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Pandemia: tempo de crise e de oportunidades

Edilene Souza Santos* Valmir Chiarello**

A vida do ser humano, em qualquer tempo ou idade é sempre permeada por desafios e conquistas, derrotas e vitórias, momentos de crises e de superações. O tempo em que vivemos, marcado pela Pandemia do coronavírus apresenta-se como um tempo de grandes sofrimentos e de muitas perdas, não só de vidas, cujo valor é imensurável, mas também, perdas de emprego, de renda, de condições dignas. Os adolescentes e jovens aprendizes foram diretamente atingidos pelas dificuldades advindas da crise generalizada.

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Neste período complexo e desafiador, por vezes, nos deparamos com adolescentes e jovens desmotivados, ansiosos, muitos deles realizam a prática no modo home office, outros estão com contratos suspensos e aulas online, infelizmente, tudo isso desestabiliza o psicossocial dos aprendizes, pois, as consequ-

Espaço reflexão

Precisamos dar as mãos e proteger o público juvenil que mesmo sofrendo os impactos tão devastadores, ainda continuam sendo o terno, o novo e a leveza tão necessários no momento.

ências do afastamento social não favorecem e tão pouco fortalecem os vínculos tão importantes na formação e integração no processo de aprendizagem. É importante ressaltar o grande valor da Internet e redes sociais (comunicação virtual), porém, mesmo diante dos avanços tecnológicos e ferramentas valiosas temos a convicção que nada substitui o olhar atento do professor, o contato e presença física entre os colegas e professores e o diálogo presencial. Tudo isso faz muita falta, há uma grande lacuna a ser preenchida assim que tudo passar. A Revista Crescer aponta que o contexto atual levou inúmeros jovens à depressão e aumento do número de tentativas de suicídios. “As regras de isolamento da pandemia são eficazes para evitar a contaminação pelo coronavírus, enquanto a maioria da população não está vacinada. No entanto, há um outro lado da moeda: elas contribuíram para o aumento nos casos de ansiedade, depressão e transtornos mentais em várias faixas etárias, desde o início de 2020. Os dados são registrados no mundo todo e, na última sexta-feira (11), os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos revelaram que as tentativas de suicídio aumentaram 50% entre jovens de 12 a 17 anos, especialmente meninas.” Disponível em https://revistacrescer. globo.com/Criancas/Saude/noticia/2021/06/ tentativas-de-suicidio-entre-adolescentes-aumentaram-mais-de-50-na-pandemia.html), acesso em 15 de julho de 2021. Com esta crise, pergunta- se, de fato há espaço para aprender com tudo isso? O que é realmente importante em nossas vidas? É consenso da maior parte da população que acredita profundamente que depois desta pandemia “o mundo não será mais o mesmo”. Neste prisma, muitos estão aproveitando para refletir sobre o sentido último da vida, muitos estão aprendendo a valorizar o outro e a convivência humana. Outros continuam seus caminhos como se nada estivesse acontecendo, isto é, preferem o negacionismo factual; outros ainda, aproveitam para obter vantagens indevidas na área da política ou da economia aumentando assim a desigualdade social. Seriam os adolescentes e jovens mais que todos, atingidos por essa crise, até por conta da fase da vida ainda em construção e mais expostos às dificuldades? Aprendemos a ter maior cuidado com a vida e com a própria saúde, a valorização do contato direto com o outro e principalmente que não somos ilhas, mas seres relacionais que vai se construindo e crescendo com o outro. Mais do que nunca precisamos dar as mãos e proteger o público juvenil que mesmo sofrendo os impactos tão devastadores, ainda continuam sendo o terno, o novo e a leveza tão necessários no momento.

*Coord. Geral da Ação Social Murialdo. ** Coord. do Programa Jovem Aprendiz.

Aprendizagem Socioprofissional, atividades remotas e transformação social

Sílvia dos Santos* Juliana dos Santos Rocha**

APesquisa "A Formação Socioprofissionalizante na Fundação Projeto Pescar (FPP) durante a Pandemia da COVID-19 em 2020”, que contou com 52 Educadores e 400 jovens de todo o Brasil, foi de extrema relevância para a análise de uma nova metodologia de aprendizado que foi, e está sendo, o ensino remoto: ela apontou desde as plataformas e ferramentas digitais mais utilizadas até aspectos positivos e negativos do ensino remoto. A realização da pesquisa contou com a colaboração da professora Dra. Isabel Siqueira, desde o processo de construção do instrumento até a análise dos dados coletados. O resultado foi tão positivo que, até o momento, muitos processos estão sendo aprimorados a partir de apontamentos, tais com a importância dos vínculos e da interação para o desenvolvimento dos jovens, aprendizagens relacionadas a tecnologias digitais e as possibilidades que se apresentam a partir da vivência do ensino remoto.

Nos itens “vínculo” e “interação”, ficou evidente a importância da interação entre diferentes Unidades como um dos princi-

Esses dados estão sendo fundamentais para nos prepararmos rumo às transformações que o mundo atual tem exigido.

pais pontos positivos do ensino remoto: 95% dos Jovens que tiveram interação com outras Unidades, de diferentes regiões do país, destacam essa importância. Um outro ponto importante é que a pesquisa evidenciou o quanto os jovens se sentiram acolhidos pelos educadores em suas necessidades, destacando-se a importância do contato, do vínculo e da atenção personalizada. No que se refere às ferramentas, o WhatsApp liderou os percentuais de preferência. Ele é considerado uma das mais utilizadas por Educadores (68%) e Jovens (79%) para a interação durante as atividades remotas, juntamente com o Google Meet Educadores (73%) Jovens (70%), e o Zoom Educadores (58%) Jovens (57%). Os jovens destacaram a importância da vivência das tecnologias digitais durante esse período, que apesar dos desafios, permitiu que aprendessem na prática como utilizar ferramentas e se desenvolver no ambiente virtual. No que diz respeito ao relacionamento junto às parceiras e mantenedoras, a pesquisa apresentou um dado que sempre foi muito valorizado e reconhecido na nossa dinâmica de ensino: para praticamente todos os jovens (95%), a Unidade estar relacionada a uma empresa parceira/mantenedora é um grande diferencial, pois dá concretude aos conhecimentos construídos no decorrer do curso. Esta visão também é compartilhada pela maioria dos Educadores (83%). Esses dados estão sendo fundamentais, não só para seguirmos em frente certificando turmas em todo o País, mas para nos prepararmos rumo às transformações que o mundo atual tem exigido. Para tanto, estamos conectados e cada vez mais engajados, investindo em capacitações e tecnologias digitais para atender milhares de jovens que nos procuram todos anos no Brasil. A partir da pesquisa e dos muitos momentos de diálogo com toda a nossa rede, compreendemos que com as Novas Jorna-das, que incluem aprendizagem na modalidade híbrida, sem perder o vínculo, a participação e o sen-timento de pertencimento dos jovens na Comunidade Pescar, teremos a capacidade de transformar a sociedade a partir da transformação de vida de milhares de jovens.

*Especialista em Educação, Pedagoga/Gerente do Programa Social Pescar. ** Dra. em Educação - PUCRS/Pedagoga - Fundação Projeto Pescar.

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