Mip n 2 2016

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SUMÁRIO

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CONDECORAÇÃO

Jorge Fernando foi condecorado pelo Presidente da República

NOVOS DISCOS

Conheça os novos discos que serão (ou foram) editados

NOVIDADES

Novos temas e novos discos a serem revelados

INTERNACIONAL

Fadista Duarte edita disco em França e esgota salas parisenses

ENTREVISTA

Bed Legs falam-nos do álbum de estreia

ENTREVISTA

Deolinda desvendam-nos um pouco mais de “Outras Histórias”

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PARA LÁ DA MÚSICA Diogo Piçarra lançou o livro “Diogo Piçarra em Pessoa”

NOVIDADES

José Cid e Agir premiados pela Sociedade Portuguesa de Autores

ENTREVISTA

“Blossom” é o novo trabalho de Carolina Deslandes

REPORTAGEM

PAUS apresentam ao vivo o novo álbum “Mitra”

REPORTAGEM

Rui Veloso celebrou 35 anos de carreira em Guimarães

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QUEM SOMOS O Made in Portugal é uma plataforma online que se destina a divulgar projetos originais da música em Portugal, independentemente do género musical. No site - www.madeinportugalmusica.pt – encontra diariamente uma vasta informação sobre a música nacional. Já a revista online é um compacto referente a cada mês, com algumas novidades, que estará disponível para leitura na última semana de cada mês. De referir que o Made in Portugal não envolve qualquer financiamento. É um projeto onde as pessoas envolvidas dedicam o seu tempo livre, por gosto e em prol da música nacional.

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Ao longo da revista irá encontrar vários icons com hiperligações. Ouvir uma música / ver videoclip Ver galeria de fotos

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Logótipo elaborado pela designer Sara Constante

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REPORTAGEM António Zambujo e Miguel Araújo e o início da maratona nos Coliseus

AGENDA

Várias datas de concertos de Norte a Sul do país

ENTREVISTA

Caelum’s Edge falam-nos do seu “Enigma”

Gostas de música? De Fotografia? De escrever? Queres fazer parte da equipa Made in Portugal? Envia-nos um email com a tua idade, localidade, gostos musicais e um texto e/ou trabalho fotográfico para: madeinportugalgeral@gmail.com

Revista online n.º 2 ‘Made in Portugal’ realizada por: Daniela Henriques; Joana Constante; Adriana Dias; Márcia Moura; Geraldo Dias e Luís Flôres.


CONDECORAÇÃO

Jorge Fernando condecorado com Comenda da Ordem do Infante D

O

músico, compositor e fadista Jorge Fernando foi condecorado no dia 18 de fevereiro pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique. Esta distinção é o reconhecimento

de mérito entregue pelo Presidente da República Portuguesa, em nome dos portugueses, pela prestação de serviços relevantes a Portugal, no país ou no estrangeiro, ou serviços na expansão da cultura portuguesa, sua História e seus 4

valores. Jorge Fernando vê deste modo o reconhecimento nacional pelo seu trabalho na música, nomeadamente no fado, sendo que é um dos compositores mais cantados da música portuguesa, autor de canções como “Boa noite


D. Henrique

Jorge Fernando ao receber condecoração pelo Presidente da Rapública

Jorge Fernando com André Baptista, Vânia Duarte, Fábia Rebordão e Samuel Mota

solidão”, “Búzios”, “Quem vai ao fado” ou “Chuva”, celebrizados pelo próprio e por diversos intérpretes do fado. Com quatro anos Jorge Fernando já acompanhava o avô a cantar fado nas noites de Lisboa. Mas foi com 16 anos que teve a sua

primeira experiência a sério, quando trabalhou com Fernando Maurício, considerado o “rei” do fado. Aí deixou definitivamente para trás a sua carreira de futebolista, onde chegou a internacional júnior e começou por se dedicar ao fado, tendo gravado nos anos setenta o single “Trigueirinha”. Com 19 anos conheceu Alcino Frazão, um dos maiores guitarristas da história do fado, e 5

começou a tocar com ele. Um ano depois já fazia parte do grupo de Amália Rodrigues, depois de ter substituído Alcino Frazão numa atuação com o Carlos Gonçalves e ele o ter convidado para tocar com a Amália Rodrigues. Em 1986 edita o seu primeiro LP, “Enamorado”, e dois anos depois lançou o álbum “Coisas da Vida”. Ao longo de 40 anos de carreira o fadista editou outros discos, como “Oxála”, “Rumo Ao Sul”, “Velho Fado”, entre outros.


NOVOS DISCOS

Fadista luso americana tem novo disco “Fado Além” é editado a 4 de março

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athalie, fadista luso americana, iniciou a sua carreira aos 13 anos e é prova de que o Fado já era Património da Humanidade, muito antes de ser reconhecido e declarado pela UNESCO em Novembro de 2011. A partir do momento em que foi acompanhada, a primeira vez, pela guitarra portuguesa, ainda muito jovem, o fado tomou conta da sua voz e dos seus sentidos, nascendo a fadista que desde logo atraiu a atenção e o respeito do público, pelo timbre brilhante da sua voz, presença de palco e o sentimento que transmite ao interpretar os mais diversos temas do fado tradicional. Nathalie_fado alémCom um percurso internacional de prestígio que conta com mais de 300 atuações nos E.U.A., Canadá e Europa nos últimos anos, Nathalie tem levado o seu fado a palcos emblemáticos como o Carnegie Hall, Kennedy Center, Philadelphia Museum Of Art, Brooklyn Academy Of Music, Zeiterion Performing Arts Center, Central Park, festivais internacionais nos Estados Unidos e Canadá, entre outros de igual relevo

em Portugal, Holanda, Itália e Áustria. O seu disco de estreia, “Corre-me o Fado nas Veias“, foi galardoado com o “Prémio Lusíada”. Nathalie prepara-se para lançar em 2016, no mercado nacional, o novo álbum “Fado

temas originais escritos exclusivamente para a fadista, por escritores e compositores consagrados como Amélia Muge, Vitorino, Mário Cláudio, Joã o Pa u l o Esteves da Silva, Pedro Moreira e Ricardo J. Dias, combinados com fa dos

Além”, com data de edição agendada para 4 de março e distribuição em Portugal pela Sony Music. “Fado Além” é um trabalho musical que engloba

tradicionais e outros gloriosos temas da canção nacional. “Chapéu Escuro” é o primeiro single retirado deste novo álbum e tem letra e música de Vitorino.

Concerto de apresentação no Teatro Tivoli BBVA

Nathalie irá apresentar ao público português os temas do seu novo disco, “Fado Além“, no dia 8 de março, no Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa, pelas 21h30. Camané será o convidado especial de uma noite que promete, para além de algumas surpresas, contagiar a plateia com o sentimento e forte presença em palco da jovem fadista. 6


Carlos Martins: novo disco Novo trabalho em nome próprio

Depois da celebração do passado que será sempre presente em “Absence” de final de 2014, Carlos Martins reencontra-se com o futuro de agora, num novo álbum que, de tão pessoal, não poderia ter outro nome que não o seu. O músico, compositor e profícuo diretor artístico da Associação Sons da Lusofonia – referência maior do jazz nacional das últimas três décadas – nestes 11 novos

temas, dedica-se ao que lhe é mais querido: partilhar, questionar e celebrar a profunda e alegre relação que estabelece com o mundo que o rodeia e de que se rodeia. As histórias de quem com ele se cruza na vivência do seu fascínio pela luz e cultura do Sul da Europa – do nosso Sul – são as principais fontes onde Carlos Martins vai beber inspiração para este novo trabalho. E mais uma vez, inevitável é também o cruzamento com Alexandre Frazão (bateria), Carlos Barretto (contrabaixo) e Mário Delgado (guitarra), os maravilhosos músicos e amigos com quem partilha as geografias emocionais que mapeiam a sua vida.

Youthless editam álbum

“This Glorious No Age” é editado em março Os Youthless editam o seu primeiro álbum “This Glorious No Age” no dia 7 de março, através da nosdiscos. pt em Portugal e da Club.the. mamoth/Kartel em Inglaterra. O segundo single,“Attention”, tema gutural e abrasivo retirado do novo disco estreou no Reino Unido e é agora lançado em Portugal.

O vídeo foi realizado, filmado e editado por Marco Espírito Santo e apresenta uma série de entrevistas feitas em tempo real em Portugal, por todo o país, transformando o vídeo num falso pseudo documentário, destacando as letras abstratas que são, ao mesmo tempo, sombrias e futuristas. 7

GLIMMER Old Yellow Jack No dia 29 de abril os Old Yellow Jack editam o seu álbum de estreia. Ainda sem título definido, será lançado de forma independente, à semelhança de “Magnus”, EP editado no ano passado. O álbum está a ser gravado de nos Blacksheep Studios em Sintra, com produção de Guilherme Gonçalves, e marca uma viragem no som da banda, deixando o psicadelismo de lado para explorar o indie rock americano. “Glimmer” é o single de avanço do disco.

VOA PÉ Retimbrar

Depois de 6 anos a acumular experiências diversas, os Retimbrar editam o seu primeiro disco “Voa Pé” que traz consigo os ecos dos bombos na rua e a emoção das canções partilhadas nos palcos e fora deles. “Voa Pé” é uma edição de autor com o apoio da Casa da Música, da Cultura Fnac e da Revolução d’Alegria Associação. “Voa Pé (cá fora)” é o single de avanço do primeiro álbum, que o coletivo musical do Porto irá lançar a 1 de abril.


NOVOS DISCOS

Sensible Soccers com novo álbum “Villa Soledade” editado dia 26 de fevereiro

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inco anos depois dos primeiros passos e dois anos depois de terem surpreendido em Portugal com o disco “8”, os Sensible Soccers estão de volta aos discos com “Villa Soledade”. Depois de dois anos de tournée, encerraram o ciclo de concertos em meados de 2015 com um espetáculo conceptual, intitulado “Paulo”. Foi precisamente no seguimento desse espetáculo que surgiram algumas das músicas que resultaram no segundo longa-duração a ser editado dia 26 de fevereiro. Composto por sete músicas, foi gravado entre o verão e o outono de 2015 nos estúdios do GNRation (Braga) e no seu recanto criativo em Fornelo. A fórmula manteve-se e, como tal, foi produzido pelo Filipe Azevedo e pelo João Moreira. Desta vez a masterização

ficou a cargo do Bo Kondren, do Calyx Mastering Studios (Berlim, Alemanha). “Villa Soledade” é uma edição de autor em Portugal, que

rasto sónico por todo o país, não se esperando menos do que aquilo que foi feito. O arranque acontece nos dias 11 e 12 de março na Galeria Zé

contará com distribuição no Brasil pela Balaclava Records e em França pela parisiense Forecast Label. Entretanto, os Sensible Soccers darão início a um conjunto de concertos muito interessante e estenderão o

dos Bois em Lisboa e a 26 de março no Cine-Teatro Garrett na Póvoa de Varzim. Como se pode ver e contar no retrato a montante, atualmente o grupo é formado pelo Hugo Gomes, o Filipe Azevedo e o Manuel Justo.

Anaquim estão de volta “Um dia destes” sai dia 4 de março

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“Um dia destes” é o nome do 3.º álbum de originais da banda, que conta com participações de Jorge Palma, Luísa Sobral, Quiné Teles, Daniel Tapadinhas e Gabriel Gomes. Com data de edição prevista para o dia 4 de março, o novo álbum é um disco Antena 1, e já está disponível em pré-venda exclusiva Fnac. Como bónus, para os fãs da banda e para os novos seguidores, os Anaquim oferecerão durante o período de pré-venda o seu anterior trabalho: “Desnecessariamente Complicado”.


“Outra Vez” marca o regresso de Brito Ventura ao mundo das canções: aquele momento, em que, assumindo o seu lado mais intimista, escreve sobre a vida e os seus desencontros sob a forma de canções, num ato de libertação que lhe reconduz à verdade da condição humana. Musicalmente “Outra Vez” mantém a linha de coerência do seu antecessor, com uma maior preponderância da componente eletrónica mas em que a lealdade ao modelo mais acústico continua presente. Trata-se de um conjunto de canções simples e melódicas, em discurso direto. “Outra Vez” é um disco despido de pretensões, em que o simples prazer de fazer musica, emerge a cada faixa que se escuta… outra vez!

“Histórias e Segredos” é o título do álbum de estreia dos Dona Elvira que já está disponível em formato digital. Doze temas carregados de sentimento que contam muitas histórias em português e revelam uns quantos segredos. O disco não faz nada para esconder a sua essência: é rock português. Muitas são as influências, todas entrelaçadas para criar uma sonoridade própria e original; do mais puro rock alternativo a devaneios pela música tradicional portuguesa e folk punk. “Histórias e Segredos” reflete o sentimento português traduzido na paixão, a inconformidade, a devoção e a sempre presente boa disposição que puxa tantas vezes para a picardia popular.

Her Name Was Fire surge numa noite de conversa de bar entre dois amigos, em que a presença de espírito já era pouca e as emoções estavam ao rubro. Das mentes de João Campos e Tiago Lopes nasce um coeso duo de Rock com groove embebido em amores incendiados, stoner, grunge e blues. Com as frequências graves, massivas e gritantes da guitarra, os ritmos tempestivos e flamejantes da bateria e com as vozes melódicas e imorais, Her Name Was Fire vieram para abalar as fundações do rock e seduzir os ouvidos daqueles que se atreverem a cruzar-se no caminho destas demolidoras ondas sonoras.

Os Birds Are Indie estão de regresso com novo álbum de originais. Depois de “How Music Fits Our Silence”, de 2012, e “Love Is Not Enough”, de 2014, estes três adoráveis fora-da-lei de Coimbra preparam-se para mostrar “Let’s pretend the world has stopped”, o novo disco com data de edição prevista para o dia 10 de março. O single de avanço chama-se “Partners in Crime” e não podia ser mais que um conto delicodoce, uma espécie de manifestopop em que os Birds Are Indie dizem ao que vêm. 9


NOVIDADES

“Está Dito” é o novo disco de Marafona Edição no dia 4 de março

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pós a edição do EP “Tia Miséria”, considerado entre os melhores da world music portuguesa de 2014, segue-se o lançamento do primeiro álbum. “Está Dito” é um disco ambivalente, que se estende entre o passado e o presente, que se afirma como uma chegada e uma partida. A Marafona, é um quinteto que une um coro de vozes à voz grave e intensa de Artur Serra, assim como cruza os instrumentos de cordas e percussões da tradição portuguesa como as

trancanholas, o cavaquinho, a guitarra portuguesa ou a viola campaniça de Gonçalo Almeida, os bombos e o adufe de Ian Carlo Mendoza, a instrumentos mais clássicos como o contrabaixo de

e pela Marafona, masterizado nos estúdios Uwe Teichert’s Mastering Studio. Conta ainda nas ilustrações com o trabalho de Catarina Sobral e com a participação especial de Ana Bacalhau (Deolinda) e da Mitó (Naifa) na canção “A improvável toponímia da Marcha Popular, assim como de Luís Peixoto, no tema “Traz Paz”, com a sanfona. As canções são Cláudio Cruz e a viola de Daniel originais de Artur Serra e de Sousa. Daniel Sousa, encontrando um “Está Dito” é um disco com a tema da autoria de Pedro da chancela da Editora PontoZurca, Silva Martins (“Chovesse do produzido por Sérgio Milhano Tinto”) e outro de José Oliveira

Diabo na Cruz lançam EP “Saias” é o quarto single retirado do álbum homónimo dos Diabo na Cruz. Alegre e atrevida, e com um vinco inconfundível de Diabo, “Saias” recebe agora novo tratamento com mistura de João Bessa e masterização de João Tereso e fará parte de um EP, apropriadamente intitulado “Saias EP”, juntamente com “Heróis da Vila” o inédito que os Diabo na Cruz deram a conhecer na primeira semana de 2016.

Paraguaii divulgam novo single Depois do EP lançado em 2015, a banda de Guimarães apresenta “Scope”, o tema de avanço do álbum de estreia que se encontram a preparar. “Scope” lança o mote do longa duração e vai buscar inspiração ao Espaço para questionar sobre o nosso lugar no cosmos e a forma como este se ramifica no sentido da auto-percepção e consciencialização humana.

“Além” é o novo tema do rapper ProfJam ProfJam anuncia nova mixtape com o nome “Mixtakes”, onde novos versos e batidas balançam como o equilíbrio universal do Yin Yang. A mixtape, completamente misturada e masterizada pelo próprio artista, é esperada para abril e sairá em formato físico e digital. “Além” é o single de avanço, com o instrumental produzido por Dustfingaz.

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INTERNACIONAL

Disco do fadista Duarte chega a França “Sem dor nem piedade” foi editado pela editora Aztec Music

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uarte editou o seu último Abbesses no dia 20 fevereiro apresentar no fado. disco em França “Sem e La Courroie nos dias 21 e No próximo sábado dia 27 dor nem piedade” no dia 20 22. de Fevereiro pelas 21:30h de Fevereiro. Esgotou as 3 Conquistando o público o fadista actua no Centro salas onde actuou, Théâtre​ francês com a sua forma Cultural do Redondo cuja de la Ville |Théâtre des original e pessoal de se lotação está esgotada. 11 Mar | 21:00H | L’Embarcadère – Montceau les Mines 30 Mar | 20:45H | Salle Jacques Tati – Versailles – Paris 31 Mar | 20:45H | Salle Cabaret Ariel- Rueil Malmaison- Paris 01 Abr | 20:45H | Salle Cabaret Ariel- Rueil Malmaison- Paris 02 Abr | 20:45H | Salle Cabaret Ariel – Rueil Malmaison- Paris 03 Abr | 18:00H | Théâtre de Clermont l’Hérault – Clermontl’ Hérault 10 Mai | 20:30H | Théâtre à l’Italienne – Cherbourg

Foto: Isabel Zuzarte

SOBRE O DISCO: “Sem dor nem piedade” é ssumidamente um disco cinzento. Uma fuga ao “mainstream” que se vive no fado atual. A importância de viver e sentir o lado mais escuro dos dias, não fugindo a este mesmo lado. Um trabalho de contra corrente. Não queremos entreter, mas antes fazer pensar. Uma possibilidade de fazer sentir criticamente e não somente consumir o que nos dão. Corrente alternativa de fado (ao nível dos conteúdos, da conceção, da produção e de edição). A importância dos fados sobrepõe-se à importância dos fadistas. A procura de um objeto artístico único e não a repetição de outros objetos já criados no passado. O respeito pelo legado que foi deixado, acrescentando depois e de forma harmoniosa a marca dos nossos dias. Assim como se de uma reabilitação arquitetónica se tratasse. Um trabalho artístico contemporâneo. Um trabalho temático/conceptual sério, pensado no tempo e marcante para a história do Fado.

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ENTREVISTA

Bed Legs apresentam um álbum “cru, negro e duro”

Depois do lançamento do primeiro EP “Not Bad” em 2014, “Black Bottle” é o nome do álbum de estreia dos Bed Legs, banda natural de Braga. A banda constituída por Fernando Fernandes, Tiago Calçada, Helder Azevedo e David Costa, desvendaram um pouco mais deste novo trabalho. “Black Bottle” é o nome do vosso álbum de estreia. Era um disco já há muito desejado? Sim, apesar de não ser uma obsessão, após a tour do EP “Not Bad”, sentimos que tínhamos temas novos e bons o suficiente para gravar um álbum. Com o tempo a ideia amadureceu, fomos para estúdio (um abraço ao Bug Studio) et voilá, temos o “Black Bottle”.

E para quem ainda não ouviu o disco, como o definem? É um álbum cru, negro e duro. Canta muito sobre nós e o que nos rodeia. Quais foram as vossas influências na composição dos temas deste disco? Acho que as influências que tivemos na composição do álbum, são as mesmo que temos enquanto músicos ou seja está lá muito rock n’roll, blues, funk e soul.

Já atuaram no festival Sounds of Peace na Arménia. Como foi a experiencia? Foi deveras uma experiência única. Estar 15 dias numa “residência artística” com músicos de todo mundo, tocar com eles, trocar ideias com eles, foi para nós muito 12

enriquecedor. Isto tudo culminando em dois concertos memoráveis (o público da Arménia é top) foi do melhor.

A internacionalização é um objetivo vosso ou estão somente focados a mostrar o vosso trabalho em Portugal? A nossa ideia é tocar em todo lado, e quantos mais concertos dermos mais felizes vamos estar, dito isto se for possível voltar a tocar fora de Portugal, “nós estamos cá para as curvas”. O que desejam para o futuro dos Bed Legs? Não temos propriamente um objetivo definido, queremos é continuar a fazer música e a dar concertos. Claro que ir ao Conan O’Brien era um sonho… (risos)


Anuncie na nossa revista online um concerto; festival; serviço/produto gratuitamente, mediante termos e condições a combinar. Para mais informações entre em contacto: madeinportugalmusica@gmail.com*


DEOLINDA O 4.º álbum de estúdio de Deolinda tem co-produção de João Bessa e traça alguns caminhos que ainda não haviam sido explorados no repertório e estilo do grupo. Este novo trabalho tem um leque surpreendente de convidados a enriquecer o repertório, como Manel Cruz (Ornatos Violeta); Riot (Buraka Som Sistema) e a Orquestra Sinfonietta de Lisboa, conduzida pelo Maestro Vasco Pearce de Azevedo, com os arranjos para cordas escritos por Filipe Melo. Em entrevista, Zé Pedro, membro do grupo, desvendounos mais destas “Outras Histórias”.

“Outras Histórias” é o vosso 4.º álbum de originais. Como definem este álbum em relação ao vosso disco anterior? Este disco não podia existir, como é óbvio, sem o primeiro e o segundo, mas sem o último. Na altura, nós escolhemos produzir o terceiro disco em conjunto com o Jerry Boys e neste disco escolhemos produzir o disco com o João Bessa, que foi assistente do Jerry Boys na altura, e foi ai

que também começamos a perceber que ele tinha uma visão muito pertinente dos Deolinda. Acho que o caminho de produção que este disco teve, o próprio som, como foi gravado, é uma continuação natural do “Mundo Pequenino”. Não deixam de ser histórias dos Deolindas, mas com uma roupagem mais atual, mais contemporânea, com arranjos ainda mais para lá do que até agora tínhamos feito. Podemos concluir que, face 14

a esses novos arranjos, essa nova exploração, este é um pouco mais ousado do que o anterior, apesar de ser um seguimento? Sim. Visto aos dias de hoje, eu poderei considera-lo um disco mais ousado que o anterior. Agora, o que acontece é que nós tentamos dar o máximo em cada um dos discos e no “Mundo Pequenino” o nosso limite estava naquelas canções e naquela maneira de estar, se calhar com mais


ENTREVISTA

três anos de estrada e com a digestão de todo esse processo conseguimos chegar ainda mais longe como músicos e alargar os nossos horizontes e daí surgiu “Outras Histórias”.

“CORZINHA DE VERÃO” NÃO É EXATAMENTE A CANÇÃO TÍPICA QUE NÓS ESTÁVAMOS HABITUADOS A FAZER DO PONTO VISTA SONORO

tempo bom. Em vez de ir para a praia, porque não para o Museu.

Quando estava a ouvir o novo disco, dei por mim a certa altura a certificar-me de que ainda estava a ouvir Deolinda. Refiro-me ao tema “A Velha e o DJ”, talvez o tema mais surpreendente do disco, pela sonoridade distinta dos restantes temas que nos transporta para uma pista de dança. Fale-nos deste tema. E como surgiu a colaboração com o dj Riot dos Buraka Som Sitema neste tema? Nós estávamos a ensaiar acusticamente esse tema, mas olhando para a letra, se fala de um dj tem que haver um beat e com os nossos quatro instrumentos acústicos nós não conseguimos replicar isso e lembrámo-nos de quem melhor que o Riot para fazer um beat para essa canção. Os Buraka Som Sistema tem mais ao menos o mesmo tempo de existência que Deolinda tem. Eles pegaram na tradição e levaram para as pistas de dança de todo o mundo, os Deolinda pegaram na tradição portuguesa e levou-a para os palcos portugueses também, e essa fusão que resulta na “Velha e o Dj” deixou-nos muito satisfeitos porque, o Riot a primeira maquete que ele nos mandou com o funaná por cima da nossa música, funcionou completamente bem.

“Corzinha de Verão” é o single de apresentação, que tem sido muito bem recebido pelo público. O que vos levou a escolher este tema associado ao verão, em pleno inverno, como single de apresentação? Para quem segue mais atentamente o percurso de Deolinda percebe que “Corzinha de Verão” não é exatamente a canção típica que nós estávamos habituados a fazer do ponto vista sonoro, tem um ritmo até com algum sing e acho que faz bem, musicalmente, a ponte das canções mais tradicionais que temos neste novo disco com as mais diferentes, como “A Velha e o DJ”, “Nunca é Tarde”… Ao mesmo tempo, lançar uma música que fale do verão no inverno, acho que faz todo o sentido, porque a música fala daqueles dias frustrados, numa Se no tema a “A Velha e o DJ”, altura em que esperamos ter tem a participação de um dj, 15

no tema “Nunca é tarde” tem a participação da Orquestra Sinfonietta de Lisboa. O que vos levou a integrar uma orquestra neste tema? Nós tínhamos três músicas que achávamos que fazia sentido gravarmos com cordas, não necessariamente com uma orquestra, e lembrámonos do Filipe Melo para nos fazer esses arranjos de cordas. Quando começámos a discutir as ideias com o Filipe chegou-se á conclusão que para a ideia que tínhamos do “Nunca é Tarde”, um certo caus numa parte da canção, o melhor mesmo seria uma orquestra. O Filipe lembrouse da Orquestra Sinfonietta de Lisboa com quem já gravou arranjos para outros artistas e ficamos muito satisfeitos com o resultado porque conseguiram perfeitamente entrar na ideia de caus sonoro que tínhamos na cabeça para aquele tema.

ESSA FUSÃO QUE RESULTA NA “VELHA E O DJ” DEIXOU-NOS MUITO SATISFEITOS

Em palco, como tencionam reproduzir estes dois temas que acabámos de falar? Essa pergunta pôs-se e para nós é claro que para tocarmos o “Nunca é Tarde” e a “Velha e o Dj” vamos ter que levar uma orquestra connosco e um beat, e isso vai acontecer com as magias da tecnologia que há hoje em dia.


Ansiosos para levarem para o palco estes novos temas? Desde o início que os concertos ao vivo foi uma componente muito importante de Deolinda. Iremos andar por Portugal inteiro, Bélgica, Brasil e Espanha. É uma fase que gostamos muito, para perceber em que canções é que as pessoas pegam, como é que reagem e como é que as próprias canções crescem, porque a experiencia em estúdio é uma etapa e depois os concertos ao vivo é a etapa mais importante.

opinião mantém-se; que a música ultrapassa um ótimo momento. Eu acho que há cada vez mais artistas a cantar em português, e não só, e há cada vez mais artistas em diferentes áreas, não só o fado e a música tradicional, a conseguirem internacionalizar o seu trabalho e a espalhar a música portuguesa pelo mundo. E isso ajuda-nos muito a todos. Perceber que há uma De um modo geral, como marca de Portugal na música avalia atualmente a música em mundial, e que cada vez mais Portugal? o nosso país é tido em conta, Nós já andamos nisto há quer para artistas estrangeiros alguns anos e acho que a virem cá tocar, pela força dos nossos festivais e das nossas salas, como para artistas portugueses puderem afirmar ou continuarem a afirmar o seu trabalho no estrangeiro.

HÁ CADA VEZ MAIS ARTISTAS A CONSEGUIREM INTERNACIONALIZAR O SEU TRABALHO E A ESPALHAR A MÚSICA PORTUGUESA PELO MUNDO



PARA LÁ DA MÚSICA

Diogo Piçarra em Pessoa “Diogo Piçarra em Pessoa” é um projeto criativo de descoberta, reinvenção e reconstrução da obra de Fernando Pessoa e seus heterónimos, da autoria do músico Diogo Piçarra. O projeto destina-se a alunos do 7.º ao 12.º anos de escolaridade e inclui a edição de um livro, a exibição de uma peça de teatro e a adaptação musical de poemas. No livro, com o mesmo nome do projeto, Piçarra reinventa-se em Pessoa e na sua heteronímia, apresentando uma reconstrução de 20 poemas pessoanos, tendo por base as suas próprias vivências e as vivências dos seus próprios heterónimos, concebidos para o efeito. O livro tem uma natureza interativa, onde o leitor é desafiado a criar a sua própria versão dos poemas de Fernando Pessoa e a construir a biografia dos seus heterónimos. Cada poema apresentado no livro é também representado por ilustrações simples, que acompanharão o leitor na interpretação e análise da obra de Pessoa. A dramatização dos poemas constantes no livro resulta na montagem e exibição de uma peça de teatro, onde Pessoa e Piçarra (e respetivos heterónimos)

se confrontam, em diálogos complexos, mas entusiasmantes, sobre as suas perceções da vida. O projeto também incluiu a adaptação musical de dois poemas do livro: um poema de Fernando Pessoa e a reconstrução do mesmo feita pelo Diogo Piçarra. O público-alvo de “Diogo Piçarra em Pessoa” são os alunos do 7.º ao 12.º anos de escolaridade, sendo que os três elementos do projeto (livro, peça de teatro e performance musical) podem ser apresentados e promovidos por escolas públicas e privadas, câmaras municipais, associações ou outras instituições de cariz educativo que trabalhem direta ou indiretamente com este público-alvo. Este projeto foi desenvolvido numa parceria entre Diogo Piçarra e a empresa Betweien, Spinoff da Universidade do Minho, especializada na área da educação, com vários anos de experiência na conceção e implementação de projetos inovadores em todo o país. Para mais informações consulte: www.facebook.com/ diogopicarraempessoa

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Sinopse do livro A obra de Fernando Pessoa é um património valioso da cultura literária portuguesa. Lê-la, estudá-la e interpretála é um desafio exigente e aliciante, que te é lançado pelos teus docentes durante o percurso escolar. Neste livro, Diogo Piçarra vai mais além e lança-te um repto diferente: uma abordagem ímpar à obra de Pessoa. Numa procura incessante de auto e heteroconhecimento, Diogo encontra-se em Pessoa, selecionando e reconstruindo 20 dos seus poemas, revisitando, igualmente, a sua heteronímia (Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis). Fá-lo tendo como alicerce as próprias vivências e, tal como Pessoa, torna-se plural, revelando três dos seus heterónimos e respetivas histórias de vida (Luna Thea, Walter Ego e Ingenuo Garcia). Estes, ao longo do livro, confrontam-se com os heterónimos de Pessoa, resultando desse confronto a edificação de diálogos estimulantes, acompanhados por ilustrações interpretativas, que te auxiliarão na descoberta e análise da obra de Pessoa. No livro encontrarás espaços de criação, que o Diogo Piçarra libertou para que possas também executar este exercício de reconstrução da obra pessoana. Assim o faz, na expectativa de que também tu te encontres em Pessoa.

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NOVIDADES

O ‘Menino Prodígio’ de José Cid vence Prémio Pedro Osório

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osé Cid, cantor, compositor e músico recebeu o Prémio de Música Pedro Osório, entregue pela Sociedade Portuguesa de Autores. Em comunicado a SPA refere que este prémio é “atribuído ao cantor, compositor e músico José Cid, pelo disco ‘Menino Prodígio’, editado em 2015, e também pelo grande êxito da sua carreira em palco e em estúdio”. O Prémio foi entregue no dia 24 de fevereiro, no auditório Maestro Frederico de Freitas, pelas mãos de José Jorge Letria, Presidente da Sociedade Portuguesa de Autores, que aquando da entrega do prémio referiu que é também “um agradecimento sentido de várias gerações de Portugueses que te devem muito com a música que tu nos tens dado”. Já José Cid referiu ser uma “honra” receber o Prémio Pedro Osório relativo ao álbum ‘Menino Prodígio’, disco que diz ser “especial” e que o mesmo conta a história do início da carreira com o Quarteto 1111, a quem dedicou o prémio. Na cerimónia José Cid interpretou alguns temas ao piano, tendo homenageia Maestro Pedro Osório e José Niza interpretando a canção ‘Maria, Vida Fria’. O galardão, criado após o falecimento de Pedro Osório, em 2012, distingue anualmente um nome e uma obra relevantes na vida musical portuguesa, e tem o valor pecuniário de 2.000 euros.

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Agir recebe Prémio José da Ponte Galardão entregue pela SPA A Sociedade Portuguesa de Autores anunciou que o Prémio José da Ponte foi atribuído a Agir. Em comunicado a SPA refere que este prémio é “destinado a jovens criadores musicais portugueses” e que o mesmo foi atribuído ao músico, compositor e intérprete Agir “que tem vindo a afirmar-se como um dos mais talentosos músicos portugueses das novas gerações”. Este prémio foi criado pela SPA após a morte de José da Ponte, que se destacou

como um dos nomes mais influentes da música portuguesa depois do 25 de Abril e também como administrador e membro dos corpos sociais da SPA. Na sua primeira edição, esta distinção foi atribuída aos D.A.M.A. O prémio, com o valor de 2000 euros e com um troféu, será entregue em data a anunciar, homenageando José da Pontee o seu trabalho em defesa dos autores portugueses.

Paris rendeu-se a Ana Moura Júlio Resende inicia digressão Foi uma casa cheia, a que recebeu Ana Moura e os seus músicos no mítico Olympia em Paris, no passado dia 19 de fevereiro, naquela que foi a primeira data da tour Mundial de Moura, Nas duas noites seguintes, Ana Moura foi recebida com lotação esgotada no Casino 2000, no Luxemburgo. Noites inesquecíveis para quem as viveu. Foram também os franceses os primeiros a editar o novo disco no território internacional e vários foram os ecos da imprensa e rádios francesas. Entretanto, Ana Moura prepara-se para a estreia do vídeo do novo single de “Moura”, o tema “Tens os Olhos de Deus”. O vídeo tem estreia marcada para o próximo dia 3 de março. Antes de iniciar a tour Moura em Portugal, a cantora atua por duas vezes na Roménia, para depois então passar pelas maiores salas do nosso País.

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O pianista prepara nova digressão de concertos que estreará no próximo dia 8 de março. “Júlio Resende – Fado & Further” apresentar-se-á no dia Internacional da Mulher no Cineteatro Curvo Semedo em Montemor-o-Novo com uma convidada especial: a fadista Kátia Guerreiro. Em abril Júlio Resende rumará a Paris onde será o artista convidado para o concerto de inauguração da Salles Fernando Pessoa et Vieira da Silva de la Maison du Portugal. De regresso a Portugal passará ainda por concertos em Lousada e Rio de Mouro. A digressão internacional continuará a partir do mês de junho para uma série de concertos pelo continente americano que incluirá uma passagem pelos Estados Unidos. As datas desta digressão serão anunciadas em breve. “Fado & Further” foi classificado com Choc Disc 5 estrelas pela prestigiada revista francesa Classica.




ENTREVISTA

NÃO FAÇO ARTE PORQUE QUERO, FAÇO ARTE PORQUE PRECISO entrevista “Blossom” é o nome do novo álbum de Carolina Deslandes, que já chegou às lojas. Este álbum é assumidamente pop contemporâneo, com melodias cativantes e uma forte componente eletrónica. O processo de criação deste trabalho durou mais de um ano a concluir e é reflexo do crescimento e maturidade da cantora e compositora. Com exceção de um tema, todas as canções do alinhamento de “Blossom” foram compostas e escritas por Carolina Deslandes e todas refletem fragmentos e histórias da sua vida e experiências. Apesar de contar com a participação especial pelos produtores T.O.D.A.Y., o álbum foi maioritariamente produzido em Portugal por Agir e a dupla Gallantry. Encontrámo-nos com a artista de 24 anos no Royale Café, em Lisboa, para uma entrevista sobre o novo disco e os projetos que tem em mente.

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Foram quatro anos de intervalo entre os dois discos. Sente algum tipo de alteração ou de mudança? Todos (risos). Acho que os últimos quatro anos foram o maior período de mudança da minha vida, e daí o nome do

disco ser “Blossom”, florescer. É exatamente um simbolismo que explica bem a mudança pela qual passei. Não estou necessariamente diferente, mas sinto uma evolução muito grande, tanto a nível pessoal como de identidade artística, das coisas que componho, que escrevo… foram todas as mudanças e mais algumas, passei de menina a mulher. Falando desse crescimento “de menina a mulher”, como diz, conhemo-la no Ídolos em 2010. Que crescimento é que nota na Carolina dessa altura para a Carolina de agora? Qualoi a importância do programa? Há gente que me diz “ah, não sei se não gostas de falar dos Ídolos”. Eu não tenho problema nenhum com isso, sou muito grata ao programa. O Ídolos serviu para me mostrar um bocadinho mais às pessoas, mas na altura tinha 19 anos. Agora vou fazer 25 e isso faz 25

uma diferença muito grande. Cresci muito, mudou muita coisa: fui viver fora, saí de casa dos meus pais, agora vou ter um filho… Portanto, foi todo um crescimento. Acho que qualquer pessoa de 24 anos que pense em si quando tinha 18 tem vontade de rir, porque muda muita coisa. Só que essa mudança ainda está mais presente quando apareces na televisão e na comunicação social e vês que os teus passos são todos um bocadinho documentados e seguidos. Além do disco, tem um projeto diferente, um livro, que até se chama “Isto Não É Um Livro”. Acha que o livro e o disco se acabam por complementar? Sim. Acho que o livro foi importante para mostrar a minha escrita, que era uma coisa que eu nunca tinha feito, tirando alguns textos no facebook, e para mostrar o meu amor à língua portuguesa, apesar de estar a cantar em inglês neste disco. Sou uma grande consumidora de autores portugueses, quer a nível de escrita, quer de composição. Acho que o livro serviu para mostrar isso.

Nesse caso, por que é que este disco tem apenas canções em inglês, ao contrário do que aconteceu no anterior, maioritariamente em português? Porque são sonoridades completamente diferentes. Eu componho na língua em que sinto que devo compor.


ENTREVISTA

Não me forço, não digo “ah, isto devia fazer em português, isto tem de ser em inglês”… O que acabou por acontecer foi que ouvia os instrumentais que queria que fizessem parte do disco e as letras saíamme em inglês. E pensei: “ok, não vale a pena contrariar isto nem fazer força para que assim não seja”. É uma fase.

Acredito que todas as pessoas têm fases e esta minha fase agora deu-me para escrever em inglês. Ao mesmo tempo, também compus muita coisa em português, mas é noutra sonoridade completamente diferente. No ano passado até compus mais em português do que em inglês, só que para o tipo de sonoridade que queria para este disco, o inglês encaixava melhor.

ESTA MINHA FASE DEU-ME PARA ESCREVER EM INGLÊS

E também não pode ter a ver com o facto de este disco também ter produtores internacionais, além de portugueses? Sim, também pode. E, além disso, consumo séries, música e filmes “de fora” sem legendas, passava verões em Londres e falo inglês desde muito nova. O inglês sempre fez parte da minha vida, nunca foi um extra. Sempre fez parte da minha forma de expressar. No disco há muito R&B, hip hop, música eletrónica… Quem são as suas grandes influências? A minha maior influência de todas, e acho que está muito presente no disco, é a Sia. É uma artista que eu adoro. E o Stromae, que é um artista que eu sigo muito, e que também tem muito esta componente eletrónica presente nos trabalhos dele. São os dois artistas que tenho seguido mais. Uma das músicas mais conhecidas do público português é “Mountains”, com Agir. Como foi gravar com ele? É sempre bom. Qualquer coisa com ele é sempre melhor, seja uma música, um filme, o que for.


“ESTAMOS AQUI, GOSTAMOS DISTO E FAZEMOS MÚSICA COM QUALIDADE” Ele também entra na produção do disco… Sim. É um dos produtores do disco e é o meu melhor amigo. De facto, faz parte da minha vida em todos os aspetos. Já nos quiseram casar muitas vezes, o que é uma coisa engraçada (risos). Somos amigos desde sempre e espero que por muitos anos. Gravar o “Mountains” foi muito importante, quer para mim, quer para ele. Foi um marco nas nossas carreiras e uma maneira de dizer: “estamos aqui, gostamos disto e fazemos música com qualidade”. Foi uma maneira de as pessoas prestarem atenção ao nosso trabalho. Há canções muito intimistas no “Blossom”. O que é que a inspira mais? As pessoas. Não preciso que haja algum acontecimento fora do normal para me sentir inspirada. A minha arte, a minha música, o que escrevo, tudo isso é sobre pessoas que conheço, relações entre pessoas, histórias… É isso que me inspira, a cidade, o barulho, as coisas que acontecem. Houve alguma canção mais tocante ou mais difícil de escrever? O “Heaven”. Nunca é fácil falar da morte, ou pelo menos

numa fase tão recente como aquela em que escrevi a canção. Escrevi o “Heaven” no dia em que o meu avô faleceu e é muito difícil pôr em palavras o que se está a sentir. Ajudoume muito. Ajuda sempre ter uma oração que possas dizer e cantar vezes sem conta.

ESCREVI O “HEAVEN” NO DIA EM QUE O MEU AVÔ FALECEU E É MUITO DIFÍCIL PÔR EM PALAVRAS O QUE SE ESTÁ A SENTIR

Diz no livro que escrever é uma necessidade “física e psicológica”. A música também é uma necessidade de se exprimir? Sim, sem dúvida alguma. Eu costumo dizer que não faço arte porque quero, faço arte porque preciso. Mesmo que ninguém me ouvisse ou que ninguém me lesse, eu iria ter cadernos e discos amontoados em casa. Desde pequena que sinto as coisas com muita intensidade, até de uma maneira fora do normal. Sempre pensei em milhões de coisas ao mesmo tempo e sentia-me diferente. A minha mãe diz que eu fazia as perguntas mais surreais quando era pequena. Diz que acordava a meio da noite e dizia: “mãe, por que é que há pessoas que não têm comida e há outras com casas cheias de comida? Por que é que 27

as pessoas que têm muita comida não dão comida às outras?”. Este género de pensamentos… A minha mãe pensava: “como é que vou explicar isto a uma criança de seis anos?”. E a arte acaba por ser um bocadinho uma forma de expulsar as coisas em que penso.

Tem algum projeto em mente para o futuro? Apesar de ser uma coisa que já toda a gente faz, gostava muito de ter um blog aonde pudesse juntar todas as minhas vertentes, onde pudesse pôr textos, ilustrações, músicas, livros que gosto de ler, CD’s que gosto de ouvir… Construir uma plataforma onde pudesse mostrar todas as coisas que fazem parte do meu dia a dia e que acredito que fazem parte do de muita gente.

MESMO QUE NINGUÉM ME OUVISSE OU QUE NINGUÉM ME LESSE, EU IRIA TER CADERNOS E DISCOS AMONTOADOS EM CASA

E musicalmente? Gostava de escrever um próximo disco todo em português. Acredito que vai acontecer, não sei é quando. Entrevista realizada por: Adriana Dias




No dia do lançamento do novo álbum, a 12 de fevereiro, os Paus apresentaram no Cinema S. Jorge, em Lisboa, os novos temas do álbum “Mitra” ao vivo. A digressão de “Mitra” começou em Lisboa e já passou por vários pontos do país, como Coimbra, Guimarães, Castelo-Branco e Ilhavo. A próxima paragem será dia 27 de fevereiro em Faro, no Teatro Municipal das Figuras. A 5 de março a banda atua em Ovar na Escola de Artes e Oficios. Em março a banda inicia uma série de concertos internacionais, que incluem Groningen, Utrecht, o festival Paaspop e o mítico Paradiso, em Amesterdão, nos dias 23, 24, 25 e 26 de março, respetivamente. A 27 de março a banda atua na consagrada Ancienne Belgique, em Bruxelas.

Cinema S Jorge esteve lotado na apresentação ao vivo de “Mitra”


Clique na imagem de galeria acima e veja todas as fotos do concerto dos PAUS, no Cinema São Jorge.

A primeira parte do concerto ficou a cargo de Cachupa Psicadélica

Fotografia:

Luís Flôres

www.luisflores.pt


REPORTAGEM

Rui Veloso comemorou 35 com lotação esgotada em

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5 anos de carreira m Guimar達es

Fotografia:

Geraldo Dias

Clique na imagem de galeria acima e veja todas as fotos do concerto de Rui Veloso no Multiusos de Guimar達es.

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António Zambujo e Miguel Araújo n

O

s Coliseus de Lisboa e do Porto vão ser a casa de António Zambujo e Miguel Araújo durante 17 dias, algo que nunca tinha acontecido antes em Portugal. 17 concertos acústicos, sem efeitos especiais, com um alinhamento por trás, mas onde também há muito improviso. E muita diversão. “Amanhã vamos estar a pensar assim: eh pá, isto já aconteceu ontem!”, diz António Zambujo, a rir. Começa assim a primeira noite no Coliseu de Lisboa, a 17 de Fevereiro. Ambos vão partilhando canções e copos de vinho (“é só água!”) enquanto conversam com o público como se estivessem num jantar entre amigos. Contam histórias sobre a origem das canções (“a dor de corno é uma coisa universal”, dizem), falam sobre as suas raízes musicais e vagueiam entre modas alentejanas e temas de Bob

Dylan. Há espaço para todo o género de canções, de “Foi Deus” a “Cucurrucucu Paloma”, de “Zorro” a “Algo Estranho Acontece”. “Parece que afinal aquela coisa do esgotado era mesmo verdade… Nós antes não esgotávamos 17 coliseus, esgotávamos 17 garrafas!”, diz Miguel Araújo, causando gargalhadas entre o público, a terceira voz do concerto. Há canções em que praticamente os artistas não cantam, e o público canta por eles, como acontece com “Pica do Sete” e “Os Maridos das Outras”. O concerto termina com “Flagrante”. No entanto, o público insiste em não sair e os dois amigos voltam ao palco, desta vez para cantar ao piano “Anda Comigo Ver os Aviões” e “Lambreta”. “Obrigado por esta loucura”, dizem. Nós é que agradecemos.


nos coliseus - uma maratona musical Clique na imagem de galeria acima e veja todas as fotos do concerto de Ant贸nio Zambujo e Miguel Ara煤jo no Coliseu dos Recreios. Texto:

Adriana Dias Fotografia:

Lu铆s Fl么res


AGENDA

NATHALIE Auditório do Conservatório de Música, Coimbra Dia 3 março, 21h30 DIANA MARTINEZ & THE CRIB Salão Brazil, Coimbra Dia 3 março, 22h00

JORGE PALMA E SÉRGIO GODINHO Coliseu do Porto Dia 3 e 4 de março, 21h30 DIANA MARTINEZ & THE CRIB Centro Cultural Olga Cadaval, Sintra Dia 4 março, 22h00

RODRIGO LEÃO Centro Cultural Olga Cadaval, Sintra Dia 5 março, 21h30

NOISERV CCB, Lisboa Dia 5 março, 18h00

NATHALIE Quartel das Artes Dr. Alípio Sol, Oliveira do Bairro Dia 5 março, 21h30 MIRROR PEOPLE CCB, Lisboa Dia 5 março, 21h00

PAUS Escola de Artes e Oficios, Ovar Dia 5 março, 21h30

MARCO PAULO Coliseu do Porto Dia 5 março, 22h00

DIOGO PIÇARRA Casa da Música, Porto Dia 13 março, 21h00

JÚLIO RESENDE Cineteatro Curvo Semedo, Montemor-o-Novo Dia 8 março, 21h00

DEAD COMBO Teatro São Luiz, Lisboa Dia 16 março, 21h00

DIOGO PIÇARRA CCB, Lisboa Dia 10 março, 21h00

ANTÓNIO ZAMBUJO E MIGUEL ARAÚJO Coliseu de Lisboa De 16 a 19 de março, 21h30

NATHALIE Teatro Tivoli BBVA, Lisboa Dia 8 março, 21h30 MIMICAT Cine Teatro São Pedro, Agueda Dia 11 março, 22h00

SENSIBLE SOCCERS Galeria Zé dos Bois, Lisboa Dias 11 e 12 março, 22h00 DAVID FONSECA Cine Teatro Caracas, Oliveira de Azeméis Dia 12 março, 21h30

DIOGO PIÇARRA Theatro Circo, Braga Dia 12 março, 21h30 MARCO PAULO Coliseu de Lisboa Dia 12 março, 22h00

MIMICAT Plano B, Porto Dia 12 março, 22h30

DIANA MARTINEZ & THE CRIB Casa da Música, Porto Dia 16 março, 22h00

A JIGSAW Popular Alvalade, Lisboa Dia 17 março, 22h30 TIAGO BETTENCOURT Time Out, Lisboa Dia 17 março, 21h30

DEOLINDA Casinoda Póvoa, Póvoa do Varzim Dia 18 março, 21h30

TIAGO BETTENCOURT Casa da Música, Porto Dia 18 março, 21h30

DEAD COMBO Teatro Micaelense, São Miguel Dia 12 março, 21h30

DAVID FONSECA Centro Cultural Olga Cadaval, Sintra Dia 18 março, 22h00

MARCO RODRIGUES CCB, Lisboa Dia 12 março, 21h00

EMMY CURL CAE, Figueira da Foz Dia 19 março, 23h00

ANA MOURA Multiusos, Guimarães Dia 12 março, 21h30

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YOUTHLESS Salão Brazil, Coimbra Dia 19 março, 22h00


THE BLACK MAMBA Centro Cultural Olga Cadaval, Sintra Dia 26 março, 21h30 DEOLINDA Pax Júlia, Beja Dia 19 março, 21h30

DAVID FONSECA Teatro Municipal, Guarda Dia 19 março, 21h30 MOONSPELL Quinzena da Juventude, Almada Dia 23 março, 22h00

DEOLINDA Teatro Municipal, Bragança Dia 23 março, 21h30

WE TRUST & BEST YOUTH Casa da Música, Porto Dia 26 março, 22h00 DEOLINDA Teatro José Lúcio da Silva, Leiria Dia 31 março, 21h30 YOUTHLESS Stairway Club, Cascais Dia 1 abril, 22h00 ANA MOURA Arena D´Évora, Évora Dia 1 de abril, 21h30

DAVID FONSECA Auditório Municipal, Olhão Dia 24 março, 21h30

ANTÓNIO ZAMBUJO E MIGUEL ARAÚJO Coliseu do Porto Dias 24, 26 e 28 de março, 21h30

SENSIBLE SOCCERS Cine-Teatro Garrett, Póvoa de Varzim Dia 26 março, 22h00 DEOLINDA Cineteatro Alba, Albergaria-A-Velha Dia 26 março, 21h30

LINDA MARTINI Coliseu de Lisboa Dia 2 abril, 21h30

DEAD COMBO Casa da Música, Porto Dia 2 abril, 21h30

MIMICAT TAGV, Coimbra Dia 8 abril, 21h30

OLD JERUSALEM Maus Hábitos, Porto Dia 8 abril, 22h00

MIMICAT CAE Portalegre Dia 9 abril, 22h00

ANA MOURA Meo Arena, Lisboa Dia 9 de abril, 21h30 CAMANÉ Coliseu de Lisboa Dia 9 abril, 21h30

PAULO DE CARVALHO Teatro Tivoli BBVA, Lisboa Dia 12 abril, 22h30 MIMICAT B. Leza, Lisboa Dia 13 abril, 21h30

SAMUEL ÚRIA CCB, Lisboa Dia 2 abril, 18h00

ANA MOURA Coliseu do Porto Dia 15 e 16 de abril, 21h30

ANA MOURA Teatro das Figuras, Faro Dia 2, 3 e 4 de abril, 21h30

CAMANÉ Coliseu do Porto Dia 29 abril, 21h30

OLD JERUSALEM GZB, Lisboa Dia 2 abril, 22h00

DEOLINDA Cine Teatro Avenida, Castelo Branco Dia 8 abril, 21h30 37

MÃO MORTA Casa da Música, Porto Dia 19 abril, 22h00

RICARDO RIBEIRO Coliseu dos Recreios, Lisboa Dia 30 abril, 21h30


entrevista

CAELUM’S EDGE

Os Caelum’s Edge são uma banda de space rock, pop/ rock do Barreiro, vencedora da primeira edição do concurso EDP Live Bands. Em janeiro editaram o disco “Enigma”, pela Sony Music Portugal. “Enigma” é numa viagem, com canções em português e inglês, mais maduro e com vista a um público mais vasto, entoa melodias épicas e encorpadas, mostrando uma faceta emocional com assuntos que versam acerca de viagens interiores, relações humanas e a saudade, um tema tão português. Em entrevista, a banda desvendou-nos um pouco mais de “Enigama”.

“Enigma” é o vosso álbum de estreia. Como definem este trabalho? Na nossa humilde opinião, achamos que o “Enigma” é um álbum muito completo e diversificado, agradando a quem gosta de música alegre, menos alegre, comercial, menos comercial, baladas, a quem sempre gostou da nossa veia rockeira ou até mesmo instrumental e é, acima de tudo, uma estreia: contém músicas em português e inglês. Neste álbum podem encontrar temas como saudade, dor de quem perde alguém, amizade

e desilusão, paixão ou sonhos e realizações pessoais. Outras são apenas histórias fictícias a que quisemos dar vida e tornálas em canções. Este álbum é, sem dúvida, uma prova do amadurecimento pessoal e coletivo da banda. E porque intitulam o álbum como “Enigma”? Desde o início da preparação e composição deste nosso primeiro álbum que queríamos que este tivesse um nome direto, fácil, mas de caráter misterioso.


“Enigma” pareceu-nos perfeito e foi cuidadosamente escolhido para que fosse tido e compreendido de maneira igual nas duas línguas que versam as músicas do álbum (inglês e português). E existe de facto um enigma para ser descoberto neste disco, fica o desafio. Sempre interpretaram temas em inglês, mas neste vosso primeiro álbum apresentamnos também alguns temas em Português. A vossa intenção é não se restringirem a uma só língua? O Pedro (vocalista) confessa que sempre lhe foi mais fácil escrever em inglês. Aliás, este álbum é para ele uma estreia e realização pessoal, sendo que,

como letrista principal, foi a primeira vez que se aventurou na sua língua nativa. Não veio como uma necessidade, mas sim como um desafio. Desde o nosso primeiro EP que nos perguntavam porque é que só escrevíamos em inglês, já que somos portugueses e temos uma língua extraordinariamente rica. Respondíamos sempre que não havia nenhuma razão em específico e que não o negaríamos fazer num futuro próximo: acabou por ser no “Enigma”, o nosso primeiro álbum. Para o futuro, quais as vossas ambições? A banda está super focada no presente, mas é claro que tem

os seus objetivos a médio/ longo prazo. Fazer a nossa música chegar ao maior número de pessoas possível e de uma forma positiva, agradando-as, é um deles! Não há nada melhor do que ver que o nosso trabalho tem um propósito e é válido para alguém. Felizmente existe em nós, como grupo, um espírito de união, força e amizade muito grande. Isso, aliado a muito trabalho e dedicação, já é por si uma pequena grande vitória. Tudo o resto virá por acréscimo. “O Jogo” é o single de apresentação de “Enigma”. Clique para ver o videoclip.


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