Revista Made in Portugal

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SUMÁRIO

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GLOBOS DE OURO

Destaque para os vencedores na categoria música, na gala do ano

NOVOS DISCOS

Conheça as novidades discográficas

NOVOS SINGLES

Alguns dos novos temas que foram recentemente lançados

ENTREVISTA

Sean Riley & The Slowriders e a felicidade do regresso

PARA LÁ DA MÚSICA

Algumas novidades, para lá das edições discográficas

MÚSICA POR MÚSICA

The Weatherman abordou música por música o novo álbum

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CAPA Entrevista com Jimmy P, que nos falou da “Essência” da sua música

REPORTAGEM

O “Restart” de Aurea ao vivo no Cinema São Jorge

REPORTAGEM

O Fado de Marco Oliveira correu com Amor no Museu do Fado

REPORTAGEM

Rogério Charraz apresentou o novo álbum no Cinema São Jorge

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QUEM SOMOS O Made in Portugal é uma plataforma online que se destina a divulgar projetos originais da música em Portugal, independentemente do género musical. No site - www.madeinportugalmusica.pt – encontra diariamente uma vasta informação sobre a música nacional. Já a revista online é um compacto referente a cada mês, com algumas novidades, que estará disponível para leitura na última semana de cada mês. De referir que o Made in Portugal não envolve qualquer financiamento. É um projeto onde as pessoas envolvidas dedicam o seu tempo livre, por gosto e em prol da música nacional.

HIPERLIGAÇÕES

Ao longo da revista irá encontrar vários icons com hiperligações. Ouvir uma música / ver videoclip Ver galeria de fotos

Download gratuito de música

LOGÓTIPO O logótipo do Made in Portugal tem três cores: verde, amarelo e vermelho. Em cada edição da revista online usaremos um dos logótipos e a sua cor predominante ao longo da revista.

Logótipo elaborado pela designer Sara Constante

QUERES COLABORAR CONOSCO?

AGENDA Várias datas de concertos de Norte a Sul do país

ENTREVISTA

A banda Insch falou-nos do álbum de estreia

Gostas de música? De Fotografia? De escrever? Queres fazer parte da equipa Made in Portugal? Envia-nos um email com a tua idade, localidade, gostos musicais e um texto e/ou trabalho fotográfico para: madeinportugalgeral@gmail.com

Revista online n.º 5 ‘Made in Portugal’ realizada por: Daniela Henriques; Joana Constante; Márcia Moura; Luís Flôres, Sofia Reis e Anabela Santos.


XXI GALA DOS GL

O Coliseu dos Recreios voltou a cerimónia dos Globos de Ouro que distinguiu Na área da música os contemplados com um globo de ouro foram A

Agir, de 28 anos, foi um dos vencedores da Gala do Ano. O músico e compositor foi eleito o Melhor Intérprete Individual de 2015, ano em que se afirmou com o seu álbum “Leva-me a Sério”. Em palco, agradeceu a distinção à sua equipa, família e fãs, tendo concluído o discurso com um “obrigado por continuarem a ouvir música portuguesa, que está cada vez melhor”.

Ana Moura foi distinguida, pela terceira vez, com um Globo de Ouro, este ano na categoria de Melhor Música, com a canção “Dia de Folga”, do seu mais recente disco, “Moura”. Em 2010 foi eleita Melhor Intérprete e, em 2013, foi premiada na categoria de Melhor Música, com o tema do disco homónimo, “Desfado”. Para além de agradecer às pessoas que diariamente trabalham consigo e aos músicos que a acompanham, a fadista agradeceu a Jorge Cruz, compositor da música vencedora.


LOBOS DE OURO

u o que de melhor se fez no teatro, cinema, desporto, música e moda em 2015. Ana Moura; e D.A.M.A e Agir. Marco Paulo foi também homenageado. Na categoria de Melhor Grupo os vencedores foram os D.A.M.A pelo álbum “Dá-me um segundo”, lançado a 23 de outubro do ano passada. O grupo não esteve presente na cerimónia por se encontrar no meio de uma digressão de datas contínuas. Através do facebook o grupo agradeceu a toda a equipa com quem trabalham e “a todas as pessoas que ouvem, consomem e acima de tudo sentem a nossa música”.

s Globos ciado no XXI Gala do ra ag i fo o ul Pa co ar M ncia. io de Mérito e Excelê de Ouro com o Prém u do, o cantor agradece na io oc em so ur sc di Num ção. la do Ano pela distin à organização da Ga eu obrigado à SIC, onde “Obrigado Portugal, fiz eu do e à CARAS, onde ra bo la co o nh te o nt ta ses em rigado aos portugue tantas produções. Ob e rigado aos meus fãs Ob . do un m no e al ug Port iam o estão cá mas gostar aos meus pais que nã minha omento. Obrigado à de estar a ver este m que e à minha produtora a fic rá og sc di ra ito ed to fez um grande concer ainda há poucos dias éo a e maravilhosa que ic át em bl em sa ca a nest o Globo co Paulo, dedicando Coliseu”, afirmou Mar s: e aos mais carenciado s vo no s ai m s ao ro de Ou émio vou partilhar este pr eu , ça en lic o dã e m e “S s e com cantores portuguese com todos os jovens ”. palhados pelo mundo es os ad gi fu re os s todo os e antes s Coliseu dos Recrei no s te en es pr os s ho do te aplaudido por to : “Um beijo do taman en m ge em sa rt fo en i m fo te o ul in Pa gu se Marco deixou a os anos que la dos Globos de Ouro u viver 50 anos, mas vo o nã já eu , os de terminar a XXI Ga an ar 50 s. Eu já não vou cant s todos”. do mundo para todo partilhá-los com você o er qu , ar nt ca r de puder viver e pu


NOVOS DISCOS

Patrícia Vasconcelos edita novo álbum “Música no Salão” é o segundo álbum

“Música no Salão” é o nome do novo álbum de Patrícia Vasconcelos. Gravado ao vivo, em várias casas privadas de amantes de Jazz, o disco partiu de um conceito especial: Patrícia convida, recebe e cozinha para quem a ouve cantar, promovendo espaços de partilha que vão para além da música. O disco inclui temas originais e reinterpretações de clássicos do Jazz, canções através das quais Patrícia partilha histórias de afectos em ambiente intimista. À semelhança de “Se o Amor Fosse Só Isso”, editado em 2007, este segundo álbum tem a participação de AntónioPedro Vasconcelos. O cineasta e pai de Patrícia é o autor dos cinco temas originais

que fazem parte do disco: “Sardinha Apaixonada”, “Le Bel Indifférent”, “Carapau de C o r r i d a ”, “Ponto Fraco” e “Quem Me Dera”. “Música no Salão” encontrase disponível para venda a partir de hoje nas plataformas online Spotify, ITunes, Apple Music, Google Play, Amazon, Rdio, Deezer, Tidal e YouTube Music.

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“Bittersweet” de Marta Hugon Novo álbum à venda no dia 3 de junho “Bittersweet” é um disco de emoções, sólido na interpretação, na composição e nos arranjos, onde pressentimos desde o início a dualidade que marca o repertório e que lhe deu nome. As canções foram escritas em parceria com Filipe

Melo. Acompanhada por músicos de créditos reconhecidos, Marta Hugon leva-nos num passeio estilístico de charme mas cheio de substância, onde espreitam, por vezes, as origens jazzísticas da cantora.

“Condenado Pela Vida” de Olivier Rapper de Sintra lança primeiro EP

Musicalmente Olivier é influenciado pela música forte de Tupac e BIG Notorious e pela irreverência de Snoop Dogg e Easy E mantendo o seu próprio estilo “old school” com letras a retratar o que lhe é de mais real na vida e que passou como realidade pura e dura. Uma vida difícil marca sempre quem a vive e a música pode

ser um elemento renovador, libertador, onde expomos a alma e contamos ao mundo o que estamos a viver num determinado momento. “Sem Limites” é o EP de estreia do artista de hip-hop/rap. O disco, com seis temas, já se encontra disponível nas várias plataformas digitais.

Nice Weather For Ducks com 2.º disco “Love Is You and Me Under the Night Sky” é editado a 3 de junho Os Nice Weather for Ducks chegam dos arredores de Leiria e são um grupo de amigos que cresceram a ouvir dizer que a música estava na internet. Chegaram em 2012 e com a canção 2012. Do primeiro disco, Quack, ainda lançaram um terceiro single, Bollywood, não deixando ninguém indiferente e rumando numa digressão que os deixou a

correr Portugal e Espanha por Espanha atuaram no festival mais de dois anos. Já tocaram Monkey Week e marcaram presença no Pomolo Fest e no Deleste Festival. O novo álbum, “Love Is You and Me Under the Night Sky”, com ADN rock mas cada vez mais assente na world music e na eletrónica é em festivais como Vodafone editado no dia 3 de junho. Mexefest, Bons Sons, NOS “Marigold” é o single de Alive, Fusing e Barco Rock. Em apresentação. 7


NOVOS DISCOS

“Drifter” é o novo álbum dos First Breath A Banda de Leiria apresenta novo disco

Q

uando, em 2013, gravaram um disco de estreia conceptual estavam longe de pensar que temas como “Escape”, “Shoes For Men With No Feet” ou “Apnea” conseguissem chegar a rádios internacionais e os levassem a uma extensa digressão com paragem em festivais como Paredes de Coura, Bons Sons ou o espanhol Monkey Week. O cruzamento da influência post-

rock com o formato canção que fez do seu disco uma surpresa auspiciosa era apenas o início de uma viagem que agora tem um segundo capítulo. Fecharam-se meses a fio a trabalhar de manhã à noite em experiências. Gravaram sons de quase tudo o que os rodeava, perderam-se nas discografias da evolução do rock e da música electrónica e o resultado 8

chamado “Drifter” carrega o d dos First Breath After Coma m aponta ainda mais caminhos p o presente e para o futuro de jovem formação leiriense. “Drifter” foi parcialme financiado por fãs, através de crowdfunding e por isso mesmo participantes foram os primei a ter acesso ao disco e concertos de pré-apresentaç responderam de forma massiva


After Coma

dna mas para esta

O disco foi produzido pela própria banda com Filipe Rocha (Sean Riley & The Slowriders / The Allstar Project), foi gravado nos estúdios Valentim de Carvalho ente com Nelson Carvalho e misturado um e masterizado por Paulo Mouta o os Pereira com a própria banda. iros “Salty Eyes” foi o primeiro single, aos com vídeo de Vasco Mendes. çãoe a.


NOVOS DISCOS

Quelle Dead Gazelle com novo disco “Maus Lençóis” é o primeiro longa duração da banda

ANDRÉ HENRIQUES (Linda Martini)

sobre “Maus Lençois”

Depois de em 2013 terem apresentado o primeiro EP que os levou a atuar em palcos do NOS Alive, Milhões de Festa, Paredes de Coura e Serralves em Festa, a banda edita agora o primeiro álbum. “Maus Lençóis” regista o reencontro do duo de músicos Ferreira-Abelaira com o duo

KSX2016

de produtores Yagyu-Jevelim desta vez no estúdio HAUS. O novo disco traz o adensar do vocabulário que “Afrobrita” iniciou e mostra a “gazela” em controlo, força e graça. “Pedra-Pomes” é o single de apresentação com vídeo realizado por Ricardo Gama e Luís Sobreiro.

Keso

Após 5 anos desde o álbum “O Revólver Entre As Flores”, Keso continua a desafiar ouvidos desabituados a um artista de fina ironia sem medo de arriscar os limites de concepção no hip-hop português. “KSX2016”, está disponível desde 6 de maio nos formatos físico e digital nas várias plataformas de venda e streaming online.

MOSAICO Addūcantur

A sua música de Addūcantur baseia-se na escolha estruturada de timbres através do uso de instrumentos étnicos de várias culturas. Depois do EP “Semente”, apresentam o novo registo discográfico intitulado “Mosaico”, um álbum que conta com oito temas gravados nos Estúdios Musibéria em julho de 2014, e publicado em março de 2016. 10

Parece que estamos em maus lençóis. É a crise, deve ser a puta da crise. Mas nada pode ser assim tão grave quando estes dois se sentam em silêncio numa sala de ensaios e saem de lá com um disco que nos faz querer suspender o tempo e as preces por dias melhores. As canções, se é que assim lhes podemos chamar, estão mais negras e são capazes de nos pôr em bicos de pés a tentar adivinhar o que se segue. Mas nunca nos dão o que estamos à espera e deixam-nos os dedos sem unhas, roídos até ao osso. E há sempre um balanço, como se bêbados tentassem sentir o chão e este lhes fugisse sempre em contratempo. São só eles nos bancos da frente e nós na mala do carro de olhos vendados sem saber para onde nos levam. Parece que estamos em maus lençóis.


Isaura apresenta novo single “8” é o novo tema

Depois do sucesso do EP “Serendipity” e dos temas “Useless” e “Change It”, Isaura apresenta um novo single. Isaura refere que ‘8’ é uma música “de fé, da convicção com que se dá cada passo, da paz com que se procura um caminho verdadeiro – não necessariamente sobre religião. É uma canção que fala de corações cheios, realizados e de bem com as suas escolhas. 8 é fazer as pazes connosco, 8 é a paciência para esperar e a certeza que nos faz ter coragem para depositar a nossa vida nas mãos de uma energia maior. É não ter pressa de chegar, é

“Por Acaso” de Luiz Caracol Single de avanço do novo álbum

“Por acaso” é o nome do terá o título de “Metade”. primeiro single do segundo Este tema representa bem, não só a mestiçagem do Luiz e da sua música, como toda a mistura que se encontra em si, nas suas influências e no seu trabalho a solo. Neste seu tema de estreia podem encontrar-se muitos dos elementos que inspiram a sua maneira de sentir e de fazer música, onde se misturam sonoridades e cores de uma Lisboa mulata, com palavras de uma letra sobre um encontro tão casual e tão bairrista, típicos de uma cidade tão única como ela é. “Por Acaso” está disponível para download gratuito no álbum de Luiz Caracol que soundcloud. 11

NOVOS SINGLES

querer viver cada minuto sem desfazer de um único segundo e repetir, baixinho, que nunca é tarde para palmilhar até onde se quer chegar”. Isaura foi uma das revelações da música portuguesa em 2015. Em apenas um ano, esgotou concertos por todo o país na digressão com Francis Dale, atuou na BBC em Londres e viu o tema “Change It” chegar ao TOP em várias rádios portuguesas. Este tema antecipa o arranque da nova digressão, que irá passar por festivais como o Rock in Rio, NOS Alive e Bons Sons.

QUINTA DO BILL “Faz bem falar de Amor” é o novo single dos Quinta do Bill. Esta é uma canção que fala da importância do diálogo, da importância do amor, positivo, sem violência. Este tema faz parte do novo álbum “Todas as Estações” que já está à venda.

UM CORPO ESTRANHO

“Onde Quero Arder” é o tema que antecipa o segundo álbum de originais da banda Um Corpo Estranho. O disco será lançado em setembro deste ano, em data ainda a anunciar.


«FOI BOM R E SER TÃO BEM

Sean Riley & Th

E

stivemos à conversa com Afonso Rodrigues, membro dos Sean Riley & The Slowriders, que nos falou do quarto álbum editado no início de abril deste ano, depois de um interregno na banda. Questionado se o fim dos Sean

Riley & The Slowriders alguma vez foi ponderado, respondeu vincadamente que “isso não nos passou pela cabeça”. Explica que o facto de terem denominado o álbum com o nome da banda está relacionado com “o início de um novo ciclo” e com a “afirmação da

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identidade” do grupo. Conta-nos que este álbum é “bastante diferente dos anteriores, tanto do ponto de vista composição como da produção”. O novo álbum entrou diretamente para o 4.º lugar dos discos


REGRESSAR M RECEBIDO»

he Slowriders mais vendidos em Portugal. Questionado se esperavam tão boa receção por parte do público, Afonso Rodrigues referiu que não somos muito de expectativas, mas que foi “bom regressar e ser tão bem recebido”. A 7 de julho os Sean Riley & The

Slowriders atuam no Nos Alive e referem estar sempre “ansiosos para qualquer festival”, porque “adoramos tocar nesse ambiente”. Por fim, e como forma de análise à música que se faz atualmente em Portugal, André Rodrigues referiu que “Portugal atravessa

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a melhor fase que me lembro. Não me recordo de nenhum outro momento com tanta gente a fazer coisas de tanta qualidade”.


PARA LÁ DA MÚSICA

“Tudo o que eu te dou - Somos Portugal” Pedro Abrunhosa dá voz ao cântico de apoio à Seleção Nacional

Uma nova versão do tema “Tudo o que eu te dou” de Pedro Abrunhosa, vai ser o hino da Seleção Nacional no Euro 2016, que se realizará a partir do dia 10 de junho em França. Este tema é uma adaptação de um dos maiores sucessos do músico Portuense, editado em 1994 no álbum “Viagens”. O refrão da música pretende destacar o sonho de Portugal

em Oeiras, o músico explicou a decisão de reescrever a letra de um dos seus maiores êxitos da carreira. «A música já não é minha, é das pessoas». Acrescentando «por ser uma música lenta é uma música que funciona bem cantada em massa. Ela tem funcionado ao longo dos anos e não há razão para não funcionar nos estádios. O futebol é um símbolo poderosíssimo de união de um país». O tema está incluindo na campanha “Não somos 11. de ganhar um Campeonato da Somos 11 milhões”, em que Europa e a união entre todos Federação Portuguesa de os portugueses: Futebol espera mobilizar “Que tudo o que eu te dou os adeptos portugueses Tu me dás a mim com a compra de um Tudo o que eu sonhei cachecol da Seleção Nacional Tu farás por mim personalizado com o nome e Tudo o que nos dás número oficial de cada um e Nós damos-te a ti que se forme uma corrente de Somos Portugal!” apoio à Seleção Portuguesa Na conferência de imprensa que tem a ambição de ganhar de apresentação do tema, o Euro 2016. realizada na Cidade do Futebol,

D.A.M.A alertam para os perigos do sol “Joni (Lagostim)” é o tema que chama a atenção aos perigos do sol Os D.A.M.A foram convidados a juntarem-se ao movimento “Juntos por um sol saudável” desenvolvido pela marca Garnier Ambre Solaire em parceria com a Liga Portuguesa Contra o Cancro, tendo em vista a sensibilização para melhores cuidados com a pele. Para tornar a mensagem mais divertida, os D.A.M.A foram desafiados a criar uma música

e videoclip com o objetivo de inspirar os portugueses a alterarem os seus comportamentos no verão, no que se refere à exposição solar. Resultado deste desafio os 14

D.A.M.A criaram a canção “Joni (Lagostim)”. Em Portugal, são anualmente diagnosticados 10 mil novos casos de cancro de pele, que muitas vezes têm origem em maus hábitos de exposição solar. A nível mundial, 70% dos melanomaspodiam ser evitados, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).


1928 - 2016

VICENTE DA CÂMARA

Faleceu no dia 28 de maio, em Lisboa, o fadista Vicente da Câmara, com 88 anos de idade. Tinha mais de 60 anos de carreira e tornou-se conhecido, entre outros êxitos, pelo fado “A moda das tranças pretas”. O ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, lamentou a morte do fadista, descrevendo-o como um “intérprete de exceção, e um verdadeiro Embaixador do Fado, dentro e fora de Portugal”. Já o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, referiu que “o seu fado, castiço, bem timbrado, ficará na nossa memória pela sua nobreza e fidelidade”. Entre outros prémios, Vicente da Câmara foi distinguido em 2013 com o Prémio Amália Rodrigues Carreira. Nesse mesmo ano foi agraciado com a Medalha de Mérito do Município do Cartaxo e condecorado com a comenda da Ordem do Infante, pelo Presidente da República. 15


EYEGLASSES FOR THE MASSES O disco da maturidade

The Weatherman


MÚSICA POR MÚSICA

“EyeGlasses For The Masses” é o novo álbum de The Weatherman, o quarto disco da carreira, que completa agora uma década. The Weatherman, alter ego de Alexandre Monteiro, falounos um pouco sobre o novo álbum e abordou música por música. The Weatherman começanos por dizer que este é um disco “mais consistente” e de “maturidade”. “Eyeglasses For The Masses”, assim se chama o disco traduz aquilo que Alexandre Monteiro pensa acerca das pessoas, “do comportamento erróneo das pessoas atualmente no mundo em que vivemos. A capa com o olho também é por aí… Eu diria que a minha observação do mundo em geral tem andado numa linha ténue entre a desilusão e a esperança. Isso está bem presente no disco”. De modo a transmitir a mensagem que está explícita na música e no vídeo do single “Calling All Monkeys”, o músico atuou no Zoo da Maia. “Pareceu-me natural dar este passo simbólico de apresentar-me frente aos macacos. Na verdade, os temas abordados nessa música fazem parte do nosso dia a dia, mas nunca foram abordados ou expostos desta maneira”. Salienta que a experiência “Foi excelente. Começámos a tocar, e imediatamente os macacos começaram a reagir à música, com acrobacias e piruetas, de forma totalmente espontânea”.

At the in Between Esta lembro-me bem de a ter composto após uma rutura de uma relação com alguém.

infinitas podemos acabar mal.

Unpack My Mind Sobre a sensação de se abrir um mundo novo após uma rutura.

To the Universe É sobre não se agir no momento certo, e deixar Ice II para que o acaso resolva as Novamente sobre uma rutura. Ice é sobre a coisas sozinho e por nós. sensação abrupta de se passar do fogo ao gelo, A Kind of a Bliss É sobre aquele tipo de numa metáfora sobre as solidão que se sente mudanças nas relações tipicamente nas grandes entre pessoas. cidades. One of These Days Esta compôs após uma Now & Then É uma canção simples viagem à Holanda. Pensei sobre os sentimentos mais no que poderia deixar puros que surgem quando como mensagem caso viesse um dia a deixar de se está apaixonado. fazer música e lembrei-me desta: “one of these days Eyeglasses for the the light will prevail over Masses Este tema nasceu ao piano the darkness”. numa tarde de forma totalmente espontânea, Good Dreaming e senti-me preso a ele de Esta compôs uma noite em tal maneira que fiquei a que estava a tocar piano e tocá-lo non stop durante a beber whisky. Eu estava horas seguidas. A decisão a tentar sacar os acordes de batizá-la com o título da River, da Joni Mitchell, do disco veio já numa fase até que subitamente fui levado para outro lugar, e tardia. assim saiu esta música. Endless Expectations Esta poderia ser Calling All Monkeys considerada um “medley”. É sobre aqueles momentos Eu tinha composto as três em que se perde um pouco partes separadamente, a fé na humanidade, como até que se fez luz na quando ligamos a televisão minha cabeça e percebi e somos bombardeados que encaixavam de forma com coisas que não eram perfeita. suposto acontecerem no A letra diz-nos que por mundo em plano século termos expectativas XXI. 17


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Ji


immy P “A música que eu faço é super honesta e acaba por ser um reflexo da pessoa que eu sou”

Entrevista: Sofia Reis | Fotos: André Gouveia

Jimmy P lançou no primeiro dia de abril o seu terceiro longa duração com o nome “Essência”. O rapper do Porto concedeunos uma entrevista onde fala da sua carreira, do novo álbum e dos projetos para o futuro.


ENTREVISTA

Aquando da edição do teu primeiro álbum tinhas como objectivo lançares dois álbuns nos dois anos seguintes, com o propósito de dares a conhecer a tua música ao público. Três anos depois, e com três álbuns no mercado, consideras que o objetivo foi/tem sido cumprido? Não exatamente três anos, por acaso passou um bocadinho mais, o meu objetivo era, quando eu fiz o meu primeiro álbum fazer uma trilogia, ou seja o que implica que houvesse um seguimento em todos os álbuns, mas com o tempo percebi que isso era uma coisa que não fazia sentido porque cada álbum tinha particularidades, desde a forma como eles foram produzidos, à forma como eles aconteceram e até à roupagem e o intuito de cada um deles. Acabei por cumprir esse objetivo de fazer três discos em três anos e cerca de seis ou sete meses, mas não de fazer uma trilogia, porque os três álbuns são muito diferentes uns dos outros e não fazia sentido perpetuar essa ideia, mas sim perpetuar a ideia de fazer três discos em três anos. Consideras que apesar de não ter sido uma trilogia que o teu objetivo foi alcançado? Sim! A ideia de fazer três discos em três anos tinha como objetivo mostrar-me ao público, porque acho, no meu primeiro álbum muito pouca gente me conhecia e eu queria mostrar-me, darme a conhecer no mercado,

como um artista emergente e com o seu espaço, e tu não consegues fazer isso com um álbum, precisas de muita música, fazer coisas, fazer concertos e lá está, isso só se consegue ao fazer-se álbuns. Os álbuns foram a ferramenta para conseguir isso. Nesse sentido acho que o objetivo de fazer três álbuns cumpriu-se e os outros objetivos inerentes à produção desses três álbuns também se cumpriram.

Três anos depois tens consolidado uma imensa legião de seguidores, dás inúmeros concertos por ano e inclusive és cabeça de cartaz nalguns festivais nacionais, tens ganho alguns prémios... Tudo isto superou as tuas expectativas em relação ao que há três anos atrás imaginavas? Acho que tudo isso são consequências… O meu objetivo era apenas tentar fazer boa música, ou fazer música que as pessoas gostassem de ouvir. Eu sempre gostei de ouvir géneros musicais super melódicos e harmoniosos. Sendo um artista que faz rap e que também faz r&b, quis trazer um bocado dessa harmonia e melodia para o meu universo, considerando que o meio do hip-hop é um meio com alguns preconceitos e extremamente conservador, essa aceitação não foi fácil logo à partida. Mas fico feliz porque a minha preocupação inicial, foi apenas e só, tentar fazer boa música, depois o resto são consequências. As pessoas gostarem, eu poder fazer 22

concertos, ter pessoas que me seguem e todas as outras coisas que acontecem à volta, acho que acabam por ser uma consequência disso, porque o ponto de partida acho que é sempre a música, porque se as pessoas não gostarem da música pode acontecer tudo o resto, mas não é orgânico e acho que no meu caso como equipa, o que é bonito é que isto foi um fenómeno totalmente orgânico, não foi nada premeditado. Por exemplo “vamos fazer um single porque isto tem que tocar nas rádios”, eu comecei a tocar nas rádios há um ano e meio atrás, o resto do tempo nem era um artista de rádio, portanto foi uma coi-


“Gosto de fazer bons refrões, que as pessoas cantem, refrões orelhudos e de fazer bons textos, bons raps, mas revestidos de harmonia e melodia”

sa que foi acontecendo de onde eu me sinto mais à forma perfeitamente orgânica vontade e onde com os estilos e natural. que gosto de praticar, que são o rap e o r&b. Gosto de fazer Editaste em abril um novo bons refrões, que as pessoas trabalho. Este novo álbum é cantem, refrões orelhudos e de a “Essência” do que sempre fazer bons textos, bons raps, desejaste fazer? mas revestidos de harmonia e Sim, isto tem sobretudo a ver melodia. Podemos considerar com a música que eu pretendo um rap mais fácil de se ouvir, fazer, todo este tempo, todo este mais musical. Cheguei a um percurso… Digamos que foi um ponto em que sei que é isto processo de maturação e hoje que quero fazer. em dia eu sei perfeitamente qual é o tipo de carreira que Esta fase de maturação e pretendo seguir e qual é o tipo consciência daquilo que de artista que pretendo ser, e pretendes enquanto artista é o que encontras aqui neste tem a ver com o percurso disco — precisamente por isso já percorrido, mas também é que ele se chama “Essência” com as tuas raízes e ao tempo —, são os géneros e os estilos em que viveste em França? 23

Tem a ver em parte com o que eu cresci a ouvir. Passei toda a minha adolescência lá e, inevitavelmente, tudo aquilo que consumi acabou por definir o que sou como pessoa e como artista também. Lá está, foi esta experiência que me permitiu chegar aqui onde estou e no fundo são as duas coisas a convergir. Neste novo álbum contas com a participação de Diogo Piçarra, Terra Preta, Fábia Maia e Dji Tafinha. Como surgiram estas participações? Ao contrário daquilo que aconteceu nos outros álbuns, estas participações são todas


ENTREVISTA

improváveis, porque nos meus outros trabalhos colaborei sempre com artistas que conheço pessoalmente, pessoas com quem tenho uma relação pessoal, que é o caso do Valete e de todos os outros artistas. Aqui eu não conhecia nenhum deles pessoalmente, simplesmente tratava-se de artistas cuja música eu aprecio, que é o caso do Terra Preta, que é um artista brasileiro de São Paulo, que na minha opinião cruza o rap e o r&b como ninguém e é por isso que sou muito fã do trabalho dele, que conheço à cerca de três anos. Também tem o Dji Tafinha de Angola, que já conheço há uns dez anos pelo menos, que também não o conhecia pessoalmente e esse primeiro contacto surgiu quando ele veio a Portugal para gravar comigo. A Fábia Maia é uma miúda que eu descobri no youtube. Ela faz cores, pega em temas de rap e faz esses temas cantados à guitarra, ou seja ela apropria-se dos temas e faz versões novas. Quando eu a ouvi pela primeira vez foi com a música “Drunfos” do Halloween e pensei logo que tinha que gravar com ela. É absolutamente incrível! E o Diogo Piçarra é um artista que também já acompanho há algum tempo. Fico feliz porque todos eles também gostam do meu trabalho e ao aceitaram o convite foi super gratificante e acho que o resultado final foi satisfatório para todo a gente. Já que estamos a falar de colaborações, tens alguém

em especial que gostasses de colaborar? Muita gente! Aqui em Portugal gostava muito de gravar com a Sara Tavares e com o Rui Veloso, acho que naquilo que é o universo cultural da música portuguesa, cada um deles no seu registo são dos melhores, mas claro isto é a minha opinião pessoal. A Sara tem uma abertura muito grande em participar noutros projectos e por isso acho que é possível isso acontecer. Apesar de ter nascido no sul, vivo no Porto há dez anos, para todos os efeitos sou um artista do Porto e, para mim, o maior artista da cidade do Porto é o Rui Veloso. É de longe aquele que mais gosto, portanto gostava muito de gravar qualquer coisa com ele. As tuas canções falam muito de esperança e de coragem. O facto de teres um núcleo de fãs mais adolescente faz com que sintas alguma responsabilidade na mensagem que lhes passas? Normalmente o que acontece é: tens dois tipos de artistas, aqueles que são muito bons a criar cenários, personagens, a personificar, a viajar, a criar universos e coisas que não são a realidade e depois tens os outros que não conseguem fazer isso, como eu, e simplesmente conseguem falar de coisas que são reais e que lhes dizem respeito. A música que eu faço é super honesta, super transparente e super sincera e acaba por ser um reflexo da pessoa que eu sou, ou seja, não tenho esse 24

“O meio d é um meio c preconceitos e conser


do hip-hop com alguns extremamente rvador”

de dizer “olha agora tenho que ter cuidado porque estou a falar para pessoas que são adolescentes”. O filtro que tenho é nunca desrespeitar os meus valores e a educação ao abrigo da qual fui criado. Por exemplo, o rap apesar de todas as coisas boas, não deixa de ser ume género extremamente preconceituoso, porque há um discurso muito machista e uma tentativa permanente de diminuir as mulheres ou os homossexuais e isso é uma coisa que eu não pretendo fazer, de todo! Não foi assim que fui criado e educado. Se há uma coisa que faço é sim combater esse tipo de coisas, considerando e sabendo que o meu público é definitivamente um público jovem.

Quanto a concertos, tens inúmeros já agendados para o verão. O que pode o público esperar dos próximos espetáculos? Existem novidades? Sim, tudo é novidade neste concerto, até porque para preparar a apresentação deste álbum reformulamos o espetáculo a todos os níveis. Nos últimos três anos a formação da banda era bateria, baixo, guitarra e teclas e era tudo com instrumentos acústicos. Sendo o rap uma linguagem digital era difícil executar musicalmente ao vivo aquilo que eu fazia no disco, então a banda tinha que se adaptar ao disco. Assim, fizemos um investimento grande em material de maneira a podermos tocar o som dos 25

discos ao vivo, portanto o setup que temos agora é completamente diferente daquilo que fiz até ao verão passado, que foi o final da nossa tourné. Agora a bateria é digital, tem uns modelos digitais, para disparar os sons do disco, tem teclas e guitarra e a parte visual do concerto não tem nada a ver com aquilo que era antes, ou seja, a experiência musical, visual, sensorial. Acho que será incomparavelmente melhor do que aquilo que era até há seis meses atrás. Foi um upgrade gigante.

Tendo em consideração esta sequência de três álbuns em três anos, o teu público pode esperar um álbum novo no próximo ano? Não, de maneira alguma, até porque também sinto que cheguei a uma altura que não posso continuar a debitar música desta forma, porque também não me quero estar a repetir. Como artista quero parar um bocado. Pretendo fazer um quarto álbum, mas quero que seja um álbum melhor do que estes três, com outras condições, colaborar com outros produtores. Aqui por exemplo foi o mesmo produtor que fez o álbum todo, no próximo já não quero fazer isso. Gostei desta experiência, mas, no próximo trabalho, quero estar com um produtor que eu aprecio e estar duas ou três semanas com ele, em estúdio, para produzirmos uma música, mas um “senhor tema”. Acabado esse tema quero estar com outro produtor, porque isso



“Era impensável eu estar a fazer música e considerar que podia ser headliner num festival, fazia música para atuar nos concertos no boteco” enriquece o álbum. Eu fiz um bocado esta experiência durante os três álbuns. No meu primeiro álbum tive cinco ou seis produtores diferentes, no segundo tive menos e neste quis fazer só com este produtor, porque o álbum tinha um propósito específico. Depois disto tudo cheguei à conclusão que teria de ser assim na próxima vez, para fazer um álbum com a diversidade que pretendo. Para mim enquanto artista desafia-me a sair da minha zona de conforto e a tentar fazer coisas melhores e que não sejam previsíveis, quero fazer algo que surpreenda e que as pessoas digam, “ok isto está diferente mas fogo esta fixe, está porreiro”. Por exemplo, há dois meses pusemos o álbum todo na internet e o tema que fiz com o Diogo Piçarra, que é um tema extremamente pessoal, que fala sobre uma pessoa que eu perdi em novembro de 2015, está quase a atingir um milhão de visualizações. Lá está, quando é premeditado,

existe sempre o objectivo que as músicas passem na rádio e, para mim, o processo é mais bonito e mais agradável quando tu simplesmente fazes a música e as pessoas reagem à música naturalmente.

Atualmente, como avalias o hip-hop em Portugal? Honestamente, acho que nunca se viveu um momento tão bom como agora, porque eu não me lembro de alguma vez as pessoas consumirem tanto rap, como se está a consumir agora. O rap há três ou quatro anos, tornou-se um fenómeno de massas sem ser uma grande indústria. Eu faço rap há uns bons dez/onze anos e nessa altura para mim era impensável estar a fazer música e considerar que podia ser headliner num festival, fazia música para atuar nos concertos no boteco. O que é que achas que contribuiu para essa alteração? Definitivamente a internet, não há como negar. A internet

permitiu que o hip-hop tivesse muito mais alcance. Por exemplo, eu sou de uma geração cujos ídolos eram pessoas que falavam em inglês, hoje os ídolos dos jovens que falámos há pouco são artistas que cantam em português e isso facilita muito, porque estás a ouvir alguém que fala a mesma língua que tu, a mesma linguagem, tem os mesmos desafios, que vive a mesma realidade que tu. Não era como antes quando nós estávamos desfasados dos americanos ou dos ingleses. Agora há muita diversidade e isso é saudável, e sinónimo de riqueza, quanto mais coisas novas houver e mais pessoas a produzirem, mais escolha há para as pessoas ouvirem e hoje em dia os grandes festivais, como o Sudoeste, Sumol Summer Fest, Meo Marés Vivas, têm artistas de hip-hop, sejam eles headliner ou de uma curadoria. O hip-hop é um movimento cultural, um fenómeno permanente que acabou por explodir recentemente.




O “RESTART” DE AUREA NO CINEMA SÃO JORGE

N

a noite do dia 14 de maio em que o frio insistia em se fazer notar, Aurea decidiu inverter a situação. Ao entrar vestida de branco no palco do Cinema São Jorge, depressa nos fez sentir numa noite quente de verão. “That’s What I’m Gonna Do” foi o tema de abertura do concerto de apresentação do novo trabalho da artista, “Restart” gravado no Studio At The Palms, em Las Vegas, 4 anos depois do lançamento de “Soul Notes”. Foi num ritmo sexy que nos brindou com “My Time On Your Love”, seguido de uma primeira saudação muito sorridente ao público ali presente, onde relembra que foi

exatamente no Cinema São Jorge que apresentou o seu primeiro álbum em 2010, “Aurea”. “I Didn’t Mean It” surge como uma afirmação do regresso em grande da menina de Santiago do Cacém. O tema de apresentação do novo álbum é, sem dúvida, intenso e cheio de significado. Passando para um momento throw back, a artista brinda a plateia com “Scratch My Back”, o divertido primeiro single de “Soul Notes”, repleto de dança e teatralidade, não fosse Aurea mestra em juntar a arte da música e do teatro em palco. A sua forma única de interpretar os seus temas faz com que não só os escutemos como estejamos a visualizar tudo

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o que nos está a ser narrado em cada verso de cada canção. Ainda a revisitar “Soul Notes”, segue-se “Nothing Left To Say”, o tema mais cinematográfico do segundo álbum, onde a força e o toque de drama poderiam facilmente transformá-lo na banda sonora de um filme de Hollywood. Regressando a “Restart”, Aurea apresenta-nos “Killer”, terceira faixa deste último trabalho, e a mais rockeira de todas, onde o solo de guitarra de Guilherme Marinho se destaca. Foi exatamente com Guilherme Marinho e também Rui Ribeiro que Aurea se estreia na composição, no tema “Too Old Too Soon”, que se apresenta como


A AO VIVO

resultado de uma história de amor que não correu bem. O público é de seguida presenteado com um momento único e íntimo de três covers, “Yellow” dos Coldplay, “Be My Baby” das The Ronettes e “Purple Rain”, homenagem a Prince, numa sala que por momentos se vestiu de luzes lilás. É com o groove de “Something Something” que voltamos ao álbum “Restart”, onde Rúben Alves se destaca nas teclas. “I Feel Love Inside” invade a sala de uma forma doce, deliciando os presentes com uma notável marca de Elmano Coelho no saxofone. Aurea demonstra mais uma vez a sua versatilidade com o tema

“Master Blaster (Jammin’)” de Stevie Wonder, num ritmo contagiante cheio de reggae style. O main set chega ao fim com “Blind Woman”, onde a artista surge decidida e irrepreensível.

A anfitriã da noite regressa ao palco com um último tema que dá nome ao álbum “Restart”, introduzido por palavras de agradecimento ao público, frisando que o viver situações menos boas a fizeram voltar mais forte, sendo notória uma Aurea cheia de garra contagiante. Com uma plateia em pé completamente rendida à artista, esta termina a apresentação do seu mais recente trabalho

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visivelmente emocionada ao constatar que mais uma vez conseguiu passar ao público a sua mensagem. Uma mensagem de força e positivismo que neste álbum revela um recomeço, uma nova fase que nos brinda novamente com o grandioso talento de uma menina, que se por um lado tem a doçura de uma princesa, por outro demonstra ser uma autêntica diva digna de todo e qualquer palco. Texto:

Anabela Santos

Fotografia:

Luís Flôres



O FADO FADO DE DE O

MARCO OLIVEIRA CORREU COM COM AMOR AMOR CORREU

M

arco Oliveira apresentou o seu mais recente trabalho, “O Amor É Água Que Corre”, perante o terraço do Museu do Fado repleto de amigos, colegas e fãs. O primeiro tema interpretado pelo fadista na noite amena de Primavera que se fez sentir na quarta-feira foi “Gaivotas em Terra” (António dos Santos). Mas porque Marco Oliveira é, também, um bom músico, começou a sua apresentação com um belíssimo instrumental.

A viagem pelos temas do seu disco editado em março deste ano teve pontos marcantes como a interpretação do tema homónimo ao disco, ou “Disfarce”, no qual contou com a brilhante colaboração de António Rocha, que participou também no disco do jovem fadista. Terminava a viagem do cantor, compositor e músico, acompanhado por Ricardo Parreira, na guitarra portuguesa, João Penedo no contrabaixo, e em alguns temas por José Elmiro Nunesna viola de Fado, mas

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não sem antes cantar a pedido do público um último tema, “Canção de Fé”, no qual o público fez questão de acompanhar o fadista, fosse a repetir o refrão, fosse com um ou outro passo de breve dança, aos quais o tema convida, dada a sonoridade animada. Marco Oliveira é uma voz “à antiga” do Fado, que merece ainda mais atenção e desfrute por parte dos amantes de Fado, uma voz a reter. Texto e foto:

Márcia Filipa Moura


ROGÉRIO CH LEVOU A SUA

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a noite da passada quinta-feira Rogério Charraz atuou Cinema São Jorge para apresentar o seu mais recente disco “Não Tenhas Medo do Escuro”. Em palco, o cantautor que ao longo do concerto tocou guitarra clássica, fez se acompanhar por Jaume Pradas na percussão, Paulo Loureiro no teclado, Luís Pinto no baixo e Carlos Lopes no acordeão. A abrir este espetáculo de apresentação pública do seu último trabalho discográfico escutou-se o primeiro tema do disco “Medo do Escuro”. Seguidamente, o artista cumprimentou os presentes no repleto auditório do São Jorge: «Boa noite! Que bom é ver esta sala tão cheia de gente gira… é tão bom que às vezes dói», que serviu de mote para o tema que se seguiu “Coração em desvario”, do qual as últimas palavras fazem parte. Chegava a hora de chamar os primeiros convidados; Eduardo Espinho e António Caixeiro, para juntos interpretarem a moda alentejana “Quinta-feira da Ascensão” e acompanhados por Carlos Lopes no acordeão “Chuva nos Beirados”, dois momentos repletos de Alentejo. Entre outros temas, seguiuse o momento de entrar em palco mais uma convidada; a fadista Kátia Guerreiro que agradeceu a Rogério Charraz «a honra» de a convidar «para estar presente». Juntos interpretaram “Porto de Abrigo” e “SMS” (este último tema no qual a fadista colabora

no disco momen precede emotivo “Meu A o artista Já no en os pre um bo discos foi. Pri Que O momen parceria Tempo interpre para Mi a mim”, sem ap entrada Pregal do Mar juntos Gosto d Heróis d a canta festa p o conc Praceta artista. Se dúvid Charraz mais, o é no pan seu nov nos tem para a portugu conta particip das já m Resend Pereira não ter ilumina álbum música.


HARRAZ, SEM MEDO DO ESCURO A LUZ AO CINEMA SÃO JORGE

o). Estes dois belíssimos ntos do concerto eram o momento mais o da noite com o tema Amor Eterno”, tema que a dedicou à sua mãe. ncore Charraz convidou resentes a «passear ocadinho pelos dois anteriores». E assim imeiro com “Sempre Amor Nos Acontece”, nto em que lembrou a a com Luanda Cozetti. houve ainda para etar “Guarda o Cheiro im” e “Se me perguntas ”, tema no qual se deu, presentação prévia, a a alegre em palco Rui da Cunha (ex-Heróis r). Apresentação feita, interpretaram “Só de Ti” (do reportório de do Mar), com o público ar e aplaudir de pé. A prosseguiu e terminou certo com “Dança Na a” do primeiro disco do

das houvessem, Rogério z reafirmou, uma vez artista importante que norama nacional. Neste vo trabalho apresentamas mais direccionados as raízes da música uesa. Um álbum que ainda com várias pações – para além mencionadas – de Júlio de, João Gentil e Marta da Costa. Diz-nos para rmos medo do escuro e a-nos o caminho a um que orgulha a nossa .

Texto e fotos:

Márcia Filipa Moura


AGENDA FESTIVAL CAIXA RIBEIRA Ribeira, Porto Dia 3 e 4 de junho

FADANGO Centro Cultural de Lagos, Algarve Dia 11 de junho, 21h30

VIVIANE Teatro das Figuras, Faro Dia 4 de junho, 21h30

NICE WEATHER FOR DUCKS Centro Cultural de Belém, Lisboa Dia 4 de junho, 21h30

MINI NOS PRIMAVERA SOUND Parque da Cidade, Porto Dia 5 de junho, 14h00 VIVIANE Cinema São Jorge, Lisboa Dia 9 de junho, 21h30

NOS PRIMAVERA SOUND Parque da Cidade, Porto De 9 a 11 de junho

JOSÉ CID Teatro Bernardim Ribeiro, Estremoz Dia 10 de junho

RICARDO GORDO Casa da Música, Porto Dia 14 de junho, 21h30 BERG Centro Cultural Olga Cadaval, Sintra Dia 17 de junho, 21h30

FESTIVAL SUMMER FEST Ericeira Camping, Ericeira Dias 24 e 25 de junho

B FACHADA Gnration, Braga Dia 25 de junho, 22h00

FESTIVAL MED Zona história de Loulé, Algarve De 30 de junho a 2 de julho

JOSÉ CID Praça de Toiros, Santarém Dia 17 de junho, 22h00

PEIXE:AVIÃO Teatro Miguel Franco, Leiria Dia 17 de junho, 21h30 PEIXE:AVIÃO Cineteatro Louletano, Loulé Dia 18 de junho, 21h30

CAPICUA Teatro Municipal São Luiz, Lisboa Dia 19 de junho, 21h30 36

BURAKA SOM SISTEMA Jardim da Torre de Belém, Lisboa Dia 1 de julho, 22h00

DEOLINDA Teatro Micaelense, Ponta Delgada (Açores) Dia 2 de julho, 21h30

PEIXE:AVIÃO Jardins Efémeros, Viseu Dia 9 de julho, 21h30 FESTIVAL SUPER BOCK SUPER ROCK Parque das Nações, Lisboa De 14 a 16 de julho



Entrevis

«A NOSSA PREOCUP FAZER MÚSICA CO Manel Gomes, Miguel Rodrigues e Tiago Duarte formaram em 2014 a banda Insch. No início de maio editaram o álbum de estreia “Safe Haven”. A gravação esteve a cargo de António Côrte-Real (UHF) e Wilson Silva (More Than A Thousand), com participação de Pedro Lousada (Blasted Mechanism). Em entrevista a banda falou-nos do disco de estreia. Entrevista: Daniela Henriques

Surgiram em 2014 mas só dois anos depois é que lançaram o vosso disco de estreia. A vossa preocupação era primeiramente darem se a conhecer e depois trabalhar num disco? Nem por isso… a banda foi criada sem qualquer expectativa de sequer chegar a sair da sala de ensaios, daí tanto tempo até efetivamente acontecer. A nossa preocupação sempre foi fazer música com qualidade, que antes de mais nos orgulhasse aos três e que matasse as saudades de fazermos música juntos. Entretanto a coisa seguiu um caminho muito natural, muito orgânico, de começarmos a dar uns concertos e o álbum foi um passo consequente m u i t o natural.

“Safe Haven” é o vosso álbum de estreia. Como definem este disco? Definimo-lo como uma viagem, muito honesta e crua. Pode soar mal, mas antes de mais nós compomos para nós mesmos, sobre as nossas alegrias e cicatrizes, muito pessoais, portanto o que ali está é uma viagem às nossas vidas, tem muito dos três. Sem medo de carregar forte na distorção ou de ter uma música praticamente acústica. O disco está a ser muito bem recebido p

e

l

o

público, prova disso foi no dia de lançamento o mesmo ter entrado para o top


sta Insch

PAÇÃO SEMPRE FOI OM QUALIDADE» 10 dos discos mais vendidos no iTunes. Tem vos surpreendido esta boa recetividade à vossa música? Muito mesmo! Não porque não acreditemos nas nossas músicas mas porque as fizemos de forma tão pessoal e inocente que é surpreendentemente maravilhoso que tanta gente esteja a gostar de as ouvir. Ficamos sempre orgulhosos quando nos vêm dar força nas redes sociais ou nos concertos, ainda estamos muito impressionados com todas essas manifestações. Inicialmente o disco estava previsto ser lançado somente nas plataformas digitais, mas acabou por ser lançado também em formato físico. Apesar de hoje em dia não se vender tantos discos, é sempre especial ‘sentir’ o disco em mãos?

É

sempre especial. Se o formato digital é conveniência e imediatez, o formato físico é amor e carinho. Hoje em dia não compras um CD porque queres ouvir a música que lá está, mas porque queres colecionar um bocadinho daquela banda, queres sentirte mais próximo. E nisso fomos tradicionais, temos as letras no livro interior do álbum, como as referências dos álbuns com que crescemos. Como avaliam atualmente o rock em Portugal? É curioso porque nós próprios nos questionamos sobre isso. Por um lado, os festivais com bandas de rock como cabeças de cartaz esgotam facilmente as lotações, por outro não há praticamente rádios com interesse em passar rock. Do lado das bandas, vivemos um

momento de extrema fertilidade como não se vivia há muito, tem surgido muito boa gente a fazer muito bom som, do lado da indústria o interesse no rock parece cada vez menor. Mas isto não nos desmotiva nem serve de desculpa, temos aquela visão inocente que se o que fizeres for bom e honesto, o público não vai deixar cair. Curiosidade: porque o nome Insch? Bom, partindo da base que dar nome a uma banda é mais difícil que dar nome a um filho [risos], não foi algo que nos preocupasse imediatamente, demorámos até alguns meses, deixámos que fosse o nome a vir ter connosco. Queríamos algo com muito significado que, de alguma forma, materializasse o que a banda significa para nós. Assim que nos deparámos com o “insch” [porto de abrigo, porto seguro, ilha a salvo de perigos], parámos de procurar.


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