MELANCIA mag #19 maio/junho

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MELANCIA mag

Cultura Visual & Lifestyle #19 | Maio - Junho 2017 | melanciamag.com


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MELANCIA cultura visual e livestyle mag #19 / maio - junho 2017

idealizadoras Juliana Lima & Mafalda Jesus sp e

al ci nks tha :)

Ricardo Santos | ilustração e design Rafaela Monteiro | ilustração e street art Helena Gonçalves | lifestyle e fitness Felipe Valério | escrita Bruno Lisboa | ilustração e street art Alex Senna | ilustração e street art Teresa Gomes | ilustração e street art Catarina Duarte Cátia Marcachita | receita Fátima Martins | ping-pong Carla Amieiro | estilo que anda por aí Ana Henriques | revisão Família | Amigos

Capa e Contra Capa by: Bruno Lisboa

e-mail: melanciamag@gmail.com | www.melanciamag.com | facebook/melanciamag | instagram: @melanciamag


MAIs junto Ainda há pouco saudávamos o novo ano e, de repente, a MELANCIA mag já apresenta uma edição com os meses 5 e 6 a piscarem-nos o olho! E podem perguntar-nos: o que é que reserva este novo número que vem fechar o primeiro semestre do ano? Hummmm.... Bom, levantamos um pouco o véu, para aguçar a vossa curiosidade, mas não revelamos tudo! Inspiração e muito talento estão, mais uma vez, a rechear as nossas páginas! Gostamos de qualidade e de variedade, por isso, temos para oferecer aos nossos leitores conteúdos originais e diversificados, dos dois lados do Atlântico. Se são fãs de automóveis, temos uma surpresa: no mês (Maio) em que se assinalam os 23 anos da morte do piloto brasileiro Ayrton Senna, trazemos ilustrações de F1 e muito mais! E, uma vez que o calor não tarda, que tal umas dicas de alimentação e fitness para estarem “no ponto”, nos vossos biquínis preferidos, quando o Verão chegar? Ou para impressionarem os amigos com uns abdominais definidos? Temos uma blogger que promete ajudar e outra, amiga dos animais, que vai mostrar-vos o mundo vegetariano, garantindo que “Amigo Não Emprata Amigo”... Muita ilustração, street art , jogos de palavras e frases cheias de trocadilhos, cores e sereias pelos muros da Cidade-Maravilhosa, ilustrações minimalistas com personagens e histórias apaixonadas... E, para terminar em bom, uma visita à Big Apple, a “cidade que nunca dorme”, por entre os arranha-céus nova-iorquinos! Preparámos cada fatia desta edição número 19 com carinho e dedicação porque queremos continuar assim, em MAIo e JUNho, MAIs JUNto dos nossos leitores. Aproveitem para saborear!




NYC BY JOÃO JESUS “All over the city and down to the dives Don’t mess with this place it’ll eat you alive Got lip smackin’ honey to soak up the jam On top of the world ma’ ready to slam I feel safe in New York City” AC/DC



índice RICARDO SANTOS

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HELENA GONÇALVES

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RAFAELA MONTEIRO

BRUNO LISBOA

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FELIPE VALÉRIO

MURTA

56 ALEX SENNA

#melanciamag

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80 PING PONG

76

66

COLABORAÇAO

TOMA NOTA

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ESTILO QUE ANDA POR AI

ESPECIAL DIA DA MAE

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Design & Ilustração

Entrevista por: Mafalda Jesus Ilustrações por: Ricardo Santos

Amante de automóveis clássicos, Ricardo Santos é um conceituado designer e director de arte português. Sempre sonhou em ser designer de automóveis, mas conheceu a paixão pelas revistas e jornais quando foi convidado para trabalhar no Diário de Noticias. Fez parte deste meio durante algum tempo, tendo ganho diversos prémios, até que se tornou freelancer e começou a dedicar a maior parte do seu tempo à ilustração de carros. O seu currículo inclui capas e ilustrações para revistas internacionais, como a “Racer” e a “Top Gear” e para grandes marcas como a Ferrari, Nissan e Redbull. Deslumbra-te com o seu trabalho incrivelmente detalhado :)

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1) MELANCIA: Quem é o Ricardo? RICARDO SANTOS: Nasci em Oeiras em 1975, sou designer gráfico e gosto de desenhar automóveis. 2) M: Como começou a paixão pela ilustração? RS: Bom, a história dos ilustradores costuma ser parecida. Começa quase sempre desde pequeno e com muitas folhas dos cadernos da escola cheias de desenhos. No meu caso desenhos de carros de todos os tamanhos e feitios. 3) M: E por carros? RS: Também começou quando era pequeno. Não consigo explicar qual a razão, mas os carros, sobretudo os de corrida, sempre me fascinaram. Foi sempre uma paixão paralela à da ilustração. 4) M: Trabalhaste muitos anos em jornais, chegando a receber o prémio “World’s BestDesigned Newspaper”, no jornal i. Quando decidiste tornar-te freelancer e dedicares o teu tempo à ilustração de carros? RS: Não foi bem uma decisão. Os jornais e as revistas foram uma paixão que eu desconhecia até ser convidado para trabalhar no Diário de Notícias em 1996. Até aí queria ser designer de automóveis, trabalhar na Pininfarina ou num qualquer departamento de design de uma marca de automóveis. Mas cedo percebi que esse objectivo era difícil de alcançar e com o convite do DN tudo mudou. Gosto muito de trabalhar graficamente a informação. É um trabalho jornalístico, só que não é escrito é visual. Passei por vários jornais e revistas e fui muitas vezes premiado pelos trabalhos feitos. Infelizmente a vida não está fácil para os meios de comunicação social, as estruturas são cada vez mais pequenas, os cortes orçamentais são cada vez maiores e os acontecimentos levaram-me a decidir apostar mais no trabalho de freelancer e sobretudo apostar nas ilustrações. Mas não foi uma decisão daquelas “agora vou largar tudo e fazer só o que quero. 5) M: O que te inspira? RS: O automóvel, se for de corrida melhor. As formas, as cores, a parte mais técnica, os pilotos, as histórias, enfim tanta coisa. Estou sempre à procura de informação sobre este tema, seja ela antiga ou mais recente, para me inspirar para uma nova ilustração.

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6) M: Já trabalhaste com grandes marcas, como a “Top Gear”, a “Ferrari” e a “Redbull”. Qual é o segredo para o sucesso? RS: Acho que não há segredo. Hoje temos esta coisa maravilhosa que é a internet. O mundo tornou-se mais pequeno, por isso conseguimos divulgar o nosso trabalho de uma forma que há uns anos seria impensável. Acho que surge por aqui o sucesso. O mundo vê o meu trabalho, gosta e é assim que tudo começa. É claro que também é preciso trabalhar muito e tentar evoluir e acompanhar as tendências, mas como seria isto possível, por exemplo, há 20 anos? Acho que não seria bem a mesma coisa, seria muito difícil conseguir mostrar o meu trabalho a estas marcas. 7) M: O que é essencial no teu dia-a-dia? RS: Tempo. Infelizmente é uma coisa que me tem faltado ultimamente. Querer fazer muita coisa ao mesmo tempo é o que dá. 8) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) RS: Obrigado à MELANCIA mag pelo convite e pelo destaque a um tema pouco comum a revistas que não são sobre automóveis. Parabéns pela vossa revista, é bem gira!

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Ilustração & Street art

RAFA MON Entrevista por: Juliana Lima Imagens por: Rafaela Monteiro

Rafaela Monteiro, brasileira de 38 anos, é uma artista mineira nascida numa cidade chamada Monte Sião. Designer de formação, encontrou nas artes a sua profissão e atualmente vive na cidade maravilhosa, Rio de Janeiro, onde espalha as ilustrações cheias de alegria.

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1) MELANCIA: Quem é a Rafaela Monteiro? RAFAELA MONTEIRO: Mãe e artista, entre outras funções menos importantes. 2) M: Quando percebeste que a arte era o caminho a seguir? R: Acho que eu nunca soube que existia algum outro caminho. 3) M: O que distingue as pessoas criativas das outras? R: Um sinal de nascença na nuca, super-ego deficiente, exibicionismo e muito mais insegurança. 4) M: Tens um trabalho autoral e espalha tuas cores em diversas superfícies. Paredes, objetos, entre outros. Como começaste a ilustrar e pintar? R: Quando descobri que algumas superfícies absorvem tinta. Mais tarde descobri que algumas pessoas pagavam por isso. 5) M: Em que difere o teu trabalho de outros artistas e ilustradores? R: Minha assinatura, no mínimo. Se você encontrar meu trabalho assinado por outros artistas, denuncie. 6) M: O que te inspira? R: Tudo que inspira os outros: a vida, a morte, o aluguer. 7) M: Qual é o teu lema? R: Viva rápido, não morra nunca. 8) M: Onde encontramos a Rafaela quando não está a ilustrar e espalhar as suas cores por ai? R: Bebendo gin tónico, comendo ostras e fazendo tatuagens. 9) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) R: Fora, Temer! [Michel Temer, atual Presidente do Brasil] [Eleições]Diretas já! Use protetor solar.

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“MEU INTERESSE POR ARTE E MODA APARECEU MUITO CEDO. POR ISSO, AMO TRABALHAR COM O QUE FAÇO. APRENDI MUITA COISA FUÇANDO E JÁ ME VIREI COMO FIGURINISTA, PRODUTORA DE MODA, DESIGNER GRÁFICO E ESTILISTA.”

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Lifestyle

Helena Gonçalves Entrevista por: Mafalda Fotografias : Helena Gonçalves

Gostavas de adotar um estilo de vida saudável? De emagrecer sem passar fome? O blog da Helena traz-te todas as soluções que precisas. Esta Militar da Marinha Portuguesa, decidiu dar uma volta à sua vida e procurar formas de se sentir melhor na sua pele. Começou por fazer exercício físico e rapidamente percebeu que a alimentação era a chave para o sucesso. “As cenas saudáveis da Lena” são um ponto de inspiração, com receitas super apetitosas e dicas úteis para te sentires confiante e saudável!

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“O FACTO DE TER GANHO MAIS CONFIANÇA E AMOR PRÓPRIO FEZ COM QUE SENTISSE MELHOR NA MINHA PELE”

1) MELANCIA: Quem é a Helena? HELENA: Bem, tenho 27 anos e sou militar na Marinha Portuguesa. Sou uma amante da vida, do desporto, de animais e de boa comida! Vivo na margem sul, onde cresci e vivo desde que me lembro! 2) M: Porque decidiste mudar os teus hábitos desportivos e alimentares? H: Na realidade não foi algo que decidi de um dia para o outro, foi algo que surgiu e que fui ganhando gosto de dia para dia! Comecei inicialmente por praticar desporto (pois queria emagrecer) e depois disso veio a alimentação. Aos poucos fui mudando os meus hábitos e ganhando gosto por este estilo de vida. 3) M: Para além do aspecto físico, que mudanças trouxe à tua vida? H: Para além das mudanças a nível fisico, creio que as mais importantes foram a forma como eu me via, a forma como aprendi a gostar mais de mim e a sentir-me mais confiante e mais disposta para os desafios do dia a dia! O facto de ter ganho mais confiança e amor próprio fez com que sentisse melhor na minha pele, no fundo acho que foi todo um processo que me fez aprender a gostar mais de mim.

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4) M: Partilhas receitas saudáveis e com muito bom aspecto. Como te organizas para planear as refeições? H: Por forma a conseguir ter tudo organizado preparo algumas refeições ao fim‑de‑semana, que é o caso dos lanches, faço sempre um bolo que me dá para os lanches da semana e assim facilita imenso na minha rotina diária. Já o pequeno almoço que é o meu pré treino, também preparo no dia anterior, porque assim não tenho que me levantar mais cedo e não existem desculpas para falhar! tento sempre fazer as melhores escolhas que consigo, dentro e fora de casa. 5) M: Não deve ser fácil manter uma alimentação regrada. Quais são os teus pecados? H: Honestamente é me bastante fácil alimentar-me desta 32 MELANCIA

forma, pois já é um estilo de vida. É algo que faço porque gosto, alimento-me desta forma porque me faz sentir bem e ainda assim consigo variar bastante nos alimentos e na sua confecção, o que não torna em nada esta alimentação monótona ou sem sabor! Claro que tenho os meus “pecados” e claro que cedo a eles de vez em quando porque a base de tudo é o equilíbrio! Devo dizer que adoro lasanha, gelados e chocolate! Massas são sem duvida a minha perdição, sobretudo aquelas carregadas de queijo derretido! 6) M: No que diz respeito ao exercício fisico, qual é a tua rotina habitual? H: Geralmente treino logo de manhã, antes do trabalho. É uma rotina recente mas que me permite ficar mais livre após o


horário laboral. Treino no máximo 1h, que para mim é mais que suficiente e combino um treino de musculação e cardio! Ao fim‑de‑semana como tenho mais tempo, faço o meu treino normal de musculação e uma aula de grupo. Em resumo treino 5/6 dias por semana, normalmente 5, porque o descanso também é muito importante! 7) M: Na tua opinião, o que é mais importante para atingir os objectivos? H: O importante é encontrarmos um método que nos faça feliz, algo que não seja visto como um sacrifício mas sim um gosto, fazer um treino do qual gostamos e uma alimentação que nos faz sentir bem. Neste campo entra o equilíbrio e a paciência, é importante que cada um descubra o melhor método para si e

que exista sempre muita paciência, pois as vezes os resultados podem parecer demorados mas eles acabam por aparecer quando não desistimos! 8) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) H: Quero dizer-vos para acreditarem sempre questão capazes, nunca desistam dos vossos objetivos mesmo que eles pareçam demorados. Equilíbrio, paciência, persistência e força de vontade são a base para alcançar o que queremos. E sobretudo, mudem os vossos hábitos porque amam o vosso corpo e querem cuidar dele e não porque o odeiam! Acreditem que toda esta mudança vale a pena no sentido de um maior bem estar interior e uma vida mais saudável e activa! Mas sobretudo, sejam felizes no que fazem! MELANCIA 33


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Escrita

Artigo por: Juliana Lima Imagens: Felipe Valério

Felipe Valério brinca com as palavras e por isso escreve textos engraçados, com sentidos múltiplos e cheios de significados. Este brasileiro de 37 anos, nascido na “ilha” de Florianópolis (Sul do Brasil), vive na “ilha” de São Paulo, formou-se em publicidade e como ele mesmo diz, em outras coisas de nome comprido. É escritor e Diretor de Identidade Verbal da Interbrand São Paulo e amigo de velha data! Nesta entrevista exclusiva fala-nos dos teus projetos pessoais, das suas conquistas e, claro, não deixa de mencionar os suas maiores fortalezas: a sua esposa Vanvan, a fotografa Vanessa Atalla, os seus filhos Nina e Leo, o casal de gémeos de quase 1 aninho de idade, e Kito, um bulldog francês cheio de histórias.

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1) MELANCIA: Quem é Felipe Valério? FELIPE VALÉRIO: Alguém que não dorme sem escrever, que gosta de ler em voz alta e com quem a vida foi muito generosa. É filho de um português sem sotaque, pai das poesias Nina e Leo, companheiro de alma da fotógrafa Vanessa Atalla e melhor amigo do Kito. Acredita com todas as forças que as palavras ainda vão salvar o mundo. 2) M: Quando percebeste o teu gosto e aptidão pela escrita? FV: Sempre acreditei que quem escreve quer se aproximar - de si mesmo, dos outros e da vida. Colocar uma palavra no papel é um gesto de coragem. Dividir essa palavra com os outros é um gesto mais corajoso ainda. Talvez eu estivesse tentando colocar um pouco disso em prática, mesmo sem muita consciência, quando criança. Falo isso porque desde pequeno enxergava a escrita como lazer. Para mim, brincar na rua ou brincar de rimar tinham o mesmo impulso, a mesma alegria, o mesmo prazer. Essa era a minha escolha, a minha verdade. Quanto mais a vida me empurrava, mais eu levava minha linguagem junto. As rimas viravam diários, que viravam poeminhas de amor, que viravam poeminhas de amor nãocorrespondido, que viravam a música-que-ninguém-nuncaouviu, que viravam textos sobre a falta de vontade de escrever, que viravam uma imperfeita tradução de tudo o que eu queria dizer. E essa sempre foi a boa notícia. 3) M: Queremos saber mais sobre o teu projeto “Foi Verdade”. Conta-nos como tudo começou. FV: O “Foi Verdade” nasceu de um destes impulsos da vida. Sempre fui apaixonado pela escrita curta, com pouquíssimas palavras, mas que tivesse energia suficiente para mexer com as pessoas. Também tenho o hábito de ter sempre cadernos por perto, para guardar tudo o que penso. Um dia percebi que algumas dessas frases se encaixavam em um mesmo conceito, que provocava a ideia de um amor que foi verdadeiro - mas só enquanto foi. O próprio nome era uma provocação. “FV” funcionaria para “Foi Verdade” e Felipe Valério - como se eu pudesse brincar com a origem dessa voz. Já tinha o conceito, mas precisava de definir a plataforma. E foi aí que o perfil do Instagram nasceu. Lá parecia ser o local perfeito para um perfil assim, com frases rápidas, sem muita explicação, mas que pudessem transportar as pessoas para um momento ou situação diferentes. O perfil foi crescendo e alguns meses depois, a boa notícia: fui convidado pela Natura para escrever as frases das embalagens da nova linha Natura Humor. O tipo de trabalho que você faz sorrindo. 4) M: Quais as tuas principais inspirações e referências? FV: Sempre estive perto da escrita que brinca com as palavras, que provoca novos usos para a linguagem. Guimarães Rosa e suas palavras criadas (como não se apaixonar por “suspirância”?), Julio Cortázar e suas instruções para subir escadas, Ariano Suassuna e sua sempre viva voz nordestina, Augusto de Campos e sua beleza concreta, Dan Perjovschi e sua tão atual poesia visual, além do sempre presente escritor Marcelino Freire, alguém que deu espaço e ajudou a levantar a voz de muitos novos escritores brasileiros. Sem contar as referências que estão na rua, nos inúmeros saraus de poesia (Sarau da Cooperifa, Menor Slam do Mundo, 38 MELANCIA


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Sarau do Burro são apenas alguns), nas editoras independentes cheias de força e coragem e na empolgante geração de escritores que decidiram contruir seus próprios meios de circulação, de divulgação. 5) M: Quando começaste a criar com as palavras, imaginavas que escreverias livros? Como te sentes hoje com quatro obras publicadas e mais outras participações? FV: Nunca imaginei até acontecer. E sempre achei curiosa a relação das pessoas com o livro. Muita gente o enxerga como um objeto solene, a quem quase se deve o respeito. Entro em desespero quando encontro alguém que escreve bem, mas que se lamenta ou se sente “menos escritor” por não ter um livro publicado. Produzir, provocar e explorar uma linguagem vêm em primeiro lugar. É daí que nasce a voz. Acho incrível o tanto de gente que consegue colocar sua mensagem na rua por meio de outros suportes - instalações, lambe-lambe [poster], teatro de rua, zines [publicações produzidas por fãs ou pelos próprios artistas, geralmente de forma artesanal, em pequenas quantidades, que aproximam o público de forma íntima com a arte], saraus. Se isso não é escrever, o que é? Deve ser por isso que, durante muito tempo, chamei meus livros de “experimentos”. Por mais definitivos que fossem no momento do lançamento, eram apenas mais um passo na descoberta da minha voz. Foi testando diferentes formatos e técnicas que consegui me aproximar da minha linguagem. Por exemplo: estou escrevendo agora. “O Maravilhoso Mundo de Nina e Leo”, um livro lindo que conta os primeiros 76 dias dos meus filhos na Unidade de Traquinagem Intensiva - um lugar onde tudo é divertido e

ninguém precisa de ter medo. Encarar temas assim de frente é o que movimenta a minha escrita. 6) M: Como consegues conciliar todas as tuas responsabilidades? O trabalho fixo como diretor de área numa empresa internacional, marido, pai de gémeos, dono de um cão e MAIS os teus projetos pessoais? FV: Essa pergunta sempre me assustou (risos). Até porque pode parecer que sou mais disciplinado do que realmente sou. Mas acho que todas essas coisas se encaixam porque nascem de uma mesma vontade, de uma mesma conversa. Para mim, não existe “hora de escrever”. Todo tempo é um tempo de produção, de movimento. Brincar com meus filhos ajuda-me a pensar em novos temas, a descobrir conexões mais espontâneas. Trabalhar na Interbrand ajuda-me a reconhecer o valor da linguagem em um mundo em que as mensagens são tão fragmentadas. Ter a Vanessa sempre por perto ajuda-me a perceber que tudo tem sua poesia. E escrever os meus projetos ajuda-me a mergulhar nos meus impulsos. Esse processo precisa de ser encarado como um organismo vivo. 7) M: O que é essencial no teu dia a dia? FV: Dar um cheiro no pescoço da Nina e do Leo, trocar olhares com a VanVan e escrever - nem que seja apenas uma palavra. 8) M: E o teu lema, qual é? FV: Meu lema? Não tema. 9) M: Deixa um recado para a MELANCIA mag e os seus leitores. FV: Produzam, produzam, produzam. Experimentem, experimentem, experimentem. E multipliquem tudo o que aprenderam.

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@sissanieves.fotografia


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@umasimagensaoacaso


Foto por: Matilde Cunha 46 MELANCIA


Ilustração & Street art

BRUNO LISBOA Entrevista por: Mafalda Jesus Trabalhos por: Bruno Lisboa

Apaixonado por ilustração, skate e kebabs, Bruno Lisboa é um jovem talento da cidade invicta. Afirma que pintar paredes é o que mais gosta de fazer e que desfruta de todas as etapas, desde procurar o “spot” ideal, misturar tintas e adaptar o esboço às proporções da parede. Tem um estilo muito particular, em que as personagens coloridas são protagonistas. Diverte-te com esta entrevista :)

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“PINTAR PAREDES É O QUE EU MAIS GOSTO DE FAZER, ADORO TODAS AS ETAPAS ENVOLVENTES EM SAIR À RUA PARA PINTAR...”

1) MELANCIA: Quem é o Bruno Lisboa? BRUNO: O Bruno Lisboa é designer gráfico de dia, e ilustrador/ street artist à noite, numa dinâmica Bruce Wayne/Batman. Para além disso, esse ilustre senhor gosta de andar de skate, provar todos os kebabs de falalel da cidade invicta e sente-se um pouco constrangido quando fala na 3ª pessoa. 2) M: Quando soubeste que a ilustração era o caminho? B: Eu sempre gostei de desenhar, mas penso que comecei a desenvolver o impulso de desenhar todos os dias depois de ter a cadeira de ilustração na minha licenciatura em design gráfico na ESAD Matosinhos. Esta abriu-me os olhos para toda uma nova imensidão de estilos, técnicas e linguagens existentes que até à data não faziam parte da minha cultura visual, fiquei especialmente apaixonado pelas representações mais sintéticas e descomprometidas com o real, visto que eu nunca tive grande interesse pela representação foto-realista... interesse e jeito ahah. A ilustração tem sido o caminho que tenho percorrido ultimamente, no entanto eu gosto de experimentar um pouco de tudo, e de ir beber a várias fontes, 48 MELANCIA

desde escultura, video, instalações, etc. 3) M: O que te inspira? B: Desde o graffiti tradicional, aos pequenos selos coloridos que vêm com as maçãs, passando pelos brindes do happy meal, até às obras mais contemporâneas e experimentais, penso que tudo isso é ingrediente para a salada de sabores que é o meu imaginário. As pessoas que vivem das suas paixões também são uma forte inspiração para mim e motivam-me a superar a preguiça e a trabalhar todos os dias. 4) M: Cada vez mais vemos intervenções urbanas a invadir praças, muros e pequenos detalhes urbanos. Como é a experiência de levar os teus trabalhos para o espaço urbano? B: Pintar paredes é o que eu mais gosto de fazer, adoro todas as etapas envolventes em sair à rua para pintar, desde andar de bicicleta à procura de spots, misturar as tintas e adaptar o esboço às proporções da parede. Sinto-me sempre mais leve depois de uma tarde a pintar fora de casa, mesmo que até não tenha ficado muito satisfeito com a peça em si.


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5) M: Foste o primeiro convidado do “Becuh” com uma exposição chamada “All My Heroes Ride a Skateboard”. Explica-nos a escolha deste tema. B: Andar de skate foi a actividade que mais anos ocupou a minha vida, apesar de já não o fazer com tanta frequência, passei quase uma década em cima dele, absorvendo tudo que esta cultura tinha para oferecer, desde os elementos gráficos, aos maneirismos e expressões próprias, até à própria maneira de ver a cidade e o ambiente que me rodeia. Decidi então usar toda esta informação armazenada no meu cérebro e vomitá-lo para o papel, numa abordagem divertida e pessoal para prestar tributo aos super-heróis que saltam escadas e deslizam em corrimões. Queria também aproveitar para agradecer à malta do BECUH pelo convite! Estejam atentos aos projectos que eles andam a magicar. 6) M: Tens algum conselho para quem está começar agora ou tem dúvidas sobre a carreira de ilustrador? B: As dúvidas são importantes pois impedem-nos de estagnar, no entanto não podem permitir que estás abalem a vossa auto-estima ou produtividade. Sinto que nos momentos em que o meu ritmo de trabalho é menos consistente, é quando essas dúvidas inundam o meu pensamento, por isso acho que um bom remédio para as afogar essas dúvidas é trabalhar, trabalhar, trabalhar, eventualmente a sorte irá presentear-vos com coisas boas. 7) M: Qual é o teu lema? B: Não tenho nenhum lema em concreto, apesar de estar sempre a bombardear os meus amigos com a velha frase “Vejam o copo meio cheio pessoal!”. Como não me sinto capaz de partilhar palavras sábias, recomendo-vos apenas que ouçam a banda de rap Atmosphere, é o que eu faço quando estou a precisar de concelhos de vida ahah. 8) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) B: Comam muita frutinha, passeiem o vosso cão todos os dias e apoiem projectos como a MELANCIA mag, se não a internet torna-se uma seca!

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“AS DÚVIDAS SÃO IMPORTANTES POIS IMPEDEM-NOS DE ESTAGNAR, NO ENTANTO NÃO PODEM PERMITIR QUE ESTÁS ABALEM A VOSSA AUTO-ESTIMA OU PRODUTIVIDADE. ”

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@sarajvieira


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Alex Senna por GR1 de SeouL 56 MELANCIA


Ilustração & Street art

Entrevista por: Juliana Lima Imagens : www.alexsenna.com.br

Alex Senna, brasileiro, de 34 anos, nasceu em Orlândia, interior de São Paulo, e atualmente vive nesta cidade. Em entrevista à Melancia, este artista, que sempre desenhou desde pequeno, contou-nos que resolveu levar os seus traços a sério com 27 anos. As suas ilustrações e personagens a preto e branco, cheias de personalidade, contam histórias no cenário urbano de tantos cantos do Brasil e do mundo. Vem! Descobre connosco por que motivo pintar nas ruas fez a diferença na vida de Alex Senna!

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1) MELANCIA MAG: Quem é o Alex Senna? ALEX SENNA: Apenas um rapaz latino-americano, sem parentes importantes, e vindo do interior. 2) M: Quando percebeste que a arte era o teu caminho a seguir? A: Sempre desenhei, mas percebi que esse era o meu caminho com uns 27 anos, eu via que me diferenciava pelos meus desenhos, mas insistia em tentar a vida como um diretor de arte. Por sorte vi o erro a tempo de mudar. 3) M: O que distingue as pessoas criativas das outras? A: Acho que tentam sempre achar uma solução para certos problemas, fazem a vida mais simples. 4) M: As tuas ilustrações são minimalistas, mas cheias de personalidade e contam histórias.Como cria as tuas personagens? A: Cada uma tem sua história, baseio-me muito na minha vida, e nas coisas a que presto atenção. A vida é cheia de drama, parece uma novela, então, existem muitos caminhos para inspirações. 5) M: Em que difere o teu trabalho de outros artistas e ilustradores? A: Não sei, a minha produção é muito grande, então tenho sempre coisas novas para mostrar. Não sou do tipo preguiçoso. 6) M: O teu trabalho vai muito para além do papel. Fazes intervenções em muros e paredes. Contanos qual foi o local mais inusitado em que já apresentante as tuas obras. A: Pintar na rua mudou minha vida, literalmente, o contacto com as pessoas, a escala de tamanho, a ideia sendo propagada mil vezes mais forte. Não existe comparação entre a força que a rua tem com outra coisa. Tive a sorte e o privilégio de conhecer muitos lugares e países, como Inglaterra, França, Israel, Coreia do Sul, Alemanha, França, Canadá, EUA, entre outros. Acho que o mais inusitado, pelo choque cultural, foram, em Israel, Tel Aviv e Jerusalém. Pintar nessa região foi muito diferente pra mim. 58 MELANCIA


As fotografias são imagens de divulgação, do arquivo pessoal e do website do artista.

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7) M: Quais as tuas referências e inspirações? A: Gosto muito de banda desenhada e animações. Adoro Will Eisner, Ziraldo, Walt Disney e Maurício de souza. 8) M: Qual é o teu lema? A: ”A arte existe porque a vida não basta”, Ferreira Gullar 9) M: Onde encontramos o Alex Senna quando não está a ilustrar? A: Se não estou no meu atelier, estou na rua. Se não, com a família e amigos. 10) M: Deixe uma mensagem para a MELANCIA mag e os seus leitores ;) A: Somos capazes de fazer o que quisermos, basta querermos e não desistirmos. Ah, e guardem sempre dinheiro!

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Ilustração & Street art

murta Entrevista por: Mafalda Jesus Trabalhos por: Teresa Gomes

Teresa Gomes, mais conhecida como Murta, é uma jovem artista formada em Artes Visuais nas Caldas da Rainha. Muito pró-activa e cheia de vontade de aprender mais, pinta, ilustra, fotografa e é designer. As cores e as formas que usa no seu trabalho, criam universos abstratos e sombrios que nos fazem viajar :)

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1) MELANCIA: Quem é a Teresa? MURTA: A Teresa é uma rapariga que adora criar e está sempre a aprender novas maneiras de o fazer. Não gosta de estar sempre a fazer a mesma coisa. Pinta, ilustra, fotografa, faz design gráfico. Evolve-se em projectos diferentes que exigem coisas diferentes, com pessoas diferentes. É assim que aprende.. 2) M: Porquê “Murta”? M: Murta é o nome da minha banda platónica. Isto é, se eu fosse música e tivesse uma banda, dava-lhe o nome de Murta. No fundo é o nome do meu projecto pessoal e artístico. 3) M: Quando descobriste a tua veia artística? M: Não descobri...Acho que sempre esteve comigo. O gosto pelo menos... Que proporcionou a prática e tornou-se “saber”. 4) M: Como surgiu a oportunidade de passar do papel para a parede? M: Foi aos poucos mas sem dúvida que foi no caldas late night (evento nas caldas da rainha) no meu 2° ano de faculdade, que essa experiência começou. Com uma grande parede pintada quase à chuva, mas com muita vontade. 5) M: Recentemente tiveste a tua primeira exposição individual na Wozen Gallery. Qual foi a sensação? M: Foi incrível. É algo que ainda não tinha experienciado: ver o meu trabalho completamente descontextualizado, isolado e devidamente separado por paredes brancas. Isso, o que aprendi nas montagens e os amigos e artistas que apareceram na inauguração preenchemme muito! Correu muito bem e foi um momento muito importante na minha vida e na minha carreira. 6) M: O que é essencial no teu dia-a-dia? M: Coisas para fazer, lufa lufa, azáfama, correria, trabalho, paixão e um bom café logo de manhã. 7) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) M: Obrigada pelo interesse pelo meu trabalho, é muito gratificante! MELANCIA 69


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“A TERESA É UMA RAPARIGA QUE ADORA CRIAR E ESTÁ SEMPRE A APRENDER NOVAS MANEIRAS DE O FAZER. ”

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@sof_iaisabel


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colaboração Artigo por: Catarina Duarte

Blog: insensatez.blogs.sapo.pt

CADA CABEÇA, SUA SENTENÇA E, CLARO, DUAS SUGESTÕES DE LIVROS PARA AS FÉRIAS. Há algumas frases a que recorro quando pretendo frisar a importância de ler. Resumidamente: mais vale ler “as gordas” do jornal do que não ler de todo, mais vale ler os rótulos das embalagens do que não ler de todo e mais vale ler as ementas dos restaurantes do que não ler de todo. (Estão a perceber o caminho que isto está a tomar?) Basicamente, nisto dos livros, como – arrisco-me a dizer - em qualquer outro tema da vida, cada um sabe de si. Desculpem a frontalidade mas a verdade é que há francamente livros para todos os gostos. O que interessa é encontrarem o vosso caminho – soa a livro de autoajuda? – e seguir em frente, sem medos, sem receios, com vontade e com querer.

nem mais: com todas as letrinhas que esta palavra recortada nos fornece. Um livro preenchido com frases cheias e personagens brilhantemente construídas. A nossa relação com as personagens vai-se alterando, sentimo-nos manipulados e absorvidos por elas, sentimos distanciamento e nojo pelo protagonista – um homem de meia-idade que se envolve sexualmente por uma miúda menor – mas, ao mesmo tempo, pena porque, provavelmente, sentimentos nobres, como amor, poderão estar na génese deste não justificável crime. Do outro lado temos uma Lolita, uma não-tão-inocente criança, de personalidade e corpo rebelde, que deu ao mundo uma nova palavra – Lolita – denominando, deste modo, uma criança-mulher com movimentos sensuais e modos explícitos. O facto de o livro estar escrito na primeira pessoa ganha força, muito força. Vejam vocês mesmos!

A minha segunda sugestão, e porque depois de Nabokov é obrigatório respirar, é um livro mais leve, um livro mais “verão”, mais manipulador, se quiserem. Chama-se, claro Nisto dos livros cada um analisa, cada um explora, cada um está, “O Manipulador” de John Grisham e merece ser lido. ata e reata o coração. Nisto dos livros, cada um escolhe, Não sendo propriamente um livro que nos fique gravado cada um se detalha, cada um se embala e se renasce. Nisto no corpo para sempre, é um livro rápido, enigmático dos livros, cada um decide, cada um sabe, cada um é, cada e envolvente: com as personagens a surgirem e a um está. Nisto dos livros, cada cabeça, seguramente, sua desenvolverem-se rapidamente e a trama a desenrolar-se sentença. perante o nosso interesse crescente. A história é centrada em torno de Malcolm Bannister que, preso injustamente, Pois, claro, nisto dos livros, no final do dia, o que interessa é vê a sua oportunidade de sair da prisão quando o Juiz ler. Raymond Fawcett, um juíz da Virgínia, é assassinado. Um thriller feito para ser devorado até à cena final. Por não me meter em sentenças alheias hoje trago duas sugestões de leituras para as férias: ambas boas Espero que tenham gostado das sugestões de leitura companhias mas muito – muito - diferentes. para este verão, completamente diferentes uma da outra porque, nisto dos livros, como em qualquer outra temática A primeira é dedicada a quem gosta de se deliciar com da vida: cada cabeça, sua sentença e, no final do dia, claro, o (ou regressar aos) clássicos. Lolita, de Vladimir Nabokov. que interessa é mesmo ler. O primeiro parágrafo informa-nos logo, sem falsas modéstias, que estamos perante um grande livro. Essa Boas leituras! informação valida-se, página após página. Literatura, No final do dia, o que interessa é ler.

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govegan =D FÁTIMA MARTINS

Professora portuguesa, 40 anos. Há mais de 10 anos vegetariana, Fátima criou o “AMIGO NAO EMPRATA AMIGO” para partilhar receitas e os seus ideais. Sabe mais neste bate papo saudável e saboroso! 1. O nome do teu blog “Amigo não emprata amigo” já diz muito sobre como é a tua relação com os animais. Falanos sobre isto? É verdade. Penso que reflete um pouco a forma como eu vejo os nossos amigos animais. Desde pequenina que sempre me questionei acerca do consumo de carne, leite, etc., e desde essa altura que sempre me pareceu natural e justo que todos tivéssemos o mesmo direito à vida. O ser humano não necessita de matar animais para sobreviver. Pelo contrário, está cientificamente provado que sem produtos animais o homem VIVE com mais saúde. Então por que não termos nós mais saúde e deixar os animais terem a deles? ;) 2. Desde quando és vegetariana? Sou vegetariana desde 2004. Desde miúda que sempre senti essa vontade mas a decisão foi tomada quando comecei a ler/pesquisar sobre a exploração animal. Decidi que não queria fazer mais parte disso, que não financiaria com o meu dinheiro o derrame de sangue animal e passados estes 13 anos tenho a certeza de que foi das melhores decisões que tomei em toda a minha vida.

partilhar algo mais - além de receitas - e de chegar a mais pessoas. Nesta página procuro publicar/partilhar receitas vegetarianas, dicas, notícias/artigos relacionados com o tema e vídeos que não sejam violentos, uma vez que considero que mais facilmente se convencem as pessoas através do amor, da educação e da sensibilização do que através de imagens violentas da criação intensiva e abate dos animais. 4. A tua opção alimentar faz da tua vida mais saudável, certo? Certo. Não só é uma opção mais saudável para a minha vida como para a vida dos animais (risos). Costumo comparar o facto de ter deixado de comer carne (e peixe) com o facto de ter deixado de fumar há quase duas décadas. A sensação de leveza no corpo é impagável. Deixar de comer animais traz, sem dúvida, muitos benefícios. Hoje em dia é muito mais fácil de seguirmos uma dieta vegetariana ou vegan pois há cada vez mais oferta e cada vez mais informação. 4. O que mais fazes para a tua saúde e bem-estar? Adoro fazer exercício físico. Não consigo imaginar a minha vida sem a parte do dia em que liberto tudo aquilo que não me serve... e isso acontece enquanto estou no ginásio, dou uma caminhada ou pequena corrida ao ar livre. Gosto de ler e gosto muito de estar na natureza. Considero que momentos só para nós e momentos em contacto com a terra-mãe são essenciais para o nosso equilíbrio e consequentemente a nossa saúde.

3.Como e quando surgiu a ideia de partilhar as tuas ideias e receitas na internet, seja no blog ou na página do Facebook? A ideia surgiu porque quando me tornei vegetariana essa opção de vida (e não dieta) ainda não era assim tão comum em Portugal e, por isso, todos os meus amigos e conhecidos tinham muita curiosidade acerca do que eu comia. Faziam-me muitas perguntas mas, acima de tudo, achavam que ser vegetariano era o mesmo que comer saladas e sopas. Criei o blogue, onde inicialmente recriava pratos típicos portugueses, tornandoos vegetarianos. Mais tarde, acabei por me interessar por nutrição e esta minha opção deixou de ser somente por uma questão ética mas passei também a querer cuidar da minha saúde e isso refletiu-se no blogue. É que ser vegetariano não significa que se tem obrigatoriamente uma alimentação saudável. A batata frita é vegetariana! (risos) A página de Facebook surgiu mais tarde com a vontade de MELANCIA 81


Toma Nota PORTUGAL

TRAÇA É provável que ainda cheire a tinta. Afinal, as portas do Traça abriram no último dia de abril com uma grande festa de inauguração. O espaço pretende juntar e celebrar novos artistas do campo das artes performativas, visuais e plásticas e vai apresentar uma programação preenchida. Exposições, instalações, performances e até residências artísticas estão em agenda mas a boa notícia é que também existe um café/bar a servir petiscos caseiros. Porque a arte é muito bonita, sim senhor, mas sem comes e bebes fica difícil criar. Por isso, já sabes, aparece para beber um copo, trincar umas tapas e ver o que se passa. Rua Luciano Cordeiro, 2C Sabe mais em: www.traca.pt

CALAVERA O que é que a Ericeira e o surf têm a ver com comida mexicana? Para além da boa onda, há um nome a ligar estes três elementos. Joana Rocha, antiga embaixadora do surf feminino português, pode ter arrumado a prancha mas arregaçou as mangas para outros projectos. O Calavera acaba de abrir as portas no centro da Ericeira e promete ser uma das atrações deste verão na vila que é a única Reserva Mundial de Surf na Europa. Quesadilla com queijo de Azeitão? Confere. Burritos, tacos, nachos e churros? Certo. Margaritas e tequillas? Of course. O ambiente é tão colorido e animado como se imagina, a ementa variada e apelativa. Funciona das 18h às 02h (exceto à terça) e no verão a festa pode prolongar-se até às três da manhã. Nada mau. Rua dos Ferreiros, 2, Ericeira Sabe mais em: www.facebook.com/calaveraericeira 82 MELANCIA


Toma Nota BRASIL

VIRADA CULTURAL EM SAO PAULO Que a cidade de São Paulo oferece mil e uma opções culturais durante o ano inteiro, todo mundo já sabe. Mas o que viemos cá reforçar é que no mês de Maio vai acontecer a 13ª edição da Virada Cultural, um evento que os paulistanos ou os que vão estar pela cidade de São Paulo não podem perder. São mais de 24 horas de muita cultura pelas ruas dia e noite, tudo de graça! Música, shows, peças de teatro, performance, festas, arte e muito mais! Esse ano a Virada Cultura acontecerá nos dias 19, 20 e 21 de Maio na capital paulista. Acompanha as novidades na página oficial do evento no facebook e aproveita! Sabe mais: www.facebook.com/viradaculturaloficial

FESTIVAL PATH! Chegou a quinta edição do Festival Path! O fim de semana com mais inovação e encontros do ano será no primeiro final de semana de maio (dias 6 e 7), no bairro de Pinheiros, na cidade de São Paulo, incluindo o Teatro Cultura Inglesa, Fnac, Praça dos Omaguás, Instituto Tomie Ohtake, e outros, formando a Cidade Path. Um festival de inovação e criatividade que promove encontros entre a comunidade criativa, transformando a forma de pensar, agir e de se relacionar. Nele acontecem palestras, shows, filmes, workshops, feira de gastronomia, exposição de arte, feira de startups e mais... Sabe mais em: www.festivalpath.com.br

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receita especial dia da m POR: CÁTIA MARCACHITA

CUPCAKES DE IOGURTE E FRUTOS VERMELHOS

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mãe 1. CUPCAKES - 200gr farinha - 2 ovos - 90gr manteiga amolecida - 100gr frutos vermelhos - 170gr açúcar - 2 colheres de chá de fermento - 170gr iogurte natural 1. Bater a manteiga com o açúcar até obter um creme fofo e esbranquiçado. 2. Batendo sempre, adicione os ovos aos poucos. 3. Peneire a farinha e o fermento e alternadamente com os iogurtes adicione à mistura. 4. Por fim adicione os frutos silvestres, envolva e leve a cozer a180° durante cerca de 20 minutos. 2. COBERTURA - 150gr manteiga amolecida - 340gr açúcar em pó - 3/4 colheres sopa de leite gordo ou meio gordo - Aroma de melancia e corantes em gel rosa e amarelo 1. Bater a manteiga até obter um creme fofo e esbranquiçado. 2. Adicionar o açúcar em pó e bater em velocidade baixa e ir aumentando. 3. Adicionar aos poucos o leite e continuar a bater até obter uma cobertura consistente. 4. Por fim dividir em duas taças: a primeira taça meia colher de aroma de melancia e com um palito adicionar uma pequena quantidade de corante rosa. Na segunda taça adicionar igualmente com um palito uma pequena quantidade de corante amarelo. 5. Por fim colocar cada cobertura em diferentes sacos de pasteleiro com a boquilha que pretende e criar a decoração a seu gosto!

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CARLA AMIEIRO IDADE: 31 anos

PROFISSAO: Apresentadora Esta edição partilhamos o street style da Mónica, uma jovem alegre e bem disposta, sempre pronta para novos desafios.

LOOK: Macacão: Zara Casaco: Zara Óculos: Zara Sandálias: Primark Mala: Primark

O MEU HOBBIE É cinema , estar com os cães e ler O MEU ESTILO É descontraído e sempre em busca de peças low cost

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@rubiaamarelo

@ritings_


by: Bruno Lisboa

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