Girolando 129

Page 1

3


4


5


REVISTA O GIROLANDO

MENSAGEM DA DIRETORIA

Odilon de Rezende Barbosa Filho PRESIDENTE

Eugênio Deliberato Filho VICE-PRESIDENTE

Marcos Amaral Teixeira 1º. DIRETOR-ADMINISTRATIVO

Márcio Luís Mendonça Alvim 2º. DIRETOR-ADMINISTRATIVO

José Antônio da Silva Clemente 1º. DIRETOR-FINANCEIRO

Luiz Fernando Reis 2º. DIRETOR-FINANCEIRO

Domício José Gregório A. Silva DIRETOR RELAÇÕES INST. E COMERCIAIS

José Renato Chiari DIRETOR TÉCNICO CIENTÍFICO

Tatiane Almeida Drummond Tetzner DIRETORA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Aurora Trefzger Cinato Real DIRETORA DE FOMENTO E EVENTOS

6

Uma das missões da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, como delegada do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), é trabalhar pela promoção e fomento da raça em todo o Brasil, além, é claro, da parte técnica de registro genealógico e melhoramento. O fato de termos alcançado no ano passado a marca de 2 milhões de registros prova que a Girolando é uma raça que conquistou o País por seu grande potencial produtivo, de rusticidade, docilidade, adaptabilidade etc. Mas, cientes de nosso papel como guardiões do padrão racial e avanço genético do Girolando, precisamos dar mais um passo à frente. É necessário elevar o número de animais 5/8 e Puros Sintéticos, que representam a raça propriamente dita, conforme determinação do Mapa, de 1988, quando aprovou o “Regulamento para Formação da Raça Bovina Girolando”. Temos vários exemplos de criadores que vêm apostando no 5/8 e PS com grande êxito, confirmando que essa composição racial foi feita para atender as exigências da pecuária tropical. Hoje, temos uma base genética de extrema qualidade que nos permite chegar ao 5/8 e PS com muito mais segurança e de forma mais acelerada que nas primeiras décadas de existência da raça. Com os avanços do PMGG e o trabalho de seleção feito pelos criadores, temos o melhor cenário já visto para a formação de rebanhos 5/8 e PS. Durante a Atualização Técnica Nacional 2022, que realizamos em fevereiro, com a participação de todos os nossos técnicos, debatemos sobre as oportunidades, desafios e objetivos para o avanço do Girolando. Muitas novidades estão por vir e algumas delas serão anunciadas no lançamento do Sumário de Touros 2022, na Megaleite. Mas para que essa evolução seja constante precisamos de esforço conjunto de todos os criadores. Sem medir, coletar dados, participar das provas zootécnicas e avaliar o rebanho, não há programa de melhoramento que funcione. Não adianta coletar o dado em sua fazenda e não compartilhá-lo com a Girolando. O PMGG só avança se for alimentado constantemente com informações de qualidade e com grande quantidade. Quanto mais avaliações genéticas a raça tiver, mais preciso será para o criador produzir matrizes e touros melhoradores, independente da composição racial que tenha definido para selecionar. Os animais 5/8 e PS são a raça propriamente dita, porém só atingiremos a qualidade almejada se utilizarmos matrizes CCG 1/2, CCG 1/4 ou CCG 3/4 de alta qualidade genética, assim como os touros, nos cruzamentos estabelecidos. Portanto, a campanha de marketing que iniciamos em março, intitulada “Raça Girolando PS e 5/8 – Potência Genética, Máxima Produtividade – A Raça Nacional” é um chamado para a melhoria constante de todas as composições raciais que registramos na entidade. Só assim, em um futuro breve, poderemos atingir o objetivo traçado pelo Ministério na época da oficialização da raça, que é ter um rebanho expressivo e de qualidade de Girolando Puro Sintético. Vivemos um momento no qual é preciso minimizar os erros e otimizar os acertos. Dar velocidade e ritmo ao melhoramento genético do Girolando não é apenas uma tendência, é uma questão de necessidade. E somente com a união de todos os criadores e associados conseguiremos trilhar, com sucesso, esse caminho. Venha conosco nessa jornada pela consolidação do Girolando – A Raça Nacional!


7


REVISTA O GIROLANDO

EDITORIAL

por Larissa Vieira Editora

São muitas as variáveis que podem interferir no desempenho da pecuária leiteira em 2022, tanto do ponto de vista interno quanto externo. Análise feita em março, pelo Centro de Inteligência do Leite, da Embrapa Gado de Leite, aponta que o petróleo subiu cerca de 30% no mercado internacional; o milho, 20%; e a soja, 10%, desde o início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, no final de fevereiro de 2022. São produtos com impactos diretos no custo de produção de leite e derivados. O leite no mercado spot alcançou o maior valor em seis meses, em Minas Gerais: R$2,54, sinalizando que há espaço para aumento do preço pago ao produtor. Pode ser que quando você estiver lendo este texto (escrito em meados de março) a guerra entre os dois países tenha acabado (assim esperamos), mas não seus efeitos negativos, já que a recuperação econômica leva tempo. Então, é hora de buscar alternativas, revisar o plano de negócios, e acertar a rota para minimizar uma crise que infelizmente nenhum de nós procurou. Um passo importante nesta direção é controlar os custos. Para este número da revista, fomos conversar com o professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e doutor em Economia Aplicada, Andre Rozemberg Peixoto Simões. Segundo ele, o cálculo do custo de produção não pode ser ignorado, como vem ocorrendo em muitas propriedades rurais. Na entrevista, ele explica como funcionam as principais metodologias, o que levar em conta nos custos, a frequência com que esse levantamento deve ser analisado e pontua sobre a tomada de decisão em um cenário turbulento como o apresentado até agora em 2022. Nesta edição você também vai ficar por dentro dos

avanços das pesquisas com a raça Girolando, cujos resultados serão incorporados ao Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG) a partir deste ano. Vem aí a avaliação genética para termotolerância, avaliação genética multirracial e mais novidades referentes à longevidade e persistência de lactação. Já na área de pastagem, trazemos uma novidade. O Brasil desenvolveu a primeira cultivar ruziziensis, chamada de BRS Integra, adaptada às condições de solo e clima do País. Ela apresenta maior produção de forragem na entressafra e é indicada para sistemas integrados de lavoura, pecuária e floresta. Em outro artigo destacamos que a utilização do pastejo rotacionado é uma alternativa competitiva ao pecuarista que busca melhorar a lucratividade de sua propriedade. Falando da raça Girolando, trazemos uma série de reportagens com criadores que apostaram nos animais 5/8 e Puros Sintéticos para desenvolverem seus projetos pecuários com sucesso. A Associação Brasileira dos Criadores de Girolando também está desenvolvendo uma campanha para incentivar em todo o Brasil a utilização do 5/8 e PS, pois trata-se da composição racial estipulada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para fixar a raça. Na parte sustentável, fomos conhecer o projeto da criadora Maria Beatriz Zago. Ela faz aproveitamento da água da chuva, conta com usina fotovoltaica, aduba a lavoura com bactérias produzidas na fazenda, investe em bem-estar ambiental e aposta em produção de leite sem uso de ocitocina e BST. Esta edição ainda traz os resultados de exposições e a agenda de eventos que estão por vir. Confiram nas páginas seguintes. Boa leitura!

EXPEDIENTE Revista Girolando: Órgão Oficial da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando • Editora: Larissa Vieira lamoc1@gmail.com • Depto. Comercial: Mundo Rural (34) 3336-8888 - Míriam Borges (34) 9 9972-0808 miriamabcz@mundorural.org • Design gráfico: Yuri Silveira (34) 9 9102-7029 artes@mundorural.org • Revisão: Maria Rita Trindade Hoyler • Fotografias: Jadir Bison (34) 99960.4810 jadirbison@yahoo. com.br • Conselho editorial: Odilon de Rezende Barbosa Filho, Leandro Paiva, Domício Arruda Silva, Tatiane Tetzner, Miriam Borges e Larissa Vieira • Impressão CTP: Gráfica 3 Pinti (34) 3326-8000 • Tiragem: 6.000 exemplares • Periodicidade: Trimestral (Março, Maio, Julho e Setembro) • Circulação: Dia 15 dos meses ímpares • Distribuição: Para todo o Brasil via correios e Disponível na versão on line no site www.girolando.com. br. • Redação: Rua Orlando Vieira do Nascimento, 74 - CEP: 38040-280 - Uberaba/MG • Telefone: (34) 3331-6000 • Assinaturas: R$ 98,00/ano – financeiro@mundorural.org • 22 anos de circulação ininterrupta revistagirolando

8

@ogirolando

girolando.com.br

revistagirolando


9


REVISTA O GIROLANDO

Índice

MENSAGEM DA DIRETORIA 04 EDITORIAL 06 GIRO LÁCTEO 10 LANÇAMENTOS E INOVAÇÕES 12 LANÇAMENTOS E INOVAÇÕES 14 LONGEVIDADE E PERSISTÊNCIA NA LACTAÇÃO EM ANIMAIS DA RAÇA GIROLANDO 20 ESTRESSE TÉRMICO NA RAÇA GIROLANDO: AVALIAÇÃO GENÔMICA PARA TERMOTOLERÂNCIA 22 AVALIAÇÃO GENÔMICA MULTIRRACIAL – PERSPECTIVAS PARA A RAÇA GIROLANDO 24 CONSOLIDAÇÃO DO PURO SINTÉTICO E 5/8 32 DICA TÉCNICA PARA FORMAÇÃO DO 5/8 E PS 36 VITRINE TECNOLÓGICA DE GIROLANDO 37 BRASIL DESENVOLVE PRIMEIRA CULTIVAR RUZIZIENSIS 44 INTENSIFICAR PRODUÇÃO COM PASTEJO ROTACIONADO 47 O DESAFIO DO CRÉDITO 48 MONITORAMENTO AUXILIA NA TOMADA DE DECISÃO 50 30 ANOS DA TECNOLOGIA QUE REVOLUCIONOU A PRODUÇÃO DE LEITE NO BRASIL 52 AVANÇOS GENÉTICOS, MERCADO E SUCESSÃO NO AGRO 55 AGENDA REPLETA DE GRANDES EVENTOS 56 NOVOS ASSOCIADOS 59 CONSELHO 59 GIROLANDO KIDS 60 FALE CONOSCO 62

40

Sustentabilidade na prática

16

Meu negócio é rentável?

28 MATÉRIA DE CAPA

Apaixonados pelo Puro Sintético e 5/8 10


11


REVISTA O GIROLANDO

GIRO LÁCTEO Fertilizantes

A partir de abril, pesquisadores e técnicos da Embrapa começarão a visitar cerca de 30 polos produtivos de nove macrorregiões agrícolas do Brasil, com o objetivo de promover o aumento da eficiência de uso dos fertilizantes e insumos no campo, diminuir custos de produção dos produtores rurais e estimular a adoção de novas tecnologias e de boas práticas de manejo de solo, água e plantas. A ação está entre as medidas de curto e médio prazos do Plano Nacional de Fertilizantes, para reduzir a dependência externa por importação de produtos e tecnologias, situação agravada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. A Embrapa e instituições parceiras também têm outras ações em sua programação de pesquisa para ajudarem a diminuir a dependência brasileira de fertilizantes importados. Também estão sendo desenvolvidas estratégias de fomento e financiamento para aumento da produção de bioinsumos, fertilizantes organominerais, nanotecnologia e agricultura digital. A meta é reduzir em 25% a demanda por fertilizantes importados até 2030. Mercado de genética A nova edição do Index Asbia apontou que a comercialização de sêmen em 2021 foram bem significativas. Dentro do Brasil, as vendas de genética para o cliente final aumentaram 18%, com 25.449.957 doses vendidas

12

por Miriam Borges

no País, contra 21.575.551, em 2020. O setor leiteiro respondeu por um crescimento de 6% nas vendas. A exportação de genética brasileira para o exterior também chama a atenção. Em 2020, 508.096 doses de sêmen foram vendidas e no ano passado esse número subiu para 865.737, ou seja, houve um crescimento exponencial de 70%, segundo dados da Associação Brasileira da Inseminação Artificial (Asbia). A prestação de serviço também marcou um aumento expressivo: foram 2.390.636 doses destinadas para esse intuito, um pulo de 47% em relação a 2020, quando foram contabilizadas 1.621 937 doses. Temperamento das vacas

Vacas mais bravias chegam a emitir quase 40% a mais de metano entérico por quilo de leite, se comparadas às fêmeas mais calmas. O resultado veio de pesquisa realizada com a raça Girolando e conduzida pela Embrapa e Universidade Federal de Juiz de Fora. Verificou-se que as mais reativas destinaram 25,24% menos energia líquida para a lactação, enquanto as vacas mais calmas alocaram 57,93% mais essa energia para a produção de leite. O temperamento dos animais possui um componente herdável, mas as condições ambientais também interferem no caráter das vacas. Embora os programas de melhoramento genético bovino tenham obtido conquistas nesse aspecto, o manejo racional, aliado a um ambiente calmo no momento da ordenha, deve ser adotado,

pois favorece a produção e a sustentabilidade ambiental. Legado no Girolando O ex-presidente da Girolando, Renato Miranda Caetano Borges, faleceu no dia 24 de fevereiro, na cidade de Uberaba/MG, aos 83 anos de idade. Entusiasta do melhoramento genético, presidiu a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando de 1999 a 2001, conduzindo na época uma série de ações para o fomento e promoção da raça. Era proprietário da Fazenda Tamboril do Cassu, em Uberaba, sua cidade de origem. Recebeu diversas homenagens da Associação de Girolando por sua atuação em favor da raça. Uma delas ocorreu em 2013, quando foi agraciado com o Mérito Girolando, por seu trabalho à frente da entidade. Mais legados A raça Girolando perdeu também dois grandes incentivadores. O criador Geraldo Pinto Fiúza, conhecido também como “Geraldo Mesquita”, da Fazenda Canoas, em Luz/MG, faleceu no dia 11 de fevereiro. Desde 1996, ele era associado da Girolando e foi apoiador do Brazilian Girolando, projeto internacional do qual a Fazenda Canoas fez parte. Geraldo Mesquita foi um selecionador tradicional no Centro-Oeste de Minas. Ele tinha 92 anos. Já no dia 19 de janeiro faleceu a criadora Nazareth Dias Pereira, da Fazenda Sertão, de Carmo de Minas/MG. Seu trabalho mereceu o reconhecimento da Girolando, que em 2012 a homenageou com o Mérito Girolando, na categoria “Mulher”. Além da criação de Girolando, ela atuava na produção e comercialização de cafés de alta qualidade.


Tão importante quanto o cuidado é saber como cuidar Mire sua câmera aqui e vire um especialista em glândula mamária ou acesse: www.cuidandodaglandulamamaria.com.br

Conheça as soluções Elanco para a saúde da glândula mamária e melhore a produtividade do seu rebanho.

13 Vetimast™ é um produto SwissBrass distribuído pela Elanco Saúde Animal. Kinetomax® e Bovigam® são vendidos pela Elanco ou suas afiliadas e não são produtos Bayer. Agrovet™, Elanco e o logo em barra diagonal são marcas da Elanco e suas afiliadas © 02/2022. Todos os direitos reservados. PM-BR-22-0066


REVISTA O GIROLANDO

LANÇAMENTOS E INOVAÇÕES

Bovibacter

emissão de 80,48 toneladas de gás carbônico (CO²) na atmosfera. Mais sustentabilidade A redução da emissão de carbono na atmosfera está no radar das políticas de sustentabilidade da Embaré, que tem adotado de forma crescente a utilização de fontes renováveis de energia, através da modernização de suas fábricas com máquinas e equipamentos cada vez mais eficientes e que consomem menos energia, além da introdução de tecnologias mais eficientes em todos os seus processos. A empresa está estudando a viabilidade da implementação de veículos elétricos em sua frota logística.

prejudicar a produção. É o caso do brinco mosquicida Fiprotag 210, da Vetoquinol, que possui formulação inovadora com associação exclusiva de Fipronil com Diazinon. A tecnologia combina dois ativos com modos de ação complementares, que proporcionam o rápido controle da mosca-do-chifre e pode proteger os bovinos por até 210 dias. Importante: o produto tem carência zero para produção de leite. Basta um brinco por animal, aplicado na parte central do pavilhão auricular. Registro de CPRs

Alta nos suplementos minerais Mais um lançamento da UCBVET traz alternativa para o tratamento de animais leiteiros. O repositor de flora Bovibacter® maximiza a produção. Trata-se de uma pasta oral, composta por uma associação de probióticos, vitaminas e energia, indicada para bovinos em todas as fases da produção. Soluções sustentáveis da Embaré A Embaré firmou parceria com a Polen, startup que oferece soluções sustentáveis com tecnologia blockchain (que permite rastrear o envio e recebimentos de informações pela internet) para a certificação e comprovação da reciclagem dos resíduos gerados pelas suas embalagens. Esse projeto permite a empresa abraçar tanto a parte ambiental quanto a social, já que as embalagens colocadas no mercado pela Embaré são recolhidas e destinadas para novas cadeias produtivas, fomentando a Economia Circular a partir do investimento e desenvolvimento de diversos operadores de reciclagem espalhados pelo Brasil. No segundo semestre de 2021, a Embaré fez a compensação de 1.365 toneladas, sendo 933 de papel e 432 de plástico, que são repassadas para diversas cooperativas, por meio dos créditos de logística reversa. Esse montante representa 83,95% da meta de reciclagem da companhia estipulada para 2020, que corresponde à reciclagem de 22% do volume de embalagens colocadas no mercado. Tal iniciativa evitará a 14

O diretor de Marketing do Negócio de Ruminantes Brasil da DSM (Tortuga), Juliano Sabella, é o novo presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram). Ele apresentou o balanço do segmento em 2021, quando foram comercializados 2,55 milhões de toneladas, um crescimento de 6,6% sobre 2020. O total de animais suplementados também evoluiu bem e quebrou o recorde destes cinco anos: 68,3 milhões de animais, um aumento de 5,6%. O melhor resultado foi conseguido pelos produtos proteicos. Olhando para os estados, o maior volume comercializado no ano passado concentrou-se em Mato Grosso, enquanto Sergipe obteve a maior evolução: 45%. Controle da mosca-do-chifre Os pecuaristas brasileiros dispõem de soluções rápidas e eficazes para combater a presença da mosca-do-chifre nos rebanhos. A combinação de princípios ativos é essencial para agir contra o parasita sem

O ano de 2022 deve marcar um salto considerável nas negociações agrícolas via Cédulas de Produtos Rurais Financeiras (CPRs) no País, impulsionadas pela forte demanda do mercado por crédito rural. A Ceres Investimentos, que desde o final do ano passado firmou parceria com a B3 para atuar nesse tipo de serviço, estima superar a marca de R$100 milhões de emissões em CPRs, utilizadas para obtenção de recursos por parte de agricultores e distribuidoras de insumos, com o objetivo de financiar suas produções mediante a entrega futura de produtos. De acordo com Tiago Rodrigues, diretor de Operações da Ceres Investimentos, um dos fatores que contribuirá para esse cenário é a agilidade no registro das CPRs, que passou a ser feita digitalmente. Enquanto a CPR registrada em cartório tem prazo de 10 dias úteis para ser emitida, a versão digital fica pronta na hora. Isso permite ao produtor ter maior poder de decisão no momento de fechar o negócio, deixando para emitir a CPR quando as commodities estiverem mais valorizadas, tornando, assim, a operação mais rentável. Outro fator que pode contribuir para elevar as emissões desses títulos no Brasil é a maior difusão da operação de Barter (atrelada à CPR na maioria dos casos), uma opção para financiamento da safra.


15


REVISTA O GIROLANDO

LANÇAMENTOS E INOVAÇÕES

Nova diretoria da ABMRA

precisam apresentar boa saúde e serem preparadas com cautela, considerando o sistema reprodutor, condição nutricional e controle de parasitos. Sucedâneos lácteos

A Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA) elegeu sua nova diretoria para o biênio 2022/2023. Ricardo Nicodemos, até então vice-presidente executivo, assume a presidência, substituindo Jorge Espanha. Júlio Cargnino assume como vice-presidente. “Nesta gestão, serviremos aos nossos associados, ajudando-os com informações e compartilhando conhecimento para que possam aplicar as boas práticas do marketing e da comunicação em seu dia a dia e para que possam construir estratégias eficazes. Mas também estamos colocando toda a experiência de um grupo de diretores formado por experientes executivos de marketing e comunicação a serviço do setor, para ajudarmos os elos da cadeia do Agro a se comunicarem melhor”, explica Nicodemos. Critérios de seleção Produtores de todo o Brasil tiveram oportunidade única em fevereiro, de investir em embriões bovinos das raças Girolando, Holandesa e Holandesa HVB. No programa Semex Embryos, oferecido pela Semex Brasil, com uso da tecnologia líder do Cenatte Embriões, parceiro Boviteq do Canadá, a seleção dos touros para a produção de embriões aconteceu adotando alguns cuidados: os touros selecionados são os de destaque da nossa bateria; têm sua saúde criteriosamente avaliada; apresentam prova com alto índice de produção de leite e conformação. Tudo isso para entregar aos produtores progênies de alto desempenho. As receptoras selecionadas para o programa 16

O sucedâneo lácteo Nattimilk, da Auster, contribui para o maior desenvolvimento de massa magra nas bezerras. Isso ocorre porque sua formulação contém um nível mais elevado de lactose, relação mais estreita entre proteína e gordura (que é micro-encapsulada), melhorando a sua digestão e aproveitamento. Formulações de sucedâneos lácteos possibilitam o correto desenvolvimento das bezerras, garantindo melhores índices produtivos na fase adulta. Vacinação aftosa

A vacinação contra a febre aftosa em 2022 terá alteração nos seguintes estados: Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Sergipe, São Paulo e Tocantins. Nesses estados, a vacinação de maio será destinada aos bovinos e bubalinos até 24 meses. Já em novembro o produtor deve vacinar os animais de todas as idades. Também houve inversão da estratégia de vacina-

ção anti-rábica dos herbívoros nas etapas de 2022, nos municípios considerados de alto risco. Em maio o produtor rural deverá imunizar contra raiva os bovinos, bubalinos, equídeos, caprinos e ovinos até 12 meses e, em novembro, os animais de todas as idades. A movimentação de animais durante as duas etapas de vacinação continuará seguindo as mesmas regras dos anos anteriores. A medida foi tomada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para garantir que tenha vacina para imunização de rebanhos em todo o Brasil. Controle biológico O controle biológico pode ser utilizado para combater a infestação de parasitas, como o carrapato-do-boi. A Decoy oferece uma solução voltada ao combate do carrapato-do-boi que é aplicada no ambiente e no próprio animal. O controle biológico funciona a partir de uma tecnologia que utiliza organismos vivos que extinguem uma população de praga específica, tornando-a menos abundante e menos danosa. São utilizados esporos de fungos, inimigos naturais do carrapato, para controlar a praga. Ao entrar em contato com o carrapato, o esporo germina e se desenvolve no seu corpo, levando-o à morte. O tratamento estratégico nos animais e na pastagem garante um controle total da população de carrapato na propriedade, já que a maior parte da infestação está presente no ambiente. Inoculantes Matsuda A Matsuda possui em seu portfólio inoculantes para silagem com cepas de bactérias específicas para cada material escolhido e que contribuem para a conservação da qualidade e longevidade do alimento contido no silo. A linha Silomax Gold conta com o Silomax Gold Centurium (para ensilagem de capins em geral), Silomax Gold Cana e Silomax Gold Milho. Com recomendações de uso que variam de 2 a 4 gramas do produto contido no frasco diluídos por litro de água, a calda, após preparada, deve ser utilizada no prazo de 24h e tem o seu rendimento diretamente ligado a qualidade do material a ser ensilado.


17


REVISTA O GIROLANDO

ENTREVISTA

por Larissa Vieira

Meu negócio é rentável?

Para responder essa pergunta, você precisa fazer uma boa gestão financeira da atividade. O cálculo do custo de produção não pode ser ignorado. Quem garante é o professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e doutor em Economia Aplicada, Andre Rozemberg Peixoto Simões. Existem diversas metodologias para isso, mas é importante entender que, uma vez que você decida qual abordagem de custo utilizar, siga com ela até o final sem misturar as coisas. Em entrevista à revista Girolando, Simões explica como funcionam as principais metodologias, o que levar em conta nos custos, a frequência com que esse levantamento deve ser analisado e pontua sobre a tomada de decisão em um cenário turbulento como o apresentado até agora em 2022.

Girolando

Andre Rozemberg Peixoto Simões

18 14

Nos últimos anos, os custos de produção vêm corroendo a rentabilidade na pecuária. Como a situação deve ficar em 2022, já que determinados insumos utilizados na produção de grãos voltados para silagem estão em falta no mercado internacional? Primeiramente é bom termos a ideia de que a rentabilidade deve ser pensada como uma função resultante, dos custos, das receitas e do capital investido. Pelo lado das receitas, temos o volume de produção e o preço do leite como as variáveis importantes. Outros componentes, como a venda de animais, também podem compor a receita da atividade leiteira. Pelo lado dos custos, o importante é entendermos que ele é definido pela quantidade de insumos utilizados e pelos seus preços de mercado. Quando essa relação de receitas menos custos é comparada com o capital investido na atividade leiteira, temos então o conceito de rentabilidade.

O que eu quero dizer com isso é que o simples aumento de custo não significa que a rentabilidade está diminuindo; no entanto, o aumento do preço dos insumos realmente é um dos componentes que mais impacta no resultado da atividade. Estamos vivendo tempos inusitados com o efeito de grandes eventos impactando todos os setores econômicos, não só no Brasil, mas no mundo todo. Temos uma pandemia que ainda não encerrou seus efeitos e temos agora uma guerra em andamento que não tem precedentes desde a Segunda Grande Guerra e que provavelmente continuará impactando os mercados agropecuários significativamente. Acredito que qualquer palpite sobre previsões dos impactos desses eventos sobre os preços dos insumos para a pecuária de leite será recheado de incertezas. Portanto, ao invés de tentar especular sobre o que acontecerá em 2022, eu me preocuparia em usar os recursos


disponíveis com parcimônia e esperar as maiores turbulências passarem para tomar decisões de investimentos. Girolando

Andre Simões

Calcular os custos de produção é realmente complicado na atividade leiteira? O que leva o produtor a encarar essa tarefa como algo difícil e não fazer o cálculo? Calcular o custo de produção não é uma tarefa complicada, mas não significa que seja trivial. Apesar de o cálculo do custo ser feito com as operações matemáticas básicas, como: somar, subtrair, multiplicar e dividir, ele envolve ainda uma parcela de teoria econômica e de subjetividade. Em tese, qualquer profissional das ciências agrárias (incluo aqui a Medicina Veterinária) tem conhecimento para auxiliar o produtor a fazer as contas corretamente. Apesar disso, eu recomendo fortemente que o produtor procure profissionais ou programas de assistência técnica especializados em planejamento e controle gerencial da atividade leiteira, para auxiliá-lo no cálculo, não só do custo, mas da avaliação econômica da sua atividade. Como falei anteriormente, a avaliação econômica é resultante da avaliação dos custos e das receitas. Respondendo um pouco mais diretamente a sua pergunta, em muitos casos, o produtor fica envolvido com as atividades operacionais da produção de leite, manejo dos animais, reparos de máquinas e benfeitorias, produção, fornecimento de alimentos etc. Quando chega o final do dia, ele não tem “cabeça” ou ânimo para sentar e anotar tudo que foi consumido ou gasto naquele dia. Ou seja, o produtor de leite geralmente é o responsável pelo planejamento, pela organização, pela execução e pelo controle em todos os níveis da fazenda, do operacional ao estratégico. Isso é realmente cansativo e eu diria humanamente impossível. Portanto, a parte que é deixada de lado primeiro neste processo é o controle gerencial e financeiro. Sem ajuda de uma assistência técnica qualificada, dificilmente o produtor irá por si só, se autocobrar sobre a necessidade de fazer a gestão financeira da atividade.

Girolando

Andre Simões

Girolando

Andre Simões

Existem diversas metodologias para se apurar e organizar os custos de produção. Como o produtor pode definir a metodologia que melhor se aplica ao seu negócio? Sim, existem algumas metodologias de cálculo de custo de produção que podem ser utilizadas para fazer a avaliação econômica de uma atividade leiteira. Sob a ótica da análise econômica simples (sem levar em consideração métodos de análise contábil ou de análise de viabilidade ao longo do tempo) eu destacaria que existem duas formas mais utilizadas: a análise clássica, que divide os custos em custos em fixos e variáveis, e a análise de custo operacional. A sua pergunta é muito interessante, pois me dá a chance de falar uma coisa que eu repito insistentemente com meus alunos e com os técnicos que passam por mim: uma vez que você decida qual abordagem de custo utilizar, siga com ela até o final sem misturar as coisas. Sendo mais claro, se você optar por usar a classificação de custo fixo e variável, fique só com os indicadores que ela lhe proporciona. Por outro lado, se vai usar o método de custo operacional, fique com o Custo Operacional Efetivo (COE), Custo Operacional Total (COT) e Custo total (CT), e não vá querer colocar na mesma planilha os custos fixos (CF) e variáveis (CV). Misturar as classificações de custo só complica e não traz informação relevante para a tomada de decisão. Na verdade, as duas abordagens que eu citei trazem os mesmos itens de “gastos”; eles só são organizados de forma diferente em cada uma delas. Por isso, o resultado da análise, seja Lucro ou Prejuízo, deve ser igual nas duas formas. Quais itens não podem ficar de fora no cálculo do custo de produção ou todas as despesas devem ser consideradas? Usando a linguagem da metodologia de custo operacional, que é a que eu mais recomendo, eu diria que uma análise econômica bem-feita deve contabilizar os custos explícitos e os custos implícitos. Os custos explícitos são aqueles que envolvem desembolso de dinheiro e são de mais fácil observação, como: gastos com ração, medicamentos, mão

19 15


REVISTA O GIROLANDO

ENTREVISTA de obra contratada, energia, combustível etc. Já os custos implícitos são aqueles que não têm desembolso; por exemplo: as depreciações, o custo de oportunidade do capital e da mão de obra familiar/ própria. Todos são importantes e não devem deixar de estar na planilha de custos e de avaliação econômica. Girolando

Andre Simões

Girolando

Andre Simões

20 14

O produtor que vive e trabalha na propriedade deve incluir suas despesas pessoais, como por exemplo, alimentação, nos custos fixos ou isso já está previsto no custo de mão de obra familiar? O produtor de leite ou os membros da família que trabalham na atividade leiteira devem receber dessa atividade pelo seu trabalho. Esse é o fundamento para atribuirmos um valor para a mão de obra familiar, ou seja, ninguém trabalha de graça, e esse valor deve ser contabilizado objetivamente dentro da planilha de custo. Existem várias formas de se atribuir um valor justo pela mão de obra familiar, acho que não cabe aqui um detalhamento. No entanto, respondendo a sua pergunta, se pensarmos que o valor pago pela mão de obra familiar deve ser visto como a remuneração de um funcionário contratado, esse valor deve ser suficiente para as suas despesas pessoais e isso não tem relação alguma com a atividade leiteira. Os dados dos custos de produção devem ser analisados mensalmente? E como utilizá-los para encontrar o ponto de equilíbrio nas finanças da propriedade? Eu diria que os itens de despesa devem ser contabilizados diariamente, os resultados do fluxo de caixa (entradas menos saídas de dinheiro) podem ser monitorados mensalmente e os custos fechados, anualmente. Apesar de haver formas de ajustar o custo anual para uma análise mensal, existem itens de despesas que não ocorrem todos os meses ou itens que são calculados anualmente e isso deve ser levado em consideração. Em uma linguagem econômica, eu digo

por Larissa Vieira

sempre que temos que usar o “princípio da competência” e não de “caixa” para calcular os custos de produção de leite. Girolando Andre Simões

Girolando

Andre Simões

Como calcular se o negócio está sendo viável? De acordo com a classificação dos custos em custo operacional, a análise de viabilidade pode ser feita no curto e no longo prazo. Uma atividade é viável no curto prazo quando as receitas são suficientes para cobrir os custos operacionais efetivos (COE) que envolvem os desembolsos de dinheiro. Uma atividade é viável no longo prazo quando as receitas são suficientes para pagar o COE mais as depreciações e a mão de obra familiar. Temos ainda o conceito de atratividade econômica, que é quando as receitas são suficientes para cobrir todos os custos citados acima, mais o custo de oportunidade do capital investido. Nessa situação é como se a atividade leiteira remunerasse o capital investido a uma taxa superior à do mercado financeiro ou de outra atividade econômica alternativa. Produzir o próprio alimento, como a silagem do rebanho, ou comprar. Nessa decisão o que o produtor deve levar em conta para calcular o custo? Para fazer essa análise o produtor deve calcular o custo de produção do alimento incluindo todos os itens: explícitos e implícitos. Esse custo do alimento deve ser isolado do restante do custo da atividade leiteira e isso é um desafio a mais para o produtor ou para o técnico que irá auxiliá-lo. Depois, a parte fácil é comparar o custo de produção do alimento com um alimento similar no mercado local e que esteja disponível para a compra. Espero que eu tenha ajudado de alguma forma. E se eu puder dar um conselho para os amigos produtores, seria: procurem um programa de assistência técnica de qualidade para lhes auxiliar nos cálculos de avaliação econômica; isso ajudará muito na tomada de decisão do dia a dia.


21


REVISTA O O GIROLANDO GIROLANDO REVISTA

Darlene Daltro, Renata Negri, Sabrina Kluska, Delvan Silva, João Cláudio do Carmo Panetto e Marcos Vinicius Gualberto Barbosa da Silva

JADIR BISON

GENÉTICA

Longevidade e Persistência na Lactação em Animais da Raça Girolando Vacas com maiores persistências da lactação são vantajosas para o sistema de produção

A longevidade de uma vaca leiteira refere-se ao tempo da sua permanência no rebanho. Também pode ser definida a partir da idade ao primeiro parto e da duração da sua vida produtiva. A relação da longevidade com a lucratividade é resultante de vários fatores, como, por exemplos: a diminuição do custo de criação de novilhas de reposição pela maior permanência das vacas no rebanho; maiores produção média de leite e proporção de vacas adultas, as quais produzem mais do que aquelas no início da vida produtiva, em virtude da maior maturidade fisiológica; seleção indireta para outras características, como a fertilidade, visto que, na ausência de estro não há prenhez e, consequentemente, não há produção de leite, inviabilizando economicamente o sistema de produção. Desta forma, quanto maior a produtividade e o tempo de permanência dos animais no rebanho, maior será a 22

lucratividade da atividade leiteira. Com o objetivo de selecionar animais mais longevos e produtivos para a Girolando, desde 2021, o sumário de touros da raça inclui o índice de longevidade (ILG). O ILG permite selecionar touros cujas filhas tenham maior taxa de permanência no rebanho, o que pode reduzir os gastos com a recria e aumentar os lucros da atividade. Na composição do ILG entraram diferentes medidas de longevidade associadas à vida produtiva dos animais, as quais foram escolhidas em virtude da disponibilidade de informações no banco de dados da Girolando. Para formação do ILG, as medidas escolhidas foram a produção total de leite em todas as lactações, o número total de dias durante todas as lactações e o número de lactações completas da vaca. Essas medidas foram estabelecidas em virtude das respectivas estimativas

de herdabilidade, do valor genético dos animais e do tipo de modelo utilizado. Assim, os resultados foram obtidos para as análises tradicionais e genômicas para definir a herdabilidade para cada medida de longevidade avaliada. A partir destes resultados ocorreu a formação do ILG, sendo uma combinação linear de tais medidas. Com o ILG é possível classificar os animais de acordo com sua habilidade para transmitir um balanço das três características que o compõem, possibilitando futuramente alterar o desempenho médio da população, tornando os animais mais longevos. Persistência na lactação A persistência na lactação pode ser definida como a capacidade da vaca em manter sua produção de leite após atingir sua produção máxima ou o pico de lactação. Podemos dizer que uma vaca é mais persistente quando a sua curva


RAIZES RURAIS

Vacas longevas, de persistência de lactação e de bom sistema mamário tornam o sistema mais rentável

de lactação apresentar menor declínio em relação à de outra vaca. Portanto, vacas com lactações mais persistentes apresentam formatos de curvas de lactações mais achatados e com distribuições mais equilibradas das produções de leite no decorrer das suas lactações. Além disso, vacas com maiores persistências da lactação são consideradas vantajosas por várias razões, principalmente no que se refere aos aspectos econômicos, dado que maior retorno é obtido pela produção adicional de leite de vacas com maiores persistências da lactação. Para as vacas de maior persistência há, também, redução dos custos com alimentação, pois elas têm necessidade energética mais constante ao longo de toda a lactação. Desta forma, para um mesmo nível de produção de leite, as vacas que apresentam curva com menor inclinação podem se manter melhor com dietas de menores custos em relação àquelas com produção diária mais elevadas durante o início da lactação. Considerando-se a redução nos custos relacionados à saúde e reprodução, podemos dizer que as vacas com maiores persistências estão sujeitas a menor estresse fisiológico, em razão da ausência de produções mais elevadas no pico de lactação, minimizando a incidência de problemas reprodutivos e

de doenças de origem metabólica. Mais um fator positivo é que curvas de lactação com maiores persistências podem influenciar, de forma positiva, a longevidade dos animais e adiar o período médio para o descarte voluntário. Portanto, uma maneira de produzir leite com menores custos é por meio da melhoria do nível de persistência na lactação das vacas. Assim, com o objetivo de selecionar animais com maior persistência na lactação e produção de leite na raça Girolando, em 2022 será lançado no Sumário de Touros da raça o índice de produção e persistência na lactação (IPPL). O IPPL possibilita a seleção de touros cujas filhas tenham maior nível de persistência e de produção de leite, o que pode reduzir os custos no sistema de produção e aumentar os lucros da atividade. Na composição do IPPL entraram a persistência na lactação e a produção de leite em até 305 dias. Essas medidas foram estabelecidas através dos valores genéticos obtidos por meio de coeficientes aleatórios de um modelo de regressão aleatória. Foram testados vários modelos de avaliação genética e genômica até a escolha do modelo que obteve os melhores ajustes. A metodologia de regressão aleatória apresenta várias vantagens, como a de aumentar a acurácia das avaliações

genéticas. Ainda como vantagem pode ser destacada a possibilidade de predizer o valor genético dos animais em diferentes períodos da lactação, não exigindo um número mínimo de medidas por animal. Isso significa dizer que podem ser utilizadas informações de animais com apenas um ou poucos registros fenotípicos. Foram realizadas análises tradicionais e genômicas para definir a herdabilidade e as correlações genéticas entre as diferentes medidas de persistência testadas e a produção de leite em até 305 dias. Com base nos resultados observados, foi desenvolvida uma medida de persistência na lactação específica para a raça Girolando, sendo essa combinada com a produção de leite em até 305 dias para a formação do índice. Assim, com o IPPL é possível classificar os animais de acordo com sua habilidade para transmitir um balanço das duas características que o compõem, possibilitando futuramente alterar o desempenho médio da população. Com o IPPL será possível selecionar touros que transmitam às suas filhas incremento de produção e expressivo acréscimo de produção nos estágios posteriores ao pico de lactação, além de uma boa produção de leite ao decorrer das lactações.

23


REVISTA O O GIROLANDO GIROLANDO REVISTA

Renata Negri, Darlene Daltro, Sabrina Kluska, João Cláudio do Carmo Panetto e Marcos Vinicius Gualberto Barbosa da Silva

DIVULGAÇÃO

GENÉTICA

Estresse Térmico na Raça Girolando: Avaliação Genômica para Termotolerância Os limites do conforto térmico da raça Girolando estão sendo definidos

São notáveis os avanços obtidos na raça Girolando por meio do Programa de Melhoramento Genético da raça (PMGG), principalmente na produção de leite e idade ao primeiro parto. As melhorias genéticas e de manejo dos rebanhos (ambiente) têm sido efetuadas ao longo dos anos, a fim de tornar as vacas mais produtivas e as propriedades mais lucrativas. No entanto, é importante salientar que, apesar dos avanços científicos, há oscilações nos índices produtivos e reprodutivos dos rebanhos, principalmente em virtude dos fatores climáticos. Neste sentido, devido à expressividade nacional da raça Girolando e à exigência por animais cada vez mais eficientes, associadas aos fatores como vasta extensão territorial do País, ampla diversidade climática, globalização do material genético e grande diversidade 24

de níveis organizacionais e tecnológicos dos sistemas de produção, tornou-se essencial o desenvolvimento de pesquisas sobre o impacto do estresse térmico. Estes estudos objetivam conhecer e quantificar os impactos do estresse térmico na raça, estimar as perdas nas características produtivas, reprodutivas e de saúde, bem como estabelecer estratégias de avaliação e fornecer subsídios para seleção, com o intuito de consolidar e difundir ainda mais seu uso no País. Atualmente, o estresse térmico tem sido considerado mundialmente um dos principais vetores que causam prejuízos econômicos à cadeia produtiva do leite e incidem em impactos negativos na saúde e no bem-estar dos animais. O estresse térmico pode ser descrito como o somatório de forças externas que causam impactos negativos nos animais, desencadeando respostas

comportamentais, fisiológicas e metabólicas que levam à redução da produção, ao comprometimento reprodutivo, à deterioração das condições de vida (saúde e bem-estar) e, em casos extremos, até à morte. Pesquisas realizadas com outras raças leiteiras e em países de clima tropical e subtropical demonstram que o estresse térmico reduz o consumo de matéria seca de 6 a 30%, provoca a diminuição na produção de leite de 15 a 40%, queda na eficiência reprodutiva de 40 a 50%, além de provocar alterações na composição do leite (principalmente de gordura, proteína, lactose e células somáticas), respostas imunológicas negativas, aumento dos casos de mastite, aborto, retenção de placenta, cetose, entre outros. O índice de temperatura e umidade (ITU), muito utilizado em estudos de


estresse térmico, desempenha papel expressivo na caracterização de diferentes ambientes produtivos. Como o nome já diz, o índice combina em uma única variável os valores de temperatura e de umidade relativa do ar e serve para avaliar o conforto ou desconforto (estresse térmico) do animal em relação ao ambiente. Assim, quando o animal está dentro de uma faixa de ITU considerada adequada, o mesmo terá condições de expressar seu potencial genético, porém as outras condições limitantes, como nutrição, por exemplo, também deverão estar em níveis adequados. Em 2021, os trabalhos com termotolerância começaram a ser realizados dentro do PMGG. Utilizando o acesso às estações meteorológicas públicas próximas aos rebanhos, cujo controle leiteiro é oficial, foi possível recuperar as informações de temperatura e umidade do ar no dia das ordenhas e calcular o ITU. A partir da base de dados coletada pela Girolando por 20 anos, foi possível utilizar mais de 650 mil informações de controle leiteiro, de aproximadamente 69 mil vacas e com aproximadamente 21 mil animais genotipados, de forma a desenvolver um estudo minucioso do estresse térmico nas diferentes compo-

sições raciais. Com este estudo, além de observar as diferenças entre as composições raciais, também é possível observar a diferença entre os animais quanto à tolerância ao calor. Após identificar os limites do conforto térmico para cada composição racial, dos animais 1/4H+3/4G até 7/8H+1/8G, foi possível observar perdas médias de produção superiores a 1.000kg de leite por lactação. Em casos extremos, as perdas produtivas superaram os 2.500kg de leite por lactação, quando comparadas as médias de produção de animais em conforto térmico versus em estresse térmico. Caracterizado o impacto na raça, o próximo passo foi realizar a avaliação genética para testar inúmeros modelos até chegar a um que melhor se ajustasse aos dados da raça Girolando. Finalmente foi realizada a avaliação genômica para predição dos valores genéticos genômicos e posterior cálculo da habilidade prevista de transmissão (GPTA). Os valores genéticos genômicos dos touros são preditos em função do ITU (gradiente ambiental); esse tipo de abordagem considera que há diferenças genéticas na resposta dos animais diante das diferentes condições ambientais (intera-

ção genótipo x ambiente). Após analisar o comportamento das GPTAs de cada touro no gradiente ambiental, os animais são classificados conforme categorais de sensibilidade ambiental: sensível + (touros cujas filhas reduzem a produção em ambientes mais quentes ou mais úmidos); sensível – (touros cujas filhas aumentam a produção em ambientes mais quentes ou mais úmidos); robusto (touros cujas filhas mantêm produções estáveis, independentemente da combinação de temperatura e umidade). Na prática, essa informação servirá como ferramenta auxiliar na seleção dos animais e possibilitará o uso de um genótipo mais adequado para as diferentes regiões do Brasil. Além disso, cada criador poderá, conforme a realidade climática de sua propriedade, melhor direcionar os acasalamentos, visando uma progênie mais tolerante ao calor e, consequentemente, com menores perdas produtivas devidas ao estresse térmico. Os resultados oficiais da avaliação genômica para o estresse térmico estão previstos para serem publicados no Sumário de Touros da Raça Girolando, a ser lançado em junho de 2022.

25


REVISTA O O GIROLANDO GIROLANDO REVISTA

Sabrina Kluska, Darlene dos Santos Daltro, Renata Negri, Delvan Alves da Silva, Felipe Damasceno Leandro, João Cláudio do Carmo Panetto e Marcos Vinicius Barbosa da Silva

DIVULGAÇÃO CANTO PORTO

GENÉTICA

Avaliação Genômica Multirracial – Perspectivas para a Raça Girolando Girolando terá estudo comparativo com outras raças

A avaliação genômica consiste na estimação dos valores genéticos genômicos dos animais, com base nos registros de fenótipo e de pedigree associados a um grande número de marcadores espalhados pelo genoma, para o posterior cálculo das PTAs genômicas. Essa estimação só é possível quando parte da população com fenótipos - ou toda ela - é genotipada. A genômica surgiu com a promessa de promover maior progresso genético em menor tempo. Alguns fatores, no entanto, devem estar bem ajustados. Por exemplo, a população de referência, composta por animais

26

com informação de fenótipos e genótipos, que é utilizada para estimar os efeitos dos marcadores, deve ser suficientemente grande e representativa. Com isso, o erro associado a esSa estimação é minimizado. No Brasil, o número de animais genotipados ainda é uma limitação, devido aos custos associados ao uso dessa tecnologia. Portanto, uma das estratégias para incrementar o número de genótipos disponíveis e, consequentemente a qualidade da avaliação genômica, é a combinação de animais de raças diferentes na avaliação genética genômica, o que é

conhecido como avaliação multirracial. A avaliação multirracial é ainda mais interessante quando se trata de populações com animais cruzados, compostos ou sintéticos, como é o caso do Girolando. A avaliação multirracial consiste na comparação de animais de diferentes raças puras, incluindo também animais cruzados, compostos ou sintéticos, em um sistema pelo qual eles podem ser comparados diretamente entre si, já que animais pertencentes aos diferentes programas de melhoramento, na forma como as avaliações são realizadas atualmente, não


DIVULGAÇÃO CANTO PORTO

Uma das raças que compõem o estudo é a Gir Leiteiro

podem ter suas PTAs comparadas. Uma das vantagens da avaliação genética multirracial é o incremento na qualidade da avaliação genética sem a adição de custos extras para genotipagem ou fenotipagem, uma vez que os animais pertencentes às diferentes raças já têm informação de fenótipo e de genótipo coletadas. Diversos estudos têm mostrado os ganhos em acurácia obtidos por meio das predições genômicas multirraciais, em comparação com as avalia-

ções dentro das raças puras, ainda mais quando o número de animais genotipados da raça alvo é reduzido. Na avaliação multirracial da raça Girolando serão utilizadas informações de animais das raças Gir, Holandesa e Girolando já presentes nos pedigrees das raças Gir e Girolando. O banco de dados do Girolando conta com aproximadamente 21 mil animais Girolando e Holandês genotipados e o banco de dados do Gir com aproximadamente 30 mil genótipos de ani-

mais puros dessa raça. Desde 2021, o PMGG vem trabalhando na avaliação multirracial do Girolando, com previsão para o lançamento dos primeiros resultados para o ano de 2023. O processo de integração dos pedigrees das raças Gir e Girolando, visando formar um único pedigree para a avaliação multirracial, já foi iniciado. Nesse processo alguns pontos importantes foram considerados para que animais presentes em am-

27


CARLOS LOPES

REVISTA O GIROLANDO

Informações da raça Holandesa entraram na avaliação multirracial

bos os pedigrees, mesmos animais, não fossem identificados como animais diferentes. Um dos processos realizados para tal foi a padronização dos Registros Genealógicos Definitivos (RGDs) dos animais Holandeses, de acordo com a Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa. Além disso, nomes, datas de nascimento e identificação de pais de alguns animais Holandeses foram corrigidos nos pedigrees do Gir e do Girolando. A correta identificação dos animais, remoção de animais em duplicidade e identificação de pais ausentes, além de beneficiar a avaliação genética multirracial deve também melhorar a qualidade das predições nas raças puras (Gir e Girolando), pois a avaliação genética é baseada na semelhança entre parentes. Neste sentido, quanto melhor a conexidade do pedigree, melhor a qualidade da 28

avaliação genética. Outro ponto abordado na integração dos pedigrees foi a padronização das informações (nome, RGD, data de nascimento) dos animais Gir puros, de acordo com as informações presentes na Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ) e no pedigree do Gir, bem como a padronização das informações dos animais Girolando, de acordo com o pedigree da raça, em ambos os pedigrees. É importante ressaltar que esses processos de padronização e de correção das informações são de extrema importância, pois se não forem realizados, ou se realizados de maneira errônea, podem introduzir mais erros nos pedigrees. Muita cautela e atenção são necessárias para realizar as correções, já que estas são realizadas algumas vezes de maneira manual e visual. Após a integração dos pedigrees, serão também inte-

grados os bancos de dados fenotípicos, e iniciados os testes de modelos e metodologias, visando a abordagem multirracial para posterior comparação dos resultados e, finalmente, publicação da avaliação genética multirracial. Mais do que um incremento na acurácia e na qualidade das avaliações da raça Girolando, com este trabalho espera-se classificar os animais de acordo com a progênie que se quer produzir. Sabe-se que os animais possuem diferentes classificações, dependendo da composição racial da progênie que se deseja. Por exemplo, um touro Holandês pode ter classificações diferentes se consideradas as filhas puras Holandesas, ½ Hol ou ¾ Hol ¼ Gir. Neste sentido, o presente estudo deve auxiliar os criadores na hora da escolha do melhor touro para cada tipo de acasalamento.


29


REVISTA O O GIROLANDO GIROLANDO REVISTA

Larissa Vieira

DIVULGAÇÃO

MATÉRIA DE CAPA

Apaixonados pelo Puro Sintético e 5/8 Pedro e o pai Luiz Carlos comandam a Fazenda Bandoli

Criadores da raça Girolando contam por que decidiram selecionar animais 5/8 ou PS e os resultados alcançados Cercada pelas belas serras da região fluminense de Natividade, município localizado a 333km da capital Rio de Janeiro, a Fazenda Bandoli Agropecuária trabalha dentro de um sistema que integra agricultura e pecuária 30

(para produção de genética bovina, de leite e de gado de corte). A propriedade tem pela frente o desafio de ampliar a produção de leite nos próximos anos, saltando de 3.800 litros/dia para até 12 mil litros/dia.

Para viabilizar o projeto, o criador Luiz Carlos Bandoli Gomes pretende chegar a 400 bezerras nascidas em 2022, de alto valor genético e produzidas por embrião por meio da FIV, sendo 85% da raça Girolando. Estão


sendo utilizadas doadoras do criatório e touros provados e genômicos. Tradicional selecionador de animais 5/8, Bandoli assegura que a proposta é produzir animais rústicos, de alta produção leiteira, de boa habilidade materna e fertilidade. “Desde quando iniciei a seleção da raça, há mais de 30 anos, meu objetivo foi fazer animais 5/8 morfologicamente diferenciados. A nossa opção foi iniciar pelo cruzamento de vacas Holandesas com touros Gir, utilizando, para isso, animais de alto valor genético. As etapas seguintes foram selecionar as melhores CCG 1/2, colocar touros Gir para fazer as matrizes CCG 1/4, e seguindo com o cruzamento até chegar ao 5/8”, lembra o criador. Na administração de todo o negócio, ele conta com a parceria do filho Pedro Machado Silva Bandoli. Segundo o criador, o caminho, apesar de longo, para chegar ao 5/8 mostrou ser o mais rentável para a propriedade. “Temos vacas no Controle Leiteiro com produção acima de 10 mil quilos de leite. E esse resultado é fruto de uma seleção genética criteriosa, baseada em avaliações genéticas e genômicas, e com foco em características importantes para o sucesso econômico do negócio, tais como: tetos bem colocados, produção de leite e reprodução”, diz Bandoli. Hoje, o criatório conta com dois

touros 5/8 em central. Participante do Programa de Melhoramento Genético do Girolando (PMGG), Hamess Octane 3056 FIV Bandoli 5/8, é provado para A2A2 e na prova genômica apresenta GPTA Leite de 1.530kg. Outro touro é o Pitágoras 3162 FIV Lighthouse Bandoli, que também integra o PMGG. A genética dos dois reprodutores está sendo utilizada nas Fazenda Bandoli para fazer animais PS. Ao longo dos 30 anos de seleção, o criador conseguiu produzir matrizes CCG 1/4, consideradas as grandes mães do 5/8, de destaque, sendo muitas delas premiadas em exposições. Entre as primeiras 20 vacas TOP 1000 da raça Girolando, para produção de leite, seis delas são da genética Bandoli. A segunda colocada, Apuração Bandoli, é mãe do touro Pitágoras. Outra matriz CCG 1/4 crioula do criatório que se destacou é Cabiúna Bandoli, que bateu o recorde do Torneio Leiteiro da Megaleite 2011, com produção total de 170,660kg/leite e média de 56,887kg/leite. Ela foi vendida em um leilão da exposição. O criador destaca que produzir atualmente animais de genética superior dentro da raça Girolando, especialmente os 5/8, é uma tarefa que tem sido facilitada por conta das inovações das ferramentas de seleção e da grande

evolução genética dos touros e matrizes da raça. “Felizmente, fazer 5/8 hoje é muito mais fácil do que quando comecei, apesar de sermos muito mais rigorosos atualmente. As ferramentas são fantásticas, permitindo ao criador alcançar muito mais rápido o melhoramento genético. Utilizamos diversas tecnologias, como as avaliações genéticas do PMGG; fazemos controle leiteiro; genotipamos fêmeas, identificadas como futuras doadoras, e touros jovens com potencial para atender o mercado de genética, além de FIV e inseminação artificial. O resultado tem sido um 5/8 de excelente padrão racial, saudável, produtivo e que se adapta bem em qualquer sistema de manejo”, destaca. A Fazenda Bandoli conta com 480 animais Girolando, sendo 180 vacas, 250 bezerras e 200 novilhas amojando. As vacas em lactação ficam no sistema de compost barn, cuja área tem capacidade para 100 exemplares. Além de animais 5/8 e CCG 1/4, a propriedade trabalha com CCG 1/2 e CCG 3/4 na produção de leite. “O Girolando é uma raça fantástica, de grande adaptabilidade e que tem viabilizado a pecuária leiteira no Brasil. Para mim, poder acompanhar e contribuir para a evolução dos animais nestas últimas três décadas é um orgulho enorme”, finaliza Luiz Carlos Bandoli Gomes.

31


32


AUMENTA A PRODUÇÃO DE LEITE E A LUCRATIVIDADE

ATÉ

20%

A MAIS DE LEITE POR VACA

AUMENTA A PRODUÇÃO COM O MESMO NÚMERO DE ANIMAIS

UMA APLICAÇÃO A CADA 14 DIAS REDUZ IMPACTO

AMBIENTAL

PARA PRODUTORES QUE BUSCAM MAIOR PRODUÇÃO E LUCRATIVIDADE

PRONTA PARA USO

Lactotropin, com sua formulação exclusiva, aumenta a produção de leite de forma contínua e uniforme ao longo dos 14 dias de ação.

Caixas com 100 unidades

Ganhe mais dinheiro sem aumentar o rebanho.

www.agener.com.br - SAC: 0800 701 1799 Consulte sempre um Médico Veterinário 33


REVISTA O O GIROLANDO GIROLANDO REVISTA

Larissa Vieira

DIVULGAÇÃO

MATÉRIA DE CAPA

Consolidação do Puro Sintético e 5/8 Equipe e proprietários da Recanto da Fulôre Gustavo, Antônio José, Lia e Luiz Fernando e Fábio Júnior

Em 1995, um ano antes do Girolando ser reconhecido oficialmente como raça leiteira pura sintética nacional, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o criador mineiro Luiz Fernando Reis adquiriu um pequeno sítio em Ritápolis/MG, a 200km da capital Belo Horizonte. Não havia sequer uma estrada de acesso para a propriedade, que ele batizou de Recanto da Fulôre, mas a intenção era formar um rebanho leiteiro. “Os primeiros dez anos foram de adaptação e aprendizado, que em certos momentos foram 34

bem difíceis. Tinha alguns animais da raça Jersey, pouco comuns na região. Não fui bem-sucedido, vendi os exemplares e suspendi a atividade leiteira”, conta Luiz Fernando Reis. Depois de um tempo pesquisando e buscando informações mais práticas para a retomada da atividade leiteira, o criador concluiu que a raça mais adequada para selecionar seria a Girolando. Em busca de animais para comprar na região, conheceu o criador Olavo de Resende Barros Júnior, da Fazenda Morro da Mandioca, em Oliveira/MG.

“Combinamos um encontro na fazenda e lá fui ter o primeiro contato efetivo com os animais Girolando. Já no primeiro encontro recebi uma valiosíssima instrução sobre a raça e os fundamentos de sua formação. Comprei, nessa visita, 11 animais de variadas composições raciais, com o objetivo de fundar a Família Recanto da Fulôre, da raça Girolando”, lembra Reis, que posteriormente conheceu o criador Afonso Celso de Resende e o saudoso técnico da Girolando, Jesus Lopes Júnior, que também o incentivaram a investir


RAÍZES RURAIS

Uva Bolton do Morro premiada na Megaleite 2019

na criação do Puro Sintético (PS). Ao longo dos últimos anos, a Recanto da Fulôre vem investindo em cruzamentos para consolidação do PS. Hoje, em números, o rebanho conta com 50 vacas e 60 fêmeas em recria; destas últimas, 20 já próximas de entrar em produção. Nesse plantel, somente seis não são 5/8 ou PS, incluindo uma Jersey, que o criador faz questão de manter como lembrança dos primeiros tempos na pecuária leiteira. “O processo de seleção do PS é demorado e exige muita persistência, empenho e dedicação. Não tenho um rebanho numeroso e procuro adquirir animais muito pontualmente, buscando, fundamentalmente, reforçar o afixo Recanto da Fulôre. Com a orientação do técnico de registro, André Junqueira, temos buscado acasalamentos mais adequados”, ressalta Reis. Entre os destaques do Recanto da Fulôre está Uva Bolton do Morro, que caminha para seus 12 anos de idade, com nove partos. Originária do criató-

rio Morro da Mandioca, ela é uma vaca consagrada nas pistas, sendo a sua última conquista, em 2019, na Megaleite, quando alcançou os títulos de Campeã Vaca Longeva, Melhor Úbere Adulto e 3ª Melhor Vaca da Raça Girolando. “Ela é a síntese de toda a qualidade e eficiência que buscamos no Girolando”, informa. A fazenda integra o grupo de Rebanho Colaborador do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG) e utiliza sêmen de touros em teste, somente 5/8 e PS. Além disso, utiliza sêmen de reprodutores Girolando que estejam no Sumário de Touros ou que tenham avaliação genômica conhecida, com a inseminação artificial a técnica aplicada em todas as fêmeas em idade reprodutiva. Como o rebanho é fechado, está sempre produzindo novos animais PS. “Quando optei por criar a Raça Girolando buscava animais adaptados ao nosso clima e que pudessem produzir com eficiência a pasto. Hoje, vejo o absoluto acerto

dessa decisão com um plantel que tem saúde, é longevo e produz e se reproduz com eficiência. E, para justificar ainda mais o acerto da decisão tomada, hoje tenho consciência da importância de estar multiplicando com critério e qualidade uma raça que é resultado do esforço e dedicação de brasileiros comprometidos com a produção de alimento saudável e economicamente viável. Contamos com o apoio científico da Embrapa e de outras importantes instituições. Não há dúvida de que a Girolando, genuinamente brasileira, é a raça nacional para a produção de leite”, finaliza Luiz Fernando Reis. Mais rentabilidade com o 5/8 “Diversos trabalhos experimentais, realizados no Brasil e no exterior, mostram que as melhores proporções genéticas de animais mestiços para produção de leite estão em torno desse grau de sangue, para os países tropicais, com 62,5% de europeu e 37,5% de Zebu”. Essa declaração do médico-veterinário Vicente de Paula Mendes

35


DIVULGAÇÃO

REVISTA O GIROLANDO

Criador Luiz Eduardo Alcantara Bernardes

36

A2A2, de maior teor de sólidos, bom sistema mamário das filhas e da mãe do reprodutor, bons pés e cascos, além de observar a GPTA (Capacidade Prevista de Transmissão Genômica). Também utiliza a FIV. As novilhas e vacas CCG 3/4 são inseminadas com touros provados 5/8 para ampliar o número desses animais na fazenda. Hoje, o rebanho da Recanto Verde conta com 700 animais, sendo 120 Puro Sintéticos, 200 animais 5/8, além de exemplares CCG 3/4. “Cada dia é notório entre os criadores e produtores de leite que o mercado acredita nos touros 5/8 e PS. Por conta da evolução das ferramentas de seleção, o criador consegue selecionar seu rebanho pensando no futuro para que cada dia mais a raça se consolide nos cenários

nacional e internacional. Sempre acreditei que o 5/8 é a raça para quem quer produzir leite em qualquer sistema de produção”, acredita Bernardes. Ele juntou-se a outros 12 girolandistas do Centro-oeste mineiro para colocar em prática um projeto de produção de leite A2A2 de animais Girolando. “Estamos em fase de análises pré-operacional para ativar nosso laticínio (Vital A2 Agroindustrial e Comércio de Laticínios Ltda), localizado no município de Luz/MG. Ofertaremos ao mercado produtos oriundos 100% de vacas com Beta Caseína A2A2, sendo quase a totalidade do leite produzido por animais Girolando de várias composições, como: 3/4, 5/8, 1/2 e 1/4”, diz Luiz Eduardo Alcântara Bernardes. CLÉCIO DUARTE

Peloso, que ocupou o cargo de diretor da Divisão Zootécnica do Ministério da Agricultura, foi feita em 1986, dois anos antes do órgão publicar portaria aprovando o Regulamento para Formação da Raça Girolando. Os estudos realizados na época apontaram que a fixação no 5/8 Holandês + 3/8 Gir foi escolhida com base em alguns fatores, dentre eles: ser uma composição racial que apresenta menor dissociação mendeliana (menor segregação); melhor equilíbrio na proporção de sangue das raças mães; e maior padronização das características raciais após a bimestiçagem. Mesmo antes dessa definição, vários criadores já trabalham nesse sentido, como o mineiro Luiz Eduardo Alcântara Bernardes. Na Fazenda Recanto Verde, em Estrela do Indaiá/MG, distante 240km da capital mineira, os trabalhos começaram ainda na década de 1980. “Na época, iniciamos a formação de um rebanho 5/8, utilizando animais CCG 3/8 e CCG 1/4 e touros Holandeses. Dentro do sistema semi-intensivo praticado na Recanto Verde nos últimos 40 anos, os animais 5/8 se destacam pelo volume de leite produzido, maior persistência leiteira e consequentemente retorno financeiro, qual seja, mais dinheiro no caixa da Fazenda. Destaca-se ainda pela sua docilidade, dispensando o uso de ocitocina, sua rusticidade e longevidade”, conta o criador Luiz Bernardes.A propriedade utiliza a inseminação artificial há três décadas, sempre buscando touros provados 5/8, positivos para a beta caseína

Animais do criatório Recanto Verde


37


REVISTA O GIROLANDO

Larissa Vieira

MATÉRIA DE CAPA

Dica técnica para formação do 5/8 e PS O médico-veterinário e técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, Pétros Medeiros, explica como chegar a essas composições raciais e destaca os pontos fortes e os avanços genéticos dos rebanhos. Girolando- Que características dentro do 5/8 e PS os criadores devem focar na hora de definir os acasalamentos? Pétros Medeiros - Sempre quando o criador vai direcionar o acasalamento, independente da composição racial com a qual ele trabalha, deve levar em consideração as características que precisam ser melhoradas dentro do rebanho. Cada fazenda tem um manejo diferente, tem uma peculiaridade. O critério de seleção é muito individual. Hoje, a PTA Leite tem um peso grande nas propriedades, sendo uma característica que está bastante consolidada nos touros genômicos disponíveis no mercado. As informações são muito confiáveis e novas características serão divulgadas no Sumário de Touros de 2022, uma ferramenta que auxilia o criador a dar mais ênfase aos pontos que ele precisa melhorar dentro da fazenda para poder fazer esses acasalamentos mais direcionados. Girolando- Quais são os cruzamentos possíveis para a formação do 5/8 e PS? Pétros Medeiros - Existem várias opções de acasalamento para formação do 5/8. O principal deles é usar o touro Holandês em cima da vaca CCG 1/4. Nesse acasalamento, atinge-se melhor definição do padrão racial, garantindo o registro tanto de fêmeas quanto de machos. Porém, como a matriz CCG 1/4 não está disponível em grande número no mercado, outra opção de acasalamento que tem dado muito certo 38

é a utilização de touro CCG 3/4 em cima da vaca CCG 1/2. Como nesse tipo de cruzamento deixa-se de trabalhar com o touro Holandês, acaba economizando uma geração, indo direto para o 5/8 e obtendo registro tanto dos machos quanto das fêmeas. Nesses dois casos, observamos melhor padronização de fixação de padrão racial. O 5/8 também pode ser formado através de outros acasalamentos, como, por exemplo, o touro Holandês em cima da vaca CCG 3/8, que vai resultar em um 5/8 por aproximação, mas nesse acasalamento é permitido o registro somente das fêmeas, pois o macho não se aproxima da composição racial 5/8 Holandês + 3/8 Gir. Ele também pode ser obtido através do cruzamento do touro 5/8 com a vaca CCG 1/2. Nesse acasalamento também seria uma aproximação; então, só são registradas as fêmeas. O criador que pretende aproveitar também os machos deve evitar essas duas últimas opções. Lembrando que os únicos acasalamentos que produzem um macho 5/8 é o do touro Holandês em vaca CCG 1/4 e o do touro CCG 3/4 em vaca CCG 1/2. Existe ainda uma estratégia mais recente. Antigamente, não se registravam matrizes 5/8 Livro Aberto, mas agora é possível registrar. Ao cruzarmos essas matrizes com touros Puro Sintético ou 5/8, teremos um produto 5/8 Livro Fechado, e não PS, como ocorre ao acasalarmos vacas 5/8 Livro Fechado com touro 5/8. Já para a formação do PS, a matriz 5/8 Livro Fechado ou PS deve ser acasalada com touro 5/8 ou PS. Girolando- Os animais 5/8 e PS apresentam bom desempenho em que condições? Pétros Medeiros - Esses animais

PÉTROS MEDEIROS

se adaptam bem em qualquer região ou sistema de produção, seja semi-intensivo, a pasto ou confinamento. Temos vários índices demonstrando que a termorregulação deles é muito próxima às composições raciais mais resistentes. A persistência da lactação, a duração de lactação, os índices reprodutivos também são muito bons. Além disso, são animais com grande facilidade de adaptação aos mais diferentes manejos e rusticidade aliada à produção de leite. Quando foi definido esse cruzamento para fixação da raça, os índices de desempenho mostravam que os 5/8 já se sobressaíam. Hoje, os índices continuam mostrando uma alta eficiência do 5/8 quando colocados nas mesmas condições de manejo das demais composições e em grupos contemporâneos. Eles têm alcançado um desempenho funcional muito bom. Com o melhoramento genético constante das demais composições raciais e das raças mães Gir Leiteiro e Holandês, os criadores têm utilizado matrizes CCG 1/2 de muita qualidade para fazer as vacas CCG 1/4, que serão as mães das vacas 5/8. Com isso, o 5/8 e o PS estão colhendo os frutos do trabalho de seleção que vem sendo feito nos acasalamentos anteriores. Os animais que têm chegado ao mercado estão se destacando bastante.


REVISTA O GIROLANDO

Larissa Vieira

DIVULGAÇÃO FAZU

MATÉRIA DE CAPA

Vitrine tecnológica de Girolando Rebanho Girolando da FAZU

Parceria entre a Associação de Girolando e a Fazu prevê realização de pesquisas, capacitação técnica, ampliação e melhoramento do rebanho 5/8 e PS da instituição de ensino Uma vitrine tecnológica da raça Girolando está sendo erguida em Uberaba/MG, na fazenda modelo das Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu), para possibilitar aos produtores rurais mais acesso às inovações da pecuária leiteira. A iniciativa é resultado da cooperação técnica intensificada em 2022, entre a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando e a instituição de ensino. “Esta parceria tem como objetivo estabelecer um relacionamento contínuo entre a Fazu e a Associação, para levar diversos benefícios aos criadores, estudantes e técnicos. Será um ‘laboratório a céu aberto’ em uma das instituições de ensino mais tradicionais do país. A Fazu vem formando profissionais em várias áreas, principalmente no agronegócio, que estão atuando não só no Brasil, mas também em outros países da América Latina”, destaca

o presidente da Girolando, Odilon de Rezende Barbosa Filho. A proposta é ter na vitrine da Fazu somente animais Puro Sintético e de composição racial 5/8. Para ampliação do rebanho, a Associação doou 20 doses de sêmen de touros participantes do Teste de Progênie. Esse material genético será utilizado para inseminar as fêmeas do plantel da Fazu, hoje composto por 17 vacas em lactação que produzem 200 litros de leite/dia. “Todos os acasalamentos serão orientados por um técnico da Associação, focando a produção de animais dentro do padrão da raça e com bom desempenho zootécnico”, informa o superintendente Técnico da Girolando, Leandro Paiva. No final do ano passado, a equipe da Associação esteve na fazenda modelo da Fazu para avaliar os animais com o objetivo de selecionar aqueles dentro

do padrão racial para recebimento do registro genealógico. Novas avaliações estão programadas para este primeiro semestre do ano. De acordo com a coordenadora de Projetos da Fazu, Lívia Magalhães, a parceria ainda prevê o desenvolvimento de pesquisas com a raça, capacitação da equipe técnica da Associação e um programa de estágio contínuo para atuação dos estudantes nas rotinas técnicas da Associação. “Encontros técnicos sobre temas relacionados à pecuária leiteira também serão realizados. Com o trabalho conjunto das duas entidades esperamos aperfeiçoar a vitrine tecnológica a fim de que os produtores rurais venham a conhecer como a raça pode ser utilizada dentro de um sistema de produção a pasto, o que permite uma produção de leite sustentável e com rentabilidade”, destaca a coordenadora de Projetos da Fazu. 39


40


41


REVISTA O O GIROLANDO GIROLANDO REVISTA

Larissa Vieira

DIVULGAÇÃO

SUSTENTABILIDADE

Sustentabilidade em prática Fazenda Céu Azul conta com uma estrutura auto sustentável

DIVULGAÇÃO

Criatório Girolando Zago conta com estrutura de aproveitamento da água da chuva, da energia solar e de dejetos e uso de bioativos, comprovando que é possível ter um sistema 100% sustentável na pecuária leiteira.

Gerente Ricardo e o superintendente técnico da Girolando Leandro Paiva na área de tratamento de dejetos

Visando um sistema altamente sustentável de produção, a Fazenda Céu Azul, localizada no município de Perdizes/MG, distante cerca de 440km da capital Belo Horizonte/MG, tem conseguido elevar a produtividade do re42

banho sem impactar o meio ambiente. Da água da chuva, a luz do sol, até os dejetos gerados na propriedade, tudo é aproveitado para colocar em funcionamento um eficiente sistema de produção de leite, cuja média diária está em

torno de 13 mil litros. Com um plantel de Girolando de 1.200 cabeças, sendo 390 vacas em lactação, a fazenda especializou-se na seleção de animais CCG 1/2 e CCG 3/4. A história do Girolando Zago com a raça começou em 2012, quando foram adquiridas cinco matrizes Gir Leiteiro da Fazenda Calciolândia, localizada em Arcos/MG. “Quando iniciamos os trabalhos na propriedade, em 2010, o foco era a pecuária de corte, mas optamos por mudar para a pecuária leiteira por acreditarmos que seria uma atividade mais adequada para a área, bem como a estrutura que tínhamos. Nosso foco principal sempre foi vender genética Girolando a partir dos melhores touros Holandeses e das nossas doadoras Gir Leiteiro”, conta a criadora Maria Beatriz do Prado Zago. Dessa forma, as fêmeas de corte foram aproveitadas como receptoras e a propriedade passou a fazer embriões


DIVULGAÇÃO

Gerente da fazenda recebeu os técnicos da Girolando Edivaldo Júnior, Juscelino Ferreira e Leandro Paiva

Participante do PMGG, a fazenda está há três anos consecutivos entre as cinco melhores classificadas na categoria Maior Média de Produção de Leite por Dia de Vida (201 a 400 animais) do Ranking Nacional – Modalidade Rebanho, elaborado a partir de dados do Serviço de Controle Leiteiro. A seleção busca animais capazes de manter altas lactações sem o uso de ocitocina e BST. A fêmea CCG 3/4, Francisca FIV da PEZ, em sua segunda cria, acaba de bater o recorde da propriedade com produção de 93,9kg por dia, com DEL de 17 dias. Ela é filha de Estrelinha FIV da PEZ, Grande Campeã Nacional da Megaleite 2016, recordista mundial de leite na categoria Novilha ao atingir a média de 87,95kg/leite e mãe dos touros CCG 3/4 Dimitri FIV da PEZ e Apolo FIV da PEZ, contratados pela Alta Genetics. “Conquistamos o título de Melhor Criador Nacional e isso nos incentivou a buscar, dentro de nosso projeto, os melhores resultados e maiores desafios, demonstrados atualmente com inúmeros animais cujas produções superam 70,0kg/dia”, garante a

criadora. Com a parte genética consolidada, a fazenda buscou nos últimos anos aliar esse avanço a um sistema totalmente sustentável. A meta é chegar a 20 mil litros de leite/dia, mas sem abrir mão de manejo ambientalmente e ecologicamente correto. A fim de reaproDIVULGAÇÃO

CCG 1/2, objetivando a venda de bezerras de FIV Livro Fechado a partir das matrizes adquiridas e de doadoras produzidas na fazenda. “Ficamos tão impressionados com a qualidade dos primeiros lotes de bezerras nascidas que decidimos recriá-las para dar sequência à produção de Girolando”, lembra. O passo seguinte foi montar um projeto de produção de leite, inicialmente com capacidade para 4 mil litros/dia. Na época, a propriedade tinha instalações dimensionadas para a capacidade inicialmente prevista, que aos poucos ganharam diversas melhorias. Hoje, conta com três galpões de compost barn, com capacidade total para 700 cabeças, ordenha mecânica, bezerreiro coletivo. “Tudo foi construído pensando no bem-estar dos animais. Somos apaixonados pela raça Girolando, pois é muito rústica, longeva, dócil e produtiva. Ao longo destes anos de seleção conseguimos aprimorar a seleção tanto de CCG 1/2 quanto de CCG 3/4, explica o gerente do Girolando Zago, Ricardo Afonseca.

Bezerros recebem leite pasteurizado nos primeiros meses de vida

43


DIVULGAÇÃO Vacas na sala de ordenha da Céu Azul

44

25.000kwh/mês. Para complementar a demanda de energia, foi instalada mais uma usina fotovoltaica de solo, com produção estimada em 26.000kwh/ mês. Para a manutenção e limpeza dos equipamentos, foi instalado um sistema de energia solar, com capacidade

de 3.000lts. Todo esse complexo sustentável, aliado ao melhoramento animal, tem permitido à Fazenda Céu Azul agregar valor à genética que vem selecionando, já que cada vez mais o mercado exige um sistema sustentável de produção.

Origem do Girolando Zago

O Girolando Zago, de propriedade da pecuarista Maria Beatriz do Prado Zago, teve em suas origens os predicados e aprendizados inspirados e baseados na história de seus pais, Olegário Coelho do Prado e Celma Borges do Prado. Depois de atuar em várias funções, inclusive como peão boiadeiro e mascate de gado Zebu, “Seu” Olégário, como era conhecido, adquiriu uma pequena propriedade em Perdizes, a Fazenda Engenho Velho. Lá, deu início à criação de Gir registrado na época pela Sociedade Rural do Triangulo Mineiro (SRTM), hoje Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), entidade da qual foi um dos fundadores. Tempos depois resolveu apostar no cruzamento de Gir com Holandês, sendo pioneiro em sua região na criação de animais CCG 1/2 sangue. Com a morte de seus pais, Maria Beatriz decidiu dar sequência ao trabalho de seleção, fundando a marca Girolando Zago. “O Girolando já provou ser a raça ideal para produção de leite nos trópicos e tem respondido muito bem a um manejo sustentável. Somos apaixonados pela raça e temos muito a contribuir para seu avanço no País”, finaliza Maria Beatriz do Prado Zago. DIVULGAÇÃO

veitarem os recursos hídricos naturais, fizeram captação e o aproveitamento total das águas das chuvas que caem dos telhados das construções, que são armazenadas em reservatórios. As pistas de alimentação dos galpões são lavadas diariamente com a utilização das águas reaproveitadas das chuvas que, após tratamento no separador de sólidos e lagoas de aeração, retornam para o sistema de lavagem, sendo que seu excedente é utilizado na fertirrigação “Nossa ordenha, bem como a aspersão das pistas de alimentação e sala de espera, são lavadas diariamente, utilizando-se as águas das chuvas e, somente quando necessário, fazemos a utilização de água potável”, explica o gerente da Céu Azul. O esterco captado no separador de sólidos, pistas de recria e currais, juntamente com outros resíduos vegetais, são utilizados para a fabricação de composto orgânico. Na fertirrigação entra o composto natural TMT, produzido na biofábrica da propriedade. Ele é um aditivo de compostagem líquido, com diversidade biológica para manejo de doenças de solo causadas por fungos, bactérias e protozoários e pode ser usado em todas as culturas sem carência e sem toxicidade. Além disso, estimula o crescimento de microrganismos benéficos ao solo e libera nutrientes. “Diante de nossas experiências, acreditamos que em nossas próximas safras não teremos mais a utilização de adubos químicos”, informa Afonseca. Já para evitar a alta evaporação nos períodos de estiagem, foi instalada uma usina fotovoltaica flutuante, cuja produção é de aproximadamente

Usina fotovoltaica flutuante, cuja produção é de cerca de 25.000 kwh/mês.


45


REVISTA O O GIROLANDO GIROLANDO REVISTA

EMBRAPA GADO DE LEITE

PASTAGEM

Brasil desenvolve primeira cultivar ruziziensis Animais em área de pastagem BRS Integra

Chamada de BRS Integra, ela apresenta maior produção de forragem na entressafra O programa de melhoramento genético de forrageiras conduzido pela Embrapa desenvolveu a primeira cultivar de Urochloa ruziziensis ou Brachiaria ruziziensis, como o capim era denominado cientificamente (leia explicação no quadro abaixo). Essa cultivar foi desenvolvida para as condições de solo e clima no Brasil e recebeu o 46

nome de BRS Integra, por se destinar aos sistemas de “Integração Lavoura, Pecuária e Florestas” (ILPF). Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Fausto Souza Sobrinho, que conduziu os estudos, comparada à cultivar atualmente disponível no mercado (cv. Kennedy) a BRS Integra apresenta maior produção de forragem

na entressafra, quando o capim está solteiro na área. “Esse diferencial, no período de seca, torna a cultivar mais indicada para a ILPF, podendo contribuir com o aumento de produtividade desses sistemas”, explica. Antes da BRS Integra, a cv. Kennedy era a cultivar de ruziziensis existente no mercado de sementes forrageiras.


BRS Integra apresenta maior produção de forragem na entressafra.

O problema é que ela não foi desenvolvida especificamente para as condições edafoclimáticas (solo e clima) brasileiras. Para o pesquisador, apesar de possuir boa adaptação às diferentes condições ambientais do País, a cultivar Kennedy apresenta menor produção de forragem se comparada a cultivares de outras espécies de braquiária, como a brizantha ou a decumbens. “Isso acontece principalmente no inverno, durante a entressafra das lavouras, quando nos sistemas integrados de cultivo, as forrageiras se encontram sozinhas na área ou acompanhadas apenas pelo componente florestal”, afirma Souza Sobrinho. Ao manter a produtividade alta no inverno, a BRS Integra pode ser aproveitada tanto como forragem para alimentação do gado na entressafra, quanto como palhada para o próximo plantio das lavouras. O cientista explica ainda que, embora a brizantha e a decumbens pos-

suam maior área cultivada no País, a ruziziensis vem aumentando seu espaço com o incremento do ILPF. “A espécie tem sido muito utilizada nesses sistemas devido a sua melhor adaptação à sobressemeadura em relação às demais. O também pesquisador da Embrapa, Alexandre Brighenti, aponta outra vantagem. “A ruziziensis é mais sensível a herbicidas, demandando doses mais baixas na dessecação pré-semeadura de cultivos em sistemas de plantio direto”. Além disso, a produção de sementes da espécie é uniforme, pois só floresce uma vez por ano, tornando o seu controle mais fácil. Recomendações da Embrapa para o cultivo da BRS Integra Composta por plantas vigorosas, de porte médio, com altura entre 80cm a 110cm, a BRS Integra possui boa capacidade de cobertura do solo e o crescimento tende a ser ereto. Suas folhas possuem o terço final arqueado e me-

dem em média 25cm (comprimento) e 1,5cm (largura). A planta apresenta colmos finos e alta taxa de perfilhamento tanto basal quanto axilar (perfilhos aéreos). No campo experimental da Embrapa Gado de Leite, em Coronel Pacheco/ MG, o florescimento ocorre nos meses de fevereiro e março e a maturação das sementes, em abril e maio. Comparativamente à cv. Kennedy, a produção de forragem total e palhada da nova cultivar no outono/inverno (período seco em boa parte do País) é maior. Indicada para o Bioma Mata Atlântica, a BRS Integra se adaptada a solos de média a alta fertilidade, podendo ser cultivada desde o nível do mar até 1.800m de altitude. Os pesquisadores recomendam evitar o plantio em áreas de várzeas úmidas ou sujeitas a alagamentos. Se a semeadura for exclusiva, ou seja, para a formação do pasto, o solo deve ser pre47


REVISTA O GIROLANDO

Milho na palha em área integrada com a cultivar

parado de forma convencional, efetuando-se arações e gradagens, conforme a necessidade e condição do terreno. Na semeadura, é necessária atenção especial no controle de plantas daninhas para não comprometer o estabelecimento e a longevidade da pastagem. No caso de plantios consorciados, nos sistemas integrados de cultivo, a semeadura poderá ser realizada concomitantemente às lavouras. Outra forma é realizar o plantio, com um atraso de alguns dias em relação à lavoura, a fim de evitar ou reduzir a competição inicial com ela e, ainda, por meio da sobressemeadura próxima à colheita da lavoura. Calagem – deve ser realizada com antecedência mínima de 60 dias em relação à data prevista para a semeadura, com base nos resultados da análise de solo, visando alcançar 50% de saturação por bases, utilizando-se de calcário dolomítico, nas condições de baixo teor de Mg+2 aplicado antes da aração 48

do solo, aumentando assim, a eficiência na correção da acidez. Adubação de estabelecimento ou de plantio – precisa ser baseada nos resultados da análise de solo. Nas condições tropicais, os maiores limitantes em relação à fertilidade do solo estão relacionados aos baixos teores de fósforo e à acidez dos solos. Sendo assim, recomenda-se apenas a aplicação de adubação fosfatada, na base de 100kg/ ha de P2O5, distribuídos no fundo dos sulcos ou a lanço. A aplicação do potássio deverá ser realizada quando o teor de potássio trocável no solo for inferior a 50mg/dm3, numa dose de 80 a 100kg/ha de cloreto de potássio (KCl). Adubação de manutenção/cobertura – deve ser realizada 60 dias após a semeadura, sendo recomendada a aplicação de 200kg de N e K2O e 50kg de P2O5 por hectare/ano, fracionadas em três aplicações iguais (início, meio e final da época chuvosa). O adubo fosfatado poderá ser aplicado de uma

vez, no início da estação chuvosa. As adubações devem ser realizadas ao longo da estação das águas, quando as condições de umidade do solo forem favoráveis. Semeadura – A semeadura pode ser realizada tanto com máquinas quanto a lanço, utilizando sementes de alta qualidade entre dois a dez quilos/ ha de sementes puras viáveis. Quando o propósito é a semeadura direta, visando apenas a produção de palhada, normalmente são recomendadas menores quantidades de sementes. Semeaduras à lanço requerem maiores quantidades de sementes, que devem ser aumentadas quando o objetivo for a formação e o estabelecimento rápido de uma pastagem. Cigarrinhas-das-pastagens – A BRS Integra é suscetível às cigarrinhas das pastagens, assim como a cv. Kennedy.


REVISTA O GIROLANDO

André Pastori D’Aurea Zootecnista, doutor em Nutrição Animal e coordenador técnico da Premix CARLOS LOPES

PASTAGEM

Intensificar produção com pastejo rotacionado Pastagem merece cuidados para obter melhor resultado

A utilização do pastejo rotacionado é uma alternativa competitiva para o pecuarista que busca melhorar a lucratividade de sua propriedade. Com esse tipo de exploração é possível aumentar o aproveitamento do pasto e a taxa de lotação, que resultam em maior produtividade. De maneira geral, o período de descanso da pastagem é de 21 a 42 dias, tempo suficiente para que a maior parte das forrageiras recupere seu vigor. Vale destacar que o período depende das condições do solo e do clima e que o pastejo também deve ultrapassar 7 dias dentro do mesmo piquete. Pastejo rotacionado Existem diversos tipos e sistemas de manejo de pastagens, dentre eles: o contínuo, o alternado e o rotacionado, que nada mais é do que um pasto dividido em vários piquetes que sofrem períodos alternados de descanso e pastejo. Os piquetes mais eficientes são os de formação quadrada ou retangular, uma vez que projetam um pastejo mais uniforme e o seu comprimento não deve passar de três vezes a medida da largura. O número de piquetes é muito variável. Por isso, existe uma fórmula para ajudar o pecuarista a organizar, planejar e encontrar o número ideal para a propriedade: número de piquetes = período de descanso + 1 período de ocupação. Na prática, o que acontece é que enquanto um lote é pastejado, o outro piquete descansa. Após consumir a for-

ragem disponível, esse lote é transferido para o piquete seguinte. O sistema é capaz de aumentar a produção por área, oferecendo vantagens como: baixo custo de implantação, aumento da lotação e produção por área, melhor controle e intensificação do uso da pastagem e forragem disponível. Além disso, o pastejo rotacionado contribui para a recuperação e fortalecimento do rebrote do pasto, melhorando a distribuição de resíduos animais e a ciclagem de nutrientes no solo. Serve, também, para intensificar os animais de produção, principalmente os mais produtivos e com potencial para ganho. No entanto, todos os animais do rebanho podem pastejar em rotacionado desde que o sistema tenha sido dimensionado com espaço suficiente para todos. A importância da avaliação Antes de implantar o pastejo rotacionado é preciso avaliar a forragem que será explorada, o número de dias necessários para o descanso, as estruturas de cochos e bebedouros e a disponibilidade adequada de sal, suplemento e água. O criador também deve corrigir e adubar o solo (caso seja necessário), verificar os dias de ocupação que os animais farão no piquete e não se esquecer de treinar seus colaboradores sobre o manejo do novo sistema. Vale ressaltar que o manejo no curral, corredores, entrada e saída do pi-

quete afeta diretamente o sucesso do sistema. Por isso, é importante disponibilizar um espaço que permita boa circulação do rebanho e preparar a equipe para conduzir os animais sem estresse. A melhor forrageira Diversas discussões já foram feitas a esse respeito, porém não existe espécie de forrageira milagrosa para se cultivar. O apoio e a avaliação de um técnico são importantes para entender qual é a forrageira ideal para o solo da propriedade. O profissional também indicará se há necessidade de ajustes no solo ou a implantação de um novo tipo de capim, tudo para que a forrageira se adeque às carências do solo. Atenção à suplementação Algumas pessoas interpretam erroneamente o sistema rotacionado, acreditando que se o sistema aumenta a produção, consequentemente aumentará o pasto no inverno e que, por esse motivo, o gado não precisará de suplementação. Mas essa ideia está equivocada, já que a estacionalidade de produção de forragem ocorrerá normalmente. Por isso será necessário suplementar os animais. Pastejo alternado Outro recurso muito comum para evitar o esgotamento da pastagem pelo manejo contínuo é o pastejo alternado. Tão eficiente quanto o sistema rotacionado, consiste em transferir os animais para pastos mantidos em reserva, a fim de proporcionar descanso à pastagem. 49


REVISTA O O GIROLANDO GIROLANDO REVISTA

Thiago Brasil, Diretor Financeiro da Produzindo Certo

DIVULGAÇÃO

ECONOMIA

O desafio do crédito Produtor pode utilizar novos instrumentos financeiros disponíveis no mercado

Por que o produtor precisa de uma nova abordagem no financiamento da produção Quando se fala em sustentabilidade, quem pensa apenas em meio ambiente perde uma parte importante da conversa. Aspectos ambientais são cruciais – e serão cada vez mais cobrados de todos os setores econômicos –, mas há vários fatores em jogo para que os negócios se mantenham saudáveis, trazendo contribuição não só para os seus proprietários e acionistas, mas também para a sociedade como um todo. Não há empresa sustentável sem que esteja, por exemplo, com suas finanças em dia. Da mesma forma, não há produtor rural responsável sem os recursos necessários para 50

que ele financie e execute suas operações agrícolas dentro do que ensinam as melhores práticas produtivas e socioambientais. Quando o crédito falta ou fica mais caro, o desafio, que já não é pequeno, fica ainda maior. É este cenário, de maior incerteza financeira, que se desenha para 2022 no campo. Depois de safras positivas, com produtividade e preços agrícolas em alta, o clima – e aqui a palavra se aplica em duplo sentido, meteorológico e econômico – mudou. Estiagens no Sul e chuvas em excesso em outras regiões provocaram quebras importantes nos resultados da safra de ve-

rão. Em outra frente, a inflação dos insumos, alimentada pelo câmbio e alta demanda global, elevou os custos de produção. A conjuntura macroeconômica também já se mostrava desfavorável, com a escalada das taxas de juros nos últimos meses. Em meio a essa tempestade quase perfeita, uma torneira importante na irrigação do setor, com recursos para o custeio, fechou-se em um momento particularmente sensível para a maior parte dos agricultores: a janela que compreende a colheita da safra de verão seguida do plantio da safrinha. A alta dos juros consumiu os recur-


POINTIMAGENS

Produtor rural deve buscar mais possibilidades de acesso ao capital.

sos que o governo havia reservado no orçamento federal para fazer a equalização das taxas pagas aos agentes financeiros que concederam créditos subsidiados, previstos no Plano Safra, aos produtores rurais. Por conta disso, o Tesouro Nacional determinou a suspensão temporária, em fevereiro, da concessão de novos créditos. Não se trata de um fato inédito. No ano passado, houve movimento semelhante do Tesouro, que também suspendeu os subsídios por não ter recursos para bancar a diferença entre as taxas de mercado e as previstas no Plano Safra. A diferença, em outras ocasiões, foi o momento em que isso aconteceu. Em 2021, a safra estava no final e a interrupção teve menor impacto nas decisões dos produtores. Desta vez, porém, o timing foi cruel. Segundo a Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil (CNA), já foram empenhados mais de 99% dos R$7,83 bilhões que haviam sido destinados à equalização dos juros. E seriam necessários mais R$3 bilhões para impedir que a safra seja prejudicada. Ainda que o governo encontre uma solução e, como é provável que aconteça, realoque recursos para garantir as taxas subsidiadas, o episódio deixa no ar uma sensação de incerte-

za e uma percepção de que o assunto crédito precisa ser visto com outros olhos pelos produtores. Os recursos do Plano Safra, emprestados a taxas que vão de 4,5% (Pronaf) a 6% (Pronamp) são, sem dúvida, uma opção relevante para o custeio agrícola. A questão é que eles são limitados e sujeitos a fatores que fogem do controle das autoridades do setor. E, quando ele falta, recorrer a alternativas tradicionais pode sair caro, superando a casa dos 20% ao ano. Uma torneira se fecha, outra se abre Há uma brecha de céu azul, porém, nesse cenário cinzento. Momentos particularmente delicados costumam ser oportunidades para se olhar para o lado e testar soluções menos convencionais. Diante do aprendizado de que não se pode ficar excessivamente dependente de uma fonte de financiamento, conhecer e aprender sobre novos instrumentos financeiros disponíveis pode trazer ganhos em vários campos. Assim como ocorreu antes em outros setores da indústria financeira, o crédito e o seguro agrícola passam por um processo de inovação graças à chegada, às porteiras, de empresas de base tecnológica focadas na automação, na desburocratização e no consequente barateamen-

to de processos de análise de risco e crédito. Isso permite que se abram, para o produtor rural, novas possibilidades de acesso ao capital. Operações estruturadas, como a emissão de CRAs, tornam-se mais atrativas para os investidores, sobretudo pelo fato de que, com melhor visão da gestão das propriedades, eles se sentem mais confiantes em emprestar aos produtores. Com ferramentas que permitem analisar com transparência também a situação socioambiental das fazendas e sua evolução, o que antes era visto como uma caixa preta pelos donos do dinheiro, agora pode se transformar em uma caixa verde, que valorize a adoção de práticas ambientais, sociais e de governança no campo, revertendo-a em taxas mais atraentes para o produtor rural. Ao mesmo tempo em que os recursos ficam mais escassos nas vias tradicionais, a combinação de bons indicadores ambientais, sociais e financeiros é cada vez mais cobrada e valorizada pelos agentes financeiros. Assim, apurar a gestão, conhecendo mais a fundo cada aspecto da propriedade em todas essas áreas, é a chave para superar os desafios que estão diante de nós. 51


REVISTA O O GIROLANDO GIROLANDO REVISTA

Assessoria de imprensa da Allflex

DIVULGAÇÃO ALLFLEX

TECNOLOGIA

Monitoramento auxilia na tomada de decisão Animais com colar de monitoramento

DIVULGAÇÃO ALLFLEX

Tecnologia vem permitindo elevar os índices reprodutivos e auxilia na parte nutricional com monitoramento diário do tempo de ingestão

Anna Luiza Belli, coordenadora de Território da MSD Saúde Animal Intelligence

Aprimorar o trabalho de forma contínua é uma exigência no agronegócio, mas, com margens cada vez mais estreitas, o que era diferencial hoje tornou-se necessidade. Sabendo disso, 52

médicos-veterinários vêm buscando soluções práticas e com resultados efetivos para auxiliar seu trabalho técnico nas fazendas. No caso da produção de leite, por exemplo, as dificuldades se mostram cada vez mais desafiadoras, em especial na reprodução e diagnóstico de enfermidades, dois indicadores que impactam diretamente na lucratividade do produtor. “Temos necessidade constante de evoluir em indicadores zootécnicos para melhorar a rentabilidade. Sem o controle da porteira para fora, que é relativo ao comportamento do mercado, temos que controlar muito bem da porteira para dentro, monitorando os índices de produtividade”, explica o médico-veterinário Gabriel Caixeta, consultor pelo Grupo Apoiar, em diversas propriedades de Minas Gerais. O especialista em produção leiteira conta que um dos principais problemas encontrados em um de seus clientes, que trabalha coma a raça Holande-

sa, era a questão reprodutiva, diante de baixa taxa de serviço e taxa de concepção, gerando, por sua vez, baixa taxa de prenhez. “Inseminávamos pouco os animais e os que eram inseminados tinham baixa taxa de concepção”, diz, completando que quando comparado esse número em protocolo de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) e os animais em cio natural havia uma diferença grande. Foi nesse momento em que se viu a necessidade da adoção de tecnologia. A opção indicada pelo veterinário foi o sistema de monitoramento SenseHub, da Allflex, marca da MSD Saúde Animal Intelligence. “Do ponto de vista de reprodução, trabalhamos em um manejo similar ao que era aplicado na fazenda, só que com o benefício de taxa de detecção de cio de retorno bem mais alta. Por exemplo, saímos de uma situação na qual tínhamos uma vaca não observada em cio, diagnosticada vazia no dia 30 pós-inseminação


DIVULGAÇÃO ALLFLEX

Tecnologia permite monitoramento de dados relativos à reprodução

e inseminada novamente em um intervalo de 42 dias. Começamos a ter um animal no cio entre 21/23 dias, já passando pelo protocolo de inseminação”, explica Caixeta. Segundo ele, essa recuperação do que era um atraso de 20 dias se tornou agora sinônimo de produtividade, em que as vacas estão emprenhando, encerrando a lactação, entrando em nova lactação e produzindo mais leite rapidamente. De acordo com os dados do especialista, no último ano, a taxa de serviço da fazenda fechou em 55%, a taxa de concepção entre 25 e 28% e a taxa de prenhez em 14%. Com a utilização dos colares de monitoramento, os índices já chegaram a 73% de taxa de serviço, a concepção no cio natural saltou para 38% e a taxa de prenhez praticamente dobrou para 26%, com períodos de até 30%. Além dos benefícios para a reprodução, a tecnologia de monitoramento foi relevante também para aspectos sanitários, dando diagnóstico ativo para o período de transição. “Não adianta querer trabalhar com sanidade e esperar que a vaca conte quando está doente. O interessante é identificar a vaca doente de forma prévia e o colar de monitoramento faz isso, reportando os

animais que precisam de intervenção”, orienta Caixeta. Para a médica-veterinária e coordenadora de Território da MSD Saúde Animal Intelligence, Anna Luiza Belli, o sistema de monitoramento é um grande aliado para os técnicos que buscam otimizar sua forma de gestão dentro das propriedades. A tecnologia, além de trabalhar 24 horas por dia, 7 dias por semana, permite ao técnico verificar se suas orientações foram seguidas dentro da fazenda e pode lhe poupar o tempo, por exemplo, que seria usado para acompanhar se a rotina de trato está sendo feita nos momentos corretos. “Os técnicos que estão se desenvolvendo e procurando ser mais gestores do que apenas funcionários das fazendas, têm muito a ganhar com a adoção da tecnologia em suas consultorias”, explica. Auxílio na nutrição A antecipação ao problema proporcionada pela tecnologia de monitoramento também pode ser conferida na nutrição. Com monitoramento diário do tempo de ingestão é possível fazer avaliações individuais ou em grupos, acompanhando o comportamento de ruminação e as variações ao longo do dia. Trazendo esse panorama para a prática, em dietas com alto percentual

concentrado, ou ao contrário, pode-se encontrar um cenário em que os animais vão enfrentar alterações na ruminação. Num momento em que haja alteração da silagem e os teores de amido planejados para dieta forem alterados, a tecnologia de monitoramento pontuará as flutuações de ruminação e o aplicativo mostrará que a oscilação estava, por exemplo, fora do aceitável. Desse modo é possível fazer uma intervenção antes mesmo que os animais sejam acometidos por um quadro mais grave de acidose, por exemplo, gerando prejuízos na saúde, reprodução e produção do leite. Nesse aspecto nutricional, o médico-veterinário Lincoln Medeiros, que atende diversas propriedades leiteiras, também é um entusiasta da tecnologia de monitoramento como braço direito do profissional na fazenda. Para ele, a tecnologia de monitoramento ajuda a tornar mais seguras decisões que antes eram tomadas apenas com base na observação e hoje representa uma ferramenta prática e assertiva para fazer avaliações. “Falando enquanto nutricionista, sem o emprego de inovação, temos apenas a fotografia do dia da visita, mas não o histórico dos dias anteriores. Com os colares de monitoramento passamos a ter a visão de fora da fazenda, em um aspecto mais global e integrado. Pelo celular observo o dia em si, o comportamento da dieta, faço o comparativo mensal e então avalio a necessidade de reajustes com os dados fornecidos pelo aplicativo”, pontua Medeiros, elencando como um dos principais benefícios da tecnologia a orientação na tomada de decisão. Para a coordenadora de Território da MSD Saúde Animal Intelligence, Thatiane Kievitsbosch, o trabalho dos veterinários como consultores é imprescindível e a tecnologia de monitoramento ajuda a tornar o seu trabalho mais eficiente. “O gestor e o médico-veterinário seguem aplicando a metodologia da fazenda, mas com a possibilidade de um recurso rápido e assertivo, que mostra todo o entendimento do rebanho em telas, com informações que nem sempre somente a observação consegue identificar. Sob esse olhar integrado, somando profissionais atentos e o emprego de tecnologia aplicada, o campo segue trabalhando por resultados cada vez melhores”, ressalta Thatiane. 53


REVISTA O O GIROLANDO GIROLANDO REVISTA

Equipe Agener União

JADIR BISON

SANIDADE

30 anos da tecnologia que revolucionou a produção de leite no Brasil Novas tecnologias ajudaram a melhorar os índices da pecuária leiteira

Nas últimas décadas os avanços tecnológicos nas áreas de genética, nutrição, manejo, conforto e bem-estar animal permitiram enorme evolução da produção e produtividade leiteira. Para que se tenha como base, estudos nos Estados Unidos apontam que a produção de leite por vaca quadruplicou e a eficiência produtiva triplicou no último século. Não dispomos de estudos que nos deem a exata magnitude dessa evolução no Brasil, mas qualquer um que esteja envolvido na atividade nas últimas décadas (ou mesmo anos), consegue perceber que um processo semelhante ocorreu, talvez partindo de patamares diferentes, já que, de maneira geral, nossa produção e eficiência produtiva são mais baixas que as observadas nos Estados Unidos, muito embora tenhamos aqui sistemas de 54

produção e propriedades comparáveis com as que existem lá. Há 30 anos uma tecnologia inovadora e disruptiva, fruto dos desenvolvimentos em biotecnologia, à época pouco conhecida dos técnicos, produtores e público em geral, foi colocada no mercado de produção animal. Essa tecnologia, que revolucionou a produtividade, eficiência e lucratividade da produção leiteira nos países onde foi introduzida, é a somatotropina bovina (também conhecida pela sigla bST). O México foi o primeiro país a aprová-la em 1990, sob o nome comercial Lactotropin®, seguido do Brasil em 1992, como Lactotropin®, e dos Estados Unidos em 1994, sob o nome Posilac®. Seu desenvolvimento envolveu pesquisadores, universidades e a indústria

privada, além do suporte e supervisão de agências regulatórias federais, em vários países. Como consequência, já no momento de sua aprovação, mais de 1.000 estudos haviam sido conduzidos envolvendo mais de 20.000 vacas ao redor do mundo, demonstrando seus resultados e comprovando sua eficácia e segurança. Este nível de estudo e conhecimento prévio foi e continua sendo sem precedentes no lançamento de uma nova tecnologia. Posteriormente, ao longo dos últimos 30 anos, o que havia sido demonstrado nos estudos iniciais foi confirmado de forma consistente e inequívoca nos resultados práticos de seu uso em mais de 50 milhões de vacas desde seu lançamento, e dos também incontáveis estudos científicos adicionais que foram realizados em resposta aos mais diversos questio-


JORGE BORBA

Animais Girolando em sistema de compost barn

namentos que surgiram após o início de seu uso comercial. São muitas as características do Posilac®, uma formulação de liberação lenta de somatotropina, e os benefícios que proporciona a toda cadeia produtiva, que o distinguem dentre todas as tecnologias disponíveis. Talvez a mais marcante seja o fato de incrementar a produção de leite em até 20% ao dia, com resultado mensurável já a partir do primeiro dia em que é aplicado, sem prejuízos à saúde, reprodução, bem-estar e longevidade dos animais, tampouco qualquer alteração na composição e segurança do leite produzido para o consumo humano. Pense: qual outra tecnologia tem o poder de proporcionar uma resposta tão impactante, em tempo tão curto, para os animais, e de forma consistente entre as diferentes raças, sistemas de produção e geografia? O melhoramento genético pode resultar num incremento dessa magnitude, mas ao longo de anos, talvez décadas, por depender da entrada de novas gerações em produção, as questões

relacionadas ao manejo nutricional, reprodutivo ou sanitário, também são determinantes para o bom desempenho produtivo, mas a resposta é obtida em médio-longo prazos e sua magnitude é inversamente proporcional ao estado inicial, ou seja, os rebanhos com piores condições nutricionais, reprodutivas ou sanitárias, irão responder de forma mais significativa, por que na realidade se estará corrigindo falhas de manejo. Já a somatotropina, de forma distinta, é uma tecnologia que proporciona resultados maiores quanto melhores forem as condições iniciais, ou seja, tem potencial para levar o rebanho para patamares incrementais ou aditivos de produção e produtividade, só alcançáveis através do seu uso; por isso não concorre com outras tecnologias para o aumento de produtividade e eficiência, e sim devendo ser usada em conjunto com elas, proporcionando resultado em qualquer sistema, para alavancar os resultados das demais tecnologias. E se olharmos à frente, será que existe alguma tecnologia despontando

que irá superar essa resposta única e característica da somatotropina? Estamos na era das startups, e empreendedores estão buscando a inovação, muitas vezes alavancados financeiramente por grandes empresas em busca de oportunidades de negócios. As mais variadas ideias estão sendo desenvolvidas em ritmo acelerado, muitas com base na tecnologia da informação. Podemos citar sensores e até mesmo reconhecimento facial que permitem acompanhar o comportamento dos animais individualmente; drones que permitem acompanhar os animais ou as culturas no campo, sem precisar ir ao campo; ordenhas robotizadas evoluem com grande rapidez eliminando ou reduzindo drasticamente a mão de obra e o árduo trabalho necessário para a coleta do leite, tudo isso com coleta e interpretação de dados para a tomada de decisões através de acesso remoto, e em tempo real através de telefonia móvel. Muitas dessas tecnologias eram inimagináveis há poucos anos ou inacessíveis por questões de telecomuni55


DIVULGAÇÃO AGENER UNIÃO

REVISTA O GIROLANDO

Tecnologias permitiram a evolução da raça

cações no campo. Mas qual delas tem potencial de proporcionar o impacto em produtividade que a somatotropina trouxe ao mercado 30 anos atrás? Consegue apontar alguma? Na última década no Brasil a indústria leiteira tem vivido um momento de impulsionamento da produtividade através da melhoria do conforto. A crescente adoção de sistema de alojamento em “Compost Barns”, retirando os animais de ambientes de grande desconforto térmico e muitas vezes com contaminação por excesso de barro, tem promovido resultados reportados em algumas situações como próximos aos relatados para o Posilac® (conforme dito, aumento de produção de leite de até 20% ao dia); a diferença é que esse incremento vem a um custo de investimento inicial bastante elevado, que retorna ao longo do tempo, portanto infelizmente não pode ser adotado por todos. Por último, mas não menos impor56

tante, os tempos mudaram, assim como as demandas dos consumidores, que hoje exigem cada vez mais um compromisso com a sustentabilidade da produção. Ambientalistas têm a agricultura e, em especial, a pecuária bovina na mira, com acusações de originarem grande parte dos gases de efeito estufa. Nessa área, existem atualmente tecnologias sendo apresentadas ao mercado que também prometem ser disruptivas e realizar drástica diminuição da emissão de metano pelos bovinos; porém, o grande desafio ainda a ser entendido é quem vai pagar por isso. Sustentabilidade acontece quando anda de mãos dadas com produtividade, eficiência e lucratividade. Ser sustentável é sinônimo de produzir mais com menos, o que, por sua vez, é sinônimo de lucratividade. Nesse sentido o Posilac® também contribui de forma natural e gratuita. Ao aumentar a produção por vaca, dilui seu custo de manutenção, reduzindo a pegada de carbono da produção. Um

bônus creditado diretamente na saúde do nosso planeta. Por tudo isso celebramos o acesso que temos a essa formulação que une tradição e tecnologia de forma segura, sustentável e lucrativa. Sendo uma das poucas tecnologias a impactarem a produção leiteira de forma tão marcante e que ainda tem oportunidade de adoção ou intensificação de uso em um grande número de fazendas, dos mais variados tipos, tamanhos e sistemas de produção em todas as regiões, muitas vezes como fator determinante na viabilização econômica da atividade leiteira e, de quebra, mas não menos importante, contribuindo para o meio ambiente. Nossa forma de celebrar será através do compartilhamento de conhecimento sobre a tecnologia e o produto Posilac®. Dessa forma estamos certos que contribuímos para o sucesso da cadeia produtiva, através do seu uso correto e lucrativo.


REVISTA O O GIROLANDO GIROLANDO REVISTA

Larissa Vieira

GIROLANDO E VOCÊ

Avanços genéticos, mercado e sucessão no agro Participantes do 1° Simpósio do Núcleo de Criadores das Gerais

Simpósio promovido pelo Núcleo de Criadores Girolando das Gerais abordou esses três temas sob a ótica de renomados especialistas Os rumos do melhoramento genético do Girolando e das raças mães Gir Leiteiro e Holandês, as perspectivas do mercado do leite e a sucessão no agro foram temas do 1° Simpósio de Gado de Leite do Núcleo de Criadores Girolando das Gerais. O evento, ocorrido no dia 12 de março, na Fazenda Boa Esperança, em Florestal/MG, contou com a participação do vice-presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, Eugênio Deliberato Filho, do diretor Luiz Fernando Reis e de dezenas de criadores da raça. Com vasta experiência na seleção de animais 5/8, o criador Eugênio Deliberato Filho ministrou palestra sobre a evolução desse cruzamento nos últimos anos e as ações que a Associação está realizando para promover a raça. “Essa é a composição racial determinada pelo Ministério da Agricultura para a formação do Girolando e ela tem resultado em animais de grande rusticidade e produtividade, que aguentam calor e os mais variados tipos de manejo, totalmente preparada para os trópicos. E com o uso das ferramentas de seleção do PMGG conseguimos um grande avanço dos rebanhos 5/8”, assegura o vice-presidente. Ele destacou ainda as pesquisas que estão sendo feitas pela Embrapa, que permitirão a publicação, em breve, de novas características, como por exemplo, a termotolerância. O jurado e membro do Conselho Deliberativo Técnico da Girolando, Fábio Fogaça, que ministrou palestra sobre melhoramento genético, apontou a importância da coleta de dados zootécnicos para o fortalecimento da raça. “Sem informação não se leva uma raça para frente. A genômica sozinha não é nada: só teremos um monte de DNA,

mas não conseguiremos interpretar o que significa cada um dos marcadores. O criador tem a responsabilidade de coletar dados, participar de provas zootécnicas e enviar essas informações para a Associação de Girolando que, junto com a Embrapa, transformará esses dados em índices genéticos e nos mais diferenciados PTAs. Melhoramento genético não é ponto de vista, é ciência. Precisamos aumentar a intensidade de seleção, a acurácia dos dados, reduzir o intervalo de geração para garantir o avanço da raça”, esclarece Fogaça. Na visão do criador Adriano Bicalho, da Gir Leiteiro 2B, que ministrou palestra sobre os avanços genéticos da raça zebuína, é de extrema importância fazer uma correta escolha das matrizes para produzir animais funcionais e produtivos, que aumentarão a rentabilidade do sistema. “O Gir Leiteiro evoluiu nos últimos anos e à medida que ampliarmos as mensurações das características lineares, a avaliação genômica para mais características e o uso de touros jovens, poderemos utilizar todo esse ganho genético para produzir um Girolando moderno. É preciso descobrir as melhores genéticas Gir Leiteiro para produzir o melhor Girolando”, assegura Adriano Bicalho, que em 2020 iniciou o programa PMG2B Girolando, com o objetivo de produzir vacas CCG 1/2, futuras mães e avós de touros Girolando. Mercado do leite e sucessão no agro O 1° Simpósio de Gado de Leite do Núcleo de Criadores Girolando das Gerais ainda abriu espaço para dois temas de grande relevância na atividade leiteira: mercado do leite e sucessão nos negócios pecuários. O presidente da Comissão Técnica de Pecuária de Leite da Faemg, Jônadan Ma, destacou

que um trabalho conjunto entre os vários elos da cadeia produtiva pode trazer novo cenário para a atividade. “´No momento em que vemos a pecuária leiteira evoluindo, mas os custos elevando, precisamos trabalhar as relações do produtor internamente, mas também com a indústria. É o momento de promovermos ações conjuntas, pois todos estamos no mesmo lado, tornando a atividade viável para o produtor, para a indústria e também para que o consumidor tenha acesso a um leite de qualidade a preço viável”, diz Ma. Já a importância de preparar sucessores para o negócio foi o tema abordado pelo advogado e criador, Alexandre Lacerda. No Brasil, grande parte das empresas não sobrevive quando as gerações seguintes assumem os negócios. “Muito importante pensar o futuro de forma planejada, cuidar da sucessão e preparar os filhos para que, quando a pessoa for passar o ‘bastão’ tudo esteja organizado. Assim, os sucessores terão um futuro muito mais tranquilo. Não crie herdeiro, crie sucessor”, alerta Lacerda. Segundo o presidente do Núcleo de Criadores Girolando, Alexandre de Freitas, todos os temas abordados trouxeram questionamentos importantes para o sucesso da pecuária leiteira. “Ficamos muito satisfeitos com o resultado deste 1º Simpósio; vimos uma incrível troca de experiências, aliada a um viés muito forte de aproximação de toda a cadeia produtiva do leite, o que, a meu ver, é uma das principais funções dos núcleos de fomento, já que servimos de elo entre os produtores e a Associação Girolando, bem como a todos os demais envolvidos na pecuária de leite”, destaca Freitas. 57


REVISTA O O GIROLANDO GIROLANDO REVISTA

Larissa Vieira

JADIR BISON

GIROLANDO E VOCÊ

Agenda repleta de grandes eventos ExpoZebu terá a presença da Girolando nas pistas

Exposições confirmadas em várias regiões colocam em evidência o Girolando A raça Girolando está confirmada em vários eventos neste primeiro semestre de 2022. Um deles é a 87ª edição da ExpoZebu (Exposição Internacional das Raças Zebuínas), que acontecerá de 30 de abril a 8 de maio, no Parque Fernando Costa, em Uberaba/MG. Foram disponibilizadas 120 vagas para julgamento e 10 vagas para o Torneio Leiteiro. Os julgamentos acontecerão nos dias 5 e 6 de maio, sendo na parte da tarde no primeiro dia, e pela manhã e à tarde no segundo. O jurado responsável será definido durante sorteio, em que concorrerão os três jurados mais votados pelos expositores. Todo criador que fizer as inscrições de seus animais para julgamento até o dia 4 de abril deverá indicar o nome de três jurados efetivos, em ordem de preferência, dentre os nomes disponíveis em lista publicada pela Associação de Girolando. “Serão dois dias de competições na pista e, certamente, teremos animais de extrema qualidade disputando as premiações. A ExpoZebu é uma vitrine importante para a raça Girolando, pois o evento tem grande público, tanto do Brasil quanto do exterior, em busca de genética superior. Será mais um ano de parceria de sucesso com a ABCZ”, destaca o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, Odilon de Rezende Barbosa Filho. 58

O Torneio Leiteiro será de 1º a 4 de maio. Além das competições, os visitantes da ExpoZebu poderão participar do “Dia G – PS e 5/8”. Agendado para o dia 5 de maio, logo após o final dos trabalhos de julgamento, no início da noite, o evento terá uma mesa redonda sobre os avanços da raça Girolando, com a participação de especialistas e criadores. A programação completa ainda está sendo definida e será publicada no site da entidade (www.girolando. com.br). Programação da Megaleite 2022 A Associação Brasileira dos Criadores de Girolando definiu a programação técnica preliminar da 17ª Exposição Brasileira do Agronegócio do Leite (Megaleite), agendada para o período de 15 a 18 de junho, no Parque da Gameleira, em Belo Horizonte/MG. As principais raças leiteiras do país participarão da Megaleite 2022, que ainda contará com uma série de atividades que permitirão ao público em geral conhecer os avanços da pecuária leiteira nacional. Dentre as exposições programadas, a Megaleite sediará a 31ª Exposição Nacional de Girolando e terá 600 vagas para as competições de julgamento e 22 para o torneio leiteiro. As inscrições terão início no dia 4 de abril pelo Portal Web Girolando. Julgamentos – As inscrições terão descon-

tos variados conforme o período de adesão. • De 04/04 a 29/04/2022 - Valor de R$ 75,00 por animal. • De 30/04 a 27/05/2022 – Valor de R$ 100,00 por animal. • De 28/05 a 05/06/2022 – Valor de R$ 125,00 por animal. Cada expositor poderá inscrever até 12 animais para o julgamento de cada composição racial e até quatro animais para mostra. Os expositores que efetuarem as inscrições até 27 de maio poderão sugerir o jurado efetivo para o evento. Torneio Leiteiro – O período de inscrições para torneio leiteiro vai de 4 de abril a 27 de maio. Cada expositor poderá inscrever até três animais, mediante disponibilidade de vagas. • Valor para fêmeas inscritas no Serviço de Controle Leiteiro da Girolando – R$ 250,00 por animal. • Valor para fêmeas não inscritas no Serviço de Controle Leiteiro da Girolando – R$ 1.000,00 por animal. Tratadores (para alojamento no Parque da Gameleira) • De 4 de abril a 5 de junho – Valor: R$ 300,00 por pessoa. • A partir de 06/06/2022 – Valor de R$ 500,00 por pessoa.


Programação Megaleite 2022

SEGUNDA-FEIRA (06/06/2022) a QUINTA-FEIRA (09/06/2022) Entrada de Animais • 08:00 –18:00 – Início da entrada dos animais para torneio leiteiro (todas as raças) SEXTA-FEIRA (10/06/2022) Entrada de Animais • 8:00 – 18:00 – Início da entrada dos animais para julgamento, mostra e continuação da entrada dos animais para torneio leiteiro (todas as raças) SÁBADO (11/06/2022) Entrada de Animais • 08:00 – 09:00 – Encerramento da entrada dos animais Girolando para torneio leiteiro • 08:00 – 18:00 – Continuação da entrada dos animais Girolando para julgamento e mostra • 08:00 – 18:00 – Continuação da entrada dos animais para julgamento, mostra e torneio leiteiro (raças parceiras) Torneio Leiteiro • 09:30 – 10:00 – Reunião da comissão técnica com os expositores e participantes do torneio leiteiro de Girolando • 10:00 – 13:00 – Realização de exames clínicos e laboratoriais dos animais Girolando participantes do torneio leiteiro • 14:00 – Início da fiscalização do torneio leiteiro de Girolando DOMINGO (12/06/2022) Entrada de Animais • 08:00 – 18:00 – Continuação da entrada dos animais para julgamento, mostra e torneio leiteiro (raças parceiras) • 08:00 – 18:00 – Encerramento da entrada dos animais Girolando para julgamento e mostra SEGUNDA-FEIRA (13/06/2022) Entrada de Animais • 08:00 – 12:00 – Encerramento da entrada dos animais para julgamento, mostra e torneio leiteiro (raças parceiras) • 08:00 – 10:00 – Mensuração e pesagem oficial dos machos Girolando para julgamento Local: Currais de Manejo • 19:00 – 20:00 – Reunião da comissão de ética da Girolando com os expositores, tratadores e apresentadores de animais Local: Camarote Master Torneio Leiteiro • 14:00 – 1ª ordenha do torneio leiteiro de Girolando • 22:00 – 2ª ordenha do torneio leiteiro de Girolando TERÇA-FEIRA (14/06/2022) Julgamento • 17:00 – Divulgação da comissão de jurados efetivos e sorteios da raça Girolando (composição racial e jurados assistentes) Local: Camarote Master

Torneio Leiteiro • 06:00 – 3ª ordenha do torneio leiteiro de Girolando • 14:00 – 4ª ordenha do torneio leiteiro de Girolando • 22:00 – 5ª ordenha do torneio leiteiro de Girolando QUARTA-FEIRA (15/06/2022) Programação Especial • 09:00 – Abertura oficial e hasteamento das bandeiras Local: Camarote Master • 10:00 – Entrega do “Mérito Girolando” Local: Camarote Master Julgamento • 15:00 – Início do julgamento de Girolando (Fêmeas Jovens CCG 3/4) Torneio Leiteiro • 06:00 – 6ª ordenha do torneio leiteiro de Girolando • 14:00 – 7ª ordenha do torneio leiteiro de Girolando • 22:00 – 8ª ordenha do torneio leiteiro de Girolando QUINTA-FEIRA (16/06/2022) Programação Especial • 18:30 – Divulgação dos sumários do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG) Local: Parque da Gameleira Julgamento • 09:00 – Julgamento de Girolando (Fêmeas Jovens CCG 1/4) • 15:00 – Julgamento de Girolando (Machos CCG 3/4 e Machos da Raça Girolando) Torneio Leiteiro • 06:00 – 9ª ordenha do torneio leiteiro de Girolando • 14:00 – 10ª ordenha do torneio leiteiro de Girolando (encerramento) SEXTA-FEIRA (17/06/2022) Julgamento • 09:00 – Julgamento de Girolando (Fêmeas Jovens CCG 1/2) • 15:00 – Julgamento de Girolando (Fêmeas Jovens da Raça Girolando) SÁBADO (18/06/2022) Programação Especial • 13:00 – Entrega da premiação e desfile das campeãs do 31º Torneio Leiteiro Nacional de Girolando Local: Parque da Gameleira | Pista de Julgamento (A DEFINIR) • 20:00 – Coquetel de encerramento da Megaleite 2022 e do Ranking Nacional Girolando 2021/2022 Local: Parque da Gameleira Julgamento • 09:00 – Julgamento de Girolando (Fêmeas Adultas e Progênies CCG 3/4 e CCG 1/4) • 15:00 – Julgamento de Girolando (Fêmeas Adultas e Progênies CCG 1/2 e da Raça Girolando) DOMINGO (19/06/2022) Saída dos Animais • 06:00 – Início da saída dos animais da Megaleite 2022

59


Diretor Domício Arruda durante premiação da Expo Belo Campo

2ª Expo Belo Campo A 2ª Expo Belo Campo movimentou o interior baiano, no mês de fevereiro, entre os dias 16 e 20. O evento sediou uma exposição ranqueada pela Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, com os julgamentos conduzidos pelo jurado Leandro Paiva, tendo como jurado de admissão Gabriel Khoury da Costa. Participaram 90 animais. A abertura oficial do evento contou com a presença de autoridades locais, políticos do estado e produtores. O prefeito da cidade, José Henrique Silva Tigre, conhecido como Quinho, é associado da Girolando e declarou que está trabalhando pelo fomento da raça na região. O diretor de Relações Institucionais e Comerciais da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, Domício Arruda, representou a entidade no evento. Produtores de leite da região de Campo Belo e estudantes do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Tecnologia e Ciência de Vitória da Conquista-BA (FTC) participaram de uma palestra sobre a raça. Durante o evento, o superintendente Técnico da Associação, Leandro Paiva, falou sobre as principais caracte-

rísticas dos animais, estratégias de cruzamento, avanços genéticos alcançados, assim como sobre a atuação da entidade para fomentar a raça em todo o País. A 2ª Expo Belo Campo foi organizada pela Prefeitura Municipal de Belo Campo. Confira os principais resultados: CCG 1/2HOL + 1/2GIR Melhor Fêmea Jovem: JGSA 1933 FIV

Gengis Khan Porteira Azul Expositor: José Geraldo Souza Almeida Vaca Jovem: Troia FIV Montross da IFQ Expositor: Zirlene Soares Pereira Grande Campeã: Niceia FIV Altarabo Bon.Belem Expositor: Isaque Ruas Lima Silva CCG 1/4 HOL + 3/4 GIR Melhor Fêmea Jovem: Carlota FIV Metano Saia Rodada Expositor: Hamilton de Araújo Bacelar Filho CCG 3/4HOL + 1/4GIR Melhor Fêmea Jovem: JGSA 2126 FIV ADMIRAL PORTEIRA AZUL Expositor: José Geraldo Souza Almeida Melhor Vaca Jovem: JGSA 1185 FIV Monterey Porteira Azul Expositor: José Geraldo Souza Almeida Grande Campeã: Evita Aftershock Porteira Azul Expositor: Isaque Ruas Lima Silva Grande campeão: Faro FIV Spaulding da JJPZ Expositor: Zirlene Soares Pereira

Julgamento de Girolando da Expo Belo Campo

Agenda de eventos 03/04 - Leilão Virtual Cabeceiras do Leite – Transmissão pelos Canais do YouTube Nem Assessoria e Pai e Filho Leilões 18/04 a 23/04 - 1ª Exposição Regional Girolando sem Fronteiras - Leopoldina-MG 17/05 a 22/05 - 50ª Exposição Agropecuária de Itapetinga - Itapetinga-BA 01/06 a 04/06 - 32ª Exposição Agropecuária de Oliveira - Oliveira-MG 15/06 a 18/06 - Megaleite 2022 - Belo Horizonte - MG 60


REVISTA O GIROLANDO

NOVOS ASSOCIADOS ESTES SÃO OS NOVOS CRIADORES E ENTIDADES DE CLASSE QUE PASSARAM A INTEGRAR O QUADRO SOCIAL DA GIROLANDO NOS MESES NOVEMBRO / DEZEMBRO DE 2021 E JANEIRO 2022. Nº

CRIADOR

MUNÍCIPIO

10469 10476 10464 10463 10470 10460 10500 10472 10467 10456 10508 10480 10453 10512 10485 10462 10474 10478 10461 10482 10454 10487 10516 10494 10473 10521 10504 10468 10483 10459 10501 10510 10455 10505

Adib Cecílio Domingos Adnaldo Ferreira de Domingos Aldênia Maria Leite Lacerda Aluísio Piantino de Melo Lemos Agropecuária e Mineração Lagoa Alta Ltda Agropecuária Martona Ltda Alysson Walter Campos Antônio Donizetti de Mendonça Antônio Fábio Magalhães do Carmo Antônio Sia Neto Assoc.dos Bovinocultores de Leite de Jaguaretama - Jaguarleite Breno Meneses Gomes Bruna Oliveira Silva/Adnilson Paula D`Abadia Netto Cacíldo José Francisco de Souza Júnior Carlos Henrique Ribeiro Carlos Roberto Scalon Borges Coop. Regional dos Produtores de Leite de Alto Horizonte Daniel Vanderlinde Trindade Denis Vilas Boas Reis Élcio Padovan Correia Ester dos Santos Silva Fábio Braga Soares Fabrício Rodrigues de Oliveira Fausto Alves Pires Fazenda 2 Lagos Francisco Antônio Martins Francisco Miguel Ferraz de Carvalho Pereira Francisco Miguel Rocha Aguiar Gabriel Trugilho Ofrante Geraldo Roberto Rocha Graziele Tavares de Queiroz Geisy Lene de Souza Hodges Evangelista de Castro Irlanio Medeiros Pinheiro

Uberlândia - MG Jaborandi - BA Piancó - PB Passos - MG São Felix de Minas - MG Pouso Alegre - MG Carvalhos - MG Passos- MG Valinhos - SP Patrocínio - MG Jaguaribe - CE Caruaru - PE Uberlândia - MG Campo Grande - MS Mercês - MG Sacramento - MG Alto Horizonte - GO Ji-Paraná - RO Natércia - MG Presidente Venceslau SP Itapetininga - SP Vitória - ES Pouso Alegre - MG Aparecida de Goiânia - GO Mossoró - RN Brasília - DF Salvador - BA Rio Paranaíba - MG Alfredo Chaves - ES Capelinha - MG Ituiutaba - MG Teresina - PI Bauru - SP Milhã - CE

10479 10513 10481 10507 10502 10520 10511 10471 10488 10484 10496 10514 10489 10458 10517 10486 10492 10477 10497 10509 10493 10519 10518 10515 10466 10465 10506 10503 10495 10499 10498 10490 10491 10475

CRIADOR

MUNÍCIPIO

Isaac da Costa Barbosa Júnior Jarbas Fernandes Bomfim Jôze José Camilo João Eduardo Costa José Domário Moreira dos Santos José Manoel dos Santos José Roberto Lourenço Júlio Cezar Gomes dos Santos Leandro Augusto Dias Ferreira Leandro Kayayan Kamla Vieira Leonardo Andres Herrera da Silva Lucas Carvalho Pereira Luiz Renato Fernandes Manoel Carlos Gomes Lemos Marcelo Cicero de Freitas Marcelo Machado de Souza Lima Marli Divina Queiroz Marlucio de Souza Borges Maurício Vieira Mauro Henrique de Oliveira Côbo Moises Pereira Nasser Ney Soares Rocha Nilson de Oliveira Moraes Paulo de Aleluia Ricardo Wagner do Valle Filho Rio Pec Rio Sangue Pecuária AS Roberto Menezes Maciel Rodolfo de Souza Lourenço Romir Barbosa Guerra Ronaldo Pereira de Rezende Roque Manoel Santos de Carvalho Tarcio Barbosa Secco Timothy Dale Carter Wilson Almeida Benevides

Marabá - PA Itabuna - BA Riacho das Almas - PE Ribeira do Pombal - BA Capim Grosso - BA Matutina - MG Ponte Nova - MG Bom Jesus do Galho - SP Guararema - SP São Gonçalo do Pará - MG Nova Mamoré - RO Maceió - AL Campos dos Goytacazes - RJ Mirassol - SP Belo Horizonte - MG Juiz de Fora - MG Caçu - GO Campinas - SP Ribeirão das Neves - MG Conceição das Alagoas - MG Rio Novo do Sul - ES Santa Margarida - MG Goiânia - GO Águas Claras - DF Itaguaí - RJ Cuiabá - MT Curvelo - MG Itirapuã - SP Nova Lima - MG Leopoldina - MG Salvador - BA Muriaé - MG São Paulo - SP Belo Horizonte - MG

Associação Brasileira dos Criadores de Girolando Triênio 2020-2022 PRESIDENTE: Odilon de Rezende Barbosa Filho VICE-PRESIDENTE: Eugênio Deliberato Filho 1º. DIRETOR-ADMINISTRATIVO: Marcos Amaral Teixeira 2º. DIRETOR-ADMINISTRATIVO: Márcio Luís Mendonça Alvim 1º. DIRETOR-FINANCEIRO: José Antônio da Silva Clemente 2º. DIRETOR-FINANCEIRO: Luiz Fernando Reis DIRETOR RELAÇÕES INST. E COMERCIAIS: Domício José Gregório A. Silva

DIRETOR TÉCNICO CIENTÍFICO: José Renato Chiari DIRETOR DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS: Tatiane Almeida Drummond Tetzner DIRETOR DE FOMENTO E EVENTOS: Aurora Trefzger Cinato Real CONSELHO FISCAL: Afonso Celso de Resende Alexandre Honorato José Luiz Zago CONSELHO CONSULTIVO: Everardo Leonel Hostalácio Alexandre Lopes Lacerda Paulo Cruz Martins Junqueira

Marcelo Renck Real Ronan Rinaldi de Souza Salgueiro SUPLENTES CONSELHO FISCAL: Marcos José de Paiva Gustavo Frederico Burger Aguiar João Eduardo Benini Reis SUPLENTES DO CONSELHO CONSULTIVO: Adaulto Augusto Nascimento Feitosa Paulo Victor Sousa Machado Leonardo Xavier Gonçalves Nelson Ariza Olavo de Resende Barros Junior

Conselho de Representantes Estaduais: AL AL AL AM AM BA BA BA BA CE DF ES ES GO GO GO MG MG MG MG MG

Alexandre Gondim da R. Oiticica André Gama Ramalho Marcos Ramos Costa Ildo Lúcio Gardingo Muni Lourenço Silva Júnior Cláudio Micucci Vaz Almeida Fernando Luiz Andrade Rocha Francisco Peltier Queiroz Filho Valdemir Acácio Osório Diego Teixeira Brito Léo Machado Ferreira Rodrigo José Gonçalves Monteiro Marcos Corteletti Ildo Ferreira (in memoriam) Adauto Luís Caumo Rogério Omar Correa Bernardo Sousa Lima Mattos de Paiva Wander Campos Marcos Rodrigo Bernardo Silva Alex Lima Alves Luiz Cláudio Bastos de Moura

MG José Eduardo Coelho Branco Junqueira Ferraz MG Paulo Roberto Andrade Cunha MG Evandro do Carmo Guimaraes MG João Machado Prata Junior MG Rodrigo Lauar Lignani MG Arildo Benetti Ferreira MG Rubens Balieiro de Souza MG Maria Cristina Alves Garcia MG Maria Helena Freitas dos Santos MG Marcelo Pinto Pelegrini Cancela MG José Coelho da Rocha MG Roberto de Azevedo Rezende MG Sérgio Reis Peixoto MG João Dario Ribeiro MS Fábio Taveira Sandim MS Gustavo Henrique Panucci da Silva MS Thiago Barros Xavier MS Thiago Nogueira Lemos MT Aylon David Neves PA Adelino Junqueira Franco Neto PB Antônio Dimas Cabral

PE Cristiano Nobrega Malta PI José Gomes do Amaral Neto PR Ronald Rabbers PR Bernardo Garcia de Araújo Jorge RJ Cipriano Bairral RJ Jean Vic Mesabarba e Aguiar Arrabal de M. Vicente RJ André Luís Gonçalves de Souza RJ José Gabriel Souza Machado RN Ricardo José Roriz da Rocha RN Alexandre Carlos Mendes RN Manoel Montenegro Neto RO Darcy Afonso da Silva Neto RO Gilberto Assis Miranda RO Otayr Costa Filho RS Álvaro José Bombonatto RS José Adalmir Ribeiro do Amaral RS Roberta Quinteiro de Medeiros Rigol SE Lafayette Franco Sobral SE João Bosco Machado SP Rubens Aparecido Câmara Júnior SP Raul de Oliveira Andrade Neto

SP SP SP SP SP SP SP SP TO

Paulo Gabriel Reis Nader Eduardo Lopes de Freitas Pedro Luiz Dias Fructuoso Roberto de Lima Filho Roberta Bertin Barros Alexandre Pereira da Costa Paulo Massanori Yamamoto Fernando Antônio de Macedo Napoleão Machado Prata

CDT Membros Natos Fernando Augusto, Leandro Paiva Membros Efetivos Edivaldo Júnior, Fábio Fogaça, Gustavo Gonçalves, José Renato Chiari, Maurício Coelho, Marcello Mamedes, Olavo Barros Júnior, Samuel Bastos, Tiago Ferreira

61


REVISTA O GIROLANDO

GIROLANDO KIDS

Analice França Sandim - Estância Água Milagrosa - Corguinho-MS

Helena Bicalho de Andrade acariciando Helena FIV Dedicada DOC Xanda Fazenda Santa Clara Morro do Ferro - Oliveira-MG

Isabela, João Lucas, Mariana, Miguel, Isadora, Luiza Letícia - Fazenda Santa Maria em Nova Andradina-MS

62 60


Sofia e os pais Rafael e Isaura do Gir e Girolando Rafas - Bom Despacho-MG

Manuela e o pai Fernando - Fazenda do Retiro - Carmo da Mata-MG

Theo e Maya com o avô Mádisson Pereira Machado - Fazenda Marambaia - Natividade -RJ

Quer ver a foto do seu filho na revista Girolando? Envie a foto junto com o nome da criança e da propriedade para o e-mail imprensa@girolando.com.br 61 63


FALE CONOSCO

64

Depto. Financeiro / ADM / MKT Dúvidas / Reclamações: faleconosco@girolando.com.br SUP. TÉCNICA TÉCNICOS PMGG EQUIPE DE CONSULTORES TÉCNICOS DO SRGRG

Associação Brasileira dos Criadores de Girolando

Nome

Cargo/Profissão

Telefone

ADT Assessoria de Imprensa Assessoria Executiva da Diretoria Bottons Cobrança Compras Contabilidade Contas a pagar Controle Leiteiro Departamento do Colégio de Jurados DNA Faturamento Genealogia Gerência de Projetos Grife Marketing PMGG / Teste de Progênie Protocolo Recursos Humanos Reprodutivo Secretaria Executiva da Diretoria Secretaria Executiva do Departamento Técnico Superintendência Administrativa e Financeira Superintendência de Tecnologia da Informação Web Girolando Edivaldo Ferreira Júnior Leandro de Carvalho Paiva Mariana D Angelo Moreno Yasmine Micaella Lopes Loubach e Silva

Sup. Téc. Suplente - Coord. PMGG - Zootecnista Superintendente Técnico - Zootecnista Trainee Trainee

Email

Cidade/UF

adt@girolando.com.br imprensa@girolando.com.br jmauad@girolando.com.br bottons@girolando.com.br cobranca@girolando.com.br compras@girolando.com.br contabilidade@girolando.com.br contas@girolando.com.br scl@girolando.com.br cjrg@girolando.com.br dna@girolando.com.br faturamento@girolando.com.br genealogia@girolando.com.br projetos@girolando.com.br grife@girolando.com.br marketing@girolando.com.br pmgg@girolando.com.br protocolo@girolando.com.br rh@girolando.com.br reprodutivo@girolando.com.br diretoria@girolando.com.br cjrg@girolando.com.br sup.administrativo@girolando.com.br sup.tic@girolando.com.br duvidasweb@girolando.com.br (34) 99113-2315 / 99686-3813 (34) 99108-1925 / 99998-2928 (34) 3331-6000 (34) 3331-6000

ejunior@girolando.com.br sup.tecnico@girolando.com.br mmoreno@girolando.com.br yloubach@girolando.com.br

Uberaba/MG Uberaba/MG Uberaba/MG Uberaba/MG

Frederico Eduardo Martins de Paiva José Wagner Borges Júnior

Consultor Técnico - Zootecnista Consultor Técnico - Zootecnista

(34) 99159-3213 (34) 98823-8267 / 99971-4367

fmartins@girolando.com.br jowagner@girolando.com.br

Uberaba/MG Uberaba/MG

Ahed Farias Abu El Haj André Nogueira Junqueira Antônio Carlos Alves Brum Ariana de Miranda Barros Breno de Morais Cavalcanti Cléssio José Gomes Moreira Dagmar Aparecido Rezende Ferreira Diogo Balderramas Hulpan Pereira Emilio Afonso da Silva Filho Érico Maisano Ribeiro Euclides Prata dos Santos Neto Fernando Boaventura Oliveira Gabriel Khoury da Costa George Abreu Geraldo Gomes Pereira da Silva Neto Gilmar Sartori Júnior José Renes da Silva Juscelino Alves Ferreira Katilene Lima de Morais Limírio Cézar Bizinotto Marcello de Aguiar R. Cembranell Maurício Bueno Venâncio Silva Nilton Cézar Barcelos Júnior Pétros Camara Medeiros Raphael Henrique Machado Stacanelli Samuel Silva Bastos Thiago Cavalcanti de Almeida Wewerton Bibiano Resende Rodrigues

Consultor Técnico - SRGRG - Méd. Veterinário Consultor Técnico - SRGRG – Zootecnista Consultor Técnico - SRGRG - Méd. Veterinário Consultor Técnico - SRGRG – Zootecnista Consultor Técnico - SRGRG - Méd. Veterinário Consultor Técnico - SRGRG - Méd. Veterinário Consultor Técnico - SRGRG - Méd. Veterinário Consultor Técnico - SRGRG – Zootecnista Consultor Técnico - SRGRG - Méd. Veterinário Consultor Técnico - SRGRG – Zootecnista Consultor Técnico - SRGRG – Zootecnista Consultor Técnico - SRGRG – Zootecnista Consultor Técnico - SRGRG – Zootecnista Consultor Técnico - SRGRG - Zootecnista Consultor Técnico - SRGRG - Méd. Veterinário Consultor Técnico - SRGRG - Méd. Veterinário Consultor Técnico - SRGRG – Zootecnista Consultor Técnico - SRGRG – Zootecnista Consultora Técnica - SRGRG - Zootecnista Consultor Técnico - SRGRG – Zootecnista Consultor Técnico - SRGRG - Méd. Veterinário Consultor Técnico - SRGRG – Zootecnista Consultor Técnico - SRGRG - Méd. Veterinário Consultor Técnico - SRGRG - Méd. Veterinário Consultor Técnico - SRGRG - Zootecnista Consultor Técnico - SRGRG – Zootecnista Consultor Técnico - SRGRG – Zootecnista Consultor Técnico - SRGRG – Zootecnista

(85) 99994-7701 37)99964-8872]/(31)99413-3808 (33) 99905-6480 (94) 99154-0569 (79) 99988-3326 / 99125-1393 (88) 99608-4982 / 99272-5788 (67) 99679-3440 (61) 99853-1020 (92) 99128-0364 / 98115-5667 (28) 99939-1501 (34) 99972-3965 (34) 99248-0302 (75) 99981-0581/(34)99284-0581 (89) 999046484 (63) 9974-8219 / 9255-8219 (43) 9972-7576 (34) 99972-7882 / 99113-9613 (34) 99978-2237 (64) 99600-1814 (34) 99972-2820 (34)98851-2831/(51) 98047-7565 (65) 9920-2004 (34)98403-7452/(17) 99656-3380 (31) 97512-3456 (37)99919-7808 /(34)99969-1517 (12) 99606-5779 / 98120-0879 (81) 99945-6439 (32) 99979-6419 / 99105-8015

ahed944@gmail.com anjcativo@hotmail.com acarlosbrum@gmail.com aryana.barros@hotmail.com br_cavalcanti@yahoo.com.br clessiomoreira@hotmail.com dagmarezende@hotmail.com d.balderramas@yahoo.com.br emilio.medvet@hotmail.com eribeiro@girolando.com.br eneto@girolando.com.br fboaventura@girolando.com.br gabriel.khoury@hotmail.com georgeabreu16@hotmail.com ggp.1@hotmail.com gilmar@mamelle.com.br jsilva@girolando.com.br jferreira@girolando.com.br katilene103@hotmail.com lbizinotto@girolando.com.br fmartins@girolando.com.br mvenancio@girolando.com.br nbarcelos@girolando.com.br pmedeiros@girolando.com.br rstacanelli@girolando.com.br sbastos@girolando.com.br talmeida@girolando.com.br mais_genetica@yahoo.com.br

Fortaleza/CE Oliveira/MG Manhuaçú/MG Redenção/PA Aracaju/SE Fortaleza/CE Campo Grande/MS Brasília/DF Manaus/AM Guaçuí/ES Uberaba/MG Uberaba/MG Feira de Santana/BA Corrente/PI Araguaína/TO Arapongas/PR Uberaba/MG Uberaba/MG Jataí/GO Uberaba/MG Santa Cruz do Sul /RS Cuiabá/MT São José Rio Preto/SP Belo Horizonte/MG Oliveira/MG Jacareí/SP Recife/PE Divino de São Lourenço/ES

Telefone: (34) 3331-6000 Site: www.girolando.com.br E-mail: girolando@girolando.com.br

62


65


Sêmen disponível:

Tel. (16) 2105-2299 www.crvlagoa.com.br

LAGARTO - GPTA leite - 1.005 com confiabilidade de 77,65% GIROLANDO 3/4 TESTE DE PROGÊNIE

LAGARTO HUNTER da IFQ Mãe: AMORA da IFQ | 14.315kg/365d

NEGRA LAGARTO DA IFQ NASC 01/03/20 IFQ - 1456 | 3/4

SAICA LAGARTO DA IFQ

6671-BG | 3/4 NASC 27/04/18 - PARIU 06/05/21 6.800 KG/278 DIAS - EM ANDAMENTO PICO – 31,8 KG 66

A2A2

ANGEL LAGARTO DA IFQ 7315-BK | 3/4 NASC 20/02/20


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.