MELANCIA mag #21 novembro/dezembro

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MELANCIA mag

Cultura Visual & Lifestyle #21 | Novembro - Dezembro 2017 | melanciamag.com


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MELANCIA cultura visual e livestyle mag #21 /novembro-dezembro 2017

idealizadoras Juliana Lima & Mafalda Jesus sp e

al ci nks tha :)

Ivan Oliveira Studio Pamelitas | ilustração Robert Panda | street art Dário Gomes | ilustração Manuel Ribau | tatuagem Jaya Aerial Alab | desporto Virus | street art e música Cátia Marcachita | receita Juliana Lima | ping-pong Ana Henriques | revisão Família | Amigos

Capa e Contra Capa by: Dário Gomes

e-mail: melanciamag@gmail.com | www.melanciamag.com | facebook/melanciamag | instagram: @melanciamag


Esta edição da MELANCIA mag tem um sabor... diferente, mas não menos especial. Vem recheada de muita arte, fotografias, moda, tatuagens, porcelanas, riscos e rabiscos, como de costume, mas também traz uma novidade. Para quem nos acompanha, sabe que há pouco tempo completámos dois anos de projeto. A revista nasceu em Setembro de 2015, em Portugal, quando eu, Juliana, ainda estava a viver em Lisboa. Mesmo depois de atravessar o oceano e voltar para a minha cidade-natal, São Paulo, quando completámos um ano de revista, mantive o gás para dar seguimento à #melanciamag. Nesta jornada alcançámos muitos seguidores, elogios, reconhecimento e realização pessoal que não sabemos nem como descrever. #orgulho A novidade desta edição, é que, além de todas as cores e dos sabores, temos de anunciar uma mudança. Até aqui as fatias da nossa deliciosa revista eram meio a meio. Metade portuguesa por Mafalda Jesus, metade brasileira por Juliana Lima. Até aqui viajámos juntas. Hoje a metade brasileira escreve-vos para se despedir. Chegou o momento de cada uma seguir viagem sozinha. Apesar do amor que tenho por este projeto, sinto que uma despedida é necessária, antes de podermos encontrar-nos outra vez. Só desejo que as nossas despedidas sejam um eterno reencontro. E que as experiências compartilhadas no percurso até aqui sejam a alavanca para alcançarmos a alegria de chegar ao destino projetado. No meu caso, com outros sonhos, novos projetos pessoais como o que conto no PING PONG desta edição. Para a MELANCIA mag e minha companheirinha Mafalda, as melhores energias, desejo de sucesso e vida longa. E para os leitores, um agradecimento de coração por todo o apoio. Todos nós precisamos de sonhos. E de nutrir-nos de boas lembranças. É o que levo. Sigo não mais como a metade, mas como colaboradora, leitora e fã da MELANCIA mag. E finalizo o editorial com um verso para reflexão. Não faças do amanhã o sinónimo de nunca, nem o ontem te seja o mesmo que nunca mais. Teus passos ficaram. Olhes para trás... mas vai em frente pois há muitos que precisam que chegues para poderem seguir-te. Charlie Chaplin





IVAN OLIVEIRA aka KHEMETEYE All kind of art www.instagram.com/khemeteye/ www.facebook.com/Khemeteye


índice 10

STUDIO PAMELITAS

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MANUEL RIBAU

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88 PING PONG

ROBERT PANDA

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DÁRIO GOMES

JAYA AERIAL LAB

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TOMA NOTA

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DELICIA DE MELANCIA

ESTILO QUE ANDA POR AI

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Ilustração & Pintura em porcelana

Entrevista por: Juliana Lima Ilustrações por: Pâm Moraes

Pâm Moraes, 31 anos, é uma brasileira ex-publicitária, diretora de arte, que se reencontrou nos trabalhos manuais. Hoje esta paulista fez do seu perfil no Instagram @pamelitas uma verdadeira galeria, na qual apresenta suas delicadas ilustrações pintadas à mão em porcelana. Conheça as inspirações e o processo criativo desta artista que expressa sensibilidade, natureza e feminilidade nas suas obras nesta entrevista exclusiva.

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1) MELANCIA: Quem é a Pâm Moraes? PÂM MORAES: Pâm Moraes é uma publicitária de formação, diretora de arte como ex-atividade e atualmente uma mulher que se encontrou novamente com os trabalhos manuais. 2) M: Quando percebeste a tua aptidão para a área criativa? P: Desde criança, eu sempre fui muito curiosa, imaginativa e gostava de inventar brincadeiras, de tentar fazer minha própria massinha de modelar, papel vegetal e cadernos. Então para mim não houve dúvidas na hora de escolher uma profissão no final do secundário. Eu sabia que seria publicitária e trabalharia na área de criação. 3) M: E a pintura em porcelana, como começaste? P: Comecei à procura de um curso de modelagem cerâmica. Eu tinha acabado de ser demitida de um emprego de que eu não gostava e estava muito apavorada por ter de voltar à mesma situação. Foram dois meses entre a demissão e a primeira aula de pintura, nesse tempo tentei fazer aquilo de que eu gostava quando era criança: desenhar.

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4) M: A sua arte autoral combina o feminino e a natureza. Conta-nos as tuas inspirações. P: São temas complementares. Mesmo quando a mulher em si não está junto da natureza, o feminino está presente de alguma forma nas peças. Acho que olhar para a natureza é eu, como mulher, me interiorizar, buscar os meus instintos e expressar-me da forma mais genuína. E como são temas fortes eu faço a dosagem de impacto na paleta de cores. 5) M:Conta-nos como funciona o teu processo criativo. P: Geralmente, as ideias vão vindo por observar a cidade e pessoas. Gosto de deixar minhas influências bem amplas. Vejo graffitis, bordados, pinturas, tatuagens... E paralelamente eu defino a paleta que vou usar baseada no que quero transmitir com a peça. Vou separando as peças que acho que ficariam melhor na arte que imaginei e desenho num papel antes de pintar a porcelana. Muitas vezes tenho a base do que quero pintar, mas vou improvisando a medida que vou sentido a necessidade de cada peça.

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6) M: Trabalhas apenas por encomenda ou também tens um acervo e vendes peças prontas? P: As duas coisas. O meu stock é limitado porque é um trabalho manual e exige tempo. Mas trabalho com encomendas de coisas que eu exponho e também peças personalizadas desde que eu possa aplicar meu estilo e temas também. 7) M: Em linhas gerais? Como é que as pessoas conhecem o teu trabalho? P: O Instagram é a minha grande vitrine. Eu dedico muito tempo na produção de fotos e divulgação através desta rede social. E como eu faço toda essa parte também, acho que acabo empregando uma identidade forte nas imagens. Mas também realizo algumas feiras em São Paulo e é uma oportunidade para ver as peças pessoalmente. O famoso olhar com as mãos. 8) M: Conta-nos uma história interessante de uma encomenda que foi especial para ti. P: Ah, eu faço pratos para carregar as alianças dos novos casais até o altar. E eu acabei de receber uma encomenda de uma neta que mostrou um desses pratos ao avô e ele resolveu encomendar uma peça para presentear a mulher. São 40 anos de casados, ou seja, essa me deixou muito emocionada pois eu farei parte desses 40 anos de casamento e isso faz com que eu tenha mais certezas de que o meu trabalho importa.

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9) M: Que coisas são essenciais no teu dia-a-dia? P: O meu dia-a-dia é muito corrido e confesso que ainda não está como eu quero. Eu vim de um emprego com um contrato, em que cumpria horário, então ser a minha própria chefe é um desafio ainda maior, porque eu sou a artista, os recursos humanos, o entregador, fotógrafo... Mas eu procuro descansar, ter o meu tempo livre, quanto for necessário, e não me sentir culpada por isso. Quem trabalha com esse lado mais criativo precisa de ter a mente livre, descansada, para conseguir criar. 10) M: Onde encontramos a Pâm quando não está a pintar porcelana? P: Nas aulas de Cerâmica, eu comecei finalmente as minhas aulas de Modelagem. E, como uma boa paulistana, no bar com os amigos. 11) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) P: Se você está naquele momento da vida em que não sabe se está feliz com a carreira que escolheu, não tenha medo de reavaliar as escolhas que fizemos tão novinhos. Para a vida continuar caminhando, às vezes precisamos de olhar para os dois lados da rua antes de atravessar (ou mudar de caminho). Acredita que é muito bom ser feliz com o trabalho :)


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Street Art

Entrevista por: Mafalda Jesus Trabalhos por: Robert Panda

Uma abordagem filosófica à estupidez humana? Robert Panda, 35 anos, não faz a coisa por menos. Os seus bonecos são como bons gigantes, coloridos e amistosos, que nos interpelam nas nossas deambulações urbanas. Se te cruzares com um deles, aproveita e senta-te à conversa. Estúpido? Estupidamente interessante, diríamos.

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“QUE TODAS AS PESSOAS SÃO DIFERENTES, E AINDA ASSIM TODOS SOMOS ESTÚPIDOS, E NÃO HÁ MAL NENHUM NISSO.” 1) MELANCIA: Quem é o Robert Panda? ROBERT: O Robert Panda é artista visual. Desenvolvo um projeto de instalação e também performativo intitulado de “The Stupid Project” uma abordagem filosófica à estupidez humana com figuras Antropomórficas coloridas de diferentes materiais e instaladas na rua para que as pessoas tenham uma experiência estética e interactiva. 2) M: Como surgiu a ideia de começar este projeto? R: O projeto data 2011 quando a crise entrou sem pedir em Portugal. Queria denunciar a estupidez política, burocrática e financeira. Comecei então por desenvolver uma série de acções com figuras feitas em papel e fita-cola e em que os suspendia em pontes reflectindo os responsáveis pela crise. Depois de os ter feito, não achei que fizessem sentido e iria dar demasiada importância visual e claro, também não queria deprimir ainda mais a cidade. Ao invés peguei nas figuras alterei, pintei com cores vivas e deformei para lhes dar mais carácter e personalidade. 3) M: Quem são estes bonecos? R: São a expressão visual da minha vontade de criar, do meu

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imaginário e das histórias que pretendo contar. 4) M: O que pretendes despertar nas pessoas? R: Que todas as pessoas são diferentes, e ainda assim todos somos estúpidos, e não há mal nenhum nisso. 5) M: Neste momento a street art está cada vez mais presente nas cidades e na sociedade. Como vês esta evolução? R: Cada vez mais as cidades integram esta experiência estética na sua programação cultural e assim sendo a “street art” assume a sua evolução natural. 6) M: O que é essencial no teu dia-a-dia? R: Café curto sem principio, chávena escaldada. 7) M: Na tua opinião que noção é que um artista nunca deve perder? R: Não ceder à pressão, seja qual for a situação. 8) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) R: Bom regresso a casa!


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“QUERIA DENUNCIAR A ESTUPIDEZ POLÍTICA, BUROCRÁTICA E FINANCEIRA.”

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@sarajvieira



Ilustração

Entrevista por: Juliana Lima Ilustração: Dário Gomes

Dário Gomes, 32 anos, é designer gráfico de formação e criativo de profissão. Nasceu em Funchal, Madeira mas vive em Lisbos há anos. Nesta sua primeira entrevista revelou-nos alguns dos seus segredos sobre suas ilustrações. Descubra o universo secreto por de traz dos pontilhismos do Dário e cria coragem psra errar também :)

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1) MELANCIA: Quem é Dário Gomes? DARIO: Ainda não sei quem sou ou porquê que estou aqui, provavelmente nunca saberei. Sempre fui curioso desde criança, afoguei todos os meus bonecos em aquários improvisados imaginando uma guerra subaquática, fiz mergulho com saco de ferramentas improvisado para procurar pedras preciosas por baixo de corais, os diálogos entre os peixes expostos na praça enquanto acompanhava a minha mãe nas compras ao sábado de manhã, e as pequenas criaturas escondidas dentro do armário, sei que ainda andam por lá, apenas estou distraído. Procuro saber um pouco de tudo, como se faz tudo, antes da internet, absorvia tudo o que a TV oferecia, desde o Knight Rider ao MacGyver, He-Man aos Cavaleiros do Zodíaco, tudo o que fiz e ainda não fiz, será a resposta à vossa pergunta, até lá vou experimentar tudo o que me faça feliz criativamente. Provavelmente ainda não sabem quem eu sou e isso indica que saltaram o início da resposta. 2) M: Quando e como começastes a ilustrar? D: Desde que me lembro, sempre ilustrei ou pelo menos tentei. Nunca gostei de desenhar, até ao dia que ganhei coragem em errar, só quem olha para uma tela branca é que sabe a coragem necessária para o primeiro traço. Sempre gostei de qualquer expressão artística, mas lembro-me sempre do clique pela ilustração, foi quando vi o meu pai distraído a rabiscar, era uma transcrição do que ele sentia, não é por ser bonito ou feio, mas

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sim o que sentes. Partilho sempre essa coragem com o que desenho, por não ser premeditado, mas sim sentido. 3) M: Qual a relação do personagem dos teus desenhos contigo? D: O personagem é um pulha e representa os meus vários egos, ou eu represento os vários egos dele, indiferente. É um homem rude, sem maneiras, mas um companheiro espectacular, normalmente represento-o quando estou mais expressivo. Há dias que nem o vejo, outros que vejo diariamente, embora seja assim, a nossa relação é saudável. 4) M: Quais as tuas inspirações para as situações que o personagem vive nas tuas ilustrações? D: Esta é fácil, a minha mulher e gatos (Gandhi, Mickey e Minnie), amigos, passeios, viagens, trabalho, tudo. Por causa desta entrevista reparei que, inconscientemente sempre que entro ou estou de férias, desenho-o de calções de banho no mar. O meu dia-a-dia poderá provocar qualquer situação que desenho. 5) M: omo descreves o teu estilo? D: É cru e egoísta. Utilizo muito a técnica do pontilhismo, não por ser a minha favorita (nem por isso), mas porque noto que durante o processo do “tic-tic-tic-tic..” estou a meditar e consigo estar totalmente relaxado, faz-me bem. para viver novas experiências e expressar-me de outra forma.


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6) M: O que é essencial no teu dia a dia? D: Caos. Trabalho numa agência criativa, procuro sempre o melhor caminho para a melhor ideia, muitas das ideias são lixo e isso causa frustração, mas também muita pesquisa. É exactamente esse caos que me leva a pesquisar muita coisa, que eventualmente vai servir de matéria para desenhar e criar. 7) M: Que objetivos gostarias de alcançar no futuro? D: Quero estar dedicado mais tempo às minhas personagens, dar-lhes voz e vida com mais frequência, talvez através de um livro e uma exposição. Não pensei muito sobre isto, mas se um deles se concretizar, partilho com vocês. 8) M: Na tua opinião que noção é que um artista nunca deve perder D: Ui, primeiro que tudo, ignorar a minha opinião. De seguida, devem procurar sempre o que lhes faz feliz, se é pintar bidés de amarelo neon com bananeiras plantadas dentro, se são felizes com isso, continuem, se gostam de simplesmente meter uma lata de refrigerante vazia e esmagada e têm um conceito para essa “obra conceptual contemporânea” continuem, porque essas coisas normalmente fazem-me rir. Procurem o que vos move e faça feliz, mas nunca percam a noção da realidade e do ridículo. 9) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) D: Obrigado pela coragem (ou ignorância) por me concederem a minha primeira - e talvez última - entrevista ‘ever’ e obrigado aos leitores (só aos que leram tudo o que escrevi, os outros, buuh) pelo tempo dedicado a mim. Emoji-coração-com-asmãos.

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“DESDE QUE ME LEMBRO, SEMPRE ILUSTREI OU PELO MENOS TENTEI. NUNCA GOSTEI DE DESENHAR, ATÉ AO DIA QUE GANHEI CORAGEM EM ERRAR, SÓ QUEM OLHA PARA UMA TELA BRANCA É QUE SABE A CORAGEM NECESSÁRIA PARA O PRIMEIRO TRAÇO. ”

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Tatuagem

manuel ribau tattooer Entrevista por: Mafalda Jesus Tatuagens por: Manuel Ribau

Um apaixonado por Blues e pela sua Harly Davindson, Miguel Ribau é um tatuador com um vasto portfólio no estilo tradicional americano. Nesta entrevista, fala-nos do seu percurso e das pessoas que o influenciaram e ajudaram a realizar os seus sonhos profissionais, destacando a sua companheira que, segundo ele, é a responsável por fazer a máquina funcionar.

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“NADA COMO DAR UMA BOA VOLTA NA MINHA HARLEY DAVIDSON E UM BOM BLUES. ”

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1) MELANCIA: Quem é o Manuel? MANUEL: Uma boa questão... Uma pessoa simples. Dou bastante valor á família, ao meu trabalho, aos poucos amigos que tenho e tão ou mais importante, à minha mulher, Marina Oliveira. Além de me inspirar, é a pessoa que mais me tem apoiado. É a pessoa que tem tratado das minhas marcações e cada vez mais tem tido contacto com os meus clientes, além de muitos a fazeres no dia-a-dia, que me deixam livre para me dedicar mais intensamente aos projectos dos clientes e a pintar. É a pessoa que faz a máquina funcionar. De resto, nada como dar uma boa volta na minha Harley Davidson e um bom Blues. Gosto muito de velharias em geral, ainda agora comprei um batente de porta antigo, com a forma de um cavalo e ferradura. É incrível, apesar de não ter uso nenhum para lhe dar, mas não resisti (ahah). Não sei bem o que referir mais, mas tem o seu quê de engraçado fazer esta pequena introspecção, talvez devesse ter um diário (ahah).


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2) M: Há quanto tempo tatuas e como começou? M: Ora aqui está a questão que mais caracteres vai ocupar nesta edição da “MELANCIA”. Acho que o primeiro contacto com a tatuagem, ainda que bastante rudimentar, tenha sido com os meus 15/16 anos. Apenas vou dizer “tinta da china e uma agulha”, mas nem me vou adiantar mais... (ahah) O “clique” deu-se nas Caldas da Rainha, na “Glory Bound Tattoo Parlor”, onde trabalham artistas como “Sailor Marc”, Paulo Almeida, Luis “Bold” num ambiente bastante divertido. Estudava na ESAD na altura, num curso que pouco me motivava. Tatuei-me com o Marcos e algo despertou o interesse na tatuagem. Já tinha algum gosto por tradicional americano e duas tatuagens do estilo, mas ver um trabalho com uma qualidade superior despertou em mim este sentimento que ainda hoje tenho: “ISTO É INCRÍVEL, EU TENHO QUE FAZER ESTA MERDA!” (desculpem o meu francês). Foi o Marcos que me levou a conhecer as pessoas que me iniciaram nesta arte milenar. Pedro Santos, um tatuador com bastantes anos de experiência e um trabalho excepcional e a Denise Martins (bodypiercer). Foi com eles que dei os primeiros passos e fiquei eternamente grato. Segui o meu caminho, com esforço mental e físico e alguma sorte, numa fase bastante atribulada, devido a problemas familiares graves. Comecei a trabalhar na Bad Bones Tattooing, estúdio com o seu peso na história da tatuagem em Portugal, onde aprendi muito, especialmente com o Telmo Casal, artista residente no estúdio. Acho, no entanto, que o meu caminho começa quando descubro a “Ink and Wheels”, no Campo Pequeno. Recém aberto na altura, conheci a Mariza Seita ou como ela se auto-intitula “eu sou mais que tua mãe!”. Com certeza já ouviram falar dela, pois esta mulher encanta o mundo e tem um trabalho muito bom. Também conheci o Marco, um gajo espectacular que vos pode ensinar uns quantos truques quanto a manter calças de ganga impecáveis (ahah) e na altura também a Diana (bodypiercer). Fui fazendo o meu caminho e ja trabalhei em vários estúdios, alguns dos quais, onde trabalho regularmente, como a “Spider Tattoos”, no Porto, o primeiro estúdio a abrir em Portugal, grandes amigos, família, para ser mais exacto. Também tenho que referir a “Queen of Hearts - Lx Factory”, onde podem encontrar o Diogo Andrade, a quem agradeço muito toda a experiência e contacto com vários artistas dos mais variados estilos e também pela amizade constante. Por fim mas, de todo, não menos importante a Exink, em Braga, onde actualmente passo a maior parte do meu tempo, com o ilustre Eduardo Fernandes (tatuador de realismo) e o irmão Carlos Fernandes (bodypiercer). São os irmãos que nunca tive. (Não chorem, vá!). Dito isto, tatuo desde 2013 e tendo sido uma constante aprendizagem, porque aprendizes somos a vida toda. Tatuo há uns breves três anos e meio e ainda tenho muito que aprender.

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3) M: Quais são as tuas referências e inspirações? M: Teria que fazer uma lista infindável de artistas, assim como personalidades e momentos que me inspiraram. No entanto e maioritariamente, no que toca a Tradicional Americano, o estilo que encontram em maioria no meu portfólio, provavelmente os grandes clássicos. Tento também trabalhar em outros estilos como o Tradicional Japonês, Neo-Tradicional e com o tempo espero também em Realismo Black and Grey. 4) M: Com o olhar mais criterioso e treinado de hoje, como classificarias a tua primeira tatuagem? M: Obviamente que a minha primeira tatuagem é algo com que já não me identifico hoje em dia. Felizmente, houve uma evolução a nível técnico e a minha cultura a nível visual também foi bastante cultivada. A tatuagem foi feita num grande amigo meu, que felizmente tem bastante orgulho nela e fica muito 48 MELANCIA

feliz, diz ele, em fazer parte da história da minha evolução. 5) M: Qual é o cliente ideal? O que chega com um rascunho ou o que te dá liberdade criativa? M: O cliente ideal é algo muito relativo. Mais do que referir a personalidade de cada um, apesar de também ter o seu peso na matéria, nada como uma boa pele para trabalhar, assim como uma pessoa que respeite o ofício e seja cooperativa com o nosso esforço, dentro daquilo que podemos exigir de cada um. É realmente uma batalha por vezes e tanto o artista como o cliente devem estar ali com o mesmo propósito. Gosto muito de ter liberdade criativa, obviamente, mas por vezes também surgem desafios muito interessantes nas ideias que os clientes querem desenvolver. 6) M: Qual é o maior desafio profissional nesta indústria? M: Desenvolver peças grandes, nos mais variados estilos é algo


que demora uma vida a atingir e portanto é algo muito difícil, mas na minha opinião, o maior desafio está nas tatuagens mais simples. Já discuti este assunto com vários colegas que ainda se dão ao trabalho de continuar a desenvolver o estilo, a que chamamos de “comercial”. Tentar criar peças tão simples, com margem zero para erros por serem tão simples e que às vezes nos aparecem tão repetidamente, pode ser algo muito difícil e que satura um pouco. Tentar fazer um bom trabalho e levar o cliente a sair do estúdio com um sorriso, sem menosprezar o cliente que apenas quer um motivo tão simples, pode ser algo muito difícil. De facto, tudo é um desafio quando tentamos o nosso melhor. 7) M: Onde encontramos o Manuel quando não está a tatuar? M: (ahah) Fácil! Isso seria eu sentado na minha Harley a tentar não ficar muito para trás da minha mulher (Marina), que me

dá uma abada a maior parte das vezes! Muitas vezes fazemos passeios com o grupo dela, as “Foxy Riders” (Google it!), que organizam eventos muito porreiros. Não há nada que me dê mais gosto que partilhar o meu tempo com ela, temos gostos estupidamente parecidos, mas como ela costuma dizer, “isso são outros quinhentos”. Gosto muito de pintar flash, de ler sobre máquinas de tatuar, gostava muito de vir a construir as minhas próprias máquinas e adoro comer. Ouvir um bom Blues e tocar harmónica é algo que adoro fazer e me tira do sério! Gosto também de skatar quando tenho tempo. Infelizmente os tempos de skatar o dia todo e beber umas cervejas já la vão há algum tempo, mas agora que falo, a ver se tiro algum tempo para dar uns valentes malhos! (ahah) Acho que tenho gostos muito simples.

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“TRABALHEM MUITO PARA SEGUIR OS VOSSOS SONHOS E SEREM PERSISTENTES, PRINCIPALMENTE QUANDO VIREM RESULTADOS.”

8) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) M: Antes de mais queria agradecer a “MELANCIA Mag” pela oportunidade, foi bem mais divertido do que esperava. Acho que o melhor recado que posso deixar, ainda que seja um grande cliché é que trabalhem muito para seguir os vossos sonhos e serem persistentes, principalmente quando virem resultados. Aí é altura de darem o dobro. Quanto a tatuagens, tentem fazer

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tudo o que o vosso tatuador disser relativamente aos cuidados pós tatuagem, o esforço tem que ser mútuo e nós não dizemos as coisas para ser chatos ou para vos impingir um creme qualquer. Faz realmente diferença, as tatuagens são para durar uma vida. Já que falo nisso, se quiserem uma, sabem como me contactar ou venham só visitar e dizer um grande Olá, vou ter todo o gosto em vos receber! Obrigado e vejo-vos no estúdio!


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Desporto

Entrevista por: Juliana Lima Imagens : Jaya Aerial Alab

Diana Martins, 30 anos, nasceu em Cartaxo mas vive em Lisboa há uns anos. Arquiteta paisagista de formação, conta-nos como a vontade de mudar o seu estilo de vida aos 25 anos teve impacto na sua carreira. Seguiu por várias modalidades desportivas, entre elas o Yoga Suspenso e a Acrobacia Aérea e hoje é coordenadora e instrutora na escola Jaya Aerial Lab. Voa connosco e inspira-te neste sonho que se tornou realidade.

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“O SONHO DE QUERER “CHEGAR MAIS ALTO” CONDUZIU À CRIAÇÃO DE UMA ESCOLA QUE FUNCIONASSE COMO UM LABORATÓRIO DE DISCIPLINAS AÉREAS E DE DESENVOLVIMENTO PESSOAL, ONDE TODOS PUDESSEM EXPERIMENTAR E EXPLORAR A MULTIDIMENSÃO ESPACIAL DESTAS MODALIDADES E QUE PERMITISSE AOS SEUS PRATICANTES ATINGIR UM ESTADO DE JAYA.” 1) MELANCIA: Quem é a Diana Martins? DIANA MARTINS: Acho que essa é a pergunta faço a mim mesma todas as noites antes de dormir e não é fácil responder! (risos) Sou uma apaixonada por Pole Dance, Acrobacia Aérea e muitas outras coisas à volta destas duas modalidades. E hoje em dia posso dizer que estou imensamente grata por ter como profissão algo que pessoalmente gosto tanto e me faz tão bem.

tornou aborrecido. Foi precisamente nessa altura que, desafiada por uma amiga, fui experimentar uma aula de Pole Dance e aquilo que era para ter sido apenas uma aula experimental, rapidamente se tornou quase uma obsessão que mudou radicalmente o meu estilo de vida.

2) M:Quando percebeste a tua aptidão pela prática desportiva? D: Sempre fui uma pessoa muito activa. Cresci numa cidade pequena, onde não tive possibilidade de praticar ginástica ou dança, como a maioria das crianças dos dias de hoje, mas o gosto pela dança e acrobacia esteve sempre presente na minha vida. Depois de passar por uma fase de maior sedentarismo durante os tempos de faculdade, a vontade de mudar o meu estilo de vida surgiu por volta dos 25 anos.

4) M: Sabemos que fazes yoga, pole dance, alongamento, praticas Tecido Vertical... Qual o teu desporto favorito? Porquê? D: É muito difícil para mim escolher apenas um, pois não me imagino sem Pole Dance, Tecido Vertical ou Yoga. Pole Dance e Tecido Vertical são as modalidades que me permitem exprimir sentimentos ou estados de espírito através de movimento, numa perspectiva talvez mais artística. Enquanto o Yoga é o que me faz interiorizar, manter os pés no chão e me mantém equilibrada internamente. Posso escolher estes três?

3) M: Em que modalidades começaste? D: Por incrível que pareça, comecei com Ballet aos 24 anos. Não é propriamente a idade mais indicada para começar a fazer dança clássica, no entanto, era um sonho que tinha por realizar desde pequena. Descobri uma escola em Lisboa com aulas de Iniciação ao Ballet para adultos, o que é raro encontrar, e lancei-me nessa experiência. No entanto, não foi preciso muito tempo para perceber que a evolução nesta modalidade era um processo mais lento do que eu gostaria e que aquilo que até certa altura era bastante estimulante, rapidamente se

5) M: Hoje trabalhas na direção e dás aulas no Jaya Aerial Lab, um espaço inovador e fora do vulgar. Gostaríamos de saber mais sobre o conceito e o que ele tem de mais especial na tua opinião. D: Antes de mais, acho que faz sentido explicar a origem do nome Jaya Aerial Lab. Jaya significa, em Sânscrito, Vitória ou Vitorioso, no sentido de auto-superação. Palavra que esteve presente desde o início deste projeto, que começou num estúdio de yoga e se expandiu para outras áreas desafiadoras da força da gravidade. O sonho de querer “chegar mais alto”

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“ESCOLHE UM TRABALHO DE QUE GOSTES, E NÃO TERÁS QUE TRABALHAR NEM UM DIA NA TUA VIDA.” SOU FELIZ POR NÃO TER QUE TRABALHAR NEM UM DIA NA MINHA VIDA!

conduziu à criação de uma escola que funcionasse como um laboratório de disciplinas aéreas e de desenvolvimento pessoal, onde todos pudessem experimentar e explorar a multi-dimensão espacial destas modalidades e que permitisse aos seus praticantes atingir um estado de Jaya. 6) M: Que modalidades podemos lá encontrar? D: O Jaya Aerial Lab é espaço único em Portugal que reúne diversas modalidades aéreas, como Yoga Suspenso, Pole Dance, Trapézio e Tecido Vertical, bem como uma série de outras modalidades, que de alguma forma complementam tipo de práticas (Yoga, flexibilidade, condicionamento físico e dança). E na minha opinião, há dois motivos que fazem desta escola um sítio tão especial. Primeiro porque torna todas estas modalidades, muitas vezes vistas em espectáculos como os do Cirque du Soleil, acessíveis a qualquer pessoa, de qualquer idade e com qualquer tipo de condição física. São modalidades exigentes, que colocam os alunos a fazer coisas que nunca imaginaram fazer e por isso proporcionam níveis de satisfação muito grandes. A mais pequena conquista provoca uma felicidade imensa, e isso é Jaya — a essência desta escola! Segundo, porque o espaço e as aulas em si têm um espírito de coesão muito grande entre os alunos, instrutores e funcionários, o faz com que o ambiente seja muito familiar e amigável. A boa energia é quase palpável e é com certeza um dos aspectos que faz toda a gente se sinta bem no Jaya desde a sua primeira visita. 7) M: Tens muita determinação e disciplina para os treinos. Quais são as dicas mais importantes que poderias dar para quem deseja evoluir no desporto. D: Determinação, foco, persistência e dedicação são essenciais para que a evolução aconteça. É preciso traçar objetivos, lutar por eles e não desistir quando 58 MELANCIA


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nem tudo corre como o esperado. Aliado a tudo isto deverá estar com certeza a paixão pelo que se faz. Essa deve ser a maior motivação de todas. 8) M: Qual o teu lema? D: ”Escolhe um trabalho de que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida.” Sou feliz por não ter que trabalhar nem um dia na minha vida! 9) M: Que coisas são essenciais no teu dia a dia?. D: Uma boa noite de sono, um pequenoalmoço que me garanta (boa) energia para o dia todo, um fato de treino confortável e o meu tapete de yoga! (risos) 10) M: Onde encontramos a Diana quando não estás a treinar? D: Passo a maior parte do meu tempo no Jaya Aerial Lab, mesmo quando não estou a treinar! 11) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) D: Direcionem a vossa energia para aquilo em que acreditam e não deixem que nada nem ninguém vos afaste do vosso sonho. Porque tudo começa com um sonho!

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Street Art & Música

Entrevista por: Mafalda Jesus Ilustrações por: Virus

Fascinado pelo lettering, Vírus é o seu nome artístico e por enquanto isso basta. Anda por cá há menos de um quarto de século mas já teve tempo de riscar muitas paredes e produzir alguns sons. Começou aos 15 quando pediu ao pai dinheiro para umas latas. O que é um pai não faz por um filho? Obrigado, pai do Vírus. Sem ti não estaríamos aqui hoje.

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“UM VÍRUS É A ÚNICA BACTÉRIA QUE SE AUTO-MULTIPLICA SEM NECESSIDADE ALGUMA DO EXTERIOR. ESSA IDEIA DE AUTO SUFICIÊNCIA É ALGO QUE ME AGRADA BASTANTE TAMBÉM ”

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1) MELANCIA: Em poucas palavras como te descreves? VIRUS: Uma criança de 23 anos a balançar numa linha ténue entre um alter-ego demasiado gordo e a uma realidade demasiado dura. 2) M: Porquê o nome “Virus”? V: Senti magia à primeira vez que me surgiu a palavra na mente como tag. Sabia que ia ser um desafio porque tem letras difíceis de desenhar mas o significado sobrepôs-se ao mesmo. Acho que na “utopia de um writer” é isso que nos tornamos, um vírus. Espalhamo-nos por todo o lado sem que a pessoa se aperceba. Já agora, uma curiosidade... Um vírus é a única bactéria que se auto-multiplica sem necessidade alguma do exterior. Essa ideia de auto suficiência é algo que me agrada bastante também :) 3) M: Como começou esta aventura no mundo do graffiti? V: Nos morangos com açúcar! (ahah) Estou a brincar. Fiz parte duma geração em que houve um boom muito grande do graff no Porto. Estava tudo pintado, havia muitos writers e sinto que toda a gente tinha a curiosidade de experimentar. Aos 15 anos disse ao meu pai que queria comprar latas para fazer graffiti, e assim foi (algo que mais tarde se arrependeu gravemente). Entretanto conheci muita gente, corri muitas vezes da policia, passei centenas de noites de copo erguido e espero as muitas mais que viram.

4) M: O lettering é o ponto focal do teu trabalho. O que te fascina nisso? V: O facto de as pessoas não perceberem. O facto de serem poucos a saber do que realmente se trata. Lettering é quase como um gajo que percebe de física, ele desenha-te no quadro uma fórmula e achas fantástico, mas não percebes nada. Gosto disso porque as pessoas normalmente sentem-se relacionadas a uma cara e porque será? Porque interagem com caras todos os dias. Mas quem faz lettering não se relaciona a nada, a não ser estas mesmas letras que estão a ler agora. Tudo sai da nossa mente. Acredito que é muito mais difícil desenhar um lettering espectacular do início ao fim, do que uma cara. 5) M: A música também faz parte da tua história enquanto artista. Fala-nos sobre isso. V: Como o graffiti não sai barato e eu tenho ainda muito mais para dar (pow pow) decidi focar-me na produção musical. Estou de momento a trabalhar em dois álbuns: “Weis & Virus 2” para sair daqui a um ano sensivelmente e o meu projecto a solo, para esperar no inicio de 2018. Actualmente é para onde me tenho virado mais, por isso toca a ligar as notificações nesse telemóvel, porque chegarão novidades dentro de em breve.

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6) M: Que objetivos gostarias de alcançar no futuro? V: Conquistar o mundo e.... acho que é só isso :) 7) M: Quais são as tuas referências e inspirações? V: Graffiti: Revok; Semor; Sofles; Ques; Augor; Roids; Colectivo Rua. Música: Enigma; Berna; Dealema; Virtus; Keso; Alkoholiks; Redman. 8) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e a todos os seus leitores :) V: Obrigado pelo convite e um grandapoio à iniciativa (topa o trocadilho). Aos graffiteiros por ai? Toca a pintar essa M3%?da toda! ;)

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#melanciamag

@agnescarvalho8

@lepolainas

@dazambra1

@jessmaria22

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@marijares


@braideamanda

@maggie.pi

@queriamorrer.jpeg

@umasimagensaoacaso

@matilde__cunha

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JULIANA LIMA

Brasileira, 32 anos. www.facebook.com/estilocomcalma Nesta edição tive o prazer de entrevistar a minha amiga e companheira do projeto MELANCIA mag, que nos fala sobre o seu novo desafio “Estilo com calma”. Um projeto recente que a ajuda a desenvolver as suas paixões: a moda e os comportamentos de consumo. Leiam e reflitam se o vosso armário não precisa de uma mãozinha. 1. Recentemente na tua vida, surgiu um novo projeto relacionado com uma das tuas grandes paixões, a moda. Resume-nos o “Estilo com calma”. Estilo com calma trata-se de uma consultoria (sob medida) de estilo. Esse projecto pessoal, de facto, une duas das minhas paixões: a moda, pela perspectiva do estilo individual de cada ser humano, e estudos sobre comportamento de consumo. O nome do projecto foi escolhido com muito carinho e traduz bem o conceito. A calma e a leveza são a base de todo o processo. Carrego esses valores em cada detalhe da consultoria, desde o desenho da metodologia proprietária, na relação que tenho com os clientes, nas atividades para despertar a consciência sobre si e sobre o seu guarda-roupa, nas sessões de autoconhecimento, até nas reflexões que provoco sobre o consumo muitas vezes exagerado de roupas. 2. Como surgiu a ideia? Por incrível que pareça, foi no meu trabalho. Uma colega procurou-me em função do meu know how (formação em pesquisa, comportamento, branding, moda...) e pela forma como me expresso através da roupa, para saber se eu conhecia alguém que a ajudasse a rever o seu guarda-roupa. O estalo veio daí. Porque não eu? Senti no coração que, com calma, eu poderia ajudá-la de verdade. E que acompanhá-la nesse processo seria um enorme prazer. Acho que eu estava certa, acredito que pude ajudar. Mas, melhor do que isso, ela despertou em mim o meu propósito, lindo-de-viver. 3. Qual é o maior objectivo? Trazer ao de cima a essência individual através das roupas. O projeto é despretensioso, leve, divertido e verdadeiro. Ainda está a ser formatado, pouco a pouco. Sem pressa. Afinal, “Estilo com calma” nasceu através de uma relação de amizade e vem evoluindo através da confiança de amigas-clientes que estão a acreditar no meu potencial. Por isso, os meus objetivos

pessoais com tudo isto é poder responder à altura do que cada uma merece, individualmente. E aprender com o ato de partilhar conhecimento e poder acompanhar evoluções reais. 4. Que tipos de pessoa são o alvo deste projeto? No geral, vejo interesse maioritariamente em mulheres, jovens adultas, que estão em momento de mudança. Seja no trabalho, por assumir um novo cargo, seja numa fase de vida ou até por terem sido mães. Uma frase da minha primeira amiga-cliente marcou-me muito: “Ju, já não me reconheço nas minhas roupas”. Os motivos são variados, mas o propósito é o mesmo. Como as etapas da consultoria são modulares e as sessões estruturadas sobmedida, não há regra. Por isso, o alvo do projecto pode ser qualquer pessoa que queira descobrir o seu estilo, reavaliar ou discutir o seu guarda-roupa. 5. Quem achas que deveria recorrer a este aconselhamento? Pessoas que queiram conhecer-se melhor e encontrar um estilo para chamar de seu. O mercado da moda e do fast fashion, geram em toda a gente aquela necessidade de consumir e comprar itens all the time. Normalmente ninguém pára para pensar se precisa mesmo ou se aquela peça tem a ver consigo. Simplesmente compra. A consultoria “Estilo com calma” tem a intenção de despertar a consciência individual, o auto conhecimento, para que todos possam montar um guardaroupa que faça sentido para a sua realidade, e a cima de tudo, que respeite e valorize o seu corpo. 6. Estas sessão são feitas pessoalmente ou podem funcionar virtualmente? Ao princípio, pessoalmente. Engraçado surgir essa questão,pois neste momento estou a estudar a possibilidade de atender virtualmente também, pois uma amiga de Portugal entrou em contato comigo, com o objectivo de saber se poderia fazer a consultoria e quero muito ajudá-la. Acredito que brevemente terei novidades sobre novos formatos. Acompanhem! 7. Quais são as tuas inspirações o mundo da moda? Apesar de seguir tendências e grandes marcas, sempre gostei de acompanhar e descobrir marcas independentes. Marcas com design autoral e com propósito sem dúvida, inspiram-me.

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Toma Nota PORTUGAL

THE PALEO KITCHEN Mal-passado ou bem-passado? Esquece. Antepassado é o que estar a dar. Pelo menos é o que dizem os defensores da chamada dieta paleolítica que preconiza um regresso à idade da pedra mas com as mordomias da vida moderna. É mais ou menos isso que vais encontrar no The Paleo Kitchen, o novo restaurante perto do Saldanha, onde a comida é biológica, certificada, sem glúten, sem lactose e sem cereais. Em compensação leva sabor, imaginação e aqueles ingredientes exóticos que tornam qualquer prato das cavernas uma iguaria requintada. Sabe mais em: www.facebook.com/ThePaleoKitchenLisboa

RAILROAD CAFFE Gostas de ver passar os comboios? Então vai até ao Parque das Nações mas não exactamente à estação do Oriente. Dirige-te antes à marina onde acaba de se instalar o Railroad Caffe, um café-bar onde os comboios eléctricos fazem parte da decoração… e do serviço! Deslizando sobre os carris, as pequenas carruagens circulam sempre a horas, carregando hambúrgueres, batatas fritas e bebidas. A próxima paragem é na tua mesa. Sabe mais em: wwww.facebook.com/railroadcaffe

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Toma Nota BRASIL

HOUSE OF ALL O complexo House of All, veio como uma solução de coworking – ou local de trabalho compartilhado – para diversos tipos de negócios em um ambiente muito agradável e de fácil acesso. Formado pela House of Work, House of Food, House of Bubbles e House of Learning, tem como principal objetivo unir pessoas que compartilham paixões; da moda à gastronomia, do trabalho ao conhecimento. Cada uma das quatro casas tem uma proposta tão única que merecia uma resenha exclusiva: coworking moderininho, cozinha para novos chefs, espaço para aulas e workshops e uma loja de roupa e acessórios de uso por assinatura com lavanderia compartilhada para a toda gente tomar “bons drinks” e trocar ideia enquanto espera a roupa lavada ficar pronta. Aos paulistas ou visitantes da cidade, vale conhecer. Sabe mais: www.houseofall.co

MOSTRA DE FOTOGRAFIA DE SP Até meados de dezembro, a cidade de São Paulo contará com uma iniciativa de entretenimento e experiência da marca Motorola. Com entrada gratuita, a casa #hellocidades localizada na Vila Madalena - SP, um espaço dedicado à fotografia, à arte urbana, à tecnologia e à música, também será um dos espaços oficiais da 8ª Mostra de Fotografia de SP, com a apresentação de trabalhos de fotógrafos super renomados. Se você estiver pela cidade de São Paulo e quiser encontrar pessoas que também curtem fotografia, aprender nas oficinas e participar de todas as experiências, não perca. Acompanha nos canais oficiais da marca Motorola Brasil :)

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delícia de halloween POR: CÁTIA MARCACHITA

BOLO DE HALLOWEEN

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1. BOLO

- 375gr cenouras descascadas e raladas - 2 colheres de sopa de gengibre ralado - 65ml buttermilk ( 65ml leite + 1 colher chá de sumo limão) - 3 ovos - 265gr óleo - 350gr açúcar fino - 415gr farinha sem fermento - 2 colheres chá fermento em pó - 1/2 colher chá bicarbonato - 2 colheres chá canela - 1 colher de chá gengibre em pó - 80gr noz picada

1. Ligue o forno a 170°. 2. Coloque na cuba da batedeira a cenoura ralada, o gengibre ralado, o buttermilk, os ovos, o óleo e o açúcar, e bata (com a raquete) em velocidade média. 3. À parte peneire a farinha, o fermento, o bicarbonato, e o gengibre, e aos poucos adicione ao batido. 4. Quando tudo estiver bem envolvido, adicione as nozes partidas, envolva e distribua pela lá formas previamente forradas em papel vegetal no fundo. 5. Leve a cozer a 170°.

2. RECHEIO (QUEIJO CREME)

- 200gr queijo creme - 60gr manteiga sem sal à temperatura ambiente - 115 açúcar em pó - 1 colher chá de baunilha 1. Bata o queijo creme na batedeira cima raquete durante cerca de um minuto, junto a manteiga e bata até que fique tudo bem envolvido. 2. Adicione a baunilha e, por fim, o açúcar em pó. 3. Deixe até que fique o creme leve e fofo.

3. COBERTURA E DECORAÇAO - Marshmallows - Natas vegetais - Pasta de açúcar preta

1. Bater as natas vegetais e cobrir o bolo com as mesmas. 2. Levar os marshmallows ao microondas durante 10/20 segundos até que se desfaçam um pouco. 3. Com as mãos retirar partes em fios dos marshmallows derretidos e ir colocando envolta do bolo. 4. Fazer pequenas aranhas em pasta de açúcar e coloca las a seu gosto no bolo.

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PAULO HENRIQUE FALCAO IDADE: 28 anos PROFISSAO: Criativo Este mês partilhamos o estilo do Paulo Henrique, mais conhecido entre os amigos como PH. Este brasileiro, natural de Maceió, mudou-se para a cidade de São Paulo há uns anos por causa da carreira profissional. Encontrámos PH num intervalo no meio da tarde no bairro Itaim Bibi, onde fica a agência onde ele trabalha.

LOOK: Tshirt: Levis Óculos: Silmo Calças: Zara Casaco: Zara Tenis: Converse Durante o bate-papo PH revelou uma curiosidade sobre seu guarda-roupa e descobrimos que os looks dizem muito sobre si. “Uma vez ouvi dizer que nossas roupas não podem chamar mais atenção que nós mesmos. Como sou muito comunicativo, prefiro usar roupas básicas.” O MEU HOBBIE É Caminhar, sem lenço e sem documento. O MEU ESTILO É Básico 80 MELANCIA


@rubiaamarelo

@ritings_


by: Pinheiro by:José Dário Gomes

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