Circular provincial 1 | 2018

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Circular

PROVINCIAL Ano 17 | Edição nº 1/2018 | Província Marista Brasil Sul-Amazônia

COLABORAÇÃO PARA A MISSÃO INTERNACIONAL

SOMOS CONCLAMADOS A COLOCAR OS PÉS NO BARRO PG. 13

Documento difunde apelos do XXII Capítulo Geral PG. 7

Cristãos de todo o Brasil celebram o Ano Nacional do Laicato PG. 10

Região América Sul apresenta Secretário Executivo 1 PG. 18


Composta pela convergência dos nove países que têm a Floresta Amazônica como parte de seu território, a Rede Eclesial PanAmazônica (Repam) é um organismo que aposta no protagonismo dos povos da região na defesa e cuidado da casa comum por meio de um serviço de interconexão e articulação de ações. Estas fotos ilustram algumas das realidades em que a instituição está inserida e atua.

Expediente CIRCULAR PROVINCIAL Província Marista Brasil SulAmazônia | Rede Marista

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PROVINCIAL: Ir. Inacio Nestor Etges CONSELHO PROVINCIAL: Ir. Deivis Alexandre Fischer, Ir. Evilázio Francisco Borges Teixeira, Ir. Lauro Francisco Hoschscheidt, Ir. Manuir

José Mentges, Ir. Odilmar José Civa Fachi SECRETÁRIA PROVINCIAL: Elaine Strapasson Faccin JORNALISTA RESPONSÁVEL: Guilherme Felice Endler (MTB 17493)

CONTEÚDO: Guilherme Felice Endler REVISÃO: Irany Dias COLABORAÇÃO: Secretaria e Arquivo Provincial PRODUÇÃO: Assessoria de Comunicação e Representação Institucional

ENDEREÇO: Rua Irmão José Otão, 11 – 90035-060 – Porto Alegre/RS – Brasil – Fone: (51) 3341 0300 secprov@maristas.org.br www.maristas.org.br PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Design de Maria www.designdemaria.com.br


ARTIGO DO PROVINCIAL

A VIDA É FAROL E PONTE quando se busca um novo horizonte IR. INACIO ETGES | Provincial/Presidente

Estimados Irmãos e Formandos Maristas! Ainda estamos sob forte impacto do XXII Capítulo Geral. E é bom que seja assim, pois desejamos que a experiência vivida pelos Capitulares seja, de uma ou de outra forma, vivenciada e experienciada por todos os Irmãos e Leigos/as Maristas de Champagnat. Isso significa corresponsabilizar-se por essa riqueza ímpar, fruto de muita reflexão e de discernimento. A Divina Ruah nos convoca a ser místicos e profetas no mundo emergente em que vivemos, a ser luz (farol) e ponte para nossos coirmãos, colaboradores, familiares, crianças, adolescentes e jovens. Como vemos repetidamente, hoje faltam ao mundo referenciais e lideranças consistentes (políticas, intelectuais, culturais), faltam sinais inequívocos e dignos de credibilidade. O XXII Capítulo Geral, como assembleia internacional e intercultural, tem uma força peculiar. Trata-se de uma experiência concreta de vivência e revitalização do carisma, vivida numa profunda comunhão e em clima

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ARTIGO DO PROVINCIAL

1. OLHAMOS MARIA

SENTIMOS REPETIDAS VEZES, DU­RANTE O CAPÍTULO, UMA MOÇÃO PARA FORTALECER-NOS COMO CORPO GLOBAL, NO MUNDO MARISTA.

de fraternidade, por um grupo de pessoas que se deixou guiar pelo Espírito do Senhor. Não é um testemunho pessoal, mas comunitário, de como podemos ser profetas e místicos horizontais diante dos grandes desafios que nos lança o mundo emergente. Por isso, sem desejar multiplicar novos textos, nesta Circular Provincial retomo alguns extratos do discurso do Ir. Ernesto Sánchez Barba, nosso Superior-Geral, no encerramento do Capítulo Geral, que traduzem um pouco da experiência vivida pelos Capitulares:

O NOVO COMEÇO JÁ INICIOU! (Extratos do Discurso do Ir. Ernesto Sánchez no encerramento do XXII Capítulo Geral) Há alguns dias recebíamos um vídeo de saudação de um numeroso grupo de jovens, reunidos em Porto Alegre (Brasil), os quais, a uma só voz diziam: o “Novo Começo já iniciou”. Entusiasmou-me escutar estas palavras, justamente porque vinham dos jovens. Foi como escutar a voz de alguém que nos estivesse olhando, através da grande janela desta sala capitular, durante as seis semanas e, levantando a voz, batendo um pouco na vidraça nos dissesse: “Irmãos e Leigos/as reunidos no Capítulo, vocês já estiveram experimentando esse Novo La Valla. Em continuação, olhei a imagem de Maria de Fourvière, a Mesa de La Valla, e o quadro da Última Ceia, fortes símbolos que estiveram presentes em nossa sala capitular. Baseado nesses símbolos, ocorreu-me organizar algumas ideias que hoje partilho com vocês.

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Ao olhar a imagem de Maria, que nos acompanhou ao longo destas semanas, procurei acercar-me de seu coração, como fazia Champagnat, e imaginei, por uns instantes, o que pode ter acontecido em seu interior, instantes depois de ter-se atrevido a dar um sim confiado e aventurado a Deus (cf. Lc 1,38). Creio que somente um coração livre e cheio de fogo foi capaz de aceitar o começo de algo novo, inusitado, desconhecido... mesmo que os planos tivessem mudado totalmente em instantes... De imediato dirige-se à região montanhosa para encontrar-se com Isabel (cf. Lc 1,39) e, meses depois, nos dá Jesus (cf. Lc 2,7). Podemos imaginar também o que se passava no coração de Maria, prestes a dar à luz, com o susto e a angústia de não encontrar um lugar digno para receber a criança (Lc 2, 7). E, de novo, creio ter sido graças a seu coração livre e cheio do calor de Deus que ela foi capaz de acolher a novidade. Junto com o ânimo e a fortaleza que sentimos nestes momentos, possivelmente também nos acompanhem alguns medos, ao imaginar nosso regresso às diferentes realidades, onde encontraremos, com certeza, uma grande acolhida, desafios, e mais de uma situação difícil ou complicada a enfrentar... Ou, quem sabe, o medo que possamos sentir diante do saber deixar algumas coisas para permitir que outras nasçam, como falamos tantas vezes ao longo do Capítulo. Como no caso de Maria, somente se contarmos com um coração livre e ardente seremos capazes de acolher a novidade, e dar Jesus ao mundo.

2. A MESA DO NOVO LA VALLA Junto a Maria, acompanhou-nos a mesa de La Valla, símbolo claro e atrativo para todos quantos vibramos hoje, em profundidade, com o carisma de Marcelino. Uma mesa na qual há lugar para todos: Irmãos, Leigos/as maristas, tantos educadores, educadoras e pessoas servindo nas obras maristas, crianças, jovens, ex-alunos, famílias, junto com sacerdotes, religiosos e religiosas que alimentam seu caminhar vocacional a partir das fontes maristas...


Uma mesa que acolhe a todos os maristas de Champagnat. Mesa da qual todos podem se aproximar. Esta é a maravilha desse dom à Igreja e ao mundo, que nos faz sentir uma grande família no carisma marista. A mesa que Champagnat construiu se apoia equilibradamente em quatro pernas, que bem poderiam ser como quatro importantes pilares deste Novo Começo: • O primeiro, nossa incansável busca de sentido, nossa busca de Deus; • O segundo, formar famílias que cuidam da vida e que geram vida; • O terceiro, ser profetas de dignidade humana, presentes entre as crianças e os jovens mais vulneráveis e sem voz; • O quarto, ser presença curadora e co-criadora de nossa casa comum.

3. AMOR E SERVIÇO, A LIDERANÇA DE JESUS Finalmente, junto à imagem de Maria de Fourvière e à mesa de La Valla, sustentada nesses quatro pilares, quero aludir à terceira imagem de minha alocução. Faço-o, dirigindo-me em particular a vocês, Provinciais e Superiores de Distrito, membros do Conselho-Geral, Leigos/as e jovens convidados ao Capítulo. Apreciando o mural que nos acompanhou nesta sala capitular, desde o começo, recordamos o núcleo da liderança de Jesus: ser servidores, amar-nos uns aos outros, lavar os pés... Parece-me que sentimos repetidas vezes, durante o Capítulo, uma moção para fortalecer-nos como corpo global, no mundo marista. Este movimento poderá tornar-se realidade se cada um de nós tomar a sério este chamado. A transparência na comunicação, assim como a abertura e a disponibilidade, serão pontos-chave para avançar. Necessitamos de uma organização e algumas estruturas que não sejam muito pesadas, ou melhor, sejam flexíveis e adaptadas, que gerem vida. Com nossas Unidades Administrativas, Regiões e Administração Geral, podemos continuar a criar redes e a adaptar, se necessário, nossas formas organizativas, em vista da vitalidade do carisma e da missão.

ESTA É A MARAVILHA DESSE DOM À IGREJA E AO MUNDO, QUE NOS FAZ SENTIR UMA GRANDE FAMÍLIA NO CARISMA MARISTA.

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ARTIGO DO PROVINCIAL

AGRADECIMENTO E CONCLUSÃO Gostaria de terminar expressando a cada um dos participantes e convidados ao XXII Capítulo Geral uma palavra de agradecimento por sua entrega e paixão vividas durante essas seis semanas. O quadro da Última Ceia, que nos acompanhou durante o Capítulo – além de chamar-me atenção ver, entre os discípulos ao redor de Jesus, rostos de homens e mulheres, de jovens, símbolo forte do que hoje queremos ser como Igreja-comunhão –, atraiu-me muito a atenção ver sobre a mesa os cinco pães e os dois peixes do jovem da multiplicação dos pães (cf. Jo. 6). Recorda-me que esse jovenzinho foi capaz de desprender-se e dá-los a todos... e aconteceu o sinal da multiplicação. Creio que, se cada um dos presentes for capaz de soltar, de soltar-se, de dar-se sem reservas, a multiplicação será evidente. Como Capitulares, fomos privilegiados ao sermos convocados para viver esta rica ex-

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periência. Privilégio que se converte em compromisso. Nosso encontro com o Papa Francisco, em Medellín, no início do Capítulo, nos confirma na esperança e na tarefa de continuar construindo uma Igreja com rosto mariano. Que Maria, mulher que foi capaz de criar um lar no qual gerou vida nova e dela cuidou, siga animando-nos e acompanhando. Champagnat repetiu com frequência: “Maria, esta é a tua obra”, e isso me dá confiança total de que Ela também seguirá encarregando-se deste Novo La Valla. Dela também ouvimos essa palavra sentimos: O Novo Começo já iniciou! Mãos à obra para seguir construindo-o! Muito obrigado! Ir. Ernesto Sánchez A versão completa do discurso do Superior-Geral está disponível no site do Instituto (http://www.champagnat.org/shared/bau/ErnestoDiscorso_CapGen_PT.pdf). Recomendo a leitura e reflexão individual e comunitária.


Palavras que NOS GUIAM Documento difunde apelos do XXII Capítulo Geral entre os maristas de Champagnat O XXII Capítulo Geral segue ecoando em todo o mundo marista. Os resultados dos 44 dias nos quais Irmãos e Leigos/as dos cinco continentes estiveram reunidos em Rionegro, na Colômbia, foram compilados em um documento publicado pelo Instituto Marista. Com o tema Caminhamos como Família Global, a publicação reúne as conclusões e apresenta os cinco apelos propostos para guiar nossa missão pelos próximos oito anos, com versões em português, inglês, francês e espanhol. A mensagem também conta com uma seção de princípios e sugestões, com o intuito de orientar a caminhada de Irmãos, Leigos/as e colaboradores a partir de cinco pilares: Vocação dos Irmãos, Missão, Maristas de Champagnat, Estilo de Governo e Gestão e Uso dos Bens. O documento impresso foi enviado a todos os Irmãos da Província Marista Brasil Sul-Amazônia e para os colaboradores das

instâncias Corporativa e Canônica, em Porto Alegre (RS). Segundo o Vice-Provincial, Ir. Deivis Fischer, essa distribuição é necessária para manter a sintonia entre aqueles que dão continuidade à missão de Champagnat. “É de suma importância que Irmãos, Leigos/as e colaboradores tenham acesso ao conteúdo, para que essas mensagens possam se efetivar em nossas vivências, em nosso cotidiano. A ideia do Capítulo é justamente encontrar ressonância, direcionando a ação marista no mundo, por isso os cinco apelos inspiram questões concretas em nossa vocação, vida e missão”, analisa. Para que o conteúdo esteja ainda mais acessível, o Instituto lançou uma plataforma digital com o texto na íntegra, que também conta com galerias de fotos e seção de vídeos com bastidores do Capítulo. O acesso pode ser feito através do link http://lavalla200. champagnat.org/.

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VIDA EM COMUNIDADE

A IMPORTÂNCIA DA vivência intercultural Jovens aprofundam sua vocação em espaços de formação no Brasil e na Bolívia A partilha, o espírito de família e a convivência fraterna são essenciais durante a formação dos Irmãos Maristas. Tendo como base a experiência em comunidade, Vocacionados, Postulantes e Noviços estudam, cultivam a espiritualidade e aprofundam a vida consagrada em diversos espaços de missão. Em 2018, nossa Província conta com Formandos localizados no Rio Grande do Sul, na Região Amazônica, Espírito Santo, Ceará e em Cochabamba (Bolívia). Em entrevista concedida antes de embarcar para o Noviciado Interprovincial da Região

América Sul, em Cochabamba, o Ir. Luciano Taminski destacou a interculturalidade da experiência. “Pretendo aproveitar ao máximo essa vivência para agregar valores e conhecimento. É uma oportunidade de abrir olhares para novos jeitos de pensar e viver o mundo. Quero aprender muito com todos”, afirmou. Além de Irmãos de diversos países da América do Sul, o Ir. Luciano se junta aos Irmãos Raimundo de Paiva e Antonio de Menezes, respectivamente Noviços de primeiro e segundo ano, e ao Ir. Sebastião Ferrarini, que atua como formador.

Conheça os outros jovens que vivem esse processo de discernimento e amadurecimento da vocação:

Comunidade Marista Mãe de Deus Porto Alegre/RS (Postulado)

Comunidade Marista de Maraponga Fortaleza/CE (Postulado Interprovincial)

Donavan Machado (Santo Ângelo/RS)

Anderson Arantes (Manaus/AM)

Yago Machado Silva (Jari/RS)

Antônio José Lima da Silva (Tarauacá /AC)

Ricardo Marquez Franke Medeiros (Santo Ângelo/RS)

Luciano Costa (Porto Walter/AC)

Noviciado Interprovincial da Região América Sul | Cochabamba (Bolívia)

Antônio Raí Costa de Menezes (Porto Walter/AC)

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Raimundo Aquino de Paiva (Tarauacá/AC)

Luciano Taminski (Lindolfo Collor/RS)


EXPERIÊNCIA EM COMUNIDADES MARISTAS Comunidades Maristas de Cruzeiro do Sul e de Rio Gregório Acre (Vocacionados farão a experiência em períodos intermitentes.) • Alexandre do Nascimento Lima (Sena Madureira/AC) • Fabiano da Silva Aquino (Guajará/AM) • Magno Souza da Silva (Porto Walter/AC) • Marlison Souza da Silva (Porto Walter/AC)

Comunidade Marista Santa Marta | Santa Maria/RS (Vocacionado de Ensino Médio em período de estágio) João Pedro Würzius Zambenedetti (Espumoso/RS)

Comunidade Marista do Cesmar Porto Alegre/RS Eduardo Kipper (Dois Irmãos/RS)

Comunidade Marista das Ilhas Porto Alegre/RS Juan Pablo Menezes Soares (Santa Maria/RS)

Comunidade Marista Nossa Senhora da Penha Vila Velha/ES (Pré-Postulado) Miterran de Lima Marques (Tarauacá/AC)

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EM FAMÍLIA

Homenagem e gratidão À VOCAÇÃO LAICAL Cristãos de todo o Brasil celebram o Ano Nacional do Laicato Entre 26 de novembro de 2017 e 25 de novembro de 2018, a Igreja do Brasil celebra o Ano Nacional do Laicato. O objetivo é aprofundar a identidade, vocação, espiritualidade e missão de Leigos/as de todo o país, a partir do tema Cristãos Leigos e Leigas, sujeitos na Igreja em saída, a serviço do Reino e do lema Sal da Terra e Luz do Mundo (Mt 5, 13-14). Para isso, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) constituiu uma Comissão Episcopal Especial para conclamar regionais, dioceses, paróquias, comunidades, pastorais, movimentos, e as diferentes expressões laicais a desenvolver atividades celebrativas. Segundo Dom Severino Clasen, Bispo de Caçador (SC) e presidente da Comissão, o período aborda a mística do apaixonamento e seguimento a Jesus Cristo. “Isso leva o cristão Leigo a tornar-se, de fato, um missionário na família e no trabalho, onde estiver vivendo”, declarou na carta de conclamação ao período. As celebrações sugerem o estudo e a prática do documento 105: Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade e os demais documentos do Magistério, em especial os de autoria do Papa Francisco. O período reúne

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seminários temáticos, encontros de reflexão e assembleias. Entre os destaques, está o Congresso Latino-Americano e Caribenho sobre Laicato, promovido pelo Conselho Episcopal Latino-Americano (sigla Celam, em espanhol) na cidade de Mariápolis (SP), em novembro deste ano. Nossa Província trabalhou o tema no Encontro de Animadores e Assessores do MChFM, realizado nos dias 17 e 18 de março deste ano, em Porto Alegre. A partir dos diálogos e resoluções do evento, as Regionais vêm estudando o documento 105 conforme as realidades de cada Fraternidade. Segundo o Coordenador Provincial do MChFM, Edson Schirmer, o evento foi importante para enfatizar a Igreja em Saída proposta pelo Papa Francisco. “Compartilhamos no encontro experiências nos âmbitos vocacional, social, paroquial e nas comunidades de fé em que Irmãos e Leigos/as realizam seu protagonismo e missão”, explica. Para ele, essa partilha evidencia o Laicato como uma expressão conjunta. “Temos a convicção de que juntos, Irmãos e Leigos/as, reforçaremos nosso protagonismo e a missão neste mundo tão diverso”, pontua Schirmer.


VIDAS MARISTAS Regina Biasibetti, coragem para criar asas Buscar o Reino de Deus tornando o nosso entorno um lugar melhor. Essa é a premissa que guia Regina Biasibetti, a Nina, desde a adolescência. Ex-aluna do Colégio Marista São Luís, em Santa Cruz do Sul (RS), a hoje analista de Coordenação de Vida Consagrada e Laicato (VCL) tem a formação marista como parte essencial da sua trajetória. Ela atua como voluntária desde a época de escola, quando fez parte do Grêmio Estudantil e da Juventude Marista (Jumar), atualmente, da Pastoral Juvenil Marista (PJM) – o que sempre a motivou a ser protagonista e a transformar realidades. Após a conclusão do Ensino Médio, em 2005, Nina se mudou para Porto Alegre para cursar Farmácia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mas continuou participando da equipe de apoio do Jumar. Seguiu os estudos na área – hoje é Doutora em Bioquímica – e manteve coração e mente focados na atuação voluntária. “Sempre acreditei

que conseguiria ajudar mais as pessoas a partir da formação acadêmica”, explica. Graças ao vínculo com o grupo de jovens, foi convidada para o Vidamar I e II, respectivamente em 2010 e 2012, experiência que a marcou profundamente. “Foi ali que percebi que precisava criar asas”, declara.

SEM FRONTEIRAS Após as experiências de voluntariado em Santa Cruz e em Porto Alegre – em 2012 participou dos projetos Histórias de Vida e Pastoral da Saúde, ambos do Hospital São Lucas – Nina partiu em missão para Kuito, em Angola. Lá atuou na Escola de Formação de Professores São José, entre março e dezembro de 2013, ministrando aulas de Biologia e Química e coordenando um grupo de vôlei, esporte que pratica semanalmente. “Missionário precisa ir para onde é mais necessário. Avisei ao Instituto que tinha interesse de ir para a África, mas que

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EM FAMÍLIA

DEVEMOS SAIR DA NOSSA ZONA DE CONFORTO, SER A IGREJA EM SAÍDA PEDIDA PELO PAPA FRANCISCO

podiam escolher o país em que precisavam de mim. Acabei me apaixonando por Angola e pelo seu povo”, conta. Além do desafio de estar fora do Brasil, na época a voluntária precisou trancar o Doutorado e abrir mão da bolsa que tinha na UFRGS. Decisões que acabam se tornando óbvias para quem pulsa pela missão: “ver a felicidade alheia me encanta”, exclama. No retorno de Angola, surgiu o convite para trabalhar na Coordenação de Vida Consagrada e Laicato. Com a função, Nina não só pode dar continuidade à vivência do carisma como profissional, mas também se aprofunda e constrói novos conhecimentos sobre o patrimônio espiritual marista diariamente. Como não poderia deixar de ser, o voluntariado segue tendo papel fundamental. Em 2017, teve a oportunidade de passar 33 dias em missão na Escuela Marista, localizada na Cidade da Guatemala (conforme descreve no artigo Vivendo o tempo da graça, publicado na Circular Provincial nº 2/2017). Agora, após criar asas, ela se prepara para voos ainda maiores.

SAIR DA ZONA DE CONFORTO Nina será a primeira integrante de nossa Província a participar do La Valla 200, projeto do Instituto Marista que conclama Irmãos e Leigos/ as a manifestar uma disponibilidade global para atuar fora de seus países de origem. Nos meses de maio e junho deste ano, ela se juntará a maristas de todo o mundo para um curso preparatório em Monte San Martino, na Itália

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e l’Hermitage, França. Em seguida, retorna a Porto Alegre para encaminhar sua ida a um dos cinco locais fora da América do Sul que contam com Comunidades Internacionais Maristas: Cidade do Cabo (África do Sul), Siracusa (Itália), Moinesti (Romênia), Sidney (Austrália) e Nova Iorque (EUA). No nosso continente, a Comunidade está localizada em Tabatinga, no Amazonas (saiba mais na matéria da página 16). A Leiga conta que discerne sobre a experiência desde que leu a carta Montagne: a dança da missão, publicada pelo Ir. Emili Turú em 2015, primeiro dos três anos dedicados à preparação do bicentenário da atuação marista no mundo. “Como cristã, tenho que ser fiel e coerente ao que eu acredito. Devemos sair da nossa zona de conforto, ser a Igreja em Saída pedida pelo Papa Francisco”, reflete. Desta vez, Nina atuará em outro país por dois ou três anos e possivelmente terá que aprender romeno ou italiano. O desejo de ser presença transformadora, contudo, sobrepõe-se a qualquer desafio. “É algo que sempre sonhei em fazer, por mim já viajaria amanhã”, entusiasma-se. Com as vivências de quem atua como voluntária desde o colégio, Nina aconselha aqueles que desejam iniciar a missão a não ter receio de ajudar o próximo, independente da forma. “A experiência é o que faz a pessoa, não importa em qual âmbito. Eduardo Galeano dizia que muita gente pequena, em lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, podem mudar o mundo. Eu acredito muito nisso”, pontua.


Caminhar como FAMĂ?LIA GLOBAL Iniciativas do Instituto Marista fomentam a mentalidade internacional 13


MISSÃO E GESTÃO

A atuação marista se encaminha para ser cada vez mais global. Além de iniciativas que somam esforços de Províncias vizinhas, como a Região América Sul (saiba mais na página 18), o Instituto se organiza para incentivar continuadores da missão de Champagnat de todo o mundo a pensar e agir tendo a interculturalidade como premissa. Um dos principais resultados desta diretriz é o Secretariado Colaboração para a Missão Internacional (CMI), formado com o objetivo de auxiliar o Governo Geral a promover essa mentalidade e fomentar uma maior disponibilidade missionária para responder às novas realidades que nos cercam. O Secretariado é uma das cinco instâncias estratégicas que atuam em conjunto entre si, com o Superior-Geral e o com o Conselho Geral – as outras quatro são nomeadas Secretariados da Missão, Leigos, Irmãos Hoje e Fundação Marista para a Solidariedade Internacional (FMSI), todos com sede em Roma. Entre as atribuições do CMI estão a de acompanhar comissões regionais de missão; articular um serviço de voluntariado internacional; fortalecer o desenvolvimento da missão ad gentes na Ásia. Um exemplo é o programa Fratelli, uma parceria entre maristas e lassalistas, que desenvolve ações para atender crianças e jovens refugiados no Oriente Médio, buscando responder à crise migratória mundial. Também há a participação no projeto de Solidariedade com o Sudão do Sul (SSS), integrando cinco comunidades intercongregacionais, com cerca de 30 religiosos/as de 17 congregações diferentes. Centrada

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nas áreas da saúde, agricultura e preparação profissional de educadores, a iniciativa expressa um novo paradigma de colaboração entre as congregações, para responder de modo mais efetivo às imensas e urgentes necessidades desse país. Outra importante função do CMI é a de formar Comunidades Internacionais e Interprovinciais a partir do programa LaValla200>. Compostos por Irmãos e Leigos/as de diferentes partes do mundo, os grupos vivenciam os pressupostos de ser presença significativa entre crianças e jovens, ter disponibilidade global, intensa vivência de fraternidade, comunhão e espiritualidade, e o compromisso de aprofundar a experiência espiritual. Nesta primeira etapa, já foram nomeados mais de 30 missionários para as seis Comunidades Internacionais ao redor do mundo (saiba onde ficam na página 12) e para quatro Comunidades no Distrito Marista da Ásia. Irmãos e Leigos/as que tenham interesse em participar do LaValla200 devem enviar uma carta ou e-mail para o Provincial, Ir. Inacio Etges, manifestando o desejo de ingressar nos próximos anos.

ESTAMOS DISPOSTOS A CAMINHAR JUNTOS NESTE CONTEXTO INTERCULTURAL. QUEREMOS CONHECER, APREN­DER, PARTILHAR VIDA E FÉ VERÓNICA RUBÍ

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MISSÃO E GESTÃO

PARTILHA E VOCAÇÃO EM TABATINGA

A ATUAÇÃO CONJUNTA, INTERNACIONAL E INTERCULTU­RAL, É ESSENCIAL PARA A MISSÃO. IR. VALDÍCER FACHI

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Uma parte significativa do LaValla200> e exemplo de mentalidade colaborativa está localizada na nossa Província. Fundada há dois anos, a Comunidade Internacional Marista da Amazônia passou a ter uma nova configuração no início de 2018. Em fevereiro, ocorreu a cerimônia que oficializou o início da atuação da equipe de missionários, formada pela Leiga Verónica Rubí (Argentina), pelos Irmãos Isidoro Maté (Espanha) e Paul Bhatti (Paquistão) e pela também Leiga Juliana Kittel (Austrália). Estiveram presentes no evento o Ir. Inacio Etges; o Irmão Provincial de Referência da Região América Sul, Alberto Aparicio; os Irmãos de referência para as Comunidades Internacionais, Angel Medina e Jeffrey Crowe; os Irmãos Verno Weiss e Zeferino Zandonadi, além de cerca de 30 representantes de congregações religiosas e lideranças locais. Localizada na cidade de Tabatinga (AM), na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia, é uma das seis Comunidades Internacionais espalhadas pelo mundo. Verónica Rubi, em missão na Amazônia desde 2014, salienta que a vivência em comunidade é muito importante para preparar o grupo com relação aos desafios que virão. “Estamos


dispostos a caminhar juntos neste contexto intercultural. Queremos conhecer, aprender, partilhar vida e fé”, afirma. A fala do Ir. Inacio segue nessa mesma linha. Ele conta que viu a equipe muito entusiasmada com o novo começo da comunidade. “Após uma preparação intensa, com cursos de idioma e enculturação, os missionários estão muito bem preparados e atentos às realidades que os cercam”, avalia.

UMA NOVA ETAPA DA MISSÃO O Ir. Valdícer Fachi, da Província Marista Brasil Sul-Amazônia, foi nomeado, ainda em 2017, para atuar junto ao CMI. Ele já está na Casa Geral, onde, em julho deste ano, substituirá o Ir. Chris Wills na função de Diretor. Em entrevista realizada em janeiro, Ir. Fachi destacou o quanto a atuação do Secretariado está ligada aos primórdios da nossa missão. “A Igreja sempre foi missionária, Jesus ‘alargou a tenda’ e saiu de seus muros. Champagnat também teve isso muito claro, e o Instituto não perdeu essa característica. É indo ao encontro do outro que nos renovamos e respondemos aos desafios”, declarou. O Irmão também enaltece o voluntariado internacional. Ele explica que o processo ocorre de forma conjunta com as Províncias, que indicam pessoas com o desejo de atuar como voluntárias. Cabe ao CMI, então, analisar cada caso para propor possibilidades de missão para cada um. “Vemos quais espaços do mundo marista se enquadram nas especificidades do voluntário. Se alguém tem interesse em trabalhar em sala de aula, por exemplo, procuramos as regiões que necessitam dessa demanda”, explica. “Hoje, mais do que nunca, somos chamados a sair da zona de conforto e olhar para o próximo”, diz Ir. Fachi. A partir da afirmação, o Irmão também reflete sobre a própria palavra colaboração, presente no nome do Secretariado. Para ele, um dos nossos desafios atuais é possuir essa mentalidade global. “É importante termos a consciência de que somos Igreja, Instituto e Província. A atuação conjunta, internacional e intercultural, é essencial para a missão”, pontua.

SAIBA MAIS SOBRE O FUTURO DIRETOR DO CMI Valdícer Civa Fachi nasceu aos 8 de julho de 1969, na cidade de Arvorezinha (RS). Filho de Delvino Rossetto Fachi e Oliede Civa Fachi, é o quarto de sete irmãos. Ingressou na Casa de Formação Marista em 1984, em Bom Princípio, berço da presença marista no Sul do Brasil. Ingressou no Noviciado em Passo Fundo, em 1990, realizando a primeira Profissão Religiosa no dia 8 de dezembro de 1991, e os Votos Perpétuos, em 1997. Fachi é Bacharel e Licenciado em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), e especialista em Teologia Pastoral Universitária pela Pontificia Universidad Javeriana, Colômbia. É Bacharel e Licenciado em Letras, Português e Inglês, pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Estudou Mariologia no Marianum, em Roma. Realizou seu Apostolado em diferentes áreas: Formador, Professor de Ensino Religioso e Língua Portuguesa, Coordenador de Pastoral em Colégios da Rede Marista, Assessor de Grupos Juvenis, Secretário Provincial, Secretário Executivo da União Marista do Brasil (Umbrasil), Diretor de Colégios, Coordenador Provincial de Pastoral, Coordenador da Comissão Interamericana de Missão da Conferência Interamericana de Províncias (CIAP) e membro da Comissão Internacional de Missão. Também atuou como missionário na Região Amazônica.

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MISSÃO E GESTÃO

Região América Sul APRESENTA SECRETÁRIO EXECUTIVO Iniciativa fortalece cada vez mais a nossa internacionalidade A Região América Sul segue se consolidando para promover a continuidade e a sustentabilidade da nossa missão de forma convergente e internacional. Em fevereiro, os Irmãos Provinciais das Províncias responsáveis pela atuação nos países que formam a iniciativa – Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai – indicaram o Ir. Natalino Guilherme de Souza para assumir o Secretariado Executivo. Com o convite, ele acumula as funções de Secretário Executivo da Região América Sul e da União Marista do Brasil (Umbrasil).

TENHO CERTEZA DE QUE ESSE GRUPO É A LUZ QUE GUIARÁ TODAS AS AÇÕES DOS MILHARES DE MARIS­TAS QUE ABRAÇARAM A MISSÃO DE CHAMPAGNAT.

O Ir. Natalino coordenará grupos formados por Irmãos e Leigos/as para pensar ações que fomentem a sinergia de processos, estruturas e pessoas dos países da Região. Segundo ele, a atuação marista não pode ser entendida senão a partir da unificação de esforços. “Animado com os apelos do Capítulo Geral, sinto-me convidado, ao lado dos Leigos/as e Irmãos, a ser farol e ponte para a Região América Sul. Tenho certeza de que esse grupo é a luz que guiará todas as ações dos milhares de maristas que abraçaram a missão de Champagnat. Ser ponte e farol de pessoas, iniciativas e processos, é um grande desafio, mas creio profundamente que avançaremos com a força e o empenho de todos”, afirma. Ressaltando a atuação universal e internacional do Instituto Marista, o Secretário Executivo lembra que a Região América Sul faz parte do sonho do nosso fundador. “Champagnat não foi inconsequente quando afirmou que as dioceses do mundo inteiro entravam em nossos planos. Ele estava convencido de que o carisma que Deus havia despertado no seu coração não podia ficar circunscrito a um país ou cultura específicos. Era o Dom de Deus e, consequentemente, um presente para o mundo”, avalia.

MARISTAS DE SETE PAÍSES, JUNTOS Fundada em 2016, a Região América Sul tem o propósito de implementar projetos e iniciativas comuns que fortaleçam o carisma evangelizador marista, presente no conjunto de obras que promovem a vida por meio da educação, saúde, trabalho social e atuação missionária em todo o continente. Entre os objetivos, estão o de identificar e desenvol-

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ver lideranças carismáticas e de cuidar das dimensões sociais, culturais, ambientais, pastorais e econômicas, garantindo a perenidade da missão. Esse desenvolvimento sinérgico das Unidades Administrativas também visa a colaborar para a missão de forma solidária e com corresponsabilidade, sempre com atenção aos sinais das realidades do mundo para ser presença transformadora em todos os espaços de atuação marista. Em sintonia e comunhão, cerca de 520 Irmãos e mais de 35 mil Leigos/as e colaboradores atuam por meio de diálogos fraternos, da cooperação, da soma de esforços e da partilha de pessoas e recursos. No total, a Região América Sul atende mais de 200 mil estudantes – entre ensino Básico, Técnico e Superior – e, nos últimos três anos, recebeu 35 voluntários e enviou outros 185 para serem missionários em diversos locais do mundo. A presença está distribuída em 105 unidades de Educação Básica pagas, 85 unidades sociais gratuitas, 14 Instituições de Educação Superior e 67 unidades de outras frentes complementares. Isso representa 38% da atuação marista no mundo, e compreende 50% das pessoas envolvidas na missão.

A REGIÃO AMÉRICA SUL SE CONSTITUI A PARTIR DOS SEGUINTES PRINCÍPIOS: INTERCULTURALIDADE • Somos diferentes. Estabelecemos processos de escuta e diálogo para “fazer com”, e não, “fazer para”. • Aprendemos uns com os outros, para encontrar caminhos de justiça e de fraternidade. • Cuidado e imersão nas culturas locais, com atenção prioritária ao tema dos povos originários. MÍSTICA E PROFECIA • Devemos ser capazes de nos deixar transformar pela mensagem de vida de Jesus Cristo e sair o anunciando em todas frentes em que somos e estamos, estabelecendo um diálogo ecumênico e inter-religioso. • Juntos somos profetas de modo pessoal e institucional. MENTALIDADE GLOBAL • Atuando como um só corpo, fortalecendo nossa internacionalidade em Rede. • Competências interculturais e sistêmicas.

• Interdependência e cooperação com grande mobilidade e agilidade. LIDERANÇA • Identificação e desenvolvimento de lideranças carismáticas, profissionais, a serviço, para construir e fortalecer as competências, atitudes e condutas. • Transparência nas relações humanas justas e éticas, e na gestão conjunta da missão. SUSTENTABILIDADE • Cuidado com as dimensões sociais, culturais, ambientais, pastorais e econômicas, garantindo a perenidade da missão, através do uso evangélico dos bens. • Desenvolvimento de sinergias entre as unidades da região. SOLIDARIEDADE E CORRESPONSABILIDADE • Na vida e na missão em todos os níveis e dimensões do carisma marista.

• Entre os Irmãos e leigos, com um papel significativo da mulher. • Complementariedade das vocações Leigas e do Irmão Religioso, impulsionando novas relações e formas de pertença. • Promoção do envolvimento, da participação, subsidiariedade, colaboração, pertença e da comunhão. • Na tomada de decisão e na designação dos recursos entre as Províncias. • Presença em situações de vulnerabilidade e novas fronteiras INOVAÇÃO • Capacidade de escuta e leitura dos sinais da realidade do mundo, em especial das culturas juvenis, desenvolvendo soluções e processos de melhora continua, conectados com outros agentes de inovação. • Aproveitamos a capacidade das pessoas e de nossos recursos.

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PALAVRA ABERTA

RETORNANDO A TABATINGA em missão especial IRMÃOS VERNO JOSÉ GUSTAVO WEISS E ZEFERINO ZANDONADI Indo e vindo, trevas e luz, tudo é graça, Deus nos conduz. Esse belo mantra vai se revelando no decorrer dos anos, na vida do Irmão Maristas, na fidelidade e na surpresa de Deus. Foi o que ocorreu conosco, mais palpavelmente em nossa convivência comunitária em Tabatinga, de maio de 2017 a fevereiro de 2018, na qual partilhamos a vida, Irmãos Zeferino Zandonadi e Verno José Gustavo Weiss, com a Leiga Verónica Rubí. Esses nove meses de vivência, realmente fraterna, marcaram nossas vidas e nos fizeram crescer como seguidores de Champagnat. Um dos motivos de nosso retorno a Tabatinga, até a formação da nova Comunidade Internacional, era de possibilitar para Verónica o cumprimento dos compromissos assumidos anteriormente com a paróquia Santos Anjos, a diocese do Alto Solimões e a tríplice fronteira, atuando na Rede de Enfrentamento ao Tráfico

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de Pessoas, na coordenação do Curso de Políticas Públicas, em nível universitário de três anos, reconhecido pela PUCRS, na formação de jovens líderes e no acompanhamento, com reuniões semanais, dos jovens indígenas ticunas. A pedido de Dom Adolfo, Bispo Diocesano, assumira a coordenação diocesana e paroquial da Caritas. Nas paróquias da diocese, Verónica era também da equipe coordenadora das Semanas Vocacionais. Nesse contexto, nossa presença era de apoiar o trabalho de Verónica nos vários campos de atuação. Com isso, nossa tarefa era mais em casa: na manutenção do ambiente, em levar avante nossas hortas – uma delas com o sugestivo nome de Boa Mãe Terra –, com algumas pessoas interessadas na conservação, poda e adubação orgânica de árvores frutíferas. Visto que nossa residência recebia muitas visitas e também acolhia pessoas missionárias de passagem, nossa missão era de atendê-las


bem. Nós, Irmãos, continuamos a pastoral da visitação, iniciada em 2016, de encontrar-nos semanalmente com pessoas enfermas da comunidade São Marcelino, impossibilitadas de ir à igreja, levando-lhes a Palavra do Evangelho, a Comunhão, e também um pacote de verduras frescas de nossa horta, fonte de saúde e alegria para as famílias visitadas. Nossa presença, em finais de semana, nas comunidades São Marcelino Champagnat, Nossa Senhora Aparecida e Sagrado Coração de Jesus, foi bem marcante: muitas vezes nos solicitavam para presidir a Celebração da Palavra. Participávamos, como comunidade, dos novenários e tríduos das festas dos padroeiros das capelas e da matriz, destacando a celebração do Ofício Divino das Comunidades e da Eucaristia. No dia a dia, não descuramos da oração em comunidade, a Eucaristia na matriz e nossas reuniões comunitárias com partilha de vida. Em face da dificuldade visual do Ir. Verno para a leitura, tanto o Ir. Zeferino quanto Verónica disponibilizavam-se a ler as mensagens rece-

bidas, a liturgia diária e as notícias da família marista, quando por ele solicitado. Conseguimos acompanhar, quase diariamente, o XXII Capítulo Geral, por meio dos relatórios do Ir. Joaquim Sperandio. À noite, meditávamos juntos os mistérios do rosário. O Ir. Verno registrava nos anais da casa os eventos de cada dia. O fato de ajudar-nos, tanto nas lides manuais – trabalho na horta, colheita de verduras e frutas, corte da grama, moagem da cana e pequenas pescarias à beira do rio Solimões –, quanto nas atividades pastorais, uniu-nos de tal maneira que chegamos a reconhecer-nos como maravilhosos companheiros de Champagnat. De fato, tudo isso foi graça na fraternidade, porque Deus nos conduzia. Com a chegada dos membros da nova Comunidade Internacional, separamo-nos para nossa nova missão: Verónica permaneceu em Tabatinga, integrando a nova Comunidade Internacional; Ir. Zeferino recebeu o envio para a Comunidade de Boa Vista/RR, e Ir. Verno para a Comunidade da Ilha Grande dos Marinheiros, em Porto Alegre.

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PALAVRA ABERTA

PENSAR A EDUCAÇÃO NA PÓS-MODERNIDADE: o cultivo da consciência planetária e ecológica IR. ALFREDO CRESTANI APRESENTA SEU NOVO LIVRO, LANÇADO NO FINAL DE 2017 Este é mais um livro da autoria do Ir. Alfredo Crestani, fruto do aproveitamento dos pequenos espaços que o ritmo de vida do idoso faculta, e da isenção de grandes responsabilidades no momento. O hábito de ler e as sucessivas leituras suscitam ideias, inquietações e reflexões que poderão beneficiar muitas pessoas, quando se encontra espaços e formas de comunicá-las aos demais. E isso, além de não acarretar custos, desperta a alegria de servir, mesmo não sendo solicitado. A atitude da disponibilidade faz bem a todos em quaisquer circunstâncias e etapas da vida. Como se pode constatar, o escrito tem endereço preciso: ajudar pais e educadores, discorrendo sobre temas que, em muitas situações, afligem a ambos pela densidade de dúvidas que o mundo pós-moderno globalizado suscita. As dúvidas, inquietações e desafios provocados pelo progresso tecnológico requerem não apenas maior agilidade mental, como também compelem a criar o hábito de rever o “já sabido”, e perguntar-se se ele não poderia ser visualizado e interpretado de outro modo. Isso, expresso de outra forma, reivindica de cada adulto de hoje a reforma do pensamento, pois os parâmetros do passado não são suficientes para ler e interpretar os fenômenos da pós-modernidade, que exigem uma leitura e interpretação interdisciplinar. As novas gerações possuem uma configuração mental que as leva a conexões cerebrais surpreendentes e desafiadoras para os adultos. Se a leitura de um livro pode modificar a postura e o pensamento do leitor, transforma-se em material útil e benéfico para a vida em suas múltiplas iniciativas. Pensar e desejar um

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mundo diferente demanda a convicção e a coragem de sair do status quo para adentrar-se em reflexões e dinamismos mais abrangentes da realidade que as crianças e adolescentes hoje encontram. A boa interação de gerações que se sucedem requer não apenas que as crianças e jovens modifiquem suas posturas, mas também que os adultos revejam seus parâmetros, insistências e modos de interpretar os fenômenos sociais e o mundo. Para tanto, torna-se necessário modificar o modo de ver, sentir e julgar as realidades do próprio entorno mediante a reeducação dos sentidos e a reforma do pensamento. A leitura da complexidade do mundo globalizado demanda despertar para dimensões, tanto humanas quanto materiais, menos consideradas em outras épocas da História. O horizonte de leitura da realidade ampliou-se e complexificou-se, porquanto exige visão interdisciplinar para atingir a compreensão mais fidedigna das realidades circundantes. E chegar e esse modo de avaliar os diversos contextos requer deixar posicionamentos estanques do passado para assumir dinamismos mais ecléticos e abrangentes para compreender os fenômenos cotidianos em sua integralidade. Um tema altamente preocupante hoje é o da ecologia. O mundo novo pretendido não apenas será marcado pela tecnologia e pelo progresso, mas sobretudo por dinamismos que aumentam a compreensão humana, favorecem as relações e, na mútua cooperação, criam ambientes favoráveis à qualidade de vida, e desses serviços todos são parcialmente responsáveis. Chegar à ecologia da ação,


mediante o cultivo da consciência planetária, é a ambição de todos quantos se esmeram para que o ambiente do ser humano do amanhã seja mais cuidado e isento das depredações que se constatam diariamente. Ler o conteúdo integral deste escrito, seguramente não provocará milagre algum em ninguém, porém poderá suscitar inúmeras inquietações educativas e autoeducativas que, a médio ou longo prazo, poderão modificar a prática da leitura global do universo. O que mais se pretende no trabalho educativo é ajudar crianças e jovens a ter uma visão objetiva e interpretativa do mundo em que vivem, bem como criar a consciência planetária de que todos os habitantes do universo merecem ser contemplados com os mesmos padrões de tratamento e níveis de bem-estar. Chegar a esse padrão demanda atenção constante e interpretação exaustiva de tudo quanto a natureza oferece em referência ao ser humano em busca de sua plenitude.

A BOA INTERAÇÃO DE GERAÇÕES QUE SE SUCEDEM REQUER NÃO APENAS QUE AS CRIANÇAS E JOVENS MODIFIQUEM SUAS POSTURAS, MAS TAMBÉM QUE OS ADULTOS REVEJAM SEUS PA­RÂMETROS, INSISTÊNCIAS E MODOS DE INTERPRETAR OS FENÔMENOS SOCIAIS E O MUNDO.

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BOA NOVA

RETROSPECTIVA 1. Dezembro | Para marcar o bicentenário da atuação marista no mundo, a Rede Marista mobilizou pessoas e instituições a promover mais de 200 ações para deixar um legado à sociedade. As iniciativas foram reunidas na plataforma digital do projeto, intitulado Maristas em Rede, e englobam as áreas de inovação, educação, espiritualidade, cidadania e direitos humanos, esporte, sustentabilidade, arte e cultura. Acesse o portal maristasemrede.com.br e confira. 2. Janeiro | Nove pessoas participaram da primeira experiência de voluntariado em grupo da Rede Marista, no município de Lábrea (AM). Composta por colaboradores, educadores, uma estudante e uma professora do Instituto Santa María, no Chile, a equipe foi acompanhada pelo Ir. Nilvo Favretto em atividades realizadas junto a crianças, adolescentes, jovens e adultos.

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3. Janeiro | Entre os dias 7 e 13, um grupo de 19 Irmãos, Leigos/as e colaboradores maristas participou do Vidamar III. O encontro contou com momentos de reflexão, partilha e atividades de imersão na comunidade do Bairro Rubem Berta, em Porto Alegre (RS), onde está localizado o Centro Social Marista de Porto Alegre (Cesmar).

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4. Fevereiro | O Governo Federal confirmou um investimento de mais de R$ 70 milhões no projeto Campus da Saúde. Liderada pelo Hospital São Lucas e com a participação do Instituto do Cérebro do RS (InsCer) e das Escolas de Medicina e Ciências da Saúde, a iniciativa reúne ensino, pesquisa e assistência da Universidade, em um modelo integrado de promoção e proteção da saúde da população.

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BOA NOVA

5 5. Fevereiro | O lançamento da segunda edição do projeto Memórias maristas: histórias de amor e vida reuniu em Viamão (RS) Irmãos das Comunidades Maristas Graças, Cruzeiro do Sul, da Residência Provincial e da Casa São José, além de colaboradores maristas. Os participantes assistiram, em primeira mão, aos novos vídeos da iniciativa, que abordam temas como vocação, missão, fé e legado. 6. Fevereiro | O Hospital São Lucas iniciou uma campanha para incentivar doações para o seu Banco de Sangue. O objetivo é conscientizar sobre a importância de tornar o ato regular e espontâneo, para alcançar a meta mensal de 700 doações. Essa causa vem sendo pautada na Rede Marista, nos últimos anos, por uma série de inciativas. 7. Março | Os Colégios da Rede Marista e a PUCRS foram citados entre as dez marcas mais relevantes do Rio Grande do Sul, em votação popular realizada pelo prêmio Marcas de Quem Decide. Os empreendimentos também se destacaram na pesquisa que definem as marcas mais lembradas e preferidas entre gestores de diversos segmentos. Os Colégios são a marca líder na lembrança e vice-líder entre as preferidas da categoria Ensino Médio Privado, enquanto a PUCRS foi a mais lembrada e preferida na categoria Ensino Superior Privado e também a mais lembrada na categoria Ensino de Pós-Graduação.

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8 8. Março | Os colaboradores que atuam no Serviço de Pastoral das Unidades Maristas contratados a partir de abril de 2017 participaram de um encontro de formação. A atividade teve como objetivo contribuir no processo de imersão dos novos Pastoralistas, qualificando a vivência e a prática do ser e fazer Pastoral na Rede Marista.

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9. Março | A PUCRS promoveu diversas ações para receber estudantes e a comunidade acadêmica durante a volta às aulas. As iniciativas fazem parte do movimento de transformação PUCRS 360º, que foca em quatro eixos: trajetória acadêmica aberta, aprendizado diferente, educação integral e campus repensado. 10. Março | Cerca de 60 profissionais dos Colégios e Unidades Sociais da Rede Marista participaram do Encontro de Comunicação e Marketing. Realizado em quatro espaços de Porto Alegre (PUCRS, Caju e Colégios Maristas Champagnat e Rosário), o evento apresentou palestras com convidados, além de momentos de planejamento, estudo e integração.


HISTÓRIAS DE AMOR E VIDA

PROJETO Memórias Maristas Em 2018, foi lançada a segunda edição da iniciativa, que resgata passagens importantes da vida de Irmãos Maristas por meio de minidocumentários. Os vídeos abordam temas como vocação, missão, fé e legado, relembrando a trajetória daqueles que fizeram – e fazem – a diferença na missão de educar e promover a vida. Todos estão disponíveis no site maristas.org.br/memoria/. 27


Conheça a história de Verónica Rubí.

CUIDAR DAS PESSOAS NA AMAZÔNIA ISSO É SER MARISTA Foi através do conhecimento dos valores vida: cuidar das pessoas com carinho, atenção e amor. Ela é movida por um coração sem fronteiras. Dedicou cerca de 20 anos a experiências missionárias e de voluntariado. Já atravessou o oceano e fez da África seu lar. Hoje, ela faz dos rios e igarapés caminhos de missão. Dedica a vida para as comunidades indígenas e ribeirinhas da Amazônia, inspirada pela grandiosidade da natureza. Sua atuação é na tríplice fronteira de Brasil, Peru e pessoas e a exploração sexual.

Está aberta ao novo. É acolhedora nas palavras, simples e doce em cada gesto. palavras. E, justamente por ter esse envolvimento tão Amar ao próximo. Isso é cuidar das pessoas. Isso é promover a vida. Isso é ser marista. Verónica é umas das mais de 10 mil pessoas que dão vida à Rede Marista. Acesse maristas.org.br e saiba mais sobre a nossa atuação nas áreas da educação, saúde, social e na Amazônia.

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