Ed. 18 Setembro 2015 - O Mirante

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VALORES SIGNIFICADOS Setembro - 2015


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Setembro 2015 - Valores e Significados


Editorial Refletir sobre valores, que são complexa rede de sensores com a qual cada um de nós traduz os fatos do dia a dia, é caminhar em uma estrada ambígua que pode levar à mudança de comportamentos ou a justificá-los. O significado que uma pessoa percebe em uma ação, palavra, ou gesto é o gatilho necessário para que invista, ou não, energia para mover-se em direção a um alvo específico.

Valores atribuem significado ao mundo que habitamos. O engajamento tão desejado pelas empresas de sucesso requer um alinhamento entre os objetivos da organização com o que tem significado para cada pessoa que a compõe. Já dá para perceber como é tarefa árdua. Exige tempo dedicado a aumentar a relação entre pessoas e paciência para esperar que a confiança seja construída. Como diz o mineiro, “um saco de sal, sendo degustado um pouquinho de cada vez”. Para isso, precisamos fazer menos, porém bem-feito. Colocar foco em obter resultados, tendo como alicerce os valores éticos, as virtudes. Cada vez mais as pessoas fazem a diferença, e as equipes com sinergia é que superam as surpresas e oscilações do cenário e da economia mundial. Nesta edição trazemos para você Tabata Bandolin com um depoimento de como um momento em sua infância virou uma referência essencial e baliza sua conduta profissional. Juliana Kiefer diz que “não há resultado sem propósito, aprendizagem sem conexão e transformação sem relação de confiança estabelecida no respeito aos valores”. Marta Castilho traz uma reflexão sobre cumplicidade, interdependência e sentido de equipe. O trabalho é uma parte importante da vida adulta. Às organizações dedicamos um tempo significativo da nossa existência. Que tal transformar sua empresa em um lugar melhor para você ir todos os dias e sua equipe em uma fonte de aprendizagem contínua e alta performance?

Boa leitura

omirante@dorseyrocha.com

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Q

uando penso sobre quais foram os melhores dias da minha vida profissional logo me vem à mente uma troca de olhares de apoio, risos, sorrisos e gargalhadas escandalosas que quebravam a seriedade de momentos muitas vezes difíceis, em meio a muito trabalho sério, íntegro e de qualidade inquestionável. O brilho de um de nós estimulava os demais a seguirem em frente e a superar o impossível. A tristeza, ou apuro de qualquer um, nos instigava a ações de solidariedade e de despojamento. Tínhamos sentido de equipe. Às vezes, o pano de fundo foi uma ação de venda, outras a necessidade de enfrentar um grupo de executivos diferenciados, ou pessoas simples que esperavam uma palavra ou orientação. Dias longos, muita labuta, mas dava a certeza de fazer parte de algo muito maior do que o “eu”. Tínhamos a consciência de que um afetava o todo, e era por ele influenciado. Esse sentimento é tão raro quanto precioso e a definição que mais se aproxima é o de CUM-PLI-CI-DA-DE. A certeza de que tem alguém torcendo por você e que fará o seu melhor para não o decepcionar.

A complexidade do mundo corporativo requer energia, determinação, mente aberta, visão, foco, alta performance. Tudo em ritmo cada vez mais alucinante. Dizem as pesquisas, e os especialistas, que as empresas com melhores resultados são as que têm pessoas engajadas e com bom relacionamento. Parece tão fácil e ao mesmo tempo útil. Então porque não mudamos e construímos um clima melhor para todos nós? Porque por mais diferentes que possam ser as pessoas que compõem uma equipe, precisam ter um alinhamento claro de valores e de objetivo comum. E isto é muito difícil. Na prática, declarar e alinhar valores é a parte tranquila. Só que quando os problemas surgem, as divisões de quem fica com a melhor parte do “bolo”, o sentimento de equipe é colocado em cheque. Pode ocorrer, neste instante, que o consenso seja colocado de lado e passe a valer a força de quem é, ou não, “amigo do rei”. Mas podese, ao contrário, investir mais tempo antes das decisões finais. Po de m o s co n str uir u ma so luç ã o que gere o enga ja m ento de todos, i gu a is ou di fe rentes. Po d e mo s te r um pouc o m a i s de pa c i ênc i a e tra nsfor m a r m os a s org a n i z ações em espaços mais saudáveis, produtivos e sustentáveis.

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Setembro 2015 - Valores e Significados

Marta Castilho

Consultora Dorsey Rocha Consulting


SENTIDO DE EQUIPE:

CUMPLICIDADE E INTERDEPENDÊNCIA

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A

o refletir sobre o melhor conteúdo a ser compartilhado com você, caro leitor, cheguei à conclusão que o simples seria o mais autêntico e útil. Afinal, valores são regras que nós entendemos como as mais adequadas, ou até mesmo ideias para balizar nossas ações, escolhas e, por que não dizer, nossas vidas. Foi então que me lembrei de uma historinha simples da minha tenra infância. Um dia achei uma borracha lindinha na escola e não hesitei em levar para casa. Minha mãe, sempre muito atenta, achou aquela situação estranha e veio falar comigo. Eu, de forma ingênua, disse que havia achado. Bem, naquele dia, no jantar, meus pais me explicaram que na verdade eu a tinha encontrado, pois seguramente ela tinha um dono ou uma dona e eu deveria me empenhar em devolvê-la. Inclusive, destacaram, que essa outra criança deveria estar triste por ter perdido uma borracha tão lindinha.

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Setembro 2015 - Valores e Significados


O fato é que entendi que as coisas perdidas tinham donos e, inclusive, desenvolvi por eles empatia. Logo, em situações similares, ao longo da vida, não havia dúvida do que fazer, porque no meu repertório pessoal, aquele valor tinha um significado.

Vejo que esse é o desafio das empresas: estabelecer os valores efetivos para seus negócios e fazer com que os mesmos tenham significado. Para isso, os valor e s tê m qu e ser c h a ve d e sucesso, u ma a l terna ti va vi ável d e sustentabilidade do negócio e um caminho para atingir os objetivos financeiros. Nesse sentido, destaco dvuas experiências profissionais distintas.

Tr a ba l h e i p o r quase 1 0 an o s e m u ma o rg a n ização integrante de uma grande holding nacional, na qual o respeito ao meio ambiente era um valor. Embora isso possa soar como lugar comum, vale destacar que o principal produto daquela empresa eram itens derivados de madeira e consequentemente tinha todo um cuidado com o manejo florestal, de modo que sua principal matéria-prima fosse assegurada. Respeitar o meio ambiente não era uma opção. Era uma necessidade. Lógico que esse valor, na minha visão, não é mais opção, nos dias de hoje, a qualquer indivíduo.

É bem simples, não necessariamente fácil, selecionar o que é chave de sucesso para nossos negócios, e nossas vidas, entender os valores implícitos e traduzi-los para o dia a dia. Algo tão simples que as reações sejam quase reflexos “involuntários”. E quando c om p a rti l ha do com os colaboradores, esses valores são tão coerentes que são facilmente assimilados e principalmente praticados.

Outra experiência é o respeito à diversidade de gêneros, de idade, raça e cultura que encontrei em uma multinacional. Além de ser muito interessante e estimulante viver em um ambiente assim, ele também permite uma visão holística do mercado, poss i b i l itando à empresa atender sempre da melhor maneira aos anseios dos seus consumidores. Algo muito coerente para um grupo que está presente em mais de 60 países.

Tábata Eberl Bandolin Gerente de Marketing

tabatabandolin@hotmail.com

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Sobre relações, propósito e valores... nas organizações!

U

m di a d e sse s, tive u ma e x p er i ênc i a i nusi ta da a o c o nh e ce r u m casal ap re senta do a m i m por amigos. Eram recém- casados e se entreolh a vam com cumplicidade, sugerindo u m a harmonia invejável, que me gerou curiosidade e até certo estranhamento pela raridade com que constato tais acontecimentos. No vaivém da conversa, me contaram que o segredo do relacionamento e ra o p ro je to co mu m de v i da que ti nha m . Em sua s pa lav ra s, “nós c o n struímos o nosso propósito, aquilo que faz sentido para a nossa vida, e isso é maior do que a relação - é o que nos une. Sabemos que não somos perfeitos e que o projeto não sobreviverá sem ambos, porque a soma do melhor de cada um é o que faz com que o realizemos. Conhecemos e respeitamos os nossos valores, até onde vamos e que princípios guiarão nossas decisões diante dos desafios que aparecerem. Sim, sabemos que não será fácil, porque viver a dois nunca é, mas temos o mesmo objetivo e compartilhamos valores, e isso basta para confiarmos que dará certo”.

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Esse relato comprovou e amalgamou muitas das reminiscências que vêm me movimentando intensamente...

Trazendo para o campo organizacional, em que há uma rede de relações humanas, como esse relato pode ajudar a melhorar esses vínculos? Nunca toque numa vida se não puder perceber o que a move e a sustenta. Há sempre um sonho que traz significado à vida de cada um, e a maneira como ele se realizará passa por pessoas que imprimem sua contribuição. Depende dos valores que fundamentam até onde e com que princípios se construirá a estrada. Por tanto, se as relações são inerentes à sobrevivência das organizações, faz sentido pensarmos onde e como podemos entrar na estrada do outro, nos conectarmos com o seu sonho e ajudá-lo com aquilo que temos de melhor para construir juntos uma parte que faltava? E como fazer isso respeitando as margens da estrada, que são os valores que nos movem? Não há resultado sem propósito, aprendizagem sem conexão e transformação sem relação de confiança estabelecida no respeito aos valores. Encontrar alguém na vida é receber um incrível convite para participar da sua transformação em direção à realização do seu propósito.

A medida da sua contribuição é o quão você está preparado, integralmente, para agir, no cotidiano, com a aprendizagem que se chama vida.

Juliana Kiefer

Consultora Dorsey Rocha Consulting

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DORSEY INDICA DORSEY ROCHA indica

QUEM INDICA

Marta Castilho / Consultora Dorsey Rocha Consulting

POR QUE INDICOU

Um bom livro de cabeceira. Começa com uma não “virtude”: a polidez – que o autor trata como o início das virtudes. Depois belas reflexões sobre a fidelidade, prudência, temperança, a coragem, generosidade, gratidão, simplicidade, pureza, gentileza, boa fé.

SINOPSE

O objeto deste livro, reeditado em 2009, são as virtudes. Sem a pretensão de evocar todas elas, tampouco de esgotar uma em particular, o autor indica neste pequeno tratado – dirigido mais ao grande público que aos filósofos profissionais – as que julga mais importantes, o que são, ou o que deveriam ser, e o que as torna sempre necessárias e sempre difíceis.

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PONTO DE

VISTA Enquanto todo mundo espera a cura do mal E a loucura finge que isso tudo é normal Eu finjo ter paciência E o mundo vai girando cada vez mais veloz A gente espera do mundo e o mundo espera de nós Um pouco mais de paciência Será que é tempo que lhe falta pra perceber Será que temos esse tempo pra perder E quem quer saber A vida é tão rara (Tão rara) Paciência – Lenine (1959 – ) Oswaldo Lenine Macedo Pimentel, um cantor, compositor, arranjador, letrista, ator, escritor, produtor musical, engenheiro químico.

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O MIRANTE É UM PROJETO DORSEY ROCHA & ASSOCIADOS

Conselho Editorial: Rodolpho Rocha Marta Castilho Ádrice Fernanda Conecte-se conosco: WWW.DORSEYROCHA.COM


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