MELANCIA mag #14 outubro

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MELANCIA mag

Cultura Visual & Lifestyle # 14 | Outubro 2016 | melanciamag.com MELANCIA

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@sissanieves


MELANCIA cultura visual e livestyle mag #14 / outubro 2016

idealizadoras Juliana Lima & Mafalda Jesus sp e

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Laura Del Rey Godmess | ilustração e street art Capicua | música Ana Seixas | ilustração Akauã Pasqual | tatuagem Smile | ilustração e street art Daniel Moreno | Ilustração e Artes Plásticas Clau Cicala | estampagem Hibashira | ilustração, motion e street art Barbara Kramer | ilustração e artes plásticas Ana Henriques | revisão Joel Filipe Família | Amigos

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Capa e Contra Capa by: Tape Project

e-mail: melanciamag@gmail.com | www.melanciamag.com | facebook/melanciamag | instagram: @melanciamag


outubro ou nada! :) Trocadilhos à parte, optámos por apresentar Outubro “com tudo”! Afinal, a nossa energia é assim, recheada de tudo-de-bom! O Verão chegou ao fim,mas os primeiros dias do décimo mês do ano ainda nos trazem sol e um calorzinho bom, neste princípio de Outono. Todas as estações do ano têm a sua beleza particular, esta não foge à regra. Por entre os tons dourados das folhas que agora começam a cair, desafios não nos faltaram na busca pelo que há de novo. Projetos distintos e artistas interessantes estão por todo o lado, nós sabemos. Como tal, cabe à MELANCIA mag dá-los a conhecer. De qualquer forma, já sabes, queremos sempre inovar e surpreender-te. Afinal, a inspiração e a busca de algo diferente, marcante, original são o que nos move e, por isso, procuramos sempre o que faz os nossos/vossos olhos brilharem. Outubro, cá estamos! Acreditamos que conseguimos (mais) uma edição muito especial para o mês 10. Prepara-te! Temos música cheia de atitude, arte irreverente (até na Índia), delicadeza e feminilidade em traços únicos... e muito mais. Vem brilhar connosco neste Outubro! Com tudo, claro!





“Thiago e Gilda” por Laura Del Rey. Série criada especialmente pra exposição comemorativa do Wet Plate Day. P rojeto sobre cicatrizes e fantasmas,. Simples assim : uma homenagem ao mundo dos atores, um abraço na passagem do tempo, um misto de bastidores e holofotes com o mais simples do dia a dia. São dois grandes atores e duas grandes pessoas


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SMILE

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AKAUA PASQUAL

HIBASHIRA

ESCOLHA DAS EDITORAS

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CLAU CICALA

TAPE PROJECT ANA SEIXAS

CAPICUA

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GODMESS

índice

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94 ESTILO QUE ANDA POR AÍ


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Ilustração & Street art

Godmess Entrevista por: Mafalda Jesus Ilustrações por: Godmess

Estivemos à conversa com Tiago Gomes, um jovem talento portuense ligado à ilustração e à street art. Atua nas ruas como GODMESS, espalhando cor, boa disposição e formas geométricas por onde passa. Começou cedo a fazer experiências em fábricas abandonadas, mas a seu tempo percebeu que isto seria a sua vida a 100%, e começou a criar o seu próprio estilo. Apesar de acharmos que a sua identidade é forte e inconfundível, afirma que é um longo processo e que lhe ainda te muito trabalho pela frente.

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1) MELANCIA: Quem é o Godmess? GODMESS: Hhmm... Olhem! Hoje nem sei bem... No início era como um diário, um daqueles em que nos filmes o ator desabafa todas as noites os seus melodramas e as comédias da vida e guarda religiosamente na mesinha-da-cabeceira ao lado da cama. Mas este era feito de imagens e num sentido plural, não era um diário só meu, era um diário de amigos, conhecidos e estranhos, histórias ouvidas, contadas ou mal interpretadas. Surge muitas vezes como um aglutinador, uma ponte entre o conceito e a técnica, um projeto pessoal a longo prazo, um processo de construção de identidade, sempre degrau a degrau, dando tempo a cada coisa, sem ser absorvido por ele. É muito difícil digerir dedos apontados no bem ou no mal. O Godmess será então uma aventura, um heterónimo ou um alter-ego, um ser que se alimenta da realidade, como uma capa que me deixa na penumbra e sobe ao palco para se satisfazer. Já agora! Olá eu sou o Tiago! 2) M: Como foi o teu primeiro contacto com o graffiti? G: Desenhar foi desde sempre uma forma de comunicação e entretenimento. No final dos anos 90, começo a ouvir os testemunhos acompanhados por fortes batimentos cardíacos e samples domésticos. O hip-hop e a sua filosofia da época fizeram todo o sentido naquele momento. Começo a desenhar as primeiras letras, a estar mais atento quando, ao domingo de manhã, visitava a baixa do Porto. Entre 2001 e 2003 conheci dois rapazes que começaram a pintar no “boom” do hip-hop nacional, 12 MELANCIA


acompanhados pela geração morangos com açúcar e a música dos dealema e mind da gap, mas só mais tarde ao entrar para a Soares dos Reis, um pouco mais longe do controle parental, é que comecei a frequentar as primeiras fábricas abandonadas, a fazer as primeiras maratonas noturnas e a conhecer melhor o movimento do graffiti nacional, na altura através do fotolog. A primeira vez que peguei numa lata foi com uns amigos do bairro, que já pintavam: o Wes e o Rawd e fomos a uma casa abandonada lá perto, onde passado 10 minutos fomos apanhados. “Ainda bem que os meus pais não souberam na altura, porque a minha carreira tinha começado agora e iria terminar uns minutos depois se assim fosse…” A segunda foi já na Escola Soares dos Reis, durante um workshop que tinha como orientadores o Mots e o Nitro dos Maniaks, grandes referências, e onde pintaram também outros writters que estudavam na Escola ainda na Rua Firmeza no Porto. Na semana a seguir ao workshop, o Bent e o Kyote que eram da minha turma, levaram-me a pintar a uma fábrica em Gaia e aí, mais à seria, fomos ao Dexa comprar latas com os mesmos tons, fizemos um projeto comum, combinámos os estilos, tudo como manda a lei, e assim foi o início. Um início muito curto na verdade, porque passado uns tempos conheço o Kino e ele dá-me a conhecer nomes como o Banksy, Os Gémeos e Blu e aí a perspectiva sobre o que eu queria fazer dá uma volta de 180º graus, e a Street Art começa a tomar uma posição bidimensional, ocupando 100% da minha vida. Hoje produzo mas ao mesmo tempo sou também um consumidor. MELANCIA 13


“TENTO ESTAR SEMPRE ATENTO A TUDO O QUE SE PASSA À MINHA VOLTA, PARA PODER VIVENCIAR AS COISAS SEMPRE DA MELHOR MANEIRA POSSÍVEL OU DA FORMA QUE O MEU SER ME PERMITE.”

3) M: Tens um estilo muito próprio. Qual é o segredo para conseguir criar uma identidade tão forte? G: Não acho que o estilo visual e mesmo a identidade conceptual do meu trabalho seja ainda muito próprio, acho que isso é um processo muito difícil e ainda vai requerer muitos anos de trabalho pela frente. Mas para chegar a este ponto foi muito importante, em primeiro lugar, conhecer ao máximo o que está a minha volta, depois recuar às origens e a seguir tentar perspetivar o futuro. Algumas características do meu trabalho foram evoluindo e sofrendo mutações ao longo destes anos, muito devido ao amadurecimento enquanto pessoa e artista, mas muito também devido ao conhecimento do outro. Não vivemos sozinhos no mundo, a vida tem várias perspetivas tal como a arte, e por vezes as suas definições nos livros certos trazem escrito coisas erradas, e nos livros errados trazem em si coisas certas. Para perceber isto comecei pelo início usando cores opacas e formas simples. Por exemplo, o vermelho surgiu como uma forma de afirmação, na natureza só é encontrado em momentos e lugares específicos e por norma não é uma cor predominante. Traz associado definições extremas na sua simbologia. Perceber a pluralidade das coisas é ser capaz de absorver e digerir múltiplas perspetivas sobre o mesmo assunto e assim formar uma opinião sobre ele mas nunca tomar isso como certeza é meio caminho andado para o sucesso! Ou não! 4) M: O que te inspira? G: Tento estar sempre atento a tudo o que se passa à minha volta, para poder vivenciar as coisas sempre da melhor maneira possível ou da forma que o meu ser me permite. As pessoas, geralmente aquelas que me estão mais próximas, são a fonte onde vou buscar mais informação para conseguir criar, mas as temáticas podem variar tendo em conta o que se sobrepõe no momento de criação.

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5) M: O teu trabalho também é feito de improviso ou é sempre previamente estudado e pensado? Conta-nos como se desenrola o teu processo criativo. G: A inspiração pode vir de muitos lados, mas para mim nunca caiu do céu ou veio na brisa do mar. O meu background em design gráfico desde cedo que me fez perceber que o trabalho é essencial para chegar mais próximo do sucesso. Basicamente pensar, pensar, pensar, pensar, pensar (…) ideia 1, ideia 2, esboçar uma vez, esboçar duas. Está ok! Vamos lá! Está quase! OK! Voltamos à primeira… Geralmente, no momento de criação o pensamento está sempre muito bem estruturado, mas surgem sempre obstáculos. Como faço street art, o meu maior problema é aquele rapaz dos posters que resolveu colar, hoje à tarde, a cara do Anselmo, com a informação de mais um dos seus concertos, na parede que eu já andava a namorar há uma data de dias, obrigando-me muitas vezes a tomar opções de última hora. O improviso é sempre necessário, em todas as ocasiões, 5 cm pra o lado, hoje fica um bocadinho torto porque o carro patrulha parou para nos dar as boas noites… entre outras coisas. 6) M: Na tua opinião, qual o papel que a street art desempenha no espaço público e para a sociedade? G: A Street Art na minha perspetiva, é de certa forma já por si um espaço de criação multidisciplinar, logo todos os seus conceitos e suportes podem ser os mais variados possíveis. Isto inclui todos os personagens que intervêm, temos artistas que são pintores ou designers, arquitetos e engenheiros, estudantes que ficaram pelo secundário, outros doutorados, padeiros, músicos, empregados e patrões, homens e mulheres, novos e velhos, não existe um padrão definido e esta diversidade de que é feita

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a street art, consegue facilmente abraçar todo o tipo de público, com temáticas e imagens que lhes são próximas e desfez por completo esta visão banal contemporânea que foi criada de uma Arte inacessível. A Street Art é um meio de comunicação, tal como a arte, mas mais popular porque está mais próximo das pessoas. Não precisamos de visitar museus ou entrar em galerias para ver, ouvir, sentir a mensagem. As ruas até hoje e desde de sempre, são um lugar de vida, de movimento, de trocas, de ligações… São como a energia que liga as televisões, os rádios, os computadores e sem elas a street art passaria a ser apenas arte. Mas assim fica a ser o movimento artístico mais fascinante da história da arte até hoje! 7) M: Que noção é que um artista nunca deve perder? G: Quem é, onde está, com quem está e onde quer chegar! Podemos percorrer uma distância entre dois pontos das mais diversas maneiras, mas a maneira como chegamos lá vai alterar completamente a percepção que temos desse ponto. 8) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores ;) G: Para que os leitores fiquem a saber, o sumo desta MELANCIA é muito saboroso, também tem vitamina C, é rica em potássio, cultura, arte e magnésio e não tem açucares adicionados. Logo, no final vão-se sentir satisfeitos com aquele sabor fresco a novidades e a verão. Para os MELANCIEIROS continuem a MELANCIAR estão a fazer um ótimo trabalho e que queiram sempre mais e melhor. Quanto ao Godmess podem continuar a acompanhar o trabalho nas redes sociais, no facebook, no instagram e quem sabe um dia destes numa parede mais perto de vocês. Obrigado.


“O MEU BACKGROUND EM DESIGN GRÁFICO DESDE CEDO QUE ME FEZ PERCEBER QUE O TRABALHO É ESSENCIAL PARA CHEGAR MAIS PRÓXIMO DO SUCESSO.”

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Música

Artigo por: Juliana Lima Imagens: Divulgação

Ana Matos Fernandas, conhecida como Capicua pelo seu trabalho como rapper, é uma portuguesa inspiradora. Nesta era, em que se fala tanto de feminismo e do poder das mulheres, não podíamos deixar de conversar com esta artista talentosa, espontânea e tão criativa que encara o rap como uma missão. Entra connosco nesta melodia cheia de atitude e ajuda-nos a partilhar as mensagens positivas da Capicua.

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1) MELANCIA mag: Quem é a Ana Matos Fernandes? CAPICUA: Nasci nos anos 80. Sou do Porto. Gosto de palavras, de gelados e de estar dentro de água. Conhecem-me por Capicua, pelo meu trabalho como rapper. A música tornou-se um full time. Nos tempos livres vou para a minha horta! 2) M: Porquê “Capicua?” C: Porque Ana também se lê da mesma maneira de trás para a frente e de frente para trás!

Sendo que neste momento estou prestes a lançar um disco de música para crianças. Claro que antes deste percurso a solo, fiz dois EP’s em grupo e fui participando em muitas compilações de rap. Acho que a evolução foi gradual, com base num trabalho disciplinado, mas sobretudo feliz! Porque escrever e fazer música é o que mais gosto de fazer!

3) M: Sabemos que nasceste no Porto, cresceste a gostar de rimas e de palavras ditas ao contrário. Entretanto, descobriste o hip hop aos 15, primeiro pelos desenhos nas paredes, depois pelas rimas em cassetes, até chegar aos microfones. Fala-nos sobre este percurso. C: O meu primeiro contacto com a cultura hip hop foi através do graffiti. Comecei a pintar e fui conhecendo cada vez mais gente com os mesmos interesses. Passei a ir às festas e concertos de rap, a consumir discos de Dealema, Matozoo e Mind da Gap. Até que comecei a ter vontade de escrever as minhas rimas.

6) “Vayorken” é um hit e a minha música preferida, por sentir nela a Capicua tal como ela é. Assim como neste tema, usas as tuas experiências e as tuas crenças nas tuas músicas. Fala-nos sobre o teu processo criativo e as tuas inspirações. C: As ideias nascem de muitas formas diferentes! Os caminhos da inspiração são inesperados. Uma letra pode nascer da minha própria vida e das minhas memórias, como a “Vayorken”. De alguma coisa que me preocupe, como a “Medusa”, por exemplo. Ou até de um sonho como a “Sereia Louca”! Quanto ao processo... normalmente tenho uma ideia, penso nela durante algum tempo e só quando encontro um beat que lhe sirva de ambiente é que começo a escrever!

4) M: És um talento nato. Entretanto, gostaríamos de saber como classificas o teu estilo e também o que te levou que era este o teu caminho. C: Desde pequenina que gosto de escrever, mas acho que com a exigência técnica do rap, fui puxando mais os meus limites e definindo um estilo próprio. Diria que sou poética, mas que procuro sempre o impacto das palavras. E que pratico uma escrita comprometida com as minhas causas!

7) M: Elege uma música que merece destaque para ti? Contanos o motivo. C: Não sei escolher uma música, mas talvez algumas rimas de que gosto muito, porque me definem bem. São da “Casa no Campo”: Quero uma horta do outro lado da porta e quero a sorte de estar pronta quando a morte me colher. Quero uma porta do outro lado da morte e ter porte de mulher forte quando a vida me escolher!

5) M: Fala-nos sobre o teu percurso e os teus álbuns. Como foi esta evolução para ti? C: Tenho duas mixtapes, dois álbuns e um disco de remisturas.

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8) M: Tens um artista que consideras uma grande referência para ti e todo o teu trabalho como música? Conta-nos qual e por quê. C: Muitos! Desde os cantautores de Abril, como o Zeca Afonso, o Sérgio Godinho, o Fausto ou o Zé Mário Branco (por usarem a palavra sempre aliada à música, como ferramenta para a mudança do mundo)... Até algumas mulheres do hip hop, como a Laurin Hill ou a Erykah Badu, porque me inspiraram muito pela atitude e pela qualidade! 9) M: O que se pode esperar de um concerto teu? C: Emoções fortes!! Música para pensar, para emocionar, para dançar!! E uma bela dose de espontaneidade! 10) M: Além da vibração do público nos teus concertos, já recebeste imensas nomeações e prémios como reconhecimento de todo o teu trabalho. Como te sentes com todo este sucesso? C: O reconhecimento é bom de sentir. Obviamente! Motiva e reforça o empenho. Mas mais importante do que o sucesso é mesmo sentir que me mantenho fiel a mim própria e que sou feliz a fazer isto.

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11) M: És conhecida pela tua escrita emotiva e engajamento político, pela espotaneidade e por uma clara atitude feminista. Gostaríamos que comentasses as tuas diversas colaborações neste sentido, como participação em conferências, projetos sociais e workshops, sempre em torno da palavra e da música. C: Eu acho que o rap vem com essa missão associada... A de falar do que me preocupa, de espalhar mensagens positivas, de inspirar positivamente quem me rodeia... E tento fazer isso, não apenas pela música, mas de todas as formas que estiverem ao meu alcance. Acho que se tenho a oportunidade, tenho também a responsabilidade. 12) M: Qual é o teu lema de vida? C: Não tenho propriamente um lema, mas cultivo sempre o optimismo e tento rodear-me do que me faz bem e de quem me faz feliz. 13) M: E o teu maior sonho? (real ou irreal) C: Ter uma casa no campo e viver muitos e bons anos (para poder ser avó). 14) M: Queremos saber o que vem aí. Podes Revelar os teus próximos passos ou algum projeto futuro? C: Agora estou dedicada ao lançamento do “Mão Verde”, que é um disco de música para crianças que fiz em conjunto com o Pedro Geraldes (de Linda Martini) e a preparar um concerto especial no CCB (a 2 de Dezembro). Vai ser a primeira vez que vou tocar o meu repertório com uma banda!! Estou ansiosíssima! 15) M: Deixa um recado à MELANCIA mag e aos nossos leitores C: Espreitem o meu site para estarem a par das novidades: www.capicua.pt e apareçam nos concertos para partilharmos a música ao vivo e a cores!!

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6 1. SBSR 2016. Foto de Lais Pereira 2. Capicua com a sua amiga Marta em palco. 3. Capicua por Miguel Refresco. 4 e 8. Maré de Agosto 2015. 5. Tavira. Celebração do 25 de Abril 2016. José Gonçalves. 6. Ilustração de Maria Herreros para a Mão Verde. 7. Capicua no Rap e nas Lenga-Lengas, acompanhada nos beats e na guitarra por Pedro Geraldes. 10. SBSR 2016. Foto de Lais Pereira. 9. 11 e 12. Festival Experience FDUL 2015 Foto de AR.CO Studio7.

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“EU ACHO QUE O RAP VEM COM ESSA MISSÃO ASSOCIADA... A DE FALAR DO QUE ME PREOCUPA, DE ESPALHAR MENSAGENS POSITIVAS, DE INSPIRAR POSITIVAMENTE QUEM ME RODEIA... E TENTO FAZER ISSO, NÃO APENAS PELA MÚSICA, MAS DE TODAS AS FORMAS QUE ESTIVEREM AO MEU ALCANCE. ACHO QUE SE TENHO A OPORTUNIDADE, TENHO TAMBÉM A RESPONSABILIDADE.” CAPICUA

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Ilustração

Ana Seixas Entrevista por: Mafalda Jesus Ilustrações por: Ana Seixas

As suas coloridas e bem dispostas ilustrações contagiam qualquer um. Sim, estamos a falar do trabalho da Ana Seixas, uma designer e ilustradora de 32 anos, nascida em Viseu. Formada em design, trabalhou em algumas agências, revistas e galerias de arte, mas rapidamente se rendeu à sua verdadeira paixão, a ilustração. Perdete no mundo inspirador da Ana :)

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1) MELANCIA: Quem é a Ana Seixas? ANA SEIXAS: Um metro e sessenta e sete, morena, não gosta de falar de si mesma na terceira pessoa. Sou ilustradora, trabalho maioritariamente para editoras de livro didático infantil e dou workshops de serigrafia, técnica que uso também para reproduzir alguns dos meus trabalhos. Vivo no Porto, cidade com a qual mantenho uma relação turbulenta e pouco estável. 2) M: Qual é a tua primeira memória relacionada com o desenho? A: Tenho várias e não defino qual a primeira. Resumem-se ao normal em qualquer criança: desenhar nas paredes, usar as maquilhagens da mãe como material de pintura, e sonhar com caixas de marcadores Molin com todas as cores. 3) M: O que te inspira? A: Talvez sinta mais motivação que inspiração... Trabalho por encomenda, dependo de um briefing e de um cliente e só às vezes tenho tempo para projectos pessoais. E aí é quando me divirto a 200% e aproveito toda a motivação acumulada para produções próprias, exposições, auto-edições (tenho uma na calha!), ou simplesmente criar imagens novas. Sinto essa motivação quando saio da rotina, quando viajo, vou a

exposições, quando falo com pessoas e conheço os seus mundos, quando vejo filmes ou vou a concertos. 4) M: Na tua opinião, qual é o maior obstáculo de um ilustrador em Portugal? A: Penso que o ilustrador deve ser visto como um profissional, tanto por parte das empresas que contratam como dos próprios ilustradores. Isto leva às baixas remunerações praticadas, ausência de contratos de direitos de autor e outras faltas de respeito praticadas. Grande grande obstáculo. 5) M: Com que materiais preferes trabalhar e o que te dá mais prazer desenhar? A: Trabalho digitalmente, faço esboços à mão, com lápis, caneta e papel e em seguida passo ao Photoshop. Reproduzo também alguns dos meus trabalhos em serigrafia e risografia, ambas técnicas dão resultados graficamente interessantes. 6) M: Que objectivos gostarias de alcançar? A: Acordar todos os dias às 7h e ir ao ginásio, manter a casa arrumada e ter mais tempos para a serigrafia e trabalhos pessoais. Isso seria maravilhoso.

“PENSO QUE O ILUSTRADOR DEVE SER VISTO COMO UM PROFISSIONAL, TANTO POR PARTE DAS EMPRESAS QUE CONTRATAM COMO DOS PRÓPRIOS ILUSTRADORES.”

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7) M: Que noção é que um artista nunca deve perder? A: Tento nunca perder a noção que ser ilustradora é uma profissão e uma paixão - que uma nunca deve anular a outra. 8) M: O que é essencial no teu dia-a-dia? A: Queijo e gifs de gatinhos. 9) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores ;) A: Em 2011 fui ver umas conferências a Madrid, onde tive a oportunidade de assistir a conferência do ilustrador Puño, onde fala da sua experiência e desmistifica a profissão de ilustrador. São 45 minutos extraordinários, durante os quais podem comer melancia às fatias ou aos cubinhos. Procurem no youtube: Talk by Puño - Conferencia ilustrador Puño MAD 2011.

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Tatuagem

Akauã Pasqual Entrevista por: Juliana Lima Imagens :Aka Tattoo

Akauã Farias Pasqual, mais conhecido como Aka, é um tatuador brasileiro que tem nome de índio, muito simpático e talentoso. Durante uma sessão de tatuagem, enquanto a conversa ia e vinha entre os riscos e pontos na cauda de uma sereia, foi feito o convite oficial de formalizar esta entrevista. Por quê? Vem connosco e descobre!

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É admirável ver Aka a trabalhar e perceber o que este jovem de apenas 24 anos está a construir e conquistar. Já estruturou dois estúdios de tatuagem com amigos; o primeiro em Bauru, interior do estado de São Paulo, e o outro na baixa Augusta, centro da cidade de São Paulo. Entre a tranquila cidade e a grande metrópole, ele cria as suas ilustrações e deixa a sua marca em muita gente por aí. Admirador de arte e com tatuagens de vários estilos a perder de vista pelo seu corpo, Aka conta que tem gosto por tatuar blackwork e pontilhismo. E é isso que faz o seu estilo. 1) MELANCIA mag: Quem é o Akauã Pasqual? AKA: Acredito que sou um cara bem simples de gostos bem simples, que ama o trabalho e tomar uma “geladinha” depois do trabalho. 2) M: Tiraste um curso de Design Gráfico, e, entretanto, escolheste ser tatuador como profissão. O que te levou a optar por este caminho? A: Mudei-me para Bauru para fazer a faculdade, já tinha planos de tatuar mas ainda era um sonho distante, quando comecei a levar mais a sério a tatuagem a faculdade acabou por ficar para trás. Descobri que não queria ser um designer, mas a faculdade foi essencial para a carreira de tatuador. 3) M: Lembras-te da primeira tatuagem que fizeste? A quem? E o que é que fizeste? A: Minha primeira tatuagem foi um retoque de três estrelinhas na minha irmã, atrás da orelha. 4) M: Tens um traço bastante expressivo, trabalhas com tinta preta e por vezes usas apenas uma cor, um tom específico de azul. Fala-nos sobre o teu estilo e o que na tua opinião caracteriza e diferencia o teu trabalho como tatuador? A: Acho que o blackwork está em alta e eu sempre gostei muito de pontilhismo, mas não me prendo a isso, posso mudar a qualquer momento. Eu tento desenhar e tatuar o que acredito que sou capaz, sem dar um passo maior do que a perna. 5) M: Fala-nos sobre o teu processo criativo. Desde as marcações, ao desafio de criar as ilustrações, a resposta aos desejos dos clientes, até ao ato final de tatuar. A: Os meus clientes facilitam muito o meu trabalho, com a facilidade de encontrar referências boas e próximas ao que faço, a maioria já vem com uma ideia bem fixa do que quer e como quer. E eu explico sempre que vai ficar próximo daquilo que eu mostro no meu portefólio. com o passar dos anos foi ficando mais fácil eles entenderem isso.

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“ ACHO QUE O BLACKWORK ESTÁ EM ALTA E EU SEMPRE GOSTEI MUITO DE PONTILHISMO, MAS NÃO ME PRENDO A ISSO, POSSO MUDAR A QUALQUER MOMENTO. EU TENTO DESENHAR E TATUAR O QUE ACREDITO QUE SOU CAPAZ, SEM DAR UM PASSO MAIOR DO QUE A PERNA.”

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6) M: Vives em Bauru, interior do Estado de São Paulo, mas também tens um estúdio bem no centro da cidade de São Paulo. Como geres a tua agenda e o teu tempo? O que te fez criar e decidir manter os dois estúdios? A: Ainda tenho muita dificuldade de me organizar. Tento não pensar muito e só trabalhar para ter condições de pagar todos os custos e continuar evoluindo, mas é um defeito que preciso de corrigir, nunca tenho data certa para ir e voltar, nem agenda certa. 7) M: Estiveste em Inglaterra durante um mês a trabalhar. Foi a primeira vez que tiveste uma experiência deste tipo? Fala-nos um pouco sobre esta aventura do estrangeiro e quais os principais aprendizados. A: Essa viagem a Inglaterra foi tranquila porque já tinha um amigo com quem trabalhei na Austrália, me senti-me em casa e foi parecido com trabalhar no Brasil, os clientes também eram muito recetivos às minhas ideias e estilos. 8) M: Quais os teus próximos planos? A: Meus únicos planos para o futuro são melhorar o meu trabalho, sei que fazendo isso as coisas acontecem naturalmente. 9) M: Que coisas são essenciais no teu dia a dia? A: O meu dia a dia precisa de ter música, tatuagens e cerveja sou uma taça de vinho no final do dia (risos). 10) M: Qual é o teu lema? A: Não sei se tenho lema, mas gosto de ser verdadeiro em tudo que faço e com todos ao meu redor. 11) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) A: Minha mensagem à MELANCIA Mag e aos leitores é que façam o que amam e, se ainda não sabem, procurem saber, porque os últimos anos da minha vida como tatuador, fazendo o que eu mais gosto, têm sido muito gratificantes :)

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Ilustração e Streetart

Entrevista por: Mafalda Jesus Trabalhos por: Snile

“Um rapaz descontraído e muito minucioso com o seu trabalho” assim se resume SMILE, um talentoso graffiter de 31 anos, que nos conta como descobriu o seu dom para colorir ruas e retratar pessoas. Desde muito novo que o desenho faz parte da sua vida, mas foi no fim da década de 90, que pintou a sua primeira parede e decidiu dedicar-se ao graffiti. Tem como objectivo mostrar que para além de uma arte, é uma forma de ser e de estar na vida, nunca esquecendo as suas raízes… a rua!

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1) MELANCIA: Quem é o smile? O que te levou a escolher este nome? SMILE: O SMILE é um rapaz descontraído e muito minucioso com o seu trabalho. O nome surgiu um pouco sem saber o que era o graffiti, foi através de um autocolante de uma revista em 99, onde desenhei as letras e o boneco que tinha e foi ficando até hoje. 2) M: Como começou esta aventura no mundo do street art? S: Começou por influência dos meus primos, pois eles já desenhavam e eu tentava sempre copiá-los em tudo, entrei sem saber o que estava a fazer, gostava de desenhar e foi tudo surgindo naturalmente. 3) M: O que marca a diferença no teu trabalho? S: O facto de ser muito minucioso e ter uma paciência de todo o tamanho hehehehehehe. 4) M: Consegues destacar um projecto? S: Sim, uma pintura que fiz numa aldeia em Castelo Branco, para as Aldeias Artística do “Há Festa no Campo”, onde retratei uma senhora da queijaria local e que, o pouco

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que fiz, mudou a auto-estima dessa pessoa, e ainda hoje recebo feedbacks muito bons . 5) M: Na tua opinião, qual é o papel da street art na comunidade? S: É relativo, pois podes intervir apenas por prazer e fazer para ti, porque queres explorar alguma técnica nova ou outro material, ou então fazes algo na rua, querendo passar uma mensagem ou até mesmo provocar reacções nas pessoas. 6) M: Na tua opinião, que noção é que um artista nunca deve perder? S: De ter os pés assentes na terra, porque hoje estás lá em cima, mas depressa estás cá em baixo. 7) M: Qual é o teu lema? S: Não tenho. 8) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) S: Quero agradecer por este convite, pois já tinha sido feito há algum tempo, mas o tempo voa hehehehe. Aos leitores, que desfrutem da vida e façam o que vos deixa felizes pois a vida é curta.

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“TER OS PÉS ASSENTES NA TERRA, PORQUE HOJE ESTÁS LÁ EM CIMA, MAS DEPRESSA ESTÁS CÁ EM BAIXO.”

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Ilustração & Artes Plásticas

TAPE PROJECT Entrevista por: Juliana Lima Imagens: Daniel Moreno

Daniel Moreno, publicitário e ilustrador brasileiro de 35 anos, encontrou nos projetos pessoais a liberdade para criar. Entre estes destacamos o “Tape Project”, que está na capa desta edição. Nele, une a simplicidade do material, ou seja da fita adesiva, com a complexidade e autenticidade da construção de desenhos tão expressivos. Está ai a essência e a graça das suas obras. Nesta entrevista, Daniel revela-nos um pouco do seu processo criativo, e fala-nos dos seus desafios e aventuras de levar esta ideia tão incrível para o mundo. Enjoy :)

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1) MELANCIA: Quem é o Daniel Moreno? DANIEL MORENO: Um Potiguar [nascido no estado do Rio Grande do Norte, Brasil], radicado em São Paulo, que fala bem baixinho. 2) M: Sempre trabalhaste na área da criação publicitária, em grandes agências no Brasil e não só. Diz-nos o que te motivou a criar um projecto pessoal artístico paralelamente a tua profissão. D: Ser ilustrador nessa área de publicidade tem a vantagem de estar a todo momento em contacto com diferentes pessoas, criativas, que te trazem a cada trabalho novas ideias e referências. Estamos sempre a ser apresentandos a novos artistas, estilos ou mesmo revendo os mais clássicos. Isso, mais o ritmo frenético da área, faz com que tenhamos de estar sempre a pesquisar e a estudar as técnicas que vão desde o digital até as mais tradicionais de pintura, de acordo com o que o trabalho pede e isso inevitavelmente acaba acrescentando muito ao nosso trabalho pessoal. O outro lado da moeda, e é o que me motiva a criar meus projetos paralelos (não só os do “Tape Project”), é que ao mesmo tempo que o trabalho na publicidade é divertido e criativo, també, é, muitas vezes, burocrático. Como ilustradores, não temos total liberdade. Por mais que as agências nos dêem carta branca na hora de executar, e consigamos contribuir artística e tecnicamente, ele não é nos pertence, a ideia não é nossa. Continua a ser um trabalho super direcionado (formatos, cores, conceitos, prazos…) em que o grande desafio é saber traduzir da melhor maneira, através da ilustração, a ideia

da agência. Daí vem essa necessidade de fazer algo mais pessoal em que eu tenha total liberdade para criar, executar e, principalmente, não ter ninguém para dizer o que e como fazer. 3) M: O “Tape Project” tem características muito autênticas. A criatividade permeia desde o conceito até os desenhos e os materiais. Conta-nos quando e como tiveste a ideia deste projeto. D: Há uns 15 anos, fui a uma exposição de um amigo,o grande artista Cesar Finamori. Entre seus trabalhos, tinha uma série de quadros feitos com fitas isolante que me causou uma “estranheza boa”. A simplicidade das fitas, que naquele momento me pareciam um material tão incompatível com uma obra de arte, mas que estavam ali dando formas suaves aos desenhos, deixou-me bastante impressionado. As fitas têm isso, ao mesmo tempo, o material é limpo e reto quando se vê de longe, dando a impressão de que são feitas digitalmente com vetores, quando se olha de perto causam essa surpresa de serem algo bem manual, colado, não tão reto e nem tão perfeito como os vetores do primeiro olhar. Enfim, muitos anos depois, na tentativa de fugir um pouco às regras e prazos da publicidade, lembrei-me das fitas e resolvi testar. Daí para frente tenho tentado imprimir minhas ideias através delas. 4) M: Fala-nos sobre o teu processo criativo, as tuas inspirações e principais referências. D: Prefiro a noite para trabalhar nos quadros, sempre com música. Nesse horário, tudo flui mais facilmente, acho que a

“SER ILUSTRADOR NESSA ÁREA DE PUBLICIDADE TEM A VANTAGEM DE ESTAR A TODO MOMENTO EM CONTACTO COM DIFERENTES PESSOAS CRIATIVAS (...)”

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minha cabeça fica mais tranquila. Começo com um desenho de base e ai passo para a superfície que vou trabalhar (madeira, vidro, acrílico, parede…). Os temas e as ideias variam. Como ainda estou a fazer experiências, gosto de deixar tudo mais solto, sem me prender muito a um tema ou forma. As minhas referências e principais inspirações vêm das xilogravuras e das artes de cordel que dão a base ao projeto. 5) M: Como administras o teu tempo entre o trabalho, vida pessoal e a arte? D: O meu dia é para o estúdio de ilustração, a noite para as fitas e a minha vida pessoal corre embrenhada nesses dois mundos. 6) M: Estiveste na Índia, recentemente, e lá também realizaste trabalhos com as fitas. Falanos um pouco sobre esta fantástica experiência. D: Essa foi a segunda vez que estive lá, a primeira foi em 2014. Aquele lugar é uma loucura, difícil de descrever! É tudo muito intenso e diferente. As pessoas, sabores, cheiros, cores, animais, templos, espiritualidade... Tudo isso misturado e com uma banda sonora de buzinas de carros e motos ao fundo que não pára um só segundo, é quase um caos total. Mas que de alguma maneira,o povo consegue viver em harmonia (bem disse que não ia conseguir descrever) As pessoas, apesar de muitas vezes viverem em condições difíceis, são muito simpáticas e alegres, foi o que me motivou a fazer essa segunda viagem. Na primeira vez fiquei mais tempo em Varanasi, cidade sagrada que fica nas margens do Rio Ganges. Lá fiz meu primeiro trabalho com as fitas na rua, foi numa parede à beira do rio, uma experiência muito “bacana”.

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Nesta segunda viagem, tive mais tempo e como tema para os quadros usei as flores. Quis fazer um trabalho com as pessoas, que para mim são a parte mais incrível da Índia. Então, enquanto passava pelas cidades (foram 11, só de carro foram 1500 km) tentava descobrir no meio da multidão essas “flores da Índia”. No final essa, interação gerou um resultado “bacana”, fiquei muito feliz. 7) M: Já realizaste alguma exposição? Se sim quando e onde? Se não, tens intenção de fazer? D: No ano passado, fiz duas exposições uma em Barcelona e outra em Malmö, na Suécia. Foi minha primeira experiência a expor e foi muito bom, acho que fiquei mais à-vontade por ter sido beeeem longe de casa (risos), agora quero tentar organizar uma em São Paulo.. 8) M: Quais os teus objetivos e planos para o “Tape Project”? D: O meu objetivo agora é continuar a fazer experiências, criando, e tentar manter essa liberdade de trabalhar que tenho hoje. 9) M: Consegues destacar uma obra que te orgulhas? Justifica a tua escolha. D: Gosto muito da Frida, acho que porque foi o primeiro trabalho em que consegui ver o grande número de possibilidades que as fitas proporcionavam e conseguir colocar na tela o que eu tinha na cabeça. 10) M: Que coisas são essenciais no teu dia-a-dia? D: Café 11) M: Qual é o teu lema? D: Não tenho um lema definido, mas, para dar uma resposta, diria que é sempre tentar manter o foco, que é o mais difícil para mim, mas funciona. 12) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e a todos os seus leitores :) D: Queria só agradecer e desejar todos sucesso para a Melancia. E para a “galera”, dizer que se têm um projeto, uma ideia ou algo que desejam realizar, o mais importante é dar o primeiro passo, pq isso ninguém pode fazer por vocês! E daí pra frente vão ter uma visão melhor do caminho.

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“O MEU OBJETIVO AGORA É CONTINUAR A FAZER EXPERIÊNCIAS, CRIANDO, E TENTAR MANTER ESSA LIBERDADE DE TRABALHAR QUE TENHO HOJE.”

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@sof_iaisabel


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Estampagem

Entrevista por: Juliana Lima Imagens por Clau Cicala

Clau Cicala, brasileira, 33 anos, é uma criativa e designer de superfícies que destaca-se pelas suas estampas autênticas e o seu jeito doce de encarar o trabalho (e a vida) com emoção. Apesar do sucesso, considera que está apenas a começar. Nesta entrevista exclusiva Clau conta-nos sobre o seu percurso profissional e artístico e o seu processo criativo. Vem connosco e inspira-te com os florais e as cores da brasilidade estampada.

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1) MELANCIA MAG: Quem é a Clau Cicala? CLAU CICALA: Considero-me uma criativa. Tudo o que mexe com meu sensorial, inspira-me e serve de gatilho para criação. Sou workaholic, adoro viajar, mas a rotina também me faz bem, consigo concentrar-me em projetos especiais e na criação também. A análise é parte da minha vida, faz com que me conheça melhor e me leve a lugares onde quero estar. Acho que o conjunto disso tudo compõe o estilo “Clau” de ser. 2) M: És uma menina voltada para as Artes. Quando percebeste a tua aptidão para a área criativa? C: Fui muito estimulada deste nova pela minha avó materna, ela é pintora de quadros e praticamente só pinta florais. Depois, com 14 anos, comecei a trabalhar como designer gráfica e a estética começou a fazer parte do meu dia-a-dia. Com 25 anos, iniciei uma pósgraduação que me mostrou que a estamparia poderia ser a forma ideal de comunicar e transmitir um estilo. 3) M: Como surgiu a ideia de criar o teu portal, o teu estúdio, ou seja, o teu próprio negócio de estampas? C: No início, queria captar clientes, precisava de fazer meu estúdio funcionar, então nada melhor do que a divulgação online. Criei um site simples. Depois comecei a expandir e meu negócio, ganhou outras frentes de atuação, como as palestras e workshops, do selo Brasilidade Estampada, e as parcerias com marcas de vários segmentos. A partir daí dei uma nova cara, algo mais autoral.

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4) M: Conta-nos como funciona o teu processo criativo. Desde a escolha dos temas até a execução das prints propriamente ditas. C: As criações do Estúdio Clau Cicala são baseadas em briefings específicos vindos dos clientes. Fazemos tudo em conjunto, alinhamos cada detalhe e tudo começa. Manual ou digitalmente, procuramos seguir 100% do briefing para não ter desgaste com mil alterações. Já as estampas de parcerias, crio o briefing dentro do perfil que o cliente quer e dentro do meu estilo de traço. Crio pessoalmente as estampas, começando pela pesquisa, depois desenho e por fim a composição no computador. 5) M: O que te inspira? C: Música é o que mais me inspira, mas também saber que minhas criações servem de referência p/ outras pessoas... Assim quero criar mais, mais e mais. Entendo meu trabalho como forma de conexão comigo e com os outros. 6) M: . Fala-nos um pouco sobre o teu projeto Brasilidade Estampada. C: O Brasilidade Estampada é um selo que iniciei a partir do trabalho que já havia começado há quatro anos, facilitando workshops, transmitindo a minha vivência no mercado de trabalho. Hoje o selo convida profissionais da arte para transmitirem os seus conhecimentos da mesma forma que eu faço. Sempre com muito

“O SUCESSO É CONSEQUÊNCIA DE UMA TRABALHO FEITO COM AMOR.”

entusiasmo e amor, esses profissionais abordam temas específicos como rapport no Photoshop e técnicas manuais. Tudo sempre voltado para a estamparia. 7) M: Já fizeste grandes parcerias e criaste estampas para diversas marcas brasileiras do universo da moda. Como te sentes com todo este sucesso? C: Sinto-me apenas a começar, tenho muitos sonhos mas sei que há muito trabalho envolvido. Não me canso de criar, de pensar em projetos que possam levar a minha arte às pessoas. O sucesso é consequência de uma trabalho feito com amor. 8) M: Destaca um projeto de que te orgulhes mais, aquele te te faz brilhar mais os olhos e conta-nos o por quê. C: Todos os projetos são especiais e aprendi muito com cada um, de verdade. Acho que esse é o grande “barato” da minha profissão, poder trabalhar com

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superfícies diferenciadas em cada parceria. De calçados, vestuário, acessórios, cadernos e até carros. Atualmente, tenho duas parceiras que acrescentaram muito ao processo de criação que são a Ipanema (Grendene) e Q-Guai (loja multimarca carioca). 9) M: Que coisas são essenciais no teu dia a dia? C: Wi-fi. (risos) Com ele consigo fazer pesquisas para desenvolvimentos, conversar com a “Família Estampada” através dos meus Instagram e Facebook e divulgar o meu trabalho.

10) M: Qual é o teu lema? C: N Emocionar as pessoas com meu trabalho. Sem emoção não dá para viver. 11) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) C: Agradeço a oportunidade de falar sobre o que mais amo! Desejo que cada designer, artista ou apaixonados por estampas consigam embarcar nesse mundo colorido e achar um diferencial olhando para dentro.

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@diary.matilde.cunha


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Ilustração , Design, Motion & Street Art

Entrevista por: Mafalda Jesus Trabalhos por: Hibashira

Estivemos à conversa com o Rui Pereira, um artista multifacetado, que atua em diferentes tipos de suporte, passando pelo design, ilustração, animação, street art, entre outros. Na transição entre o vandalismo e o street art, sentiu a necessidade de ter uma assinatura, e o seu fascínio pela cultura japonesa fez com que adotasse o nome artístico “HIBASHIRA”. Se não o conheces, não percas mais tempo!

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“DESDE QUE ME LEMBRO DE EXISTIR QUE QUERO PÔR DESENHOS A MEXER, A PARTIR DESSA ALTURA FOI PASSAR OS DIAS A DESENHAR...”

1) MELANCIA: Quem é o Rui Pereira? HIBASHIRA: Oxi 3D Crew, vandals, destruidor da propriedade estatal. Puto estúpido, apaixonado pela criação de imagem desde tenra idade, adepto do conhecimento e a partilha entre seres humanos, amante de comida, com metal no coração e um agnóstico que tenta compreender dimensões paralelas e o multiverso. 2) M: Porquê “Hibashira”? H: Quando comecei a fazer a transição entre o vandalismo e o street art, senti a necessidade de arranjar uma assinatura diferente. Como tenho uma obsessão saudável com a cultura japonesa e queria algo relacionado com fogo, fui à procura num dicionário português/japonês do significado da palavra fogo, que em japonês é HI, mas dei de caras com PILAR DE FOGO que é bem mais brutal, daí HIBASHIRA. 3) M: Como surgiu o teu gosto pela arte? H: Desenhos animados, homem aranha e super homem dos anos 80 e o programa do Vasco Granja. Desde que me lembro de existir que quero pôr desenhos a mexer, a partir dessa altura foi passar os dias a desenhar, inclusive chumbar a muitas disciplinas porque passava o tempo todo agarrado às resmas de folhas a4.

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4) M: Fala-nos das tuas inspirações e referências. H: O futuro, a ideia de como será, a tecnologia e a robótica, a ficção científica, as diferentes culturas medievais, como a época feudal do Japão, imagens tradicionais... Gosto da mistura das duas, do que resulta misturando as linhas de imagem do futuro e do passado, tecnologia e tradição, gosto de observar a natureza, a fauna, particularmente árvores e sapos. Os nomes que me inspiraram e inspiram, Obey SKTR, TSK e SDK Crews, we work for them, the designers republic, Nando Costa, psyop, zeitguised ,Hayao Miyazaki e o studio Ghibli, Akira, Ghost in the Shell, Converge, Old Man Glom, Anal Cunt, Neurosis, John Zorn, Loop Pack, Aesop Rock, Dj Hype Diagram of Sub Urban Caos. 5) M: És um artista multifacetado, que trabalha em diferentes suportes e com diferentes materiais. Como começou a aventura no mundo do street art? H: É verdade que sou multifacetado, sei filmar, editar, um pouco de design gráfico, ilustração e animar, o que me ajudar a criar coisas únicas, transpondo esse conhecimento de uns uns formatos para os outros e por consequência para o street art. Mas pondo a coisa desde o começo, no secundário tive a sorte de ter o writer Moxy na minha turma, que me introduziu ao graffiti, desde aí fiz-me notar na cidade de Almada, acabei a criar uma Crew chamada LEG com os pesos pesados Vhils, Mar, Ram, Hium, Klit, Time, Chure, Bray e Image, passados uns anos, eu e os seis primeiros da crew, criámos um colectivo de trabalho chamado VSP (visual street performance) que deu origem à primeira exposição de graffiti portuguesa, e devo dizer que foi realmente uma aventura. 6) M: Qual é o teu lema? H: “Whzen the going gets weird, the weird turns pro” Hunter S. Thompson 7) M: O que é essencial no teu dia-a-dia? H: NAIFA. 8) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores ;) H: Muito obrigado pelo convite, foi um prazer fazer parte desta edição, e estar no meio de umas quantas edições da revista, entre tanta gente criativa. A continuação de um ótimo trabalho, vocês têm tudo para ir longe e continuar a dar doces visuais à malta. Mad props as minhas crews 3D e Leg e aos meus bons amigos que de certeza vão gostar de conhecer esta revista.

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inspira-te ;) BARBARA KRAMER

Brasileira, atualmente estilista, 28 anos. Aproveita esta rápida conversa com Barbara, uma estilistas tão flúida e tão insiradora. 1. Seja pela ilustração ou, pelo design e as habilidades manuais quando percebestes este teu gosto e talento? O gosto pelo desenho, acho que é uma coisa que toda criança tem. Acontece que crescemos e vamos parando aos poucos de desenhar, eu nunca parei, e como não gostava de nada que tinha na escola passava pelo menos 4 horas por dia desenhando, aí fiquei meio boa nisso. As outras habilidades manuais foram muito incentivadas pela minha avó, ela me ensinou a fazer crochê, tricô e a costurar quando eu era bem pequena, uns 8 anos de idade. A verdade é que ela me ensinava pra eu ficar quieta e ela poder fazer as coisas dela, mal sabia ela que eu ia me apaixonar. 2. Com ilustrações encantadoras, de traços delicados, realistas e super artisticos, costumas fazer muitos retratos. Como esta prática de ilustrar pessoas começou e se desenvolve? Acho que vem do mesmo lugar que a inclinação para fazer moda, eu queria fazer as roupas mas gostava de desenhar, ai queira fazer os desenhos das roupas o mais complexo possível também, tipo matar dois coelhos numa “caixa d’agua” só: com uma ideia eu tinha dois projetos. Ai tive que desenvolver habilidades para desenhar pessoas. teve um momento na minha vida que o interesse em desenhar pessoas, fazer retratos e ilustrações era muito maior que a vontade de fazer roupas.

fazer, do começo ao fim, da ideia até a execução, gosto do processo inteiro. E aí descobri que eu podia fazer peças únicas e trabalhar sob encomenda e tem sido maravilhoso, é muito legal quando alguém gosta de um modelo mas não tem certeza de algum detalhe e eu posso desenvolver uma peça, que é uma ideia minha, mas do jeitinho que vai ficar perfeito pra pessoa, perfeito pro corpo dela, e ela tem uma peça, distinta de qualquer outra que existe, uma roupa que é só dela. fora que como designer, ouvir em primeira mão o seu consumidor final é um super privilégio. 4. Quais os planos de vida da Barbara? Queremos saber. Planos de Barbara? hahaha eu quero ficar cada vez melhor no que me propus a fazer, quero que a Saravah cresça um pouco em quantidade de funcionários para podermos atender mais pessoas, e desenvolver cada vez modelos mais complexos. No mais, quero o que todo mundo quer, quero viajar o mundo inteiro, ver um monte de lugar bonito, comer um monte de comida exótica, dar um monte de risada e ter tempo de experimentar

3.A Saravah tem um posicionamento muito único, de valorização do artesanato, da natureza e da expressão da mulher. Fala-nos sobre o conceito e a tua motivação na criação da marca. A Saravah já teve algumas fases, no começo (em 2011), eu criava os modelos e depois disso tinha um processo de fabricação imenso. tinha que comprar os tecidos em grande quantidade, mandar estampar , numa empresa grande de estamparia, aí cortar o tecido numa empresa de corte, costurar em uma fábrica com varias costureiras e de lá saia tudo etiquetadinho, igualzinho, com tamanhos certinhos do P ao G. Isso me frustrava um pouco, o trabalho era muito mais de administração de recursos e prazos do que de criação (foi nessa época, inclusive, que brochei um pouco por fazer roupa). Eu gosto mesmo é de MELANCIA 87


Toma Nota PORTUGAL

MAAT (Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia) O novo e inovador edifício do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), um projeto da Fundação EDP, situado à beira-rio, em Belém, abriu portas dia 5 de outubro, contando com mais de 15.000 visitantes. Esta inauguração decorreu durante 12 horas, com entrada gratuita, onde o público pôde disfrutar de exposições, concertos e ainda da sua fantástica arquitetura. Projetado pelo ateliê AL-A, liderado pela arquiteta britânica Amanda Levete, tem quase três mil metros quadrados, um restaurante com vista para a Ponte 25 de Abril e permite que os visitantes andem por cima do edifício, que funciona como um miradouro, acabando por se tornar num grande espaço público. Sabe mais em: www.maat.pt

SALA DE CORTE A Sala de Corte, situada junto ao Mercado da Ribeira no Cais do Sodré, é a primeira steakhouse especializada em carne grelhada utilizando um josper, uma sofisticada combinação entre uma grelha a carvão 100% vegetal e um forno de altas temperaturas. Com um menú que faz crescer água na boca, podemos escolher entre 6 tipos de corte: vazia, picanha, entrecôte, lombo, chateaubriand e chuletón de Buey. A carne de novilho, com 21 dias de maturação, é importada da Irlanda, Uruguai e Espanha. Sabe mais em: www.saladecorte.pt

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Toma Nota BRASIL

BIENAL DE SAO PAULO Começou no mês passado e está a dar que falar. Por isso convidamos-te a visitar a 32ª Bienal de São Paulo, a segunda bienal mais antiga do mundo. “Incerteza Viva “é o título da edição deste ano, que tem como objetivo refletir sobre atuais condições da vida ,em tempos de mudança contínua, apresentando aos diferentes públicos a produção de 81 artistas, coletivos brasileiros e estrangeiros, atraindo assim olhares do mundo para a arte contemporânea do Brasil. Acaba em dezembro e a entrada é gratuita. Por isso, a nossa dica é aproveitar! Não percas a oportunidade de ficar por dentro deste evento e fazer quantas visitas forem necessárias para contemplar e participar desta bienal que promete promover, através da arte, a troca ativa entre pessoas, reconhecendo incertezas como sistemas generativos direcionadores e construtivos. Sabe mais em: www.bienal.org.br

MECA INHOTIM Já ouviste falar de Inhotim? Não? Hmmm, não sabes o que estás a perder! O Instituto Inhotim é a sede de um dos mais importantes acervos de arte contemporânea do Brasil e considerado o maior centro de arte ao ar livre da América Latina. Uma experiência, de facto, incrível! A reação de toda a gente, vai parece ser uma só: visitou, deslumbrou! Todo o mundo vai com expectativas altíssimas, criadas por visitantes anteriores, e ainda assim consegue sair maravilhado. Agora imagina unir um espaço, assim, incrível, com um festival indie? Pois bem, a próxima edição do MECA vai acontecer no início do próximo mês, dias 5 e 6 de Novembro em Inhotim. No Line up, Caetano Veloso, Liniker e Jaloo já são nomes confirmados. E, para além da música, o evento promete palestras e workshops sobre inovação, economia criativa, misticismo, artes e outros assuntos interessantes. Sabe mais em: www.inhotim.org.br ou www.meca.love MELANCIA 89


#melanciamag @mararq

@anitarrebita

@joanasmarinho @liacarril

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@ wildflower_wildheart


@agandra_27

@mararq

@amordepapaireal

@hedgare_estrela

@diana_olivetree

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Das EDITORas

cool red

LOOK FEMININO

CASACO - STELLA MCCARTNEY | MACACAO -ZARA MALA - MANU ATELIER | ÓCULOS - ILLESTEVA ANEL - CORNELIA WEBB

escolha de:

Juliana Lima

autumn is here

LOOK MASCULINO

CASACO - ZARA | CALÇAS- H&M T-SHIRT- SATURDAYSNYC TÉNIS - NEW BALANCE

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classy weekend

LOOK FEMININO

BOMBER- OPENING CERIMONY | SAIA - ZARA T-SHIRT-KENZO | TÉNIS -PUMA ÓCULOS -THIERRY LASRY | RELÓGIO - DKNY

escolha de:

Mafalda Jesus

the cool guy LOOK MASCULINO

CASACO - HAN KJOBENHAVN T-SHIRT - SATISFY | CALÇAS - ELEMENT TÉNIS - NIKE MELANCIA 93


anda POR AÍ JOEL FILIPE IDADE: 26 anos PROFISSAO: Designer Este mês partilhamos o street style de um jovem portugues a viver em Madrid. Joel estava na Rua Fuencarral, uma das mais movimentadas de Madrid.

LOOK: Jaqueta: Etnies T-shirt: COS Calças: calça: Carhartt Tenis: Nike

“Passei por esta parede e não pude deixar de apreciar a magnifica ilustração de Ricardo Cavolo” Foto por: Gabriel Cabral O MEU HOBBIE É Fotografia O MEU ESTILO É Casual e Desportivo

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@ssisanieves


by: Tape Project

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