Revista F | Ano 8 | 2022 | n. 13

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13 ª Edição - XIII ano

Quantas Curitibas...

Afinal, quantas cidades cabem em uma cidade? Será que é possível viver uma vida inteira em um município e conhecer tudo o que ele oferece?

No ensaio que é a nossa capa, o Múltipla Curitiba, a Natália Schultz Jucoski nos brinda com fotos de vários cantos da capital paranaense, feitas por meio de muitas andanças e olhares.

Assim, nós convidamos vocês para passear por Curitiba pelas fotos da Natália. E para aproveitar a viagem, trazemos um tríptico, feito pelo João Mafi, em comemoração aos 50 anos de um dos pontos principais dessa cidade.

Na seção Brasil de Todos os Cantos, conhecemos um pouco mais do Monumento dos Imigrantes, em Valinhos (SP), do Buraco do Padre, em Ponta Grossa (PR), do Cemitério da Candelária, em Porto Velho (RO) e um grupo de choro de São Roque (SP).

Na seção Entre-Vista, Keny Mariguele conversou com Mario Lucas Konze, um artista plástico de Navegantes (SC). Bárbara Tagliani, Talita Lopes e Amanda Zanluca conversaram com jovens pesquisadoras do campo da Comunicação Na seção Frame, elas contam essas histórias, bem como sonhos e desafios.

Boa leitura!

Editorial

Todos os

SUMÁRIO Brasil de 06
Cantos Entre-vistas 14 O lugar do teatro 32 50 anos do calçadão da XV 38 Frame 40

Especial Curitiba Múltipla 20

Monumento dos Imigrantes: história e representatividade

Obra símbolo da imigração italiana chegou a ser furtada em Valinhos e ganhou nova forma nas mãos do artista Sérgio Ceron.

O monumento dos imigrantes de Valinhos, no interior de São Paulo, é uma importante representação da imigração italiana na cidade e, após ser furtado no segundo semestre de 2018, retorna em novo estilo pelas mãos do artista Sérgio Ceron, de 58 anos.

A obra fica instalada na Praça José Ferraro, entre as Avenidas Imigrantes e Gessy Lever, mesmo local da estátua

original. Ela reproduz uma família italiana: pai, mãe e dois filhos, sendo um de colo e outro com os pés sobre um globo terrestre. O primeiro monumento foi feito em 1990, em bronze e foi furtado em 2018.

Em entrevista, Sérgio contou que foi convidado a refazer a obra pelo exsecretário de cultura do município, Tite Stopiglia. Ele pesquisou sobre famílias

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”Monumento dos Imigrantes”, obra que representa a imigração italiana na cidade de Valinhos (SP). Foto: Júlia Ribeiro.

imigrantes, incluindo a sua que veio de Veneto, nordeste da Itália. “Se tornou um projeto pessoal. Pensei na minha família que veio ao Brasil em 1914 e enfrentou dificuldades”, afirmou.

A escultura foi entregue após cinco meses de trabalho com dois metros de altura. As mudanças foram aprovadas pela Secretaria de Cultura e também pela população valinhense, segundo Sérgio. “Tive muitos elogios pela volta da escultura. Com as adequações que fiz ela ficou mais representativa.

O artista, Sérgio Ceron, comenta que refazer o monumento “se tornou um projeto pessoal”. Foto: Maria Ceron.

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Geologia, história e natureza em um só lugar

O Parque Buraco do Padre é um deleite aos olhos e um patrimônio cheio de segredos e detalhes para quem gosta de história e geologia.

A cidade de Ponta Grossa (PR) abriga muitas belezas naturais, visto que, seu território está dentro do Parque Nacional dos Campos Gerais. Uma delas, é o Parque Buraco do Padre, que apesar do curioso nome - advindo dos padres jesuítas que ali meditavam -, guarda muitos atrativos geológicos, históricos e naturais.

Mesmo ficando seis meses com as portas fechadas devido à pandemia de Covid-19, os administradores do parque seguem otimistas. “Para a fauna e para a flora foi um descanso significativo”, comen ta Samuel Vogetta, gerente do parque. E haja fauna para descansar, são aproxima damente 300 espécies de aves, 46 de ser pentes e 35 de mamíferos.

“O Buraco do Padre não é só uma cachoeira bonita, ele tem papel importante na formação da cidade e na nossa cultu ra”, explica um dos guias do local, Billy Joy Ribeiro.

O processo de formação da furna começou há mais de 400 milhões de anos atrás, quando a região sul do Brasil era fun do de mar. Após muitas mudanças geológi cas, o solo cedeu e o Rio Quebra Pedra deu origem à queda-d’água de 30 metros que encanta os turistas.

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A furna principal do Parque Buraco do Padre e a queda do Rio Quebra Pedra. Créditos: Alanna Della Possa.

Na Amazônia, um cemitério de homens e de máquinas que desafia o tempo, o abandono e os saqueadores

No histórico Cemitério da Candelária estão sepultados milhares de trabalhadores que perderam a vida construindo a lendária Ferrovia do Diabo. Por Rubens Coutinho

Locomotiva abandonada em frente ao Cemitério da Candelária. Créditos: Rubens Coutinho.

Na região central de Porto Velho, capital de Rondônia, existe um local onde está preservada, mesmo que precariamente, a história de uma epopeia no meio da outrora exuberante selva amazônica.

Trata-se de uma parte do patrimônio histórico da “Estrada de Ferro MadeiraMamoré” (EFMM), concluída em 1912. No local, também está preservada a memória dos milhares de trabalhadores que perderam a vida na obra que é

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considerada pelos historiadores como um dos maiores desafios da engenharia ferroviária no Brasil.

Frente a frente, coexistem dois cemitérios: um de homens, outro de máquinas. A separá-los, uma pequena estradinha de terra, cercada de mata nativa, quase margeando o rio Madeira, um dos afluentes do Amazonas.

No Cemitério da Candelária, descansam trabalhadores recrutados no mundo todo. A maioria morreu de doenças endêmicas da região. E no Cemitério das Locomotivas, estão as máquinas e equipamentos que ficaram pelo caminho quando, em 1972, a administração militar da Madeira-Mamoré fez uma cerimônia de adeus no pátio da ferrovia. Todas as locomotivas que ainda podiam rodar foram reunidas no centro de Porto Velho e soaram o seu último apito.

A professora de História, Rita Clara Vieira da Silva, formada pela Universidade Federal de Rondônia, faz parte de um grupo de historiadores que defende a preservação dos dois cemitérios e comenta sobre o fim da ferrovia. “A desativação das estradas de ferro no Brasil deu seus primeiros passos durante o Governo de Juscelino Kubitschek, que começou a construir as grandes rodovias. Décadas depois, nosso papel é de preservação da nossa ferrovia, ou do que restou dela”, diz a historiadora.

Ainda, segundo a historiadora, quem desativou a Madeira-Mamoré foi o governo da ditadura militar. “Na medida em que os militares iam asfaltando as rodovias, acharam desnecessário manter a EFMM. Alegaram que era caro mantêla”. Atualmente, apesar dos esforços de pessoas como Silva, os dois patrimônios sofrem dilapidação. Trilhos, dormentes, partes dos equipamentos e até as sepulturas dos trabalhadores sofrem

constantes saques.

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Grupo de alunos de cursinhos visitam a área dos ce mitérios da Candelária e das Locomotivas. Créditos: Rubens Coutinho. Um dos poucos túmulos preservados no Cemitério da Candelária. Créditos: Rubens Coutinho.

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Serestas e serenatas: o romantismo das noites sanroquenses

Grupo de choro de São Roque (SP) resgata sucessos românticos e é acompanhado por centenas de moradores e turistas ao longo do ano.

Grupo de Choro “Seresta e Serenata” alegra as ruas são-roquenses na última sexta-feira de cada mês. Créditos: Lais Alves.

Criado há oito anos, o grupo de choro “Seresta e Serenata” reúne sempre na última sexta-feira do mês, dezenas de músicos que seguem cantando pelas ruas da cidade rumo ao coreto da Praça da República. No embalo de violão, bando

lim, cavaquinho, percussão, e curiosos se juntam ao longo do caminho nas quase duas horas de espetáculo que acontece sob à luz do luar, como manda a tradição.

“Vem gente de Cotia, de Ibiúna, Mairinque e até de Santos”, conta José

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Carlos Dias Bastos, ou simplesmente

Zé do Nino, conhecido por ser a representação das memórias e das tradições são-roquenses (São Roque em São Paulo).

No repertório do grupo, estão clássicos da música brasileira, como Vinícius de Moraes, Lupicínio Rodrigues, Pixinguinha, Cartola, Noel Rosa, Jacob do Bandolim e Chico Buarque.

“Tristeza, por favor, vá embora. Que ro voltar aquela vida de alegria, quero de novo cantar”, canta Zé do Nino, em referência à música de Beth Carvalho - que também compõe o repertório do grupo. “Logo estaremos juntos novamente”, finaliza ele.

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Integrantes do Grupo de Choro se aquecem antes de irem às ruas sanroquenses. Créditos: Lais Alves.

Por meio da pintura, o artista plástico e fotógrafo de Navegantes (SC), se expressa e manifesta o que sente em suas obras.

“A pintura é uma forma de manifestar o que não consigo dizer em palavras”

Foi ainda na infância que o cata rinense, Mario Lucas Konze, de 29 anos, começou a se interessar e a se expressar por meio dos desenhos. Aquilo que seria apenas uma coisa de criança, veio a se tornar um trabalho quando ele comple tou 20 anos. A Revista F entrevistou o artista plástico em seu ateliê, um espaço composto por muitos livros e telas pin tadas por ele. O artista nomeia o ateliê

como “caverna”, onde se isola e produz suas obras em uma espécie de palco (uma parte mais elevada do espaço). Konze conta como foi o processo de se encon trar com a arte e o que ela representa em sua vida. Ainda, o artista plástico comen ta sobre como a pandemia afetou seu processo criativo, o processo de criação de suas obras e, por fim, suas inspirações e referências.

Revista F: Quando começou a desenhar e pintar?

Mario Konze: Comecei na infância. Como ficava muito tempo de castigo, a única coisa que podia fazer era desenhar, e eu me expressava através dessa arte. Depois, parei de desenhar e, por volta dos meus 20 anos, por acaso, voltei a fazer desenhos. Vi uma amiga com uma camiseta que gostei muito e perguntei onde ela havia comprado aquela peça. Ela respondeu: “eu quem desenhei”. Fiquei impressionado e curioso ao saber sobre as canetas que ela havia usado para fazer aquilo. Então, ela me deu uma caneta e eu fiz a primeira pintura numa camiseta branca. Depois, fiz outras pinturas e as pessoas começaram a se interessar. Assim, surgiram as primeiras encomendas, depois abri uma empresa que passou a ser minha principal fonte de renda.

Revista F: E como surgiu o interesse em pintar em telas?

Mario Konze: Com a pintura das camisetas percebi que queria ampliar minha experiência com a arte. Um dia, comprei uma tela de 80x120 cm e comecei a primeira pintura. Foi uma experiência intensa e gostosa, pois, a cada pincelada, eu me arrepiava. Senti um prazer muito grande em construir camadas e disse para mim mesmo: “É isso!”. Tive a certeza que precisava fazer aquilo, mas sabia que precisava estudar e me aperfeiçoar. Na pintura, o tamanho da tela importa. Pois, uma tela grande, em branco, me intimida. É uma janela grande que, sem conseguir explicar, precisa ser preenchida.

Revista F: Em 2021, na sua exposição, as

telas apresentavam cenários diferentes. Porém, seguiam um padrão como, por exemplo, sendo imagens femininas, com espelhos ou janelas mostrando cenários opostos. Você costuma pensar em série para produzir o seu trabalho?

Mario Konze: No início, comecei a fazer alguns retratos para tentar estabelecer uma técnica. Pois, como nunca aprendi a pintar, sempre fui fazendo com base na minha intuição. Até que, em um dia de tédio, pensei: “vou pintar o que vier na minha cabeça”. O padrão existente na exposição de 2021, foi ao acaso. Repre senta a minha expressão do momento em que foi produzida. No entanto, atual mente estou desenvolvendo um trabalho

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em série. Ele se chama “Carnes do Pens amento’’, o qual será composto por 18 partes do corpo.

Revista F: A pandemia do Covid-19 influenciou na sua manifestação artística? Como?

Mario Konze: Bastante, pois também me senti ansioso e me perguntando: “o que está acontecendo?”. Meu pai chegou a ficar internado em estado grave e eu só conseguia me expressar por meio da pintura. Foi um período de reclusão e de intensa expressão. A pintura é uma for ma de manifestar o que não consigo dizer em palavras. Preciso pintar, não sei expli car. Parece clichê, mas é como se o real não me bastasse. Preciso estar sempre fantasiando as coisas porque, para mim, o imaginário é sempre muito mais con fortável. Então, pintei a “Pandenica”, que é inspirado na obra “Guernica” de Pablo Picasso, no qual é retratado o desespero do povo com a Guerra Civil Espanhola e, na “Pandenica”, existe referência ao hospital, ao sofrimento das pessoas e ao governo.

Revista F: Como você lida com as in terpretações do público acerca das suas obras?

Mario Konze: É bem interessante isso. Porque no início, o foco nunca foi pintar para alguém. Era apenas a minha forma de se expressar. Por isso, nunca criei uma expectativa sobre como iriam entender o que tinha sido feito. Após a fase da pintura das camisetas, retornei a um trabalho na área de logística e pensei: “Bom, esse será o meu trabalho. Vou ficar aqui, quieto, pintando para satisfação pessoal. Só depois de um tempo passei a dizer às pessoas que também era um

pintor”. Mas atualmente, gosto de ouvir o que as pessoas acham do meu trabalho, seja positivo ou negativo. Até porque, muitas vezes, nem eu sei interpretar o que está sendo representado. Por exemplo, meu amigo está escrevendo um livro no qual cita um dos meus quadros. Ele escreveu várias páginas falando sobre essa obra e eu não conseguiria escrever nem um parágrafo sobre aquele quadro, em específico. Acho isso muito interessante e comecei a gostar disso. De alguma forma, posso incomodar e estimular as pessoas a refletirem sobre algo que também me incomoda. Eu pinto

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para mim, porque me incomoda. Essa exposição é interessante porque fala sobre mim, de alguma forma. É como se eu estivesse pelado e para isso, é preciso ter coragem. Existem questões políticas ali que, às vezes, estão ocultas ou representadas de forma simbólica, por exemplo. O importante é ser honesto com o que estou sentindo.

Revista F: Qual foi a primeira pessoa a ver um dos seus quadros e a te incentivar a mostrar o seu trabalho?

Mario Konze: Meu pai, ele chorou quando viu. Minha mãe, irmã e tias choraram, também, quando viram. E à medida que mostrava para outras pessoas da família, elas também se emocionavam. Eles conheceram meu trabalho ainda na época das camisetas, mas eram contra. Quando comecei a desenhar, eles perguntavam: “você vai viver de arte? Você acha que isso vai dar certo?”. Por isso, quando comecei a pintar nas telas, não contei para eles. Quando mostrei o primeiro quadro, o qual tenho muito orgulho dessa obra, porque embora não tenha uma estética bela, foi uma construção bonita para quem não sabia pintar - gostei da harmonização que consegui com as cores -, meu pai disse: “você é um artista!”. Embora não me importe com o termo artista, indico essa categoria nas redes sociais para cumprir um contrato social, mas não luto pelo artista. Eu luto pela linguagem. Luto por dizer as coisas de uma forma que não consigo falar. Hoje, tenho o apoio da minha família. Essa aceitação foi um processo muito bonito. Revista F: Você acredita que o seu tra balho é um dom?

Mario Konze: Não acho que seja um

dom, mas acredito que tenho muita sensibilidade para a imagem e para a estética. Isso foi desenvolvido desde a infância, pelo meu interesse em representar o imaginário. A literatura, por exemplo, ajuda demais no meu trabalho. Pode parecer estranho pensar que eu treino a pintura a partir da literatura, mas para mim, o que importa é aplicar o conceito. Eu gosto muito da parte abstrata. Por isso, me inspiro no Kandinsky. Ele tem um conceito - que acho muito lindo -, de que a arte é como uma religião. Apesar disso, não considero o meu trabalho como um dom.

Revista F: Além do artista Wassily Kan dinsky, quais são suas outras referências?

Mario Konze: Gosto muito do gaúcho Iberê Camargo, que trabalhou com as sociação livre da vida dele. Também do paulista Mário Gruber, que pintou uns palhaços em um cenário bem escuro. Gosto muito da ideia dele. Todos eles me

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Múltipla Curitiba

Toda cidade tem uma característica principal; muito sol ou muita chuva, pou cas flores ou muitos prédios. Curitiba é um pouco de cada uma dessas coisas, parece que reúne várias cidades em uma só. Em uma paisagem urbana que prevalece, a na tureza não é deixada de lado. Grandes edi fícios compõem e dividem a cidade com pequenos espaços. O aspecto de tranquili dade pode ser encontrado a poucas qua dras do centro populoso e movimentado. De um lado, os sons do comércio ecoam pelas ruas, do outro, a calmaria nas áreas verdes e extensas. A capital paranaense possui várias identidades, as cores que formam a cidade saem da banca de frutas do Mercado Municipal e vão até os muros da famosa rua São Francisco. Em Curitiba, faça frio ou calor, podemos enxergar uma pluralidade capaz de acolher a todos os gostos.

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O lugar do teatro é onde as pessoas

O teatro quando sai das salas acusticamente planejadas e faz das ruas o seu palco, converte o espaço urbano em uma grande vitrine cultural Natália Schultz Jucoski

estão

pessoas

A cultura funciona como uma rede de produção e compartilhamento de uma sociedade. Seu acesso é direito de todos. O teatro, por exemplo, quando sai das salas acusticamente planejadas e faz das ruas o seu palco, converte o espaço urba no em uma grande vitrine cultural. Esta ação possibilita que a parte da população excluída, que não frequenta aquelas salas, consiga se aproximar e participar efetiva mente da construção da cultura.

Nesta série fotográfica, o teatro mostra seu potencial de transformar o espaço urbano. Quando as peças são encenadas nas passagens (e paisagens) da cidade, como na rua XV de Novembro, há quem pare no trajeto para assistir em um deslo camento do cotidiano habitual, fenômeno tão próprio das artes; há quem olhe de relance e siga, como se aquele palco fosse efetivamente parte integrante daquele espaço, como se os prédios e vias fossem parte do cenário.

Sua democratização (quantitativa mente e qualitativamente) é mais do que necessária. É fundamental e urgente. Se é direito de todos, que os palcos estejam onde as pessoas estão.

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50 anos de um dos principais pontos

Foi em 1972 que um dos pontos mais conhecidos da capital paranaense, a Rua XV de Novembro (também chamada de Rua das Flores) foi inaugurado.

Além de ser um espaço turístico, concentra importantes marcos da história do Paraná. A Boca Maldita foi (e ainda hoje, é) palco de muitos atos políticos, como as manifestações Diretas já!.

Ao longo dos 3.300 metros de compri

mento estão localizados, ainda: o primeiro arranha-céu da cidade, o Edifício Garcez, o Palácio Avenida, o relógio da Praça Osório e o Bondinho.

Passados 50 anos da sua inauguração, o calçadão da XV continua sendo um dos luga res mais reconhecidos da cidade curitibana. Milhares de pessoas passam por essa via os dias, que se tornou abrigo para comércios, residências e histórias paranaenses.

Por Amanda Zanluca (texto) e João Mafi (fotos)

pontos de Curitiba: o calçadão da XV

Frame

Pesquisadoras relatam suas experiências no Intercom Sul

A Sociedade Brasileira de Estudos Inter disciplinares da Comunicação (Intercom), promove todos os anos um congresso nacional na área de pesquisa em Comu nicação. O encontro que ocorreu nos dias 16, 17 e 18 de junho de 2022 reuniu alunos

no campus da Universidade do Vale do Itajaí, em Balneário Camboriú, Santa Ca tarina. Mulheres estudantes de jornalismo que atuam no campo de pesquisa, contam como foi participar do evento e falam so bre seus trabalhos e vivências na área.

Por Talita Lopes Intercâmbio de aprendizagem “Apresentei um trabalho sobre minha monografia de conclusão de curso, no Intercom Júnior. Foi uma experiência marcante e inspiradora. Minha ideia é iniciar o mestrado e participar de vários projetos, e esse intercâmbio de conhecimento me mostrou que o jornalismo de verdade não morreu. Tive ideias e insights por meio do contato com diversas pessoas empol gadas e pude perceber o futuro do mercado e da graduação. Há muitas pessoas dispostas a criar informação boa, positiva e verdadeira” - Maryana Schmitd Pinto, 22 anos, estudante de Jornalismo na Universidade do Vale do Itajaí de Itajaí (Univali).

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“No meu trabalho, eu falei sobre a questão do consumo de streaming pelos jovens, que é algo que estou estu dando desde o projeto de iniciação científica da minha universidade. Foi muito legal apresentar. Gostei de contar sobre o trabalho para jovens, ver gente da nossa idade e estar falando do meu trabalho - que estuda o consumo de streamings pelos jovens e para jovens. Gostei tam bém do debate, porque não imaginei que haveria tantas contribuições e insights. Foi incrível ver que é relevante e ouvir gente falando que achou interessante. Acho que não tem nada mais gratificante do que essa troca. Para mim, essa é a palavra que define o Intercom. É uma troca que mostra que você, jovem, está no lugar certo” - Nathalia Miguel Brum, 21 anos, estudante de Jornalismo da Pontifí cia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

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Por Bárbara Tagliani Novas experiências

“Minha pesquisa foi uma análise de discurso do podcast Mamilos. Falei sobre a desconstrução do conceito de mas culinidade com aplicação na retórica aristocrática, abor dando questões de gênero e de filosofia. Gostei muito da experiência de escrever um artigo científico, inclusive, ganhei prêmios com o meu artigo na faculdade na qual estudo. Gostaria de sempre participar desses eventos acadêmicos, porque além de contribuir, a gente consegue aprender muito. Acho incrível e muito necessário para a nossa profissão de comunicadores” - Hellen Piris, 21 anos, estudante de Jornalismo do Centro Universitário Adven tista de São Paulo (UNASP).

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Realidade de pesquisadora

“É bem difícil ser pesquisadora no Brasil. Especialmente pelo financiamento. Nós recebemos pouco na bolsa, por exemplo, e são muitas horas. Além disso, nos dedicamos a estudar sobre o assunto e a fazer pesquisas. Falta remune ração compatível. Por outro lado, é muito bom em relação a experiências e por isso pretendo seguir na área de pes quisa” - Maria Rita da Costa Rolim, 21 anos, estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).

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Um encontro para se pensar outras formas de comu nicação “É a minha primeira vez participando de um congresso. Entrei na graduação em 2020 e acabei não participando de nada presencialmente nesse ano. Em 2021 fizemos um projeto que possibilitou desenvolver um texto para parti cipar da Intercom Jr.. Está sendo bem legal. Conheci várias pessoas, vi vários projetos interessantes também e que realmente possibilitaram pensar outras formas dentro da comunicação, o que acredito que irá agregar muito para o meu conhecimento e para os estudos. A iniciação cien tífica foi algo que me interessou bastante. Eu me formo ano que vem, então já estou pensando em outros proje tos, algo que possa continuar nesse caminho” - Lucia Iara Bandeira de França, 20 anos, estudante de Publicidade e Propaganda da Universidade da Região de Joinville (UNI VILLE).

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Expediente

A Revista F é uma produção laboratorial do curso de Jornalismo do Centro Universitário Internacional Uninter.

Chanceler

Prof. Wilson Picler

Reitor

Dr. Benhur Gaio

Coordenador do curso de Jornalismo

Dr. Guilherme Carvalho

Professora responsável

Dra. Marcia Boroski (MTB: 10737/PR)

Projeto gráfico Núcleo de Imagem Ponto Zero

Diagramação e layout

Renata Cristina

Foto capa Natália Schultz

Editoras de textos

Nicole Thessing, Fernanda Guedes e Amanda Zanluca

Estudantes de Jornalismo

Júlia Ribeiro, Alanna Della Possa, Rubens Coutinho, Lais Leme Alves, Keni Henrique Mariguele, Natália Schultz Jucoski, Amanda Zanluca, João Mafi, Talita Lopes e Bárbara Tagliani.

Contato nucleopontozero@gmail.com

Produção:

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