alto”, a nova associação da vila. Mais de 250 pessoas assistiram à eleição de Sílvia Mendes, estudante de gestão que ganhou o concurso na “Fashion Night” ronfense. Duas dezenas de jovens desfilaram na passerelle improvisada do salão principal da Casa do Povo, numa noite abrilhantada pela música da castole-

8 // NOVEMBRO DE 2014

nense Helena Fernandes. “Foi um sucesso para repetir. O evento quis promover a associação, desafiando mais jovens a aderir ao projecto. O concurso nasce do facto provado que a vila tem mulheres bonitas, algumas das quais a trabalhar no mundo da moda mas que ainda não tinham tido o reconhecimento merecido”, explica Vera Lima, presidente da associação juvenil.

onde existe um dress code para este desporto, é para nós uma vitória ver que há cada vez mais cavaleiros a optarem pela Bellator”, marca que se inspirou no cavalo Lusitano. O cavaleiro olímpico António Vozon e a cavaleira de Dressage Internacional, Leonor Ramalho estão rendidos à marca, sublinhando a qualidade dos modelos desenhados por Liliana Serra. Afirmam tratar-se de um vestuário “muito confortável e cómodo” que pode ser usado dentro e fora do picadeiro. Pedro Mota, do Centro Hípico de Joane, manifestou-se orgulhoso por estar envolvido nesta parceria. “Somos únicos no concelho a este nível, por isso só poderíamos estar ao lado desta iniciativa que junta a equitação ao avanço tecnológico”, declarou o representante do Centro Hípico. Por seu lado, Paulo Cunha, presidente da Câmara de Famalicão, destaca a capacidade de inovação da marca de roupa Bellator que diz ser mais um “exemplo notável”. O autarca salienta o esforço da mentora do projecto e vaticina um grande futuro para a linha de vestuário por aliar a dimensão estética, ao conforto e à interacção com o cavalo.

MOGEGE //

Paróquia canta os parabéns ao pároco O Pároco de Mogege, Domingos Carneiro, recebeu dos paroquianos, os parabéns pelos 75 anos do seu nascimento. No fim da missa do passado domingo, dia 7, o grupo coral de Mogege cantou os respectivos parabéns ao sacerdote. A festa continuou com o bolo de aniversário com 20 quilos, distribuído pelos paroquianos. A surpresa foi preparada pela Fábrica da Igreja e pelos escuteiros locais.


JOANE // TALENTO

Vasco Ferreira: Na sombra do piloto

Navegador joanense vai regressar ao nacional de ralis absolutos e com projecto ambicioso para 2015 PAULO CORTINHAS paulocortinhas@reporterlocal.com

O navegador joanense Vasco Ferreira vai regressar ao Campeonato Nacional de Ralis Absoluto. O projecto para a próxima temporada está bem encaminhado e a vitória no Agrupamento de Produção, na temporada que agora fechou, está a dar um importante alento à equipa liderada pelo experiente piloto Adruzilo Lopes. “Estamos apostados em algo mais ambicioso. Estamos a reunir apoios para entrar com um carro mais competitivo”, refere Vasco Ferreira, adiantando que o título nacional tem atraído alguns parceiros para o projecto. Com um andamento superior à concorrência, a dupla Adruzilo Lopes/Vasco Ferreira, da ARC Sport, tem dado

provas de que é capaz de “fazer um brilharete” na competição principal, diz o navegador, assegurando que o seu parceiro está ainda para as curvas, como prova o título nacional de pilotos do grupo de Produção. Com um Subaru Impreza R4, o piloto de Vizela terminou o campeonato com uma margem folgada, mas Vasco Ferreira não teve a mesma felicidade e alguns erros de cálculo impediram-no de festejar da mesma forma. Falhou o título de navegadores por apenas um ponto e meio. “O ritmo que impusemos foi o necessário para vencer. Só não vencemos no Rali de Portugal. Mesmo assim não chegou”, conta, confessando alguma frustração com o segundo lugar. Na última prova,

em Castelo Branco, já com Adruzilo campeão, a equipa entrou com o espírito de elevar Vasco à mesma condição, mas um problema mecânico, a par de erros de cálculo deitaram tudo a perder. “Decidimos não continuar porque estávamos convencidos que tínhamos os pontos suficientes, mas acabei por perder o título devido a um erro nosso “.“Foi um ano em que tivemos de lutar muito prova a prova para podermos estar presentes, porque a situação económica do país não está fácil e tivemos que encontrar patrocinadores de rali para rali”. Contudo, o navegador rejubila com o sucesso do companheiro e, mesmo não sendo campeão, considera-se como tal pelo importante contributo no êxito de Adruzilo.

O navegador joanense tem já uma carreira recheada de êxito, contando com três títulos nacionais: no troféu Saxo com António Lopes; na categoria 1600, com Carlos Matos; e nas duas rodas motrizes, já com Adruzilo Lopes. Envolvido nestas lides desde 1999, sempre no papel de navegador, Vasco Ferreira navegou diversos pilotos até que em 2010 foi convidado a fazer equipa com Adruzilo Lopes. “É um piloto que nos dá à vontade e, com a sua larga experiência, aprendemos muito. Em 2015, completa 30 anos de carreira”, aponta, adiantando que nunca sentiu o apelo para mudar de posição e assumir a pilotagem. Já o fez em provas do concelho, apenas por “brincadeira”.

O QUE É UM NAVEGADOR?

Estão na sombra do piloto, são quase sempre esquecidos, mas o seu desempenho é decisivo para o sucesso de um piloto. O trabalho de um navegador exige grandes níveis de concentração e não pode haver falhas sob pena de deitar tudo a perder. Mormente naqueles que estão a lutar por objectivos importantes como acontece com Vasco Ferreira. O navegador joanense é metódico e não há nada que lhe escape. Cada prova é trabalhada ao pormenor. A tarefa começa na semana que antecede a prova. “Os treinos são essenciais para retirar as notas do andamento que queremos em prova. Temos que descrever ao pormenor o que os pilotos precisam para cada classificativa”, explica Vasco Ferreira, adiantando que todos os “passos” são anotados, até mesmo as ligações entre os troços. “O planeamento começa no parque de assistência e só termina quando aí regressámos”. A cumplicidade e o entendimento entre a equipa, é imprescindível. “Há um compromisso muito importante com o piloto e a equipa para que tudo resulte. É um trabalho complicado porque muitas vezes interfere com a vida profissional”, mas depois os resultados e, sobretudo, o sucesso, “acaba por compensar tudo”.

NOVEMBRO DE 2014 // 9


edição de natal dia 22 dezembro nas bancas RESERVAS PUBLICIDADE@REPORTERLOCAL.COM EDIÇÃO DE NATAL o

JOANE // NATAL

SOLIDARIEDADE DO PRODUTOR AO CONSUMIDOR

LUÍS PEREIRA luispereira@reporterlocal.com

Vinhos, compotas, queijos, bolachas e doces diversos. Directamente do produtor para o consumidor, todos estes produtos estão à venda a “preço justo e equilibrado”, na “Feira Solidária de Natal”. A iniciativa da Associação Teatro Construção procura angariar receitas que serão canalizadas para reforçar a ajuda aos mais carenciados da região nesta época natalícia. A Junta empresta a casa, uma loja no Largo 3 de Julho, onde, durante

todo o mês de Dezembro, serão comercializados os produtos vindos, em grande parte, de três IPSS de Paços de Ferreira, uma forma da ATC contribuir para com instituições com causas idênticas à da associação joanense. “A ideia é vender produtos de grande qualidade, conseguindo fundos que respondam às solicitações que temos recebido das famílias em Joane”, explica Francisco Melo, director-geral da ATC. A “Feira Solidária” pretende também despertar o interesse das empresas da

região, levando-as a comprar na “Loja Solidária”, os tradicionais cabazes natalícios para oferecer a clientes e colaboradores. “Em vez de os comprarem no supermercado, compram na loja, apoiando a associação e contribuindo para o seu trabalho solidário”, explica o dirigente. A ATC quer descentralizar a “Feira Solidária de Natal” de forma a chegar ao maior número de possíveis interessados. Dessa forma, os produtos também podem ser adquiridos nos vários espaços físicos da instituição joanense. A “Feira Solidária” é mais uma inovação da ATC de forma a responder aos pedidos de ajuda que chegam à instituição e que têm aumentado. “Estamos envolvidos noutros projectos de solidariedade como o “Programa de Ajuda Alimentar a Carenciados” que nos permitiu perceber que, nos últimos tempos, tem-se registado um aumento de casos provocado por várias situações de desemprego e exclusão social”, adianta Francisco Melo.

JOANE // NATAL

PAI NATAL CHEGA À VILA ESTE FIM-DE-SEMANA NO “MERCADO DE NATAL” O Natal chega a Joane no próximo fim-de-semana. A Junta de Freguesia organiza, nos dias 13 e 14, o “Mercado de Natal”. A iniciativa decorre no Largo 3 de Julho e visa promover a quadra natalícia tendo múltiplos eventos associados ao certame. O Pai Natal vai chegar à vila no decorrer do “Mercado de Natal” que conta com a exposição de produtos natalícios para venda de catorze artesãos e algumas associações joanenses. Paralelamente, pelo Largo 3 de Julho vão passar alguns grupos musicais da região e haverá mú sica de Natal ao vivo. Contos alusivos à quadra, actividades lúdicas e dança também fazem parte deste “Mercado de Natal”. “Queremos trazer as pessoas ao centro da vila. É a primeira vez que algo do género é feito nesta quadra natalícia em Joane. No próximo fim-de-semana desafiamos os joanenses a virem ao Largo 3 de Julho e a envolverem-se num verdadeiro espírito natalício que estamos a preparar”, desafia António Oliveira, presidente da autarquia. O “Mercado de Natal” tem início pelas 18h00 deste sábado, dia 13, e termina no dia seguinte no mesmo horário.

10 // NOVEMBRO DE 2014

Iniciativa: Mercado de Natal Local: Largo 3 de Julho Data: 13 e 14 de Dezembro Organização: Junta de Freguesia de Joane

Iniciativa: Feira Solidária de Natal Local: Largo 3 de Julho Data: Mês de Dezembro Organização: Associação Teatro Construção

JOANE // NATAL

RUSGA ORGANIZA ENCONTRO DE CANTARES TRADICIONAIS NATALÍCIOS O Centro Cultural de Joane será palco, no próximo sábado, dia 13, do primeiro encontro de Iniciativa: “Cantares Tradicionais NatalíMercado de Natal cios”. A iniciativa do Grupo EtnoLocal: gráfico Rusga de Joane visa “reLargo 3 de Julho vitalizar na memória colectiva a Data: identidade popular local” deste 13 e 14 de Dezembro património imaterial. Organização: Além do grupo anfitrião, participam na iniciativa o Grupo Et- Junta de Freguesia de Joane nográfico Região de Coimbra e o Rancho Folclórico de Paranhos (Porto). “Este evento é inteiramente dedicado aos cantares tradicionais da época natalícia, pretendendo preservar as cantigas do cancioneiro popular entoadas ao Menino Jesus, a Maria, às Janeiras e Reis em finais de séc. XIX inícios de séc. XX”, refere a organização, em nota enviada à imprensa. O encontro tem início agendado para as 21h30.


JOANE // SOCIEDADE

FILIPE TAVEIRA DORME HÁ UM MÊS NA GARAGEM DE UM PRÉDIO O número 54 bem que podia ser o número da porta de uma qualquer casa. Ele indicaria que viveriam pessoas lá dentro. Nesta história, o número é o da garagem do Edifício Rodiefe, em Laborins, Joane e lá dentro (sobre)vive, há um mês, Filipe Taveira.

LUÍS PEREIRA luispereira@reporterlocal.com

Grande parte dos 47 anos de vida deste joanense foi passada em França, onde esteve emigrado. Chegou em Agosto à terra Natal. Para trás ficou uma vida na “cidade luz”, onde trabalhou em diversas artes e teve duas filhas de uma primeira relação amorosa. Em Joane, Filipe Taveira procurou a mãe que o acolheu, a ele e a uma segunda companheira que, entretanto conheceu e depressa também se separou “Não se deu com ela e por isso saí lá de casa”, começa por contar ao RL. Sem companheira nem soluções, o único sítio que o homem encontrou para dormir foi a garagem 54 do prédio onde a irmã, emigrada em França, tem apartamento. “A minha irmã não sabe que estou cá. Não quero nada da família. É só chatices e coisas de herança”, resume Filipe, com ar de que o assunto é incomodativo.

Sem autorização, Taveira tinha de encontrar solução para a falta de chaves que o impede de entrar e sair do prédio. A reportagem do RL encontrou-o no exterior do prédio. Foi Filipe a convidar para conhecer o leito onde há um mês se deita todas as noites. Foi só esperar que um residente saísse de dentro da garagem para perceber a técnica que utiliza para entrar. Quando o portão começa a fechar, Filipe corre em sua direcção. “Vês?! É só meter o pé que isto tem umas células que detecta e faz abri-lo outra vez”. E assim entramos. No interior, novo obstáculo. “Também não tenho a chave da garagem, por isso tive de fazer uma abertura na chapa. Agora é meter a mão por este buraco e puxar o gatilho”, descreve. Aberto o segundo portão, a miséria como cenário. A imagem que ilustra a reportagem fala por si. Foi este o “quarto” que encontramos. Poucos metros quadrados

cheios de cartões. Ao canto, um pequeno colchão onde dorme e ao pé da cama improvisada, uma máquina de café antiga com um garrafão de água. O pequeno-almoço diário. “Isto foi tudo desgostos de amor. Eu quero sair daqui para fora, só preciso de um quarto ou de um T0”, resume Filipe Taveira com semblante carregado de um misto de vontade sem esperança. Taveira não recusa trabalhar. Pediu na Junta de Freguesia o Rendimento Mínimo. Faltam uns códigos que têm de ser pedidos em Famalicão. O bastante para ter desistido. “Também já fui a uma dessas casas que dão ajudam. Ficaram de vir cá mas nunca apareceram”, acusa. Sorriu apenas quando questionado sobre as filhas, uma a viver em Bordéus e outra no Mónaco. “Estive com elas no Verão. A mais velha liga de vez em quando. Nem queiras saber no que penso quando estou

naquele buraco”, desabafa Filipe Taveira. A presença de Filipe na garagem do prédio é cada vez mais indisfarçável entre moradores. Já foi abordado pela GNR local. “Entraram e disseram que não podia estar aqui. Expliquei-lhes a situação e deixaram-me estar”, conta, garantindo que “não chateia ninguém”. “As pessoas falam comigo, dizem-me bom dia e boa tarde”. Ao que parece, chateado está Filipe consigo mesmo. Com a madrasta da vida, com os que lhe viram as costas e com os que lhe rodeiam, sem repararem, com olhos de reparar, que este homem dorme numa garagem com a roupa com que anda durante o dia. Não reparam que por detrás da porta da garagem 54, estão cartões que cobrem enganando o frio das noites gélidas de um Inverno que está aí, para todos. Abrimos a porta da garagem 54, mostramo-la para que ela possa fechar-se definitivamente.

CASO NÃO É CONHECIDO POR TODOS OS MORADORES DO PRÉDIO A estadia de Filipe Taveira ainda não é conhecida por todos os moradores do prédio. O RL abordou cinco desses moradores e todos reagiram de forma diferente. Indisponíveis para serem identificados, comentaram o que sabiam. Uma primeira moradora mostrou-se completamente desprevenida. “Estou sem saber o que dizer. Não conhecia o caso e até fico preocupada porque chego sempre de noite e nestas situações tememos sempre pela nossa segurança”, disse ao RL. Duas outras “vizinhas” de Filipe não se mostraram alheias ao caso mas pouca informação tinham. “A semana passada, de facto, estranhei e comentei com o meu marido. Ao sair de casa, vi-o atrás da casa do lixo. Deveria estar à espera que alguém entrasse com o carro para poder entrar na garagem”. A segunda fala de um “cheiro nauseabundo” vindo da garagem 54. “Já me tinham falado que alguém dormia cá. Estes dias era um cheiro que não se podia”, adianta. Existe, contudo, dois residentes que mais interagem com Filipe Taveira. O primeiro cruza-se regularmente com ele dentro das garagens, mas não tem longas conversas. “Ele não faz mal a ninguém. Precisa é de ajuda e tratamento. Eu conheço bem a família e era um homem com vida normal”, conta uma dessas fontes. A moradora que há mais tempo contacta com Filipe, tem-no orientado no que deve fazer e a quem recorrer para sair da situação em que se encontra. É a única em quem Filipe confia e fala mais abertamente. “Esta situação não é boa para ninguém, sobretudo para ele. Tenho-lhe dito para ir aqui e acolá para pedir apoios. Ele até vai mas facilmente esquece-se do que lhe dizem ou então desiste facilmente”, conta a moradora ao RL.

NOVEMBRO DE 2014 // 11


12 // NOVEMBRO DE 2014


LOCALIDADES UNIÃO // ASSEMBLEIA DE FREGUESIA

Oposição PSD/PP não compareceu à votação do Plano e Orçamento para 2015 A ausência dos eleitos da coligação PSD/PP, liderada por Marçal Mendes, marcou o encontro da Assembleia de Freguesia da União. O reinício das obras na Casa Mortuária de Vermil e a entrega do bar das Piscinas de Airão S. João ao Fórum fazem parte das opções da Junta para 2015, que viu aprovado o orçamento de 277 mil euros.

CASA MORTUÁRIA DE VERMIL E ENTREGA DE BAR DAS PISCINAS DE AIRÃO EM 2015

LUÍS PEREIRA luispereira@reporterlocal.com

A oposição PSD/PP não compareceu à Assembleia da União de Freguesias de Airão Santa Maria, Vermil e Airão S. João. O encontro do passado domingo, dia 7, serviu para aprovar o plano e orçamento para 2015. Na abertura dos trabalhos, Joaquim Cunha, presidente da Assembleia, colocou a votação o pedido de impugnação daquele encontro, feito pelo eleito Manuel Novais (PSD/PP). Depois de chumbado por unanimidade, em virtude da ausência de todos os eleitos da coligação, o presidente do órgão informou que a entrega da documentação para aquela Assembleia terá sido feita dentro dos prazos legais. Segundo o presidente do órgão deliberativo, Marçal Mendes terá informado que se encontraria ausente do país e tentado adiar o encontro. Joaquim Cunha, por outro lado, assegura que a documentação terá sido colocada na caixa de correio de Manuel Novais dentro dos prazos. “Fomos surpreendidos pela carta

de Manuel Novais. No início do mandato só Marçal Mendes exigiu que a documentação fosse entregue por carta registada. Os demais elementos concordaram em recebê-la em mão ou, caso não estejam em casa, colocando-a na caixa de correio. O deputado não estava em casa e, por isso, a documentação foi colocada na caixa de correio. Aliás, já depois disso, em conversa com o deputado Domingos Barros, o deputado terá mostrado conhecimento do dia da Assembleia. A certeza que tenho é a de que a documentação foi entregue dentro do prazo legal. Aos restantes elementos foi entregue em mãos e também não compareceram”, diz Joaquim Cunha. A ausência da oposição e a presença da imprensa, espicaçou o apetite do poder para comentar o assunto. Desta feita por Domingos Forte, do executivo socialista. “Não me espanta a ausência do PSD. Em Airão S. João ela era uma prática sistemática. É um partido que se preocupa muito na campanha, mas depois não se preocupa com a população que os elege”, atirou o ex-presidente de Airão S. João.

CASTELÕES //

DOIS IRMÃOS ATROPELADOS POR AUTOMÓVEL

Dois irmãos foram colhidos por um veículo automóvel em Castelões. O acidente, do passado dia 21, deu-se quando as crianças de 10 e 13 anos regressavam do Corta-Mato Escolar e depois de saírem do autocarro de transporte escolar, perto da residência dos meninos, na Rua do Carvalhal. Foi no momento em que as crianças estariam a atravessar a estrada depois do autocarro ter suspendido a marcha para elas saírem, que os irmãos foram colhidos por um veículo que circulava no sentido oposto. O irmão mais velho foi o que sofreu ferimentos de maior gravidade. Fracturando um membro inferior e outro superior, ao passo que o mais novo teve pequenas escoriações. No local esteve a GNR de Joane e os Bombeiros Voluntários de Famalicão, com seis elementos e três viaturas. No socorro às vítimas esteve ainda a VMER do Hospital de Famalicão.

Em 2015 as obras da “moribunda” Casa Mortuária de Vermil serão retomadas. No orçamento e plano aprovado no passado domingo estão reservados vinte mil euros para a obra. António Carvalho, presidente da Junta da União, afiançou que a verba será assegurada por protocolo com a Câmara de Guimarães. No encontro foi revelada a intenção da autarquia em entregar a gestão do bar das Piscinas de Airão S. João ao clube local. “Ainda não está nada decidido quanto à renda a pagar, mas deverá ser entre os 400 e os 500 euros mensais. O convite foi endereçado àquela associação em específico, dado o facto de lá terem as suas instalações”, justificou Carvalho. No orçamento, de 277 mil euros, mais seis mil euros que o de 2014, está ainda prevista a repavimentação da Rua do Menaco em Santa Maria, já iniciada. Em 2015, a Rua do Roupeiro, em Airão S. João, e António Barbosa, de Vermil, serão intervencionadas. Cada uma tem dez mil euros previstos em orçamento. No próximo ano, a Junta da União vai ainda requalificar três fontanários nas freguesias. Contemplados está o da Ponte, em Airão Sta. Maria (dois mil euros); o de Sandião, em Airão S. João (1.500 euros) e os Tanquinhos da Covilhã, em Vermil (1.500 euros). O executivo informou ainda que a autarquia tem, até ao momento, uma execução orçamental na ordem dos 86%. Dos 232 mil euros executados este ano, 36% foram investidos na freguesia-sede da União, 33% em Airão S. João e os restantes 31% em Vermil.

// ORA ESCUUIITA... AQUI TÃO PERTO! CINEMA & PINTURA De passagem por Portugal até ao início de Janeiro, o realizador dinamarquês Kamil Franko, juntamente com a restante equipa que integra a produtora de cinema 73collective, chega a Joane, no dia 22 de Dezembro, para filmar o seu mais recente projecto cinematográfico. Aproveitando a sua estadia na Vila, o artista plástico, que actualmente reside e trabalha em Nova Iorque, após outras experiências de solidariedade idênticas, nomeadamente no Quénia e na África do Sul, em parceria com a Associação Teatro de Construção, vai elaborar um conjunto de obras de arte, juntamente com as crianças e jovens residentes na instituição. De salientar ainda que Kamil Franko é um dos artistas do mundo que está associado ao “ No Man’s Art Gallery”, de Nova Iorque!

por: Henrique Ferreira

dos aqui na edição anterior do RL, no que diz respeito aos novos valores da música local (e depois das ovacionadas actuações dos jovens músicos João Paulo Costa e Rita Sousa), as “Velhas Glórias do Liceu de Joane” e a Junta da União das Freguesias de Airão Sta. Maria, Vermil e Airão S. João, perante mais uma casa cheia, levaram ao palco da sede da Junta de Airão Stª Maria, no passado dia 6, o promissor projecto “Charles Band Dickens” (foto). Segue-se ainda, no último sábado deste mês, as performances do colectivo de dança Artistic Flame, no Joannem Auditorium. Em Janeiro, no dia 3, Vermil recebe aquele que será o primeiro concerto itinerante de bandas, os ‘Piguim Dragão’; e a Vila de Joane acolhe, no dia 31, o espectáculo do colectivo ‘Coromole’. Vale a pena ver! Vale a pena ouvir!

MÚSICA Após o sucesso dos primeiros concertos, anunciaNOVEMBRO DE 2014 // 13


LOCALIDADES POUSADA // INCÊNDIO

// BREVES

O “Tuna” ardeu!

RONFE // INICIATIVA

Sucesso da “Feira de saberes e Sabores” apela à repetição de certame As instalações da antiga Fábrica “Gomes e Filhas” revelaram-se pequenas para acolher a primeira edição da “Feira de Saberes e Sabores”, em Ronfe. A iniciativa da Junta de Freguesia, do passado dia 15 e 16, revelou-se um sucesso, face à adesão popular e o número de stands participantes. “É um evento que pretendemos continuar a realizar nos próximos anos perspectivando sempre a melhoria das condições, assim como a mudança de data, aproveitando a época de mais calor. Teremos de alterar também o local do evento para que este possa crescer em número de stands”, diz ao RL, Adelaide Silva, presidente da Junta ronfense. A iniciativa envolveu a colaboração de muitos ronfenses, desde a preparação à realização do certame. O objectivo passou pela promoção e divulgação do que “melhor se faz” na vila e arredores. Entre o artesanato e a gastronomia, duas dezenas de stands marcaram presença no evento que tinha também o objectivo de contribuir para as obras do novo Centro Social da Paróquia local. A música de Francisca Seixas, Leandro Dias e do grupo da terra “Flor de Liz” abrilhantaram o certame cujo crescimento na próxima edição está já a ser pensado, segundo revela a autarca. “Da próxima vez, o objectivo passará por envolver ainda mais o comércio local e trazer mais animação”, diz Adelaide Silva. VERMIL // SAÚDE

Despertar Vermil promoveu rastreio e ginástica Cerca de setenta pessoas participaram no rastreio cardiovascular e na sessão de ginástica

14 // NOVEMBRO DE 2014

promovida pela associação “Despertar Vermil”. A iniciativa decorreu ao longo do dia 29 e tinha como objectivo a promoção de hábitos de vida saudável da população. “Os rastreios têm um importante papel, não apenas para fazer as medições dos parâmetros bioquímicos como também

LUÍS PEREIRA luispereira@reporterlocal.com

Ardeu uma das mais antigas mercearias da região. “O Tuna”, assim era conhecida, foi consumida pelas chamas na madrugada do passado dia 30. Cerca das 23 horas do dia 29, as duas corporações de Bombeiros da cidade de Famalicão começaram a combater o fogo que se propagou por todo o edifício, que inclui uma moradia. No prédio antigo, o mobiliário velho e as garrafas de gás no interior, ajudaram à propagação das chamas.

O aparato do incêndio na Rua 25 de Abril, em Pousada de Saramagos, tirou os vizinhos e curiosos de suas casas para assistirem ao desenrolar do trabalho dos “soldados da paz”. O fogo foi dado por extinto cerca das quatro da manhã do dia 30 mas, à tarde, foi precisa nova intervenção dos Bombeiros face a um reacendimento. A centenária mercearia “Tuna” é sobejamente conhecida além-fronteiras de Pousada de Saramagos. Durante décadas, era dos poucos locais de comércio da região e ponto de encontro de homens que na tasca petiscavam e bebiam o copo de vinho. Para a história fica a célebre frase “Se não tens, vai ao Tuna!”

VERMIL // ACIDENTE

Octogenário atropelado

Ao final da tarde do dia 18, um homem de oitenta anos foi atropelado, em Vermil, por um veículo automóvel. O atropelamento aconteceu na Rua do Boucinho e resultou em ferimentos graves na vítima atropelada. para sensibilizar as pessoas acerca dos problemas que poderão resultar de hábitos pouco saudáveis”, defende Pedro Oliveira, presidente da associação juvenil vermilense. O rastreio, que decorreu na sede de Junta de Vermil, mediu a pressão arterial, o colesterol, a glicemia, a cintura e fez o cál-

No socorro à vítima estiveram duas viaturas e sete elementos dos Bombeiros Voluntários de Guimarães que, após assistência no local, transportaram o octogenário para a unidade vimaranense do Centro Hospitalar do Alto Ave.

culo do índice de massa corporal. Duas nutricionistas estiveram presentes no rastreio de forma a aconselhar as pessoas consoante os valores de cada uma. No seguimento do que já é habitual, todas as segundas e quartas-feiras, a parte da tarde foi de ginástica no Salão Paroquial.


ENTREVISTA ENTREVISTA // DANIEL RODRIGUES

“A candidatura do PS em Ronfe foi arranjada pelo presidente da Junta de Brito. Tenho medo que consiga controlar Ronfe politicamente”

Impôs-se como o rosto mais visível do PSD de Guimarães nesta zona do concelho. Eleito em 2001 para presidente da Junta de Ronfe, Daniel Rodrigues saiu dez anos depois, a meio do último mandato, para dar lugar a António Sousa que, em 2013, protagonizou a mais surpreendente derrota eleitoral na região, ao perder a Junta para o PS de Adelaide Silva. Em entrevista, o passado, a análise política à vila e o futuro do presidente da Casa do Povo de Ronfe, do vice-presidente do PSD de Guimarães e do vice-presidente da Assembleia Geral do Vitória Sport Clube.

LUÍS PEREIRA luispereira@reporterlocal.com

Tem saudades do poder autárquico? Tenho o meu tempo ocupado com a Casa do Povo de Ronfe e o Vitória de Guimarães. Foi do associativismo que vim e é para ele que voltei. Ao fim de dez anos entendi não ter tempo para exercer o poder tal como acho que ele deve ser exercido. Foi a melhor decisão e não tenho saudades do poder. Que obra marca os seus dez anos de presidente da Junta de Ronfe? O mais importante foi ter criado um grande espírito de comunidade e isso foi possível com iniciativas pioneiras. Quando entrei para a Junta, Ronfe estava dividida e com muitas guerras entre as instituições que agora não existem. Consegui criar uma Junta de Freguesia virada para o futuro e isso é o mais importante. A um autarca também se pede infra-estruturas… É mais importante resolver o problema do buraco à porta de casa de uma pessoa do que as obras grandiosas. A Câmara de Guimarães nunca me apoiou e seria impossível apresentar obras de 500 mil euros. Não temos uma piscina de 500 mil euros a servir 300 pessoas, como Airão, nem uma sede como a de Oleiros para 300 pessoas, mas isso foram investimentos desproporcionais que hoje vê-se terem sido errados. Não ficava orgulhoso, por isso, se os tivesse em Ronfe.

Mas as piscinas de Airão estão lotadas no Verão… Dois meses no ano não dão para aguentar uma obra daquelas. Houve uma má gestão de dinheiros públicos. Como se justifica grandes obras em freguesias tão pequenas só porque eram da mesma cor partidária da Câmara?! Não se justificava mais umas piscinas em Ronfe?! São exemplos de desperdícios de dinheiro. A sua Junta também não desperdiçou? Sei reconhecer que fiz obras que poderiam custar dez e custaram vinte. A crise pôs a nu os erros das Juntas, Câmaras e do Governo. Festas de folclore e cantares ao desafio satisfaz as pessoas no imediato mas, mais à frente, pagámos por isso. Adelaide Silva queixa-se de constrangimento financeiro face a uma dívida herdada do seu tempo… A dívida de 30 mil euros, fica resolvida com o protocolo que a Câmara fez este ano com a Junta, que não os tive no meu tempo. É preciso contar a história dessa dívida. Ela nasce da obra do centro da vila, em 2009 e que custou 70 mil euros. A Câmara só pagou 35 mil euros quando se comprometeu a pagar a totalidade. Esta foi a obra que, em 2009, deu a vitória a Magalhães em Ronfe porque foi lá cortar a fita. Fui usado porque disseram-me que a pagavam. Á data, elogiei a Câmara e, mais tarde, o Dr. Bragança, que estava à frente das Obras Municipais, não queria pagar nada. Só com a intervenção dos vereadores do PSD

conseguiu-se que pagassem metade. O que mais lhe custou não ter conseguido para Ronfe? O Centro Escolar. Foi trabalhado por nós desde 2005 e, em 2008/2009, podia estar a funcionar. Está pronto e ainda bem para Ronfe, mas já podia estar há mais tempo.

“FIZ OBRAS QUE PODERIAM CUSTAR DEZ E CUSTARAM VINTE” A obra está pronta a inaugurar. Desta vez o PS de Guimarães não enganou os ronfenses? É uma grande obra que podia estar pronta em 2005 e que, por isso, só peca por tardia. O Centro Escolar vai permitir criar uma nova centralidade na vila. Como avalia este primeiro ano de mandato do PS na Junta de Ronfe? O PS de Ronfe não estava preparado para governar e a prova é que se tem limitado a repetir todas as iniciativas que nós criamos. Louvo o facto de uma mulher com três filhos estar a dar parte do seu tempo à política. Sei do que falo, ou a presidente de Junta de Ronfe concilia muito bem as duas coisas ou a sua vida pessoal será gravemente afectada. Está a dizer que Adelaide Silva candidatou-se porque acreditava que perdia?

Estou convicto que a equipa que iniciou o mandato, quer no Executivo, quer na Assembleia, não será a mesma que o terminará. Em 2001, não fui eu que ganhei as eleições, foi o PS que as perdeu. O ano passado, não foi o PS que as ganhou, foi o PSD que as perdeu. A actual presidente da Junta praticamente não falou durante a campanha, remeteu-se ao silêncio e nós deixamo-la ganhar as eleições. Ponto final. E da Câmara, que diagnóstico faz do primeiro ano de mandato de Domingos Bragança? Uma desilusão. Não é o animal político que era Magalhães. É um presidente completamente apagado, sem opinião própria. O próprio Partido Socialista está completamente desintegrado e dividido em três vias: a dos senadores e de António Magalhães; a via dos que estão com Domingos Bragança e a via do sul do concelho protagonizada pelo presidente da Junta de Moreira. Se a Câmara abrir as torneiras para Ronfe, a vida do PSD em Ronfe fica ainda mais complicada… Se o fizer, só faz o que há muito já devia ter feito. Mas não parece que isso esteja a acontecer, ao contrário do que a Junta actual prometeu. A vila que mais merecia um investimento forte da Câmara nas pavimentações de ruas foi a que nada levou quando Taipas e outras viram aprovadas uma série de protocolos para essas obras. Onde está a influência da Junta actual?!

(continua na próxima página)

NOVEMBRO DE 2014 // 15


ENTREVISTA ENTREVISTA // DANIEL RODRIGUES

“António Sousa merecia ser presidente de Junta mas como candidato não teve as qualidades necessárias” O PSD de Ronfe ainda está em choque com a derrota nas autárquicas? Doze anos de poder, cria desgaste. O António Sousa acabou por sofrer por tabela. Foi um sacrificado no meio disto tudo. Que cota parte de culpa assume na derrota de António Sousa? O normal que se diria era de que não fui candidato logo, não perdi as eleições. Mas não faço isso, sou solidário. A minha saída a meio de mandato não foi bem compreendida pela população que antes havia-me dado maiorias esmagadoras. A estratégia de sair a meio do seu último mandato revelou-se então falhada?

Não foi estratégia. A política não manda na minha vida pessoal. Foi uma decisão que tomei e que parece ter sido mal compreendida. Também houve erros na campanha? Há pessoas que têm tudo para ser bons presidentes mas não são bons candidatos. O António Sousa merecia ser presidente de Junta nestes quatro anos, mas como candidato não teve as qualidades que todos conhecemos serem necessárias. Eu contava com uma redução na votação mas nunca com a derrota. Correram várias justificações, mesmo entre os seus pares… Há várias leituras. A candidatura do PS em Ronfe foi arranjada pelo presiden-

te da Junta de Brito. Tenho medo que Brito consiga controlar politicamente Ronfe e que percamos autonomia. Espero que a presidente da Junta saiba ocupar o seu espaço e que consiga conquistar o seu espaço no PS de Guimarães para que Ronfe continue a ter uma voz activa. Outra tese para a derrota foi atribuir culpas a uma alegada interferência do pároco João Silva. Revê-se nela? Quando entrei para a Junta, o P.e João vivia um bocado acantonado porque tinha más relações quer com a Junta quer com o clube. Consegui criar boas relações que ainda hoje mantenho com ele. O seu trabalho em Ronfe é meritório. Nas últimas eleições houve interpretações políticas, quer de um lado, quer do outro, que ele terá inquinado o processo eleitoral na vila. Eu não as fiz, se houve quem as fizesse, que as assuma. Não reconhece mérito nas propostas do PS? As que conheço, são as mesmas que as nossas. Com a agravante de que mentiram aos ronfenses quando disseram que continuariam a oferecer os manuais escolares quando ainda na última Assembleia Municipal, a presidente de Junta veio dizer que tem a mesma opinião que o PS de Guimarães, de que a medida é despesista. Quem lidera hoje o PSD em Ronfe?

Há vários líderes. A solução para 2017 está encontrada, mas vai permanecer no segredo dos deuses. Até lá, o PSD vai trabalhar como um núcleo. Passará por si? As pessoas pensam que ainda sou uma solução para Ronfe. Vamos ver o que o futuro nos reserva. Disse-lhe que já está encontrada a solução e que ela é forte. Tanto posso ser eu como outra pessoa. Tem vontade? A vontade que tenho é a de ajudar Ronfe noutros patamares, mas se o partido me pedir e eu considerar que tenho condições, estou disponível para qualquer função. Mas há muitos com vontade porque, ao contrário do PS em Ronfe, que andou fugido desde que em 2001 perdeu, no PSD ninguém fugiu. O PSD em Ronfe continua a viver na sombra de Daniel Rodrigues? É, de facto, quem risca no partido em Ronfe? Reconheço ser difícil descolar, dada a influência que tenho no PSD de Guimarães e pelo facto de ter a meu cargo a responsabilidade de fazer a ponte com esta zona do concelho. Mas, o PSD de Ronfe tem quadros novos que estão preparados para tomar as rédeas. O resultado de Marçal Mendes e a simultânea derrota na vila, diminuiu o peso político de Ronfe na concelhia do partido, numa lógica de zonas?

Pelo contrário. O responsável no partido por esta zona sou eu e todos me ligam a Ronfe. Contudo, se Marçal Mendes conseguir um papel mais importante no PSD de Guimarães, sou o primeiro a ficar contente porque estaremos então a falar do próximo presidente da Junta da União destas freguesias. Ainda está atravessada a recusa de Marçal em aliar-se a Ronfe na luta da reforma administrativa? Causou alguma discussão mas percebo a recusa dele. Olhando para o resultado que teve, ele estava no caminho certo. Esta União, contudo, já funciona mal. Vê-se que S. João já está de costas voltadas para Santa Maria e Vermil há muito que está perdido. Marçal Mendes só tem de esperar pelo dia da tomada de posse. A três anos de distância, já o está a indigitar como candidato. Em 2011, hesitou em escolhê-lo… Assim como, da parte dele, houve hesitações. Em Vermil, Marçal Mendes era como se fosse o presidente de Junta e nunca tive dúvidas que era um bom quadro para o PSD de Guimarães. Durante o processo de escolha de candidatos, criou indefinições junto do partido que também tinha outros nomes em cima da mesa. Falei de outros nomes para a União porque Marçal Mendes não disse o que queria, quando disse, foi escolhido. Perderam-se três ou quatro meses de campanha.

Futuro: “Sonho ser presidente do Vitória, do Ronfe não” O associativismo em Ronfe está politizado? O mal é existir pouco associativismo. Se houvesse mais associações a independência seria maior. A Casa do Povo não depende da política, faz o seu trabalho à margem da política. Os ronfenses estão contentes com o trabalho que lá temos feito. Como justifica a falta de parcerias da Casa do Povo, que preside, com a actual Junta quando, no passado, elas abundavam? A actual Junta olha para mim como inimigo. O presidente da JS diz que a Casa do Povo é uma casa onde só se faz política. Ainda hoje ele pensa isso, faltou-lhe a coragem de assumi-lo. Quando 16 // NOVEMBRO DE 2014

confrontado, meteu a viola ao saco. É disto que falamos: pessoas sem coragem para dizerem o que pensam. A Junta de Freguesia de Ronfe deve dinheiro à Casa do Povo pelo protocolo que foi assinado pelo “Espaço Jovem” e que não tem sido cumprido. Mas a Casa do Povo já entregou o espaço à “Voar Alto”… Essa associação está ligada à Juventude e é nessa condição que usa o “Espaço Jovem”. A Feira das Velharias começou por ser uma iniciativa que tinha a Junta como parceira. Porque deixou de a ter? A iniciativa sempre foi realizada em espaço da Casa do Povo e pela Casa

do Povo. Se a Junta quiser continuar a apoiar, estamos disponíveis. A ideia que passa é que, enquanto a Junta era PSD, a Casa do Povo procurava-a para parceira e com a Junta PS, é a autarquia que tem de procurar-vos… Nas comemorações dos 50 anos, reafirmei que o melhor edifício para a sede de Junta seria a Casa do Povo. Já aprovamos, em Assembleia da instituição, o espaço para a Junta. Ao que parece, quem não quer ir para lá é a Junta, que até hoje não respondeu. Não podem dizer que estamos contra a Junta quando já lhes abrimos as portas.

Ainda sonha ser presidente da Câmara? Se existe um líder, vou dizer que quero ser presidente de Câmara?! Quem anda na política sonha servir a população. Já concretizei-o numa Junta, se fosse numa Câmara também gostaria, mas nos próximos anos a questão não se coloca. Está ligado ao futebol de primeira (Vitória Sport Clube), nunca ponderou tomar o pulso do clube ronfense? Sonho ser presidente do Vitória, do Ronfe não. Se fosse do Juventude de Ronfe eu seria presidente, do Desportivo, é um namoro que nunca foi concretizado, apesar de reconhecer o bom trabalho que fazem e que está à vista de todos.


RONFE // PROJECTO

Empresa investe no Ronfe com projecto pioneiro que concilia futebol aos estudos Em Janeiro arranca a “Academia Berço do Papel”. Um projecto de responsabilidade social de uma empresa que cria uma Academia virada para a formação de atletas ao nível desportivo, escolar e para a cidadania. A Junta é parceira.

LUÍS PEREIRA luispereira@reporterlocal.com

O Desportivo de Ronfe vai ter uma Academia. A empresa “Berço do Papel” é a criadora e promotora do projecto e empresta o nome. A Junta de Freguesia local é a primeira parceira encontrada para este que é um ambicioso e pioneiro projecto que concilia o desporto ao estudo e acompanhamento psicológico do atleta. A ideia nasce da responsabilidade social da empresa de comércio de papel, sedeada em S. Jorge de Selho, mas cujo administrador tem ligação à terra ronfense. “Fechar o circuito” do atleta do Desportivo de Ronfe, não permitindo que este vagueie nos tempos de espera entre as aulas e os treinos; fazer um acompanhamento escolar das crianças e jovens fora do contexto das aulas formais e gerir tecnicamente as expectativas quer pessoais, quer desportivas do atleta, estão na mira dos objectivos da “Academia Berço do Papel” que arranca em Janeiro com o projecto-piloto. “Queríamos inventar algo. Não dar o apoio financeiro ao clube só porque sim. Encomendamos o projecto

a uma empresa de consultadoria e o resultado é uma ideia nunca vista nesta região”, frisa Manuel Mendes, administrador da “Berço do Papel”. A “Academia” resulta de uma política estratégica da empresa em desenvolver um projecto de e para a comunidade. A “Berço do Papel” investe financeiramente, desde logo na concepção e acompanhamento do projecto e ganha com o marketing implícito. O Desportivo de Ronfe cede as instalações, cria novos serviços, gerando receita própria, e responde às famílias dos seus atletas. “Nada melhor que este projecto para um clube que tem na formação a principal concentração dos seus objectivos, como é o caso do Desportivo de Ronfe. O projecto aposta na formação dos atletas enquanto homens. Com a academia passamos a ter um maior controle dos atletas em termos escolares. Nós tentamos sempre incutir-lhes que o mais importante são os estudos. Mas há casos problemáticos que nos fogem ao controlo, embora tentemos, à nossa maneira, repreendê-los quando os resultados escolares não correspondem às expectativas”, explica Rui Barros, presidente do Desportivo de Ronfe.

Numa fase inicial, o acesso à “Academia Berço do Papel” está restringida aos cento e oitenta atletas do clube. A expectativa é que, com o projecto cimentado, este evolua e abra-se à comunidade. A ideia passa por fazer com que o quotidiano dos atletas seja feito entre casa, escola e academia. Assim, as instalações do clube deixam de ser apenas e só o espaço onde se joga futebol, passando a ser também um lugar multifuncional onde se estuda, desenvolveem-se actividades diversas e se tem acompanhamento técnico especializado. Dar emprego a professores, preferencialmente residentes na vila, é também um dos objecitvos da “Academia Berço do Papel. Para já esses lugares só serão possíveis de ser ocupado por um número reduzido de três profissionais. Ter um psicólogo de desporto, é uma das ambições. Quem também se mostra interessada em que o projecto vingue é Adelaide Silva. A presidente da Junta vê na iniciativa uma forma de mostrar uma Ronfe atractiva. “O papel da Junta é o de incentivadora e, mais tarde, na necessidade, com a cedência de espaços complementares à formação dos jovens”, adianta a autarca.

NOVEMBRO DE 2O14 // 17


ÚLTIMAS JOANE // NATAL

Magia do Natal chega a mais ruas da vila de Joane ACIF aposta no reforço na iluminação

PAULO CORTINHAS pauloortinhas@reporterlocal.com

As ruas da vila de Joane ganham uma nova vida nesta quadra festiva. Ao contrário dos últimos anos, diversas artérias da vila vão ser iluminadas com milhares de pontos luz e símbolos natalícios de várias cores e feitios. A iniciativa é da Associação Comercial e Industrial de Famalicão (ACIF), em colaboração com a Unidade de Gestão do Centro Urbano e com a Câmara Municipal, que decidiu reforçar o investimento no embelezamento das ruas, nomeadamente dos

centros urbanos das vilas do concelho. A garantia foi dada pelo presidente da ACIF, António Peixoto, na apresentação da campanha de Natal deste ano, que arrancou no penúltimo dia de Novembro. “Quisemos reforçar a decoração de luz e isso acontece tanto no centro urbano da cidade como nas vilas de Joane, de Riba de Ave e de Ribeirão”, disse o representante dos comerciantes, apontando que foi feito ainda um esforço na qualidade dos elementos decorativos. Até agora, a iluminação de Natal beneficiava apenas as ruas do centro da vila, nomeadamente o Largo 3 de Julho e ruas envolven-

tes, mas isso acontecia por iniciativa da Junta de Freguesia, já que a intervenção da ACIF resumia-se à colocação de um arco na entrada da vila. Este ano, o cenário será diferente e a iluminação de Natal vai chegar a um maior número de artérias em diversos pontos da freguesia. Além do centro, a campanha abrange ainda o núcleo comercial da zona do Vau e também a área envolvente à rua de Laborins onde está localizado o Supermercado Henrique. As luzes de Natal vão chegar ainda à Cooperativa Habitorre. Ao que o Repórter Local apurou, estas

foram algumas das propostas apresentadas pela Junta de Freguesia de Joane, entretanto acolhidas pela Unidade de Gestão do Centro Urbano. O reforço da iluminação na vila é o resultado do aumento da comparticipação financeira da autarquia na Campanha de Natal deste ano. A Câmara costuma participar com metade do investimento desse investimento, num total de 100 mil euros, mas a verba que o município concedeu este ano foi de 55 mil euros, mais cinco mil que no ano anterior. Para o presidente da ACIF, o que se pretende é criar uma atmosfera que cative as pessoas para o comércio de proximidade. “Estamos certos que será proporcionado um ambiente agradável e de bem-estar para quem compra e quem visita os centros urbanos”, acrescentou António Peixoto, adiantando que esse ambiente não beneficia apenas os comerciantes, mas todos aqueles que frequentam os centros urbanos. “O principal objectivo da decoração natalícia é envolver todos os famalicenses no espírito de alegria e solidariedade que caracteriza esta época do ano”, referiu a propósito o presidente da Câmara, Paulo Cunha, frisando que a autarquia, a ACIF e a Unidade de Gestão do Centro Urbano conjugam esforços para transformar a época natalícia “num momento único para todos os famalicenses”.

Junta de Ronfe organiza tarde desportiva e solidária neste Domingo

Juntar o desporto à solidariedade da época natalícia. O mote é lançado este domingo, dia 14, pela Junta de Freguesia de Ronfe com a organização de uma caminhada e uma aula de zumba. O tiro de partida é dado junto ao Pavilhão Aurora Cunha, pelas 9H45. A receita da iniciativa reverte para os cabazes de Natal das famílias ronfenses mais carenciadas. Em simultâneo, no Pavilhão Aurora Cunha decorrerão actividades desportivas diversas, como o judo, direccionadas às crianças da vila.

OPINIÃO

A rua onde ninguém cozinha Emília Monteiro | Jornalista

Há, pelo menos, uma rua em Joane onde nunca cheira a estrugido. Ou a comida, se preferirem palavras mais bonitas. Perto do meio, todos os dias, várias carrinhas de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) quase que fazem fila para entrar o almoço às famílias que vivem nessa rua. Quando soube, fiquei surpreendida. Sim, são famílias com alguns problemas (e quem não tiver problemas que atire a primeira pedra) mas nada que me levasse a pensar que, naquela rua, toda a gente tenha apoio social, inclusive as 18 // NOVEMBRO DE 2014

refeições já confecionadas. E é assim: ou porque estão desempregados, ou porque são doentes, ou porque não recebem o subsídio de inserção, ou porque têm filhos doentes… Deixo as avaliações para os técnicos que, com toda a certeza, saberão o que fazem. Também não questiono a validade de atestados emitidos por uma infinidade de pessoas e entidades. Apenas vejo e penso se será este o melhor caminho. Recordo-me dos primeiros tempos da aplicação do Rendimento Mínimo e de que como

esta ajuda estatal ajudou famílias a reerguerem-se, jovens e adultos a mudar de vida. Sim, também sei de casos de insucesso, de dinheiro mal entregue. Mas prefiro recordar os casos em que as famílias renasceram em todos os sentidos e não só no aspeto económico. Hoje, tal como eu, todos vemos casais, com e sem filhos, cujo ‘modo de vida’, desde há muitos anos é viver dos abonos bonificados, dos subsídios estatais, do subsídio de formação e de ofertas caridosas de gente boa que partilha cabazes e cestos de comida. Sim,

ninguém fica rico com um cabaz de Natal. Mas, para que raio recebem algumas famílias os tais cabazes se nunca cozinham em casa e as refeições já lhes são entregues, em casa, já cozinhadas, e quentinhas. Deve ser por isso que há tantas panelas à venda no OLX! O que me preocupa, o que realmente nos deve preocupar, não é a ajuda temporária às famílias. O que me preocupa são as famílias que já não sabem nem querem aprender a viver sem essas ajudas. E já estamos na terceira semana do Advento.


NOVEMBRO DE 2014 // 19


FACEBOOK.COM/REPORTERLOCAL | WWW.REPORTERLOCAL.COM

20 // NOVEMBRO DE 2014


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.