ONFIRE 61 | #herewegoagain | Feb-Mar 2013

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w w w . o n f i r e s u r f m a g . c o m _ nÂş61| ano XI| Fev.Mar.2013 bimestral| pvp cont 3â‚Ź [ iva 6% inc]





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Somos daqueles que gostam de prolongar uma boa festa ao máximo e é por isso que nesta edição continuamos, desta subtil forma, a celebrar os nossos 10 anos de existência. Para tal, elegemos os melhores artigos desta década dominada O melhor surfista português de sempre, Tiago Pires, viu a sua qualificação pela ONFIRE! Não foi fácil, mas para o seu sexto ano consecutivo no WCT por um fio mas no final (de 2012) pensamos que conseguimos!... tudo correu bem! Conta-nos aqui como foi viver esses momentos de incerteza e o que planeou caso não estivesse novamente no WCT em 2013! Filipe Jervis, Mentawaii. photo photo by carlospintophoto by carlospintophoto #lifeontour #análise

#coverstory Carcavelos é daquelas praias onde se fores na maré certa, principalmente se estiver swell de oeste e vento norte, irás apanhar altas ondas! E quando a maré certa é bem cedo, então habilitaste a surfar, por incrível que parece, com meia dúzia de gajos. Esta foi uma dessas matinais, e, como sempre, há medida que as horas passavam, o crowd chegava. Diogo Appleton não foi um dos madrugadores desse dia e entrou numa altura com mais crowd e quando a maré já não estava “no ponto”, mas mesmo assim o surfista de Carcavelos apanhou várias ondas boas! Numa dessas, Appleton fez o que sempre faz nas direitas de sua “casa”, excede os limites do seu surf deixando todos os que estão à sua volta adrenalizados. O fotógrafo Jorge Matreno foi um o maior adrenalizado fora de água pois sabia que tinha captado um momento de abuso total. Foi com esse que Appleton fez a sua primeira capa na ONFIRE.

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#vidas #welovephotos Alexandre Grilo é um surfista aventureiro nato e que tem histórias inacreditáveis. Há uns bons anos, por exemplo, Grilo dizia que iria um dia ser dono de um autocarro... Enquanto o mundo se ria, Grilo seguia o seu caminho... Hoje, Grilo tem um autocarro e quem se ria anda agora nele. Esta é uma das suas muitas histórias, mas se quiseres saber outras é aqui que as vais encontrar! photo Arquivo Pessoal

Este é aquele artigo que é obrigatório desde o nº1 da ONFIRE e continuará a sê-lo nas próximas 20.000 edições. Este número que tens nas mãos não é excepção, e por isso aqui fica mais uma inacreditável panóplia de fotos, como sempre, de surfistas nacionais! photo by Hugo Valente


Há cerca de um ano, quando escrevia o editorial para a ONFIRE 55 (Fev/Mar 2012), tive de fazer um esforço para não usar a palavra crise. A ONFIRE tem um lugar muito específico no mercado e visa retratar o lado “fun” do nosso desporto, entreter e fazer o leitor passar bons momentos do que propriamente retratar o que se passa (como um jornal). Por isso tentamos evitar politiquices, tomar partidos ou abordar temas mais negativos. Mas a verdade é que a crise tinha chegado à ONFIRE e viviam-se tempos complicados. As vendas em banca tinham-se mantido, graças ao nosso fiel público e a nunca se ter aumentado o preço de capa em quase 10 anos. Mas os nossos anunciantes, que são quem faz com que um meio de comunicação possa existir, estavam a sentir bem a crise. Por consequência surfistas e media, dependente dos budgets de marketing, estavam a levar por tabela. Ao longo dos anos várias marcas foram aparecendo e desaparecendo do mercado e das nossas páginas mas pela primeira vez tínhamos “gigantes” da indústria do surf a continuar no mercado mas sem investir nos meios permitem que a sua marca tenha visibilidade e continue presente na cabeça do seu target. A carga emocional dessa escolha foi tão pesada como a carga financeira pois perdiam-se relações de trabalho de muitos anos. Nessa fase tivemos de abdicar de alguns colaboradores que eram muito válidos, simplesmente porque não havia orçamento para continuar com eles. Lembro-me de uma tarde de Janeiro estarmos a escolher fotos para variados artigos e estar com um sentimento amargo na cabeça. Escolher fotos sempre foi das minhas tarefas preferidas mas naquela fria tarde até as melhores fotos não pereciam dignas. Mas a “máquina” não parou. Houve dias maus seguidos de dias muito bons. Adaptaram-se estratégias, criaram-se novas ideias e produtos, houve constantes “brainstormings” com excelentes resultados. E a verdade é que o tempo foi passando e, apesar de estarmos longe do fim da crise, ainda cá estamos e fazemos tenções estar por muitos mais anos, a retratar tudo o que o surf tem de bom!

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António Nielsen Os tempos de crise têm afectado o mundo e o meio do surf não é excepção. E esta crise não é equivalente a uma onda de três ou quatro metros a rebentar-te à frente mas sim a uma disformidade aquática como esta na Nazaré, a obrigar-te a uma apneia bem longa. Mas nós estamos bem preparados para esta submersão e aguentaremos até ao momento em que voltaremos à superfície, prontos para voltar ao line up para apanhar mais uma onda! photo by Tó Mané



Para nós, enquanto editores da ONFIRE, não há fórmula melhor para mostrar o quanto o surf é perfeito nas suas várias vertentes do que a que apresentámos na ONFIRE 60 e à qual damos um excelente seguimento nesta edição que tens nas mãos. Para nós, enquanto surfistas, não há melhor forma de mostrar o quanto o surf é perfeito do que sentir na pele momentos como este do Manuel Cotta na Pedra Branca! photo by carlospintophoto.com

A edição que tens nas mãos representava para mim um desafio extremamente interessante! Porquê? Como bem sabes, a edição 60 da ONFIRE marcou a celebração dos nossos 10 anos e, além de um papel de qualidade premium, essa edição levou uma gigante volta editorial e que, como disse nesse meu editorial, roçou o que considero uma revista perfeita. O desafio desta edição, a primeira de 2013, estava então em encontrar um caminho que desse seguimento ao trabalho editorial e gráfico apresentado na ONFIRE 60 mas tendo como factor ‘x’ o “pormenor” de editorialmente voltarmos a ter uma fórmula muito idêntica à das edições anteriores à 60. Verdade seja dita, este grande desafio caiu sobre a responsabilidade de (quase) uma pessoa só: o designer! Foi ele que teve de encontrar esse caminho e, acredites ou não, fê-lo rapidamente! E se não o fez mais foi porque não consegui conter as minhas opiniões habituais há medida que vou fazendo revisão dos artigos com ele: “não me parece que aquilo jogue bem, aquilo está perfeito, mais ampliação, menos ampliação, troca isto, tira aquilo, mete aquilo, chega para cima, para baixo, para um lado e para o outro, volta a meter com estava, afinal tens razão!”. Enfim, um processo que é bem mais complexo do que estas linhas descrevem e onde pelo meio surgem longas e interessantes discussões (para quem gosta desta área) sobre o sentido lógico e/ou ilógico do que é fazer o design de uma publicação em papel.


Nuno Bandeira

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Um dia ainda haverei de filmar o fecho de uma edição da ONFIRE para veres o processo pois acredita que esta pequena e leve descrição em nada faz justiça ao moroso mas extremamente viciante processo. E se a este processo de fecho de cada edição juntares uma ou duas noitadas regadas a Coca-Cola (é inacreditável como esta bebida nos acompanha desde o dia 1) e abençoadas com pizza ou hambúrgers do arco dourado, então tens um processo criativo desgastante mas altamente recompensante. No fundo, tudo isto para dizer que o nosso designer, do qual não digo propositadamente o nome pois quem estiver interessado procurará na Ficha Técnica (quem não estiver não tem noção que cada ONFIRE tem um excelente grupo de profissionais por trás e que envolve muito mais do que editores e fotógrafos), encontrou a solução de uma forma tal que o desafio que inicialmente me parecia extremamente interessante quase se tornou desinteressante. Quase, pois ao olhar para esta edição sinto que a ONFIRE evoluiu de uma forma gigante! Para estar quase perfeita, como a 60, faltava um “pequeno” detalhe:av o papel que usámos nessa edição! Será isto possível no futuro? Não sei, afinal não preciso descrever a crise que o mundo atravessa, mas uma coisa sei, faremos tudo para o conseguir… isso e aplicar as outras ideias “loucas” que temos quanto à evolução da ONFIRE enquanto revista em papel. E acreditem que não são poucas...



17 Haverá alguma coisa melhor do que isto? Isto o quê, perguntas! Nós dizemos-te: teres os tomates de Nicolau Von Rupp para te mandares aos caixotes deste semi secret spot tubular português e dares um tubo completamente em pé com um amigo a rebentar as cordas vocais tal é a sua excitação ao ver-te dentro da besta aquática em que te encontras! Perguntamos-te novamente, haverá alguma coisa melhor que isto? photo by Bruno Aleixo


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Um dromedário acumula água na sua bossa para conseguir passar meses e meses sem ter de beber água ao fazer as suas travessias no deserto! Mas se os dromedários fossem surfistas, por muita água que acumulassem nunca conseguiriam fazer travessias pelo deserto pois o tempo que teriam de estar longe da água salgada acabaria com eles. O ideal seria esses dromedários surfistas só viverem na zona do deserto que está em contacto com o mar e onde, além de surfar diariamente, teriam, ocasionalmente, surfistas como Luca Guichard a surfar consigo. photos by carlospintophoto.com


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Este Inverno, tal como muitos outros, Supertubos tem sido palco de incríveis sessões de engolidores de espadas e cuspidores de fogo! Achavas que íamos dizer de tubos não era? Até íamos mas gostamos de te surpreender até nos mais pequenos detalhes. E este é o pequeno detalhe pois o grande detalhe desta página é, como rapidamente percebeste, o dedão do pé da frente do Vasco Ribeiro! Pronto, já sabemos que já chega pois já não estás a achar piada nenhuma. Vá, o que te surpreendeu de imediato foi este tubão do Vasco em Supertubos! Já não podemos ser diferentes, chiiiiiççççççaaaaaaa!!! photo by carlospintophoto.com


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Acredites ou não, enviar um email a dar Feedback sobre a ONFIRE está ultrapassado. Agora quem reina são as redes sociais, e no que diz respeito à opinião de cada um sobre cada OF não há melhor forma de expressão do que a visual, e aí ninguém bate o Instagram! O Instafeed junta assim nesta página uma selecção das centenas de tags que a OF recebeu no Instagram! Esta é agora a tua forma de expressão e é esta que passaremos agora a publicar nesta página!

Instagram shot by emega84 [ Emanuel ‘Mega’ Embaixador ] Not so bad for a stormy day. Bye bye Swell :( [ 01.19.2013 _ 4:43pm ]

Instagram shot by patriciapikena [ Patricia Oliveira ] @onfiresurf yeah..! [ 12.31.2012 _ 06:37pm ]

Instagram shot by boonman08

[ Pedro Boonman ]

Thanks @onfiresurf!! Nice one eheh @foxsurf @aecioflaviocosta @homerbosch @polen_surfboards [ 01.02.2013 _ 01:38pm ]

Instagram shot by boonman08 [ Pedro Boonman ] Good morning Everyone!! Nice day with the boys @filipejervis @tomasvalente @onfiresurf [ 02.14.2013 _ 12:20pm ]

Instagram shot by boonman08 [ Pedro Boonman ] Nice day at praia do medumm!! @filipejervis @onfiresurf @tomasvalente [ 02.07.2012 _ 11:42am ]

Instagram shot by afonsosm [ Afonso Magro ] Instagram shot by fredericomoraiis Instagram shot by ericeirasurfshop #onfiresurfmag [ Frederico Morais ] [ Ericeira Surf Shop ] @filipejervis na última edição da @ #rubensurftrainningcamp #surf #storpes @onfiresurf last issue... interview with @ onfiresurf [ 12.29.2012 _ 01:14pm ] #verao #surftrip [ 01.01.2013 _ 07:11pm ] vascoribeiro [ 12.30.2012 _ 05:53pm ]

Instagram shot by Ralao [ Bernardo Ralão ] Orgasmo :o #surf #carcavelos #perfect #wave [ 02.26.2013 _ 08:19am ]

Instagram shot by carlosmuriongo Instagram shot by carlosmuriongo [ Carlos Muriongo ] [ Carlos Muriongo ] Insano @franciscoalves #ericeira #coxos #urbansurf com Pedro Correia #tubo #muriongo @aspeuropa #surferphotos #portugal #muriongo @onfiresurf @eduardofernandes #abautres @fernandeseduardo [ 01.10.2013 _ 10:35am ] @aspeurope @onfiresurf [ 01.17.2013 _ 3:12pm ]

Então como podes fazer para que a tua foto, que será sempre uma expressão visual de algo que no momento te lembrou da tua adorada ONFIRE, apareça no Instafeed da tua revista preferida? Simples, sempre que colocares uma foto escreve #onfiresurf a seguir ao teu comentário. Mais fácil é impossível!

Instagram shot by Ralao [ Bernardo Ralão ] Hoje em @carcavelos Será que estava bom? Was it good? #livethesearch #wave #surf [ 02.26.2013 _ 8:16am ]



14 de Dezembro. Depois de uma longa e difícil temporada no WCT, a permanência de Tiago Pires no circuito seria decidida num heat dos quartos de final de do Billabong Pipe Masters. Caso Yadin Nicol vencesse a terceira bateria desta fase avançava para os quartos de final e eliminava do circuito Tiago Pires. Mas Yadin, mesmo com uma nota 10, foi derrotado por Josh Kerr e o português garantiu a sua vaga pelo sexto ano consecutivo! Parabéns Saca!!! (Reportagem completa a partir da página 40). photo by Ricardo Bravo/Quiksilver No mesmo dia, umas horas mais tarde, outro surfista conseguia o seu objectivo, o ttulo mundial da ASP! Joel Parkinson disputou o primeiro lugar taco-a-taco com Kelly Slater, acabando por conseguir o título quando o 11x campeão mundial não conseguiu garantir um lugar na final. Joel acabou por vencer a etapa, fazendo do 3 a sua única vitória no WCT do ano! photo by ASP Dia 25 DE JANEIRO começou a época competitiva de 2013 com o ISA China Cup, campeonato de selecções para as 8 melhores equipas do mundo. Portugal foi representado por Vasco Ribeiro, Frederico Morais, João Guedes, Eduardo Fernandes, Maria Abecasis e Carina Duarte. A equipa portuguesa não se deu bem acabando em último pois praticamente todos os competidores perderam cedo. Frederico Morais foi a excepção acabando em 6º lugar. O vencedor da prova foi o brasileiro Michael Rodrigues enquanto que a Austrália ficou à frente no ranking por equipas. photo by ISA Dia 29 DE JANEIRO terminou a primeira etapa do WQS do ano, o Hainan Classic. Os quatro portugueses que participaram na etapa anterior também participavam neste WQS de 4 estrelas e novamente Frederico Morais foi o melhor surfista português em prova, terminando em 13º lugar. O vencedor da etapa foi o brasileiro Caio Ibelli que assim venceu a sua primeira etapa no WQS.

Dia 9 DE FEVEREIRO foi o penúltimo dia do Breaka Burleigh Pro, WQS de 4 estrelas em Burleigh Heads, Austrália. Frederico Morais perdia a sua vaga nos quartos de final num heat com poucas ondas boas, terminando em 9º lugar e sendo o melhor português em prova pela terceira prova consecutiva. Owen Wright acabou por ser o grande vencedor do campeonato com um surf de backside impecável. photo by carlospintophoto.com Depois de algumas semanas em que não se passou muito, a 11 DE FEVEREIRO a Nazaré “acordou” com um swell gigante. Desta vez estava por cá o mais respeitado big wave rider da actualidade, Shane Dorian, que apanhou as maiores ondas alguma vez surfadas em Portugal sem ser em tow-in. Esta “missão secreta” de Dorian à Nazaré foi o primeiro evento mediático do ano e as imagens apareceram um pouco por todo o mundo. photo by Billabong Dia 19 DE FEVEREIRO, apesar de ainda ter pela frente quase um mês no período de espera, o primeiro heat do Special Event Moche Capítulo Perfeito presented by Rip Curl entrou na água nos Supertubos, Peniche. As condições estavam perfeitas apesar dos tubos não abundarem mas ao fim de algumas horas o vento on-shore entrou e acabou com as condições perfeitas. Ao fim de algumas horas Nicolau Von Rupp saiu da água como o justo vencedor depois de ter feita uma nota 10 na final, derrotando Marlon Lipke (2º), Francisco Alves (3º) e Ivo Cação. Parabéns Nicolau! photo by ONFIRE Umas semanas mais tarde, a 28 DE FEVEREIRO, a Nazaré estaria mais uma vez na boca do mundo. Garrett McNamara descia uma onda gigante e, apesar de não ter conseguido chegar à base, foi o protagonista de um momento capturado pelo “nosso” TóMané, que fez capas de revistas e jornais no mundo todo. Também em destaque nesse dia esteve o português António Silva, que surfou também uma onda gigante, o que lhe deu uma enorme mediatização em Portugal e fora! Parabéns aos dois! photo Divulgação

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O kit perfeito para viajar!!!

Cadeado, c ub o e k i t

almofada da

Komunity

Project

GiveAway

Rip Curl 8.00€

| 10.00€ | 20.00€

Caso não saibas, a maioria dos gigantes do surf têm também pequenos e extremamente interessantes e úteis produtos. Um excelente exemplo disto mesmo é este kit de três produtos que aqui te apresentamos da Rip Curl.

O que achas de ficares com a tua prancha toda “quitada” para os meses de Inverno que sobram? Parece-te bem? Então estás no sítio certo pois os nossos amigos da Komunity Project gostam tanto de ti e da tua prancha que estão a oferecer este pack que incluí capa, deck e leash. E para ganhar só tens de fazer o seguinte:

Ok, este kit está longe de ser o famoso fato da marca australiana com baterias incorporadas que o aquecem (o H-Bomb) ou o fato cujo tempo de secagem acontece num flash (o Flash Bomb), mas é sem dúvida fundamental para quando fores fazer a tua próxima viagem pois garantete segurança, entretenimento e conforto! Não acreditas? Então continua a ler!

1_ Descobrir o nome do fundador da

Não há nada pior do que ir viajar para um sítio remoto à procura daquela onda perfeita mas escondida e dares por ti sem um objecto fundamental: uma bússola para garantires que encontras esse “Jardim do Éden” surfístico. É nessa altura que te sentirás perdido e inseguro, já para não falar que sentes que mais vale voltares para casa pois sem saberes onde fica o norte não te safas mesmo!

marca cujas iniciais são KS;

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_ Dizer qual é o teu modelo de deck preferido da Komunity Project (procurar em komunityproject.com);

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_ Fazer Like na pagina Ibérica de Facebook da Komunity Project (www. facebook.com/komunityeurope) e no Facebook da ONFIRE (www.facebook. com/Onfiresurf). Se já o fizeste não terás de fazer novamente;

4 _ Dizeres quem é o mais recente

patrocinado do team mundial da Komunity (procura em onfiresurfmag. com), e atenção que é português;

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_ Estar atento ao website da ONFIRE pois é lá que vais encontrar o código “Komunity Project”, junto com mais um desafio que temos para ti. Envia tudo para staff@onfiresurfmag.com e se fores o primeiro com tudo correcto serás o vencedor!!! Good Luck!!!

Mas para chegares a este remoto sítio, precisaste primeiro de fazer uma longa viagem de avião. E não há nada mais desagradável num avião que aquela almofada minúscula que te oferecem para supostamente conseguires dormir melhor mas que torna a tua viagem ainda mais desconfortável. A Rip Curl tem por isso uma daquelas almofadas que se coloca em volta do pescoço garantindo conforto e evitando que fiques com um daqueles torcicolos em que ficas a parecer um robot sempre que queres rodar a cabeça - pois tens de o fazer rodando o corpo todo. Com a almofada vem também uma venda para os olhos para que entres na escuridão total, principalmente quando tens o azar do passageiro que vai ao teu lado ter decidido passar a viagem toda com a luz acesa pois quer ler o mais recente best seller erótico.

O último produto deste kit irá ajudar-te nas horas intermináveis no aeroporto, no avião ou enquanto esperas a maré ou a chegada do swell. Inspirado no famoso cubo mágico, este cubo da Rip Curl, em vez de cores, tem fotos de surf e ondas perfeitas, tornando o desafio de conseguir vencer este quebra-cabeças ainda mais entusiasmante. Este é ou não, tal como dissemos no início, o produto ideal para viajares?!? Provavelmente a melhor forma de encontrares estes produtos é procurando na Web uma vez que já são da colecção de 2012 mas para nós são de tal forma excelentes para quando vais viajar que tínhamos de te os recomendar neste Stuff! w

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Torna o teu iphone impermeável ... a tudo!!!

Capa Lifeproof 83.00 €

[+ portes]

Teres um “brinquedo” como um iPhone leva-te para uma nova dimensão do que um telemóvel é capaz de fazer, e a tua vida tornar-se-á muito mais simples tais as inacreditáveis funcionalidades deste produto Apple (tal e qual como todos os restantes – como já percebeste somos fãs incondicionais da famosa maçã americana). Mas tudo na vida tem um senão, e o do iphone é que é um aparelho caro. Isso, aliado ao facto de ser um objecto que quererás manter imaculado tal a sua perfeição, leva-te a ter cuidados extremos e quase ridículos com ele – sabemos de um surfista que arranjou forma de não tirar o iPhone da caixa onde este vem fazendo furos específicos nesta para o conseguir operar dentro dessa protecção, o que, convenhamos, não dá jeito nenhum! Com a capa Lifeproof, disponível para iphone 4 ou 5 e em diferentes cores, a preocupação com a possibilidade de terminares com vida do teu iphone não existe. Resistente à água - sim, podes levá-lo contigo para surfar fazendo tudo o que quiseres: atender chamadas, ouvir música, trocar mensagens, etc, uma vez que a capa Lifeproof é estanque até dois metros de profundidade.! -, às poeiras, à neve e ao choque, este foi considerado produto do ano de 2012 pela conceituada National Geographic.

Extremamente leve, a Lifeproof adere na perfeição ao teu iphone fazendo com que este continue praticamente com as suas dimensões originais. Basicamente, as capas Lifeproof foram concebidas para oferecer sete níveis de protecção ao teu iPhone, desde uma camada interior para proteger dos choques a protecções especiais e estanques na zona do microfone e onde ligas o carregador, e passando ainda pelo material no qual este produto foi construído. A proteger a camera está um vidro de alta qualidade que em nada irá interferir na qualidade das tuas fotos ou vídeo. Se não acreditas na nossa palavra de que este é o produto perfeito para o caso de quereres levar o teu iphone contigo para surfar – apostamos que já te imaginas a filmar a tua próxima onda -, então vai ao site da marca e vê os vídeos... Se mesmo assim não estiveres já a encomendar o teu Lifeproof, então és daqueles que ainda acredita que a chegada do homem à Lua foi toda encenada! w

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C R É D I T O S O N F I R E S U R F 6 1 The Freakin’ Director Nuno Bandeira | The Psycho Editor António Nielsen Editores de Fotografia António Nielsen + Carlos Pinto + Nuno Bandeira | Arte & Design Marcelo Vaz Peixoto Fotógrafo residente Carlos Pinto [www.carlospintophoto.com] | Photo maniacs Bruno Smith . Diogo Soutelo João Pedro Rocha . Jorge Matreno . Pedro Ferreira . Sérgio Villalba . Tó Mané | Escribas colaboradores João Rei Marcos Anstácio . Miguel Pedreira . Mikael Kew . Ricardo Vieira . YEP . Zaca Soveral Contabilidade Remédios Santos | Departamento Comercial António Nielsen, Marta Costa Proprietário Magic Milk Shake Produção Audiovisual, Lda | NIPC 506355099 Impressor Lisgráfica | Distribuição Vasp | Tiragem MÉDIA 10.000 exemplares | Revista bimestral #59 Registo no ERC nº 124147 | Depósito legal nº 190067/03 Sede da Redacção|Sede do Proprietário Rua Infante Santo nº39, 1º Esqº, 2780-079 Oeiras Mail staff@onfiresurfmag.com | Interdita a reprodução de textos e imagens.


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r a n c i s c o

p h o to s by Jo ã o “ B re k ” B ra c o u r t

D

u a r t e

Francisco Duarte nas palavras do seu amigo e mentor, Francisco Canelas: “O Francisco, Xikinho para os amigos, tem como objectivo este ano ser campeão Nacional de sub-16, e representar Portugal no Mundial de Juniores no Panamá. O seu surf é caracterizado pela consistência, sobretudo de backside, onde o seu surf é mais explosivo e vertical, não fosse ele local do “pico do molhe” da Praia da Rocha. O aspecto que mais insistimos neste momento é precisamente melhorar essa consistência de frontside, esta imagem prova que estamos no bom caminho. Tentamos também surfar ondas diferentes e com power, por exemplo a direita da Arrifana que é uma onda que tem muito a ensinar a um surfista. O Xico já surfou nas Maldivas, Açores, Canárias, Espanha e França. Este ano o seu grupo tem planeado uma viagem a um sítio perfeito, tipo Mentawai ou Maldivas, assim como pequenas incursões à Ericeira, Peniche, Figueira da Foz e Madeira. O mais importante é que o Francisco é muito determinado, além de excelente aluno sabe perfeitamente o que quer para a sua vida... SURF IS LIFE!” FC


Sendo do Algarve, não é de admirar que Francisco Duarte tenha sempre perto de si a lente do fotógrafo algarvio João “Brek” Bracourt.

nome: Francisco Duarte local: Praia da Rocha idade: 16 anos apoios: Reef, Creatures, FCS e Polen 29


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A Nazaré é um dos campos de treinos perfeitos para João Macedo e onde nomes como Shane Dorian vêm juntar-se ao português para espreita, bem lá de cima, o power e o tamanho deste que é um dos mais famosos spots de ondas para “malucos”. photo by carlospintophoto.com


VOZFINA|CORAGEMGROSSA

texto by Ricardo Vieira [ricardovieira30@gmail.com]

A primeira vez que o vi foi há uns 14 anos atrás, à frente de uns armazéns manhosos, ali para os lados do Prior Velho, numa rua esquecida que parecia de gangsters reformados. Éramos um grupo de sete ou oito Zés ali ansiosamente especados a uma porta metálica, à espera de uns olhos no pequeno rectângulo a dar senha e a exigir contra-senha, reunidos para receber – legalmente - surfwear de patrocínios. Não pude deixar de reparar na figura franzina com voz de assobio e mãos a segurar o forro dos bolsos das calças, a abanar o corpo de um lado para o outro conforme a indecisão do vento, a tentar adivinhar-lhe a vontade para fazer o contrapeso a tempo. Com aquelas rajadas, já demonstrava coragem suficiente para tão pouco lastro. Uma vez dentro do edifício, caminhámos dezenas de metros, passámos por várias salas de exposição de roupas, cada uma mais bonita do que a anterior, diferentes marcas, cores e estilos. Apetecia ter um carrinho e ir despejando lá para dentro. Estávamos em segurança. Do lado de fora do prédio não se lhe adivinhava o miolo. Enquanto aguardávamos pela chegada do material numa pequena salinha de reuniões, eu lá fui ouvindo o magrelas ao telefone numa exaltação em flecha a subir cada vez mais de tom. Percebi que do outro lado da linha alguém lhe garantia pela saúde da própria mãe ondas de dois metros perfeitas nos Coxos e ninguém na água. O fino pôs-se de pé num salto, em palito aflito, e já só queria sair dali; queria ir surfar, não podia perder mais tempo. Nem se importava de sair de igual modo, com a roupa do corpo e agarrado ao mesmo avesso, a segurar o forro com que entrou. Apeteceu-me rir, não acreditava sequer que aquela alma aguentasse carregar sozinho uma prancha, por mais pequena que fosse, quanto mais apanhar pela frente, ossinho por ossinho, ondas de respeito. Poucos minutos depois entregavam-nos o patrocínio; um caixote de papelão selado com fita adesiva para cada um. Uma caixa grande, de cantos amarrotados e sinais de humidade para ser aberta só em casa pelos miúdos porque os senhores sérios estavam com pressa no nosso despacho. Sem incómodo nem dúvida visível, o magrote pegou no caixote e, em jeito de formiga, arrastou-o como pôde em direcção à saída. Lá fora encontraria forma de juntar outro par de mãos às dele e acomodar o patrocínio mistério na bagageira do carro. Nunca mais o vi, pelo menos ao vivo, em pele e osso. Eu e mais um homem do norte, carago, ficámos pelas instalações, num reclamanço sem fim que haveria de ditar a nossa saída do esquema do patrocínio ainda antes de este ter início. Era uma rua de gangsters. Catorze anos depois, durante um tranquilo pequeno-almoço, faço a habitual passagem rápida pelos sites de referência; vejo uma notícia de um dia épico de ondas grandes. Abro o vídeo. Grandes é apelido, as ondas são gigantes, monstruosas, massas de água capazes de mudar o eixo da terra se quebrarem no sítio certo. Aponto os olhos a cada pormenor, a cada surfista que levanta na onda, que luta pela vida em busca de um prazer arriscado. A meio do vídeo eis que uma prancha com corpo de aranha em cima tenta apanhar uma das maiores ondas que já vi; e vai, não vai… e vai, não vai… e… foi! Uma descida vertiginosa que acabou poucos segundos depois, com a prancha em falsete, a levantar voo contra o vento e a convidar o piloto a uma das maiores quedas que já vi. Nesse momento aparece o nome da “vítima”. E eu não acredito no que vejo. É ele. O palito que queria ir aos Coxos. É ele ali, a descambar sozinho, sem braços para caixotes de papelão, a descer osso por osso até ao fundo de um oceano escuro, sem garantia de voltar. Dias depois assisto a uma entrevista onde ele explica de uma forma incrivelmente humilde o que aconteceu, como se sentiu e o que fez para sobreviver. E para mim nasceu ali um herói. E é assim que presto agora aqui a minha homenagem ao João Macedo. RV


Car t a texto

ao by

P ai N a t al

Miguel

Pedreira

Querido Pai Natal, Bem sei que a época já passou, mas conto com o teu espírito natalício para entenderes esta carta. Afinal, há muitos anos que não te escrevo, não te tenho pedido nada, até tenho sido um bom rapaz e sempre ouvi dizer que “O Natal é quando um homem quiser!”... certo?!... Ok, então aqui vai o meu desabafo e a minha lista de pedidos para este ano. Ouvi dizer que vai ser um ano muito difícil, que não vai haver dinheiro para nada (excepto para as eleições autárquicas e mais umas coisitas de somenos...), por isso resolvi cobrar o meu crédito e pedir-te ajuda. Estou certo que me vais atender!... Primeiro gostava que ajudasses o Tiago Pires, que é o único surfista português na elite mundial, a ter melhores resultados ao longo de todo o ano. Sei que este é o sexto ano consecutivo dele no World Tour, o que por si só é já um enorme feito, mas confesso que a forma como a sua requalificação foi garantida em 2012 me deixou com o coração nas mãos!... Caramba... 20 segundos!... ele esteve a 20 segundos de não garantir a sua vaga no WCT deste ano!... bendito Josh Kerr, que apanhou aquela onda de 7 pontos e assim eliminou o valente do Yadin Nicol, que estava inspirado nesse dia e que até fez um 10 naquele heat!... o que é certo é que o pobre Yadin precisava de chegar às meias-finais da última etapa para garantir a sua requalificação, mas quem o manda guardar tudo para o fim!?... agora todos sabem como ficou perto... Até o Nick Carroll, aquele jornalista australiano que escreve os Power Rankings para o Surfline! Acho que o Saca vai pagar um jantar de marisco ao Kerrzy, quando ele cá vier!... Sabes Pai Natal, o problema do Tiago foi consistência, que é o que te peço. Ele até surfou bem a maior parte do ano (aliás, acho que nunca o vi surfar tão bem!...), mas ficou a faltar-lhe alguma regularidade nos resultados. Lá conseguiu aquele quinto lugar no Brasil e a vitória no WQs de 6 estrelas das Canárias, mas isso quase não deu!... também é verdade que foi bastante prejudicado em 2012... por vezes no julgamento, como em Trestles (onde a sua supremacia frente a Kai Otton foi tão óbvia que transformou o resultado numa vergonha quase maior do que a “vitória” de Julian Wilson sobre Gabriel Medina em Peniche!...), por vezes com as ondas, que pareciam desaparecer nos seus heats (em Fiji foi absurdo!...), outras vezes por excesso de confiança ou por erros tácticos, como em Portugal e no Hawaii. Aliás, senti-o muito “ausente”, quase triste, no Hawaii, onde não passou uma única bateria, em três campeonatos disputados com ondas ideais para o seu tipo de surf e onde já fez grandes brilharetes!... como o seu colega Jordy Smith, outro com razões para estar triste com o julgamento da ASP em 2012, quase parecia não estar ali... enfim, não sei se as suas razões se prendem ou não com essa sensação que tive, referente ao julgamento, mas o que é certo é que o Tiago ia saltando fora do WCT. Ou seja, alguma coisa nele, ou na equipa dele, não está a funcionar bem! Falta-lhe aquela raiva contida no ranger de dentes e nas lágrimas de um adolescente de 16 anos, que lhe vi no Eurojunior de 1996, em Santa Cruz, quando foi eliminado injustamente pelo jogo de equipa de dois ingleses e impedido de lutar pelo título individual na sua categoria, apesar de ter sido unanimemente reconhecido como o melhor surfista da prova, após vencer os dois campeonatos a acumular pontos para as equipas... talvez por isso David Luís, que acabou por se sagrar campeão europeu nesse campeonato, tenha dedicado a sua vitória ao Tiago... E é aí que eu gostava que interviesses! Dá-lhe lá uma vontade extra para 2013, ajuda-o naquilo que ele necessita para ter sucesso com maior frequência e que venha o sétimo ano consecutivo para o “Portuguese Tiger”! Para que ele possa voltar a dizer que surfa porque “simplesmente ama representar o seu país!” É que, apesar da pressão que isso possa significar (como até o próprio Slater referiu numa entrevista, dando o Saca como exemplo...), o país também o ama e deseja o seu sucesso. E, no fundo, embora o Tiago não represente os 15 milhões de portugueses espalhados pelo mundo, é nele que muitos desses portugueses depositam a sua esperança de sucesso, como se de um desígnio nacional se tratasse... aliás, como bem fica patente todos os anos, no Rip Curl Pro Portugal, em Peniche. Depois, gostava muito que também desses uma “empurrãozinho” a umas quantas iniciativas que me parecem muito meritórias! Em 2012 realizaram-se pela primeira vez quatro eventos que mostraram a diversificação e, em última instância, a maioridade do surf português – o Capítulo Perfeito, em Peniche, o Surf à Noite, em Carcavelos, o Sagres Surf Culture, em Sagres, e o SAL – Surf At Lisbon, em Lisboa, o primeiro festival de cinema de surf em Portugal. Todos eles mostraram que o surf nacional está a crescer, a interessar-se por outras formas de expressão e, num ano tão “difícil” como se diz deste que ainda agora começámos, sabes bem o que pode acontecer a iniciativas tão “tenras” como estas, certo!?... dá lá um empurrãozinho e ajuda os patrocinadores e instituições a entenderem a sua importância e a apoiarem o seu desenvolvimento, pois a sua continuação só pode prestigiar o amadurecimento desta nossa cultura! Ah, já agora, dá também um “toque” ao teu amigo Neptuno, de forma a que forneça boas ondas para os dois primeiros, bem como para todos os eventos desportivos de surf que se realizarão em Portugal este ano. Ouvi dizer que Setembro e Outubro vão ser meses muito fortes nesse aspecto!... De um “empurrãozinho” precisam também os meus amigos da Figueira da Foz, do SOS Cabedelo. Se pudesses interceder por eles também era fixe!... É impressionante a quantidade de pensamento crítico e extremamente válido que aquela pequena mas unida comunidade é capaz de produzir!... deve ser da proximidade à Academia de Coimbra... sim, porque o pensamento e as ideias também têm valor!... ainda recentemente o arquitecto e surfista Miguel Figueira, dirigente do SOS Cabedelo, recebeu o prémio da AICA (Associação Internacional de Críticos de Arte) pelo conjunto da sua obra enquanto arquitecto na Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, mas também pelo seu projecto CidadeSurf, uma proposta revolucionária para o aproveitamento da orla costeira da Figueira da Foz, que já tinha vencido o prémio do MovimentoMilénio, em 2011. Eles já têm o apoio da Câmara Municipal, mas agora precisam de uma ajuda... sei lá, tua, se calhar... para implementar o bypass que vai ajudar a retirar a areia do lado do problema (na Praia da Claridade, onde se acumula desnecessariamente) e colocá-la no lado da solução (na Praia do Cabedelo, onde a areia desaparece a olhos vistos!), e para conseguir fazer com que os responsáveis pelas entidades marítimas não acabem de vez com uma das melhores ondas da Europa, Buarcos – a direita mais comprida do continente. Para isso já nos chegam as atrocidades cometidas na Madeira, nessa área, onde a tua ajuda continua a dar jeito. Aí e nos Açores, em Sines, na Ericeira... enfim, onde as obras do poder político ainda não conseguem ver para além do horizonte eleitoral!... Por último, e se não é pedir demais, suplicava-te que inspirasses a nova direcção da Federação Portuguesa de Surf, que será eleita este ano. Ajuda-a a ter o discernimento e a capacidade para se colocar na posição dominante que Portugal já ocupa neste momento no surf europeu e mundial, a ter um papel preponderante nas políticas nacionais de intervenção da orla costeira e a assumir uma opinião credível e fundamentada naquilo a que resolveram chamar de “Economia do Mar”, que tanto se tem discutido em Portugal ao longo dos últimos tempos. Sei que são muitos pedidos ao mesmo tempo, mas na realidade dizem todos respeito a uma coisa só – ao melhor para o surf nacional. Se me acederes nestes pedidos, prometo que estarei mais 10 anos sem te chatear... Obrigado Pai Natal, sei que posso contar contigo! Do teu amigo que nunca te esquece, MP P.S. Já agora... um grupo de jovens surfistas portugueses vai fazer este ano o circuito mundial de qualificação, seguindo os passos do Tiago Pires e com o objectivo de se lhe juntarem no World Tour. Uma ajudinha aí também era bem vinda!... ok, 15 anos sem pedidos!... ;) 32


Tiago Pires | photo by carlospintophoto.com



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ONFIR

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texto + photo intro by ONFIRE

Neste momento a Europa é representada no WCT por apenas três surfistas, sendo que apenas um deles nasceu e cresceu no velho continente. Portugal conta com o mais genuíno europeu do WCT que este ano garantiu a sua permanência no circuito pelo sexto ano consecutivo, um feito incrível. Num dia em que se fez história na Nazaré, a ONFIRE foi ter com Tiago Pires a Lisboa para falar um pouco sobre os últimos meses e os seus planos para 2013!


Tiago, o que fazes por Lisboa num dia em que a Nazaré está a dar ondas grandes e perfeitas? Há coisas mais importantes para mim neste momento. Há dois dias atrás fiz uma ressonância magnética ao pescoço e viu-se que tenho um problema num disco cervical, que já vem de uma lesão no Havai em 2008. O disco saiu um bocado do sítio e está um bocado esmagado, então tenho muitas dores e quando dou uma queda fico logo mal do pescoço. Na segunda-feira passada estive três horas dentro de água, nos Coxos, e mandei muitos “brincos”. Num tubo cai mal e até ouvi um “crack”, entretanto saí e o meu médico mandou-me fazer isto. Além disso tenho um problema na virilha e como ia começar a treinar quis ver o que tinha. Este é o momento do ano em que posso perder algum tempo com estas coisas então hoje estive no hospital entre exames e tive de pôr o surf de lado. Mesmo assim acho que não ia por causa do meu pescoço, se tivesse uma queda má na Nazaré hoje era capaz de ficar arrumado para sempre, o disco saiu um bocado mas ainda não está a tocar na medula. Se tocar na medula podes ter uma lesão muito grave. Consideras que 2012 foi o teu ano mais difícil no tour? Não, acho que o primeiro ano foi sem dúvida o mais difícil, até porque me requalifiquei pelo WQS. Apesar de ter feito uma meia final em Bali acho que cometi muitos erros e se calhar não surfei tão bem com a pressão e nervosismo. O ano de 2012 acabou por ficar aquém daquilo que eu queria, mas não foi assim tão mau. Acho que fiz bons heats e perdi heats bastante renhidos. Foi um ano com alguns momentos altos e outros mais difíceis. O heat em que perdeste em Peniche, no round 2, vai ficar marcado na tua cabeça ou nem por isso? Não vai ficar muito marcado. Para mim é sempre difícil competir em Peniche, cada ano aparece mais gente, tento-me preparar mas acabo por ficar sempre um bocado nervoso. Mas este ano foi o que me senti mais à vontade. Foi pena o primeiro heat mas estavam condições difíceis. O segundo heat teve muitas trocas de liderança, as ondas estavam manhosas. Não posso dizer que acabo por apanhar sempre heats com condições fracas, mas estava difícil. Fizeram só quatro heats em condições que não são as que todos queremos surfar nos Supertubos, queremos dias como o primeiro. Mas não me posso queixar das condições, se calhar tive um erro táctico no fim do heat pois devia ter guardado a prioridade. O Kolohe estava a precisar de pouco e eu vi potencial numa onda por isso arrisquei e fui. E ele fez duas ondas muito próximas uma da outra e, na segunda, já estava completamento solto de mim e teve a sorte de apanhar uma onda que lhe proporcionou um tubinho. Não foi nada de especial mas foi mais profundo do que se estava a ver e os júris gostaram. Eu ainda tentei virar na última onda mas estava difícil de surfar, foi talvez a melhor onda que apanhei no heat mas infelizmente não encaixei bem as manobras. Elas até foram boas mas devia ter encaixado duas em vez de três. Esperei muito para dar a primeira, por isso acabei por perder o timing para última junção e numa de assegurar a onda e não cair decidi não arriscar e os júris penalizaram-me por isso. Mas acho que foi um heat renhido, até ao fim achei que podia ter virado na última onda, como era a maior do heat e tinha feito duas manobras boas podia dar um 6 e, ao mesmo tempo, não sabia a nota dele. Foi um heat dramático mas acho que não surfei mal de todo, naquela tarde não se viram grandes notas, senti-me triste e frustrado mas um bocado mais concretizado que nos anos anteriores em que não consegui surfar devido à pressão e perdi por erros tácticos e não por erros técnicos. No fim desse heat ficaste alguns minutos a borda de água à espera da nota, o que ia na cabeça durante esse tempo? Foram minutos horríveis, olhava para trás e via as pessoas cada vez mais próximas. Era muita gente a assistir a vibrar e a apoiar. Eu não sabia o que o Kolohe tinha feito, mas sabia que ele podia ter virado ou mudado as coisas. Comecei a ficar um bocado assustado com isso e esperei com alguma paciência. Tentei proteger-me do público porque é uma euforia muito grande em Peniche e acabo por ser um bocado engolido pelas pessoas. Como aquilo era um momento tão importante e tão emocional foram momentos difíceis, mas nós somos atletas e temos que estar preparados para isso.


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As surfadas nos Coxos no fim do ano servem sempre de manutenção para Tiago Pires, antes de começar a treinar a sério para a próxima época competitiva! photo by Ricardo Bravo/Quiksilver


Depois de Peniche arrancaste para as Canárias onde conseguiste a tua primeira vitória no WQS desde 2006. Fizeste alguma coisa diferente do normal? O que fiz diferente foi antes da prova, um bocado sem saber. Houve uma noite em que fui sair com o Mick Fanning em Lisboa e acabou por ser bastante engraçada e longa. Eu geralmente não costumo beber durante os campeonatos, fico muito concentrado e disciplinado mas Peniche é um campeonato que me consome muito e que envolve muita emoção. Ia jantar fora com o Fanning e disse-lhe que não ia sair à noite mas... não sei, ele estava a lutar pelo título e eu vi a vontade que ele tinha de se divertir. Ao mesmo tempo acabei por pensar um bocado na minha vida e pensar realmente porque estou a ser tão duro comigo mesmo. Depois disso fui para as Canárias sozinho, talvez um pouco mais relaxado do que o costume. Por ser um 6 estrelas não envolvia tanta pressão nem importância e eu nem sabia que tinha que ganhar o campeonato. Ia lá para tentar amealhar alguns pontos porque fiz poucos WQSs, fui sozinho mas acabei por encontrar o Kikas no autocarro para o avião e ficámos na mesma casa. Foi engraçado, já não ficava com ele há uns tempos. Infelizmente ele perdeu mais cedo e acabei por ficar novamente sozinho. E depois acho que vesti muita aquela carapaça de profissional,“ok, vou estar aqui, vou fazer o meu trabalho” e não liguei a mais nada. Fiz aquela vida simples de casa praia, praia casa, comer cedo, as coisas foram evoluindo, fui aumentando de forma de heat para heat e culminou na vitória. Mudando um pouco de assunto, qual é o teu sentimento em relação ao público português? Pressão? Não sinto pressão nenhuma do público, sinto que há muito carinho. Há cada vez mais pessoas a seguirem o surf, já é difícil andar na rua em Lisboa sem ser identificado, sem que as pessoas parem para me dar os parabéns, tirar uma foto... coisas que há uns anos atrás não aconteciam. Hoje em dia o surf chegou ao main stream e toda a gente sabe o que é um surfista. O meu médico, advogado, não só o pessoal do surf e as camadas mais jovens. Pessoas como a senhora do supermercado, já viu numa revista e na televisão, já associa, então passas um bocado para uma figura pública. Às vezes é um bocado mais chato, tens menos privacidade, mas nada que chateie a sério. De resto acho que o público do surf aprecia aquilo que eu fiz, aquilo que eu faço, e que continuo a tentar fazer. Há sempre aquelas pessoas que vão criticar, mas isso é em tudo o que fazes, qualquer pessoa, qualquer desporto, por mais talentoso, vai sempre haver a crítica. Mas sentes que és muito criticado? Acho que nós, em Portugal, gostamos muito de criticar mas não olhamos muito para o lado bom. Às vezes é isso que nos falta, sermos um bocado mais positivos, acreditarmos um bocadinho mais e olharmos para as coisas boas! Os portugueses criticam muito o meu estilo de surf, porque eu não faço certas manobras. Mas eu estou no WCT há cinco anos, esta vai ser a sexta temporada. Se eu não estivesse lá não íamos ter ninguém. Portugal ia ter uma lacuna ali, não ia estar no mapa, se calhar não havia WCT em Portugal. As pessoas não pensam nisso, eu fazendo aquilo que faço no WCT, sendo bom ou mau, estamos representados, é como se tivéssemos um português na Formula 1, acaba ali em 15º ou 18º ou 10º mas está no mapa, está presente! E achas que as pessoas não estão a reconhecer isso? Grande parte das pessoas reconhece mas eu acho que muitas das críticas que eu ouço... umas são fundamentadas, outras pessoas dizem que o meu estilo de surf não está actual. Mas alguma coisa ando a fazer bem se continuo no WCT. Mas o “portuga” típico é aquele que não sabe surfar mas vai dizer mal daqueles que sabem surfar. Enquanto devia pensar um pouco,“não ele já esta lá há alguns anos, já ganhou tantos campeonatos, por alguma razão é! Não é tudo mau, tem de haver alguma coisa de bom, ele não está a subornar as pessoas para ali estar”. Eu aceito que digam que não faço aéreos mas muitos dos que estão lá não fazem aéreos. Sou criticado porque sou português, sou criticado pelos portugueses mas nem só de aéreos vive um surfista e as pessoas têm e perceber que os tempos mudaram um pouco. O surf é diferente e tem várias vertentes, e vai sempre ter várias vertentes. Nunca pensem que o surf vai ser só aéreos, nunca vai ser isso. Quando chegam as ondas boas e as ondas grandes não se fala de aéreos, nem sequer se pensa nisso. Não sei, é uma discussão que vai dar sempre pano para mangas mas eu, no meu campo, vou estar sempre tranquilo.

Os tubos de backside não têm rendido muitos pontos no WCT nos últimos tempos, mas não deixam de ser uma das armas mais perigosas do arsenal de Tiago Pires. photo by Ricardo Bravo/Quiksilver 38 _



| 40 O surf de rail é o que tem mantido o português no WCT nos últimos anos! photo by Ricardo Bravo/Quiksilver


Arrancaste para a Triple Crown a precisar de alguns pontos. Acabaste por pontuar mas não como querias, isso obrigou a que ficasses dependente de outros e essa situação arrastou-se por algumas semanas. Como foram essas semanas para ti? Foram más! Não sou muito fã de fazer a Triple Crown, todos os anos é o meu objectivo não ter de fazer. Eu acho que o Havai é um sítio muito bom para aprenderes certas coisas, eu costumo dizer que o Havai é a universidade do surf. Tu aprendes várias coisas, és metido na linha várias vezes, não deixas o teu ego falar muito alto, és obrigado a surfar ondas perigosas, todo o tipo de ondas, surfar de pranchas grandes, pequenas... mas eu já tenho cerca de 16 temporadas, e mais de 20 viagens. Já passei muito tempo lá e a tua paciência consegue chegar a um certo ponto. Depois ficas mais velho e estás habituado a surfar ondas óptimas no mundo inteiro e de repente estás no Havai, que é um sítio onde não consegues apanhar ondas boas, começas-te a cansar e deixas de gostar de lá estar. Nos últimos anos tem sido difícil, estou lá um bocado contrariado, adoro surfar aquelas ondas mas não é possível, é muita gente. Estás duas horas no mar e apanhas duas ondas más. Às vezes calha uma boa. Estou num momento da minha vida em que já não me contento com as ondas más que faço lá e não há muita volta a dar senão não ir. Infelizmente tive de passar pela Triple Crown e foi aí que garanti a minha permanência no tour, mas eu sei que os meus níveis de motivação e de energia estão muito baixos lá e já sei que é difícil tirar grandes resultados! As semanas de espera acabaram por culminar num heat, que foi o “vai ou racha” para ti. Praticamente todos os surfistas de Portugal acompanharam esse momento, mas como foi para ti? Como viveste esse momento? Foi um heat bastante stressante, prefiro muito mais viver o stress quando estou dentro de água, porque já estou habituado. Cá fora, a torcer para que os outros percam, ou que os outros ganhem, é muito mais difícil. Foi um heat muito complicado porque os dois estavam em forma e podia ter ido para um lado como para outro. Começou para o lado do Josh Kerr, que era aquele que eu queria que vencesse, a meio do heat o Yadin faz um 10 e logo de seguida outra onda e passou para frente. Eu sei que com um 10 é difícil perder, basta teres um 5 ou 6 e deixas logo o outro a precisar de muito a não ser que ele tenha um 9. O Josh tinha um 8 e não tinha mais nada... Vi em casa com a minha namorada, ela estava toda contente ao meu lado, eu prefiro não fazer muita festa, só dou a coisa por completa quando acaba o heat. Fiquei sempre muito calado, um bocado retraído e a minha namorada era mais expressiva. Quando o Josh fez um 8 começou logo a deitar foguetes mas quando o Yadin fez um 10 ficou logo caladinha (risos), cheia de medo. Eu já estava a pensar que para o ano ia ser um ano diferente, ia dar para fazer algumas provas porque vou seria o primeiro fora, se calhar ia dar para fazer algumas viagens. Então já estavas a pensar num plano B? Quando cheguei ao Havai estava qualificado por cinco lugares, estava mais ou menos confortável, mas depois aconteceram coisas que nunca acontecem, surfistas que estavam atrás a ganhar campeonatos, troca logo tudo. O Adam Melling se tivesse ficado em segundo no campeonato em Sunset não me tinha passado mas ficou em primeiro, virou no fim! Estava a acontecer tudo de mau para o meu lado. Então comecei a ver os possíveis cenários para o ano seguinte estava mais ou menos confortável com isso já. Apesar de ter sempre esperança de continuar no tour via-me a fazer alguns Primes porque realmente os Primes este ano são campeonatos bons, com bom dinheiro e em ondas boas! Acaba por ser mais difícil para quem vem de baixo se qualificar, mas quem tiver um seeding bom e experiência acaba por ser uma maneira mais fácil de te qualificares. E estava numa de tentar outra vez, apesar de sempre dizer que o WQS não é para mim e querer fazer outras coisas, fiquei um bocado indeciso, ia tentar combinar com algumas viagens que tenho vontade de fazer. Para 2013, há planos ou expectativas da tua parte? 2013... é atacar mais um ano. O que eu vivi este ano serviu um bocado para acordar. Para perceber que está cada vez mais difícil mas quero chegar a meio do ano mais tranquilo que nos outros anos, quero assegurar a qualificação antes da famosa perna europeia, se possível ganhar um campeonato que isso é o objectivo que tenho em mente. OF




C apa Seria literalmente impossível eleger apenas uma capa como a que consideramos a melhor dos nossos 10 anos. Mas, acredites ou não, rapidamente chegámos ao consenso de quais foram as cinco melhores. Aqui estão elas:

ONFIRE Surf #25

Tiago Pires, Cave

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Janeiro_Fevereiro 2007 photo by André Carvalho

Tiago Pires tinha acabado de chegar de mais uma temporada havaiana, e mal aterrou em Portugal a perigosíssima onda da Cave, Ericeira, funcionou. Sendo uma onda que requer condições muito específicas, é também uma onda reservada a muito poucos surfistas pois é talvez a mais perigosa onda nacional. Andar pelo interior do tubo da Cave implica jogar com uma perigosa laje de pedra que te pode lesionar à séria, e já para não pensar em consequências mais graves. É necessária uma experiência rara para a maioria para ali surfar mas para Tiago Pires, por todas as razões óbvias, este é um dos seus campos de treino preferidos!. Esta capa marca a altura em que a Cave se tornou num pico conhecido para todos os surfistas portugueses pois foi um ano em que funcionou várias vezes e onde vários surfistas (e fotógrafos) fizeram investidas à perigosa direita. O impressionante desta foto, que teve direito a capa tríptica, é que melhor do que alguma outra alguma vez publicada (ainda hoje) mostra o perigo com que o surfista tem de se preocupar até quando está totalmente imerso no tubo, e é por isto mesmo que é uma das capas eleitas dos nossos 10 anos!

ONFIRE Surf #35

Setembro_Outubro 2008 Tiago Pires, Padang Padang

| photo by carlospintophoto.com

Quando discutíamos o projecto ONFIRE surgiu a certa altura a questão de se fazerem capas com fotos de competição caso se justificasse na edição em questão mas rapidamente todo o corpo editorial da altura disse, quase em uníssono, nem pensar! Literalmente seria preciso um milagre para nos fazer um dia publicar uma foto de um surfista de lycra de competição na capa da OF... Esse milagre aconteceu mesmo graças à dupla Tiago Pires e Carlos Pinto! Assim, 10 edições depois de fazer capa na OF, Tiago Pires voltava a fazer uma capa, esta usando a Lycra do Rip Curl Pro Search que aconteceu em Bali (e que mais uma vez foi uma capa triptica!). Um incrível bottom turn numa masmorra em Padang Padang foi a foto que, em unanimidade, o mesmo corpo editorial que há cinco anos atrás achava a ideia de fazer uma capa de competição tão provável como uma galinha ter dentes, escolheu! Esta foi a primeira e única capa de competição que até hoje fizemos nos nossos 10 anos, mas hoje sabemos que a escolha foi mais do que certa quando ao fim desta década ainda consideramos esta como uma das cinco melhores de sempre!

ONFIRE Surf #40 Julho_Agosto_2009

António Silva, Mentawai

| photo by Mauro Motty

Sabemos que uma foto é capa quando olhamos para a foto e de imediato sentimos algo a crescer descontroladamente no nosso interior. Foi isso que aconteceu quando vimos esta foto de António Silva nas Mentawai e que ilustrou a capa da edição 40 da ONFIRE. A perfeição imaculada de Bank Vaults, um céu pintado de nuvens todas elas expostas pelo enquadramento perfeito da foto, e, aliado a estes dois factores, o posicionamento de António Silva dentro do tubo e que espelha da melhor forma corporal a intensidade do cilindro onde está metido, fez com que os nossos corações salteassem pelo boca tal a intensidade da “simplicidade” deste momento! Esta foto saiu de uma Surftrip que foi um dos artigos de destaque desta edição e que juntou António Silva, Edgar Nozes e David Luís numa longa temporada nas Mentawai. Na altura desta sessão, Edgar, António e o fotógrafo vivam numa verdadeira jangada aquática que não tinha mas de 16 metros quadrados, dormindo ao sabor da ondulação, defecando sem nenhuma privacidade e partilhando o seu espaço com perigosas cobras marinhas. Mas uma coisa é certa, esta viagem ficou eternamente marcada nas suas memórias tal e qual como esta capa ficou na nossa!


ONFIRE Surf #57

Junho_Julho_2012 Marlon Lipke, Barcelona

| photo by carlospintophoto.com

Sabemos que o nossos leitores adoraram esta capa pois não só recebemos quase 10x mais emails do que o normal a falar dela como tivemos um significativo aumento no número de vendas desta edição (ao qual também ajudou o facto de ser a edição de Verão). Até de Barcelona recebemos emails a pedir para enviarmos esta revista! Mas esta foi talvez uma das capas que mais luta deu internamente! Chegar ao enquadramento final, ao preto e branco e à forma como o logótipo iria ficar inserido de uma forma subtil mas presente foi um processo altamente moroso e que muita discussão deu. A certa altura chegou-se mesmo a considerar não usar a foto pois da forma como estava a ficar a capa o resultado estava longe de ter o impacto que queríamos. Sabíamos que era uma foto de capa mas, o facto de ter mais “ruído” que o habitual no background representava um desafio diferente. O facto de já termos passado mais de 10 horas ao computador e vindos de uma noitada de trabalho também não ajudava a que a mente fluísse normalmente, mas tínhamos um deadline para fechar a edição pelo que deixar para o dia seguinte não era opção. Quando chegámos a esta fórmula sabíamos que tínhamos sem dúvida nenhuma uma das melhores capas de sempre dos 10 anos da ONFIRE!

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ONFIRE Surf #60

Dezembro_Janeiro_2012 # welove p h o t o s photo by carlospintophoto.com & ilustração by Mário Belém Esta foi a edição que celebrou os 10 anos da ONFIRE como bem te lembras, e toda ela foi diferente, desde o tipo de papel ao seu formato editorial. O mote escolhido para celebrar os nossos10 anos só poderia ser mesmo aquele que há uma década defendemos: mostrar as melhores imagens dos surfistas portugueses e de todo o seu lifestyle associado, e foi por isso que avançámos com uma edição #welovephotos. Por todas estas razões sabíamos que a capa desta edição teria de ser totalmente diferente do que alguma vez havíamos feito. Teria de ser um momento não explicito de surf mas que mostrasse o verdadeiro sentimento que um surfista tem quando está no mar! Tínhamos algumas hipóteses na mesa e foram essas que enviámos a Mário Belém, o conceituado ilustrador português que gentilmente aceitou o nosso desafio de “enfeitar” esta capa assim como tornar único o logótipo da ONFIRE para esta edição tão especial. Quando o trabalho chegou a resposta foi mais do que óbvio e, para ajudar, era coincidente com a opinião do Mário e, não menos importante, do Carlos Pinto (fotógrafo das hipóteses que tínhamos na mesa). Temos a certeza que daqui a 10 anos, quando fizermos um artigo sobre os melhores artigos dos últimos 20 anos, esta capa estará novamente na escolha das 5 melhores!


S urftrip Fizemos mais de 60 surftrips em 10 anos pois houve edições em que publicámos mais de uma Surftrip. Já para não falar de quando fizemos edições “Especial Viagens”. Mas não foi difícil chegar à unanimidade de qual a melhor Surftrip internacional (leia-se de portugueses fora de Portugal) e nacional já publicadas!

ONFIRE Surf #48 | Novembro_Dezembro_2010

Surftrip Internacional @ Star Quality nas Mentawai

Era impossível não elegermos esta Surftrip como a melhor internacional que já publicámos na ONFIRE, afinal foi esta foi a primeira viagem às Mentawai da geração mais progressiva que o surf nacional já teve. Frederico Morais, Vasco Ribeiro, Nicolau Von Rupp, Zé Ferreira, Filipe Jervis, Tomás Valente e o homem das lentes da casa OF, Carlos Pinto, arrancaram para a mais perfeita fábrica de ondas do mundo e redefiniram o nível do surf português! Foi o resultado desta viagem histórica que tivemos o orgulho de vos apresentar nesta edição da ONFIRE, que, pela quantidade inacreditável de material que recebemos, acabou por ser um dos maiores artigos que alguma vez publicámos. Aliás, o material era tanto e de tal forma extraordinário que fez com que este fosse o mais difícil processo de escolha de fotos para um artigo na história da OF. Geralmente se este processo é complicado é muitas vezes pela falta de qualidade de material para compor um artigo com fotos excelentes do início ao fim mas neste caso ainda hoje o nosso arquivo abunda com sequências inacreditáveis de manobras daqueles que são hoje grande parte dos melhores surfistas da actualidade. Por outro lado, do ponto de vista editorial, esta Surftrip facilitou num processo: sabermos que a capa desta edição estaria ligada com o principal conteúdo da revista o que infelizmente nem sempre é possível. Mas, mais uma vez, a coisa “azedou” quando chegou o momento de decidir a capa pois não só todos os surfistas tinham fotos de capa como todos tinham bem mais do que uma foto! A decisão acabou por ser o aéreo de backside de Zé Ferreira. Reza ainda a lenda, real, que no melhor dia de ondas desta viagem Carlos Pinto foi largado perto de terra com o nascer do sol e, com a ajuda de uma prancha de bodyboard, levou o seu material para terra seca. E uma vez aí, lá permaneceu até o sol desaparecer não tendo mais do que duas garrafas de água, um chapéu e protector solar para combater o insano calor. Quando o dia de surf acabou e Carlos regressou ao barco, foi, acredites ou não, recebido com uma ovação de pé por todos os “putos”!


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ONFIRE Surf #50 | Março_Abril_2011

Surftrip Nacional @ Asha Point, Uma besta escondida em Portugal

Tomás Valente, Alex Botelho e Pedro Pinto, juntamente com o na altura também fotógrafo da casa ONFIRE, Mauro Motty, protagonizaram aquela que considerámos como a melhor Surftrip nacional já publicada nos nossos 10 anos de existência. Baptizada de Asha Point, este foi o artigo principal da edição 50 da ONFIRE, edição essa que marcou também uma mudança no formato e logótipo da revista, mudanças essas que perduram até hoje. Asha Point é um poderoso triângulo que rebenta algures pelas águas nacionais e onde o tubo quer para a esquerda que para a direita é intenso e perigoso! O pico é governado por alguns locais, principalmente bodyboarders, e que te receberão de braços abertos se souberes respeitar e manter o segredo! Foi o que nós fizemos ao decidirmos não divulgar o sítio desta onda. A verdade é que não é assim tão difícil descobrir mas mais verdade ainda é que para conseguires surfá-la tens de ter um nível de surf excelente caso contrário poderás magoar-te à séria... Que o diga Alex Botelho que ficou cinco dias sem surfar ao ser projectado do lip directamente para cima de um calhau, e que ainda passou esses dias a “levar” com Tomás Valente e Pedro Pinto a gozarem com ele pois parecia uma velha a andar! Recentemente, Nicolau Von Rupp foi até Asha mas desde 2011 até à data mais nada foi documentado nos media nacionais sobre esta onda, não por falta de swell ou condições (apesar desta necessitar de alguns requisitos para funcionar na sua perfeição) mas, como já percebeste, certamente por ser um dos mais agressivos picos triangulares existentes no nosso país! Mais uma vez, a foto da capa desta edição foi uma das fotos desta Surftrip, o que é sempre um indicador de excelência do resultado final do trabalho. Este áereo de Filipe Jervis é uma das muitas fotos daquela que consideramos como a melhor surftrip internacional que já foi publicada na ONFIRE em 10 anos e que estava no nosso arquivo! photo by carlospintophoto.com


A n á lise

Também aqui foi difícil eleger a melhor “Análise” por isso acabámos por eleger duas, uma pelo seu carácter fun e outro pela produção que envolveu. Em ambas o resultado final foi inacreditável e é por isso que elas agora aparecem neste artigo.

ONFIRE Surf #38 | Março_Abril_2009 | O s

Q u a t ro “ Carnavaleiro s ”

A ideia surgiu, com é óbvio, no Carnaval! Fomos a uma loja, comprámos quatro fatos e pinturas. Escolhemos quatro surfistas e decidimos ir para fora da grande Lisboa pois nessa altura já o digital reinava há muito, e a probabilidade de aparecerem fotos da nossa aventura fotográfica no Facebook seria gigante. Afinal quem é que não iria fotografar e publicar as fotos de quatro mascarados a surfar? Se tal acontecesse, o artigo que iríamos fazer na revista poderia mesmo ficar comprometido. Este foi sem dúvida o mais divertido artigo que já fizemos pois os surfistas em jogo não só tiveram de vestir as suas máscaras como encarnar as personagens (daí o nome de “Carnavaleiros” – fusão de cavaleiros, tal a sua coragem em aceitar o nosso desafio, e Carnaval). Pedro “Mimosa” Pinto encarnou a figura da vaquinha e teve mesmo de se colocar de gatas para mugir; Zé “Batatoon” Ferreira teve de fazer palhaçadas no meio de Expo 98 só para o shot de lifestyle que iria no artigo; Diogo “Batman” Appleton foi também para a Expo dar o seu ar de herói; e Filipe “Abelha” Jervis teve de simular que voava no meio de um campo perto da sua casa em S. Torpes. Aliás, a esquerda do L-Point foi mesmo a escolhida para esta louca sessão de surf. Depois de vestidos e pintados, processo por si só já difícil pois os fato eram curtos esmagando-lhes as jóias da família, ficámos em pânico quando ao fim das primeiras ondas de cada um metade das suas máscaras já se tinham rasgado. Pedro Pinto e Filipe Jervis debatiam-se com a sua cabeça de vaca e abelhas, respectivamente, Zé Ferreira perdia a peruca a cada onda (até que eventualmente se perdeu de vez – mas o shot que queríamos saiu antes disso) e Appleton debatia-se com a sua capa de Barman que lhe prendia os movimentos dos braços os se enrolava no seu pescoço e cara. Mas literalmente no fim deste dia o trabalho estava feito, desde o surf às filmagens (este clip foi mesmo uma das primeiras produções que fizemos para o nosso site, que nasceu nesse ano) e acabando no lifestyle (excepto o da Expo 98 que foi feito dois dias mais tarde), e passando pela foto de introdução. Este grande dia ainda ficou marcado pela pobre cobra que se decidiu atravessar à nossa frente e que acabou por ser alvo de experiências de manipulação humana - afinal quantos têm a oportunidade de apanhar uma cobra e brincar com ela -, assim como pelo baldo de um dos amigos de Jervis que os acompanhou nesta surfada e que teve a infelicidade de, ao correr pelas rochas para fugir de uma onda, meter o pé num buraco e deitando-se ao comprido e sendo espalmado pela onda, e tudo com uma pranchas novinha em folha (o único “mazelado” acabou mesmo por ser a prancha). O trabalho para este artigo prosseguiu mas dentro do escritório da ONFIRE, onde o designer da altura se “divertiu” a paginar o artigo “largando” estrategicamente dezenas de animais pelas páginas desta que foi é, sem dúvida nenhuma, uma das melhores Análise da história da ONFIRE!

ONFIRE Surf #42 | Novembro_Dezembro_2009 | Pra z ere s

N eo p renai s

Já não era o primeiro Inverno em que apresentávamos os fatos 4/3mm das várias marcas e por isso mesmo sentimos que tínhamos de ir mais longe no que à produção deste artigo dizia respeito para que este artigo não se tornasse mais do mesmo. A solução era só uma: apresentar as fotos dos fatos de uma forma única e nunca antes feita... E foi isso que conseguimos! A ideia surgiu enquanto um dos membros do staff tomava banho: arranjar uma arca congeladora e fotografar os fatos no meio de porcos, costeletas, pernis e tudo mais. Pelo meio, os surfistas que apareceriam a surfar com os fatos teriam também de ser enquadrados neste cenário apocalíptico. Se a Análise anterior foi a mais divertida que já fizemos, esta foi sem dúvida a mais elaborada! Primeiro, estamos a falar de uma camera frigorífica onde as temperaturas não eram propriamente as melhores. Segundo, acertar com a disposição certa das carnes para que todos os fatos se vissem, isto para a dupla de introdução ficar perfeita, enquanto um gelado e corajoso Filipe Jervis tinha de aconchegar totalmente nu no chão e a olhar para os fatos com ar de quem não tinha outro desejo maior na vida do que ter um daqueles quentes e confortáveis “prazeres neoprenais”, foi uma tarefa tal que as horas passavam e os surfistas ficavam impacientes pois o cenário parecia nunca mais estar pronto. Ponto três: a cada minuto que passava a temperatura da camera aumentava e a pressão dos donos do espaço para nos despacharmos aumentava rapidamente. Depois de montado o cenário, chegou finalmente a vez de fotografar cada um dos surfistas com os seus fatos: Frederico Morais, de facalhão na boca, aguentou-se com umas valentes costelas de vaca ao ombro; Kalu Oliveira, envolvido em ganchos metálicos, deu um ar de psicopata genial; Justin Mujica tornou-se no mestre dos dois facalhões; Vasco Ribeiro substituiu as suas orelhas pelas de um porco, Manuel Cotta agarrou num serra gigante numa mão e na outra exibiu a cabeça da sua vítima, João Guerra transformou-se no Capitão Gancho e, por último, Filipe Jervis garantiu que, com uma serra eléctrica na mão, ninguém se mete com ele. Sem dúvida que nem este artigo nem esta pequena descrição mostram um “pintelho” do gigantesco trabalho que foi necessário, e não poderíamos NUNCA falar desta análise sem falar de Carlos Pinto, o responsável pelas fotos.Todos já tínhamos visto o Carlos a trabalhar mas nunca o tínhamos visto a trabalhar produção deste tipo. Só para esvaziar a bagageira do seu carro de material para a sessão foram necessários todos os intervenientes! Montar o material para ter a iluminação e o cenário perfeito – e nisto Carlos é minucioso como nunca conseguirás imaginar – ocuparam mais umas horas! Ter o shot perfeito de cada surfista à medida que o conceito de cada um ia surgindo foi mais um passo titânico! Uma coisa vos garantimos, Carlos Pinto é um MONSTRO (no bom sentido) no que diz respeito à fotografia e esta foi a primeira vez que, no que diz respeito à fotografa sem ser de surf, nos apercebemos disso mesmo realmente. Se para nós ele é um dos melhores fotógrafos de surf do mundo, foi depois desta sessões que percebemos que, na realidade, tínhamos na nossa equipe um dos melhores fotógrafos do mundo!


V idas

Se pudéssemos elegeríamos todos os “Vidas” como os melhores pois este artigo da ONFIRE vai de tal forma ao íntimo da vida dos surfistas que aqui aparecem que se tornam demasiado íntimos para nós! Depois de muita ponderação elegemos os dois que se seguem... Descobre porquê!

ONFIRE Surf Mag #01 | Janeiro_Fevereiro_2003

A n d ré

Pe d ro s o

| O talento do mar

O primeiro artigo Vidas acabou por servir de base para a linha editorial da ONFIRE, que em praticamente todas as edições teve um ou mais entrevistados. Foi um dos mais difíceis artigos de fazer pois a revista ainda não existia, muito menos tinha credibilidade. O entrevistado era André Pedroso, um dos mais prometedores surfistas de uma geração que entretanto tinha praticamente deixado de surfar. Não foi fácil arrancar André da sua toca mas, talvez pela amizade que tinha com alguns membros do staff, conseguimos avançar. O passo seguinte foi juntar algumas imagens para ilustrar o artigo e, apesar de bastante em baixo de forma, conseguiram-se alguns bons momentos pois o surf ainda estava lá. Na entrevista, o prodígio da Praia Grande concluía a dizer que o surf estava em vias de regressar como foco da sua vida num futuro próximo. Uns anos mais tarde, André chegou a fazer um ataque ao circuito nacional com algum sucesso, viajou bastante e surfou ondas grandes. Hoje em dia, André recupera de uma lesão grave e espera que o mar melhore para voltar a surfar, mas a sua lenda fica imortalizada na primeira edição da ONFIRE.

d o s

C ã e s

ONFIRE Surf Mag #08 | Março_Abril_2004

| Mito ou Realidade?

A entrevista na rubrica Vidas de José Magalhães, Zé dos Cães, foi provavelmente a mais difícil de fazer até hoje e ao mesmo tempo uma das mais marcantes. A ideia de fazer este artigo veio do surfista algarvio Francisco Canelas, que foi também que nos deu o seu contacto. Havia pouca informação sobre este surfista que, em 2004 já não ia ao mar há muitos anos. A “lenda” contava que o Algarvio Zé dos Cães tinha sido considerado um dos mais talentosos surfistas do nosso país a dada altura, mas que tinha tanto de génio como de louco. A última vez que tínhamos visto uma imagem do Zé dos Cães ele era jovem e tinha a típica “gadelha” loiro, como qualquer surfista da altura. Combinámos por telefone encontrar-nos numa estação de comboios perto do Porto mas a coisa quase deu para o torto aí. “Dos Cães” não aparecia e quando procurámos melhor a “coisa” mais parecida com as imagens que tínhamos visto era um vagabundo loiro e embriagado que tocava guitarra e cantava (grunhia) no chão da estação. De um local estratégico, onde o “músico” não nos mas nós víamo-lo bem ligámos ao Zé na esperança que não fosse o “hippie” a atender. Caso fosse provavelmente haveria uma retirada estratégica mas não... Quem atendeu foi mesmo o verdadeiro Zé que já vinha a caminho. Finalmente passámos algumas horas com ele, fizemos perguntas da praxe, tentámos descobrir as verdades e as mentiras sobre este surfista e a cronologia da sua história. Zé contou-nos os momentos altos e baixos da sua passagem pelo surf, falou-nos de depressões, arte e ondas. No fim visitámos uma cave com as suas incríveis pinturas, que na altura eram “guardadas” por um senhorio com “assuntos pendentes”. A segunda fase foi igualmente complexa, descobrir imagens do artista para acompanhar o artigo. O próprio tinha algumas no seu arquivo, mas pouca coisa utilizável. O resto foi repescado dos arquivos da Polen, que o patrocinou durante toda a sua carreira, e do seu ex-companheiro de surfadas e loucuras, o não menos mítico Darin “Ithaka” Pappas. Ithaka enviou-nos algumas imagens que tinha nos EUA, juntamente com uma história que tinha escrito sobre o seu amigo. O resultado só podia ter sido uma das melhores e mais polémicas entrevistas da história da ONFIRE. Uns tempos mais tarde alguns meios de comunicação noticiaram que Zé dos Cães tinha falecido, mas na verdade Zé estava bem vivo e pelo que sabemos continua bem até hoje!

S potlight

Eleger o “Spotlight” que se destacou de todos os outros nos 10 anos da ONFIRE parecia ser uma tarefa impossível de realizar mas a solução foi rápida e óbvia: a entrevista a Tiago Pires quando se qualificou para o WCT!

ONFIRE Surf #30 | Novembro_Dezembro_2007 | Tiago Pires _ The Portuguese Tiger Não tendo sido nem a primeira nem a última entrevista que fizemos ao Tiago Pires, esta artigo destacouse por ter sido a primeira entrevista numa revista de surf uma vez oficialmente qualificado para o WCT. Na verdade andávamos à caça de Tiago Pires desde Julho, quando a ASP anunciou pela primeira vez que o português estava qualificado para o WCT do ano seguinte. Mas muito rapidamente a entidade que regula o surf competitivo profissional deu um passo atrás e retirou o comunicado. Também o Saca recusou fazer a entrevista na altura, não fosse alguma azar acontecer. Uns meses mais tarde, mesmo sem o ano ter terminado, um muito reticente Tiago Pires finalmente concordou em fazer a entrevista. Mas entretanto o ex-líder do WQS já se encontrava no Havai e a entrevista teria de ser feita via skype. E num dia de poucas ondas no North Shore e muito frio em Portugal lá se fez a entrevista. Uma particularidade dos Spotlights com Tiago Pires é que, apesar de ter sido quase sempre o atleta de mais difícil acesso, a verdade é que o seu discurso faz com que sejam as entrevistas mais fáceis de editar. Este foi o maior Spotlight da história da ONFIRE, ocupando 20 páginas no total. Na altura o nosso fotógrafo residente, Carlos Pinto, viajava com grande regularidade com o Saca o que nos deu acesso às melhores imagens alguma vez vistas de Tiago Pires, fruto de mais de dois anos de sessões. O resto da história Tiago Pires ainda está a “escrever” campeonato após campeonato! OF

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Nem todas as aventuras de surfistas envolvem só procurar ondas perfeitas em locais desconhecidos. Tentar viver do surf, só por si, pode ser a maior aventura que um surfista pode viver, e a história de Alexandre Grilo prova precisamente isso. Grilo aventurou-se fora da sua zona de conforto e provou que quem procura alcança. Fica a conhecer as aventuras e desventuras deste carismático surfista português. t e x t o

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O N FIRE

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c a r l o s p i n t o p h o t o . c o m



O surf de backside de Alexandre Grilo evoluiu muito nos points marroquinos mas enquadra-se em qualquer direita do mundo. | photo Arquivo Pessoal

Abril de 2004 Grilo chega à cidade de Tanger, onde se situa uma das fronteiras de Marrocos, com o seu mais recente grupo de turistas, regressando de uma viagem de uma semana cheia de boas ondas e sol em Taghazout, uma vila algumas horas mais para sul. Nos últimos três anos este tinha sido o core business do surfista de Carcavelos e apesar de já conhecer bem o trajecto e manhas desta rota, o lucro deste negócio era curto, e qualquer surpresa é sinónimo de prejuízo. O grupo tinha saído de Lisboa nove dias antes, com direcção a Tarifa para apanhar o Ferry até Tanger. A partir daí eram mais cerca de oito horas até ao destino, rotina para Grilo. Para alugar a casa para o grupo tinha de deixar o passaporte, que seria recolhido no último dia. Desta vez o responsável pelo aluguer da casa não se lembrou de lhe devolver o passaporte e Grilo não se lembrou de pedir. Só deu por falta dele em Tanger, depois de fazer o “check out” do carro. Este processo é bastante complexo em Marrocos, quem entra com um carro neste país só pode sair com o mesmo e com o mesmo grupo de pessoas nele. Caso algo não bata certo, ninguém sai até aparecer o elemento que falta ou até que algum bolso seja bem preenchido. Desta vez o carro e o grupo já estava oficialmente “fora do país”, pronto para seguir. Mas Grilo não tinha passaporte e não iria sair enquanto não o tivesse. Resultado, o grupo seguiu, era domingo e todos tinha de trabalhar na segunda-feira seguinte, e o seu “host” ficou.“Mas não havia problema”, conta Grilo.“Liguei a um amigo meu que morava lá em Taghazout e no dia seguinte mandava-me o passaporte para voltar, tinha 100 euros no bolso, era tranquilo”. O primeiro problema surgiu pouco depois, quando entrou na primeira pensão, onde pensou ficar a noite, e percebeu que sem passaporte ninguém lhe alugava um quarto. Seguiu-se uma sessão de “imploranço”, em qualquer hotel ou pensão que encontrou mas ninguém estava disposto a quebrar as regras para o deixar ficar. “Como não pude ficar em lado nenhum fui para o único sítio aberto à noite, uma discoteca, pois não tinha mais para onde ir! Às 5 da manhã mandaram-me embora, das 5 às 8 estou sentado à porta de um prédio, às 8 abre um café e vou para lá tomar o pequeno almoço. Seguia para um cybercafe, onde eu passava o dia. Aí falava com os meus amigos em Portugal que até se ofereciam para me ir buscar. Mas eu estava tranquilo, o meu passaporte ia chegar. Mas entre um sítio e outro, eu andava sozinho e já começava a ficar com medo de estar a ser seguido, então mandava-me para um táxi e saía dali. Os dias iam passando e o passaporte não chegava. Desesperado fui à policia, ver se eles me ajudava, nem que fosse deixar-me ficar lá. Quando cheguei estava lá uma inglesa, sentada, a tentar falar com eles mas ela não falava francês e eles não falavam inglês. Eu falava pouco francês mas tentei ajudar, a traduzir. A história dela era que o seu marido lhe batia e lhe tinha morto o coelho. E eles começaram a achar que o marido era eu e, de repente, ela vai e saca o coelho morto da mala. Causa-se o pânico na esquadra, o chefe da polícia começou aos berros a dizer que tinha sido eu, que não saía mais dali e a coisa começou a ficar pesada.Até que os apanhei desprevenidos pirei-me dali.” Ao fim de alguns dias finalmente o passaporte chegou e Grilo, que já só tinha o bilhete para Tarifa e zero euros, apanhou o ferry onde tentou arranjar uma boleia para casa. O melhor que conseguiu foi boleia (de Porsche) para Cádis, que era melhor do que nada. O resto do trajecto até casa seria feito de autocarro mas com a particularidade de não ter dinheiro para pagar os bilhetes.“Quando cheguei a Cádis apanhei um autocarro mas tive de os convencer a deixarem-me ir até Sevilha. Eles perceberam que estava à rasca e deixaram-me ir.Tudo isto já sem comer há um dia. Em Sevilha tive de os convencer a deixarem-me ir para o Algarve, sem pagar, em que pagava quando chegasse ao Algarve. Aí consegui que me deixassem ir sem pagar para Lisboa e pagava quando chegasse. E lá os meus pais foram ter comigo 52 _ e arranjaram-me dinheiro, um dia e meio depois de sair de Tarifa.”




Outubro de 2009 A persistência de Alexandre Grilo tinha dado frutos, e as viagens de carro até Marrocos pareciam ter ficado num passado distante. Nesta altura o seu negócio começava a prosperar e este surfista já era sócio de vários surf camps entre Portugal, Marrocos e Noruega. Recebia todo o tipo de clientes, incluindo surfistas do WCT como o seu amigo Tiago Pires e Adriano de Souza. Mas desta vez, sem saber, estava em vias de receber o campeão todos os campeões, nada mais nada menos que o (na altura) 9 vezes campeão do mundo Kelly Slater. Grilo era patrocinado pela Quiksilver, de onde recebia uma chamada a perguntar como estava o mar pois Kelly fazia tenções de fazer uma visita. “Ele estava em Peniche, perdeu cedo e como havia um swell bom então arrancou para Marrocos. Eu tratei de tudo, por acaso tinha chegado no dia antes e iame embora no mesmo avião que eles, sem combinarmos nada. Fui o guia dele, mostrei-lhe as ondas que conhecia, andamos a surfar em vários sítios, íamos jogar golf, jantar, almoçar. Tentei mostrar o melhor de Marrocos. Tentei que ninguém soubesse que ele estava lá, ele não queria que se falasse, apesar de ter levado fotógrafo e camera man. A reportagem saiu em todo o mundo menos em Portugal. Descobrimos uma onda que eu achava que não dava para surfar mas ele queria e fomos os dois ao fim do dia, altos tubos. Nesta viagem não havia os tubões que ela estava a procura mas deu umas ondas e foi uma boa experiência.”

Grilo a voar nos Mentawai. | photo Arquivo Pessoal

Foi um longo caminho desde quando começou a surfar sem saber nadar, aos 15 anos, até ao dia em que conviveu com o melhor surfista de todos os tempos. Grilo morava em Carcavelos e por influência do seu amigo Bizuka começou a surfar. Pouco depois começou competir localmente e no circuito esperanças. Uns anos mais tarde juntou-se ao grupo um surfista que se tornou numa das maiores esperanças da altura, Dionísio “Nica” Rosário. Os três viajavam juntos para todo o tipo de campeonatos e Grilo, apesar de aparentemente ser o menos talentoso dos três, começou a ter alguns resultados. O seu surf evoluía a “olhos vistos” e aos 20 anos deu um passo que mudaria o seu surf e a sua vida, mudou-se para a Ericeira.“Foi por causa do Saca, já éramos grandes amigos”, conta Grilo! “Já vinha passar alguns tempos com ele quando morava com o Mica Lourenço. Já conhecia toda a gente e aluguei uma casa no centro da vila.” Foi a partir da Ericeira que viajou para Marrocos pela primeira vez, mesmo sem saber que esse país iria ter uma enorme influência no seu futuro. “A primeira vez que fui lá foi com a Kauai, a marca de pranchas que me patrocinava. Fomos lá fazer umas fotos e experimentar umas pranchas. Fui até Taghazout e adorei aquilo. Em Portugal estava frio e lá estava calor e altas ondas sem crowd. Nessa primeira viagem conheci um dentista que me disse que me arranjava os dentes todos pois eu tinha os dentes um bocado tortos, em troca de pranchas. Achei que era impossível voltar lá mas eu e um amigo arranjámos uma carrinha com umas pranchas velhas e fomos até lá. Aí comecei então a fazer umas temporadas, umas surftrips, ia de carro e vinha. Primeiro não levava pessoas era só material de surf que trazia de cá para vender às surf shops. A primeira vez que lá fui vi que eles não tinha acesso a material de surf e trocavam pelo que eu quisesse. Eu era patrocinado pela Quiksilver e levava material, fazia assim umas negociatas. O lucro da venda do material pagava-me a viagem e assim podia estar lá um mês a surfar. Fui umas quatro ou cinco vezes de carro assim a levar pouca coisa. Até que houve uma vez que levei muito material, tipo 10.000 euros em fatos, e levei uma granda “boca” em Casablanca. Normalmente deixava o material lá quando ia para baixo e _ 55


no regresso ia buscar o dinheiro. Mas nessa vez, quando voltei para cima, ele deu-me pouco dinheiro, mal dava para pagar a viagem para casa. Tive de explicar à Quiksilver que tinha de voltar lá para ir recebendo, fui passando lá e nunca recebi o dinheiro. Ele tinha sempre desculpas até ao dia que passei lá e a loja estava fechada e os fatos, claro, já tinham sido todos vendidos. Aprendi pois fiquei com uma granda divida à Quiksilver e fui pagando, entre outras coisas como patrocinado, não recebia dinheiro.” “Fast forwaed” para Abril de 2004 Grilo fazia as suas surftrips para Marrocos com amigos, levava material e ia fazendo uns trocos. “Durante três anos fiz 4 ou 5 viagens por ano no Inverno. No verão era Nadador Salvador, professor de surf, e ainda trabalhava num bar. Basicamente no Verão organizava as contas todas e pagava tudo o que devia. No Inverno endividava-me todo (risos). Depois fartei-me de fazer a viagem, na altura não havia auto-estrada e eu demorava 24 horas sem parar. Foram pelo menos 30 vezes de carro. Até que mudei o sistema, fui de avião, aluguei uma casa e fiz um surf camp. A primeira casa que aluguei era caríssima, porque era na praia. A primeira renda eu paguei porque tinha uma data de pranchas dos patrocínios que vendi e paguei. Depois havia meses em que dava para pagar, outros que não, dependia do número de clientes. Foram 6 meses assim, depois tinha clientes e pagava-lhe as rendas.” Mas foi um negócio em Portugal que mudou tudo, um surf camp na Ericeira. “Um dos clientes que tive no Surf Camp da Foz do Lizandro adorou o que eu fazia. Era norueguês, e disse que me arranjava muita gente se quisesse fazer um surf camp com ele. Eu já estava farto de ouvir isso, por isso nem liguei. Mas nesse inverno ligou-me a dizer que já tinha um patrocínio de 30.000 euros, que já dava para comprar umas carrinhas e alugar casa na Ericeira. Começámos assim e no primeiro Verão tivemos logo 300 pessoas. Ele tinha sido snowboarder profissional e conhecia toda a gente. Entretanto eu dei-lhe sociedade no de Marrocos e ele encheu-me Marrocos de noruegueses. Mudei o surf camp para um hotel que assim ficou por nossa conta. Era um sítio onde eu ia almoçar e desafiei o dono a construir um hotel. Ele fez isso e começámos a trabalhar. Depois apareceu outro norueguês que se juntou à nossa empresa. Na altura já estávamos com uma segunda casa em Portugal e ele tinha um na Noruega que também tinha muita gente. Marrocos ficou ainda com mais gente e tudo. Começámos a abrir mais surf camps e agora já são 11 ou 12.Temos em Portugal na Ericeira e em Esposende de kite surf, Egipto também para o kite surf e Noruega. Temos três de snowboard, na Bulgária, Macedónia e Noruega, tudo La Point. De surf temos Portugal, Marrocos, Noruega e Bali, estamos a investir em comprar e construir resorts de raiz. Agora viajo pelo mundo inteiro, no ano passado passei 245 dias fora. Indonésia, Marrocos, Maldivas, Noruega, Costa Rica, são os sítios onde vou mais. Mas ainda não tive tempo para ir a muitos sítios diferentes.” Em 2011 Grilo fez o que quase todos os surfistas sonham fazer, correr o WCT! Não como competidor mas a fazer companhia ao seu grande amigo Tiago Pires. “Fui a quase todos os campeonatos ”Tahiti, Indonésia, Trestles, México, Havai, França, Mundaka.Acho que só não fui ao Brasil. Foi muita giro, conheci os meus ídolos do surf, acabei por estar na mesma casa e conviver com eles. Íamos surfar, até em Teahupoo surfei, quase obrigado pelo Taylor Knox, fiz duas ondas e vim como se tivesse ganho um campeonato. São essas viagens que marcam..” 56 _ E algo nos diz que esta aventura está longe de estar terminada... A perfeição vista de várias formas. | photo Arquivo Pessoal




Cabo Raso | photo by carlospintophoto.com



Filipe Jervis, Backside air, S. Torpes photo by carlospintophoto.com



Frederico Morais, Frontside carve, Coxos + Perfection | photos by carlospintophoto.com


Pedro “Pecas� Monteiro, Frontside barrel, Carcavelos + Empty line up photo by Miguel Soares + photo by carlospintophoto.com



Underwater human nature + Underwater nature photo by Tobias Ilsankar + photo by Sergio Villalba



Miguel Blanco + Francisca Santos | photos by carlospintophoto.com




Golden hour | photos by carlospintophoto.com



Pedro Boonman, Frontside double grab air, Carcavelos | photo by Tiago Costa


Paulo do Bairro, Frontside barrel, Coxos photo by carlospintophoto.com



Francisco Alves, Backside Tail Whip, Coxos | photos by carlospintophoto.com




Miguel Blanco, FS Barrel, Santo Amaro | photos by Zé Canário



Tomรกs Valente, Backside barrel, Supertubos | photo by carlospintophoto.com


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texto by João Rei

Dá-nos uma breve introdução à tua pessoa como artista. Quando e como começaste, o que tens feito e o que te define, te diferencia e te relaciona com a arte. Chamo-me Nuno Lorena e tenho 46 anos. Aprendi a pintar “à antiga”. Entrei para o atelier dum pintor, o Fernando Grade, que durante três anos me ensinou as técnicas de pintura a óleo e desenho. Tenhome dedicado sobretudo ao retrato. Nunca pensei muito naquilo que me define e me relaciona com a arte e agora apanhaste-me um bocado de surpresa. Diria que è a forma como vivo a arte, desde o meu horário de trabalho até a uma visita a uma galeria ou museu, que me relaciona com ela. Talvez isso seja a soma das partes que dão origem ao resultado, que acaba por me diferenciar, sob a forma do trabalho que executo e apresento. Quais os projectos que tens estado envolvido ultimamente? As encomendas de retratos não me têm deixado muito tempo livre para iniciar os meus próprios projectos. Embora o retrato seja um tema aliciante por si só, e tenha no passado feito parte de um projecto, já não è um ponto fulcral e não lhe quero dedicar todo o meu tempo. De há uns tempos para cá comecei, e tenho vindo a fazer, uma série de trabalhos que registam uma perspectiva muito pessoal do desenho e da pintura. È um “work in progress” e como esta expressão em inglês o define, está em contínua adaptação a ele próprio e a transformá-lo por força dessas mesmas adaptações. Quais os teus materiais e/ou temas preferidos? Para desenhar dou prioridade ao carvão. No caso dos retratos que costumo fazer sobre papel cinzento, também uso giz branco e se for necessário o pastel. No caso da pintura utilizo sempra a tinta de óleo sobre tela ou madeira. Que relação encontras entre o surf e a arte? É a arte que influencia o teu surf ou o surf que inspira a tua arte? Não vejo, necessariamente, uma influência ou uma relação entre elas mas, são duas coisas essenciais ao meu equilíbrio. Preciso de trabalhar por causa do impulso natural que me obriga a fazê-lo e preciso do surf como algo que me limpa as pressões do dia-a-dia e que acaba também por ter origem num impulso natural. A influência não está tanto entre elas mas sim em mim. JR

nunolorena.com nunolorena.tumblr.com 82



*Volcom Stone apresenta “Strange Brains”, uma série na web criada por surfistas.


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