Circular provincial 2 | 2017

Page 1

XXXXX

Circular

PROVINCIAL Ano 16 | Edição nº 2/2017 | Província Marista Brasil Sul-Amazônia

COLÉGIO MARISTA SÃO FRANCISCO

PROTAGONISMO INSPIRADO PELO NOSSO CARISMA PG. 18

Irmãos e Leigos(as) partilham vocações em formação conjunta PG. 13

Projeto Mala de Memórias valoriza a história da nossa Província PG. 17

Carta do Papa Francisco aos maristas PG. 24

1


Em 6 de junho, nossa Província promoveu uma celebração na Catedral Metropolitana de Porto Alegre para marcar o Dia de São Marcelino Champagnat e expressar gratidão pelo bicentenário da atuação marista no mundo. Estas são algumas imagens.

Expediente CIRCULAR PROVINCIAL Província Marista Brasil SulAmazônia | Rede Marista

2

PROVINCIAL: Ir. Inacio Nestor Etges CONSELHO PROVINCIAL: Ir. Deivis Alexandre Fischer, Ir. Evilázio Francisco Borges Teixeira, Ir. Lauro Francisco Hoschscheidt, Ir. Manuir

José Mentges, Ir. Odilmar José Civa Fachi SECRETÁRIA PROVINCIAL: Elaine Strapasson Faccin JORNALISTA RESPONSÁVEL: Guilherme Felice Endler (MTB 17493)

CONTEÚDO: Guilherme Felice Endler REVISÃO: Irany Dias COLABORAÇÃO: Secretaria e Arquivo Provincial PRODUÇÃO: Assessoria de Comunicação e Representação Institucional

ENDEREÇO: Rua Irmão José Otão, 11 – 90035-060 – Porto Alegre/RS – Brasil – Fone: (51) 3341 0300 secprov@maristas.org.br www.maristas.org.br PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Design de Maria www.designdemaria.com.br


ARTIGO DO PROVINCIAL

CRESCER NA Cultura do Encontro IR. INACIO ETGES | Provincial/Presidente

Estimados Irmãos e Formandos Maristas! Deixar-se amar pelo Criador é a maior e mais profunda experiência pela qual podemos passar. Nada do que somos e temos é criação nossa. Tudo nos foi dado: dons, talentos, potencialidades, até a capacidade de receber... e, com isso, também a responsabilidade de desenvolver o que, gratuitamente, recebemos. Alguns dados são imutáveis: a história pessoal, a carga genética, os nossos pais, nosso lugar de procedência, o tempo histórico que nos toca viver, a realidade circundante..., são imutáveis, mas podem ser ressignificados se nos forem desconfortáveis. Para isso, precisam ser aceitos e acolhidos com misericórdia, em atitude de culto e adoração ao Criador. Na prática, é a ascese dos joelhos diante Cruz, do Altar e do Presépio. Mutáveis são as potencialidades recebidas para serem responsavelmente desenvolvidas e doadas aos outros, como nos ensina o Evangelista Mateus: “De graça recebeste, de graça dai” (Mt 10,8). Nisso tudo, reconhecemos que somos mistério envolto no grande Mistério do Criador e da própria criação. Nosso desenvolvimento humano e cristão se dá na alteridade, no confronto com o outro, com Deus e com o cosmos. Nossa vida gira em torno de encontros e, porventura, desencontros. Nada evolui e cresce sem o encontro. Precisamos absolutamente da alteridade, pois somos seres interdependentes, imperfeitos, em construção. A alteridade é a matriz fundante de nosso

desenvolvimento humano, espiritual, intelectual, moral e existencial. Somos e crescemos dentro de uma cultura do encontro. No livro do Gênesis, capítulos 1 a 3, o autor narra o encontro amigável, harmonioso, cordial, próximo e feliz do Criador com nossos primeiros pais; e, paradoxalmente, no capítulo 4, aborda a ruptura total do encontro e suas graves consequências. A chave de leitura dessa cultura nos textos do Primeiro e Segundo Testamentos é uma forma de perceber como se desenvolve a história da salvação do Povo de Deus. Jesus, nas narrativas dos evangelistas, promove constantemente a cultura do encontro como lugar teológico de conversão, de mudança do coração. Jesus, no encontro, propunha os valores sem jamais impor. Cabia à pessoa optar por aderir ou não à proposta. Independente da resposta, Jesus nunca perdeu o foco de ajudar as pessoas na dimensão dos valores do Reino de Deus. O encontro de Maria com sua prima Isabel proporcionou também o primeiro encontro entre Jesus e João Batista, os dois grandes protagonistas da História da Salvação. Maria e Isabel viveram em profunda consonância de fé e se dispuseram a servir a Deus, abrindo mão de seus projetos pessoais. Duas mulheres livres, que assumiram o projeto que o Senhor lhes havia preparado. Elas viveram o encontro de duas fidelidades, de duas liberdades interiores em alto grau. Como esse, muitos encontros

SOMOS CHAMADOS, TAMBÉM NÓS, A PROMOVER ENCONTROS PARA FORTALECER OS LAÇOS DE FRATERNIDADE. TUDO PODE SER CONSTRUÍDO E TRANSFORMADO SE NOSSO TESTEMUNHO DE CONSAGRADOS FOR UM SINAL DE ESPERANÇA E DE FRATERNIDADE

3


ARTIGO DO PROVINCIAL

provocaram mudanças profundas nas pessoas e nas comunidades cristãs primitivas, como o Primeiro Concílio celebrado em Jerusalém para dirimir questões controversas e firmar a unidade da Igreja nascente. Somos chamados, também nós, a promover encontros para fortalecer os laços de fraternidade. Tudo pode ser construído e transformado se nosso testemunho de consagrados for um sinal de esperança e de fraternidade. Algumas premissas, no entanto, são indispensáveis: capacidade de perdoar, escutar, dialogar, superar personalismos, desinflar egos, deixar-se moldar pelo Senhor, adquirir os sentimentos de Jesus, transformar corações endurecidos em corações de carne, ser pessoas espirituais movidas de misericórdia. Eis aí uma formidável tarefa. Se nos empenharmos nela sólida e fortemente, seremos bênção aos que nos cercam. Do contrário, poderemos ser pedras de tropeço, de desencontro, de radicalização, de fundamentalismo destrutivo. Cabe a cada um escolher o caminho a seguir. E, ademais, não há idade e tempo para recomeçar. Sempre é tempo de um novo começo, um novo La Valla. A mudança do coração não depende do Animador, nem dos Superiores maiores, mas única e exclusivamente de cada pessoa. Os animadores, orientadores e superiores têm a obrigação de propor, mas cada um de nós coman-

4

da seu coração, cada um de nós é o único responsável por dar essa resposta.

VENCER A INDIFERENÇA E CONSTRUIR A CULTURA DO ENCONTRO Numa homilia proferida na Casa Santa Marta, o Papa Francisco criticou a indiferença que deixa as pessoas inertes em relação ao sofrimento alheio e pediu encontro verdadeiro com o próximo. Ele dizia que é preciso trabalhar para construir uma verdadeira cultura do encontro, capaz de vencer a cultura da indiferença. Francisco falou do encontro de Deus com o seu povo e advertiu para os maus hábitos que, em família, afastam da escuta do outro. Com frequência, observou, as pessoas se cruzam, mas não se encontram. Cada um pensa em si mesmo; olha, mas não vê; ouve, mas não escuta. O Evangelho fala da grande compaixão de Deus. Um exemplo é a narrativa da ressurreição do filho único da viúva de Naim. Jesus não passa além, pelo contrário, é tomado pela compaixão. Aproxima-se da mulher, a encontra realmente e depois faz o milagre. Nosso Papa destacou que, nesse texto, não se vê apenas a ternura, mas a fecundidade de um encontro: “Todo encontro é fecundo. Todo encontro restitui as pessoas e as coisas no seu lugar. Estamos acostumados com a cultura da indiferença


e temos que trabalhar e pedir a graça de fazer a cultura do encontro, do encontro fecundo que restitui a todas as pessoas a própria dignidade de filhos de Deus. Nós estamos acostumados com essa indiferença, quando vemos as calamidades deste mundo e seguimos adiante. Se eu não vejo, não paro, não olho, não toco, se não falo, não posso fazer um encontro e nem ajudar a fazer a cultura do encontro”. Francisco ainda fala que todos são carentes da Palavra de Deus e precisam desse encontro com Ele. “À mesa, em família, quantas vezes se come, se vê TV ou se escreve mensagens no celular. Todos são indiferentes a este encontro. Até no fulcro da sociedade, que é a família, não existe encontro. Que isso nos ajude a trabalhar por esta cultura do encontro, tão simplesmente como o fez Jesus. Não olhar apenas, mas ver; não ouvir apenas, mas escutar; não só cruzar com os outros, mas parar. Não dizer apenas ‘que pena, pobres pessoas’, mas deixar-se levar pela compaixão. E depois, aproximar-se, tocar e dizer do modo mais espontâneo no momento, na linguagem do coração: ‘Não chore’. E dar pelo menos uma gota de vida”.

ABRAMOS NOSSO CORAÇÃO E SAIAMOS DO NOSSO CONFORTO PARA ENCONTRARMO-NOS COM PESSOAS E PARA ESCUTÁ-LAS. OPORTUNIDADES NÃO FALTAM. PRECISAMOS, MUITAS VEZES, VENCER O NOSSO PONTO DE CONFORTO.

saúde (Cerrito, São José), nos hospitais; com os colaboradores/as em nossas casas; com as crianças, adolescentes, jovens que frequentam nossas escolas, obras sociais, universidade; com as pessoas que encontramos saindo de nossas casas, nas comunidades eclesiais; nos bairros em que estamos inseridos; nos grupos de que fazemos parte (PJM, MChFM, PEM, VIDAMAR, formação conjunta Irmãos e Leigos/as). Abramos nosso coração e saiamos do nosso conforto para encontrarmo-nos com pessoas e para escutá-las. Oportunidades não faltam. Precisamos, muitas vezes, vencer o nosso ponto de conforto.

A CULTURA DO ENCONTRO NO INSTITUTO MARISTA A origem de nosso Instituto se deu no encontro de Champagnat com o jovem Montagne e, um pouco mais tarde, com os dois jovens com quem constituiu comunidade. Poderíamos explorar longamente a vida de nosso Fundador sob a chave de leitura da cultura do encontro. Animo-os, pois, a olhar nosso Instituo sob esse ângulo. Vejamos a metodologia sugerida em preparação ao 22º Capítulo Geral: provocação de encontros de partilha existencial, como itinerário para celebrar encontro – Um novo La Valla, como casa da luz (da fraternidade, da missão e da mística). O Novo começo inicia na comunidade. Vejam, Irmãos e Formandos, e abram o coração para as inúmeras oportunidades de construir, viver e testemunhar a cultura do encontro. Comecemos a cultura do encontro em nossas comunidades, não sozinhos, mas com Jesus, Maria, Champagnat e nossos coirmãos. Tomemos a iniciativa de viver a cultura do encontro, visitando nossos coirmãos nas casas de

5


ARTIGO DO PROVINCIAL

COMUNIDADE, LUGAR DE ENCONTRO Não existe comunidade perfeita. Não existem Irmãos perfeitos. Às vezes somos difíceis para com os nossos coirmãos, nos queixamos deles, nos sentimos magoados e decepcionados. Muitos desencontros podem ocorrer, mas sempre seremos coirmãos, chamados à profecia da fraternidade. Somos diferentes e não nos escolhemos para viver em comunidade. Reunimo-nos por causa do Reino de Deus (cf. C 51). Somos membros ativos da comunidade e da Província e, por isso, corresponsáveis na constrição de uma cultura do encontro entre nós e na missão. Um novo começo sempre é possível. Existe, porém, um sine qua non: o perdão. Só exercitando o perdão teremos comunidades saudáveis. Causaram-me forte impressão as palavras do Papa Francisco, com tão grande senso de realismo: “Sem perdão, a comunidade torna-se uma arena de conflitos e um reduto de mágoas. Sem perdão, a comunidade adoece. Quem não perdoa não tem paz na alma nem comunhão com Deus. A mágoa é um veneno que intoxica

6

e mata. Guardar mágoa no coração é um gesto autodestrutivo. É autofagia. Quem não perdoa adoece física, emocional e espiritualmente. O perdão é vital para a saúde emocional e a sobrevivência espiritual; é assepsia da alma; faxina da mente; libertação do coração; traz alegria onde a mágoa produziu tristeza; cura onde a mágoa causou doença. Que essas palavras do Papa nos façam refletir; nos abram ao perdão, que é a atitude mais nobre do ser humano. “Nada nos assemelha tanto a Deus como estarmos sempre dispostos a perdoar (São João Crisóstomo)”. Pensemos em nossas comunidades e nos perguntemos: elas têm sido lugar de vida ou de morte? De cura ou de adoecimento? Palco de perdão ou de intolerância? Lugar de encontro e cultivo da comunhão ou de busca de autorrealização, disputas de poder e egos inflados? Almejo que cresçamos, sempre mais, na cultura do encontro com Deus, com os outros, conosco mesmos e com o cosmos! O perdão é a chave. Eis um novo começo! Que Deus e Maria abençoem nosso peregrinar!


VIDA EM COMUNIDADE

UM NOVO LA VALLA: Capítulo Geral planeja o próximo centenário marista Assembleia vai ocorrer fora do continente europeu pela primeira vez na história

Irmãos e Leigos(as) de todo o mundo se preparam para a assembleia mais importante do Instituto Marista: o Capítulo Geral. A partir de 8 de setembro, a 22ª edição do encontro irá reunir representantes dos cinco continentes para definir diretrizes que indicarão caminhos de atuação nos mais de 80 países em que estamos presentes. O local escolhido foi Rionegro, na Colômbia, cidade localizada a cerca de 40 km de Medellín. Pela primeira vez na história, a reunião ocorre fora da sede do Governo Geral e longe do continente europeu – os dois primeiros Capítulos Gerais foram celebrados em Notre-Dame de L’Hermitage (França), enquanto oito aconteceram em Saint-Genis-Laval (França), cinco em Grugliasco (Itália) e seis em Roma. O Conselho Geral chegou a essa decisão após um ano e meio de estudo e discernimento, tendo em mente que era necessário deslocar-se como sinal de novo começo. “Sabemos que a Colômbia foi o primeiro país da América Latina a contar com a presença marista e que o continente americano concentra mais da metade da nossa missão de todo o mundo. Além disso, o nome de Medellín tem um forte simbolismo na história da Igreja”, explica o Superior-Geral do InstitutoIr. Emili Turú, na carta de convocação ao Capítulo Geral.

ATUAÇÃO PIONEIRA NO CONTINENTE

OLHARES NO NOVO COMEÇO

A Colômbia foi o primeiro país da América do Sul a contar com a atuação marista, recebendo os Irmãos da congregação em 1889. Atualmente, há 23 espaços de missão divididos em 12 cidades, pertencentes à Província Marista Norandina (que também compreende a atuação no Equador e na Venezuela). O município de Rionegro, onde ocorre o XXII Capítulo Geral, foi declarado Monumento Nacional graças à sua rica histórica – além de ter sido importante durante a Revolução Colombiana, pois lá foi escrita a Constituição de 1863. É conhecido como Berço da Liberdade.

Realizado a cada oito anos, o Capítulo Geral engloba decisões importantes, como a eleição dos novos Superiores-Gerais e Conselheiros-Gerais do Instituto. Nesta edição, também estarão em pauta temas como a revisão das Constituições, comunidades internacionais, vinculação e pertença laica, novos modelos de animação, gestão e governança. “A coincidência do Capítulo com a celebração do bicentenário nos convida a contemplar o en-

7


VIDA EM COMUNIDADE

contro como porta de entrada ao novo centenário marista e a vivê-lo como um novo começo. Todos esses processos, além de outros em âmbito regional ou provincial, indicam direções de futuro para o nosso carisma”, afirma o Ir. Emili. A Província Marista Brasil Sul-Amazônia terá como representantes o Provincial, Ir. Inacio Etges, o Vice-Provincial, Ir. Deivis Fischer, e o Ir. Sebastião Ferrarini, Formador no Noviciado da Região América Sul. Para o Ir. Inacio, a escolha da Colômbia como sede é muito significativa, não só pela presença marista no continente sul-americano, mas pela simbologia do país. “Foi em Medellin, no ano de 1968, que a Conferência Episcopal Latino-americana (Celam) inaugurou um Novo Começo para toda a Igreja na América do Sul. Uma Igreja com os ‘pés no chão’, que ouviu o grito do povo Latino-americano sofrido, injustiçado e excluído de toda sorte de sua dignidade humana” relembra. Planejado sob o lema Um novo La Valla, o XXII Capítulo Geral convida para momentos de profunda conexão com os três anos de preparação para o início do terceiro centenário marista. “O Instituto Marista não nasceu de uma vez por todas em 1817, mas continua nascendo”, diz o documento de convocação. Mais do que tudo, é uma valorização do diálogo fraterno, a exemplo do que praticavam São Marcelino Champagnat e os primeiros irmãos em torno da mesma mesa.


PROJETOS DE VIDA BASEADOS NOS valores maristas Itinerário da Animação Vocacional aproxima jovens do nosso carisma Para se adequar à realidade das juventudes de hoje, a Província Marista Brasil Sul-Amazônia elaborou um itinerário que pretende atualizar a Animação Vocacional. Focado principalmente no desenvolvimento de um projeto de vida, o processo inicia com o acompanhamento dos jovens, em conjunto com as famílias, enquanto eles cursam o Ensino Médio. “A ideia é agregar valores ao cotidiano dos jovens. Queremos mostrar que podem fazer a diferença no mundo”, explica o Assistente de Vida Consagrada e Laicato, Juarez Pereira. Ao longo de três etapas (chamadas Despertar, Discernir e Optar), os jovens se aproximam do carisma marista, aprendem sobre a trajetória de São Marcelino Champagnat e a história do Instituto. Atualmente, são acompanhados cerca de 60 jovens em Lajeado, Bom Princípio, Bento Gonçalves e Santa Maria. Não à toa, foi escolhido para o itinerário o slogan Coragem para (vi)ver o mundo – indo ao encontro do objetivo de trazer novas oportunidades para os vocacionados. “Escolhemos essas palavras porque é necessário coragem para viver a sua vocação e ser fiel a ela”, acentua o Coordenador da Animação Vocacional, Ir. Rodinei Siveris. Segundo ele, vivemos em um

A IDEIA É AGREGAR VALORES AO COTIDIANO DOS JOVENS. QUEREMOS MOSTRAR QUE PODEM FAZER A DIFERENÇA NO MUNDO JUAREZ PEREIRA – ASSISTENTE DE VIDA CONSAGRADA E LAICATO

período em que as decisões são tomadas de forma cada vez mais tardia, o que cria a necessidade de uma formação diferenciada e com olhar a longo prazo. Mais do que direcionar para a vida consagrada, o projeto busca fazer com que os participantes se encantem pelo carisma de Champagnat e vivenciem-no cotidianamente. A equipe de animadores vocacionais vem recebendo um número significativo de adultos interessados em seguir a vocação marista. Para encaminhar essas procuras, os animadores estão elaborando um plano específico de acompanhamento. “Além da aproximação para conhecer as motivações de cada candidato, oportunizamos uma experiência em comunidades de Irmãos, durante um ano”, conta o Ir. Rodinei. Nesse período, eles entram em contato com a missão, conhecem o cotidiano dos irmãos: vida comunitária, oração, participação na igreja e podem também realizar um trabalho voluntário, entre outras atividades.

A IMPORTÂNCIA DA CULTURA VOCACIONAL Uma das especificidades do itinerário é aproximar a Animação vocacional dos Colégios e Unidades Sociais por meio de um projeto piloto, que está em fase de conclusão. A iniciativa busca otimizar os processos. Conforme esclarece o Ir. Rodinei, a cultura vocacional deve englobar o todo da instituição, pois vivenciar os valores de nosso fundador é uma opção diária feita por Irmãos, Leigos/as, educadores, colaboradores, estudantes e educandos. “É algo que faz parte do nosso DNA desde os primórdios do Instituto, e que devemos manter vivo em todos os nossos espaços de missão”, afirma.

9


VIDA EM COMUNIDADE

O ITINERÁRIO DA ANIMAÇÃO VOCACIONAL PROPÕE TRÊS ETAPAS DE TRABALHO E ACOMPANHAMENTO COM OS JOVENS:

1 2 3

DESPERTAR É o momento em que o adolescente decide ingressar em um grupo. São realizados encontros iniciais, que apresentam o carisma marista e os valores de Champagnat.

DISCERNIR Momento onde são oferecidos elementos e experiências que contribuem no discernimento do jovem para a construção de um projeto de vida. Os encontros promovidos trazem conteúdos mais aprofundados sobre o carisma.

OPTAR

Momento da culminância do processo vivido no grupo. Nesta etapa, são oferecidos elementos que auxiliam o jovem a escolher e a elaborar o seu projeto de vida.

10


PERÍODO PARA celebrar a Boa Mãe Texto produzido pelo Leigo Gustavo Balbinot em conjunto com o Ir. Genuíno Benini traz recorte histórico e vivencial sobre o Ano Mariano 11


VIDA EM COMUNIDADE

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em comemoração ao tricentenário do encontro da Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, instituiu o Ano Nacional Mariano, que iniciou em 12 de outubro de 2016 e conclui-se em 11 de outubro de 2017, para celebrar, fazer memória e agradecer. Em preparação, muitas paróquias do Brasil receberam, desde o ano de 2014, a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida. Um dos objetivos centrais do Ano Mariano é contemplar Maria como modelo de fé e de seguimento do Cristo.

12

MARIA NÃO É O PORTO DE CHEGADA, MAS UM MODELO DE MÃE-CUIDADORA E DISCÍPULA DE JESUS.

UM POUCO DA HISTÓRIA

VIVENCIANDO O ANO MARIANO

No ano de 1717, na segunda quinzena de outubro, os pescadores Domingos Garcia, João Alves e Felipe Pedroso foram convocados pela Câmara de Guaratinguetá (SP) para apanhar peixes para o banquete que iria recepcionar o Conde de Assumar, D. Pedro de Almeida e Portugal, Governador de São Paulo e Minas Gerais à época. Após várias tentativas frustradas, suas redes tiraram das águas do Rio Paraíba do Sul a Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Inicialmente encontraram o corpo e depois a cabeça. A pequenina estátua, de 40cm de altura, é feita de barro terracota, de uma tonalidade castanho-escuro que lembra a cor negra dos escravos. Sua coloração é resultado da profundidade das águas e da fuligem (picumã) das velas e candelabros, que as primeiras famílias e comunidades acendiam próximo à imagem, figura de uma mulher grávida que recorda a encarnação do Verbo de Deus na humanidade. Podemos contemplar, além do sentido feminino e materno, o amor e a misericórdia de Deus para conosco por ter enviado seu Filho ao mundo por meio de Maria. Se contemplarmos a imagem de perto, podemos perceber um ‘leve sorriso’, que dispensa reflexões profundas, mas que inicialmente revela a alegria e a leveza da presença de Deus. A tez morena logo foi identificada com aqueles que na época sofriam com a escravidão. Nas diversas aparições Maria e, nesse caso, no encontro da Imagem, sempre se apresenta com a “cor do povo”, com traços da gente mais simples e sofrida, com suas tradições, culturas, costumes e crenças.

Somos convidados a viver o Ano Mariano como tempo de graça e de entrega à nossa Boa Mãe e Dona da Obra, já que à Ela foi confiado o Instituto dos Pequenos Irmãos de Maria e, como diversas vezes nos lembrou nosso fundador, por meio Dela buscarmos a Jesus e torná-lo conhecido e amado. Maria não é o porto de chegada, mas um modelo de mãe-cuidadora e discipulada de Jesus. Como afirma a CNBB, o “Ano Mariano é para celebrar e reaprender com Nossa Senhora”. Podemos vivenciar esse ano de graça de diversas formas: orações marianas, reza do terço, peregrinações a santuários marianos, Leituras Orantes da Palavra a partir das atitudes e presença de Maria e canções. Além do mais, não esqueçamos de que uma das dimensões fundantes de nosso carisma é a espiritualidade da Mãe de Deus e, sendo ela a força propulsora de nossas vidas e missão, nos impulsiona a vivenciar o Rosto Mariano da Igreja, manifestando a fraternidade, sinal da comunidade e a Igreja peregrina na fé, como o foi nossa mãe Maria. Nós, Irmãos Maristas, Formandos, Leigas e Leigos Maristas, Juventudes e colaboradores(as), somos uma grande família nascidos sob o manto de Maria, que São Marcelino Champagnat intuiu como uma das mais marcantes características do carisma marista: uma devoção terna e filial para com a Boa Mãe. A celebração dos 300 anos é uma grande ação de graças. O Ano Mariano vai, certamente, fazer crescer ainda mais o fervor dessa devoção e da alegria em efetivar tudo o que Ele disser (cf. Jo 2,5).


IRMÃOS E LEIGOS(AS) PARTILHAM VOCAÇÕES em formação conjunta Iniciativa expressa sentimentos de família e comunidade O sentimento de identificação é essencial para fortalecer aqueles que diariamente dão continuidade à obra de Champagnat. Tendo em mente a importância de caminhar em sintonia, a Rede Marista inseriu entre seus projetos estratégicos a partilha de vocações de consagrados e membros do laicato – iniciativa que deu origem à primeira edição da Formação Conjunta entre Irmãos e Leigos(as) Maristas, ocorrida de 8 a 10 de maio. O encontro fez parte da preparação para o Capítulo Geral, e segue o movimento global do Instituto de potencializar uma nova relação de comunhão entre os dois grupos. Os 17 participantes reuniram-se na Casa de

Veraneio Jardim do Éden, em Tramandaí, para três dias de oração, estudos, confraternização e planejamentos, tendo como base duas dimensões: Vocação e Relações. Os temas foram escolhidos conforme o Plano de Formação da UMBRASIL, que ainda orienta a abordagem das dimensões da Fé e da Missão. O coordenador de laicato, Edison de Oliveira, conta que, após esse evento inicial, a perspectiva é promover novas experiências para trabalhar todos os quatro tópicos. “É muito importante darmos continuidade ao programa, pois nos proporciona o compartilhamento de especificidades e semelhanças para qualificar a nossa formação, sempre à luz do carisma marista”, explica. Para o Vice-Provincial, Ir. Deivis Fischer, a formação é espaço privilegiado de trocas e diálogos. Presente na primeira edição, ele a avalia como um processo progressivo para aprofundar temas e conhecer os colegas de missão, tanto no âmbito pessoal quanto no de missão marista. “Foi um enriquecimento mútuo de experiências distintas dentro do mesmo carisma”, destaca. Essa proposta de criação coletiva deverá ser mantida na sequência. A ideia é dar continuidade à iniciativa, convidando os Irmãos e Leigos(as) participantes a pensarem, juntos, nos encontros futuros – desde a escolha do local até a concepção da programação.

EXEMPLOS DO INSTITUTO A Formação é inspirada em documentos e experiências positivas do Instituto Marista, como o apelo do 21º Capítulo Geral, que afirma que o futuro do carisma de Champagnat relaciona-se ao caminho partilhado por Irmãos e Leigos(as). Entre as motivações, estão os exemplos internacionais dos encontros de Les Avellanes (2007), Assembleia Internacional de Mendes (2007), Quito (2008), Saint-Paul-Trois-Châteaux (2009) e Chosica (2009) – expressões dos espíritos de família e comunidade, tão presentes na identidade marista.

13


EM FAMÍLIA

VIDAS MARISTAS Elaine Marandini, fé e amor pela missão

ACREDITO QUE FAZ PARTE DA MINHA MISSÃO LEVAR ADIANTE O SONHO DE CHAMPAGNAT, COM AMOR, DEDICAÇÃO E DISPONIBILIDADE.

14

Elaine Marandini é exemplo de como o carisma marca aqueles que o vivenciam. Educadora de História das turmas dos Anos Finais no Colégio Marista São Francisco, ela tem suas trajetórias profissional e pessoal fortemente conectadas à escola, onde há 22 anos segue a vocação de educar para a vida. A professora, formada pela Universidade Federal de Rio Grande (Furg), conta que se inspira diariamente em nosso fundador: “acredito que faz parte da minha missão levar adiante o sonho de Champagnat, com amor, dedicação e disponibilidade”, explica. Sua ligação com o Marista São Francisco começou cedo. A professora conta que tem lembranças do Colégio desde a década de 1970, quando seus irmãos, José Carlos, Pedro e Eduardo Marcelo Gomes, estudaram lá; na época, a instituição contava apenas com estudantes do sexo masculino. “Meu pai chegou


a ser vice-presidente da Associação de Pais e Mestres. Tenho recordações muito grandes desse período”, comenta. A tradição foi mantida por Elaine e pelo marido, Edison: a filha do casal, Verônica, foi aluna marista por toda a vida escolar, da Educação Infantil ao 3º ano do Ensino Médio. Esse orgulho em pertencer se traduz em uma presença marcante na comunidade escolar, a qual Elaine considera sua família. A convivência no dia a dia apurou o seu olhar, o que a possibilitou conhecer de perto aqueles com quem divide a sala de aula. A professora ressalta o comprometimento das crianças e dos jovens, citando o Voluntariado, a participação em ações solidárias e a Pastoral Juvenil Marista (PJM), bastante tradicional no Colégio. “Eles são exemplo em questão de notas e estudo, mas, principalmente, em relação aos valores que carregam consigo. São maristas de coração!”, exclama.

VOCAÇÃO E ESPIRITUALIDADE “Sempre pensei em ser professora, é a minha vocação”, destaca Elaine. O Marista São Francisco não só proporcionou a realização profissional, mas criou fortes vínculos de amizade e confiança. Aos 58 anos, a educadora

reconhece facilmente as mudanças no comportamento dos adolescentes em relação ao início da sua trajetória, em 1995 – motivadas principalmente pela presença constante da tecnologia, que provoca uma aceleração no pensamento e nas atitudes, – acredita. O que se mantém constante, garante, é o carinho dos estudantes. “Minha principal lembrança são os jovens que acompanhei do 6º ao 9º ano EF e que hoje estão no Ensino Médio. São pessoas que marcaram minha vida em todos os sentidos”, salienta. Como não poderia deixar de ser, a aproximação com colegas e estudantes se norteia pela vivência do carisma marista. Integrante da fraternidade Jesus, Maria e José, desde 2016, a professora tem convicção de que a experiência como Leiga fortalece as crenças e os valores cristãos com os quais convive desde pequena. “Acredito que a espiritualidade é expressada por meio de exemplos que transmitimos aos estudantes. O que se diz e o que se faz precisam ser condizentes para que possamos educar para a vida”, analisa. Com uma base tão consolidada, Elaine tem muita fé e amor pela missão. Seu maior sonho é ajudar os jovens a serem pessoas que praticam o bem e seguem os valores cristãos, para que, juntos, possam construir um mundo melhor.

15


EM FAMÍLIA

EXPOSIÇÃO ITINERANTE E COLABORATIVA RELEMBRA a trajetória da Rede Marista Projeto Mala de Memórias percorre a Província para valorizar a nossa história

A ligação dos Irmãos Maristas com suas bagagens é simbólica. Elas representam a disponibilidade do consagrado de se deslocar para onde seu trabalho é necessário, levando o carisma e a missão de Champagnat para os cinco continentes. Com isso em mente, a equipe do Centro de Patrimônio e Espiritualidade Marista (Cepem) criou, em 2017, o projeto Mala de Memórias, exposição itinerante que ajuda a contar a trajetória da instituição por meio de objetos que fizeram parte do cotidiano nos empreendimentos. A ação tem como objetivo valorizar a identidade e as memórias da Rede Marista. Educadores, estudantes, colaboradores, Leigos(as) e Irmãos são convidados a refletir sobre a identidade do Instituto, construindo conhecimentos a partir de partilhas do passado. “Com a iniciativa, criamos uma nova oportunidade de valorizar as pessoas que dão continuidade ao sonho marista, reconhecendo-as como protagonistas da nossa história”, explica Gabriela Carmo, museóloga e responsável técnica do projeto. As malas vêm percorrendo as unidades e comunidades da Província desde 6 de junho, Dia de São Marcelino Champagnat, e continuarão circulando até o fim do ano – em celebração à data e ao bicentenário de nossa fundação.

O projeto foi exposto durante o 7º Fórum Nacional dos Museus, um dos principais encontros de Museologia do país. O Malas de Memórias foi um dos 48 trabalhos selecionados – entre 137 inscritos de todo o Brasil – e participou na categoria Pôster. Entre 30/5 e 4/6, profissionais e estudantes se reuniram no Centro de Eventos da PUCRS para refletir e discutir demandas contemporâneas sobre a área.

16


Projeto reúne e fortalece A NOSSA MEMÓRIA Rede de Centros de Memória Marista visa guardar e compartilhar bens históricos do Instituto

O Centro de Patrimônio e Espiritualidade Marista (Cepem) e o Arquivo Provincial são integrantes da Rede de Centros de Memória Marista, criada em 2016 para possibilitar ações conjuntas que buscam a guarda, a gestão e o compartilhamento de informações dos bens históricos constituídos nos últimos 200 anos. O projeto é idealizado pelo Instituto Marista e conta com o Brasil como ponto inicial para integrar as experiências existentes na Região América Sul, tendo em mente a importância de qualificar nossos acervos culturais e espirituais. A expectativa é que, até 2021, a iniciativa seja reconhecida como um mecanismo que inspira e motiva as Províncias e Regiões de todo o mundo marista, para que a memória seja preservada a partir de práticas eficazes e colaborativas.

PARA ESTUDAR E RELEMBRAR Atualmente, a Rede de Centros de Memória Marista conta com arquivos e memoriais nas três Províncias maristas brasileiras. Confira abaixo como entrar em contato. Também é possível acessar o acervo reunido pela iniciativa no portal da União Marista do Brasil (Umbrasil): umbrasil.org.br/maristas-no-mundo/rede-de-centros-de-memoria-marista. Província Marista Brasil Sul-Amazônia CEPEM (CENTRO DE PATRIMÔNIO E ESPIRITUALIDADE MARISTA) Bom Princípio – RS Fone: (51) 3634.1109 E-mail: cepem@maristas.org.br ARQUIVO PROVINCIAL Porto Alegre – RS Fone: (51) 3314.0300 E-mail: arqprov@maristas.org.br Província Marista Brasil Centro-Sul MEMORIAL MARISTA Curitiba – PR Fone: (41) 3271-6477 E-mail: memorial@grupomarista.org.br ARQUIVO PROVINCIAL Curitiba – PR Fone: (41) 3296-3881 E-mail: mpalicz@grupomarista.org.br MEMORIAL DO COLÉGIO MARISTA ARQUIDIOCESANO DE SÃO PAULO São Paulo –SP Fone: (11) 5081-9070 E-mail: memorialarqui@colegiosmaristas.com.br (Raquel Piñas) Ricardo Pedro – rpedro@colegiosmaristas.com.br União Marista do Brasil Arquivo Permanente da Umbrasil Brasília – DF Fone: (61) 3346-5058 E-mail: secretaria@umbrasil.org.br

HISTORIAL MARISTA Recife – PE Fone: (81) 4009-7787 / (81) 99903-7929 E-mail: historialapipucos@marista.edu.br / nrsilva@marista.edu.br / rafael@marista.edu.br

Província Marista Brasil Centro-Norte CENTRO DE ESTUDOS MARISTAS – CEM Belo Horizonte – MG Fone: (31) 2125-0700 / 2125-0701 / 99199-3345 E-mail: cem@marista.edu.br/ rafael@marista.edu.br Facebook: www.facebook. com/centrodeestudosmaristas

ARQUIVO PROVINCIAL Brasília – DF Fone: (61) 2102-2152 E-mail: secprob@marista.edu.br

17


MISSÃO E GESTÃO

EDUCAÇÃO EVANGELIZADORA INSPIRA o protagonismo juvenil no Rio Grande Colégio Marista São Francisco mobiliza estudantes por meio do carisma de Champagnat 18


Com 103 anos de história, o Colégio Marista São Francisco, no município do Rio Grande, é um alicerce do carisma de Champagnat no litoral sul gaúcho. Espaço de aprendizados e descobertas para cerca de 950 estudantes, a escola tem uma consolidada atuação na evangelização, graças ao esforço conjunto de mais de 100 professores e colaboradores que se envolvem diariamente na missão de educar e formar cidadãos. O resultado do jeito marista de construir novos conhecimentos pode ser facilmente percebido durante o convívio com os estudantes, conforme se orgulha o Diretor, Ir. Claudiano Tiecher. “Temos o privilégio de contar com alunos posicionados, respeitosos e que exercem liderança”, afirma. Um bom exemplo desse protagonismo se encontra na Pastoral Juvenil Marista (PJM). Ao longo do ano letivo, são realizadas diversas atividades com os 132 estudantes participantes, com o objetivo de engajá-los e aproximá-los do carisma de forma atrativa e de acordo com a faixa etária. Entre os destaques está a Copa Cristo, campeonato

que reúne equipes femininas e masculinas de futsal, formadas entre os cerca de 30 grupos de jovens da região. “Resultado da nossa forte ligação com a diocese local, é uma iniciativa única, que motiva e integra os alunos”, reitera o Ir. Claudiano. Contudo, o vínculo com o nosso carisma vai além do âmbito da PJM e se mantém mesmo após o período escolar. Em novembro de 2016, o Colégio inaugurou o primeiro Grupo de Laicato Jovem da Província Marista Brasil Sul-Amazônia, formado por nove ex-alunos que desejam seguir próximos dos valores de Champagnat. Em encontros mensais, eles vivenciam a espiritualidade marista e partilham sonhos, projetos e dificuldades. “Os universitários também participaram de reflexões preparatórias ao Capítulo Geral. Entre as atividades de imersão na realidade local, foram convidados a integrar o projeto Sopão Solidário, promovido pelos estudantes para auxiliar instituições beneficentes do município”, explica o Vice-Diretor, Ir. Jader Henz.

19


MISSÃO E GESTÃO

SOPÃO SOLIDÁRIO O protagonismo característico dos estudantes do Marista São Francisco tem gerado frutos fora dos muros da escola. Na véspera do feriado de Corpus Christi, o projeto Sopão Solidário distribuiu alimentos para moradores de rua e residentes do Asylo do Rio Grande e da Comunidade Terapêutica Vida Nova. A ideia surgiu durante o Encontro de Lideranças, que reuniu integrantes da PJM, do Grêmio Estudantil, Voluntariado e do Conselho de Líderes do Colégio. Juntos, eles foram incentivados a pensar em iniciativas de gestão escolar compartilhada para causar impacto positivo à sociedade. Com cerca de 200 kg de legumes, massas e carnes arrecadados, o Sopão contou com duas edições em 2017 e está previsto para entrar no calendário anual da escola.

20


COLÉGIO RECEPCIONARÁ MAIS DE MIL ESTUDANTES Não por acaso, o Marista São Francisco receberá neste ano o Encontro de Jovens Maristas (EJM). O evento reunirá cerca de 1500 estudantes de grupos da PJM de toda a Província, que, inspirados pelo tema ‘Uma Nova Onda’ e o lema ‘Onde está a vossa fé?’, participarão de momentos de cultivo e partilha. O mote representa movimento, mudança, renovação de ideias e de atitudes, à luz do bicentenário de atuação marista no mundo. Outra simbologia importante é o farol, que sinaliza um caminho a ser traçado. O elemento também está relacionado com a mensagem da carta La Valla: a casa da luz, escrita pelo Superior-Geral do Instituto Marista, Ir. Emili Turú. “Hoje a casa de La Valla continua sendo fonte luminosa que alimenta nossa espiritualidade. Mostra-nos o caminho a seguir, indica uma rota que cada um de nós é convidado a tomar de um jeito único e original”, consolida o documento. O Irmão convida cada qual a ser casa de luz para o outro.

TEMOS O PRIVILÉGIO DE CON­TAR COM ALUNOS POSICIONADOS, RESPEITOSOS E QUE EXERCEM LIDERANÇA IR. CLAUDIANO TICHER - DIRETOR.

Para o Coordenador de Pastoral da escola, Leonardo Estima, a integração entre estudantes é uma parte muito importante do evento. “A chegada das outras unidades traz a mesma alegria de acolher irmãos em nossa casa. O EJM é uma oportunidade de celebrar a trajetória e renovar a fé e a esperança. Temos como ideal a civilização do amor, a partir de Jesus Cristo, e o encontro nos impulsiona nessa missão”, avalia. Construída de forma coletiva, a programação do EJM contará com oficinas, caminhada e debates.

21


MISSÃO E GESTÃO

O TRABALHO COM A JUVEN­TUDE SEMPRE FOI UM PONTO CENTRAL EM MINHA CAMINHADA

to. “Fazer minha profissão perpétua em meio aos jovens é um compromisso reafirmado a cada dia, em ser religioso por eles, com eles e, acima de tudo, construir passo a passo a civilização do amor”, pontua Ir. Fabrício.

IR. FABRÍCIO BASSO

Um dos pontos altos do Encontro é a celebração eucarística – que, neste ano, contará com a consagração definitiva do Ir. Fabrício Basso, integrante da Comunidade Marista do Rio Grande. Organizada pelos próprios alunos, a missa é, também, uma homenagem à atuação dos grupos de jovens, essenciais para o discernimento e a escolha pela vida religiosa do Irmão. “O trabalho com a juventude sempre foi um ponto central em minha caminhada. Existem, sem dúvida, muitas formas de seguir a Cristo, mas o caminho pelo qual optei fazer isso foi por meio do trabalho com os jovens. É onde encontro satisfação e disposição diariamente”, declara. Mais do que isso, o ato litúrgico é uma oportunidade de reforçar o carisma marista e apresentar a vida consagrada aos participantes do even-

22

PRESENÇA TRANSFORMADORA A participação dos estudantes na organização do EJM é reflexo da comunhão entre alunos, educadores e consagrados, tão importantes na educação evangelizadora marista. Para o Ir. Claudiano, é essencial que os Irmãos estejam em meio às crianças e aos jovens, a exemplo da presença transformadora de São Marcelino Champagnat. Esse é um dos caminhos, avalia, para dar continuidade à tarefa de ensinar muito mais do que os componentes do saber, mas formar valores e tocar a alma daqueles que circulam por nossos espaços de missão. “Ver a juventude mobilizada e engajada é uma grande motivação. Temos que seguir próximos a eles para fortalecer esse protagonismo. É algo que tem tudo a ver com o nosso carisma”, finaliza.


Inauguração do prédio onde fica a Sede Marista COMPLETA 50 ANOS Edifício na Rua Ir. José Otão era um local de hospedagem no Centro de Porto Alegre Em 2017, o edifício que abriga a sede das Instâncias Canônica e Corporativa da nossa Província e a estrutura executiva dos Colégios e Unidades Sociais, completa 50 anos de fundação. Inaugurado em 10 de julho de 1967, o prédio foi construído para receber a Residência Provincial, atendendo à necessidade dos Irmãos de ter um local de hospedagem próximo à rodoviária e com fácil acesso aos principais bairros de Porto Alegre. Localizado no número 11 da então Rua Vasco da Gama (hoje Irmão José Otão, em homenagem ao ex-Reitor da PUCRS, responsável pela transferência da Universidade para o campus atual), a construção de sete andares e um terraço foi um marco para a instituição. A cerimônia inaugural contou com a presença do Provincial, Ir. Evaldo Spall, do Arcebispo, Dom Vicente Scherer, e mais de 100 Irmãos, Padres, Madres Provinciais, ex-alunos maristas e representantes

da Associação de Pais e Mestres do Colégio Marista Rosário (Apamecor). Denominada Residência Champagnat, na época já recebia o Provincialato, o Economato e a Secretaria – setores ainda localizados no prédio. Também contava com dependências para a equipe catequética, Comissão de Estudos, Equipe Vocacional, Frente Agrária Gaúcha e para a editora FTD, além de quartos de hóspedes. Antes deste período, a Residência Provincial funcionava em um sobrado na Avenida Independência. No livro, Ação inovadora dos Irmãos Maristas no Sul do Brasil: 1900-2000, o Ir. Nadir Bonini Rodrigues conta que a mudança foi realizada pelos próprios consagrados. “O transporte do material da antiga para a nova sede foi realizada pelos Irmãos, que colaboraram, de modo edificante, na limpeza dos quartos, das janelas e na instalação dos móveis. Foi um trabalho muito estafante”, descreve na publicação.

23


PALAVRA ABERTA

CARTA DO PAPA FRANCISCO aos Maristas em celebração ao bicentenário da nossa missão Ao Irmão Emili Turú Rofes Superior Geral dos Irmãos Maristas Querido irmão!

"ESSES DOIS SÉCULOS DE EXISTÊNCIA SE TRANSFORMARAM EM UMA GRANDE HISTÓRIA DE ENTREGA EM FAVOR DAS CRIANÇAS E JO­VENS, QUE FORAM ACOLHIDOS EM TODAS AS PARTES DOS CINCO CONTINENTES E FORAM FORMADOS PARA SEREM BONS CIDADÃOS E, SOBRETUDO, BONS CRIS­TÃOS.

24

Tenho o prazer de cumprimentá-lo e, através de você, toda a família marista, por ocasião do Bicentenário da fundação da Congregação, durante o qual celebrarão o XXII Capítulo Geral, que acontecerá na Colômbia. Desejaram preparar essa efeméride sob o lema “um novo começo”, onde se encontra sintetizado todo um programa de renovação que supõe olhar com agradecimento o passado, discernir o presente e abrir-se, com esperança, ao futuro. A gratidão é o primeiro sentimento que brota do coração. É necessária essa atitude de reconhecimento para valorizar as obras grandes que Deus fez através de vocês. Ao mesmo tempo, dar graças nos faz bem; ajuda-nos a nos reconhecer pequenos diante dos olhos do Senhor e devedores de uma tradição que nos foi dada sem que tenhamos feito nada. Vocês pertencem a uma grande família, rica de testemunhos, que souberam doar suas vidas por amor a Deus e ao próximo, com esse espírito de irmandade que caracteriza a Congregação e que converte o outro em “irmão muito querido para mim” (Fl 16). Esses dois séculos de existência se transformaram em uma grande história de entrega em favor das crianças e jovens, que foram acolhidos em todas as partes dos cinco continentes e foram formados para serem bons cidadãos e, sobretudo, bons cristãos. Estas obras de bem são expressão da bondade e misericórdia de Deus que, apesar de nossas limitações e inabilidades, jamais se esquece de seus filhos. Todavia, não basta contemplar o passado, mas é necessário realizar um discernimento do momento presente. É correto se examinarem e é bom que o façam à luz do Espírito. Discernir é reconhecer com objetividade e caridade


o estado atual, confrontando-o com o espírito fundacional. São Marcelino Champagnat foi um inovador para o seu tempo no âmbito educativo e da formação. Ele mesmo experimentou a necessidade do amor para poder conseguir fazer brilhar as potencialidades que cada criança tem escondidas dentro de si. Seu santo fundador dizia: “A educação é para a criança o que o cultivo é para o solo. Por melhor que seja um terreno, se permanecer inculto, não produzirá senão espinhos e abrolhos”. A tarefa do educador é de entrega constante e tem uma carga de sacrifício, no entanto a educação é coisa do coração e isto a faz diferente e sublime. Ser chamados a cultivar exige, primeiro de tudo, cultivar a si mesmos. O religioso educador tem que cuidar do seu campo interior, das suas reservas humanas e espirituais para poder sair a semear e cuidar do terreno que lhe confiaram. Devem ser conscientes de que o terreno que trabalham e modelam é “sagrado”, vendo nele o amor e a marca de Deus. Com essa dedicação e esforço, fieis à missão recebida, contribuirão à obra de Deus, que lhes chama a ser simples instrumentos em suas mãos. Finalmente, animo-os a que se abram com esperança para o futuro, caminhando com espírito renovado; não é um caminho diferente, mas vivificado no Espírito. A sociedade hoje precisa de pessoas sólidas em seus princípios que possam dar testemunho daquilo que

creem e assim construir um mundo melhor para todos. Serão guiados nesse caminho pelo lema do vosso Instituto religioso, que é em si um projeto de vida: “Tudo a Jesus por Maria; tudo à Maria para Jesus”. Trata-se de confiar em Maria e se deixar guiar por ela na sua humildade e serviço, na sua prontidão e entrega silenciosa; são atitudes que o bom religioso e educador tem que transmitir com seu exemplo. Os jovens reconhecerão, em seu modo de ser e atuar, que existe algo de extraordinário e compreenderão que vale a pena não só aprender esses valores mas, sobretudo, interiorizá-los e imitá-los. Maria os acompanhará nesse propósito e, com ela, ratificarão sua vocação, contribuindo a criar uma humanidade sempre e continuamente renovada, onde o vulnerável e o descartado sejam valorizados e amados. Este futuro que desejam e que sonham não é uma utopia: constrói-se desde hoje, dizendo “sim” à vontade de Deus na certeza de que ele, como Pai bom, não decepcionará a nossa esperança. Agradeço ao Senhor e à Maria, nossa Boa Mãe – como São Marcelino gostava de chamá-la – a presença na Igreja de vossa vocação e serviço, e peço para vocês o dom do Espírito Santo para que, movidos por ele, levem às crianças e jovens, assim como a todos os necessitados, a proximidade e a ternura de Deus. Vaticano, 10 de abril de 2017.

25


PALAVRA ABERTA

Em 6 de junho, maristas de todo o mundo celebraram o Dia de São Marcelino Champagnat. Para marcar a data, a Província Marista Brasil Sul-Amazônia promoveu uma missa na Catedral Metropolitana de Porto Alegre. Confira abaixo a mensagem do Provincial, Irmão Inacio Etges.

Mensagem do IR. INACIO ETGES IR. INACIO NESTOR ETGES Temos, hoje, a grande alegria de celebrar a vida de nosso amável Fundador. Queremos render graças a Deus pelo dom dado a São Marcelino Champagnat em favor de tantas crianças, adolescentes e jovens. Champagnat, a quem celebramos neste 6 de junho, foi um homem sábio, santo e bom. Sábio não por ser um intelectual brilhante, mas porque soube ouvir o grito de socorro das crianças e dos jovens desesperançados de sua época, sem perspectiva de vida digna na sua integralidade; e porque soube ler os sinais dos tempos, da vulnerabilidade existencial de praticamente toda a juventude. Santo porque se deixou conduzir pelo Espírito do Senhor, Espírito que acendeu em seu coração uma chama que, como sarça ardente, inquietava-o dia e noite. Bom porque se deixou transformar por esse mesmo Espírito de Deus, e porque decidiu abrir mão de seus projetos pessoais para se dedicar, com todas as energias, a responder aos clamores das crianças e dos jovens, especialmente os mais pobres. Com essa sabedoria, santidade e bondade de vida, nosso Fundador inaugurou uma revolução do coração e acendeu uma luz na história. Seu ideal de vida continua atual, presente e dito de muitos jeitos por pessoas e instituições: “Escutar a Deus onde a vida cla-

26

ma”. Hoje ouvimos os gritos dos últimos, das criança e adolescentes que clamam por mais vida, escutamos o clamor de jovens em situação de vulnerabilidade existencial e à espera de corações sensíveis, capazes de acolhê-los e mediar um caminho cujo horizonte aponte para um sentido maior. Sabemos dos muitos desertos geográficos que estão dizimando a natureza, o meio ambiente, a nossa Casa Comum, como diz nosso Papa Francisco. Mas existem desertos ainda mais profundos, invisíveis aos olhos desatentos do mundo. São os desertos áridos que habitam o coração de muitos jovens, crianças, adolescentes e adultos. Nós, Maristas de Champagnat, somos convocados a ler esses sinais dos tempos e, com sabedoria, dar respostas adequadas. Se o fizermos, manteremos vivos os ideais de Marcelino. Somos, hoje, os cuidadores responsáveis por manter acesa essa luz. Façamos, pois, a “revolução” do coração! Sejamos verdadeiros buscadores de Deus. Neste tempo em que celebramos e construímos um novo começo, peçamos as bênçãos de Maria, nossa Boa Mãe, inspiremo-nos em La Valla, a Casa da Luz, e vivenciemos este tempo em espírito de gratidão, perdão e compromisso! A todos, uma feliz festa de São Marcelino Champagnat! Obrigado!

Provincial da Província Marista Brasil Sul-Amazônia / Presidente da Rede Marista


Vivendo o TEMPO DA GRAÇA REGINA BIASIBETTI, COLABORADORA E VOLUNTÁRIA MARISTA Eu acredito que nossas vidas e nossas escolhas são moldadas a partir daquilo que experienciamos. ‘Experienciar’, no seu sentido mais pleno e profundo, é deixar-se envolver, deixar-se tocar, deixar-se transformar. A partir dessa crença, trilho meu caminho e concretizo meu projeto de vida. Não é a experiência por si, mas o que quero levar até ela e o que quero levar dela. Minhas últimas férias foram diferentes, em terras mais distantes, mas com uma família que conheço faz anos. A comunidade da Escuela Marista, na Cidade da Guatemala, me recebeu de braços e coração abertos, trazendo presente o espírito de família que corre mundo marista afora. A comunidade fica dentro da escola, que se localiza na Zona 6 (Chinautla), na capital guatemalteca. A instituição ficou conhecida no início dos anos 1990 pelo trágico assassinato do Irmão Moisés Cisneros Rodríguez, diretor na época. A Zona 6 é considerada zona roja, ou seja, um cenário de violência e pobreza, que enfrenta muitos desafios no que tange à educação e ao cuidado com a vida.

Éramos uma comunidade formada por seis irmãos (Ir. Jesus, Ir. Victoriano, Ir. Carlos, Ir. Santiago, Ir. Gerardo e Ir. Alfredo, o animador) e eu, como Leiga. Procurava participar ativamente da vida comunitária (orações, missas, refeições, passeios) e isso me fez aprofundar no ser comunidade também. Em torno à mesma mesa conseguia me sentir parte da casa, eu não era somente uma visita, sentia que minha presença era bem-vinda, que podia somar. A Escuela Marista tem cerca de mil alunos, com educação infantil, ensino fundamental e médio. Pelas manhãs, a aula iniciava cedo, o primeiro timbre soava às 7h05. E lá estava eu, a caminho das salas das turmas preparatórias. Crianças de 5 e 6 anos, repletas de vida, de sorrisos, de miradas. Os olhares que cruzei neste tempo não foram poucos. Cada um tem sua linguagem, tem sua oratória, sua mensagem. O convívio diário com as crianças nos faz mais humanos e nos faz, também, mais atentos. As necessidades deles eram diversas: desde amarrar o cadarço, passando por ajudar a utilizar a tesoura e lavar as mãozinhas

27


PALAVRA ABERTA

marcadas de tinta, até sentar com elas e mostrar como se faz a tarefa, como se monta um quebra-cabeça, como se escreve a letra A. O trabalho era intenso. Havia duas turmas de 40 ninõs y niñas, com somente uma professora por turma. Eu me revezava, ficava um dia em cada classe, então acabei convivendo com todos(as) e me afeiçoava cada dia mais. Crianças são sinceras e muito carinhosas, sempre me esperavam com abraços e sorrisos, e é disso que mais sinto falta. Cada uma tinha suas preferências de brincadeira, de amizade,

28

de cores, sua maneira de realizar uma tarefa, sua maneira de solicitar para ir al baño e, o mais lindo, cada uma tinha seu tempo. É tão bonito quando conseguimos perceber e respeitar isso. Desde pequenos, cada um de nós tem um tempo, tem sua maneira, elege suas prioridades. O que faz com que Juan opte por pintar a arara de verde? E Heidy o navio de roxo? O que faz a Daniela desenhar corações em volta dos gatinhos e o Hector nem tê-los visto no cantinho da folha? Crianças carregam uma verdade muito pura, um ser muito fluido. Não têm frescura, não têm preocupação. Sobra simplicidade. As minhas tardes eram dedicadas ao setor de Pastoral. A coordenadora era a Lesli - temos a mesma idade - e logo vi que dali poderia surgir uma amizade bonita. Ajudei-a na preparação de algumas formações, na organização de alguns espaços da escola, na digitação de avaliações. Compartilhamos muito das nossas realidades: como são os processos formativos na América Central, como se organizam os grupos de Remar (aqui conhecidos por PJM) e de voluntariado, como é dinamizada a formação marista dos alunos. Mas, o mais especial era compartilhar o carisma que nos une, era falar do nosso amor por este legado tão caro a nós. Como é bonito cruzar a América e descobrir pessoas tão engajadas na missão marista, falar a mesma língua, ainda que em idiomas diferentes. Havia um número 200, feito em tamanho grande, visível de longe, colado na parede da capela. Abaixo do desenho (onde no lugar dos zeros havia duas violetas), estava escrito: Maristas, compartimos nuestra espiritualidad. Todos os dias me remetia ao meu estar ali, ao meu por quê estar ali. Vivenciar essa espiritualidade, em uma unidade marista na periferia da Cidade da Guatemala, só me faz acreditar ainda mais no projeto de Jesus de Nazaré. Primeiro, pela unidade que conseguimos nos tornar, tendo a certeza de que juntos sempre vamos mais longe e, segundo, pela comunhão que conseguimos realizar, engajando muitas pessoas nesse projeto tão bonito. Podem ter sido 33 dias no calendário, mas no coração foram incontáveis. Quando se tem uma experiência assim, de doação, de gratuidade, de bem-querer, não se vive o tempo do relógio, se vive o tempo da graça.


BOA NOVA

RETROSPECTIVA

1

2 1. Abril | A turma 2017 do Curso de Extensão em Patrimônio e Espiritualidade Marista (PEM) realizou o primeiro módulo da formação. 2. Abril | A Páscoa foi celebrada em toda a Província. 3. Abril | Assessores/as e animadores/as da PJM participaram de um encontro, onde refletiram sobre as dimensões da formação integral. 4. Abril | Cerca de 80 Padres, Irmãos, Leigos/as e jovens participaram do primeiro Encontro da Família Marista, em Ribeirão das Neves (MG).

3

5. Abril | Estudantes dos Colégios da Rede Marista debateram sobre liderança no Encontro de Grêmios Estudantis.

4

5

29


BOA NOVA

6

7

8

9

6. Maio | Os Irmãos da Casa São José debateram sobre histórias e memórias em uma roda de conversas sobre o filme Narradores de Javé. 7. Maio | O Programa de Formação Marista de Colaboradores contou com oficinas de capacitação que abordaram os temas Projeto de Vida e Infâncias. 8. Junho | Para celebrar o Dia de Champagnat, Irmãos, Leigos(as) e colaboradores iniciaram duas correntes do bem: a Rede Sanguínea e a Rede do Livro 9. Junho | Com o tema Experiência de Deus, o Retiro de Irmãos e Leigos(as) reuniu 26 participantes no Recanto Marista Medianeira. 10. Junho | O Vestibular de Inverno da PUCRS levou cerca de 2 mil candidatos ao campus da universidade. Em 2017 o processo seletivo passou por reformulações – entre as mudanças está a possibilidade de ingresso via Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

30

10


TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

CENTRO TECNOLÓGICO AUDIOVISUAL DO RS – TECNA Em abril de 2017, a PUCRS inaugurou o estúdio de cinema mais moderno do país. O Centro Tecnológico Audiovisual do Rio Grande do Sul (Tecna) é uma iniciativa realizada em parceria com a Fundação de Cinema (Fundacine) e o Governo do Estado, e abriga uma infraestrutura que conta com estúdio de TV com 300m², paredes e pisos acústicos e áreas de apoio com camarins, banheiros, figurinos, espaço para arte e produção de vídeo. Localizado no Tecnopuc Viamão, o estúdio é utilizado para cursos e encontros de formação de profissionais do setor audiovisual. 31


XXXX

Doação de sangue e de livros, revitalização de espaços públicos, aulas de português para imigrantes e visitas a pacientes internados em hospitais são algumas das mais de 100 iniciativas já cadastradas no Maristas em Rede. O projeto propõe a realização de duzentas ações para deixar um legado à sociedade no ano do bicentenário da missão marista no mundo.

A contagem continua! Para participar, proponha uma iniciativa ou seja voluntário nas ações já cadastradas. 32 Acesse e saiba mais: maristas.org.br/emrede


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.