Revista Credisis & Negócios - Nº 19

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MEL: DOCE ALTERNATIVA • LEGUMES: SALADA COLORIDA • CABRAS: LEITE SAUDÁVEL • PEPINO: NOVA VARIEDADE

ANO 5 | Nº 19

ABRIL, MAIO E JUNHO DE 2010

Sistema CrediSIS cresce

20%

AO ANO

E quer mais: objetivo é superar marca dos 10 milhões de reais em sobras aos cooperados

VILHENA

Cidade do futuro

CARNEIROS

Genética de qualidade

CIÊNCIA

O Eldorado Paititi



Rondônia é um estado com vocação cooperativista. Na região norte, ocupa o primeiro lugar em participação de cooperativas em seus municípios. Não é à toa que as cidades com cooperativas possuem maiores índices de desenvolvimento humano, o famoso IDH. E se o cooperativismo gera desenvolvimento, o Sistema Credisis é um caso de sucesso. Em pouco mais de dez anos, fundado por um pequeno grupo de empresários e produtores rurais, com algumas dezenas de milhares de reais, hoje é um sistema forte e perene, com mais de três mil associados e um volume de ativos na casa dos R$ 150 milhões. E o Sistema Credisis quer mais: com a nova legislação em vigor, a partir deste ano poderá ampliar o número de associados, mantendo o mesmo nível de qualidade no atendimento, através dos investimentos realizados na área de tecnologia. E o principal: a credibilidade, uma marca do sistema, responsável pelo estímulo na geração de novos negócios, na criação de centenas de empregos e na melhoria da qualidade de vida em Rondônia. Boa leitura!

FERROVIAS

CHINESES QUEREM INVESTIR EM RO

páginas 12 e 13

O cooperativismo de crédito vive seu melhor momento em Rondônia. Recentemente, nas assembléias do Sistema Credisis, foram distribuídas sobras aos cooperados, referentes ao exercício de 2009, no montante de R$ 10 milhões. Houve crescimento global de 20%, em pleno ano de crise financeira internacional.

AGROTÓXICOS HORA DE RECICLAR AS EMBALAGENS

páginas 14 e 15

Cooperativas crescem 20%

página 10

C A R T A A O L E I T O R | carta.credisis@gmail.com

MEIO AMBIENTE O EMPRESÁRIO DOS CRÉDITOS DE CARBONO

Conselho Editorial: Presidente - Gilberto Borgio. Membros - Elton Pereira de Oliveira, Edna Okabayashi, Vornei Bernardes. Jornalista Responsável: Edna Okabayashi (DRT/RO 906). Redação: Sandro B. André (Jornalista DRT/PR 2425), Edna Okabayashi. Colaboradora: Adriana Albuquerque Fotografias: Sandro B. André, Edna Okabayashi Projeto Gráfico: Raro de Oliveira. Diagramação: Érico Crokidakis. Diretor Comercial: Katuo Okabayashi (69) 8447.3276 Fotolitos e Impressão: Gráfica Líder ltda. Tiragem: 5.000 exemplares. Circulação Nacional: C.C.T. e Cultura Terra Verde | C.N.P.J.: 23.374.085/0001-73. Cartas à Redação: Avenida Guaporé, 2464 - Centro - Cacoal - CEP. 76.963-796. Fone: (69) 3441.1952 • (69) 8403.0867 • (69) 8456.1956 E-mail: editoracredisis@gmail.com

página 22

EXPEDIENTE

COOPERATIVA

CACOAL GANHA USINA DE LEITE


CAPA

4|Credisis & Neg贸cios|Abril|2010


O grande momento do

COOPERATIVISMO

Distribuição de sobras equivalentes a R$ 10 milhões e crescimento de 20% em pleno ano de crise financeira internacional: este é o Sistema Credisis

[ NOVA BRASILÂNDIA: confiança desde a primeira reunião ]

U [ CENTRALCREDI: time de colaboradores qualificados ]

ma vez por ano, os associados das 13 cooperativas de crédito do Sistema Credisis, nas diferentes localidades onde o Sistema esta presente, são convocados a participar das assembléias gerais. É um momento especial para o cooperativismo. Durante aproximadamente quarenta dias, são realizadas reuniões e Assembléias Gerais nos principais municípios de Rondônia e Acre, quando o cooperativismo além de fazer as prestações contas, aproveitam para realizar o planejamento estratégico do seguimento para o futuro. Ao final de cada assembléia, são distribuídas as sobras relativas ao resultado de cada cooperativa nos doze meses do ano anterior. Diretorias e Conselheiros são eleitos, ou reeleitos conforme o caso, novas metas são definidas, novos serviços anunciados e novas responsabilidades definidas. Essa rotina completou 10 anos no

Sistema Credisis. E, apesar de jovem, este grupo de cooperativas tem crescido anualmente, num ritmo que lembra a economia chinesa. Na verdade, lembram o ritmo da economia rondoniense. De um pequeno grupo de empresários e produtores rurais, que confiaram parte de suas economias neste novo negócio no início da década, o Sistema Credisis cresceu, diga-se de passagem, com grandioso sucesso.

[ JARUCREDI: criatividade e bons resultados ] Credisis & Negócios|Abril|2010|5


CAPA

Os números comprovam: o sistema hoje conta com um ativo circulante da ordem de R$ 150 milhões – dinheiro que é movimentado e fica dentro do estado, ajudando alavancar a economia local. Como se sabe, os recursos de grandes instituições financeiras servem para alimentar a economia das grandes cidades. No cooperativismo de crédito, acontece o oposto, fica totalmente na economia local. Em Rondônia, o resultado é ainda mais expressivo: o estado tem a maior participação individual do cooperativismo de crédito em toda a região norte. No Sistema Credisis, principal grupo de cooperativas genuinamente rondoniense, nas assembléias gerais realizadas em fevereiro e março de 2010, foram distribuídos cerca de R$ 10 milhões em sobras aos associados,. Para quem ainda não conhece o cooperativismo de crédito, pode ser extravagante saber que todo esse dinheiro não fica na cooperativa, e sim nas mãos dos cooperados. E mais surpreso fica ao perceber que, mesmo com esse volume expressivo de sobras, o sistema registrou crescimento de 20% de seu capital em 2009, ano de temores pela crise financeira internacional. Como diria qualquer analista financeiro, foi um grande resultado.

[ JARU: prêmios aos cooperados ] 6|Credisis & Negócios|Abril|2010

[ ASSEMBLÉIAS DE JI-PARANÁ (acima) E CACOAL: estímulo ao desenvolvimento e geração de novos negócios ]

MUDANÇAS NA LEI COOPERATIVISTA

As assembléias realizadas nas cooperativas do Sistema Credisis tiveram uma novidade este ano: a votação de reformas gerais nos estatutos sociais das cooperativas singulares do Sistema. O objetivo dessa reforma foi, principalmente, adequar os Estatutos à nova legislação do setor, alias, aproveitando algumas boas novidades da nova legislação. A partir de abril de 2010, as cooperativas iniciaram um intenso trabalho de admissão de novos associados. Com a nova legislação, um número ainda maior de agentes econômicos – e não apenas produtores rurais e empresas que exploram esse segmento – podem se associar a cooperativa. Com a última reforma estatutária implementada pelas cooperativas do Sistema Credisis, as pessoas jurídicas associadas poderão indicar seus funcionários para integrarem o quadro de associados das cooperativas. E as condições para integralização das cotas subscritas foram facilitadas. Embora o capital mínimo subscrito seja padronizado em todas as cooperativas, os novos cooperados poderão integralizar essas cotas em até 50 meses, dependendo de cada cooperativa.


LEGISLA Ç Ã O

Agenda do Cooperativismo avança

(

)

Publicação apresenta conjunto de leis de interesse das cooperativas. Trâmite dos projetos é acompanhado de perto por lideranças do setor

A

Agenda Lerecém-aprovada prevê gislativa do a criação do Programa CooperatiNacional de Fomenvismo, uma to às Cooperativas de síntese dos principais Trabalho (Pronacoop). temas de interesse do A aprovação do texto é setor em tramitação importante para o seno Congresso Naciotor, mas não é o único nal, está avançando. tema de destaque da As recentes conquistas agenda, que este ano são comemoradas pelo traz 58 projetos de insetor. “Existem alguns teresse do setor. pontos prioritários para o setor cooperatiEm dezembro, a Co[ MARINHA E VALDIR RAUPP, COM GILBERTO BORGIO: vista. Temos uma banmissão de Desenvolapoio ao cooperativismo ] cada bastante atuante, vimento, Indústria e que nos dá amplo apoio Comércio da Câmara nestas questões”, afirma o presidente do Sistema Credisis, Federal aprovou o projeto de lei do Ato Cooperativo (lei empresário Gilberto Borgio. complementar 271/05). “Esse projeto retrata um anseio de todos que fazem parte do movimento cooperativista”, Recentemente, Borgio recebeu a visita do senador Valdir diz Borgio. Raupp e da deputada federal Marinha Raupp, na CentralCredi, em Ji-Paraná. “Eles são parlamentares identificados Ele destaca que esse texto desonera de tributação os coopecom o movimento cooperativista. Com o apoio deles, rados. “Defendemos que o ato cooperativo não está sujeito estamos avançando em pontos importantes para o setor”, à incidência de tributos e contribuições federais, pois não diz Borgio. implicam operação de mercado nem contrato de compra e venda de mercadoria”, argumenta. “Os cooperados são O senador Raupp se colocou à disposição para apoiar as donos e não clientes das cooperativas de crédito”, justifica. reivindicações do setor cooperativista de Rondônia durante a realização do 8º Concred (Congresso Brasileiro de CoO presidente do Sistema Credisis também aponta uma operativismo de Crédito), em agosto, em Foz do Iguaçu. questão que não depende do Congresso, mas do próprio “O cooperativismo está em forte crescimento no estado, governo federal: a regularização fundiária em Rondônia. é um setor muito importante para o desenvolvimento de Ele considera esse ponto importante para o desenvolviRondônia”, explica Raupp. mento do modelo cooperativista no estado. PROJETOS Em abril, a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público do Senado aprovou as novas normas para a organização e o funcionamento das cooperativas de trabalho (lei 4622). Além de regulamentar essas entidades, a proposta

“Os agricultores necessitam que o governo federal regularize sua situação, como proprietários das terras, para poderem ter acesso ao crédito nas cooperativas”, diz. “Sem escritura pública, esses imóveis não podem ser dados em garantia numa operação financeira”, resume Borgio.

Credisis & Negócios|Abril|2010|7


TECNO LO G I A

Aeroporto recebe

estação meteorológica Terminal aeronáutico de Ji-Paraná garante operação de sistema moderno para dar maior segurança aos pousos e decolagens

O

aeroporto de Ji-Paraná, administrado pela Fundação Ji-Cred, está colocando em funcionamento um moderno equipamento. Trata-se de uma Estação Meteorológica de Superfície (EMS-3) de última geração. O equipamento custou cerca de R$ 1,3 milhão e entrou em operação no final de abril. A fundação destinou R$ 150 mil para contar com o equipamento. A estação está acoplada a um sistema completo de comunicação via rádio, que permite que as aeronaves realizem pousos e decolagens operando por instrumentos. “Os dados da estação já estão disponíveis on-line, em tempo real, para todos os aeroportos do mundo”, explica o administrador do aeroporto, Antonio Carlos Crevelaro. A estação conta com aparelhos de medição de fenômenos meteorológicos, tais como o pluviômetro (chuvas), higrômetro (umidade), barômetro (pressão atmosférica) e anemômetro (ventos). “São equipamentos com informações precisas

e que garantem maior segurança para as aeronaves”, afirma Crevelaro. Para Norberto Gohl, diretor-executivo da Fundação Ji-Cred, a instalação deste equipamento atrairá novas empresas aéreas para o município. “Com a instalação desta estação, o nosso aeroporto passa a atuar nos mesmos níveis de segurança de Manaus e Belém, por exemplo. Ela torna todo o processo de pouso e decolagem muito mais seguro. Com certeza mais companhias aéreas regionais terão interesse em iniciar suas operações em Ji-Paraná”, comentou Norberto. Para operar os equipamentos, dois técnicos da área receberam treinamento especializado fornecido pelo Ministério da Aeronáutica durante seis meses. O

[ O OFICIAL faz a leitura dos dados e repassa, via rádio, para o comandante do avião ]

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sub-oficial Everaldo, do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta), unidade de Manaus (AM), responsável por todo o treinamento do pessoal, explica que a estação terá dupla finalidade, fornecendo informações de natureza aeronáutica (projeto Sivan) e climatológica (projeto Sipam).


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FERROV I A

Em busca da

tecnologia chinesa De olho na construção da Ferrovia Transcontinental, políticos e empresários rondonienses visitam fábrica do trem de alta velocidade chinês

A

participação dos chineses nos projetos de construção da Ferrovia Transcontinental e do Trem de Alta Velocidade (TAV) levou uma comitiva de políticos e empresários brasileiros para uma visita oficial à China. O país asiático detém a moderna tecnologia de construção que interessa aos rondonienses, exatamente no trecho da ferrovia que passará dentro do estado, nas cidades de Vilhena e Porto Velho. A Transcontinental ligará o Rio de Janeiro ao Peru, passando por Minas Gerais, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre. O Trem de Alta Velocidade ligará Rio de Janeiro, São Paulo

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e Campinas. Os trechos por onde passarão os trilhos da ferrovia ficam entre Uruaçu (GO) e Vilhena (RO), e da divisa do Brasil com o Peru, passando por Porto Velho (RO), Rio Branco, e Cruzeiro do Sul (AC). O senador Valdir Raupp e a deputada federal Marinha Raupp, do PMDB de Rondônia, participaram da visita. Em março, Marinha Raupp conseguiu incluir emenda parlamentar que garante a inclusão da Estrada de Ferro 354, ou Ferrovia Transcontinental, na Lei de Diretrizes Orçamentárias. A emenda será destinada à execução de estudos e projetos para implantação da EF-354 numa extensão de dois mil quilômetros.

Raupp foi relator-revisor da Medida Provisória 427, no Senado Federal, que trata sobre o sistema ferroviário nacional, e colocou o estado de Rondônia no roteiro da ferrovia.“A implantação da Ferrovia Transcontinental irá garantir a integração dos povos latino-americanos, propiciando real acessibilidade aos produtores da região, em especial do estado de Rondônia, aos mercados consumidores”, explica. De acordo com Marinha Raupp, a visita foi bastante produtiva, “pelo conhecimento obtido do modelo chinês de construção e administração de ferrovias, e pela perspectiva do projeto da ferrovia transcontinental contar com investimentos daquele país”.



MEIO AM B I E N T E

A devolução consciente Mais do que cumprir a lei, devolver embalagens de agrotóxicos é um ato de cidadania que protege as pessoas e o meio ambiente. E não custa nem um centavo

O

ato de devolver a embalagem de agrotóxicos após sua utilização está sendo levado muito a sério em Rondônia. Em 2010, o estado registra o maior crescimento proporcional de todo o país – 438% – no volume de embalagens devolvidas para reciclagem do material. Os dados são do Inpev – Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias. O instituto é o responsável pelo grande sucesso do programa nacional que já conseguiu recolher mais de 28 milhões de toneladas de embalagens de agrotóxicos, entre 2002 e 2010. “O Brasil é líder mundial na devolução destes materiais, que podem ser reutilizados desde que tratados adequadamente pela indústria”, diz o técnico do Inpev, Mário Fujii.

Fujii esteve em Cacoal para uma palestra a estudantes de agronomia. A cidade é sede da central de processamento de Rondônia, localizada na linha 6 (no quilômetro 2,5). Recebe o material recolhido das 13 unidades existentes no estado. “Somente nos quatro primeiros meses de 2010, recebemos cerca de 90 toneladas de embalagens para reciclagem”, explica a engenheira agrônoma Denise Santana Vaz. Em Rondônia, existem cerca de 120 mil propriedades rurais – são 5,1 milhões em todo o Brasil. Estes agricultores têm o prazo de um ano, contado a partir da compra do produto, para devolver as embalagens vazias, junto com as tampas e rótulos, na unidade de recebimento indicada na nota do produto.

Em 2010, Rondônia registra o maior crescimento proporcional de devolução de embalagens de agrotóxicos em todo o país: 438% 12|Credisis & Negócios|Abril|2010


[ CENTRAL DE PROCESSAMENTO, em Cacoal ]

[ DENISE VAZ: 90 toneladas de embalagens em quatro meses ]

Antes de ser devolvidas, as embalagens devem ser lavadas três vezes (ou sob pressão, conforme o caso), perfuradas e armazenadas em local coberto e trancado, ao abrigo da chuva e com boa ventilação. A água resultante da lavagem deve ser colocada diretamente no pulverizador. Diversos produtos são fabricados com o material plástico proveniente dessas

embalagens – em sua maioria, são itens utilizados na construção civil. “Devolver as embalagens ajuda a proteger o meio ambiente e as pessoas”, explica Mario Fijii. “Com a logística verde, reduzimos os custos de transporte em 45%. Deixamos de emitir 163 mil toneladas de carbono, o mesmo que se fossem plantadas 816 mil árvores. Isso é desenvolvimento sustentável”, ensina.

O Brasil é líder mundial na devolução destes materiais, que podem ser reutilizados desde que tratados adequadamente pela indústria Credisis & Negócios|Abril|2010|13


SUSTENTABILIDADE

Crédito de carbono

já é realidade

Projeto de “energia limpa” da Usina de Primavera rende 6,5 euros por tonelada de dióxido de carbono que deixa de ser lançada na atmosfera

O

empresário César Cassol obteve a aprovação do projeto de resgate de carbono da PCH Eletro Primavera pela Organização das Nações Unidas (ONU). É uma das poucas empresas brasileiras a ostentar tal condição, contemplada pelo protocolo de Kyoto, que prevê a redução da emissão de carbono na atmosfera. A Pequena Central Hidrelétrica é a segunda maior geradora da chamada “energia limpa” em Rondônia. Produz 18,2 mil kilowatts, economizando 3 milhões de litros de óleo diesel por mês. Hoje, a Eletronorte gasta 60 milhões de litros de diesel por mês para manter o sistema interligado de Porto Velho a Pimenta Bueno. Além de poluente, o diesel é uma fonte de energia muito mais cara. 14|Credisis & Negócios|Abril|2010

O projeto de créditos de carbono, aprovado pela ONU, é intermediado pela empresa Eco Security, sediada no Rio de Janeiro, que faz a compensação do carbono com pagamento de títulos. Bancos europeus pagam 6,5 euros por tonelada de dióxido de carbono que deixa de ser expelida na atmosfera. Nada mal, para uma usina que reduz a emissão de 90 mil toneladas de dióxido de carbono por ano – o equivalente a cerca de R$ 1,4 milhão em divisas. Sem poluição e mais econômica, a energia com força motriz na água é a alternativa do futuro para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, explica o empresário César Cassol. Enquanto a PCH cobra R$ 100,00 por kilowatt/hora de energia, o Governo paga até R$ 600 para produzir

o mesmo kilowatt/hora com óleo diesel. Só de óleo, as usinas térmicas gastam até 320 litros para gerar 1 kilowatt de energia. A diferença é paga pelo consumidor final. “A população é obrigada a pagar a mais em suas contas de energia para subsidiar o diesel. É uma forma de produção de energia momentânea, pois a hidrelétrica é a solução definitiva”, explicou. César Cassol, no entanto, reclama que o valor de R$ 100,00 pelo kilowatt/hora “está muito defasado”. “O ideal seria receber pelo menos R$ 120,00, já que as outras usinas do sistema recebem em torno de R$ 150,00”. A PCH fornece energia para Pimenta Bueno (40 mil habitantes), Espigão do Oeste (25 mil habitantes) e Primavera (10 mil habitantes), interligando o sistema à Usina Hidrelétrica de Samuel.


[ USINA DE PRIMAVERA: menor impacto ao meio ambiente ]

EMPRESÁRIO COM VISÃO DE FUTURO Ex-prefeito por duas vezes, com dois mandatos de deputado estadual e empresário por vocação, César Cassol mantém uma postura que independe de quem está no governo. “Tenho opinião própria, critico quando tem que criticar, e apóio tudo aquilo que for bom para o nosso estado”. Mas a experiência bem-sucedida como empreendedor não o impede de valorizar o que a política tem de mais positivo. “O ser humano é político por natureza, isso porque dependemos dela até para saber o que vamos comer ou onde vamos dormir”. Provavelmente por esse motivo, Cesar Cassol vem conciliando ao longo dos últimos anos sua atuação empresarial com a vida pública. “Fui diretor-geral do Detran e me orgulho de ter conseguido moralizar o órgão, reduzir gastos e triplicar a receita do departamento”. Cassol criou uma taxa anual de licenciamento de veículos, destinada ao Corpo de Bombeiros, em vigor até hoje. “Com essa taxa, os bombeiros hoje têm orçamento próprio, frota renovada, roupas e equipamentos adequados. O resultado pode ser visto no excelente atendimento prestado a população. São verdadeiros heróis e merecem todo respeito”, defende.

[ CESAR CASSOL: empresário com veia política ]

Na Assembléia Legislativa, foi autor da lei de promoção de cabos e sargentos do Corpo de Bombeiros de Rondônia por tempo de serviço. Mas após o fim de seu mandato, a lei foi alterada, prejudicando os militares. “Eu entendo que essa lei tem que voltar a vigorar, temos que valorizar o profissional que tem o conhecimento prático”.

Credisis & Negócios|Abril|2010|15


OVINOS

Carneiros de

origem pura A criação de animais geneticamente selecionados e a adoção de padrões rígidos de higiene, com alimentação diferenciada, produzem bons resultados em Nova Brasilândia

M

uito mais do que um hobby, a criação de carneiros de raça se tornou uma atividade rentável e altamente profissional para o pecuarista Pedro Soligo, proprietário da cabanha Nova Esperança. Ele iniciou a atividade há pouco mais de dois anos, com apenas dez animais, em Nova Brasilândia do Oeste. Hoje, são cerca de 450 cabeças. Destes, cerca de 50 são animais PO (pura origem). O objetivo do produtor é investir cada vez mais em animais selecionados, melhorando a genética de seu rebanho e trazendo lucros mais rapidamente. Para isso, Soligo implantou uma estrutura considerada ideal para a criação de ovinos. Os animais são separados por lotes. Ovelhas com filhotes recém-nascidos, por exemplo, ficam em instalações próprias, garantindo sobrevivência de 100% dos novos indivíduos. Mas o destaque mesmo fica para os reprodutores PO, que formam a elite do rebanho. A comercialização destes animais é feita a partir dos seis meses de idade. Os valores chegam a R$ 2,5 mil por cabeça – enquanto um reprodutor comum 16|Credisis & Negócios|Abril|2010

custa cerca de mil reais. “Além da genética diferenciada, o carneiro de elite tem um peso até três vezes maior”, explica Soligo. Um dos cuidados para manter a qualidade do rebanho está no vínculo do produtor com a Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos. A instituição garante o correto registro dos animais e a garantia de procedência da linhagem genética na propriedade, onde são criadas as raças Santa Inês e Doper. O próximo passo será investir no melhoramento genético. “Meu filho está estudando medicina veterinária e temos planos de trabalhar com inseminação artificial do rebanho”, explica. Além de manter rígidos padrões de higiene em sua propriedade, o criador também investe na alimentação diferenciada. O rebanho de elite é dividido em piquetes, recebendo quatro


[ PEDRO SOLIGO: rebanho de 450 cabeças ]

Na propriedade de Soligo, o índice de sobrevivência dos filhotes é de 100%

Reprodutor PO chega a custar R$ 2,5 mil por cabeça

Centro de distribuição - Ariquemes

diferentes tipos de capim (Massai, Tifo, Aruana e Estilozante). O complemento nutricional inclui silagem de milho, cana-de-açúcar e napiê, produzidos por Soligo. “Temos preparada uma silagem de 50 toneladas, com a qual poderemos enfrentar o período de seca com alto volume nutricional”. Para garantir o pasto de qualidade, o produtor está investindo num sistema próprio de irrigação para os meses de estiagem. “Mais do que uma atividade profissional, é um grande prazer cuidar desse rebanho”, garante o criador.


CABRA S

Leite de cabra:

Alto valor nutricional

e comercial

Criador investe para atender demanda por leite de cabra na região de Cacoal 18|Credisis & Negócios|Abril|2010

C

om um valor nutricional diferenciado e preços atraentes, o leite de cabra despertou o interesse do criador José Rudivan Siqueira, de Cacoal. Em agosto de 2009, Rudivan adquiriu os primeiros 40 animais de elite, da raça Sani, em Mato Grosso. O sucesso inicial animou o criador, que nos próximos dias deve trazer outras 50 cabras de Pernambuco. A produção mensal atual, de 480 litros de leite, é destinada a famílias atendidas pela prefeitura. O produto é indicado

a crianças que possuem algum tipo de alergia ao leite materno, e também para idosos com osteoporose e que necessitam de uma dieta rica em cálcio. Além de comercializar o litro do leite de cabra a quatro reais, o criador vende o queijo a trinta reais. Com estes valores, ele acredita que vale a pena investir no negócio. “Já investi cerca de 25 mil reais na aquisição do primeiro lote e pretendo aplicar 60 mil reais nas instalações adequadas para a produção em maior escala”, explica.


Para garantir alta produtividade, além de boas pastagens, é necessário oferecer o complemento nutricional para os animais. Especialmente na época da seca, uma boa alternativa é a silagem de milho – mais econômica e produzida dentro da propriedade. “Quanto mais alimento disponível, maior a produção”, resume.

mais rapidamente, em cerca de 40 minutos (o leite de vaca demora em média duas horas). As perturbações digestivas dos bebês e até doenças respiratórias, como a asma, podem ser controladas com leite de cabra integral, diluído ou desnatado. Também

há indicações para distúrbios gastrointestinais e até na redução dos efeitos colaterais da quimioterapia. Certos estudiosos também atribuem qualidades afrodisíacas ao leite de cabra, sendo, por isso, recomendado às pessoas cansadas ou idosas. [ CABRAS CONFINADAS: melhor produtividade ]

UM LEITE MAIS SAUDÁVEL Considerado um leite de excelente sabor e cremosidade, o leite de cabra pode consumido diariamente por crianças e adultos. No Brasil, a falta de informação sobre o produto – mais saudável que o leite comum – é o maior obstáculo ao seu consumo. O leite de cabra tem menos açúcar e até 30% menos colesterol que o de vaca. Também é menos alergênico. Cerca de 6% das crianças têm sintomas de alergia ao leite de vaca, relacionados a distúrbios digestivos, corrimento nasal, otites, erupções cutâneas e outros. Além disso, é rico em nutrientes importantes como cálcio, proteínas e carboidratos. É um leite digerido

O leite de cabra tem menos açúcar e até 30% menos colesterol que o de vaca. Também é menos alergênico.

Credisis & Negócios|Abril|2010|19


PECUÁR I A

Gado leiteiro O

de primeira

pecuarista Jair Batista está investindo num projeto de criação de gado leiteiro que promete ser modelo dentro do estado de Rondônia. Advogado e expresidente da Associação Rural de Cacoal (Arca), Batista acredita que a tecnologia é o caminho para se obter alta rentabilidade no setor. Seu projeto prevê um rebanho de 200 20|Credisis & Negócios|Abril|2010

vacas com uma produção diária de 3 mil litros de leite. Atualmente, o plantel é formado por vacas girolanda e holandesa mas sua meta é se dedicar exclusivamente à raça holandesa, mais produtiva, desde que adotadas modernas técnicas de confinamento. Todos os investimentos foram feitos para garantir alta qualidade no produto final. O sistema de ordenha segue os mais

rígidos padrões de segurança alimentar. Todo o processo é automatizado. O leite é retirado por ordenha mecânica e armazenado em tanques de resfriamento, de onde segue para o laticínio. O investimento na ordenha mecânica e as observações as regras de higiene garantem um preço diferenciado na comercialização do produto. As instalações foram construídas de


Pecuarista investe em propriedade modelo para atingir altos níveis de qualidade, produtividade e rentabilidade com o gado leiteiro

forma a manter elevado padrão de higiene, comparado ao que existe de mais moderno no país. O produtor também investiu no manejo de pastagens e na suplementação alimentar. “Os animais recebem todos os cuidados necessários para atingir um alto índice de produtividade e de qualidade, que são fatores destacados pela indústria”, diz Jair Batista. Filiado à Associação dos Produtores Rurais da Linha 05, o pecuarista acredita que o associativismo é estratégico para o fortalecimento do setor. “A associação elimina o intermediário e agrega valor ao produto final”, diz. “Temos um projeto ambicioso, que envolve qualidade e tecnologia, e que se encaixa perfeitamente com o pensamento da associação”, completa.

[ JAIR BATISTA: tecnologia leiteira ]

Aumento na produção de leite passa pelo melhoramento genético

Credisis & Negócios|Abril|2010|21


LEITE

Usina de dar gosto Instalações industriais da usina de leite de Cacoal deverão melhorar qualidade do produto e proporcionar maiores lucros aos pequenos produtores

O

[ ANTONIO PAZ, DA COOPERATIVA ASPROL: leite pasteurizado e embalado para atender os cooperados ]

s produtores de leite de Cacoal poderão pasteurizar e comercializar seu produto, com maiores margens de lucro, através da Associação de Produtores Rurais da Linha 5 (Asprol), em Cacoal. As instalações da usina estarão prontas para entrar em funcionamento nos próximos 60 dias. Todos os equipamentos já foram adquiridos, através de repasse de recursos federais. Segundo o presidente da associação, Antonio Correia Paz, houve algumas adaptações em relação ao projeto inicial, a fim de cumprir com todos os requisitos 22|Credisis & Negócios|Abril|2010

sanitários exigidos pelo Ministério da Agricultura. “Muito em breve, a usina estará funcionando para atender a todos os produtores de leite cadastrados na associação”, explica. A usina funcionará como uma pequena unidade industrial. O leite será empacotado em embalagens padronizadas e vendido nos supermercados, lanchonetes e distribuído por leiteiros nas residências. “Além do preço mais acessível, o leite da associação terá um selo de qualidade”, diz Antonio Paz. As instalações terão dois laboratórios para análises do leite fornecido para a

usina. O produto passará por um processo industrial de pasteurização – através da elevação da temperatura a 80°C e resfriamento súbito a quatro graus negativos – que garante a qualidade final do produto. Para os produtores, haverá uma margem de lucro bastante significativa. “Mas todos terão que se adequar a rígidas normas de higiene e qualidade em suas propriedades”, afirma. Inicialmente, a expectativa será de uma produção diária em torno de 2,5 mil litros. Mas a capacidade instalada permitirá envazar até 16 mil litros por dia.



ARQUEO LO G I A

A descoberta do Pesquisador encontra as ruínas de uma civilização

S

ão desenhos imensos. As principais figuras lembram um condor, um jaguar e uma serpente. É preciso ter asas para ver os geoglifos em sua plenitude. E mesmo a bordo de um avião, não é fácil enxergá-los. Por isso, foram necessários muitos anos para serem finalmente desvendados no solo. Essa é a história da incrível descoberta das ruínas do Eldorado Paititi, um conjunto de geoglifos e pirâmides em plena floresta amazônica, no coração de Rondônia. Mais precisamente entre os municípios de Rolim de Moura, Alta Floresta do Oeste e Alto Parecis, e nos limites da reserva indígena Massaco. Um sonho antigo do bioquímico Joaquim Cunha da Silva, especialista em georreferenciamento, que há 30 anos procurava o local exato onde viveu a elite de uma civilização précolombiana, o reino perdido dos Gram Moxos, que data de dois mil anos antes de Cristo.

J

oaquim acompanhou os passos e sonhos de seu irmão, o sertanista Aimoré Cunha da Silva, falecido há dois anos. Como num enredo do filme “Indiana Jones”, procurava sobretudo por pistas que levassem ao mapa do Paititi. Um mapa antigo e misterioso, sem nomes nem latitudes, mas com um desenho absolutamente fiel aos rios e ilhas que circundam a região do Eldorado. Um

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documento escondido por séculos e que, segundo dados históricos, revelaria o local da “cidade dourada”, situada 1.100 km a leste de Cusco. Em seu laboratório de análises, em Rolim de Moura, Joaquim – que também é especialista em citologia clínica – recebeu por anos a fio um incontável número de artefatos trazidos por garimpeiros e agricultores que contraíam malária na


Eldorado Paititi milenar e seus geoglifos no interior de Rondônia

O mapa do Eldorado, peça-chave para que região. Até que, há exatamente um ano, as chaves-mestras do grande segredo caíram em suas mãos, como num passe de mágica. Uma amostra de esmeraldas encontradas no local do sítio arqueológico por um agricultor (mineral que não existe no solo de Rondônia), uma estatueta do jaguar e um antigo mapa obtido junto ao Museu de Arqueologia de Lima, no Peru, forma-

fosse descoberta a localização exata dos geoglifos ram o elo que faltava. “O mapa, de 1595, estaria originalmente num convento de Cusco, e trazia o desenho de alguns rios e ilhas. Depois de muitos estudos, descobri que representava claramente os rios de Rondônia e da Bolívia, e no centro a região dos rios Mequém e Guaporé e da Ilha Grande de Porto Rolim”. Credisis & Negócios|Abril|2010|25


ARQUEO LO G I A

Serpente, condor, baleia e gato, ave: PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE

[ AMOSTRA DE ESMERALDAS: pista importante para chegar ao local do sítio arqueológico ]

[ IMAGEM AÉREA DA PIRÂMIDE DO CONDOR: geoglifo de mil anos corre o risco de desaparecer ]

Mas a descoberta histórica corre sério risco de desaparecer, por causa das queimadas típicas da seca amazônica e da presença de tratores e máquinas na região. Há um ano, Joaquim registrou em cartório suas descobertas. Ele já reuniu inúmeras provas e fez diversas solicitações às autoridades competentes no sentido de preservar as matas próximas ao Eldorado. “Estamos pleiteando o tombamento do local como Patrimônio Histórico da Humanidade”, diz o pesquisador. “Este local representa um monumento arqueológico e astronômico de toda a América”. Uma comitiva com representantes do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), do Ministério Público Federal e do Museu de Arqueologia de Lima, no Peru, visitará a região no final de abril. O objetivo é garantir sua proteção para as gerações futuras. “Parece até ironia, mas depois de tantas décadas, continuamos correndo contra o tempo”, resume o pesquisador.

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[ JOAQUIM, NA RONDÔNIA DOS ANOS 70: mais de três décadas de pesquisas ]


figuras vistas com o auxílio do Google

[ CONSTELAÇÃO ESCULPIDA NA PEDRA: Gram Moxos eram astrônomos ]

[ JOAQUIM Cunha, no Titicaca: pesquisador visitou os Andes para descobrir pistas sobre o Eldorado ]

Incas Nesse exato local viveram os sacerdotes e a corte real dos Gram Moxos, um povo que teria surgido na época dos faraós egípcios e sucumbido após a conquista do continente americano pelos exploradores europeus. “Eles viveram próximos dos incas, onde realizavam comércio. Foram contemporâneos dos maias e nascas, representaram a terceira grande civilização ou o Terceiro Império das Américas”, diz. “Eram grandes astrônomos e construíram pirâmides de terra e ilhas artificiais, tais como o observatório astronômico da Pirâmide do Condor e a ilha do Condor, perto do Rio Guaporé, além de geoglifos no formato de suas divindades e das constelações”. Um desses desenhos, com 16 km de comprimento por 4 km de largura e feito com paisagismo vegetal, reproduz

[ SOBRE A PEDRA: há um ano, pesquisadores tiveram a certeza da descoberta ]

fielmente a Via Láctea. Também possuíam profundo conhecimento de agricultura, irrigação e metalurgia. De sua cultura, sobreviveram manifestações como a Ayahuasca, chá alucinógeno utilizado pela seita do santo daime, e que fazia parte de seus rituais pagãos há milhares de anos. “Na busca pelo conhecimento, alongavam suas cabeças com tábuas firmemente amarradas”, diz Joaquim. “O cultivo da mandioca, há

milhares de anos, é outra herança desse povo”. O Paititi acreditava no fim e no recomeço dos tempos, em ciclos de 26 mil anos. “A ocorrência de um grande dilúvio em tempos ancestrais é relatada na cultura deles, como divisor de um desses grandes ciclos”, afirma Joaquim. Um calendário que, segundo a sua tradição, estará completo em 2012, com o alinhamento galáctico. É esperar para ver. Credisis & Negócios|Abril|2010|27


ECONO M I A

Vilhena ganha

shopping center

Empreendimento do Grupo Pato Branco reflete o momento econômico do município de colonização gaúcha

V

ilhena é conhecida na região norte por seu clima ameno, que em muitas ocasiões lembra o sul do país. Esse é um dos motivos que levou centenas de famílias de produtores do Rio Grande do Sul a se instalar na região, nas décadas de setenta e oitenta. Os colonizadores trouxeram a cultura

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gaúcha e a vontade de crescer. Hoje, a cidade tem uma população de 70 mil habitantes, com forte influência sobre mais de uma dúzia de municípios de Rondônia e Mato Grosso. Cidade universitária, com economia própria e diferenciada das demais regiões do estado, foi escolhida para receber um novo shopping center. Empreendimento do tradicional Gru-

po Pato Branco, o Park Shopping terá área construída de 38 mil metros quadrados. O investimento de R$ 40 milhões será realizado com apoio do Banco da Amazônia, que liberou um crédito de R$ 16 milhões. Serão gerados 500 empregos diretos e milhares de empregos indiretos. A inauguração da primeira etapa da obra está prevista para julho. Nesta fase


entrará em operação o supermercado e algumas franquias na área de gastronomia, beleza e serviço. Numa segunda fase, serão concluídas as duas salas de cinema e as 63 lojas destinadas ao grande público.

Pato Branco O Grupo Pato Branco tem longa tradição no varejo. Da iniciativa de pioneiros na década de 70, que montaram um pequeno armazém de secos e molhados, o grupo capitaneado pelos empresários Ari Signor, Genuino Dalla Vecchea e Selito Bagattini tem hoje forte atuação no ramo supermercadista, no comércio de combustíveis e no setor automotivo. De acordo com o empresário Sandro Signor, a relação do grupo empresarial Pato Branco com o Banco da Amazônia teve início quando os clientes de Vilhena ainda tinham que operar com a agência de Ji-Paraná. “Desde então o grupo identificou na instituição um importante parceiro para viabilizar o projeto de crescimento e ampliação empresarial”, diz. “Muitos dos investimentos que estão

em fase de execução no município têm a marca do Banco da Amazônia. A instituição acompanha de forma comprometida o ritmo de desenvolvimento da região.

VILHENA Economia

População: 69.866 hab.

Serviços: R$ 519 milhões

PIB: R$ 919 milhões

Para nós do grupo Pato Branco, esse apoio faz toda a diferença na hora de iniciar um empreendimento como o Park Shopping”, resume o empresário Sandro Signor.

Vilhena

Dados gerais

Área: 11.519 km2

Park Shopping terá área construída de 38 mil metros quadrados

Impostos: R$ 122 milhões Indústria: R$ 195 milhões Agropecuária: R$ 83 milhões

Fonte: IBGE

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FOMENT O

Apoio ao

desenvolvimento Banco da Amazônia estimula empreendimentos na região de Vilhena e projeta novos negócios durante a feira agropecuária, em junho

A

agência do Banco da Amazônia em Vilhena se destaca como a principal instituição de apoio ao desenvolvimento econômico dos municípios da região, incluindo Colorado, Cerejeiras, Chupinguaia, Pimenteiras, Corumbiara e Cabixi. Os índices divulgados pelo Banco Central demonstram que a instituição responde por 69% de todo o crédito de sustentação econômica e de 87% pelo crédito de fomento desta porção do estado. A grande quantidade de recursos disponíveis aos empresários merece registro. Só em 2009, foram liberados R$ 60 milhões em créditos especiais para o segmento empresarial e produtivo. Entre os empreendimentos que receberam cré-

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dito do Banco da Amazônia, destaca-se o Park Shopping de Vilhena, que reflete o momento vivido pela economia local. No apoio à produção de grãos, uma forte parceria com a Guaporé Máquinas tem incentivado a produção de grãos na região. O principal evento anual da agroindústria de Vilhena é a Feira Agropecuária, considerada estratégica para promover o desenvolvimento da região. Nesse sentido, o Banco da Amazônia já está cadastrando clientes que desejam obter crédito durante a feira, que acontece em junho. “Com a aprovação do cadastro o cliente já poderá apresentar propostas que, se aprovadas, serão liberadas durante o período da feira”, explica o gerente da agência de Vilhena, Paulo Rossini.

“A expectativa é de que seja quebrado um novo recorde no volume de recursos liberados pelo banco em 2010”, diz. “Estamos trabalhando para atender toda a demanda de crédito, em especial para este grande evento”. Rossini destaca a importante participação de sua equipe no processo de consolidação da instituição no município de Vilhena e em toda a região. “Temos o compromisso de fazer o melhor pelo nosso cliente. Este é um compromisso assumido pela equipe com cada cliente. Todos os bons resultados obtidos nos motivam a continuar fazendo de nosso trabalho um instrumento de desenvolvimento econômico da região”, conclui.


COMÉRC I O

Jovem empreendedor Aos 22 anos, Kleber decidiu abrir uma loja de materiais de construção. Com apoio da cooperativa Credibras, ele comemora o sucesso do empreendimento

P

ara ser empreendedor não existe idade. O empresário Kleber Cunha de Souza, de Nova Brasilândia do Oeste, é um bom exemplo. Aos 22 anos, ele decidiu apostar no ramo de materiais de construção. Hoje, apenas dois anos depois, viu sua loja crescer no ritmo das novas obras realizadas no município. “Comecei a trabalhar cedo, aos 13 anos já ajudava minha mãe a tocar a cafeeira”, lembra Kleber. “Para montar a loja, vendi uma camioneta, juntei algumas economias e recebi o apoio decisivo

[ KLEBER DE SOUZA: prova de que empreendedorismo não tem idade ]

da Credibras, a Cooperativa de Crédito de Nova Brasilândia”, recorda o jovem empreendedor. Proprietária do imóvel, a cooperativa deu prazo de um ano para Kleber iniciar o pagamento do ponto comercial. Tempo suficiente para o empresário estruturar seu negócio e ampliar sua estrutura comercial. “Em apenas dois anos já consegui fazer uma importante ampliação. Além do show-room completo, hoje temos um amplo depósito”. A loja trabalha com toda linha de

materiais de construção e possui área total de 1.200 m2. O próximo passo será a aquisição de um moderno equipamento para manipular tinta, em que o cliente poderá escolher a cor desejada. Associado da Credibras desde que iniciou seu próprio negócio, o empresário movimenta todos os seus recursos na cooperativa. “Trabalho com a Credibras porque a cooperativa dá muito mais rapidez e agilidade nas minhas operações financeiras, assim tenho mais tempo disponível para gerenciar minha loja”. Credisis & Negócios|Abril|2010|31


MÁQUIN A S

Mais

facilidade para o produtor Programa federal estimula a compra de tratores e implementos agrícolas através de financiamento do Banco da Amazônia em Vilhena

C

entenas de produtores de Vilhena estão mais felizes. Eles aderiram ao programa Mais Alimentos, do governo federal, que facilita a compra de tratores e implementos agrícolas. Em Vilhena, região sul do estado, a empresa Guaporé Implementos tem comercializado muitas máquinas e equipamentos para produtores da região através do programa federal, com recursos liberados pelo Banco da Amazônia. A Guaporé comercializa máquinas e equipamentos como concessionária autorizada Massey Ferguson e Komatsu. Para atender o Plano Mais Alimentos, a empresa possui três modelos de tratores, com 29 configurações diferentes. Também estão disponíveis onze implementos, incluindo plantadeiras de soja e milho, plantadeiras múltiplas, distribuidor de fertilizantes e plaina frontal.

[ EVALDO E JOÃO GILBERTO: acesso a máquinas permitiu melhorar rendimento dentro das propriedades ] 32|Credisis & Negócios|Abril|2010


[ GUAPORÉ TRATORES: financiamento facilita a venda de máquinas em Vilhena ]

O Grupo Guaporé tem seis anos de atividades. Sua matriz está instalada em Vilhena e possui filiais em Rolim de Moura, Cerejeiras, Ariquemes e Porto Velho. A empresa é líder na venda de tratores, colhedeiras, plantadeiras e demais implementos agrícolas. Os diretores da Guaporé Máquinas, Amaury Yasaka e Arthur Frozoni, identificaram na agência do Banco da Amazônia de Vilhena um importante parceiro no desenvolvimento econômico da região. No início, foram atraídos pelos excelentes índices de produção de grãos em Vilhena. Hoje, atuam também na venda de tratores e implementos para o programa Mais Alimento.

Produtores O programa beneficiou centenas de famílias da região, melhorando sua produção por meio de investimento em tecnologia. Foi assim com o agricultor Antonio Evaldo Schneider, 49 anos. Há dois anos, Evaldo chegou a Rondônia e comprou uma pequena propriedade na área rural do município de Cerejeiras, onde cultiva arroz. Beneficiado com os recursos do programa, liberados pela agência do Banco da Amazônia, em Vilhena, o produtor se diz realizado com os benefícios alcançados. Com os quase 100 mil reais que o banco financiou, o produtor comprou um trator e outros implementos de uso na lavoura. Os resultados podem ser comprovados na hora da colheita. Na pequena propriedade foram colhidas 7.100 sacas de arroz, comercializadas a R$ 39,20 a

saca. “Com os equipamentos, tivemos uma produção excelente”, diz o produtor. O mesmo sorriso de satisfação tem o vizinho de Evaldo. João Gilberto Carnelosso, 52 anos, deixou a cidade para morar com a família na propriedade rural de 84 alqueires que possui em sociedade com um irmão. Ele planta soja, e o trator comprado na Guaporé, por meio dos recursos financiados pelo Banco da Amazônia, pelo programa Mais Alimento, trouxe novas perspectivas para a família, que tem na propriedade sua única fonte de renda. Ele conta emocionado que, antes do programa federal, tinha que arrendar as

terras, porque não tinha condições de plantar. “Agora, estamos usufruindo de todo o potencial que a propriedade nos oferece, porque não precisamos mais contar exclusivamente com a força dos nossos braços”. O diretor da Guaporé, Arthur Frozoni, celebra com os produtores os resultados positivos alcançados na produção de grãos. Amaury Yasaka destaca o novo momento da agricultura familiar. “Percebemos que está ocorrendo uma mudança no perfil do produtor. Agora, ele tem capacidade produtiva através do uso da tecnologia”.

PROGRAMA MAIS ALIMENTOS O governo federal lançou há dois anos o Plano Safra Mais Alimentos, um conjunto de medidas para beneficiar os agricultores familiares. O programa permite financiar até 100 mil reais para a compra de máquinas, irrigação, correção do solo, construção de estufas, armazenagem, formação de pomares e melhoria genética. O prazo é de 10 anos para pagamento, com três anos de carência e juros de 2% ao ano. Um termo de cooperação entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) garante descontos de até 17,5% nos preços de tratores, máquinas e implementos agrícolas. O Banco da Amazônia está credenciado para oferecer linhas de crédito voltadas para o produtor rural que estiver cadastrado no Plano Mais Alimentos.

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HORTA

Uma

“salada” de legumes Plantio de chuchu, pimentão, pepino, cenoura e outras leguminosas rende boa lucratividade para produtor de Vilhena

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U

m agricultor de Vilhena decidiu apostar no cultivo de legumes difíceis de serem encontrados nas lavouras de Rondônia. O resultado obtido foi uma alta produtividade e um crescente mercado consumidor para os seus produtos. Elder Luiz Pereira, mais conhecido como “Kaniço”, vende diversos tipos de legumes nos supermercados de Rondônia, Acre e Mato Grosso, como se fosse “pão quente”. “Há onze anos, eu observei que os legumes vindos do sul do país tinham uma qualidade inferior”, conta o agricultor. Ele não demorou muito a colocar em prática uma lavoura bastante variada e “colorida”. Hoje, Kaniço colhe em média mais de 100 toneladas de chuchu e 57 toneladas de pimentão mensalmente. Mas também planta cenoura, berinjela, pepino, tomate e beterraba, numa área de 60 hectares. Na fase da colheita, emprega até 100 pessoas em sua lavoura. Para ampliar sua produção, em 2009 o agricultor investiu num moderno sistema de irrigação, que custou R$ 190 mil. Os recursos foram disponibilizados pelo Banco da Amazônia. “Acredito que existe espaço para todos crescerem, mas é preciso que haja variedade e um calendário planejado para o plantio. Se todos plantarem a mesma coisa, o preço cai e todos perdem”, avalia. Com seu jeito de falar simples e atencioso com todos que desejam conhecer sua plantação, Kaniço revela um dos segredos do seu sucesso. “Muita observação, e algumas visitas às regiões que são referência no plantio de legumes, foram decisivos para o sucesso da minha atividade”. Para quem quiser trilhar o mesmo caminho, a dica já está dada.

[ CENOURA, PIMENTÃO E CHUCHU: uma “seleta” de legumes que faz a alegria do produtor Elder “Kaniço” ] Credisis & Negócios|Abril|2010|35


PESQUIS A

Novo pepino

na feira

Professores da Unir estudam variedade oriunda do sul do país e que já “caiu no gosto da freguesia” em Rondônia

U

ma nova variedade de pepino começou a ser estudada por professores de Agronomia da Unir (Universidade Federal de Rondônia), no campus de Rolim de Moura. A pesquisa é tese do TCC orientado pelo professor Eduardo Franco Rosell, doutor em Ciências Florestais. O híbrido tem características que remetem a três espécies distintas: maracujá, maxixe nordestino e o pepino comum.

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As primeiras mudas foram trazidas do Paraná há quatro anos pelo médico Volmir Rodegheri, presidente da Cooperativa RolimCredi. Nesse período, Volmir distribuiu cerca de 5 mil mudas a pequenos produtores da Zona da Mata. “A aceitação tem sido muito grande”, diz. As primeiras mudas foram plantadas nos fundos do estacionamento do hospital do doutor Volmir, em Rolim de Moura. A planta lembra as folhas e ramos


Estudos para definir origem e aplicações do novo pepino servirão de estímulo para a agroindústria familiar da região

[ JOAQUIM E PAULO, DA ROLIMCREDI, COM EDUARDO ROSELL E VOLMIR RODEGHERI: uma nova variedade em estudo ]

receitas do refogado inclui manteiga e faz sucesso entre os novos consumidores”, garante Volmir. Mas a principal novidade é o uso do legume para preparar o badalado suco de clorofila, que teria propriedades medicinais e nutricionais. Com tantas qualidades, o novo pepino despertou o interesse dos pesquisadores da Unir.

“Estamos iniciando as pesquisas para verificar a origem da planta e sua futura aplicação como alternativa alimentar e também como fonte de renda para a agroindústria familiar da região”, diz o professor Eduardo Rosell. Desde já, os consumidores agradecem.

do maracujá e produz o ano inteiro. Depois de colhido, chega a durar mais de dois meses. O pepino é pequeno, semelhante ao utilizado na conserva comum, porém mais claro. O gosto lembra o pepino de salada. Pode ser consumido “in natura”, no pé. Também tem boa aceitação como conserva ou refogado. “Uma das

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CEREAIS

Arroz em alta Boa produtividade e preços em elevação garantem ótimas perspectivas para produtores de Rolim de Moura, que estão em sua segunda safra

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Acusfisio

O

agricultor Israel Freitas Faria trocou o pasto pelo plantio de arroz. Em 2010, está colhendo a segunda safra e não tem do que reclamar. Com boa produtividade e preços em alta, Israel acredita que poderá em breve comprar novos implementos agrícolas para as futuras colheitas. Em sua propriedade, na zona rural de Rolim de Moura, a média de produção atingiu cerca de quatro toneladas (62 sacos) de arroz seco por hectare. A área plantada é de 240 hectares, com uma previsão de safra estimada em 15 toneladas. O arroz, da variedade Cambará, é vendido para indústrias de Cacoal e Ji-

Paraná. O custo de produção é de aproximadamente 45 sacos por hectare, com uma lucratividade de 17 sacos. O lucro é de 600 reais por hectare, em média. “A média de renda é de 54 de ponto por saca”, explica Israel. São cerca de 110 dias entre o começo do plantio até o início da colheita, que acontece a partir de fevereiro. Nesse período, o agricultor aplica cerca de 160 quilos de adubo de base e 80 quilos de adubo de cobertura por hectare, com três aplicações de inseticida e duas de fungicida. A correção do pH do solo também é necessária, através da colocação de calcário.

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IRRIGAÇ Ã O

Café

com alta

produtividade Investimentos em sistema de irrigação e mudas clonais garantem maior rentabilidade para cafeicultor

O

cafeicultor Sebastião Jacomin está conseguindo melhorar a produtividade do café conilon em sua propriedade na zona rural de Nova Brasilândia. Para aumentar os lucros e evitar perdas na safra, Jacomin investiu em duas frentes: instalou um eficiente sistema de irrigação e adotou a muda clonal, mais resistente e precoce que a variedade comum. A experiência com a muda clonal teve início há três anos. Em 2010, o produtor está fazendo sua segunda colheita, e não tem do que reclamar. “Este ano, a safra promete”, diz. “Combinar a genética com

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a irrigação no momento certo realmente faz a diferença”, garante. O sistema de irrigação entra em ação nos meses mais secos do ano, de julho a setembro. Jacomin instalou pontos de irrigação a cada 12 metros de sua lavoura de 18 hectares. O sistema é automático e funciona das quatro da tarde às oito da manhã. Cada setor recebe pelo menos uma hora de irrigação. O investimento no sistema automático teve um custo de 60 mil reais, mas


o valor cai bastante – para cerca de 12 mil reais – se for usado o acionamento manual. Anualmente, Jacomin gasta 6 mil reais em energia elétrica para usar a irrigação, uma vez que a água é bombeada de tanques a 600 metros da lavoura. “É um custo muito baixo perto da rentabilidade obtida”, acredita. A média colhida por Jacomin é de 60 sacos por hectare. “A produtividade em Rondônia ainda é baixa, temos que investir em tecnologia”, explica. Em sua lavoura, o produtor segue a cartilha básica que inclui correção de solo, adubação e controle de pragas. Por tudo isso, ele faz as contas e resume: “o ideal é uma rentabilidade acima de 50%, onde o custo tem que ser menos da metade do total”. Jacomin é dono de uma cerealista em Nova Brasilândia e comercializa a produção de 1.500 agricultores da região, para indústrias e torrefadoras de Rondônia e outros estados brasileiros. Depois da safra reduzida no ano passado, ele acredita que em 2010 deverá comercializar 70 mil sacas – o dobro do volume de 2009. Com ampla experiência no mercado, Jacomin faz um alerta aos agricultores: “o preço está muito baixo por causa da safra excelente, então aconselho a segurar os estoques e esperar o melhor momento para vender”. De acordo com o produtor, para permanecer no ramo é preciso ter “sangue de café”, investir em tecnologia e trabalhar duro. “Neste caso, a rentabilidade será conseqüência natural”, encerra.

[ SEBASTIÃO JACOMIN: irrigação aumenta produtividade ]

PRODUTOR ADOTA MUDA CLONAL Em Cacoal, um produtor adotou as mudas da variedade clonal e está satisfeito com os resultados. Aloísio Sfalsin plantou o clone há dois anos. “As mudas vieram de avião, direto do Espírito Santo”, explica. Segundo o produtor, o café rende mais do que o tradicional. “O clonal produziu desde o primeiro ano”, garante. A colheita do café teve início em março e deve se prolongar até o mês de junho.

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MEL

Apicultores

investem na genética

Abelha “africanizada”, que reúne características de alta produtividade e adaptação ao clima quente, é a preferida dos criadores de Rondônia

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PRODUÇÃO ORGANIZADA

A

produção de mel é fonte alternativa de renda para pequenos produtores de Rondônia. Criar abelhas exige pouco espaço, mas requer alguns cuidados técnicos. A genética é um desses fatores. É o que explica o apicultor José Aparecido Buziquia, o “Zinho”, de Rolim de Moura. O produtor iniciou sua atividade em 1984 e hoje é referência dentro do setor em Rondônia. “A criação de abelhas depende muito do clima e da incidência de flores na região, mas é importante investir na genética e fazer o correto manejo das colméias”, diz o apicultor. A abelha “africanizada” é a mais adaptada aos campos de Rondônia. Formada a partir do cruzamento de raças africanas e européias, é mais rápida e resistente ao clima. “A abelha africanizada consegue carregar mais néctar e voar numa velocidade maior que as européias comuns”, diz Zinho.

[ FÁTIMA: sabonetes e outros produtos à base de mel ]

Zinho é diretor da Associação dos Apicultores da Chapada dos Parecis, que reúne 52 criadores e responde por uma produção anual de 38 toneladas de mel. “Metade desses produtores iniciou sua atividade há pouco mais de um ano, então a tendência é de melhorarmos essa produção em 2010”. A organização em associação está viabilizando a construção de um entreposto de comercialização de mel em Rolim de Moura, com recursos do governo federal. “Esse entreposto irá facilitar o acesso futuro ao mercado em outros estados, uma vez que hoje estamos limitados a comercializar dentro do próprio município”, explica.

[ ZINHO: produção de quatro toneladas de mel por ano ]

Outro ponto importante é o clima. Por conta exatamente dos fatores climáticos, a produção de mel em 2009 ficou abaixo da média dos anos anteriores. “Tive uma produção menor, cerca de 3.200 quilos, em virtude da redução das chuvas na época da florada”, explica. Para 2010, a expectativa é de que os níveis de produção voltem ao normal, atingindo cerca de 4.000 quilos. O valor comercializado pelo produtor é de dez reais por quilo.

Zinho possui cerca de 5 toneladas de mel estocadas em barris de 300 quilos dentro de sua propriedade. Enquanto não fica pronto o entreposto de mel, a saída para melhorar a comercialização é diversificar o produto final. Nesse ponto, entra em cena dona Fátima, esposa de Zinho. Ela fabrica artesanalmente diversos produtos a partir do mel – de sabonetes líquidos e decorados a deliciosos pães feitos de mel.

Em sua propriedade, Zinho possui 90 colméias. Cada colméia tem entre 40 mil e 120 abelhas. Um dos segredos da produtividade é a abelha-rainha. “O ideal é fazer o manejo, substituindo a rainha a cada dois anos em média”. Ele explica que uma boa colméia, com cerca de 80 mil abelhas, produz entre 10 e 12 quilos de mel a cada duas semanas.

O período de coleta do mel começa no final de maio e pode se estender até o final de setembro, num período médio de 120 dias. É preciso usar roupa especial branca (as abelhas enxergam melhor as roupas escuras). A roupa é revestida com material à prova de fogo. A fumaça da queima de maravalha é indicada para acalmar os enxames. Credisis & Negócios|Abril|2010|43


CONFEC Ç Ã O

Fabricante de enxovais comercializa produtos fazendo uso da propaganda de “boca em boca”

S

eguindo o O

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comerciante baiano Manoel Ferreira de Oliveira se orgulha de não anunciar seu produto nos grandes meios de comunicação. Dono de uma indústria de confecções, Manoel comercializa enxovais de cama, mesa e banho sem ter que deixar o show-room de sua loja, no centro de Jaru. Para garantir o sucesso nas vendas, ele conta com um pequeno exército de revendedores. “A propaganda é de boca em boca”, explica o empresário, que em 1992 deixou o emprego estável no banco para se tornar patrão. Seus principais clientes são os 350 revendedores ativos do seu produto. “São donas-de-casa que vão de porta em porta vender os enxovais para outras donas-decasa”, diz. “Essas pessoas podem contar com a minha empresa para complementar seu orçamento doméstico. Isso realmente é gratificante”, conta. A fábrica da Edivânia Enxovais – nome fantasia da empresa de Manoel – está localizada na cidade de Itaperuna (RJ), tradicional centro de manufatura de linhas,


fio da meada tecidos e bordados. Toda a produção dos 40 empregados da fábrica é destinada à região norte, especialmente Rondônia. Manoel nunca morou em Itaperuna, onde fica a sede da sua fábrica. O motivo

tem a ver com a simplicidade do empresário. “Vim da lavoura na Bahia, trabalhei treze anos no banco em Jaru e hoje faço o que realmente gosto, pois os enxovais são um modo de aproximar as pessoas”.

[ MANOEL OLIVEIRA: 350 clientes-revendedores para atendimento porta a porta ]

As revendedoras podem contar com a minha empresa para complementar seu orçamento doméstico. Isso realmente é gratificante

Credisis & Negócios|Abril|2010|45


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