Jornal O Ponto - Outubro de 2011

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Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social Ano 12

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Número 84 |

Outubro de 2011

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Belo Horizonte / MG

Distribuição gratuita

CENTRAL BRAILLE Projeto pioneiro dos Correios permite ao deficiente visual transcrever correspondências do sistema comum para o Braille

Foto: Sérgio Lucarelli

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Música

Fotografia

Mineiros de Liverpool

Responsabilidade

Do hobby à profissão

Inclusão Social em Belo Horizonte

Jornalismo Alunos se mobilizam para cobrir seminário Foto: Franco Serrano

Foto: Bruno Figueiredo

Reunidos por compartilhar o mesmo gosto pelos Beatles, os integrantes da Sgt Pepper’s Band foram influenciados por familiares e até mesmo pela infância nos anos 60.

Evento no Parque Municipal divulga as habilidades e potencialidades das pessoas com deficiência e discute os avanços e desafios da reinserção na sociedade.

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Págs. 08 e 09 Foto: Divulgação

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Foto: Beatriz Dantas

O fotógrafo Bruno Figueiredo, ex-aluno da Universidade FUMEC, foi um dos destaques da terceira edição da Mostra de Arte Contemporânea Brasileira em Londres.

Estudantes de Jornalismo da Fumec registram, em diferentes mídias, seminário sobre sustentabilidade, que teve participação especial do jornalista André Trigueiro.

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02 • Opinião

Editores e diagramadores da página: Marina Bhering e Emilio Fonseca - 6º e 8º períodos

Belo Horizonte, outubro de 2011

O Ponto

Dá pra ampliar o prazo? CÉZAR VOUGUINHA 6º PERÍODO Mil dias, 33 meses, 24 mil horas. Quando se coloca dessa forma, parece uma eternidade, não é? Porém mil dias para uma Copa do Mundo é quase o amanhã. Passa rápido, o tempo voa! O Brasil comemora a data, já que 16 de setembro marcou a contagem regressiva até 12 de junho de 2014, o dia em que a bola vai rolar no Mundial em nosso país. Até lá serão exatos mil dias. De presente, nós belorizontinos ganhamos um relógio na Praça da Liberdade, que, espero eu, sirva de despertador para os responsáveis pela organização do evento em nossa cidade. Por enquanto, nada mais concreto que o relógio. Os otimistas vão exaltar as obras do Mineirão, um dos poucos estádios do país com as obras dentro do planejado. Mas não podemos esquecer o outro estádio de BH, o Independência, que teve o início de sua reforma adiada diversas vezes e seu prazo prorrogado em vários momentos. Estamos cumprindo o cronograma da FIFA quanto ao nosso estádio oficial, mas e a cidade? Belo Horizonte apresenta carência em alguns setores, como mobilidade urbana, hotelaria e aeroportos. Nesses quesitos, ainda não tivemos a oportunidade de avistar nada muito grandioso para tal evento. BH está entre as sete cidades, das doze escolhidas para a Copa, que seguem sem obras de mobilidade urbana. Para solucionar estes problemas, oceanos de dinheiro são liberados para tentar acelerar as necessidades. É

o ‘jeitinho brasileiro’ para produzir o megaevento. Um pouco mais de 20 bilhões de reais deverão ser disponibilizados até o fim das obras previstas e necessárias. Vale lembrar que o caderno de encargos de cada cidade vai além da modernização das arenas esportivas. É essencial para o bom andamento da Copa do Mundo uma rede hoteleira capaz de hospedar seleções, torcedores, profissionais de vários ramos de todo o mundo, sistema de saúde, rede de transporte público eficiente e segurança durante toda a competição. Se deixarmos Minas Gerais e espiarmos os trabalhos dos estados vizinhos, também veremos que há muita coisa a se fazer neste período. Não precisamos ir longe e nem buscar cidades-sedes menores para concluir grandes falhas. Duas metrópoles, que serão protagonistas da nossa Copa do Mundo, apresentam problemas justamente no ponto principal: o palco das partidas. Favorita a sediar a abertura do evento, o estádio de São Paulo existe apenas na planta. O terreno do “Itaquerão” já conta com os trabalhadores, que deverão concluir a obra no apagar das luzes, entre dezembro de 2013 e fevereiro de 2014. Já o próximo campeão do mundo será conhecido no lendário Maracanã. Este passa por reformas, mas o atraso nas obras e as greves dos operários (que nós mineiros também acompanhamos por aqui) podem impedir que o Rio de Janeiro participe da Copa das Confederações, torneio oficial da FIFA que acontecerá um ano antes do Mundial. O governo carioca afirma que em fevereiro de 2013 o estádio estará pronto.

Ligar a televisão, ler jornais e revistas e navegar pelos portais da internet tem me deixado preocupado. As boas notícias são raras, e até mesmo a seleção de Mano Menezes tem deixado o torcedor apreensivo. Se o futebol anda mal das pernas, imagina em termos políticos? Quem dera se nós, brasileiros, tivéssemos a mesma disposição para cobrar atitude das autoridades responsáveis, como cobramos nas convocações do técnico da nossa seleção. A questão: “será que o Neymar estará ‘pronto’ até 2014?” parece mais importante do que se o nosso país terá mesmo condições de sediar a Copa... Ver o Brasil sede de uma Copa do Mundo é um sonho para mim. Sou apaixonado por futebol como a maioria da nossa população, e me emocionei no dia 30 de outubro de 2007, quando o país foi escolhido para ser o palco do torneio. Porém o sonho vai ganhando contornos dramáticos, desilusões e até questiono se foi a melhor escolha. A imagem verde e amarela vai se desgastando e a insegurança vai batendo a nossa porta. Não sou daqueles que torcem contra, pelo contrário, torço muito a favor, desde que seja feito de acordo com o planejamento e dentro das nossas condições e limitações. O que mais temo é o resultado final, o pós-Copa. A conta pode extrapolar e o legado não ser tão animador... E então o sonho pode se transformar em um pesadelo, bem pior que uma derrota para a Argentina, em pleno Maracanã, no dia 13 de julho de 2014. Tenho certeza de que a Copa acontecerá, e será uma bonita festa apesar de tudo. O meu maior temor, contudo, é que ela não aconteça em solo brasileiro.

Cena do filme Flor do Deserto

o ponto

Liberdade Mutilada

Coordenação Editorial Prof. Aurélio José (Jornalismo Impresso) Professora orientadora Profª. Dunya Azevedo (Planejamento Gráfico)

EMILIO FONSECA 8° PERÍODO Entre filmes de ação espetacularmente vazios, comédias românticas insípidas e romances insossos, há aqueles que nos convidam a pensar e refletir. Um deles é Flor do Deserto, baseado na autobiografia da ex-modelo somali Waris Dirie, que sofreu mutilação genital aos três anos. Aos treze, ela atravessou o deserto para fugir de um casamento arranjado. Descoberta pelo fotógrafo Terry Donaldson na lanchonete onde trabalhava, em Londres, Waris se tornou uma modelo mundialmente conhecida, além de embaixadora das Organizações das Nações Unidas (ONU) no combate à Mutilação Genital Feminina (MGF). Pode-se problematizar o tema do filme à luz do Relativismo Cultural, considerado um recurso metodológico essencial para o estudo da Antropologia. O termo significa que, para compreender outros povos e outras culturas, deve-se levar em conta o contexto no qual as crenças e os costumes estão inseridos. Entretanto, deve-se evitar a adoção do relativismo radical no trabalho etnográfico, já que essa postura leva à ideia de que tudo é permitido e justificável. Uma posição crítica é importante. Alguns autores, como o antropólogo francês LéviStrauss, defendem a ideia de que há valores universais que transcendem as particularidades culturais. Há um consenso sobre o que é justo e certo, independentemente do contexto social. Mahatma Gandhi (1869 – 1948), por exemplo, defende o respeito à vida humana e a nãoviolência como valores de aplicabilidade universal. Por mais nobre que seja o objetivo e por mais legítima que possa parecer, a violência é sempre reprovável. É difícil, ou impossível, relativizar o ritual no qual milhões de mulheres africanas têm os genitais mutilados - clitóris, pequenos e grandes lábios da vagina são retirados. A “cirurgia” é realizada com instrumentos precários - como uma lâmina de barbear, por exemplo - e sem anestesia. Restam somente cicatrizes e um pequeno orifício para a passagem de urina e fluxo menstrual. Várias mulheres não resistem ao procedimento e morrem.

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Há várias justificativas - que tentam explicar o inexplicável - para tamanha dor, sofrimento, injustiça, insensibilidade e crueldade. Uma delas é que a prática da Mutilação Genital Feminina é uma tradição religiosa que visa limitar o desejo sexual feminino, inibir a promiscuidade sexual, de forma a garantir a fidelidade das esposas. A prática é antiga. Acredita-se que tenha começado há mais de 2.000 anos, no Egito. Atualmente, a MGF é difundida no continente africano e em parte do Oriente Médio. A idade em que é feita varia de acordo com a tribo e a região de cada país — desde uns poucos meses de vida até as vésperas do casamento, entre 15 e 17 anos. Dados da ONU, de 2002, indicam que mais de 135 milhões mulheres têm sido sujeitas à mutilação genital e cerca de 2 milhões estão em risco todos os anos. Uma média de quase 5.500 mil mulheres por dia. Estas e outras estatísticas estão em documento da Amnistia Internacional, movimento não governamental mundial que reúne cerca de 3,2 milhões de membros para defender os Direitos Humanos. Entretanto, em outras partes do mundo, pesquisas apontam que as mulheres vêm ganhando espaço, poder e voz na sociedade. Dilma Roussef é um dos exemplos da ascensão da mulher. Eleita em 2010, ela foi a primeira Presidente da República Federativa do Brasil. No âmbito internacional, pode-se citar que Dilma foi primeira mulher a abrir a 66ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Entre outras mulheres no poder, pode-se citar a Chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e a Secretária de Estado norteamericana, Hillary Clinton. De acordo com o IBGE, o percentual de mulheres responsáveis pelos domicílios no Brasil cresceu 79% entre 1996 e 2006. Os motivos para o aumento, entre outros fatores, são o crescimento da participação feminina no mercado de trabalho e a alta expectativa de vida da mulher, que assume a casa após a morte do marido. Enquanto milhares de mulheres recorrem a cirurgias plásticas para aumentar a autoestima, milhões sofrem mutilação genital. Isso, não dá para entender ou aceitar. Isso, não dá para relativizar.

Monitores de Jornalismo Impresso Marina Bhering e Túlio Kaizer Monitores da Redação Modelo Maria Eduarda Ramos e Lucas Rage Projeto Gráfico Dunya Azevedo · Professora Orientadora Pedro Rocha · Aluno voluntário Roberta Andrade · Aluna voluntária Logotipo Giovanni Batista Corrêa Universidade Fumec Rua Cobre, 200 · Cruzeiro Belo Horizonte · Minas Gerais Tel: 3228-3127 · e-mail: redacao.monitoriafumec@gmail.com Presidente do Conselho Curador Prof. Tiago Fantini Magalhães Reitor da Universidade Fumec Prof. Antônio Tomé Loures Diretora Geral Profª. Thaïs Estevanato Diretor de Ensino Prof. João Batista de Mendonça Filho Diretor Administrativo e Financeiro Prof. Antônio Marcos Nohmi Coordenador do Curso de Jornalimo Prof. Ismar Madeira

Tiragem desta edição: 3000 exemplares Jornal Laboratório do curso de Comunicação Social

Os artigos publicados nesta página não expressam necessariamente a opinião do jornal e visam refletir as diversas tendências do pensamento

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03 • Cidade

Editoras e diagramadoras da página: Giulia Mendes e Marina Bhering - 5º e 6º períodos

Belo Horizonte, outubro de 2011

ALESSANDRA COSTA PAULA SOARES 6º PERÍODO Duas histórias, dois personagens, o mesmo nome e dois finais diferentes. Na última edição do jornal O Ponto foi publicada uma matéria com o título “O impossível não existe”, que tinha como assunto o câncer na infância e na adolescência. Na tentativa de mostrar a luta contra a leucemia e que nunca se deve perder a esperança, foi entrevistado Lucas Correa, irmão de Arthur Correa, vítima da doença aos três anos de idade. No entanto, ocorreu uma infeliz coinciendência devido

O Ponto

aos dois personagens possuirem o mesmo nome. Arthur Correa foi confundido com seu homônimo, que no ano passado participou da campanha “5 ml de esperança”, mas que, infelizmente, faleceu. Vale a pena conhecer a história desse jovem guerreiro que emocionou milhares de pessoas e venceu a batalha contra a leucemia. Superação Aos três anos, Arthur Correa foi diagnosticado com leucemia. No início do tratamento, frequentava o hospital Socor uma ou duas vezes por semana para fazer

a quimioterapia. As buscas pelo doador começaram dentro da família, porém, ninguém era compatível. Diante da negativa, deram início a campanhas que estimulavam nas pessoas a importância de realizarem o teste de compatibilidade. O caso de Arthur foi muito divulgado e teve grande mobilização por parte da imprensa e principalmente do ex-jogador do Cruzeiro Jussiê. Inscrito no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), os mls de esperança foram encontrados em um cordão umbilical na França. O transplante foi realizado em Jaú, interior de São Paulo. Hoje, Arthur tem seis anos, está curado e é um exemplo de superação.

Psicomotricidade é tema de seminário na Fumec

Em parceria com Associação Brasileira de Psicomotricidade (ABP), Universidade realiza seminário “Interfaces da Prática Psicomotora” e conta com a presença de profissionais reconhecidos internacionalmente Fotos: Franco Serrano

Alunos e profissionais da área marcaram presença em seminário, realizado no auditório Phoenix, para debate sobre métodos de tratamento e vivência MARINA BHERING 6º PERÍODO Na primeira semana de agosto, o curso de Especialização em Psicomotricidade da Universidade Fumec em parceria com a Associação Brasileira de Psicomotricidade (ABP) – Capítulo Regional de Minas Gerais - realizaram o seminário “Interfaces da Prática Psicomotora”, no qual foram tratados, entre outros temas, os métodos de tratamentos dos pacientes e as vivências dos palestrantes. O evento contou com a presença de dois profissionais reconhecidos nacional e internacionalmente: o professor uruguaio Juan Mila Demarchi e a professora Dayse Campos de Souza. O evento foi organizado pela professora de Psicologia da Fumec, Sônia Onofri, objetivando a divulgação dessa prática, desconhecida por alguns, e também focar no curso oferecido pela Universidade, que é pioneiro no estado. “Trazer o professor Juan para a Fumec era um sonho que eu tinha. Ele desenvolve um trabalho lindíssimo em seu país, onde a Psicomotricidade é um curso de graduação”, comenta Sônia. O curso de graduação de Psicomotricidade existe no Uruguai há 30 anos. O professor Juan palestrou no primeiro dia do seminário, reservando parte da apresentação para contar um pouco de sua trajetória e experiências no ramo. “É a minha primeira vez aqui em Minas Gerais, mas não com o pessoal da Fumec. Conheço a professora Sônia de congressos por toda a América do Sul, onde a presença da Fumec é sempre garantida”, conta. O professor é licenciado em Psicomotricidade, diretor de La Licenciatura de Psicomotricidade e diretor da Escuela Universitaria de Tecnologia Médica e Facultad

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de Medicina da Universidade de la República em Montevidéu, no Uruguai. Já no segundo dia de seminário, a professora Dayse, que leciona na Universidade Federal do Ceará e na Universidade Estadual do Ceará, contou sobre suas experiências acadêmicas, apresentando slides e vídeos explicativos. A psicomotricista também falou sobre as dificuldades da profissão, já que a atividade não é reconhecida.

O que é psicomotricidade A psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem, através do seu corpo em movimento. A relação do homem com seu corpo e suas percepções do mundo interno e externo colaboram para a integração dos movimentos corporais e com a adaptação social. O curso contém conceitos teóricos e aplicações práticas de várias ciências que objetivam dar qualidade de vida ao ser humano. A harmonia entre os aspectos físicos e mentais podem prevenir o

desenvolvimento de problemas físicos no futuro. De acordo com a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, esta ciência é sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto. O termo psicomotricidade é empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, de acordo com as vivências do sujeito, cuja ação é resultante de sua individualidade, linguagem e socialização.

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04 • Fumec

Editores e diagramadores da página: Túlio Kaizer e Marina Bhering - 4º e 6º períodos

Belo Horizonte, outubro de 2011

O Ponto

Feito por nós...

Estudantes de jornalismo da Fumec experimentam novas possibilidades da comunicação multimídia na cobertura de Seminário de Sustentabilidade Foto: Franco Serrano

Equipe de alunos do Jornalismo durante entrevista coletiva com Ana Luiza Veloso, jornalista e relações públicas da Comunicação Corporativa da Fiat

Foto: Franco Serrano

O relógio marca 7h30 quando o celular dispara no bolso largo do jeans. “Cadê você? Está chegando na redação?”, pergunta a voz rouca do outro lado do telefone. O dono da voz é Hugo de Freitas Lacerda, integrante da equipe de estudantes de jornalismo da Universidade Fumec responsável pela cobertura do Seminário Comunicação e Sustentabilidade, na segunda -feira dia 26 de setembro, no auditório Phoenix. “Estou chegando aí, estou na roleta!” gritei (Lucas Rage) em resposta, enquanto atravessava a portaria da Universidade em ritmo de correria. Na Redação Modelo os computadores ainda dormiam, seus monitores apagados e processadores inertes. A calmaria só era quebrada pelo incessante toque de teclas vindo do fundo da comprida sala, onde os alunos Victor Duarte e Cézar Vouguinha, responsáveis pela cobertura de rádio, finalizavam as perguntas que seriam feitas na coletiva de imprensa aos palestrantes. Pouco a pouco os corredores – antes vazios – foram se enchendo, um burburinho que

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ecoava através das paredes sinalizando a chegada de mais e mais estudantes do curso. Enquanto isso, outra equipe de alunos de jornalismo, reunida no laboratório de TV, faz os últimos ajustes nos equipamentos para a coletiva. A proposta é uma cobertura do evento multimídia. Todos irão produzir para as diversas plataformas: redes sociais, tevê, webrádio, impresso e digital. Alto lá! Pautamos também a cobertura fotográfica e eu, Maria Eduarda, sigo em busca dos meus instrumentos de trabalho naquele dia: Uma Nikon D70 – cujos desafios de se fotografar, sem o bendito flash, eu jamais me esquecerei – uma objetiva grande angular e bateria. Coletiva de Imprensa Integrante da equipe de apoio, Adriana Gabriel era a pessoa que mais corria pelo campus em um leva-e-traz incessante. “Adriana, pega mais água para palestrantes” ordenavam uns. “Adriana, me vê alguém para bloquear a porta”, pedia outro. De voz tímida, mas com um sorriso sempre solícito, Adriana era apenas uma, mas ao mesmo tempo muitas. Gregos e troianos, alunos e professores; a aprendiz de assessora, jornalista e relações públicas tentava fazer tudo e agradar a todos.

A sala 309, uma sala de aula não-convencional, em formato de miniauditório, foi repaginada pela comissão organizadora do evento (formada por alunos e o coordenador do curso, Ismar Madeira) e transformou-se em sala de coletiva, com microfones e gravadores ligados sobre a mesa de madeira clara, uma câmera apontada para os convidados, enquanto a legião de jornalistas-estudantes se preparava para lançar as mais diversas perguntas sobre o tema “sustentabilidade”. “São todos alunos da Fumec?”, perguntou o professor da Faculdade Dom Cabral, Claudio Boechat, enquanto se ajustava diante dos microfones. Não só Boechat, mas outros entrevistados demostraram sua boa impressão do desempenho dos alunos na cobertura jornalística do evento. Natasha Rena, professora e coordenadora do Projeto ASAS, da Fumec, afirmou descontraidamente: “Nossa! Minha primeira coletiva de imprensa! Nunca tive essa honra!”. André Trigueiro, jornalista tarimbado e apresentador do canal de tv a cabo Globo News elogiou a iniciativa com palavras de incentivo: “O negócio tem que ser assim mesmo. Tem que fazer o pingue-pongue”, declarou ao término de um encontro que, embora breve, mostrou-se

“Coletiva de imprensa é uma rotina na vida do jornalista. Eventos como este nos preparam para o que encontraremos lá fora.” Hugo Freitas

Foto: Hugo Freitas

LUCAS RAGE MARIA EDUARDA RAMOS 6º E 4º PERÍODOS

frutífero. As entrevistas com os palestrantes, antes do evento, duraram em média 15 minutos. Tempo suficiente para que os alunos pudessem exercitar o bom jornalismo. Perguntas previamente formuladas, após ampla pesquisa sobre os entrevistados, com objetividade, ajudaram a dar fluência ao processo de captação das informações. Além disso, no preparatório para o seminário, estudantes do 6º período aproveitaram o evento para exercitar a sua divulgação. Na disciplina de Assessoria de Imprensa, ministrada pelo professor Hugo Teixeira, os alunos produziram releases, notas, e informes para a imprensa local. Na disciplina jornalismo digital, coordenada pelo professor Aurélio Silva, os alunos também produziram notícias prévias ao evento para a divulgação na web. Em meio ao frenesi da cobertura, minutos se transformaram em segundos e, num piscar de olhos, já eram 9h. Diante de um auditório lotado, os palestrantes se ajeitavam em suas cadeiras enquanto os últimos preparativos eram feitos. Com currículos e experiências distintas, todos os convidados para o debate tinham o mesmo tema em pauta, incutir nos estudantes ali presentes um senso de susten-

tabilidade e responsabilidade socioambiental. Fotografia e convergências Flashes espocavam enquanto, um a um, os palestrantes foram assumindo seus lugares à mesa, cada qual à sua maneira, cada um com um discurso distinto, “defendendo a sua causa”, “vendendo o seu peixe” ou simplesmente acrescentando à problemática do tema da sustentabilidade suas críticas e visões para o futuro. Cliques frenéticos se davam a todo instante vindos das câmeras de vários alunos, designados pela professora da disciplina fotojornalismo, Beatriz Dantas, para documentar em imagens o evento e exercitar a desinibição dos aprendizes. A cobertura em tempo real para as redes sociais (Twitter e Facebook ) foi realizada pelos alunos Diego Suriadakis e Izabela Linke. Toda a experiência real de organizar, assessorar, fotografar e editar as entrevistas para os diversos veículos que alí se faziam presentes (rádio, TV , impresso,e web) foi, com certeza, uma aula empírica.

Saiba mais sobre o Seminário “Comunicação e Sustentabilidade” acessando www.pontoeletronico.fumec.br

“Aprender a se portar em uma coletiva foi certamente o melhor que pude extrair do evento. O jornalismo é um curso diferente dos outros pois é vivo e tende cada vez mais ir para esse lado da prática.” Franco Serrano

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Fumec • 05

Editores e diagramadores da página: Túlio Kaizer e Marina Bhering - 4º e 6º períodos

O Ponto

Belo Horizonte, outubro de 2011

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Diego Suriadakis

“Acredito que quando falamos de jornalismo, mais do que em outros ofícios, a prática é essencial. A cobertura foi valoroza pois estivemos diante dos palestrantes em uma coletiva real e não em uma simulação.” Pedro Cunha

Foto: Franco Serrano

“O evento foi muito bom para quebrar barreiras, trazendo a prática do jornalismo para a academia.”

Foto: Franco Serrano

Foto: Franco Serrano

Foto:Maria Eduarda Ramos

Fotos: Franco Serrano

“Achei importante essa prática. Uma experiência dessas era o que estava faltando pois, dessa forma, treinamos para não congelar diante dos entrevistados.” Victor Duarte

“A prática nos ajuda a preparar para quando deixarmos o meio acadêmico e nos vemos diante da mesma situação no mercado de trabalho. É essa a real vantagem da cobertura que fizemos.” Cézar Vouguinha

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06 • Meio Ambiente

Editora e diagramadora da página: Adriana Gabriel - 5º período

Belo Horizonte, outubro de 2011

O Ponto

Serra do Cipó é restaurada com 25 espécies nativas Projeto combate ameaça de extinção de plantas da região - maior diversidade de campo rupestre do país Fotos: Giulia Mendes

Lavoisiera campos portoana, uma das 25 espécies recuperadas por projeto GIULIA MENDES 6º PERÍODO Em busca de uma solução para recuperar as espécies nativas degradadas na Serra do Cipó, o biólogo especializado em ecologia, professor Geraldo Wilson Fernandes, do Departamento de Biologia Geral do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele desenvolve um projeto inédito, com metodologia própria de cultivo e plantio de 25 espécies nativas do campo rupestre, raras e de difícil reprodução em estufas, para utilizar na restauração de áreas que sofrem impactos ambientais. Esses impactos são provocado por queimadas, loteamentos, mineração, abertura de estradas, pastagem e a própria agricultura, como a plantação de eucalipto que cresce rapidamente e substitui espécies nativas do campo rupestre, gerando a necessidade de recuperação da vegetação original desta região. A ação não só é importante para preservar a beleza da paisagem local, mas também para proteger espécies ameaçadas, garantindo a sobrevivência de animais, que encontram refúgio e alimento na vegetação e, assim, todo o equilíbrio do ecossistema. “Os órgãos ambientais não acreditavam ser possível o replantio de espécies nativas do campo rupestre, já que é uma vegetação que nasce em meio de pedras, com muitas peculiaridades e de difícil propagação”, explica o biólogo. Segundo ele, antes eram utilizadas espécies exóticas inadequadas para o replantio em áreas degradadas. Invasão biológica “As espécies, que vêm de outros biomas, só colorem o campo de verde, mas não têm importância ecológica, pelo contrário, elas se alastram e destrõem as espécies nativas da região

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caracterizando uma invasão biológica, que é a segunda maior causa de perda de biodiversidade no mundo. Hoje trabalhamos com 25 espécies nativas e endêmicas, que são restritas da região, ameaçadas de extinção, e muitas delas têm um enorme potencial medicinal, como a semente de arnica, e ornamental, que podem se tornar fonte de renda para a população da Serra do Cipó, através da produção de cosméticos e sabonetes, por exemplo, evitando sua retirada da natureza”, afirma. Importância ambiental Com 1.100 quilômetros de comprimento e 200 quilômetros de largura, a Serra do Cipó se localiza no divisor de águas das bacias hidrográficas dos rios São Francisco e Doce, além de abrigar o rio Cipó, afluente do Rio das Velhas. “A Serra do Espinhaço é considerada a caixa d’água do Sudeste, e com este trabalho queremos mostrar a importância da região e de preservar seus recursos naturais. Mas precisamos da ajuda de órgãos como a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Instituto Estadual de Florestas (IEF), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para que exijam dos empreendedores a adoção da melhor maneira de recuperação ambiental, uma vez que as atividades econômicas geram desenvolvimento e precisam ser feitas, mas de maneira responsável”, ressalta o professor. Outra forma de tornar o projeto mais amplo e manter as espécies que integram a paisagem local é investir na educação e conscientização ambiental, responsabilidade da Área de Preservação Ambiental (APA) Morro da Pedreira. “O trabalho mostra que propagar espécies nativas do campo rupestre é

Área na Serra do Curral recuperada com mudas reproduzidas em estufa totalmente possível, a restauração está dando resultados, as espécies estão em desenvolvimento, mas a colaboração da população, dos órgãos ambientais e das empresas é fundamental para trazer a biodiversidade de volta”, conclui. Bioma O cerrado é um dos biomas mais ricos do país e Minas Gerais representa 57% dessa riqueza, que abriga importantes espécies da fauna e da flora ameaçadas

de extinção. Na Serra do Cipó, região Central do Estado e Sul da cadeia do Espinhaço, concentra-se grande parte deste bioma e a vegetação predominante de campo rupestre possui uma das maiores biodiversidades do país, que se propaga em altitudes que variam entre 800 e 1.700 metros com espécies endêmicas, hoje ameaçadas pelas atividades econômicas que, muitas vezes, não respeitam a legislação ambiental.

O biólogo Geraldo Fernandes no local onde cultiva espécies para a serra

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07 • Cidade

Editora e diagramadora da página: Maria Clara Evangelista - 4º período

Belo Horizonte, outubro de 2011

O Ponto

Em defesa da inclusão social

Serviço oferecido pelos Correios permite ao deficiente visual transcrever correspondências do sistema comum para o Braille DIEGO DUARTE 4˚ PERÍODO

“O maior projeto da minha vida é a defesa da inclusão”.

na central, basta escrever na carta somente o nome do deficiente visual. Caso contrário, é preciso escrever o nome e endereço completo. No ano em que a Central foi criada foram transcritas 87 cartas. Até agosto deste ano, esse número já ultrapassa 1400 cartas, um aumento de mais de 15 vezes em relação ao ano de criação. Segundo a coordenadora operacional da Central Braille, Alady Souza, o seviço atende plenamente todo o Brasil. “A Central Braille além de favorecer a inclusão, reforça a questão da diversidade e da igualdade social ”, acrescenta Alady. Ela ainda ressalta que, apesar do resultado satisfatório, a maioria dos deficientes visuais ainda não dominam o alfabeto Braille. A revisora Ana Luiza Gomes, que também é deficiente visual, é responsável pela tradução das cartas em Braille para verificar se não houve algum erro. Quando os cegos enviam cartas em Braille para tradução à tinta, ela lê a correspondência que vai sendo escrita por um fúncionário da equipe dos Correios. Ana Luiza explica que, assim como ocorre nos telegramas, todas as informações são mantidas em sigilo. Ela ainda destaca a sensação de independência em poder ler suas próprias cartas, boletos bancários e extratos.

uarte Fotos: Diego D

Foi pensando na luta pela inclusão do deficiente na sociedade que o advogado aposentado Mário Alves de Oliveira, cego desde os 12 anos, sugeriu à diretoria da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), em Belo Horizonte, a criação de uma Central Braille. A ideia consistia em transcrever correspondências escritas à tinta para o Braille, e vice-versa. O projeto foi apresentado aos Correios em 1987, mas até a sua implementação, foram 20 anos de persistência. Porém, segundo Mário, dois passos eram necessários. Primeiro, não se conformar com a impossibilidade, pois na vida é importante superar limites. Segundo, a questão da violação de correspondência. Era necessária a criação de uma autorização bilateral por parte do remetente e do destinatário que descaracterizasse a violação. “A autorização funciona do seguinte modo, o remetente fará constar o endereçamento da correspondência à “Central Braille”, o que significa o seu encaminhamento a esse serviço, além de fazer constar no texto o nome e o endereço do destinatário. Este, por sua vez, deixa

seu cadastro no banco de dados deficientes visuais ao serviço da central para que possa receber postal. O serviço é disponível a sua correspondência transcrita”, para pessoas físicas e jurídicas. O explica Mário de Oliveira. Ele ainda encaminhamento de mensagens relata a importância do projeto e escritas em Braille, a transcrição e as dificuldades antes encontradas a postagem são gratuitos. Já para o no que se refere à leitura das texto escrito à tinta o remetente paga correspondências. “Este serviço R$0,75 pela carta não comercial facilita a vida dos usuários que (pessoa física) e R$1,10 pela carta dependiam de vizinhos e amigos para comercial (pessoa jurídica). Nas ler as correspondências”, diz Mário. contas (Água, luz, telefone) são Desde a década de 60, quando transcritas as principais informações morava no Instituto como, consumo, São Rafael, escola data de vencimento, valor a pagar e especializada na despesas eventuais. educação para cegos, O limite do número em Belo Horizonte de folhas por ele já defendia correspondência é a integração do de cinco para escrita deficiente visual. Mário de Oliveira, Para Mário de idealizador do projeto a tinta e dez para escrita em Braille. Oliveira, a política A Central funciona somente para os deficientes baseia-se em três pilares: Educação, trabalho e em Belo Horizonte, mas atende reabilitação. “O maior projeto da todo o país. As cartas enviadas aos minha vida é a defesa da inclusão. deficientes visuais de todos os É necessário sair do esconderijo estados são encaminhadas para para reivindicar os direitos relativos os Correios da capital mineira na à condição humana de milhares Avenida Afonso Pena, 1270, sala de deficientes que vivem no Brasil, 202, Belo Horizonte - MG – CEP: superprotegidos ou rejeitados pelas 30130-971. Os interessados devem próprias famílias e marginalizados se cadastrar pelo telefone (31) por toda a comunidade”, ressalta. 3249-2249 e avisar aos possíveis A Central Braille, pioneira no destinatários seu novo endereço Brasil e no mundo, desde 2007, para correspondência. Se o vem possibilitando o acesso dos destinatário já estiver cadastrado

Mário d de Oli Oliveira, i id idealizador li d d do projeto j t C Central t lB Braille ill

Ana Luiza Gomes, revisora das cartas

Empresas participantes do projeto: • Companhia de Água e Saneamento de Minas Gerais (Copasa) - MG • Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. (Embasa) - BA • Companhia Estadual de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul (CEE) - RS • Departamento Municipal de Água e Esgoto de Porto Alegre (Dmae) - RS • Distribuidora Gaúcha de Energia S.A. (AES Sul) - RS • Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) - RS • Companhia Municipal de Saneamento de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul (Comusa) - RS

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Resultado das cartas transcritas: 2007 - 87 2008 - 557 2009 - 1.726 2010 - 2.568 2011 - 1420 (até julho) TOTAL - 6.358

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08 • Fumec

Editores e diagramadores da página: Lucas Rage e Maria Eduarda Ramos - 6º e 4º perîodos

Belo Horizonte, outubro de 2011

O Ponto

Evento realizado no Parque Municipal procurou valorizar qualidades dos deficientes e romper as barreiras do preconceito social

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Foto: Beatriz Dantas

Qual a importância desse evento?

“Divulgação dos cursos e os trabalhos sociais da Fumec feitos durante todo o ano.” Diego Braz da Silva- 3° período do curso de Administração da Universidade Fumec

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“Estamos aqui para informar aos deficientes as possibilidades de isenções de impostos (IPI, ICMS e IPVA) ao adquirir algum veículo.”

“Com a ajuda da Fumec e outras instituições fica reforçado o nosso papel de subsidiar o poder municipal em suas intervenções sociais”

“Participar das obrigações sociais, praticando a extensão universitária, envolvendo o interesse comum da sociedade.”

Jackson de Oliveira Santos Despachante especial há 15 anos na área

Fátima Felix - gerente da Coordenadoria de Direito da Pessoa com Deficiência

Sérgio Arreguy Soares Coordenador do curso de Publicidade e Propaganda da Fumec

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Fumec • 09

Editores e diagramadores da página: Lucas Rage e Maria Eduarda Ramos - 6º e 4º perîodos

O Ponto

Belo Horizonte, outubro de 2011

José Carlos Dias - titular da Coordenadoria de Direito da Pessoa com Deficiência

Fátima Felix - gerente da Coordenadoria de Direito da Pessoa com Deficiência

Dia da Responsabilidade Social, que é comemorado em todo o Brasil no terceiro sábado de setembro e é promovido da Associação Brasileira de Instituições de Ensino Particular (ABMES), ocorreu este ano no Parque Municipal da capital. O evento contou com diversas parcerias como a Universidade Fumec, UFMG, Fiat, Toyota, OAB, Pinguim Cadeira de Rodas, Citroen e a Coordenadoria de Apoio e Assistência à Pessoa Deficiente Estadual (CAADE). Com o patrocínio da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), o evento visa chamar a atenção do poder público e da sociedade em geral para as necessidades das pessoas com deficiência. O coordenador do Setor de Extensão da Universidade da Fumec, Oswald Manoel Correa, no cargo desde 2007, conta que nos últimos anos tem havido a parceria entre coordenadores do evento com a PBH. De acordo com ele, o evento é apenas uma amostra das ações de extensão que envolvem responsabilidade social conduzidas pela Fumec. “O dia da Responsabilidade Social é a oportunidade de a Universidade mostrar suas ações à sociedade”, completa. No evento, havia 60 barracas que vendiam produtos produzidos por comunidades participantes de programas da Universidade como: doces, bijuterias, arranjos florais e

objetos de decoração. De acordo com o titular da Coordenadoria de Direito da Pessoa com Deficiência, José Carlos Dias, o objetivo do evento é “divulgar as habilidades e potencialidades das pessoas com deficiência, discutir os avanços e desafios da inclusão junto à sociedade.” José Carlos afirma que na capital existem 280 mil pessoas com algum tipo de deficiência e que as principais dificuldades encontradas por ela são a falta de acessibilidade em passeios, prédios públicos, escolas e hospitais, além da contratação abaixo das expectativas no mercado de trabalho. O coordenador acredita que a parceria de quatro anos com a Fumec significa muito para o evento, pois “a instituição já tem um peso por si só, é tradicional no ensino de BH, e vem aumentando seu interesse cada vez mais pela questão das pessoas com deficiência.” Walter Victorino - coordenador de curso de Administração de Negócios Internacionais - e Guadalupe Dias - coordenadora do Núcleo de Ciências Contábeis - participaram pela primeira vez do evento com o projeto “Empreendedorismo solidário, sua transformação em uma incubadora solidária”. “Este evento é uma forma de suprir a carência do estado e do setor privado, uma vez que estes não geram possibilidades de inclusão social. É uma forma de outros agentes sociais se organizarem para oferecer alternativas de inclusão social para a sociedade”, comenta Victorino. O projeto, que já tem dois anos,

MARINA BHERING TÚLIO KAIZER 6º E 4º PERÍODO

O

Pingue-Pongue

Professor Oswald M. Correa - coordenador do Setor de Extensão da Universidade Fumec

08-09 - Fumec.indd 2

O Ponto – O Dia da Responsabilidade Social, em sua oitava edição, já entrega o calendário oficial de Belo Horizonte e da Fumec. Essa parceria promete? Oswald Correa – Claro que sim. Basta ver que ano a ano aumenta o número de cursos presentes no evento. E não se trata de uma presença circunstancial. A partir daí, abrimos vários espaços de trabalho social no entorno da capital. Numa perspectiva de aprendizagem sem precedentes para os alunos professores e comunidades. Engajada neste projeto, a Prefeitura de Belo Horizonte realizou, simultaneamente a este evento, a 18ª Semana da Pessoa com Deficiência –

Walter Victorino - coordenador de curso de Administração de Negócios Internacionais - e Guadalupe Dias coordenadora do Núcleo de Ciências Contábeis

começou com um trabalho no Aglomerado da Serra e se multiplicou atingindo, hoje, mais grupos como: Bambu, Aglomeradas, Meninas do Cafezal e o Moda Lajes. Este projeto é uma ramificação do projeto ASAS, que é coordenado por Natasha Rena, professora da Fumec/ FEA. A gerente da Coordenadoria de Direito da Pessoa com Deficiência, Fátima Felix de Oliveira, também fala sobre o objetivo do evento: “tem o papel de coordenar, articular, propor, fiscalizar e subsidiar o governo municipal nas dificuldades da implantação de políticas públicas.” Ela aponta como principais desafios os problemas de acessibilidade urbana para pessoas com deficiência e expõe indignação com a sociedade preconceituosa que enfrenta diariamente: “enfrento preconceito desde a hora que eu levanto até a hora de dormir”, diz. Além desses, fala também do desafio de incluir o deficiente no mercado de trabalho, no qual é preciso quebrar o paradigma de que eles não são capazes. “O deficiente é um cidadão de direito, que precisa trabalhar e estudar mais, para ganhar autonomia no mercado”, completa. O Dia da Responsabilidade Social foi apenas um dos eventos da 18° SEMANA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA- “Sinal Verde para Inclusão: A hora é agora!”. Anualmente a campanha reúne cerca de 10 a 15 mil pessoas na capital mineira em diversas atividades, sempre tendo em vista mostrar as capacidades e habilidades dos deficientes.

“Sinal verde para a Inclusão: a hora é agora!”, mobilizando milhares de pessoas em suas diversas atividades. Com a sua peculiar visão social, o senhor acha que está longe para o fim da exclusão dos deficientes? Por que? Por mais que a PBH e suas secretarias afins, Fumec, outras entidades, Ong’s etc, estejam somando esforços neste sentido – e não é de hoje -, o problema grave da exclusão dos deficientes, por mais que tenha diminuído, ainda sofre do preconceito cultivado por uma sociedade que só tem olhos para o são e o belo. Mas quanto mais preconceito – e não se enganem! – mais força temos para nos unirmos nessa luta.

No âmbito da extensão, a Fumec já vem realizando, com o mesmo êxito, outros trabalhos nos aglomerados da capital, todos enfeixados no parâmetro da Responsabilidade Social. Este projeto significa uma nova dimensão da sala de aula? Com certeza. Não dá para restringir a produção de conhecimento à sala de aula, ao PowerPoint, também não dá pra desconhecer que as demandas sociais batem, diariamente, à nossa porta. Na medida certa, teoria e prática não podem ser dissociadas. Além do mais, oferecer serviços às comunidades é um compromisso moral e político do qual não podemos abrir mão.

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10 • Esportes

Editor e Diagramador da página: Renato Mesquita- 4º período

Belo Horizonte, outubro de 2011

O Ponto

EM BUSCA DE APOIO Equipe mineira de futebol americano luta dentro e fora de campo por patrocínio financeiro; A situação se repete em todo o país

“Aquela empresa que quer apostar suas fichas e investir em um esporte novo venha conhecer a gente. E garanto, vale o investimento, pois a meta do esporte no Brasil é ter um público parecido com o que acompanha o esporte nos Estados Unidos.” Essas palavras são de Gustavo Matos, vice-presidente do Minas Locomotiva, time de futebol americano da capital mineira, que reconhece que o esporte ainda é novo no Brasil, mas acredita que, com o apoio das empresas privadas, pode crescer muito e que esses investidores podem lucrar.

Números no Brasil As equipes, muitas vezes, sofrem para disputar uma temporada completa, pois a falta de um apoio maior ao esporte dificulta que elas consigam cumprir suas obrigações financeiras. A variação dos gastos chega a ser em média de R$ 50 mil por ano, considerando que, em um campeonato nacional, cada time joga no mínimo três partidas em casa e três fora. Para um jogo em casa, os clubes gastam cerca R$ 2 mil, e R$ 1,5 mil para jogos fora. A forma mais utilizada para os times conseguirem dinheiro é por meio de rifas, mensalidades, vendas de produtos oficiais e

Fotos: Marcelo Tito

TÚLIO KAIZER 4˚PERÍODO

Ataque do Minas Locomotiva em campo também em ações que visam arrecadar dinheiro para eles. O investimento na prática do esporte vem dos dois lados: Clubes e atletas. Os equipamentos para os jogadores custam entre R$ 1 mil e R$ 2,5 mil dependendo do número de peças e a qualidade que o atleta usa. Além disso, na maioria dos times, os jogadores pagam suas próprias viagens, hospedagens e lanches, quando a equipe joga fora de sua cidade ou estado.

Minas Locomotiva jogando em casa contra o São Paulo Spartans

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Investimento Outro fato citado por Matos é a participação das equipes de futebol (maior e mais popular esporte do país), que começaram a investir no futebol americano, disponibilizando a imagem e o nome para várias equipes

que disputam a Liga Brasileira de Futebol Americano (LBFA) e o Torneio Touchdown (TT). “Acho muito bom a participação dos clubes de futebol no esporte, porque além de dar estrutura (de campo, médica ou fisioterápica), que os clubes sentem muita carência, também assessora nas viagens.” Em Minas Gerais O Minas Locomotiva surgiu em 2006, vivendo em 2009 seu grande momento com a conquista do primeiro Campeonato Mineiro, o Minas Bowl, vencendo todas as quatro partidas que disputou. A partir daí o clube conseguiu mais reconhecimento no cenário nacional e mudou o foco, indo em busca do primeiro

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Esportes • 11

Editor e Diagramador da página: Renato Mesquita- 4º período

O Ponto

Foto: Túlio Kaizer

campeonato nacional. Essas vitórias fizeram com que a equipe desse um salto, e conseguisse os primeiros apoiadores. Gustavo agradece às empresas que ajudam a equipe hoje em dia, mas entende que ainda falta algo, e que esse apoio pode crescer mais em todo o país. “Hoje, a gente tem patrocinadores muito importantes. Temos a Bruiser de equipamentos esportivos, a Academia Feedback e a Bioforce, que nos facilita a aquisição de protetores bucais. Outro grande apoiador que a equipe tem é a Prefeitura de Santa Luzia, que nos dá condições de ter esse campo de jogo, que tem estrutura muito boa, além de ambulância e apoio com o som. É um bom início, mas a expectativa é só crescer.” O dirigente da equipe da capital mineira critica a falta de apoio ao esporte no Brasil e afirma que o futebol americano estaria em um posto muito mais elevado se uma maior divulgação dos eventos acontecesse. “A gente vê o grande crescimento do futebol americano nos últimos anos com recursos próprios e sem investimento privado ou público. Se tivesse apoio, esse crescimento seria exponencial, porque nos últimos cinco anos o número de times aumentou, junto com a visibilidade que o esporte ganhou, e já caberia trazer investimentos para ajudar o esporte a crescer ainda mais. É mais um esporte que ajuda o Brasil a se desenvolver, a tirar muita gente das ruas, então deveria ser repensado o apoio ao futebol americano.” Essa idéia

Belo Horizonte, outubro de 2011

Minas Locomotiva, time de futebol americano de belo horizonte é compartilhada por Abraão Coelho, quarterback (jogador de ataque) da equipe, que afirma que já passou da hora de o clube ganhar mais apoio no cenário nacional. “O que me incomoda realmente é a falta de oportunidade para que o esporte

se desenvolva. Somos hoje uma associação bem estruturada, com mais de cinco anos desde sua criação, conhecida e reconhecida nacionalmente e ainda exige um trabalho imenso para fechar parcerias. Já estamos num lugar que permite

“Hoje a gente tem patrocinadores muito importantes. (...) É um bom início, mas a expectativa é só crescer.“ Gustavo Matos, vice-presidente do Minas Locomotiva.

o investimento externo, o que seria benéfico para a equipe e para os investidores.” Apesar da tristeza pela condição financeira vivida pela equipe, os dirigentes e jogadores do clube sabem que não podem abaixar a cabeça, pois como diz o jogador de defesa (linemen) Wellington Brandão, o esporte ainda é emergente no país e o medo dos empresários em investir ainda é grande. Mesmo com as recentes conquistas, parece que a equipe ainda não cativou totalmente o público mineiro, que pouco acompanha os jogos, como diz o vice presidente. “A grande

maioria do nosso público nunca conheceu o esporte, veio para cá com convite de um ou outro jogador nosso, e acabou se apaixonando e gostando. Percebe-se que é um público cativo, que todo jogo estão presentes, inclusive viajando com a gente. Em breve, quando estivermos mais próximos de Belo Horizonte e a divulgação for maior, a gente vai conseguir trazer um público a mais, pois o jogo é interessante e inteligente.” Atualmente, o Minas treina em Contagem, no campo do SEST/SENAT, e joga em Santa Luzia, no campo do Frimisa.

DESPESAS PELO PAÍS

Enviamos as perguntas para 26 times do Brasil e no prazo de duas semanas apenas as equipes acima responderam.

EQUIPES FILIADAS A AFAB Coritiba Crocodiles Curitiba Brown Spiders Curitiba Hurricanes Curitiba Predadores Foz Black Sharks Ponta Grossa Phantoms Jaraguá Breakers Joinville Gladiators Timbó Rhinos Brusque Admirals Blumenau Riesen São José Istepôs

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Corupá Búfalos Tubarões Predadores Botafogo Mamutes Vasco Patriotas Fluminense Imperadores SP Storm SP Spartans Sorocaba Vipers Corinthians Steamrollers Itatiba Priests ABC Corsários Guarulhos Rhynos

Vila Velha Tritões Revolution FA (Marculino Adulto e Sub-19) Vitória Antares (Masculino Adulto) Vitória White Sharks (Masculino Adulto) Vila Velha Aimorés (Masculino Sub-19) Dragões do Mar Estácio Cangaceiros A.S.R. Gladiadores

Fênix Artífices Ceará Jaguars Manaus Cavaliers Amazon Black Hawk´s Ajuricaba Cuiabá Arsenal Sinop Coytoes Minas Locomotiva (MG) Porto Alegre Pumpkins (RS) Tubarões do Cerrado (DF) João Pessoa Espectros (PB)

Masculinos Praia: América Red Lions Botafogo Reptiles Botafogo Mamutes Falcões Ilha Avalanche Ipanema Tatuís Piratas de Copacabana RJ Sharks RJ Islanders RJ Titãs

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12 • Gastronomia

Editora e diagramadora da página: Luciana Cafaggi - 5º período

Belo Horizonte, outubro de 2011

O Ponto

Além de proporcionar entretenimento, Festival tem um importante papel social na geração de empregos

Tiradentes esbanja sabor e cultura Fotos: Daniel Ramos

Turistas apreciam beleza natural, história e os tradicionais festivais da cidade GIULIA MENDES 5º PERÍODO Considerada um dos centros históricos de arte barroca mais bem preservados do Brasil, a charmosa cidade de Tiradentes, localizada no Centro de Minas Gerais, se tornou um importante polo turístico para o estado. Não só as casas, igrejas, monumentos e todo o conjunto arquitetônico da cidade, como também a Serra de São José, maior formação natural da região, é tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o que atrai visitantes de todo o mundo. Além das belezas e curiosidades vistas por quem opta por chegar à cidade pelo caminho da Estrada Real, outra grande atração da região é o ecoturismo, que dispõe de diversas atividades como caminhadas ecológicas, cicloturismo, travessias de cachoeiras em botes, rapel e cavalgadas. O famoso passeio de Maria Fumaça começa na pequena estação ferroviária de São João Del Rey e vai até Tiradentes, onde os visitantes podem conhecer os pontos turísticos, como a Igreja Matriz de Santo Antônio construída em 1710, através de charretes que circulam todo o centro histórico encantando crianças, jovens e adultos. O artesanato em madeira, pedra sabão e tecelagem pode ser encontrado em toda região, assim como os doces de leite, ambrosia, amendoim e pé de moleque, característicos da culinária mineira. No cenário cultural, Tiradentes se destaca como set de gravações de filmes, minisséries e novelas, e é palco de grandes eventos como a Mostra de Cinema e o Festival de Cultura e Gastronomia, este último que recebeu recentemente sua 14ª edição. XIV Festival de Cultura e Gastronomia O Festival de Cultura e Gastronomia de Tiradentes, um

dos maiores eventos da alta gastronomia do país, surgiu com o intuito de fortalecer a tradicional cozinha mineira e reunir grandes chefs do Brasil e do mundo. A cidade fica repleta de alquimia e os cardápios oferecem os mais diferentes tipos de sabores. A integração entre amantes da boa mesa e profissionais do ramo é um dos momentos

Tiradentes é um dos principais pontos turísticos de Minas Gerais mais esperados por turistas e moradores de Tiradentes. Na 14ª edição do Festival, realizada entre os dias 19 a 28 de agosto, a proposta foi homenagear os novos talentos com um concurso que elegeu jovens chefs e suas criações para comandar os famosos festins. Grandes nomes da gastronomia, como Alex Atala, chef-

proprietário dos restaurantes D.O.M e Dalva e Dito em São Paulo, Beth Beltrão, que comanda, em Tiradentes, o Virada’s do Lago, um dos melhores restaurantes especializados em culinária mineira do país, o chefexecutivo Paco Roncero, do restaurante Terraza Del Casino, em Madri, na Espanha, e Rodrigo Oliveira, responsável pelo restaurante Mocotó, point de artistas e personalidades na capital paulista, assinaram os jantares e deram cursos de culinária abertos ao público. Segundo Ralph Justino, idealizador e um dos produtores do Festival de Cultura e Gastronomia, antes secretário de Cultura e Turismo em Tiradentes, o segundo semestre precisava de um evento que mobilizasse a cidade e incrementasse o turismo local. “Há quatorze anos começamos este projeto pioneiro de mesclar a cultura com a culinária, duas fortes características da cidade. Antes era tudo bem centralizado e hoje o Festival abrange boa parte de Tiradentes, entre restaurantes, pousadas, praças e casas de cultura, formando uma grande estrutura. A expectativa é sempre boa, já que recebemos, todo ano, grandes parceiros, milhares de visitantes, a imprensa e os clientes que aguardam o melhor de Minas Gerais e do mundo”, avalia Ralph. A organizadora de toda a parte gastronômica do Festival, Joana Munne, garante a qualidade das atrações. “Trabalhamos o ano inteiro para conceituar os temas, pesquisar os melhores chefs e organizar a logística das aulas, atividades e festins. Tudo é acompanhado de perto, desde o início até o momento final, onde o trabalho é concretizado”, afirma Joana, que vem de Barcelona, na Espanha, para realizar o Festival. Além da programação gastronômica recheada de cursos, workshops e degustações, o público pôde assistir, gratuitamente, a apresentações de shows, exposições e peças teatrais.

O público pôde degustar de uma grande variedade de doces e quitutes típicos da culinária mineira

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Cultura • 13

Editora: Raiane Bergman - 4º período - Diagramadoras da página: Raiane Bergman e Anna Claudia Castro - 4º período

O Ponto

Belo Horizonte, outubro de 2011

Com mais de mil shows, banda mineira reproduz sucessos dos Beatles e revoluciona o cenário musical ANNA CLÁUDIA CASTRO 4º PERÍODO

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Foto: Ana Cláudia Castro

stamos começando o show 1359’. Assim iniciava o espetáculo ao qual fui apresentada a eles, os veteranos Marcos Gauguin (produtor musical, vocais e guitarra), Marcelo Carrato (bateria e percussão), Jô Rocha (contrabaixo) e os também músicos Vitor Mendes ( guitarra base e vocais) e André Katz (teclado e vocais) que ingressaram no grupo posteriormente. Esses cinco músicos mineiros, que compõem a quarta formação da banda, interpretam com fidelidade os acordes e as letras dos atemporais John Lennon, Paul McCartney, Ringo Starr e George Harrison. Reunidos por compartilhar o mesmo gosto pelos Beatles, os integrantes da Sgt Pepper’s Band foram influenciados por familiares e até mesmo pela vivência da infância nos anos 60. Fundada em 10 de abril de 1990, com 21 anos ininterruptos de carreira e três discos gravados, eles reproduzem o som dos garotos de Liverpool que fizeram história na década de 60 e que até hoje contagiam gerações. Prova disso é Alan Caldeira Fernandes, 22 anos, que desde criança gosta de Beatles e por compartilhar esse apreço com um conhecido, também beatlemaníaco, foi apresentado a Sgt. Pepper’s há quatro anos durante um show no bar Pau e Pedra, em Belo Horizonte, e depois desse primeiro contato começou a frequentar os shows tornando-se amigo dos integrantes. Para o estudante de zootecnia, os Beatles são extremamente bem representados por eles e é justamente por zelarem pela fidelidade aos ídolos que se tornou fã. Presença confirmada nos shows, Alan Fernandes garante que a banda está muito bem composta, conta com excelentes músicos como, por exemplo, Marcos Gauguin que foi considerado o melhor

Integrantes da Sgt. Pepper’s em ensaio, da esquerda para direita: Marcos Gaugin; Jô Rocha; Vitor Mendes; Marcelo Carrato e Andre Katz guitarrista solo de músicas dos Beatles desse meio. “Eu particularmente acho que a Sgt. Pepper’s Band é a melhor banda cover dos Bealtes do mundo” conclui ele. Sgt. Pepper foi considerada uma das maiores capas do cenário do pop, diferente de tudo o que os Beatles tinham feito até então. O álbum era conceitual, um caleidoscópio de canções interligadas sem a habitual pausa de alguns segundos entre uma faixa e outra, mas é também título de uma canção, a qual inspirou o nome do grupo. “A música fala sobre uma banda que o Sargento Pimenta (Sgt. Pepper) ensinou a tocar e, na nossa concepção, nós seriamos essa banda que foi ensinada por ele”, explica Jô Rocha. Aclamado pela mídia inglesa, em 1994, como uma das três melhores do mundo logo em seu primeiro ano no Internacional Beatle Week, festival que acontece anualmente e reúne beatlemaníacos do mundo todo em Liverpool, que se transforma na Meca do Rock, o grupo foi o pioneiro na América do Sul a participar do evento. Em sua última presença no Beatle Week, os mineiros já eram considerados ícones, uma das atrações mais esperadas no festival, recebendo o reconhecimento e carinho dos ingleses, que viram em seu trabalho a mesma qualidade, seriedade e amor pelo que fazem, assim como os quatro britânicos. Diferentemente dos

covers, que normalmente possuem uma característica teatral, onde os integrantes se fantasiam e imitam os ídolos, a preocupação da Sgt. Peppers vai além de tentar transmitir uma imagem semelhante no palco, sua prioridade é nos fazer escutar as músicas na forma como estão nos discos, nos remeter aos Reis do iêiêiê de saudosa e histórica época. Transmissores de um som que não apenas reproduzem, mas também homenageiam os Beatles, a banda é consciente da responsabilidade de exercer esse trabalho sério, fruto de muitas pesquisas e ensaios. A busca pela perfeição é tão minuciosa que eles repetem até os erros que os ídolos cometiam, como por exemplo, os erros de notas. Quando questionados sobre a música ou integrante preferidos, divertidamente André Katz responde: “É o mesmo que eu te perguntar de quem você gosta mais, seu pai ou sua mãe?” Apreciadores da banda, por inteiro, sem nenhuma predileção, o repertório é escolhido de acordo com o que é proposto pelos integrantes. Se uma das músicas, mesmo depois de muito ensaio, não trouxe a harmonia desejada, é descartada. Em meio a várias canções famosas dos Beatles, eles se limitam, em cada show, a apenas algumas músicas, o que os possibilita apresentar sempre um novo repertório. Em 1996, a banda lançou,

na Europa seu primeiro CD, “Come And Get It”, que reuniu treze canções inéditas da dupla Lennon e McCartney. Deram a elas a forma que teriam com os Beatles, já que foi um grupo de músicas esquecidas ou cedidas a outros cantores. Mas é em 1998 e 1999 que o grupo vive seu momento mais marcante ao gravar seus próximos álbuns “Afonso Pena Abbey Road”, uma releitura da obra não lançada oficialmente de seus ídolos, e “Why Don’t We Do It in Abbey Road”, um disco com a participação de outras bandas. No conhecido Abbey Road, em Londres, onde os Beatles gravaram 95% de sua obra e que denominou o último disco da banda inglesa, os mineiros gravaram duas faixas para o selo Cavern Records. Estar onde os Beatles alcançaram a perfeição foi para eles gratificante momento, extremamente significativo em suas vidas e para a história da banda, pois, durante um dia tiveram toda a

estrutura do ‘estúdio dois’ à disposição para gravar. Satisfeitos com o trabalho realizado, que os rendeu reconhecimento de Paul McCartney, com elogios à proximidade dos timbres com as gravações dos Beatles, a banda Sgt. Pepper’s se sente motivada: “Poxa, significa que estamos no caminho certo, então vamos continuar”, ressalta Katz. Para eles, depois do fenômeno Beatles, não houve ainda quem conseguisse revolucionar o cenário musical, no entanto apontaram Los Hermanos e Amy Whynehouse como nomes promissores, deixaram suas contribuições para esse meio, mas se perderam durante a longa jornada para alcançar o sucesso. Orgulho de Minas Gerais, a Sgt. Pepper’s já se apresentou no Domingão do Faustão, Programa do Jô e toca todos os sábados, exceto o primeiro de cada mês, no tradicional restaurante Maria das Tranças, em Belo Horizonte. A banda, que preza a proximidade com o público, escolheu esse lugar justamente por ser um ambiente acolhedor e familiar, onde pode sentir de imediato o retorno dos fãs. Sem previsão para a gravação de um novo disco, a banda foca, no momento, apenas em seus ensaios e estudo das músicas com o objetivo de reproduzir, de forma plena, verdadeiras obras de arte criadas pelos fabulosos de Liverpool, The Beatles.

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14 • Comportamento

Editora e diagramadora da página: Maria Eduarda Ramos - 4º período

Belo Horizonte, outubro de 2011

O Ponto Foto: Maria Eduarda Ramos

‘‘ Minha cabeça é Raul Seixas, a história dele ‘tá’ na minha cabeça, na minha vida, meu jeito de ser’’

Fé Ele não frequenta nenhuma igreja específica, mas fica bem à vontade quando o assunto é religião. “Eu acredito muito em Deus, eu amo Deus’’, conclui. Nada de ficar parado esperando a oportunidade surgir. Para Zoeca, o homem independente da idade tem que batalhar. “O ser humano nasceu para brilhar, você pode perder tudo na vida, mas você tem que continuar, dar a volta por cima’’, diz. Seu sonho é visitar o túmulo do seu ídolo no dia do seu aniversário. ’’Espero que Deus dê a gente saúde e ‘money’ pra eu ir lá no ‘tumbão’ dele, meu sonho é esse, no dia do aniversário dele, quero ter o prazer de sentar lá com ele e cantar Raul Seixas’’, afirma. Para entender o ídolo é preciso ‘’nascer um cara diferente’’. Segundo o cover de Raul Seixas, esse é o primeiro passo para se tornar um “maluco beleza”.

Foto: Maria Eduarda Ramos

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Metamorfose Cantor Raul é muito feliz no seu trabalho e se vê como uma “metamorfose ambulante’’, canção de grande sucesso de Raul nos anos 80. ‘’É minha vida, aquilo que Deus me deu, mal de mim se não é isso!’’, conta. Sem economizar nas palavras, Zoeca avalia seu único encontro com o ídolo Raul Seixas: eles estavam na Bahia e se encontraram na praia, porém, Raul Seixas provavelmente não se lembraria da conversa, pois ,segundo Zoeca, ele estava embriagado. As bebidas alcóolicas realmente fizeram parte da vida do grande cantor brasileiro. “Conheci na Bahia, ele tava doidão, a gente (amigos) tava na praia depois

fomos para um sítio e, por volta das 19h, ele apareceu lá todo sujo, ‘bêbado’”, lembra. Para Isoé, o fim antecipado do ídolo se deu por que faltavam boas influências. ‘’A solidão também estraga’’, completa. Para Isoé, a única diferença entre ele e o verdadeiro Raul é o nome. “Minha cabeça é Raul Seixas, a história dele ‘tá’ na minha cabeça, na minha vida, no meu jeito de ser’’, afirma.

Foto: Bhianca Fidelis

Um homem incomum que não sabe cantar leva a vida interpretando um cantor. Ele não é rico e nem se encaixa nos padrões de beleza da atualidade, mora em uma casa simples e, por onde passa, chama a atenção. A paixão de Isoé Jorge Mateus de Farias pela música de seu ídolo Raul Seixas o levou a mudar sua rotina radicalmente. Zoeca, como é comumente chamado, após ser demitido do seu último emprego na empresa Mecom – Minas Moderna Engenharia e Comércio – leva a vida representando o famoso cantor de rock. Em 2008, o sósia se candidatou a vereador de Belo Horizonte, pelo DEM (Democratas), fazendo uso das músicas de Raul para angariar votos daqueles eleitores que, assim como ele, também são fãs do “pai do rock brasileiro”. De acordo com os dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Cantor Raul teve 1.198 votos e ficou como suplente. Com 56 anos, “Raul” esbanja simpatia e disposição. A experiência de incorporar a música do pai do rock brasileiro começou quando Zoeca ganhou uma bicicleta e um violão (que ele não sabe tocar). Desde então é impossível que ele passe despercebido por onde caminha. Zoeca mora no bairro Serra, mas têm seus lugares preferidos para fazer os shows. “Eu acordo mais tarde.

E quando é umas 14h eu saio pra cantar, mas meu carro forte mesmo é o Mercado Central, Feira Hippie, Oiapoque e a Feira de quinta, na Savassi’’, comenta. Com muito orgulho, Isoé afirma que criou seus seis filhos com a música e que todos sempre deram apoio para a sua carreira de cantar pelas ruas da capital mineira. Suas andanças lhe rendem convites frequêntes para inaugurar bares e restaurantes. Radical, o cantor Raul usa gírias e mora em um prédio incomum construído por ele mesmo, uma espécie de casa da vovó, cujos objetos são todos artigos que Isoé traz dos lugares por onde já passou.

Foto: Bhianca Fidelis

BHIANCA FIDELIS 4º PERÍODO

10/18/11 3:14:50 PM


Cultura • 15

Editor e diagramador da página: Marcelo Tito - 5º período

O Ponto

Belo Horizonte, outubro de 2011

Fotos: Bruno Figueiredo

Ex-aluno da Fumec é destaque em mostra de fotos em Londres O fotógrafo Bruno Figueiredo, ex-aluno da Universidade FUMEC, foi um dos destaques da terceira edição da Mostra de Arte Contemporânea Brasileira em Londres MARINA BHERING 6º PERÍODO Em sua terceira edição, a Mostra de Arte Contemporânea Brasileira em Londres - “I am Braziliality”-, abre espaço para exposição de artistas brasileiros que moram no exterior e também para aqueles que se inspiram em nosso país, explorando um intercâmbio entre a cultura brasileira e a européia. Entre os 40 artistas participantes, destaca-se o ex-aluno de jornalismo da Universidade FUMEC, Bruno Figueiredo. O primeiro contato de Bruno com o evento ocorreu por meio da diretora e fundadora da Mostra, Alicia Bastos, que gostou das suas fotos e o convidou para ser um dos membros do evento. “Quando ela explicou sobre o intuito do Braziliality de aglutinar artistas brasileiros que vivem na Europa, de imediato aceitei o convite”, conta o jornalista acrescentando que a experiência foi enriquecedora. Após trabalhar três anos e meio no jornal “O Tempo”, cansado da rotina de um jornal diário no qual não tinha oportunidade de se aprofundar nos assuntos, Bruno decidiu pedir demissão e voltar para Londres, onde já havia morado por um ano e meio

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estudando inglês. O fotojornalista acredita que “se você é confiante de suas capacidades e esforçado no que faz, você consegue achar espaço em qualquer mercado”. De acordo com Bruno, “muitos fotógrafos que trabalham entre o Brasil e a Europa estão dizendo que o mercado de lá piorou nos últimos anos e as coisas aqui melhoraram bastante”. O fotógrafo que diz ser “meio cigano por sempre ter uma necessidade de estar viajando”, fica feliz ao ver o mercado aumentando em seu país, pois é sempre para cá que ele volta depois de suas “andanças”. Além de participar do evento “I am Braziliality”, Bruno teve suas fotos publicadas no livro “O Melhor do Fotojornalismo Brasileiro”, por três anos consecutivos. Sua primeira publicação foi uma sequência em que o ex-presidente Lula se apresenta visivelmente angustiado, consequência de dores no pescoço que sofria na época. De acordo com Bruno, o fotojornalismo é fundamental para a cobertura jornalística, pois

a fotografia descreve um evento ou personagem, transmite informações e complementa o texto que acompanha. “Além disso, as fotos funcionam também como um documento, uma comprovação, algo que ateste determinado acontecimento”, complementa, opinando ainda que as fotos em uma cobertura jornalística, assim como o texto, não são imparciais. O fotógrafo conta que pelo caráter diário dos jornais, são poucas as vezes em que é possível fazer uma pré-produção das fotos, não tendo possibilidade, por exemplo, de se estudar o local em que um personagem estará, escolhendo o melhor ângulo para as imagens. “Fotojornalismo é reflexo, rapidez, versatilidade e Bruno Figueiredo técnica”, comenta. Assim, Bruno acredita que quanto mais crítica é a visão de mundo, mais profundo o fotógrafo é capaz de ir ao fazer uma foto, por menor que seja o tempo para produzi-la.

“As imagens têm a capacidade de descrever um evento ou personagem, transmitindo informações e complementando o texto ao qual acompanham”.

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16 • Cultura/Crítica

Editora: Adélia Pinheiro - 4º período -Diagramadora da página: Luciana Cafaggi - 5º periodo

Belo Horizonte, outubro de 2011

O Ponto

Nascido no subúrbio das metrópoles, grafite ganha status de arte e conquista galerias e museus mundiais BRENO DIAS TEMPONI DE SÁ 4º PERÍODO Em julho de 2010 a Prefeitura de São Paulo apagou, na Avenida 23 de maio, no centro da cidade, um mural de 680 metros grafitado pelos artistas Francisco Rodrigues, mais conhecido como Nunca, e os irmãos Gustavo e Otávio Pandofo, que formam a dupla Os gêmeos, entre outros grafiteiros. Curiosamente na mesma época, a Tate Modern, um dos mais conceituados museus da Inglaterra, realizava uma elogiada exposição em sua fachada, justamente com os grafites de Nunca e Os gêmeos. Acostumados à repressão do poder público e limitados até então às ruas das grandes cidades, os grafiteiros estão ganhando evidência nas galeristas e entre curadores de museus e conquistando cada vez mais espaço no meio artístico, seguindo tendência mundial que começa a ganhar força também no Brasil. E enquanto grafiteiros como Nunca e Os gêmeos já se integraram ao circuito artístico internacional, por aqui esse incipiente movimento de transição do grafite de rua para os museus conseguiu fazer render, em 2008, exposições como a Street Art, D Do o grafite, a pintura, realizadas em São Paulo, o,, o e a I Bienal Internacional de Grafite em m Belo Horizonte, na capital mineira. “Estamos vendo, em razão de sua origem, como o grafite se comportará em relação à sensibilidade do mercado”, observa o jornalista e curador Marcelo Rezende, já sinalizando o quanto qu uaan nto o o grafite vem se mostrando um produto altamente vendável. Esta mercantilização do grafite, porém, já começa ç a ser contestada. Em setembro setem mbrro deste ano, um grupo de pichadores chegou a danificar diversas obras expostas na Choque Cultural, galeria paulistana reconhecida por abrir espaço à arte. Não satisfeitos, um mês depois, romperam também o acordo que mantinham com os grafiteiros de não pintarem por cima das obras dos outros, e deixaram sua marca em três paineis localizados no centro de São Paulo. A explicação para o ato de vandalismo, segundo os próprios pichadores, é o fato de o grafite ter deixado de ser uma arte contestadora para ser absorvida e domesticada pelo mercado.

Talvez o principal desafio do grafite, a partir de agora, seja buscar o delicado equilíbrio que o permita coexistir enquanto manifestação artística das ruas e enquanto obra a ser apreciada nos espaços fechados dos museus. Ao ser exposto em um museu ou colocado à venda em uma galeria, porém, o grafite passa a não ser mais grafite. Ele perde a sua postura, força e energia originais, e se transfigura. “O grafite talvez seja para a pintura o que a TV é para o cinema”, sugere Marcelo Rezende. Seja como for e em meio a tantas indefinições, uma coisa parece estar clara: a linguagem do grafite já está consolidada, assim como seu status de obra de arte. O que pode ser considerado um grande salto para uma arte que surgiu no subúrbio dos grandes centros urbanos e durante muito tempo foi vista como depredatória, como algo semelhante a pichações promovidas por vândalos em extrema

rebeldia, a depredar o bem público. Aos poucos sendo desmistificado, esse preconceito já não impede que o grafite seja visto como um estilo artístico. A saga dos grafiteiros passa a ser agora a de que um dia todos passem nas ruas, não importando se críticos ou leigos, olhem para suas telas ao ar livre e enxerguem o grafite como obra de arte, tal qual como em um grande museu aberto. E que um dia pessoas ilustres possam também contratar grafiteiros para fazer trabalhos particulares, como os pintores clássicos do passado, alguns deles acabando por se tornar exímios retratistas de personalidades ilustres. A grande luta agora volta-se à conquista de mais respeito por parte da sociedade, passando a não mais ser visto como depredação de espaços urbanos. Poder ser legitimado em seu território como obra de arte, e não mais visto de forma preconceituosa pela sociedade brasileira. E, quem sabe um dia, presenciar a homogeneização do grafite da Street Art também em território nacional brasileiro.

Grafite em muro na Avenida Afonso Pena, próximo ao Corpo de Bombeiros

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