Jornal O Ponto (nº 104) - Outubro de 2017

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Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social Ano 17

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Número 104

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Outubro de 2017

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Belo Horizonte / MG

Distribuição gratuita

Política e polêmica: qual é o limite? O Abuso que agride as mulheres por meio da pornografia de vingança

Págs. 8 e 9

A arte que expõe os jardins na Casa do Baile

Pág. 12


02 • Opinião

Editor e diagramador da página: Pietra Pessoa

Belo Horizonte, Outubro de 2017

O Ponto

Mulheres na Política Silvânia Capanema 4º Período

Crédito: Silvãnia Capanema

A Câmara Municipal de Belo Horizonte promoveu no final de agosto, um Seminário Internacional com o tema “A mulher do século XXI”. Na apresentação do evento, Áurea Carolina, a vereadora mais voltada da atual gestão legislatva, discursou sobre a participação da mulher na vida pública nacional. Áurea Carolina se coloca como uma feminista negra, por considerar que o racismo estrutural presente na sociedade promove uma exclusão sistemática das mulheres negras, colocando-as na base da pirâmide dos direitos conquistados pela população. Para ela, as lutas feministas avançam a condição ética de todos no convívio social, quando desafiam, no seu tempo, as instituições e as prá-

ticas culturais danosas que perpetuam a opressão às mulheres. A vereadora chama a atenção para a recente pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (EFGV) revelando que, aproximadamente, metade das mulheres são demitidas de seus postos de trabalho até dois anos depois da licença maternidade. Isto significa que o direito de maternidade da mulher está sendo negado e até criminalizado. Para a maioria das mulheres, exercer a maternidade é um sofrimento, pois é punida por exercer o direito e a vontade e de ser mãe. Tal prática indica que a sociedade brasileira quer tirar a mulher do mercado de trabalho e devolvê-la ao lar, lembrando, através do ideal de “bela, recatada e do lar”, que o trabalho fora do lar não é para as mulheres. Esse traço cultural estigmatiza a mulher, reduzindo sua

Áurea Carolina fala sobre mulheres em Seminário

possibilidade de emancipação e de participação na vida pública. Outro assunto da vida social brasileira realçado por Áurea Carolina é o aumento dos estupros coletivos, hoje estimados no absurdo nível de dez casos por dia no país. A cultura machista do estupro devolve à mulher o papel de objeto sexual. Para a vereadora, não é possível permitir que a sociedade continue a não se envolver e a não se responsabilizar por esse vergonhoso problema social, é preciso que enfrente o atual sistema de violência que rebaixa a condição feminina. Quanto à participação da mulher na vida pública através de cargos de representação política, Áurea defende que o direito de candidatura precisa corresponder, efetivamente, ao direito de elegibilidade. Considera existirem barreiras institucionais que estão aprofundando a dificuldade de participação feminina, salientando que os novos sistemas eleitorais propostos, a exemplo dos chamados Distritão e Fundão, podem ser desastrosos para as mulheres. Ela explica que, se hoje, no sistema proporcional já é difícil o acesso das mulheres ao Legislativo, com o regra majoritária poderá ser quase impossível. Dentro da nova regra, privilegia-se os mais votados, ou seja, os mais famosos ou aqueles com maior poder financeiro para investir em suas campanhas. No atual sistema ainda se consegue

a inclusão de grupos que representam as minorias políticas (observe que não demográfica), como as mulheres , mas no Distritão, que favoreceria os maiores partidos e os candidatos poderosos, fatalmente as mulheres ficariam de fora dos cargos políticos. Referindo-se ao Fundão, Áurea Carolina, com propriedade, diz que é “uma risada, uma afronta na cara do povo”, pois apesar das condições de desemprego e de falta de assistência em setores essenciais vigentes no país, pretende-se aprovar uma verba de três bilhões de reais para beneficiar candidaturas que seriam, com ajuda do Distritão, encaminhadas às maiores campanhas, exatamente aquelas dos homens ricos e poderosos. Sobre a nossa cidade, a vereadora ressalta que é importante acompanharmos as políticas públicas que estão sendo construídas - se vão criar melhores condições para as mulheres e ainda para as áreas de saúde, educação, meio-ambiente, todas essas importantes no que diz respeito à mulher. Na Câmara, Áurea a suas três colegas, eleitas no último pleito, fiscalizam a distribuição das verbas, dando contribuições e defendendo o que concerne às políticas específicas para as mulheres, na busca de sua maior autonomia. A vereadora encoraja as mulheres a participar mais da política. Enfatiza que, embora atualmente haja um distancia-

Projeto “Pensando o Brasil” João Eduardo 4º período A Universidade FUMEC se destaca entre as instituições de Ensino Superior do Brasil, e comprova esta afirmação ao promover o projeto “Pensando o Brasil”, que busca promover o debate de ideias à cerca do país que desejamos para os próximos anos. Pré-candidatos ao Governo de Minas Gerais e a Presidência da República passarão pelo Auditório Phoneix e ali exibirão seus pontos de vista sobre os mais diferentes assuntos que envolvem o Brasil e nosso Estado. Discutir ideias e opiniões, fazendo valer o direito constitucional da livre expressão de pensamentos é o foco principal desta empreitada. O Deputado Federal pelo Rio de Janeiro Jair Bolsonaro (PSC) foi o primeiro a participar do projeto. As inscrições abertas

apenas para alunos, professores e funcionários de nossa universidade se esgotaram em pouco menos de 25 minutos, mostrando a vontade da comunidade acadêmica em participar das discussões com o deputado que aparece nas primeiras posições nas pesquisas eleitorais. No dia da palestra, a fila para entrar no auditório dobrou os corredores do campus da Faculdade de Ciências Humanas, Sociais e da Saúde (FCH). Não se pode deixar de mencionar as manifestações contra a presença de Bolsonaro. Elas tomaram proporções gigantes nas redes sociais, e trouxeram centenas de manifestantes para as ruas em torno do Campus. A intolerância (vinda de todos os lados) imperou em alguns momentos, a ponto da Polícia Militar ser obrigada a utilizar a força para conter os manifestantes mais exaltados. Isso não é bom para a democracia.

O debate saudável de ideias e propostas, o contra-argumento, réplicas, tréplicas, até mesmo gritos são válidos. Pancadas, socos e chutes não farão o Brasil melhorar, pelo contrário, atrapalharão as tentativas de diálogo, impedindo a construção da paz tão sonhada. Dentro da palestra, Bolsonaro fez jus ao título de “polêmico” e não titubeou em usar frases que levaram ao êxtase alguns e ao ódio outros que acompanhavam suas palavras. “Direitos humanos são para marginais”, “Não vou negociar com o Congresso” e “Cadeia no Brasil é a antessala do inferno”, foram algumas das frases mais importantes de seu discurso. Ao ouvir gritos de manifestantes que se concentravam na portaria do teatro, Bolsonaro não se conteve e disse mais uma de suas pérolas: “Cérebros de ovo cozido”. Com grande divulgação por

parte da imprensa mineira e causando os mais extremos sentimentos, a participação do deputado Jair Bolsonaro no “Pensando o Brasil” mostra que o desejo de nossa Universidade é simplesmente ampliar o debate a cerca do Brasil que queremos e desejamos. Nomes como o de Ciro Gomes, João Dória e o ex-presidente Luís Inácio da Silva (Lula) foram convidados e aguardam confirmação. Entre os pré-candidatos ao governo de Minas, Fernando Pimentel, Antônio Anastasia e Jô Morais também foram convidados. O deputado federal Rodrigo Pacheco será o próximo a participar do projeto. Sem violência e primando pela paz, é preciso pensar o Brasil que se quer, ouvindo argumentos e discutindo propostas, utilizando apenas a força da ideias. Este é o meu desejo, e creio que o de todos que amam esta Pátria tão bela.

mento do campo político pelos descasos e pelas decepções que vêm nos causando, é preciso que não nos calemos diante do atual quadro. Ela nos incentiva - a nós, mulheres - a ocupar postos, espaços de construção coletiva, seja no trabalho, na escola, na igreja, perto de casa, no grupo social e até mesmo procurando os partidos políticos, pois alega que é através dessas sementinhas que as mulheres conseguirão conquistar seu lugar na vida pública e na política. É necessário construir-se um senso crítico, uma maneira própria das mulheres de dizer que a política é, sim, o nosso lugar. E, terminando o seu aplaudido discurso, Áurea Carolina diz: “Nenhum direito a menos, nenhuma de nós a menos!

o ponto Coordenação Editorial Prof. Hugo Teixeira · Jornalismo Impresso Projeto Gráfico Dunya Azevedo · Professora orientadora Daniel Washington · Técnico Lab. Prod. Gráfica Pedro Rocha · Aluno voluntário Roberta Andrade · Aluna voluntária Logotipo Giovanni Batista Corrêa · Aluno voluntário Universidade Fumec Rua Cobre, 200 · Cruzeiro Belo Horizonte · Minas Gerais Telefone: (31) 3228-3014 e-mail: jornaloponto@fumec.br Presidente do Conselho de Curadores Prof. Antonio Carlos Diniz Murta Reitor da Universidade Fumec Prof. Fernando de Melo Nogueira Diretor Geral/FCH Prof. Antônio Marcos Nohmi Diretor de Ensino/FCH Prof. João Batista de Mendonça Filho Coordenador do Curso de Jornalismo Prof. Ismar Madeira Técnico Lab. Jornalismo Impresso Luis Filipe Pena Borges de Andrade Monitores de Jornalismo Impresso Pietra Pessoa Vitória Marques Monitores da Redação Modelo Catherina Dias Pollyana Gradisse Fotos de capa Maria Clara Castro Tiragem desta edição: 1.000 exemplares Jornal Laboratório do curso de Jornalismo

Os artigos publicados nesta página não expressam necessariamente a opinião do jornal e visam refletir as diversas tendências do pensamento


Comportamento • 03

Editor e diagramador da página: Vitória Marques

Vai de van?

O Ponto

Belo Horizonte, Outubro de 2017

A difícil mobilidade de quem depende do transporte fretado

Fila dupla na porta da Fumec atrapalha o trânsito há lei, normas ou acordos que abrem espaço para o estacionamento/parada de transporte fretado em situações como as que passamos, e os motoristas se veem no seguinte dilema “ou cumpro acordo com o aluno de deixá-lo na porta do destino ou cumpro com as penalidades”, explica. De fato é errado descumprir as leis, mas será que por falta de aconselhamento e atenção para com as vans, as mesmas devem ser responsabilizadas? Segundo a BHTrans “As equipes, em operação conjunta Guarda Municipal (BHTRANS/PMMG/GM), são dispostas em vias de trân-

Danielle Lopes, aluna da Fumec

sito do município de Belo Horizonte para apuração e providências cabíveis, de acordo com o previsto no CTB, Lei Federal n.º 9.503/97.” Embora, mesmo com a falta de estrutura e suporte, há quem diga que não tem transtornos com a van, como é o caso da aluna Ana Clara Barcelos, estudante da Fumec. “Ela me pega na esquina da minha casa e me deixa na porta da faculdade”, conta. Mas nào é assim com todo mundo. Outros alunos alegam que já passaram por constrangimentos como buzinas, serem apressados ao descer da van, ou não ter a comodidade

de ser buscado e deixado na porta do destino como deveria ocorrer. Você cederia sua vaga? Ao ser questionada sobre se cederia sua vaga para os transportes fretados, Danielle Lopes, estudante de comunicação, opina que ceder a vaga é complicado. Para ela, as pessoas não deveriam ceder a sua vaga de carro para uma van, já que o certo seria ter um espaço destinado para ambos transportes. Ressaltando que é muito difícil depender da boa vontade das pessoas para liberar a vaga e se a van estiver ali, não pode parar

Crédito: Arquivo Pessoal

Crédito: Maria Rita Pirani

Está claro que o cotidiano nos dias de hoje obriga a todos a contornar vários problemas e aprender a lidar com inúmeras situações, sejam elas boas ou ruins. Mas todo mundo concorda que algumas occorrencias tiram as pessoas do sério e, uma grande fonte de estresse e discussão, é o famoso trânsito. Mais especificamente, o trânsito do transporte fretado ou escolar. Faça chuva ou faça sol, as vans sempre estão no caminho e a maioria dos motoristas passam por inúmeros transtornos, uma vez por causa de parada em local inapropriado, outras vezes por demora. Infelizmente esse não é um problema que envolve apenas as vans. Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) o trânsito é composto pela utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga”, em outras palavras: a responsabilidade é coletiva. Ivanete de São Miguel Paiva, motorista de transporte fretado diz que “é muito difícil ter que depender do cliente, da faculdade, da cooperativa. É revoltante passar por constrangimento por apenas exercer o meu trabalho”. Pois ela, muitas vezes, os passageiros tanto das vans quanto dos outros transportes as condenam por não seguir a regulamentação da via em questões de embarque e desembarque. Entretanto não

Maria Rita Pirani

Vitória marques Maria Rita Pirani 4º Período

Daniel Simões, aluno da Puc Minas

mais ninguém. “Tem que ter uma regra para demonstrar que ali é um espaço especialmente para transportes fretados, sejam com cones ou alguma outra coisa sinalizando. Por exemplo o ponto ônibus, ninguém para no ponto, então deveriam trabalhar da mesma forma com a van, e seria interessante, porque essa questão de ceder a vaga ninguém iria aderir, é muito complexa”, explica a estudante. De fato é muito complexa esta questão de ceder a vaga, pois além de ter que depender dos outros motoristas que também precisam daquela vaga, devemos pensar que este não é um problema só do governo, a faculdade também deveria colaborar para melhorar o trânsito na região de suas portarias. Daniel Simões, aluno da Puc enfatiza que “ceder às vagas para as vans seria tirar o direito dos outros motoristas e precisamos de criar uma igualdade nesse quesito”. Ele ainda completa “a melhoria dessa mobilidade no trânsito de embarque e desembarque de transportes fretados ajudaria não só os alunos e motoristas, mas também a população que vive ao redor, moradores e pessoas que passam por ali no seu trajeto diário”.


04 • Comportamento

Editor e diagramador da página: Pietra Pessoa

Belo Horizonte, Outubro de 2017

O Ponto

Celular: O perigo em suas mãos O uso excessivo do aparelho pode causar sérios riscos mentais e físicos. Especialistas alertam sobre a importância de ter limites no uso Philippe Fraga 4º Período Nos dias atuais podemos afirmar que a grande maioria da população brasileira, principalmente jovens, tem acesso fácil a celulares e smartphones. De acordo com a última pesquisa feita pela Anatel, agência responsável por controlar o serviço de telefonia em todo país, no ano de 2015 no Brasil, teriam cerca de 283,5 milhões de linhas de celulares ativas, números que podem ser maiores nos dias de hoje. Por outro lado, pelo levantamento do IBGE, hoje no país vivem aproximadamente 207,8 milhões de pessoas, que daria uma média de 1,3 celulares por habitante. Por um lado, isso é completamente favorável, pois mostra o grande avanço que tivemos no Brasil e no mundo fazendo com que hoje possamos nos comunicar com amigos e parentes distantes, em outros estados ou países facilmente através da internet e de celulares, podendo ser feita por mensagens de texto ou aplicativos. O fato preocupante é que a grande maioria das pessoas que dependem do celular, tanto para comunicar com outras pessoas quanto exclusivamente voltado para o trabalho, não sabem sobre os riscos que estes aparelhos podem causar. A psicóloga Dra. Nívea Amân-

cio alertou sobre os malefícios que podem causar o uso exagerado do celular por jovens e adultos. De acordo com ela, os vícios tecnológicos em geral podem causar danos físicos assim como transtornos psíquicos. “Todo exagero pode congestionar as atividades mentais ou alterar percepções que podem causar danos”. A doutora relembrou também um caso que foi noticiado pela mídia em 2014 em que uma mulher de 26 anos foi internada em uma clínica para dependentes químicos na região de Sorocaba (SP), devido ao vício no celular onde a mulher passava a maior parte do tempo acessando as redes sociais e acabou abandonando as atividades de doméstica e negligenciava os cuidados com os filhos e o marido, esquecendo até mesmo, em alguns dias, de preparar o almoço para os filhos e os levarem para a escola. A empregada doméstica chegou a perder vários quilos e no dia de sua internação, estava pesando apenas 33 quilos. A mãe da empregada interviu e a internou. Ela já retomou o convívio da família e relatou ter se conscientizado do vício com o processo terapêutico. Ela utiliza o celular controladamente, mas ainda tem um certo “medo” de recair e voltar ao vício. Perguntada se é possível saber se uma pessoa já está de

Foto: Philippe Fraga

Matheus utiliza o celular até mesmo dirigindo

“O viciado pode apresentar sintomas como alteracões no comportamento, nervosismo entre outros sintomas’’. Dra. Núbia Amâncio fato “viciada” no uso do celular e como é feito o tratamento deste vício, a doutora respondeu que existem alguns sintomas que podem indicar que de fato um paciente já está viciado. “Como qualquer vício, o meio tecnológico deixa o viciado transtornado caso ele corra o risco de ficar sem. Ou seja: alterações no comportamento do indivíduo, agitação psíquica e motora, nervosismo, irritabilidade entre outros sintomas”. Ela afirmou que o tratamento pode variar desde uma terapia breve ou, nos casos mais graves, uma internação para “desintoxicação”. “Como trata-se de um transtorno recente, tem sido enfrentado como vício em geral. Estudos e pesquisas específicas estão sendo desenvolvidas no intuito de melhorar a abordagem clínica. No geral, o tratamento dependerá do nível de comprometimento do “viciado” e da capacidade de reação”. Sobre as pesquisas em que afirmam que existem mais de um celular por habitante no Brasil, Dra. Nívea foi questionada se os problemas podem aumentar no futuro se não houver um certo controle, já que os brasileiros estão cada vez mais conectados ao celular. Ela disse que as pessoas deveriam ser melhores informadas a respeito deste assunto e dos malefícios que podem gerar ao corpo e ao psicológico, não só do excesso do uso do celular, mas do computador e de outros dispositivos. “Sem a educação correta tudo pode piorar, mas o pensamento é sempre positivo e apostamos na melhora sempre. O uso da tecnologia tende a evoluir indubitavelmente assim como o ser humano. A medida que isso acontecer, espera-se

que as pessoas passem do deslumbramento e mau uso para o aprimoramento das comunicações e uso equilibrado e produtivo dos aparelhos”. Paulo Henrique Silva é desenvolvedor WEB e atualmente está cursando Sistemas da Informação na faculdade COTEMIG e sabe dos riscos que o aparelho pode causar se o uso for exagerado. “Estou ciente do que o mal-uso pode causar. Recentemente tive problemas no pescoço devido à má postura ao utilizar o telefone. Porém utilizo o celular constantemente para trabalho e estudo e sei da necessidade de ter um controle sobre o uso.”, afirma Paulo. Perguntado sobre o tempo que ele utiliza o celular por dia, Paulo disse que passa cerca de 7 a 10 horas e que evita ao máximo o uso enquanto está próximo à namorada, amigos e familiares. “Eu acho que esse excesso pode atrapalhar o relacionamento entre as pessoas, principalmente as que estão mais próximas. Além do trabalho e do estudo utilizo para me informar, ver séries, escutar músicas e jogar”, afirma. O Médico Ortopedista Dr. Renato Machado afirmou que se houver um “exagero” no uso do aparelho pode causar doenças sérias como a famosa “L.E.R.” que é uma doença causada por um esforço repetitivo nas mãos. “Se houver um certo exagero no uso do celular o paciente pode apresentar vários problemas em locais diferentes como a Mialgia, por exemplo, que causa dores nos músculos das mãos. Podem gerar também um desgaste nas articulações do polegar causando dores e alguns estalos no local. Problemas na coluna pode também aparecer devido a inclinação em que a grande maioria das pessoas ficam ao usarem o aparelho. Dores nos ombros, inflamações nos braços e nos cotovelos também são muito comuns entre os pacientes.” Ele afirmou também que não existe um “tempo aconselhável” para ficar no celular, pois os movimentos que são feitos com os dedos para digitar são prejudiciais para as mãos, vistas, coluna entre outros, mas, indica para os pacientes que são de fato “viciados”, que usem dez minu-

tos e descansem outros dez, e explicou como são feitos os tratamentos de pessoas que adquiriram problemas nos dedos. “Quando um paciente chega na clínica, a princípio, é feito um raio-x no local para saber, consequentemente, se é de fato um problema mais grave. Feito o raio-x e não constatando a lesão, é aconselhável repouso dos dedos, alguns dias sem contato com o celular e é receitado um analgésico quando o paciente apresenta muitas dores. E no caso de constatado o desgaste são feitos tratamentos com gelo, uso de suplementos e para alívio rápido dos sintomas, pode ser feito uma infiltração intrarticular com corticóide na base do polegar. Em casos extremos, que é muito difícil de ocorrer, somente cirurgia”. Existem algumas campanhas em estabelecimentos que tentam controlar o uso do celular. Em Washington, nos Estados Unidos, um restaurante chamado Rougue24 faz com que todos os seus clientes assinem contratos quando acessam o restaurante se comprometendo a não usarem o celular dentro do estabelecimento. O ato pode de fato fazer com que as pessoas até mesmo se recusem em almoçarem ou jantarem no restaurante, mas por outro lado, é compreensível por outros clientes que entendem que essa medida pode fazer com que elas se “concentrem” e aproveitem melhor a comida e a companhia. Uma animação feita pelo ilustrador Steve Cutts sobre os efeitos do celular nos indivíduos e na sociedade, venceu o Prêmio Webby de 2017, conhecido como o “Oscar da Internet”, onde ocorre a premiação em várias categorias como filmes, vídeos, publicidades, mídias e aplicativos de celular. O vídeo foi visualizado por milhões de pessoas no mundo inteiro e retrata o “abismo” em que estamos vivendo nos dias atuais devido ao uso excessivo do celular. Falta de atenção, respeito, compreensão, nervosismo entre outros fatores de comportamento são retratados no vídeo e o quanto ocorreu de mudanças na comunicação com a chegada do aparelho. O vídeo foi produzido no intuito de conscientizar as pessoas sobre os riscos do mau uso do aparelho.


Saúde • 05

Editor e diagramador da página: Vitória Marques e Ana Clara Barcelos

O Ponto

Belo Horizonte, Outubro de 2017

A CARNE É FRACA, MAS NEM TANTO Crédito: Reprodução/ Pexels

Ana Clara Barcelos, Lizandra Andrade e João Eduardo 3 ° e 4 ° Períodos

Consumidor pouco atento Se por um lado a operação da Polícia Federal jogou os holofotes sobre uma marca específica e suas relações políticas e de mercado, como a JBS, o consumidor já prestava atenção em relação à qualidade do que compra. O caso mais surpreendente vem do interior de Minas Gerais. A dona de casa Naiara Alves (25 anos), moradora da cidade de Ervália, Zona da Mata, conta que chegou a encontrar uma ponta de agulha, do tipo usado para injeções, enquanto fazia o almoço. “Eu fui preparar uma carne de boi que meu marido havia comprado de um abate aqui perto de casa. Enquanto eu lavava, senti meu dedo roçar em uma ponta de agulha e abrindo a carne, achei uma de tamanho médio.” Ela conta que não foi a única pessoa da vizinhança a passar por tal situação. Ela mora perto de onde o abate bovino da cidade é realizado. Segundo pesquisa feita pela reportagem com 24 pessoas pela Internet entre 26/05 e 31/05, com questionários respondidos voluntariamente e sem obrigatoriedade de identificação, carne dura e com mal cheiro são problemas comuns. Mesmo que mais da metade (52,2%) já tenha tido problemas com a qualidade da carne, 72, 7% dos que responderam não costumam verificar infomções sobre a origem do produto quando compram. Um dos entrevistados que não se identificou comentou que as pessoas deveriam procurar saber mais sobre carne antes de comprarem, para não correr o risco de serem enganadas, disse. Seis meses se passaram

desde a revelação da Operação Carne Fraca. Em agosto desse ano, o preço da arroba do boi conseguiu voltar ao que era antes do escândalo. A empresa JBS, por outro lado, sofre com a

repercussão do escândalo que prossegue e cujas investigções já levou ã prisão seus principais controladores e que deverá ter mais desdobramentos para o futuro próximo.

Você já teve problemas com carne comprada em açougues?

Não 47,8%

Crédito: Reportagem

O

povo brasileiro é acostumado com escândalos. Sejam políticos, pessoais, entre celebridades, entre outros. Um desses e, talvez, um dos mais surpreendentes do começo de 2017, foi a Operação Carne Fraca: memes, discussões, enxurradas de notícias tomaram conta do cotidiano. Porém, alguns meses após a sua revelação, pouco se fala sobre a operção em si, com as notícias focando mais os problemas dos donos com a justiça. Mas, será que seus desdobramentos ainda afetam negativamente a relação dos brasileiros com os produtos JBS e suas marcas? Procuramos tanto funcionários de açougues como pessoas comuns para responder essa questão. Quando veio a público, a Operação Carne Fraca foi o assunto de muitas discussões no Mercado Central. Ainda hoje as pessoas falam sobre o problema. O tema continua por lá nas conversas , porém, num ritmo muito menor. Expor os produtos num varal dentro da loja foi a estratégia adotada por um açougue do tradicional centro de compras da cidade. Toninho, funcionário da loja, contou que junto dessa exposição tiveram outra ideia curiosa: para os clientes interessados, eles mostravam as fichas dos produtos, contendo informações como o nome do abatedouro e a data que o animal foi morto.

Um tema comum entre os relatos de outros fregueses foi uma desconfiança com a qualidade da carne. Elaine Boaventura, 58 anos, dona de uma loja no Mercado Central, diz que não tem o costume de comer carne bovina, mas, quando compra questiona. “Eu sempre perguntei, olho a validade, olho de que dia que é, e carne congelada eu não sou muito fã de comprar”. Caminhando no sentido para a Rua da Bahia, pode-se encontrar o açougueiro Rodrigo Santos, 30 anos. Ele disse que não se sente afetado pelo escândalo atualmente. Quando questionado se os clientes do açougue onde trabalha perguntam sobre a procedência das carnes, ele afirma: “Só perguntam se é Friboi, se é carne da JBS”. Rodrigo também menciona que não se surpreendeu quando soube da operação. Ele disse que fazer alterações nos preços dos produtos é comum em grandes frigoríficos, entre outras práticas. Um funcionário de outro açougue também no Centro, que prefere não ser identificado, conta que seus clientes também questionam se as carnes são da marca Friboi. Porém, como a loja trabalha com um abatedouro próprio, eles nunca chegaram a vender as carnes da empresa. “Independentemente do que ocorreu, continuo comprando carne”, afirmou o consumidor Ricardo Adami, de 43 anos. “Apesar da notícia ser algo de âmbito nacional, o povo brasileiro já firmou a cultura de comer carne e por isso não vai deixar de consumir o produto”, completou.

Você

Nã Sim 52,2%

22 res

23 respostas

Você questiona a procedênciada da carne ao comprar-lá?

Sim 4,5%

Não 72,7%

Às vezes 22,7%

22 respostas

Relembre a operação No dia 17 de março de 2017, o país foi surpreendido pela divulgação da Operação Carne Fraca em Curitiba, realizada pela Polícia Federal. O fato das principais empresas de carne do país serem acusadas e investigadas por atividades ilegais, envolvendo adulteração dos seus produtos, corrupção, práticas ilegais para benefícios de alguns, entre outros, foi suficiente para gerar grande desconforto e desconfiança (em níveis internacionais) sobre o mercado brasileiro de carne.


06 • Política

Editor e diagramador d

Belo Horizonte, Outubro de 2017

O Po

Bolsonaro faz palestra e gera confrontos entre militantes O próximo debatedor do programa “Pensando o Brasil” é o pré-candidato ao governo de Minas, deputado federal Rodrigo Pacheco (PMDB)

Crédito: Maria Clara Castro

Crédito: Maria Clara Castro

João Eduardo e Pietra Pessoa 4º Período O primeiro pré-candidato a participar do projeto “Pensando o Brasil” foi o deputado federal pelo Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro (PSC) na manhã do dia 15 de setembro. O deputado chegou à universidade acompanhado de militantes do grupo “Direita Minas”, de seu filho Flávio Bolsonaro e de um grupo de deputados mineiros. Nascido em Campinas, Jair Bolsonaro é um militar da reserva do Exército brasileiro e está em seu sétimo mandato na Câmara dos Deputados. Foi o deputado

mais votado do Estado do Rio de Janeiro nas eleições gerais de 2014, com 464.565 votos. Na Câmara Federal, Bolsonaro é titular da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional e suplente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, além de ter sido membro também da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Polêmico, a presença do deputado causou uma grande agitação nas redes sociais antes mesmo do evento. A mobilização dos alunos e da comunidade acadêmica foi comprovada com o número de 750 inscrições. Em menos de 6 minutos. Para par-

ticipar das palestras a inscrição prévia é obrigatória. Grupos contrários e a favor da visita de Bolsonaro se organizaram pela internet e lotaram as portarias, junto a uma grande quantidade de repórteres dos mais diferentes veículos de comunicação de Minas e do Brasil. A fila para a entrada na palestra dobrou os corredores do Campus. Selfies e lives noticiavam ao vivo toda a movimentação dos alunos rumo ao encontro, além das manifestações que ocorreram nas portarias de acesso ao evento. Ao chegar ao auditório, Bolsonaro foi vaiado e aplaudido, assim como em todo o tempo da

palestra. Ovacionado por alguns e vaiado por outros, o deputado não mediu as palavras e defendeu suas posições polêmicas. No discurso de abertura, o Diretor de Faculdade de Ciências Humanas, Sociais e da Saúde e idealizador do projeto, Antônio Marcos Nohmi, falou sobre a importância de se pensar novos caminhos para o país e explicou o que é o projeto e suas intenções de promover uma ampla discussão sobre os rumos do país. Contrário à Política Nacional de Direitos Humanos e ao Estatuto do Desarmamento, Bolsonaro não poupou críticas aos movimentos sociais e as políticas governamentais em

vigor no Brasil. “Vocês falam que eu quero dar autorização para policiais matarem? Quero sim! Qual a diferença da minha vida para a de vocês? As armas não defendem somente a vida, mas sim a liberdade de um povo”, concluiu. O deputado condenou o trabalho das ONGs e disse que se for eleito, todos os incentivos e verbas vindas do governo para as mesmas serão canceladas. “O governo não vai apoiar instituições que patrocinam exposições que exaltam a pedofilia”, entre outras. Bolsonaro respondeu algumas perguntas da plateia antes do encerramento da palestra, que lotou o auditório Phoenix. Crédito: Leon Elias

O deputado federal, Jair Bolsonaro (PSC-RJ), participou como palestrante do programa “Fumec Pensando o Brasil”


Política • 07

da página: Pietra Pessoa

onto

Belo Horizonte, Outubro de 2017 Crédito:Vídeo Jornal O Tempo

Partidários favoráveis e contrários à candidatura de Bolsonaro se enfrentaram Crédito: Leon Elias

Crédito:Vídeo Jornal O Tempo

O auditório teve ocupação completa com obrigatoriedade de inscrição prévia

Dizendo que “o que está em jogo é o futuro do Brasil”, Bolsonaro afirmou que ”a cruz da presidência do Brasil é pesada demais”, e que está se preparando há cerca de dois anos para o caso de ser oficializado pelo partido e poder concorrer ao cargo majoritário da República. Já no início de suas colocações, Bolsonaro foi interrompido pelo barulho dos manifestantes que usando uma caixa de som e entoando gritos contra a presença do deputado, se manifestavam. “Esses que estão gritando aí fora, qual o futuro deles no mercado de trabalho? Talvez, bolsa família”, disse Jair. Outros manifestantes expuseram seus argumentos, e um deles até foi convidado por Bolsonaro para usar o microfone, mas foi contido pelos seguranças do parlamentar. “Temos que unir o Brasil e podemos fazer isso”, foi uma de suas frases mais repetidas. Protestos Enquanto a palestra acontecia, várias manifestações ocorreram nas portarias e no entorno da universidade. Grupos LGBTs, movimentos sociais e estudantes de outras faculdades entoavam gritos de repúdio ao deputado. Grupos de apoio a Bolsonaro também se concentraram e se manifestaram. Agressões físicas e verbais foram feitas por parte dos manifestantes e policiais. A aluna de jornalismo da Fumec, Cristiana Corrieri, que esteve presente nas manifestações, aponta as questões mais graves do dia da palestra. “O racismo, o uso de armas imensas, por parte dos policiais, o fato de não ter nenhuma policial mulher até o momento que nós começamos a questionar isso’, afirmou. “Eles prenderam uma mulher e a estavam apertando muito fort, até ela perder o

controle de suas funções fisiológicas por medo dos policiais. Além disso, teve muita homofobia e agressões verbais. Um aluno até chamou o grupo de homossexuais que estavam presentes de poço de AIDS”, relembra a estudante. Os dois grupos discutiram muito verbalmente, dentro e fora da universidade. Em determinados momentos, a Polícia Militar interviu para conter os manifestantes mais exaltados. Manifestantes dos dois lados foram conduzidos à delegacia. Corrieri comenta sobre a atuação dos policiais. “Eu achei que os eles foram respeitosos sim quando se tratava de alunas loiras do olho azul, ou brancas. Mas, em questão de alunas gordas, homossexuais, ou negros, não houve nenhum tipo de respeito”, afirma. A aluna ainda acrescenta que “o grupo contra Jair Bolsonaro foi mais atingido, porque nós estávamos em menor número, e, além da agressão, homofobia e racismo que as pessoas sofreram, teve muita agressão verbal, muita humilhação. É horrível sentir isso”. A equipe do jornal O Ponto tentou entrar em contato com a Polícia militar, para obter esclarecimento, mas não teve sucesso. O projeto “Fumec Pensando o Brasil” ocorrerá de acordo com a agenda dos candidatos, previamente agendados a convite da coordenação. O próximo candidato a participar será o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara do Deputados e pré-candidato ao Governo de Minas Gerais pelo PMDB, advogado e Deputado Federal Rodrigo Pacheco. Nomes como o ex-presidente Lula, o prefeito de São Paulo João Dória e Marina Silva também são esperados. Informações sobre o projeto podem ser encontradas no site www.fumec.br/ fumecpesandoobrasil

Os ânims acirrados entre os manifestantes de ambos os lados se traduziram em agressões gestuais e verbais


08 • Comportamento

Editor e diagramador da página: Pietra Pessoa

Belo Horizonte, Outubro de 2017

O Ponto

“A MULHER É VIOLENT O crime de pornagrafia de vingança não para

A

divulgção indevida de material íntimo, popularmente conhecida como pornografia de vingança, tornou-se mais um dos crimes a afetarem em sua maioria mulheres. Segundo dados da SaferNet, organização não governamental especializada em promover e defender os Direitos Humanos na Internet, as principais vítimas de vazamento de conteúdo íntimo são mulheres, que representam 81% dos casos denunciados. Devido a popularização da internet, o crime teve um crescimento de 177% em 2014, de acordo com os dados da ONG Marias da Internet. A Organização Americana de Direitos Civis Cibernéticos registra que das vítimas de Divulgação Indevida de Material Íntimo (DIMI) 90% são mulheres, 93% afirmaram ter sofrido sequelas emocionais e 51% consideraram cometer suicídio. Esse delito é praticado na maioria das vezes por ex-namorados e maridos que inconformados com o fim do relacionamento decidem compartilhar imagens e vídeos íntimos de suas ex-companheiras como forma de vingança. Esse foi o caso de Rose Leonel, 46 anos, jornalista, que foi vítima de DIMI em 2006. A jornalista teve seu material íntimo divulgado na internet durante 4 anos consecutivos. Seu ex-companheiro, com intuito de tortura-la pelo término do relacionamento, produziu diversos materiais com suas fotos íntimas e o distribuiu para diversas pessoas, entre elas, familiares, colegas de trabalho e até mesmo desconhecidos. As ondas de publicações foram se disseminando ao ponto de serem postadas em mais de sete milhões de sites voltados ao compartilhamento de conteúdo pornográfico. Eduardo, nome do ex-companheiro, construiu slides com fotos contendo fotos de sua antiga parceira sem roupas, e com títulos sarcásticos como “Apresentando a colunista social Rose Leonel – Capítulo 1”, as legendas colocadas nas fotos

davam a entender que o material era de um portfólio de uma garota de programa, e assim se iniciou uma série de ataques virtuais a vítima. Semanalmente, seu parceiro mandava e-mails a milhares de destinatários com suas fotos, nomeando os arquivos como “Capítulo 1,2, 3, 4, ...”, além das fotos íntimas ele utilizava de montagens feitas com imagens pornográficas nas quais inseria digitalmente o rosto de Rose, onde ele fornecia os dados pessoais dela, como telefone pessoal, do trabalho e até mesmo de seus filhos, crianças na época do crime. Rose passou a receber ligações de desconhecidos, homens Fonte: Organização Americana de Direitos Civis Cibernéticos

Ian Natividade Stéfanie xavier 4º e 2º Períodos

do Brasil inteiro telefonavam para assediá-la, ridicularizá-la e perguntar quanto ela cobrava pelo “programa”. O conteúdo fez com que ela perdesse o emprego como jornalista, onde recebeu um e-mail de seu chefe dizendo “Não importa o que você faça entre quatro paredes, não traga isso para o trabalho”. A jornalista era humilhada toda vez que saía de casa. Seu filho mais velho que na época estava com 11 anos teve que trocar diversas vezes de escola, mesmo com as mudanças as perseguições por ser filho de Rose persistiram e ele acabou indo morar com seu pai no exterior. A filha, que tinha 8 anos, chorava escondida no

banheiro enquanto o irmão mais velho envolvia-se em brigas com os colegas da escola. A vergonha gerada pela divulgação do material era tanta, que Rose diz que o filho pedia a ela que o deixasse a um quarteirão de distancia da escola, para que os alunos não soubessem que ela era sua mãe. Ao todo, Rose moveu diversos processos na Justiça contra Eduardo seu ex-parceiro. Em junho de 2010, ele chegou a ser condenado a cumprir pena de 1 ano, 11 meses e 20 dias de detenção e durante este tempo teria de pagar 1,2 mil mensais a Rose. Em outra ação foi condenado a pagar trinta mil reais de indenização por danos morais, mas

Rose recorreu onde questionava que o valor quase não cobre os vinte e oito mil reais gastos que teve com o processo. A causa foi ganha em 2010, mas ele não ficou preso Eduardo conseguiu reverteu a pena em doações de cestas básicas e trabalho comunitário, e apenas pagou a indenização. A Jornalista fala “Assim que o crime na internet foi como uma morte civil e depois que eu sofri esse crime eu fui aniquilada e quando saiu a condenação do meu ex esse documento foi a minha certidão de nascimento” Lei Rose Leonel Após ser vítima desse tipo de situação, em 2006, Rose Leo-


Comportamento • 09

Editor e diagramador da página: Pietra Pessoa

O Ponto

Belo Horizonte, Outubro de 2017

TADA A CADA CLICK” de crescer e a mulher é a sua principal vítima nel viu que não existia uma lei específica no Brasil para o mesmo. Por isso começou a fazer Direito até perceber que existiam poucos profissionais preparados para esse tipo de crime. Leonel foi até o Deputado João Arruda PMDB-PR e explicou toda situação, o convencendo de criar uma lei especifica para esse tipo de crime. Logo após, começaram a trabalhar em cima de uma lei que foi aprovada por unanimidade no Congresso e se encontra em fase de apreciação no Senado, que é a etapa de todo esse processo. A vítima fala que “a lei é um pontapé muito importante na nossa legislação...” o fluxo de crescimento e muito grande

porque não há uma lei que freie todo esse fluxo. A lei em si que prevê prisão de 3 meses a 3 anos onde não há troca em cestas básicas, ou seja, inegociável. ONG Marias da Internet No mesmo ano em que seu ex-parceiro foi condenado, em 2013, Rose diz que se sentiu forte o bastaste para criar o projeto Marias da Internet com o objetivo de ajudar mulheres que passaram pela mesma situação que ela. A ONG conta com o auxílio de advogados, psicólogos e peritos digitais que atendem em média de duas a oito vítimas por mês, em sua maioria de DIMI, e os contatos não são feitos apenas por bra-

sileiras, a jornalista diz que o projeto tem ajudado mulheres de outros países, como: Grécia, Portugal e Equador. De acordo com Rose, essa exposição indevida é como o crime de estupro que “vilaniza” a vítima e a faz passar por um processo de exclusão social, enquanto o opressor é poupado, para ela, o projeto Marias da Internet tem sido um mirante no mar de preconceitos e injustiças que é o crime de divulgação indevida de material íntimo.

Créditos: Beatriz Pacheco

Mais uma para a soma Francielly dos Santos Pires, 23 anos, mãe de uma menina de 2 anos, teve a sua intimidade exposta pelo ex-namorado em 2013. Sua relação com o ex-companheiro era conturbada, brigavam frequentemente e viviam entre idas e vindas. Em uma de suas voltas, seu parceiro, passou a pedir para que ela o deixasse gravar as suas relações sexuais, e assim ela o fez. Como acontecia frequentemente, Francielly e seu ex-companheiro brigaram, mas dessa vez ela disse que não queria nunca mais olhar para a cara do namorado, ele tentou entrar com contato com ela após a discussão, mas ela não o respondeu. Então, ele compartilhou os vídeos íntimos, que apenas identificavam Francielly, com seus amigos e eles se tornaram virais por meio do Whatsapp. Após a divulgação do material, a vida de Francielly nunca mais foi a mesma, ela mudou totalmente seu visual, se afastou do emprego e teve que interromper os estudos por não ter dinheiro para pagar a mensalidade, além do assédio frequente que sofria nas redes sociais de homens de todo o Brasil. Ao procurar as autoridades, um dia depois da divulgação do material, ela registrou boletim de ocorrência contra o ex-namorado na Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher, em Goiânia (GO), cidade onde mora. Ela alegou que não deram muita importância ao seu caso. Em 2014, o processo da vítima contra o ex-parceiro corria em segredo de justiça, no qual ele era acusado por injúria e difamação. Entretanto, seu ex-parceiro em outubro de 2014 fez um acordo com a justiça e a sua possível pena acabou sendo revertida em cinco meses de trabalho comunitário.


10 • Esportes

Editor e diagramador da página: Pietra Pessoa, Fernanda Vasconcelos e Pedro Sá

Belo Horizonte, Outubro de 2017

O Ponto

O FENÔMENO DA BOLA VAL O futebol americano vem cativando cada vez mais os brasileiros FERNANDA VASCONCELOS PEDRO SÁ 3º E 4º PERÍODOS O Brasil é o país do futebol, é apaixonado pelo vôlei, pela natação e por diversos outros esportes que sugerem uma ideia de que dentro de campo, na quadra ou nas raias é necessário dar o suor e o sangue pelo objetivo necessário. Porem um esporte tem caído nas graças do brasileiro nos últimos anos e sua popularidade tem crescido rapidamente. O seu nome? Futebol Americano. Times nacionais já foram criados juntamente com federações e campeonatos. Torcidas organizadas, pessoas que há pouco tempo só acompanhavam o esporte no exterior agora possuem um time brasileiro para torcer. O Futebol Americano, que apesar de ter o primeiro nome similar ao esporte mais jogado pelos brasileiros, possui regras completamente distintas. O futebol americano é um esporte derivado do rúgbi. Ele é um pouco “diferente” aos que o brasileiro é acostumado. É um esporte onde existem muita estratégia e contato físico, motivo pelo qual o consideram muito violento, mas nem isso vem atrapalhando sua popularização no Brasil. É frequente ver no futebol americano uma metáfora para a guerra devido à “violência” do jogo. O número de pessoas que acompanham o esporte no Brasil vem crescendo cada vez mais. Pesquisas realizadas pelo IBOPE apontam um crescimento “assustador” de pessoas que acompanham o futebol americano no Brasil. Em apenas 5 anos, o esporte teve um crescimento de mais de 1000%. Foi realizada uma pesquisa pelo Global Web Index em conjunto com o Statista e publicada em 2015 no jornal inglês “The Independent”. O Brasil é o terceiro colocado no ranking de fãs da NFL, a liga profissional americana, com 19,7 milhões de fãs declarados. Leandro Ângelo é um fã do esporte, ele explica o

O Brasil se destaca como terceiro país que mais acompanha a Liga americana de futebol americano profissional (NFL).

que o cativou para acompanhar e se interessar pelo esporte, embora não haja nenhum tipo de influência do futebol americano no Brasil, “Inicialmente eu enxergava somente mais um esporte americano e isso diminuiu o meu interesse. Eu e meus amigos começamos a assistir a alguns jogos e passamos a entender as regras e com isso comecei a gostar. Assistir uma temporada me fez entender que é um jogo com muita estratégia. Sinto mais emoção acompanhando qualquer jogo da NFL (liga de futebol americano dos EUA) que acompanhando um jogo de futebol (tradicional). Valorizo um jogo disputado e bem jogado, coisa rara no nosso futebol. Além disso, o produto NFL é mais bem gerido que, por exemplo, o campeonato brasileiro e isso da mais vontade de seguir acompanhando.” A própria NFL tem investindo muito no Brasil, em questão de

Tri Campeão mineiro, Minas Locomotiva é o time mais tradicional do esporte em Minas Gerais


Esportes • 11

Editor e diagramador da página: Pietra Pessoa, Fernanda Vasconcelos e Pedro Sá

O Ponto

publicidade. Cairo Santos, primeiro jogador brasileiro a jogar em uma franquia da liga, é o embaixador do esporte no Brasil. Ele vem ao Brasil, a trabalho da NFL, para realizar camps (“clinicas” sobre futebol americano) trazendo mais experiências aos atletas do esporte no Brasil. A NFL também se utiliza das redes sociais para aproximar o brasileiro à liga. Houve a criação de um perfil oficial da liga, totalmente em português, no instagram (@nflbrasil – 130 mil seguidores), no twitter (@NFLBrasil – 65,7 mil seguidores) e a página oficial da liga no facebook faz postagens, esporadicamente, totalmente em português. O futebol americano, por ser um esporte “novo” para o brasileiro, ainda não possui patrocínios contundentes das empresas. Com isso, os clubes se desdobram para sobreviverem às “vacas magras”. Bruno Guilherme, um ex-diretor do BH Eagles e hoje CEO da BFA (liga de futebol americana no Brasil) fala que os clubes precisam dos atletas para sobreviverem. “Não tem como um clube de futebol americano se sustentar sem patrocínio. Devido essa dura realidade, contamos com a ajuda dos nossos atletas. Eles pagam mensalidades que ajudam a pagar os campos de treinamento e pagam as viagens que o clube faz.” Mas mesmo com todas essas dificuldades, quando se olha para o futuro, a expectativa é de profissionalização do esporte. O amor, a vontade e o sonho de ser grande é o que sustenta o esporte, pelo menos é o que o jogador do Sada Cruzeiro Futebol Americano, João Pedro Conrado, afirma. “Desde que comecei a acompanhar a NFL, eu me apaixonei pelo esporte e comecei a praticá-lo. Desde então, meu objetivo é chegar à seleção brasileira. Tenho um sonho de poder disputar um mundial representando meu país. E isso

Belo Horizonte, Outubro de 2017

é o que me motiva, poder treinar e chegar à seleção.” Para uma pessoa que queira

Sinto mais emoção acompanhando qualquer jogo da NFL que acompanhando um jogo de futebol. Lenadro Angelo se tornar um atleta de futebol americano, a situação exige muito esforço e força de vontade. Como não existe uma remuneração devido o esporte ainda ser amador no Brasil e ter a desconfiança de muitos, a pessoa deve conciliar o trabalho e/

ou estudos, família e o esporte. Para a maioria é difícil essa conciliação devido o horário de treino ser, por exemplo, no mesmo horário da faculdade ou do trabalho. Victor Vilaça, atleta do Minas Locomotiva, tem 20 anos e diz que para conciliar o esporte com os estudos ele teve que escolher uma prioridade. “Eu procuro trabalhar com o futebol americano. Escolhi fazer um curso de educação física na faculdade para entender melhor os esportes. No início tive muita dificuldade em relação ao apoio da família por causa das desconfianças sobre um esporte que eles não conheciam, mas hoje eles já me apoiam bastante, porque eles viram tamanha minha dedicação para ser um atleta de futebol americano.” Assim como tudo que é novo tem algum tipo de resistência, com o esse não seria diferente. Porém existe um projeto que entrará em funcionamento no

segundo semestre de 2017 que se chama BFA (Brasil Futebol Americano). A BFA é uma liga similar ao que era a SuperLiga, campeonato brasileiro de futebol americano do ano de 2017, porém com uma infra-estrutura maior e com maior financiamento para os clubes. Em entrevista concedida ao “Club da Luluzinha” (site brasileiro sobre FA), Bruno Guilherme, CEO da BFA, diz o que levou a criação da liga. “A Liga foi criada para que o Futebol Americano no país pudesse alcançar novo patamar. A CBFA conduziu bem a Superliga, mas nosso projeto prevê que, com maiores investimentos, conseguiremos fazer um campeonato melhor.” Bruno afirma que as expectativas para a primeira edição da BFA são grandes e promissoras. “Dentre todas nossas metas podermos destacar são: transformar o futebol americano no segundo esporte do brasileiro em público nos estádios, iniciar as transmissões em TV aberta, fazer clinicas para que todos os times possam lutar por igual em todas as esferas.” A média de público da SuperLiga no ano de 2016 foram maiores que as expectativas. Os números mostram que a média de público foi de 77% em relação à da média de público da NBB (Novo Basquete Brasil) e 50% do Superliga de vôlei. Num total de 64.281 pessoas em todos os jogos do campeonato. Isso só apurando o público da “primeira divisão” do campeonato. O belorizontino tem se mostrado um grande fã do esporte. No ano de 2016 os mineiros fizeram dois dos cinco maiores públicos da história do esporte no Brasil. Na abertura do campeonato mineiro de 2016 na Arena Independência, 5.634

pessoas foram assistir o duelo entre Get Eagles e Minas Locomotiva. Essas mesmas equipes foram as que chegaram à final do campeonato. O jogo foi disputado no Mineirão para um público de 8.720 pessoas. Maria Tereza Martha, 20 anos, conta que aprecia muito o esporte especialmente o New England Patriots, time americano que acompanha desde criança. Ainda acrescenta que recentemente mostrou interesse por um time do Brasil “Eu já estava tão entusiasmada com o esporte que descobri o Coritiba Crocodiles e desde então eu acompanho a minha equipe nas ligas.” Porém ela lamenta a pouca divulgação do esporte e se mostra animada para o futuro do esporte no país. Quando perguntada sobre uma maneira dos brasileiros se interessarem mais pelo esporte, ela sugere que o mesmo seja inserido no currículo de Educação física nas escolas brasileiras. Outro fã do esporte é o brasileiro, residente em Los Angeles nos EUA é o Lucas Lima. Jovem de 21 anos conta que é fã da franquia San Francisco 49ers. Lucas afirma que ainda quando morava no Brasil, não apreciava de maneira intensa o esporte e por isso ele não torcia por nenhum time brasileiro. Hoje admite que apesar da distância, preza tanto pelo esporte que tem um carinho pelo São Paulo Storm, time paulistano. Quando perguntado sobre o futuro do futebol americano no Brasil, ele não hesita em dizer “Eu creio que o esporte vai se tornar mais conhecido. O maior problema, em minha opinião, é que muitos assistem uma ou duas vezes, mas acabam desistindo por não entenderem. Acho que com o tempo, mais pessoas vão entender e assistir o esporte.”

Jovem time do SADA Cruzeiro irá fazer sua estreia em campeonatos nacionais


12 • Cultura

Editor e diagramador da página: Pietra Pessoa

Belo Horizonte, Outubro de 2017

O artista dos jardins

O Ponto

Conheça Felipe Volponi que assina as obras da exposição “Jardins” na Casa do Baile até 21 de outubro

Crédito: Fabíola Volponi

Letícia Gontijo 4° período

gostava durante sua infância. Não só as costuras da vó marcam os quadros de Fivo. Uma outra inspiração presente em suas telas e ilustrações é a literatura de cordel nordestina. Em meio aos seus desenhos há uma ponte entre o cordel e a costura que acompanham até mesmo as pinturas com temas e personagens mais atuais. Sobre quando suas referências começaram a se misturar, ele afirma: “Eu estudei vários tipos de arte até me encontrar, mas acho que esse traço, essas inspirações vem comigo desde sempre, é algo que é meu.”. Antes dos “Jardins”, Fivo em 2015, com o sucesso de seu projeto “Esculturas para Alegrar” , foi convidado a pintar a Igreja da Nossa Senhora da Paz e a exibir sua primeira exposição solo, chamada “Théios” na Galeria Portinari e Passinho das Artes. Obras de Fivo já foram enviadas para a Itália e Estados Unidos.

O tão amado jardim de Júlia

Felipe Volponi, o “Fivo”

Crédito: Fabíola Volponi

Crédito: Fabíola Volponi

Os jardins de Fivo na Casa do Baile

Crédito: Faíola Volponi

A Casa do Baile está florida. No dia 5 de setembro a Fundação Municipal de Cultura inaugurou a exposição “Jardins”. Com telas, réplicas e uma instalação local assinadas pelo jovem artista Felipe Volponi, mais conhecido como Fivo. As obras ficam expostas até o dia 21 de outubro. Felipe escolheu o mês de setembro para expor seus jardins devido a chegada da primavera no dia 22 desse mês. Além disso, como no florescer de um jardim pintará uma tela em branco durante os dias de exposição na galeria. Belorizontino, Fivo já teve contato com o mundo da música e foi ator em musicais. Em 2013 se identificou com a pintura e descobriu que as artes plásticas eram as que mais lhe preenchiam. A identi-

dade dos traços do artista carrega uma homenagem a sua avó Júlia Volponi, que costurava com retalhos. Por isso os diversos formatos e cores estão sempre presentes como se fossem costuras pintadas. Essa arte de lembranças e inspirações é a regente da exposição “Jardins”. Cada jardim nas telas é uma homenagem a quem lhe inspirou a pintar. O primeiro quadro da exposição, lógico, é inspirado na tão querida avó. Além do jardim de Júlia os outros nove jardins homenageiam mais familiares, professoras que Felipe já teve e até personagens fictícios. Pintar jardins também foi um apelo. O artista lamenta que as pessoas tenham deixado de cuidar desses espaços, do quanto derrubam árvores e já não plantam mais. Para ele isso é “devastar memórias” e tirar a oportunidade das crianças de brincarem no lugar que ele mais


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