Revista OUSH Brasil - Capa Mergulho em Alagoas - Ano V - Edição 17

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anoV número17 jul2015

Foto Let’s Dive

R$ 9,90 - Jul/15

Respire

Circulação Nacional

fundo O potencial do litoral alagoano para prática do mergulho.

Meio Ambiente

História

Um passeio pelo Parque O alagoano que quase Municipal de Maceió ganhou o Nobel de literatura www.OUSHBrasil.com.br

Cultura

Conhecendo a Biblioteca Pública Graciliano Ramos

Esporte

O crescimento da corrida de aventura em Alagoas

Moda

Bastidores da semana da moda em Nova Iorque

Cartão Postal

Os 60 anos da queda do Gogó da Ema


Reduzir, Reutilizar e Reciclar! Esses são os três R’s da política de ações que foram sugeridas durante a Conferência da Terra, no Rio de Janeiro, durante a ECO 92. Na gestão ambiental atual eles já são cinco, ganhando a companhia de mais dois R’s: Repensar e Recusar. Este conjunto de ações tem como objetivo principal colaborar para redução dos impactos causados ao meio ambiente, através da diminuição de um dos principais problemas da vida moderna: “A geração de lixo pelo consumo desenfreado”. Além dos benefícios ambientais, os cinco R’s acabam colaborando em outros aspectos, como o econômico, contribuindo para a utilização mais racional dos recursos naturais e ajudando a diminuir gastos financeiros com matéria-prima, energia e água; e o social, proporcionando melhor qualidade de vida para as pessoas, através das melhorias ambientais. Pensando em tudo isso e baseados no perfil socioambiental que nossa publicação também possui, decidimos lançar um desafio aqui na redação. Repensar nosso modelo de produção e reciclá-lo para um formato mais sustentável. Mas, como fazer isso? Não foi difícil encontrar opções, entretando colocá-las em prática não seria tarefa fácil, já que as mudanças passavam por ações individuais, como o simples fato de escolher apenas ler

um e-mail e, se necessário, reencaminhálo e não imprimi-lo; e de ordem externa, como se reunir com fornecedores para definir práticas mais ecologicamente corretas de produção. Arregaçamos as mangas e mergulhamos em pesquisas que, posteriormente, se transformaram num plano de adequação ambiental. Aqui na redação muitas dessas alterações já estão se transformando em hábito: nada de copos descartáveis, impressões reduzidas e quase sempre em frente e verso, papel de rascunho ao invés dos blocos de recados... E por aí vai. Porém, a maior das decisões ainda precisava ser estabelecida: o que fazer com a revista? Mais uma vez nos debruçamos em cálculos e decidimos mudar radicalmente o formato de impressão. Não foi fácil abandonarmos o modelo original que tanto nos rende elogios, entretanto, os números da página ao lado não nos deixaram dúvida se deveríamos ou não mudar. Repensamos e mudamos sim, mas para melhor! Reduzimos não só a quantidade de recursos naturais ligada diretamente a produção de uma de nossas edições. Mais que isso, iniciamos nossa contribuição para a incorporação das práticas de sustentabilidade, que continuarão em boa parte de nosso conteúdo. Reciclar nossos leitores também é nosso objetivo!

O mesmo conteúdo, menos recursos naturais e mais consciência ambiental! Uma revista com a cara do Nordeste


O plástico é hoje um dos maiores vilões da poluição causada pelo descarte inapropriado de resíduos. Não renovável, leva até 600 anos para se decompor. Faça, por exemplo, do uso de sacolas retornáveis um hábito.

Em média, para fazer uma folha de papel A4 são necessários 10 litros de água. Mesmo com o reaproveitamento durante a produção, os números revelam que produzir papel consome água, muita água!

Uma árvore produz cerca de 20 resmas de papel. E mesmo sendo madeira de reflorestamento, a produção é responsável pela degradação do solo. Reflita sempre na hora que pretende imprimir algo.

A produção de uma tonelada de papel consome em média 5 mil Kw/h. Nem toda energia provém de fontes renováveis, reduzir seu consumo diminui, por exemplo, a queima de combustíveis fósseis.

Todo o processo de montagem de uma revista envolve atividades emissoras de CO2, seja no transporte, energia necessária ou produção de papel. Reduzir sua emissão, contribui no combate ao aquecimento global.

Uma tragédia ambiental está em curso e leis e novas formas de produzir não serão o suficiente se o principal não mudar: nossas atitudes são o principal agente da mudança. Sem consciência ambiental não haverá futuro.

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@marciomrotzeck [marcio@oushbrasil.com.br]

Mergulhe em Alagoas! É nosso dever pensar num mundo sustentável. Isso se quisermos um futuro com árvores, água potável e com vida para nossos filhos e netos... Os números são claros, o consumo desenfreado e irresponsável dos recursos naturais requer conscientização. O desperdício de energia e a escassez de água se fazem presentes, é uma triste realidade, devemos cuidar melhor e preservar o meio ambiente. Mudamos, agora mais compacta, mais leve, no entanto com o mesmo conteúdo e essência, assim está a nova OUSH Brasil. A cerne continua intacta, e está cada vez mais enriquecida e fortalecida. Como diria o poeta, você dá um passo para trás e dois para frente. Após uma reformulação estrutural, estamos de volta, e continuaremos ocupando o espaço conquistado desbravando novas fronteiras. #IssoéOUSHBrasil Nesta 17ª edição, você confere tudo sobre a prática do mergulho em Alagoas, um universo pouco explorado e preservado. Através das lentes de nossos colaboradores dessa matéria exclusiva, você vai conferir nossas riquezas submersa, natureza viva. Poderá conferir ainda os motivos de o Trekking ser o esporte do momento, fará um passeio pelas imagens do Parque Municipal de Maceió. Tem também, o grandioso acervo da Biblioteca Municipal, um raio X da gordura em seu corpo, vai ler sobre os Clássicos do Boxe no cinema, saber quem foi o alagoano que quase ganhou o Nobel, desvendar o sucesso dos jogos de RPG, e conhecer mais um pouco da história do Gogó da ema, nos 60 anos após sua queda. Vai conferir a galeria #MinhaFotoNaOUSH, dicas de quando ficar em casa e quando sair de casa, as colunas, Click em Movimento, Sentido Gourmet, mantendo a forma no inverno, Gastronomia, Moda, Beleza, Saúde, Música, Miragem, e muito mais!

Editorial

Já são quase 5 anos escrevendo páginas, somos parte da história dos 200 anos de Maceió, vivenciamos o cotidiano da capital das mais belas praias do Brasil. Orgulho danado a OUSH ter nascido em Alagoas... Falar em filhos, vem aí o Dia dos Pais, não esquece do coroa! Chega de prosa, agora divirta-se! Na versão impressa, ou digital, no iPad, iPhone ou mesmo online em nosso website. Com a OUSH você viaja no tempo e enriquece sua cultura de forma prazerosa. Mergulhe de cabeça na cultura alagoana, conheça melhor Alagoas, sua capital, suas riquezas naturais, conheça melhor o seu lugar... Conteúdo de verdade você tem aqui, na revista que todo mundo vê. E lê. Marcio Mrotzeck de Araujo

Publisher

Uma revista com a cara do Nordeste


Mário Lôbo @sentidogourmet

A curiosidade é o principal ingrediente para uma boa matéria.

Dicas da boa culinária, na rua e em casa.

Eduardo Figueirêdo @edufigueiredo84

Laila Carneiro @carneirolaila

O que me inspira é a possibilidade de fazer o novo, de novo.

Para quem não se contenta com o prefácio das coisas.

Lilian Mrotzeck @lilianmrotzeck

Cil Oliveira @ciloliveira

Se você diz que pode, então você pode. Simples assim.

Ter estilo é ser livre para ousar!

Viviane Suzuki @vizuki

Maivan Fernández @maivanfernandez

Para um final feliz, toda brincadeira tem hora.

Revelando emoções através do click em movimento.

Juliana Almeida @gastronomiapetit

Greggory Teacher e produtor californiano dividindo cultura com a gente.

Segredos e prazeres da cozinha guardados a sete chaves.

Fabiana Accioly

Alen Barbosa

@fabianaacciolynutriesportiva

As percepções e aventuras de uma alagoana nos States.

Gula só é pecado pra quem não faz a escolha certa.

Laura Cavazzani @lauracavazzani Porque felicidade é ir além de um corpinho bonito.

André Palmeira @andrepalmeirafotografia

O momento passa, mas o registro fica!

FamíliaOUSH Nossa colmeia de ideias

Antonio Maria do Vale @antoniomariadovale

PUBLISHER/Diretor Executivo Marcio Mrotzeck de Araujo | Diretor Administrativo & Financeiro Mário Lôbo | Conselho Editorial Gustavo Gama | Jornalista Responsável Renato Silvestre MTB 60968 | Fotografia OUSH! Brasil / Image Bank / SXC.hu / Greggory Wood / Alen Barbosa | Equipe OUSH Brasil Antonio Maria do Vale / Eduardo Figueirêdo | Colaboradores Maivan Fernández / Laura Cavazzani / Juliana Almeida / Fabiana Accioly / Viviane Suzuki / Greggory Wood / Laila Carneiro / Alen Barbosa / Lílian Mrotzeck / Cil Oliveira / Jr. Gavazzi / André Palmeira | Revisão Antonio Maria do Vale | Asses. Jurídica Dra. Ana Cláudia Rocha Lôbo | Projeto Gráfico MW Comunicação & Design Ltda. | Diagramação Marcio Mrotzeck de Araujo / Antonio Maria do Vale | Publicidade [comercial@oushbrasil.com.br] e [oushbrasil@gmail. com] | Distribuição Assinantes, Condômínios Residenciais, Centros Empresariais e Bancas de revista | Periodicidade bimestral | Impressão Gráfica Moura Ramos Nota da redação A revista OUSH Brasil não se responsabiliza por opiniões em artigos assinados, todos os dados apresentados nas matérias são de responsabilidade de seus autores, os quais não mantém nenhum vínculo empregatício com a mesma e todos os anúncios foram veiculados mediante prévia autorização das empresas. Os preços de produtos e/ou serviços divulgados nessa edição foram fornecidos por seus fabricantes ou distribuidores e podem sofrer alterações sem prévio aviso. Fica vedada a utilização, sem prévia autorização de textos e/ou fotos em qualquer outro veículo de comunicação. A revista OUSH Brasil é uma publicação da OUSH Brasil Editora LTDA, sob CNPJ 19.571.125/0001-08, para maiores informações, entre em contato pelos www.OUSHBrasil.com.br Tel 82 3432.2100 ou 82 99620.4222, envie suas sugestões de pautas, críticas e/ou elogios. E-mail [redacao@oushbrasil.com.br] ou [oushbrasil@gmail.com].


Nesta Edição 78

Tudo sobre a prática de mergulho em Alagoas

28

Por que o trekking é o esporte do momento?

36

Um passeio pelo Parque Municipal de Maceió

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58

24

O grandioso acervo da Biblioteca Municipal

Os clássicos do boxe no cinema

52

104

Um raio X da gordura em seu corpo

O alagoano que quase ganhou um Nobel

E mais... Minha foto na OUSH 14 Quando ficar em casa 16

44

O sucesso dos jogos de RPG

Quando sair de casa 18 Click em movimento 20 Sentido Gourmet 22 Mantendo a forma no inverno 26 A mulher no universo da cachaça 42

112

Os 60 anos da queda do Gogó da ema

Moda e consumo 48 Vida de modelo 68 Marketing na decisão de compra 72 O poder da mulher atual 74 Make todo dia 94 A música da banda Ding 96 Arpilleros 98 Infográfico 102 Miragem 110

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14 Minha foto na OUSH

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Quer participar? Marque suas fotos no instagram com a hashtag #MinhaFotoNaOUSH

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16 Quando ficar em casa Para ler Vida de Cinema

Em suas memórias, escritas durante 7 anos, o autor revisita os tempos de militância estudantil, revela os bastidores de seus filmes e relembra algumas das polêmicas em que se envolveu. Da infância em Alagoas, passando pelos altos e baixos dos casamentos e ao triunfo no Festival de Cannes, Vida de cinema narra mais do que a história da vida e obra de um dos principais cineastas brasileiros, é um relato dos últimos 50 anos do país pela voz de Cacá Diegues.

Para navegar Wikiversidade.org

É a versão educativa, em nível acadêmico, da Wikipedia e contém uma grande variedade de páginas com artigos e matérias dos mais variados assuntos. Há cursos, aulas e grupos de estudo cadastrados no portal, busca por temas e áreas, além de categorias por nível de escolaridade. Todo conhecimento é formado de maneira colaborativa entre os participantes. No caso de cursos por exemplo, há disponível todo o material aplicado, inclusive com fotos das lousas, com os rabiscos dos professores, já que muito do conteúdo é de origem de cursos presenciais.

Para jogar Game of Thrones: Board Game

Board Game é a transição do universo das Crônicas de Gelo e Fogo para a mesa da sala de casa. Para 3 a 6 pessoas, o jogo emula o clima de intriga e conflitos que é visto na obra de George R. R. Martin. Diferente de boa parte dos jogos de tabuleiro disponíveis no Brasil, a disputa é mais complexa, envolvente e com uma duração longa: em média mais de 4 horas. O objetivo do jogo é conquistar seis territórios. Para isso, os jogadores contam não só com seus exércitos, mas também com a diplomacia: onde alianças são fundamentais na estratégia, assim como traições, intrigas e conflitos.

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Para ouvir Bob Marley - Easy Skanking in Boston ´78

O ícone do reggae mundial completaria 70 anos em 2015. Para comemorar a data, sua família preparou uma série de homenagens e abriu os arquivos, autorizando, pela primeira vez, a gravadora Universal a vasculhar os baús de Bob. Para a alegria dos fãs, um CD inédito foi lançado com uma gravação encontrada entre inúmeros discos. Trata-se de Easy Skanking in Boston ’78, um álbum ao vivo gravado ao lado dos Wailers, que nunca havia sido divulgado.

Para assistir Os miseráveis

Em Os Miseráveis, adaptação de musical da Broadway inspirado em obra clássica do escritor Victor Hugo, uma história se passa em plena Revolução Francesa do século XIX. Jean Valjean (Hugh Jackman) rouba um pão para alimentar a irmã mais nova e acaba sendo preso. Solto tempos depois, ele tentará recomeçar sua vida e se redimir. Ao mesmo tempo em que tenta fugir da perseguição do inspetor Javert (Russell Crowe).

Para fazer Trouxinhas de mortadela com ricota

Ingredientes: 12 fatias de mortadela, 250 g de ricota fresca, 3 colheres de creme de leite, 4 colheres (sopa) de catupiry, uma pitada de sal, uma colher (sopa) de cheiro verde picado, duas colheres (sopa) de nozes picadas, uma colher (chá) de mostarda, uma colher (sopa) de molho de pimenta e ramos de cebolinha.

Modo de preparo: Em um refratário, coloque a ricota e amasse com um garfo. Junte o creme de leite, o catupiry, sal, cheiro verde, nozes, mostarda, o molho de pimenta e misture até formar um patê. Coloque uma porção no meio de cada fatia de mortadela, levante as bordas e amarre como uma trouxinha utilizando a cebolinha ligeiramente aquecida em água.

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18 Quando sair de casa Para se exercitar Passeio noturno de bicicleta

Você está em uma das principais avenidas de Maceió e eles surgem: ciclistas num passeio nortuno que já virou tradição. Como participar? As terças e quintas eles se reúnem às 19h no corredor Vera Arruda, na Jatúca, para roteiros que mudam a cada encontro. Avenida Fernandes Lima e a orla da capital são os lugares preferidos. Qualquer pessoa acima dos 14 anos pode participar, desde que seguindo as regras de segurança obrigatórias. Dúvidas podem ser tiradas pela Associação Alagoana de Ciclismo.

Para comprar Alfarrábios

Se você é apaixonado por livros e não pode passar em frente a uma livraria, temos uma dica para, ao menos, diminuir os gastos com essas comprinhas: visite os alfarrábios do Centro da cidade. Se seu interesse é de fato pela leitura, nesses locais encontrará grandes obras e verdadeiras raridades com precinhos pra lá de acessíveis. Os valores chegam a pífios R$ 1 (Um Real), isso mesmo. O vício poderá até aumentar e muito provavelmente precisará de ajuda para carregar as sacolas. A mente agradece e o bolso também.

Para visitar Casa Nordeste

Se você é apaixonado pelas guloseimas da terrinha, não pode deixar de visitar a Casa Nordeste, um lugar destinado, exclusivamente, as delícias regionais que possuímos. Em dois endereços em Maceió, Na Ponta Verde e em Ipiova, lá você encontrará doces, queijos, castanhas, salgados, cachaças e uma infinidade de petiscos com a peculiaridade particular da gastronomia nordestina, além de artesanato. A dica é dar uma paradinha, pedir um cafezinho e saborear o que é oferecido como cortesia, sendo possível degustar as comidinhas e algumas cachaças.

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Para solidarizar Todo mês é dezembro

Foto Maceió 40 graus

Quando pensamos em sair de casa para fazer algo, quase sempre a palavra diversão será o objetivo. Descubra o quão prazeroso é também dedicar-se a uma ação de solidariedade. Nossa dica é participar de uma das edições do projeto “Todo Mês é Dezembro”, que mensalmente arrecada donativos (alimentos, roupas, fraldas, brinquedos) e doa em comunidades carentes de Maceió. Fique atento as datas e locais seguindo-os nas redes sociais.

Para comer e beber Nalu Restaurante e Choperia

O final da praia de Jatiúca agora tem uma grande atração. O Restaurante e choperia Nalu. Com dois ambientes gastronômicos, uma área externa junto à praia e área interna climatizada, o Nalu tem deliciosas opções de almoços executivos, de terça a sexta, e os mais variados petiscos. Elaborada pela chef Débora Gomes, a lista inclui frutos do mar e ingredientes da culinária regional que seguem uma tendência de alta gastronomia. Além do já confirmado Chopp Cevada Pura, genuinamente alagoano e nacionalmente reconhecido, o Nalu ofecere ainda diversos rótulos de cervejas nacionais e importadas.

Para conhecer Cachoeira do Tiririca

Chame os amigos e realize um passeio incrível. A cachoeira do Tiririca fica em Murici e tem uma queda de cerca de oitenta metros, um local muito favorável para a prática do rappel. Outro esporte de aventura que pode ser praticado é o trekking, pois para se chegar até o alto da cachoeira é preciso fazer uma caminhada de cerca de uma hora e meia por um terreno íngreme e cheio de obstáculos. No caminho, a rica biodiversidade com plantas exóticas, pássaros diversos e outros animais. Várias operadoras realizam o passeio, que também pode ser realizado de jipe, através de uma outra rota diferente da trilha original pela Mata Atlântica.

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20 Click em movimento

MaivanFernández

Com lentes sempre a postos, o fotógrafo alagoano passeia por Maceió sempre com o dedo no gatilho. Aos apaixonados por esporte e natureza um aviso: “Cuidado, você pode ser o próximo alvo!”

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22 Sentido Gourmet

MárioLôbo

Chef em casa!

Onde o gosto pelo saber vai pra cozinha enquanto o sabor fica na sala Sair para comer, retirar da geladeira aquela comida pré-cozida da linha fitness ou apelar para o prático delivery? Hoje as opções nos distanciam do fogão e o hábito de cozinhar tem se tornado cada vez menor entre os brasileiros. Exceto para um crescente número de amantes da culinária que, na contramão de tudo, estão transformando encontros em verdadeiras confrarias gastronômicas entre amigos e familiares. A sala e a cozinha nunca estiveram tão próximas, em muitos casos literalmente juntas, e o prazer de preparar receitas deixou de ser algo solitário e antecipado aos encontros. Passaram a ser atração, onde a conversa ao pé do fogão se faz presente enquanto o anfitrião apresenta toda a sua desenvoltura com ingredientes e preparos de pratos simples ou sofisticados. O novo formato de receber amigos também revela outra curiosidade do retorno às panelas: os homens são maioria entre os adeptos desse novo jeito de cozinhar. Um hobby que tem mostrado outro lado de pessoas que não pretendem se tornar chefs, mas que são fãs de carteirinha de todos os programas da série food. São empresários, advogados, médicos, engenheiros, estudantes e uma infinidade de perfis que se sentem cada vez mais a vontade na cozinha. E os convidados adoram convites do tipo. Se sentem mais seguros, não procuram vaga de estacionamento, não esperam por mesa, podem conversar por longas horas e tudo fica muito mais em conta. É usual, nas confrarias, os convidados levarem as bebidas enquanto o anfitrião arca com os ingredientes, ou todos dividem o custo geral ao final do encontro. São cobaias é verdade, mas o trabalho meticuloso de quem comanda as receitas muito dificilmente apresentará aos convidados uma receita que dê errado. O cuidado com o preparo delas é uma das características mais marcantes dos apaixonados por este tipo de recepção. Eles estudam não só o modo de preparo, como a origem dos ingredientes e toda

a história que os envolve. Sempre há espaço para um discurso explicativo entre um prato e outro. O bate-papo é em ritmo de saber e sabor, palavras derivadas do mesmo radical latino, sapere, que significa ter gosto. E no encontro é assim, o gosto pelo saber vai pra cozinha e o pelo sabor fica na sala.

Prato de Entrada Anchova Negra Grelhada com Redução de Tangerina e Salada de Erva Doce com Pimenta de Cheiro. Ingredientes - 1 filé de anchova negra; - azeite de oliva; - sal marinho; - pimenta branca; - 1 limão siciliano; - erva-doce; - pimenta de cheiro; - 2 tangerinas; - açúcar; - manteiga. Preparo - Corte o filé do peixe em pedaços de cerca de 4 cm, e tempere-os com sal marinho, pimenta branca moída, azeite de oliva e um pouco de limão siciliano. Deixe marinando por apenas 10 minutos. Em seguida pré-aqueça uma frigideira e doure os pedaços do peixe marinados por cerca de 2 minutos de cada lado. - Para o molho, coloque em uma frigideira o suco de duas tangerinas batidas com alguns cubos de ervadoce para reduzir juntamente com 1 colher de chá de açúcar, sal marinho e pimenta branca moída a gosto, e 1 colher de sopa rasa de manteiga. - Sirva com salada de erva-doce e fatias de pimenta de cheiro. Uma revista com a cara do Nordeste


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24 TOP 10

Nocaute! Imagens Divulgação

Contagem regressiva com clássicos do boxe no cinema.

Rocky Por Antonio Maria do Vale

O espírito esportivo traz ensinamentos que podem ser aplicados em qualquer outra coisa que se faça na vida. Na vitória ou na derrota, sempre se aprende algo e na cartilha padrão palavras como disciplina, dedicação, força, trabalho em equipe, concentração, respeito e persistência são fundamentais para atingir o sucesso esperado. E não há outro lugar onde tudo se torne mais explícito do que no cinema. São inúmeras as produções que se utilizam do esporte para construir grandes histórias (ou estórias). O boxe, muito provavelmente seja a modalidade mais encenada e explicar porque isso acontece não é tarefa das mais difíceis. A verdade é que a nobre arte, como também é conhecido o boxe, tem tudo aquilo que muitos diretores e o público buscam: uma história de vida! Mais que a suada vitória, os filmes com o boxe como atração principal vão além do simples nocaute. Eles possuem sempre um drama associado ao suplício físico, econômico e social. A superação pessoal é o pilar da maioria dos filmes e a cena da vitória no ringue representa bem mais que uma conquista esportiva, ela é o resumo dos obstáculos vencidos dentro e fora do esporte. Algumas produções, como “O Campeão” e “Menina de Ouro”, trocam o final feliz por outras lições, lembrando que todos possuem um limite e que nem sempre as coisas acontecem como planejado. No cinema, o boxe cai como uma luva.

Como toda série de filmes, Rocky possui grandes e decepcionantes filmes. Com seis produções e o efeito comparativo que elas proporcionam, a crítica não poderia ser diferente e todo mundo terá sua versão predileta. Mas uma coisa é unânime: em se tratando de boxe no cinema, Balboa é insuperável! Em 1976, Silvester Stallone era ainda um desconhecdido, mas saiu do anonimato em Rocky - Um lutador, no papel de um personagem que ele parecia ter nascido para interpretar. É impossível vê-lo em qualquer outro filme e não recordar da épica cena da corrida do boxeador na escadaria do Museu de Arte da Filadélfia.

Touro indomável

Considerada a melhor produção do diretor de cinema Martin Scorcese, o filme mostra a trajetória do grande pugilista Jake Lamotta (Robert De Niro). Conhecido e aclamado dentro do ringue, ele não conseguia controlar seus impulsos e força fora dos combates, derrubando seu prestígio durante o mesmo tempo de uma luta. Uma revista com a cara do Nordeste


Menina de ouro Maggie (Hillary Swank) é uma jovem que não mede esforços para se tornar campeã de boxe. Determinada, ela precisa conquistar a confiança de um grande treinador, vivido por Clint Eastwood. O que seria uma parceria apenas no esporte se torna uma emocionante relação de cumplicidade.

O campeão Billy Flynn (Jon Voight) é um ex-lutador de boxe que agora trabalha como adestrador de cavalos. Ele ganha um salário baixo e, buscando um futuro melhor para seu filho T.J. (Rick Schroder), aceita a oferta de retornar aos ringues. O filme tem umas das cenas mais tristes da história do cinema.

Quando éramos reis Em 1974, o empresário Don King levou para o Zaire um dos maiores eventos esportivos de todos os tempos: a decisão do título mundial de pesos pesados entre Muhammad Ali e George Foreman. O documentário de Leon Gast (Oscar de 1996), conta os bastidores da luta e mostra um Ali surpreendente.

O vencedor Dicky Ecklund (Christian Bale) é uma lenda do boxe que desperdiçou o seu talento. Agora, o seu meioirmão Micky Ward (Mark Wahlberg), tentará se tornar um novo campeão e superar as conquistas de Dicky. É a cinebiografia do boxeador Mickey “Irish” Ward, um dos maiores nomes do esporte nos anos 80. www.OUSHBrasil.com.br

Hurricane Baseado na história real de Rubin “Hurricane” Carter (Denzel Washington), famoso lutador de boxe dos anos 60 injustamente condenado pelo assassinato de 3 pessoas, o filme narra também a trajetória do estudante Lesra Martin (Vicellous Shannon) e como a história de Hurricane o inspirou a superar desafios.

Quebrando a cara Com 75 minutos de duração, conta, em forma de documentário, a história de Eder Jofre, 2X campeão mundial de boxe. Mais do que isso, o filme é a saga da família Zumbano-Jofre pelos ringues de São Paulo, cidade que surge através de cada personagem, como se ela mesma fosse um deles.

Resgate de um campeão Um repórter esportivo (Josh Hartnett), à procura de uma bela história, ajuda um morador de rua (Samuel L. Jackson) e descobre que ele foi uma lenda do boxe que todos pensavam estar morto. Quando a matéria é publicada, a verdade sobre o lutador vem à tona e conflitos surgem na vida do repórter.

O campeão de Hitler História real da luta entre o boxeador alemão Max Schmeling (Henry Maske) e o norte-americano Joe Louis (Yoan Pablo Hernández) durante a II Guerra Mundial. Considerado um dos maiores confrontos de boxe de todos os tempos, a luta possuiu em seus bastidores muito mais que uma disputa de cinturão.


26 Mente sã corpo são

LauraCavazzani

Xô preguiça! Como seguir com o “Projeto Verão” durante o ano inteiro? É difícil encontrar alguém que esteja sempre motivado a praticar exercícios físicos. Após o verão, temporada mais propícia aos exercícios, muitos abandonam suas atividades. Estima-se que a evasão nas academias gire em torno de 15% a 20% neste período. É comum acordar e não ter vontade de ir à academia, caminhar na orla ou nadar em uma temperatura pouco agradável. Sejam quais forem os motivos, ter altos e baixos na disposição é normal. Mas é a persistência que leva ao hábito. Os benefícios trazidos pelos exercícios físicos estão além das questões ligadas à estética. Não há dúvida de que, quando bem orientada e feita de forma adequada, a prática esportiva é excelente para quem deseja ter hábitos saudáveis, melhorar a condição física e evitar

o aparecimento e progressão de inúmeras doenças crônicas, bem como sintomas de algumas enfermidades. A atividade física regular (30 minutos cinco vezes por semana) fornece inúmeros benefícios ao coração, controlando a hipertensão e a taxa glicêmica do sangue, aumentando o colesterol bom (HDL) e reduzindo o ruim (LDL), além de controlar o peso. Esses fatores, quando em níveis adequados, melhoram a condição cardiovascular das pessoas e diminuem os riscos de infartos e derrames. Ressaltando que praticar esportes ainda diminui o stress e a ansiedade. É fácil convencer alguém a ir a um show, por exemplo. A gratificação é instantânea. Já a prática regular de um exercício físico, no começo, aparentemente só traz prejuízos financeiro, corporal e psíquico, pois a pessoa reserva um

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tempo, se veste, sai de casa, enfrenta o trânsito, malha e, no final, vê pouco os resultados. Por isso, conseguir esse engajamento cerebral não é fácil. Para ajudar no processo, neurologistas sugerem que seja traçada uma meta. Cole na geladeira uma foto de como seu corpo está agora ao lado da imagem de outra pessoa em quem se espelhe. Faça metas pequenas e progressivas, seja no tempo da prática ou nos exercícios escolhidos. Aumente os esforços de maneira gradual. Cobrança sempre ajuda, seja do personal trainer ou do médico. Depois de seis meses, tudo se transforma em rotina. Falando em cobrança, combinar de ir com um amigo é um velho truque, você não vai querer desapontá-lo. Segundo as estatísticas, pessoas que fazem exercícios com amigos são mais bem sucedidas em se exercitar. Você pode deixar cada um responsável pelo outro. Saber que alguém espera por você para se exercitarem juntos pode ser uma grande motivação para você aparecer e concluir seu exercício. Procurar realizar atividades físicas no início do dia é outro segredo para se manter empolgado. Isso porque, segundo um estudo publicado no jornal Psychology and Health, existe uma certa quantidade de força de vontade limitada para cada dia. Portanto, à medida que as horas passam e as pessoas destinam atenção para outras atividades cotidianas, a motivação é perdida. Opte pelas atividades que lhe deem prazer. Se a intenção é praticar um esporte, consulte as competições que acontecem fora do período do verão, está é uma maneira garantida de manter os treinos para evitar a perda de condicionamento e a motivação ao longo dos 12 meses do ano. Marque na agenda: a ideia de que você não tem tempo para se exercitar fica pior quando você deixa esta atividade fora da sua agenda. Se você é sério em relação ao objetivo de se exercitar regularmente, e se o tempo para isso existe, assuma isso como um compromisso tão sério quanto os demais que você tem, agende-o da mesma forma, e cumpra. Mantenha a dieta! Um dos facilitadores do verão é justamente o fato de o calor não deixar a pessoa muito disposta a ingerir gorduras e pratos pesados. É uma época propícia para www.OUSHBrasil.com.br

fazer uma reeducação alimentar, priorizando o consumo de frutas e alimentos mais leves, como saladas. Se a vontade é de sair da linha e comer algo que vá atrapalhar o treino, uma dica simples e funcional é “blindar” a geladeira, bolsa, mochila, porta-luvas do carro... com alimentos saudáveis, aquelas fotos de corpos famosos ou com resultados de avaliações físicas. Vale tudo!

PARA COMEÇAR BEM Localização Priorize locais próximos a sua casa ou trabalho. Assim, não vai falar “é longe, dá preguiça”.

Horários Concilie com tranquilidade a questão exercício, trabalho e vida pessoal. Vá à academia nos horários em que pretende treinar e avalie como o estabelecimento funciona.

Equipamentos Nem sempre o que é moderno é melhor. Se optar por academia, é importante conferir se o número de aparelhos é compatível ao de alunos.

Instrutores Procure sempre profissionais para orientação. Profissionais atenciosos são garantia de motivação.

Avaliações Físicas Se a ideia é melhorar sempre, ter parâmetros de

comparação em mãos acaba sendo útil. Empatia Parece simples, mas muita gente insiste em modalidades que passam longe do gosto pessoal. Desista. É melhor fazer apenas o que se quer do que insistir em algo contra a vontade.

PARA SE MOTIVAR • Dê uma recompensa a si mesmo a cada meta atingida; • A trilha sonora ajuda muito, monte uma playlist; • Separe a roupa esportiva com antecedência; • Invista no look, use tênis apropriado; • Não falte. Nem no frio, nem na chuva; • Só o hábito te leva adiante; • Monte um plano de metas de curto, médio e longo prazo; • Um nutricionista sempre pode ajudar; • Socialize, brinque, faça amigos; • Lembre-se dos benefícios: você se esntirá mais disposto, e não cansado. Alô endorfina!


28 Esportes

Em busca de Aventura! Cada vez mais popular, o trekking ĂŠ o esporte do momento

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Por Antonio Maria do Vale Fotos Maivan Fernández

Manter a forma e, consequentemente, a saúde sempre foi uma tarefa difícil. O cotidiano de muito trabalho e a falta de tempo são as principais justificativas daqueles que não conseguem manter uma rotina de exercícios físicos. Academia, futebol com os amigos, corridinha na praia... Não faltam opções para quem quer perder uns quilinhos e melhorar a qualidade de vida. O desejo todos possuem, mas o que seria então determinante para a teoria se concretizar em prática? Não existe uma receita pronta de incentivo, entretanto, a busca por práticas esportivas que, além de saúde, tragam uma fuga da rotina vem crescendo muito. Neste contexto, o contato com a natureza tem sido um dos principais ingredientes de modalidades que conquistam cada vez mais adeptos. Por aqui, o trekking é o maior destes exemplos e o número de participantes a cada prova aumenta à medida que as pessoas o descobrem. A origem do trekking é antiga e teve início no século XIX. A palavra vem da língua africâner “Trek” e passou a ser empregada pelos Vortrekkers, os primeiros trabalhadores holandeses que colonizaram a África do Sul. O verbo Trekken significa migrar e carregava uma conotação de sofrimento e resistência física numa época em que o único meio de percorrer longas distâncias era a caminhada. Quando os ingleses invadiram a região, a palavra foi absorvida pela língua britânica e passou a designar as longas caminhadas realizadas pelos exploradores em direção ao interior do continente. No Brasil, o trekking surgiu por volta de 1992 com a adaptação da caminhada ao ar livre com as regras de orientação aplicada em enduros e rallys. Os locais de prática da modalidade no país são tão diversos quanto sua própria dimensão e os trekkers, como são chamados os praticantes da modalidade, não medem esforços para desbravar lugares desconhecidos, o que para muitos é o maior dos atrativos do trekking, o ineditismo, o imprevisível, a descoberta. Estudos comprovam que fatores psicológicos, como o medo e a ansiedade, complementam a satisfação dos praticantes de trekking. O bem-estar e a superação de desafios, neste caso, estão diretamente associados ao risco moderado que a atividade possui, um agente www.OUSHBrasil.com.br


30 Esportes de motivação constante que favorece não só na captação de participantes, como também na permanência das pessoas após o primeiro contato com a modalidade. Hoje o sucesso pessoal possui uma forte conotação econômica e para seu alcance muitas vezes as pessoas convivem, única e exclusivamente, com um estilo de vida sedentário e cada vez menos natural. Os esportes de aventura, como o trekking, surgem na contramão deste conceito e se apresentam como uma atividade revigorante, um antídoto contra os males do capitalismo e da urbanização. Segundo a professora de Educação Física do Instituto Educacional Lusitano de Santa Catarina – IELUSC, Ana Cristina Zimmerman, estas práticas surgem junto aos novos paradigmas centrados na auto realização e melhora da qualidade de vida, os quais podem substituir os de competição, esforço e tensão. Pelas suas características de incerteza e liberdade, as atividades de aventura podem sugerir uma crítica ao racionalismo da modernidade. Em Alagoas, as provas de trekking já não são uma novidade e o número de adeptos comprova o quanto a atividade vem crescendo no estado. Em 2015, 15 eventos já estão confirmados nos mais diversos formatos e lugares, que inclusive não costumam ser divulgados previamente, aumentando o grau de curiosidade e as dificuldades pela impossibilidade de reconhecimento de campo. Muitas das provas são realizadas a noite, o que insere na disputa um obstáculo temido por muitos, a escuridão. Sempre formadas por equipes, as corridas reúnem pessoas com as mais distintas rotinas. São grupos formados por médicos, estudantes, militares, advogados, amigos de trabalho ou da academia, lembrando que o espírito de competição aqui é subjetivo, a busca por enfrentar e vencer seus próprios limites está acima da disputa entre as pessoas. Não é você contra o outro, antes disso, é você contra você mesmo. Fabrício Colombo é um destes assíduos participantes das provas realizadas por aqui e conheceu o esporte de orientação ainda na vida militar, como aluno do Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva entre 1998 e 1999. “Tinha uma disciplina chamada topografia que Uma revista com a cara do Nordeste


me atraiu devido a necessidade de se ter uma boa percepção espacial, foi então que conheci a navegação, ingressando no esporte de orientação, participando de diversas provas no Brasil”, disse o executivo e professor universitário que, junto com os amigos Lorena Lopes, Lucas Costa e Felipe Lopes; compõe a equipe Zumbi em parceria com a Academia One Fit, hoje um dos grupos com maior destaque nas provas em Alagoas. A ideia do ir de encontro ao inesperado é ratificada por Fabrício como um dos motivos para se praticar o trekking. “Sinto um fascínio enorme pela navegação, a alegria de encontrar um Ponto de Controle é enorme, pois estamos correndo rumo ao desconhecido baseado apenas em um mapa e bússola, isso remete muito as aventuras infantis de busca ao tesouro”, comentou o também ultramaratonista de Mountain Bike que se diz um apaixonado por qualquer modalidade que mantenha contato com a natureza. Outro ponto positivo do trekking está no aprendizado que seus competidores adquirem, amplo e com particularidades singulares ao perfil de cada um. No caso de Fabrício, por exemplo, o atleta aponta como mais evidentes a melhora na comunicação, nas relações interpessoais, na empatia, respeito e distribuição de atribuições; tudo resultado do engajado trabalho em equipe que as provas exigem. “São vários benefícios e, além dos físicos, pois exigem que estejamos em condições de competição praticamente durante o ano todo; eu, particularmente, transfiro todo o meu aprendizado para o campo pessoal e profissional, pois em uma corrida

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32 Esportes

em equipe consigo identificar características pessoais que levaria anos para descobrir. É em um trekking que consigo identificar se sou um bom líder, um bom pai, se sou persistente em meus objetivos, como está o meu trato com os outros, facilitando assim o redirecionamento de minha rota”. Quer mais motivos que respondam por que aventurar-se? Parece antagônico, mas o urbano é limitador e previsível, mesmo no caos das grandes cidades, somos direcionados com facilidade e isso foge a regra natural do desenvolvimento do homem, que necessita explorar, descobrir, experimentar, para progredir. Na natureza, acontece justamente o contrário do que vivenciamos na cidade, somos desafiados, o que se apresenta como futuro é uma incógnita e não um roteiro preestabelecido. Sabe quando acontece de tomarmos um caminho por osmose? Quando nos deparamos indo para um determinado lugar e tomando o rumo errado, seguindo aquele que estamos acostumados a realizar no dia a dia? Isso jamais acontecerá numa prova de aventura. Mesmo diante de um mapa e equipamentos de orientação, a teoria termina tão logo seja dada a largada, sendo a prática uma jornada sempre inédita. É inevitável o friozinho na barriga. Uma revista com a cara do Nordeste


PRINCIPAIS TIPOS DE TREKKING De travessia ou longa distância Normalmente realizadas entre dois pontos, o objetivo final é atingir o local proposto. Não existe competição, é praticado por grupos com equipamentos para pernoites e alimentação própria. Este formato pode durar vários dias, como a Trilha Inca, com 4 dias, ou caminhadas no Nepal, que chegam até 10 dias. Pode-se até dizer que é uma expedição, já que muitos contam com carregadores, cozinheiros e guias especializados. De um dia Esta modalidade é muito utilizada no Brasil, principalmente próximo aos grandes centros urbanos. É um trekking de aproximadamente 10 km com início e fim bem definidos, uma espécie de travessia de menor distância e com espírito de lazer.

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De velocidade Com a utilização de cartas de navegação e bússola, a organização determina antecipadamente onde estão localizados os postos de controle. O objetivo dos competidores é alcançá-los no menor tempo possível, utilizando o caminho que melhor se adaptar ou achar melhor. Deve-se observar a ordem dos postos de controle que deverão ser seguidos cronologicamente. Este é o modelo mais aplicado nas corridas de aventura.

De regularidade Um percurso pré-determinado pela organização, não conhecido pelos participantes, é a base para a realização de uma trilha, com tempo e local definidos. O importante não é a velocidade e sim manter-se no percurso correto e no tempo. Utiliza-se planilhas com velocidades médias, distâncias e símbolos de referência. Pode-se utilizar qualquer equipamento de medição e de cálculo.


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36 Meio Ambiente

Passeio verde Desconecte-se do urbano no Parque Municipal de Maceió

Por Antonio Maria do Vale

Ele está longe de ser uma das opções de lazer preferidas dos maceioenses e, apesar das massivas campanhas de divulgação, poucos se rendem ao convite para visitá-lo. Sua localização e a cultura que direciona a diversão na cidade quase que unicamente à praia são entraves que o distanciam ainda mais de qualquer roteiro de entretenimento. Um cenário aquém do potencial que o Parque Municipal de Maceió possui, ainda muito distante do quanto pode ser explorado.

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Inaugurado em 1978, o parque é uma área de preservação permanente com pouco mais de 82 hectares. Situado entre os bairros de Bebedouro e Tabuleiro dos Martins, o local nunca foi alvo de grandes investimentos, no entanto, nos últimos anos tem sofrido grande interferência da prefeitura municipal, que tem lhe dado cara nova não só reestruturando suas trilhas, implantando também um trabalho que, além da manutenção, prioriza um plano de captação de visitantes, criação de novos atrativos e modelo receptivo voltado ao retorno das pessoas e ao efeito multiplicativo que elas podem exercer.

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Quem hoje visita o Parque não se limita apenas a percorrer as cinco trilhas existentes. A própria administração tem organizado atividades extras aos finais de semana e, em parceria com algumas secretarias, como as de Educação e Esporte, realizado ações pontuais dentro do espaço, que também está acessível para a iniciativa privada desenvolver eventos ligados à conscientização ambiental e práticas esportivas. Passeios em grupo também podem ser agendados e toda e qualquer boa ideia é bem vinda pela administração, que mantém um canal de diálogo aberto com empresas e a população e tem avançado com seus projetos para além dos muros do Parque Municipal. A ideia é que as modificações também atinjam o entorno e os moradores, intervenções que passam pela revitalização do bairro; por uma melhor mobilidade e acessibilidade, com inclusão de traslado e melhor utilização, por exemplo, das linhas de trem e ônibus; desenvolvimento de atividades econômicas associadas à gastronomia e ao artesanato junto aos residentes em ruas mais próximas; tudo dentro de uma proposta de mudança de cultura que propicie a divulgação, visitação e preservação do local. E nesse amplo processo para uma melhor utilização do parque, algo que precisa ser desmistificado é que a ida ao parque não se resume a uma simples caminhada em chão de

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38 Meio Ambiente

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terra e entre árvores. Já na entrada, um museu com amostras de animais empalhados e espécies de árvores que podem ser encontradas na região dá as boas-vindas aos visitantes. Não se pode comparar o espaço a um zoológico, entretanto, a quantidade de animais encontrados na região supera qualquer expectativa. Os desavisados não terão dificuldade para visualizar os pássaros que sobrevoam as trilhas tão logo sintam a presença de visitantes. Bem-te-vi, sabiá da mata, pintor-de-sete-cores, fura-barreira, xexéu e anupreto, estão entre as aves mais fáceis de serem encontradas. Já para os que mantiverem os olhares mais atentos, a gama de espécies aumenta e bichos-preguiça camuflados entre galhos, jacarés-de-papo-amarelo sobre troncos caídos no lago e uma infinidade de outros animais, como frangos d`água, cágados de barbicha, gaviões falcões, tatus bola, raposas, cotias, tamanduás mirim, corujas e saguis, poderão ser observados. Identificar cada uma das espécies não é algo fácil para um visitante, mas, como os passeios são acompanhados por guias, nada passa despercebido pelo olhar aguçado destes profissionais que, de tanto conviverem na região (alguns deles com mais de 20 anos dedicados ao parque), já conhecem a forma de agir e onde se escondem cada animal. E se a fauna é uma das atrações, a flora também pede passagem e se apresenta como a maior área verde preservada dentro de um espaço urbano em Alagoas. Longos corredores em formato de túnel se formam ao longo das trilhas, o que deixa o passeio menos cansativo em razão do clima ameno, quase sempre a sombra. São mais de 250 espécies catalogadas, como o Angelim Morcego, a Gameleira, o Pau-ferro, Pau-Brasil, Cajá, Imbiriba e tantas outras árvores típicas da Mata Atlântica, destacando ainda os imensos bambuzais espalhados pelo Parque. E a natureza completa sua tríade com os pequenos riachos e nascentes presentes na região. Em diversos trechos da caminhada os encontramos e é neste ponto que notamos com maior evidência a interferência do homem no meio. As margens do Riacho do Silva possuem muito lixo, resultado da soma da ausência de saneamento nos bairros próximos a área de preservação aliada a falta de educação da população. Cenário que pode ser mudado a


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partir de ações desenvolvidas pelo próprio Parque, como as constantes visitas de escolas, onde as crianças não só passeiam pelo espaço como adquirem consciência ambiental. Esta responsabilidade por parte das pessoas terá como consequência, por exemplo, a garantia de uma das principais características do Parque Municipal, sua capacidade de desconectar o visitante do urbano. Mesmo inserido dentro da cidade, após alguns minutos de caminhada é difícil de acreditar que a área encontra-se a apenas 4 km do Centro de Maceió. O silêncio e o ar que se respira são antagônicos ao espaço comum de nosso cotidiano. Nossa dica é que ao

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passar pelo trânsito infernal de Bebedouro, se possível, alivie o estresse com alguns minutos de trilha, não será perca de tempo, e sim ganho de motivação para o restante do dia. Mas o melhor mesmo é que você dedique um bom espaço em sua agenda para um grande dia no Parque. Calce o tênis para uma corrida onde seu fôlego será movido a ar puro; chame a família e organize, por exemplo, um piquenique com direito a toalha xadrez e cesto com frutas; convide aquele amigo que toca violão; leve seu livro da vez para, além de ler, servir de travesseiro para um cochilo... Descubra um lugar incrível e cheio de gratas surpresas.


42 Coisas de cozinha

JulianaAlmeida

Coisa de Macho? Fotos Gustavo Sarmento e Ana Pedrosa Locação Pichilau Bebidas

Há controvérsia e a mulherada pede passagem no universo da cachaça. A produção de cachaça para as mulheres já virou um diferencial de mercado. Com a chegada do público feminino ao mercado consumidor de bebidas destiladas, as empresas especializadas estão apostando em versões mais leves e refinadas, existindo hoje garrafas até de cristal. Genuinamente brasileira, sua história começa nos tempos de escravidão, com a produção do açúcar. O método consistia em: moer a cana, ferver o caldo, deixar esfriar e obter a rapadura, que adoçava as bebidas. Por muita vezes, esse caldo desandava e era jogado fora. Os escravos, excluídos e maltratados, começaram a provar do líquido que os deixavam bem “animadinhos”!

Com o passar do tempo, essa bebida foi aperfeiçoada, filtrada e destilada. E foi aí que ela saiu das senzalas. Mesmo assim, a cachaça viveu um período de clandestinidade, onde seu consumo contemplava apenas pessoas de baixa renda; e infelizmente era rotulada como produto de má qualidade. Mas hoje a conversa é outra! Apreciada mundialmente e muito respeitada, conquistou a preferência de pessoas de nível social alto, rompendo barreiras mundo a fora e sendo incorporada a cultura brasileira. Com sabores mais delicados, macios e saborosos, a cachaça vem ganhando

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Hoje o 3º destilado mais consumido no mundo, a cachaça possui mais de mil apelidos no Brasil, onde sua variação alcoólica fica entre 16 e 70%.

glamour e status no universo feminino. A mulher consome, degusta e aprecia de uma maneira bem diferente que a dos homens. E isso acabou colocando as “calcinhas” no mercado produtor, degustador e harmonizador da branquinha. Não se limitando ao simples hábito de beber, elas também querem entender do assunto! Nos grandes centros urbanos, como Rio e São Paulo, já existem grupos e confrarias exclusivamente femininas. É a sensibilidade aflorando num terreno antes cheio de preconceito e marginalidade. Mulher e cachaça podem sim ser uma dupla perfeita. DICAS DA CHEF Cachaça se bebe em temperatura ambiente. Observe o ano, a cor e a graduação alcoólica. Harmonize uma boa cachaça na sua cozinha, aprenda a degustar e descubra essa experiência sensorial.

Pra começar... A locomotiva Ouro, Germana Heritage e Encantos da Marquesa.

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44 Mundo geek

Universo Paralelo O mundo de imaginação e o sucesso dos jogos de RPG

Por Eduardo Figueiredo

Imagem Divulgação

Imagine-se em um mundo medieval, usando armaduras pesadas e uma espada longa ou mesmo uma capa e chapéu negros, empunhando um cajado. Imagine-se enfrentando dragões, bandidos, vampiros e até lobisomens. Imagine-se. É baseado na pura imaginação que o RPG - Role Playing Game, que na tradução livre seria “jogo de interpretação de papéis”, começou. Existem vários tipos de RPG para se jogar, o tradicional de mesa; o Live Action, que consiste, de maneira simplificada, em se fantasiar e atuar com seu personagem; on-line e tantos outros. Se atentando ao início, o primeiro RPG foi o de mesa, que basicamente se constitui de um Narrador ou Mestre, que cria a aventura do dia e se faz cumprir o sistema (regras) escolhido; e os Jogadores, que criam seus personagens com base em uma ficha do qual todas as características dele, como raça, idade, habilidades físicas e psíquicas, são anotadas para o desenrolar da história. Ao criar a história, o Mestre vai

detalhando toda sua jornada e os jogadores, usando a imaginação, vão visualizando. Nada de tabuleiro ou ilustrações. É como ler um bom livro e você se ver naquela situação, analisando e procurando a melhor forma de agir de acordo com o personagem. Daí vem o nome “jogo de interpretação de papéis”. As mesas de RPG trazem à tona todo tipo de imaginação da mente da pessoa, algumas delas, dependendo do sistema que for usado, chegam a durar anos com os mesmos personagens em uma história que a cada encontro se multiplica. Tudo vai depender de como o Mestre e os Jogadores se conectam. Agora, como se criam os personagens e a história com suas bases regradas no sistema? Livros. No caso do D&D (Dungeons & Dragons) existe o Livro do Mestre, o Livro do Jogador e o Livro dos Monstros. Esses são a base e o básico para começar, pois existem vários títulos com sistemas diferentes. Com uma boa leitura de todos os participantes, tudo flui e a criatividade toma conta da mesa. Vejamos um exemplo de uma narração entre o Mestre e os Jogadores:

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Numa aventura típica, quatro heróis tentam resgatar a filha do justo rei Albert, sequestrada por um feiticeiro maligno:

NARRADOR – Vocês seguem pelos corredores escuros e úmidos do subterrâneo da fortaleza. A luz das tochas de vocês mostra uma bifurcação à frente. Quando se aproximam, percebem um brilho do lado direito, como se alguém estivesse com uma tocha também. O que fazer? PEDRO – Eu paro e falo baixinho para o grupo: “E aí, pessoal?”. HUGO – Eu digo: “Apaga essa tocha, senão podem nos ver também!”. PEDRO – Boa ideia! Eu apago a tocha e faço meu cavaleiro pegar o escudo. JORGE – Eu também vou me preparar! Pode ser que tenha algum monstro ali na frente. Saco meu machado! NARRADOR – Ok. Vocês apagam as luzes e sacam suas armas, preparando-se para o pior. E você, Bianca? BIANCA – Vou esperar eles pararem com a barulheira e fazer minha personagem tentar ouvir algo, pra saber se tem ou não perigo. NARRADOR – Ok, Bianca! Vamos rolar os dados! Se você passar no teste eu lhe conto o que sua personagem ouviu...

E assim as mesas de RPG vão acontecendo, tudo de acordo com o sistema e a criatividade do grupo. Durante a história, os grupos encontram desafios com monstros ou charadas, e para vencê-los é necessário jogar os dados que, de acordo com o que der, definirá sua vitória ou derrota. Esse sistema de dados e pontuação é complicado e bastante amplo para se explicar, o melhor é pesquisar livros sobre RPG e se aprofundar. Outro tipo de RPG, que parece ser muito divertido, é o Live Action. Este consiste em realmente atuar seu personagem, se vestir de acordo e usar um palco, que pode ser uma mata, deserto ou área urbana, tudo de acordo com a história que foi criada. Para trazer o mundo do RPG para mais perto de você, podemos usar o exemplo do desenho Caverna do Dragão. Nele há um grupo de

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jovens (jogadores), cada um com suas armas e características diferentes (personagem) e sempre com um velhinho (mestre) auxiliando em suas jornadas. E quem não conhece a trilogia de O Senhor dos Anéis? Homens, anões, elfos, orcs, todos os tipos de raças. Cada um sendo um guerreiro diferente, como arqueiros, magos e cavaleiros. Um mundo criado para quem quer usar a imaginação, onde tudo é possível. Com o avanço tecnológico, não demorou para o RPG chegar ao mundo dos Games. Jogos como A Lenda de Zelda e Final Fantasy são exemplos de sucesso no mundo inteiro. Os videogames tem um apelo diferente, pois é possível controlar seu personagem em um ambiente gráfico ao mesmo tempo em que a história toma os rumos que você definir. Esta é a magia. Ainda no mundo da tecnologia, outro tipo de RPG se tornou amplamente popular, o MMORPG (Massive Multiplayer Online Role Playing Game) ou RPG on-line. Este está muito disseminado pela internet e existem inúmeros deles para se escolher, cada um com sua história e sistema diferentes, atraindo todo tipo de jogador. Diferente dos games de consoles, a maioria dos RPGs on-line não têm fim e estão sempre se atualizando e criando novas áreas no mapa do jogo, onde, independente de você jogar, o mundo sempre existirá. Títulos como Tibia, World of Warcraft, Ragnarok, Perfect World, Silkroad e tantos outros são jogados por milhares, até milhões de pessoas. É só acessar, criar seu personagem e ganhar o mundo, conhecendo gente de todas as partes e participando de aventuras de todos os tipos. No Brasil, um dos preferidos é o Tibia. Com quase 20 anos de existência, está entre os mais antigos MMORPGs e, tanto para jogadores da velha guarda quanto para os mais novos, ainda é um dos melhores no quesito RPG. Não pelos gráficos e sim pela interatividade e dificuldade do jogo. Neste não existe um nível máximo para seu personagem e você pode continuar a evolui-lo sempre, sendo possível alugar casas e decorá-las, fazer casamentos e enfrentar todos os tipos de criaturas míticas. Independente de ser o mais jogado ou não, cada RPG tem sua peculiaridade, seja em um futuro distante, no passado ou em terras fantasiosas, a escolha é sua e o rumo de como sua história será traçada sempre partirá de você.


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48 Consumo

New York Fashion Week

Percepções da semada de moda de Nova Iorque Texto Greggory Wood Fotos Alen Barbosa

Talento emergente é uma característica do universo de moda americana, além, obviamente, dos grandes nomes estabelecidos; o que traz grande importância a essa indústria que em muito acrescenta a economia do país. Isso pode ser verificado no relatório que foi apresentado pela congressista Carolyn B. Maloney durante a semana de moda de New York deste ano, mais conhecida como Mercedes Benz Fashion Week (A Mercedes Benz patrocina o evento desde 2007). Maloney denomina o impacto econômico como “enorme”. “A moda é muito mais do que estilo, é um grande negócio que cria uma vasta gama de empregos bem pagos. É uma das maiores indústrias da cidade, introduzindo milhões de dólares na atividade econômica”, afirmou a congressista. “Cerca de 180 mil pessoas estão empregadas na indústria da moda em bons empregos de classe média”, acrescentou. Falando de números, de acordo com uma análise de 2012 feita pela New York Economic Development Corporation, no impacto anual do NYFW pode-se incluir ainda cerca de 547 milhões de dólares em gastos diretos dos visitantes. Como comparativo do quanto isso representa, o valor supera os gastos do Super Bowl 2014 (final da liga de futebol americano), da Maratona de New York e das duas semanas do torneio US Open de tênis. Embora economicamente um evento desse porte atraia investimentos e os olhares de todos que buscam agarrar uma fatia desse mercado cheio de nuances e oportunidades, existe ainda algo que pode ser

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50 Consumo comparado a importância das cifras desse universo e que podemos simplificar em poucas palavras: o desejo de ver e de ser visto. O que é produzido e apresentado nas passarelas de um dos eventos de moda mais importantes do mundo, como o NYFW, se torna muitas vezes item obrigatório nos guarda-roupas de homens e mulheres ao redor do mundo. Sem falar no estilo, cor de cabelo, atitude e medidas. Muito desse consumismo é bem vindo para a indústria de moda e para a economia, logicamente. Mas, deixa-nos pensativos quanto as nossas reais necessidades como indivíduos e também como parte de um grupo. Existe uma responsabilidade muito grande por parte da moda em relação a sociedade. A cultura imposta nas passarelas, se bem pensada,

pode favorecer e muito, a comunidade. Foi o que a FTL MODA fez ao apresentar em seu desfile o belo modelo e personal trainer Jack Eyers, que tem uma das pernas amputadas. Jack tem 25 anos e recebeu o título de homem do ano pela revista Men’s Health. Atitude que faz a diferença e que merece ser copiada. A tecnologia de hoje nos permite espalhar (share, hashtag, etc) não só os bons exemplos como o da FTL MODA, como também acompanhar os desfiles, acontecimentos e pessoas interessantes que transitam não só nas passarelas, mas nos red-carpets e after parties com as celebridades, bloggers, designers e artistas. Tendências foram lançadas e uma nova cartela de cores imposta para a estação,

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antes mesmo de sua chegada. No final, pode se dizer que a Semana de Moda de NY teve seu saldo positivo em muitos aspectos. Nenhuma revolução assustadora nos guarda-roupas aconteceu, o frio prevaleceu durante os desfiles do NYFW e, embora a cidade de Nova Iorque tenha sofrido com tempestades de neve, temperaturas muito baixas e ventos fortes; o mau tempo não interferiu na funcionalidade do evento. As salas de desfiles permaneceram muito disputadas e lotadas como em qualquer outra temporada e, como sempre e de forma até involuntária, consumimos as coleções que estão disponíveis nas principais lojas de varejo por todo o planeta, inclusive do Brasil. Se a moda nos consome, podemos afirmar que a recíproca é mais que verdadeira!

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O personal trainer britânico, Jack Eyers, que teve sua perna direita amputada aos 16 anos, em virtude de uma deficiência que impedia seu crescimento normal; fez história como o primeiro homem amputado a desfilar na passarela do New York Fashion Week. Jack, hoje com 25 anos, foi convidado para apresentar criações do designer de moda Antonio Urzi, conhecido por sua extravagância e clientes famosos como Lady Gaga, Beyoncé e Britney Spears.


52 Gula sem pecado

FabianaAccioly

A medida certa

Para ser saudável: cuide do seu corpo, você mora nele! Você já fez sua avaliação física este ano? OK! Você pode estar se perguntando qual o motivo da minha coluna Gula sem Pecado desta edição está falando de avaliação física? Caro leitor, felizmente venho alertá-los para a importância de conhecer fisicamente o seu corpo e, principalmente, para contribuir com o trabalho dos profissionais de educação física e, por que não, do Nutricionista Esportivo. Vamos entender o real motivo. São inúmeras as vantagens para a saúde com o estímulo do exercício físico diário no seu estilo de vida. Sabendo disso, você que está saindo da zona de conforto, deixando de ser apenas adepto do levantamento de copo e garfo (famoso sedentarismo) e irá começar a mexer o corpo; é com você que estou falando... ou você que já está matriculado na academia de ginástica, mas, não foi convencido da necessidade de marcar uma avaliação física com o professor e está sendo adepto da famosa avaliação do espelho, muito comum por sinal. Antes de iniciar qualquer movimento do corpo com um objetivo específico, você precisa de dados iniciais para acompanhamento da sua evolução. O profissional de Educação Física precisa ter todos os parâmetros para condicionar seu corpo para a saúde. Portanto, uma avaliação física completa necessita avaliar: flexibilidade, resistência muscular, força muscular, função cardio-respiratória, além da composição corporal. Assim, é um erro pensar que a avaliação física é o mesmo que avaliação da composição corporal, quando ela, é apenas um aspecto a ser analisado. Por isso, vamos especificar nesta matéria a avaliação da composição corporal, também chamada de antropometria, cujo propósito é mensurar o corpo humano. Várias técnicas se enquadram nessa categoria: altura/peso, circunferências, avaliação de gordura e músculo esquelético. Da relação

entre o peso corporal com a altura teremos o índice de massa corporal, o famoso IMC. Este, para uma pessoa com grande quantidade de gordura corporal visível é um parâmetro importante, classificatório entre sobrepeso e obesidade em diversos graus: I, II e III. Lembrando que, para um indivíduo com uma quantidade visível de músculo no corpo, o IMC não representa a realidade para a Nutrição Esportiva. Afinal, 33Kg/m² não caracteriza um obeso grau I quando a pessoa está com um grande volume muscular. Então vamos ao que interessa! Eu quero saber de músculo! Afinal, ninguém quer aumentar gordura no corpo, concorda? E é sempre a mesma frase quase todos os dias em meu consultório: “Dra., quero diminuir o percentual de gordura e aumentar massa magra” (entenda massa muscular). Um método duplamente indireto muito comum na prática clínica é o de dobras cutâneas através do equipamento adipômetro, onde o avaliador irá “pinçar” os pontos anatômicos já padronizados, estimando o percentual de gordura através de uma equação específica definida. Mais de 100 equações já foram preconizadas, no entanto, em torno de 10 equações são as mais encontradas nos softwares de antropometria. O método depende muito mais da habilidade do avaliador do que do avaliado em relação a esta precisão, sendo assim, nada de ficar mudando de avaliador como quem troca de roupa. O importante é acompanhar sua evolução com o mesmo profissional que fez suas avaliações anteriores. Portanto, mesmo que mude de academia, evite mudar de avaliador. Em relação às circunferências expressas em centímetros é importante deixar claro que na avaliação física do profissional de educação Uma revista com a cara do Nordeste


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física as circunferências são medidas com os membros relaxados e contraídos. Vale lembrar que apenas a circunferência abdominal é parâmetro classificatório.Todas as outras circunferências servem apenas de acompanhamento físico para a evolução do indivíduo. É um método prático e de baixo custo, mas, depende muito da precisão do avaliador. A literatura é clara: pra ser considerado um bom profissional, este precisa ter realizado no mínimo 50 avaliações físicas. E a minha área? Qual a importância da avaliação da composição corporal para a Nutrição? Durante a consulta com um Nutricionista Esportivo investigamos vários fatores para o nosso diagnóstico nutricional: anamnese, avaliação bioquímica, aplicação de inquéritos alimentares, detalhes sobre www.OUSHBrasil.com.br

o treinamento e realizamos a avaliação da composição corporal da mesma forma que o profissional de educação física; exceto as circunferências dos membros contraídos. E com que propósito? Antes de iniciar qualquer prescrição dietética o indivíduo precisa de algum parâmetro para acompanhamento da sua evolução da mesma forma como funciona com o treinamento. Durante anos trabalhei usando o adipômetro para a estimativa do percentual de gordura; contudo, fui em busca do que há de mais moderno e preciso para a avaliação da composição corporal. Trouxe para Maceió a primeira máquina InBody 720, considerada a Ferrari das máquinas de Bioimpedância por possuir um sistema de medição tetrapolar com 8 eletrodos táteis. A análise de impedância bioelétrica (BIA) é um método rápido, não-invasivo, com uma


54 Gula sem pecado passagem de corrente elétrica de alta potência e multifrequencial. Do ponto de vista científico, a InBody 720 foi validada por muitas das melhores Universidades Federais do mundo, que a adquiriram como padrão de análise de composição corporal, sendo a forma de análise preferida pelos melhores centros de avaliação corporal da Europa e dos Estados Unidos. Esta máquina é a única do mundo a dar, com muita segurança, a área de gordura visceral. Ou seja, avalia a gordura mais prejudicial do ponto de vista metabólico e inflamatório; gordura esta que fica entremeada entre os órgãos internos e que aumenta o risco cardiovascular, sendo causadora insclusive da esteatose hepática (gordura no fígado). A precisão desta avaliação da gordura visceral é equivalente ao padrão-ouro, a ressonância magnética. E não para por aí. A inBody 720 permite avaliar com tanta precisão quanto

a densitometria de corpo inteiro (DXA) a quantidade de gordura e de músculo total, além de avaliar separadamente por segmento: braços, pernas e tronco. É o equipamento mais preciso quanto à diferenciação entre água e tecidos, água intra e extracelular, com a vantagem adicional de não liberar radiação e de avaliar edemas (inchaço) no corpo, numa análise comprovada por diversos estudos científicos. É uma grande ferramenta para complementar, detalhar e precisar a avaliação realizada por Profissionais de Educação Física e Nutricionistas, além de Médicos e Fisioterapeutas. Se você busca uma avaliação completa e deseja maximizar a performance de seus treinos e dieta, a análise da InBody 720 fornecerá aos profissionais que lhe acompanham o melhor diagnóstico e caminho a ser seguido.

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Avaliação da Composição Corporal InBody 720 - Área de gordura visceral; - Água corporal total; - Água intracelular; - Água extracelular; - Diagnóstico de edema global e por segmento; - Proteínas e minerais; - Peso total do tecido adiposo (gordura corporal); - Peso de músculo esquelético; - Massa livre de gordura; - Percentual de gordura corporal total; dos membros superiores, inferiores e tronco; - Massa magra total; dos membros superiores, inferiores e tronco; - Peso total e ideal; - Peso ósseo em minerais; - Relação cintura/quadril do ponto de vista metabólico; - Taxa de metabolismo basal; - IMC (Índice de Massa Corporal).

Terminologia da composição corporal Massa gorda ou de gordura corporal (MG): todos os lipídios extraídos do tecido adiposo e outros tecidos do corpo; Massa Livre de Gordura (MLG): todos os tecidos e resíduos livres de gordura: água, músculos, ossos, tecidos conjuntivos e órgãos internos; Gordura corporal relativa ou % de gordura (%GC): massa gorda expressa como porcentagem do peso corporal total; Gordura subcutânea: gordura acumulada sob a pele; Gordura visceral: tecido adiposo acumulado dentro e em volta das cavidades torácica (coração, pulmões) e abdominal (fígado, rins, etc); Gordura abdominal: gordura subcutânea e visceral na região abdominal; Lipídios esseciais: gordura para formação da membrana celular; Massa magra: Massa livre de gordura junto com os lipídios essenciais. www.OUSHBrasil.com.br


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58 Desvendando museus

Conhecimento gratuito

Uma visita Ă Biblioteca PĂşblica Graciliano Ramos

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Texto e fotos Antonio Maria do Vale

Responda rápido sem pensar muito: ao ouvir a palavra museu, o que lhe vem à cabeça? Sua imaginação pode até ter seguido um caminho diferente, mas a grande maioria das pessoas neste momento remete o pensamento a coisas antigas, história, arte e passado. De fato, essas são características presentes na quase totalidade dos museus espalhados pelo mundo, mas a interação entre o velho e o novo tem se tornado uma prática bem comum aos espaços que se atualizam, se revitalizam ou se constroem. Em Maceió isso se repete e a cada reforma em um museu, este se renova com espaços que interligam o passado e o presente através da tecnologia. Museu Théo Brandão, da Imagem e do Som e Memorial Pontes de Miranda, por onde já passamos, possuem suas salas ou exposições interativas, o que também deverá ocorrer com o Museu Palácio Floriano Peixoto, que encontra-se em reforma. Mais recente destes espaços a passar por uma reestruturação, a Biblioteca Pública Estadual não se enquadra exatamente no conceito de um museu, discussão inclusive que se amplia aos arquivos públicos, muito embora a própria definição de museu muito se aplique as funções de uma biblioteca, sendo, segundo a International Council of Museums (Conselho Internacional de Museus), “uma instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público e que adquire, conserva, investiga, difunde e expõe os testemunhos materiais do homem e de seu entorno, para educação e deleite da sociedade”. Com base nesse conceito e diante da enorme curiosidade e expectativa sobre o que haveria de novo no reformado prédio, visitamos a Biblioteca que estava de portas fechadas desde novembro de 2010. As obras que duraram quase exatos quatro anos, fizeram parte de um projeto desenvolvido por um convênio entre o Governo de Alagoas e a Fundação Biblioteca Nacional, sendo orçado em R$ 3,4 milhões. Dentre as principais ações, destaque para a restauração dos pavimentos tradicionais, adaptação do acesso com construção de rampas e instalação de elevador, além de criação de novos ambientes, como a bebeteca, telecentros de informática e a sala de livros falados e em braile. Realizamos um tour idêntico ao de qualquer visitante, começando nosso passeio por uma www.OUSHBrasil.com.br


60 Desvendando museus das alas estreantes: o Memorial Graciliano Ramos, que reúne uma cronologia de sua vida e obra, além de peças de outros artistas que homenageiam o autor, que inclusive dá nome a Biblioteca, já que o decreto de nº 29.175, de 15 de novembro de 2013, renomeou o espaço para “Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos”. Não faltam obras do romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista brasileiro, natural de Quebrangulo, no acervo da Biblioteca. Vale registrar como dica, para que não passe despercebido, uma peça interativa fixada na parede, uma espécie de timão náutico que ao ser girado apresenta peculiaridades da cultura alagoana: principais folguedos, filhos ilustres, pontos turísticos, gastronomia regional... Uma forma bem criativa de resumir grande parte de nossos costumes, belezas naturais e da rica história do nosso estado. Fazem companhia a Graciliano, tantos outros escritores alagoanos, assim como exemplares das mais diversas obras literárias, independente de temática, origem ou período. São mais de 70 mil volumes com

Hall de entrada Memorial Graciliano Ramos traz obras e uma cronologia da vida e obra do escritor alagoano.

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obras raras que, por exemplo, datam do Brasil colonial. Aliás, para elas existe até uma sala reservada, onde o trabalho de catalogação ainda está em andamento e onde encontramos o mais antigo livro da Biblioteca, “Da Asia”, de 1778, onde o português Diogo de Couto narra, numa coleção de 14 volumes, os feitos que os portugueses fizeram em suas descobertas de terras nas viagens pelos mares do oriente. Dentro do acervo total da biblioteca são 6.381 obras classificadas como raridade, destas, 523 são obras raras escritas por alagoanos ou sobre algum tema relacionado a Alagoas, todos atendendo aos critérios de raridade estabelecidos pela Biblioteca Nacional. O trabalho de seleção e reorganização do acervo ainda não foi concluído e o número de exemplares que necessitam de cuidados especiais deve crescer, principalmente porque a biblioteca recebe doações com frequência e vem realizando também um trabalho em conjunto com a Secretaria de Cultura, promovendo autores da terra em feiras literárias e bienais, que posteriormente repassam exemplares de suas obras para a biblioteca. Seguindo para a porta adiante, chegamos a mais uma área recém-criada, a Bebeteca, onde as crianças irão interagir não apenas com os diversos livros infantis da coleção que expõe obras de

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famosos escritores como Ziraldo e Maurício de Sousa. O espaço é bastante lúdico e conta com brinquedos, jogos de tabuleiro e teatro de fantoches, tudo com uma temática adequada para a idade e interesse dos pequenos visitantes, que de forma ativa aprendem sobre história e formam consciência cultural durante o passeio que não se limita apenas a sessão infantil. As crianças, acompanhadas pelos pais, professores ou adulto responsável, podem e devem visitar a biblioteca por completo, onde destacamos a sala dedicada a literatura infanto-juvenil, com centenas de títulos para crianças e jovens que começam a descobrir o quanto é fascinante o mundo da leitura. Todo o palacete possui 54 ambientes que não expõem unicamente obras literárias. No Memorial da Biblioteca Pública, encontramos móveis e objetos da época, alguns deles do período da criação da Biblioteca, que teve seu

projeto inicial apresentado pelo então deputado provincial, Tomaz do Bomfim Espíndola, em sessão do dia 26 de maio de 1865. Exatos um mês depois, o presidente da Província de Alagoas, Desembargador João Batista Gonçalves, acata a sua instalação que, décadas depois, em 26 de outubro de 1941, fora incorporada a Alagoas através do Decreto de Lei estadual Nº 2.702, época em que o prédio era um ponto de encontro entre comerciantes que buscavam informar-se com as notícias dos periódicos e as conversas informais que aconteciam no local. O prédio não foi erguido para sediar a biblioteca, que já funcionou na Rua das Árvores, o antigo Liceu Alagoano, a Rua João Pessoa, a Assembleia Legislativa e a Rua do Comércio. O palacete é mais antigo e foi arquitetado por José Antonio de Mendonça, que em março de 1860 foi agraciado com o título de Barão. Por isso, a residência, construída entre 1844 e 1849, também ficou

Universo infantil Ala dedicada à criançada é lúdica e voltada a leitura e aprendizado com muita imaginação e brincadeiras.

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conhecida como Palacete Barão de Jaraguá, por ser a mais imponente construção do Largo da Matriz, atual Praça Dom Pedro II. Antes mesmo do título de Barão, Antonio de Mendonça, que era membro presidente da Comissão da Igreja da Catedral, deixou sua residência ainda mais famosa ao hospedar o Imperador D. Pedro II e a Imperatriz Tereza Cristina, quando da solene inauguração da Igreja da Catedral em 31 de dezembro de 1859. Os hóspedes passaram 11 dias em Alagoas visitando vários pontos da província, tempo em que o Palacete foi transformado em Paço Imperial, a casa de despachos das decisões do Imperador. Não se sabe ao certo, mas talvez algum dos móveis expostos no Memorial possa até ter sido utilizado durante algumas das decisões de Dom Pedro II em terras alagoanas, uma incerteza que habita o imaginário de quem visita espaços como museus e a biblioteca, que costumam se colocar em tais

O novo e o velho Tecnologia e nova estrutura trabalham em conjunto com a preservação do prédio e seu acervo.

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Tudo novo, mas igual Jornais e revistas registram a evolução do estado através de fatos que se atualizaram.

situações, uma ação que ajuda inclusive a fixar o que se observa e aprende durante o passeio. E a nova biblioteca propicia muitas viagens no tempo, a sala dedicada aos jornais é a mais rica no quesito de memória histórica onde, ao abrir qualquer uma das milhares de edições arquivadas, o visitante estaciona numa determinada data e interage com os fatos ocorridos naquele dia. Diferente dos livros, onde a ficção é quase que onipresente, ao ler um jornal é possível posicionar-se não só diante dos fatos noticiados como também do contexto social de época, uma mistura entre aprendizado para os mais jovens e saudosismo para quem já ultrapassou a barreira dos 30 anos. Com exemplares que datam do início do século passado, o espaço é hipnotizante e, ao sentar-se à mesa após a escolha aleatória de um dos jornais, a coisa mais difícil de fazer será prosseguir com o passeio. A curiosidade sequenciada de surpresas faz da ala um dos grandes atrativos da nova biblioteca, e mais, um dos principais agentes motivadores de retorno. Através da leitura deste tipo de impresso, cotidianamente visto como descartável tão logo o dia acabe, é possível acompanhar e entender o processo de alteração da cidade e seus costumes, inclusive com as apostas que deram certo e errado, o que era convicto e se tornou fiasco, além do inesperado que se consolidou. E como tudo mudou! Em qualquer que seja a sessão é divertido inserir uma proposta comparativa como análise. Nas páginas policiais os crimes já eram frequentes, embora os motivos e meios bem distintos em relação ao que vemos todos os dias nos noticiários. Sem os shoppings, a programação de filmes ainda se direcionava aos Cinearte, São Luís, Rex, Royal e Ideal, mais tradicionais cinemas da capital alagoana ao longo de décadas. Os carnavais, estes ainda animavam os foliões na Praia da Avenida e no Iate Clube Fênix, onde os concursos para escolha da Rainha eram o ponto alto da festa. Nos classificados, sucesso ainda para modelos já fora do asfalto: Corcel, Chevette, Belina, Del Rey e Comodoro; objeto de desejo de muitos maceioenses que sonhavam com um passeio pela orla num desses veículos. Uma revista com a cara do Nordeste


E o futebol? Em campos alagoanos ainda os grandes craques, a exemplo de Jacozinho e Joãozinho Paulista, em confrontos com os principais clubes do país, numa fase em que os principais artistas da bola se tornaram personagens folclóricos diante do talento pitoresco que possuíam. Lembrando que imaginar tais situações se torna tarefa mais fácil já que as fotos publicadas nos remetem a um quadro mais fiel dos acontecimentos. E saindo da categoria à parte que são os jornais, a biblioteca guarda em seu acervo Diários Oficiais que datam de 1913 em diante. Leitura que aparentemente parece chata, os registros destes documentos também muito nos ensinam sobre a história do estado e

sua evolução. Ele desempenha o papel de dar publicidade e legitimar cada passo da história política, isso desde o período colonial, quando era proibida toda e qualquer veiculação de informação não oficial no Brasil, já que a liberdade de imprensa só veio ser instaurada no país em 28 de agosto de 1821, através de decreto assinado por D. Pedro I. Fato curioso que cerca o Diário Oficial é que até as ações antidemocráticas, como o Ato Institucional nº 5 que oficializou a ditadura no Brasil em 1968, foram por ele legitimadas e divulgadas, estando sempre numa posição acima do certo ou errado, sendo imparcial na sua função de registrar as decisões políticas tomadas. E basta folhear um de seus exemplares mais antigos para descobrir

Viagem no tempo Obras raras contam muito sobre nossa história e a construção da cultura e costumes atuais.

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66 Desvendando museus nas páginas envelhecidas pela ação do tempo o quanto nossos hábitos e leis mudaram. Regras, por exemplo, como a que modificou o imposto sobre a plantação de coqueiros, grande atividade econômica da época, em janeiro de 1913, atribuindo juros por atraso de fazer inveja a qualquer operadora de cartão de crédito. E o mundo de descobertas não para nas demais salas que, de modo mais tradicional, guardam as mais variadas obras literárias. Lembrando que o prédio por si só já é uma atração, sem ter sido descaracterizado ao longo das diversas restaurações por qual passou, todas elas priorizando a preservação de suas características originais, como o piso, teto, escadaria, varandas, portas e janelas. Nos corredores e paredes, a biblioteca abre espaço para exposição de diversas obras de artistas regionais. Quadros e esculturas que abordam a nossa cultura, como as coleções de pinturas com tema afro, com destaque para baianas e o singular Preto Velho; ou que registram o cotidiano da capital alagoana,

retratando monumentos e locais tradicionais de Maceió, como as praças do Centro e a Associação Comercial. Ao se reiventar, a Biblioteca Pública Graciliano Ramos não só renova sua posição diante dos alagoanos, como continua ofertando a todos que dediquem seu tempo a visitá-la a oportunidade de adquirir conhecimento. E por que este conhecimento não é igualmente absorvido diante de uma tela de computador, por exemplo? Porque, acima de qualquer outro argumento, viver uma experiência ainda é infinamente superior que conhecê-la. Uma viagem num programa de tv não substitui o prazer de realizá-la, uma boa música no cd não é tão harmoniosa quanto o show ao vivo do artista, assim como um e-book jamais transmitirá a sensação de aprender algo folheando as páginas de um livro. Visiste a Biblioteca Pública e ao sair tenha uma certeza: você se tornou uma pessoa melhor!

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O homenageado

Pelos corredores Obras de artistas plásticos e estrutura original do prédio são um atrativo a parte.

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Graciliano Ramos nasceu em 1892, em Quebrângulo, Alagoas. Dois anos depois se mudou com a família para a Fazenda Pintadinho, em Buíque, sertão de Pernambuco, onde permaneceu até 1899. Em 1905 se mudou para Maceió, onde estudou por um ano no tradicional Colégio Quinze de Março. Quando retornou àquela cidade fez o segundo grau, mas não cursou faculdade. Em 1914 foi ao Rio de Janeiro, onde pôde intensificar sua carreira jornalística. Depois de um ano retornou a Palmeira dos Índios, pois soubera que seus três irmãos haviam morrido em decorrência da febre bubônica. Lá se tornou comerciante, deu continuidade à carreira de jornalista e ingressou na política. Tornou-se prefeito e exerceu mandato por dois anos (1928-1930). Em 1933 retornou a Maceió para ocupar o cargo de diretor da Instituição Pública de Alagoas, conhecendo então Rachel de Queiroz, José Lins do Rego e Jorge Amado. Em 1936, sob a acusação de ser subversivo, foi preso pela ditadura Vargas, sofrendo horrendas humilhações – experiências reveladas em sua obra “Memórias do Cárcere”. Em 1945, depois de libertado, fixou-se no Rio de Janeiro e não mais voltou ao Nordeste, época então que se consagrou como um dos maiores romancistas brasileiros, considerados por muitos o sucessor de Machado de Assis. Nesse mesmo período filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro. Com câncer, faleceu em 1953, cercado de muitos amigos e muitas homenagens.


68 Conexão U.S.A.

AlenBarbosa

Sonhos dão trabalho! A rotina de uma modelo em Nova Iorque Sempre que as temporadas de desfiles são anunciadas, uma nova safra de modelos de todas as partes do mundo aparece na cidade de Nova Iorque para se juntar aos que ali já vivem e trabalham. A competição é grande e muitos trabalhos, sessões fotográficas e contratos importantes são assinados; documentos que podem mudar e muito a vida de muita gente. As intermináveis filas dos castings, com rostos inesquecíveis ou não, tornam-se comuns. Gente que chega para tentar fazer parte do que muitos acreditam ser uma das profissões mais interessantes e desejadas do planeta, a de modelo. Entretanto, há algo para o que as pessoas geralmente não atentam ao se deslumbrarem com um editorial de revista de moda e estilo ou ao assistirem um desfile, o fato de que por traz do glamour existe muito trabalho, suor e renúncia. A maioria dos modelos que trabalham na indústria da moda e vivem nos grandes centros, como a cidade de New York, estão longe de suas famílias ou deixaram para traz a escola na esperança de que a profissão lhe garanta o sustento e o sucesso. Para o grande público que apenas observa, não existe a consciência do tempo curto dessa profissão, que para muitos vai até antes mesmo dos 30 anos de idade, salvo os profissionais com grande visão, que se reinventam e desenvolvem outras habilidades como fotografia ou design, por exemplo, dentro do próprio setor de moda. É importante lembrar aos interessados que antes de pensar em seguir uma carreira de modelo, deve-se atentar para muitos outros fatores, como por exemplo: - Como pagará as suas contas no caso de não conseguir trabalho; - Cuidados com a saúde e beleza (atenção especial à dentição), afinal, corpo e rosto são seus instrumentos de trabalho; - Cursos paralelos relacionados a organização financeira e de tempo são de grande ajuda;

- Boa comunicação; - Preparar suas refeições e ingeri-las; - Dominar o inglês, a língua mundial dos negócio; - Ter uma boa noção de geografia, política, marketing e economia; - Conservar bons relacionamentos com pessoas do ramo como fotógrafos, designers, bookers...; - Ser adepto a falta de rotina; - Gostar de viajar; - Ter alto-estima bastante “alta” para lidar bem com a rejeição que ocorre normalmente na área; - Manter uma boa saúde física e mental. Tudo isso, apenas para começar. Em resumo, é uma profissão extremamente exigente em todos os aspectos. Mais fácil seria mesmo cursar uma universidade. Porém, por aqui encontramos muita gente que tem como foco de vida essa profissão que, pode ser exigente, mas também muito divertida e cheia de aventuras. Decidimos saber um pouco mais sobre esse universo, afinal, estivemos em Nova Iorque em plena semana de desfiles. Para criar esse artigo, especialmente para a revista OUSH, fotografamos e conversamos com a modelo Rachel Sykes, que nasceu na Flórida e agora vive e trabalha em Manhattan, mudandose para Nova Iorque há apenas um ano em busca de seus sonhos. As fotografias desse editorial foram feitas em um espaço chamado The TheaterLab em Manhattan e, como nem um minuto é desperdiçado pelas modelos, foram cedidas a Rachel em troca do seu precioso tempo conosco, sendo utilizadas para enriquecer ainda mais seu portfólio, o currículo de quem trabalha com moda. Rachel, inclusive, teria um casting de produtos de cabelos Uma revista com a cara do Nordeste


para ruivas logo depois de nosso encontro, confirmando, sem trocadilhos, que, para quem sobrevive do mundo fashion, tempo é dinheiro. OUSH Sua opinião sobre os fotógrafos (curiosidade de quem é fotógrafa como eu)? RACHEL (De bate-pronto) Fotógrafos são mágicos! OUSH O que você gosta e não gosta na sua profissão? RACHEL (Diz que adora ser guiada ao desenvolver um trabalho) “Quando me é explicado um conceito ou estado de espírito em que eu precise atuar para a produção daquele material, adoro essa etapa da atuação e da transformação para atingir o objetivo da campanha, que é vender um produto, além de poder conferir o conjunto final do meu trabalho, seja ele uma campanha de moda ou apenas um anúncio. É sempre recompensador. Do que eu não gosto é do fato do quanto o sonho de ser uma modelo e manequim e ilusório no sentido de que essa profissão lhe é vendida e apresentada de uma forma inteiramente diferente da realidade, não apenas no sentido financeiro. Muitas vezes em um trabalho você consegue ser reconhecido pela sua energia e profissionalismo, mas financeiramente não compensa. O meu trabalho precisa ser recompensador principalmente nesse sentido, pois dessa forma posso continuar produzindo de forma eficaz e, sinceramente, nessa indústria você praticamente tem que ser “muito maleável” para atingir o seu sonho e, ainda assim, o “sonho” de forma alguma está garantido”. OUSH Fale-nos sobre sua formação: RACHEL Eu tenho formação em dança e atuação em primeiro lugar, então, eu desfruto do fato de ser fácil para mim incorporar personagens e me expressar por meio deles. OUSH E suas coisas favoritas de sua vida de modelo em Nova Iorque? www.OUSHBrasil.com.br

Fotos Alen Barbosa Locação TheaterLab NY


70 Conexão U.S.A. Rachel Gosto da vida em New York porque essa é uma das poucas cidades que realmente se encaixam com a minha personalidade e energia. Não gosto do fato de que as pessoas por aqui são tão centradas em si mesmas, que a vida pode ser solitária. Especialmente porque seus amigos vivem e trabalham na mesma área que você e ainda assim, por incrível que pareça, pode ser solitário. OUSH Que conselhos você daria a outras modelos em começo de carreira? Rachel Não confie em nada, mas no seu próprio instinto. Aprenda a desenvolver seus instintos. Confie nas pessoas que possuem uma reconhecida conduta de trabalho ou que ao menos já estiveram na sua posição. Pessoas que estão no lugar onde você gostaria de chegar podem ser de grande inspiração. Seja a pessoa que você quer se tornar. OUSH O que é um dia perfeito em Nova Iorque? Rachel Acordar e ser fotografada por um fotógrafo sexy, homem ou mulher, que depois da sessão lhe fará beber suco antes de seguir para a aula de dança. Em seguida… criar. O que quer que venha a mente, por horas. De preferência em espaços abertos. A noite chega e você dança e canta em um karaokê em Korea Way, com tequila e bons amigos. Comer um doce antes de dormir. Gosto dos parques e recreação, perfeição em qualquer parte da cidade. OUSH Responda com uma palavra: 1 - Eu amo: Rachel: Seres humanos. 2 - Detesto: Rachel: Humanidade. 3 - Meu próximo projeto: Rachel: Segredo. 4: Você pode me achar: Rachel: @gingie_snaps ou em Manhattan. 5: Desejo: Rachel: liberdade criativa forever! Uma revista com a cara do Nordeste


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72 Avant-première

Propaganda!

O marketing e sua principal arma na guerra do consumismo Por Philipe Piacery

Fotos Divulgação

Quando alguém se diz “bom de bola”, este está fazendo marketing pessoal ou propaganda de si? Assim como em outras questões, o conceito das duas palavras se mistura na visão das pessoas e para a maioria dos consumidores acabam por representar a mesma coisa. Outro fato curioso é o quanto as duas palavras são associadas ao que é enganoso, já notou como as pessoas costumam se referir a alguém que se gaba de algo de maneira exagerada como “é puro marketing”? A verdade é que, embora estreitamente ligadas, marketing e propaganda são coisas distintas que possuem um propósito em comum, uma idealizando e outra executando ações. De forma bem objetiva o marketing é quem planeja uma relação entre empresas e seus

produtos e as pessoas. Ele é o responsável por estudar as causas e os mecanismos que ocasionam essa relação de troca, direcionando ações para que o resultado seja sempre o mais satisfatório para ambas as partes. Segundo o gênio da estratégia e professor americano, Philip Kotler, o marketing é também um processo social, no qual indivíduos ou grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com os outros. Já a propaganda, e não publicidade (semelhança para outra discussão), é uma forma de se comunicar que tem como principal objetivo incentivar pessoas a uma determinada ação, na quase totalidade dos casos, a compra. Ela não é uma notícia imparcial, busca, única e exclusivamente,

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construir uma imagem e opinião diante de um público consumidor, sendo a repetição uma grande aliada nessa composição. Quantas vezes você já não se deparou com uma música ou comercial de TV que não sai da cabeça? Isso é um dos efeitos da propaganda. O ministro da propaganda nazista de Hitler seguia a risca este formato e certa vez cravou a frase dita até hoje de que “uma mentira repetida mil vezes tornase verdade”.

Este princípio serve de álibi, inclusive, para a interpretação popular de que o marketing, a publicidade ou a propaganda, agem com o único interesse de tornar necessário algo inteiramente supérfluo, ou ainda, vender a preço de ouro o que de fato é apenas banhado com o metal precioso. Visões que ganham até suas versões engraçadas, como o famoso “raio gourmetizador”, um meme que transforma pratos simples e clássicos em obras primas assinadas por renomados chefs. No marketing é assim, sai a Kombi do tiozinho da esquina e surge o Food Truck mais bacana da cidade. O problema é que ainda hoje muita gente incorpora o ministro alemão que idolatrava cegamente seu Reich, ocasionando ainda mais trabalho para o marketing, que no caso de gerenciamento de crise entra em campo novamente para traçar mais uma estratégia, desta vez para pôr as coisas em seus devidos lugares, estabelecendo a paz entre empresa e consumidores.

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Lembrando que com a expansão da comunicação e o surgimento da internet tudo se tornou mais imediato. Hoje o marketing caminha para um trabalho de inteligência de negócios, atuando de acordo com o que entende do comportamento dos clientes, concorrentes e parceiros. E nessas horas de conflito, nada de apagar o fogo com brindes ou descontos. O trabalho é mais amplo e se baseia no estabelecimento de um mapa que integre equipe e funções, conecte vendas, dê suporte ao consumidor, insira qualidade ao produto e agregue cada vez mais valor a marca. Trocando em miúdos, o marketing cria as estratégias para oferecer os desejos do cliente, realizando pesquisas de mercado, estudos sobre o público alvo e a divulgação dos produtos e serviços da empresa. A divulgação é o trabalho da propaganda, sendo uma das ferramentas do marketing, buscando, antes de tudo, convencer o consumidor de que o produto o beneficia. Quando alguém se diz “bom de bola”, o marketing pensa e a propaganda fala.


74 Viva seu estilo!

CilOliveira

O direito de ser

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Os sonhos e conquistas mudam e a luta se renova

Coco Chanel com o bailarino e coreógrafo ucraniano, Serge Lifar, em 1937.

A opressão, a falta do direito de ter uma opinião própria, a necessidade de liberdade para exercer tarefas antes proibidas e até de escolher uma profissão, vem desencadeando uma “batalha” moral, ética e social acerca do papel da mulher na família, no ambiente de trabalho e na sociedade de modo geral. A discussão já dura décadas e, sim, trouxe muitos benefícios e conquistas. Mas, nem tudo são flores! A vida cada vez mais corrida, o acúmulo de tarefas e o stress vêm fazendo cada vez mais parte do cotidiano das mulheres e, em algumas situações, vem ocupando o espaço de características que são nossas e não podemos permitir que se percam, como a sensibilidade, o romantismo e a delicadeza, que são tão femininos quanto a sutileza de uma rosa desabrochando ou o sublime olhar carinhoso de uma mãe! Como nesta coluna falamos de moda e estilo de vida, não teríamos como fugir desta temática acerca das mudanças no comportamento e atitudes femininos. Já se foi o tempo em que merecíamos destaque apenas no 8 de março e hoje a presença feminina é atemporal, se mostra onipresente. A História é marcada por fatos que não nos deixam esquecer das lutas enfrentadas pelas mulheres para conquistar seu “espaço”. A própria moda acompanhou estas alterações e foi responsável por muitas mudanças! Gabrielle Coco Chanel foi um dos ícones destas “conquistas e vitórias”. Casada com um empresário bem sucedido e culto, Chanel era uma mulher de personalidade forte, vestiase de forma diferente de todos e tinha como inspiração o guarda-roupa masculino. Em Uma revista com a cara do Nordeste


“luta”! A batalha que enfrentamos agora é outra, que pode parecer de certa forma retrógrada para os menos informados, mas que reflete um novo desejo: queremos o direito de ser MULHER! Sim, trabalhamos, ganhamos dinheiro, temos carteira de motorista e um carro na garagem, símbolos de nossa independência financeira e status profissional. Entretanto, sentimos falta do cavalheirismo de um homem educado que nos abra a porta para entrarmos ou que no restaurante puxe a cadeira para sentarmos (mesmo que no final a conta seja dividida!). E por falar nisso, por que não esperar que o homem pague toda a conta do jantar? Será que virou uma ofensa o que antes era gentileza? Será que precisamos provar o tempo todo que somos autossuficientes, que podemos tudo e que vamos dominar o mundo? Vamos lutar agora pelo direito de usar saia, de colocar laços nos cabelos, de chorar, de ter TPM, de querer trocar de bolsa todo dia e também de ter mais sapatos do que cabem no armário. Eu não quero ter que matar barata, também não gosto de levar o carro na oficina, nem tampouco de carregar sacolas pesadas. Posso e faço isso tudo quando é preciso, só não quero ser obrigada a fazer só para provar que sou poderosa! Ah, e o texto está escrito em primeira pessoa. Sabe por quê? Porque sou mulher, e mulher é assim, quebra e reinventa as regras sem perguntar se pode ou não pode!

Desfile Chanel na semana de moda de Paris Coleção primavera-verão 2015 levou à passarela top models simulando uma manifestação que pedia “faça moda, não faça guerra”, numa alusão aos últimos acontecimentos dos conflitos civis que envolvem parte da Europa.

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plena década de 20 ela encurtou os vestidos, retirou os espartilhos das mulheres e propôs um novo corte de cabelo (tido até hoje como chique e elegante), enfim, revolucionou a moda! Suas primeiras clientes foram as mulheres trabalhadoras e posteriormente a sociedade toda a seguia (e fazemos isso até hoje com suas peças clássicas reinventadas e recriadas pelas mãos de Karl Lagerfeld). Mas apesar de revolucionária, Coco Chanel nunca abriu mão da feminilidade! Ela não queria transformar mulheres em homens, ela simplesmente mostrou ao mundo que sim, nós podemos adotar hábitos e costumes que antes já foram exclusivos deles, porém, sem perder a graça e personalidade feminina. Ela nos mostrou que podemos sim usar calças e ternos, mas nunca dispensou os colares de pérola! E se olharmos com um pouco mais de atenção ao cenário cotidiano, percebemos que a mulher já alcançou patamares antes impensáveis. Somos empresárias, médicas, delegadas, juízas, jogadoras de futebol e até presidentas de países de grande influência econômica mundial como aqui mesmo no nosso país. E apesar de ainda termos algumas situações de desigualdade e discriminação, não há mais dúvidas da capacidade e importância da mulher, o que muda os parâmetros da nossa


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78 Capa

Alagoas a fundo! O Paraíso das Águas e seu potencial para o mergulho

Por Antonio Maria do Vale

Em Alagoas basta a maré secar para um novo mundo de belezas naturais surgir. Em Maceió ou em muitas cidades do litoral os recifes de corais se expõem e com eles uma rica vida marinha se apresenta, em poucas horas novamente se encobrindo no sobe e desce do nível do mar. Na capital alagoana já virou até tradição, nas super marés baixas, quando o nível atinge o 0.0 ou o tão esperado -0.1, a caminhada até o farol da Ponta Verde se tornou um programa imperdível, um percurso cheio de surpresas renovadas já que a cada maré os peixes, algas e crustáceos se movimentam, tornando a região permanentemente mutável.

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O que poucos sabem é que o passeio pode ser mais profundo, observando toda a riqueza submersa em seu habitat mais intocado, onde a fragilidade exposta na maré baixa dá lugar a imponência pelo ambiente mais hostil ao homem. Para qualquer um, mergulhar no litoral alagoano é uma experiência notável. Embora não tão extensa quanto a Grande Barreira de Corais australiana, a costa alagoana possui um ecossistema igualmente rico com peixes multicoloridos e corais endêmicos e delicados, isso sem falar nos naufrágios que, além do berço marinho em que se transformam, também são cercados de muitas histórias.

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80 Capa

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E por falar em história, a do mergulho em Maceió começa em parte do outro lado do Atlântico, quando o pequeno Luis Miguel Filipe, aos 7 anos, deixou Santarém, em Portugal, vindo com os pais para Fortaleza, no Ceará. Por aqui ficou até os 12 anos, quando retornou a sua terra natal, iniciando sua relação com o mergulho fazendo caça submarina, atividade aprimorada ao entrar na marinha, onde se tornou mergulhador de combate. Daí em diante o aperfeiçoamento não parou, o que o trouxe novamente ao Brasil em 2005. Já atuando de maneira comercial, com qualificação para trabalhos submersos em piers, pontes e navios; voltou para Fortaleza com uma proposta para gerenciar um projeto no Porto. O convite não vingou e Miguel a partir dali iniciou carreira no mergulho recreativo, primeiro num projeto com crianças de Fortaleza, depois como instrutor em escolas de mergulho em Curitiba/PR e Porto de Galinhas/PE, aportando em terras alagoanas em 2010, numa espécie de franquia, na Praia do Francês, com um sócio pernambucano. O que mais tarde, depois de muito trabalho, algumas divergências e busca por um lugar ideal; se configurou na escola de mergulho Let´s Dive.

Paralelo a tudo isso, tínhamos a fluminense Fernanda Maria Paiva, natural de Resende/RJ, mas com grandes raízes alagoanas. Nasceu por lá porque o pai ingressou na Academia Militar das Agulhas Negras, entretanto as viagens de férias para visitar bisavós e avós em Maceió foram constantes até seus 15 anos. Formou-se em administração pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF/MG, e no grupo Votorantin escalou o organograma da empresa, indo de estagiária a coordenadora de logística da fábrica de Jacareí/SP. Muito dedicada, Fernanda trabalhava afinco, mas as férias eram sagradas, sempre planejadas com o mesmo trato com que cuidava das responsabilidades profissionais. Preferindo mais um estilo mochilão, visitou os mais diversos lugares ao redor do mundo, Estados Unidos, América do Sul e Europa fazem parte da lista que voltou a ter Maceió no roteiro por um motivo contrário a tudo que ocorreu nos anos anteriores. Desta vez, nada de esquematização e tudo no papel como de costume. Sem muito planejamento, convidou os pais e decidiu reviver a jornada da fase infanto-juvenil, vindo a Maceió

Fernanda Ela largou uma carreira estável ao encontrar o amor de sua vida e o trabalho dos sonhos.

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de carro para rever os velhos, e até novos, familiares em razão do intervalo de tempo sem vir a capital alagoana. Seriam vinte e poucos dias por aqui e Fernanda não sabia exatamente o que fazer após matar a saudade dos parentes. Logo na primeira semana, pesquisando na internet o que havia de interessante na cidade, deparou-se com um curso de mergulho e, como sempre gostou de experimentar coisas novas, decidiu se matricular. E é em casos como o de Miguel e Fernanda que a discussão entre destino e coincidência reaparece. O encontro teria sido obra do acaso ou algo arquitetado por força divina? Já na primeira aula teórica as afinidades apareceram. A conversa fluía e muitos assuntos e interesses em comum surgiram, ambos apaixonados por viagens, fotografia, esportes e natureza. Não demorou muito e já na aula prática na piscina o namoro começou, rapidez que se manteve a partir de então. No final de julho Fernanda retornou para São Paulo com a certeza de voltar a Maceió no feriado da Independência, a ideia inicial era adaptar-se ao calendário, mas o sistema de idas e vindas logo teve um fim. Após o 7 de setembro, pra surpresa de todos, Fernanda voltou a rotina de trabalho já sabendo que ela estava com os dias

contados, pediu demissão e em 26 de setembro de 2011 encerrava sua estável carreira para vir a Alagoas em definitivo, começando do zero uma nova jornada. Miguel viajou até São Paulo para acompanhar Fernanda no retorno que faria de carro, que ficou abarrotado diga-se de passagem, não havia espaço para mais nada, se não, para o ar a ser respirado. E mais uma vez a fluminense se via na estrada com destino a terrinha que sempre esteve tão presente em sua vida. Ao chegar por aqui a dúvida em relação a continuidade profissional até existiu, mas bastou alguns currículos aqui e ali para chegar a conclusão de que as oportunidades na área de logística seriam bem reduzidas. Sendo assim, decidiu, literalmente, mergulhar de cabeça no mundo da aventura submersa, realizando cursos e, a exemplo de Miguel, tornando-se instrutora da Let´s Dive. Hoje o casal continua a frente da escola de mergulho que segue todo o padrão estabelecido pela Professional Association of Diving Instructors – PADI, a maior e mais respeitada organização de formação de mergulhadores do mundo. Este sistema garante que os profissionais no mundo inteiro ensinem de uma maneira coerente e padronizada, sem deixar de lado a adaptação necessária as singularidades e aos

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Miguel Depois de anos pelo mundo, ele encontrou a profissão, o lugar e a pessoa certa.

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82 Capa requisitos do ambiente de mergulho local. Por este motivo, o curso oferecido aqui em Maceió é praticamente o mesmo que o realizado, por exemplo, na Indonésia. Cada um devidamente adpatado à cultura, costumes , aos protocolos e ao idioma local. Após a realização do curso você poderá mergulhar em qualquer lugar ao redor do mundo e muito dificilmente não encontrará instrutores certificados pela PADI para orientá-lo nestes locais. Sua jornada subaquática começa no curso de principiante e se expandem à medida que explora novos locais, equipamentos e formatos de mergulho, como o noturno ou em naufrágios. São mais de 25 cursos de especialidade que permitem avançar por diversas certificações, caminhos como a da categoria de mergulhador de resgate até Divemaster, onde você colocará suas habilidades ajudando outros mergulhadores; ou o que te levará ao nível Master Scuba Diver, a categoria máxima de mergulhador autônomo recreativo não-profissional. Por diversão ou como trabalho, as vertentes são diversas e permanentemente é possível evoluir sua qualificação. E diferente do que você possa estar imaginando, fazer o curso e começar a praticar o mergulho autônomo é muito simples, e mais, tudo muito rápido. Em apenas quatro dias você já estará habilitado no nível básico e apto a realizar mergulhos acompanhados até uma profundidade de 18 metros. Tudo começa com, acreditem, uma aula prática, a teoria fica em segundo plano e neste caso como a próxima etapa do curso. Após 4 horas de instrução na piscina, a segunda fase é composta de duas horas de aula teórica, seguida do teste no mar, quando o nervosismo inicial dá lugar ao deslumbramento pela descoberta da, até então, desconhecida riqueza marinha do nosso litoral. São dois dias de mergulho com duração de quatro horas cada, totalizando uma média de 14 horas de curso, que não é realizado obrigatoriamente em dias consecutivos, podendo ter cada etapa agendada em dias alternados, inclusive só aos sábados. Na baixa temporada cerca de 10 novos mergulhadores são formados pela Let´s Dive, número que sobe para 30 na alta estação, de dezembro a março, quando as condições climáticas transformam o mar de Maceió num dos melhores picos de mergulho do Brasil.

Em 4 passos

A aula inaugural já começa debaixo d`água, quando as primeiras lições são repassadas em 4 horas na piscina

Em sala de aula, a segunda etapa é teórica e tem duas horas de instruções para o mergulho no mar.

PRIMEIRA ETAPA

Por fim, o batismo realizado sempre em águas tranquilas, de pouca profundidade e com passeio guiado.

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Depois do curso, hora de se aventurar em profundidades maiores, sempre respeitando o nível de certificação. No caso do curso básico, 18 metros.

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84 Capa

A caráter Com apenas máscara, snorkel e nadadeiras, já é possível realizar mergulho recreativo ou de caça com a técnica da apneia. Entretanto, quanto mais profundo e duradouro passeio, outros equipamentos se tornam obrigatórios para que a prática permaneça segura e confortável. Não é necessário adquirir todas as peças, na maioria dos casos, optando por profissionais qualificados, tudo é disponibilizado de acordo com o local que será visitado.

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Possuímos grandes diferenciais em relação a outras regiões do país, a qualidade da água proporciona no verão uma visibilidade de até 40 metros de profundidade com uma peculiaridade que surpreende os mergulhadores mais experientes, a temperatura da água, que quase sempre se apresenta elevada. Outra característica marcante é a da proximidade dos locais de mergulho com a área urbana, onde, nas praias de Pajuçara e Ponta Verde, é possível navegar meros 800 metros até o salto da embarcação nos vários pontos de mergulho entre os recifes de corais da região. Pena que os maceioenses ainda não descobriram tudo isso. Hoje 50% dos alunos da escola, número que já foi bem menor, são de outros estados e muitos dos conterrâneos que se matriculam fazem isso por experiências que tiveram em outros lugares. Apesar do potencial a ser explorado, o poder

público aparentemente não observa ou entende a atividade como um atrativo a ser promovido. Estamos num seleto grupo encabeçado por lugares como a ilha de Fernando de Noronha, em Pernambuco, considerada um dos melhores lugares para mergulhar no mundo; e do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, na Bahia, arquipélago que, a 75km da costa, abriga dezenas de tipos de peixes e diversas espécies de corais; e Bonito, no Mato Grosso do Sul, onde o mergulho é surreal, no entanto, exigindo um grau de certificação mais avançado para quem pretende se aventurar no famoso abismo de Anhumas. Note-se e ratifique-se que apresentamos características semelhantes a estes lugares com a particularidade de estarmos em um centro urbano. Fato que em outras cidades do mundo seria maximizada, diferente do que ocorre por aqui, onde a oportunidade é ignorada, sendo levada adiante apenas pelo esforço e dedicação privada.

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A riqueza de espécies marinhas é outra forte característica do mergulho no litoral alagoano.

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86 Capa companhia de passeio arraias e tartarugas que se apresentam como anfitriãs da casa. uma experiência viciante que também traz benefícios a saúde. Quem mergulha, respira melhor e realiza o processo de maneira mais correta, com uma respiração mais longa, oxigenando mais o corpo, inclusive com um oxigênio de maior qualidade, já que os cilindros utilizam ar totalmente descontaminado. E mais, além das belezas naturais, nos enquadramos ainda na categoria de mergulho em naufrágios, tendo quatro deles catalogados ao longo da costa alagoana, três deles em Maceió. A identificação de um naufrágio pode levar anos ou até mesmo não ser descoberta pela falta de evidências ou registros oficiais. Na costa brasileira, são inúmeros os casos de embarcações, principalmente de pequeno porte, que não possuem esclarecidos os

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Apenas alguns quilômetros de navegação e alcança-se pontos de expedição com pouca profundidade e água transparente para a perfeita visualização das mais variadas espécies: esponjas marinhas podem ser encontradas nos recifes de coral; belas e dóceis, as lesmas do mar são figurinhas carimbadas na região; Presentes não só nos mangues, variedades de caranguejos passeiam livremente no fundo do mar; e a lista segue com peixes como a enguia, a moreia, o peixe-pedra, o solha e outra infinidade de exemplares coloridos. E engana-se quem acredita que o maior inimigo do mergulhador é o tubarão, os números mostram que o ouriço é o animal mais perigoso para os praticantes, já que espetadas são infinitamente mais comuns que qualquer ataque de tubarão, muito raros. Nos mergulhos sem qualquer ligação com o mundo em que vivemos, onde o silêncio impera e a velocidade é reduzida, não há como não se desligar da rotina tendo como

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88 Capa 65% que buscam sol e praia. Engraçado que os números nos mostram um caminho a seguir, estaríamos então agregando à maioria que por aqui chega em razão de nossas praias paradisíacas, àqueles que querem ir bem mais fundo, mergulhando em nosso litoral. Viajantes que, segundo dados da Adventure Roundup Research e Adventures Travel Trade Association, possuem em média 34 anos e costumam passar uma semana nos destinos escolhidos. Ainda em consolidação, o mergulho em Alagoas, se bem aproveitado, tem tudo para se tornar uma das principais referências turísticas do estado. Mais que uma atração puramente esportiva, além de maximizar o portfólio turístico e a economia local, é também um agente de conscientização ambiental gratuito. Ele envolve as pessoas com um sentimento sustentável, sendo uma atividade limpa, que não gera degradação no ambiente e respeita os limites da relação entre homem e natureza.

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motivos que as levaram até o fundo do mar. A maneira mais utilizada para que as razões sejam conhecidas é o cruzamento de informações entre os registros dos proprietários e os anais hidrográficos da Marinha do Brasil. Unindo as características documentais e encontrando semelhanças técnicas referentes à descrição do naufrágio e da embarcação, tanto por Marinha quanto pela empresa proprietária, crava-se então o histórico definitivo do acidente. Os números relacionados ao mergulho também confirmam o quanto temos potencial e como ainda não o utilizamos em nosso card turístico. Segundo a Organização Mundial do Turismo, a atividade cresce em níveis superiores às outras segmentações turísticas, sendo um dos atrativos mais procurados por turistas que viajam pelo Brasil em busca de aventura. De acordo com o Ministério do Turismo, baseado no último Estudo da Demanda Turística Internacional, a aventura é o segundo principal motivo de viagens feitas a lazer por estrangeiros no país, com mais de 20% da preferência dos visitantes, contra os cerca de

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90 Capa Principais naufrágios Sequipe

Dragão

Construída em 1927, trata-se de uma draga que servia de apoio para embarque de sacaria em navios do Loyde Brasileiro. Durante transferência para o Ceará, em 1935, enquanto era rebocada pelo navio Curitiba, a draga Navelloyde 4, como era chamada, afundou no litoral alagoano. A 6 milhas da costa de Maceió e a uma profundidade média de 30 metros, mantém quase que todas as características ao longo de seus 20 metros intactas.

Assim como muitos outros naufrágios, o caso da draga André Rebouças ainda encontra-se em pesquisa de detalhes. O que se sabe é que o acidente ocorreu em 1927, a 9,5 milhas do rio São Miguel. A 32 metros de profundidade, esta embarcação de proporções maiores, com 55 metros de comprimento, encontra-se de cabeça para baixo, com caldeiras, roldanas e casa de máquinas facilmente exploradas.

De propriedade da Companhia Nacional de Construções Civis e Hidráulicas, a Draga Nº 9, fabricada em 1933, seguia a reboque do navio Ceres, saindo de Vitória/ES com destino a Recife/PE. No dia 13 de julho de 1961, enquanto passava pela costa alagoana, o mestre da draga comunicou ao rebocador o aparecimento de água no porão. No amanhecer do dia seguinte, a embarcação afundou, sendo seus tripulantes todos resgatados. A 7 milhas da praia da Pajuçara e a uma profundidade média de 32 metros, a draga encontra-se emborcada delado, sendo possível adentar em seu casco, cheio de entradas de luz que auxiliam o passeio entre os destroços.

Esse é o mais interessante dos naufrágios na costa alagoana. Fabricado em 1927, na França, o navio navegava tranquilamente em 26 de setembro de 1943, em plena Segunda Guerra Mundial, quando na costa da Lagoa Azeda foi repentinamente bombardeado por dois torpedos lançados por um submarino Alemão. O navio transportava garrafas de cerveja e milhões de estilhaços de vidro foram lançados com a explosão que levou a embarcação a naufragar. Os tripulantes nadaram até as praias de Jequiá, onde foram acolhidos pelos moradores da região. No dia seguinte, aviões americanos bombardearam o submarino que já tinha feito outras vítimas além do Itapajé. Com 120 metros de comprimento, a 20 e poucos metros de profundidade e distante 8 milhas da costa da Barra de São Miguel, é a babel do mergulho em nosso estado.

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Draguinha

Itapajé

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94 Sentindo na pele

LilianMrotzeck

Make todos os dias... Seguindo as dicas de Jr. Gavazzi, reeditamos esse passo a passo onde você aprende uma maquiagem profissional. Fácil até mesmo em casa.

Limpe a pele com Creme de limpeza 3 em 1, hidrate em seguida e aplique o Primer Facial Fixador de Maquiagem. 01- Base - Aplicar a base com pincel apropriado levando sempre para as extremidades até o pescoço. 02- Corretivo - Com pincel apropriado aplique suavemente dando algumas batidinhas espalhando abaixo e no canto dos olhos e também por toda pálpebra. 03- Olhos - Sobre a pálpebra aplique uma pequena camada de Eye Primer Fixador de Sombras, logo após a Sombra Crystaline somente no canto dos olhos subindo um pouco até a metade do olho e também abaixo das sobrancelhas (iluminando a àrea dos olhos). 04- Com um pincel esfume com pouco de Sombra Coal (preta) o canto superior dos olhos, finalize com a Sombra Blue Metal (azul), e com a Sombra Cinnabar

esfume acima dos cílios para dar profundidade ao olhar, siga com o pincel no meio da pálpebra. 05- Marque os olhos na parte inferior com o Lápis retrátil Preto em todo olho e no canto superior delineando bem. 06- Abuse da Máscara de Cílios da raiz até as pontas girando com o aplicador, para aumentar o volume. 07- Pó Facial - Aplique suavemente na zona “T” do rosto apenas, sem carregar, pois a Base deixa a pele com acabamento matte. 08- Delineador - Use-o depois da máscara bem rente aos cílios com um traço bem fino sem puxar o “gatinho”. 09- Blush - Nas maçãs do rosto com movimentos circulares e vai subindo até a altura das orelhas. 10 - Lábios - Delinear os lábios com um pincel ou Lápis de contorno de lábios, preencher com batom. Finalize com Brilho Labial. Produtos Indicados: Creme de Limpeza 3 em 1 Timewise Mary Kay, Hidratante Redutor de Linhas Timewise, Primer Facial Fixador de Maquiagem Mary Kay, Base Líquida time Wise acabamento Matte, Corretivo Mary Kay Yellow, Eye Primer Fixador de Sombras, Sombras Mineral Mary Kay nas cores: Crystalline, Cinnabar, Blue Metal e Coal, Lápis Retrátil para olhos, Máscara de Cílios Ultimate, Pó Facial Mineral Mary Kay na cor Beige 1, Delineador Líquido Mary Kay, Blush Mineral Mary Kay Shy Blush, Batom Cremoso Fuchsia e Brilho para Lábios Nourishine Sugarberry.

Super simples e rápida, você só precisa usar os produtos corretos. Gavazzi contou com o apoio da top modelo Camila Rocha, os cliques foram da saudosa e querida Amandinha Vasconcelos, que Deus a tenha.

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96 Som da casa

DING tones

A banda alagoana põe diversão e amizade sobre o palco

Na bateria, Felipe Gomes; na guitarra, Victor Caesar; no baixo, Alex Campos; e nos vocais, além de guitarra, Diogo Rezende. Eles formam a banda alagoana Ding e, seguindo a velha sina dos músicos conterrâneos, entraram na parada da música por paixão. Amor na verdade, já que sonham em fazer sucesso, embora a fama aqui não se configure em alguns milhões na conta bancária, mansões, carros de luxo e belas mulheres em festas a beira da piscina. Convivem na incógnita que é viver de música no nosso estado, mas, diferente do discurso pronto, preferem se divertir com o que fazem do que se apoiarem na lamentação. E pra saber de onde vem tanto ânimo e descontração, conversamos com esta trupe que faz um som bem peculiar, indo de grandes clássicos, numa amplitude que passa por ritmos regionais, surf music e rock; as letras autorais da banda.

A origem... “A banda Ding foi formada em meados de 2009 por Diogo e Bruno (ex-integrante) que por sua vez convidaram Alex campos para participar. Em 2013, uma breve pausa porque Diogo foi morar no Rio de Janeiro. Em 2014, Diogo voltou a morar em Maceió e na virada do ano, em uma festa de réveillon, a banda retomou suas atividades com todo vapor. O Nome sempre é a coisa mais difícil para alguém que quer fazer uma banda. Ding é uma onomatopeia que representa algo sonoro”. Sobre o som... “Tocamos todo tipo de música que podemos absorver algo e executar. Somos bem ecléticos e não temos preconceito musical, embora existam gêneros musicais que não consumimos. Não temos um gênero certo, fazemos músicas do jeito que queremos que elas sejam e às vezes elas já nascem prontas pedindo para ser um samba, um reggae ou um rock. Se fomos nos classificar

Fotos Yan Gama

Por Antonio Maria do Vale

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a um gênero falaríamos que é world music, influências musicais ao redor do mundo. Caminhamos pelo samba brasileiro, rock americano e o reggae jamaicano e adoramos também música caribenha, sempre bem humoradas, além de soul music, rap, funk. Bem, acho que já deu pra entender...” As próprias criações... “Não sabemos bem ao certo quantas músicas temos. Algumas deixamos de tocar e estamos compondo sempre. Todos na banda possuem o dom de compor, mas as músicas geralmente são feitas pelo vocalista Diogo, muitas delas prontas antes mesmo da banda surgir. Se pegarmos todas as canções dá pra fazer dois full álbuns com direito a bonus track. Quando íamos lançar o primeiro disco entramos no recesso de 2013, temos um disco prontinho. Com a volta lançamos as músicas virtualmente e já começamos a produzir novas músicas para um novo disco que pretendemos lançar ainda esse ano e um novo vídeo clip.” E por onde andam? “Não tem lugar certo basta nos contratar que iremos tocar, não importa onde. Não temos uma média de shows também, ainda estamos juntando material pra se jogar fora do estado, um passo de cada vez. Mas se você quer saber onde mais gostamos de tocar a resposta seria: em festas! Somos uma banda muito animada, transmitimos tudo o que somos no palco, gostamos de nos divertir e, consequentemente, quem está no nosso show se diverte também. E festas são propícias a isso!” Quem curte a Ding? “Definimos o nosso público como amigos, temos muitos deles que gostam de verdade da banda, não apenas por serem nossos amigos, mas por se identificarem com as letras e ritmo. E outras pessoas se transformaram em nossas amigas por também gostarem da banda, então é assim que definimos nosso público. Nossos shows sempre têm um “Q” de comédia, fazendo com que as pessoas interajam conosco de uma forma bem natural e divertida, assim, acabamos sempre nos tornando amigos.”

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Música em Alagoas... “Viver de música autoral em Alagoas, infelizmente, é quase uma utopia. Aqui se você quer viver de música tem que ralar pra caramba, tocar com outros artistas também e às vezes tocar o que não quer tocar. Mas ou é isso ou trabalhar em algo que ache chato. Mas vamos tentando nos encontrar, abrindo uma loja de discos, um estúdio ou outros campos relacionados à música. A musicalidade alagoana é muito boa em vários aspectos, mas, infelizmente, muitos músicos de ótima qualidade migram para outros lugares em busca de um melhor reconhecimento. Não faltam grandes exemplos. Os maiores exemplos.” A mensagem da Ding... “Na verdade não pensamos muito nisso. Focamos tudo nos shows, na vibração que eles devem ter. Todo mundo tem problemas, o mundo tem problemas, então cantamos a alegria e a diversão em nossas músicas. Acreditamos que passamos um pouco disso ao nosso público, esquecer um pouco dos problemas, da complexidade da vida, da batalha diária e dos conflitos internos de uma forma natural; nada é proposital, apenas acontece. Então essa deve ser a nossa mensagem. Viver cada situação, não desanimar com nada. A vida é muito boa para se preocupar com tudo. O mundo está muito errado. Nunca deixe para amanhã o que você pode deixar pra lá. Aproveite tudo!”


98 Direitos Humanos

Com agulha e linha Histórias de abusos em construções de barragens no Brasil Por Fernanda Canofre

Na época em que Pinochet mandava no Chile, histórias não podiam ser contadas. Um grupo de mulheres chilenas – mães e esposas de presos políticos – encontrou uma maneira de subverter a ordem. Usando retalhos contrabandeados de roupas velhas, às escondidas e à luz de velas, elas passaram a denunciar através da costura — como Violeta Parra, antes delas – o que acontecia no país. Anos depois, as telas costuradas pelas arpilleras se tornaram documento dos abusos, tortura e a vida do Chile sob ditadura e percorreram o mundo em exposições. Foi em uma dessas exposições — no Memorial da América Latina, em São Paulo, em 2011 — que o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Brasil descobriu a técnica da arpilleria. A exposição, criada para encorajar o bordado como ferramenta de empoderamento e resistência, serviu perfeitamente com o coletivo de mulheres do MAB. Como contaram ao Global Voices em uma entrevista por email, depois de conseguir apoio da União Europeia para documentar e denunciar violações de direitos humanos em áreas afetadas por construções de barragens, em 2014, o coletivo passou a realizar workshops pelo país ensinando arpilleria. No Brasil, como em muitos países, quanto maior o discurso de desenvolvimento que acompanha uma barragem, maior o efeito colateral trazido por ela. Uma pesquisa, realizada pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos, identificou 16 violações aos direitos humanos em áreas de barragens no Brasil. E, como afirma o MAB, “para as mulheres, as violações são ainda piores”: com a chegada de milhares de operários nas cidades pequenas onde estão os canteiros de obras das hidrelétricas, por exemplo, há um aumento dos casos de assédio sexual, tráfico de mulheres, prostituição e estupro.

Essas são algumas das histórias que um documentário produzido pelo movimento via crowdfunding irá contar. A produção pretende seguir as histórias de cinco mulheres das cinco regiões do Brasil e mostrar como suas vidas mudaram com a chegada das companhias de energia e seus projetos gigantes de construção. Ainda sem personagens definidas, como contam ao Global Voices, os produtores já sabem que os contos de barragens só mudam de endereço: “Temos escutado todo tipo de histórias. O leque das perdas é muito grande e vai desde o caso da Maria, que foi ameaçada pela empresa caso não aceitasse a carta de crédito; a Fernanda, que perdeu a fonte de renda porque trabalhava fazendo doces para festas; a Damiana, que não conseguiu mais deixar a sua filhinha ao cuidado da vizinha; a Jose, que, com 15 anos, engravidou de um operário, dando à luz a mais um “filho da barragem”, porque aquele operário voltou a casa com a sua família; a Lucenilda, que conseguiu escapar do “boate Xingú” (na barragem de Belo Monte), onde estava presa, em regime de cárcere privado e escravidão, sendo obrigada a se prostituir várias vezes ao dia.” Nos seus 30 anos de existência, o Movimento dos Atingidos por Barragens passou a traçar um padrão empregado por empresas de energia elétrica nas suas usinas de norte a sul. Indenizações e reassentamentos, por exemplo, são sempre emitidos em nome de homens, excluindo as mulheres. Os números de violência nessas regiões mostram uma imagem ainda mais macabra: São inúmeras as evidências de aumentos das ocorrências de assédio sexual, tráfico de mulheres e prostituição nas proximidades dos canteiros de obras das barragens. Porto Velho (RO), município que abriga a hidrelétrica de Santo Antônio e Jirau, registrou um aumento significativo nos índices de violência após Uma revista com a cara do Nordeste


o início das obras. Segundo pesquisa da Plataforma Dhecas, entre 2008 e 2010, o número de homicídios dolosos subiu 44%, e o índice de estupros cresceu 208% em três anos após a chegada dos empreendimentos. Bordando além E aí entra a arpilleria. Utilizando uma técnica com a qual mulheres de zonas afetadas por barragens já são familiarizadas – a costura e o bordado -, ela ajudou a criar um espaço seguro para que pudessem compartilhar suas experiências e opiniões, segundo o MAB: As mulheres são as que mais sofrem com a construção de barragens, mas também elas possuem uma força extraordinária para se unir, se empoderar coletivamente e ir para frente na defesa dos seus direitos e os direitos da sua família e comunidade.

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Em dois anos de trabalho do Coletivo Nacional de Mulheres do MAB com as arpilleras no Brasil, 100 oficinas foram realizadas em 10 estados com 900 mulheres. Como Neudicléia Oliveira, integrante do grupo, contou em uma entrevista ao jornal Brasil de Fato, se antes a costura costumava ser fonte de renda para muitas dessas mulheres, agora é uma arma política. Enquanto ainda há pouca vontade política de fazer algo pelas comunidades violadas pelos grandes projetos de energia no Brasil, para o MAB, as arpilleras podem ser o começo de uma revolução. Violeta Parra definia as arpilleras como “canções que se pintam”. Para as chilenas, foram uma forma de luto e de luta. Arpillera para nós é como um grito escancarado em forma de bordado. Arpillera é transgredir o significado histórico da costura, que apenas corroborava que o lugar da mulher era no ambiente doméstico, privado. Arpillera é a revolução costurada.


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102 Infogrรกfico

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Foto Divulgação

104 História das Alagoas

Bateu na trave!

O alagoano que quase ganhou o Prêmio Nobel de Literatura Por Antonio Maria do Vale

“And the Oscar Goes to...”. Esta é, com certeza, a mais célebre das frases que anuncia um vencedor de um prêmio. Aquele suspense com a imagem dos concorrentes e o envelope revelador que se abre com o resultado faz da cerimônia do Oscar a mais pomposa de todas as premiações já inventadas pelo homem. O modelo é repetido por um número sem fim de outros reconhecimentos nas mais diversas áreas e, considerando outros formatos e proporções, independente do que se faça, muito provavelmente haverá uma premiação para aqueles que mais se destacam no que fazem. Se no cinema temos o Oscar, no futebol temos a escolha do melhor jogador do mundo, na música temos o Grammy e, numa escala menor, até você já pode ter sido premiado caso trabalhe em uma empresa com um programa de colaborador destaque. Um dos mais renomados prêmios internacionais é o Nobel, que premia em seis categorias pessoas que se destacam nas áreas de medicina, química, física, literatura, economia e promoção da paz, de longe a categoria mais conhecida

e esperada por todos. E tudo começou na manhã de 13 de abril de 1888, quando o sueco Alfred Bernhard Nobel deparou-se com uma notícia um tanto curiosa ao ler um jornal. Intitulada “O rei da dinamite”, a matéria tratava de sua morte, descrevendo em seu obituário que “o mercador da morte, o homem que tinha construído uma fortuna explodindo coisas e pessoas, havia morrido”. Tudo não passava de um mal entendido causado por um deslize do repórter que confundiu o nome do milionário Alfred, com o de seu irmão, Ludvig, que de fato morrera no dia anterior. O fato deixou o químico de mente brilhante, inventor da dinamite, reflexivo em relação à vida. Para não ser lembrado como o homem que ajudou a destruir coisas, Alfred decidiu registrar em seu testamento a criação de um prêmio internacional em seu nome. Os vencedores de cada categoria, além de ganhar uma medalha de ouro e diploma com honras, dividiriam entre si os juros anuais da fortuna que o milionário construiu. Alfred morreu de ataque cardíaco em 10 de dezembro de 1896 e cinco anos mais tarde, em 1901, os prêmios começaram a ser Uma revista com a cara do Nordeste


entregues. O primeiro deles ofertou a cada ganhador cerca de 40 mil dólares, número que hoje beira um milhão de dólares. E sempre que um nome é anunciado, a crítica é quase que parte conjunta do prêmio, sendo ele muitas vezes consensual e outras alvo de polêmicas. Muitos especialistas acusam os responsáveis pelas escolhas de ignorarem grandes nomes e questionam a forma como os vencedores são definidos. A premiação de literatura é, de longe, a que possui a maior lista de esquecidos. Nomes como Franz Kafka, Fernando Pessoa, Henrik Ibsen, Marcel Proust e Liev Tolstói, seriam mais que merecedores da premiação, principalmente, se enquadrados no que o próprio Alfred escreveu como premissa para vencer na categoria. Para ele, o Nobel deveria ser entregue àquele que tivesse produzido no campo da leitura o mais magnífico trabalho em uma direção ideal. Isso na totalidade de sua obra, seus principais livros, forma de pensar, estilo de vida e filosofia, não se aplicando apenas a um único trabalho, um flash de inspiração, como acontece com muitos escritores. A Academia Sueca é a responsável pela escolha, que é anunciada no mês de outubro e definida por uma comissão formada por 18 membros, metade deles escritores. Fundada em 1786, pelo rei Gustavo III, a instituição tinha como objetivo inicial a difusão da língua sueca, dedicando-se hoje apenas a publicações e a premiação, considerada maior reconhecimento que um escritor pode receber. Instalada no prédio da bolsa de Estocolmo, capital da Suécia, a Academia possui uma gigantesca biblioteca e o Museu do Nobel, onde todos os vencedores possuem um espaço dedicado a sua vida e obra.

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Até hoje nenhum brasileiro, em qualquer uma das categorias, já conquistou o prêmio. Muitos já bateram na trave e um deles mais que isso, sendo impedido de receber o reconhecimento por um detalhe, que inclusive difere o Nobel de outras premiações. Relembrando a história de Alfred e seu obituário no jornal, o sueco deixara claro nas regras que o vencedor deveria estar vivo, nada desses modelos prontos que não se cansam de homenagear grandes mentes apenas após a morte. A academia até usa a questão póstuma para justificar alguns nomes fora da lista dos premiados. Segundo ela, alguns autores não tiveram seus trabalhos totalmente compreendidos ainda em vida, quando ainda eram meros desconhecidos, impossibilitados, dessa forma, de receber o Atestado de Genialidade e saírem da categoria dos simples mortais. De fato é assim, quando alguém recebe o Nobel, se transforma num semideus, não faltarão convites para cerimônias e sua opinião muito dificilmente será contestada. Há inclusive os que já reclamaram do assédio. O escritor português, José Saramago, afirmou ter passado meses sem conseguir escrever uma linha sequer após receber o Nobel de Literatura em 1998. Voltando ao brasileiro que não ganhou o prêmio, tudo começou quando em 1947 quando Artur Lundkvist, da Academia Nobel Sueca, recebeu um convite de uma companhia marítima para ir à Índia em navio que devia deter-se um dia no Rio de Janeiro. Artur era admirador de um grande escritor brasileiro, o alagoano Jorge de Lima, cujos poemas lera em espanhol, inglês e mesmo no pouco português que dominava. Tão logo o navio ancorou na Praça Mauá, saiu com o endereço de Jorge a mão, decidido a encontrar sua residência.


106 História das Alagoas Perguntando as pessoas na rua, soube que bastava entrar na Avenida Rio Branco, que lá no fim estaria a Cinelândia, onde o médico Jorge de Lima trabalhava. O sueco, ocupante da cadeira 18 da Academia sueca, de fato, encontrou o poeta, com quem almoçou e conversou durante todo o dia. Artur voltou ao navio com uma certeza, o Nobel de 1958 já tinha dono. Em sua volta a Suécia teria conversado com outros acadêmicos, todos eles concordando com a indicação de Artur. Mas como assim? 1958? Sim. Embora parecesse distante, os anos anteriores já possuíam nomes pré-definidos e a primeira premiação ainda em aberto se destinava àquela data. Infelizmente o alagoano não esperou por seu diploma de gênio e, em 1952, morreu antes mesmo de ser entendido por todos como um grande escritor. Aliás, a vida de Jorge de Lima e sua obra sempre estiveram ligadas à questões de anonimato e rebelia literária que poucos conseguem entender ou explicar. Caso curioso da literatura brasileira, Jorge de Lima tinha um talento original que não se satisfazia ou limitava-se aos limites da poesia e do romance, visto por ele como estreitos, avançando brilhantemente em áreas diversas, como pintura e escultura, onde realizou trabalhos extraordinários, embora distantes da genialidade com que dominava as palavras. Conterrâneo de Zumbi dos Palmares e Maria Mariá, Jorge de Lima nasceu em União dos Palmares em 23 de abril de 1893. Filho de um rico comerciante e senhor de engenho de antiga linhagem local, muda-se em 1902, com a mãe e os irmãos, para Maceió, onde realiza os estudos fundamentais. Transfere-se para Salvador em 1908 e ingressa na Faculdade de Medicina da Bahia. No terceiro ano do curso, vai morar no Rio de Janeiro, onde se forma em 1914, ano em que publica seu primeiro livro, XIV Alexandrinos.

Em 1915, volta para Maceió, onde passa a clinicar, atendendo em consultório próprio, ao mesmo tempo que se dedica à literatura. Envolve-se, também, com a política local, exercendo o cargo de deputado estadual entre 1919 e 1922. Nos seus vinte e poucos anos já convivia com grandes nomes da literatura como os alagoanos Graciliano Ramos e Aurélio Buarque de Holanda, além da cearense Raquel de Queiroz e do paraibano José Lins do Rêgo, todos frequentadores da capital alagoana na época e com quem Jorge, muito provavelmente, deve ter tido o prazer e aprendizado em boas conversas em sua casa, que ficava na Praça Sinimbu. Construída no início do século 20 e tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Estado de Alagoas em 2005, a residência hoje pertence a Academia Alagoana de Letras, que mantém um acervo literário e com peças que pertenceram ao escritor. Entre os documentos doados pela filha dele, Maria Thereza, há textos inéditos e correspondências com grandes escritores como Gabriela Mistral, Pablo Neruda, Franz Kafka, Sartre, Simone de Beauvoir; além de um busto de Jorge assinado pelo escultor e pintor Bruno Giorgi e uma escrivaninha por ele utilizada. Prodígio na arte de escrever, Jorge aos 13 anos já era autor de sonetos parnasianos impecáveis, com tudo que tinha direito, hemistíquios, enjambements, chaves de ouro ou qualquer outro termo linguístico de nome complicado, mas que para o poeta alagoano se inseriam nas frases sem o mínimo esforço. É desta época um de seus poemas mais conhecidos, O Acendedor de Lampiões, obra produzida no sobrado colonial da família em União dos Palmares

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Jorge por Portinari O artísta plástico Cândido Portinari retratou por duas vezes o escritor Jorge de Lima que, sobre suas raízes, disse numa ocasião em que foi entrevistado:

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Imagem Divulgação

Sem qualquer exagero, posso dizer que naquele instante, pela primeira vez, me senti tocado pela poesia. Todo o imenso panorama que descortinei então - o rio Mundaú, que segundo a lenda nascera das lágrimas de Jurema; de um lado a serra dos Macacos, do outro a planície do Jatobá; os campos verdes da terra-lavada, o Fundão, a Tobiba, os bangüês, a Great Western, as olarias e lá longe a igreja da minha padroeira e o sobrado em que eu nascera, tudo aquilo entrou pelos meus olhos deslumbrados de menino e nunca mais saiu de dentro de mim. Tanto assim que muitos anos depois, já homem feito, foram esses os temas que fui buscar para alguns de meus poemas da fase que poderia chamar de nordestina da minha poesia.


108 História das Alagoas (tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Estado de Alagoas em 1983 e hoje mantido pela Universidade Federal de Alagoas - UFAL), de onde o jovem poeta observava da varanda o pátio da igreja, a movimentação da cidade, a feira e a festa da padroeira Santa Maria Madalena. Muitos pontuam que a influência religiosa e lírica na poesia de Jorge de Lima deve-se à admiração àquela Santa. Da janela, Jorge também vislumbrava a Serra da Barriga, com quem manteve relação de temor, tantas eram as lendas e histórias assombrosas que lhe contavam na infância, que foi bem diferente da maioria das crianças de sua idade. Aos sete foi acometido durante uma caminhada por um ataque de asma alérgica, o que o limitou nas brincadeiras infantis, passando a conversar muito com familiares e a cada vez mais se aproximar dos livros.

Mudando-se, em 1930, para o Rio, montou seu consultório no prédio do Café Amarelinho, na Cinelândia, que também era ateliê e, principalmente, ponto de encontro de poetas, pintores e escritores. Entre um atendimento e outro, sempre interrompia as conversas paralelas para dar seu palpite, quase sempre tão peculiar quanto seu jeito de produzir textos. A personalidade forte do escritor alagoano talvez tenha sido um dos grandes empecilhos para que ainda em vida fosse abraçado pela crítica e, consequentemente, sua obra mais difundida entre os brasileiros. Entre 1937 e 1945 teve sua candidatura à Academia Brasileira de Letras recusada seis vezes. Atitude que, diferente da época, hoje é vista como uma imperdoável injustiça com o autor, cujo trabalho literário foi excepcional. Jorge é mais um dos vários casos de pessoas a frente de seu tempo, incompreendidos pela perspicácia atemporal. Foi, é e será sempre um grande poeta.

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Ainda sobre a Serra da Barriga, a visitou aos 8 anos, quando o medo deu lugar a admiração e base social para seus primeiros manuscritos. Mais maduro, satura-se dos sonetos e começa a produzir poesias modernistas, a grande maioria baseadas em recordações de infância e sobre o Nordeste, sua cultura, sua geografia, seu povo. Sobre Jorge de Lima, escreveu certa vez José Lins do Rêgo: “E os versos modernistas de fundo folclórico do lírico alagoano têm a maior repercussão não só no Brasil, mas também no exterior, onde críticos ilustres se ocupam deles.

Mesmo afastado de qualquer dos grupinhos que aqui, em São Paulo, em Belo Horizonte e em outros Estados realizavam o tão salutar movimento modernista, que culminou na famosa Semana de 1922, e agindo isoladamente por iniciativa própria, Jorge de Lima ia construindo, na pacatez provinciana de Maceió, obra da maior importância”.

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O multifacetário Jorge Poesia, romance, pinturas, fotocolagem... Obras do alagoano revelam o quanto possuía amplitude artística.

O Acendedor de Lampiões Lá vem o acendedor de lampiões de rua! Este mesmo que vem, infatigavelmente, Parodiar o Sol e associar-se à lua Quando a sobra da noite enegrece o poente. Um, dois, três lampiões, acende e continua Outros mais a acender imperturbavelmente, À medida que a noite, aos poucos, se acentua E a palidez da lua apenas se pressente. Triste ironia atroz que o senso humano irrita: Ele, que doira a noite e ilumina a cidade, Talvez não tenha luz na choupana em que habita. Tanta gente também nos outros insinua Crenças, religiões, amor, felicidade Como este acendedor de lampiões de rua! Trecho do sonete que Jorge de Lima compôs aos 13 anos, seu primeiro sucesso como poeta.

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110 Miragem

AndréPalmeira

Os encantos de um pôr do sol Banhada pelo Velho Chico, Piranhas/AL também tem sua beleza agressiva e surpreendente. Não se esquece de sua raiz sertaneja! Uma revista com a cara do Nordeste


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112 Memória

60 anos atrás... A queda de um cartão-postal ainda vivo na memória Por Antonio Maria do Vale

Como algo que não vivemos pode causar tanta nostalgia? Sim, poucos são os maceioenses que viram de pé o famoso coqueiro Gogó da Ema. Seu tombo, que este ano completa seis décadas, pode até ter detalhes e motivos desconhecidos pela maioria da população, entretanto, sua imagem e fama permanece viva na “memória” de muitos alagoanos. Durante muito tempo o coqueiro foi a marca inconfundível da capital alagoana. O nome com que foi batizado foi resultado de seu longo tronco que, em sua metade, sofria uma curvatura em forma de pescoço de ema. Uma curvatura improvável que desafiava a lei da gravidade, descendo e logo em seguida se alçando novamente às alturas. Não faltaram poemas e canções que o citassem, transportando sua peculiaridade por todo o Brasil e até o exterior. Jucá Santos, poeta alagoano, em 11 de novembro de 1959

escreveu sobre o Gogó da Ema dedicando o poema a Neilda Cavalcante, comparando-o com o personagem da literatura teatral, o deformado e triste Quasímodo. Todos queriam conhecer o tal coqueiro Gogó da Ema que reunia a seus pés as rodas mais boêmias da época. Era um lugar para a família, para os namorados, para escritores e poetas em busca de inspiração, para as conversas políticas... Todo fim de tarde o local era ponto de encontro entre os maceioenses. Mas o mar é soberano e depois de incontáveis ressacas o coqueiro perdeu a estabilidade, caindo na noite de 27 de julho de 1955. Foram inúmeras as tentativas para salvar-lhe, embora paredões de pedra e estruturas metálicas não tenham sido suficientes diante da soberania da natureza, que o levou ao chão, indo ao encontro do vai e vem das ondas, como é descrito o fato em certo poema.

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...Os coqueiros eretos, de folhagens verdoengas tangidas pela força do vento, choram lágrimas de coco pela morte do irmão “Quasímodo” O que hoje existe, é uma lembrança triste do coqueiro ausente. ...Gogó da Ema não tem túmulo na praia. Gogó da Ema tem um túmulo em cada coração de poeta, de pintor, de músico e amante. No vazio da praia a sua efígie está presente e suas folhas se embalam ao perpassar do vento da tristeza.

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