MOLUSCOS E SAÚDE PÚBLICA EM SANTA CATARINA

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5.- Conforme o IBGE (2004: 213, Quadro 4), todas as verminoses revisadas no presente estudo são doenças parasíticas diretamente relacionadas ao denominado “Saneamento Ambiental Inadequado” ou, em outras palavras, ao uso mal feito da terra. De acordo com suas formas de transmissão, as verminoses relatadas aqui podem ser incluídas em 2 grandes categorias: transmitidas através do contato com a água (Esquistossomose & Fasciolose hepática); e geo-helmintos - helmintoses (Angiostrongilose abdominal). As verminoses podem ser associadas a 4 fatores de origem antrópica: abastecimento de água deficiente, esgotamento sanitário inadequado, contaminação por resíduos sólidos e condições precárias de moradia. O Saneamento Ambiental está entre as ações prioritárias da “Agenda 21” brasileira e, a cada 1 real investido em saneamento básico, são economizados 4 a 5 reais em operações de saúde pública, segundo dados da OMS (IBGE 2004). As informações Oficiais atualmente disponíveis e mapeadas sobre ocorrência confirmada das referidas doenças em SC são “incipientes e pontuais”, não recebendo os casos, até agora, a devida e necessária atenção requerida na prática. 6.- A verminose “Angiostrongilose abdominal”, endemia rural emergente terrícola (todos os casos conhecidos provinham especificamente de zonas rurais), perfila-se hoje como a doença parasítica com o mais alto risco de “urbanização” no Estado, devido à alta prolificidade, ampla e contínua dispersão territorial potencial, e notável adaptação a ambientes antrópicos urbano apresentada pela maioria dos moluscos vetores naturalmente envolvidos, relacionados neste trabalho. O conhecimento de registros, assim como os estudos gerais em campo sobre Angiostrongilose abdominal no Estado, doença classificada como “parasitose emergente” por NEVES (2003: 392393), produzidos entre 1987, 2001 e 2003, encontram-se sub-diagnosticados. Esses registros limitam-se apenas às zonas rurais dos municípios de Nova Itaberaba e São Lourenço do Oeste, este, nas proximidades da divisa com o Paraná (Tabela 3). Os registros estão relacionados à lesma-lixa, nativa do Sudeste brasileiro (porém, considerada exótica no Estado), Sarasinula linguaeformis (Semper, 1885) (Gastropoda, Gymnophila), confirmada como principal vetor da doença em Santa Catarina, e a pequena lesma exótica norte americana Deroceras laeve (Müller, 1774) (Gastropoda, Pulmonata), frequentemente encontrada entre as dobras de folhas de verduras, podendo ser “ingerida inadvertidamente”, como potencial crítico agente transmissor, exigindo redobrada atenção neste sentido. Conforme expressamente referido por RICHINITTI & GRAEFF-TEIXEIRA (1997: 31), o uso de “água sanitária” diluída a 1,5% de concentração é quase 100% eficiente como desinfectante de alimentos contaminados (hortaliças, frutos, verduras) com larvas infectantes de A. costaricensis. 7.- Fica totalmente descartada, sob argumentação técnica especializada, principalmente GRAEFF-TEIXEIRA (2005) e NEUHAUSS et al. (2007), a participação do exótico caracol-gigante-africano Achatina (Lissachatina) fulica (Bowdich, 1822) como efetivo hospedeiro intermediário natural espontâneo e vetor da Angiostrongilose abdominal, em Santa Catarina e o Brasil em geral. 8.- As verminoses incidentes aquáticas ou límnicas de interesse médico (“Esquistossome”) e veterinário (“Fasciolose hepática”) determinadas para o Estado, basicamente concentram sua área de ocorrência espacial na região litorânea. Uma análise apurada sobre a atual distribuição conhecida das espécies de caramujos hospedeiros vetores, assim reconhecidos, revela preocupante (potencial latente) no que respeita à possível ocorrência espacial e/ou de expansão territorial das correspondentes doenças ao largo de toda a faixa litorânea, avançando até o Planalto

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