GreenWish

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Revista do Núcleo de Estudantes de Engenharia do Ambiente/AAC - 2011/12

GREEN WISH JUNHO

2012

VERSÃO A CORES: http://neeaaac.wordpress.com/greenwish/

1a EDIÇÃO

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA GREENWISH

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Ficha Técnica

Propriedade: NEEA/AAC Patrocínios: aciv Tiragem: 250 exemplares

Direção: Iris Filipa Santos Coordenadora Geral: Ana Margarida Silva Coordenadores: Clarisse Carneiro Joana Gouveia Renata Ataíde Design Gráfico: Mariana Alfafar Colaboradores: Anabela Machado Daniela Alves Elsa Neto Joana Castro José M. Rodrigues José Oliveira Laura Tarrafa Susana Sousa Tiago Pinto

Participações Especiais: Ana Sofia Correia; Prof.ª Adelaide Chichorro Ferreira; Prof. Bruno F. Santos; Cândida Silva; Daniela Pascoal; Prof. Domingos Xavier Viegas; Prof. Fausto Freire; Ina Vertommen; Ivânia Marques; Kássia Bazzo; Joana Órfão; João Rafael Abrantes; Prof. João Vieira; Jorge Isidoro; Prof. José Simão Antunes do Carmo; Lara Isabel Santos; Mariana Alfafar; Prof.ª Margarida J. Quina; Ricardo Martins; Prof. Rui F. Marques; Sarah Carneiro A. Rezende; Vanessa Lopes

Nota: O conteúdo desta edição nem sempre segue as normas do novo Acordo Ortográfico visto que até Janeiro de 2013 é facultativo escrever-se com o mesmo.

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Editorial Esta é a primeira edição da GreenWish, uma revista criada pelo Núcleo de Estudantes de Engenharia do Ambiente visando promover o curso, mas acima de tudo incentivar a comunicação entre os estudantes, o NEEA e os docentes, acabando desta forma por se transformar numa “interface” entre o curso e a sociedade civil. A GreenWish surgiu no seio do pelouro das relações externas e cresceu com o apoio e participação de elementos do núcleo, professores e colegas que se disponibilizaram para ajudar este pequeno projecto a erguer-se.

O seu conteúdo é de índole ambiental, académico, cívico e cultural, e juntamente com os blogs do NEEA, adensa a nossa rede informativa para estabelecer uma ponte entre o curso e o Mundo. Espero que apreciem esta colectânea que temos para vos oferecer e convidamos desde já, cada um de vós, a participar numa próxima edição da GreenWish, para isso basta entrarem em contacto connosco.

Obrigada pelo vosso apreço, Iris Filipa C.M Santos

Equipa NEEA 2011/12 (faltam elementos)

Da esquerda para a direita, cima para baixo: Iris Santos (Coordenadora Relações Externas), Tiago Pinto (Coordenador Desporto), João Correia (Secretário), João Félix (Presidente Mesa Plenário), José Rodrigues (Presidente), Laura Tarrafa (Vice-Presidente), Anabela Machado (Colaboradora Cultura), José Pacheco (Colaborador Pedagogia); Elsa Neto (Coordenadora Pedagogia), Joana Andrade (Coordenadora Lazer), Renata Ataíde (Colaboradora Relações Externas), Daniela Alves (Colaboradora Desporto); Susana Sousa (Coordenadora Cultura), Ana Silva (Colaboradora Relações Externas), Clarisse Carneiro (Colaboradora Relações Externas), Joana Castro (Tesoureira), Andreia Canadas (Colaboradora Lazer), Américo Pinho (Colaborador Pedagogia).

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ACTIVIDADES NEEA/AAC (7-39) Recepção ao caloiro Visita dos caloiros: Museu Académico e Paço das Escolas Actividade de Ténis Festa das Latas e Imposição de Insígnias 2011 Praxe Castanhas e Jeropiga, reinam no DEC Somos UC, Somos AAC No dia 24 de Novembro os estudantes saíram à rua. Tomada da Bastilha Visita à Central Termoeléctrica de Lares Semana da Ressaca Sessão de Esclarecimento da Ordem dos Engenheiros Engenharia do Ambiente, que futuro? Workshop Danças de Salão Noite Cultural-CCCP, Pólo II Gouveia tem mais encanto… Visita à ETAR do Choupal/Como funciona uma ETAR? O Desporto no NEEA/AAC

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AMBIENTE E SOCIEDADE (41-75) Potencial da Energia offshore em Portugal Transformar aterros em fábricas de recursos alternativos Cozinha solar: menos gás = mais desafios? Soltas Design Sustentável-Entrevista Radão e Ambiente Ano Internacional da energia sustentável para todos e RIO+20 A Prevenção dos Incêndios Florestais Desastre Nuclear em Fukushima Gestão de resíduos sólidos em Portugal e na Europa Dejectos de animais, uma Fonte Energética Alternativa Inovação para uma Mobilidade Zero Cidades Inteligentes A relevância de Pensar em termos de Ciclo de Vida Energias Renováveis em 2011 Resíduos nanométricos ao serviço dos tijolos – um percurso

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PERCURSO ACADÉMICO (77-97) 78 81 85 87 90 93 96

Engenharia do Ambiente: o que é e o que poderia ser na FCTUC Uma experiência académica diferente: ERASMUS IAHR Teses de Mestrado em MIEA E a seguir ao curso? O que fazer? Em busca do primeiro Emprego... Conclusão do curso: Ex-aluna do MIEA: Entrevista Resultados do Questionário: “Empregabilidade dos formados no MIEA,FCTUC”

CULTURA E LAZER (99-104) Recomendações de Livros Filmes Premiados no festival CineEco Sugestões de filmes

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ACTIVIDADES NEEA/AAC

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Actividades NEEA

Recepção ao caloiro A semana da matrícula foi para muitos o primeiro contacto com a Universidade de Coimbra, realizada pela primeira vez na sua globalidade no pólo I, o Átrio das Químicas albergou as habituais bancas dos núcleos predispostas para auxiliar os caloiros nesta nova etapa. Como tal o NEEA/AAC preparara um kit repleto de informações úteis para facilitar na adaptação. Contudo, não era só isso o que tínhamos ajeitado para os novos membros da UC. Na semana seguinte, de 26 a 29 de Setembro, realizou-se a semana de recepção ao caloiro, pensada especialmente nos novos estudantes, a

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semana abrangia de tudo um pouco que se pode esperar de Coimbra, a começar pela praxe, passando pela cultura e acabando na noite, nada foi deixado de parte para facilitar na adaptação a esta nova etapa da vida. O NEEA/AAC esteve presente no início, bem como estará ao longo do teu percurso académico. Sempre que precisares de ajuda estaremos aqui para te auxiliar da melhor maneira e como o conseguirmos. São cinco os pelouros ao teu dispor, descobre em como te podem ajudar. Redação por Clarisse Carneiro

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Visita dos caloiros: Museu Académico e Paço das Escolas O dia 27 de Setembro de 2011, integrado na semana de recepção ao caloiro 2011/2012, foi mais um dia que o NEEA/AAC considerou importante para os caloiros. Importante para o conhecimento, formação cultural e integração dos mesmos e de todos os estudantes que nele participaram. Uma vez que a Universidade de Coimbra está intimamente ligada à Alta Universitária no seu conjunto arquitectónico, coube ao NEEA dar a conhecer o Museu Académico e o Paço das

Fonte imagens:www.uc.pt

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Escolas onde se inclui a Faculdade de Direito, a esplêndida Biblioteca Joanina e a Prisão Académica. O Paço das Escolas aglutinou em 1544 todas as faculdades da Universidade de Coimbra. A visita possibilitou conhecer a Sala dos Capelos ou Sala dos Grandes Actos, principal sala da Universidade, utilizada nas cerimónias académicas como doutoramentos solenes. Também dada o extremo interesse, a Biblioteca Joanina, foi alvo de visita, é uma biblioteca do século XVIII situ-


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ada no Pátio da Faculdade de Direito, apresenta o estilo rococó, reúne cerca de 70 mil volumes e é considerada numa das mais belas da Europa. No Museu Académico foi possível estabelecer contacto com colecções de trajes académicos, fotografias e documentos que relatam a história e vida académica dos estudantes da Universidade de Coimbra ao longo dos tempos. Foi um local que despertou muita curiosidade entre todos, uma vez que este preserva valores culturais da comunidade académica.

A actividade na sua globalidade teve muita afluência e o término deu-se em altitude, depois de encaminhados à varanda, na proximidade da Sala dos Capelos, onde se avistou a belíssima cidade de Coimbra e o Mondego na sua plenitude! Uma vista magnífica! Ao fim do dia, o sentimento dos participantes foi unânime: seria imensamente desgostoso estudar e viver o dia-a-dia na harmoniosa Cidade de Coimbra sem conhecer a sua história, a sua envolvência, cultura e beleza.

Redação por Susana Sousa

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Actividade de Ténis

O pelouro de desporto do NEEA/AAC, entre as muitas actividades sugeridas e discutidas para realizar durante o 1º semestre, teve a ideia de pegar em desportos não muito divulgados na comunidade estudantil, surgindo assim o plano para o ténis. Realizar uma actividade competitiva nesta área foi logo excluída, pois corria o risco de não ter participantes. Então, a proposta era preparar umas actividades de iniciação para que os nossos colegas pudessem experimentar e praticar este desporto, de forma a criar

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o gosto e consequentemente, fazer algo que dinamizasse esta modalidade, bem como divulgar os campos de ténis do estádio universitário. Para tornar possível a realização da actividade foi essencial o apoio do presidente da secção de ténis, Eduardo Cabrita, que emprestou o material necessário para a prática assim como o espaço. A actividade realizou-se à noite atendendo à disponibilidade dos alunos e evitando colisões com o horário das aulas e pela maior disponibilidade de courts.


Actividades NEEA

Com apenas seis participantes, decorreram no dia 13 de Outubro, às 20h, nos campos cobertos de ténis do Estádio Universitário de Coimbra, as actividades de iniciação com o objectivo de dar a conhecer as técnicas essenciais do ténis e algumas regras. Começou com uns exercícios de adaptação à raquete, umas lições de pega da raquete, postura e movimento em campo. E a pouco e pouco os participantes mostravam cada vez mais fluidez no movimento, capacidade de resposta e com certeza ficaram admirados com a sua prestação, concluindo que afinal não é complicado saber fazer o necessário para conseguir jogar e deixaram de lado o “mas eu não tenho força de braços”, a típica frase quase dita inicialmente por todos. No final os participantes já se sentiam bem mais à vontade em campo e o bichinho da competição foi aparecendo.

Após quase 2h30 a praticar, a correr de um lado para o outro, a transpirar, a apanhar bolas, a atirarem bolas… Mostraram-se todos muito satisfeitos com a actividade e com vontade de repetir a experiência. Conseguimos, dentro do que podíamos fazer, possibilitar a prática do ténis aos estudantes de Engenharia do Ambiente interessados em participar. Para quem nunca tinha experimentado, praticar pela primeira vez, e para quem já tinha praticado simplesmente aproveitar a oportunidade e divertir-se, pois é para isso que trabalhamos.

Redação por Daniela Alves

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Festa das Latas e Imposição de Insígnias 2011 De 27 de Outubro a 2 de Novembro realizouse mais uma Latada. Kaiser Chiefs, Gabriel o Pensador, Expensive Soul, Os Azeitonas, José Cid e, pois claro, Quim Barreiros foram algumas das bandas que actuaram no palco principal da Festa das Latas e Imposição de Insígnias 2011. O NEEA/AAC esteve presente com um tema alusivo ao Rock n’Roll dos anos 80. O Hard Ambiente, bem como as suas “Safadonas” estiveram em grande na tenda dos núcleos! Sex, drugs and alcohol aliados à Jeropiga proporcionaram, para muitos, uma das melhores Latadas na sua passagem por esta encantadora cidade. Contudo a Latada não é só feita da noite, o cortejo que decorreu no passado 1 de Novembro convidou as pessoas à rua a desfrutarem de um belo dia de sol, bem como das fantasias incorporadas pelos caloiros elaboradas com alguma crítica social. E quando aquela enchente de pessoas finalmente desaguou junto ao Mondego, para alguns soaram as palavras que oficializariam o início da vida praxísta, para outros lançaram-se os nabos ao rio carregados de nostalgia de 3 curtos anos que pouco ou nada faltam para completar, pois “mesmo que não te lembres... começou aqui”. Redação por Clarisse Carneiro

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Praxe

A Praxe Académica da Universidade de Coimbra é uma tradição secular da qual grande parte de nós faz parte, tendo como principal objetivo integrar o caloiro na vida académica. À praxe só adere quem o desejar, mas ao aderir tem de a respeitar em todas as suas vertentes sem nunca esquecer: “Dura Praxis, Sed Praxis”. É nesta parte que entram aqueles seres aterradores, os chamados “doutores”. Com tanto ou ainda mais medo e ansiedade no primeiro dia do que aqueles que cá chegam pela primeira vez,

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são eles os principais responsáveis por cumprir e transmitir a essência da praxe.

bilidade, perante os que virão e, acima de tudo, perante o bom nome da Universidade de Coimbra.

Aos recém-chegados, apenas é pedido respeito e disponibilidade. A vontade de aprender de cada um irá definir o encanto que Coimbra terá aos seus olhos.

Já nós, tentamos, como outras gerações o tentaram. Se acham que falhamos, que não foi bom o suficiente, para o ano façam melhor mas tenham sempre em mente que Coimbra não é só feita de “copos”. Há tempo para tudo e que, acima de tudo, “na praxe não se fazem amigos, criam-se amizades”!

Para os que queimaram as fitas, o “rasganço” avizinha-se, e a estes deixamos o nosso apreço e felicidades, pois de alguma maneira contribuíram na aprendizagem de muitos. Aos “pastranos”, queremos relembrar que vocês serão os responsáveis por nutrir as mentes dos que ainda estão por vir. Praxar é uma responsa-

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Redação por Clarisse Carneiro


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Castanhas e Jeropiga, reinam no DEC Chegado o dia 11 de Novembro, o Departamento de Engenharia Civil da UC, recebe um atividade conjunta dos dois núcleos que sedeia: o NEEA/AAC e o NEEC/AAC, o Magusto do DEC. Esta atividade desenrolou-se tarde a dentro proporcionando o convívio entre futuros Eng. Civis e futuros Eng. do Ambiente, bem como o corpo Docente do departamento, contando com um pequeno torneio de matraquilhos e claro a indispensável castanha e jeropiga, para as quais a fila de espera parecia não cessar. Neste dia ambos os núcleos trabalharam lado a lado, e as célebres escadas do departamento preencheram-se em amena cavaqueira com pessoas dos dois cursos, e até mesmo estudantes de outros departamentos se juntaram a nós atraídos pelo cheiro a castanha assada. Foi uma atividade, que se virmos do ponto de vista económico, dá mais trabalho que lucro, mas do ponto da criação de ligações entre aqueles que frequentam o DEC, um sucesso garantido. Redação por José Oliveira

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Somos UC, Somos AAC Opinião

por José Oliveira

A partir do momento em que efectuamos a matrícula na Universidade de Coimbra, somos automaticamente sócios da sua Associação Académica de Coimbra, ou vulgarmente conhecida por AAC, que festeja em Novembro de 2012, 125 anos de existência.

a TvAAC, mas também mais activista como a Defesa dos direitos Humanos ou o Grupo ecológico, entre outras, são uma grande fonte de informação, formação e enriquecimento pessoal, cuja aplicação na vivência diária é mais que possível, e quiçá útil num futuro emprego.

Quantos de nós ainda não visitaram os jardins da AAC? Quantos de nós não recorreram ao núcleo de estudantes por qualquer motivo? Quantos de nós não choraram ao ouvir a serenata monumental ”Balada da Despedida”, ou festejaram a cantar o “Traçadinho” dos mesmos intérpretes, a Estudantina? Muito poucos certamente, mas se calhar muitos não têm a noção de que tudo isto é património, secções culturais e desportivas, bem como organismos, pertencentes à Associação Académica, que funcionam em prol de todos os estudantes da UC e aos quais te podes afiliar e enriquecer a tua experiencia académica.

O envolvimento com a associação é algo de extrema importância, permitindo não só o acesso a formações, desenvolvimento de competências, como a criação de uma rede de contactos em diversas áreas, mas acima de tudo, é uma forma de lutares pelos teus interesses, dos teus colegas e do teu curso, mas também como os nossos 125 anos de história o demonstram, de fazer diferença no nosso país, de garantires a melhor qualidade no teu ensino e a mais à vanguarda. Tu é que decides se a tua Instrução Universitária se restringe às quatro paredes da sala de aula, ou aos diversos campos da tua vida. Lembra-te que não se está unicamente a formar um profissional, mas também uma pessoa.

Fundada a 3 de Novembro de 1887, actualmente composto por 26 núcleos e por uma vasta secção desportiva, composta por inúmeras e diversas modalidades as quais te podes associar, bem como uma série de secções culturais com um carácter mais artístico como cinema, teatro, música, fotografia, ou informativas como A Cabra (jornalismo), a RUC (rádio da UC) e

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No dia 24 de Novembro os estudantes saíram à rua.

Na sequência da moção apresentada pela DG/ AAC na assembleia magna do dia 7 de Novembro, a Associação Académica de Coimbra juntou-se à manifestação nacional convocada pela central sindical CGTP, fazendo história no número um da Padre António Vieira. Os estudantes tomaram consciência que os ataques à classe trabalhadora, logo às famílias, desencadeiam uma elitização crescente no ensino superior. Se não vejamos, somos o 3º País da EU com o valor das propinas mais alto, que não pára de aumentar de ano para ano. E somos o 2º no qual as famílias mais investem no ES. Esta situação agrava-se quando o subfinanciamento estatal põe em causa o papel e a qualidade do ES. Por isso, nos dias que antecederam a manifestação o NEEA, percebendo o papel fundamental que tem na consciencialização dos estudantes, foi falar às salas de aula, alertando para a importância da participação de todos.

Assim, no dia marcado os estudantes estiveram presentes em Lisboa, partindo do Marquês rumo à Assembleia da República. Presenciámos alguns tumultos, o que me fez recordar algumas histórias do tempo da outra senhora, mas também amizade, solidariedade, fraternidade, camaradagem, coragem e consciência social. Hoje, volvidos seis meses, a vida dos estudantes e das suas famílias não está melhor. Atormentam-nos com a palavra Troika, crise e austeridade. As propinas aumentam, as bolsas tardam mas os estudantes resistem. As sociedades só serão realmente desenvolvidas quando o seu povo for instruído, só serão igualitárias quando o seu povo é instruído. Tal como diz o pensador Derek Bok “Se acham a educação cara, experimentem a ignorância”. Com certeza que não vão gostar. Por Laura Tarrafa

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Tomada da Bastilha

No século XX, a Associação Académica de Coimbra encontrava-se sediada no rés-do-chão do antigo edifício do colégio de São Paulo, situado na rua Larga, onde mais tarde o mesmo viria a dar vida à actual Bibli oteca Geral e ao Arquivo da Universidade de Coimbra. Se por um lado os estudantes da Académica possuíam as suas instalações num rés-do-chão minúsculo e sem condições, já nos restantes andares do mesmo edifício isso não acontecia. Aí encontravam-se o Clube dos Lentes, os

Fonte imagens:www.acabra.net

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grandes mestres da sabedoria instalados em salas espaçosas e de extremo requinte. Dado a tal facto, reinava então nos estudantes o puro descontentamento, fruto de tal injustiça social. Era então por este motivo que, muitas foram as vezes que os mesmos reclamaram por um espaço mais digno. No entanto, como resposta obtinham infinitas promessas que se encontravam longe de ser concretizadas. Tal indignação levou a que os estudantes desenvolvessem um plano de acção, de modo a reivin-


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dicarem aquilo que achavam seus por direito. E assim foi: na madrugada do dia 25 de Novembro de 1920 um grupo de estudantes, liderados por Augusto da Fonseca Júnior, antigo estudante de Medicina e ex-dirigente associativo, tomaram posse das instalações dos andares acima da antiga sede da AAC. Esta acção foi de tal modo organizada que, enquanto um grupo de estudantes ocupava o antigo Clube dos Lentes, outro ocupava a Torre da Universidade, e os restantes controlavam a área e distraíam as autoridades civis e académicas que porventura pudessem ali aparecer. Após o sucedido foi dada ordem para os ocupantes da Torre tocarem a “cabra”, de forma a mobiliza-

rem a restante Academia para festejar tal feito. Ainda nesse dia foi enviado um telegrama ao Presidente da República a dar conhecimento do ocorrido, tendo este uma postura de congratulação pelo mesmo, não tendo o Senado Universitário outra hipótese que não a de conformação. E assim aconteceu aquela a que veio ser chamada de “Tomada da Bastilha” e que é comemorada anualmente em Coimbra.

Por José M. Rodrigues

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Visita à Central Termoeléctrica de Lares Com partida de comboio marcada para as 13:45h em Coimbra, os alunos de Engenharia do Ambiente descolaram-se a Lares, para a visita à Central Termoeléctrica. A Central Termoeléctrica de Lares situa-se na margem direita do rio Mondego, na localidade de Lares. Foi construída neste local pela sua proximidade a um centro urbano, a um rio e a uma rede e armazenagem de gás natural (Carriço), pela sua viabilidade de cumprimento de legislação ambiental aplicável e pela boa inserção na rede nacional de transportes. Utiliza como combustível o Gás Natural (consumindo cerca de 58,32 ton/h) e alimenta vários pontos do país, gerando uma produção anual de electricidade de cerca de 4000 GigaWatts/hora.

A visita foi iniciada às 15:30h pelo Engenheiro João Andrade, responsável pela manutenção, numa sala de conferência localizada no edifício da administração e de controlo. O Engenheiro começou por fazer uma apresentação acerca da central, da sua produtividade, influência energética, impactos ambientais (poluição sonora e aumento controlado da temperatura da água do rio) e de outros projectos da EDP. De seguida, foi feita uma visita guiada à Sala de Controlo e ao Grupo II da Central, onde se pôde observar o Transformador Principal, o Condensador e a Turbina a Vapor e Gás. A visita terminou por volta das 18:30h e os alunos regressaram novamente de comboio a Coimbra. Sendo a EDP, a empresa ex-líbris das Energias em Portugal, infere-se automaticamente pela opinião dos participantes que a visita foi deveras produtiva e interessante sobretudo pela discussão criada. Durante a visita discutiram-se com muita importância os aspectos ambientais ligados à produção da Central, uma vez que até na construção da mesma foi extremamente necessária uma avaliação de impacte ambiental. O ruído também foi tema de diálogo, pois é considerado dos únicos aspectos apontados como negativos

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pela população envolvente à mesma. E como solução foram consideradas medidas de minimização de forma ao limite de ruído gerado não ultrapassasse os 65 dB. Por outro lado, o aumento da temperatura da água do rio pela produção da Central foi considerado desprezável, tendo estado sob controlo durante os primeiros anos. Estudos indicaram reduzidas emissões de poluentes atmosféricos, um aspecto muito positivo no desempenho ambiental do sistema. Também foram relembrados e aplicados conceitos já adquiridos no curso, particularmente aspectos mecânicos, termodinâmicos como o funcionamento de uma central termoeléctrica

constituída por 2 grupos de tecnologia “ciclo combinado” com queima de gás natural. Manifesta-se como uma solução fiável para garantir o abastecimento de energia eléctrica ao país e corresponder ao previsível aumento do consumo de energia. Contando, é claro, também com a produção em aproveitamentos hidroeléctricos ou cogeração. Em suma, a construção desta Central foi mais um desafio do Grupo EDP com vista à produção de energia eléctrica a preços competitivos, acompanhada de grandes exigências ambientais e que apoia, portanto, o desenvolvimento da economia. Imagem e Redação por Renata Ataíde

Semana da Ressaca

Durante a primeira semana de aulas do 2º semestre decorreu a 4ª edição da Semana da Ressaca, na qual se recarregaram as energias depois de uma intensa época de exames. No dia 13 de Fevereiro foi noite de Karoke no Bar Insónias, onde quem perdeu a vergonha cantou e encantou a noite. No dia 14 estava programada a Mega Praxe, contudo teve que ser cancelada, pois foi declarado luto académico. O dia 15 foi para muitos o mais esperado: o dia do Peddy Tascas! Houve bastante aderência, tendo sido uma tarde de muita loucura, mas também uma oportunidade para as equipas conhecerem melhor a baixa desta cidade que nos acolhe. A equipa vencedora foi a “Ups…Greguei-me!”. No último dia, deu-se o jantar de curso seguido de convívio no Tapas, organizado pelo carro Alcoolsustenta-te. Tenho a agradecer a todos os que ajudaram na realização desta semana, e claro, aos que nela participaram, porque sem vocês nada disto teria sido possível. Redação por Joana Andrade 1a EDIÇÃO

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Sessão de Esclarecimento da Ordem dos Engenheiros No dia 22 de Fevereiro de 2012, pelas 14 h, o NEEA/AAC organizou no Auditório Laginha Serafim do Departamento de Engenharia Civil a “Sessão de Esclarecimento: Admissão à Ordem dos Engenheiros” a qual teve como ilustres convidados: Eng.º. Octávio Magalhães Borges Alexandrino, Presidente da Ordem dos Engenheiros da Região Centro, Prof. Doutor Raimundo Mendes da Silva, Presidente do Departamento de Engenharia Civil e o Prof. Doutor José Alfeu Almeida Sá Marques, Coordenador do Curso do MIEA. Nesta sessão, os alunos do MIEA puderam ver esclarecidas as suas dúvidas acerca do ingresso nesta instituição que celebra 75 anos. Para os que não puderam estar presentes ficam aqui as questões abordadas: Porque é que devo ingressar na OE? A OE é a Associação Profissional que regula a actividade profissional dos Engenheiros em Portugal, garantindo que os engenheiros nela inscritos desempenham a sua actividade de forma responsável. A pertença à OE proporciona não só um reconhecimento de excelência do engenheiro perante a sociedade, mas também perante os outros profissionais da engenharia. Enquanto estudante de Engª. já posso ser membro da Ordem dos Engenheiros (OE)?

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Sim, a OE possibilita a qualquer estudante de curso superior de engenharia a oportunidade de pertencer à mesma através do Membro Estudante. Este submete-se a uma cota anual de 12€ podendo usufruir de descontos na participação de actividades desenvolvidas pela OE bem como a obtenção gratuita da revista trimestral Ingenium. A OE acredita cursos? O MIEA encontra-se acreditado pela mesma? Até há bem pouco tempo, alguns cursos de engenharia eram acreditados pela OE permitindo aos graduados da mesma tornarem-se membros efectivos da instituição sem ser necessário efectuar qualquer prova de ingresso, apenas tinham que se dirigir à OE para se tornarem membros. Contudo, com a criação da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) a OE deixou de efectuar a acreditação de cursos. Porém,


Actividades NEEA

a A3ES recorre ao parecer da OE na acreditação das engenharias, sendo a acreditação do curso pela A3ES uma mais valia na hora de concorrer à OE. Actualmente, o MIEA já apresentou o seu processo para a acreditação pela A3ES. Como é que posso ingressar na OE? De acordo com o novo Regulamento de Admissão e Qualificação da Ordem dos Engenheiros que entrou em vigor no passado dia 1 de Setembro de 2011, qualquer engenheiro de grau académico de licenciado (ou equivalente legal, num ciclo de estudos anterior à reforma do ensino superior), mestre ou doutor em engenharia pode se candidatar à OE (artigo 5º). “A admissão como membro efectivo ou como membro estagiário de uma especialidade depende de:

a) Avaliação curricular individual; b) Nos casos em que a avaliação curricular individual demonstre existirem lacunas relevantes no currículo do candidato em áreas consideradas essenciais para o exercício profissional na especialidade de engenharia que o candidato pretende integrar, realização de prova de avaliação de conhecimentos, aptidões e competências.” (Artigo 6º) Os candidatos aprovados nas provas de admissão têm direito a ser inscritos como membros efectivos ou estagiários e a realizar um estágio nos termos previstos no Regulamento de Estágios da Ordem dos Engenheiros. Os candidatos aprovados que possuam mais de 5 anos de experiência profissional podem requerer ao Bastonário a dispensa da realização do estágio. Apos a realização (ou não) do estágio os candidatos devem frequentar o Curso de Ética e Deontologia Profissional promovido pela Ordem e prestar as respectivas provas, estando a inscrição como membro efectivo condicionada pela conclusão deste curso. (Artigo 9º).

Por Clarisse Carneiro

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Engenharia do Ambiente, que futuro? Ordem dos Engenheiros namento da Universidade de Aveiro, Professor António Guerreiro de Brito, Professor Auxiliar do Departamento de Engenharia Biológica da Universidade do Minho, e Doutor Fernando Leite, Administrador Delegado da LIPOR Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto.

Na comemoração dos 75 anos da sua fundação, a Ordem dos Engenheiros tem vindo a fazer uma retrospectiva à sua instituição relembrando a necessidade e traçando o futuro de cada um dos colégios que fazem parte desta instituição de renome. Engenharia do Ambiente, que futuro? – Organizado pelo Colégio de Engenharia do Ambiente da Ordem dos Engenheiros, realizou-se no dia 21 de Março no auditório da sede regional da Ordem dos Engenheiros no Porto. A sessão contou com o presidente do colégio de Engª. do Ambiente Luís Marinheiro, Professor Doutor Fernando Santana, Diretor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, Professor Carlos Borrego, Diretor do Departamento de Ambiente e Orde-

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Questionados sobre o futuro da Engª. do Ambiente os convidados analisaram o ensino desta engenharia, a nova realidade pós-Bolonha no ensino da mesma e as várias vertentes da Engª. do Ambiente. De acordo com o Professor Doutor Fernando Santana, a Engª. do Ambiente é a “Engenharia que estuda os problemas do ambiente de forma integrada, nas suas dimensões ecológica, social, económica, tecnológica e global para a promoção de desenvolvimento sustentável” O crescimento da população e urbanização, expansão económica e consumo de recursos, desenvolvimento tecnológico, avaliação de risco e recursos hídricos, bem como urbanos foram apontados como fulcrais nos anos vindouros para a prática da Engª. do Ambiente que, embora jovem, parece ser uma das engenharias mais promissoras.

Redação Clarisse Carneiro


Actividades NEEA

Workshop de Danças de Salão

Evento coordenado por dois alunos do MIEA que praticam esta actividade. Estiveram presentes apenas 2 participantes, dada a época de frequências e trabalhos em que os alunos se encontravam. Numa próxima edição desta actividade esperamos encher a sala do Centro Cultural Dom Dinis.

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Actividades NEEA

Noite Cultural Centro Cultural Casa da Pedra, Pólo II

No dia 28 de Março, o NEEA/AAC foi pioneiro na realização de uma actividade de cariz cultural no Pólo II, mais concretamente no C.C. Casa da Pedra. Sensível ao alerta do Sr. Administrador cessante Dr. Jorge Gouveia Monteiro respeitante à falta de iniciativas dinamizadoras do mesmo surgiu a oportunidade de animar uma noite com o grande apoio de duas Tunas, a Quantunna-Tuna Mista da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra e a Estudantina Feminina da Secção de Fado/ AAC. Também, não descurando a prática de um dos típicos jogos tradicionais, realizou-se um torneio de Sueca que contou com muitos partic-

ipantes. As actuações foram muito aplaudidas e os cânticos alegraram a noite toda. Em suma, para além de ter constituído uma iniciativa lúdico-cultural, permitiu aproximar os estudantes da “Casa da Pedra”, apelidada assim pelos mesmos, estabelecendo a ligação com a designação de “Centro Cultural”, esquecida muitas vezes pela associação do espaço como mero local de refeições.

Redação Susana Sousa

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Gouveia tem mais encanto… No último fim-de-semana do mês de Março, o Núcleo de Estudantes de Engenharia do Ambiente da Associação Académica de Coimbra (NEEA/AAC), promoveu pelo 5º ano consecutivo a realização de mais um fim-de-semana em Gouveia, no parque natural “Curral do Negro”. A escolha desta cidade para a realização daquele acontecimento esteve diretamente relacionado com o facto do nosso amigo e colega Pedro Pacheco ser de Gouveia, e por ter sido ele a promover desde 2008, este fim-de-semana diferente entre a comunidade de Ambiente. A quinta edição do FDS Radical contou com a

participação de 30 pessoas de Ambiente mais 3 estudantes de fora. Na noite de sexta-feira, 30 de Março, os participantes tiveram oportunidade de fazer a actividade mais alucinante de Gouveia, a orientação nocturna que decorreu fora do parque. Depois dessa atividade, a noite prosseguiu com animação nocturna. Contámos com a presença do nosso amigo e colega DJ Luís Girão. As emoções mais fortes estavam reservadas para o dia de Sábado, dia 31 de Março, com a realização de muitas actividades radicais no Parque “Senhora dos Verdes”. As atividades foram: Rappel, Paintball, Slide, Circuito de Pontes, Zarabatana e Tiro ao arco. A noite de sábado foi animada com o mítico Karaoke e prolongou-se pela noite fora. No Domingo, dia 1 de Abril, foi hora de fazer as malas, despedir de Gouveia e regressar à cidade dos estudantes. O fim-de-semana organizado pelo NEEA, tratase de uma actividade única onde os participantes passam por experiências de carácter lúdico, desportivo, cultural e onde existe uma promoção de ligações afectivas entre os participantes e também com toda a natureza envolvente. Algo imperdível, que não pode acabar aqui. Até para o ano, Gouveia! Redação por Joana Castro

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Actividades NEEA

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Visita à ETAR do Choupal

A água é um bem essencial à vida e à sobrevivência dos seres vivos, sendo a sua gestão cada vez mais estratégica. A construção de estações de tratamento de águas residuais é essencial para a manutenção da qualidade das águas. A água depois de tratada é lançada nos meios receptores, como por exemplo o mar, rios, lagos onde pode ser utilizada para diversos fins tais como o consumo humano, razão pela qual o tratamento e destino final de águas residuais constituem um serviço público importante. Assim, o NEEA/AAC no passado dia 11 de Abril organizou uma visita técnica à Estação de Tratamento de Águas Residuais do Choupal, em Coimbra. Esta ETAR é considerada a mais antiga e a maior infra-estrutura de Coimbra, funcionando desde 1992. A ETAR do Choupal, enquadrada numa zona verde, recebe os esgotos da zona Norte do concelho de Coimbra e de uma parte da zona Sul. Após esta visita, ficámos a perceber melhor como funciona na prática uma ETAR. Conseguimos verificar na realidade o que aprendemos nas aulas teóricas, tendo sido uma experiência bastante enriquecedora.

Redação por Joana Castro

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Actividades NEEA Como funciona uma ETAR?

1º - Tratamento Preliminar: o processo de tratamento começa com a recepção do caudal, na chamada obra de entrada. É aqui que os lixos grosseiros são retidos nas grades e tamisadores. A água colectada é encaminhada por dois canais, desarenadores e desengordadores, onde ocorre a remoção de areias e gorduras. Os desperdícios retidos nos crivos, são encaminhados para aterros sanitários;

uais. Depois dos leitos percoladores, a água é encaminhada para os decantadores secundários. Nesta fase, a água apresentada está pronta a regressar ao seu meio natural, neste caso ao rio Mondego, através de um canal;

2º - Tratamento Primário: A água, com matéria orgânica, segue para dois decantadores primários. É nesta fase que começa a produção de lamas e a separação de partículas pesadas da água, que acabam por se sedimentar no fundo do decantador;

5º - O biogás libertado pelas lamas nos digestores é recebido por dois gasómetros. A maior parte do biogás é utilizada para produção de energia.

3º - Tratamento Secundário: Dos decantadores primários, a água passa para os leitos percoladores, sofrendo um tratamento biológico. Os leitos percoladores, são grandes estruturas cilíndricas cheias de pequenas pedras. Conforme a água é escorrida por cima das pedras, forma-se uma película biológica, designada por biofilme. Este sofre de suporte aos microorganismos, que em contacto com o ar se encarregam de remover a matéria orgânica dissolvida nas águas resid-

4ª - As lamas continuam o seu percurso nos digestores, onde ocorre um processo biológico, libertando biogás;

6º - Existe também, uma microturbina de cogeração que transforma o gás em energia eléctrica, alimentando a ETAR. Assim, torna esta infra-estrutura quase auto-sustentável em termos de matéria energética. 7º - As lamas que não entram na produção de biogás são despejadas no leito de secagem, onde são utilizadas para valorização agrícola.

Por Joana Castro

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O Desporto no NEEA

O Desporto é muito mais complexo do que parece e envolve muitas mais variáveis do que possamos pensar, é importante não só para o nosso desenvolvimento físico, assim como para uma vida saudável, mas também na forma como lidamos com os outros, quer como forma de entretenimento quer a nível competitivo. Tornase, por isso, uma ferramenta importante para o nosso desenvolvimento intelectual. É tendo em conta estes conceitos que o Pelouro do Desporto do NEEA/AAC programa as suas actividades, tendo como objectivo, a interacção dos alunos dos diferentes anos do MIEA. Assim, no 1º semestre tínhamos planeado as seguintes actividades: • • •

Torneio de Futebol de 7 Torneio de Street-Basket 3x3 Actividade de Ténis

Os torneios de Futebol de 7 e de Street-Basket seriam um Projecto Multidesportivo e decorreriam em simultâneo. Este projecto inseria-se nas actividades da Festa das Latas e Imposição de Insígnias, em que as equipas vencedoras venceriam bilhetes para o recinto da Festa das Latas e Imposição de Insígnias e ainda representariam o Curso no Campeonato Universitário.

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Contudo não tivemos adesão nestas actividades, pelo que tiveram de ser canceladas. Ainda assim, não deixamos de ter representatividade no Campeonato Universitário, tivemos uma equipa feminina de Voleibol, uma equipa Masculina de Futebol de 7 e uma representante no Ténis.

Voleibol

No Voleibol tivemos a representação feminina da Anita Leite, aluna do 2º ano, que capitaneou a sua equipa, constituída pela caloira Isabel Valério, as alunas do 2º ano, Inês Duarte, Raquel Ferreira e Vanessa Cardoso e ainda da Joana Lopes, aluna do 3º ano, ao 2º lugar do campeonato, tendo defrontado e vencido as equipas de Engenharia Mecânica, Biologia e chegando assim à final onde perderam por dois sets contra a equipa de Desporto.

Ténis

No Ténis, a Daniela Alves, aluna do 2º ano e colaboradora do Pelouro do Desporto do NEEA/ AAC, arrecadou o 2º lugar na competição de Ténis individual. Tendo vencido até à final alunas de Economia e de Engenharia Mecânica do ISEC, sendo que na final perdeu por dois sets ambos com parciais de 6-2.


Actividades NEEA

Futebol de 7

No Torneio de Futebol de 7 a equipa formada por alunos de Engenharia do Ambiente, essencialmente alunos do 4º ano, Camilo Silva, João Duarte, João Diogo Félix, João Filipe Correia (capitão), Jorge Oliveira, Sérgio Peralta e Tiago Pinto, João Carvalho e João Leitão do 5º ano e José Filipe Alves do 3º ano, ficou no grupo de Bioquímica, Engenharia Química e Gestão. Nesta fase de grupos, não conseguiram melhor do que uma vitória por 3-2 contra os representantes de Bioquímica, sendo por isso afastados do resto da competição. A todos os representantes do NEEA/AAC neste Campeonato Universitário, um muito obrigado pelo desempenho e por terem representado o nosso curso. Que seja o inicio de grandes representações do MIEA nestes Campeonatos Universitários.

Para o 2º semestre planeámos as seguintes actividades: • Torneio de Futebol 5x5 • Descida do Mondego (cancelada devido ao meu tempo e falta de adesão dos alunos do MIEA) • Dia do Ambiente, Desporto e Lazer ( ainda por decorrer) • Caminhada na Lousã (ainda por decorrer)

Torneio de Futebol 5x5

Ao contrário do sucedido no 1º semestre, neste 2º semestre a adesão ao Torneio de Futebol superou as expectativas e ultrapassou o limite de inscrições e foi com pena que tiveram de ser rejeitadas algumas inscrições resultantes do limite de tempo reservado do Campo de 5x5 de Santa Cruz, ainda assim foi possível aceitar a inscrição de 10 equipas masculinas divididas por 2 grupos de 5 equipas cada e um grupo de 4 equipas femininas. No Torneio Feminino vimos que ao contrário do que se diz o futebol também para mulheres e muitas demonstraram ter classe arte nos pés dentro das quatro linhas, foram jogos disputados e que certamente quem viu gostou de ver a

Chiquititas

Fura balizas 1a EDIÇÃO

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garra e o empenho que elas deixaram dentro de campo. Cedo se adivinhou que o 1º lugar iria ser disputado por duas equipas que demonstraram ter melhor futebol e argumentos para vencer o torneio, as Fura Balizas e as Chiquititas , apesar de as primeiras terem boas individualidades as Chiquititas fizeram levar a melhor o seu jogo mais coletivo e nitidamente mais entrosado e foram por isso merecedoras da vitória no Torneio Feminino. No Torneio Masculino os primeiros lugares foram bastante disputados, assistiram-se a bons momentos de futebol, mas também a momentos de maior tensão entre as equi-

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pas, próprios da natureza masculina. Porém, só duas equipas poderiam disputar o 1º lugar, e a União Desportiva Freeporniana e os 3,14LINHAS acabaram por ter o mérito de conseguirem chegar á final e num jogo disputado até ao soar do apito do árbitro a União Desportiva Freeporniana foi a justa vencedora pelo que demonstrou dentro de campo. Houve ainda tempo de os segundos classificados de cada grupo disputarem o pódio do Torneio e acabaram por ser os DEC ao Poder a levar a melhor sobre os Masters num jogo igualmente disputado e assim colocarem-se no 3º Lugar do Torneio. Um grande bem-haja às equipas participantes pelo Fair-Play demonstrado.


Actividades NEEA

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Dia do Ambiente, Desporto e Lazer

Aula de VivaFit (primeira foto); Participantes da aula de yoga juntamente com a intrutora Su (segunda foto);

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Actividades NEEA

No dia 23 de Maio, o NEEA promoveu uma tarde preenchida com actividades: uma aula de BodyVive pelo ginásio VivaFit, uma aula de yoga com Ana Sofia Correia, professora da modalidade no Centro de Yoga Chintamani e aluna do MIEA, e ainda badminton e jogos tradicionais.

Aula de VivaFit (primeira foto); Participantes da aula de yoga juntamente com a intrutora Su (segunda foto);

Caminhada na Lousã Durante o dia 26 de Maio, um sábado solarengo, pudemos conhecer novos percursos pela Natureza e aldeias de Xisto que a vizinha Lousã tem para oferecer. Aconselhamos vivamente a visitar o local. Obrigado à aluna do MIEA Claudia Pinto e respectivo irmão por nos terem orientado.

Redação por Tiago Pinto

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AMBIENTE E SOCIEDADE

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Potencial da Energia offshore em Portugal por Ana Silva e Joana Gouveia

O director do Wave Energy Center, António Sarmento, afirmou que o potencial estimado de energia offshore em Portugal poderá rondar os 22 mil milhões de euros no horizonte de 2050. Segundo o próprio, “esta é uma oportunidade para desenvolver uma economia do mar”, evidenciando que um cluster neste sector tem um “enorme potencial de exportação”. De um total global potencial de 250 GW de energia das ondas, estima-se que Portugal possa vir a preencher no futuro uma quota de 6%. Em termos de desenvolvimento tecnológico, o director do Wave Energy Center é da opinião que, em 2015, “haverá uma estabilização da tecnologia” para aproveitamento da energia das ondas. O desenvolvimento comercial “dependerá das tarifas”, mas 2020 é um cenário possível, na óptica de António Sarmento, para a fase de demonstração comercial (Marisa Figueiredo, Planeta Azul). Já existem projectos concretos a ser realizados em Portugal nesta área. Destaca-se o projecto desenvolvido em Póvoa de Varzim, o primeiro parque de ondas pré-comercial do mundo, inaugurado em Portugal a 23 de Setembro de 2008. O dispositivo em teste denomina-se Pelamis e consiste basicamente numa estrutura articulada semi-submersa composta por diferentes módulos cilíndricos que se encontram unidos por juntas flexíveis. O movimento ondulatório das ondas incidentes provoca a oscilação dos módulos cilíndricos em torno das juntas que os unem

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e, dessa forma, a pressurização de óleo que será forçado a passar por motores hidráulicos, os quais acionam geradores eléctricos. Foram instalados três máquinas Pelamis, a 5Km da costa, com 150m de extensão cada, com uma capacidade de 2,2MW, o suficiente para iluminar 1000 a 1500 habitações. Em Peniche, na primavera de 2012, está prevista a instalação da versão pré-comercial do projecto Wave Roller, uns novos módulos de geração de energia por correntes submarinas, tecnologia desenvolvida por uma empresa Finlandesa chamada Aw-Energy. Esta nova tecnologia co-financiada pela Comissão Europeia produz energia eléctrica através das ondas de fundo, entre os 15 e 30 metros de profundidade. A Associação Portuguesa de Engenharia do Ambiente (APEA) reporta que a perspectiva de sucesso do equipamento a instalar na versão pré-comercial levou os promotores a iniciar o desenvolvimento de uma versão comercial de 5MW, com previsão de instalação em 2013.


Ambiente e Sociedade

Transformar aterros em fábricas de recursos alternativos Fonte: Planeta Azul

Transformar os actuais aterros de resíduos sólidos urbanos em autênticas fábricas de recursos alternativos é o grande objectivo da nova estratégia para Combustíveis Derivados de Resíduos (CDR) e lamas, que José Manuel Palma, professor da Universidade de Lisboa, apresenta no Fórum de Resíduos (27 a 29 de Fevereiro 2012). .Esta nova estratégia consiste em considerar o resíduo como um recurso reciclável, capaz de produzir CDR ou servir de combustível a outra indústria. Para complementar esta estratégia, o professor promete apresentar uma lista de indústrias e respectivos combustíveis alternativos que podem ser utilizados.

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Cozinha solar: menos gás = mais desafios? Adelaide Chichorro Ferreira (adelaide@fl.uc.pt)

Professora na FLUC e presidente do núcleo de Coimbra da Quercus (Associação Nacional para a Conservação da Natureza)

Frequentemente se verifica o desperdício de as boas ideias não serem levadas a sério apenas por não serem consensuais entre aqueles que mais mandam na economia. Ora, se eu não acreditasse que no fundo nos podemos entender melhor falando e escrevendo a nossa língua (a fim de reparar erros cometidos e de veicular novas perspetivas sobre a realidade), nunca redigiria este artigo!

Fornos solares desenvolvidos por Celestino Ruivo

Podia era acontecer que eu continuasse, muito caladinha, a fazer o que já faço… Felizmente a língua portuguesa pode ser corrigida, tal como as tecnologias ultrapassadas ou inadequadas podem ser substituídas ou aperfeiçoadas. Existe por exemplo na língua portuguesa a expressão coloquial mete mais gás nisso, que usamos quando pretendemos que alguém dê um avanço significativo a alguma tarefa que esteja a executar. E por aqui se vê como pode estar desatualizada a nossa língua, numa época em que se tornou evidente quão caro, perigoso e ineficiente

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é obter da natureza os combustíveis fósseis, entre os quais o gás com que cozinhamos. Sou de opinião de que devíamos substituir a expressão acima referida por outra: mete mais sol nisso! Com frequência venho eu própria substituindo duas bocas de gás do meu fogão pelos benefícios praticamente gratuitos de dois fornos solares no terraço de minha casa. São estruturas muito simples, que correspondem a uma tecnologia desenvolvida por Celestino Ruivo, professor na Universidade do Algarve mas oriundo da nossa região (Figueira da Foz), com contactos científicos no Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Coimbra. Aprendi num workshop por ele orientado que qualquer pessoa pode montar um dispositivo destes numa varanda ou terraço com sol.

Prof. Ruivo mostrando um pão de salicórnia cozido no forno solar


Ambiente e Sociedade

Celestino Ruivo, membro fundador da Associação Internacional Solar Cookers e professor da Universidade do Algarve, utilizando o seu forno solar para cozinhar sardinhas.

Cada forno solar é constituído por um refletor revestido por um película espelhada (a mesma que se usa para embrulhar ramos de flores), duas campânulas de vidro sobrepostas (por exemplo, dois óculos reutilizados de máquina de lavar), num caso e no outro com o objectivo de aumentar a concentração dos raios solares, e uma panela de cor preta, para melhor absorver o calor, onde

se põe o cozinhado, panela essa que é colocada dentro das duas campânulas de vidro para que os raios solares espelhados e concentrados pela abóbada exterior façam aumentar significativamente o calor necessário à confeção do petisco. Tenho cozinhado neste equipamento desde pães a toda a espécie de bolos. Sobretudo os soufflés ficam deliciosos! Não dá verdadeiramente para fritar (o que até é saudável), e como não se recorre a qualquer chama, a concentração dos raios solares não é demasiado elevada, pelo que a tecnologia não é de todo perigosa, permitindo até (não fossem os dias de vento, que exigem alguma vigilância adicional) adiantar sem quaisquer custos certos cozinhados: mesmo que no final se tenha de acelerar um pouco no lume (cozer feijão demora tempo, e nem todos têm paciência para esperar!), o facto é que pode revelar-se muito significativo o ganho monetário obtido.

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É-me relativamente fácil calcular quanto é que poupo, uma vez que, como possuo painéis solares para aquecer a água do banho e também não recorro a combustíveis de origem fóssil para melhorar o conforto térmico da minha casa, o único gás a que recorro é mesmo o das quatro bocas do meu fogão. Não estando pois os dados contaminados por outras utilizações do gás doméstico, vejamos como se poderia prevenir uma parte significativa dos nossos gastos em energia.

coadjuvada pelos dois fornos solares à razão de 10 dias de sol por mês), então pago mensalmente apenas 22,5€ em gás, ao contrário dos 30€ anteriores, o que perfaz uma poupança de cerca de 7,5€. Multiplicando 7,5€ por 12, obtenho o que, neste regime, se poupa num ano: 90€. Tendo em conta que cada forno andará pelos 50€, então a própria poupança gerada amortiza o equipamento apenas num ano, que todavia tem uma duração muito superior.

Sabendo que uma botija de gás custava cerca de 90 euros quando adquiri o primeiro forno solar, e que no período anterior à sua utilização ela durava cerca de 3 meses (utilizando apenas duas bicas do fogão a gás por dia), verifico que com os meus dois fornos solares estou em condições de prolongar a vida de cada botija sensivelmente em um mês, ao fim de cada três meses. Ou seja: se 90 euros de gás antes duravam 3 meses, com o recurso ao forno solar passam a durar 4. Dividindo 90 por 4 (os tais quatro meses que cada botija dura,

Assumindo que há muito erro na utilização pelas pessoas desta tecnologia (é preciso planear as refeições com alguma antecedência), e que os dados de natureza metereológica são também incertos, desde logo porque variam de ano para ano, estas contas serão meramente aproximativas. Pareceme não andar muito longe do senso comum que, em Portugal, possamos contar com cerca de 20 dias de sol por mês (o que até causa problemas nas barragens, pois a água nelas armazenada tenderá a evaporar-se com certa rapidez), donde que,

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Ambiente e Sociedade

se numa família todos os dias se utilizassem dois fornos solares (cada um substituindo uma bica de gás uma vez por dia), então mensalmente seriam cerca de 40 utilizações de bicas de gás a menos, permitindo gastar apenas dois terços do que se gastaria neste combustível fóssil com o fogão standard. Isto assumindo que se cozinha (no sentido tradicional) todos os dias, o que nem sempre será verdade, particularmente nos regimes alimentares mais assentes em alimentação crua, que podem ser muito saudáveis e permitir poupanças adicionais. Considerando que estes valores dizem respeito a um agregado familiar de 5-6 pessoas, façamos agora o exercício de dividir 10 milhões de portugueses por 5, assumindo pois que existiriam, teoricamente, cerca de 2 milhões de lares mais ou menos como o meu, abastecidos desta forma. Se em cada um deles se conseguisse uma poupança equivalente a duas botijas de gás por ano, isso perfaria 4 milhões de botijas, ou seja, 360 milhões de

euros anualmente. E com 360 milhões de euros poupados, quantos postos de trabalho se criavam, por exemplo, na construção de equipamentos deste tipo, mais fiáveis ainda e com um design mais agradável? E quanto não haveria a melhorar neste campo! Concebo portanto como realista, para engenheiros civis e arquitetos, o desafio duma campanha nas escolas no sentido de levar os pais a investir num forno solar por agregado. Este teria de ser devidamente enquadrado num terraço ou varanda com sol, fosse ou não partilhado/a com outros condóminos. Chegou agora o momento de regressarmos à língua portuguesa: não nos obriga tudo isto a repensar, não só o modo como concebemos as habitações, mas também a forma como os técnicos se lhes referem? Será ainda correto chamarmos-lhes «fogos»?

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Soltas

Fontes: Planeta Azul, Ciência Hoje

Protocolo de Quioto Cada vez menos global?

Ranking sobre Alterações Climáticas

Desde 2003 que o protocolo de Quioto via o seu futuro ameaçado, mas graças ao “Pacote de Durban”, definido na conferência climática de Durban (COP17), onde participaram 183 estados na África do Sul, ficou decidido que será prolongado até 2017 ou até 2020, em alternativa ao término no final de 2012. O problema é que, cada vez mais, este protocolo, criado para os países desenvolvidos, apenas alberga e obriga a União Europeia. Estados Unidos da América e China (os maiores emissores de gases com efeitos de estufa) nunca fizeram parte, e o Canadá saiu agora. Resta o Japão e a Rússia, com um pé fora e outro dentro. Outro acordo global, só para 2020.

De acordo com o Climate change performance index, Portugal situa-se no 14º lugar entre 58 países. Desta forma, Portugal recebe a classificação de bom sendo o nível de emissões per capita relativamente baixa graças às suas políticas implementadas que visam a redução das mesmas.

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Ambiente e Sociedade

Ponto de não retorno

Satélite de observação das alterações climáticas

De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), temos apenas mais cinco anos até que os efeitos das alterações climáticas extremas se tornem irreversíveis. Esta agência lembrou que se continuarem a construir fábricas com elevados consumos energéticos, infra-estruturas pouco eficientes e centrais de produção de electricidade a carvão e gás natural, não haverá volta a dar. Fatih Birol, economista da AIE referiu que “Depois de 2017, vamos perder a hipótese de limitar o aumento da temperatura em 2ºC [considerada a barreira de segurança para o aquecimento]”, acrescentou.

O primeiro satélite de observação das alterações climáticas (NPP) foi lançado dia 28 de Outubro de 2011 de manhã pela agência espacial americana Nasa. Para além de registar as principais variações meteorológicas, este satélite estuda a água na atmosfera, o impacte das nuvens e dos aerossóis na temperatura e a resposta das plantas às alterações ambientais. Através destes dados os cientistas esperam melhorar os seus modelos informáticos da previsão da evolução das mudanças climatológicas e transmitir desse modo previsões climatológicas mais precisas.

Estudo revela bioacumulação de dioxinas no estuário do Mondego Um grupo de investigadores da UC conseguiu determinar valores de referência da contaminação por dioxinas na cadeia alimentar dos estuários. “As dioxinas são compostos poluentes que se criam com a queima de resíduos industriais ou nas queimadas das florestas”, explicou um dos investigadores. Apesar da quantidade de dioxinas encontrada nos organismos caracterizados estarem dentro

dos limites legais no estuário do Mondego, foi possível percepcionar que a concentração de dioxinas é proporcional ao nível trófico dos organismos. Este estudo é o primeiro passo para se compreender até que ponto os peixes ao longo da vida vão acumulando dioxinas e em que medida isso pode ser prejudicial para a saúde pública. O próximo passo será estudar outros estuários para futuramente se poder compreender o que acontece quando os peixes saem dos estuários e vão para o mar.

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Investigação na FCTUC:

Remoção atmosférica de gases de efeito de estufa Uma equipa de investigadores da FCTUC está a desenvolver uma maneira de remover o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4) da atmosfera e transformá-lo em metanol, ou seja, uma substância útil que serve para a produção de biocombustível. Esta reacção ocorre através de supramoléculas organometálicas, substâncias porosas que podem ser colocadas em locais

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onde saem grandes quantidades de CO2 como chaminés de fábricas ou os próprios tubos de escape dos carros embora esta opção não seja muito viável devido ao custo. No entanto levará pelo menos três anos segundo um dos investigadores, Abílio Sobral, para que este método seja posto em prática em filtros.


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Mudanças climáticas e tamanho de animais e plantas Segundo um estudo na Universidade de Singapura, publicado na Nature Climate Change, as mudanças climáticas e a escassez de água influenciam o crescimento e tamanho de animais e plantas, o que pode afectar profundamente as produções de alimentos nos próximos anos. Através da análise de registos fósseis verificaram

que dezenas de espécies de plantas e animais, como aranhas, escaravelhos, cigarras e formigas, foram ficando mais pequenas com o passar do tempo devido às mudanças climáticas. Para além dos danos referidos anteriormente estas mudanças também se traduzem numa perda de biodiversidade

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Design Sustentável Na sequência de um projecto de curso acerca de Design Sustentável, a estudante de Design e Multimédia da FCTUC, Mariana Alfafar, solicitou a participação da estudante do MIEA Ana Margarida Silva. Dada a relevância do assunto achamos interessante incluir a entrevista na edição.

MARIANA (M). Quando é que a questão ambiental e de sustentabilidade te despertou interesse? ANA MARGARIDA (AM). Desde pequena que me comecei a interessar pelo tema, principalmente por influência da minha família que sempre me alertou para a necessidade de proteger o meio ambiente: não deitar lixo para o chão, poupar água, proteger os animais... E à medida que fui crescendo fui-me apercebendo da extrema importância do tema. Apercebi-me que existiam inúmeros problemas ambientais e injustiças sociais e quis ajudar a resolver a situação. M. Como aborda, o curso de engenharia do ambiente, a questão da sustentabilidade? É muito ou pouco debatido? AM. O tema é abordado de maneira diferenteconsoante a disciplina em questão. Da minha experiência é falado nas disciplinas da área de Biologia, Química, Mudanças Globais e Climatogia, Planeamento Reginal e Urbano, Gestão, Economia. No final, temos que relacionar os diferentes conhecimentos adquiridos, quem tem a capacidade para o fazer é um bom Engenheiro do Ambiente.

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M. Qual achas ser o papel do design na promoção de um desenvolvimento sustentável? AM. Para que tenhamos um desenvolvimento sustentável, o designer ao projectar um produto tem que tentar idealizá-lo com a preocupação de reduzir ao máximo o impacto desse produto desde a fase de extracção de matérias-primas da natureza até à fase final de vida do produto, tem que existir uma preocupação com o todo e não apenas só com uma das partes. Por exemplo, o designer pode projectar uma cadeira feita a partir de materiais reutilizados, mas para que a ideia seja sustentável teria também que pensar nas outras fases de vida deste produto:processos de manufactura dos materiais usados na cadeira,percurso após a utilização da cadeira e mesmo as condições dos trabalhadores ...


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M. Até que ponto, na tua opinião profissional, a reciclagem de produtos é eficiente para a sustentabilidade? AM. Para sermos sustentáveis temos que nos preocupar com os impactos de todas as fases da existência dos produtos que criamos/usamos. Não podemos simplesmente extrair materiais à mãe Natureza indefenidamente, os recursos são finitos. A reciclagem evita que isto aconteça ao reaproveitarmos materiais já existentes para a produção de novos produtos. Além disso minimiza a quantidade de resíduos que precisa de tratamento final, como aterramento ou incineração. M. Em que medida o teu curso te ensinou a ter melhores hábitos e práticas sustentáveis? AM. Não adquiri propriamente os hábitos sustentáveis que tenho através do curso. A Engenharia do Ambiente não se baseia em nos ensinar boas práticas ambientaispara o dia a dia. Sendo uma Engenharia dá-nos ferramentas paracriarmos mecanismos que promovamum desenvolvimento + sustentável através do uso da ciência e tecnologia.

biológicos, resuzir o consumo de carne/peixe,... Existem inúmeras atitudes que podemos tomar. Algumas, para além de fazerm bem ao Ambiente, acabam por sair mais económicas, outras requerem esforço e por vezes são mais dispendiosas, por isso as famílias optam por não as fazer. M. Quando abordas o assunto da sustentabilidade, pensas numa ética social e cultural juntamente com ambiental? AM. Sim, adicionando a Economia. Podem exitir ainda mais paramêtros, mas para que se considere que haja desenvolvimeto sustentável é preciso agir de forma ecologicamente correcta, económicamente viável, socialmente justa e culturalmente diversa. Os vários sectores, os vários países, deveriam interagir uns com os outros, num só ciclo, como na natureza. Mas aí está a dificuldade. E quanto maior a escala pior, pois aumentam os conflitos ideológicos e é difícil chegar a soluções. É um desafio. Todos teríamos que entender que não podemos continuar a ir para além da fronteira das possibilidades para que a vida no Futuro decorra normalmente.

M. Quais as mudanças principais e as mais básicas que tenta exigir numa sustentabilidade familiar? AM. Cada um de nós, nas nossas casas, com as nossas famílias, pode ter um papel para conseguirmos alcançar um desenvolvimento sustentável. No que toca à parte Ambiental podemos reciclar, reutilizar,utilizar só a electricidade, gás e água indispensáveis, ter o mínimo de veículos, optar por transportes públicos, usar lâmpadas economizadoras, fazer compostagem, optar por equipamentos de classe energética A, colocar paineis solares, consumir produtos nacionais/regionais/ 1a EDIÇÃO

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M. Achas que a discussão da sustentabilidade está muito atrasada e estagnada no nosso país? AM. Temos vindo a melhorar muito em certos aspectos. O assunto é falado nas escolas, nos média... No que toca ao ambiente cada vez mais empresas adoptam metodologias ecológicas, grande % da electricidade é produzida a partir de recursos renováveis,há uma preocupação com as emissões de poluentes para a atmosfera, água e solo. Mas há ainda um longo caminho a percorrer. M. Quais os maiores erros e mal-entendidos cometidos a que assistes, em nome da sustentabilidade? AM. Para mim o maior erro está em não se perceber que a sustentabilidade não passa só por nos focarmos apenas numa parte do problema e não o corrigirmos numa perspectiva holística. Além disso as soluções e alternativas muitas vezes trazem novas problemáticas que em certas circunstâncias são desprezadas. M. O que nos dificulta mais a adopção de uma política sustentável? AM. Na sociedade actual é impossível alcançarmos um desenvolvimento perfeitamente sustentável na globalidade, mas temos que nos esforçar para não comprometermos as necessidades das gerações futuras. Em meios pequenos é mais fácil haver sustentabilidade, por exemplo em eco-aldeias, contudo a nível global, é difícil que se consigam juntar todas as peças. O poder, a ganância e o egoísmo muitas vezes sobrepõem-se aos valores inerentes ao desenv sustentavel, e as pessoas acabam por escolher o caminho mais fácil e benéfico para si próprias, não olhando para as consequências das suas acções. Por exemplo as empresas têm receio que ao adoptarem este tipo de medidas socioam-

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bientais os seus lucros fiquem comprometidos e quando estas têm um forte poder na economia conseguem levar a sua avante. M. Encontras, na Universidade de Coimbra, bons exemplos sustentáveis? AM. Sei que nos diferentes cursos se aborda a temática e são feitos vários estudos e teses que nos ajudam a evoluir na sustentabilidade. No que toca a medidas de gestão sustentáveis da própria universidade não tenho muito conhecimento. Li um artigo em que dizia que a UC tomou diversas medidas para potenciar a poupança de energia e a eficiência energética, tais como auditorias energéticas a vários edifícios, ou actualização dos sistemas de iluminação e dos sistemas eléctricos em geral. Além disso está em curso um projecto para substituir completamente as lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes compactas. Mas pelo que vejo existem pequenas falhas que devem ser tidas em conta. Em alguns edifícios há luzes ligadas durante o dia desnecessariamente, há falta de ecopontos... M. Achas que a engenharia do ambiente e o design fariam uma boa parceria na promoção da sustentabilidade? AM. Sem dúvida. Ambos os cursos ao idealizarem um produto criam um projecto e um conceito. o projeto explica a produção em escala industrial e o conceito explica a função primária do objeto, o significado, a escolha dos materiais, formas e cores, o ciclo de vida, a maneira como ele vai interagir com o ser humano, a ergonomia, a usabilidade. Mas o design acrescenta ainda a estética, que pode ser usada para atrair o uso de produtos/ tecnologias amigas do ambiente.


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Mariana Alfafar, à esquerda, estudante de Design e Multimédia da FCTUC, responsável pela entrevista. À direita, Ana Margarida Silva, estudande do MIEA/FCTUC.

M. Que grau de responsabilidade atribuis à tua área profissional, e à minha (design) nesta tentativa de um mundo melhor? AM. É um tipo de responsabilidade diferente. Apesar de os dois cursos projectarem produtos, na maioria dos casos são produtos muito distintos. O engenheiro do ambiente concentra-se em resolver problemas específicos, por exemplo: como eliminar os resíduos, avaliar e reduzir os impactos ambientais, utilizar energia mais limpa, como resolver os problemas de escassez de recursos.

M. Idealizas algum projecto próximo dentro deste tema? AM. Ainda não tenho projectos concretos em mente, apenas boas intenções, tento ao máximo ter hábitos sustentáveis, mantenho-me informada acerca do assunto e sempre que posso intervenho em situações que seguem estes ideais. A faculdade requer que estejamos concentrados nos estudos, por isso agora é uma fase de aprendizagem, os projectos, com o tempo, virão.

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Radão e Ambiente Rui F. Marques (Professor Catedrático da FCTUC e Director do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas – LIP)

Face à importância que tem o radão na saúde de uma boa parte da população nacional, o LIP lançou em 2007 o projecto “Radiação Ambiente”. Atingindo nessa primeira edição um conjunto de apenas 10 escolas, o projecto cresceu ao ponto de se tornar necessário limitá-lo nos últimos anos a 50 escolas distribuídas por todo o país – Norte, Centro, Sul e Ilhas – e envolvendo actualmente cerca de 90 professores e 300 alunos. O radão (Rn), com número atómico 86 e número (médio) de massa 222, é o gás raro mais pesado da tabela periódica. O problema do radão reside no facto de os seus isótopos serem todos radioactivos. Na natureza surge em especial o isótopo 222 Rn (com 136 neutrões) que pertencente à cadeia, ou família, radioactiva do urânio 238 (ver figura). Ora, o urânio está presente em concentrações mais ou menos apreciáveis nas rochas graníticas, havendo por isso regiões do nosso país onde a concentração de radão deve merecer especial atenção. Por ser um gás, o radão pode libertar-se dos solos, sobretudo de rochas muito fissuradas, e depois de misturado no ar ser inalado. Uma vez nos pulmões, o radão, que pela sua natureza química não é incorporado na corrente sanguínea, pode sofrer decaimento radioactivo (a vida média do 222Rn é de 3,8 dias). Esse decaimento dá-se por emissão alfa (22286Rn→ 218 84Po + 42α) com uma energia de 5,59 MeV (1 eV = 1,6x10-19J)

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que vai ser deposta directamente nas células das paredes do pulmão, podendo a ionização densa associada a tal processo contribuir para a indução de processos cancerígenos. Para além disso, o polónio resultante não sendo um gás, ficará depositado na pareces dos pulmões que, assim, ficam sujeitas à emissão radioactiva dos sucessivos “descendentes” até se alcançar o isótopo estável da família, o20682Pb. São mais sete processos de decaimento cujas emissões radioactivas vão igualmente afectar a vida das células dos tecidos adjacentes.

Família radioactiva do urânio 238, com indicação do tipo de decaimento e das meias-vidas de cada um dos nuclídeos (fonte: en.wikimedia.org)


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Sabe-se que a contribuição do radão para a dose total depositada nos tecidos pela radiação natural corresponde a cerca de 45%, pelo que se pode falar de um problema de saúde pública. O projecto Radiação Ambiente, que em Coimbra tem participação do Departamento de Física e da Sociedade Portuguesa de Física, tem vindo a contribuir para o melhor conhecimento do problema através da monitorização pelos alunos das escolas secundárias das concentrações de radão existentes em locais mais ou menos frequentados das próprias escolas,

de edifícios púbicos e até das suas residências. Importa agora contribuir para minorar o problema, fazendo com que as pessoas, agora minimamente informadas, alertem as populações e as autoridades das regiões mais afectadas para a tomada de medidas preventivas eficazes na construção e na recuperação dos imóveis. A regra base é sempre evitar a concentração elevada do radão nas habitações ou zonas frequentadas dos edifícios, promovendo a necessária renovação do ar que vá sendo contaminado pela emanação do radão.

Em Amarante, localidade onde o granito predomina, foram detectados valores elevados de radão potencialmente cancerígenos. Os distritos de Braga, Vila Real, Porto, Guarda, Viseu e Castelo Branco devem manter-se atentos a este problema pois são zonas graníticas.

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Ano Internacional da energia sustentável para todos e RIO+20 Por Iris Filipa C.M Santos

O ano de 2012 foi consagrado como o ano internacional da energia sustentável para todos. Atingimos um ponto em que a situação energética mundial, bem como o acesso a recursos naturais, atingiu um desequilíbrio enorme onde os países desenvolvidos consomem desenfreadamente, sem disciplina alguma, e os países em vias de desenvolvimento penam para poderem ter acesso às condições mínimas de energia que lhes garantam uma qualidade de vida minimamente digna. Enquanto que uns vivem, outros sobrevivem. Sem acesso a energia sustentável não pode haver desenvolvimento sustentável e é neste âmbito que surge este projecto. Em cada cinco pessoas, uma não tem acesso a formas modernas de electricidade, três biliões de pessoas recorrem a madeira, carvão e desperdí-

cios animais para cozinharem e se aquecerem. Numa economia global, isto é injusto e insustentável. Em países industrializados existe o problema da ineficiência energética e por todo o mundo, a dependência em fontes de energia fósseis traduz-se num contributo gigantesco para o aquecimento global. A chave para estes problemas é energia sustentável para todos, uma ener-

Reciclagem de Automóveis Fonte: Planeta Azul

De acordo com o director-geral da Valocar, Ricardo Furtado, actualmente, cerca de 85% do material de automóveis em fim de vida é valorizado depois de os veículos serem reciclados. A título de exemplo, revelou o responsável, o metal é enviado para a siderurgia nacional sendo novamente fundido e transformado em vigas para construção, a borracha dos pneus é aproveitada para pavimento dos parques infantis ou para relvados sintéticos e todo o vidro vai criar peças de cerâmica, enquanto os óleos são regenerados. Segundo a estatística europeia sobre reciclagem de automóveis do Eurostat (2009), Portugal encontra-se em 9º lugar entre os 27 Estados-membros.

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gia limpa, acessível e mais eficiente. A energia sustentável gera oportunidades de crescimento durante a desaceleração económica, permite desenvolver o comércio, cria emprego e novos mercados e permite os países desenvolverem economias mais resilientes e competitivas. Com energia sustentável os países podem “saltar” os limites impostos pelos sistemas energéticos do passado e construir as economias energéticas limpas do futuro. Devido a esta caótica situação que enfrentamos, o secretário geral das nações unidas Ban ki-Moon, teve a iniciativa de mobilizar os países a nível mundial. Esta iniciativa põe todos os sectores da sociedade em debate, governos, investidores, mercados, grupos comunitários e a academia, que juntamente com a ONU terão como principais objectivos: Garantir o acesso universal a fontes de energia modernas; Duplicar a taxa de eficiência energética; Duplicar a quota das energias renováveis na matriz energética global.

A meta para atingir estes objectivos será 2030. É preciso ter em conta que este objectivos complementam-se e ao agirmos em prole de um estaremos também a contribuir para o sucesso dos outros. Assim surge o RIO+20, uma confêrencia acerca do desenvolvimento sustentável que irá decorrer de 20 a 22 de Junho no Brasil, cujo objectivo é assegurar um compromisso político para o desenvolvimento sustentável, avaliar os progressos até à data e as falhas ocorridas durante as últimas grandes cimeiras bem como enfrentar os desafios ambientais emergentes.

A confêrencia irá ter dois temas: a) encomia verde no contexto de desenvolvimento sutentável e erradicação da pobreza; b) O quadro institucional para o desenvolvimento sustentável. Estas iniciativias urgem, numa realidade comprometedora, onde o Homem luta pelo equilíbrio entre o desenvolvimento tecnológico e sócio-económico face à escassez de recursos, onde é cada vez maior uma necessidade de satifação equalitária das necessidades humanas e a preservação do nosso legado natural. Está mais do que na altura de reflectirmos acerca das decisões que tomámos até agora, e naquelas que iremos tomar para combater o actual paradigma social.

Carro Elétrico dobrável Fonte: Planeta Azul Chama-se Hiriko (urbano em basco) e será lançado em 2013. Segundo o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, é “um carro elétrico pequeno, dobrável e inteligente, mas é também muito mais do que isso. É a inovação social europeia no seu melhor”. Este projecto, criado para estimular a criação de emprego no País Basco, foi concebido pelo professor do MIT, Bill Mitchel, e teve como engenheiro responsável o português Armando Gaspar.

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A Prevenção dos Incêndios Florestais Domingos Xavier Viegas Departamento de Engenharia Mecânica, FCTUC

Os incêndios florestais são reconhecidos em recursos humanos e meios de combate, terPortugal como sendo um dos riscos naturais mais restres e aéreos. Mas é completamente diferimportantes, pela sua ocorrência frequente e peente ter de enfrentar 50 ou 100 ocorrências los seus efeitos destruidores. Ao longo dos últidiárias, do que 300 ou 400, como tem sucedido mos anos tem vindo a aumentar esta perceção, frequentemente, em Portugal. Um número perante o aumento do número de incêndios e, em tão elevado de ocorrências poderá levar ao coespecial nalguns anos, da área por eles percorrilapso do sistema de prevenção e combate, soda. Apesar disso não se vislumbra uma mudança bretudo se uma parte significativa delas resulsignificativa na atitude da generalidade das pestar em grandes incêndios, de difícil controlo.. soas, no sentido de alterTodos sabemos que as arem os comportamentos condições meteorológicas de risco e de evitarem os afetam e influenciam forcomportamentos e as ações temente a possibilidade de que possam dar origem a ocorrência e de propagação incêndios descontrolados. dos incêndios. Sabemos, Quando sabemos que a em particular, que nalgularga maioria - mais de 95% mas condições de tempo, Penela, 29 de Março de 2012 - dos incêndios em Portuos incêndios se podem gal são causados por ação humana, é neste campo desenvolver com maior intensidade e escapar ao que se deveria situar a principal luta, na batalha controle dos meios de combate. Existem desde há pela prevenção dos incêndios florestais. muito modelos matemáticos que entram com os O investimento em meios de combate e em dados meteorológicos, atuais e previstos, os dados ações de prevenção dos incêndios é necessário e de deteção remota e o conhecimento do historial importante, mas deveria constituir uma segunda dos incêndios numa dada região, para estimarem linha de prioridade. Bem sabemos que por mais de um modo objetivo, o perigo de incêndio. Esses conscientes e cuidadosos que sejamos, sempre indicadores de risco de incêndio para cada dia, ao haverá incêndios, quer por acidente, quer por serem do conhecimento da população, deveriam causas naturais, por isso temos de estar precondicionar o comportamento das pessoas, levanparados para os enfrentar. Para tal precisamos do-as a evitarem os comportamentos de risco mais que a floresta esteja cuidada e limpa, que haja ainda nos dias de elevado perigo de incêndio. faixas de descontinuidade, que haja vigilância,

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Desastre Nuclear em Fukushima O que mudou no Mundo

O desastre ocorreu a 11 de Março de 2011, um sismo e um tsunami provocaram a explosão na central nuclear, que emitiu uma quantidade de césio radioactivo idêntico a 168 bombas atómicas. Os vestígios da radioactividade espalharam-se um pouco por todo Mundo, e tudo é deserto num raio de 20 quilómetros da central. Depois do esforço de oito meses, o cenário ainda estava longe de estar recomposto e o nível de radioactividade longe de ser o recomendado. Nessa altura, o director da central, Masao Yoshida, garantiu à AFP, citado pelo Público, que os reactores estavam “estabilizados”, mas que ainda era “perigoso” lá trabalhar. Graças ao desastre no Japão, a discussão sobre a energia nuclear voltou para cima da mesa, e alguns países aperceberam-se de que, apesar do ganho energético, o investimento comporta um risco demasiado elevado. A Alemanha tornou-se

na primeira potência industrial a renunciar à energia nuclear. O Governo anunciou que estará livre deste tipo de produção de energia até 2022. Depois da decisão alemã, o Governo federal suíço deu ordem para desmantelar, até 2034, as cinco centrais existentes no país. Mais tarde, em Novembro, a Bélgica mandou encerrar as duas centrais nucleares em actividade, até 2015 (faltam apenas quatro anos). O povo italiano, em referendo (12 e 13 de Junho, com mais de 90 por cento dos votos), também disse “não” ao nuclear. Cerca de 70 por cento dos consumidores particulares de energia, em Portugal, também não quer que se construa uma centrar nuclear em Portugal, de acordo com um estudo da Associação Portuguesa de Energia (APE). Fonte: Planeta Azul

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Gestão de resíduos sólidos em Portugal e na Europa Prof. Margarida J. Quina Departamento de Engenharia Química - Universidade de Coimbra

Nas últimas duas décadas, a gestão de resíduos sólidos em Portugal mudou radicalmente, sobretudo devido às políticas que têm sido preconizadas na União Europeia, e que inevitavelmente têm vindo a ser transpostas para o nosso país. O facto da generalidade das economias Europeias se basearem em elevados níveis de consumo (energia, matérias primas, água, etc.) tem levado a padrões de desenvolvimento muito pouco sustentáveis. Alguns números são mesmo impressionantes, e de acordo com a Agência de Proteção Ambiental Europeia (EEA – European Environmental Agency) na EU-27 são utilizadas cerca de 16,5 t de materiais/hab.ano, o que significa por exemplo quatro vezes mais do que em África. Este exagerado consumo de materiais culmina inevitavelmente numa produção elevada de resíduos sólidos, os quais levam a uma série de impactes negativos nas diversas vertentes ambientais (solo, meio hídrico, ar, etc.). Por vezes, não temos a percepção real destes números dada a diversidade de tipologias de resíduos que são atualmente produzidos. Só para citar as mais significativas, podem referir-se os resíduos: de construção e demolição (RCD), industriais banais e perigosos (RIB+RIP), sólidos urbanos (RSU), hospitalares (RH), agro-industriais (RA), equipamentos elétricos e eletrónicos

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(REEE), veículos em fim de vida, pneus, etc. Pelo facto de serem gerados nas nossas casas, aqueles que nos são mais familiares são os RSU. Contudo, talvez não se tenha a consciência de que em 1995 eram produzidos 354 kg/hab.ano e que em 2010 este valor aumentou cerca de 45%, para 512 kg/hab.ano. Em Portugal continental, de acordo com dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), em 2010 foram produzidas 5,2 milhões de toneladas de RSU, cujo destino primordial foram os aterros sanitários (61%), incineração (18%), valorização orgânica (13%) e a reciclagem (8%). Nos Estados Membros da EU, estes são também os destinos preferenciais dos RSU, mas a contribuição destas quatro vertentes pode variar substancialmente. Em termos médios, cerca de 40% são depositados em aterro, 20% incinerados e 40% são reciclados ou valorizados por compostagem. Assim, nos próximos anos, Portugal tem de diminuir a contribuição dos aterros e incrementar sobretudo as boas práticas de reciclagem. Atualmente, o Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de Junho, que transpõe a Diretiva n.º 2008/98/ CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Novembro de 2008, relativa aos resíduos, regulamenta a gestão de resíduos em Portugal.


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Neste âmbito, destacam-se as seguintes linhas de orientação: - reforço da hierarquia de gestão de resíduos, no sentido de impulsionar a prevenção da produção, bem como a sua reutilização e reciclagem, e a diminuição da deposição em aterro; - estabelecimento de critérios para que determinados resíduos possam ter o estatuto de subprodutos. As atuais tendências no que respeita à gestão de resíduos na Europa são o desenvolvimento de soluções tão versáteis quanto possível, como por exemplo os tratamentos mecânico-biológicos

(TMB), de modo a acompanhar as rápidas mudanças nos hábitos de consumos. A prossecução do objetivo de melhorar a gestão de resíduos, passa em larga medida, por reduzir o mais possível a sua produção, considerar estes materiais como matérias primas valorizáveis, utilizar as melhores técnicas disponíveis (MTD) em todas as vertentes, usar materiais com um clico de vida ajustado à sua aplicação, e eliminar o mais possível substâncias tóxicas como por exemplo metais pesados e solventes orgânicos. Estas medidas aliadas à contribuição individual de cada cidadão, tornarão possível alcançar o tão desejado modelo de desenvolvimento sustentável.

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Dejectos de animais, uma Fonte Energética Alternativa Por Ana Silva Utilizar os dejectos dos animais para produzir energia eléctrica e biogás foi uma ideia que saiu da tese de mestrado de Bruno Teixeira, estudante do ISEP, que aplicou o projeto a uma instalação agro-pecuária na zona de Braga, a qual já produz eletricidade. O equipamento biodigestor, que transforma os dejectos em biogás, através de processos termo-químicos, custou 20 mil euros, com uma potência de 25KW e, ao que parece, o proprietário já conseguiu uma redução efectiva na factura de electricidade (Carlos Gonçalves, in Planeta Azul). A orientadora da tese, Teresa Nogueira, diz que esta ideia traz vantagens ao nível de ser uma produção descentralizada, reduzindo-se assim

perdas energéticas e a solicitação de centrais térmicas poluentes. Acresenta que com o processo existiria “uma contribuição para o peso das energias renováveis”, far-se-ia reciclagem e tratar-se-iam os dejectos evitando poluição do meio. As emissões da queima deste combustível, apesar de existentes, seriam bastantes reduzidas comparadas com as dos combustíveis fósseis. A base do processo é usada em ETAR’s e aterros, mas com este projecto verificou-se a rentabilidade do aproveitamento dos dejectos dos animais em electricidade. Segundo a orientadora, se aproveitássemos todo o potencial existente em Portugal conseguiríamos produzir 405 GW/h por ano, sendo contudo necessário um apoio financeiro.

Subprodutos da floresta em energia eléctrica

Fonte: Ciência Hoje

O Instituto Superior Dom Afonso III (INUAF), em Loulé, participa num projecto (PROFORBIOMED), juntamente com mais cinco países mediterrânicos, em que se pretende transformar subprodutos da floresta em energia eléctrica. Actualmente a biomassa florestal é utilizada em vários países na obtenção de energia, mas tal não sucede no sul de Portugal nem no contexto mediterrânico. Segundo Inês Duarte, do Centro de Investigação em Ciências do Ambiente e Empresariais (CICAE) do INUAF, “Quando se fazem limpezas de mato ou tratamento de árvores, os subprodutos dessas acções não são utilizados. Mas podem traduzir-se em energia eléctrica”. O PROFORBIOMED proporciona assim uma oportunidade para aproveitar esses recursos desperdiçados. O programa, a implantar apenas no Algarve e no Alentejo, será desenvolvido ao longo de três anos.

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Inovação para uma Mobilidade Zero Prof. Bruno F. Santos DEC-FCTUC

Um dos maiores desafios globais para as gerações mais novas é a efectivação das preocupações ambientais, que tanto se têm falado nas últimas duas décadas mas que sobre o qual ainda pouco se conseguiu. Numa TED Talk bastante conhecida, Bill Gates apresenta-nos o objetivo “Inovação para Zero” (Innovation to Zero), discutindo a necessidade da nossa meta passar de uma redução percentual das emissões do presente para uma meta de zero emissões. Não deixando de ser, para já, uma utopia que tem o seu interesse no marketing político, nela Bill Gates defende que para reduzir as emissões de CO2 teremos de reduzir um de quatro fatores: (1) a população (procura); (2) os hábitos de utilização de serviços poluidores; (3) a energia consumida e (4) a consequente emissão de CO2 provocada pela produção de energia. Bill Gates admite que, em termos globais, os dois primeiros fatores inevitavelmente irão continuar a crescer.

Por isso, a solução para zero emissões terá de passar pela redução a zero do terceiro ou quarto fator, apontando o último fator como o de sucesso mais provável com o recurso a energias não poluentes. Desafio-vos a fazer esta reflexão para o setor dos transportes. Num sistema de transportes como o do nosso país ou de países desenvolvidos do hemisfério norte, que são certamente os mercados de trabalho para grande parte de vós, estes quatro fatores serão relevantes para um objetivo análogo de “mobilidade zero”. Soluções vão ter de ser encontradas a médio-prazo e há ainda muito trabalho a realizar. Se não, vejamos: (1) A procura de transportes têm vindo a aumentar ao longo do último século, de forma ligeira nos países desenvolvidos e de forma mais acentuada nos países em desenvolvimento. Essa procura é, no entanto, largamente influenciada pelas práticas do planeamento territorial. O desenvolvimento de núcleos urbanos sustentáveis, que ofereçam grande parte das atividades necessárias para o nosso dia-a-dia, pode reduzir significativamente o número de viagens diárias por pessoa e por conseguinte a procura de transportes.

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(2) Os hábitos de mobilidade depende das nossas decisões de mobilidade, nomeadamente dos destinos que escolhemos, da altura do dia em que viajamos e do modo de transporte usado. O desenvolvimento de ambientes urbanos amigos do peão e do ciclista, a promoção de formas de viagem partilhadas, como é o caso do transporte público e de iniciativas de car-pooling, bem como os incentivos para optar por viajar fora de horas de ponta, podem reduzir alguns hábitos de mobilidade que provocam os congestionamentos e as ineficiências no nosso sistema de transportes. (3) A energia consumida depende da tecnologia usada para o transporte, nomeadamente do motor, do tipo de energia usada e do ambiente de condução. O desenvolvimento de alternativas de transportes menos dependentes da energia, como é o caso da bicicleta, ou a promoção e estudo de modos motorizados potencialmente mais eficientes, como é o caso do veículo elé-

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trico, são caminhos a seguir e que ainda têm muito para explorar. (4) Quanto à emissão de CO2 por quantidade de energia usada, esta já sai fora do âmbito específico dos transportes. No entanto, sugiro-vos que vejam o vídeo de Bill Gates onde soluções para este fator são apresentadas e debatidas. Estes quatro fatores são na verdade possíveis áreas de trabalho para qualquer aluno do MIEA. Com os conhecimentos adquiridos em termos de dinâmicas territoriais, modelação de transportes, mecânica e tecnologia, sistemas energéticos e técnicas de avaliação de impactes ambientes, vocês estão numa posição privilegiada para trazerem valor acrescentado e vencerem nesta que é uma linha emergente (e urgente) de investigação e, sobretudo, de prática. Vão ter certamente espaço para participarem nesta efectivação das preocupações ambientais, tanto em Portugal como no exterior.


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Cidades Inteligentes Por Joana Gouveia

Com a entrada em 2012, o ano das energias sustentáveis, dá-se o início a vários projectos promovendo a ideia das cidades “inteligentes”. Esta ideia trata-se de desenvolver as cidades não só a nível económico mas também de modo a que sejam sustentáveis, com o mínimo de poluição e ao mesmo tempo melhorar a qualidade de vida dos seus cidadãos através das novas tecnologias. Uma dessas ideias é o Smart Cities and Communities Initiative, uma iniciativa que visa tornar as cidades europeias em espaços com tecnologias com baixa emissão de carbono através de soluções inteligentes e apostando no uso de energia mais sustentável e eficiente. Este foi lançado pela União Europeia em Junho de 2011 e espera arrancar com os seus projectos no Verão deste ano. Outro projecto denominado Net!Works European Technology Platform planeia juntar numa plataforma várias empresas inovadoras das Tecnologias de Informação e de Comunicação (TIC)

de modo a trabalharem em conjunto, desenvolvendo as TIC na Europa, melhorando a qualidade de serviços para os cidadãos europeus e promovendo o desenvolvimento da economia. Uma das iniciativas mais avançadas até agora é o Amsterdam Smart City. Com isto Amsterdão será a primeira capital inteligente do Mundo. O projecto foi já iniciado em 2009 e tem agora a intenção de lançar o desafio ao resto do mundo apresentando um projecto denominado The World Smart Capital. O que diferencia esta iniciativa das outras é o facto de para além de promover a ideia de “cidade inteligente”, tem também como objectivo melhorar as próprias infra-estruturas e a imagem das mesmas, dando-lhes uma maior visibilidade no mercado atraindo deste modo investidores e entidades inovadoras, promovendo assim novas parcerias.

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Temos como exemplos a construção de edifícios de escritórios sustentáveis de modo a promover o máximo de produtividade com o mínimo de energia gasta no edifício, assim como o testar de novas tecnologias nas ruas da cidade com maior movimento, como sinais de trânsito carregados a energia solar, caixotes do lixo com compactadores de lixo incorporados que deste modo reduzem a frequência de recolha significativamente, e por último a criação de um sistema carregado a bateria chamado “Moet je Watt” para os carros eléctricos que previne o gasto desnecessário ou o carregamento excessivo de energia. Cá em Portugal já temos exemplos como a construção de uma cidade tecnológica chamada PlanIt Valley em Paredes que espera arrancar as obras no inicio deste ano, terminando a primeira parte da cidade em 2014. Este projecto poderá gerar dezenas de milhares de postos de trabalho e será uma plataforma onde culminarão inúmeras empresas e investigadores, hotéis, centros de conferências e até mesmo habitações como explica

WWF quer Portugal e Espanha coordenados no planeamento da bacia hidrográfica do Guadiana A elevada procura de água no Guadiana é uma das preocupações da World Wildlife Fund (WWF) que defende que o planeamento da bacia hidrográfica do Guadiana deve ser feita como um todo, da parte da Espanha e Portugal, em conformidade com a legislação europeia (Directiva-Quadro da Água).

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Steve Lewis, presidente da empresa geradora do projecto numa entrevista ao jornal Ciência Hoje. Uma iniciativa promovida pela EDP é o InovCity em Évora que torna-se na primeira cidade portuguesa “inteligente” em 2010. A instalação de uma rede mais “inteligente” ao nível de equipamentos capazes de automatizar a gestão do serviço e a instalação de Energy Boxes, substituindo os contadores, permite aos consumidores aceder ao registo do seu consumo e geri-lo melhor, já que através destas caixas é possível aceder, desligar ou ligar electrodomésticos remotamente.

É necessário encontrar soluções sustentáveis para a crise, diz a WWF A World Wildlife Fund (WWF) enviou cartas a inúmeras figuras políticas, entre as quais a directora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, e o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, com o objectivo de alertar para a “urgente necessidade de encontrar soluções sustentáveis para a actual crise financeira global, no que respeita a preservar o capital natural que está na base das actividades económicas saudáveis e com futuro”, escreve a organização ambientalista, em comunicado.


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A relevância de Pensar em termos de Ciclo de Vida (Life-Cyclethinking) Fausto Freire, Prof. Auxiliar DEM-FCTUC Coordenador do Centro para a Ecologia Industrial email: fausto.freire@dem.uc.pt

Ligo o rádio de manhã e ouço “o automóvel elétrico não polui… é a solução para os nossos problemas nos transportes…” Nesse dia vou lecionar a 1ª aula do ano da cadeira de Gestão Ambiental e penso “será que os meus futuros alunos concordam com esta afirmação?…” Hoje foi o “automóvel elétrico”, há uns anos atrás era o “automóvel a hidrogénio”, amanhã poderá ser o automóvel a “ar comprimido”. Com que facilidade esquecemos e ignoramos o que não está à nossa vista (em termos ambientais, é o denominado NIMBY:”not in my back yard”). De facto, o “automóvel elétrico”não polui localmente (não tem tubo de escape e quase não causa ruído), mas o impacte ambiental total da sua utilização vai depender da forma como é gerada a energia elétrica que vai consumir, de como (e onde) foi produzido o automóvel e seus componentes,dos materiais selecionados, do tipo de bateria e carregamentos elétricos (noite, dia, rápido, ultra-rápido, …), de quantos quilómetrosvai percorrer em toda a sua vida útil e, por final, do destino final do automóvel, bateria e todos os seus outros componentes e materiais. Isto é, vai depender do seu “Ciclo de Vida”, oqual pode ser avaliado em termos ambientais com base na metodologia de “Avaliação de Ciclo de Vida” (ACV).

A ACV (norma ISO 14040:2006) aborda os aspetos ambientais e os potenciais impactes ambientais ao longo do ciclo de vida do produto (sistema ou serviço) desde a extração das matérias-primas, passando pela produção, utilização, tratamento no fim-de-vida, reciclagem e deposição final, isto é do berço ao túmulo (“fromcradle-to-grave”). Temos de considerar todo o ciclo de vida de um sistema, produto ou serviço porque os impactes ambientais ocorrem durante as suas várias fases. Neste contexto, quando, por exemplo, procuramos minimizar os impactes analisando apenas numa fase, podemos, indiretamente, causar um desvio de impactes dessa fase para outra(s) ou simplesmente não ter em conta a fase em que se verificam os impactes ambientais mais significativos. Como surgiu a ACV? Provavelmente, como muitas outras boas ideias, apareceu em vários locais, com diferentescontextos. A história é, normalmente, contada assim: Os primeiros estudos que consideraram o ciclo de vida de produtos tiveram início nos finais da década de sessenta do século passado, tendo como foco a eficiência energética e o consumo de matérias-primas. Por exemplo, em 1969, a companhia da Coca-Cola nos Estados Unidos da América financiou um estudo para comparar os 1a EDIÇÃO

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consumos de recursos e as emissões ambientais associadas a diferentes tipos de embalagens para a coca-cola. Pouco tempo depois, na Europa, era desenvolvida uma abordagem semelhante, designada por “ecobalance”. Em 1972, no Reino Unido, Ian Boustead efectuava estudos de análise energética a garrafas de leite e, no ano seguinte, comparava garrafas de cerveja com retorno e tara perdida. Nos anos seguintes, esse trabalho foi aplicado a uma variedade de materiais e processos industriais, dando origem à publicação em 1979 do livro “Handbook of Industrial EnergyAnalysis” (em co-autoria com G. Hancock). Inicialmente, a prioridade era para o consumo de recursos energéticos, mas, com o fim dos primeiros choques petrolíferos, esse interesse esmoreceu e, sómais tarde, no início da década de 90, a ACV surge de forma mais organizada e focada em várias categorias de impactes ambientais. Para tal, beneficiou do envolvimento e importante contributo do SETAC (the Society of Environmental Toxicology and Chemistry).

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Pouco tempo depois, em 1992, é publicado o primeiro guia de ACVpelo Centre ofEnvironmentalScience (CML) da Universidade de Leiden, na Holanda: Heijungset al. (2012) “Environmental Life Cycle Assessment of products: Guide and Backgrounds”. Hoje em dia a ACV (e outras abordagens de ciclo de vida) é uma metodologia avançada, com estudos e aplicação aos mais diversos tipos de produtos e sistemas, sendo também utilizada enquanto ferramenta de apoio à decisão e definição de políticas e estratégias ambientais e de desenvolvimento de novos produtos. Deste modo, há possibilidade e oportunidade para tomarmos decisões bem fundamentadas quando projetamos um novo sistema ou equipamento, selecionamos um sistema de tratamento de resíduos, ouquando compramos um carro ou destino de férias. Pensar em termos de Ciclo de Vida (Life-Cycle thinking) faz parte das nossasresponsabilidades profissionais e pessoais.


Ambiente e Sociedade

Energias Renováveis em 2011 Por Ana Silva

Em 2011, o investimento global em renováveis subiu 5% atingindo um recorde de 260 mil milhões de dólares (cerca de 198 mil milhões de Euros), segundo estimativas da Bloomberg New Energy Finance. Este valor é surpreendente dado o atual período de instabilidade económica.

subida de 3% para 76 biliões de Euros, devido à instalação de painéis solares na Alemanha e Itália e, de financiamentos para projectos eólicos offshore nos países Nórdicos. A Índia apresentou o maior crescimento percentual, subindo 52% para 8 biliões de Euros.

É de notar que foi o investimento em energia solar canalizou mais dinheiro, cerca de 103 mil milhões de euros, tendo este subido 36% comparativamente a 2010. Por sua vez, a energia eólica teve um decréscimo no investimento (menos 17% em relação a 2010).

Apesar do gigantesco investimento global em renováveis, em 2011, alguns países europeus começaram a sofrer cortes na subsidiação das energias renováveis o que se repercutiu nas tarifas pagas pelos consumidores. Esta situação é notória nomeadamente na Alemanha, Dinamarca, Itália e Espanha. (Lúcia Duarte, in Planeta Azul)

Segundo a mesma fonte, Bloomberg New Energy Finance, o investimento dos EUA ultrapassou o investimento Chinês, que desde 2008 dominava este mercado. Na Europa houve uma

Em Portugal, segundo estimativas da Associação das Energias Renováveis, a produção de energia renovável evitou custos da ordem dos 700 milhões de euros na importação de combustíveis fósseis para a geração de energia eléctrica e, a esse benefício, a Apren soma 104 milhões de euros poupados na aquisição de licenças de emissão correspondentes à electricidade que foi produzida por energias limpas em vez de fontes como o gás natural, carvão ou fuel. De acordo com a mesma fonte, a electricidade de origem renovável foi responsável por 46,8% do total do consumo eléctrico em Portugal Continental no ano de 2011.

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Ambiente e Sociedade

Menos consumo de electricidade mas mais emissões De acordo com dados disponibilizados pelas Redes Energéticas Nacionais (REN) e analisados pela Quercus, entre Janeiro e Setembro de 2011 verificou-se uma redução no consumo de electricidade comparativamente com os mesmos meses do ano anterior. Contudo a energia utilizada proveniente de energias renováveis também sofreu uma redução o que levou à produção de energia nas centrais térmicas, causando assim um aumento nas emissões de CO2.

Dinamarca e energias renováveis A Dinamarca quer ser independente dos combustíveis fósseis até 2050 e na opinião de Katherine Richardson, da Comissão para Políticas de Alterações Climáticas Dinamarquesa “A Dinamarca tem a hipótese de desenvolver um sistema que é completamente independente dos combustíveis fósseis”, comentou. Quanto aos custos esta afirma que terá de haver um investimento inicial de grandes proporções mas que este não se compara ao custo que será se se mantiverem os combustíveis fósseis. A dinamarquesa afirma ainda que, para que o projecto seja bem sucedido será necessária também uma mudança na consciência da população para atitudes mais sustentáveis Fonte: Planeta Azul

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Resíduos nanométricos ao serviço dos tijolos – um percurso Por Ivânia Marques (Ex-aluna do MIEA, premiada pela ordem dos Engenheiros em 2009, no âmbito do Dia Mundial dos Materiais.)

O projecto SeTiverNano nasce da ideia de valorizar o principal resíduo da indústria de tratamento de superfícies de ligas de alumínio (anodização e lacagem). Após caracterização detalhada pelo Grupo de Nanomateriais e Microfabricação da FCTUC, este resíduo mostrou ter boas propriedades, despertando o interesse para a sua utilização em diversas aplicações. Designadas por lamas de anodização e lacagem, são um resíduo não é mais do que a lama resultante do tratamento de águas contaminadas geradas nos processos que conferem protecção contra degradação do alumínio. O processo utiliza tinas gigantes com soluções ácidas ou alcalinas que têm que ser substituídas periodicamente, e que produzem uma enorme quantidade de efluentes aquosos contaminados. Ao serem tratados nas ETARI’s, dão origem a água descontaminada e uma lama com cerca de 80% de água constituída maioritariamente por hidróxido de alumínio. O

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resíduo é classificado como não tóxico e inerte. No entanto as empresas deste sector podem produzir desde 100 a 1000 toneladas ano de lamas e o seu principal destino é o aterro para resíduos industriais banais, com desvantagens a nível ambiental, com a deposição de resíduos no meio ambiente, mas também económico, esta operação tem um custo de cerca de 15E/ton para a empresa geradora. Hoje é conhecido o valor potencial das lamas de alumínio. As propriedades de material pouco condutor térmico, à semelhança da alumina (hidróxido de alumínio + ΔQ -> alumina), levaram então a utilizá-la em aplicações de isolamento O projecto SeTiverNano nasce da ideia de valorizar o principal resíduo da indústria de tratamento de superfícies de ligas de alumínio (anodização e lacagem). Após caracterização detalhada pelo Grupo de Nanomateriais e Microfabricação da FCTUC, este resíduo mostrou ter boas pro-


Ambiente e Sociedade

priedades, despertando o interesse para a sua utilização em diversas aplicações. Designadas por lamas de anodização e lacagem, são um resíduo não é mais do que a lama resultante do tratamento de águas contaminadas geradas nos processos que conferem protecção contra degradação do alumínio. O processo utiliza tinas gigantes com soluções ácidas ou alcalinas que têm que ser substituídas periodicamente, e que produzem uma enorme quantidade de efluentes aquosos contaminados. Ao serem tratados nas ETARI’s, dão origem a água descontaminada e uma lama com cerca de 80% de água constituída maioritariamente por hidróxido de alumínio. O resíduo é classificado como não tóxico e inerte. No entanto as empresas deste sector podem produzir desde 100 a 1000 toneladas ano de lamas e o seu principal destino é o aterro para resíduos industriais banais, com desvantagens a nível ambiental, com a deposição de resíduos no meio ambiente, mas também económico, esta operação tem um custo de cerca de 15E/ton para a empresa geradora. Hoje é conhecido o valor potencial das lamas de alumínio. As propriedades de material pouco condutor térmico, à semelhança da alumina (hidróxido de alumínio + ΔQ alumina), levaram então a utilizá-la em aplicações de isolamento térmico em materiais cerâmicos. A reciclagem na

indústria de tijolo foi a opção, por várias razões: pelo carácter heterogéneo das matérias-primas deste sector, a utilização de diferentes formulações e a existência de cozedura no seu processo produtivo. Assim, foi iniciado o projecto “SeTiverNano”, um projecto de co-promoção entre uma empresa e uma entidade de investigação, para produzir um tijolo térmico com melhores propriedades que aquele que já é produzido e comercializado actualmente, usando a lama de alumínio, ou seja, reciclando um resíduo. A primeira etapa corresponde à caracterização adequada dos materiais, que serão futuros aditivos do tijolo. As restantes etapas compreendem a produção de tijolo aditivado com diversos teores em laboratório, em pequena escala, a produção em fábrica (scale-up) e caracterização das amostras de teste resultantes, sempre com base nos requisitos impostos pelas normas do produto. Os resultados existentes até ao momento indicam que tijolos aditivados com apenas 5% de lama de alumínio têm uma redução na condutividade térmica de 25%, mantendo-se as restantes propriedades os valores dentro dos impostos pelas normas. É ainda de referir que com a aditivação consegue-se utilizar a totalidade de lama produzida por uma empresa de grande dimensão.

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PERCURSO ACADÉMICO

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Engenharia do Ambiente: o que é e o que poderia ser na FCTUC José Simão Antunes do Carmo Professor Associado com Agregação – DEC - FCTUC

No atual contexto da FCTUC, a Engenharia do Ambiente é entendida, na prática, como um curso de banda estreita, com disciplinas, conteúdos programáticos, metodologias de ensino e métodos de avaliação semelhantes, e até comuns em alguns casos, aos consagrados em qualquer ramo de Engenharia. É claro que neste contexto, para satisfazer conteúdos entendidos como necessários no estrito âmbito de uma qualquer Engenharia, acaba por não haver espaço para a oferta de disciplinas e conteúdos programáticos muito mais enriquecedores e necessários, tanto em análises de processos e fenómenos de natureza ambiental como no exercício da atividade profissional. A componente das Tecnologias é sem dúvida importante, mas é insuficiente para a compreensão dos processos e a busca de respostas eficazes a questões profundamente inter- e multidisciplinares de grande transversalidade sem a complementaridade das Ciências Ambientais. Com uma designação do tipo “Engenharia e Ciências do Ambiente” ou “Ciências e Tecnologias do Ambiente”, o curso passaria a comportar ambas as vertentes, com conteúdos mais abrangentes,

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mais atrativos e mais úteis para os alunos que convictamente se candidatam e abraçam esta área do saber. A necessidade de uma formação integral, mais abrangente, particularmente na área do ambiente, prende-se com o grande objetivo da atualidade, que consiste em procurar um rumo de crescimento que permita satisfazer as necessidades atuais sem comprometer a capacidade de as gerações vindouras satisfazerem as suas. A satisfação de tal compromisso passa necessariamente pela transmissão de conhecimentos multifacetados, transversais e promotores de um desenvolvimento integrado, equilibrado e profundamente respeitador dos espaços terrestre e marítimo.


Percurso Académico

Como refiro num artigo publicado no DEC Notícias Nº 3, 2010 “Um conhecimento profundo e integrado dos processos básicos das alterações ambientais, nomeadamente no que diz respeito ao clima, à atmosfera, aos oceanos e à superfície terrestre, é essencial para a compreensão dos fenómenos e o consequente desenvolvimento de atitudes e procedimentos que conduzam a uma inversão das atuais tendências. Esta compreensão torna-se, por outro lado, necessária a uma posterior identificação e avaliação dos efeitos da atividade humana ao nível industrial, urbanístico, turístico, dos transportes, da gestão de resíduos e desperdícios, dos usos e gestão dos recursos hídricos, dos recursos marinhos e, em geral, de todas as atividades com influência direta ou indireta na zona costeira”.

Conteúdos programáticos de grande atualidade relacionados com o aumento das emissões de gases com efeito de estufa acompanhado do previsível aquecimento global, a subida do nível médio das águas do mar, as chuvas ácidas, a destruição da camada do ozono e a perda irreversível da diversidade biológica, com as imprevisíveis consequências para o funcionamento dos ecossistemas, são fundamentais, pois constituem diferentes aspetos da atual realidade alicerçada em modelos de desenvolvimento insustentáveis. Um programa de formação em “Engenharia e Ciências do Ambiente” ou “Ciências e Tecnologias do Ambiente”, incluindo necessariamente os três ciclos, será necessariamente pouco atrativo se não contemplar objetivos que conduzam ao desenvolvimento de uma economia

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global sustentável, sendo tal desiderato apenas conseguido com uma formação que contemple adequados conteúdos programáticos e metodologias de ensino que estimulem: i) ao desenvolvimento de capacidades técnicas para intervenção e exploração do meio marinho; ii) ao desenvolvimento de atividades específicas de conservação da natureza; iii) ao ordenamento dos diferentes usos e atividades que se desenvolvem em meios fluviais e na zona costeira; iv) a intervenções de proteção, conservação e valorização da zona costeira; v) à mitigação das vulnerabilidades e riscos na zona costeira; vi) à preservação, gestão e valorização dos recursos fluviais e marinhos; vii) à preservação dos ecossistemas e habitats marinhos, fluviais, superficiais e subterrâneos; viii) à redução dos impactos das alterações climáticas globais; ix) à garantia de qualidade das águas face a rejeições de efluentes, a descargas de poluentes e a derrames de hidrocarbonetos, e x) ao desenvolvimento de tecnologias de observação, informação e monitorização da nossa extensa zona económica exclusiva, incluindo a zona costeira. Importa reconhecer que os saberes necessários à formação integral de um aluno, qualificando-o com os conhecimentos e as competências adequadas para intervenções em áreas do ambiente, se encontram hoje dispersos pela quase totalidade dos Departamentos da FCTUC, em particular nos Departamentos de Ciências da Terra, Ciências da Vida, Engenharia Civil, Engenharia Mecânica, Engenharia Química e Química, aos quais se poderão juntar a Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, com competências no

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âmbito das energias renováveis, entre outras, a Física, nomeadamente através da opção nuclear, o Departamento de Matemática, com Sistemas de Informação Geográfica e instrumentos de análise, a Engenharia Informática, imprescindível em qualquer ramo das tecnologias, e naturalmente a Arquitetura, com as reconhecidas competências em matérias de ordenamento e aproveitamento dos espaços. Por último, independentemente das considerações aqui expressas, ou de quaisquer outras, considero que seria importante e útil perceber até que ponto a baixa atratividade pela área do ambiente e os atuais níveis de insucesso (ou baixo sucesso) escolar na FCTUC poderão estar relacionados com: - matérias e métodos de ensino pouco motivadores; - graus de exigência e métodos de avaliação inadequados; - falta de perspetivas para o exercício da profissão. Por outro lado, termino deixando no ar as seguintes questões: • Serão as matérias lecionadas e as metodologias adotadas as mais adequadas ao exercício da profissão? • Será indiferente para os candidatos, ou já como alunos, a existência/garantia e acompanhamento de ‘estágio profissional’? • Será ou não importante ouvir as potenciais entidades empregadoras sobre as matérias a privilegiar?


Percurso Académico

Uma experiência académica diferente: ERASMUS O Programa Erasmus é um subprograma do Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida (PALV) e diz respeito ao Ensino Superior, bem como a educação e formação profissionais de nível superior, independentemente da duração do curso ou da qualificação, incluindo os estudos de doutoramento. Pretende-se apoiar a criação de um Espaço Europeu do Ensino Superior e reforçar o contributo do Ensino Superior e do Ensino Profissional avançado para o processo de inovação. Se estiveres a pensar em candidatares-te a esta experiência vai a: http://www.uc.pt/driic/mobilidade. Conhece a experiência ERASMUS de alguns dos teus colegas:

• Ana Sofia Correia, estudante “outgoing” “Florença não foi a minha primeira escolha, mas aprendi que fazer Erasmus não tem tanto a ver com a cidade para onde se vai mas sim com o espírito que te envolve e as experiências que colhes. Quando soube que iria para Itália e que todas as aulas seriam em italiano (para além de ter descoberto que os italianos não são muito bons a inglês) senti-me um pouco desesperada. No final tudo correu bem e voltei a falar, com sotaque sul italiano, a língua de Dante! A universidade e as aulas são apenas uma pequena parte do Erasmus. Todos os professores se mostraram disponíveis caso precisasse de alguma coisa, os colegas é que nem tanto. Notei ainda uma grande diferença nos colegas que tinham feito Erasmus e nos que não tinham, os que tinham estado fora eram muito mais openminded. Em relação às aulas achei que eram 81

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muito teóricas e pouco dinâmicas, no entanto tínhamos várias visitas de estudo. Conhece-se muita gente, há muitas festas, muitas viagens, aprendi imensas coisas quando estive fora, mas o melhor foi sem dúvida os amigos que fiz. A sensação que tens quando termina é que tens que voltar para a vida que tinhas antes mas que já não é a tua, és diferente agora, mudaste e nem todas as pessoas compreendem isso. Aconselho a todos os que fazem intercâmbio a

envolverem-se o mais possível na cultura: vivam com pessoas do país de acolhimento, aprendam a língua, vão a eventos locais, façam o que eles fazem, comam o que eles comem e aprendam a cozinha-la também! Mas não deixem de estar com pessoas de outros países, pois é daí que vem uma das melhores coisas de Eramus: mistura cultural! Sem dúvida que a experiência Erasmus transforma quem a vive, as cores verde; branco e vermelho farão para sempre parte de mim. “

• Kássia Bazzo, estudante “incoming” (Estudante de Engenharia Sanitária e Ambiental/UFPel, Brasil)

“Pode ser uma opinião temporária, mas desconheço melhor forma de aprendizado do que integrando o conhecimento de novas culturas, com a evolução profissional na área de estudo. Poder visualizar as questões relacionadas à Engenharia do Ambiente analisando-as de outro ângulo é a oportunidade para o crescimento profissional: as variações de culturas proporcionam diferentes visões das mesmas situações, o que auxilia na formação de um pensamento crítico e na formação de uma opinião de tal situação. A Universidade de Coimbra, por ser uma das mais antigas, é muito conhecida pelas suas tradições acadêmicas, e acredito que essas sejam as maiores diferenças entre a UC e a minha Universidade no Brasil (Universidade Federal de Pelotas). Isto, unido com a proximidade curricular com o meu curso no Brasil e a estrutura que

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a FCTUC oferece que me incentivaram a vir estudar durante esse semestre aqui, e por aqui mais tempo gostaria de ficar. Mesmo estando na metade do meu semestre de Erasmus, posso concluir que só aspectos positivos essa experiência pode trazer e está a trazendo. Pessoas, culturas, lugares, momentos, independência, amadurecimento e aprendizados tanto profissionais quando pessoais são os pilares que sustentam o crescimento que essa vivência internacional está a oferecer.”


Percurso Académico • Cândida Silva, estudante “outgoing”

“A minha experiência ERASMUS: Ir estudar para outro país é uma experiência extremamente enriquecedora em vários níveis. Primeiro, porque são outros costumes, outro idioma, outros métodos de ensino. Depois porque torna-nos muito mais ricos pessoalmente, quer

pelas amizades travadas quer pelas trocas de conhecimentos e também pela grande aventura que é sobreviver longe do “ninho” dos pais. Pessoalmente, o que mais me marcou nesta experiência foram as peripécias das viagens, as “atrapalhações” para comunicar com professores/alunos nas primeiras aulas, a habituação ao dia-a-dia espanhol e às “siestas” e também as amizades criadas, que ficam para a vida! Para além de tudo isto, é uma experiência que nos deixa preparados para possíveis viagens/ trabalhos que surjam fora do nosso país, tornando a adaptação a outro tipo de vida muito mais fácil. É seguramente uma experiência inesquecível, que recomendo a qualquer um que tenha a oportunidade de a fazer. ERASMUS é um modo de vida, não o deixem passar ao lado ;)”

• Sarah Carneiro A. Rezende, estudante “incoming” (Brasil, PUC-GO)

“Viajar, conhecer, descobrir, aprender e crescer faz parte da vida. O que muitas vezes acompanha tudo isso é o amadurecimento e as rugas. Tive a oportunidade de fazer intercâmbio através de uma parceria que existe entre a minha faculdade PUC-GO e a FCTUC. A melhor coisa que aconteceu nos tempos que eu me inscrevi para o ERASMUS foi tudo ter dado errado (papelada, atrasos, prazos, processo seletivo para intercâmbio e essas coisas). Assim que entrei na faculdade fiz minha inscrição para o programa de intercâmbio e mesmo assim demoraram dois

anos e meio para me selecionarem, e foi ai que “conheci” COIMBRA. Esse tempo que tive me possibilitou conhecer algumas faculdades através da internet e de experiências vividas por 1a EDIÇÃO

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outras pessoas. Receber a oportunidade pela FCTUC me ensinou que simplesmente as coisas têm o seu tempo para acontecer. Tudo certo no Brasil, bora Portugal!!! A maior dificuldade não foi entender que ônibus era autocarro e nem que fila é bicha, difícil mesmo foi aprender a ser quem eu sou e conviver com as pessoas superando as dificuldades de estar a mais de 1000km de casa. Os amigos são família agora, o seu quarto na residência estudantil é sua casa, o banheiro não é só seu e você pode ser quem você quiser! Para falar a verdade minha maior descoberta foi

que: Eu era muito chata ou parva!! Talvez muito mimada ou simplesmente uma pessoa difícil de conviver... Para mim, foi a melhor experiência da minha vida, na melhor cidade e com as melhores companhias. As amizades ficam e eu não me esqueço de nenhuma, viu meninas?! Com vocês, com a FCTUC, com o ERASMUS e com Portugal descobri que saudade dói e deixa o coração bem pequeninho e que cada lembrança gera um sorriso de um período inesquecível. OBRIGADA!!!!!!!”

Aspectos Ambientais Positivos do Brasil x Portugal Aspectos Ambientais positivos em Portugal que não são tão bem aplicados no Brasil:

• • • •

Coleta selectiva de resíduos ( ecopontos) Painéis Solares Energia eólica Melhor conscientização da população sobre o tema

Aspectos Ambientais positivos no Brasil que não há em Portugal:

• • •

Reciclagem de latas de alumínio Carros movidos a etanol ou flex( etanol e gasolina) Consumo consciente

Por Vanessa Lopes

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Percurso Académico

A IAHR (International Association for HydroEnvironment Engineering and Research, http:// www.iahr.net/site/index.html) é uma das mais antigas e prestigiadas associações na área científica de hidráulica, recursos hídricos e ambiente. Entre as suas principais actividades encontra-se a organização de congressos e a publicação de diversas revistas científicas.

O ‘StudentChapter’ da Universidade de Coimbra oferece:

A IAHR apoia a criação de núcleos de estudantes da área, designados de ‘StudentChapters’, ao nível das Universidades. Em 2010, quatro jovens investigadores do DEC resolveram criar um desses núcleos, o “IAHR Universityof Coimbra StudentChapter (IAHR-UCSC)”. O ‘StudentChapter’ da Universidade de Coimbra foi oficialmente inaugurado a 23 de Junho de 2010, durante o Congresso Internacional de Precipitação (IPC10) que decorreu no DEC.

• Newsletter da IAHR; • Acesso à zona de membros do site da IAHR; • Acesso online a revistas: Journal of Hydraulic Research e International Journal of River Basin Management; • Descontos na assinatura de revistas: Maritime Engineering, Water Management, Journal of Urban Water, Journal of Hydroinformatics, La Houille Blanche, Revista Ingenieria del Agua e International Journal of Sediment Research; • Descontos na aquisição de publicações; • Direito às taxas de membro na inscrição em congresso e outros fóruns da IAHR; • Rede de contatos global como membro da IAHR; • Workshops e encontros de estudante da área.

Um dos objetivos da criação do ‘StudentChapter’ da Universidade de Coimbra é o de usufruir de uma série de benefícios que a IAHR dá aos seus sócios de forma mais económica. Outro dos objetivos é o de fomentar a partilha de conhecimentos e experiências entre os alunos e jovens investigadores da área de hidráulica, recursos hídricos e ambiente ligados à Universidade de Coimbra.

Em Junho de 2011, o ‘StudentChapter’ da Universidade de Coimbra organizou o JOIN HIDRA 2011: o primeiro encontro nacional de jovens investigadores de hidráulica, recursos hídricos e ambiente. Este evento teve uma representação muito significativa de alunos de doutoramento e jovens investigadores das diferentes Universidades e Instituições de Investigação Portuguesas, num total de 32 participantes.

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O evento teve a duração de dois dias. A sessão de abertura contou com a presença de vários professores do DEC, tendo-se seguido na parte da manhã duas keynotes de investigadores pósdoc convidados e uma apresentação da empresa Quantific sobre instrumentação de monitorização ambiental. Na parte da tarde os jovens investigadores apresentaram e discutiram os seus trabalhos. À noite houve um jantar convívio no parque da cidade e no dia seguinte uma descida de canoa no rio Mondego. No passado dia 21 de Março de 2012, o ‘StudentChapter’ da Universidade de Coimbra organizou um plenário que incluiu cinco apre-

sentações orais: duas apresentações de alunos de doutoramento, duas apresentações de alunos recém-doutorados e uma apresentação de um professor da Universidade de Rosario (Argentina), que se encontra no DEC a realizar trabalhos de pós-doutoramento. Após as apresentações houve tempo para um proveitoso debate. Atualmente o ‘StudentChapter’ da Universidade de Coimbra tem 16 membros, de entre os quais três são Engenheiros do Ambiente. Todos os alunos do MIEA da Universidade de Coimbra são bem-vindos a participarem em atividades do ‘StudentChapter’ da Universidade de Coimbra.

Para mais informações: Site: https://sites.google.com/site/iahrcoimbra/ Facebook: http://www.facebook.com/IAHR.UCSC E-mail: iahruc@dec.uc.pt.

Por: Ina Vertommen, João Vieira, Jorge Isidoro, Ricardo Martins

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Percurso Académico

Conhece o trabalho de colegas do MIEA nas suas teses de mestrado. Avaliação da ação combinada de chuvadas intensas e marés em zonas urbanas costeiras: Modelação laboratorial Autor: João Rafael Cardoso de Brito Oliveira Abrantes Orientador: Professor Doutor João Luís Mendes Pedroso de Lima

A crescente pressão antrópica combinada com as alterações climáticas pode levar à ocorrência de tempestades de maiores intensidades e com maior frequência e à subida do nível médio das águas do mar. Estes fatores, conjugados com sistemas de drenagem ineficientes, podem levar as zonas urbanas costeiras a experimentar situações de inundação muito severas, particularmente quando surge a combinação de marés altas com tempestades intensas e/ou caudais fluviais elevados.

Com este estudo pretendeu-se avaliar a resposta hidrológica de bacias urbanas costeiras à ação combinada de chuvadas intensas e marés. Com esse objetivo, foram realizadas experiências laboratoriais, com recurso a um simulador de chuva e a dois canais (i.e., um permeável e outro impermeável), onde foi observado o processo de precipitação-escoamento em diferentes cenários urbanos. Foram instalados reservatórios a jusante dos canais laboratoriais de modo a simular marés altas. Estas simulações permitiram avaliar o efeito da maré no escoamento superficial

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proveniente das bacias urbanas. Com um modelo numérico a uma dimensão (1D), baseado na teoria da onda cinemática, simularam-se alguns dos cenários obtidos experimentalmente. Os resultados mostraram que a densidade de construção de edifícios é um dos fatores dominantes no processo de precipitação-escoamento e no transporte de sedimentos em bacias urbanas. Regra geral, a presença de edifícios originou respostas hidrológicas mais lentas, pois os edifícios actuam como elementos de atraso e

obstrução ao escoamento superficial. A presença de uma maré, como condição de jusante, mostrou ter uma influência evidente no escoamento superficial proveniente das bacias urbanas costeiras, através da diminuição abrupta da velocidade de propagação do escoamento ao longo da área inundada. A maré cria uma barreira ao escoamento superficial que, no caso do canal permeável, também foi visível na acumulação de sedimentos ao longo da interface “canal/maré”.

Análise dos sistemas de gestão dos resíduos sólidos urbanos (RSU) em Portugal Autor: Daniela Pascoal

A minha tese teve como título ‘Análise dos sistemas de gestão dos resíduos sólidos urbanos (RSU) em Portugal’. Este tema surgiu da escassez de documentos acerca deste assunto em Portugal e que abrangessem um período de análise considerável. Deste modo, o objetivo primordial foi analisar a evolução dos RSU em Portugal, num horizonte temporal de 15 anos, ou seja, de 1995 até 2010. A metodologia adoptada baseou-se na recolha de dados juntos dos vários sistemas de gestão dos RSU e da Agência Portuguesa do Ambiente, nas várias tecnologias existentes, nomeadamente nas taxas de reciclagem, incineração,

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compostagem e deposição em aterro. Para dar mais ênfase ao conteúdo, foram feitas estimativas de alguns indicadores ambientais tais como as emissões de gases de efeito de estufa (GEE) e de dioxinas e furanos, nas várias tecnologias de tratamentos abordadas. Concluiuse que a gestão de RSU contribui com menos de 1% para a emissão global de GEE. Apesar de todos os esforços e da aplicação das políticas Europeias que coloca como mais desejável a prevenção, depois reutilização e reciclagem, valorização com recuperação energética e por último a deposição em aterro, em 2010 cerca de 5 milhões de RSU produzidos (61%) tiver-


Percurso Académico

am como forma de tratamento a deposição em aterro sanitário. É um cenário pouco animador pois Portugal encontra-se um pouco longe da média Europeia dos 27, onde, no mesmo ano

esse valor foi cerca de 40%. O estudo realizado mostrou que o atual sistema de gestão dos RSU é insustentável quando comparado com a média Europeia.

Influências das alterações climáticas nas zonas costeiras (especialidade de Território e Gestão do Ambiente) Autor: Lara Isabel Vaz dos Santos

Na minha dissertação de mestrado considerei os efeitos negativos das alterações climáticas, que actualmente já são bem conhecidos, nomeadamente os aumentos da intensidade e frequência das situações de tempestades e a subida do nível médio do mar. Segundo vários estudos, até ao final do século 21, a subida do nível médio das águas do mar nunca deverá ser inferior a 50 centímetros, podendo ultrapassar um metro.Em consequência, prevê-se que partes significativas das zonas costeiras sejam inundadas, afectando a população residente, destruindo os ecossistemas naturais e provocando o avanço da água salgada no sentido das captações e sua futura contaminação. Apesar do aquecimento global constituir uma fonte de incerteza que influenciará as futuras

solicitações e a disponibilidade de água doce, este fenómeno deve ser considerado nas políticas e estratégias de planeamento e de gestão da água doce nas zonas costeiras. Com efeito,esta dissertação teve como propósito cobrir um leque de eventuais cenários para uma zona da região centro (Figueira da Foz) com a utilização de um programa (FLO-2D), precavendo, assim, os efeitos da subida do nível do mar, dando especial atenção aos fenómenos de inundação provocados por escoamento superficial, que poderão afectar as captações existentes.

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E a seguir ao curso? O que fazer? Em busca do primeiro Emprego... Em Fevereiro passou por Coimbra um evento organizado pela Fórum Emprego, JobParty, que consistiu numa sessão de esclarecimento acerca do mercado de trabalho. Tendo por base o que por lá aprendi vou vos fornecer algumas dicas importantes para o grande passo que se segue nas nossas vidas: encontrar Emprego.

Antes de mais, quando chegar a hora de enviares o teu currículo, é importante teres em mente para onde estás a enviá-lo e se é aquilo que queres fazer. É indiscutível a crise que atravessamos e que está a afectar o emprego em todos os sectores e escalões etários, e por isso podes pensar que, como se costuma dizer, o que vier à rede é peixe, mas cuidado, é sempre melhor fazer uma selecção dos Empregos pelos quais tens preferência, não te precipites. A ideia de começar por “qualquer coisa” pode impedir-te de seguir o caminho que realmente queres. Portanto, durante o teu percurso académico tenta redirecionar a tua atenção para o que pode vir a ser promotor e concentra os teus esforços para o que realmente te interessa. Planeia as etapas da tua carreira, tenta fazer um percurso. O importante é que sejas feliz e realizado. Os aspectos mais valorizados pelas Empresas passam pelos seguintes pontos: -Conhecimentos linguísticos; -Conhecimentos Informáticos; -Ex-

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periência Profissional; -Formação; -Experiências Internacionais; -Actividades Extra curriculares. Portanto, nem só o curso que estás a tirar é tido em consideração, é bom que tenhas mais para mostrar. A maior parte dos recém formados não teve qualquer experiência profissional, daí que envolveres-te em actividades como voluntariado (p.e.:AIESEC, SVE), trabalhares numa jovem empresa (p.e.:JeKnowledge) ou numa bolsa de investigação é bastante reconhecido pelos empregadores. No nosso caso, como Engenheiros do Ambiente, as empresas solicitam muitas das vezes formações extra, sendo as mais pedidas: “Higiene e segurança no trabalho”, “Gestão da qualidade” e “CAP-Formação de formadores”. Existem programas de mobilidade internacional (Erasmus) e nacional (Programa Almeida Garret), informa-te e se tiveres possibilidades aproveita essas oportunidades, em que podes estudar noutro local ou fazer um estágio. Tens muita informação a partir da DRI da UC.


Percurso Académico

Existe também a organização BEST, ligada a diversas universidades, que te proporciona participar em inúmeros eventos a nível internacional, com custos muito reduzidos. Praticares actividades desportivas/culturais vai revelar a tua capacidade de trabalho em equipa e a AAC oferece-te um vasto leque de escolhas que te podem agradar, agarra essa oportunidade. Anota que características como a Influência (capacidade de convenceres a tua ideia), Flexibilidade, Iniciativa (capacidade de encontrares oportunidades e criares algo), Pensamento Analítico, liderança, prespicácia, Trabalho em equipa e Orientação por objectivos são procuradas nos cadidatos a emprego. Mas o importante é seres capaz de reconhecer as tuas capacidades e fraquezas, que tenhas um forte autoconhecimento, e que sejas sincero e honesto em relação ao que és. “Perceber qual é o nosso talento natural é imprescindível para desenvolver a nossa apetência para ganhar dinheiro” diz Susana Albuquerque, especialista em gestão das finanças pessoais. Só assim podes ser uma pessoa competente e muito boa naquilo que fazes, o que é valorizado no mercado. Perguntas-te como podes procurar emprego? Além dos métodos convencionais (jornais, sites de emprego, anúncios nas universidades, centros de emprego, câmaras municipais), segundo a Ray Human Capital (RHC), 62% dos candidatos tentam a sua sorte através de contactos pessoais. Já ouviste falar no termo Networking? O termo está relacionado com uma rede de contactos que possuis que te permite alcançar visibilidade no mundo profissional. Actualmente, existem plataformas online que facilitam este

processo, por exemplo o Linkedin e o thestartracker começa por te registar. Além disso, junta-te a organizações do teu interesse, estabelece ligações com profissionais da tua área, faz o teu cartão de visita e começa já a criar ligações, etc. Para os que ponderam a hipótese de trabalhar na Europa tens disponíveis, por exempo, as plataformas EURES e EPSO que te ajudam a dar esse passo. A Alemanha, França, Reino Unido, Escandinávia são países que actualmente procuram engenheiros, segundo a RHC. Outros locais de interesse passam por Angola, Brasil e EUA, em empresas como a Cheasapeake Energy. Se tencionares trabalhar apenas durante uns tempos lá fora, o melhor a fazer é ires através de uma empresa portuguesa.

Para mostrares o teu percurso quando te candidatares convém apresentares o teu Curriculum Vitae. Não deve ser um livro sobre ti, no máximo 3 páginas são suficientes, a não ser que queiras que o teu CV nunca seja lido. Existem inúmeros modelos, sendo que o modelo Europass foi apresentado na JobParty. Este consiste em 5 documentos, 2 que podes preencher a título individual (1-Europass CV; 2-EuroPass Passaporte de Línguas) e 3 emitidos por entidades 1a EDIÇÃO

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competentes (3-Europass Mobilidade; 4-Europass Suplemento ao Diploma; 5-Europass suplemento ao certificado). Podes fazer o teu via online, e se fores ao site europass.proalv.pt é te fornecido um Kit EuroPass com vários documentos online, dos quais: ensinam a preencher os documentos do EuroPass; uma Análise SWAT/ Reconhecimento de Traços de Personalidade, ajudando-te no processo de autoconhecimento; documentos acerca de como podes gerir o teu tempo/stress/conflitos, Networking, etc. Este modelo é bastante uniforme e generalizado, pelo que não podes ser muito original nem chamar a atenção. Para isso podes acrescentar um CV em formato filme, uma ideia que está a começar a implementar-se em Portugal, que

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revele informações acerca de ti que não estejam no teu CV escrito. Não te esqueças que é importante personalizares o CV tendo em conta para onde o estás a enviar. Para isso, é bom que te informes acerca do recrutador em questão, tanto na altura de lhe forneceres o teu CV, bem como para a entrevista. Não percas tempo e começa agora mesmo a pôr em prática tudo o que puderes fazer para melhorar o teu percurso. Sempre que necessitares de ajuda podes contactar o Gabinete das Saídas Profissionais da UC. Boa Sorte! Ana Margarida Silva


Percurso Académico

Conclusão do Curso Todos nós nos interrogamos como irá ser após a conclusão do curso. Daí a ideia de fazer uma entrevista a alguém que já tenha terminado este percurso. Maria Inês Santos, tirou o Mestrado Integrado em Engenharia do Ambiente na FCTUC, tem 24 anos e já entrou no mercado de trabalho.

Green Wish: Já passaram uns anos desde a altura que tiveste que tomar uma grande decisão, talvez na altura não te tenhas dado conta da importância dela, a escolha do curso. O que te levou a escolher este curso? Maria Inês: Realmente já passaram uns bons anos desde essa decisão (medo), mas a partir do meu 10º ano, quando és obrigado a pensar mais no assunto, decidi que era esta a área que queria seguir. Sempre gostei das áreas do “meio ambiente” e como sempre fui uma defensora do mesmo achei que fazia todo o sentido. GW: Entraste no MIEA no ano 2005 e finalizaste em 2010. Desse período, qual o balanço que fazes do curso? E aspectos positivos e negativos? MI: O balanço é positivo. Aspectos negativos: diria que estão relacionados com a forma como algumas cadeiras são dadas e com a falta de dinamismo por parte de alguns professores que acabam por nos desmotivar. Aspectos positivos: há muitos aspectos positivos… quando entrei no curso não fazia ideia da diversidade de assuntos relacionados com o ambiente e nem sabia muito bem para onde queria seguir e, passados cinco anos, sai uma pessoa completamente diferente (é difícil explicar).

GW: O que alteravas no curso se pudesses? MI: Relativamente ao curso acho que primeiro devíamos ter mais cadeiras de perfil, isto é, em vez de ser só um ano de perfil tínhamos os dois anos de mestrado com cadeiras mais direccionadas para o que queremos seguir. Depois acho que mudava o programa de algumas cadeiras porque aprendemos um bocado de cada coisa, mas esse conhecimento acaba por ser muito básico. Em vez de aulas extremamente teóricas, poderiam haver mais trabalhos e mini-projectos, por exemplo. Acho que também era vantajoso ter mais conhecimentos sobre legislação. 1a EDIÇÃO

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GW: Apesar de termos só dois perfis, tiveste que optar por um deles. Em que te baseaste para fazer essa escolha? Ficaste satisfeita com a escolha? MI: Essa decisão foi fácil. Desde que entrei no curso que sempre quis seguir a área mais industrial e depois queria fazer tese de mestrado em Avaliação de Ciclo de Vida por isso o perfil de Tecnologias e Gestão do Ambiente era o que mais sentido fazia. GW: E a tua tese, foi acerca do quê? Dirias que foi a parte mais interessante do curso? MI: A minha tese foi sobre Avaliação de Ciclo de Vida e para mim foi com o que mais aprendi no curso todo, acho mesmo muito importante. Aprende-se muito e, como nos sai do corpo, é algo que não se esquece. GW: Quando chegaste ao final sentiste que valeu a pena, que estavas uma pessoa melhor formada e preparada? MI: Logo a seguir a terminar o curso sentes que sabes muitas coisas, mas passados uns meses, sinceramente, senti-me aterrorizada, como se não tivesse aprendido nada. O que acho que acaba por ser normal, no entanto, quando começas a aplicar as coisas chegas à conclusão que até sabes umas coisas. GW: Fala-me um pouco da tua experiência após teres terminado o curso. O que sentiste? MI: Após ter terminado o curso, fiz um cursinho, dei formação numa instituição de doentes psiquiátricos (voluntariado), depois andei a estudar para o exame da ordem dos engenheiros

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e, claro, enviei um sem número de Currículos todos os dias e fui a algumas entrevistas. Ainda tive 6 meses sem arranjar trabalho o que acaba por ser uma verdadeira frustração. GW: Fizeste formações extracurriculares? Se sim, quais e porquê? MI: Sim, tirei o CAP de formadora. Mas acho muito importante e, também é muito pedido, formação em Qualidade, Gestão Ambiental e Higiene e Segurança no trabalho. GW: Foi fácil encontrar estágio na área? MI: Foram 6 meses de procura intensa. No meu caso eu consegui este estágio porque sabia os trabalhos que estavam a ser feitos e, como o que aprendi na tese de mestrado, estava relacionado com esses trabalhos, enviei candidatura espontânea e passado uns meses fui chamada. GW: Como foi o teu estágio? MI: O estágio correu bem. Tive a sorte de aprender muito sobre diversas áreas (águas, resíduos, efluentes gasosos…), de visitar algumas empresas e de dar formação. GW: Sentiste que o curso foi uma mais valia durante o estágio? MI: Na minha opinião o curso dá-te as ferramentas para aprenderes a “pensar”, isto é, tornate engenheiro, mas como em tudo depois tens de ir estudando, ou tens mesmo de ir tirando cursos para aprofundar conhecimentos. GW: Quanto ao emprego. Nos tempos que correm, sentiste dificuldade em encontrar emprego?


Percurso Académico

MI: Infelizmente não está muito fácil encontrar trabalho. As propostas de trabalho que aparecem são escassas e estão cheias de requisitos eliminatórios, não é fácil. Na teoria sabemos isso, mas depois quando nos deparamos com a situação torna-se complicado. GW: Em que se baseia o teu trabalho? Estás a gostar? MI: O meu trabalho consiste em fazer consultoria ambiental a empresas (relativamente a obrigações ambientais…) e também estou nalguns projectos de Construção Sustentável. Estou a aprender muita coisa importante, a utilizar ferramentas que nem sabia que existiam e estou a gostar muito por isso. GW: Em que aspectos, o que aprendeste no curso, está presente no teu trabalho? MI: O que aprendi na tese de mestrado ajudame muito porque também tenho trabalhos nessa área e o que aprendi nas cadeiras de perfil também me é muito útil.

terminaram na mesma altura que eu, já estão a trabalhar ou com bolsas de investigação. GW: Em que área de trabalho mais te revês, se pudesses optar? MI: A área de construção sustentável com tudo o que ela tem incluído agrada-me muito. E com muitos trabalhos de Avaliação de Ciclo de Vida à mistura. GW: Tens algum projecto, ou alguma ideia que gostarias de concretizar, para os tempos mais próximos, relacionado com a área? MI: Sim, um wwdeles passa por fazer alguns cursos sobre Gestão Ambiental e outro passa por ir uns tempos trabalhar para fora do país. GW: Muito Obrigada pela tua participação. Desejo-te as maiores Felicidades e que o teu percurso continue a correr tão bem ou melhor como até agora.

GW: E quanto à tua remuneração? A crise, que está bem presente no nosso dia-a-dia, tem-te afectado? MI: E de que maneira. Para não falar na remuneração do estágio que é uma miséria, principalmente tendo casa e contas para pagar. Quando começamos a ganhar os nossos trocos começamos a olhar com outros olhos para as “despesas”. GW: Conheces outras pessoas, que se tenham formado em Eng. Ambiente aqui na UC, que também já estejam a trabalhar? MI: Sim. A maioria dos colegas de curso que 1a EDIÇÃO

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Resultados do Questionário “Empregabilidade dos formados no MIEA, FCTUC”

Em Abril surgiu a ideia de analisar a situação actual dos formados no MIEA da FCTUC, para isso fez-se um questionário online que permitisse verificar tal situação. Difundimos o link para o questionário pelos grupos do NEEA do facebook, site do NEEA e mensagens pessoais. Até agora ainda só obtivemos 20 respostas, daí que o questionário continue em aberto. Quando fecharmos o questionário, os resultados finais serão publicados no site/facebook do NEEA.

Segue-se uma breve análise dos resultados que temos até então: Amostra: 20 elementos Sexo: 35% Masculino; 65% Feminino; Idades compreendidas entre os 24 e 28.; Término do curso: entre 2008 a 2012.

Dos 50% que não trabalham: 3 estão a tirar doutoramento, 1 está a tirar curso de HST, 1 está a fazer estágio não remunerado, os restantes 5 não especificaram o que estão a fazer actualmente (podem ou não estar mesmo desempregados). As respostas que se seguem dizem respeito aos que trabalham actualmente (40%) ou já trabalharam na área.

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Percurso Académico Se estás a trabalhar ou já trabalhaste na área, em média quanto é/foi o teu vencimento líquido? Média das respostas: 874€, com um desvio padrão de 415€.

Tarefas no emprego: Coordenador de qualidade ambiente e segurança; Técnico Florestal; Escrita de Artigos, aprofundar e dominar um software (aplicado às zonas costeiras, escoamentos fluviais e zonas húmidas); gestão ambiental; Investigação; Monitor de Educação Ambiental; Técnica de Segurança e Higiene do Trabalho (em obra); Técnico de higiene e seguranaça em obra; Preparação de um estudo de impacte ambiental; Consultoria; gestão; Acompanhamento Ambiental de Obra

Locais de Emprego: DEC/ DCT /UC; Tecnorem, s.a.; Antlantic Forests - Comércio de Madeiras. SA; Empresa Microplasticos; ADAI; Empresa de recebe RCD’s; Empresas de fiscalização de obras; IFAP; SMCC; FERCONSULT; Coimbra; Vila Nova de Gaia; Africa

Dos que responderam “não” as principais razões devem-se ao MIEA ser muito teórico, pouco realista em relação ao que se é exigido no mercado de trabalho.

É importante ter em consideração que a amostra em análise para os resultados acima é apenas constituída por 20 elementos, um número extremamente reduzido visto que o curso está a formar alunos desde 2005.

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“The World without us” de Alan Weisman Fonte: www.wook.pt

«Se nos retirássemos agora da Terra, definitivamente, o que se passaria? Quais os vestígios do Homem que permaneceriam e quais os que desapareceriam ? Como mudaria o planeta? Numa altura em que vivemos tão preocupados e ansiosos com os efeitos do nosso impacto sobre o clima e o ambiente, este livro oportuno dá-nos uma oportunidade de ter uma ideia do que deixaríamos realmente como legado da nossa passagem por este planeta. Regressaria o clima ao que era antes de ligarmos os nossos motores? Conseguiria a Natureza apagar todos os vestígios da civilização humana, incluindo as miríades de produtos sintéticos e de plástico? Por que razão certos edifícios, certas pontes, resistiriam mais à usura do tempo do que outros? O que ficaria da nossa arte? Que animais prosperariam e que raças se extinguiriam?

Pura fantasia para amadores de ficção científica? Nem por sombras! Alan Weisman tem uma investigação amplamente documentada - baseia-se, nomeadamente, na evolução de territórios actualmente virgens, as florestas que envolvem Chernobyl, a zona desmilitarizada que separa as duas Coreias, cruza as opiniões dos especialistas com as observações dos autóctones, e convida-nos a uma instrutiva viagem à volta à Terra… sem nós!»

“The story of stuff”

The Story Of Stuff, A História Das Coisas Título do singular projecto liderado por Annie Leonard.

Nascida em 1964, Annie Leonard é natural de Seattle, nos Estados Unidos. Formada na área de Planeamento Regional e Urbano, já ocupou cargos de relevo em organizações como a Greenpeace International, Environmental Health Fund e Health Care Without Harm; co-criadora do GAIA (Global Alliance for Incinerator Alternatives) e membro actual do International Forum for Globalization, Leonard é acima de tudo reconhecida pelo seu

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projecto The Story Of Stuff. O projecto The Story of Stuff surgiu a partir de um documentário de animação amador com o mesmo nome, que Leonard designa como “um desenho animado de 20 minutos sobre lixo”, datado de 2007. Na altura, foi visto por 50000 pessoas; hoje, com mais de 15 milhões de “views”, é um dos filmes mais vistos online sobre a temática do Ambiente.


Cultura e Lazer Livros

Ao longo do tempo e milhares de perguntas colocadas pelos espectadores depois, é criado o Story of Stuff Project, em resposta a todos aqueles que manifestavam desejo de se envolver num projecto que abordasse o ciclo de vida das coisas, fornecendo ao mesmo tempo uma maior e mais detalhada quantidade de informação. Finalmente, em 2010, Leonard decide passar para formato livro tudo aquilo que não conseguiu incluir no documentário. Este aborda de uma maneira fácil de entender e com a qual nos identi-

ficamos rapidamente a temática do ciclo de vida dos produtos; ao mesmo tempo que analisa de onde vêm os nossos portáteis, roupa, água e livros, Leonard partilha connosco a sua viagem como pessoa e ambientalista – desde o tempo em que frequentava a secundária até às visitas a países como o Bangladesh, que são uma constante na sua vida há mais de 20 anos. Para além disto, o livro oferece ao leitor mais detalhes sobre a máquina da Economia dos materiais e a maneira como tudo gira à volta da mesma, menciona vários exemplos de situações alternativas que vingaram, inclusive na sua cidade natal, e refere projectos e pessoas que trabalham para fazer a diferença – localmente ou globalmente. Do ponto de vista de um estudante de Engenharia do Ambiente, é inegável a importância que tem

na nossa formação o conhecimento de ciclo de vida dos produtos, havendo inclusivamente uma disciplina de perfil que aborda essa temática. No entanto, este é um livro que ninguém devia deixar por ler; os problemas da globalização e da sociedade são objecto de pouco-delicada necrópsia ao longo das quase 500 páginas desta obra - com grande destaque para o consumismo e a cultura do “compra-e-deita-fora” que está disseminada por todo o Mundo –, que não deixa margem para erros e nos obriga a reflectir nas consequências de cada acção que tomamos como seres humanos, habitantes da Terra, membros da sociedade. Escrito numa linguagem acessível a todos e com ilustrações que prendem a atenção de qualquer um, A História Das Coisas (publicado pela Editora Presença em Portugal) oferece-nos “uma refrescante visão de uma economia cuja sustentabilidade se adapte aos recursos finitos do sistema principal – a biosfera terrestre da qual todos fazemos parte”. Joana Órfão 1a EDIÇÃO

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Filmes Premiados no festival CineEco

Em Outubro de 2011 realizou-se a 17ª edição do CineEco na Casa Municipal da Cultura de Seia. O CineEco mostra cinema acerca de temáticas ambientais e a sustentabilidade. Este festival está associado à Zero em Comportamento, associação cultural que tem em mãos o festival de cinema independente de Lisboa Indie Lisboa. Nesses dias pôde-se visionar 19 filmes na Competição Internacional (nove longas e dez curtas) e 20 na Competição Lusófona (sete longas, treze curtas), filmes da secção Panorama, que ganhou uma parente infantil, e passaram ainda dois filmes centrados no Ano Internacional das Florestas 2011 (um deles produzido pelo alemão Werner Herzog).

“Le temps des grâces”, de Dominique Marchais, foi o documentário francês que ganhou o Prémio Ambiente do CineEco 2011. O filme “é uma investigação documental sobre o mundo da agricultura francesa nos dias de hoje, onde a biodiversidade deu lugar à racionalização da produção”. Na competição internacional foram também premiados “Under Control” , de Volker Sattel – Prémio Especial do Júri –, e “Angst”, de Graça Castanheira (Portugal) – menção honrosa. O Prémio Comunidades Sustentáveis, patrocinado pelo Programa Gulbenkian Ambiente para a melhor curta metragem da competição internacional, foi atribuído a “Un monde pour soi”, de Yann Sinic (França), ficando “Casus

Home Realizado pelo fotógrafo francês Yann ArthusBertrand. Retrata a Terra através de uma sequência única ao longo de mais de 50 países, toda filmada dos céus. Serão revelados, em simultâneo, as preciosidades que a Terra nos oferece e as marcas que deixamos para trás, com um único objectivo: encorajar-nos a proteger o mundo.

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Cultura e Lazer Cinema

The Cove Documentário realizado por Louie Psihoyos, fotógrafo da National Geographic. Revela um grande crime ambiental contra golfinhos em Taiji, no Japão. O filme conquistou o Prémio do Público no Festival de Sundance 2009 e arrecadou o Óscar de Melhor Documentário na edição de 2010.

Belli”, de Yorgos Zois (Grécia), com uma menção honrosa. Por outro lado, o Prémio Antropologia Ambiental ficou nas mãos de Andreas M. Dalsgaard (Dinamarca), com “Cities on Speed: Bogota Change”. Houve ainda uma menção honrosa para “Unfinished Italy ”, de Benoit Felici (Itália). Na competição Lusófona, “Muito Além” , de Mário Gomes (Portugal/Alemanha) foi galardoado com o Prémio Camacho Costa e “Como as Serras Crescem”, de Maria João Soares (Portugal), ganhou uma menção honrosa.

O Prémio Educação Ambiental Ciência Viva foi entregue a Ling Lee (Reino Unido) com “My Favourite Supermarket ” e a menção honrosa foi para “Bogota Change”, premiada pela segunda vez. Graça Rodrigues, com “Angst”, e Yann Sinic, com “Un monde pour soi”, também venceram outros prémios. A portuguesa levou o Prémio da Juventude Universidade Lusófona e o francês a menção honrosa. Por último, o Prémio do Público Endesa foi atribuído ao “Eco Ninja”, curta-metragem de Jonathan Browning.

Darwin’s nightmare Um documentário sobre os efeitos da pesca da perca do Nilo no Lago Vitória na Tanzânia. A espécie predatória, que dizimou as espécies nativas, é vendida em supermercados europeus, enquanto as famílias famintas da Tanzânia têm de se contentar com as sobras.

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A 11. Hora Produzido e narrado pelo actor Leonardo Di Caprio. O documentário mostra os desastres naturais causados pela humanidade e o que pode ser feito para reverter esses efeitos. Conta com a participação e o testemunho de dezenas de conceituados cientistas nesta luta pelo restabelecimento do equilíbrio da relação entre a humanidade e os ecossistemas.

Urbanized Um documentário sobre o projeto das cidades, que olha para os problemas e as estratégias por trás do desenho urbano e apresenta alguns dos arquitetos mais importantes do mundo, planejadores, políticos, construtores e pensadores.

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