Jornal O Ponto - julho/agosto de 2011

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Jornal Laboratório do Curso deJornalismo Ano 12

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Número 83

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Julho/Agosto de 2011

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Belo Horizonte / MG

Distribuição gratuita

Vôlei em ALTA

Foto: Franco Serrano

Esporte que se tornou sinônimo de conquistas no Brasil atrai cada vez mais a atenção de grandes investidores. Superliga de 2012 será a mais cara de todos os tempos Páginas 10 e 11

Consciência De volta aos anos 50 Hábitos de carregar as compras em sacos de papel está de volta Pagina 13

Evento Comunicação e Sustentabilidade Tema inicia cíclo de debates na FCH durante seminário em 26 de setembro Página 16

Exposição Arte para todos Página 06

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Foto: rockinrio.com.br

Cultura Rock in Rio está de volta! O festival que ficou 10 anos fora do Brasil aterriza em setembro na Cidade do Rock Página 8 e 9

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02 • Opinião

Editor e diagramador da página: Marina Bhering 5º período

Belo Horizonte, Julho/Agosto de 2011

O Ponto

LARISSA BORGES 7° PERÍODO Choque. Foi o que eu senti ao ver o documentário “Corações e Mentes”, dirigido por Peter Davis. Mesmo após quase 40 anos das filmagens, tais imagens complementadas pelos discursos dos entrevistados nos deixam desnorteados e pensando sobre a natureza humana, o motivo de se promover uma guerra, de matar inocentes. Os nossos valores ideológicos são maiores do que a vida de uma criança? Os fins justificam os meios? São indagações que, infelizmente, foram feitas tarde demais. Não há como reparar os estragos causados pelos conflitos. Aliás, nem houve tanto esforço internacional para que isso ocorresse no Vietnã. O documentário foi o primeiro sobre o tema que deu voz a população vietnamita, sendo uma “tapa na cara” da sociedade norte-americana na época e que perdura até hoje. Um dos seus pontos fortes foi o ineditismo das imagens, gravadas durante o conflito. A circulação das imagens da guerra do Vietnã deu visibilidade ao embate, transmitiu conceitos e permitiu que outras pessoas, que não estavam envolvidas, assistissem e tomassem conhecimento sobre a guerra. Nesse caso, “Corações e Mentes”, além de envolver uma leitura psicológica, social, política e econômica sobre conflitos bélicos, também é importante para refletirmos sobre o papel da mídia durante a guerra. Como afirma John B. Thompson, no livro “A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia”, o desenvolvimento dos meios de comunicação não só tornou o poder

visível, mas fez isso em uma escala muito maior. A globalização da comunicação criou novas formas de ação e interação, novas maneiras de exercer o poder simbólico e de produzir efeitos na vida diária dos indivíduos. Tal influência da mídia nos faz enxergar apenas um recorte da sociedade, o que pode prejudicar o nosso esclarecimento e acompanhamento da cobertura de um fato. Acredito que “Corações e Mentes” veio para quebrar a imagem de superpotência dos Estados Unidos, para pautar o outro lado da guerra. Em contrapartida, a cobertura midiática de guerras contribui para um fenômeno descrito por Sigmund Freud: o mal-estar na civilização. A exposição de assuntos ruins, de imagens chocantes que circulam o mundo (globalizado e interconectado), cria uma sensação de fragilidade e de constante vigilância. A partir disso, temos a necessidade de criar métodos para nos “defender”, seja do “monstro comunista” ou dos “bárbaros terroristas”. A alteridade, o contexto histórico, a humanização das ações ficam em segundo plano. Quando assustamos estamos em uma guerra sem saber o seu real propósito, se é que pode existir algum. E, assim, caímos em um círculo vicioso: guerras promovendo mortes e crises. O mal-estar é tão palpável que, quando assisti ao documentário me senti desconfortável o resto do dia. Aliás, o incômodo desses relatos e imagens está expresso nesse texto. Se um documentário tem como propósito ser um relato mais real e profundo de um tema, “Corações e Mentes” não deixa a desejar. Afinal, em tempos de superexposição midiática, qualquer guerra é um espetáculo perturbador.

Vôlei Futuro: Preconceito, humilhação, hipocrisia e Michael

Foto: divulgação

www.juvando.blog.uol.com.br

Mal-estar nos corações e mentes

Criança vietnamita fugindo queimada e nua após seu vilarejo ser devastado pelos norte-americanos na Guerra do Vietnã, em 1972. A foto se transformou em símbolo do conflito.

o ponto Coordenação Editorial Prof. Aurélio José (Jornalismo Impresso) Professores orientadores Profª. Dunya Azevedo (Planejamento Gráfico) Monitores de Jornalismo Impresso Igor Moreira e Marina Bhering Monitores da Redação Modelo Ana Clara Maciel e Renato Mendes Projeto Gráfico Dunya Azevedo · Professora Orientadora Pedro Rocha · Aluno voluntário Roberta Andrade · Aluna voluntária Logotipo Giovanni Batista Corrêa

Michael e equipe na semi-final da Superliga masculina de Vôlei contra o Sada Cruzeiro, em Araçatuba FRANCO SERRANO 5º PERÍODO A hipocrisia das pessoas tem me provocado uma certa revolta e isso ficou explícito no caso Michael, do Volêi Futuro (VF). O fanatismo pelo esporte está presente na vida dos brasileiros desde que o mundo é mundo, sendo o futebol, o futsal e o vôlei os mais populares em número de adeptos. É grande o número de pessoas que estão envolvidas e que de uma maneira ou de outra acabam transformando o torcedor numa ‘massa de manobra’. Traduzindo: torcer apaixonadamente é um fato que está incutido no brasileiro e tornou-se parte da nossa cultura acompanhar eventos de grande porte e torcer pelos atletas ou equipes favoritas. O que realmente houve? Uma briga de diretorias. Sada Cruzeiro e Volêi Futuro de Araçatuba protagonizaram um show de horrores trocando notas oficiais ofensivas. A partir daí, a torcida do Cruzeiro começou a usar uma tática velha das torcidas: chamar o jogador mais afeminado do time adversário de gay. O que ocorreu é que, talvez por uma estratégia traçada e arquitetada pela diretoria do Vôlei Futuro, talvez por ter sido a “gota que o fez sair do armário”, Michael resolveu assumir a homossexualidade um dia após o primeiro jogo das semi-finais, prato cheio para a diretoria do VF tentar

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coibir, de alguma maneira, o seu adversário, o Sada. Na semana seguinte, o VF entrou com uma ação contra o Sada no Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e armou um verdadeiro “circo” diante do ocorrido. Bandeiras do arco-íris, sticks cor-de-rosa com o nome do jogador, um novo slogan: “O Volêi Futuro é contra o preconceito!”. Hipocrisia. O rapaz que se assumiu não deveria ter se submetido ao centro desse espetáculo , e isso reforça a suposição de tudo não passar de estratégia da diretoria do VF. Duvido que não houvesse um homossexual na torcida do Cruzeiro aquele dia e que ele também não estivesse gritando. Duvido que não houvesse um torcedor do VF que não gosta de gays, batendo os sticks rosas com o nome Michael, em Araçatuba. A atitude de expor o jogador Michael desse jeito, ao meu ver, é quase que desumana, preconceituosa, repugnante. Isso é muito mais do que hipocrisia, é falta de senso de ridículo - é patético. Se a diretoria do VF fosse “contra o preconceito” como eles dizem, eles conduziriam o caso de uma forma discreta, sociável e tentariam acalmar a situação de forma que o que aconteceu não comprometesse o rendimento da equipe. Isso se chama profissionalismo. A diretoria colaborou com 50% para a eliminação de sua equipe. Era só tratar o caso como um caso comum, como os gays pedem: com direitos iguais.

Universidade Fumec Rua Cobre, 200 · Cruzeiro Belo Horizonte · Minas Gerais Tel: 3228-3127 · e-mail: redacao.monitoriafumec@gmail.com Presidente do Conselho Curador Prof. Tiago Fantini Magalhães Reitor da Universidade Fumec Prof. Antônio Tomé Loures Diretora Geral Profª. Thaïs Estevanato Diretor de Ensino Prof. João Batista de Mendonça Filho Diretor Administrativo e Financeiro Prof. Antônio Marcos Nohmi Coordenador do Curso de Jornalimo Prof. Ismar Madeira Monitor de Produção Gráfica Victor duarte Campos Colaborador voluntário Franco Serrano Tiragem desta edição: 3000 exemplares Jornal Laboratório do curso de Comunicação Social

Os artigos publicados nesta página não expressam necessariamente a opinião do jornal e visam refletir as diversas tendências do pensamento

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Opinião • 03

Editor e diagramador da página:Isabella Monteiro e Renata Willig

O Ponto

Belo oH Horizonte, orizonte, Ju Julho/Agosto de 2011

Moda e Rede Social Parceria com notoriedade MARIANA DE SOUSA MARIANA RESENDE 5ºPERIODO

Chanel, Hermès, Laboutin, Jimmy Choo, Marc Jacobs, Valentino, Dolce e Gabbana, Dior, Chloé, Prada, Alexander McQueen, Louis Vuitton, entre outras marcas, são grandes inspirações para sites de moda, ou para blogueiras de plantão. Os blogs vêm ganhando espaço e prestigio. Antes o que era uma brincadeira, utilizado como diário virtual, agora virou negócio. O mundo da moda vem ganhando espaço a cada ano, a cada estação, e não é atoa. Além de gerar grande repercussão nas redes sociais, na televisão, e nas revistas, é também geradora de bons investimentos. Desde o vendedor de revistas à mais bem sucedida Top Model. É um mercado amplo, que obtém muita visibilidade e que gera milhões. E por movimentar bastante dinheiro, e estar cada vez mais em alta, a moda vem se tornando não somente

um modo de se vestir, e sim um estilo de vida. Estar na moda, não é apenas vestir o que está em alta a cada estação, mas ter personalidade e ser autêntico de acordo com o que está usando, criar seu próprio estilo, sem ser totalmente padronizado. São inúmeros blogs ou sites que reverenciam o mundo “fashionista”, dentre eles o que mais se destaca é o site Petiscos, que também possui página pessoal no facebook e tem mais 21 mil seguidores. Além de falar de moda, música e roteiros para viagem, têm ótimas dicas, algumas em vídeos que ensinam a fazer produções com maquiagem e cabelo, para cada tipo de ocasião, entre outras coisas. O site foi criado pela blogueira, apresentadora e publicitária Júlia Petit, 38 anos, que recentemente foi convidada pela GNT para apresentar o programa Base Aliada, que conta com uma programação mista de beleza, moda, estilo e comportamento. “Eu sempre gostei de maquiagem. Desde criança prestava atenção na minha mãe se maquiando e já ensinava

minhas amigas a se maquiarem. Comecei a escrever um blog para dar as dicas que eu não encontrava em lugar nenhum. Quis tirar essa coisa das regrinhas de revista, eu gosto de ensinar as pessoas a terem intimidade com a maquiagem para poderem criar seus visuais. Minha regra é não ter regra”, revelou Petit em entrevista ao site Ego, recentemente. Outro programa de TV que também trata sobre o assunto, é o IT MTV, que é transmitido pelo canal MTV todas as quartas, às 23 horas, e está sobre o comando da nossa Top brasileira Carol Ribeiro com abordagem parecida. Além do blog da Júlia, várias outras internautas se inspiraram no site Petiscos, para criarem sua própria “rede social”, para poder compartilhar suas idéias, suas dúvidas e muito mais. Dentre os blogs recém criados, está o de Lalá Rudge e Maria Rudge que são irmãs e criaram um blog, que “estourou” há um ano. As garotas são de família tradicional do Estado de São Paulo, e possuem gosto refinado. Outro que também se

destaca, é o blog da Thássia, 22 anos,que é formada de Publicidade e Marketing em Uberlândia-MG. Ela criou o blog com o intuito de compartilhar um pouco das suas experiências, indicar lugares e restaurantes bacanas, contar novidades do mundo da moda e produzir looks “trendy” (tendência) para que as suas seguidoras se inspirem. O Fantástico mundo de Nicole é outra opção para as fãs de moda. Formada em Direito, ex-modelo, foi Miss São Paulo 2006, e reside em Nova York, uma das grandes capitais da moda. O interessante é que quem freqüenta sua página na web, não precisa ir a NY para saber o que está em alta, basta acessar o blog para ficar por dentro do assunto. Graças à globalização tudo fica mais “perto” e disponível. Nicole é bem irreverente com as informações, fotos e dicas que publica em seu site. Ela possui cerca de 500 seguidores, e a cada “post”, surgem muitos comentários com diferentes pontos de vista. E por fim, o blog Lila’s Diary, que foi criado por duas mineiras de Belo Hori-

zonte, Ana Luiza Braga e Natália Furtado, que também possuem excelente gosto quando o assunto é moda. O blog Lila’s é bem atrativo, possui um design chamativo e bem moderno, como todos os outros. O que também chama atenção nesses blogs, é que todos fazem propaganda de marcas famosas de cosméticos, acessórios e/ou roupas, o que mostra que além de ser um hobby para estas meninas, o blog também é um trabalho , e virou um instrumento de ganhar dinheiro. Contudo, nestes blogs encontra-se muita informação, bons conselhos, grandes “achados”, e várias idéias para se vestir, se comportar, viajar, maquiar, do modo casual ao formal, do descolado ao reservado. Há uma boa mistura, de tudo um pouco e com um toque especial e identitário de cada blogueira, que deixa o receptor da sua rede virtual bem à vontade e querendo saber sempre mais do que está por vir no mundo da moda e da beleza.

O mundo dos blogs ISABELLA MONTEIRO RENATA WILLIG 5º PERÍODO O site que vêm ganhando espaço entre os internautas de todas as idades e em todo o mundo foi criado em 1997, pelo Americano JornBarger. O blog, como hoje é conhecido, é uma página de internet atualizada constantemente pelo seu criador, e contem informações das mais diversas. Desde diários, piadas, fofocas, fã-clubes, poesias e moda, até informações relacionadas à vida do próprio blogueiro. Dentre esses diversos conteúdos, hoje é possível dividi-los em três grandes ramos. Os blogs pessoais, que são os mais populares, normalmente usados como diário, com postagens voltadas para as opiniões e experiências do usuário. Os blogs corporativos e organizacionais, que são aqueles utilizados por empresas como ferramenta de divulgação e contato com clientes e os blogs de gêneros específicos, que são os com maior número de acessos. A pesquisa divulgada pela INTEL revelou que o nosso país já é o quinto maior grupo em lei-

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tores de blogs e o terceiro em usuários do mesmo. Ou seja, dos 170 milhões de sites espalhados pelo mundo, 5.9 milhões estão no Brasil. Tamanha a repercussão deste meio virtual em todo o mundo, já existem vários blogueiros por profissão, e que recebem muito dinheiro para isso. O mais bem sucedido deles é o americano Markus Frind, do site PletyOfFish. Frind ganha em torno de US$ 300.00 por mês. Seu site é de relacionamentos, que fatura em media US$10, 000 por dia, e tem cerca de 500 milhões de “Page views” (acessos) por mês. Essa repercussão diz respeito a Globalização, que é um processo que interliga todo o mundo, levando em consideração aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais. Por isso os blogs são tão usados hoje em dia, pois são capazes de conectar pessoas de todas naçoes através da tela do computador, sem precisar sair de casa. A três anos a estudante de jornalismo Juliana Noronha, teve a idéia de criar um blog para postar seus textos, pois tinha acabado de sair de seu estágio e não queria

ficar atoa. A princípio a idéia era ser versátil, tanto que o nomeou o blog “Versatilidade”. Mas o que ela queria mesmo era escrever sobre moda, o que foi sempre sua paixão. Juliana também escreve quatro vezes por semana para um outro site fashionista , e diz que se o retorno financeiro for suficiente para viver bem, ela largaria o outro trabalho para se dedicar totalmente ao blog. Para a estudante de jornalismo tudo começou como uma brincadeira. “ Nunca imaginei que teria a quantidade de acessos e seguidores no Twitter que tenho hoje”. Seu objetivo era não ficar parada, ela se atualiza por meio de revistas, jornais e sites de moda. Ela relata que é grande admiradora do trabalho de Liliam Pacce,uma das estilistas de grande influência no Brasil. Juliana também conta que a principal dúvida dos seus seguidores é em relação a que roupa usar em certas ocasiões, e é claro que ela ajuda com prazer, onde encontrar determinada roupa ou acessório, entre outros questionamentos. Ela se diz muito contente com o retorno que o site lhe oferece e hipótese alguma não quer abrir mão disso.

Juliana Noronha, ex-aluna de Jornalismo da Fumec e autora do blog Versatilidade

Blogs Citados: www.lalarudge.com.br www.lilasdiary.com.br www.ofantasticomundodenicole.com.br www.blogdathassia.com.br www.juliapetit.com.br

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04 • Saúde

Editores e diagramadores da página: Alessandra Costa e Paula Soares - 5º período

Belo Horizonte, Julho/Agosto de 2011

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Através de projetos sociais e avanços da medicina, crianças e adolescentes, com câncer, ganham um novo sentido: esperança ANA TERESA RAFAELA 1 º PERÍODO

O câncer é a primeira causa de morte de crianças e adolescentes, entre cinco e dezenove anos, por doença, no Brasil, com a ocorrência de 11 mil casos por ano. Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), a chance de cura através do tratamento adequado é de 65%. O avanço da medicina e o desenvolvimento de ações que ajudam no tratamento de crianças e jovens servem de apoio na superação de adversidades do câncer e colocam mais esperança na vida dos pacientes. A doença em crianças e adolescentes é rara, e atinge principalmente o sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação. A leucemia é um exemplo de câncer mais comum na infância, que tem origem na médula óssea. Para o sucesso da cura, os pacientes devem ser diagnosticados o mais rápido possível e levados aos centros de tratamento especializado. Os sintomas, muitas vezes, se confundem com doenças não

malignas por serem comuns, como a palidez, a anemia, a perda de peso, a dor de cabeça e a dificuldade de locomoção. A maioria das crianças e dos adolescentes terão boa qualidade de vida após tratamento adequado. Muitas instituições de apoio a crianças com câncer não tem fins lucrativos e contam com doações e parcerias. A rede Mc Donald’s, fast food mais conhecido no mundo, lançou o McDia Feliz, campanha realizada todo ano, onde em um único dia toda a verba arrecadada pela venda do Big Mac é revertida para o Instituito Ronald Mcdonald, que foi fundado em 1999 e tem como intuito auxiliar o tratamento do câncer infanto-juvenil. A Casa Aura (Associação Unificada de Recuperação e Apoio), localizada em Belo Horizonte, é composta por profissionais e possui o Certificado de Filantropia do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). A associação

atende principalmente palmente pacientes que chegam do interior para se tratar em Belo Horizonte. onte. Em 12 anos de existência, tência aproapro ximadamente 800 crianças e adolescentes já foram tratados. Mais do que números, a associação traz à tona os sentimentos de esperança e alegria na vida destas pessoas. A psicóloga da casa, Patrícia de Paula, afirma que brincadeiras podem estimular o desenvolvimento dessas crianças. Segundo Patrícia, quem também se sente muito bem recebido pela instituição são os pais dos pacientes. “Foi difícil ver meu filho doente e em estado grave. A casa de apoio Aura ajuda meu filho e me ajuda também. Se não tivesse um lugar como esse para ficar não poderíamos fazer o tratamento, porque eu e minha família não temos condições financeiras. Não falta nada para gente na casa de apoio. Meu filho brinca, tem amigos, fica alegre e já se acostumou com os voluntários e profissionais”, declara Sebas-

Tão importante quanto o sucesso da operação é nunca perder a esperança

Iniciado em caráter experimental no Hospital e Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, os Doutores da Alegria, após seis anos de atividades contínuas, se desenvolve hoje em mais cinco hospitais – Emílio Ribas, Albert Einstein, Hospital do Câncer, Hospital das Clínicas: Instituto da Criança, Instituto de Ortopedia e Instituto de Cirurgia Plástica e Queimaduras e Conjunto Hospitalar do Mandaqui – e tem recebido constantes pedidos de implantação em outros centros hospitalares de São Paulo e do Brasil. É uma organização civil sem fins lucrativos que realiza cerca de 75 mil visitas por ano a crianças internadas em hospitais de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte. Dedicada a levar alegria a crianças hospitalizadas, seus pais e profissionais de saúde, através da arte do palhaço, nutrindo

tião Ferreira Caldas, pai de uma das crianças atendidas pela entidade. As instituições de apoio e os projetos sociais tem como objetivo facilitar o tratamento da doença tão devastadora não só para o paciente, mas também para a família que precisa estar presente em todas as etapas. A quimioterapia, a radioterapia e o transplante de medula óssea fazem parte do tratamento. Segundo o relato do médico Drauzio Varella, em seu site, o transplante de medula é simples. “Quando se fala de transplante de medula óssea, estamos nos referindo a um procedimento clínico que possibilita retirar parte da medula alojada na cavidade interna de vários ossos, aquela parte que no esqueleto dos bovinos, por exemplo, chamamos de tutano. A medula óssea é formada por tecido gorduroso no qual são fabricados os elementos figurados do sangue: hemácias ou glóbulos vermelhos, glóbulos brancos

essa forma de expressão como meio de enriquecimento da experiência humana. Em casos onde o silêncio e a quietude são necessários, a mímica torna-se uma agradável prioridade. Em outros casos uma alegre multa é aplicada a pacientes que estejam "estacionados" em suas camas há muito tempo, e nada melhor que um bom malabarismo para equilibrar a dieta. A missão de promover a saúde e a qualidade de vida pode ser considerada uma ação de anjos: amenizar a dor, trazer a esperança, alegrar os momentos mais difíceis e estar presente quando tudo parece perdido. Para todos os obstáculos impostos pela vida, existe sempre um caminho que pode ser traçado com linhas certas, deixando as tortuosas para trás.

e plaquetas.” Tão importante quanto o sucesso da operação é que o paciente nunca perca a esperança. Batalha Aos dois anos, Arthur Corrêa foi diagnosticado com leucemia. As buscas pelo doador começaram dentro da família, porém, ninguém era compatível. Diante da negativa a família deu início a campanha ‘5 ml de esperança’, que estimula a importância de realizar o teste de compatibilidade. Em quatro meses, a campanha cadastrou 40 mil pessoas no banco de medulas de Minas Gerais, mesmo número registrado em todo o ano de 2010. O caso foi muito divulgado e teve grande mobilização em todo o país. Há cerca de dois meses, o pequeno Arthur não resistiu à doença e faleceu. O pai do menino, Guilherme Donâncio, continua em sua campanha para estimular a doação de medula óssea, divulgando a ação em diversos municípios do estado. Um grande exemplo de muita batalha e superação.

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Saúde • 05

Editora: Marina Bhering 5º período e diagramador da página: Renata Willig e Isabella Monteiro 5º período

O Ponto

Belo Horizonte, Julho/Agosto de 2011

OXI A nova droga que assusta o Brasil Ainda mais devastadora que o crack , o oxi vem assustando os especialistas e matando os usuários em menos de seis meses

Com seus primeiros registros no Brasil na década de 1980, a oxi é uma nova droga ainda mais devastadora que o Crack. A droga, que é vendida em formato de pedra, surgiu inicialmente no estado do Acre, mas vem se popularizando cada vez mais, com registros na Região Norte e, agora, também nas cidades do Centro-Oeste e Sudeste, como afirma Álvaro Mendes, vice-presidente da Associação Brasileira de Redução de Danos. ”Ela já chegou ao Piauí, Paraíba, Maranhão, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.“ Mais barata que o Crack, seu valor médio é de dois reais a unidade, enquanto o crack pode chegar a sete reais. Outras características também explicam o porquê da droga ter se espalhado pelo país. Como por exemplo, o seu potencial alucinógeno. A oxi é capaz de provocar em seu usuário o dobro de euforia causado pela cocaína. “Quando surge uma droga mais poderosa, mais barata e fácil de produzir, a tendência é que ela se dissemine”, explica Ronaldo Laranjeira, psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Um fator ainda mais

cocaína, mas preocupante relatam que o sobre a oxi é efeito é mais a carência de rápido, e que dados sobre deixa um seu alcance no gosto ruim território brana boca, prosileiro. Estuvavelmente diosos sobre o causado pela assunto afirgasolina mam que a presente na droga atinge mistura. todas as clasDe acordo ses sociais. com o perito ”Não há um do Instituto de perfil estaCriminalística belecido de de São Paulo, usuário: ela é Jose Luiz da usada tanto Costa, a fabripelos mais A pedra da oxi: Facilmente confundida com o Crack cação da pasta pobres como pelos mais ricos da população”, dor, a droga matou um terço dos base de cocaína, da qual também são feitas o crack e a merla diz Ana Cecília Marques, psi- usuários no prazo de um ano. Além do risco de morte em (droga menos conhecida), utiquiatra da Associação Brasileira de Estudos de Álcool e Outras curto prazo, o uso da oxi tam- liza uma substância alcalina e bém provoca reações intensas um solvente para extrair uma Drogas (Abead). Ainda não se tem muitas e destruidoras no organismo. maior quantidade do principio informações sobre a ação da São comuns vômito, diarréia, ativo da planta, responsável droga no organismo humano. lesões precoces no sistema ner- pelo efeito principal da droga no Mas, sabe-se que é formada por voso central e degeneração das sistema nervoso. Como é extremamente nociva elementos químicos agressi- funções hepáticas. “Solventes vos como gasolina e cal virgem, na composição da droga podem ao organismo, os dependentes além da mistura de pasta-base aumentar seu potencial cancerí- da droga devem procurar tratade cocaína e que ela afeta o geno”, explica Ivan Mario Braun, mento o mais rápido possível, organismo mais rapidamente autor do livro Drogas: A varie- uma vez que a droga, se usada que outras drogas. A única pes- dade amplia os riscos a saúde e frequentemente, pode levar a morte em menos de seis meses. quisa do Ministério da Saúde já dificulta o tratamento. Por se tratar de uma droga De acordo com artigo divulgado feita sobre o assunto acompanhou cem pacientes que fuma- muito nova no mercado, alguns no site do Instituto Brasileiro vam oxi. O resultado foi assusta- usuários a confundem com a de Hipnologia, para que o trawww.blogspot.com.br

ISABELLA MONTEIRO RENATA WILLIG 5º PERÍODO

A droga aumenta a concetração da substância resposável pelo prazer, a dopamina. O uso da oxi pode provocar derrame, perda de memória, dificuldades de raciocínio e concentração.

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A fumaça da droga chega aos pulmões e cai na corrente sanguinea. No cérebro, cria prazer de curto prazo enquanto o corpo é corroído 1

5 - Coração

A fumaça da oxi é aspirada. Na boca, provoca perda de dentes, queimadura nos lábios e necrose de tecidos.

2 - Pulmões

Minas livre da oxi De acordo com a Polícia Civil, não há registro de apreensão de oxi em Minas.No Norte do Estado, policiais se confundiram e pensaram ter feito a primeira apreensão da droga em Montes Claros. Foram encontradas com duas mulheres 500 gramas de droga. De acordo com Exames de laboratório do Instituto de Criminalística de Belo Horizonte, a droga apreendida era crack. O ácido bórico usado na composição do crack dá uma tonalidade mais clara à mistura. Como a venda desse produto químico é controlada, os traficantes estão usando substitutos que deixam o crack com uma tonalidade mais escura, parecido com o oxi, o que pode confundir até mesmo os especialistas em entorpecentes.

4 - Cérebro

Os Efeitos da oxi:

1 - Boca

tamento funcione, o usuário deve estar pré-disposto a se tratar, parar definitivamente de utilizar a droga e, no momento da sessão, deverá estar fora do efeito químico da droga e totalmente consciente sobre os significados das palavras empregadas durante a terapia. Quanto mais cedo iniciar o tratamento, a recuperação é mais rápida e eficiente. Além disso, a participação da família na recuperação é essencial.

O oxi eleva os batimentos cardíacos e estreitamento dos vasos sanguíneos, o que aumenta os riscos de hipertensão e infarto.

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Os alveolos dos pulmões levam a substância da fumaça para a corrente sanguinea. O pó de cal provoca efisema pulmonar

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6 - Estômago A inalação da droga leva a vômitos e diarréia

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3 - Sistema Circulatório No sangue , a oxi leva 8 segundos para chegar ao cérebro

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7 e 8 - Fígado e Rins Eliminar as toxinas da droga sobrecarrega os orgãos e causa inflamação.

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06 • Cultura

Edição e diagramação: Juliana Pio - 5o período

Belo Horizonte, Julho/Agosto de 2011

O Ponto

ARTE PARA TODOS Exposições “Tarsila e o Brasil dos Modernistas” e “Olhar e Ser Visto” receberam 30 mil visitantes e sucesso se deu, principalmente, à entrada gratuita e à disponibilidade de transporte público

MARIA EDUARDA SILVA RAMOS 3º PERÍODO

O Lago de Tarsila do Amaral

Abaporu de Tarsila do Amaral

Auto retrato de Tarsila do Amaral

O Mamoeiro de Tarsila do Amaral

O Ovo de Tarsila do Amaral

Paisagem com Touro de Tarsila do Amaral

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No Brasil do século 19, arte e literatura experimentavam o movimento de ruptura com o modelo europeu de auto-imagem. Porém, tal ruptura não permeou somente os padrões estéticos que eram seguidos na época, pois a mudança no traço foi resultado de um processo que germinava nas rodas de intelectuais. Os chamados modernistas procuravam se desvencilhar da forte interferência da cultura européia na expressão artística brasileira e também de sua influência na consciência coletiva da nação. A mostra “Tarsila e o Brasil dos modernistas”, na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte, apresentou 139 obras da artista paulista Tarsila do Amaral (1886 – 1973), além de telas de Di Cavalcanti e Candido Portinari, inspiradas na busca da pura identidade nacional. Além destes, outros nomes foram trazidos para a exposição que, embora apresente uma variedade de referências artísticas, faz questão de manter Tarsila como musa do movimento ao qual presta homenagem. A artista nasceu em 1º de setembro de 1886, na cidade de Capivari, interior de São Paulo, e passou a infância nas fazendas do pai. Mais tarde, seguiu para Barcelona, com o objetivo de adquirir educação européia. Ao retornar ao Brasil, Tarsila iniciou os estudos em arte, com a intenção de continuá-los posteriormente em Paris, onde permaneceu até junho de 1922. Embora tenha passado boa parte da vida no exterior, suas obras se caracterizam por imagens fortes, associadas à identidade brasileira. A face mineira da artista se faz presente em uma alegoria, na qual é possível analisar a simplicidade no uso das cores e de como ela retoma os tons que, durante a infância, eram hostilizados pela própria família. “Encontrei em Minas as cores que adorava quando criança, porém ensinaram-me depois que estas eram feias e caipiras. Segui o ramerrão do gosto apurado, mas acabei me vingando da opressão, passando-as para minhas telas”, disse Tarsila no catálogo de uma das exposições do “Salão de Maio”. Em algumas de suas criações, fica nítida a mistura de referências culturais às quais a artista foi exposta desde cedo. Ao pintar o carnaval, Tarsila não conseguiu deixar de produzir a imagem da Torre Eiffel, o que mostrou sua forma natural e pouco prepotente de encontrar a heterogeneidade da arte brasileira. Também no agrupamento dos modernistas encontra-se a experiência antropofágica de Flávio de Carvalho. Seu “New Look”, como foi batizado, era uma roupa masculina, composta por saia e camiseta, com a qual o criador desfilou pelas ruas do Rio de Janeiro e São Paulo, na década de 1950. O objetivo era romper com os padrões de estética e alfaiataria europeus, propondo um vestir confortável e que respeitasse o clima dos trópicos. “Olhar e ser Visto” Paralelamente à exposição “Tarsila e o Brasil dos Modernistas”, a Casa Fiat de Cultura apresentou também uma coleção de obras trazidas do Museu de Arte de São Paulo (Masp), cujo tema é a figura humana da Renascença ao contemporâneo. “Olhar e ser Visto” conta com pintores como Van Gogh,

Cézanne, Pancetti, Modigliani e Picasso, entre outros. Essa seleção de obras tem a capacidade de instigar no visitante a reflexão de como é produzida a auto-imagem. Naiara Rodrigues, de 17 anos, educadora de trânsito, observava uma fotografia da exposição, “A Menina dos Olhos, da série Antropologia da face gloriosa”, de Arthur Omar, quando foi questionada sobre o que pensava naquele momento. Ela respondeu que, “enxergava deformidade e sofrimento, nada mais”. Porém, após ser fotografada, ela pôde ver pelo visor da câmara como A Menina dos Olhos se parecia com ela. Sharon Ferreira, de 17 anos, estudante da Escola Estadual Mendes Pimentel vibrou com a visão de “O Negro Cipião”, de Cézanne. Ela enxergou cansaço e sofrimento na tela e ressaltou que “é preciso abstrair estes sentimentos para sentir o que autor quis dizer em sua obra”. As adolescentes fazem parte de um programa educacional implementado pela Casa Fiat de Cultura, por meio do qual, professores da rede pública recebem cursos de capacitação antes das visitas dos estudantes para que estes venham à exposição com um mínimo de compreensão. O programa faz parte de um modo de gestão adotado pelo presidente da Casa Fiat de Cultura, José Eduardo de Lima Pereira. Perfil Ao ser questionado sobre o perfil do visitante, José Eduardo salientou que desde a idealização do projeto, o objetivo é culminar em um corte vertical da sociedade brasileira. Para ele, “o mais importante é que a lógica do consumo não reine ali como reina em outros espaços culturais e educacionais”. Localizada em um dos bairros nobres de BH, a Casa Fiat de Cultura recebe também a visita de estudantes da rede pública de ensino, detentos e deficientes físicos. O que, no início, poderia parecer um tanto utópico, acabou dando certo, tendo em vista parcerias feitas com outras casas de arte espalhadas pelo Brasil, sem contar a divulgação por meio do site, o transporte gratuito, o centro de agendamento, o atendimento às escolas e a entrada franca. José Eduardo esclarece que, “a não cobrança da entrada, como uma medida de gestão isolada, não permitiria a diversidade social do público que hoje circula pelos espaços da Casa Fiat. Foi preciso vestir dois bonés. Um, quando estou conversando com alguém, uma estudante, um visitante... O outro, quando preciso negociar dentro da empresa para manter o local nos padrões traçados pelo projeto de gestão”. Assim, a Casa Fiat de Cultura deixa clara a vontade de receber também o grande público, pois somente assim conseguirá aliar a cultura a uma causa social. Nas exposições “Olhar e Ser Visto” e “Tarsila e o Brasil dos Modernistas”, a Casa Fiat de Cultura já recebeu cerca de 30 mil visitantes. Esse número, aliado a outros recordes de visitação, são fundamentais para que ela possa se mudar, em 2014, para o Palácio dos Despachos, na Praça da Liberdade. Ao ser questionado sobre o jardim atrás do Palácio e dos projetos e oficinas que ali poderiam ser desenvolvidos, José Eduardo esclaraceu que existem outros planos para o local. “Saem as flores, entram os carros”. Isto porque o espaço será destinado ao Museu do Automóvel da Fiat.

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Arquivo Institucional

O Ponto

Mudança de vida a toque de

Projeto busca sensibilizar crianças e adolescentes de Betim, na grande Belo Horizonte, para a arte e ao mesmo tempo combater a exploração da mão-de-obra infantil LARISSA BORGES 7º PERÍODO Wellington de Oliveira Cívico,15 anos, veio do Espírito Santo com a tia, no ano passado, para morar no Jardim Teresópolis, em Betim, na grande Belo Horizonte. Suas tardes são ocupadas pelas aulas na escola estadual do bairro, mas o que Wellington mais gosta são seus encontros com os tambores pela manhã. Estranho? Não para os jovens que participam do ‘Tambores de Betim’, um projeto realizado pela Prefeitura Municipal de Betim em parceria com o Governo Estadual de Minas e o Governo Federal. A história do ‘Tambores de Betim’ começou com a atual coordenadora do projeto, Gesione Aparecida Pirani Fidelis, de 37 anos. Quando trabalhava na Prefeitura Municipal de Contagem, participava do grupo ‘Educação pelo Tambor’. A partir do convívio com as crianças surgiu a ideia de apresentar a proposta do grupo para a Prefeitura de Betim. “Educação pelo Tambor é um projeto voltado para a assistência social e inclusão de crianças e adolescentes. Apresentei a proposta para a prefeita Maria do Carmo e ela gostou da ideia. Assim, nasceu os Tambores de Betim”, conta a coordenadora. Em setembro de 2010, o projeto começou na Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), nas regionais Teresópolis, Citrolândia, Imbiruçu, Norte e Alterosa. O ‘Tambores de Betim’ atende crianças e adolescentes de 6 a 15 anos, inseridos no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), beneficiando 594 crianças

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no município. O Peti é uma política social com o objetivo de acabar com o trabalho infantil, através de atividades diversas, após ou antes das aulas. O cadastro no programa é feito por responsáveis dos jovens ou através de denúncia anônima sobre casos de crianças e adolescentes que correm risco social familiar e possuem vulnerabilidades psicológicas, físicas e financeiras. Antes de vir para Minas Gerais, Wellington fazia capoeira e oficina de grafite. Quando chegou a nova escola, ficou sabendo por um colega sobre as atividades que acontecem na Semas Teresópolis. “Eu vim um dia para conhecer a oficina e gostei. Faço parte do grupo de percussão e é muito legal. A gente aprende a ter disciplina, atenção e temos aulas educativas”, explica o jovem. Além das oficinas de dança, canto, percussão e construção de instrumentos, a Semas oferece atividades de temas transversais com educadores sociais que fazem parte do Centro de Referências Técnicas da Semas. Os professores discutem sobre cidadania e arte e as assistentes sociais fazem o acompanhamento psicológico. O mais interessante no projeto é que, mesmo trabalhando com o cadastro do Peti, os organizadores focam no desejo dos jovens. “A gente faz uma aula de apresentação. Se ele gostar, se inscreve e começa a participar. Tudo parte de seu desejo, o que faz da oficina ainda mais interessante”, diz Fidelis. Além disso, o programa é voltado para a arte que transforma não só na prática, mas na forma de pensar dos participantes. Eles aprendem a valorizar a cultura brasileira, trabalhar em equipe

e melhoram suas relações pessoais e seu desempenho escolar. É esse conjunto de valores que o ‘Tambores de Betim’ transmite para os estudantes e que enche de orgulho o professor Warley Ferreira da Silva. Ele participa do projeto, desde o início, dando aula de dança. Junto com ele, atuam mais seis educadores que se revezam entre as secretarias. Warley conta que esse é um trabalho com muitos desafios, pois o objetivo é sensibilizar a criança para a arte. Só que, muitas vezes, essa criança que chega ao Tambores passou por alguma tipo de dificuldade e não está aberta ao diálogo. “Muitos alunos não têm referência familiar e levar a linguagem da arte a eles, só através de muita conversa”, afirma o professor. O ‘arte educador’, como gosta de ser chamado, tem muitas histórias de mudanças que aconteceram através do Tambores de Betim. Porém, a que mais o marcou foi o depoimento de uma mãe, em uma reunião de pais e educadores, que acontece semanalmente nas Semas, nesse caso específico, no bairro Imbiruçu. “No fim de uma reunião, uma mãe pediu a palavra. Queria falar que, antes de seu filho participar das oficinas de percussão, ele brigava muito com a família, não respeitava ninguém e que isso era cansativo para ela. Mas, depois que começou nas oficinas, melhorou as notas na escola e o relacionamento em casa. Agora não aguento mais o barulho que ele faz, batucando com a tampa das minhas panelas o dia todo, mas quer saber? Eu prefiro o barulho”, relata o professor, entre sorrisos.

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EU V U O maior festival de música e entretenimento do mundo está em sua 10ª edição e volta ao Brasil depois de 10 anos na Europa MARIANA DE SOUSA 5º PERÍODO de transmissão dos shows para mais de 1 bilhão de telespectadores em 80 países. Tendo como slogan o tema “Por um Mundo Melhor”,o Rock in Rio sempre visou uma atuação sustentável e socialmente responsável. Além dessa atuação direta, o festival procura passar para seus seguidores a ideia de que todos podem se unir através da música. Este ano, os shows voltam a ser realizados no Brasil, após 10 anos, e a venda de ingressos para os seis dias de programação já começaram. Com data marcada pra os dias 23, 24, 25 e 30 de setembro e 1° e 2 de outubro, o evento será realizado no Parque Olímpico da Cidade do Rock, no bairro de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Com ingressos variando de R$ 95 a R$ 220 – conforme a data de sua compra – o festival terá capacidade para receber cerca de 100 mil pessoas por dia. De acordo com a organização, já foram vendidos em 60 dias mais de 600 mil ingressos, sendo que 60% desses são de fãs que moram fora do Rio de Janeiro.“ Afirmou Roberta Medina, vice-presidente do evento.

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Katy Perry, 26 anos, faz do festival sua primeira apresentação em solo nacional. Famosa por hits como I Kissed a Girl e Hot N Cold, a cantora vem para agradar o público adolescente. Melhor amiga de Katy Perry, Rihanna também vem ao Brasil para sua primeira apresentação em setembro. A cantora caribenha de 24 anos é famosa por hits como Umbrela e Te amo. Aqueles que não conseguiram ingressos para o festival não precisam desanimar, a cantora afirmou que pretende voltar ao Brasil com sua turnê LOUD, em 2012. Elton John, 64 anos, se tornou um ícone da musica pop depois de estourar sucessos como Your Song e Tiny Dancer. A primeira vez que o cantor esteve no Brasil foi em 1995, na turnê do álbum ‘Made In England’, onde fez duas apresentações, uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro. Em 2009, retornou para mais duas apresentações, novamente nas duas capitais. É a primeira vez que se apresenta no festival, sendo uma das atrações mais aguardadas pelos fãs.

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A banda de rock britânica Snow Patrol, criada em 1994 pelos estudantes Gary Lightbody e Mark McClelland, é famosa por ter seus hits presentes em seriados e filmes americanos como One Tree Hill e Homem-Aranha 3. O grupo não é estranho ao Rock in Rio, tendo tocado no festival em 2001. O Stone Sour começou a partir de um projeto paralelo do vocalista Corey Taylor e do guitarrista Jim Root, ambos do Slipknot, que também se apresenta no festival. A banda já foi indicada ao Grammy três vezes. Apesar de existirem há um bom tempo o Stone Sour só produziu seu primeiro álbum em 2002. O grupo já passou por diversas formações desde sua criação, chegando a trocar de guitarrista 10 vezes. Criada em 1983, em Los Angeles, EUA, a banda Red Hot Chilli Pepers se tornou uma referência no rock por conseguir introduzir elementos do funk e do punk rock em suas músicas. O grupo norteamericana bateu o recorde de público do festival na edição de 2001, quando reuniu 250 mil pessoas. O número também representou recorde de audiência em shows da banda.

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Confira as atrações internacionais do

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Tudo surgiu de uma simples ideia, criada pelo empresário carioca Roberto Medina, no ano de 1985, para se comemorar a liberdade em plena transição da ditadura para democracia no Brasil. O Rock in Rio, que era para ser apenas um show, se transformou após sua primeira edição no maior festival de música e entretenimento do mundo. Com uma estrutura de 250 mil metros quadrados – conhecida como “Cidade do Rock” - as apresentações em sua primeira edição contavam com o maior palco do mundo já construído até então, com cerca de 5 mil metros, dispondo de uma infra-estrutura capaz de atender até 1,5 milhões de pessoas. O fato de ter sido o primeiro evento na América Latina a trazer astros do pop e do rock internacional fez com que o Rock in Rio se tornasse um marco na época, e, graças a esse sucesso, rapidamente se expandiu também para o continente europeu. Em suas nove edições já realizadas, sendo três no Brasil (1985, 1991, 2001), quatro em Portugal (2004, 2006, 2008 e 2010) e duas na Espanha (2008 e 2010), o evento já reuniu mais de 5 milhões de pessoas, que assistiram e aplaudiram ao vivo 656 bandas, além de 780 horas

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Conhecido por tocar hits como It ain`t over till it`s over e Fly away, o cantor, multi-instrumentista, produtor e arranjador norte-americano Lenny Kravitz incorpora vários estilos em suas músicas, indo do soul ao hard-rock com facilidade. Vencedor de 4 Grammy consecutivos - de 2002 a 2004 - Kravitz já veio ao Rio antes, com apresentação em Copacabana. O Rock in Rio 2011 marcará sua segunda participação no festival. A cantora latina Shakira é vencedora de 2 Grammy, 8 Latin Grammy, 22 Latin Billboard Awards, 4 VMA, entre outros prêmios e já vendeu mais de 70 milhões de álbuns ao redor do mundo. Duas de suas quatro turnês já passaram pelo Brasil. Se apresentou duas vezes no festival em Lisboa, essa será sua primeira vez em solo brasileiro.

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O grupo Maná - na estrada desde 1978 - vem, juntamente com Shakira, dar um sabor latino ao festival. Vencedores de três Grammy e cinco Latin Grammy Awards, bem como nove Billboard Latin Music Awards, a banda mexicana não é estranha a palcos brasileiros, tendo vindo ao país pela primeira vez em 2008. Jay-Z é considerado um dos artistas de hip hop mais bem sucedidos da história, ganhando 10 Grammy Awards. Entre os seus principais hits está a música Crazy in Love, com a sua esposa Beyoncé. Apesar de já ter vindo ao Brasil em compania de Beyoncé, o festival será sua primeira apresentação no país. Formada em 1996, pelo vocalista Chris Martin e o guitarrista Johnny Buckland, o grupo britânico Coldplay já ganhou diversos prêmios ao longo de sua carreira, incluindo seis Brit Awards e sete Grammy, entre outros. A banda é famosa por defender causas que vão desde a Anistia Internacional e fim da pobreza no 3º mundo à segunda-feira sem carne - proposta pelo vegetariano Paul McCartney. O Coldplay veio ao Brasil pela primeira vez em 2007 para apresentar a turnê Viva la Vida or Death and all His Friends.

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Vinda do Reino Unido, a banda do polêmico baixista Lemmy Kilmister, formada em 1975, é conhecida pelo seu peso e velocidade, tendo influenciado bandas que vão do internacional Metallica ao fluminense Matanza. Autora de sucessos como Bomber e Ace of Spades, o Motörhead - que já havia participado da edição de 2010 do festival em Lisboa - promete balançar a cabeça dos fãs de metal pesado. O grupo já esteve no Brasil abril deste ano, apresentando três shows da turnê The Wörld is Yours . Os norte-americanos do Slipknot são famosos por sempre se apresentarem nos palcos usando máscaras assustadoras. O grupo já recebeu dois Grammy, em 2006 e 2009, por melhor performance metal. Ainda abalados pela morte do baixista Paul Gray em 2010, membros da banda já anunciaram a seus fãs que seu futuro é incerto. Além de uma passagem anterior pelo Brasil em 2005, o Slipknot participou também da edição de 2004 do Rock in Rio Lisboa. Junto com Stone Sour fazem a dobradinha do festival. Depois de 11 anos sem pisar em palcos nacionais, o Metallica retornou ao Brasil em 2010, com shows em Porto Alegre e São Paulo, lotando o Estádio do Morumbi com 68 mil pessoas no primeiro dia de apresentação. A banda de Los Angeles, formada em 1981, é famosa por sucessos como Enter Sandman e Master of Puppets, entre outros.

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Popularmente conhecido como SOAD, a banda norte-americana System of a Down é famosa pelos vocais excêntricos do vocalista Ali Serj Tankian e guitarrista Daron Malakian, ambos de descendência armênia. Em seu início de carreira, o grupo chegou a abrir shows dos mineiros do Sepultura. Seguidores da banda foram surpresos em 2006 com a declaração de que o SOAD pararia de fazer shows por tempo indeterminado. A banda só voltou a tocar junta definitivamente em 2010. Esta será a primeira apresentação do grupo no Brasil. Inspirada em um metal alternativo, o Evanescence foi fundada em 1995, em Little Rock, Arkansas. O álbum Fallen, de 2003, vendeu mais de 15 milhões de cópias em todo o mundo e rendeu 2 Grammy para a banda. Se apresentaram no Brasil em 2009. Liderada pelo vocalista Axl Rose, a banda de hard rock Guns N’ Roses passou por diversas mudanças na formação, sendo que, a mais importante delas foi a saida do guitarrista Slash. Já se apresentaram no Brasil diversas vezes. A última foi em 2010, com apresentação também em Belo Horizonte. A banda participou de três edições do festival e já é atração confirmada para 2011.

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Editores: Cézar Vouguinha e Igor Morerira - 5º período. Diagramador da página: Victor Duarte, José Willian Borges e Gabriela Campolina - 6º período

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V LEI SUPERVALORIZADO Com uma Superliga cada vez mais valorizada, superando em cifras inclusive a da Liga italiana, vôlei brasileiro atrai cada vez mais investidores DIEGO DUARTE TÚLIO KAIZER 3º PERÍODO É indiscutível a paixáo do brasileiro pelo futebol. Mas há algum tempo, a terra que traz em suas raízes o amor pelo esporte, têm aberto espaço para uma nova paixão, o vôlei. A ligação do brasileiro com o esporte começou nos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 1984 com a “geração de prata”. A seleção masculina de vôlei formada por Wilian, Bernardinho, Montanaro, Renan, Bernard, entre outros fez história ao levar o país, pela primeira vez, a uma final olímpica. Apesar da derrota para os Estados Unidos naquela partida por 3 sets a 0, o valor desse resultado para o voleibol no país é incontestável. Foi um marco entre o amadorismo e o profissionalismo. Em 1992, nas Olimpíadas em Barcelona, veio o tão sonhado ouro. A seleção brasileira de Maurício, Paulão, Tande, Giovane, Carlão e Marcelo Negrão venceu a seleção da Holanda por incontestáveis 3 a 0 coroando uma brilhante campanha, invicta, e com apenas 3 sets perdidos em toda a competição. Foi a primeira medalha de ouro em esportes coletivos da história olímpica brasileira. Definitivamente, o vôlei estava conquistando seu espaço e começou a despertar o interesse de investidores. Várias empresas, inclusive multinacionais, começaram a investir no esporte. OS maiores exemplos são a Fiat e a Pirelli. A primeira formou com o Minas Tênis Clube uma das mais vitoriosas parcerias do vôlei brasileiro, na década de 1980. A segunda montou sua equipe em São Paulo na mesma década, e foi a responsável por acabar com a hegemonia do Fiat/Minas. Na década de 1990 outras empresas como a Hoechst, Report, Pepsi e Nestlé, que investe no esporte até hoje, também decidiram que investir no vôlei era um bom negócio. De lá pra cá esse número de

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Fonte: cbv.com.br

investidores só aumentou e hoje vemos empresas como Vivo, Sada, SKY, Cimed, Banco BMG e Hipermarcas estampando seus logotipos em algum uniforme. A Superliga é hoje o torneio nacional de vôlei mais valorizado do mundo, superando em cifras inclusive a badalada Liga Italiana. E a edição 2012 do torneio deverá ser a mais cara de todos os tempos O empresário Eike Batista, oitavo homem mais rico do mundo eleito pela revista Forbes, irá investir cerca de R$ 13

milhões no RJX, sua equipe masculina de vôlei que terá sede no Rio de Janeiro. O campeão olímpico e mundial Dante, que jogava no Dínamo de Moscou, da Rússia, é um dos contratados para integrar o novo clube e terá o maior salário da superliga, cerc de R$ 2 milhões anuais. O ponta da seleção brasileira relatou a importância tanto dos times quanto dos investidores planejarem um projeto a longo prazo, contribuindo para a formação de novos atletas. “O investidor está seguro do que

está fazendo. Ele sabe que vai ter o retorno, vai ter a mídia do lado dele e é isso que ele procura. Hoje você vê investidores novos entrando no mercado, mas com projetos que vão de 7 a 10 anos. Isso dá tranquilidade não só para os jogadores mais veteranos, mas também para quem está começando. Quanto mais clubes, mais jogadores em crescimento vão poder trabalhar e jogar, então, é neles que nós temos que pensar ”. Apesar do momento do vôlei brasileiro, o jogador ainda

faz um alerta. “O que tem que melhorar é a infraestrutura de muitos ginásios aqui no Brasil. O vôlei brasileiro hoje é referência mundial e nós não temos o principal, que são as quadras. É necessário melhorar o piso e a iluminação”, ressalta Dante. Murilo, eleito o melhor jogador do Campeonato Mundial de Vôlei de 2010, demonstra satisfação com o atual momento do esporte no Brasil e acredita em bons frutos para as novas gerações. “Praticamente todos os jogadores da seleção brasileira jogam no Brasil. Os clubes estão crescendo e se valorizando por terem atletas de seleção. A responsabilidade dos clubes é grande em manter o que vem sendo feito na seleção. Acredito que o vôlei está sendo muito mais praticado, as crianças estão se interessando cada vez mais e isso vai nos garantir um futuro longo ao voleibol, pensando em 2016 e 2020”, completa o atleta. Outro jogador de destaque, mas que está fazendo o caminho inverso dos demais é o oposto Leadro Vissotto. O atleta, que disputou a última Superliga pela equipe do Vôlei Futuro vai retornar ao voleibol italiano, onde jogou por quatro anos. O vôlei em Minas Se a identificação do brasileiro com o vôlei está cada vez maior, em Minas Gerais não é diferente, haja vista os resultados dos clubes mineiros na história da principal competição de voleibol no país. Em 17 edições da Superliga, o Minas Tênis Clube é a equipe mais vitoriosa, com quatro conquistas. Além do Minas, hoje o estado conta com mais duas equipes na Superliga, o Sada/Cruzeiro (atual vice-campeão) e o BMG/ Montes Claros (vice-campeão na temporada 2009/2010). O jornalista esportivo do Estado de Minas Ivan Drummond credita o sucesso do crescimento e investimento no vôlei brasileiro a credibilidade e seriedade da competição. Para ele a

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Editores: Cézar Vouguinha e Igor Morerira - 5º período. Diagramador da página: Victor Duarte, José Willian Borges e Gabriela Campolina - 6º período

O Ponto Superliga se fortaleceu e passou a ser uma das duas maiores do mundo, trazendo tranquilidade para investidor. “Acredito que a Superliga rivaliza com o Campeonato Italiano brigando para ver qual é a melhor do mundo. Nós temos muitos jogadores excepcionais e isso ajuda muito, além do retorno de diversos jogadores. Estão saindo dois ou três, mas é pouco em relação ao que era. Os estrangeiros também começaram a vir isso mostra a força da competição brasileira”, acrescenta. De acordo com Carlos Antonio Rios, presidente da Federação Mineira de Voleibol, a temporada atual do volei brasileiro é a mais competitiva em toda história do esporte no Brasil.”Hoje essa Superliga se equipara ao nivel técnico do voleibol europeu, especificamente da Itália que tinha o melhor campeonato do planeta“, afirma. Segundo ele, apesar do Brasil apresentar um cenário bem definido no que se refere aos investimentos centrados no eixo Rio-São Paulo, Minas Gerais não deixa nada a desejar. “Nós temos a escola de voleibol

Belo Horizonte, Julho/Agosto de 2011 mais tradicional do país, desde dae as categorias de base até o fornecimento de novos talentos para a seleção brasileira. Minas Gerais tem crescido em termos de negócios, consequentemente, tem aparecido mais empresas interessadas no mercado mineiro onde vai surgir mais patrocinadores e , com a qualidade da nossa escola de formação do voleibol a gente é um mercado emergente no cenário das grandes equipes do Brasil. Essa temporada 2010/2011 nós tivemos três equipes do masculino, essas equipes ficaram entre as seis numa competição onde participaram 15 clubes. Outro ponto importante,, que mostra a força do voleibol mineiro, se pegarmos numericamente os registros de novos atletas, nós somos o primeiro Estado do Brasil. Isso mantém a qualidade da nossa escola, a gente está na frente de todos os outros Estados, ressalta Carlos. Vale lembrar que, Minas Gerais apresenta uma média de 2500 a 3000 jogos por ano, sendo um dos principais pólos de jogos da modalidade no país.

Bernardinho, técnico da seleçao brasileira de volei

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Esportes • 11 Jornal Extra

O ponteiro Dante, repatriado pelo RJX, será o jogador mais bem pago da Superliga 2012, com salário de 2 mi por temporada

Desde que assumiu o comando da seleção masculina, há cerca de 10 anos, Bernardinho se transformou em sinônimo de conquistas (O técnico venceu ao todo oito Ligas Mundiais, dois Campeonatos Mundiais e uma Olimpíada). O treinador diz que o esporte desde 1984 vem crescendo muito, e que hoje vive o seu melhor momento. Para ele, o crescimento da economia brasileira vem favorecendo diversas outras atividades, e o voleibol soube aproveitar o momento. ”A chegada de grandes patrocinadores e esse ano não vai ser diferente, pois temos mais uma equipe no feminino (SESI), e equipes montando grandes elencos, com vários jogadores voltando. Acho que o processo de valorização e crescimento interno do voleibol continua, aproveitando o momento da economia brasileira e o momento do nosso vôlei, que têm atraído grande interesse de patrocinadores e público”, completa. Porém, os resultados alcançados pela seleção não acomoda esse grupo vitorioso, diz o comandante. “Temos muito para crescer ainda. Espero que a gente possa trabalhar muito e fazer com que ele se desenvolva. Acho que se a gente imaginar que chegamos ao ápice é o início da queda, então temos que continuar crescendo e buscar novos degraus e novos picos para continuar vencendo”.

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Editores: Franco Serrano e Igor Moreira - 5º período. Diagramador da página: Victor Duarte - 5º período

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O Ponto

Depois de várias tentativas, Federação Mineira de Futebol promete novidades para o troféu do Campeonato Mineiro de 2012 DIEGO DUARTE TÚLIO KAIZER 3º PERÍODO

Nina Carvalho assessora da FMF

Campeonato Mineiro 2011. Modelo encontrado em um catálogo de uma empresa de São Paulo.

Campeonato Mineiro 2007/2010. Modelo elaborado por Ricardo Horta faz alusão a bandeira e ao escudo da FMF.

Tulio Kaizer

No fim do ano passado, Nina, assessora da FMF realizou uma viagem com o presidente da federação, que deixou clara a sua insatisfação com a peça e principalmente pela repetição da imagem. “O troféu era o mesmo para o módulo I, módulo II e segunda divisão, e com isso acabou banalizado”. A peça deste ano foi descoberta em um catálogo de uma fornecedora de São Paulo. Para Nina, negociar uma peça tão bela por telefone foi uma surpresa. “A única alteração feita foi no acabamento, porque a base era resinada preta. Ele me deu a possibilidade de trocar essa base por uma de madeira e, sinceramente, acho que valorizou bastante o troféu”.

Novidades para 2012 Com o objetivo de valorizar ainda mais a taça, a FMF pode colocar em prática uma idéia inovadora. “Uma possibilidade, que pode vir a ser confirmada no segundo semestre, para valorizar ainda mais essa taça, é fazer dela um troféu itinerante, a taça só fica com o campeão se ele for tri ou tetra campeão, a ser resolvido em uma conferência interna com a diretoria por ser uma decisão de grande porte. A taça será itinerante, ficando com o campeão durante uma temporada. Os detalhes finais do troféu ainda não foram definidos, há a possibilidade de trabalhar com um acabamento que faça referência a Minas Gerais. “Quem sabe a base de pedra sabão, mas ai teria que ser feito um estudo para ver a resistência desse material. É muito complexo. É um trabalho bastante exaustivo, mas a assessoria de comunicação o abraçou e para o ano que vem todos podem esperar novidades.” conclui Nina. O também funcionário da FMF, Cézar Vouguinha, endossou a idéia da taça itinerante. “Nosso propósito é de cada vez mais valorizar o troféu, essa idéia de deixá-lo um ano com um e depois na festa do campeonato o clube devolver para a disputa caso não seja o campeão novamente, deixa mais acirrada a briga. Um time que tiver determinado número de títulos fica com a peça. Tenho certeza que a peça vai ser maravilhosa, exclusiva da federação e os torcedores vão gostar bastante, diferentemente das outras edições.” Vamos aguardar.

Tulio Kaizer

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“Estou na federação há 16 anos e sempre nos preocupamos com a questão da imagem do troféu. ”

Mesmo com a aprovação do público e da Federação, Nina ainda se sentia incomodada. Como a taça foi comprada em um catálogo, havia a preocupação da imitação do modelo. “Precisamos de uma peça exclusiva, ainda que não seja a mesma para todas as categorias. A idéia é criar algo que se identifique com o Campeonato Mineiro, para não correr o risco de alguém de outro campeonato, comprar o mesmo troféu, não podemos correr esse risco.” Como não há essa empresa em Minas Gerais, foi escolhida uma empresa paulista, para criar essa peça exclusiva. O modelo ideal foi achado em um site de Portugal.

Divulgação/FMF

O troféu simboliza a vitória, o triunfo, seja em um concurso ou evento é sinônimo de conquista e desejo. No mundo esportivo, principalmente na paixão nacional, ou seja, o futebol, seu significado é ainda mais forte, envolve paixão e emoção, valoriza os envolvidos na premiação, marca a história de um clube, jogador e torcida. No futebol mineiro, há muito não se via uma taça que caísse no gosto tanto dos clubes, quanto dos torcedores. Nem mesmo a alta cúpula da Federação Mineira de Futebol estava satisfeita com suas peças, o que gerou uma busca por um troféu que simbolizasse a conquista do torneio mais importante do estado. Após uma incessante procura, a taça deste ano parece ter chegado bem perto do esperado por todos. Nina de Abreu Carvalho, assessora de imprensa da Federação Mineira de Futebol, confessou o esforço que foi feito para adaptar a premiação ao modelo desejado pela instituição. “Estou na federação há 16 anos e sempre nos preocupamos com a questão da imagem do troféu. Com a chegada do Paulo Schettino, presidente da FMF, ele atentou para a questão da premiação. Como dirigente e torcedor, achava que Minas Gerais precisava de uma identidade maior com o troféu. Na nossa gestão, foram entregues quatro modelos até o momento. Diferente da gestão anterior, quando era entregue um troféu por ano. Em 2005, foi insituída uma parceria financeira com a Usiminas, na tentativa de associar a peça da premiação a uma peça de arte com o material oferecido pela empresa. “Quem idealizou a taça foi o artista plástico Marcelo AB idealizou uma peça, que simbolizava um jogador com uma bola em cima da cabeça, estabelecendo uma referência ao futebol tático. Marcelo disse que era uma época de grandes técnicos, como Vanderlei Luxemburgo. Daí veio a idéia de trazer a bola para a “cabeça”. Apesar da tentativa, o troféu não obteve boa aceitação. De acordo com Nina a peça foi duramente criticada, durando apenas 2 anos (2005 e 2006) como a premiação máxima do futebol mineiro.

Logo após a extinção deste modelo, a FMF foi em busca de recursos, e de alguém que pudesse trazer algo novo. “Em Belo Horizonte há uma empresa chamada Metalvest que idealiza modelos de troféus. Ela concorreu nas licitações dos Jogos Pan-americanos do Rio em 2007 e faz premiação do mundial de Judô e da Federação Brasileira de Vôlei, que são competições renomadas. Procurei a empresa e conheci o Ricardo Horta que foi o idealizador da peça entregue nas temporadas de 2007 a 2010. Ele fez um triângulo invertido com as lâminas da bola em cima, para fazer alusão à bandeira de Minas e que combinasse com o nosso escudo (FMF). Esta peça foi um pouco mais aceita. Apesar de uma maior aceitação e tolerância, o trabalho na busca por um modelo que correspondesse as expectativas continuou. O desejo do presidente Schettino era por um modelo mais tradicional, no qual ainda não havíamos chegado. O maior empecilho era a dificuldade de achar alguém que trabalhasse com dobras no metal, pois de acordo com a assessorarada FMF, o idealizador da taça não consegue realizar este tipo de trabalho.

Campeonato Mineiro 2005/2006. Modelo elaborado pelo artísta plástico Marcelo AB fazia referência ao futebol tático.

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Gerais • 13

Editor e diagramador da página: Cézar Vouguinha e Hugo Lacerda

O Ponto

Belo Horizonte, Julho/Agosto de 2011

BHIANCA FIDELIS MARIA CLARA EVANGELISTA 3º PERÍODO Enrolar alimentos em jornais e carregar as compras em sacos de papel faziam parte do dia-adia da sociedade, mas, no final da década de 1950, com o surgimento das sacolas plásticas, esses hábitos mudaram. As compras passaram a ser levadas para casa em sacos feitos de polietileno, as famosas sacolinhas de plástico, tão prejudicias ao meio ambiente e que hoje estão no centro das discusões quando o assunto é sustentabilidade. Com um consumo de um trilhão e 500 bilhões de sacolas plásticas em todo o mundo, o Brasil hoje distribui cerca de 1,5 milhão por hora, segundo dados do site da campanha “Saco é um saco”, lançada pelo Ministério do Meio Ambiente. O veículo de comunicação ainda informa que esses sacos feitos de polietileno podem demorar até 400 anos para se decompor, causando grandes danos ao meio ambiente. Em uma medida tomada a favor da sustentabilidade, Belo Horizonte instituiu no ano de 2008 a Lei Municipal n° 9.529/2008, que proíbe o uso de sacolas plásticas, feitas de derivados do petróleo. Em 12 de abril deste ano foi publicado o Decreto n°14.367, que regulamenta essa lei e proíbe de vez a circulação desses produtos. Após esta regulamentação, a capital passou a ser a primeira cidade do país a proibir o uso das sacolinhas plásticas em estabelecimentos comerciais, que vão desde supermercados e padarias a lojas de roupas. Com esse novo decreto, o consumidor teve que arcar com o prejuízo, pois, além do preço da compra, agora ele tem que pagar pelas sacolas feitas de amido ou comprar sacolas retornáveis. Segundo a consumidora Rebeca Barbosa de Melo Ribeiro, 41, a mudança não afetou muito o seu orçamento. ‘’O custo não diferenciou grande coisa. No início, eu esquecia a sacola retornável em casa, mas agora já deixo no carro’’, conta Rebeca. Para ela, esta medida

UMA NOVA CHANCE DE

lão a economizar e o pessoal já está se acostumando’’, diz o gerente. Flávio ainda comenta sobre o estoque que tinham antes do Decreto entrar em vigor: ‘’Nós tínhamos um estoque antes da lei, mas conseguimos devolver e passar para outras filiais fora de Belo Horizonte. Não tivemos prejuízo”, afirma o comerciante. Para os estabelecimentos, a troca das sacolas de polietileno pelas biodegradáveis foi um bom negócio, como confirma o gerente do sacolão: “Antes, nós comprávamos 10 mil sacolinhas por semana, agora, só precisamos de mil para um mês. Com essa economia o sacolão conseguiu baixar os preços de alguns produtos. A lei devia atuar não só em BH, mas em todo Brasil.‘’, conclui Menezes. Já o Sindicato da Indústria do Material do Plástico do Estado de Minas Gerais (Simplast) não concorda com os rumos que a lei está tomando. “Não adianta eliminar as sacolas se não existe uma coleta seletiva eficiente, nem trabalhos de reciclagem. O mais importante é mudar os habitos de consumo dos cidadãos” afirma sua asessoria de imprensa. Hoje, os consumidores belorizontinos que não quiserem levar na mão os produtos comprados, precisam carregar consigo uma sacola retornável (geralmente feita de pano), usar caixas de papelão que são cedidas por alguns sumermercados, ou adquirir, por R$0,19 uma sacola biodegradável (compostável), que, apesar de ser esteticamente parecida com as antigas sacolinhas, ela demora apenas 180 dias para se decompor. Ainda que não totalmente satisfeitos, os consumidores adotaram o novo estilo de vida e mudaram seus hábitos, não somente na hora das compras, mas também na hora de descartar: as lixeiras da cidade estão repletas de caixas de papelão cheia de lixo. Sustentabilidade até na hora de por o lixo para fora.

SALVAR O PLANETA

RECICLAGEM, SUSTENTABILIDADE, ECOLOGIA Palavras que pautam a rotina de uma geração mais preocupada com o meio-ambiente. será de grande contribuição para o meio ambiente, porém , acreditava que o preço dos alimentos iria cair com a venda das sacolas, o que não ocorreu. ‘’Vai ajudar porque todo mundo está aderindo, e a economia que os supermercados estão tendo poderia ser refletida nos preços, que podia ter abaixado, mas não abaixou’’ diz. Flávio do Santos Menezes, 40, gerente do sacolão Horti Sul, localizado no bairro Anchieta, afirma que a proibição das sacolas plásticas foi uma medida eficaz para a população regional. ‘’Bem melhor, ajudou o saco-

De acordo com os dados divulgados no início deste ano, cerca de cinco bilhões de sacolas plásticas deixaram de ser consumidas pelos brasileiros desde o lançamento da campanha. A campanha “Saco é um saco: pro planeta, pra cidade, pro futuro e pra você” lançada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em junho de 2009, tinha como meta reduzir em 10% o consumo de sacolas plásticas até o final de 2010, no entanto, superou as expectativas chegando a 33%. Esse percentual foi levantado de acordo com estimativas das três maiores redes de supermercados do país

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(Walmart, Carrefour e Pão de Açúcar), das cidades que baniram as sacolas voluntariamente e pelo Programa de Qualidade e Consumo de Sacolas Plásticas, da indústria do plástico. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) se animou com os primeiros resultados da campanha e estipulou metas de redução para o setor varejista, atingindo aproximadamente 76 mil estabelecimentos por todo país. Um acordo firmado com o MMA prevê a redução em 30% das sacolas plásticas até 2013 e 40% até 2014.

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Editores e diagramadores da página: Alessandra Costa e Paula Soares - 5º período

Belo Horizonte, Julho/Agosto de 2011

O Ponto

É hora de romper o pacto do

ˆ Os idosos não sofrem violência apenas nas instituições, na maioria das vezes ela ocorre dentro de casa reciclavelxdescartavel.wordpress.com

GABRIELA SANTANA 1º PERÍODO A discriminação, presente nos olhares e atitudes manifestase nas diversas esferas da vida social. Família, trabalho e saúde. E gerou diferentes formas de violência em relação ao idoso. A violência contra idosos é uma violação a dignidade humana, e é uma das causas mais graves de lesões, doenças, perda de produtividade, isolamento e desesperança. Mesmo com o aumento da expectativa de vida da população brasileira, conquistado graças aos avanços tecnológicos e da medicina, isso é um fato crescente nas sociedades. O aumento da longevidade e a redução das taxas de mortalidade, nas últimas décadas do século passado, mudaram o perfil demográfico do Brasil. Rapidamente, deixamos de ser um “país de jovens” e o envelhecimento tornou-se questão fundamental para as políticas públicas. Segundo dados do IBGE, os brasileiros com mais de 60 anos representam 8,6% da população. Esta proporção chegará a 14% em 2025 (32 milhões de idosos). E mesmo assim há certa dificuldade de compreender a violência contra os idosos. A maioria das pessoas considera que é somente nas instituições que os idosos sofrem violência, e lhes parece improvável que eles possam ser maltratados em casa. A sociedade e muitos dos idosos consideram que as condutas são normais da idade. Há resistência e dificuldade até mesmo por parte dos idosos, dos profissionais para falar sobre o tema, é preciso romper o pacto do silêncio que cobre o assunto. A violência ao idoso ocorre, na grande maioria, no próprio contexto familiar, praticada pelos próprios parentes, explica a psicóloga Daniela Santana. “Muitas vezes, em defesa do agressor

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que é filho ou neto, por exemplo, o idoso se cala, omite e,dessa forma, somente a morte cessará a cadeia dos abusos e maus tratos sofridos. Para o idoso, a dificuldade acentua-se quando eles têm que denunciar ou declarar que são seus filhos os agressores,” completou Santana. A maior atenção precisa se voltar para as políticas que além de promover a saúde, também contribuam para a manutenção da autonomia e valorizem as redes de suporte social. Os países europeus, além de terem melhores condições econômicas e sociais, tiveram um envelhecimento populacional muito mais lento do que o do Brasil, assegurando aos idosos melhores condições de vida. Somente em 1994, o Brasil passou a ter uma Política Nacional do Idoso (Lei 8.842) e apenas cinco anos depois foi editada a Política Nacional de Saúde do Idoso (Portaria MS 1.395/99). O Estatuto do Idoso, elaborado com intensa participação das entidades de defesa dos interesses das pessoas idosas, aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo ex-presidente Lula, ampliou em muito a resposta do Estado e da sociedade às necessidades dessas pessoas. Trata dos mais variados aspectos da sua vida, abrangendo desde direitos fundamentais até o estabelecimento de penas para crimes mais comuns cometidos contra as pessoas idosas. O relevante papel conferido à área da saúde no presente texto legal concretiza a garantia do cuidado e da atenção integral pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Nos seus 118 artigos, o Estatuto do Idoso assegura uma série de direitos aos maiores de 60 anos. Segundo o advogado Renato Lage, existem alguns que são principais e que, mesmo assim, ainda são desconhecidos como, por exemplo, o atendimento preferencial, imediato e individualizado junto aos

O Estatuto prevê punição para quem:expor em perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso, submetendo-o a condições desumanas ou degradantes

“...o Poder público deve fornecer gratuitamente medicamento aos idosos, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação”

respeitos que sofrem no transporte público e a falta de leitos hospitalares para idosos. “O idoso e o enfermeiro atuam juntos, deixando fluir as expectativas numa Renato Lage, advogado interação entre órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população. falas e escutas, produzindo uma “Além disso, o Poder público deve acolhida de intenções que estas fornecer gratuitamente medi- pessoas esperam neste encontro: camento aos idosos, especial- momentos de cumplicidade, nos mente os de uso contínuo, assim quais há uma responsabilizacomo próteses, órteses e outros ção em torno do problema que recursos relativos ao tratamento, vai se enfrentando, momentos habilitação ou reabilitação. Bem de confiabilidade e esperança, como o desconto de 50% em ati- nos quais se produzem víncuvidades culturais, lazer e esporte”, los e aceitação”, diz a enfermeira Nathália Gabriela. ressalta Lage. As informações retiradas de Segundo Elizabete Freitas, um trabalho de levantamento em seu livro “Tratado de Geriae interpretação da realidade da tria e Gerontologia”, no Brasil, os vida dos idosos, feito por pesmaus tratos foram percebidos nos níveis macro e médio: num quisadores do Centro Latino percentual de 65%, idosos con- Americano sobre Violência e sideraram maus tratos a forma Saúde Jorge Careli, revela que preconceituosa como são trata- a violência cuja prática às vezes dos pela sociedade em geral, as não é nem percebida, tem efeito baixas aposentadorias, os des- devastador quanto à agressão

física e à violência psicológica ou moral. Essas pessoas costumam ser solitárias e isoladas: podem apresentar depressão e uma baixa estima reforçada por sentimentos de culpa e vergonha. Os maus tratos de idosos não representam um problema novo. O abuso é geralmente praticado por pessoas às quais os anciãos depositam confiança, familiares, vizinhos, ajudantes, funcionários de bancos e até mesmo médicos já sofreram acusações. A vítima é freqüentemente do sexo feminino, com mais de 75 anos e vive com familiares. O perfil é habitualmente de uma pessoa passiva, impotente, dependente e vulnerável. Essas características unidas à falta de opções fazem com que a vítima tenha dificuldade de escapar de uma situação abusiva. Por outro lado, o agressor tende a apresentar baixa estima e projetar a responsabilidade de suas ações assim como de suas frustrações, sobre terceiros. Possui temperamento explosivo e incapacidade para controlar seus impulsos, compreender e encarar situações.

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Especial • 15

Editor: equipe O Ponto e diagramador da página: Ana Clara Maciel 6º período

O Ponto

Belo Horizonte, Julho/Agosto de 2011

A segunda edição do Prêmio de Literatura Universidade FUMEC prestigiou, entre outros, um aluno do curso de Jornalismo. Pedro Cunha venceu na categoria Conto. O prêmio visa distinguir obras inéditas, em Língua Portuguesa. A seguir, trechos da obra.

Rito da rosa PEDRO CUNHA 7ºPERÍODO

Rosarito, México. Lá pelos idos de 1960. Depois de duas noites mal dormidas, preenchidas por whiskys caros vindos diretamente das mãos de fazendeiros ricos do Tennessee, Adele Nuñez acorda. Olha para baixo e percebe seu pau esfolado e, ao lado, quatro garrafas vazias. Nenhum sinal de gente, só ela no quarto e um filete de luz querendo arrombar a cortina.

esposa. Viviam em uma cidade pequena do Colorado. O setor turístico estava em crescimento por lá, e, enquanto sua mulher trabalhava como atendente em um hotel robusto, Ken dava duro na lavoura. Há duas noites Lucinda não dormia em casa, dizia a Ken que o hotel estava precisando dela com alguns afazeres, e, de fato precisava mesmo. Robert Paulsen, escritor em início de carreira que estava hospedado no hotel, se dizia apaixonado por Lucinda.

por Mexicali, Tijuana, Ensenada e agora estava em San Quintín sem saber onde estava. Rosarito. Adele estava se preparando para a noite, últimos retoques, e sempre antes de sair passava pela imagem da Virgem de Guadalupe, que ficava no alto da sala em uma estante de vidro, e pedia proteção. A saia curta e o salto alto davam poder para Adele ter em suas mãos qualquer homem de Rosarito: americano, mexicano, rico, forte, charmoso, elegante, qualquer.

San Quintín, México. Deitado nas areias de San Quintín, mal vestido, barba por fazer, perturbado pela aspiração de narcóticos, totalmente entregue ao mundo e aos prazeres da vida, cigano, descuidado do dia de amanhã, Kenneth olha para um lado, ninguém, noutro, nenhuma pessoa, só areia e mar. Provavelmente a noite anterior fora de excessos, excessos dos quais Kenneth não se lembra. A única coisa de que se lembra e que, aliás, fora o motivo que o trouxera até o México, é da fuga de sua mulher com um escritor do Arizona. Ken tinha uma vida tranquila, pacata, com sua

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Ken foi até a venda mais próxima à procura de comida. Seu organismo não aguentaria por muito tempo sem suprimentos, sem água. Precisava colocar o corpo em ordem. Ao chegar a uma pequena tenda, um mexicano ranzinza e narigudo foi logo dizendo: “¿Que quiere?” Quando a fala terminou um rádio sem sintonia tentava comunicar algo: “O escritor-viajante Robert shhhhhiiii sssshuuu estará em Rosarito, shiiiiiiiiiiiii ssssssshhoo...” Kenneth pegou uma sacola com uns pães, uma garrafa dágua e saiu sem pagar e sem dar tempo para o mexicano rabugento ter alguma reação.

Todos os bêbados de Rosarito já passaram por Adele; ela é como uma rainha mexicana. Eles a chamam de “Adele Seductora”. Rafael é um deles. Havia sofrido muito com a chegada dos americanos. “Vieram para tomar Adele. Como vou viver sem ela?”, perguntava a si mesmo, cabisbaixo. Rafael perdera a virgindade com ela, quando, aos quatorze anos, ia de sua casa para o centro, onde morava sua tia. Outro desarrumado, que descobrira o sexo com “A Seductora”, foi Valentin. Assim conhecido tanto pela valentia, quanto pelo nome que sua mãe havia lhe dado. Valentin não aceitava de forma tão pacífica a visita dos burgueses. Cortava os membros de cada sujeito mais pálido que passasse por ali. Tinha a ficha mais criminosa que um criminoso pode ter. Sempre que ia preso dava um jeito de sair, não aguentava ficar muito tempo longe de Adele. Adele gostava dos americanos, via neles certa autoridade de homem predador que lhe satisfazia domar. Queria comer o cu de todos que passassem por Rosarito. Isso a deixava insana de tanto prazer. Ela se entregava a qualquer um deles. E, em troca, só pretendia os traseiros. Só.

San Quintín.

Ken já estava na estrada. “Nem todos os mexicanos são ranzinzas e chatos”, pensou quando um Pontiac Bonneville 57 parou. Era um jovem executivo de Los Angeles. “É, só podia ser americano, nenhum mexicano faria esse tipo de coisa por um estranho.” E foram os dois seguindo em alta velocidade pela costa oeste do México. Rosarito. A luz do Sol estava forte e já começava a incomodar, obrigando o mocinho a abrir os olhos. Devagar, o nervo óptico foi formando imagens, e Adele não estava mais lá. Era como um sonho e um pesadelo ao mesmo tempo: ter passado aquela noite maravilhosa com ela e acordar sem ela. É um contraste que machuca. A noite eterna era melhor. A morte era melhor. Qualquer coisa era melhor. Mas acordar sem Adele, isso, não. Rosarito. Foto: Pedro Cunha

Ela, por falta de algo melhor, já ia para a terceira noite na cama de Robert. Robert lhe prometera o mundo, e Lucinda, extasiada, aceitara. Foram juntos para o México na manhã seguinte. Kenneth só percebeu a falta de Lucinda dois dias após a fuga. Resolveu que iria buscar sua mulher, pois a tradição diz que a traição fere o orgulho de um homem. Descobriu, por intermédio do dono do hotel, que o seu destino seria o México, e assim foi feito. Pegou um trem de carga, atravessou o Arizona e foi parar em Heroica Nogales, divisa entre o Estado americano e o México. Passou

Chegou a um bar que ficava entre o centro e a praia. Ao abrir a porta, todos os homens olharam para ela; todos já a conheciam, todos a desejavam. Ela olhou o bar, cadeira por cadeira, em uma passagem rápida, e escolheu o felizardo. Adele sorriu para ele e saiu. O jovem levantouse, deixou no balcão a tequila que não havia chegado ao fim e foi, demente, seguir “a sedutora”. Nas areias os dois arrancavam os trajes em uma ação animalesca. Adele mostrou seu órgão, o rapaz virou-se e em um ato seco a penetração veio à tona.

O carro parou em uma ruazinha estreita perto da orla, Kenneth agradeceu a carona e despediu-se. À procura de bebida e mulheres, Ken encontrou um bar que ficava entre o centro e a praia. A tarde caia. Sentou-se no balcão e pediu uma tequila, duas, três..., quatorze. Kenneth tenta abrir os olhos, sente uma sensação estranha. “Oi? Lucinda? Lucinda?!” Um travesti lambia o umbigo do anônfalo. Leia o conto na íntegra www.xilapia.blogspot.com.

em

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Por Victor Duarte Editor e diagramador da página:

## • Editoria Seminário

comunicação

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O Ponto

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sustent bilid de Inscrições gratuitas: www.pontoeletronico.fumec.br A Faculdade de Ciências Humanas, Sociais e da Saúde (FCH) da Universidade Fumec inicia ciclo Mídia e sustentabilidade de debates sobre Sustentabilidade. O seminário André Trigueiro é apresentador será gratuito, aberto a toda a comunidade de Belo do Jornal das Dez e editor-chefe do Horizonte, extensivo aos interessados de outras insprograma Cidades e Soluções, da Globo News. É também comentarista tituições de ensinos superior e médio. O evento da Rádio CBN e colaborador volunserá realizado no dia 26 de setembro de 2011, no tário da Rádio Rio de Janeiro. Pósgraduado em Gestão Ambiental pela auditório Phoenix, na universidade Fumec, das 9h COPPE/UFRJ onde hoje leciona a às 11h30. disciplina “Geopolítica Ambiental”, é professor e criador do curso de Jornalismo Ambiental da PUC/RJ, autor do livro “Mundo Sustentável - “Abrindo Espaço na Mídia para um Planeta em transformação”, coordenador editorial e um dos autores do livro “Meio Ambiente no século XXI”, e “Espiritismo e Ecologia”, lançado na Bienal Internacional do Livro, no Rio, pela Editora FEB, 2009.

Por que as empresas valorizam quem entende de sustentabilidade? Cláudio Boechat é engenheiro eletricista, pela UFMG e especialista em Engenharia Econômica pela Fundação Dom Cabral (FDC). Atua como professor, pesquisador e gerente de Projetos do Núcleo Andrade Gutierrez de Sustentabilidade e Responsabilidade Corporativa, da FDC. Representa a FDC no Comitê Brasileiro do Pacto Global. É representante do Brasil na Principles for Responsible Busines Education Taskforce, do Global Compact – ONU, e na Globally Responsible Leadership Initiative, da Fundação Européia para o Desenvolvimento da Gestão.

Construindo e desenhando sustentabilidade Juliana Pontes Ribeiro, coordenadora do Projeto Design de Resíduos, é mestre em Comunicação Social pela UFMG; especialista em Novas Tecnologias da Comunicação (Uni-BH), e professora de Design Gráfico na Fumec. Adriana Tonani Mazzieiro, professora orientadora do Projeto Design de Resíduos, é mestre em Arquitetura e Urbanismo pela UFMG e professora adjunta da FEA/ FUMEC. Natacha Rena é doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade de São Paulo e coordena o programa ASAS (Artesanato solidário no aglomerado da Serra)/FUMEC.

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Programação 8h30 – Exposição Sustentabilidade – Auditório Phoenix • Fotos (Setor de Extensão – FCH) • Projeto Asas (Universidade Fumec) • Projeto Árvore da Vida (Fiat) • Vídeo sustentabilidade (sacolas ecológicas) • Roupas e sacolas ecológicas (Iniciativas supermercados) 09h00 – Abertura • Ismar Madeira –Coordenador do Curso de Jornalismo da Fumec. • Vídeo: o que é sustentabilidade? 09h10 – “Por que as empresas valorizam quem entende de sustentabilidade?” • Cláudio Boechat - Professor/pesquisador da FDC, Fundação Dom Cabral – a melhor escola de negócios da América Latina e a quinta melhor do mundo, segundo o ranking da revista Financial Times. 09h30 – “Projeto Árvore da Vida” • Ana Luísa Veloso - Fiat 09h50 – “Construindo e desenhando sustentabilidade” • Natacha Rena - PROJETO ASAS – FEA/FUMEC • Juliana Pontes Ribeiro e Adriana Tonani Mazzieiro – PROJETO DESIGN DE RESÍDUOS – FEA/FUMEC 10h10 – “Mídia e sustentabilidade” • André Trigueiro - jornalista com Pós-graduação em Gestão Ambiental pela COPPE/UFRJ. 10h50 – Debate 11h30 - Encerramento

Projeto Árvore da Vida Jornalista e relações públicas, Ana Luiza Veloso é especialista em Jornalismo Científico pela UNICAMP e pós-graduanda no International Program in Corporate Communications, uma parceria da Aberje com a S. I. Newhouse of Public Communications – Syracuse University. Na área profissional, destaca sua atuação na assessoria de comunicação e gestão. Há oito anos trabalha na Comunicação Corporativa da Fiat Automóveis, coordenando, desde 2004, a área de Relacionamento com a Comunidade, responsável pelos programas sociais da empresa.

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