Revista Credisis & Negócios - Nº 14

Page 1



Carta ao Leitor

PORTO VELHO

página 22 a 29

Construtoras festejam valorização imobiliária

JI-PARANÁ

página 35

Maior PIB do interior atrai novas empresas

OURO PRETO D’OESTE Cooperativa de alimentos une mais de mil produtores

páginas 37 a 58

O mundo enfrenta uma crise econômica sem precedentes. Se no final dos anos oitenta caía o muro de Berlim e o comunismo, a primeira década dos anos 2000 vai chegando ao fim e coloca em xeque o modelo capitalista neoliberal. Um modelo em que predominaram as grandes corporações, em detrimento dos pequenos produtores e de toda a sociedade. Existe uma terceira via em crescimento no mundo: o cooperativismo. Um modelo que mantém as bases capitalistas de produção, mas valoriza o pequeno empreendedor, o agricultor familiar e a indústria de pequeno e médio porte. O cooperativismo de crédito, representado em Rondônia e Acre pelo Sistema Credisis, é baseado no modelo que privilegia o investimento local, dentro do próprio município. Nas cooperativas desse Sistema, o dinheiro investido retorna aos próprios cooperados, estimulando a economia da cidade, gerando renda e novos empregos. Nesta edição especial de final de ano da Revista Credisis & Negócios, abordamos o tema cooperativismo, destacado em eventos nacionais e regionais. Conversamos com dirigentes e cooperados das singulares do Sistema de Cooperativismo de Crédito do Noroeste Brasileiro. São pioneiros, empreendedores, gente com visão de futuro. Num momento em que todos só ouvem falar de crise, vale aquela máxima: crise também é momento de investir, e ganhar. Boa leitura!

página 12

A terceira via do cooperativismo

expediente Conselho Editorial: Presidente - Gilberto Borgio. Membros - Elton Pereira de Oliveira, Edna Okabayashi, Vornei Bernardes. Jornalista Responsável: Edna Okabayashi (DRT/RO 906). Redação: Sandro B. André, Emilia Araujo, Edna Okabayashi. Fotografias: Sandro B. André, Emilia Araujo, Edna Okabayashi, Adilson da Silva. Projeto Gráfico: Raro de Oliveira. Diagramação: Érico Crokidakis. Fotolitos e Impressão: Gráfica Líder ltda. Tiragem: 5.000 exemplares. Circulação Nacional: C.C.T. e Cultura Terra Verde | C.N.P.J.: 23.374.085/0001-73. Cartas à Redação: Avenida Guaporé, 2464 - Centro - Cacoal - CEP. 78.976-015. Fone: (69) 3441.1952 • (69) 8403.0867 • (69) 8456.1956 E-mail: ednacacoal@gmail.com – sandrocacoal@gmail.com

ESPECIAL

Presidentes e cooperados falam sobre o Sistema Credisis


entrevista

MÁRCIO LOPES DE FREITAS

Cooperativismo é a alternativa para a crise Credisis: Diante das recentes turbulências econômicas, como evitar que as conseqüências cheguem aos negócios cooperativistas? Freitas: Primeiro, devemos entender que o que está acontecendo é uma transformação no mercado global, especialmente no mercado financeiro global. Essa transformação está ocorrendo por quebra de confiança, de credibilidade no sistema financeiro global. O mundo produz em bens reais 65 trilhões de dólares por ano, esta é a soma dos bens e serviços. A especulação financeira girava em torno de 650 trilhões de dólares ao ano. Diante deste universo, esse processo começou a ruir e não ter referência, como exemplo podemos citar os imóveis nos Estados Unidos que eram dados em garantia em valores muito acima da realidade. Essas práticas geraram uma desconfiança geral.

[ Márcio Freitas: “sozinho, produtor vira integrado das multinacionais” ]

O

presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB, Márcio Lopes de Freitas, é um dos maiores especialistas brasileiros sobre cooperativismo na atualidade. Em entrevista exclusiva à Revista Credisis & Negócios, concedida em novembro durante o VII Seminário do Cooperativismo, em Fortaleza (CE), o dirigente fala da força do cooperativismo e de sua importância para o crescimento do Brasil. Márcio Freitas lembra que a sustentabilidade por meio da cooperação não envolve apenas o meio ambiente, mas toda a sustentabilidade social e econômica do negócio. E reafirma a importância do cooperativismo no atual momento de profunda crise econômica vivido pelas principais nações industrializadas.

4|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

Credisis: Na sua avaliação a economia vive uma crise de confiança? Freitas: Uma crise de confiança global. Quem tem crédito, quem tem recursos, os grandes investidores e até os pequenos começaram a desconfiar de tudo e de todos, gerou-se uma crise de confiança nas relações de negócios e financiamentos. Esse momento é mais um efeito do processo de globalização que precisa se ajustar a uma nova realidade de mercado. Credisis: Quais os desdobramentos que poderão resultar desta desconfiança? Freitas: Os desdobramentos já chegaram aos nossos negócios e poderão ser ainda maiores. É muito cedo para dimensionar o tamanho do estrago, já temos prejuízos, principalmente na área agrícola. Os preços das commodities no mercado internacional caíram abruptamente. Com a falta de crédito


“Os preços das commodities no mercado internacional caíram abruptamente. E a desconfiança ainda limita o crédito em muitos setores”

que financiava a logística e a queda no processo de exportação, limitou-se muito o fluxo de mercadorias. Essas questões estão começando a serem retomadas, mas a desconfiança ainda limita o crédito em muitos setores. Não só no Brasil, mas também lá fora. Credisis: Como a OCB poderá ser parceira do setor produtivo neste momento? Freitas: Solicitando e conseguindo junto ao governo federal medidas que diminuam o impacto da falta de crédito, irrigando setores essenciais da economia com crédito. O custeio de safra, com a possibilidade de se disponibilizar um volume maior de recursos. O financiamento, para facilitar as exportações e as vendas no exterior. As liberações dos compulsórios nos bancos, e com isso aumentar a disponibilidade de recursos nos caixas dos bancos. Tudo isso para que o setor produtivo tenha um maior volume de crédito disponível.

Dificilmente se conseguirá ampliar o volume de produtos nesses países. O crescimento dos países em desenvolvimento está trazendo, a cada ano, para a zona de consumo, quem anteriormente não era consumidor. A China a cada ano migra do setor rural para o setor urbano 180 milhões de chineses. No meio rural, essas pessoas são produtoras e consumidoras. A partir do momento em que vêm para a cidade, elas deixam de ser produtoras e passam a ser apenas consumidoras. A China agrega um Brasil de consumo por ano! A Índia também está passando por esse processo. A África, a mesma coisa. Até o ano de 2025, 2,5 bilhões de pessoas vão entrar na zona de consumo. Vão se alimentar de produtos que eles não produzem mais. Esse é o grande mercado que está se expandido. A nossa capacidade de produção terá que ser ampliada

Credisis: Quais os reflexos imediatos destas medidas para economia? Freitas: Queremos que o governo “lubrifique” com recursos públicos esses setores essenciais, mesmo sabendo da deficiência, ou da impotência do governo em resolver todos os problemas, mas é importante ao menos “lubrificar” a máquina com a liberação de novas linhas de crédito, onde ela está emperrando, para que ela não pare de rodar. Acreditamos que assim possamos minimizar os problemas. Credisis: Como o cooperativismo de crédito pode contribuir com a produção de alimentos? Freitas: Temos que analisar o contexto. O mundo está aumentando sua base de consumo. Os países ricos, nossos tradicionais clientes, estão quase estagnados em sua capacidade de consumo.

“É importante o governo ‘lubrificar’ a máquina com novas linhas de crédito, para que ela não pare de rodar”

consideravelmente. O Brasil tem condições de aumentar sua capacidade produtiva sem precisar derrubar uma árvore sequer, basta apenas usar a tecnologia. Nós temos todas as condições necessárias para produzir mais: terra, clima, tecnologia, expertise de mão-de-obra. Nesse momento, o cooperativismo ocupa espaço fundamental, porque o produtor que está sozinho se transforma em um integrado das multinacionais. Em um momento ele compra os insumos e na seqüência tem que vender seus produtos a esta mesma empresa. Por isso, ele tem que se organizar, através das organizações, buscar ferramentas para romper esse ciclo. Essa ferramenta chama-se cooperativa - não existe outra forma. Credisis: O Brasil ainda não tem uma cultura forte do cooperativismo. Como a OCB pode contribuir para ampliar as experiências cooperativistas? Freitas: Pensar junto, compartilhar experiências, trabalhar o processo nacional, compartilhando o conhecimento e as experiências positivas que possam ser agregadas em todas as regiões. Estamos trabalhando a educação para a cooperação, discutindo sistemas e metodologias que possam alavancar o cooperativismo. Sabemos que a educação é um fator de mudança do ser humano. Mudar o ambiente através da mudança na cultura individual. Credisis: Como o senhor define o cooperativismo no Brasil? Freitas: Podemos admitir que ainda não temos uma cultura do cooperativismo no Brasil como um todo, por isso, precisamos assumir um compromisso com a transformação. A cooperativa é uma empresa de pessoas e não uma continua>> Credisis & Negócios|Janeiro|2009|5


empresa de capital. Isso significa que no sistema cooperativo a decisão tem que ser participativa, não se impõe uma decisão de acordo com a sua convicção. É necessário convencer todos os cooperados, por isso o processo de se criar uma cultura de cooperação é lento, é necessário queimar etapas. Credisis: Quais as atividades que marcaram a atuação da OCB em 2008? Freitas: Tivemos importantes e diferentes momentos. Recentemente foi realizada a Feira Internacional do Cooperativismo, realizada na cidade do Porto, em Portugal. Esta Feira é a versão internacional da nossa Feira Nacional do Cooperativismo -Fenacoop. Ali, o movimento cooperativista expõe seus produtos, seus serviços, suas potencialidades. Portanto, é uma iniciativa brasileira que passa a ter uma versão internacional. Este é apenas um exemplo do bom momento do cooperativismo brasileiro.

“O produtor tem que se organizar e romper esse ciclo através da cooperativa. Não existe outra forma”

Credisis: Agenda Legislativa: Quais foram os avanços alcançados na Agenda Legislativa do Cooperativismo Brasileiro? Freitas: Dentro de um universo de 300 projetos que são acompanhados no Congresso Nacional, priorizamos 54 projetos em nossa Agenda Legislativa do Cooperativismo. O Congresso Brasileiro não teve um ano produtivo. Pelas dificuldades que os congressistas tiveram nas votações, não houve um grande avanço.

Estamos trabalhando para fazer as devidas adequações à lei 5764. Isso porque na sua essência a atual lei é boa. Por isso, não queremos uma lei nova, queremos uma reforma, apenas uma adaptação a velha. Apesar de não termos vitórias, demos um encaminhamento correto em nossas demandas legislativas e aguardamos com grande expectativa a aprovação no senado do projeto que regulamenta as cooperativas de crédito.


FAROL

[ Prêmio concedido pelo MEC coloca Farol entre as instituições mais conceituadas do país ]

Excelência em qualidade Faculdade de Rolim de Moura conquista uma das mais importantes certificações de qualidade do ensino brasileiro

A

Faculdade de Rolim de Moura (Farol) recebeu o Prêmio Nacional de Excelência em Qualidade no Ensino 2008. Trata-se da mais tradicional certificação de qualidade no ensino superior concedida pelo Ministério da Educação em todo o país. Os critérios são rigorosos: somente as instituições de ensino que atingem média acima de 90 pontos, no ano, estão aptas a receber a certificação. “Estamos muito orgulhosos por ter alcançado esse objetivo, logo no ano em que formamos nossas primeiras turmas de administradores e bacharéis em turis-

mo e ciências contábeis”, destaca Benta Idavina Ferreira Pepinelli Peres, presidenta da Sociedade Rolimourense de Educação e Cultura, mantenedora da Faculdade Farol. O Prêmio Nacional de Excelência em Qualidade no Ensino 2008 premia as instituições de ensino de maior destaque no ano em todo o Brasil, que tenham contribuído efetivamente para o desenvolvimento sócio-econômico do país. Para receber a premiação, as instituições de ensino são indicadas para o Conselho de Qualidade do IBPQGP a partir de dados encaminhados pelo MEC

(Ministério da Educação), Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e Saeb (Sistema Nacional de Avaliação Básica). Além de coletar dados sobre a qualidade da educação no País, o MEC procura conhecer as condições internas e externas que interferem no processo de ensino e aprendizagem, por meio da aplicação de questionários de contexto respondidos por alunos, professores e diretores, e por meio da coleta de informações sobre as condições físicas da instituição de ensino e dos recursos de que ela dispõe. Credisis & Negócios|Janeiro|2009|7


FAROL

Marilisa Peres (Gerente do Financeiro), Meyre Cristiane Peres (Gerente do Patrimônio), Rosicléia Matos Ramos Rocha (Financeiro da Pós-Graduação), Amarildo Rocha (Gerente Financeiro da Pós-Graduação), Maria de Lourdes Bettiol (Gerente Serca), Aline Ludiane Bettiol (Gerente de Recursos Humanos) e Paulo Henrique Bettiol (Departamento Contábil). Ao centro, a presidenta da mantenedora da Faculdade Farol (Sociedade Rolimourense de Educação e Cultura), Benta Idavina Ferreira Pepinelli Peres, com o certificado do Prêmio Nacional de Excelência em Qualidade no Ensino 2008.

Pioneira na educação de qualidade

[ Professor Dirceu Bettiol, da Farol, exibe certificado e troféu da premiação, ao lado de uma das personalidades premiadas. Mais acima, Dirceu e D. Benta Pepinelli Peres, ao lado dos alunos Antonio Claudio e Sigefredo Cavalcante, do curso de pós-graduação em Segurança Pública, promovido pela Farol no Mato Grosso ]

8|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

Dona Benta Idavina Ferreira Pepinelli Peres começou a trabalhar com educação em 1964. Oriunda de Cianorte (PR), chegou a Rondônia em 1979. Na época, a família trabalhava com madeira e pecuária. “Dois anos depois decidi ir morar em Cacoal, porque ainda não havia escolas em Rolim de Moura, e meu sonho era prosseguir com minha carreira no magistério”, recorda. Pioneira no ensino de qualidade, Dona Benta foi responsável por apoiar a implantação de unidades educacionais em diversos municípios da Zona da Mata, entre os quais Santa Luzia, Alta Floresta, Nova Brasilândia e Novo Horizonte, em que oferecia material escolar por meio da Seduc. Em Rolim de Moura, lecionou no Balão Mágico, que veio a ser a primeira escola de educação infantil do estado de Rondônia. A partir de 1992, iniciou as atividades do colégio experimental Dedo Verde, com turmas de pré escolar e educação infantil. Até o ano de 2005, lecionou na rede pública, como professora na Escola Estadual Maria do Carmo Rabelo.


Um “case” de sucesso VESTIBULAR

2009

A Farol foi criada no dia 22 de outubro de 2003. Cresceu de forma gradual, sempre privilegiando a qualidade do ensino, marca registrada de seus fundadores. A instituição conta com mais de 1.300 alunos de graduação, divididos nos cursos de Administração de Empresas, Ciências Contábeis, Turismo, Psicologia e Direito. Em seu Vestibular 2009, realizado no dia 27 de novembro, ofertou mais de 550 vagas para os cinco cursos de graduação. CURSOS DE

GRADUAÇÃO • • • • •

Administração Ciências Contábeis Psicologia Direito Turismo

CURSOS DE

PÓS-GRADUAÇÃO A Farol possui 32 cursos de pós-graduação em três áreas de concentração: Educação, Direito e Meio Ambiente. São mais de 50 turmas formadas por cerca de 2200 alunos em diferentes localidades de Rondônia e do Mato Grosso. Além disso, em parceria com a Eadcon, a Farol atende a mais de 6 mil alunos no ensino à distância em 33 localidades de Rondônia.

[ Irineu da Silva: Farol foi um “divisor de águas” ]

O empresário Irineu da Silva, 38 anos, decidiu cursar Administração de Empresas (com ênfase em RH), na Farol, a fim de melhorar a gestão dos negócios de sua empresa. O resultado superou suas expectativas. “Foi um divisor de águas”, diz o empresário, com vinte anos de experiência no ramo de confecções. “Antes, o aprendizado vinha com a prática, num processo empírico, ou seja, feito a partir de tentativas e erros até chegar à maneira correta”, lembra Irineu. No decorrer do curso de graduação, Irineu percebeu que toda a prática do dia-a-dia na verdade estava embasada em teorias defendidas por grandes nomes da administração.

“A Farol está criando uma nova cultura, trazendo um novo modelo para a sociedade e dando condições para que possamos avaliar os problemas e encontrar as soluções de que necessitamos”, destaca. Formado na primeira turma de Administração da Farol, em 2008, Irineu é sócio de seu irmão Silvano e está há 25 anos em Rolim de Moura. “Passei a identificar melhor as oportunidades de negócios existentes no município”, explica. “Conhecendo melhor o mercado e aplicando ferramentas como, por exemplo, os programas de gerenciamento on-line, conseguimos melhorar o faturamento da empresa”, diz. “Hoje, percebo que as coisas não são tão difíceis assim”, conclui.

FAROL BUSINESS Projeto pedagógico idealizado no formato de MBA, o Farol Business mantém disciplinas integradas num processo de educação continuada. São oferecidos dois cursos de especialização: Gestão Empresarial (Rolim de Moura e Alta Floresta do Oeste) e Consultoria em Negócios (Rolim de Moura). Informações: (69) 3442-8103 – www.farol.edu.br

Credisis & Negócios|Janeiro|2009|9


entrevista

SENADOR VALDIR RAUPP

Projeto defende o desmatamento zero “O setor produtivo do estado deseja uma compensação fi­nanceira para preservar a flo­resta amazônica”

[ O senador Valdir Raupp defendeu o projeto no Congresso Nacional ]

O

senador Valdir Raupp (PMDB) é autor do projeto de lei que dispõe sobre a moratória para fazer cessar o desmatamento na Amazônia Legal, institui o conceito de ativo econômico e prevê a concessão de incentivos na gestão sustentável das florestas existentes na região. Na entrevista a seguir, Raupp comenta quais os seus objetivos com a apresentação do projeto.

adquira uma consciência ambiental e que o nosso projeto possa cessar o desmatamento na Amazônia Legal, dentro do prazo definido, ou seja, dez anos... Ressalto, ainda, que o apoio da sociedade é fundamental para que o projeto seja viabilizado e assegure políticas públicas voltadas para o desenvolvimento da região, de forma sustentável.

Credisis: O sr. propõe uma moratória nos próximos dez anos para a concessão de novas autorizações de desmatamento na Amazônia Legal. Que resultados o sr. espera obter com essa medida? Raupp: Espero que a população

Credisis: Na sua avaliação, Rondônia tem área suficiente destinada à produção e também ao plantio? Raupp: Nas reuniões que tive com o setor produtivo do estado pude observar que não há problemas relacionados às áreas de produção e de plantio. O que o setor produtivo do estado dese-

10|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

ja é uma compensação para preservar a floresta amazônica. A compensação discutida com o setor estabelece que o governo federal cumpra com vários itens, como a regularização fundiária, linhas de créditos para os produtores, monitoramento das áreas de reservas, dentre outras. Credisis: Pelo projeto, o plano de manejo florestal será o instrumento para exploração sustentável da floresta, e deverá ser aprovado pelo órgão ambiental competente. Como fazer para não burocratizar ainda mais o acesso ao crédito para novos projetos? Raupp: Como defendo a revisão dos critérios de desmatamento na região,


acredito que o plano de manejo sustentável dará uma maior transparência ao processo de preservação da floresta amazônica. Os novos planos de manejo florestal serão elaborados pelo poder público e terão um modelo simplificado para agilizar a atividade do setor produtivo. Credisis: União, estados e municípios deverão priorizar incentivos econômicos e fiscais para a produção agropecuária na região. Como irão funcionar esses incentivos? Raupp: Os incentivos econômicos e fiscais serão concedidos por agentes financeiros nacionais e internacionais aos proprietários de terras que seguirem as normas de preservação da floresta previstas no projeto. Os incentivos referem-se ao acesso às linhas de crédito e outros subsídios governamentais. Credisis: A nova lei estimula investimentos no melhoramento genético dos rebanhos. Também haverá estímulo para quem recuperar as áreas degradadas. De que maneira isso vai ocorrer? Raupp: A melhoria genética do rebanho e a preservação das áreas degradadas são questões essenciais do projeto. Quando falo do rebanho, podemos estender a idéia também à agricultura, tanto a familiar como a agricultura em todas as áreas da nossa Amazônia. A proposta é preservar a floresta e promover o desenvolvimento econômico da região, sem punir os produtores, como ocorre hoje.

Credisis: A regularização fundiária das terras da Amazônia é uma das prioridades do projeto. O que os ocupantes dessas terras podem esperar com a aprovação deste projeto? Raupp: A regularização fundiária é um dos problemas que podem afetar a nossa proposta de zerar o desmatamento da floresta amazônica. Entretanto, estou tomando todas as medidas para que a regularização fundiária no estado seja realizada o mais breve possível. Estou lutando para que uma emenda de bancada apresentada ao Orçamento da União de 2008, no valor de RS 12 milhões, seja liberada pelo governo federal, o mais breve possível... Tenho solicitado ao ministro José Múcio, da Articulação Institucional, a urgente liberação desses recursos federais. Credisis: O detentor de imóvel rural com título emitido pelo INCRA receberá o certificado de propriedade no prazo máximo de três anos. Qual o resultado prático desta ação? Raupp: O resultado prático é que o produtor rural terá condições de realizar operações de crédito com quaisquer agentes financeiros, como bancos e cooperativas. O certificado é a garantia de que o detentor do imóvel está com a sua situação regularizada perante os órgãos de fiscalização fundiária. Credisis: A lei anistia de multas os desmatamentos ocorridos nos últimos quinze anos, e desobriga os proprietários de terras públicas de recomporem

a porção de mata de reserva legal. Que efeitos terão essas anistias para a proteção das florestas? Raupp: A anistia não é uma ação de proteção para quem desmatou. O que queremos é avançar sem punir os proprietários rurais que chegaram há mais de 50 anos na Amazônia, e incentivados pelo governo federal tiveram que desmatar em razão de sua sobrevivência. O que o nosso projeto prevê é uma atenção especial para as áreas desmatadas, quer pelo aumento da produtividade do agronegócio, quer pela revitalização da região. Credisis: Pensando em termos otimistas, em quanto tempo o senhor espera aprovar este projeto? Raupp: O projeto de lei nº 342 que apresentei no Senado Federal, no dia 9 de setembro último, se encontra, atualmente, na Comissão de Constituição e Justiça, aguardando o relatório do senador José Nery (PA). Depois seguirá para as Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e do Meio Ambiente. Após tramitar nestas comissões, o projeto será apreciado e votado pelos senadores, em Plenário. Credisis: Como está a adesão ao projeto? Raupp: Observo que a adesão a esse projeto está crescendo dia-a-dia, tanto da parte do setor produtivo como das entidades ambientalistas que desejam ver preservados 83% da floresta amazônica. No Senado, não encontrei qualquer resistência. Da tribuna, tive o apoio de vários senadores e acredito na aprovação do projeto.

“Os incentivos econômicos e fiscais serão concedidos para aqueles que cumprirem as normas de preservação da floresta”

Credisis & Negócios|Janeiro|2009|11


P O R T O VE L H O

Imóveis de alto padrão são supervalorizados [ Alto padrão: metro quadrado custa até R$ 3 mil na capital ]

Puxado pelo início das obras nas usinas, mercado imobiliário da capital vive momento de euforia. Mas preços dos materiais e temor pela crise financeira ainda tiram o sono dos empresários

A

crise financeira mundial está nos jornais e na TV, mas não passa nem perto de Porto Velho. Esta é a sensação dos especialistas no mercado imobiliário da capital, que vivem um momento de euforia. Puxados pelo início das obras nas usinas do Rio Madeira, os lançamentos imobiliários crescem na velocidade das vendas, em especial para as classes mais abastadas. Com 400 mil habitantes e a perspectiva de receber milhares de novos moradores nos próximos anos, a cidade já enfrenta uma crise inversa: faltam imóveis para um

12|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

mercado em franco crescimento. Segundo o empresário do mercado imobiliário Cesar Zogbi, a demanda reprimida atualmente na capital é de aproximadamente 25 mil imóveis. Estudos da Construtora Odebrecht, responsável pelas obras da usina de Santo Antonio, mostram que nos próximos três anos devem chegar cerca de 30 mil novas famílias à capital. Nesse panorama, segundo o presidente do Creci (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis), Flaézio Lima, os empreendimentos em construção no momento, incluindo os que serão lançados


Foco nos imóveis populares em 2009, não serão suficientes para suprir as necessidades do mercado. Outro estudo, realizado pelas Nações Unidas, prevê que Rondônia será um dos estados brasileiros com maior crescimento sustentável dentro dos próximos 50 anos. Independente de se realizar essa projeção, não faltam interessados em conhecer as potencialidades da capital. Somente em dezembro devem desembarcar no aeroporto internacional Jorge Teixeira, em Porto Velho, cerca de 25 mil pessoas. Parte delas vem com o intuito de fixar residência, outros chegam para fazer turismo e ainda há aqueles que pretendem “sondar” o mercado local para futuros negócios. “O movimento de passageiros tem crescido de forma constante nos últimos meses”, explica o superintendente da Infraero, Daniel Sobrinho.

Para 2009, muitos empresários do ramo imobiliário estão apostando na construção de imóveis populares. As famílias que ganham até R$ 3 mil vêm sendo beneficiadas com a construção de condomínios populares pela Caixa Econômica, através do Programa de Arrendamento Residencial (PAR). “Mesmo assim, ainda não é o suficiente para atender o mercado”, afirma o presidente do Creci, Flaézio Lima. Desde que começou a trabalhar com o PAR, a Caixa financiou a construção de nove empreendimentos desse porte em Porto Velho, com uma média de 200 casas cada um. Mesmo assim, a demanda suprimida de imóveis é de 10 mil unidades. “Sem falar nas famílias que recebem menos de R$ 2 mil, que praticamente não são contempladas por lançamentos imobiliários na capital”, conclui Lima.

Novos condomínios de luxo Atualmente existem 30 empreendimentos imobiliários de grande porte em execução na capital, totalizando cerca de cinco mil imóveis. Em geral são condomínios de luxo destinados à classe média-alta. Possuem, em sua maioria, a mesma estrutura de um clube moderno, com inúmeras praças, pista de caminhada, piscinas, salão gourmet, sala de massagem, de ginástica, salão de festa, campo de futebol, quadras poliesportivas, bosque, e até sala de cinema. “Outros dez projetos devem iniciar sua construção a partir de 2009”, prevê João Zogbi. “Eles só não saem do papel se houver escassez de recursos da Caixa Econômica, que deve manter os financiamentos mas de forma mais cautelosa em 2009”, acrescenta Zogbi. O preço cobrado pelos imóveis é proporcional à procura. O metro quadrado da construção civil na capital nos empreendimentos de alto padrão pode custar até R$ 3 mil. “O preço elevado não impede os compradores de fechar negócio”, garante. Mas nem tudo são flores no mercado imobiliário de Porto Velho. A alta nos preços dos materiais tira o sono dos construtores. O aumento vertiginoso nos preços de materiais importantes como o ferro, que este ano subiu 50%, e a escassez do cimento, que chegou a custar R$ 36,00, foram motivos de preocupação para os empresários do setor em 2008.

Credisis & Negócios|Janeiro|2009|13


CONSUMISMO

Shopping Center desperta “vírus” do consumo

14|Credisis & Negócios|Janeiro|2009


População de Rondônia não resiste à tentação de visitar primeiro shopping de Porto Velho, mesmo que não seja para comprar nada

O

primeiro shopping center de Rondônia despertou definitivamente a curiosidade de milhares de rondonienses. Como que picadas pelo mosquito transmissor de uma doença tropical, pessoas vindas de todos os recantos do estado, e até do Acre, parecem chegar movidas pela chamada “febre consumista”. De acordo com os responsáveis pelo gerenciamento do Shopping Porto Velho, cerca de 4.500 veículos passam pelo empreendimento diariamente. Este número sobe para oito mil veículos nos fins de semana. É comum também encontrar ônibus trazendo pessoas do interior do estado ou do Acre. Muitas chegam para conhecer o shopping, mesmo que não comprem nada. O superintendente do shopping, Ricardo Castro, afirma que as lojas Americanas bateram o recorde nacional de vendas em novembro.“ O sucesso deve-se ao fato do centro comercial ser um mix”, explica. “O segredo é a diversificação das lojas, da mais popular à mais sofisticada”. A praça de alimentação, ainda parcialmente concluída, terá 13 lojas, incluindo um grande ícone capitalista, a rede McDonald’s, que deve começar a funcionar no início de 2009. De olho nas festas de Natal, a direção

[ Inauguração: uma multidão de curiosos compareceu, mesmo com poucas lojas abertas ]

do shopping center decidiu antecipar a abertura das portas mesmo com a construção inacabada. O superintendente Ricardo Castro afirmou que houve dificuldades relacionadas à falta de material e de mão-de-obra. “A construtora responsável pela obra teve que trazer cerca de 700 trabalhadores de fora do estado para suprir a carência de pessoal qualificado”, diz. A falta de materiais como ferro e cimento e o início das chuvas também

deram dor de cabeça aos construtores. As salas de cinema, por exemplo, não estavam concluídas mais de um mês depois da inauguração do shopping, ocorrida no final de outubro. Um pouco menos preocupados estão os diretores de uma faculdade que deverá funcionar dentro do centro de compras a partir de 2009. A expectativa é de que as obras da instituição de ensino estejam totalmente concluídas antes do início do ano letivo.

[ Primeiro shopping de Rondônia já virou atração turística em Porto Velho ]

Credisis & Negócios|Janeiro|2009|15


PI M ENT A B U EN O

Hidrelétrica poderá negociar créditos de carbono PCH de Primavera obtém aprovação internacional para vender créditos a indústrias emissoras de gás carbônico

A

Hidrelétrica Eletro-Primavera, construída no Rio Pimenta Bueno, entre os municípios de Pimenta Bueno e Primavera, acaba de receber a aprovação da Organização das Nações Unidas (ONU) para um projeto de resgate de carbono, dentro do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do Protocolo de Kyoto. Ao gerar energia limpa e renovável, a PCH (Pequena Central Hidrelétrica) de Primavera acumula créditos de carbono que poderão ser adquiridos por indústrias emissoras de gases como o dióxido de carbono (CO2), responsável pelo aumento do efeito estufa e por severas mudanças no clima do planeta. O investidor responsável pela constru-

ção da usina, empresário César Cassol, explica que “ao gerar energia renovável, a PCH contribui de forma positiva para a redução das emissões de gases do efeito estufa”. A implantação do projeto de créditos de carbono é de responsabilidade da empresa ECO Security. De acordo com César Cassol, “a geração de energia local, por meio das PCHs, além de ser mais limpa, também traz uma contribuição importante à sustentabilidade ambiental, reduzindo as emissões de dióxido de carbono que ocorreriam na ausência do projeto”. Segundo o empresário, as PCHs “conciliam ações de sustentabilidade ambiental, social e econômica”.

Protocolo de Kyoto O Protocolo de Kyoto visa fazer com que os países que assinaram o acordo reduzam as emissões dos gases do efeito estufa. A meta até 2012 é reduzir cerca de 5% do montante de gases emitidos em 1990, ano do primeiro período de compromisso. Os créditos de carbono são bônus, cotados em dólar, que podem ser negociados. As empresas que não conseguem cumprir as metas em relação à emissão de gases compram os certificados das empresas que cumprem o protocolo de Kyoto. Para os empresários, um dos pontos mais importantes do mercado de carbono é que cada empresa pode estabelecer seu ritmo de adequação às leis ambientais.

[ Usina de Primavera: energia limpa gera créditos de carbono para serem comprados por empresas poluentes ]

16|Credisis & Negócios|Janeiro|2009


PROJEÇÃO

Com o foco em 2009, hotéis investem pesado e a reforma completa de hotéis tradicionais virou uma “febre” na cidade.

“Número de hotéis deverá dobrar na capital nos próximos três anos” Flats

[ Hotel de luxo em Porto Velho: empresários prevêem falta de apartamentos no segundo semestre ]

Rede hoteleira da capital investe para atender a clientela que deverá chegar à cidade até meados de 2009

A

rede de hotéis de Porto Velho vive o melhor momento dos últimos 20 anos. Em 2008, o setor teve um aquecimento inédito, motivado pela confirmação das obras nas usinas do Madeira – que atraíram a instalação de novas indústrias, como a Votorantim, e também pela construção de obras de grande porte, com destaque para o shopping center. Contabilizados os hotéis de duas, três e quatro estrelas, Porto Velho possui 600 apartamentos disponíveis para atender os clientes que chegam à capital. Incluindo as pousadas e hotéis simples, o número sobe para mil. A capital ainda não dispõe de um hotel cinco estrelas.

Para o empresário Uirandê Castro, do grupo Aquarius, o volume de apartamentos disponíveis ainda comporta a demanda atual. “Mas a partir do momento que as obras das duas usinas entrarem em ritmo acelerado, em julho de 2009, e com o crescimento da cidade, a quantidade de apartamentos na rede não será suficiente”, aposta. O empresário acredita que o número de hotéis na capital deverá dobrar nos próximos três anos. Tudo para atender a grande quantidade de pessoas que deve chegar por causa das usinas. Pensando nessa clientela, os grupos hoteleiros investem pesado. A construção de novos empreendimentos

Alguns empreendimentos de destaque estão em andamento na capital: o Ibis, do grupo Accor/Vila Rica; o Atlântica, no centro da cidade; e o Flamboyant, que funcionará como flat. O próprio Aquarius, que possui um quatro estrelas, já investe na construção de um segundo hotel de alto padrão, que inclui flat e deve inaugurar em 2010. O investimento em flats é uma tendência de mercado na capital. O empresário Emerson Castro, do Aquarius, acredita que os flats devem ajudar a conter os preços nos hotéis de alto padrão. “Isso aconteceu em São Paulo e outros grandes centros”, revela. Para o empresário, foi-se o tempo em que os hotéis de São Paulo cobravam diárias elevadas. “Com o advento do flat, os hotéis tiveram que baixar o preço para não perder a clientela”, diz. “E se comparada a Manaus e Rio Branco, a diária em Porto Velho ainda sai mais em conta”. Atualmente, o Rondon é o maior hotel da capital, com 134 apartamentos. “A taxa média de ocupação se mantém em 60%”, explica a gerente Rafaela Souza. Ela acredita que a clientela para esses novos empreendimentos está garantida. “Quem investir, certamente terá retorno num futuro próximo”. Credisis & Negócios|Janeiro|2009|17


b i oj ó i as

Exclusividade da Amazônia Feitas com materiais encontrados na região, por artesãos de Rondônia, as biojóias têm valor agregado e seguem modernas tendências de mercado

A

ssistente social por formação e artesã por amor, a descendente de alemães Eliane Luzia “Nany” Schaeddler Bastos, depois de 10 anos atuando na produção de biojóias, começa a consolidar sua marca, a Nany Schaeddler, em Rondônia e em alguns estados brasileiros, onde suas peças são vistas como verdadeiras obras de arte. “Meu trabalho tem um referencial, uma história de pesquisa, as peças não são feitas de forma aleatória”, diz Nany Bastos. “Tudo isso é levado em conta pelos compradores e agrega valor ao produto”, observa a artesã. Com um público consumidor já consolidado, Eliane comercializa suas peças direto ao cliente, ou em boutiques especializadas da capital. “Não é todo lojista que sabe comercializar esse tipo de trabalho, pois o que se vende é mais do que uma peça de artesanato, é um conceito”, diz. Suas biojóias mesclam materiais da Região Amazônica com a joalheria clássica, como o ouro e a prata. Mas muitas são feitas unicamente com materiais da floresta, em especial de inspiração indígena, numa composição e efeito que encanta os compradores. Eliane defende a idéia de que é preciso ter um estilo diferenciado para usar os seus colares, anéis e pulseiras. Ela trabalha com peças únicas ou em pequena escala, dependendo da solicitação do cliente. A produção é feita em sua residência, com apoio de dois funcionários.

[ PARA FAZER SUAS PEÇAS: Nany busca inspiração na natureza ]

artesões, com linhas de crédito especiais para investir em maquinários e capacitação, que são dois pontos fundamentais para melhorar a qualidade e aumentar a produção”. “A participação em feiras nacionais e internacionais também é fundamental para que o trabalho desenvolvido em Rondônia tenha maior visibilidade lá fora”, diz a artesã.

Incentivo

Exportar ainda é um desafio

Nany explica que o mercado de biojóias no estado ainda é tímido, mas com perspectivas concretas de crescimento. “O setor pode crescer muito, desde que haja maior incentivo do poder público aos

Comercializar biojóias no mercado externo não é fácil. Alguns artesões já vendem peças no exterior, mas de forma muito tímida. Nany acredita que é preciso primeiro buscar credibilidade no mercado

18|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

interno, para então partir para a exportação. Mesmo sem chegar a esse patamar, porém, ela já vendeu peças para Itália e Espanha. Glenny Paes, coordenadora de artesanato do Sebrae, acredita que dos 53 artesões de biojóias cadastrados pela instituição, metade tem condições de exportar. “Mas, pelo menos por enquanto, poucos fazem isso”, diz. “Os estrangeiros exigem produtos com a cara da Amazônia e com alto padrão de qualidade”, destaca Glenny, acrescentando que o Sebrae oferece consultoria em design aos profissionais que atuam nessa área. Ela cita o caso das artesãs de GuajaráMirim, Terezinha Xavier dos Santos e Ozinete de Sousa, que já exportam para os Estados Unidos e Japão, através do


Sebrae apóia iniciativa O Sebrae mantém um portifólio com 53 artesões que que trabalham com biojóias nos municípios de Porto Velho, Guajará-Mirim, Ariquemes e JiParaná. Eles participam de oficinas e feiras dentro e fora do estado. A mais recente foi em Minas Gerais. “Em geral, o Sebrae serve como intermediador entre o artesão e o cliente, ajudando a promover as negociações”, diz Glenny Paes Salles, coordenadora de artesanato da instituição.

sistema Exporta Fácil, do governo federal. Em Porto Velho, além de Nany, a artesã Lenilda dos Santos a cada três meses envia 100 peças para a Alemanha. A Cooperativa de Artesãos Açaí, de Porto Velho, também mantém negociações com empresários de outros países.

Glenny acredita que os produtores de biojóias conseguirão sucesso desde que sigam tendências do mercado nacional e internacional. “Eles devem adequar seu estilo ao gosto do consumidor”, explica. “Do contrário, não terão como competir”. Cerca de 30 artesãos de Rondônia vendem seus produtos para outros estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Distrito Federal. Glenny diz que a região Sul é fechada para esse tipo de artesanato. O mesmo acontece com os países da América do Sul. “Ainda não conseguimos entender os motivos deles serem fechados ao mercado das biojóias. Acredito que seja porque associam ao estilo hippie”, observou. Mas, pelo menos Nany Schaeddler conseguiu furar esse bloqueio. Ela afirma que sua maior clientela não está em Rondônia, e sim, nos estados do Paraná e Santa Catarina, seguidos de São Paulo e Rio de Janeiro. No último dia 12 de dezembro, ela tentava vencer a burocracia da alfândega para enviar peças para o Rio de Janeiro. “Toda vez que mando peças para fora, enfrento essa burocracia”, desabafa.

Credisis & Negócios|Janeiro|2009|19


PE S Q U I S A

Nova banana é imune a pragas Variedade “Conquista”, desenvolvida por técnicos da Embrapa, deverá impulsionar agronegócio da banana na região norte

P

esquisa desenvolvida por técnicos da Embrapa deve resolver um dos maiores problemas enfrentados pelos produtores de banana na região Norte: as pragas que dizimam a produção, em especial a sigatoka-negra, a mais devastadora de todas, que pode causar perdas de até 100% nos bananais. A nova variedade, pesquisada pelos engenheiros agrônomos José Clério Rezende e Luadir Gasparotto, da Embrapa de Manaus, foi batizada de “Conquista”, e deve ser lançada no mercado no próximo ano. A “Conquista” foi aprovada pelos atacadistas de São Paulo e por consu-

midores de supermercados na cidade de Campinas, no interior paulista, que participaram de teste de degustação do produto, segundo afirmou Calixto Rosa Neto, técnico na área de Transferência da Tecnologia da Embrapa de Rondônia. A variedade pesquisada já foi registrada no Ministério da Agricultura, como “BRS Conquista”. Além da sigatoka-negra, a “Conquista” está imune ainda às pragas maldo-panamá e sigatola-amarela, também comuns à região Norte. O fruto maduro desse tipo de banana, apresenta casca de coloração amarelo-clara e polpa de coloração creme. Calixto explicou que

[ Olivi Quevedo, o “Bibão”: 80 toneladas de banana por mês ]

20|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

o equilíbrio entre açúcar/ácidos e aroma agradável é bem marcante. O seu rendimento é elevado, devido à alta relação polpa/casca. Sua produtividade também é alta, podendo atingir 48 toneladas por hectare ao ano. Cada cacho tem, em média, 320 frutos. A Embrapa começou a pesquisar variedades mais resistentes desde 1998, quando surgiu a sigatoka-negra pela primeira vez no Amazonas. Esta praga se tornou, desde então, o principal problema enfrentado pelos produtores para deslanchar a produção na região Norte. A sigatoka é responsável pela redução da produtividade de bananais nas regiões tropicais úmidas em todo o mundo, induzindo perdas totais na produção de cultivares, como Prata, Nanicão e Maçã, tradicionalmente utilizadas no agronegócio da banana. Ainda segundo os pesquisadores, para resolver o problema desta praga, os produtores tinham duas opções: utilizar, no controle da sigatoka-negra, pelo menos 5,5 milhões de litros de fungicidas xenobióticos por ano ou 40,6 milhões de quilos de fungicidas protetores – o que, além de onerar os custos de produção, contribuiria para um amplo desequilíbrio ambiental. Ou ainda, substituir toda a área plantada com bananais suscetíveis por outros tipos resistentes recomendadas. “Nesse caso, necessitaria de cerca de 900 milhões de mudas”, afirmaram. Com objetivo de reduzir os custos econômicos e socioambientais no controle da sigatoka-negra é que os pesquisadores da empresa desenvolveram o programa de melhoramento genético da bananeira.


Pesquisa melhora qualidade da lavoura Cacoal ocupa posição de destaque Com uma produção de 4.640 toneladas (IBGE/2006), o município de Cacoal ocupa posição de destaque na produção de bananas em Rondônia. Com uma lavoura de 500 hectares e uma produtividade de 9,2 toneladas por hectare, os produtores da região têm rendimento médio anual de R$ 2,2 milhões com a cultura. O comerciante Olivi “Bibão” Quevedo, de Cacoal, é um dos principais distribuidores do estado. Ele abastece os principais centros consumidores de Rondônia, entregando em média 80 toneladas da fruta mensalmente. “Mesmo assim, falta banana em meu depósito”, diz “Bibão”, que tem uma lavoura de 30 hectares na região. Ao todo, o comerciante emprega 13 funcionários.

A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) conta com 27 pesquisadores em seu quadro, desenvolvendo estudos que vão do melhoramento genético do rebanho ao biodiesel, passando ainda por culturas de destaque no estado como o arroz e o café. A tecnologia é repassada aos agricultores através de cursos, palestras e publicações. As pesquisas desenvolvidas com a cultura do café são as mais utilizadas pelos produtores rurais, segundo Calixto Rosa, levando Rondônia ao segundo lugar na produção do café Conilon - usado pelas indústrias na fabricação do café solúvel. O programa de qualidade do leite é outro destaque da empresa. Os técnicos dão ênfase a nutrição do rebanho, desenvolvendo pesquisas com gramíneas e forrageira - esta última usada na suplementação animal. Em parceria com a Emater, no programa Pró-Leite, atua no controle da mosca-do-chifre e melhoramento genético do rebanho. Diariamente, são produzidos cerca de dois milhões de litros de leite em todo o estado. “O trabalho da Embrapa é importante para melhorar a qualidade do rebanho e a produtividade”, enfatiza Calixto. Em relação ao arroz, os técnicos atuam basicamente no melhoramento genético. Na safra 2006/2007 foram colhidas 145 mil toneladas do produto no estado, de uma lavoura de 70.867 hectares, com

destaque para os municípios de Vilhena (11,6 mil toneladas) e São Francisco (9,8 mil toneladas). A Embrapa trabalha ainda no melhoramento genético do milho – outra cultura de destaque no estado. Em 2006/2007, foram produzidas 249,9 mil toneladas, tendo Vilhena como município de ponta (36,4 mil toneladas). Vilhena também lidera a cultura da soja, com 99,2 mil toneladas – de um total de 259 mil toneladas em todo o estado. A Embrapa trabalha com a soja transgênica apenas em pesquisa, não sendo utlizada para plantio. A mandioca é outra cultura que está recebendo a atenção dos pesquisadores. Os técnicos estão trabalhando no diagnóstico da cadeia agroindustrial, em parceria com o Sebrae e Emater, visando melhorar a qualidade e a produção dessa cultura. Rondônia apresenta uma produção considerável, com 530 mil toneladas, ocupando cerca de 30 mil hectares. Porto Velho se destaca com 119,8 mil toneladas de mandioca produzidas. Calixto Rosa explica que é preciso aliar os resultados das pesquisas com investimento na qualidade do solo, do contrário, a produção não deslancha. “Só a tecnologia não resolve”, observa. “Poucos produtores conseguem investir na melhoria da terra, por não terem acesso ao crédito”.

Consumidor já aprovou a “Conquista” Um dos produtores de Cacoal é Albino Conti. Aos 86 anos, “seo” Albino mostra disposição de garoto para cuidar da lavoura de 1400 m2, no centro da cidade. Ele mostra a terra arenosa e conta o segredo de produzir bananas. “O importante é aguar sempre”. Das sete primeiras mudas entregues pelo amigo “Bibão” há dois anos, “seo” Albino formou o bananal, no terreno de casa. “Isso aqui é um prazer para mim”, completa o agricultor.

Os pesquisadores da Embrapa acreditam que a variedade “Conquista” irá recompor o agronegócio da banana na região Norte. “Acredito que agora Rondônia poderá se transformar num grande produtor dessa cultura”, declarou o agrônomo Calixto Rosa Neto. Para ele, os maiores problemas já foram solucionados, ou seja, conseguir resultados na pesquisa e aceitação do público. Segundo os pesquisadores, a melhor época para cultivar os bananais é a estação chuvosa, com chuvas bem distribuídas. Em cultivo irrigado, o plantio pode ser realizado em qualquer época do ano. Deve-se plantar, inicialmente, todas as mudas de um mesmo tipo, seguindo de outro tipo, visando uniformizar a lavoura.

Credisis & Negócios|Janeiro|2009|21


J I - PA R A N Á

A maior do interior

[ Nova sede da Ji-Cred, em Ji-Paraná: investimentos na cidade lideram o ranking do interior do estado ]

Com forte vocação para o desenvolvimento, Ji-Paraná investe em infra-estrutura de olho no futuro

22|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

E

conomia em alta, investimentos públicos e privados, planejamento urbano, surgimento de novas indústrias e centrais de distribuição, aeroporto em fase de modernização, duplicação da ponte sobre o Rio Machado. Tudo isso representa Ji-Paraná, maior cidade do interior de Rondônia e grande pólo agroindustrial da região central do estado. Ji-Paraná cresceu graças à força de seus pioneiros. Os garimpeiros de diamantes chegaram durante o primeiro grande ciclo migratório local, na década de 1940. Na época, o município não passava de um pequeno vilarejo. Hoje, a segunda maior cidade rondoniense tem população superior a 100 mil habitantes e movimenta mais de um bilhão de reais em divisas. Mas o crescimento acelerado do

município aconteceu sem que houvesse um planejamento adequado. O primeiro projeto nesse sentido ocorreu em 2001. JiParaná foi o primeiro município do estado a concluir seu Plano Diretor, segundo as diretrizes traçadas pela Caixa Econômica Federal (CEF) e o Estatuto das Cidades. Em 2008, o município concluiu a revisão do Plano Diretor, com base nos mesmos parâmetros, amparado por um programa de desenvolvimento urbano municipal. Vale lembrar que todos os municípios do país foram obrigados por lei a fazer esse planejamento, sob pena de ficarem sem receber verbas federais. Há três anos, a prefeitura implantou um programa de regularização fundiária que permite aos moradores e empresas instaladas obter o título definitivo dos terrenos, com menor custo e maior rapidez


[ Frigoríficos estão presentes na economia do município ]

A prefeitura planeja ainda a instalação de um segundo distrito industrial para concessão de áreas para novas empresas. Estudos apontam para a viabilidade de implantação do novo distrito numa região próxima ao arco sul do contorno rodoviário que está sendo construído no município, que desviará o tráfego de caminhões do perímetro urbano.

Arrecadação

na concessão do documento. Segundo a Secretaria Municipal de Fazenda, 10 mil terrenos já estão prontos para a emissão do título definitivo. Isso deverá facilitar os pedidos de transferências e a concessão de financiamentos para reforma, ampliação e compra de imóveis. A prefeitura também propôs a revisão dos códigos de Obra e Postura do município. Desta forma, acreditam os administradores, haverá uma participação mais efetiva na fiscalização e controle do crescimento urbano. Dentro dessa nova concepção, a Câmara dos Vereadores aprovou em outubro a lei municipal que trata da edificação de condomínios residenciais horizontais, priorizando os novos investimentos em edificações. Atualmente, três empreendimentos desta natureza estão sendo tocados na cidade.

Em Ji-Paraná, a média mensal da arrecadação estadual de impostos e taxas é de R$ 11 milhões, segundo dados da Secretaria Estadual de Finanças (Sefin). Este total é um indicativo do crescimento da economia ocorrido nos últimos quatro anos, quando a arrecadação pulou de R$ 9 milhões para o atual patamar, revelando um crescimento próximo aos 20%.

Se numa das pontas da economia os números crescem, na outra a quantidade de contribuintes ativos (pessoa jurídica) teve pequena diminuição no período. A redução ficou próxima dos 4%, mas, mesmo assim revela um ponto importante: as empresas que se mantêm no mercado, dos mais variados portes e segmentos, passaram a ser mais eficientes em sua gestão de negócios. Atualmente, passam de 2 mil o número de contribuintes em Ji-Paraná. Outro indicador que sustenta a estabilidade econômica local é a arrecadação do ISS (Imposto Sobre Serviços), sob a responsabilidade da administração municipal, que proporciona uma renda mensal de R$ 550 mil. No caso do ISS, o percentual de crescimento chega a 30%, registrado continua>>

[ Visão geral da cidade: processo de crescimento acelerado ]

Credisis & Negócios|Janeiro|2009|23


J I - PA R A N Á

no período de 2005 a 2008. Mais uma vez o setor de serviços desponta como uma das mais importantes atividades do município.

[ Novo centro de distribuição: tendência econômica em Ji-Paraná ]

Agronegócio O desempenho econômico de JiParaná encontra explicação nos números do agronegócio, principalmente na pecuária de corte e leite. O setor tem atraído um grande volume de investimentos, voltados para a industrialização da carne e do leite. Ji-Paraná reúne quase 3 mil propriedades rurais, com cerca de 420 mil bovinos nos pastos, permitindo se manter no terceiro lugar no ranking estadual de gado de corte. A mesma posição é garantida na produção de leite, que totaliza 178 mil litros por dia, para um rebanho de 142 mil animais. Para manter o agronegócio em alta, o município investe em sanidade animal, controlada por meio dos organismos estaduais de defesa agropastoril. Também investe na logística, que permite ter o município como base operacional estratégica para alcançar outros centros criadores. Diariamente, o município abate 5 mil bovinos e processa 150 mil litros de leite. Em Ji-Paraná estão instaladas quatro indústrias frigoríficas e cinco laticínios, que geram mais de 5 mil empregos diretos e estimulam o mercado varejista e de serviços. O município também está investindo no aproveitamento de subprodutos como o couro e o soro, até então deixados de lado pelas indústrias locais. Com a implantação de uma unidade industrial para processamento de couro, o município passa a contar com um produto de destaque na cadeia produtiva. O soro de leite é outro subproduto que passa a ser aproveitado na fabricação do leite em pó, agregando valor ao produto. As duas únicas indústrias produtoras de leite em pó do estado estão em Ji-Paraná. 24|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

[ Decoração de Natal: investimento para estimular o comércio ]

[ Show da Família Lima: cidade com vida noturna agitada ]


entrevista

CLAUDEMIR MIRANDA

Fechando com chave de ouro

[ Claudemir Miranda, presidente da ACIJIP, e Marcito Aparecido Pinto, que assume o posto em 2009 ]

Empresário destaca gestão à frente da ACIJIP, período em que houve expressiva ampliação do quadro de associados e do volume de novas empresas instaladas em Ji-Paraná

O

presidente da Associação Comercial e Industrial de Ji-Paraná (ACIJIP), Claudemir Miranda, é um bem-sucedido empresário do ramo de produção de vidros industriais. Após dois anos e meio à frente da instituição, Claudemir Miranda está fechando seu mandato e faz uma avaliação positiva das ações desenvolvidas, sempre com o foco na melhoria dos serviços oferecidos ao segmento empresarial. “Tivemos um crescimento expressivo do número de associados, que aumentou mais de quatro vezes, de 135 para 620 empresários”, ressalta. “Trabalhamos para que novas indústrias e empresas

fossem instaladas em Ji-Paraná, pois acreditamos que isso cria um ambiente favorável para o empresariado, com reflexos positivos para toda a sociedade”, enfatiza Miranda. O presidente se empenhou na instalação de novas empresas, como o Centro de Distribuição dos Móveis Gazin. Um dos pontos mais importantes nesse processo “são os benefícios do projeto de incentivo fiscal do Governo do Estado para atrair novos investimentos”, destaca. “Ji-Paraná é hoje um grande pólo industrial de Rondônia, e esse sempre foi o objetivo da ACIJIP, nesses 24 anos de história da entidade”.

A parceria da Associação Comercial com a Ulbra também foi lembrada, como forma de incentivar a formação acadêmica dos funcionários da indústria e do comércio. “Foram cerca de 1.370 alunos somente nos últimos dois anos, com descontos nas mensalidades dos associados”. O presidente lembra ainda que, entre os serviços oferecidos aos associados, está a consultoria contábil e empresarial da entidade. Para o futuro, Miranda destaca o projeto para a construção de uma nova sede da entidade, com auditório para mil pessoas, salas de aulas para cursos, cursos para capacitação profissional nas áreas de atendimento ao público, como telefonistas, computador, assessoria jurídica, contábil e banco de empregos. Para finalizar, Miranda destaca o apoio recebido da bancada federal, em especial o senador Valdir Raupp, e os deputados federais Marinha Raupp e Anselmo de Jesus. “Os recursos federais destinados a obras de infra-estrutura, a exemplo do alargamento da ponte, pavimentação de ruas e avenidas, aeroporto e outros, resultam de um trabalho bem-sucedido em Brasília, em prol do nosso município”.

“Ji-Paraná é hoje o principal pólo industrial do interior de Rondônia”

Credisis & Negócios|Janeiro|2009|25


T R A N S P O R TE S

[ Pista do aeroporto de Ji-Paraná: nova pista poderá receber aviões de maior envergadura ]

Aeroporto de Ji-Paraná será ampliado Diretores do Sistema Credisis participaram da reunião que definiu aumento de capacidade da pista

26|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

O

aeroporto de Ji-Paraná terá sua pista totalmente substituída a partir de 2009. A reunião que definiu o futuro do aeroporto teve a presença de diretores da Ji-Cred e Fundação Ji-Cred (responsáveis pelos investimentos nos últimos anos e pela administração do aeroporto), representantes da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Prefeitura Municipal, Associação Comercial, Faculdade Ulbra e do deputado federal Anselmo de Jesus (PT), autor da emenda que prevê R$ 16 milhões para as obras. Uma segunda emenda, nos mesmos valores, já foi encaminhada e poderá resultar na reforma completa das instalações do aeroporto, obra aguardada há alguns anos pela sociedade local. Os novos investimentos permitirão receber aeronaves de maior envergadura, além de adequar o campo de pouso para

um fluxo maior de vôos nos próximos anos. “A princípio, tínhamos interesse em que fosse construída uma nova pista, ao lado da atual, mas na prática isso significaria abrir mão dos recursos já garantidos na União, sem nenhuma garantia de que teríamos novamente esses recursos no próximo ano”, esclareceu o presidente da Cooperativa Ji-Cred, Milton Crevelaro. Além dele, também estiveram presentes à reunião o presidente do Sistema Credisis, Gilberto Borgio; o presidente da Fundação Ji-Cred, Elton Pereira de Oliveira; e o diretor-executivo da Fundação, Norberto Göhl.

Pista Quando estiverem concluídas as obras, num prazo de três anos, a pista do aeródromo passará dos atuais 1.800 metros de extensão, 45 metros de lar-


gura e grau de resistência da pista (PCN) equivalente a 30, para uma pista com 2.000 metros de comprimento e um PCN equivalente a 40, com possibilidade de que seja ampliada para um PCN de 45. “Quanto maior o PCN, maior a capacidade de receber aviões maiores e mais pesados, este será um importante diferencial do novo aeroporto”, explica o gerente administrativo do aeroporto, Antonio Carlos Crevelaro. A modernização do terminal deverá atrair novas empresas aéreas interessadas em operar em Ji-Paraná. Além de Trip e OceanAir, que respondem por 3.500 embarques mensais (sendo 500 através do convênio entre OceanAir e TAM), já existe o interesse da mais nova empresa do mercado, a recém-criada Azul. “A Azul possui uma frota de aviões Embraer, de médio porte, específicos para vôos regionais, e já mostrou interesse em abrir negociações”, diz Antonio Carlos. “A Trip também deverá operar com aviões a jato”. A reforma deverá transformar parte da pista num canteiro de obras, mas os vôos e decolagens deverão prosseguir. “A idéia é dividir a pista em três partes, ou até em quatro, para garantir que o fluxo de aeronaves seja interrompido pelo menor tempo possível”, avalia o gerente do aeroporto. “Com até 1.200 metros de comprimento é possível operar sem problemas, mas nosso objetivo maior é o futuro do aeroporto de Ji-Paraná, estamos pensando no longo prazo”, diz o gerente. A previsão é de que as obras durem cerca de três anos, sendo que o aeroporto deverá ficar totalmente interditado por um período mínimo de seis meses.

Ji-Cred administra aeroporto Nos últimos anos, a Fundação Ji-Cred promoveu uma série de investimentos no aeroporto de Ji-Paraná, principalmente na segurança dos passageiros, dos vôos e da pista, que recebeu reparos em diversos pontos. O aeroporto também recebeu equipamentos do projeto Sivam, sem custo, para implantação da estação meteorológica. Em 2008, a Fundação promoveu a manutenção do equipamento de raios-X, melhorou o pátio do estacionamento e instalou equipamentos para climatização do saguão do aeroporto e melhorias para o conforto de passageiros e visitantes.

[ Melhorias: Ji-Cred segue investindo no aparelhamento do aeroporto ]

[ Reunião em Ji-Paraná: recursos federais para o aeroporto podem chegar a R$ 35 milhões ]

Credisis & Negócios|Janeiro|2009|27


entrevista

PREFEITO JOSÉ DE ABREU BIANCO

No caminho da reconstrução

O

advogado José de Abreu Bianco nem sonhava em entrar na política quando decidiu trabalhar em Rondônia, em 1974. Paranaense de Apucarana, criado na pequena Rolândia, já estava há alguns anos morando em JiParaná quando viu o antigo território federal ser transformado em estado. Convocadas as primeiras eleições, aceitou o convite de amigos para concorrer a deputado estadual e conquistou a maior votação do pleito de 1982. Dali por diante, a política já estava em suas veias. Presidiu a primeira Assembléia Constituinte Estadual e foi o primeiro presidente da Assembléia Legislativa de Rondônia. Eleito prefeito de Ji-Paraná em 1988, ganhou em 1994 a eleição para o Senado Federal e, na metade do mandato, em 1998, foi eleito governador do estado. Perdeu a reeleição para o governo, mas ganhou novamente o mandato de prefeito de Ji-Paraná, em 2004, e acaba de ser reeleito para o seu terceiro mandato à frente da principal cidade do interior do estado. Na entrevista a seguir, Bianco fala do trabalho realizado na prefeitura nos últimos quatro anos e seus planos para o futuro do município.

Credisis: Qual a sua avaliação em relação a este mandato que está se encerrando? Bianco - Acredito que foi um mandato muito bem-sucedido. Enfrentamos dificuldades e tivemos que reestruturar a Prefeitura. Ainda não fiz tudo aquilo que gostaria, temos que concluir a pavimentação e acredito que até meados de 2009 essa reconstrução estará finalizada. De qualquer modo, tenho que destacar a instalação da Justiça Federal e da Procuradoria da República em Ji-Paraná, que trazem advogados de Rondônia e também do Mato Grosso 28|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

[ Prefeito Bianco: terceiro mandato à frente de Ji-Paraná ]

e isso acaba gerando novos negócios para a cidade. Em termos de Justiça Federal, hoje estamos equiparados a Porto Velho. Credisis: E as obras que estão em andamento hoje? Bianco - Uma das principais obras é a duplicação da ponte sobre o Rio Machado. Recebemos recursos federais para diversas obras importantes, com destaque para a duplicação da ponte, que é uma obra destinada a atender não só a população de Ji-Paraná, mas para toda a população de Rondônia e do Acre. Aliás, aproveito para fazer um apelo à

população, de que tenham paciência com esta obra, em especial nos meses de janeiro e fevereiro, quando o trânsito deverá ser feito numa só pista. Afinal, a ponte tem 40 anos, e não dá pra passar bitrem por ali sem fazer essas obras de reforço estrutural. Mas, resumindo, estou satisfeito que, ao final do mandato, recebemos a notícia da liberação de R$ 15 milhões para as obras no aeroporto, a partir de uma emenda da bancada federal. Realmente, a cidade está com uma economia forte, o movimento bancário está crescendo, e tudo caminha para o desenvolvimento de Ji-Paraná.


Credisis: O que se pode esperar desse segundo mandato? Bianco – Vamos continuar trabalhando nas obras de infra-estrutura, em parceria com a bancada federal. Temos a licitação do anel viário em 2009, temos recursos do senador Valdir Raupp para construção de arquibancadas do parque de exposições, temos as obras de esgoto e sanea­­­mento, vamos prosseguir com os tra­balhos de recape e bloqueteamento das ruas, então a nossa expectativa é a melhor possível. Credisis: Novas empresas estão chegando a Ji-Paraná. Que tipo de apoio elas recebem da prefeitura? Bianco – Em geral, doamos o terreno onde será construída a sede da nova empresa e a terraplenagem. Temos recebido muitas empresas em JiParaná e esse apoio é importante para consolidar a geração de empregos e renda. Credisis: Quais são as dificuldades de se administrar uma cidade do porte de Ji-Paraná? Bianco – Administrar é colocar prioridades, ter transparência, os recursos são escassos, então é preciso muita seriedade. A verdade é que Ji-Paraná teve um crescimento vertiginoso e a administração pública não conseguiu acompanhar esse crescimento. Um exemplo disso é a pavimentação das ruas, mas estamos trabalhando e vamos concretizar essa meta.

“A ponte já tem 40 anos. Se não fizesse essa obra, não daria pra continuar passando bitrem por ali”

Credisis: Um dos pontos fortes de Ji-Paraná é o fato de ser uma cidade com vocação universitária. Como a prefeitura vê essa questão? Bianco – Com muito otimismo, até porque recebemos a notícia de que mais uma instituição de ensino está chegando à cidade. Trata-se da Universidade Aberta do Brasil, em parceria da Unir, Assembléia Legislativa e da prefeitura, que vai oferecer cursos como Pedagogia, Letras e Administração, em ensino à distância. Além disso, a cidade vai ganhar uma instituição federal na área de tecnologia, nos mesmos moldes do Cefet, e tudo

isso tem uma grande importância para o município. Credisis: Qual a sua mensagem para a população? Bianco – Tenho muita esperança em Rondônia, em Ji-Paraná, em todos os municípios do nosso estado. Estamos vivendo um momento muito afirmativo com a chegada das usinas de Porto Velho. Temos perspectivas realmente muito boas. As obras federais estão em bom número, a infra-estrutura da cidade está melhor a cada dia, e temos todas as condições de fazer um excelente segundo mandato.


S E M IN Á R I O

Encontro debate a “governança cooperativa”

[ Seminário em Fortaleza: definindo novos rumos para o cooperativismo ]

Evento nacional realizado em Fortaleza/CE mostrou tendências modernas, como a governança e a educação cooperativa

O

VII Seminário Tendências do Cooperativismo Contemporâneo, realizado em novembro, em Fortaleza (CE), reafirmou a importância do setor cooperativista em momentos de crise. Um dos principais eventos do setor cooperativista brasileiro, este ano abordou como tema central a “Economia Social: Governança e Educação Cooperativa”. O diretor do Sistema Credisis, Vornei Bernardes, e o presidente da CrediCacoal, Gilmar Odorisi, representaram as cooperativas de crédito rural de Rondônia no evento. “O encontro abordou questões importantes para a sociedade atual, do ponto de vista do cooperativismo”, diz Vornei Bernardes. “Temas como a evolução dos meios de produção, a ética na sociedade e até mesmo o meio ambiente 30|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

os excluídos ao processo econômico e oferece a esses a oportunidade de acesso a serviços públicos, antes oferecidos unicamente pelo Estado, mas agora oferecidos também por organizações nãogovernamentais de forma eficiente”. De acordo com Linda Shaw, professora PhD e diretora de pesquisas do Cooperative College Manchester, da Inglaterra, a educação foi a base da formação da primeira cooperativa fundada no mundo, em Rochdale, Inglaterra no ano de 1844 quando um grupo de tecelões se uniram para formar uma sociedade cooperativa. Linda afirmou de que é preciso incentivar a cooperação e também a boa gestão cooperativista da própria organização, evitando algumas distorções que porventura possam existir. “Os aspectos de educação dependem muito do ambiente institucional, social, do ambiente cultural e das peculiaridades de cada país ou região onde está inserido”, afirmou.

foram tratados sob a ótica cooperativista”, emenda Gilmar Odorizi. Promovido pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), o encontro reuniu personalidades destacadas no cenário nacional, como o ex-ministro e deputado federal Ciro Gomes; o deputado federal Odair Zonta; o presidente da Frente Parlamentar do Cooperativismo, Márcio Freitas; o presidente da OCB-RO, Salatiel Rodrigues; e o deputado Moacir Micheleto.

Economia Social Segundo o professor Sigismundo Bialoskorski Neto, da USP, palestrante do evento, “a Economia Social integra

[ Linda Shaw: experiência britânica ]


entrevista

CIRO GOMES

O Brasil está preparado! Segundo o deputado Ciro Gomes, os maiores desafios do Brasil continuam sendo a produção em grande escala e a inclusão dos jovens no mercado de trabalho

D

ono de um currículo robusto – já ocupou os postos de governador do Ceará, ministro da Fazenda e ministro da Integração Nacional - o deputado federal Ciro Gomes tem acompanhado de perto as questões relacionadas ao momento econômico mundial e seus reflexos na economia Brasileira. Durante o VII Seminário Tendências do Cooperativismo Contemporâneo, Ciro Gomes falou para uma platéia atenta sobre o emaranhamento do atual momento econômico mundial e de como o cooperativismo pode contribuir no processo de consolidação da economia local. “O cooperativismo possibilita ganho de escala sem fazer cartelização do mercado”, diz Ciro. Somados a isso, o fortalecimento da poupança interna, constituição de parcerias entre governo e o setor produtivo, e o investimento no capital humano, foram alguns dos fatores apontados pelo ex-ministro, para que o Brasil não seja refém do atual momento econômico. “O mundo vive a mais grave e complexa crise do sistema capitalista”. Mesmo diante de tão realista constatação, Ciro assegurou que “as alternativas para o enfrentamento do atual momento estão ao alcance de todos”, ao afirmar que “o Brasil está mais bem preparado do que jamais esteve ao longo de sua história”. Para o deputado, “ao analisarmos historicamente o desempenho da economia brasileira nos séculos 20 e 21, constatamos que esta é a primeira vez que o Brasil enfrenta uma contração de liquidez internacional em condições jamais vistas em sua história. Não que estejamos imunes. Não estamos e não estaremos. Já

[ Ciro Gomes: “Cooperativismo dá ganho de escala sem cartéis” ]

estamos sofrendo os reflexos e é bom que nos preparemos para isso”, alerta. No início da crise econômica, o Brasil tinha 208 bilhões de dólares de reservas cambiais. “Um excelente nível de crescimento - média dos últimos 10 anos de 3% ao ano. Os brasileiros vivem este momento mais preparados que nunca. Nossos desafios continuam sendo a geração de bens e riqueza em grande escala e ao custo menor e a incorporação dos jovens ao mercado de trabalho”, revela.

Tudo isso, segundo ele, pode ser viabilizado se aplicados os princípios cooperativistas – “estes sim, que necessitam receber maior atenção por parte do governo”, acentua, “já que a cooperação combate a cartelização da economia e também no setor produtivo”. Ciro Gomes também chamou a atenção para o processo de Fusão - anunciado recentemente entre Unibanco e Itaú. O fato, na opinião dele, “vai acelerar o processo de cartelização do mercado de crédito no Brasil”. Credisis & Negócios|Janeiro|2009|31


E M P R EENDED O R I S M O

[ Apolônio Vieira: industrialização a partir de modelos cooperativistas ]

Ceará dá exemplo de gestão cooperativista Uma gestão administrativa profissional é o segredo para tornar as cooperativas empresas sólidas e de sucesso

32|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

J

osé Apolônio de Castro Vieira, 81 anos, economista por formação e administrador de empresa por vocação, traz em sua história profissional um modelo de cooperativismo bem-sucedido. Pelas mãos deste símbolo do cooperativismo cearense nasceram muitas cooperativas singulares que hoje participam ativamente da geração de emprego e renda no estado. Todas com princípio de melhorar a vida de quem produz. Seu trabalho em prol do cooperativismo teve início em 1968, quando ainda


O sonho, os planos, precisam ser renovados e novos desafios incorporados ao cotidiano das pessoas, das empresas e das cooperativas era funcionário do Banco do Brasil. Na época, foi designado pelo diretor da área de crédito rural para implantar e deixar em funcionamento uma cooperativa de produtores de algodão, no município de Iracema, interior do Ceará. Desde então, nunca mais se afastou da causa cooperativista. Apolônio defende um modelo de gestão administrativa profissional como forma de tornar as cooperativas empresas sólidas e de sucesso. A grande questão, segundo ele, é que as pessoas que estão à frente da administração das cooperativas precisam ser dotadas de capacidade empresarial. Esse deve ser o perfil profissional dos dirigentes cooperativistas. Em sua opinião, o que dificulta o sonho do associativismo é abandonar a idéia de que o que move o homem é a ambição. “O sonho, os planos, precisam ser renovados e novos desafios incorporados

ao cotidiano das pessoas, das empresas e das cooperativas”, ensina. Com uma visão empreendedora e clareza da necessidade de fortalecimento dos princípios cooperativistas, José Apolônio Castro Vieira constituiu na década de 1970 a Cooperativa Central dos Produtores de Algodão e Alimentos Ltda (Cocentral). A iniciativa pioneira teve sua origem na troca de informações de pequenas cooperativas singulares de produtores de algodão que precisavam centralizar a comercialização e também a compra e insumos agrícolas. O negócio prosperou e a Cocentral se tornou o maior grupo de industrialização e comercialização de algodão do Ceará. O óleo produzido pela Cocentral a partir do algodão é líder de mercado no estado. Problemas ocorridos no ciclo de produção -uma praga que se abateu nas lavouras de algodão - obrigaram a Cocentral a buscar

novas alternativas para manter o sucesso do modelo de cooperação e geração de emprego e renda. A produção e industrialização do leite foram escolhidas como novas atividades para a Cooperativa. Considerada estratégica para melhorar a renda e favorecer a permanência das famílias na propriedade, além de ser considerada uma atividade permanente, a pecuária se tornou o caminho para o sucesso definitivo da cooperativa. Em 1991, a pequena indústria iniciou o processamento, industrialização e comercialização do leite. A iniciativa abriu uma nova oportunidade para os produtores, que passaram a contar com dezenas de unidades de produção de queijo mussarela, leite longa vida e bebidas lácteas em diferentes regiões do estado. O projeto também inclui uma indústria de leite em pó a ser implantada nos próximos cinco anos.

[ Indústria de óleo de algodão da Cocentral: líder de mercado ]

Credisis & Negócios|Janeiro|2009|33


C O O PE R F A M Í L I A

Artesanato ecológico

[ Icléia Coutinho: ensino de artesanato gera renda e empregos ]

A

estilista e artista plástica Icléia Coutinho, 60 anos, é o que se pode chamar de uma vanguardista do cooperativismo feminino. Icléia desenvolveu e apoiou nas últimas décadas inúmeros projetos que geraram renda e emprego a famílias que estavam à margem do mercado de trabalho. É uma cooperativista por excelência. Recentemente, Icléia esteve em Cacoal a convite da Cooperfamília Cooperativa de Produção das Famílias Cacoalenses – projeto que está melhorando a vida de muitas pessoas a partir do artesanato com materiais recicláveis. “Devemos tirar o plástico, elemento poluente, e investir nos materiais da natureza”, ensina a mestra. O projeto foi inaugurado em abril de 2007 por iniciativa da empresária e contabilista Josélia dos Santos Pierri Rossi. A empresária Cristiane Aparecida de Matos, sócia-fundadora, que sempre 34|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

Cooperativa de Cacoal gera emprego e renda a mulheres a partir da confecção de peças artesanais com materiais recicláveis teve forte identificação com o artesanato, será uma das multiplicadoras das técnicas ensinadas durante o curso. “Acredito na força do cooperativismo como instrumento de ascensão da mulher dentro do mercado de trabalho”. A Cooperfamília tem o apoio da CrediCacoal, que deu todo suporte às primeiras ações desenvolvidas. O projeto tem ainda o apoio oficial do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo - Sescoop e da Organização das Cooperativas do Brasil em Rondônia. Durante 20 dias, foram capacitadas dezenas de mulheres que estão aptas a produzir

e multiplicar o conhecimento para as futuras associadas da cooperativa. Durante os cursos, foram ensinadas novas técnicas de costura, trabalho com retalhos, decoração, peças de cama, mesa e banho, e peças de vestuário. “As novas técnicas vão melhorar o desempenho profissional das artesãs”, avalia Cristiane. “A professora Icléia demonstrou ter grande bagagem profissional e trouxe uma nova perspectiva para as cooperadas. O desafio agora é trabalhar para que a cooperativa seja forte e os resultados podem ser compartilhados por todos”, conclui.


C O O PE R VID A

Fortalecendo o produtor rural Central de cooperativas agregará valor aos alimentos produzidos por mais de mil produtores da região central de Rondônia

C

om a proposta de comercializar alimentos produzidos nos doze municípios da região central do estado, a Coopervida já nasce grande. Logo de início, mais de mil produtores rurais serão beneficiados, com a valorização de seus produtos e com o recebimento de insumos, fornecidos pela central de cooperativas a preços bastante reduzidos. Inaugurada em dezembro, a central funciona em Ouro Preto do Oeste, ao lado da fábrica Nutribrasil, do empresário João Robson Bruginski, um dos principais apoiadores da nova central cooperativa, e que fornecerá parte dos insumos necessários aos produtores. “Já congregamos quatro associações de produtores rurais e escolas agrícolas, além de três cooperativas”, diz Bruginski. Apefajipe e Cooperleite (Ji-Paraná), Coopaja (Jaru), Appefa e Cooparaíso (Vale do Paraíso), Asprorio e Asprocov (Ouro Preto), já estão associadas à Coopervida. Esses cooperados terão direito a remédios e alimentos da cesta básica, além de insumos para o gado, incluindo medicamentos veterinários, sais minerais, suplementos minerais vitamínicos e rações a preço de custo para as associações e agricultores filiados. “Nosso objetivo é comercializar os produtos dos agricultores e pecuaristas da região, agregando valor”, diz Bruginski. Nesse sentido, a Coopervida já fechou seus primeiros contratos para fornecimento de até 40 mil litros de leite por dia para uma indústria de Ji-Paraná, que produzirá leite em pó para a cooperativa, a partir de janeiro. Em fevereiro, a Coopervida entra no mercado de Ji-Paraná, vendendo leite pasteurizado em saquinhos. Serão inicial-

mente três mil litros por dia, através da Cooperleite. A central também estará apta a comercializar outros alimentos da cesta básica, como arroz, feijão, milho, café, gado, suínos e derivados de leite, inclusive em licitações para o governo federal. Entre os clientes interessados está o Consórcio Rio Madeira. Responsável pela construção da usina de Santo Antonio, em Porto Velho, o consórcio já teria feito contato com a Coopervida, de olho no fornecimento de alimentos para os milhares de trabalhadores da obra. Como cooperativa mista, a Coopervida reunirá produtores rurais e técnicos (agrônomos, veterinários e zootecnistas). Em 2009, será construído um centro de treinamento para produtores e associações rurais, em terreno de 4 mil m2. “A Coopervida tem outros projetos, focados na produção de alimentos e

industrialização de produtos de forma ambientalmente correta”, diz o idealizador da cooperativa, Antonio Deuzemínio. Destaque para uma descascadora de babaçu, destinada à produção de óleo para a indústria de cosméticos, e para o projeto de fornecimento de 200 mil mudas de árvores por ano, para cobertura da mata ciliar das propriedades atendidas pelas cooperativas associadas. A região central do estado, área de abrangência da Coopervida, reúne cerca de vinte mil produtores de leite e representa a segunda maior bacia leiteira do país. Por dia, são produzidos mais de 300 mil litros de leite nos municípios da região. O estado de Rondônia possui 100 mil agricultores familiares. “Vamos atender inicialmente um por cento deles, queremos ser um modelo a ser seguido”, completa Deuzemínio.

[ João Robson Bruginski, de Ouro Preto: medicamentos e insumos para os cooperados a preços subsidiados ]

Credisis & Negócios|Janeiro|2009|35


EN S IN O

FASP atuará em Rolim de Moura

[ Biblioteca em Pimenta Bueno: estrutura completa aos alunos ]

Nova faculdade oferece curso de Sistemas da Informação, com vestibular em janeiro de 2009

R

olim de Moura está ganhando mais uma instituição de ensino superior. A FASP – Faculdade São Paulo – realiza vestibular no dia 18 de janeiro para o curso de Bacharelado em Sistemas de Informação noturno (100 vagas), com as aulas iniciando em fevereiro. O curso foi autorizado pela portaria 950 do Ministério da Educação, datada de 23 de novembro de 2007. Um dos diretores da FASP é o professor-mestre Aécio Alves Pereira, 33 anos. Graduado em Matemática e mestre em Engenharia de Produção, Aécio enfatiza que o novo curso atende a uma demanda crescente por mão-de-obra especializada 36|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

em Rondônia. “As empresas estão investindo em tecnologia e a tendência é de que sejam abertas centenas de vagas no setor nos próximos anos”, diz Aécio. Credenciada no MEC pela portaria 1083, de 21 de novembro de 2007, a Faculdade de São Paulo recebeu autorização para ser instalada no município de Rolim de Moura. A FASP funciona na Avenida 25 de agosto, 6961 - bairro Cidade Alta, em Rolim de Moura. A instituição de ensino, através do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), prevê numa segunda etapa a implantação dos cursos de Direito, Administração, e na área de saúde - Fisioterapia, Enfermagem, Biomedicina, Farmácia e Bioquímica. Os novos cursos terão funcionamento em Rolim de Moura e cidades do Vale do Guaporé. Mantida pela Sociedade Pimentense de Educação e Cultura, a FASP é parte integrante de um grupo de instituições de ensino superior, que reúne ainda a Faculdade de Pimenta Bueno- FAP; Faculdade do Pantanal – Fapan; Faculdade Marechal Rondon – Famar; e a Faculdade de Rio Branco – Farb. Idealizada em 1999 por um grupo de professores e empreendedores, entre os quais o casal Hildon de Lima Chaves e Ieda

Pacheco Chaves, a rede de instituições teve início com a FAP, em Pimenta Bueno. A experiência bem-sucedida levou o grupo a atuar em outros municípios de Rondônia, Acre e do Mato Grosso, nas áreas de graduação e pós-graduação. O grupo também atua no ensino à distância em parceria com a Unopar, que oferece 14 diferentes cursos em Rondônia, nos municípios de Ji-Paraná, Rolim de Moura, Cacoal, Pimenta Bueno e Cerejeiras, e também em Cáceres (MT).

[ Primeiras turmas ja receberam o diploma em Pimenta ]


C O O PE R A TIVI S M O

Sonho de empreendedor E

les têm muitos traços em comum. Em sua maioria, nasceram ou foram criados no Paraná, oriundos de famílias de agricultores, e deixaram o plantio de café e outras culturas atrás do sonho de uma vida melhor em Rondônia. Em nosso estado, chegaram na década de 1970 e, principalmente, em meados da década de 1980. Hoje, são empresários de sucesso, e comandam os destinos das cooperativas de crédito rural integrantes do Sistema Credisis. Sobretudo, um traço em especial os une: todos acreditam na força do cooperativismo. Conheça, nas páginas a seguir, um pouco mais da história de vida, trabalho e conquistas dos presidentes das singulares, e também de um grupo de empresários, parceiros e cooperados que ajudam todos os dias a construir e fortalecer, a cada dia, o Sistema de Crédito Cooperativo do Noroeste Brasileiro.

Credisis & Negócios|Janeiro|2009|37


S I S TE M A C R EDI S I S

Buscando a excelência no atendimento momento, as pessoas já entendem que a excelência na qualidade dos serviços, valor agregado e atendimento diferenciado são a marca do nosso negócio”. Entre as novidades para o próximo ano está a criação de uma empresa de seguros, ligada ao Sistema Credisis. A centralização e padronização dos serviços é meta permanente. “A partir de processos de gestão profissional, baseados na centralização dos nossos serviços, oferecemos níveis de excelência no atendimento”, assinala. Gilberto Borgio é gaúcho de Erechim, mas passou infância e adolescência em Campo Mourão (PR). Nascido em 1959, chegou aos vinte anos em Rondônia, interessado na compra de terras. Em JiParaná, passou a trabalhar no comércio de produtos agropecuários, primeiro como funcionário, depois gerente e atualmente empresário do ramo. [ Gilberto Borgio: processos de gestão baseados na centralização dos serviços ]

Presidente do Sistema de Crédito Cooperativo do Noroeste Brasileiro, Gilberto Borgio, fala sobre o momento econômico de Rondônia e os novos investimentos do sistema para 2009

A

s cooperativas integrantes do Sistema de Crédito Cooperativo do Noroeste Brasileiro – Credisis – deverão oferecer novos serviços e algumas boas novidades aos seus associados a partir de 2009. A informação é do presidente do Sistema Credisis, empresário Gilberto Borgio. “Ao longo deste ano, a instituição fez pesados investimentos na segurança dos 38|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

dados das informações. Contratamos a melhor empresa de segurança de dados e gestão de análise de crédito do país. Estamos trabalhando na normatização de análise de crédito e estou muito satisfeito com os resultados alcançados no conjunto da obra”, avalia Borgio. O dirigente afirma que houve um fortalecimento dos vínculos entre as singulares. “Hoje, todos estão vivendo o mesmo

Rondônia não preparou mão-de-obra Rondônia começa a receber grandes volumes de investimentos, mas não qualificou adequadamente sua mão-de-obra. A reflexão é do empresário Gilberto Borgio, presidente do Sistema Credisis. “A nossa sociedade não está preparada para responder a demanda dos novos investimentos que estão chegando ao estado”, afirma. “Faltam profissionais preparados para atender esse novo momento econômico”, diz. “Falta capacidade de produzir alimentos e produtos de primeira necessidade”. O empresário afirma que faltou investir na capacitação profissional. “Ninguém se preparou para este momento, deveria haver maior sintonia entre universidade, sistema S e o setor produtivo”, conclui.


J I - C R ED

Aproveitamento de 100% Presidente Milton Crevelaro destaca cumprimento de todas as metas da cooperativa de Ji-Paraná em 2008

A

Ji-Cred (Cooperativa de Crédito Rural de Ji-Paraná) cumpriu todas as metas traçadas pela diretoria no início do ano. Mudou-se para um prédio totalmente novo, em amplas e modernas instalações, no centro da cidade. Investiu na qualificação de seus colaboradores e aprimorou seus sistemas de tecnologia da informação. Tudo voltado para o melhor atendimento de seus cooperados. Através da Fundação Ji-Cred, a cooperativa também consolidou seus projetos sociais, destacando os avanços alcançados em 2008 nos projetos Sonho Meu, Artesam, Ceasa e Aeroporto. Para o ano que se inicia, uma das metas já está traçada: a consolidação do sistema de oferta de microcrédito, através de uma OSCIP que acaba de ser constituída. “Tivemos um ano de excelentes resultados e projetamos para 2009 a manutenção do processo de crescimento sustentado e dos investimentos sempre voltados ao atendimento dos nossos cooperados”, diz o presidente da Ji-Cred, empresário Milton Crevelaro. Paulista de Birigüi, nascido em 1944, Crevelaro chegou a Ji-Paraná em 1983. Inicialmente como empresário do ramo imobiliário, atualmente atua no ramo de papelarias. Casado, tem quatro filhos, sete netos e uma bisneta.

[ Milton Crevelaro: investimentos em estrutura e novos serviços aos cooperados ]

JI-PARANÁ População 107.679 hab. Área 6.897 km2 PIB R$ 1,012 bilhão Agropecuária R$ 77 milhões Indústria R$ 184 milhões Serviços R$ 601 milhões Impostos R$ 150 milhões

Credisis & Negócios|Janeiro|2009|39


F L O R E S T A C R EDI

Experiência em primeiro lugar

[ Argemiro Caldeira, da FlorestaCredi: recursos distribuídos de forma equilibrada ]

Presidente da FlorestaCredi fala da implantação da primeira agência da cidade e do sucesso da cooperativa de crédito

A

ntes de conquistar seu espaço como empresário bem-sucedido do comércio de Alta Floresta do Oeste, Argemiro Caldeira da Silva foi o que se pode chamar de um bancário por excelência. Chegou em Rondônia em 1983, a convite do Beron, o antigo banco estadual de Rondônia, inicialmente na Agência Bancária de Pimenta Bueno. Dois anos depois, trabalhou na implantação da primeira agência do Beron em Alta Floresta. “Não quis mais ir embora”, recorda Argemiro. Paranaense de Cruzeiro do Oeste, nascido em 1961, 40|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

Argemiro trouxe a esposa para o novo estado que se formava. Em Rondônia, tiveram um casal de filhos e construíram o patrimônio onde se destaca a loja de roupas e calçados no centro da cidade. “Na época em que implantamos a agência bancária, Alta Floresta do Oeste ainda não era município”, lembra Argemiro, que convidou o irmão para juntos abrirem a primeira loja na cidade. “Deu tão certo que acabei deixando o banco”, recorda. Pioneiro e ex-vereador do município, ajudou a fundar a associação comercial e a associação de agropecuaristas. “Também presidi a comissão que

escolheu o hino, o brasão e a bandeira do novo município”, se orgulha. Em 2002, liderou a fundação da FlorestaCredi – Cooperativa de Crédito Rural de Alta Floresta do Oeste – da qual se mantém como presidente. Também fundou, em 2007, o Posto de Atendimento ao Cooperado da FlorestaCredi em Rolim de Moura e já projeta abrir um segundo posto em Alto Alegre dos Parecis. Sobre a cooperativa, Argemiro destaca a solidez da instituição, que hoje conta com 230 cooperados e tem recebido novas adesões todos os meses. “Hoje, o conceito da cooperativa é o de ampliar o leque de cooperados, distribuindo os recursos de forma equilibrada, sempre de acordo com as rígidas normas do Banco Central”, encerra.


e n t r e v i s ta

Darci Oltramares

Empreendedorismo em Alta Floresta Empresário do ramo de auto-peças lembra das dificuldades do início e do apoio da FlorestaCredi

D

e funcionário de um escritório de contabilidade no Paraná a empresário do setor de auto-peças. Esse pode ser o resumo da trajetória de Darci Oltramares, empreendedor de sucesso em Alta Floresta do Oeste. Darci nasceu em Cascavel (PR) em 1949. Casado em 1979, ele e a esposa decidiram partir para Rondônia dois anos depois, já com um filho pequeno. O segundo filho já nasceu rondoniense. As dificuldades do início foram vencidas à custa de muito sacrifício, como ocorreu com todos os pioneiros do estado. “Deixei o escritório de contabilidade no sul e montei um torno de solda em Rolim de Moura”, recorda. Após uma temporada em Cacoal, o empresário decidiu vir para Alta Floresta do Oeste, em abril de 1984. Dali, não saiu mais. “Naquela época, o caminhão passava arrastado pela estrada”, brinca Darci, que montou sua bem-sucedida loja de auto-peças, no centro da cidade. Membro-fundador da Cooperativa de Crédito Rural de Alta Floresta do Oeste (FlorestaCredi), Darci recorda do apoio dado pela cooperativa aos empresários da região. “A cooperativa é um empreendimento de todos nós”, assinala. “Todo o investimento captado fica no nosso município, gerando riquezas e retornando para toda a sociedade”, completa.

[ Darci Oltramares, de Alta Floresta: investimento fica dentro do município ]

ALTA FLORESTA DO OESTE População 23.857 hab. Área 7.067 km2 PIB R$ 186 milhões Agropecuária R$ 72 milhões Indústria R$ 10 milhões Serviços R$ 96 milhões Impostos R$ 8 milhões

Credisis & Negócios|Janeiro|2009|41


C R EDI A R I

Lado a lado com o desenvolvimento

[ Alcides Zirondi, da CrediAri: apoio ao empresariado da cidade ]

Um dos mais bem-sucedidos empresários do estado, Alcides Zirondi acredita no potencial de crescimento da cooperativa 42|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

A

CrediAri - Cooperativa de Crédito Rural de Ariquemes – vem crescendo junto com o próspero município de Ariquemes, hoje um dos principais centros urbanos de Rondônia. Para o presidente e sóciofundador da CrediAri, empresário Alcides Zirondi Primo, a presença da cooperativa é sinônimo de apoio aos empreendedores. Proprietário de uma grande distribuidora atacadista, Zirondi veio a Rondônia como a maioria dos pioneiros, em busca da realização de um sonho de vida. Paulista de Cruzália, nascido em 1951, chegou

em Ariquemes com a esposa em 1984 e tiveram três filhos. Sobre a cooperativa, o presidente tem absoluta certeza de sua participação em prol do desenvolvimento da cidade. “Ariquemes vive um momento econômico muito bom e a CrediAri sempre tem apoiado o empresariado da cidade”, destaca. “A presença da cooperativa faz com que o dinheiro movimentado pelos associados permaneça no município”, diz. “Além disso, o acesso facilitado ao crédito, de maneira rápida, faz a diferença”, completa.


e n t r e v i s ta

Dorival de Souza Gaspar

Crescendo com a cooperativa Empresário do setor de combustíveis de Ariquemes comenta presença da CrediAri em apoio ao empresariado local

V

indos da lavoura de café no Paraná, atrás de terras e de um clima mais propício ao cultivo, os familiares do empresário Dorival de Souza Gaspar chegaram em Rondônia em 1977. Junto com os pais e oito irmãos, Gaspar continuou na lavoura, até que surgiu a oportunidade de trabalhar num posto de gasolina, em Ariquemes. “Nessa época tive que decidir entre seguir os passos de meu pai ou arriscar no empreendedorismo”, lembra Gaspar, hoje proprietário de diversos postos na cidade e de uma distribuidora de combustíveis. “Tudo aconteceu em 1984, o trabalho no posto e o meu casamento”, recorda. Gaspar considera os nove anos em que trabalhou para o empresário Sebastião Rabelo como uma verdadeira “faculdade”. “Com ele aprendi tudo, depois abri meu primeiro posto, em 1992, e conquistei tudo que tenho”. A presença da CrediAri só veio impulsionar ainda mais os negócios de Gaspar. “Estou há mais de quatro anos como cooperado e só tenho elogios a fazer, sempre que posso converso com amigos para que conheçam as vantagens desse sistema que considero de suma importância para o desenvolvimento empresarial”, completa.

[ Dorival Gaspar: cooperativa apóia desenvolvimento da cidade ]

ARIQUEMES População 85.031 hab. Área 4.427 km2 PIB R$ 693 milhões Agropecuária R$ 83 milhões Indústria R$ 109 milhões Serviços R$ 420 milhões Impostos R$ 81 milhões

Credisis & Negócios|Janeiro|2009|43


C R EDI C A C O A L

Forte e renovada Presidente Gilmar Odorisi fala sobre a reestruturação organizacional que deixa a cooperativa ainda mais moderna e atuante

U

ma das mais atuantes cooperativas do Sistema Credisis, a CrediCacoal - Cooperativa de Crédito Rural de Cacoal – está concluindo um processo de reorganização interna que deve tornar a instituição ainda mais fortalecida e presente na vida dos cooperados. “Estamos trabalhando para entrar o ano de 2009 com novos serviços e um atendimento ainda mais qualificado aos associados”, diz o presidente da CrediCacoal, Gilmar Odorisi. A cooperativa investiu na reestruturação organizacional e em novas tecnologias. Aperfeiçoou seus sistemas de liberação de crédito e reduziu riscos operacionais. “Hoje temos mais de 500 cooperados, incluindo os associados do PAC de Ministro Andreaza”, contabiliza o presidente. Gaúcho de Davi Canabarro, nascido em 1956, Odorisi é casado e pai de dois filhos. Chegou em Vilhena em 1986. Dois anos depois, mudou-se definitivamente para Cacoal, onde atua como empresário do ramo de comércio de produtos agropecuários. Está em seu segundo mandato à frente da CrediCacoal. 44|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

[ Gilmar Odorisi: atendimento qualificado ]

CACOAL População 76.155 hab. Área 3.793 km2 PIB R$ 753 milhões Agropecuária R$ 94 milhões Indústria R$ 180 milhões Serviços R$ 400 milhões Impostos R$ 79 milhões


R O L I M C R EDI

Esbanjando saúde financeira Cooperativa acelera ritmo de crescimento após abertura do PAC em Pimenta Bueno

A

RolimCredi – Cooperativa de Crédito Rural de Rolim de Moura – consolidou há vários anos sua posição entre as principais instituições do Sistema Credisis. Em 2008, a cooperativa manteve um ritmo forte de crescimento, em especial após a abertura do Posto de Atendimento Avançado de Pimenta Bueno, que possibilitou aumento de 20% no número de cooperados. “Nossa cooperativa se reorganizou e hoje está preparada para o atual momento vivido pelo mercado econômico mundial”, diz o presidente da instituição, Volmir Dionisio Rodegheri. “Nosso grande desafio hoje é fazer os cooperados crescerem no mesmo ritmo das cooperativas”, afirma. Médico com mais de 30 anos de experiência, Volmir é gaúcho de Passo Fundo. Nascido em 1950, viveu no oeste catarinense até partir para Curitiba, onde fez o ensino médio e a faculdade de Medicina. Casado com Lucia Marie e pai de um casal de filhos, conheceu Rondônia em 1980, a convite de amigos, e decidiu-se por morar em Cacoal, onde permaneceu por três anos. Em 1983, mudou-se para Rolim de Moura, onde é proprietário do Hospital e Maternidade Bom Jesus e exerce sua profissão como cirurgião-geral e gastroenterologista. Volmir já ocupou funções como a de secretário municipal de Saúde, presidente do Lions Club e da Loja Maçônica e vereador de Rolim de Moura.

[ Volmir Rodegheri: aumento no número de cooperados ]

ROLIM DE MOURA População 48.894 hab. Área 1.458 km2 PIB R$ 397 milhões Agropecuária R$ 48 milhões Indústria R$ 89 milhões Serviços R$ 215 milhões Impostos R$ 45 milhões

Credisis & Negócios|Janeiro|2009|45


C R EDIE S PI G Ã O

Receita certa para bons negócios

[ Azevedo, da CrediEspigão: perspectiva de crescimento em 2009 ]

Empresário do ramo farmacêutico, o presidente da CrediEspigão destaca a saúde financeira da cooperativa para crescer em 2009

O

empresário do ramo farmacêutico Antonio Carlos de Azevedo tem a receita certa para fazer bons negócios. Presidente da CrediEspigão – Cooperativa de Crédito Rural de Espigão do Oeste - desde 2005, Azevedo enumera as vantagens de se tornar cooperado. “Na cooperativa, oferecemos desconto de cheques e duplicatas, empréstimos 46|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

e aplicações financeiras, sem taxa de manutenção”, explica. “Os associados pagam juros abaixo dos valores cobrados pelo mercado e no final do ano ainda recebem sobras em dinheiro, de acordo com sua movimentação financeira na cooperativa”. Azevedo é paranaense de Cruzeiro do Oeste, nascido em 1959. Chegou em Rondônia aos 18 anos. Já trabalhava numa farmácia no Paraná. Depois de sete

anos em Cacoal, decidiu abrir seu próprio negócio em Espigão do Oeste, em 1986. “Espigão me deu tudo que tenho”, diz o empresário, casado e com três filhos. Sobre as perspectivas para o futuro da CrediEspigão, Azevedo não tem dúvidas. “Estamos trabalhando sem gorduras, livres para crescer, e nossa perspectiva para 2009 é de um grande desenvolvimento da cooperativa”, conclui.


entrevista

WILSON GARCIA

Pioneirismo em Espigão do Oeste Casal de empresários recorda primeiros anos no município e fala das vantagens de serem cooperados da CrediEspigão

O

empresário Wilson Garcia é um dos pioneiros de Espigão do Oeste. Chegou ao município em 1975. “Decidi vir para Rondônia, depois da geada negra que assolou o Paraná e queimou o cafezal da família”, lembra. Paulista de Tupã, nascido em 1954, conheceu a esposa Maria Perpétua em Tangará da Serra (MT) e casaram-se em 1977, dois anos depois dele chegar a Espigão. Na cidade, o casal teve suas três filhas e prosperou como empresários do setor supermercadista. O início, como todo pioneiro, foi de intenso trabalho. “Vim para trabalhar com máquina de arroz, depois com café, até que decidi abrir meu próprio negócio”, lembra. Atualmente, além do supermercado, mantém um pet-shop e uma distribuidora de gás. Sobre as vantagens de ser associado à CrediEspigão, Wilson não tem dúvidas. “Somos cooperados desde o início. Antes possuía conta bancária em cinco instituições diferentes. Hoje, a cooperativa é suficiente para administrar meus negócios e minha conta pessoal”, garante. “Na CrediEspigão, tenho confiança e movimento minha conta sem burocracia, além de dispor das sobras de final de ano”, comemora.

[ Wilson e Maria, de Espigão do Oeste: cooperativa dá conta do recado ]

ESPIGÃO DO OESTE População 27.867 hab. Área 4.518 km2 PIB R$ 218 milhões Agropecuária R$ 58 milhões Indústria R$ 23 milhões Serviços R$ 114 milhões Impostos R$ 23 milhões

Credisis & Negócios|Janeiro|2009|47


J A R U C R EDI

Carimba que é legal

[ Heraldo Bomfim, da JaruCredi: alto nível de exigência e mais cooperados ]

Presidente da cooperativa de Jaru destaca crescimento da instituição, independente da crise mundial

48|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

O

presidente da JaruCredi, Heraldo Bomfim Soares, é um homem acostumado a lidar com papéis, carimbos e registros. Baiano de Piatã, nasceu em 1943 e chegou solteiro em Rondônia, para construir seu ideal de vida. Chegou em Jaru em 1982 para trabalhar no cartório eleitoral. Dez meses depois, foi aprovado num concurso público e assumiu o posto de titular do cartório de registro de imóveis de Jaru, com jurisdição sobre Theobroma e Governador Jorge Teixeira. Hoje, casado e pai de quatro filhos, Heraldo relembra os primeiros tempos da cooperativa. “Levamos praticamente um

ano para abrir a JaruCredi, tamanha era a documentação necessária”, recorda. Inaugurada em 2001, no início com 55 associados, hoje a JaruCredi conta com mais de 400 cooperados. “Passamos por crises mas todas foram superadas e estamos num ritmo de crescimento extraordinário”, comemora. O presidente destaca que 2009 deve ser um ano ainda melhor, apesar da crise financeira mundial. “Elevamos nossos níveis de exigência para liberação de crédito e ainda assim tivemos aumento no número de cooperados. Isso representa mais crédito disponível dentro da cooperativa, num momento importante da economia”, completa.


e n t r e v i s ta

Flávio Corrêa

Força política para o cooperativismo Vice-prefeito eleito de Jaru, Flávio Corrêa acredita que política, cooperativismo e atividade agropecuária podem, sim, andar juntos

A

força do cooperativismo está na união dos seus associados, mas a política também pode ser um instrumento para o fortalecimento desse sistema. Para o vice-prefeito eleito de Jaru, Flávio Corrêa, que inicia o mandato em 2009, o cooperativismo pode ser ainda mais atuante se tiver o apoio de leis e políticas públicas que possibilitem seu desenvolvimento. Catarinense de Campos Novos, Flávio chegou a Rondônia em 1986, então com 17 anos de idade, acompanhado dos pais e dois irmãos. Casado com Viviane, não tem filhos. “Trabalhamos sempre com a lavoura de café”, diz Flávio, que passou a desempenhar a função de técnico agropecuário em Jaru e hoje é proprietário de uma das maiores lavouras de café do estado. Cooperado da JaruCredi desde o início das atividades, Flávio também é sócio do advogado José Mauricio de Aguiar, proprietário de uma das maiores lavou-

[ Flávio Corrêa, de Jaru: cooperativismo é a solução ]

ras de café do estado. “Acredito que o cooperativismo é a solução para muitos problemas, quando nos reunimos em grupo temos mais força”, afirma. “No caso do cooperativismo de crédito, ele dá a possibilidade do cooperado

ser ‘dono’ da instituição, opinando e direcionando os rumos da cooperativa”, avalia. “Além disso, a isenção de taxas e os valores das sobras são benefícios praticamente exclusivos das cooperativas de crédito”, completa.

JARU População 52.453 hab. Área 2.944 km2 PIB R$ 546 milhões Agropecuária R$ 98 milhões Indústria R$ 144 milhões Serviços R$ 249 milhões Impostos R$ 55 milhões

Credisis & Negócios|Janeiro|2009|49


C R EDI B R A S

Credibilidade acima de tudo

[ Cesar Bianchini, da CrediBras: ajudando a cidade a crescer ]

O presidente da CrediBras relembra a formação da cooperativa de Nova Brasilândia e a confiança depositada pelo grupo de cooperados

50|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

S

e alguém disser que a sigla CrediBras vem da palavra credibilidade, não estará exagerando. A origem da Cooperativa de Crédito Rural de Nova Brasilândia do Oeste tem tudo a ver com a confiança depositada pelo grupo de cooperados responsáveis por sua fundação. “Nós diretores trabalhamos sempre muito unidos, nos reunimos todos os dias para ver o que podemos fazer para melhorar a cooperativa”, explica o presidente da CrediBras, Augusto Cesar Bianchini. O início da cooperativa ocorreu em 2003. Confiança e credibilidade foram os pontos fundamentais para o nascimento da cooperativa. “Reunimos um grupo de 20 empresários que depositaram sua confiança nos diretores da cooperativa que estava nascendo, na verdade todos nós pagamos para ver, e o resultado está aí, com retorno positivo para todos”, lembra Bianchini.

Paranaense de Medianeira, nascido em 1966, Bianchini chegou a Nova Brasilândia do Oeste em 1983, junto com os pais e quatro irmãs. Foram tempos difíceis. “Andávamos doze horas a pé, até Rolim de Moura, para comprar peças para nossa madeireira, depois dormíamos na igreja e no outro dia voltávamos, também a pé”, conta. “Saíamos de madrugada para chegar à tardinha, porque de carro era quase impossível vencer a estrada de chão”. Empresário do ramo de auto-peças, Bianchini é só elogios para a cooperativa. “Estamos crescendo muito, triplicamos o capital da cooperativa e o número de cooperados, e ficamos orgulhosos porque estamos ajudando a cidade a crescer. Tem comerciante que já nos disse que, sem a cooperativa, não teria sobrevivido e conquistado o sucesso, então ficamos muito satisfeitos por fazer a diferença”, conclui.


e n t r e v i s ta

Urbano Machado dos Santos

Na direção certa Dono de uma auto-escola em Nova Brasilândia do Oeste fala da importância da cooperativa em seus negócios

[ Urbano, com a esposa e a filha: gerando riquezas para Nova Brasilândia ]

E

le chegou em Rondônia em 1979, aos 16 anos, junto com os pais e seis irmãos. Urbano Machado dos Santos, paranaense de Cidade Gaúcha, trabalhou como professor em Rolim de Moura, até que em 1984 decidiu mudar-se para Nova Brasilândia do Oeste. Dois anos mais tarde, já trabalhava como despachante autônomo. Casado, três filhos, Urbano honra o próprio nome: é dono de um Centro de Formação de Condutores, nome moderno das tradicionais auto-escolas. Empreendedor, acreditou no projeto da CrediBras desde o início. “Já estava na diretoria da cooperativa desde a sua fundação e posso dizer que em todos os momentos importantes da minha empresa a CrediBras esteve sempre presente”, assinala. Urbano fala das vantagens aos empresários que se associam à cooperativa. “Na realidade, são muitos benefícios para quem se torna cooperado, e posso

destacar o acesso ao crédito sem burocracia, atendimento personalizado e as sobras distribuídas ao final do período”, resume. Casado em 1979, ele e a esposa decidiram partir para Rondônia dois anos depois,

já com um filho pequeno. O segundo filho já nasceu rondoniense. As dificuldades do início foram vencidas à custa de muito sacrifício, como ocorreu com todos os pioneiros do estado. “Deixei o escritório de contabilidade no sul e montei um torno de solda em Rolim de Moura”, recorda. Após uma temporada em Cacoal, o empresário decidiu vir para Alta Floresta do Oeste, em abril de 1984. Dali, não saiu mais. “Naquela época, o caminhão passava arrastado pela estrada”, brinca Darci, que montou sua bem-sucedida loja de auto-peças, no centro da cidade. Membro-fundador da Cooperativa de Crédito Rural de Alta Floresta do Oeste (FlorestaCredi), Darci recorda do apoio dado pela cooperativa aos empresários da região. “A cooperativa é um empreendimento de todos nós”, assinala. “Todo o investimento captado fica no nosso município, gerando riquezas e retornando para toda a sociedade”, completa.

NOVA BRASILÂNDIA DO OESTE População 17.170 hab. Área 1.155 km2 PIB R$ 115 milhões Agropecuária R$ 40 milhões Indústria R$ 5 milhões Serviços R$ 63 milhões Impostos R$ 7 milhões

Credisis & Negócios|Janeiro|2009|51


C R EDI R O N

Cooperativa com “bala na agulha”

[ Dorival Ferle, da CrediRon: crescimento sustentado de associados ]

Com base no crescimento dos últimos anos, Dorival Ferle não tem dúvidas sobre o fortalecimento da instituição em 2009

52|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

A

CrediRon - Cooperativa de Crédito Rural de Ouro Preto do Oeste, Mirante da Serra e Urupá – é uma instituição em forte ascenção. Como o nome já diz, congrega três regiões de forte predomínio agropecuário, em especial do gado leiteiro e de corte. Para o presidente da CrediRon, empresário Dorival Ferle, 2009 reserva um período de crescimento para a cooperativa. “Investimos na implantação dos postos de atendimento ao cooperado em Urupá e Mirante da Serra, além de promover a reforma completa da matriz em Ouro Preto do Oeste, e hoje contamos com mais de 320 cooperados”, afirma.

Paranaense de Guaíra, nascido em 1969, Ferle chegou a Rondônia em 1986. Depois de uma temporada em Rolim de Moura, decidiu mudar-se para Ouro Preto do Oeste, onde montou uma loja de equipamentos para caça, pesca e camping. Hoje, possui lojas em quatro municípios e um pet-shop em Ouro Preto. Sobre a cooperativa, Ferle acredita que os investimentos promovidos nas três unidades resultam em mais segurança e conforto aos associados. “Estamos cumprindo nossa meta de obter um crescimento sustentado no volume de associados e isso nos deixa com uma perspectiva bastante animadora para o próximo ano”, revela.


e n t r e v i s ta

Alfredo Rodrigues da Silva

Vocação de empreendedor De uma pequena venda de retalhos, o comerciante de Ouro Preto do Oeste construiu duas lojas de grande porte na região

O

empresário Alfredo Rodrigues da Silva, como bom mineiro que se preze, chegou trabalhando quietinho em Ouro Preto do Oeste. Nascido em Conceição do Ipanema, em 1967, veio para Rondônia aos dez anos de idade, junto com os pais e onze irmãos. Trabalhou na lavoura com a família até iniciar sua atividade no comércio, aos 17 anos, em Cacoal e Pimenta Bueno, primeiro como balconista e depois como gerente de loja. A dedicação foi recompensada em 1993, quando vislumbrou com uma irmã a possibilidade de revender retalhos de fábrica, em Ouro Preto do Oeste. Nesses quinze anos, construiu duas grandes lojas de confecções e calçados em Ouro Preto e Jaru. Empreendedor de grande visão, Alfredo logo percebeu as vantagens de trabalhar com a CrediRon – Cooperativa de Crédito Rural de Ouro Preto do Oeste, Mirante da Serra e Urupá. “Com a cooperativa recebo sobras todo final de ano”, diz. “Além disso, desconto cheques de terceiros e duplicatas na cooperativa como se fosse dinheiro”, afirma. Alfredo também lembra que não há filas nem burocracia na CrediRon. “E tem ainda o vínculo da amizade, que permite resolver tudo por telefone”, conclui.

[ Alfredo Silva, de Ouro Preto: cheques e duplicatas são como dinheiro ]

OURO PRETO DO OESTE População 36.040 hab. Área 1.970 km2 PIB R$ 304 milhões Agropecuária R$ 79 milhões Indústria R$ 28 milhões Serviços R$ 170 milhões Impostos R$ 27 milhões DO OESTE

Credisis & Negócios|Janeiro|2009|53


M É DI C I C R EDI

Boas perspectivas

[ Ilson Braghin, da MédiciCredi: grande potencial para crescer ]

Cooperativa de Presidente Médici fecha o ano com expectativa de crescimento em 2009

54|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

I

lson Braghin, presidente da MédiciCredi – Cooperativa de Crédito Rural de Presidente Médici – tem experiência dentro e fora do setor financeiro. Paulista de Tabaraí, nascido em 1960, chegou a Rondônia aos 23 anos, acompanhado da esposa, para trabalhar no extinto Bamerindus, em Rolim de Moura. Mas foi pelo antigo Beron, o banco estadual, que Braghin acabou vindo para Presidente Médici, em 1991. Oito anos mais tarde, assumiria um novo desafio: ser empresário do setor de combustíveis. “Em 1999 comprei um dos principais postos da cidade e conquistei em Médici tudo aquilo que tenho”, explica.

Fundada em julho de 2003, a MédiciCredi conta com 250 cooperados. Ilson Braghin assumiu o lugar de presidente da entidade e está animado com o atual momento da instituição. “Temos um grande potencial para crescer, a economia da cidade está ganhando com a presença de novas empresas”, diz Braghin. A cooperativa promoveu diversas ações para o fortalecimento da instituição. Reduziu despesas e aumentou a receita, incorporando serviços de correspondente bancário e profissionalizando seu quadro de pessoal. “Isso trará resultados futuros na forma de sobras aos associados, que passam a contam com uma gestão mais qualificada e voltada para os resultados”, completa.


e n t r e v i s ta

Everson e Sandoval Andrade

Construindo novos caminhos Empresários da construção civil de Presidente Médici, pai e filho destacam vantagens de trabalhar com a MédiciCredi

O

empresário baiano Sandoval Pedro Andrade, criado em Altônia (PR), deixou a agricultura familiar em 1980 para correr atrás do sonho de uma vida melhor em Rondônia. “Vim com a esposa e depois tivemos nossos três filhos aqui, em nosso lar definitivo”, lembra. Da atividade com jardinagem e do plantio de mudas de café, Sandoval decidiu partir para a construção civil. “Formamos a construtora em 2003 e estamos plenamente satisfeitos”, diz Sandoval, que dirige a construtora ao lado do filho e também empresário Everson Vicente Andrade. Cooperados da MédiciCredi desde 2005, pai e filho destacam os benefícios de estarem associados. “Somente em 2008 tocamos dez obras simultâneas e posso garantir que sem o apoio da cooperativa isso não teria sido possível”, avalia Everson. “Hoje a MédiciCredi é o nosso grande parceiro de negócios, trabalhamos com órgãos públicos e a cooperativa tem sido importante para o capital de giro e até na expansão dos nossos negócios”, diz Everson. “A cooperativa nos oferece agilidade, não somos apenas mais um cliente, nos sentimos realmente donos do negócio”, completa Sandoval.

[ Everson e Sandoval (de óculos), de Médici: construindo em família ]

PRESIDENTE MÉDICI População 22.197 hab. Área 1.758 km2 PIB R$ 160 milhões Agropecuária R$ 53 milhões Indústria R$ 9 milhões Serviços R$ 87 milhões Impostos R$ 11 milhões

Credisis & Negócios|Janeiro|2009|55


C R EDIV A L E

De olho no futuro

[ Wander Guaitolini, da CrediVale: fase inédita de investimentos ]

Cooperativa de São Miguel do Guaporé cresce junto com os novos investimentos que estão chegando ao município

O

presidente da CrediVale – Cooperativa de Crédito Rural do Vale do Guaporé - trabalha dentro de instituições financeiras em Rondônia há pelo menos 20 anos. Capixaba de Linhares, Wander Antonio Guaitolini nasceu em 1962 e passou a infância em Corbélia, no Paraná, antes de vir para Cacoal, para onde a família já havia se mudado. “Sempre trabalhei em instituições financeiras e em Cacoal trabalhei no Bradesco, depois fiquei doze anos no antigo 56|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

Beron, o banco do estado”, recorda. Em 1993, Wander assumiu o posto de gerente-administrativo do Beron em São Miguel do Guaporé. Dois anos mais tarde, deixou a rotina do banco e tornou-se empresário do ramo de distribuição de gás e, em 1997, assumiu também a Secretaria de Saúde do município, onde permaneceu à frente por três anos. “No final de 2001, iniciamos as negociações para criar a cooperativa de crédito”, lembra. “Foi quando retornei à antiga atividade, ocupando a gerência

administrativa da cooperativa”. Presidente da CrediVale desde 2005, Wander vê a perspectiva de desenvolvimento da cidade ao mesmo tempo em que aposta no crescimento da cooperativa, que hoje possui mais de 160 associados. “São Miguel do Guaporé está experimentando uma fase inédita de investimentos, com a chegada de um grande frigorífico e novas empresas se instalando, e a cooperativa tem um papel importante nesse processo”, finaliza.


e n t r e v i s ta

Roberto Teixeira

Parceiro do cooperativismo Empresário do comércio fala das vantagens de se trabalhar com o apoio de uma cooperativa de crédito

U

m dos fundadores da Cooperativa de Crédito Rural de São Miguel do Guaporé – CrediVale, o empresário do comércio de produtos agropecuários Roberto Teixeira acreditou na viabilidade do negócio cooperativista desde o início. “Esse é um investimento que volta para a economia da cidade, não tem como ficar de fora”, comenta. Paulista de Palmeiras, nascido em 1972, Roberto veio ainda criança para Rondônia – chegou com os pais e quatro irmãos em Ouro Preto do Oeste, em 1976, onde permaneceu até sua mudança para São Miguel do Guaporé, em 1989. “Vim atrás do sonho de ser empresário e comerciante e aqui realizei esse sonho”, diz Roberto. Da cooperativa de crédito, o empresário só tem elogios. “O atendimento é rápido, sem burocracia, e personalizado, a gente resolve as coisas muitas vezes por telefone mesmo”. Sobre as vantagens financeiras, Roberto não tem dúvidas: “os cooperados são isentos de taxas de manutenção e ainda dividem as sobras no final de ano, não tem comparação”, conclui.

[ Roberto Teixeira, de São Miguel: atendimento rápido e personalizado ]

SÃO MIGUEL DO GUAPORÉ População 22.622 hab. Área 8.008 km2 PIB R$ 160 milhões Agropecuária R$ 61 milhões Indústria R$ 7 milhões Serviços R$ 86 milhões Impostos R$ 6 milhões

Credisis & Negócios|Janeiro|2009|57


C a p i t alcr e d i

Trabalhando no “azul” Presidente da cooperativa de Rio Branco destaca solidez da instituição e prega otimismo e muito trabalho para 2009

O

presidente da CapitalCredi – Cooperativa de Crédito Rural de Rio Branco, no Acre – Ozimar Barbosa Ferreira, acredita que 2009 será um excelente ano para a instituição. “A crise financeira mundial existe, mas temos sobretudo que filtrar todas as notícias que chegam”, afirma Ozimar, que é empresário do comércio de ferragens na capital acreana. Ozimar faz uma leitura bastante coerente sobre a atual crise. “Quando era ainda menino e trabalhava no antigo Banco Financial, lembro de uma frase que me marcou, e dizia: ‘Não fale em crise. Trabalhe’. Acho que esse deve ser o nosso objetivo. Até porque, nos momentos de crise também estão grandes oportunidades, temos é que identificá-las”, raciocina. Natural de Bataguassu (MS), nascido em 1962, Ozimar chegou em 1984 para trabalhar no garimpo, em Rondônia, e em 1990 instalou sua loja de ferragens em Rio Branco, onde mantém suas atividades. Oriundo do meio bancário, chegou a trabalhar no antigo Bamerindus. Sobre o atual momento da CapitalCredi, está satisfeito e tranquilo. “Vamos fechar no azul, como ocorre todos os anos”. Fundada em agosto de 2003, a CapitalCredi tem atualmente mais de 230 cooperados. “Estamos bem estruturados e otimistas para o próximo ano”, resume.

58|Credisis & Negócios|Janeiro|2009

[ Ozimar Ferreira, da CapitalCredi: “Não fale em crise. Trabalhe” ]

RIO BRANCO População 290.639 hab. Área 9.223 km2 PIB R$ 2,371 bilhões Agropecuária R$ 90 milhões Indústria R$ 336 milhões Serviços R$ 1,665 bilhão Impostos R$ 280 milhões


P O L Í TI C A

Assembléia lança Frente Cooperativista

[ Lançamento da Frente Cooperativista de Rondônia: novos caminhos para o setor ]

Políticos de vários partidos e ideologias buscam união na defesa das teses ligadas ao desenvolvimento do cooperativismo

S

essão solene na Assembléia Legislativa de Rondônia oficializou, em dezembro, a implantação da Frente Parlamentar do Cooperativismo. O evento contou com a presença do presidente nacional da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), deputado federal Odacir Zonta (PP-SC). “A Frente Parlamentar do Cooperativismo é uma organização suprapartidária que tem como missão principal ser a voz do cooperativismo no Legislativo, atuando como interlocutora nas ações e projetos de lei que promovam seu desenvolvimento”, afirma o deputado Luiz Cláudio (PTN-RO), autor do projeto. “A Frente Parlamentar é um grupo

político, não ideológico, independente de sigla partidária, reunido para defender os interesses do cooperativismo em todos os seus 13 ramos”, diz Zonta. O cooperativismo brasileiro é formado por mais de 800 mil famílias associadas num universo de 7,5 milhões de pessoas. “O cooperativismo não tem ideologias, mas tem princípios prestando trabalho de oportunidade”, diz Zonta. Para o senador Valdir Raupp (PMDBRO), o cooperativismo é a melhor alternativa para incentivar o setor produtivo do estado, gerando emprego e renda. “Desde meu mandato como governador, sempre apoiei iniciativas voltadas ao cooperativismo”, lembra. “Os pioneiros do

sistema vieram do sul do país, trazendo com eles a semente do cooperativismo, e devemos trabalhar para dar continuidade a essas ações”, completa Raupp. Estiveram presentes compondo a mesa do evento, o deputado Luiz Cláudio (PTN); presidente da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop); deputado federal Odacir Zonta (PP-SC); vice-presidente da Organização das Cooperativas do Brasil – OCB Nacional, Onofre Cesar; presidente da Fecoop – Norte, José Merched; presidente da Organização do Cooperativismo (OCB-RO), Salatiel Rodrigues; deputado federal Rubens Moreira Mendes; e o senador Valdir Raupp (PMDB-RO). Credisis & Negócios|Janeiro|2009|59


Caderno de negócios Anuncie na Credisis & Negócios • comercialrevistacredisis@gmail.com • (69) 8403-0867 • (69) 8447-3276






Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.