Revista OUSH Brasil - Capa Berço Musical - Ano V - Edição 16

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anoV número16 dez2014

Uma revista com a cara do Nordeste

Berço musical Terra natal do Proclamador da República, Marechal Deodoro/AL também tem um outro legado: é a capital da sonoridade alagoana, conheça os ícones que representam e enriquecem a cultura brasileira. Cápsula do Tempo

Ação coloca sonhos para o futuro em Maceió

Hermeto Pascoal

Bate papo com o Mago da Música Brasileira

Kite Surf

A prática ganha cada vez mais apaixonados

Maceió Rosa

Responsabilidade social no Outubro Rosa

Cultura Popular

Receitas caseiras à base de ervas e fé ainda sobrevivem

O paraíso é aqui

Conheça detalhes da Rota Ecológica dos Milagres Uma revista com a cara do Nordeste

Circulação Nacional

Nelson dos Santos, conhecido como Nelson da Rabeca

R$ 9,90 - Dez/14


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OUSH Brasil, ano V, uma nova identidade, um novo tempo, um novo momento. Boas Festas e Feliz 2015!

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Foto Gian Gadotti

@marciomrotzeck [marcio@oushbrasil.com.br]

Renovar

Com nova identidade visual, novo website, assim iniciamos o ano V da revista que tem a cara do Nordeste. Além disso, fortalecidos e ainda mais inspirados!

Nosso diferenciado Projeto Editorial, segue a risca um conceito básico na OUSH Brasil, desde sua primeira edição, que é, enaltecer os valores culturais, naturais, tradicionais de nossa terra, de nossa Alagoas, de nosso rico Nordeste.

Editorial

Você leitor deve ter notado, em nas últimas edições um substancial crescimento e enriquecimento em todas as editorias, isso se dá, ao empenho e dedicação de nossos colaboradores, profissionais altamente gabaritados, cada um em sua área, que vêem somando cada vez mais a esse projeto que nasceu para ser um verdadeiro referêncial no quesito qualidade e contéudo exclusivo.

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Nesta edição, você vai literalmente viajar no tempo, enriquecendo ainda mais seu conhecimento sobre diversos assuntos, principalmente culturais, nossa equipe desmitificou e apresenta mais um museu, na série Desvendando Museus, tem ainda como matéria de capa a rica história da musicalidade que nasce e cresce naturalmente em Marechal Deodoro/AL, com uma justa homenagem, ilustrando a capa dessa edição com o icône Nelson da Rabeca, além disso, tem #MinhaFotoNaOUSH, #KidsNaOUSH, Dicas, Gastronomia, Cinema & TV, Mundo SUP, Rota Ecológica de Milagres, SEB/COC como destaque, Responsabilidade Social, Memória, Meio Ambiente e muito mais pra você. Nossa equipe lhe deseja Boas Festas e um 2015 iluminado, com muito network, projetos e realizações. Divirta-se! Na versão impressa, digital no iPad, iPhone ou online em nosso website, conteúdo de verdade você tem aqui, na revista que todo mundo vê. E lê. OUSH! \o/ Marcio Mrotzeck de Araujo Publisher Uma revista com a cara do Nordeste


Eduardo Figueirêdo

Antonio Maria do Vale

O que me inspira é a possiblidade de fazer o novo, de novo.

A curiosidade é o principal ingrediente para uma boa matéria.

@edufigueiredo84

@antoniomariadovale

Lilian Mrotzeck

Cil Oliveira

@lilianmrotzeck

@ciloliveira

Se você diz que pode, então você pode. Simples assim.

Ter estilo é ser livre para ousar!

Viviane Suzuki

Maivan Fernández

@vizuki

@maivanfernandez

Para um final feliz, toda brincadeira tem hora.

Revelando emoções através do click em movimento. Greggory Wood

Juliana Almeida

Teacher e produtor californiano dividindo cultura com a gente.

Segredos e prazeres da cozinha guardados a sete chaves.

@gastronomiapetit

Fabiana Accioly

Alen Barbosa

@fabianaacciolynutriesportiva

As percepções e aventuras de uma alagoana nos States.

Gula só é pecado pra quem não faz a escolha certa. Laura Cavazzani @lauracavazzani

Porque felicidade é ir além de um corpinho bonito.

Laila Carneiro @carneirolaila

Para quem não se contenta com o prefácio das coisas.

“todo mundo vê e lê...”

#IssoéOUSHBrasil

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ico


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Fotos Divulgação / SXC.hu / OUSH! Brasil

Sumário

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Acompanhe, curta, siga!

"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina da vida se feche e a peça termina sem aplausos". Charlie Chaplin

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MINHA FOTO NA OUSH

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QUANDO FICAR EM CASA QUANDO SAIR DE CASA CLICK EM MOVIMENTO

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Foto Maivan Fernandez

ARQUITETURA & DESIGN

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CULTURA KIDS NA OUSH FOTOGRAFIA GULA SEM PECADO ENTREVISTA UPGRADE ATIVIDADE FÍSICA ARTES VISUAIS MENTE SÃ CORPO SÃO COISAS DE COZINHA

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CINEMA & TV DESVENDANDO MUSEUS

24 100

Fotos Divulgação / OUSH! Brasil

CAPA CONEXÃO U.S.A. TOP 10 TRADIÇÃO & QUALIDADE SENTINDO NA PELE

16 18 20 22 24 28 36 38 44 48 52 54 58 62 66 68 72 78 88 92 94 98

O paraíso é aqui ........................................... 100 Responsabilidade social .......................... 102 Água na boca .............................................. 106 Esportes ........................................................ 110 Mundo SUP ................................................. 114 Sinal de alerta! .............................................. 118 Viva seu estilo! .............................................. 120 Memóia ............................................................ 122 Cápsula do tempo ................................... 124 Meio ambiente ........................................... 128

mais...

PUBLISHER/Diretor Executivo Marcio Mrotzeck de Araujo | Diretor Administrativo & Financeiro Mário Lôbo | Conselho Editorial Gustavo Gama | Jornalista Responsável Renato Silvestre MTB 60968 | Fotografia OUSH! Brasil / Image Bank / SXC. hu / Greggory Wood / Alen Barbosa | Equipe OUSH Brasil Antonio Maria do Vale / Eduardo Figueirêdo | Colaboradores Maivan Fernández / Laura Cavazzani / Juliana Almeida / Fabiana Accioly / Viviane Suzuki / Greggory Wood / Laila Carneiro / Alen Barbosa / Lílian Mrotzeck / Cil Oliveira / Jr. Gavazzi | Revisão Antonio Maria do Vale | Asses. Jurídica Dra. Ana Cláudia Rocha Lôbo | Projeto Gráfico MW Comunicação & Design Ltda. | Diagramação Marcio Mrotzeck de Araujo / Antonio Maria do Vale | Publicidade [comercial@oushbrasil.com.br] e [oushbrasil@gmail.com] | Distribuição Assinantes, Condômínios Residenciais, Centros Empresariais e Bancas de revista | Periodicidade bimestral | Impressão Gráfica Moura Ramos Nota da redação A revista OUSH Brasil não se responsabiliza por opiniões em artigos assinados, todos os dados apresentados nas matérias são de responsabilidade de seus autores, os quais não mantém nenhum vínculo empregatício com a mesma e todos os anúncios foram veiculados mediante prévia autorização das empresas. Os preços de produtos e/ou serviços divulgados nessa edição foram fornecidos por seus fabricantes ou distribuidores e podem sofrer alterações sem prévio aviso. Fica vedada a utilização, sem prévia autorização de textos e/ou fotos em qualquer outro veículo de comunicação. A revista OUSH Brasil é uma publicação da OUSH Brasil Editora LTDA, sob CNPJ 19.571.125/0001-08, para maiores informações, entre em contato pelos Tel 82 3432.2100 www.OUSHBrasil .com.br ou 82 9620.4222, envie suas sugestões de pautas, críticas e/ou elogios. E-mail [redacao@oushbrasil.com.br] ou [oushbrasil@gmail.com] www.OUSHBrasil.com.br


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#MinhaFotoNaOUSH

Os clicks mais sensacionais de nossos leitores Quer participar? Registre grandes momentos e marque a foto com a #MinhaFotoNaOUSH

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Quando ficar em casa

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PA R A N AV E GA R htwins.net/scale2/lang.html No site Escala do universo, você pode conhecer cada célula, cada planeta, cada ser vivo que contribuiu para a evolução só afastando e aproximando a barra na tela. Um aplicativo único em que você pode passar horas e horas viajando e o mais importante, adquirindo conhecimento não só do planeta, como do universo. Você descobrirá como o Homem pode ser, ao mesmo tempo, gigantesco e minúsculo de acordo com a comparação que se faça. Ao clicar em qualquer um dos exemplos, informações sobre o item são apresentadas. A escala vai da espuma quântica que, segundo a teoria do espaçotempo, é afundação do tecido do universo, sendo impossível medi-la ou enxergá-la; até o universo, que é tudo o que conhecemos, que pode ser infinito, que pode ser multiversos e que nunca saberemos com certeza tudo sobre ele.

PARA LER Antes de dizer adeus O desafio do gelo (conhecido como Ice Bucket Challenge nos Estados Unidos) ficou mundialmente conhecido pela forma descontraída de ser realizado pelos famosos ao redor do mundo. A ação buscou chamar a atenção das pessoas para a doença ELA Esclerose Lateral Amiotrófica – e arrecadar doações para seu tratamento. Mas como será a rotina de uma pessoa que convive com ELA? A jornalista Susan Spencer-Wendel foi diagnosticada aos 43 anos e teve um rápido progresso da doença, afetando seus nervos e dando-lhe apenas um ano de vida pela frente. Frente essa situação, Susan largou o emprego e foi atrás de passar seus últimos momentos rodeada de pessoas que ama. Antes de dizer adeus nos mostra como tudo pode mudar de repente e os valores em cada pequeno momento.

PA R A J O GA R Tipitar O que fazer naquele intervalo entre o pedido e a chegada da pizza? Que tal tipitar? Tipitar é um jogo com um nome bastante incomum que poucas pessoas conhecem. O objetivo desse jogo é descobrir que verbo se esconde por trás do “tipitar”. Funciona assim: uma pessoa da roda escolhe um verbo e responde a perguntas dos outros jogadores colocando sempre o “tipitar” no lugar do verbo escolhido. Todos os demais jogadores devem tentar descobrir o verbo oculto. Por exemplo, o verbo escolhido é “dançar” e os jogadores perguntam: “Como você tipita?”. Quem esconde o verbo pode responder dizendo que “tipita com os pés” ou que “tipita ouvindo música”, ou ainda, que “tipita a dois”. Vence a rodada quem descobrir primeiro o verbo. O jogo é adaptável e pode-se eliminar um jogador (o que descobre o verbo) por rodada e definir um número máximo de perguntas. Definindo ainda uma prenda para quem vencer o duelo final.

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PA R A O UV I R Banda do Mar Marcelo Camelo, ex Los Hermanos, e Mallu Magalhães estão, musicalmente, juntos. O disco de estreia da parceria entre os cantores e o português Fred Pinto Ferreira foi lançado recentemente com 12 faixas inéditas, mesclando ritmos leves e dançantes, misturados com a poesia de Camelo. A banda é resultado do novo projeto do trio e foi produzido no último ano em Portugal. Uma das faixas do disco, Mais Você, já ganhou um videoclipe e tem tudo parar virar hit no novo MPB, que permite as mais variadas parcerias, como a realizada no clipe da música “Mais ninguém”, onde o trio se arrisca dançando o famoso “passinho do romano”.

PARA FAZ ER Penne com tomate cru

Ingredientes: 400 g tomate cereja, 4 dentes de alho, 2 filé de anchova em óleo, Pimenta calabresa em flocos a gosto, Sal refinado a gosto, Manjericão verde folha pequena a gosto, 50 ml de azeite extravirgem, 200 g mussarela de búfala bolinhas e 400 g penne rigate di grano duro

Modo de preparo: Cortar os tomates em 4, o alho em cubinhos e esmagar os filés de anchova. Misturá-los em uma tigela, temperar com a pimenta, sal, o manjericão e o azeite. Usando o fundo de um copo, esmagar tudo até formar um molho rústico e saboroso. Acrescentar as bolinhas de mussarela cortadas ao meio. Reservar. Cozinhar o penne em abundante água fervente salgada. Quando a massa estiver al dente, escorrer e misturar ao molho de tomates cru.

PA R A A S S I ST I R Trapaça Irving Rosenfeld (Christian Bale) é um grande trapaceiro, que trabalha junto da sócia e amante Sydney Prosser (Amy Adams). Os dois são forçados a colaborar com um agente do FBI (Bradley Cooper), infiltrando o perigoso e sedutor mundo da máfia. Ao mesmo tempo, o trio se envolve na política do país, através do candidato Carmine Polito (Jeremy Renner). Os planos parecem dar certo, até a esposa de Irving, Rosalyn (Jennifer Lawrence), aparecer e mudar as regras do jogo. O longa segue a estrutura de obras como Os Bons Companheiros e Cassino, onde ninguém é inocente. Conta com um elenco grandioso, uma trilha impactante com vários clássicos do rock, uma narração off bem particular e flashbacks de uma infância dura. Além disso, traz uma participação especial de Robert De Niro.

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Quando sair de casa

PA R A J OGA R Frescobol O frescobol é um esporte um tanto diferente, afinal, não há adversário e sim parceiros. Não há vencidos e sim vencedores. Não se joga a bola para o outro não alcançar, muito pelo contrário, tenta-se fazer o máximo para que o parceiro consiga rebater a bola. O objetivo do esporte é manter a bola no ar pelo maior tempo possível. Além do mais, tem tudo haver com praia e não custa caro. Contrariando o baixo custo, há o alto benefício da prática: por ser uma prática de intensidade moderada e de longa duração, ela aumenta a capacidade cardiorrespiratória, além de fortalecer a musculatura dos membros superiores e inferiores. Na próxima ida à praia, comprove o quanto uma simples bolinha e duas raquetes podem trazer diversão e saúde.

20 PA RA DANÇ A R Orákulo Chopperia Não deixa o samba morrer, não deixa o samba acabar! Esse é o clima que toma conta do Orákulo Chopperia Maceió aos sábados, no comando, principalmente, da incrível Wilma Araújo e outras atrações. O repertório são os clássicos do samba brasileiro, bem como os sambas de gafieira, que conquistam e animam o público, criando uma grande festa! A animação e a dança no pé não podem faltar, e ficar parado não vale! Para conferir a programação e os dias do evento, é só acessar os perfis do Orákulo nas redes sociais.

PA R A V I S I TAR Biblioteca Pública de Maceió Após quatro anos de reforma no prédio Palacete Barão de Jaraguá, a Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos foi reinaugurada trazendo um acervo de aproximadamente 70 mil volumes. Além da consulta ao acervo bibliografico, o público agora pode encontrar espaços multimídias, de leitura para crianças e jovens, acervo em braile, coleção de títulos alagoanos e literatura brasileira. O telecentro, conta com 21 computadores e é um dos destaques da nova biblioteca. Homenageando o grande autor alagoano, o Memorial Graciliano Ramos ocupa um dos 54 ambientes do palacete em um espaço com recursos multimídias que será abrigo de exposições artísticas que passem pelo local. Ao ir ao Centro da cidade, é uma visita imperdível!

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PA R A REL AXAR Crôa Bar Que o visual da Massagueira é incrível, todo alagoano sabe. Agora imagine juntar essa beleza local ao conforto, boa música, ótima comida e serviço. O resultado é o novo Crôa Bar. Localizado na beira da lagoa Mundaú, o local é todo planejado para oferecer conforto e bem-estar ao cliente, com redes e mesas de madeira. Com o cardápio assinado por Paulo Quintella, a variedade e a inovação dos pratos tradicionais são os pontos fortes dessa nova atração. Vale a pena conferir.

PARA SE EX ERC ITAR Passeio de caiaque Remar se tornou um hábito entre os maceioenses. Basta uma passadinha na orla e lá estão eles de pé sobre as pranchas de stand up paddle. Mas a nossa dica vai para uma remada de caiaque, sim, eles estão sempre a disposição do lado das pranchas ao longo da orla. E mais, o ideal é alugar os duplos, para remadas a dois. Se for principiante, vai ser super engraçado e divertido encontrar o sincronismo ideal para direcionar o caiaque pra direção que deseja. Alguns minutinhos e já se sentirá em casa. Mas cabe um alerta: procure locais onde haja instrutores, não se esqueça do salva-vidas e não se arrisque mar adentro. No mais, o passeio lhe renderá boas recordações, fotos sensacionais para fazer inveja e muitas calorias queimadas.

PA R A C O M E R Aoki Sushi Lounge Uma nova opção chegou a Maceió para os apaixonados da culinária japonesa. O Aoki Sushi Lounge, localizado na Jatiúca, traz um cardápio cheio de pratos deliciosos e diversificados, dando a opção do rodízio ou a La carte. Além disso, o ambiente lounge proporciona uma experiência extremamente agradável e aconchegante ao cliente. Entre as opções de bebidas, estão os espumantes e drinks diferenciados, trazendo ainda mais requinte ao restaurante.

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MaivanFernández

Click em movimento

Com lentes sempre a postos, o fotógrafo alagoano passeia por Maceió sempre com o dedo no gatilho. Aos apaixonados por esporte e natureza um aviso: “Cuidado, você pode ser o próximo alvo!”

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Foto Antonio Maria do Vale

Roupagem

Arquitetura & designer

Por Antonio Maria do Vale

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alagoana

As cadeiras clássicas nunca estiveram tão na moda e agora, com uma mãozinha de um designer alagoano, possuem um regionalismo que as deixam ainda mais atrativas.. Já há algum tempo que arquitetos estreitaram suas relações com o design de móveis. E não existe nada mais próximo do que a atuação destes profissionais na criação de cadeiras, onde costumam criar unindo suas características arquitetônicas a anatomia humana. Muitas destas cadeiras ganharam fama internacional, tornaram-se clássicas e verdadeiros ícones, sendo largamente utilizadas em projetos de interiores. Você pode até não ter notado ou desconhecê-las, mas muito provavelmente já sentou em um dos modelos mais famosos.

E a primeira cadeira com estilo singular que encontramos na história do mobiliário é bem mais antiga do que o conceito moderno de arquitetura e design. Desenvolvida na antiga Grécia, por volta do século V, a Klismos tinha como principal característica as pernas curvas e o encosto côncavo. Naquele tempo, os gregos procuravam acomodar o corpo do homem na cadeira e por isso a escolha por traços tão curvilíneos. Não há qualquer exemplar desta raridade extinta que é estudada e observada nas pinturas encontradas em vaso, esculturas

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e escrituras da época. Mesmo assim, ela continua atual e continua servindo de base para produção de peças atuais. Dez séculos depois, por volta de 1450, surgia na Itália outro modelo que se tornou famoso, a cadeira Savonarola, que tinha como principal atrativo o formato retrátil em tesoura, sendo bem mais leve que os modelos tradicionais pelo fato de ser montada com feixes de madeira que reduziam seu peso. Há quem associe o sucesso da cadeira aos senhores feudais que, por se locomoverem por suas terras, passaram a utilizá-la pela facilidade de transporte que proporcionavam. Interessante notar como as cadeiras eram produzidas, inicialmente, para satisfazer as vontades das oligarquias, físicas e práticas em primeiro plano, agregando valor decorativo apenas por um impulso e desejo do criador. Exemplo disso são os modelos Farthingale e Bergére. A primeira delas surgiu para atender as expectativas das nobres damas, que buscavam conforto e garantia de classe ao sentar-se. Para tanto, a Farthingale era mais baixa, acolchoada e não tinha braços, tudo para não atrapalhar ou rasgar os imensos vestidos rodados, possuindo ainda franjinhas ou tachinhas decorativas, assinatura feminina que o modelo carrega. No caso da Bergére, a adaptação foi a pedido do então rei da França, Luis XV, que buscava sofisticação e elegância para seus encontros. O resultado foi uma cadeira larga, com braços e almofada do assento solta, um modelo que continua bem atual e que por si só já define um ambiente como glamoroso.

plástico numa peça de cor vibrante e cheia de humor. Segundo ele, era inconcebível sentar-se num sofá bege e quadrado. Já o modelo Swan, projetado pelo, também, dinamarquês Arne Jacobsen, continua mais vivo do que nunca e também é figurinha carimbada em espaços mais alegres por suas cores sempre vibrantes e formato mais divertido. E Arne também é o responsável pela cadeira do momento, a Poltrona Egg, sonho de consumo de 10 em cada 10 simpatizantes da arte de decorar. O nome resume bem o design da cadeira, que lembra uma casca de ovo quebrada, mas que de frágil não tem nada, sendo bem robusta e necessitando de muito espaço. O desenho de 1958 foi criado para a entrada e recepção do Royal Hotel, em Copenhagen, na Dinamarca. A ideia foi dar o máximo de conforto agregando ainda privacidade ao móvel, que é de longe o projeto mais brilhante e premiado do arquiteto. E uma dezena de nomes ainda compõe a lista dos mestres da arquitetura que imortalizaram cadeiras em que dialogavam com suas arquiteturas próprias e o designer. Frank Lloyd Wright,

Imagens Divulgação

Saltando para o século 21, podemos destacar os clássicos da vez, como as criações do americano Charles Eames, que você pode até não saber de quem se trata, embora apostemos que já tenha sentado em um desses modelos. É praticamente impossível não ter visitado um escritório em que uma delas não estivesse presente, são fáceis de serem identificadas, com couro preto listrado e braços e base cromadas. Outra criação em alta é a cadeira Panton, projetada, em 1958, pelo designer dinamarquês Verner Panton, que iniciou uma verdadeira revolução pop no mobiliário “cool”. Verner inseriu o lúdico e formas desafiadoras ao modelo, abandonou o ferro e utilizou o

Sempre atuais Cadeiras como a Poltrona Egg (do lado), modelos de Charles Eames, Swan e Panton (abaixo) continuam contemporâneas

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Arquitetura & designer

Pitada de alagoanidade Manoel insere nas clássicas cadeiras o couro de tilápia, o Filé e o Patchwork.

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George Nelson, Le Corbusier, Pedro Useche, Ray Eames, Gerrit Rietveld, Marcel Breuer, Pierre Paulin, Chrales Pollock, Harry Bertoia, Marco Zanuso, Cini Boeri, Martin Eisler, Eero Saarinen, Mies Van Der Rohe, Jorge Ferrari e Julio Katinsky e fazem parte desta seleção que elevaram um objeto de simples função para uma escala de obra de arte. Muitos dos modelos citados servem de base de inspiração para outros artistas, que os adaptam ou inserem uma repaginação a criação original. Reformulação que pode ser resumida com a introdução de características regionais as cadeiras, como no caso do designer alagoano Manoel da Silva, que usa em seu trabalho elementos da cultura local aplicados a modelos renomados. Ideia que começou da vontade de produzir móveis diferentes, que fugissem dos moldes comuns, das peças fabricadas em linhas de produção. Para isso, Manoel participou de diversas oficinas, realizou pesquisas, leu bastante e viajou para a Itália, onde visitou os mais importantes salões de designer de móveis do mundo. E aprendeu uma coisa: valorizar a cultura local era o principal segredo para o sucesso. Decidiu então utilizar-se da originalidade de nossa cultura e criar uma identidade exclusiva ao seu mobiliário. Trabalho que conta com o apoio do Arranjo Produtivo Local (APL) de Móveis de Maceió, um programa coordenado pela Secretaria de Estado do Planejamento e do Desenvolvimento Econômico, em parceria com o Sebrae/AL, com o propósito de formular, articular e realizar ações para promover o desenvolvimento de micro e pequenos negócios, através de ações coletivas e integradoras para o adensamento das cadeias produtivas. E qual a grande sacada de Manoel? Unir o designer consagrado de algumas cadeiras com ícones culturais alagoanos. Partiu pro inusitado e inovador quando decidiu aplicar o couro da tilápia para revesti-las, uma iniciativa que fomenta, inclusive, o trabalho de artesãs da cidade de Piranhas, que fazem parte de outro Arranjo Produtivo Local, o de Piscicultura Delta do São Francisco, que também fabricam bolsas e sandálias com o couro da tilápia. Manoel também pretende inserir outro produto de Arranjo Produtivo Local, a folha de bananeira, que hoje é utilizada pelas artesãs da APL de Fruticultura no Vale do Mundaú. Enquanto isso, além da tilápia, o designer de móveis já utiliza outra grade referência do artesanato local, o Filé, Patrimônio Imaterial do Estado que põe o colorido do seu traçado nas peças de Manoel, que aplica o bordado e o couro da tilápia em reinvenções das clássicas Poltronas Egg e Swan. As cadeiras ganham uma assinatura endêmica do artista alagoano com a nova roupagem que recebem e já fazem sucesso em exposições voltadas ao mundo do designer e da decoração. Outro acabamento utilizado é o patchwork, que na tradução direta quer dizer trabalho com retalho, mas que hoje se aprimorou muito e possui recortes e emendas que pouco lembram as velhas colchas formadas por inúmeros quadradinhos aleatórios. Difícil mesmo é escolher uma das cadeiras, todas possuem seu charme e detalhes que deixarão o espaço em que serão utilizadas mais moderno e cheio de estilo. Hoje, as cadeiras não são mais acessórios complementares, acertando na escolha, elas ficam bem em qualquer cômodo, especialmente, na sala de estar, onde se transformam no centro das atenções. Uma única peça é capaz de ditar o conceito de um ambiente, podendo decorar, inovar e modificar o clima do espaço inteiro. E com as estampas genuinamente alagoanas não tem erro, não faltarão elogios sempre que receber visitas em casa. Uma revista com a cara do Nordeste


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Cura Popular Por Antonio Maria do Vale

Cultura

Diante dos avanços da medicina, a crença nas receitas caseiras à base de ervas ainda sobrevive e, junto com a fé, continua sendo o principal remédio para qualquer que seja o mal.

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Fotos Antonio Maria do Vale www.OUSHBrasil.com.br

Precisar quando o Homem passou a medicar-se é algo tão impreciso quanto datar sua própria existência. A origem deste saber, segundo a maioria dos pesquisadores, se encontra na observação constante e sistemática dos fenômenos e das características da natureza e na experimentação empírica desses recursos. O que pode ser dito é que o uso de remédios utilizando ervas remonta às tribos primitivas, quando mulheres eram responsáveis pela extração de princípios ativos das plantas, utilizando-os na cura das doenças. Com o passar do tempo, quando o Homem deixou de ser nômade e tornou-se sedentário, a estrutura dessas tribos mudou e os membros da comunidade ganharam papéis sociais, sendo o primeiro deles o de curandeiro. O imperador chinês Shen Nung foi o primeiro a catalogar ervas medicinais quando, em 2800 a.C., listou 365 delas e mais uma dezena de venenos que eram utilizados sob a devoção taoísta a Pan Ku, o Deus da criação segundo a mitologia chinesa. Mais tarde, por volta de 1500 a.C., a medicina hindu já possuía obras sagradas sobre o tema, como a “Ayurveda”, um dos sistemas medicinais mais antigos da humanidade que até hoje é difundido na Índia, sendo praticado por psicólogos e fisioterapeutas de todo o mundo. No mundo moderno, os processos baseados na alquimia, que aplicavam à medicina elementos antropológicos, astrológicos e místicos; começaram a perder espaço para aqueles que priorizavam a química, com tratamento baseado na lógica matemática e física dos compostos que passaram a produzir medicamentos em grande escala, processo acelerado durante a Revolução Industrial, que facilitou a síntese laboratorial antes praticada de maneira informal. Com o surgimento de derivados puros e concentrados das plantas, os médicos passaram a priorizar as drogas sintéticas, abandonando o importante papel da fitoterapia, hoje reinserida na medicina de ponta. A descoberta das Américas foi um divisor de águas no modo como o Homem tratava as doenças até então. Quando Guilherme Piso chegou ao litoral nordestino, em 1637, na qualidade de médico do príncipe alemão Mauricio de Nassau, e surpreendeu-se com a superioridade da terapêutica indígena. Parece engraçado, mas a primeira grande disparidade ligada a saúde dos dois mundos estava no fato dos tupiniquins tomarem vários banhos ao longo do dia, bem diferente dos europeus, que chegavam a passar três dias longe da água, o que se descobriu depois ser um fator para proliferação de doenças. Piso, em uma de suas diversas cartas, descreveu que os indígenas faziam uso de um tratamento terapêutica muito natural, à base de plantas. Prescindiam os laboratórios e tinham à mão sucos verdes e frescos de ervas. No lugar dos remédios compostos de vários ingredientes, utilizavam os mais simples, para qualquer


Cultura

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caso de cura, já que por esta medicação os corpos não tinham qualquer tipo de efeito colateral. Eram receitas sem contraindicação. Vale ressaltar que no Brasil o uso das plantas medicinais se tornou expressivo em razão da cultura dos povos, primitivos e formados depois da colonização, estar associada diretamente a extensa e diversificada flora de nosso território, o maior celeiro farmacêutico do mundo. E apesar dos tratamentos atuais terem como base principal os métodos cartesianos, com a relação direta entre doença e remédio, o espaço dado à forma holística de tratamento, quando a relação entre mente, corpo e meio são levadas em consideração; é cada vez maior. O mais célebre cientista do século 20, Albert Einstein, dizia que a matéria é uma manifestação de energia, que somos formados de matéria com seus vários sistemas energéticos interagindo entre si e com o meio, formando um todo que deve permanecer harmonizado. O equilíbrio citado por Einstein é o principal pilar da fitoterapia, que permite que o ser humano se conecte com o natural, contribuindo para que o organismo normalize suas funções fisiológicas, restaure a imunidade, execute a desintoxicação e promova o rejuvenescimento; fatores que a torna mais íntima daqueles que buscam qualidade de vida. No Nordeste, esta forma de buscar a cura é

ainda mais enraizada, sendo parte da cultura erguida por indígenas, africanos e europeus. Para a Organização Mundial da Saúde – OMS, a medicina tradicional é definida como a soma das práticas baseadas em teorias, crenças e experiências de diferentes culturas e tempos, muitas vezes sem explicação, usadas na manutenção da saúde, na prevenção, diagnóstico, tratamento e melhora de enfermidades. O papel fundamental que esta medicina exerce no cuidado à saúde de grande parte da população que vive em países em desenvolvimento é reconhecido mundialmente pela OMS, tanto que, a partir de 1978, a Organização passou a reconhecer a fitoterapia como terapia alternativa de enfermidades humanas. Mesmo com avanço tecnológico e em razão do acesso limitado aos medicamentos produzidos em laboratório, a maioria da população mundial ainda recorre à medicina popular. Em Alagoas, muitas dessas tradições permanecem vivas, principalmente, nas regiões mais afastadas dos centros urbanos. No Sertão, Agreste ou Zona da Mata, elas ainda se apresentam como a primeira alternativa de tratamento as enfermidades mais comuns. A medicina popular, neste caso, é de saber local, onde o modo de transmissão é oral e gestual, por ouvir falar e ver fazer, com o intermédio da família e vizinhança. Alguns exemplos confirmam esta lógica. Contra uma dor de cabeça, nada do automático comprimido analgésico; este é substituído por rodelas de batata sobre a testa. Em caso de gripe, os descongestionantes saem de cena para as mais variadas receitas caseiras à base de limão e mel. Azia e má digestão? Esqueça os antiácidos efervescentes num copo d´água. Ao invés disso, experimente chupar

Destinos variados Além da medicina popular, vários produtos também são utilizadas na gastronomia.

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Tradição Familiar Descendente de índios, José Cláudio faz parte da terceira geração de uma família de raizeiros.

uma pedrinha de gelo ou opte pelo imbatível chá de erva cidreira. E os exemplos seguem para qualquer que seja a doença, de uma simples dorzinha aos problemas de saúde mais graves. Na cidade, a proximidade e maior acessibilidade (embora distante do esperado) a consultas médicas, hospitais e drogarias reduzem o uso da medicina popular, embora a utilização de ervas e raízes complete o tratamento realizado pela maioria das pessoas. O desenvolvimento técnico-científico é puramente racional e veio acompanhado do distanciamento do profissional em relação ao paciente, em termos de atenção e diálogo, o que provoca o descontentamento de parte da população que necessita de cuidados em saúde. Sendo assim, é praticamente impossível aquele comprimido não vir acompanhado de uma receita antiga, passada de geração a geração, que nossas mães aprenderam com nossas avós e que carinhosamente nos obrigam, garganta abaixo, a prosseguir com a tradição. Em Maceió, não é tarefa muito difícil encontrar estes ingredientes. Nos supermercados os mais populares www.OUSHBrasil.com.br

estão disponíveis in natura ou nas mais diversas versões em sachê. Mas, são nas feiras livres e mercados que os achamos multiplicados e para os mais inimagináveis fins. Em frente ao Mercado Público do Artesanato, no bairro da Levada, os quiosques expõem cores e cheiros num cardápio de variadas espécies. Ao natural ou agrupadas em misturas que compõem as famosas garrafadas, não há mal que não encontre sua cura em uma das receitas milagrosas que estarão na ponta da língua do raizeiro. José Cláudio da Silva, de 45 anos, é o mais fiel exemplo de tudo que cerca o mundo da medicina tradicional. Ele mantém a tradição de três gerações da família com mais duas irmãs que também possuem quiosques de raízes e ervas medicinais. “Minha avó era conhecedora das ervas, ensinou tudo que sabia ao meu pai, que repassou para mim, assim como agora faço com minha família. Há 25 anos sobrevivo do comércio de ervas e acredito que a tradição ainda irá se manter por muito tempo”, nos disse o alagoano que é neto de índios e natural de União dos Palmares. Cláudio nos levou para um tour pela diversidade dos


Cultura

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produtos que oferece aos seus fieis clientes e fez questão de apresentar cada espécie e suas funcionalidades. O passeio começou pelos dois produtos mais vendidos da casa: o barbatimão e o lambedor. O primeiro deles, um adstringente e tônico, é usado em inflamações do útero e ovários, hemorragia interna, como cicatrizante, contra cistos, miomas, blenorragia, úlceras, feridas, afecções da garganta, colite, diarreia, hemoptises e hemorragia uterina. O segundo, um xarope à base de ervas, como o hortelã, acrescentado de açúcar (ou mel) e água; é utilizado para efeito calmante, para aliviar a tosse, como anestésico para dores de cabeça e nas articulações, para combater resfriados e gripes, cólicas, gases, além de impedir a formação do muco nas vias respiratórias. O discurso continua e é de fazer inveja a qualquer farmacêutico. Entre cascas, caules, folhas e sementes, o raizeiro (é assim que prefere ser chamado) nos apresentou remédio para todo e qualquer problema de saúde. De maneira desenfreada saiu parafraseando “casca de Cajueiro contra inflamações, como diurético, purgante ou laxante; Aroeira contra febre, tosse, bronquite, íngua, dor de dente, diarreia e distensão dos tendões; chá de Quebra-pedra para tratamento de pedras nos rins, cólica renal, inchaço, falta de apetite e prisão de ventre; Picão contra hepatite, para controlar a acidez estomacal e como estimulante digestivo; e

Doutor durinho para o colesterol e, quando somado a outras ervas, vigor sexual”; tudo isso exposto pendurado em apenas uma das laterais do quiosque. Já a frente da barraca, onde a vitrine é caracterizada por inúmeras bacias, continuou apresentando ingredientes para a cura de diversos males: “Pitó do Cerrado contra problemas no fígado e rins; Boldo contra problemas digestivos, suores frios e mal-estar; Rama branca contra colesterol e diabetes; casca de Romã contra arranhões e garganta inflamada; Unha de gato contra inflamações, miomas, dengue, rinite e abscessos; Sucupira contra artrite e reumatismo; Alfazema para melhorar a circulação; casca de Imburana para artrose; Jucá para diabetes e colesterol; Cravo do reino para aftas; Nogueira para dores musculares; Angico como cicatrizante; Jatobá para próstata; e Anis-estrelado para espasmos no estômago, intestino, útero e vesícula, além de cólicas”, disse Cláudio, concluindo com o famoso None, que em suas palavras “cura mais de 50 tipos de doença”. Chama a atenção também a disparidade dos clientes de Cláudio, que buscam seus produtos para os mais variados fins. O tratamento e prevenção de doenças ainda é, disparado, o principal propósito, entretanto, também é grande a procura por difusores de perfumes para ambiente e por ingredientes para incensos caseiros. Chefs e amantes da gastronomia são figuras constantes

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Carro-chefe O famoso Barbatimão lidera as vendas junto com o lambedor.

já que utilizam muitas das ervas e sementes para dar aquele tempero todo especial as suas receitas, muitas vezes sendo uma delas o segredinho guardado a sete chaves. E neste quesito, destaque para as pimentas que, in natura ou em garrafas, possuem versões para degustadores iniciantes, intermediários e avançados, com níveis determinados da forma mais clara e objetiva possível, quanto mais picante, maior o nível. Clientela fiel também é a formada por simpatizantes e praticantes de candomblé, que buscam opções para oferendas aos orixás. Fato que ratifica o que estudos antigos e recentes dizem sobre a medicina popular, que uma das suas características fundamentais é a religiosidade. Toda a descrição folclórica que cerca o tema enfoca a religião, a magia, superstições crendices. Os indígenas deram a maior contribuição em razão do conhecimento do ambiente, extraindo da floresta o remédio para qualquer dor. Os ritos também começaram com os indígenas, o que, com a chegada dos africanos, ganhou ainda mais força com novas expressões divinas, miscigenando a base religiosa do Brasil, hoje cristã, mas com vertentes em inúmeras outras crenças. No Norte e Nordeste estas tradições são maximizadas e se caracterizam nas mais variadas formas de se buscar a cura. Tudo começa pela causa, que também pode

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Coloridas, divertidas e milagrosas

Cultura

Garrafadas possuem as mais variadas misturas para os mais diversos males

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habitar o campo da subjetividade, como no caso da inveja, que resulta no mau-olhado, que nos rincões do Brasil são tratados com o auxílio das benzedeiras. Também conhecidas como curandeiras ou rezadeiras, estas sempre simpáticas senhoras também surgiram das culturas afro-indígenas. Num ritual que envolve movimentos sincronizados e cantos quase que indecifráveis, com ramo de folhas a mão elas resolvem problemas cujo remédio não se encontra em farmácias. Mais uma vez nomes e formas de cura se confundem. Mau olhado, espinhela caída, vento virado, fogo selvagem e erisipela são apenas algumas das doenças folclóricas do universo popular que envolve as benzedeiras. E engana-se quem de fato acha que tudo não passa de folclore. Algumas destas doenças existem sim e apenas tiveram seus nomes adaptados regionalmente. Desta forma, elas se dividem entre as que possuem explicação científica e as sem solução médica oficial. Espinhela caída, por exemplo, é o nome popular da Lumbago, doença que causa dor na boca do estômago, costas e pernas, além de cansaço físico. Diz a crença que os médicos não conseguem identificá-la, trabalho só executado pelas benzedeiras, que detectam a enfermidade tirando a medida entre o dedo mínimo e o cotovelo, comparando com a distância entre os ombros, se não coincidirem, o diagnóstico é positivo. Fogo selvagem é o mesmo que Pênfigo, uma doença de pele que gera pequenas bolhas no couro cabeludo,

peito e costas, podendo se espalhar pelo corpo. Vento virado é a sujeição a uma força maior do que se está acostumado, acontece geralmente quando se brinca com uma criança jogando-a para o alto, causando mal estar, vômito e diarreia. E existem os casos clássicos, em que não há outro recurso, senão, o de benzer-se. O mais popular deles é o do Mau olhado, também conhecido como quebranto, que é causado pela energia negativa do olhar alheio, ocasionando bocejo constante, sintomas depressivos e insônia. Segundo pesquisadores, a cura é baseada num ato de saída, onde o mal é tirado de dentro do doente, ideia reforçada nas características que cercam o rito, onde o enfermo boceja durante a benzeção e quando ninguém pode se posicionar na porta, evitando nova contaminação. A atividade é muito antiga, e assim como a utilização de ervas medicinais, se baseia na mais forte característica da humanidade, a fé. Independente de religião ou crença, ela sempre está presente e é evocada tão logo qualquer problema ou expectativa seja gerado. Na medicina então, ela se mostra ainda mais evidente, configurada numa simples receita popular ou quando a cura é o sinônimo de um milagre. Levadas a sério ou vistas como engraçadas, eficazes ou apenas supersticiosas, a verdade é que a medicina popular tem sua função em qualquer que seja o campo de atuação, sendo fundamental do ponto de vista cultural, espiritual ou médico. Uma revista com a cara do Nordeste


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Fotografia

Por Antonio Maria do Vale

Mais prático aparelho fotográfico do século XX, as máquinas lambe-lambe encerram suas atividades nas ruas e tornam-se peças de museu. O mundo da fotografia nunca foi tão diversificado e democrático. Hoje, ele vai dos impressionantes detalhes captados pelas super lentes à praticidade das “selfies” registradas pelos mais modestos celulares. Fotografar se transformou num hobby para muitos e até a forma de se observar as imagens mudou, raras são as ocasiões em que elas se apresentam impressas, a virtualidade quase

que baniu o papel em decorrência do cotidiano apoiado nas telas de smartphones, tablets e computadores. A modernidade alterou até o mais tradicional dos registros, a foto 3X4, que em alguns documentos passou a ser digital, contribuindo ainda para a anunciada extinção de umas das profissões mais culturalmente enraizada na história do Nordeste brasileiro, a do retratista.

Foto Divulgação

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O último click!

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Bom negócio Máquinas fotográficas eram ofertadas em anúncios de jornal

Antes de desembarcar no Brasil, os fotógrafos itinerantes já faziam sucesso na Europa. A origem do modelo ambulante surgiu por volta de 1853, após o descobrimento do processo ferrótipo ou de chapa seca, que possibilitou a foto instantânea, reduzindo o tempo e os custos técnicos da produção. Outro fator importante, talvez o maior deles, foi a possibilidade de acesso a fotografia para as classes mais populares que as inovações trouxeram, algo limitado até então aos mais abastados, que se utilizavam de estúdios nos grandes centros para perpetuar momentos em família. Os primeiros registros da presença dos fotógrafos ambulantes referem-se às feiras e festas populares realizadas no verão europeu durante o fim do século XIX. Desde seu início a atividade se associou a outras ações lúdicas, dividindo espaço com mágicos, malabares, teatro, o que a tornou ainda mais atraente e mística, despertando a curiosidade das pessoas que, diferente da interpretação atual, não conseguiam entender como um flash de luz poderia reproduzi-las num material impresso. No Brasil, o fim da escravidão e a proclamação da República formaram o espaço ideal para que a atividade do fotógrafo surgisse no país de forma mais www.OUSHBrasil.com.br

democrática. Os escravos libertos migram para as cidades que, com a liberação da migração, começa também a receber italianos, portugueses e espanhóis, muitos deles trazendo na bagagem suas máquinas fotográficas europeias, que passaram a oferecer o serviço de fotografia a estas classes menos favorecidas que chegavam aos centros urbanos, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro, em busca de trabalho. Na década de 1930, outra transição importante impulsionaria ainda mais o trabalho como fotógrafo ambulante. A era Vargas impôs políticas nacionalistas aliadas a reformas sociais e trabalhistas que causaram uma segunda migração no país. Desta Vez, a maioria dos retirantes era nordestinos em busca de melhores oportunidades, muitos deles conquistando um emprego justamente como auxiliares dos fotógrafos estrangeiros. Muitos destes fotógrafos formaram família com brasileiras e, de uma forma ou de outra, os conhecimentos foram passados como tradição familiar ou pelo aprendizado do ofício pelo convívio com o trabalho, havendo inclusive aqueles que se dispuseram a ajudar não em troca de dinheiro, mas apenas para aprender a técnica. Pouco tempo depois, com sotaque gringo ou voltando à terrinha, eles chegam ao Nordeste e seguindo os passos


Fotografia Fotos Antonio Maria do Vale

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dos mascates (comerciantes de tecidos e miudezas), percorriam o interior da região, voltando a capital para fixar-se nas grandes praças das principais capitais. Na zona rural alguns não entregavam de imediato as fotografias, viajavam pelos confins do Sertão para voltar dias depois, só então com as tão esperadas imagens, geralmente fotos 3X4 ou de parede, onde reuniam toda a família. Mesmo atualmente, é possível encontrar estes retratos fixados nas zonas rurais mais distantes, onde os costumes urbanos ainda parecem distantes em pleno século XXI. Quem viveu estes velhos tempos lembra muito bem da presença destes profissionais que, no interior, só deixavam a vida nômade pelo sedentarismo temporário nas tradicionais festas de padroeira, festejos juninos ou comemorações natalinas. Também era bem comum serem contratados para casamentos, aniversários e eventos políticos, como o dia de posse de prefeitos nas pequenas cidades. O trabalho destes andarilhos foi importante não só para aqueles que desejavam eternizar algum momento especial. Mesmo de forma involuntária, eles também são responsáveis pela preservação da memória, prestando um serviço histórico de valor imensurável. Em Maceió, o ápice da profissão ocorreu do início da década de 1950 ao final dos anos 70. As praças do Centro da capital e o Mercado Público eram os principais

pontos escolhidos e em alguns casos, como na Praça dos Palmares, chegavam a formar um imenso paredão de caixotes, como também eram popularmente chamadas as máquinas lambe-lambes. A época de ouro, como costumam lembrar os retratistas, foi baseada na procura da foto 3X4, quando as pessoas buscavam fotos instantâneas para documentos como carteira de identidade, reservista, carteira profissional, cartão do INSS e, no caso dos mais jovens, para matrículas escolares. Diferente do que acontece hoje, apenas os lambelambes entregavam as fotos no mesmo dia, era tudo bem rápido, em 15 ou 20 minutinhos o cartão com seis fotos estava pronto, um corte com tesoura e o pedido estava na mão. Quem optasse pelos estúdios esperariam dois ou três dias, sentar-se a frente da caixa de madeira sobre tripé era a melhor saída para os que necessitavam da foto para de maneira mais rápida. Outra foto bastante pedida era o “retrato 9X12”. A pergunta se tornou até clássica: “3X4 ou 9X12?”, diziam os retratistas sempre que solicitassem seus serviços. Este tipo de imagem era maior e captava o ambiente ao fundo, uma igreja, praça ou rua que ficava a critério do cliente, que as utilizava como lembrança, quase sempre as guardando num álbum de fotografias. Casamentos, batizados, aniversários e jovens casais eram as ocasiões mais comuns para o formato 9X12, que também ficou

Adaptação Rosalvo Brás aposentou sua máquina lambe-lambe, que deu lugar a câmera digital e impressora.

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conhecido na época como foto de corpo inteiro. Hoje, não há sequer um retratista na capital alagoana que ainda utilize a técnica do lambe-lambe. A maioria buscou nova profissão e os que permaneceram na atividade, por questão de sobrevivência, se renderam a tecnologia. Rosalvo Brás de Oliveira é um destes exemplos e, aos 60 anos, continua produzindo fotos 3X4 na Praça dos Palmares. A cabana, o banquinho e o fundo branco continuam os mesmos, entretanto, agora ele conta com o auxílio de uma pequena câmera digital e uma mini impressora que revela as fotos rapidinho, cinco minutos e elas estão prontinhas. Trabalhando como fotógrafo desde os 21 anos, o alagoano de Viçosa começou na profissão por curiosidade e relembra os tempos áureos da década de 1970. “Antigamente trabalhavam aqui na praça 12 fotógrafos e não faltava cliente pra foto 3X4. Hoje sou o único que permaneceu por aqui e a procura diminuiu bastante, tudo mudou nos últimos vinte anos”, disse Rosalvo, que ainda mantém seu lambe-lambe exposto. “As pessoas gostam de ver, ficam curiosas, me perguntam se ainda funciona, é uma forma de atrair a atenção”, acrescentou o fotógrafo que é bastante tímido e que não gosta de ficar diante da câmera. “Meu trabalho é fotografar, ser fotografado não é comigo”, concluiu. O mistério que envolve o que há por baixo do pano preto talvez seja o maior dos atrativos dos lambelambes. Ainda hoje, poucos sabem o que acontecia dentro das caixas quando os fotógrafos se posicionavam as escondidas para o grito de “olha o passarinho!” seguido do flash. Originalmente, as máquinas lambelambes eram fabricadas em madeira e metal podendo ainda possuir algum outro tipo de material em seus detalhes, como o plástico, além de um disparador com fio, que posteriormente foi substituído por um de metal. Nas laterais apresentavam suportes que serviam de mostruário para as fotografias, ajudando os clientes na hora da escolha. Até aí nada de revelador, a curiosidade sempre esteve relacionada ao que se passava dentro da caixa. Como eram reveladas as fotos num espaço tão pequeno e de forma tão rápida? Todos se perguntavam. Em pequenas bacias ficavam os materiais líquidos: revelador, interruptor e fixador; e a revelação era feita dentro da câmera escura, que tinha lugar para entrada das mãos através do que se chamava de manga ou luva, costuradas com um pano escuro, que tinha como principal função impedir a entrada de luz quando se manuseassem os materiais. Alguns retratistas tomavam um cuidado ainda maior, utilizando uma espécie de capa preta ou tenda de tecido

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Solitária Última máquina lambe-lambe da Praça dos Palmares ainda desperta a curiosidade, mas já não funciona.


Evolução

Foto Divulgação

Foto Evandro Teixeira

Foto Divulgação

A tecnologia deixou as máquinas fotográficas cada vez menores e acessíveis.

que protegia a câmera da claridade. Resumidamente, as máquinas fotográficas lambe-lambe funcionavam como câmera e estúdio ao mesmo tempo, o que confirma quão grandiosa era a habilidade dos profissionais que dela fizeram uso. Mas por que lambe-lambe? São muitas as explicações para o surgimento do termo. Segundo alguns historiadores, a palavra pode ter surgido pelo fato dos antigos fotógrafos que batiam a chapa preto-e-branco soprarem o negativo para que o calor do ar da boca ajudasse a secá-lo. Muitos não entendiam aquela ação e achavam que os fotógrafos lambiam a chapa. Para o fotógrafo, pesquisador e professor paulista, Boris Kossoy, a origem do termo lambe-lambe se refere a um teste que se faz para verificar de que lado estava a emulsão de uma chapa, filme ou papel sensível. Para evitar o erro de colocar a chapa com a emulsão voltada para o fundo do chassi, o que deixaria fora do plano focal e portanto, com falta de nitidez, costumava-se molhar com saliva a ponta do indicador e do polegar e fazer pressão com esses dois dedos sobre a superfície do material sensível num dos cantos para evitar manchas. O lado em que estivesse a emulsão seria identificado ao produzir uma leve impressão de colagem no dedo. Kossoy acrescenta ainda que a origem do nome pode estar associada ao antigo processo da ferrotipia. Este processo envolvia uma camada de asfalto sobre uma chapa de ferro sobre a qual era aplicada a emulsão. Após a revelação com sulfato de ferro, o fotógrafo lambia a chapa, fazendo com que a imagem se destacasse do fundo preto asfáltico pela ação do cloreto de sódio existente na saliva. E as versões não param por aí. O que se pode afirmar é que o ato de lamber está diretamente ligado à história da atividade. Uma delas diz que quando se revelava a foto, após ser retirada do banho com o químico fixador, ela era lavada com água. Para que não ficassem molhadas, os lambe-lambes passavam a foto na boca secandoas mais rapidamente, o que com o tempo foi sendo substituído por um pequeno fogareiro com álcool, onde passaram a secar a chapa. Não resta dúvida de que a atividade do fotógrafo lambelambe é carimbada com muito folclore e contextualizada numa cadeia que envolve muita cultura e história. Mantêla ativa é algo impossível, os avanços tecnológicos dão fim a uma série de formas de produção e, independente de setor, a substituição é natural e necessária. Os valores imateriais é que não devem ser extintos, pelo contrário, devem ser protegidos e cercados de mecanismos que o mantenham vivo na memória dos que puderam com eles conviver e, principalmente, para aqueles que não viveram a experiência. Quem tanto contribuiu para registrar a história não pode por ela ser esquecido. Uma revista com a cara do Nordeste


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FabianaAccioly

Na onda dos

Termogênicos?

Gula sem pecado

Os termogênicos são o frisson das academias. Saiba que eles estão presentes em alimentos naturais que, se aliados a outros hábitos saudáveis, trarão efeitos ainda mais eficientes.

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Verão chegando! Será que você já está pensando em como vai ficar no biquini ou na sunga em pleno Paraíso das Águas? Muitos já devem ter ouvido falar sobre os termogênicos e acredito que já estejam usando ou pensando em usar com o objetivo de “secar”, de ter estímulo depois de um dia inteiro de trabalho, de ter estímulo para o próprio treino, e muitos ainda vão além, querendo um estímulo para a energia que precisa depois de poucas horas de sono. Ou seja, querendo um “up” pra sua vida. Quer estímulo? Procure sua qualidade de vida! Ame-se mais! Realmente preciso dizer isso porque tudo que possa favorecer sua saúde de forma natural eu vou estimular. Afinal, antes de pensar em usar termogênicos e pré-treinos porque não pensar se você está dormindo bem? A primeira coisa: aliar boas horas de sono faz você ter uma ótima regulação hormonal e metabólica. Então, privar-se ou restringir-se do sono está comprovado cientificamente que favorece a uma troca de músculo por gordura. Saiba que o sono faz parte de uma recuperação muscular e também de um estímulo muscular importante, além da energia que você precisa pra acordar bem e disposto, ele restaura seu corpo fazendo você ter no dia seguinte disposição e concentração. Sua memória agradece! Respeitar seu ciclo circadiano é fundamental, um adulto em média precisa de 7 a 8 horas de sono, no entanto, essa necessidade é individual. O importante é você acordar disposto para enfrentar o que vem pela frente, seja com o trabalho ou com o próprio treino. E onde o termogênico entra nessa história? Não são poucas as pessoas que recebo em meu consultório dormindo pouco e pedindo um “estímulozinho” para treinar, achando que é só tomar a cápsula milagrosa e pronto. E se você está nessa onda, sempre é bom lembrar que é preciso ter cuidado, afinal, existem termogênicos e termogênicos! O que é um termogênico? São substâncias que, por meio de diversos mecanismos, podem ser coadjuvantes na redução de gordura corporal. Substâncias nutricionais, ou não, que estimulam o sistema nervoso central (SNC), aumentando o gasto calórico, gerando mais calor e aumentando a liberação da gordura estocada nas células conhecidas como adipócitos, além de atuar na tentativa

de aumentar ainda mais a queima de gordura (beta-oxidação mitocondrial). O termogênico é considerado um suplemento nutricional? Será considerado suplemento se tiver em sua composição cafeína, que faz parte da legislação brasileira como suplemento, resolução de abril de 2010 estabelecida pela ANVISA. A maioria dos termogênicos quando usados na dosagem correta, são seguros e não causam efeitos colaterais, principalmente no que se refere ao sono. Assim, a cafeína é um estimulante importante quando consumida numa dosagem segura, sendo também considerada um suplemento nutricional por estar presente em alguns alimentos, sendo a bebida café sua maior representação. No entanto, de forma anidra, sem água e em extrato encapsulado, a cafeína apresenta uma maior efetividade de ação. Isso quando utilizada em torno de 15 a 60 minutos antes do treino e em doses que irão depender do peso corporal, para não desencadear efeitos colaterais com um poder de atuação no metabolismo que podem durar de 5 a 6 horas após o consumo. Existem ainda, termogênicos que, além da cafeína, possuem em sua composição medicamentos ou drogas, como a efedrina, anfetamina, clembuterol ou dimethylamina. Neste caso, não são mais considerados suplementos, exacerbando o efeito estimulante no corpo humano e sendo responsáveis por vários efeitos colaterais. Assim, muitas vezes são considerados pré-treinos por serem compostos por diversas substâncias termogênicas associadas a outras, aumentando a força, o tempo de recuperação muscular, a vascularização e suprimindo a sensação de fadiga ou cansaço por esgotamento. Observando a busca pelo corpo perfeito, a indústria criou produtos recomendados para períodos anteriores ao treino e cada fabricante associa o que quer, e quanto quer, em suas formulações. Sendo em sua maioria concentrações bem elevadas, desconsiderando que existe uma individualidade biológica e a necessidade de um cuidado em saúde. Muitas pessoas já apresentam os efeitos colaterais agudos: tremor, sudorese, taquicardia, arritmias, cefaleia, extrema euforia, depressão, síndrome do pânico, náuseas e vômitos, além de dependência. E o pior é que algumas pessoas estão se acostumando com Uma revista com a cara do Nordeste


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quantidades altas, utilizando o dobro, triplo e até cinco vezes a dosagem recomendada no rótulo, o que pode ocasionar, de forma crônica, efeitos colaterais mais graves como lesão hepática, já que a maioria dos compostos passa por biotransformação no fígado, podendo lesionar os hepatócitos e causar grande estresse celular a depender da saúde do órgão. Outra alteração importante a ser considerada é a esteatose hepática ou gordura no fígado, principalmente para as pessoas que tomam termogênico por conta própria e não se exercitam, favorecendo o acúmulo no sangue de gordura que será direcionada para o fígado e não para o músculo usar como combustível energético. Por isso, muito cuidado! Determinados termogênicos sem recomendação profissional são perigosos. Lembrando que o uso de droga só deve ser feito por recomendação médica e não de Nutricionista ou Profissional de Educação Física, ok? Vale ainda ressaltar que hipertensos e cardíacos, além de pessoas com alteração na tireóide, devem ficar longe destes produtos. Sem contar que, no caso de atletas, a utilização vai de encontro à ética esportiva, já que se caracterizará como doping. Ah! Ainda tem outro ponto importante a ser lembrado. Não adianta nada comprar o termogênico top ou o pré-treino que faz “ferver o sangue” se você tem uma alimentação totalmente desajustada para o seu metabolismo. Ter o pote em casa, mas se acabar na batata-frita e refrigerante diet não faz você queimar gordura. Só praticar levantamento de copo e garfo não fará você ter a barriga tanquinho dos seus sonhos, que é fruto, dentre outras coisas, de uma ótima alimentação aliada com uma ótima periodização do treinamento. Termogênico não faz milagre! Felizmente, afinal, os pilares obrigatórios para a melhoria da sua composição corporal e diminuição de gordura são: sono, dieta e treinamento. Seja saudável, procure qualidade de vida, tenha orgulho da sua conquista de forma natural. Jogue limpo! Tente aumentar seu metabolismo com o poder dos alimentos termogênicos. Que tal? Metabolismo é a quantidade de energia (calorias) que o seu corpo consome para se manter ativo. A velocidade que o seu corpo queima calorias é chamada de “taxa metabólica” que, com o aumento da temperatura do corpo proveniente da ação dos termogênicos, será acelerada. A taxa metabólica de cada um é determinada em grande parte por características genéticas. Algumas pessoas têm um metabolismo lento e com isso ganham gordura, tendo dificuldade de emagrecer e de se manterem magras. Outras têm um metabolismo médio e algumas poucas privilegiadas tem um metabolismo rápido, os chamados “magros de ruim”, porque comem muito e não engordam com facilidade (raridade no mundo metabólico). Mas em qualquer caso é possível aumentar a sua taxa metabólica e aqui proponho de forma natural. Coloque mais energia e disposição na sua alimentação e vem comigo na Nutrição Esportiva!


Todos os alimentos gastam energia para serem digeridos, tendo a capacidade de aumentar a temperatura do corpo, acelerando o metabolismo e estimulando o aumento da queima de gordura. Porém, na nutrição, existem alguns que se destacam mais que outros, pois induzem o metabolismo a trabalhar com ritmo mais acelerado, gastando assim, mais calorias. Os alimentos termogênicos apresentam um maior nível de dificuldade em ser digeridos pelo organismo, fazendo com que esse consuma maior quantidade de energia e caloria para realizar a digestão. Confira alguns: Guaraná em pó O alimento termogênico mais conhecido no Brasil, além do café, por apresentar a cafeína como princípio ativo, estimulando a liberação de dopamina e adrenalina na corrente sanguínea. Consuma até 2 colheres de sopa por dia.

Imagens Divulgação

Pimenta vermelha Possui a substância ativa capsaisina, que dá o sabor forte característico da pimenta e responsável por aumentar em até 20% o metabolismo. Porção de ½ pimenta ou de 3g a 5g de pó é recomendado diariamente. Canela A substância ativa está no pó da casca, sendo ideal o consumo de 2 colheres de sobremesa (1 a 2g) por dia. Gengibre Um pedaço de 2cm pode aumentar em torno de 10% o metabolismo, sendo seu efeito mais exacerbado com a raiz crua por conter suas principais substâncias ativas: o gingerol, a gengiberina e o zingiberine.

INGREDIENTES 1 Xícara de farelo de aveia; 1 Colher de sobremesa de canela em pó; 1 Colher de chá de fermento; 1 Ovo; 1 Banana; 1/2 Xícara de leite desnatado ou de soja; 1 ou 2 colheres de adoçante culinário sucralose à gosto. COMO FAZER Misture todos os ingredientes no liquidificador com exceção do fermento. Por último, misture o fermente com os outros ingredientes. Coloque em forminhas para muffins deixando a borda sobrando, pois eles irão crescer. Coloque no forno por 15 a 20 minutos (dependendo da potência do forno) e fique de olho para não queimar.

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Chá verde (Camellia Sinensis) Possui as substâncias ativas cafeína e catequinas polifenólicas, que possuem maior poder termogênico com o extrato seco em dosagens variáveis. A bebida é indicada no mínimo 3 xícaras por dia.

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Laranja amarga (Citrus aurantium) Possui os princípios ativos: sinefrina e octopamina, responsáveis pelo poder termogênico. Recomenda-se uma dosagem mínima de 1 colher de chá 2 vezes por dia.

INGREDIENTES 100g de pimenta dedo de moça; 1 Pitada de pimenta do reino; 1 ½ Xícara de chá de adoçante culinário sucralose; Suco de 2 laranjas; 1 Pitada de sal light; 1 Caixinha de morangos; 1 Polpa de limão. COMO FAZER Pique os morangos e a pimenta, junte os demais ingredientes, leve ao forno por 20 minutos, mexendo sempre, e coloque em um potinho para servir.

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O indecifrável! Por Antonio Maria do Vale

Conhecido como o Mago da música brasileira, Hermeto Pascoal vê em todas as coisas um instrumento musical. Aos 78 anos, não para de criar e continua surpreendendo a todos. Tudo parecia brincadeira no começo, observando quando criança os sons emitidos por pássaros, bois, peixes e sapos. A vida não era fácil, como de costume ainda não é no interior do Nordeste, mas nada que tirasse a alegria do menino que encontrou na música a chave para ser feliz. Passava horas tocando flauta de cano de mamona de jerimum. Adorava os restos de metal retorcido que sobravam das obras do avô, que era ferreiro. Buscava sons em qualquer coisa, nos brinquedos, numa chaleira ou manuseando água.

Entrevista

Ainda pequeno, destacava-se tocando oito baixos com o pai e o irmão José Neto. Aprendeu contra a vontade dos pais, descobrindo a sonoridade do instrumento as escondidas, mas que, tão logo fora descoberto seu talento, levou o anfitrião da casa às lágrimas, fato que nem a fome e a seca costuma causar sobre um sertanejo. O pai, como comprovação de que acreditava piamente nas habilidades do filho, vendeu a melhor vaca que possuía para comprar uma nova sanfona para Hermeto. A partir dali, ele e o irmão assumiram o lugar do pai nos bailes, começava a saga do então desacreditado músico (não por ele) que saiu do pequeno povoado de Olho D´Água, em Lagoa da Canoa, para o mundo.

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Mas a estrada foi longa, quem apostaria em alguém com características musicais tão desconexas do ponto de vista comum? Hermeto sempre tocou diferente e poucos o entendiam. Perto dos 10 anos, sempre que se apresentava, era comum procurarem seu pai e questionarem: “Pascoal, o galego menor é louquinho, ninguém tá conseguindo dançar, ele toca muito tronxo”, lembra o músico, dizendo que não conseguia repetir, tocar a mesma coisa, sempre inovando na hora. “Fazia isso nos bailes porque se me atrevesse nos ensaios não teria a aprovação de meu pai e irmão”, acrescentou. De louco a gênio, ficou conhecido como bruxo, talvez por fazer música como se fosse magia, extraindo de forma impensável melodias perfeitas com “instrumentos” nada habituais. Quem colocaria porcos num estúdio de música? Uma inovação que fez parte da gravação de duas canções, uma num álbum de Airto Moreira e outra em seu disco Slaves Mass, ambas produzidas nos Estados Unidos na década de 1970, quando suas ideias já passavam a ser aceitas. Antes disso, em 1950, Hermeto tinha saído de Lagoa da Canoa para Recife, onde conheceu outro mestre, Sivuca, que se tornou um grande amigo e um dos poucos, àquela época, a apostar no talento do alagoano. Diferente do diretor da

Rádio Jornal do Comércio, da capital pernambucana, que ao demiti-lo o aconselhou: “Faça outra coisa, você não dá para a música!”. Sorte nossa que Hermeto não seguiu o conselho e, para sorte do diretor, também não guarda rancor. Anos depois, o mago da música retornou a Rádio, sendo contratado pela mesma pessoa que o havia mandado embora. E como ele mesmo costuma dizer, referindo-se a sua trajetória musical, dali em diante a escada não parou. “Tudo o que produzo é continuação do que fez anteriormente, degrau após degrau, do rádio para a TV e dali mundo afora”, diz. Ovacionado na Suíça, em 1979, no Festival de Montreux, já se apresentou em diversos países, gravou com grandes nomes da música, fez parceria com uma infinidade de orquestras e confirma sua genialidade com a imensa quantidade de prêmios e homenagens que já recebeu. Criatividade que se apresenta inesgotável, tanto que, entre os dias 23 de junho de 1996 e 22 de junho de 1977, compôs uma canção em cada um desses dias para homenagear todos os aniversariantes durante um ano, projeto que chamou de Calendário do Som. Decifrar Hermeto é algo tão ou mais difícil quanto fazer música de seu jeito. Ele não segue partituras e é avesso a tríade passado, presente e futuro, preferindo o agora. Segundo ele, tudo é fruto de uma evolução contínua, afirma: “nada fica para trás, porque gira, se encontra, não é preciso fazer esforço pra ver o que passou, logo isso estará a sua frente”. E para conhecer mais do poli-instrumentista, com o intermédio da cantora e companheira Aline Morena, conversamos virtualmente com Hermeto que, da mesma forma mirabolante com que faz música, respondeu as nossas curiosidades.

OUSH - Pra começar, o que Hermeto ainda carrega como inspiração do garoto que viveu no interior de Alagoas? Vivendo no Sul do país, o que mais sente falta do Nordeste?

Hermeto - Muita coisa! Eu tenho o Nordeste o tempo todo na minha cabeça, ele é o meu alicerce, eu guardo na memória boa parte da minha infância, das brincadeiras com os amiguinhos, a diversão nos rios, os passarinhos e meu convívio diário com minha família. Como sou albino, não ia pra lavoura, ficava em casa, ia para debaixo de uma árvore. Isso eu carrego comigo e ainda é muito importante no meu processo de criação.

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Foto Divulgação

“Tem música em tudo o que faço! A música está em todos os lugares, em todas as coisas, em todos os contextos!”

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OUSH - Se não fosse músico, instrumentista, compositor... O que seria Hermeto? Trabalhou em outras áreas ou nunca passou pela cabeça outra coisa, senão, a música?

Hermeto - Através da música eu respeito todas as áreas! Faço também algumas pinturas. Mas minha vida é compor. Diminuí o ritmo de shows, mas não passo um dia sequer sem compor uma música.

OUSH - A música nordestina, e do próprio Hermeto, possui uma ligação enorme com a sanfona e o forró. Essa relação mudou muito e perdemos grandes nomes nos últimos anos. O que o músico pensa a respeito do novo forró e da atual música que se faz no Brasil?

Hermeto - Acho que é um relaxamento dos próprios músicos! Se a música está ruim o maior culpado é o próprio músico! Há muito pouca novidade! É muito comércio e pouca música. Eu sei fazer isso também, se quiser eu faço, mas não quero. Eu gosto de todo tipo de música, mas, de bom gosto.

OUSH - Parece que tudo soa como música para Hermeto Pascoal. A gravação com porcos ficou famosa. Qualquer som pode compor uma melodia e fazer parte de uma canção?

Hermeto - Só depende do bom gosto e da inspiração. Eu sempre coloco a intuição a frente do saber. Quando menino, o meu público e os meus professores foram os animais. Eu tocava com eles e para eles. A minha religião é a música, eu sou um drogado em música, até meus 40 anos nunca usei teoria, ela é importante, mas me baseava no conhecimento adquirido através da observação e de ensaios experimentais com os mais diversos sons. Para mim é tão importante uma chaleira quanto um piano dependendo do momento. Cada um tem seu timbre, sua função.

OUSH - Hoje a música é muito pop e comercial, que conselho daria para os jovens músicos de talento que querem apresentar inovações e não querem se render ao modelo dado como pronto para o sucesso? O que é sucesso para Hermeto?

Entrevista

Hermeto - O maior sucesso é você respeitar e manter

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o seu dom, manter a qualidade do seu trabalho. Isso é sucesso. Façam outros arranjos, modifiquem, não toquem o Galho da Roseira como eu gravei, igualzinho. Não achem que quero isso, quero vestimenta nova. Sinto e penso desse jeito. Os jovens devem conversar mais com seus professores, não podem ficar na mesmice e seguindo os padrões que já existem. Cada um tem que saber que uma alma é semelhante a outra, ainda assim, são diferentes. Tem que ter carinho e ,quando for preciso, pegar no pé também.

OUSH - E quanto às parcerias? Foram muitas, sabemos. Alguma é especial?

Hermeto - Já recebi convites pra tocar com Tom Jobim, John Lennon, Elis Regina e Roberto Carlos. O encontro com Miles Davis ficou marcado, fizemos amizade, até lutei com ele num ringue que tinha em sua casa, ele me chamava de

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“albino louco”. Foi tudo muito espiritual, eu não falava inglês, nem ele português, era tudo no olhar, eu tocava meu piano e ele o seu trompete. Gravei duas músicas que saíram no álbum dele. Foi uma coisa de alma.

OUSH - Hermeto já fez uma música para cada dia do ano, o que demonstra uma capacidade de produzir incrível. Como busca manter esse ritmo de criação? Como Hermeto se atualiza, se revigora, se reinventa?

Hermeto - Minha inspiração não para e é natural! É como respirar! Já tenho umas seis mil músicas. Pego o caderno e não forço nada, espero chegar algo, é assim que funciona. O segredo é fazer o que gosta, amo o que faço, a música me carrega. Parece mentira, mas minha cabeça tá mais doida do que quando era jovem. Mais rápida. Como posso parar se sinto tudo isso ainda? Eu tô ótimo, tomo meu vinho, e só, antes de tocar e não vou ao médico, até penso, mas não vou.

OUSH - Como conheceu Aline Morena? O que ela tem de Hermeto? É a versão feminina mais aproximada do músico? O duo “Chimarrão com Rapadura” é a mistura perfeita?

Hermeto - Nos conhecemos num workshop em Londrina. Perguntei quem tinha coragem de fazer um som comigo e ela subiu. Estava com uma chaleira e um cano de construção. Não enxerguei direito, pensei que era uma arma, me assustei. Tocamos Montreux e convidei ela pra uma canja no show do grupo no dia seguinte em Maringá. Isso há doze anos! De Hermeto, Aline tem a semelhança de Deus que todos temos! Ela é diferente, extremamente musical, tem uma voz incrível e pode tocar o que quiser! O duo é uma mistura maravilhosa, mas não há nada perfeito neste mundo.

OUSH - O que Hermeto ainda deseja fazer que não o fez. Um dueto, uma experiência instrumental, o lançamento do disco de forró que todos tanto esperam e que esperamos que seja em Alagoas? Qual o principal desejo musical de Hermeto hoje?

Hermeto - Estou preparando uma exposição com as musicas que componho nos mais diversos materiais: pratos, telas de desenho, xícara, sacolas de papel... Quero continuar tocando com minhas formações e quero gravar um DVD com meu grupo. Espero realizar tudo isso em breve. Quero alugar um helicóptero também, pra jogar todas as minhas músicas inéditas de lá de cima, como folhas.

OUSH - E quando não está fazendo música? O que Hermeto gosta de fazer? Possui algum hobby não relacionado com música? Quando se desliga dela? Isso é possível?

Hermeto - Tem música em tudo o que faço! A música está em todos os lugares, em todas as coisas, em todos os contextos.

OUSH - Hermeto Pascoal por Hermeto Pascoal? Hermeto - Hermeto é um ser completamente intuitivo que veio para o mundo pra fazer música.

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LailaCarneiro

Para que serve a

comunicação? Upgrade

Nunca foi tão fácil se comunicar. Mas a praticidade não é sinônimo de entendimento, nem tão pouco substitui alguns dos prazeres à moda antiga.

Sendo a comunicação o conjunto desses dispositivos de transporte, há uma questão que se impõe: “Mas para transportar o quê?” A resposta é simples, evidente e essencial: os dispositivos de comunicação servem para transportar a palavra humana. Transportar pensamentos, otimizar tempo, fazer presente, aparecer. Os meios promovem conexão instantânea com outras pessoas em tempo real, facilita os negócios sem preocupar-se com o deslocamento, reduzindo custos, permitindo novas descobertas e troca de informações em prol de um objetivo comum.

A omnipresença da comunicação provoca um efeito paradoxal: já não basta ‘’saber fazer bem’’, agora é preciso ‘’ser-se bem conhecido’’ por fazer bem aquilo que se faz. De outro modo, desaparece-se. Ninguém nos procura. A falta de visibilidade é uma sentença de morte. Ou seja, hoje não existem profissões, artes, ofícios, organizações, hierarquias ou sistemas que não sejam afetados pela comunicação. Nunca, no passado, a comunicação à distância, por sobre fronteiras, monte e vales, foi tão imensa e diversificada. Nunca, em épocas anteriores, existiu uma noção tão clara, em som e imagem, das aparências e dos gostos alheios, daqueles que não partilham a nossa língua, cultura ou visão do mundo. Estas são questões novas, que nos forçam a uma interrogação funda sobre a pertinência e a exclusividade dos nossos modos de vida, sobre a organização social e o relacionamento mútuo, que levam, inevitavelmente, a que

Imagens Divulgação

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“A comunicação é um caso particular do transporte”, afirmou Robert Escarpit, um dos fundadores, nos anos 70 do século XX, da Sociedade Francesa das Ciências da Informação e da Comunicação. O mundo da comunicação é, portanto, o dos telefones, das redes sociais, dos livros, dos jornais e da televisão. Da facilidade.

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nos imaginemos no lugar dos outros, a que comparemos e queiramos viver as mesmas situações. Imitar os outros, competir ou querer ultrapassá-los são as fontes básicas de onde derivam as atividades de inovação. Novas relações, novos comportamentos, nova comunicação, novas atitudes – boas e ruins. O novo só se faz com confiança no futuro e no papel das novas gerações. O processo de mudança social possui sempre uma componente de aprendizagem, isto é, de adaptação a essa mudança. É esta última que capacita a sociedade a usar a inovação e a torná-la sua, a assimilá-la, para, sobre esse novo patamar de funcionamento e de eficiência, ser capaz de iniciar um novo processo de transformação e uma nova aprendizagem. E assim sucessivamente. Sem aprender, qualquer sociedade é incapaz de se renovar, porque não assume completamente o patamar técnico dos equipamentos de que dispõe. E parte, portanto, descapitalizada quer em termos físicos, quer humanos, para os novos processos de mudança. Ou seja, vai criando e perpetuando um “atraso”, atraso que a partir de certo momento os privilegiados desse país começam a assumir como atávico e “natural”. Porque é a melhor maneira de não verem contestados os seus privilégios. O desenvolvimento demora tempo. Nos processos de transformação há povos que são capazes de melhor se transformar socialmente do que os outros, não só porque as inovações tecnológicas são neles produzidas e se difundem mais rapidamente, mas também porque conseguem aprender mais depressa — fruto, talvez, de uma adaptação bem assumida a sucessivas transformações passadas.

Velhos hábitos A boa conversa ainda é um exemplo de boa comunicação sem o uso dos infinitos filtros da tecnologia.

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Por este motivo o sistema de educação-formação é essencial para o mundo moderno. Atacá-lo sob qualquer forma é regredir sem alma e sem remissão. A identidade só se defende conhecendo, apreendendo os contornos e os detalhes da realidade, antecipando as transformações do mundo em que vivemos. Outro aspecto que tem contribuído muito com as empresas e com as pessoas são as redes sociais. Uma rede social é uma estrutura social composta por pessoas ou organizações, conectadas por um ou vários tipos de relações, que partilham valores e objetivos comuns. Uma das características fundamentais na definição das redes é a sua abertura e porosidade, possibilitando relacionamentos horizontais e não hierárquicos entre os participantes. Redes não são, portanto, apenas uma outra forma de estrutura, mas quase uma não estrutura, no sentido de que parte de sua força está na habilidade de se fazer e desfazer rapidamente. Mas também há de se considerar algumas desvantagens do meio virtual, como por exemplo: a possível perda de alguns valores como solidariedade e afetividade, a provável quebra de laços de amizades (contato físico) e também a probabilidade da geração de mais desemprego, uma vez que, as máquinas, em determinados segmentos, estão substituindo os homens. Desta forma, devemos utilizá-los de forma coerente, otimizando o trabalho e o tempo. No entanto, cabe a cada um de nós, ter a sabedoria de não permitir que estes meios acabem por tomar conta de nossas vidas e, principalmente, impedir de nos relacionarmos com família e amigos.


Antes de

começar Por Greggory Wood Fotos Alen Barbosa

O “15 minute workout” é uma série de exercícios, com 15 minutos de duração, sem o uso de equipamentos, que você pode fazer em qualquer lugar para complementar a sua rotina de corrida ao ar livre. Ele vai ajudar o seu sistema a queimar calorias, perder gordura

Atividade Física

Conheça a série de exercícios que em apenas 15 minutos te deixará no pique certo para correr

É primavera e o verão está chegando! Esta é a época do ano em que podemos apreciar o contato com a natureza e sair um pouco da academia. E isso não significa esquecer o seu treinamento de força e se concentrar apenas no cardio. Não! É muito importante continuar com seu treinamento de resistência, plano de nutrição e manter o foco em seus objetivos de fitness. Existem várias máquinas que podem ajudá-lo a entrar em forma, mas há uma que é frequentemente esquecida: você! Seu corpo é a melhor peça de equipamento que você tem.

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Modelo Tatiana Paris

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e aumentar a sua energia. Desenvolvida para que você trabalhe todas as partes do corpo, ela também previne lesões e aumenta gradualmente a sua eficiência na execução de outras atividades como a corrida, ajudando também a manter o seu sistema interligado de músculos, ossos e ligamentos em sua melhor forma, o que lhe permite fazer tudo melhor: respirar, ter mais energia, ser mais feliz, correr mais rápido; melhorando as atividades normais diárias e te fazendo sorrir com mais frequência. Esta rotina é chamada de formação complexa, que combina um movimento de força com um movimento rápido ou explosivo. Este movimento “um-dois” é muito eficaz porque exige que seus músculos trabalhem mais. Essa sequência visa trabalhar intensamente os músculos, o que significa que seu corpo tem que usar ainda mais fibras musculares para ter a força e energia para o movimento de pliometria. Este

método de treinamento te faz mais forte, mais rápido, e mais apto, aumentando também o seu metabolismo, o que lhe permite queimar mais calorias durante e após o treino. Em Maceió não faltam opções para uma boa corrida. O ideal é escolher bem o ponto de partida e começar com esse treino de 15 minutos simples, mais eficaz, antes da execução da sua corrida. Tente criar uma rotina de duas ou três corridas com treino inicial por semana. Para cada exercício, complete tantas repetições quanto possível em 30 segundos, indo de um movimento para o outro sem descanso. Em seguida, descanse 30 segundos e repita o circuito mais quatro vezes para um total de cinco rodadas. Realize os movimentos como um “fluxo” para aumentar a sua frequência cardíaca e queimar mais calorias a cada sessão. Motive-se para fazer mais repetições durante cada treino subsequente, mas nada de exageros iniciais, respeite, antes de tudo, seus limites.

15 minute workout

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Os exercícios Jumping Lunge

Squat e pontapé Em pé, com os pés na largura dos ombros, com as mãos atrás da cabeça e os cotovelos para os lados; dobre os joelhos e sente-se no ar, tanto o quanto você puder. Empurre o quadril para trás para começar, em seguida, chute frontal com perna esticada e pé flexionado. Repita, chutando com a perna esquerda, e continue alternando.

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Pliométrico Squat Jump Fique de pé com os pés ligeiramente mais afastados que a largura do seu quadril, como se fosse sentar em uma cadeira bem baixa. Estenda os braços na frente do corpo e na altura do ombro, sente-se e dobre os seus joelhos até que as coxas fiquem no mínimo paralelas ao chão. Fazendo pressão nos calcanhares, pegue impulso e salte. Pouse suavemente e imediatamente agache novamente. Faça 15 repetições.

Dê um passo a frente com o seu pé esquerdo e ajoelhe-se no ar. Salte assim que sentir segurança e estabilidade. Com os braços ajustados na frente do peito e dedos entrelaçados, mude a posição das suas pernas no ar, como uma tesoura. Ao chegar ao chão, ajoelhe-se no ar novamente, dessa vez com o pé direito servindo de apoio. Repita mais uma vez.

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Correndo parado

Atividade Física

Comece a correr no lugar levantando o joelho direito para tocar o cotovelo esquerdo. Concentre-se em levantar os joelhos tão alto quanto possível a um ângulo de 90º na frente do torso. Alterne com o joelho esquerdo ao cotovelo direito. Corra no lugar por 45 segundos, depois respire por 10 segundos. Faça três repetições.

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Tuck Jump

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Alpinista

Rotating Plank

Comece em uma posição de flexão, a mão sob seus ombros e as pernas estendidas para que seu corpo forme uma linha reta da cabeça aos calcanhares. Com as costas retas, dobre o seu joelho esquerdo em direção ao peito. Reverta rapidamente o movimento para regressar ao início, em seguida, repita com a perna direita. Faça 15 repetições.

Apoie o peso do corpo sob antebraços e dedos dos pés. Enrijeça o abdômen e segure por 45 segundos. Gire o tronco para a direita e levante o seu braço direito para cima durante 45 segundos. Retorne para a posição inicial e a mantenha por mais 45 segundos. Execute a mesma ação na posição contrária. Repita o processo mais uma vez.

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Posicione os pés ligeiramente mais afastados do que a largura dos seus ombros e dobre os joelhos. Em um movimento bastante explosivo, salte tão alto de modo que consiga dobrar os joelhos em direção ao peito. Pouse suavemente e faça uma pausa para repor a sua posição. Repita mais uma vez.

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Barco e Meio Barco

Cross-Body Alpinista

Sente-se ereto na grama, então se incline para trás, estendendo os braços esticados na sua frente. Levante as pernas juntas do chão. Mantenha a posição por três respirações, então abaixe suas costas e pernas em direção ao chão, sem deixálos tocar a grama. Mantenha a posição por três respirações. Volte à posição inicial e repita 10 vezes.

Comece em posição de flexão com os braços retos. Traga o seu joelho direito em direção ao seu cotovelo esquerdo, volte ao início e, em seguida, traga o seu joelho esquerdo para o seu cotovelo direito. Continue alternando as pernas em ritmo acelerado. Faça o movimento quatro vezes para cada lado. Uma revista com a cara do Nordeste


Unidade Ponta Verde

Rua Hélio Pradines, 1055 - Ponta Verde - Maceió/AL | Tel 82 3327.7690

Unidade Pajuçara

Rua Engº Mário de Gusmão, 143 - Pajuçara - Maceió/AL | Tel 82 3436.3634

FITNESS & WELLNESS

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Horários de Funcionamento

Segunda a Sexta, das 05h 30 às 22h | Sábado, das 08h às 12h


Sua arte é a sua

inspiração Por Greggory Wood Fotos Alen Barbosa

Artista americana ensina que a maior das artes é descobrir e seguir a sua vocação No coração do Distrito das Artes de Los Angeles esconde-se uma joia preciosa. Um lugar muito especial e cheio de arte. Você não conseguirá avistá-lo ao caminhar casualmente pelas ruas, precisará saber o que procura e onde procurar, e uma vez que encontre esse lugar, conhecido como Korpus School of Art, terá também encontrado a excepcional artista e mestra Rebecca Kimmel.

Um estilo que mistura arte, euforia e muito trabalho. Rebecca é formada pela tradicional e prestigiada Art Center College of Design em Pasadena, na Califórnia, e frequentou a Universidade de Washington em St. Louis, no Missouri, antes de se mudar em definitivo para a Califórnia pela arte e por um melhor sushi. Na Korpus School of Art ela ensina arte as futuras gerações de artistas e os auxilia na elaboração de seus portfólios, desenho de figura, pintura a óleo e pintura digital usando o Photoshop. Aos alunos em preparo de portfolio na Korpus, já foram oferecidos pelas grandes universidades do país, desde 2010, aproximadamente quatro milhões de dólares em bolsas de estudo. Rebecca sempre amou e praticou arte desde muito pequena. Quando finalmente conseguiu segurar um lápis não restava dúvida, ficou muito claro que ela abraçaria a vida artística. Enquanto frequentou a escola de arte teve contato com alguns grandes professores que a inspiraram a querer ensinar. Ela sempre pensou que seria uma professora de desenho

Artes visuais

Rebecca é a versão mais americanizada de um coreano que você possa imaginar. Cresceu no nordeste americano, na zona rural de Maryland, passando também curtos períodos de sua vida no Arkansa e na Carolina do Norte. Nascida na Coreia do Sul, Rebecca veio para a América e nessa transição inicial de mundos descobriu a batata frita e a liberdade. De acordo com Rebecca, seus pais continuam desapontados com a sua falta de interesse em matemática, porém, hoje

compreendem e aceitam seu estilo de vida.

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de figura, mas isso não aconteceu imediatamente após sua formatura, mesmo que o Art Center College of Design tenha tentado contratá-la. Essa é uma incrível história do destino. Naquela época não havia telefones celulares e ela perdeu de receber esse importante telefonema por parte do Art Center College of Design enquanto estava de férias. Como resultado, começou a desenhar modelos vivos muitos anos depois de se formar na faculdade e, em 2007, chegou em Los Angeles e imediatamente começou a ter valiosas experiências de ensino em uma variedade de diferentes níveis. Rebecca aprendeu tudo o que precisava com essas experiências ao longo dos anos e tem sintetizado isso na forma como ela ensina seus alunos na Korpus School of Art + Gallery. A escola abriu as suas portas aos estudantes em maio de 2011 e tem realizado aulas desde o primeiro dia. Por que você decidiu criar uma escola de arte? Nunca, em milhões de anos, eu pensava que abriria uma escola de arte ou mesmo um pequeno estúdio de ensino!

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Meus pais tinham empregos no governo e eu sempre pensei que esse era o trabalho que eu teria, mesmo sabendo que eu era uma artista não tinha noção do que seria ter que ganhar a vida como artista. Criei a Korpus organicamente e por acaso. Em 1999 eu morava em Santa Mônica e ao dirigir para casa, depois de assistir a uma oficina de desenho, me envolvi em um grave acidente de carro. Por sorte não me feri, mas o acidente me fez reavaliar as minhas prioridades na vida. Nesse momento decisivo eu entendi que a vida era curta e que se eu tivesse realmente que levar a vida como artista, deveria apenas “fazer isso”. Imediatamente mudei para o Distrito das Artes no centro de Los Angeles e comecei a dar aulas no meu loft. Descobri que eu tinha uma grande habilidade de trabalhar com os alunos e ajudá-los a preparar portfólios para entrada em faculdades de arte, ajudando-os assim a receber ofertas de bolsas de estudo. A partir de então, foram oferecidas para alguns dos meus alunos particulares bolsas de estudo por parte de grandes escolas de arte e eu sabia que estava contribuindo


Base para o futuro Rebecca ajuda a alunos como Raleigh Ghent a criarem um portfólio e ganharem bolsas de estudo

com alguma coisa importante para o processo. Desde então a Korpus tornou-se um lugar especial de aprendizagem e desenvolvimento. O loft tem o piso de concreto e uma vista espetacular para o horizonte de Downtown. A Korpus é a coisa mais gratificante que eu fiz até agora na minha vida e do que eu tenho mais orgulho. Qual é o perfil de seus alunos?

Artes visuais

Estudantes Korpus são principalmente “Alunos de nível colegial em preparação para as universidades de arte”. Eles criam e desenvolvem peças para apresentar e ganhar a admissão em universidades competitivas, com programas de arte. Muitas vezes as pessoas se confundem e pensam que a Korpus é uma escola que oferece bolsas de estudo. Na verdade nós somos um estúdio que ajuda os alunos a desenvolverem os seus portfólios e os enviem para as universidades que oferecem bolsas de estudos. Essas escolas são altamente competitivas. Temos alunos de 13 anos e também adultos, e nem todos em nossas aulas estão desenvolvendo um portfólio para a faculdade, vários estão buscando arte só para se divertir, que é uma das melhores razões para ter uma aula de arte.

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Em um mundo globalizado, onde tudo é instantâneo e imediato, diga-nos como essa velocidade de informação interfere no processo criativo do artista e como você “artista” lida com isso? Eu sinto fortemente que hoje é um dos melhores momentos para o artista porque a informação e o acesso às ideias e pessoas é tão instantânea. Houve um enorme movimento artístico e as pessoas agora percebem como muitas outras pessoas ao redor do mundo compartilham de seus interesses artísticos. Em termos de funcionamento de uma escola de arte em um mundo globalizado, eu acho que há interesse em arte em todo o mundo e a minha escola é apenas uma manifestação desse interesse pela arte que é tão onipresente. O que você pensa sobre a arte digital? Eu amo e admiro a arte digital! Tem sido incrível ver a proliferação de arte digital em 2D e 3D ao longo dos anos. Enquanto eu sou essencialmente uma artista tradicional, ensino também Digital Master Copies, que se trata de uma aula que eu criei para permitir aos alunos a oportunidade de aprender a pintar no Photoshop, copiando obras-primas que utilizam Cintiqs. As pessoas veem o trabalho terminado e ficam confusas porque muitas vezes o trabalho dos alunos é

indistinguível da pintura original de Rubens, ou Michelangelo, ou outro grande mestre. As pessoas pensam erroneamente que esse é um processo fácil, porque eles acreditam que os alunos estão “traçando” a referência original. No entanto, tudo é inteiramente pintado a partir do zero. Que tipo de mensagem que você tem em mente quando você está orientando seus alunos? A mensagem consistente que tenho para os meus alunos é: “Trabalhe duro. Receba uma bolsa. Evite Dívida”. Sou apaixonada por alunos que não acumulam dívida porque as faculdades privadas de arte nos Estados Unidos são muito, muito caras. Se a escola não está disposta a oferecer uma bolsa de estudos ao aluno com base em seu portfólio, eu acredito que o aluno não está preparado para atender a uma faculdade de arte privada. Eu acredito que os alunos devem ser financeiramente e emocionalmente estruturados. O caminho para a faculdade é diferente para todos. No mundo real, os alunos e seus pais devem olhar para si mesmos e se preparar ao máximo antes de tomar emprestado mais dinheiro do que podem pagar para custear uma vida acadêmica. Felizmente, existem pequenos programas como o nosso que podem ajudar no desenvolvimento dos alunos em qualquer campo que escolham, afim de atrair dinheiro das bolsas de estudo e fazer a faculdade com mais acessibilidade. Quem te inspira e por quê? Meus alunos me inspiram! Eles ainda são jovens e têm uma relação pura com a arte. Se eles estão interessados em algo artístico, apenas o perseguem. Existem tantos artistas cujo o trabalho eu vejo e que me inspira, há muitos para citar. Você estaria interessada em ensinar desenho para as pessoas em outros países, como o Brasil? Eu absolutamente amo essa ideia! Existe algum conselho que você gostaria de compartilhar com essa nova geração de artistas que esta surgindo? Trabalhe duro. Siga suas paixões. O que eles sempre nos dirão na escola de arte é: “Siga seus sonhos e o dinheiro vai lhe seguir”. O que eles não nos dizem é que o dinheiro nos segue geralmente depois de um longo período de tempo. Dinheiro não é tudo e eu ficaria deprimida, e morreria, sem arte. Espero que se a arte é uma parte de você, você a assuma. Não se transforme em uma pessoa deprimida por negar uma fonte essencial de sua humanidade. Uma revista com a cara do Nordeste


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LauraCavazzani

Posso me exercitar? Estou grávida! Adeus academia? O seu corpo muda e os exercícios também, mas nada de sedentarismo. A gravidez é um período fascinante, em que a forma e as necessidades do seu corpo mudam constantemente à medida que a gestação avança.

Mente sã corpo são

Cada mulher vivência a gravidez de um modo absolutamente diferente, mas as mudanças que ocorrem durante esses nove meses são ativadas por grandes alterações de origem hormonal. Essas alterações geram novas e diferentes demandas sobre os seus músculos e articulações, sendo fundamental adaptar a rotina de exercícios de acordo com as mudanças.

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Eis então que surgem várias dúvidas e questionamentos quando falamos em exercício físico e gestação. Vamos abordar aqui algumas questões já que entender as mudanças que estão acontecendo é muito importante. Entender as mudanças do seu corpo é o primeiro passo importante (página ao lado), para depois decidir as atividades que poderão permanecer ativas durante toda a gestação. Os exercícios vão, necessariamente, auxiliar para que o parto seja mais fácil, contribuindo de várias maneiras: melhorando a circulação sanguínea, ampliando o equilíbrio muscular, reduzindo o inchaço, aliviando os desconfortos intestinais, diminuindo câimbras nas pernas, fortalecendo a musculatura abdominal e facilitando a recuperação pós-parto. E o que é necessário para praticar exercício físico durante a gestação? Antes de qualquer coisa você deve buscar uma prescrição médica. Para qualquer atividade física com gestantes são necessárias sempre as prescrições e avaliações médicas, sem isso o profissional estará sujeito a correr riscos desnecessários. O médico deverá especificar as atividades que a gestante não deve executar e a intensidade ideal para o trabalho. As atividades mais indicadas são: Pilates, Caminhada, musculação e hidroginástica. Não se deve ter como objetivo o aumento do condicionamento físico, pois com a gestante ocorre exatamente o inverso: sua resistência inicial tende a diminuir. O ideal é não aumentar a atividade física ou mantê-la desenvolvida como antes de engravidar, não comece a fazer atividades físicas ao ficar grávida. Uma revista com a cara do Nordeste


Aumento do volume sanguíneo Seu corpo mudando precisa produzir mais sangue e ao final da gestação seu volume sanguíneo cresce em 30-40%. Seu coração precisa trabalhar mais para bombear sangue pelo seu corpo, pela placenta e pelo corpo do bebê.

Circulação

O que muda no meu corpo

Alterações hormonais também podem afetar as válvulas em suas veias que normalmente previnem o refluxo do sangue. Isso, às vezes, pode ocasionar veias varicosas e/ou hemorroidas. Seu ganho de peso e volume sanguíneo aumentado exacerbam essas condições.

Separação dos músculos abdominais À medida que seu bebê cresce, seu útero se expande e os músculo do abdômen se alongam. O músculo reto do abdômen se estira e se separa, a fim de permitir essa expansão. Essa separação é chamada “diástase dos retos do abdômen” e ocorre em cerca de dois terços das gestantes. Se você passar por essa separação do músculo reto do abdômen, não execute nenhum exercício tradicional de flexão, já que não há mais apoio suficiente para as vísceras abdominais e para o útero.

Imagem Divulgaçãio

Hormônios

Assoalho pélvico

O estrogênio e a progesterona são os principais hormônios responsáveis pela criação das condições perfeitas para a gravidez e crescimento do seu bebê. Outro hormônio que se apresenta elevado é a relaxina, que proporciona maior mobilidade aos ligamentos, permitindo a estabilidade das articulações. As articulações que conectam os ossos da pelve tornam-se mais frouxas e alongadas, preparando-a para o parto.

É importante concentrar os exercícios na força e estabilização da musculatura postural. Seu assoalho pélvico forma uma parte do conjunto osteomiarticular responsável pela estabilidade, ajudando a apoiar o útero em crescimento, e deve permanecer forte e elástico para enfrentar as exigências da gravidez e do trabalho de parto. Um assoalho pélvico saudável: melhora a capacidade de estirar e relaxar com mais facilidade durante o parto, melhora a circulação para a região pélvica e promove a rápida recuperação e cicatrização, além de auxiliar na reconposição da qualidade muscular pós-parto.

Separação da Sínfise Púbica A sínfise púbica une os ossos púbicos na frente da pelve, formando uma proteção cartilaginosa que exerce um papel importante para ajudar a estabilizar a pelve. Em preparação para o parto, sua pelve muda de forma, enquanto o hormônio relaxina permite que a articulação se torne frouxa e se separe, facilitando a expansão necessária para a passagem do bebê pelo canal do parto. Você deve evitar quaisquer atividades que causem dor nessa área. www.OUSHBrasil.com.br

Cuidados com a Postura Uma das primeiras coisas que você percebe, à medida que a gravidez avança, é uma alteração na postura. Durante a gestação, o aumento de peso, tamanho e carga que você leva na frente do seu corpo contribuem para causar sobrecarga em sua região lombar inferior.

Retenção Hídrica Os níveis do fluxo linfático, líquido aminiótico e água para todos os tecidos do corpo aumentam durante a gestação. Exercícios regulares ajudam a prevenir o acúmulo hídrico decorrente de condições como retenção hídrica e inchaço (edema). A sensação de cansaço, dores de cabeça, letargia e dificuldade de concentração são causadas, com frequência, pela deficiência É essencial beber pelo menos oito copos de água por dia, e até 12 copos se você se exercita, para garantir uma boa hidratação.

Sistema Digestório Um dos primeiros sintomas desagradáveis da gravidez pode ser a náusea, ou vômito, que geralmente diminui ou cessa completamente no meio do período da gravidez.

Aumento das mamas Na gravidez, suas mamas aumentam e mais pesadas acrescentam sobrecarga de peso à parte superior do corpo, estimulando o encurvamento dos ombros e uma postura relaxada.


Os exercícios

Os exercícios devem incluir a combinação de atividades aeróbias envolvendo grandes grupamentos musculares e atividades que desenvolvam força de determinados músculos. Realize exercícios que não levem a fadiga, com duração de no Máximo 30 minutos de atividade vigorosa, sempre entre 50% e 70% da capacidade máxima da gestante. Durante a atividade física com as gestantes, o cuidado para não cansá-la deve ser uma preocupação constante.

tendência de arredondamento da região torácica superior e dos ombros, assim, inclua exercícios que fortaleçam os músculos das costas.

É importante evitar o aumento na temperatura corporal (evitando lugares muito quentes e água no máximo a 32 graus no inverno). Durante a atividade física, a temperatura do corpo tende a subir e se o ambiente ou a água estiverem muito quentes poderá ocorrer uma hipertermia (excesso de calor).

- Em qualquer exercício, não passe mais de três minutos deitada de costas. Não é recomendável deitar-se na horizontal sem nenhum suporte por períodos prolongados, o que pode causar compressão da veia cava e comprometimento da circulação. O ideal é deitar-se de lado, sobre o lado esquerdo, ou deitar-se de costas com o tronco elevado, sobre dois travesseiros);

Realize as atividades de 2 a 3 vezes por semana, no mínimo, com duração de no máximo 90 minutos. Evite exercícios em que haja riscos comprovados pelo obstetra responsável. Por isso, a necessidade da prescrição médica já mencionada. Nas prescrições iniciais de exercício aeróbio devem ser incluídas, no mínimo, três sessões semanais, com dias intercalados de exercício, cada uma com duração de 30 a 45 minutos. A intensidade de exercícios empregadas deve manter uma média estável da freqüência cardíaca numa faixa de 130 a 150 batimentos por minuto. A freqüência mínima é de três vezes na semana e com programação em diferentes atividades, duração e intensidade. Atividades onde existam contato físico e chances de queda são desaconselhadas.

Do primeiro ao terceiro mês - Pratique exercícios para o assoalho pélvico todos os dias; - Preste atenção à sua técnica e à sua postura. Pense sempre na qualidade do movimento; - Com o aumento das mamas, haverá uma

- É importante fortalecer e deliniar seus braços e ombros, em preparação para segurar, levantar e carregar seu bebê. - Se algo lhe parecer desconfortável, pare!

De quatro a seis meses

- interrompa os exercícios realizados de bruços porque serão desconfortáveis a partir de agora; - Pratique seus exercícios para o assoalho pélvico todos os dias; - O aumento do seu ventre exigirá um apoio maior por seus músculos abdominais. Contraia a musculatura abdominal regularmente, mesmo quando estiver caminhando ou na fila do supermercado. Sinta seus músculos abdominais envolvendo e levantando seu bebê.

De sete a nove meses - Faça exercícios que promovam melhora na circulação; - Alongamentos para os músculos da panturrilha são ótimos e ajudam a prevenir câimbras; - Evite exercícios consecutivos em pé ou manter alongamentos por tempo maior que o recomendado em cada posição; - Se algo doer, Pare! Este é o modo do seu corpo dizer que algo está errado.

Após o Parto Uma questão importante para a mulher interessada em continuar um programa de exercício após a concepção é quanto tempo deve esperar para iniciá-lo. Devido ao grande estresse fisiológico e psicológico do parto e às mudanças hormonais que a ele se seguem, geralmente recomenda-se que os exercícios intensos não sejam realizados antes de duas semanas após o parto, quando normal, ou 40 dias, nos casos de cesariana. Antes de tudo, sempre converse com o seu médico porque cada caso é um caso. Costuma-se liberar caminhada, corrida, musculação leve, abdominal, alogamento, ioga e Pilates, se não houver complicações do parto. Já depois da cesariana, que tem recuperação lenta, opte por atividades físicas leves e que não forcem muito a musculatura abdominal, como caminhadas leves a moderadas, alogamento de braços e pernas. Entre 40 e 60 dias do parto cesáreo, dependendo da recuperação de cada paciente, pode-se voltar às demais atividades, como corrida, musculação, pilates, ioga e ginástica localizada. Tanto no parto normal como na cesárea não se deve iniciar esportes na água (natação ou hidroginástica) antes da liberação do obstetra, que será ao redor de 30 a 45 dias após o parto, quando o colo uterino já estará bem fechado, evitando o risco de infecções. Para ambos os tipos de parto, após o período de repouso recomendado, é interessante conseguir combinar atividades aeróbicas com atividades que alonguem e tonifiquem a musculatura abdominal, pois quanto mais cedo se começa a trabalhar a região abdominal maior a chance de que a barriguinha volte para o lugar. Sem sombra de dúvidas o exercício físico bem orientado traz vários benefícios tanto para a saúde materna, quanto para o feto. É imprescindível o acompanhamento de um médico especialista para avaliar possíveis riscos e de um profissional de educação física para a elaboração de um programa adequado. Mantenha sempre em forma, com e sem barriga. Uma revista com a cara do Nordeste


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JulianaAlmeida

Temperos e marinadas O segredo para tornar uma receita fora do comum está na escolha certa dos temperos. Com eles, o simples e tradicional pode se transformar em ousado e sofisticado. Movimentando um comércio mundial, elas são diversas e vão das tradicionais e carimbadas salsa, coentro, orégano e pimenta; as mais pitorescas manjericão, hortelã, açafrão, tomilho, endro e erva doce. Já as marinadas, incluem sempre um elemento ácido, como o vinho ou vinagre; além dos elementos aromáticos.

Original e milenar, isso já era feito para preservação dos alimentos. Acrescentando sabor, cor, textura e preservando a umidade; ervas, especiarias e condimentos se tornaram uma ferramenta poderosa na gastronomia. Utilizadas desde sempre, na cozinha doméstica ou profissional, atravessam gerações dentro de receitas de família e como personagens da culinária contemporânea.

Flexíveis a harmonizações, elas nos enchem de criatividade e não conhecem limites. São quase que obrigatórias na execução de um bom prato. Seja por seu sabor forte, seu aroma irresistível, sua cor sedutora, seu toque exótico ou finalização inusitada, os temperos e marinadas fazem parte da essência da boa cozinha e juntos representam uma verdadeira alquimia de sabores.

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Coisas de cozinha

Entre as formas mais simples de compor dentro da culinária, nada mais interessante que se entregar ao universo dos temperos. Sabores de todas as partes do mundo complementam a percepção do paladar. Com certeza, um bom tempero pode ser vital dentro da cozinha e os segredos de um bom preparo podem fazer toda a diferença!

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Temperinho de coentro INGREDIENTES 2 colheres de óleo de gergelim 5 colheres de sopa de coentro picado 2 colheres de sopa de shoyo 3 colheres de vinagre de vinho tinto 50g gengibre ralado 1 colher de sopa rasa de açúcar demerara

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PREPARO Não há segredo. Mais simples impossível! Bata tudo em um processador até ficar homogêneo. Use em salada de folhas ou numa massa fria.


Imagens Divulgação

Jovens velhos heróis

Por Antonio Maria do Vale

Séries de TV recuam no tempo e contam a origem de vilões e heróis dos quadrinhos

Cinema & TV

Se você ainda não viu a série, dificilmente saberá quem é o ainda jovem candidato a super-herói. A elegância ele herdou dos pais e a classe se tornou rotina desde cedo na vida de Bruce Wayne. Em muitas versões o jovem herdeiro bilionário de Gotham City até aparece, mas nada que ultrapasse a famosa cena do assassinato de seus pais. Dali em diante, sempre o apagão do que haveria acontecido durante os anos que o levaram a tornar-se um dos maiores super-heróis de todos os tempos, Batman.

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Esse período oculto de muitos super-heróis tem sido a aposta de produtoras como a Warner e séries de TV têm conquistado grande audiência com um novo formato para as histórias, até então, iniciadas já na fase adulta desses defensores da justiça. Depois de Superman e as peripécias das descobertas de Clark Kent no início do filme de 1978, que seguiu com a fase jovial na série Smalville, muito pouco fora produzido em relação a outros personagens. Mas isto mudou e não faltam opções para entender mais a fundo a biografia de quem se esconde atrás de máscaras e superpoderes. A sensação do momento fica por Gotham, série que em sua primeira temporada passeia por uma cidade mergulhada no mundo da corrupção e do crime. Sem o medo que virá a ser criado pela figura de Batman e com a morte dos Wayne, a metrópole este em caos e negócios e política se misturam num jogo sujo e sem escrúpulos. Todos possuem um preço, e para os que não o tem, um trágico fim os esperam, com exceção do astro principal da série. E nada de Homem Morcego, quem afronta o sistema é o ainda detetive da polícia, James Gordon, único a lidar com criminosos, se bem que, como todos os outros personagens da série, de modo ainda perdido, estando numa posição de dúvida. Mas ele já tem uma certeza: é preciso fazer algo em prol do que é certo.

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Interpretado por Ben Mckenzie, o eterno Ryan de The O.C., Gordon decide buscar justiça passando por cima das “leis” de Gotham e tem como principal objetivo desvendar o assassinato dos Wayne, iniciando a amizade com Bruce Wayne, já consolidada nos filmes. Bruce ainda não é sombra do Batman, mas na série é possível entender como e por que se tornou um super-herói tão fantástico. David Mazouz, jovem ator de 13 anos que interpreta o jovem bilionário, traduziu em poucas palavras como Bruce se sente a época: “ele tem raiva. Muita raiva. Voltem aos 12 anos. Imaginem como é perder os pais?”. A dupla de defensores da justiça tem a companhia do

icônico mordomo Alfred Pennyworth, interpretado pelo ator Sean Pertwee, que passa a cuidar de Bruce após a morte dos patrões Martha e Thomas Wayne. Um dos fatos mais curiosos da série é que, além de personagens novos, como o parceiro de Gordon, Harvey Bullock, e os vilões Carmine Falcone, Fish Mooney e Maroni; ela traz, reunidos todos de uma só vez, Pinguim, Mulhergato e Charada, todos se descobrindo como mocinhos ou bandidos. Tudo é bem diferente do imaginário fixado até então em relação a mitologia tradicional de Batman, que completou 75 anos em 2014.

Selina Kyle

Edward Nygma Alfred Pennyworth Fish Mooney

Oswald Cobblepot

Harvey Bullock

James Gordon

Volta ao passado Heróis e vilões de Gotham apresentam a história de Batman desde sua origem.

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Bruce Wayne


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Fato inusitado No primeiro episódio de Flash, Barry Allen procura Oliver Queen, que sugere o nome para o novo super-herói.

Edward Nygma, interpretado por Cory Michael Smith, é pouco explorado nos primeiros episódios, mas logo se revela nos detalhes como o futuro Charada. Na série, Nygma é um analista do departamento de polícia com um nível de inteligência incomum e sempre cheio de charadinhas. Curioso é que os arquirrivais de Batman ainda não se apresentam de tal forma, serão levados para o lado do mal pelas circunstâncias.

Cinema & TV

A atriz Camren Bicondova, de apenas 15 anos, interpreta Selina Kyle, mais tarde Mulher-gato. Nesta versão de Gotham, a menina é uma batedora de carteira que se mostra com trejeitos felinos ao se esconder ou andar sobre prédios e casas, como no primeiro capítulo, quando se torna testemunha ocular do assassinato dos Wayne. Assim como Edward, ainda não possui o apelido heróico, que fica nas entrelinhas dos personagem, diferente de Oswald Cobblepot, que de cara já se apresenta como o Pinguim.

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Interpretado por Robin Lord Taylor, Cobblepot é um daqueles personagens que começam como coadjuvante na trama e logo se torna o preferido dos telespectadores. É praticamente impossível não se apaixonar pelo vilão que adora uma confusão, um fofoqueiro nato na série. Bem diferente dos filmes, ele não é baixinho, nem tão pouco gordinho, ganhando o apelido, que começa odiando, por seu modo peculiar de caminhar. Ele ainda não se mostra como um grande vilão, ainda passeia entre eles, mas aos poucos sobe na hierarquia malvada com maestria, é fascinante acompanhar os acontecimentos que levam Pinguim a se tornar um dos mais famosos inimigos de Batman. E Gotham não é a única série que conta a história de superheróis e vilões desde a origem. O formato já apresenta-se na terceira temporada no caso de Arrow, live-action em torno da vida do jovem Oliver Queen, que é dado como morto após um naufrágio e que retorna cinco anos depois com dois propósitos: reconquistar a antiga namorada Laurel Lance e combater o crime na pele do super-herói Arqueiro Verde.

Tão recente quanto Gotham, Flash também está em sua primeira temporada e conta a história de Barry Allen, um funcionário da Polícia Científica que, ao sofrer um acidente, é banhado por produtos químicos e, logo em seguida, atingido por um raio. A consequência do desastre impôs ao jovem a capacidade de canalizar os poderes vindos do “Campo de Velocidade”, podendo se locomover em altíssimas velocidades. Com a tradicional máscara e uniforme vermelho, ele começa a usar suas habilidades para patrulhar Central City, combatendo a criminalidade ao mesmo tempo em que procura descobrir quem assassinou sua mãe. E parece que a receita tem dado certo e deixado os empresários da DC Comics muito empolgados. Segundo informações do site bleeding cool, a marca deverá apostar em mais séries derivadas da fase juvenil de dois grandes astros dos quadrinhos: Lanterna Verde e Superman (diferente do que se vê em Smalville). Tudo impulsionado pelas cifras e índices de audiência que seguem no vácuo das produções para o cinema, que continuam arrecadando bilhões. Batman é uma cartada de poucos riscos e suas adaptações confirmam o quanto é seguro investir no Homem Morcego. A franquia cinematográfica de Batman já rendeu cerca de 3,7 bilhões de dólares, ficando atrás apenas do Homem-Aranha, que está prestes a ultrapassar 4 bilhões de dólares. Posição que deve ser invertida em 2016, quando o lançamento de Batman Vs. Superman dará ao Cavaleiro das Trevas o primeiro lugar do ranking. E quer um último motivo para assistir a Gotham? Tudo indica que uma brasileira fará sua estreia na série no início de 2015. A atriz Morena Baccarin irá viver Leslie Thompkins, uma médica talentosa e dedicada, que era amiga de Thomas e Martha Wayne, determinada a usar suas habilidades para cuidar da população mais necessitada de Gotham City, entenda-se: trabalhando no recém-inaugurado asilo para criminosos com perturbações mentais Arkham. Uma personagem que pode se tornar fixa caso a trama ganhe sua segunda temporada.

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Desvendando museus

Fotos Antonio Maria do Vale

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Sala da Justiรงa

Por Antonio Maria do Vale

Visitamos mais um dos museus da capital alagoana, o Memorial Pontes de Miranda da Justiรงa do Trabalho

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Desvendar os museus de Maceió é uma tarefa cheia de boas surpresas. Espalhados pela cidade, eles são inúmeros e quanto mais escondidos se encontram, maiores são as riquezas, curiosidades e histórias que preservam. Definir a próxima visita é sempre uma escolha difícil, tamanha a disparidade de acervos que possuem, um mais atrativo que o outro diante das abordagens peculiares que apresentam a seus visitantes. A descoberta quase sempre é surpreendente, desbravar o oculto e conhecer o novo logo se torna um hábito, um vício na verdade.

Raridades Peças originais de época são alguns dos atrativos do Memorial

Instalado no prédio do Tribunal Regional do Trabalho de Maceió, o Memorial Pontes de Miranda é uma dessas gratas surpresas. Com localização inesperada e desconhecida pela maioria dos maceioenses, o espaço não é dedicado, única e exclusivamente, como pode parecer, ao famoso jurista alagoano, que na verdade é homenageado, tendo ala dedicada a sua vida e obra e dando nome ao memorial. Com variações entre o antigo e o moderno, o lugar é dedicado à memória da justiça do trabalho de Alagoas e proporciona uma verdadeira viagem pela história jurídica do Estado. Criado durante a presidência do Desembargador Osani de Lavor, o memorial, que completou 20 anos em junho deste ano, foi o primeiro centro de memória da Justiça do Trabalho instalado no Brasil. A maior parte do acervo é composto por processos, fotos e objetos históricos que descrevem a trajetória da justiça trabalhista e sua atuação perante a sociedade alagoana. O curador do Memorial, Maximiliano Lemos, explica que a noção de memorial dedicado a personalidades históricas é resquício da ditadura militar, época em que a sociedade brasileira aprendeu a venerar “heróis” que, em verdade, eram apenas agentes sociais a serviço de movimentos políticos que transcendiam seus assim chamados “líderes”. Maximiliano conta ainda que, graças à visão da historiadora Carolina Pena, coordenadora do Memorial desde 2012, o museu pôde firmar parceria com a Universidade Federal de Alagoas – UFAL, dando início a uma inovadora pesquisa histórica sistemática no acervo da entidade. Firmado em outubro de 2012, o Termo de Cooperação entre o Tribunal Regional do Trabalho de Alagoas e a UFAL já tem colhido expressivos resultados. Com a parceria, o museu passou a contar com o apoio de dois estagiários graduandos em História, que se dedicam a pesquisa, conservação e catalogação de seu acervo, ambos remunerados pelo TRT/AL. Várias outras ações fazem parte da parceria, como uma pesquisa de iniciação científica com enfoque na História Social do Trabalho em Alagoas, coordenada pelo Prof. Dr. Osvaldo Maciel. Atualmente, o projeto conta com dois estagiários remunerados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, atuando no estudo e produção acadêmica centrados nos processos do Memorial. A pesquisa gerou a mudança da exposição do museu, que passou a enfatizar ofícios, profissões e relações sociais de trabalho, extraindo seu conteúdo da mais rica parte do acervo e superando a ultrapassada visão de que o espaço serve, exclusivamente, a preservação e exposição da vida e obra de Pontes de Miranda. Por fim, todas as quintas-feiras à tarde, a disciplina “Arquivos e Museus” tem sido ministrada no Memorial pela Profª. Drª. Irinéia Franco, o que tem promovido uma proveitosa

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interação dos graduandos em História com o conteúdo do acervo da Justiça do Trabalho de Alagoas. E se as atividades internas e o novo conceito de gerenciamento são os responsáveis pelo que se vê hoje no espaço, de fato os resultados se confirmam expressivos diante do que vemos e ouvimos ao visitar o Memorial Pontes de Miranda. Tivemos, durante todo o tour, a companhia da monitora Márcia Laurindo, estagiária do curso de História da UFAL, uma baiana que há seis anos está em Alagoas e que nos direcionou a um passeio histórico impecavelmente explicativo e cheio de curiosidades. Já na entrada, quatro grandes painéis apresentam a história inicial do trabalho no Brasil. O trabalho escravo é o principal destaque com informações referentes à escravidão não só de negros, como também de povos indígenas. A relação de trabalho que imperou no Brasil foi a escravocrata e engana-se quem acha que esta imposição era voltada apenas aos africanos que por aqui desembarcavam. Quem visita o Memorial, fica sabendo, por exemplo, que o então Governador-Geral do Brasil, em 1548, Tomé de Souza, estabeleceu normas que permitia castigar, e até matar, índios que não demonstrassem obediência à Coroa portuguesa. Com o passar do tempo, as leis abolicionistas surgiram em cascata e colocaram fim ao modelo de trabalho obrigatório e sem remuneração. Em 1850, a lei Eusébio de Queirós determinou o fim do tráfico de escravos no Brasil. Em 1871, a lei do Ventre Livre passou a considerar livre todos os filhos de

Inusitadas Lista de profissões em processos trabalhistas possuem atividades pra lá de curiosas

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escravos nascidos a partir de 28 de setembro daquele ano. E, em 1885, a lei dos Sexagenários tornava livres os escravos que completassem 60 anos, contanto que trabalhassem para seus senhores durante três anos ou até os 65 anos, numa espécie de indenização pela alforria concedida. Por fim, a lei Áurea. O momento pós-escravatura foi conturbado, o negro, livre, demorou a se reencontrar com a liberdade que desconhecia. Trabalhavam de maneira informal, produzindo o que sabiam, atividades ligadas principalmente ao artesanato e a culinária. Vieram os imigrantes e só com a chegada do século XX as leis trabalhistas passaram a ser desenhadas, todas fatiadas, geralmente por pressão da classe operária. Greves se tornaram uma constante e só em 1930, no governo de Getúlio Vargas, o Ministério do Trabalho, da Indústria e do Comércio, foi então criado. Interessante notar que o passeio nos remete não apenas a processos e embates travados em tribunais. Antes disso, através da discussão jurídica, podemos aprender muito sobre a história do Brasil de um ângulo social, acompanhando como o processo de construção das conquistas trabalhistas são um paralelo a própria construção da sociedade brasileira. Para quem se atenta aos detalhes, as imagens expostas no espaço também são um atrativo a parte, um prato cheio para quem, literalmente, “viaja” diante de registros fotográficos antigos, ressalte-se que, além dos digitais, muitos deles originais de época. E nosso tour segue para acrescentar que, além de imagens, o Memorial também possui vasto acervo de mobiliário, o que insere um elemento extra na relação visão e audição, tornando a visita tridimensional. Transporte-se, por exemplo, para salas de conciliação ou de antigos fóruns da justiça do trabalho, sinta-se reivindicando seus direitos, imagine-se em tal situação nos dois espaços formados por móveis e objetos de época, um remontando a Junta de Conciliação e Julgamento de Penedo e outro o Fórum Quintela Cavalcanti. Lembrando que tudo era bem diferente do que vemos hoje, as negociações eram mais simples, embora tão, ou mais, eficientes do que o atual complexo sistema judiciário. No começo do século passado, operários e patrões possuíam muitas dúvidas sempre que um acordo de trabalho era encerrado. As juntas serviam de auxílio para conciliação e julgamento, resolvendo estes problemas entre empregados e empregadores. Estes órgãos contribuíram de forma significativa com o Ministério do Trabalho, que no início enfrentou dificuldade para padronizar e pôr em prática um pacote de leis trabalhistas. Até a década de 50, não era necessário ser graduado em Direito para atuar na área. Era comum líderes sindicalistas ou pessoas com maior grau de instrução defenderem operários ou empregadores. Os processos eram todos escritos à mão e revisados por secretárias das Juntas, como as Sras. Moema e Laura, personagens do Memorial que guarda dezenas de objetos associados a este período de negociações mais olho no olho. E quando o assunto são os registros originais em exposição, chegamos ao ponto mais interessante do passeio histórico. São vários documentos originais de processos com as mais diversas reivindicações. Encontramos, por exemplo, o primeiro processo da 1ª Junta de Conciliação e Julgamento do Estado de Alagoas, protocolado em 1941, através do qual João Ferreira da Silva apresentou reclamação trabalhista contra

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Viagem no tempo Espaços remontam os antigos Fóruns e Juntas de Conciliação e Julgamento


Preservação histórica Aulas do curso de História da UFAL e acervo em exposição prezam pela memória trabalhista do estado de Alagoas

João Ataíde Filho, proprietário da Fábrica Apolo, por ter sido demitido sem justa causa e não ter recebido aviso prévio, férias e indenização por tempo de serviço. Após acordo entre as partes, no dia 14 de agosto de 1941, era paga a primeira ação trabalhista daquela Junta. Não faltam fatos curiosos, como o de Dário Tenório de Carvalho, que ajuizou ação contra Otacílio Simões, proprietário do Salão Veneza, uma barbearia na verdade, alegando ter sido dispensado sem justa causa e sem aviso prévio. O processo teve um desfecho inusitado, ambas as partes foram condenadas a pagar indenização. Dário, por ter abandonado o emprego e ter sido visto por testemunhas embriagado ou de cerveja ou aguardente a na mão; o valor referente ao aviso prévio, por ter abandonado o emprego. E Otacílio, o valor referente a duas férias, já que Dário era seu empregado, e não sócio, como tentou afirmar. Fato que não pode passar em branco é como o mercado de trabalho e, principalmente, as profissões mudaram. João Ferreira da Silva, citado no 1º processo de Maceió, era “estufeiro” e, posteriormente, ralador de coco. No Memorial, há inclusive uma parede inteira dedicada às profissões de todos aqueles que acionaram a Justiça do Trabalho em processos que fazem parte do acervo do museu. Um pequeno abre aspas para atividades como montador de carimbo, cosedor de saco, colcheiro, paginador, tirador de leite, carroceiro e parteira; dentre tantos outros citados no imenso mural.

O espaço também é bem sensorial, possui painéis explicativos e exposição de fotos em TV, ampliando as formas de interação entre os monitores e visitantes que, ao final do salão principal, encontram uma ala dedicada a todos os desembargadores que já presidiram o Tribunal Regional do Trabalho de Alagoas. Com destaque especial para o primeiro deles, o Juiz Francisco Osani de Lavor, que presidiu a casa de 1992 a 1996; e a Juíza Helena de Melo, primeira mulher a ser nomeada para o Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região, que presidiu a corte no biênio de 2000 a 2002. Seguindo a linha dos tribunais, logo ao lado estão as togas, expostas com detalhes que, para quem não possui relação com a área jurídica, passam despercebidos. Depois da visita ao Memorial, isso não mais ocorrerá já que conhecerá as pequenas diferenças entre cada uma delas. Uma beca pode ser ornamentada de diversas formas, pode ter torçal (uma cordinha trançada com fios de seda), borla (o pingente da cordinha em forma de campânula, como de cortinas), rosetas (botões paralelos na altura do peito) e alamares (quando as cordinhas cruzam o peito presas nos botões frontais). Também pode ter mangas bufantes, plissadas, drapeadas ou lisas. Nas costas, pode ser reta, ter elástico na altura do cóccix ou sobrepeliz nos ombros. O punho pode ter renda francesa ou sintética ou não ter nada. Pode-se usá-la sobre o terno, com um grosso cinto preto marcando a cintura ou aberta como uma capa. E após tanta informação, você nunca mais observará uma audiência como antes.

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Nos detalhes Espaço destinado a Pontes de Miranda é repleto de peças pessoais do jurista alagoano

Um pouco mais adiante e chegamos a área totalmente reservada a vida e a obra de Pontes de Miranda. Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda nasceu em Maceió em 23 de abril de 1892, foi advogado, professor, diplomata, ensaísta e, acima de tudo, Jurista. Estudou Direito na Faculdade do Recife, onde, com apenas 19 anos, concluiu o bacharelado. Aos 20 anos, estreava como escritor com o ensaio filosófico A moral do futuro, prefaciado por José Veríssimo, e não parou mais de escrever. Foram inúmeros títulos abrangendo o universo da sociologia, da matemática, da filosofia e do direito. Pontes de Miranda lecionou em muitas universidades, foi conferencista no Brasil e no exterior, participou de diversas instituições culturais, exerceu o cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e foi embaixador na Colômbia. Tudo em paralelo com a escrita. Pontes não parava de produzir e com a obra A sabedoria dos instintos, recebeu, em 1921, o prêmio da Academia Brasileira de Letras, onde, em 1979, se tornou o sexto ocupante da cadeira 7. No campo jurídico contribuiu com inúmeros livros e artigos onde, segundo a própria Academia Brasileira de Letras, apresentava em seus textos suas perspectivas perenes do seu espírito múltiplo: concepção científica do Direito, progresso científico, liberdade, humanismo, visão poética, antitotalitarismo, senso da democracia, inspiração filosófica e preocupação ética. Um dos bons motivos para se visitar um museu é que tudo o que imaginamos durante uma leitura, ali é apresentado de forma mais viva, nos aproximamos ainda mais de uma fiel

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interpretação. No caso de Pontes de Miranda, por exemplo, é possível observar muitos objetos que fizeram parte de sua vida. Coisas bem pessoais e que, muito provavelmente, eram muito utilizadas no seu cotidiano. Chapéus, perfume, cachimbos, luvas, roupas, fotografias, pincel de barba, manuscritos, premiações e muitas de suas obras, estão em exposição junto com coisas ainda mais pitorescas, detalhes de Pontes, como a coleção de Corujas, um dos símbolos do jurista ao lado do Jaguar. E poderíamos descrever ainda mais inúmeros aspectos do Memorial Pontes de Miranda por páginas e páginas, mas nosso desejo é que você viva a experiência, que se utilize de sua própria interpretação. Renove seus conhecimentos, siga o argumento do educador Paulo Freire, que diz que a instituição museu é o espaço ideal para o desenvolvimento de conceitos. Sejam eles de artes, ciências, tecnologia ou antropologia, são por excelência locais de observação, interação e reflexão. Diversas histórias estão ali prontas para serem narradas: histórias de outras épocas, com suas maneiras de viver e pensar; e do mundo contemporâneo do qual fazemos parte, com suas novas descobertas, formas de expressão artística e cultural. São espaços simbólicos, muitas vezes mágicos e surpreendentes, capazes de oferecer uma experiência ao mesmo tempo educativa e divertida. Sendo assim, diante do prédio do Tribunal Regional do Trabalho, não pensem duas vezes, siga até a recepção, receba o crachá de visitante, suba até o 3º andar e construa suas percepções.


Música no

DNA Por Antonio Maria do Vale

Capa

Terra natal do Proclamador da República, Marechal Deodoro também tem um outro legado: é a capital da sonoridade alagoana

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É fim de tarde quando o Sr. José Manoel dos Santos joga pela última vez a tarrafa na Lagoa Manguaba, no povoado de Massagueira, em Marechal Deodoro. Passava-se o ano de 1955 e aquela era a rotina diária do pescador que, aos 26 anos, estava esperando seu primeiro filho. Na época, a comunicação era bem diferente e, sem o instantâneo contato dos atuais celulares, José, ao chegar em casa, não teve nem tempo de sentar-se antes da surpresa: a esposa, Dona Maria de Fátima, estava em trabalho de parto e logo todo o resultado da pescaria do dia ganhou o chão. Seguiram de canoa motorizada pela Lagoa Manguaba, chegaram a Mundaú e horas depois nascia, em Maceió, seu primogênito, a quem batizou de Carlos, em homenagem a seu avô. Seguindo uma tradição hoje esquecida e transformada em história, Seu José, ao retornar para casa, apressou-se em pôr

nas mãos um punhado de barro molhado para, em seguida, atirá-lo na fachada da casa. A massa grudou-se na parede e naquele momento, mesmo sem saber, Carlos tinha seu futuro cravado por aquele simples ato, seria, anos mais tarde, um músico. A história acima, na verdade, não passa de uma estória fundamentada em um secular ditado popular da cidade de Marechal Deodoro. Mesmo não sendo verídica, ela fez parte do início da vida de muitos que nasceram décadas atrás na região e registra fielmente o quanto a primeira capital de Alagoas possui laços estreitos com a Música. Segundo a escritora Regina Cajazeira, autora do livro “Tradição e modernidade: O perfil das bandas de pífano de Marechal Deodoro”; o ditado fala das oportunidades naturais para aqueles que nasciam na cidade, após jogar o barro, estava

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Som peculiar Esquenta Muié é a mais famosa das bandas de pífano de Alagoas

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decretado, se caísse seria pescador, do contrário, músico, duas possibilidades peculiares para um deodorense.

cultura alagoana? Ela possui características endêmicas? Ou é fruto de incorporação externa?

Hoje pode até parecer engraçado conhecer a tradição, que muito provavelmente não é mais realizada e levada a sério, porém, ela representa um braço da grandiosa cultura de nosso estado, ainda pouco valorizada e discutida e que poderia ser transformada em um instrumento de desenvolvimento socioeconômico. No caso da escolha entre a pesca e a música, seguir carreira em uma das atividades hoje pode até não representar um desejo, entretanto, a interpretação tem sido equivocada em razão do olhar singular das pessoas, única e exclusivamente, num contexto profissional e individualizado, quando na verdade deveriam ver o valor cultural contido nessas duas expressões da raiz de Marechal Deodoro, que podem atuar como elementos complementares de outros setores, como no turismo.

Historicamente Alagoas é um Estado privilegiado em seu contexto de formação cultural. Sempre com cadeira cativa nos principais acontecimentos que marcaram os mais de 500 anos de nosso país, a sociedade alagoana sofreu nessa longa e rica jornada influência das mais diversas vertentes, principalmente da tríplice aliança entre o negro, o índio e o lusitano, que contribuíram na construção de nossa religiosidade, nossa culinária, nossos festejos e nosso patrimônio cultural.

Fundamental para a compreensão de diversos valores morais e éticos da sociedade, a cultura ajuda a entender como estes valores se internalizam em nós e como eles conduzem nossas emoções e avaliações. Na verdade, a cultura não é aquilo que vem de fora pra dentro, mas como captamos de dentro para fora, tendo como conceito geral as atividades, modo de agir, costumes e tradições de um povo. É o principal meio pelo qual o Homem transforma o meio e conforme sua realidade. A cultura está em constante processo evolutivo. Se desenvolve a medida que uma comunidade ou região se transforma, mudando os costumes, adaptando a língua, os modismos, incluindo e excluindo valores que vão da religião a política. Os Homens mudam, a sociedade muda, a cultura muda. A cultura vem de dentro das mentes e não das obras. Mas e a

Mas o tempo passa e os conceitos se transformam. Velhos costumes ficam no passado, adaptam-se para o presente e já possuem a certeza que serão adequados para o futuro. A memória é peça fundamental para a garantia de uma identidade cultural, ela é a responsável pela geração de valores que permanecem independentes a ação do tempo, que sobrevive às ruínas das igrejas, casarios e monumentos de cidades históricas como Penedo as margens do Velho Chico; de Porto Calvo do heróico, ou vilão, Calabar; e de Marechal Deodoro e sua imensurável musicalidade. O velho e o novo se misturam nessa musicalidade que começou bem antes do ditado do barro na parede e das centenárias filarmônicas hoje tão conhecidas, apesar de ainda distante do quanto deveriam ser reverenciadas. Tudo leva a crer que a ligação da cidade com a música remonta ao século 19, período em que as bandas de pífanos começaram a surgir por influência dos indígenas, embora também existam as versões de que a origem desses grupos tenha ligação com a colonização portuguesa e as festas africanas. Um dos mais famosos mestres de pífano, Zé Bispo, disse até

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em certa ocasião que os índios tocaram pífano durante a primeira missa realizada no Brasil. Com raiz africana, portuguesa ou indígena, o que se pode afirmar com exatidão é que as bandas de pífano são a expressão de cultura popular mais antiga, ainda em atividade, de Marechal Deodoro. Por aqui, ganharam o apelido de “Esquenta Muié”, em alusão a mágica que executam ao tocar, contagiando as mulheres por onde passam. A tradição alagoana é tamanha que, até o grupo mais famoso do Brasil, a Banda de Pífanos de Caruaru, foi inicialmente criada no município de Mata Grande. A década de 1970 representou o ápice dessas formações que possuem em sua maioria quatro músicos, um número que pode variar. Nesta época, todos os municípios alagoanos possuíam ao menos uma banda de pífano. Criada em 01 de maio de 1978, pelos irmãos Franklin Luciano da Silva e José Cícero da Silva, a “Esquenta Muié” é a mais famosa de todas elas e uma das principais bandas de pífano do país. O grupo se destaca por seu vasto repertório, com dobrados, marchas, hinos e composições bem populares, em apresentações cada vez menos frequentes desde a morte de Franklin, em 2010, aos 58 anos. Ao lado do mestre e irmão Cícero, ele tocava, além do pífano, o tarol (também conhecido como caixa), pratos e até triângulo, um músico que, assim como a própria Esquenta Muié, se fazia original em seu modo de tocar. A criatividade da percussão e do sopro valorizam o forró e outros ritmos, valorizam o Nordeste, valorizam Alagoas. Não faltaram prêmios e homenagens ao longo destes 36 anos. Em 2003, em comemoração aos 25 anos do grupo, era lançado o primeiro registro fonográfico da Esquenta, o

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CD “Sonho de Criança”, produzido pelo jornalista, produtor musical e amigo dos irmãos, Keyler Simões. Cinco anos mais tarde, em 2008, para cravar as três décadas de história, o DVD “Esquenta Muié – 30 anos de pífanos em Alagoas”, também produzido por Keyler, que em 2010 ganhou o prêmio Culturas Populares, do Ministério da Cultura, que tem como principal objetivo valorizar os mestres, grupos e comunidades que enriquecem a diversidade cultural brasileira. É preciso destacar que a tradição de muitas manifestações culturais em Alagoas é mantida, primordialmente, pelo trabalho de seus mestres. No caso das bandas de pífano, líderes como José Cícero não se dedicam apenas ao ofício tocando o pífano, eles também compõem e repassam o conhecimento as novas gerações, árdua tarefa que se apresenta como um desafio em função da falta de interesse dos mais jovens, sendo preciso não só se manter motivado como também motivar. E o saber e fazer não se limita a arte de tocar. Muitas vezes o músico também é um artesão que encontra no caule da taquara, uma planta semelhante ao bambu que em Alagoas é frequente na Mata da Serra Lisa, no município de Chã Preta; na taboca; num cano de PVC e no cobre; a sonoridade ideal que dará vida ao pífano. Seis furos para os dedos e um para a boca e a flauta simples vinda da Península Ibérica foi adaptada pelos artistas locais do Sertão nordestino. E não se engane achando que a simplicidade do instrumento se aplica a sua execução, que vai do sopro singelo a prodígios virtuosos. Contexto que também pode ser traduzido no trabalho de Mestre Gama, mais um deodorense que tem sua vida dedicada à música. E começou cedo, aos 13 anos ingressou


na Filarmônica Santa Cecília, onde aprendeu a tocar trompa, e só anos depois passou a tocar pífano. Transformou-se num dos principais artesãos quando o assunto é o instrumento, criando um método de confecção próprio que alcança uma precisa afinação, técnica que já despertou o interesse de grandes nomes da música como Chau do Pife e Hermeto Pascoal. E não são raros os encontros musicais que a cidade de Marechal Deodoro proporciona. São incontáveis as ocasiões em que bandas de pífano e outras formações musicais da cidade se cruzaram, como com as filarmônicas, que mantêm o legado social e permanecem formando novos músicos com a continuidade de um trabalho que é centenário. Além do Mestre Gama, são inúmeros os casos de pessoas que por uma delas passaram e depois seguiram carreira musical em outras vertentes. Exemplos como o do Sr. José Romeiro Neto que, dos 86 anos de vida, tem 71 deles ligados diretamente a música. Hoje ele realiza concertos diários pelas ruas da cidade com seu companheiro inseparável, o sax. Mas tudo começou em 1943, quando aos 15 anos ingressou na Sociedade Musical Carlos Gomes. Natural de São Miguel dos Campos, José Romeiro é mais conhecido na cidade como “Seu Zezinho”, todos assim o chamam. Chegou cedo, ainda criança, em Marechal Deodoro e, diferente de muitas outras histórias, não dividiu sua rotina apenas entre a música e a pesca, entre uma coisa e outra também ajudava o pai a fabricar os fogos de artifício que abrilhantaram as festas religiosas da região nas décadas de 1940 a 1970. Nestas festividades o músico entrava em cena nas apresentações das filarmônicas. Nelas, Seu Zezinho tem muita, muita história pra contar.

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Os turistas se encantam com a simpatia e se surpreendem ao vê-lo tocar. “Eles me adoram, tiram fotos e pedem música. O mesmo acontece quando vou ao Francês”, disse o senhor logo após uma sessão de fotos com visitantes da FLIMAR – Feira Literária de Marechal Deodoro, onde o encontramos. E é só puxar conversa que depois difícil mesmo será encerrála. Ouvirá muitas histórias, como a que fez um padre chorar em Juazeiro, no Ceará, quando tocou Nossa Senhora, de Roberto Carlos, dentro da igreja. E Seu Zezinho toca de tudo, ou melhor, tudo quanto é música boa, já que, para ele, hoje já não se faz música como antigamente. De tanto tocar, Seu Zezinho sequer precisa de partituras, faz tempo que elas já não são mais necessárias. Na época de orquestra elas já ficavam atrás do músico e não na frente. “Meu ouvido já decifra tudo, basta ouvir uma canção que

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Tudo começou na Carlos Gomes, onde, em seus primeiros vinte anos na orquestra, aprendeu a tocar piston, clarinete e sax. Depois disso, passou também pela Santa Cecília, retornando anos mais tarde novamente para a Carlos Gomes. Em ambas as filarmônicas foi maestro e ao aposentar-se, escolheu o instrumento com o qual possuía a maior afinidade para perpetuar sua relação com a música. Mantendo diariamente esta ligação, Seu Zezinho percorre as ruas da cidade com seu sax a tira colo, sempre pronto para atender um pedido.

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já toco com meu sax”, disse, contando que o segredo para tanto vigor e boa memória vem de uma receita bem simples: “Nunca fumei, nunca bebi e ando de bicicleta todo dia. Nem vou ao médico!”, revelou com o maior sorriso do mundo. Por fim, o músico ainda nos contou uma curiosidade. Falamos anteriormente que encontros entre expressões musicais em Marechal Deodoro era algo comum, como de fato são. Folguedos, orquestras, bandas de pífano e cantores solo já realizaram muitas apresentações em conjunto, muitas experiências já misturaram ritmos e vertentes diferentes da cidade. No entanto, com 71 anos dedicados a música, ainda podemos torcer para que um encontro inédito aconteça. Até o fechamento desta edição, Seu Zezinho nunca havia tocado com outro personagem ilustre de Marechal: Nelson da Rabeca. A vontade existe e talvez pelo acaso do destino este dueto ainda não tenha ocorrido. Ouvir o sax de Seu Zezinho na companhia da Rabeca de Seu Nelson seria (vai ser!), no mínimo, uma aula de musicalidade improvisada, com sucesso, registre-se como aposta. Diferente das histórias contadas até agora, a de Nelson da Rabeca se difere pelo fato da música só ter entrado em sua vida bem mais tarde. Mestre autodidata luthier e músico,

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Nelson dos Santos, aos 85 anos, convive entre a fama e o anonimato, confirmando a máxima que cultura e arte não estão mais limitadas aos limites geográficos. Hoje, as pessoas formam comunidades por afinidade que independem de localização próxima. Nelson da Rabeca, por exemplo, é aclamado pelos quatro cantos do mundo ao mesmo tempo em que é desconhecido pela maioria dos alagoanos. O avanço tecnológico, principalmente dos meios de comunicação, quebrou a obrigatoriedade de a cultura ser criada através do convívio com pessoas, disponibilizando um multiculturalismo a qualquer um. A cultura já não é mais fruto apenas do social, o virtual ganha posto bem real nesse contexto. Nelson, como muitos dos alagoanos, passou boa parte de sua vida trabalhando na monocultura da cana-de-açúcar, até que sua simpatia e simplicidade esbarraram, justamente por conta desta nova janela aberta pelas novas tecnologias, com o refinado som que ecoava de um violino. Surgira então Nelson da Rabeca. Que, avesso a qualquer expectativa, cria uma sonoridade de timbre singular. O instrumento, criado pelo alagoano a partir da década de 70, é representante legítimo de como a musicalidade é algo relativo à visão de quem observa e sua respectiva formação


sobre o assunto. Ele encanta turistas por sua história de vida, artesãos por sua habilidade com a madeira e, principalmente, músicos, que atestam a qualidade sonora de suas rabecas. O musicólogo Wagner Campos, sobre ele, afirmou: “Dominando todos os processos de sua arte musical, do corte da madeira, passando por todas as etapas específicas da construção de cada um de seus instrumentos, até a criação e interpretação de suas próprias composições, Seu Nelson trabalha apoiado em uma sabedoria secular, representando o ponto de chegada de conhecimentos muito antigos trazidos na bagagem dos colonizadores, diminuíndo distâncias entre passado e presente, tradição e atualidade”. A reinvenção da rabeca pelo Seu Nelson, também comprova que a musicalidade não necessariamente é incorporada, mas em boa parte decorrente de iniciativa. Apesar das dificuldades, a história deste músico alagoano atesta a lógica de que cultura não está à venda. Em nossa visita a Marechal Deodoro, o ilustre morador, em sua casa verde com grandes janelas, que semiabertas deixam escapar sua melodia pelas estreitas ruas da cidade, nos contou um pouco do início de sua trajetória: “Eu trabalhava na fazenda durante toda a semana e no fim de semana tocava pros turistas na Praia do Francês, onde eu ganhava dois tantos a mais que durante a semana. Foi lá que comecei a ser divulgado, hoje tenho três discos gravados e já toquei no Brasil todo: Fortaleza, Salvador, São Paulo, Porto Alegre, em todo canto. Conheci Hermeto Pascoal, Antônio Nóbrega, Gilberto Gil e muita gente do mundo todo vêm me visitar aqui em casa. Hoje sou feliz com minha rabeca. Eu ouvia dizer que cavalo velho não aprende passada, mas aprende. Eu aprendi. Estou com 80 anos e não paro de criar, continuo fazendo música”.

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Nelson faz parte do que se chama de cultura contemporânea, também chamada de pós-moderna, caracterizada pela flexibilidade de fronteiras entre erudito e popular, tradição e novidade, cultura regional e global, dominante e dominada, fragmentada entre múltiplas afiliações, preferências, papéis sociais, etnias e gêneros. O mesmo acontece com as filarmônicas de Marechal Deodoro que, diante de 100 anos não só de música, mas, antes de tudo, de prestação de serviço de um valor cultural incalculável, ainda soam como desconhecidas entre a maioria dos alagoanos. Oficialmente existem cinco orquestras na cidade: Santa Cecília, com 104 anos; Carlos Gomes, com 99; além da Manuel Alves de França, Boa Viagem e Projeto Aconchego, mantida pela prefeitura. Isso sem contar com outros núcleos espalhados pela região, a exemplo da Barra Nova e Massagueira.

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Se não fosse pelo trabalho de instituições como a Sociedade Musical Filarmônica Santa Cecília e Sociedade Musical Carlos Gomes, histórias como a de Amilton José Lima da Silva não poderiam ser contadas. Aos 51 anos, sua trajetória de vida é diretamente ligada à música e, assim como no caso das próprias filarmônicas, se funde e confunde na atuação entre as duas orquestras, algo inclusive muito comum, sendo praticamente impossível encontrar um músico deodorense de carreira que não tenha passado pelas duas sociedades. Seguindo mais uma vez a lógica do ditado, o pai de Amilton era pescador, mas não queria que o filho acompanhasse

seus passos. A vida não era fácil e, com muito esforço, aos 12 anos, o jovem ingressava por intermédio de um padrinho músico, como aprendiz, na Carlos Gomes. Dois anos depois já estava na hierarquia de músico e dali em diante seguiu carreira musical, indo parar inclusive na Santa Cecília, onde se transformou em maestro. A ligação entre as duas filarmônicas vem de longe e a história de uma não seria possível sem a outra. Segundo relatos de moradores antigos, tudo começou quando parte dos membros da Filarmônica Santa Cecília discordaram do modo como os mandatários da orquestra a administravam. Insatisfeitos, 20 músicos decidiram se desligar da banda e fundaram a Sociedade Musical Independente que, em 1915, passara a se chamar Carlos Gomes. Homenageando o grande maestro e compositor brasileiro, autor da ópera O guarani, a orquestra mantém seu legado indiferente aos obstáculos criados pela modernidade, prestando um nobre serviço à comunidade deodorense. O aprendizado não se limita ao domínio instrumental, ele dissemina também conceitos disciplinares entre os alunos e músicos que integram a filarmônica. Nas primeiras décadas de existência a banda exercia um papel de ligação entre parte de seus músicos e o mercado de trabalho. Era comum o ingresso de integrantes da Sociedade na Polícia Militar de Alagoas e, respectivamente, na banda da PM, onde faziam carreira até a aposentadoria. Em Marechal Deodoro, as bandas de música também têm a função de resgatar crianças pobres e contribuir para que o futuro seja diferente, estando elas no mundo da música ou não, como no caso do Maestro Amilton que, quando criança, chegou a ir para a escola sem realizar sequer uma refeição, mas que em nenhum momento foi uma criança triste, pelo contrário, sempre sorridente e feliz. Dividia seu tempo entre as aulas de matemática, português, ciências e estudos sociais, com as de música, um empenho que logo lhe renderia bons frutos. A dedicação surtiu efeito quando surgiu a oportunidade de participar de um concurso para a Polícia Militar de Alagoas. E o pequeno menino filho de um humilde pescador realizava o sonho do pai, e seu também, ingressando na vida militar como segundo colocado da disputa. Estavam felizes porque novos planos se firmavam naquele momento, Amilton tinha um só propósito: fazer parte da banda da PM, o que não só conseguiu, como foi além, tornando-se regente. O fato lhe traz muito orgulho e, como recompensa, hoje o maestro contribui com o ensinamento de jovens de forma gratuita, como todos os demais mantenedores da Carlos Gomes. Para o presidente da Carlos Gomes, o Publicitário Edson Ramos, a disputa sadia foi o grande incentivo para que a música se expandisse em Marechal Deodoro. “Um pesquisador da Universidade Federal de Alagoas – UFAL – descobriu que a primeira banda civil criada em Alagoas foi a Banda de Penedo, para receber D. Pedro II durante uma visita à região. O grande problema de lá foi não existir outra banda para que gerasse a competição. Esse foi o grande segredo de Marechal, ter uma rival para incentivar cada uma a tentar ser melhor. A rivalidade das filarmônicas aqui são como as

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Mestres Aurélio, Nelson e Amilton são apenas alguns dos exemplos de vida dedicada à música em Marechal Deodoro

de CSA e CRB ou de um FLA X FLU, porém, com cordialidade e muita amizade entre seus integrantes, que defendem suas cores”, disse Edson, acreditando ainda que se só existisse uma delas, provavelmente, não haveria mais bandas em Marechal Deodoro. Mesmo não sendo músico, a história de Edson também está ligada a música. Em 2009, ele conheceu a escola, como também são definidas as filarmônicas, através do filho, que tinha o desejo de estudar música. Acompanhando, de início, as aulas pela janela, começou a ajudar e tornou-se conselheiro. Nas reuniões descobriram o seu lado publicitário e, consequentemente, suas de ideias, o que o direcionou a diretor de comunicação, chegando à presidência em 2013. “Aqui a música começa ocupando o tempo da criança para que ela não caia na ociosidade e não termine se enveredando pelo caminho da criminalidade e das drogas. Qualquer criança pode fazer parte das bandas, nenhuma instituição cobra para fazer parte”, explicou o diretor, resumindo um dos principais objetivos da Carlos Gomes. O processo é muito simples, a partir de 7 ou 8 anos as

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crianças se matriculam e começam com aulas teóricas de segunda a sexta. Em seguida, aprendem as primeiras notas e ingressam na banda infanto-juvenil. Neste período, escolhem um instrumento, geralmente começam com o clarinete, e depois de adquirirem experiência passam para a banda principal, formada por 50 dos 110 músicos da Carlos Gomes. Como única exigência, as crianças devem frequentar a escola e saberem ler e escrever. Não há mensalidade e os instrumentos são emprestados pela filarmônica. Os pais, quando possível, podem associar-se e contribuir com R$ 10 mensais, isso mesmo, R$ 10 reais por mês que são destinados a manutenção da orquestra, um valor único que não se refere a cada filho matriculado. Ratificando que se os pais não puderem ajudar, as crianças continuarão tendo as aulas normalmente. Como disse o presidente Edson Ramos: “Uma criança em Marechal Deodoro só não estuda música se não quiser”. As histórias se repetem e, se a música não está no gene da cidade, ela deve ser um vírus altamente contagioso diante de tantas coincidências ou uma sina de que ninguém consegue


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O legado Filarmônicas Santa Cecília e Carlos Gomes ensinam mais que música, são transformadoras da realidade social

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se safar. Se não for assim, qual a explicação para a história de Aurélio Jovino da Silva Neto que, na Filarmônica Santa Cecília, também começou cedo na orquestra, ingressou na banda da Polícia Militar de Alagoas e hoje é maestro? Tudo começou como brincadeira, Aurélio frequentava as aulas não por gostar de música, apenas para acompanhar os amigos, todos alunos da Santa Cecília. Ingressou na Filarmônica mais antiga de Alagoas ainda em atividade em 1985, aos 14 anos, desistiu algumas vezes, mas ao atingir 18 anos concluiu que precisava escolher uma carreira, uma profissão. E advinha o que Aurélio decidiu? Fazer concurso para a Polícia Militar de Alagoas. No famoso 17 de julho de 1997, o funcionalismo público de Alagoas foi às ruas na maior manifestação popular já registrada na capital alagoana. Há oito meses sem receber, protestavam contra o Governo de Divaldo Suruagy e pediam sua saída. Dentre as muitas medidas tomadas pelo então governador, além do exército contra os servidores a porta da casa de Tavares Bastos, todos os concursos públicos foram cancelados e Aurélio teve que começar do zero, fazendo novo concurso, desta vez para a banda da Polícia Militar. Passou e dali em diante encontrou não só uma profissão como tempo para também se dedicar mais a Santa Cecília. Em 2000, passou a fazer parte da diretoria, e desde 2009 é vice-presidente da instituição, tornando-se maestro três anos mais tarde. E segue-se a história semelhante: trabalho voluntário, crianças que não pagam nada para aprender a tocar e um trabalho social de se tirar o chapéu. “ninguém é psicólogo, mas também conversamos com os alunos sobre questões éticas e de cidadania. Tirar uma única criança da rua já gratificante”, disse o maestro. Fundada em 07 de setembro de 1910, a instituição foi criada e

instalada no mesmo lugar que fica hoje pelo padre Belarmino Barbosa, que buscava formar uma banda para tocar na festa do Sagrado Coração de Jesus, que acontece na segunda semana do mês de setembro. No início não deu muito certo, apenas um músico apareceu, número que passou para cinco no ano seguinte. Tocavam, no início, apenas para a igreja, o que logo mudou tornando as apresentações cada vez mais públicas e em diferentes ocasiões. Com a ajuda de comerciantes e fieis adquiriu instrumentos e em pouco tempo a Filarmônica iniciava seu legado musical e social na cidade. Hoje são 130 membros, dos quais, 70 integrando a banda principal. São incontáveis os concertos já realizados ao longo de toda a história da Santa Cecília e Carlos Gomes. Houve o tempo em que não tocavam no mesmo dia, não passavam pela mesma rua, mas também ocasiões em que até já tocaram juntas. Quem já presenciou uma destas apresentações traz na lembrança a surpresa do repertório bem eclético, uma mistura entre os clássicos eruditos e a música popular brasileira. Todo dia 15 de novembro o ritual se repete começando cedinho quando, ao toque de alvorada e sob o comando de um dos maestros, os músicos se reúnem em suas sedes e as bandas saem em retirada pelas ruas de Marechal Deodoro. Muitos pesquisadores reconhecem a música como uma espécie de modalidade que desenvolve a mente humana, promovendo o equilíbrio, proporcionando um estado agradável de bem-estar, facilitando a concentração e o desenvolvimento do raciocínio, em especial em questões reflexivas voltadas para o pensamento filosófico. Platão dizia que “a música é um instrumento educacional mais potente do que qualquer outro”, o que tem sido ratificado na primeira capital de Alagoas pelo trabalho desenvolvido não só por

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Carlos Gomes e Santa Cecília, mas por todos aqueles que se dedicam a defesa da cultura e da construção da ética e da moral. Segundo Regina Cajazeira, Marechal Deodoro vive um momento dividido em razão da atuação ambígua do turismo na região: se modernizar para atender melhor seus visitantes e, ao mesmo tempo, manter suas tradições garantindo que seu patrimônio arquitetônico e cultural permaneça intacto e, principalmente, vivo. Como uma faca de dois gumes, esta nova versão cultural promove a maximização do global em função da dizimação do local. A tendência é que as crenças, costumes e todas as demais manifestações culturais tornem-se universais, e que o regional só sobreviva através de interesses comerciais, principalmente pelo desinteresse das novas gerações em preservar o que não é atual. A modernidade causa uma impressão falsa de ridicularização do que é mais tradicional. Há uma tendência perigosa de troca entre entretenimento e cultura. Nelson da Rabeca, por exemplo, nos citou a dor que sentia ao chegar até sua cidade observando o monumento erguido em sua homenagem sem os braços, época em que o vandalismo venceu a compreensão, obrigando a relocação da escultura para o Centro da cidade. Mais parece um retrato da atual situação de nossa cultura, estamos literalmente demolindo-a, descaracterizando-a, amputando-a lentamente. Muito em breve, queira Deus que estejamos errados, todo o patrimônio musical de Marechal Deodoro fará companhia as velhas igrejas, abandonadas, um destino na verdade ainda pior já que a sonoridade endêmica da cidade não é algo palpável. A cultura tradicional nos traz um conhecimento de mundo. Esse conhecimento não é lógico e racional, mas intuitivo. Já a

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cultura contemporânea, nos traz o sentimento de um mundo desordenado. Salvo as exceções aplicáveis a tudo que há de torto e direito. Este momento parece propício para um debate de como evolui a própria ideia de cultura. O conceito de cultura está intimamente relacionado a expressões de autenticidade, integridade e liberdade. Ela reúne heranças do passado que necessitam permanecer no presente e servir de base para o futuro, por isso mesmo tem de ser genuína, resultando das relações sadias entre o Homem e o meio, sem motivações tendenciosas e planejadas em prol de interesses comerciais. Deformar a cultura, assim como o monumento de Nelson da Rabeca, meramente de concreto para uns e de valor cultural intuitivo inestimável para outros, é uma maneira de corromper os hábitos instalados nos povos ao longo da história da humanidade. Em Alagoas, o culto ao externo e moderno, o amadorismo turístico e a falta de fomento para revitalização e criação de identidade local, são os principais obstáculos à sobrevivência de nossa cultura. É preciso implantar marca as nossas manifestações, ou do contrário elas não passarão de histórias contadas nos livros em muito pouco tempo. A musicalidade, neste caso, apresenta-se como um importante elemento de formação de identidade e cidadania onde agentes multiplicadores de cultura assumem o papel de transformadores da realidade social. Ao retirar jovens e adultos da ociosidade, mais que fazer música, a vocação deodorense atua como um essencial instrumento de preservação das tradições locais, de sua reinvenção e sua interação com novos conceitos socioeconômicos. Representando a todos que se dedicam a este trabalho, que o lema da Filarmônica Carlos Gomes: “a música como alimento da alma”, se perpetue no cotidiano de Marechal Deodoro.


AlenBarbosa

Anjos na estrada Documentário do cineasta brasileiro, Gustavo Massola, põe arte no asfalto e conquista a categoria "Best Short Documentary" do Santa Monica Independent Film Festival.

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independentes, não medem esforços em promover e inserir as produções que são mostradas a cada ano. Além disso, homenageiam os principais cineastas com a “Digital Cinema Package” de seu filme (arquivo computadorizado que atende as exigências de qualidade em empresas como a

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Conexão U.S.A.

O objetivo do Festival é reconhecer e ajudar ao cineasta independente e servir de trampolim para aqueles que buscam se destacar em um mercado tão competitivo. Seus fundadores, que já trabalham na indústria há mais de 40 anos e sabem das dificuldades encontradas por novos talentos e cineastas

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Warner Bros., Universal Studios e Sony Pictures), cortesia do líder do setor de pós-produção Zoo Digital. DCPs são exigidos pela Academy of Motion Picture Arts & Sciences e o cineasta poderá dessa forma apresentar sua produção no formato requerido pela “Academy Awards” e concorrer com qualquer outra produção. Ao sermos convidados para cobrir esse incrível festival com exclusividade para a OUSH Brasil, nos deparamos com uma agradável surpresa. Entre os filmes selecionados pelo festival encontramos uma produção brasileira: Céu de Querubins Heaven of Cherubs - do talentoso diretor brasileiro Gustavo Massola.

Sobre o documentário O curta conta a história de Aecio Sarti, um artista plástico de Paraty que pinta sobre lona usada de caminhão. A reutilização do material pelo pintor faz com que a funcionalidade original da lona dê lugar a manifestação da arte. Para esse projeto, Aecio pintou um “Céu de Querubins” sobre uma lona inteira (12x18m). São dezenas de querubins que representam a proteção do caminhoneiro frente as adversidades nas estradas brasileiras, ao mesmo tempo que testemunharam o Brasil e suas diferentes facetas. A lona pintada seguiu viagem cobrindo uma carga de potes de barro, comercializada por 3 caminhoneiros (um motorista e dois assistentes) que regularmente fazem o transporte desses objetos desde o Nordeste até o Sudeste do pais. São potes produzidos artesanalmente no sertão baiano e utilizados nessa mesma região com a finalidade de armazenar e manter a água fresca. Através dos caminhoneiros, esses potes, usados por anos no sertão, são levados para cidades no sudeste e vendidos como objeto de valor artístico e decorativo. Essa foi a jornada presenciada pela lona e pelos querubins. Conversamos com o diretor Gustavo Massola, que também é fotógrafo e cidadão do mundo. Ele nos falou sobre sua vida e as dificuldades e surpresas em produzir esse curta que ganhou o prêmio de “Best Short Documentary” do Santa Monica Independent Film Festival.

Sobre o cineasta e a pessoa de Gustavo Massola… Sou natural de São Paulo e tenho 37 anos, para buscar encurtar a história sem, no entanto, deixar de dar a direção certa, creio que basta dizer que todas as fases da minha vida sempre foram intercaladas pela estrada e pelo contato com a natureza, foram muitas viagens, várias delas sozinho, como em 2005 quando fui ao Peru e fiz uma trilha de 5 dias até Machu Picchu. Viajar sozinho sempre me ensinou muito sobre o mundo e sobre mim mesmo. Lá atrás, depois de estudar Comunicação, trabalhar em rádio, TV, e internet; algumas idas e vindas me inseriram no mundo da publicidade e muitas madrugadas trabalhando decidi depois, com alguns amigos, abrir uma agência. Os anos passaram, as viagens caíram à zero, a empresa entrou numa espiral negativa ao ponto de ter que vender minha casa para pagar dívidas e encerrar as atividades da empresa. Na verdade tudo (re)começa neste ponto.

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Arte no caminhão Potes de barro se escondem sob a lona, enquanto histórias na boleia ditam o ritmo da viagem.


Com o dinheiro que sobrou comprei outra casa e separei uma quantia que garantiria a mim e a minha esposa por alguns meses. Realizei uma breve viagem solitária de 12 dias pela Serra da Mantiqueira para me reconectar com o que seria o meu caminho uma vez que fazer o que eu não gostava muito já tinha dado errado. Nesta viagem levei uma câmera bem simples e fiz apenas time-lapses, foquei nos ciclos de tempo, a turbulência com o final da empresa havia sido tamanha que a vontade era de trabalhar apenas viajando e pescando nuvens pra sempre, pelo menos durante aquela viagem foi só o que fiz. Ali, reconectei-me definitivamente com aquelas coisas que vem da alma, tudo ficou muito claro e óbvio, a coisa era permear pela natureza, estar na estrada me dedicando ao ato de registrar o que ocorre.

uma questão sobre a pintura da lona por parte do Aecio, que demandaria bastante tempo e dedicação de sua parte. No meio de todo este processo ocorreu mais um fato extremamente sincrônico, mais estranho ainda do que o que havia unido o meu caminho aos de Daniel e Aecio.

Nos anos que se seguiram, enquanto fazia trabalhos esporádicos com câmera, fotografia e edição em São Paulo; realizava novas viagens para estudar linguagem, praticar, tirar a ferrugem que se acumulou desde aquela época lá atrás, quando tudo isso já estava ali, mas eu não vira com clareza. Ao longo de meses fui para as montanhas de Minas Gerais e de São Paulo e também para alguns lugares no sul do Rio de Janeiro. Participei de uma expedição entre Goiás e Tocantins explorando montanhas, rios e cavernas. Derivei dessas jornadas uma série de vídeos explorando diversos formatos e linguagens.

O Aecio, um cara muito comunicativo e com uma energia muito boa, obviamente foi conversar com eles e é claro que não demorou muito para concluir que havia não só achado os caminhoneiros como, por tabela, também definira a rota do caminhão. Os caminhoneiros tinham vindo pela estrada desde o sertão da Bahia onde carregaram o caminhão de potes de barro e pararam bem ali na porta do atelier para vender, exatamente quando o assunto era achar o caminhoneiro certo. A dinâmica sertão-Paraty era perfeita.

Sobre como surgiu a ideia do “Céu de Querubins” Nessa rotina, ainda sem saber muito no que toda esta prática ia dar, recebo um e-mail daqueles do nada. Era o filho de um pintor de Paraty cujo atelier eu havia visitado em uma dessas viagens um ano antes e, na ocasião, feito um time-lapse dele pintando um quadro. Tirei algumas fotos e gravei um pouco, a conversa fluiu com grande empatia, mas não nos falamos mais.

Conexão U.S.A.

Neste e-mail “do nada”, Daniel Sarti me explica que ele e seu pai, o pintor Aecio Sarti, estão com um projeto que envolve viagens pelo Brasil profundo e perguntavam se me interessaria em participar documentando o projeto.

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O Aecio pinta apenas em lona de caminhão há muitos anos, ele compra lonas usadas e as corta em diferentes medidas, produzindo muitos quadros; seria até natural ele e Daniel terem um dia esta ideia genial de pintar uma única lona inteira e fazêla voltar novamente para as estradas já como arte. Quando essa ideia ocorreu a eles, surgiu a vontade de registrar o processo. Agora, por que eles acabaram chamando um cara que tinha passado por lá há mais de um ano e apenas por alguns minutos? Talvez eles soubessem responder melhor, acho que provavelmente viram em mim alguém que toparia “a maluquice” da ideia, os perrengues e incertezas das estradas brasileiras, além de encarar um projeto com o mínimo de recursos e com grande complexidade. De minha parte este convite foi um acontecimento que me fez ter certeza que todo aquele esforço por achar o meu rumo não havia sido em vão, as coisas começaram finalmente a acontecer de forma bem-aventurada. No decorrer do processo de produção, foram dezenas de e-mails trocados com o Daniel para aprumar a logística e as questões chave que garantiriam que aquilo tudo resultasse em um documentário interessante. Havia também toda

Estava muito claro que o caminhoneiro que conduziria o caminhão com a lona deveria ter um perfil específico para ajudar a narrativa fluir. Enquanto eu e Daniel afinávamos os lugares por onde o Caminhão deveria passar, eis que novamente recebo um e-mail daqueles, nele, Daniel me conta que um caminhão havia estacionado na porta do atelier de seu pai em Paraty e que nele havia 3 caminhoneiros que montaram um acampamento bem ali, os mesmos vendiam potes de barros velhos na praça enquanto cozinhavam.

Ao longo das conversas e ao longo da viagem, eu e Daniel íamos encontrando cada vez mais relações entre os elementos que exploro no filme com a relação dos utensílios e de arte compartilhadas pela lona e pelos potes. Ficávamos espantados como aquilo tudo havia se unido de forma tão natural e às vezes não nos contínhamos em compartilhar a sensação de que isso só poderia resultar em algo realmente interessante.

Sobre as condições de filmagem no alto sertão e também de que modo a experiência marcou o seu olhar Filmar no alto sertão não é mesmo fácil, ainda mais quando isto é feito com um grau de interferência muito perto do zero no que acontece diante de você. No caso deste projeto, utilizei alguns macetes vindos da experiência do meio do mato e das viagens remotas, coisas como manejar o equipamento de forma enxuta, preservar a energia e o pique para, mesmo com calor, sede, cansaço e desconforto; o foco estar apurado para, no sol do meio dia, no meio da estrada de terra seca; trabalhar a fotografia e o olhar, afinal, quando for a hora de trabalhar o material sentando numa sala confortável nada pior do que pensar “droga por que nessa hora eu não fiz isso ou aquilo”. E é claro que sempre tem o que não se espera. Em alguns momentos a câmera desligava sozinha por problema de aquecimento, acabou não causando tanto transtorno porque tinha uma reserva. Mas ficava a a preocupação: e se essa também desse problemas?

Sobre algumas das surpresas agradáveis que teve nesse processo As surpresas agradáveis acho que são todas relacionadas as pessoas que conheci ao longo do processo, a amizade e a qualidade da parceria que acabei estabelecendo com o Daniel e com o Aecio. Ficamos todos como família, eles são pessoas únicas, o Aecio é um ser humano extremamente Uma revista com a cara do Nordeste


Destino Marcado Aecio e Massola misturaram homogeneamente formatos individuais de produzir arte

generoso e verdadeiro. Preciso citar aqui a Rosangela, mãe do Daniel e ex-mulher do Aecio, ela foi a nossa motorista que encarou os milhares de quilômetros de estradas para que tudo pudesse acontecer, é uma mulher admirável, pois mistura a amorosidade de uma mãe com a resistência e a força necessária que a vida na estrada exige. Se você perguntasse se ela se topava voltar dirigindo lá pra Malhada de Areia ela falava: “vamos agora!” Os caminhoneiros foram também surpreendentes, sempre por contar causos, pitar um cigarrinho de palha e tomar uma cachaça no fim do dia. Eram rituais bacanas, são pessoas muito guerreiras, encaram um mundo duro e difícil e mantêm a alegria, sem contar que a comida do Didi era muito boa! Em uma das noites, acampamos todos no meio da estrada no sertão, dormi em um velho colchonete ao lado dos caminhoneiros, acordei antes de todos e me peguei sorrindo contemplando aquele acampamento simples. A sensação de liberdade e de aventura era genuína, um momento difícil de reproduzir, impagável! O mesmo pode-se dizer das pessoas do sertão que nos dão uma lição profunda vinda da simplicidade a cada contato, às vezes apenas um olhar ou uma frase curta e você ficava pensando o resto do dia naquilo.

As maiores dificuldades que encontrou para produzir o filme As dificuldades que senti provavelmente são bastante particulares porque advém do fato de trabalhar sozinho. Tendo me ocupado do roteiro, da direção, da fotografia, da câmera e da montagem; admito que é bastante difícil produzir um filme desta forma, despende uma quantidade enorme de energia física e mental, forçando a abdicação de dezenas de www.OUSHBrasil.com.br

noites, fins de semana, etc. Mas, por outro lado, permite que muitas coisas se resolvam por processos internos porque você fica ligando os pontos dentro de você, é um trabalho muito visceral e prazeroso. Lembrando que, além do documentário, este projeto engloba exposição com fotografias de minha autoria, além do principal, que é a exposição da própria lona com o Céu de Querubins, que é maravilhoso, ele é a razão de todo este projeto. Tem ainda um livro que está sendo produzido pelo Daniel e pelo Aecio. Vale lembrar que eles custearam este projeto, tudo foi feito com grande economia e com o menor custo possível. Se fossem correr atrás de lei de incentivo seria o ideal, mas acho que não teríamos nem começado ainda, infelizmente.

Um novo projeto que deseja executar ou que já esteja em andamento Estou em conjunto com Daniel e Aecio Sarti trabalhando num novo projeto que fala da fé e da religiosidade pelo Brasil profundo. Em março deste ano eu e o Aecio estivemos em Igatu, na Chapada Diamantina, na Bahia, para testemunhar um ritual que existe por lá chamado Terno da Almas, algo sobre isso deve sair em 2015. Estou trabalhando para 2015 também em um projeto ligado a preservação da Serra da Capivara, no sul do Piauí, um lugar que contém pinturas rupestres tão antigas que mudaram a conhecida teoria de que o homem povoou as Américas cruzando o estreito de Bering (Alasca). Sigo também com os trabalhos corporativos que são muito importantes. Tem os projetos do Aecio também, além de pintar diariamente, ele e seu filho estão sempre com muitas ideias novas, são uma verdadeira fábrica de arte!


Fotos Divulgação

Atenção!

TOP 10

As estradas brasileiras são um entrave para o desenvolvimento do país. Mal sinalizadas, cheias de buracos e com motoristas que não respeitam os limites de velocidade, elas também são um desafio para os que decidem seguir viagem. Mas, acredite, tudo isso é fichinha, quando as comparamos com as estradas consideradas mais perigosas do mundo.

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Stelvio Pass Itália Construída em 1820, possui 60 curvas fechadas e pode ser localizada no sinuoso caminho para os Alpes italianos. Ela se encontra a 2.700m de altura em seu trecho mais elevado e leva o viajante a picos de esqui na fronteira com a Suíça.

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Estrada Siberiana Rússia

Fairy Meadows Paquistão

Rodovia Halsema Filipinas

Durante a temporada de inverno, a estrada congela com muita neve e gelo por estar localizada na região mais fria fora da Antártida. Durante todo o ano, apenas durante dois meses é possível trafegar pela estrada.

A estrada repousa sobre a 9ª maior montanha do mundo, Nanga Parbat, com 8,125m. Ela atrai os amantes da natureza que desejam explorar a vista do desfiladeiro. Não há barreiras para proteger os veículos, que não devem ser maiores que um jipe.

A maior parte não é pavimentada e possui declives profundos de cerca de 300m. Durante a estação chuvosa é quando ocorrem deslizamentos de terra e pedras gigantes que faz com que seja impossível viajar nesta estrada.

Estrada de Túnel Guoliang China

Yungas do Norte Bolívia

Zojila Pass Índia

Foi construída na montanha com muitas “janelas” para trazer luminosidade ao local. O perigoso caminho leva para uma pequena aldeia no topo da montanha. Os moradores do lugarejo construíram a estrada em 1972.

Chamada de Estrada da Morte, tem mais de 650 km conectando rincões da Floresta Amazônica. Com pista simples, tem apenas 3m de largura e não possui grades de segurança. Chuva e poeira ainda acrescentam maior perigo aos viajantes.

A estrada permanece a uma altura de 3.500m. Na parte ocidental do Himalaia e Srinagar, a estrada é uma conexão para o remoto distrito de Leh. Esta área é uma região privilegiada por nevascas fortes e rajadas de vento violentas.

Rodovia Sichuan-Tibet China

Taroko Gorge Taiwan

Trollstigen Noruega

Construída em 1850, estende-se por 4.500km. A paisagem é linda, porém chama atenção para longe da estrada, sendo o perigo presente em cada canto. As mortes nesta estrada ocorrem inclusive de avalanches.

Esta é uma estrada montanhosa e estreita que é fechada quando há terremotos e tufões. Você não vai querer vivenciar esse periodo nesta estrada perigosíssima que estende-se as margens do, também temido, Oceano Pacífico.

É uma estrada estreita de montanha com muitas curvas fechadas e perigosas. Durante a temporada inverno, é fechada para a estação severa, quando se torna impossível viajar em função da neve e dos declives muito íngremes.

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Duas décadas

Por Yasmin Assis

Tradição & Qualidade

Há cerca de 20 anos a melhor estrutura física aliada a um sistema de administração com mais de 5 décadas de experiência segue fazendo história e formando campeões.

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Estabelecido em uma estrutura consagrada em Maceió há quase duas décadas, o SEB-Coc Maceió vem mostrando sua singularidade e seu papel no crescimento da educação em Alagoas. O Sistema Educacional Brasileiro S.A. (SEB) possui 50 anos de trajetória, trabalhando em cima dos conceitos de educação de qualidade e desenvolvimento social. Fo somente em 2008 que Maceió recebeu definitivamente o grupo SEB-COC para atuar na área educacional na cidade. Uma das singularidades do colégio é a sua estrutura física. Localizada no coração da Ponta Verde, o prédio ocupa um quarteirão inteiro e proporciona todos os ambientes necessários equipados e devidamente preparados para receber seus alunos. São duas quadras externas, um ginásio, uma piscina semi-olímpica, e sem contar com todas as salas de aula climatizadas e equipadas com a tecnologia de ponta SEB. A inovação no sistema educacional é algo que está em constante mudança. Com o desenvolvimento tecnológico atual, faz-se necessário sempre estar em contato com o que há de novo, podendo assim, proporcionar uma experiência completa à criança até seu amadurecimento. A proposta pedagógica do SEB-COC é dividida em três ensinos: o Infantil, Fundamental I, Fundamental II e o Ensino Médio. Ao ingressar no colégio, a criança passa por um processo de aprendizagem através do uso das linguagens de expressão. São salas especiais preparadas para desenvolver a musicalidade, linguagem oral, linguagem tecnológica,

linguagem plástica e a língua estrangeira. Cada fase dessa contribui essencialmente no desenvolvimento e crescimento da criança. Já no Ensino Fundamental II e médio, o adolescente começa a ser preparado para as provas de vestibular de universidades federais e para o ENEM. Além disso, existe o sistema de PréVestibular, também disponível para pessoas que não foram alunas do SEB-COC. É de suma importância essa continuidade na linha pedagógica do ensino na aprendizagem de uma criança, desde o começo ela já vai desenvolvendo suas habilidades e se adequando a uma rotina de estudo equivalente à sua rotina.

Porque escolher o SEB COC O Ensino Fundamental do SEB COC Maceió preocupa-se em desenvolver nos alunos habilidades básicas para a vida, por meio de atitudes, hábitos e valores próprios, e estimular nos estudantes a consciência reflexiva, o aprimoramento do raciocínio lógico e a capacidade de intervir positivamente na realidade. O desenvolvimento do espírito crítico é trabalhado por meio de leitura e interpretação de textos literários, atividades teatrais e ensino das ciências sociais. No projeto pedagógico do SEB COC Maceió, o primeiro e os dois últimos anos mereceram atenção especial: o primeiro por ser considerado o ano de transição da Educação Infantil Uma revista com a cara do Nordeste


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para o Ensino Fundamental, e os dois últimos anos por constituírem a transição do Ensino Fundamental para o Ensino Médio. Para o 1º ano do Ensino Fundamental I, o SEB COC Maceió tem como objetivos estimular a consciência reflexiva de seus alunos e aprimorar o raciocínio lógico e a capacidade de intervir criticamente na realidade.

Tradição & Qualidade

O material didático do Ensino Fundamental II exercita o prazer de aprender, preparando o aluno para interagir com o mundo que o rodeia e vencer seus desafios.

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Respeitando também a fase de transição do Ensino Fundamental para o Médio, no SEB COC Maceió, o pré-médio, 9º ano (8ª série), é encarado como uma preparação do aluno que ingressará numa nova fase da sua vida estudantil, atendendo às dinâmicas e à estrutura física dessa fase dos adolescentes. Assim, eles, já ficam no bloco do Ensino Médio, o que lhes garante transição tranquila e adequada para seu melhor desempenho. O material está estruturado em eixos temáticos, o que facilita a interdisciplinaridade e a contextualização dos conteúdos programáticos. É composto de livros semestrais de teoria, acompanhados dos respectivos Livros Eletrônicos, em CD-ROM, um moderno instrumento de ensino que possui recursos diversos, como animação, links, leituras complementares e ampliação.

Preparação para o ENEM Assim como os vestibulares, aqui o Enem é levado a sério. Por isso, capacitamos o aluno para alcançar o seu melhor desempenho no Enem, por meio de aulas que esclarecem e trabalham todas as habilidades exigidas na prova. Todo o conteúdo já aplicado nas provas do Enem é apresentado nas aulas para auxiliar os alunos a aperfeiçoar os estudos. Os professores ensinam estratégias para melhorar o desempenho também na elaboração da redação. Uma revista com a cara do Nordeste


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LilianMrotzeck

Make da Virada 2015 iluminado Iluminado como o brilho das estrelas, da lua, dos flashes e do sol, assim será o seu ano novo Com o pé direito, pele maravilhosa e maquiagem impecável, é assim que vamos iniciar o ano que está chegando. Você merece muito brilho nesse réveillon e a linha de maquiagem Mary Kay proporciona combinações incríveis. O Hairstylist das estrelas, Jr. Gavazzi, profissional reconhecido, mais uma vez nos agracia com as suas incríveis dicas e opiniões para uma make perfeita e iluminada que não ira deixar você passar desapercebida neste réveillon.

Mas quem quiser fazer diferente, pode apostar em outras opções, que estão entre as tendências de maquiagem para o réveillon 2015. Para as mulheres de pele bronzeada, algo bastante comum nesta época, vale apostar em tons quentes, como rosa e lilás, e em uma base mais escura que o tom natural da pele, para igualar a tonalidade do rosto com o resto do corpo.

Na hora de se preparar para o réveillon 2015, as mulheres certamente estarão de olho nas roupas para festa de ano novo, nos acessórios, nas unhas e também na maquiagem, uma das partes mais importantes do visual feminino.

Agora que você já conhece algumas das tendências maquiagens réveillon 2015, precisa ficar atenta a determinados detalhes na hora de escolher a melhor maquiagem de ano novo. Mesmo sabendo o que vai estar em moda, você deve escolher aquela maquiagem que combina com o seu estilo, independente das tendências.

No caso das maquiagens de réveillon, elas precisam valorizar todo o conjunto, de preferência acompanhando as tendências mais atuais da moda, fazendo com que você fique pronta para

Além disso, para garantir que o make dure a noite inteira e não derreta com o calorão do verão, vale apostar em alguns truques.

Foto divulgação

Sentindo na pele

A maré da beleza

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marcar presença em qualquer tipo de festa de ano novo. Entre as maquiagens de ano novo, há cores que nunca saem de moda, como os tons nudes (bege e marrom, por exemplo).

Make Jr. Gavazzi Hair Jr. Gavazzi Modelos Amanda Melo, Camila Leão,

Izabelle Giordana e Thaysa Oliveira Fotos Yan Eckychandrey Uma revista com a cara do Nordeste


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O paraíso é aqui

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Rota Ecológica dos Milagres Por Tayana Moura

Quem visita Alagoas mal pode imaginar as boas surpresas que o Litoral Norte reserva. Aos que amam desbravar novos lugares em busca de tranquilidade e contato total com a natureza, a Rota Ecológica dos Milagres é uma opção imperdível e surpreendente. Formada por uma área de preservação ambiental, a Rota Ecológica dos Milagres tem início na praia de Barra do Camaragibe, um vilarejo no município de Passo de Camaragibe. Por lá, a praia do Marceneiro oferece uma

primeira vista espetacular com seu mar calmo e de águas cristalinas, fazendo um verdadeiro convite ao mergulho. Saindo da Barra de Camaragibe e pegando uma estrada formada apenas por coqueirais, o encontro é com os vilarejos Uma revista com a cara do Nordeste


que ficam no entorno das praias do Riacho, de São Miguel dos Milagres e do Toque, eleita pelo jornal jornal britânico “The Guardian” uma das mais belas do Brasil. Diversos caminhos levam os visitantes às praias e é impossível não se encantar com as casinhas dos pescadores e com todo o charme do município de São Miguel dos Milagres. Ao sair do Toque, o próximo destino é a praia de Porto da Rua que, pela facilidade no acesso, é uma das mais movimentadas e oferece opções de barracas e barzinhos aos visitantes que procuram um pouco mais de agito. Logo ao lado, a praia de Tatuamunha (ou praia da Gibaba), no município de Porto de Pedras, se mostra apaixonante com seu mar calmo e as piscinas naturais formadas entre os recifes na maré baixa. Por lá, a natureza foi ainda mais generosa: presenteou moradores e visitantes com o belíssimo rio Tatuamunha, onde foi criado o famoso Santuário do Peixe­boi de Porto de Pedras. A proteção ao mamífero em risco de extinção inclui www.OUSHBrasil.com.br

evitar a visitação desordenada e alertar para os perigos da caça predatória do animal. Para conter riscos e manter um equilíbrio, o fluxo de visitas fica limitado a 70 pessoas por dia. A praia do povoado seguinte é a da Laje. Não há acesso direto a ela, o que faz desse trecho um dos mais desertos de toda a Rota Ecológica, perfeito para momentos de relaxamento total. Fechando a Rota Ecológica dos Milagres, a celebrada Praia do Patacho, de areias claras, água translúcida e vastos coqueiros, promove uma despedida especial do passeio. Ao fim da viagem, só boas recordações e energias renovadas. As opções de hospedagem na Rota Ecológica ficam por conta das pousadas charme, que oferecem estadias bem aconchegante. A região também é abastecida de restaurantes e lojinhas de artesanato e possui infraestrutura que inclui, entre outros serviços, bancos, postos de saúde, mercadinhos, borracharia, mecânica de automóveis e posto de combustível.


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Maceió Rosa Responsabilidade social

Por Marcio Mrotzeck / Assessoria SECOM

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Entre as várias ações do Municípo de Maceió durante o Outubro Rosa, ganhou destaque o trabalho social desenvolvido para conscientização do auto exame e as ações para captação de recursos em pról das entidades de apoio às Mulheres com Câncer de Mama Em outubro, durante as atividades de conscientização sobre de câncer de mama, a capital alagoana ficou conhecida pelo título de Maceió Rosa. Sensível aos cuidados da saúde da mulher e à necessidade de medidas preventivas a este tipo de doença, uma vasta programação elaborada pela Prefeitura de Maceió em parceria com a Rede Feminina de Combate ao Câncer de Alagoas e o Grupo de Mama Renascer ofertou palestras educativas, exames clínicos, além de um roteiro cultural, corrida, e momentos de beleza para as mulheres alagoanas. O resultado alcançado nas ações de alerta a esse tipo de doença começou grande e terminou maior do que o esperado. A manhã do lançamento oficial da campanha reuniu, no Parque Shopping, diversos representantes de instituições alagoanas que promovem auxílios às mulheres na prevenção e combate à doença. Mas que isso, foi possível declarar que Maceió não estaria incólume à mobilização internacional na luta contra o câncer de mama. Foi assim que a primeira-dama de Maceió e então coordenadora do Maceió Rosa, Tatiana Palmeira, indicou o que poderia ser esperado em outubro. “Entendemos a necessidade de alertar as maceioenses sobre os cuidados com a saúde para evitar problemas como o câncer de mama. É preciso ter uma vida saudável, praticar esportes e realizar o auto-exame para evitar novos casos da

doença”, disse a primeira-dama. Ela não esteve sozinha. Quem esteve apoiando todas as atividades do Maceió Rosa foi o seu esposo e prefeito de Maceió, Rui Palmeira. “Conseguimos alertar a sociedade maceioense, principalmente as mulheres, com uma série de ações esportivas, educativas e de saúde que foram desenvolvidas ao longo de outubro com apoio da Prefeitura. A campanha integrou o trabalho desempenhado pelo município no que diz respeito à saúde feminina, bem como a todas as instituições que entenderam a importância dessa iniciativa”, explicou o prefeito. Foram cinco semanas com apenas um objetivo bastante específico: sensibilizar a cidade. Sutilmente, uma iluminação cor de rosa chamou a atenção de quem passava pela Praça do Gogó da Ema, da Associação Comercial e de diferentes viadutos na capital. Foi um lembrete visual compartilhado para a mobilização das maceioenses. Ao final da campanha, os números do Maceió Rosa apontaram, em recente balanço divulgado pela Coordenadoria da Saúde da Mulher da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), somente no mês de outubro, a realização de 5.041 mamografias realizadas nas sete clínicas conveniadas. Em comparação a setembro foram 3.199 exames. De um mês para o outro houve um acréscimo de quase 70%. Uma conquista que antecede Uma revista com a cara do Nordeste


Além disso, a contribuição essencial da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Mama e do Grupo de Mama Renascer foi fundamental: a realização das Oficinas Sociais nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e dos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). Somente no Cras Cidade Sorriso, no Benedito Bentes, mais de 70 grávidas participaram de momentos de conscientização. Os esforços também foram estendidos em avaliações médicas componentes de um mutirão de saúde, panfletagens em locais distintos da capital, bem como visitas a hospitais e casas de apoio – que resultaram em tratamentos clínicos, palestras, e tratamentos de beleza – provaram que o Maceió Rosa não foi uma mobilização isolada: foi preciso atrair a atenção para uma causa que necessitava de maior repercussão.

Movimento e valor cultural No sábado, dia 25 de outubro, restava apenas uma semana para o encerramento do Maceió Rosa. A tarde daquele sábado seria mais um final de semana comum. Mas não foi. Uma grande caminhada com mais de 300 pessoas tomou conta da orla da Pajuçara para chamar atenção sobre o diagnóstico precoce e a adesão à campanha que movimentou toda a capital. “Estávamos na reta final e, felizmente, satisfeitos com os trabalhos que conseguimos promover em parceria com as instituições. Foram muitas as ações, a exemplo da corrida, com o objetivo de chamar a atenção das mulheres para os cuidados com o câncer de mama, além de arrecadar fundos para as instituições de combate ao câncer”, disse o prefeito. Ainda não era uma despedida e nem o suficiente para a primeira-dama, Tatiana Palmeira. Exames eram feitos, visitas realizadas. Mas outra questão de relevo também tinha sido pensada: arrecadar fundos para as instituições de apoio a luta contra o câncer de mama. Foi assim que durante os dias 31 e no dia 1 de novembro, o Bazar Maceió Rosa Chic e o show de encerramento do Maceió Rosa transformaram a Praça Multieventos, na Pajuçara, em mais uma ação social. Para o Bazar Rosa Chic foram arrecadas mais 2 mil peças entre calças, blusas, vestidos de festa, sapatos, bolsas e outros acessórios. O público feminino aprovou o formato e o objetivo do evento. “O balanço do evento foi muito positivo. Realmente as pessoas compareceram e entenderam a ideia do bazar. Vendemos muitas peças, chegando a pouco mais de 70% do que foi exposto nos dois dias da promoção. Um sucesso de público e de vendas”, disse Tatiana Palmeira. Ainda segundo a coordenadora do Maceió Rosa, a intenção é que esse trabalho seja promovido mais vezes. “O Bazar foi uma das grandes iniciativas da nossa programação. Contamos com vários parceiros. A Abrasel foi um deles. O apoio foi importante para dar ainda mais amplitude a este grande evento em benefício às portadores do câncer em Alagoas”, pontuou Tatiana. Vários restaurantes e estabelecimentos estiveram presentes no Bazar, entre eles, Arri, Divina Gula, Four Bistrot, Bendita Massa, Sueca Comedoria, Sou Jorge, Mestre Cuca, Maikai, Picuí e Kanoa. Quem compareceu ao Bazar ainda pôde se deixar embalar pelas canções do rei Roberto Carlos, que foram interpretadas pela cantora Wilma Araújo. No dia 1 de novembro, encerramento do Maceió Rosa, o show foi do Coretfal, que apresentou a perfomance “Cantando o Brasil”, trabalho que reuniu 14 canções brasileiras e contemplou também a cultura nordestina e a música alagoana. Sobre o saldo do mês de outubro, Tatiana Palmeira se mostrou contente e realizada. “Essa foi a primeira vez que coordenei uma campanha dessa dimensão e o sentimento de satisfação é maravilhoso. O trabalho foi árduo, mas quando vemos que os planos ganharam forma, todo esforço se torna gratificante e nada disse teria sido construído sem a confiança da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Mama e do Grupo de Mama Renascer”, destacou ela. “O engajamento da sociedade foi surpreendente, pois não foi uma ação da Prefeitura, mas sim de um apoio integrado com o grupo Renascer e com a Rede Feminina de Combate ao Câncer e demais instituições que acreditaram no Outubro Rosa em Maceió”, disse o prefeito Rui Palmeira. www.OUSHBrasil.com.br

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os apontamentos técnicos, afinal, a contagem dos números é resultado da participação de mais de 15 Unidades de Saúde da Família (USF) em diferentes bairros.


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Responsabilidade social

Maceió Rosa presta contas das ações contra o Câncer de Mama

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Mais do que chamar atenção para a necessidade de se prevenir contra o câncer de mama, o Maceió Rosa, campanha promovida pela Prefeitura de Maceió, arrecadou fundos para ajudar duas instituições que atendem mulheres carentes a enfrentar a doença. As ações resultaram na arrecadação de 50 mil reais, que foram divididos entre a Rede Feminina de Combate ao Câncer e o Grupo Renascer. A ajuda do poder público foi mais que bem-vinda, já que as duas instituições atendem mulheres carentes que lutam contra uma das doenças que mais matam no Brasil. O objetivo do Bazar Rosa Chic e da I Corrida Solidária foi cumprido e o resultado surpreendeu a organização. “Com o Bazar, tivemos dois grandes momentos: primeiro, o de desapego, com a doação de peças que pudessem ser vendidas no evento. Muita gente doou roupas novas, sapatos novos, de marcas legais. Isso foi muito importante, pois contribuiu para o sucesso do evento na segunda etapa, a das vendas. Só no bazar arrecadamos mais de 30 mil reais, um valor surpreendente, pois a ação estava na sua estreia”, disse a primeira-dama de Maceió e organizadora do Bazar Rosa Chic, Tatiana Palmeira. Foram dois dias de evento que atraíram um grande público para a Multieventos, na Pajuçara. As voluntárias auxiliaram as compradoras e o caixa do bazar não parou. De acordo com Tatiana Palmeira, a renda extra vai ajudar as instituições a

ter mais fôlego. “Final de ano é sempre muito difícil porque além de cuidar das pessoas que fazem tratamento, elas têm que arcar com as despesas do mês, principalmente a Rede Feminina, que tem uma casa de apoio, com funcionários”. No dia 30 de outubro, a orla da Pajuçara se coloriu de rosa para a I Corrida Solidária Maceió Rosa. O evento, que teve a participação de quase mil pessoas, entre atletas profissionais e amadores, também fez parte das atividades alusivas ao Outubro Rosa. O circuito teve percursos de 2,5 quilômetros e de 5 quilômetros, partindo da Praça Multieventos. Para a prova, o Maceió Rosa vendeu 556 camisas, arrecadando R$ 16.155,00. Segundo Tatiana Palmeira, das vendas realizadas no bazar, uma pequena parte do valor total se refere às compras feitas com cartão de crédito e ainda precisa ser compensada. “Mas o saldo, somado à arrecadação da Corrida Solidária, rendeu 25 mil reais para cada instituição. Desse valor, já foram depositados R$ 20.427,00 na conta de cada entidade”. “Não esperávamos que fosse tudo isso, mas vimos a boa vontade das pessoas que quiseram ser solidárias com a causa. Vamos nos sentar e planejar o que faremos com esse dinheiro para 2015, mas o investimento em prevenção é certo, pois precisamos de material para divulgar esse trabalho de conscientização. Esse foi o início de uma parceria que espero que seja continuada nos próximos anos”, destacou a presidente da Rede Feminina de Combate ao Câncer, Teresa Soares.

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Câncer de mama

Outubro Rosa

O câncer de mama é o segundo tipo mais frequente no

A história do Outubro Rosa remonta à última década do século

mundo e o mais comum entre as mulheres, respondendo por

20, quando o laço cor-de-rosa, foi lançado pela Fundação

22% de novos casos a cada ano. Se diagnosticado e tratado

Susan G. Komen for the Cure e distribuído aos participantes

precocemente, o prognóstico é relativamente bom. Por isso a

da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York, em

importância dessa campanha mundial do Outubro Rosa, que

1990 e, desde então, promovida anualmente na cidade.

no município é conhecida por Maceió Rosa.

Em 1997, entidades das cidades de Yuba e Lodi nos

No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama

Estados Unidos, começaram efetivamente a comemorar e

continuam elevadas, isso porque a doença ainda é

fomentar ações voltadas a prevenção do câncer de mama,

diagnosticada em estágios mais avançados. Na população

denominando como Outubro Rosa.

mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%. Relativamente raro antes dos 35 anos, acima dessa faixa etária sua incidência cresce progressivamente. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é do registro de 57.120

Todas ações eram e são até hoje direcionadas a conscientização da prevenção pelo diagnóstico precoce e ganhou a adesão de várias cidades em todo o mundo.

casos este ano.

Fontes: INCA, OMS

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Fontes: sites www.komen.org e www.pink-october.org


Água na boca

Cozinha da

Manú

Texto e fotos Antonio Maria do Vale

Conheça a banca de doces mais legal de Maceió e seu principal segredo: receitas com ingredientes bem especiais, cobertos de simpatia e sonhos!

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Na correria do dia a dia, sempre nos deparamos com aquelas noites em que bate a vontade de uma comidinha de rua ou delivery. Na saída do trabalho, antes da aula na faculdade ou ao chegar em casa e buscar os folders matadores de fome, geralmente as escolhas oscilam dentro de uma mesma variedade: sanduíches, salgados, pizzas e, quando incrementamos mais um pouco, uma comida oriental ou outra novidade que se apresentam nos famosos food trucks que invadiram Maceió no último ano. Nas noites de quinta, entretanto, o roteiro não precisa ser esse, pode até ser, mas o final pode se tornar bem mais doce. É que no Stella Maris, uma simples e charmosa banquinha de doces tem viciado os maceioenses que por ela já passaram e, como não há alternativa, acabaram provando uma das delícias da Cozinha da Manú. Engraçado que os doces não são o principal atrativo da banca. De início, a própria Manú se mostra uma anfitriã acima de qualquer expectativa. Num tradicional estilo que mistura pitadas de Pin-up, com cabelo vintage, pela clara e batom vermelho; e de baby Boomer, com vestidinho solto, avental e ar ingênuo; ela recebe quem se aproxima de suas guloseimas sempre com um belo sorriso e uma simpatia cativante. Na mesa, a simplicidade é palavra de ordem, não significando que visualmente as bandejas espalhadas deixem a desejar, pelo contrário, tudo exposto é de se comer com os olhos. E quando literalmente o paladar for testado, difícil será não querer provar cada uma das receitas, e mais, não repetir ou levar pra casa um dos docinhos será algo mais difícil ainda. Emanuely Javarrotti sempre gostou de cozinhar, quando criança fritava ovo escondido e teve os pais como principais referências na cozinha, que cozinham muito bem, mas que não fizeram da habilidade no fogão um ofício. Sua avó materna era confeiteira e professora de culinária, mas Manú não chegou a conhecê-la, o que nos leva a crer que a afinidade com panelas deve ser dom de família, está inserido no gene. Mesmo assim, Manú não priorizou a carreira gastronômica. Fazia terapia ocupacional e a ideia de fazer doces só surgiu no último ano da faculdade, quando sentiu a necessidade de ter uma renda extra. Fez uma oficina de cupcakes e começou comercializando entre amigos e familiares, o que logo se expandiu depois que tudo passou a ser fotografado e divulgado nas redes sociais. Porém, tudo continuava secundário, fazer doces não era prioridade ainda. Àquela altura, os pedidos de bolos surgiam aos montes, passou a fornecer para a lanchonete de um pai de uma amiga e, ainda sem muita experiência, decidiu se aprofundar mais um pouco pesquisando muito e testando, testando e testando. Decidiu criar perfis nas redes sociais, desta vez não mais como Emanuely Javarrotti, surgia a Cozinha da Manú, página que em pouco tempo ganhou muitos fãs e seguidores. Nesta época, conheceu Joana, do Auto Caldo, onde também passou a vender. Semanas depois fez um bolo para o aniversário de uma turma de food trucks e decidiu inovar criando uma identidade visual para a banca e uma personagem para a Emanuely. “Queria diferenciar a Emanuely terapeuta da Manú dos doces e, como sempre curti essa coisa do modelo pin-up americana, decidi me caracterizar e expor os produtos de uma maneira diferente. Quis unir o útil ao agradável, ser totalmente doce, na comida, no visual e nos adereços da

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A personagem Emanuely se transforma e diante da banca de doces é a carismática Manú.

mesa”, disse Emanuely, que agora já vê o lado gastronômico pesando mais na balança. “Devido ao número de pedidos, não tem sobrado tempo para fazer mais cursos, procuro me aprimorar na prática, assistindo vídeos e fazendo testes. Estou pensando seriamente em deixar o trabalho como terapeuta para me dedicar inteiramente à cozinha. Descobri que é o que realmente desejo fazer”, nos contou. A ideia deu tão certo que Emanuely, quando caracterizada de Manú, muitas vezes sequer é reconhecida até por quem a conhece. “Muitos amigos chegam curiosos e só depois de uns minutinhos de conversa é que a ficha cai, tenho surpreendido muita gente”, comentou. E se o apelo visual tem sido um sucesso, ele é responsável, principalmente, pela aproximação; o que seria da banca se a propaganda não condissesse com a realidade? E nesse ponto não há decepção, e sim mais surpresas. Manú decidiu optar pela máxima de que “é melhor qualidade que quantidade”. Basta olhar sobre a mesa. O carro-chefe é o cupcake e seria covardia colocá-lo numa disputa com os demais, o deixaremos numa categoria a parte. O que vem


Água na boca

Carro-chefe O cupcake, e suas mais variadas versões, é a principal atração da banca.

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a seguir é de encerrar, mesmo que momentaneamente, qualquer regime. Destaque para o brownie, que está no topo do ranking das encomendas de restaurantes. O que dizer do Romeu e Julieta? Um tradicional bolinho de baunilha com queijo catupiry na base, pedacinhos de goiabada dentro e cobertura de buttercream, com mais goiabada sobre tudo isso. E pra finalizar, um clássico bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro! O cardápio não é fixo, cadeira cativa apenas para o cupcake e o brownie, que a cada quinta-feira dividem a atenção com novas delícias semanais. Para tanto, Manú experimenta e experimenta muito. Primeiro provando tudo quanto é doce por onde anda. “Não posso ver um docinho numa lanchonete ou qualquer outro lugar que compro e como tentando decifrar a receita”, disse Manú, que também faz experiências na cozinha. “Em casa, vivo transformando receitas básicas em algo com um toque só meu”, acrescentou, dizendo que nestas horas sua mãe é a cobaia oficial. Manú anda bem atarefada e bem feliz com seu atual momento. “Estou amando tudo. A banca de doces me abriu muitas portas, conheci muitas pessoas bacanas, muitos chefs que admiro. Fui parar na televisão, tenho vídeos no youtube, já fui até parada na rua”, tudo fruto de uma rotina bem puxada. Todos os dias, a Emanuely inicia a jornada com os trabalhos como terapeuta e finalizando a manhã com as compras de ingredientes para os doces. Pausa para

o almoço e, logo depois, hora de preparar as encomendas, que costuma entregar no fim de tarde. Nos finais de semana, gravações para TV e eventos, muitos eventos, com convites que crescem em escala geométrica. Uma correria que conta com os apoios incondicionais do namorado e de uma tia. Fato curioso também, é que nas noites de quinta a banca se tornou um ponto de encontro para um bom bate-papo. Você se sentirá em casa, como quando recebe ou faz uma visita a um amigo e a conversa transcorre durante horas, o tempo passa e não se percebe. Até o cafezinho é figura presente no cenário. “O lado terapeuta ajuda muito na hora de lidar com as pessoas. Tento ser carismática (ela é!) com o público, não sendo apenas só o contato profissional, uso da simpatia na hora de servir o cliente para não tratar apenas como um cliente, uma coisa fria, trato como um conhecido, um colega”, explicou Manú, que de fato constrói amizades através de seus doces. Falando de futuro, Emanuely tem como planos um Programa de TV e, principalmente, abrir sua loja de doces, uma confeitaria o mais tradicional possível, bem ao estilo vintage de sua personagem. Apostamos que tudo será um doce, o atendimento, a ambientação e os sabores, que assim já se apresentam a cada quinta-feira ou para aqueles que realizam suas encomendas ou têm a sorte de esbarrar com a banca em algum evento. Será a confeitaria dos sonhos e sonhos de Manú! Uma revista com a cara do Nordeste


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Foto Marcio Mrotzeck

Kitesurfers descobrem o litoral alagoano e a modalidade, até então com contáveis praticantes, agora ganha cada vez mais adeptos. Por Antonio Maria do Vale

Faça uma pesquisa com o seguinte questionamento: Quando pensa em Maceió, o que te vem logo à cabeça? Nosso palpite é para que mais de 90% das respostas estejam associadas a “praia”. É praticamente impossível separar uma coisa da outra, tanto que, se em sua origem Maceió ocupa-se o lugar da palavra praia, e vice-versa, hoje não sentiríamos tanta diferença, daria no mesmo. Imaginem se o grande poeta Manuel Bandeira assim tivesse escrito seu poema Estrela da Manhã: “Nas ondas de Maceió, nas ondas do mar, quero ser feliz, quero me afogar”, quem notaria a falta da palavra praia.

Esportes

E se todos buscam Maceió com o desejo desse banho de mar, já há algum tempo a cidade vem descobrindo que as possibilidades vão bem além de um simples mergulho. O mar tem sido cada vez mais desvendado não só pelo turismo e a capital alagoana tem tudo para se transformar na Meca dos esportes náuticos no Nordeste. Se as travessias de natação, o próprio triátlon e a febre do último verão, o stand up paddle, já se tornaram figurinhas carimbadas do trecho entre a Pajuçara e a Ponta Verde; agora é a vez dos esportes em que, além do mar, também é preciso vento.

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Dividindo espaço com braçadas e pranchas, a prática de windsurf, vela e, principalmente, kitesurf vem crescendo nos últimos anos e hoje encontrar um deles no litoral maceioense não tarefa semelhante a procurar uma agulha no palheiro, como até bem pouco tempo atrás. Associações foram formadas e a concentração dos praticantes e realização de encontros e torneios têm fortalecido estes esportes que, em 2015, deverão se tornar ainda mais populares. O kite, por exemplo, é um dos mais procurados e vem conquistando novos adeptos que se lançam mar afora. O esporte é relativamente novo no Brasil, chegou por aqui na década de 1990 trazido por europeus, principalmente italianos e franceses, que descobriram o litoral nordestino e as condições altamente favoráveis do trecho que vai do Rio Grande do Norte ao Piauí, com uma geografia que propicia os ventos dos sonhos de qualquer kitesurfista. E no Brasil eles não são poucos, segundo cálculos da ABK – Associação Brasileira de Kitesurf, já são mais de 8 mil praticantes espalhados pelo país, destes, cerca de 3000 sendo profissionais. Picos como Cajueiro da Praia, no Piauí; Preá e Cumbuco, no Ceará; e São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte; de fato são imbatíveis quando o assunto é Kitesurf. Mas, nada comparado às características encontradas, única e exclusivamente, na capital alagoana. A principal delas? A acessibilidade a uma das melhores baías de todo o país, a enseada da Pajuçara. Ouvimos certo dia de um velejador que “saio do trabalho, chego em casa, troco de roupa, atravesso a rua e em 5 minutos já estou colocando o barco no mar. Isso não encontramos em lugar nenhum do Mundo”, comentou, referindo-se ao fato de estarmos num centro urbano e ao mesmo tempo podermos conviver com a natureza com um contato tão próximo.

“É extremamente necessário esse curso antes da prática para que os riscos sejam minimizados e o esporte seja só diversão”, alerta o presidente da AKA, Diego Ismael, informando que são necessárias de 6 a 10 horas de treinamento para que o iniciante alcance um nível básico de conhecimento. Criada este ano, a AKA tem como objetivo promover a prática do kitesurf com segurança e responsabilidade e representar os associados perante os órgãos públicos e a sociedade. Para se associar, o velejador precisa apenas passar pela parte burocrática, preenchendo um formulário e entregando cópias de alguns documentos; seguir as diretrizes e pagar a anuidade.

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Foto Antonio Maria do Vale

E de novembro a março é que as coisas engrossam, época em que os ventos aumentam no Nordeste e onde é inverno no hemisfério norte, desviando toda as atenções para as nossas praias. E se você quer começar bem, esqueça comprar equipamento e tentar se aventurar aprendendo na marra. O kitesurf é um esporte que exige um treinamento inicial exemplar e a melhor alternativa para quem deseja rasgar o mar da Pajuçara é buscar orientação com profissionais. O primeiro passo é procurar a AKA – Associação de Kitesurf de Alagoas, que lhe orientará da melhor forma, inclusive indicando os melhores instrutores para suas aulas.


Fotos Antonio Maria do Vale

1

1 Linhas de voo

Conectam o kite na barra de controle

2

2 Barra

Controla os movimentos

3 Trapézio

3 4

Fica preso ao corpo para conectar a barra ao velejador. algumas possuem enconsto rígido

5

4 Prancha

É feita com material que resiste a impacto e possui alças para os pés

5 Colete

O uso do colete salva-vidas é imprescindível

Pipa ou kite

Em formato de asa em arco, possui estrutura inflável para flutuar

Periodicamente a associação realiza reuniões para discutir regras de segurança no esporte e a conduta que o velejador deve ter para evitar acidentes. Dentre as recomendações básicas: os kitesurfers devem dar preferência a todos os outros usuários da praia, devem ceder a vez a todos os outros navegadores, devem realizar pouso e decolagem com auxilio, entender que regras de segurança não substituem o bom senso, que sua pró-atividade pode evitar acidentes e, principalmente, que uma lista de diretrizes para prática segura jamais será finalizada e que qualquer colaboração neste sentido é bem vinda. O cuidado com a segurança é de longe uma das principais características do kitesurf e, além da técnica com os equipamentos, a AKA busca aprimorar seus associados com cursos voltados ao socorro e forma de agir em caso de uma emergência. Reunião que não se limita a discussão entre os praticantes, regularmente, a AKA também realiza encontros com membros do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas para debater e desenvolver modelos de resgate. Apesar de ser tudo muito novo, a AKA já possui 27 associados e é uma das associações mais organizadas do Nordeste. Resultado de um trabalho em equipe que hoje é liderado pelo carioca, alagoano de coração, Diego, que conheceu e se apaixonou pelo esporte em terras potiguares. “Eu sou

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nascido no Rio de Janeiro, criado nas areias da Ponta Verde desde os 5 anos e aprendi kite em 2003, quando morava em Mossoró/RN, na praia de Pernambuquinho, que fica perto da divisa com o Ceará e é um local abençoado por ventos acima de 20 nós. Em 2011, retornei para Maceió com o kite já no coração”, disse Ismael, ratificando porque a capital alagoana é um lugar especial para os praticantes da modalidade. “Aqui não venta como no Rio Grande do Norte e Ceará, mas o velejo é coisa que não existe em lugar nenhum. Um velejo urbano na baía da Pajuçara é coisa de outro mundo. Águas transparentes, arrecifes coloridos, tartarugas e gaivotas acompanhando o trajeto e, para coroar, o pôr do sol nas piscinas naturais. Só quem passou por isso sabe do que estou falando”, acrescentou.

E se você se identificou e deseja experimentar, corra que algumas competições estão agendadas e com muito esforço você poderá vivenciar a experiência de flutuar em uma manobra ou desbravar os mares num Downwind, que são as travessias entre praias mais distantes, como a que a AKA realizou em novembro entre Maceió e a Barra de São Miguel. “Estamos organizando um evento para o mês de dezembro ou janeiro, dependendo do vento, na Barra ou Pajuçara, uma competição de manobras”, informou Diego. E com mar, equipamentos, condições climáticas e instrução disponível, o que resta para um test-kite. Aproveita, o vento sopra a favor!

Foto Antonio Maria do Vale

A paixão é tanta que Diego não desanimou diante das dificuldades encontradas ao voltar pra terrinha. Ao invés disso, decidiu enfrentá-las e, frente os obstáculos, enxergou possibilidades. “Desde que voltei senti muita dificuldade

para comprar equipamento e conseguir peças de reposição. Foi então que resolvi pegar representação de algumas marcas para atender a demanda do mercado alagoano para o esporte. Hoje tenho equipamento completo para quem quiser ingressar na maravilha do kitesurf”, contou, dizendo ainda que os equipamentos básicos para praticar a modalidade são a prancha, a pipa e o trapézio.

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VivianeSuzuki

!

Alarme

Falso

Serviços de emergência continuam sendo alvo de trotes. A cada ligação falsa, uma vida corre o risco de não ser salva.

Sinal de alerta!

Há muito queria tratar desse assunto, porém, os outros temas trazidos foram em épocas que vieram bem a calhar. O tópico que trago nesta edição é uma das maiores origens de ligações para o número de emergência do Corpo de Bombeiros Militar, em qualquer período, e com a chegada das festas de fim de ano, resolvi abordar a problemática que os chamados falsos, trotes, causam a população, seja ela a de quem necessita do serviço ou de quem presta.

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Em todo o país, os serviços emergenciais sofrem diariamente com o alto índice de trotes, causando gastos aos cofres públicos por conta dos deslocamentos efetuados. Ressaltando ainda os transtornos aos próprios militares, no caso em questão, devido ao estado de alerta repentino e o nível de tensão ser aumentado durante os deslocamentos para o atendimento dos sinistros, sem contar os riscos a que ficam expostos devido ao serviço em si. Pois bem, para vocês terem ideia, cerca de 82% das ligações recebidas pelo número de emergência do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Alagoas, 193, são de trotes. Esse número foi a média após uma análise feita pelos chamados recebidos durante o ano de 2013. Pasmem, mas é a verdade em que vivemos hoje e o que mais me entristece é que em muitas dessas ligações é possível se escutar a voz de adultos induzindo as crianças a realizarem esses trotes, ou seja, se o próprio pai, mãe ou “responsável”, que deveria justamente ter uma atitude adversa da descrita e educar seus pequenos para reduzir o índice de acidentes, são os primeiros a induzi-los a prática do ato delituoso, o que esperar da relação dessas crianças com outras pessoas na rua ou escola com o exemplo trazido de casa. Além disso, durante os muitos serviços operacionais que já realizei, vez ou outra era acionada junto a minha equipe de trabalho uma ocorrência de grande porte e de uma

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dificuldade imensa de solução e ao chegarmos ao endereço colhido pela Central de Atendimento do Corpo de Bombeiros, não existia sequer uma pessoa na rua para perguntarmos maiores detalhes do ocorrido. Pior ainda, relembro que em duas delas, ao atendermos um chamado falso, outra ligação de situação real era atendida pela Central e a mesma respondeu que não haveria viatura disponível naquele momento devido a outra ocorrência estar acontecendo. Sorte conseguirmos sair do atendimento ao chamado falso e irmos ao local desta segunda solicitação e realizarmos a operação a tempo e com sucesso. Acredito que, se nunca tinham parado para prestar atenção no tamanho da gravidade que é o deslocamento de uma equipe para situações não verídicas, a partir da leitura desta matéria vocês serão mais um agente multiplicador desse alerta. Vidas podem estar sendo perdidas pela falta de atendimento, ou mesmo, pelo atraso de guarnições especializadas para chegarem ao local correto em função de acionamentos que não deveriam ter sido maquiados. Falando em nossos atendentes e seus brilhantes serviços, gostaria de ressaltar a tamanha importância que eles exercem em suas funções, uma vez que diversas vidas já foram salvas somente pelas orientações dadas via ligação telefônica. Para tanto, os operadores desse quadro participam de cursos em que os executores da área operacional põem realmente em prática, fazendo com que ao receber um chamado, eles possam se situar e dar as informações precisas de como o solicitante poderá agir para que se salve ou salve a pessoa que seja a causa da solicitação de emergência. Os atendimentos são bem mais comuns do que se possa imaginar e cruciais para um bom desfecho, como o caso da atendente da Polícia Militar de São Paulo que ficou ao

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telefone, com uma criança que teria ligado dizendo que assaltantes invadiam sua residência, colhendo as informações precisas e dando suporte emocional até que uma guarnição chegasse ao local e atuasse, evitando o assalto em si e possíveis feridos. O atendimento emergencial mais solicitado é o que o solicitante precisa de cuidados de primeiros socorros, um serviço que aos olhos de alguns é simples, porém, de extrema importância. A partir das respostas, que devem ser o mais imediatas possíveis, é possível salvar muitas vidas com as orientações repassadas pelos atendentes, evitando mortes ou sequelas, algo que não é possível caso a linha esteja ocupada por algum chamado falso. Diante de tantos trotes, muita gente pergunta se existe algum mecanismo legal que puna o ato delituoso para os serviços de emergência. A resposta? Sim. A exemplo de outros Estados, como São Paulo, Rio de Janeiro e Paraíba; o governo de Alagoas criou o dispositivo em Lei de nº 7.389 datada de 26 de julho de 2012, que prevê a cobrança do ressarcimento das despesas decorrentes das ligações realizadas de má-fé. Após detectada a ação criminosa, o agente de segurança pública irá dar entrada em Boletim de Ocorrência em delegacia, que tomará as devidas providências junto à empresa de telefonia a fim de colher os dados do proprietário da linha identificada para que em sua própria conta telefônica esses gastos sejam incluídos. Portanto, fiquem bastante atentos a prática desses atos que para muitos podem ser motivos de brincadeiras e passatempo, mas que para a maioria da população é um fato vergonhoso e delituoso, visto que no mesmo momento em que um trote está sendo realizado, uma vida poderá estar deixando de ser atendida, podendo gerar consequências fatais.


CilOliveira

Viva seu estilo!

A moda a seus

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pés! Espadrilhas, Slip ons e sandálias Birkenstock ditam o que calçar no alto verão 2015

Ah... o verão!!! A estação das cores, do calor, do clima descontraído e descomprometido chega com tudo e o street style já dá sinais de que as antenadas de plantão aderiram às tendências das passarelas e já mostram no day-by-day que a moda não subiu à cabeça, ela desceu para os pés das itgirls! As fashionistas estão aderindo cada vez mais ao estilo parisiense de compor looks limpos onde o destaque são os acessórios e nenhum deles é mais amado pelas mulheres que o sapato! E neste verão, sandálias e tênis em modelos repaginados e cheios de estilo dão cara nova às produções e deixam de ser coadjuvantes para tornarem-se os protagonistas da produção.

Imagem Divulgação

O clima fashion e superesportivo está no ar e com certeza você já se deparou com looks totalmente cools montados em cima de alpargatas, slip ons e papetes. Eles que antes eram desprezados pelo mundo fashion e quase proibidos nos closets das its pela sua associação com o despojado e despreocupado ocupam hoje o posto de up to date no street style e o trendalert é usar tudo do jeito mais informal possível. E para quem quer aderir, pode experimentar porque vai acabar tendo um (ou mais). São os calçados do verão sem dúvida nenhuma! Tá com dúvida de como usar e qual a nomenclatura correta de cada um deles? Então siga nosso pequeno manual fashion da moda para os seus pés, deste verão 2015, e saia já por aí desfilando charme e muita personalidade!

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O solado de borracha branca e reta é a principal característica deste calçado que compõe looks despojados e cheios de estilo. Os cadarços são substituídos por tiras de elástico nas laterais e neste verão ele vem em cores lisas básicas que vão bem com tudo ou ainda com bordados e prints chamativos. O animal print é par perfeito para dress neutro como o clássico P&B, listras e looks all jeans. Os lisos e com estampas de flores casam em perfeita harmonia com saias e vestidos num clima mais girlie. Atenção: se você tem perna e tornozelo grosso, cuidado! Este modelo de tênis achata a silhueta.

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Sandália Birkenstock I Papete Espadrilhos I Alpargatas Em solado natural, em palha ou de borracha, dão um toque descontraído e casual porém com muito charme ao look. Use com shortinhos, saias, vestidos e calças cropped. São uma ótima pedida para os dias mais quentes e circulam tranquilamente do calçadão da praia ao happy hour sem a menor cerimônia. No trabalho ou para uma produção mais incrementada opte pelos modelos de salto.

Com solado pesado e mais grosseiro, diferente das delicadas rasteirinhas e sapatilhas, o modelo tem uma pegada casual e cheio de personalidade, sendo o ponto forte do look, já que traz muita informação de moda. Muitos a consideram um “chinelo fashion”, então, na hora de usar, vale o bom senso. É perfeito para produções confortáveis e diurnas, mas devem ser evitadas em looks mais formais e à noite. Use com saia, calça, shorts e vestidos fluidos. Para quem tem tornozelos e pernas grossas fica melhor combinar com calças croppeds e saias longas pois o peso que ela cria aumenta os volumes.

Imagens Divulgação

Slip On I Tênis Iate


Milagre de Natal Memória

Por Antonio Maria do Vale

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24 de dezembro de 1914 foi um dia para ficar marcado na História! A data não podia ter sido celebrada de melhor maneira, relembrando para os que ainda não se situaram, que estávamos em plena Primeira Guerra Mundial. Centenas de soldados, que haviam passado meses assistindo seus amigos morrerem das formas mais terríveis que se possa imaginar, jogaram espontaneamente as armas e pararam de lutar. Não houve ordens superiores, nem uma trégua formal, apenas mil ou mais homens cansados e infelizes determinados a não deixar que aquele dia fosse tão absolutamente miserável como todos os outros. Ao longo dos campos de batalha da França, as tropas britânicas, alemãs e francesas se recusaram a lutar. Em vez disso, eles cantaram músicas natalinas e compartilharam alimentos e cigarros uns com os outros. Uma tropa britânica começou um jogo de futebol com os seus inimigos alemães, partida marcada pela cordialidade. Algumas tropas negaram-se a reiniciar a luta durante semanas. No meio da pior batalha travada entre homens, sim, entre homens, pois a luta era no campo de guerra e ainda sem o auxílio bélico que conhecemos hoje; soldados se deram ao luxo de ter o Natal que tanto queriam. Construíram o seu próprio milagre de Natal.

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Imagem Divulgação www.OUSHBrasil.com.br


Viagem no tempo Por Antonio Maria do Vale

Presente, passado e futuro se misturam sempre que o Homem deseja entender sua existência. O pensamento atual muda e interpretá-lo no amanhã pode auxiliar na busca por respostas. A curiosidade sempre moveu a humanidade desde sua existência. Ela é um dos combustíveis, senão o principal, responsáveis pela evolução do Homem, que vive no permanente ciclo questionável entre presente, passado e futuro. O hoje é feito da busca para entender o ontem e, dessa forma, construir o amanhã. A vida é feita em torno de nossos questionamentos, sempre foi assim, desde que o mundo é mundo e que o Homem é Homem que as dúvidas e busca por respostas caminham em paralelo.

Cápsula do tempo

O que nós sabemos que sabemos? O que nós sabemos que não sabemos? O que nós não sabemos que não sabemos? Se o universo é tão incontrolável e imprevisível, repleto de possibilidades, por que nossos pensamentos sobre nós mesmos e nossas vidas são tão limitados? Há centenas de anos ciência e religião se empenham em decifrar tais questões: descobrir e explicar! Entretanto, ao que tudo indica, não passamos sequer pelo prefácio do que podemos chamar de ”Livro das respostas”.

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Uma coisa é certa: de forma automática, de supetão, você provavelmente acredita que cria a própria vida a cada dia. Decide que horas irá levantar. Que roupa irá usar. O que comerá no café da manhã. Como tratará as pessoas que encontrará na rua, trabalho, faculdade, academia. Tudo aparentemente gira em torno dessas decisões, elas é que, de maneira mais ampla, desenharam a trajetória de nossas vidas, nos direcionando a outras escolhas: casar, ter filhos, que profissão seguir. Mas, e o acaso? O encontro acidental com a garota dos sonhos, o bilhete de loteria premiado, o carro amassado na volta ao estacionamento. Na verdade, o “eu” da frase “eu crio a minha realidade” é seguido de vírgula e não ponto final. A frase não termina em exclamação, e sim, em interrogação. Com base nessas expectativas, o Homem sonha em controlar o tempo e assim manipular as consequências de seus atos, principalmente quando estas são diferentes do que se esperava. Porém, isto é coisa de ficção e não passará de produção cinematográfica, como no combo “De volta para o futuro” e em outros filmes que levam o Homem a tempos remotos ou adiante de seu tempo. A máquina do tempo ainda não foi inventada. Um bom exemplo de análise entre perspectivas e realizações está nas cápsulas do tempo. Criadas desde a antiga Mesopotâmia, elas costumam guardar histórias e objetos de época para serem reabertas e analisadas por gerações futuras. Hoje, possuem os mais variados objetivos, podendo ser intencionais ou não, como no mais famoso caso de cápsula do tempo involuntária, quando a erupção do vulcão Vesúvio, na Itália, provocou uma intensa chuva de cinzas que

sepultou toda a cidade de Pompeia, que permaneceu oculta por 1600 anos. A partir do século XX elas se tornaram mais frequentes e atualmente é impossível precisar quantas delas estão espalhadas pelo mundo. Qualquer um pode construir sua própria cápsula, informando ou não a outras pessoas que ela existe e quando deve ser aberta. No último mês de outubro, a mais antiga delas ainda fechada, e que se tem conhecimento, foi encontrada em Boston, nos Estados Unidos. A descoberta poderia até já ter acontecido, mas como a história em sua volta era até então tratada como lenda, só agora a pequena caixa foi encontrada. Tudo começou quando historiadores americanos se supreenderam com a história de uma mulher, descendente de um carpinteiro que trabalhou no museu em 1901, que contou que, segundo um velho e recorrente relato familiar, a mais antiga e ainda fechada cápsula do tempo do mundo estaria na boca de uma estátua de leão de ouro, no topo do Museu Old State House. Desta vez, eles decidiram checar o palpite e, em meio a uma reforma, a cápsula foi encontrada. Em uma cerimônia privada para jornalistas em Woburn, Massachusetts, a caixa foi aberta e continha um livro de capa dura vermelha em cima de outros itens. A Sociedade de Boston, que preserva artefatos históricos da cidade e mantém o museu Old State House, decidiu não retirar o livro da caixa durante a cerimônia. Em vez disso, os historiadores irão analisar todo o conteúdo da cápsula em um ambiente mais controlado, que garanta a preservação e manuseios apropriados no material. “Está em ótimas condições, muito mais limpo do que eu esperava”, comentou a arquivista americana Elizabeth Roscio, embora seja pouco provável que os documentos da caixa tenham sobrevivido ao rigoroso inverno de Boston. Segundo Nathaniel Sheidley, diretor da instituição, a neve e o granizo torna difícil que artigos de papel se mantenham inteiros ao longo dos anos, sendo assim, o conteúdo da caixa teria um significado apenas simbólico. Assim que a reforma do leão do museu Old State House for concluída, a Sociedade de Boston irá devolvê-lo a seu lugar original com uma nova cápsula do tempo dentro. A instituição espera que o prefeito Marty Walsh escreva sua própria carta para a cápsula e está aceitando sugestões de outros itens para incluir na caixa. A ideia mais popular, até agora, é a inclusão de um celular. E para conviver com exemplos mais próximos não é preciso ir muito longe. Prosseguindo com a campanha “A Gruta ama você”, a Construtora Humberto Lôbo revitalizou, em parceria com a Prefeitura Municipal de Maceió, a Praça Mirante da Uma revista com a cara do Nordeste


10 de outubro de 2024 Cรกpsula lacrada na Praรงa do Mirante da Gruta serรก reaberta em 10 anos.

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Foto Divulgação

Expectativa! Historiadores abrem caixa encontrada dentro do leão dourado do Museu Old State House.

Cápsula do tempo

Gruta que, dentre as inovações inseridas no projeto, teve sua cápsula do tempo lacrada durante a inauguração do novo espaço público, no último dia 10 de outubro. Neste caso, o conteúdo é formado por depoimentos de alunos de escolas da capital alagoana, que serão relidos em uma década.

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A coordenadora pedagógica da Escola Monteiro Lobato, última escola a ser visitada para coleta de depoimentos, Adilza Oliveira, destacou o entusiasmo dos alunos desde o primeiro contato com a proposta. “Nós dividimos os alunos em três blocos: os do 5º ano falaram sobre a Gruta; do 6º, sobre a relação do bairro com a cidade de Maceió; e os do 7º, sobre o bairro, a cidade e o país”, explicou. Cada ano de ensino teve um aluno como representante de turma, Laís Lôbo, de 11 anos, representou o 7º ano e compartilhou de um sentimento comum a todos seus colegas: a importância que o projeto teve durante sua execução. “Foi uma experiência muito interessante, algo novo que vai ser muito importante na hora que abrirmos as cartas daqui a 10 anos e reencontrarmos nossa turma, que faz parte da nossa vida hoje e por muito tempo”, contou a estudante que, sem muitos detalhes, nos revelou que buscou escrever coisas sobre seu futuro, sua formação, como estará nossa cidade e suas amizades. Antes disso, duas outras escolas foram visitadas. Na Escola Estadual Deputado Guilhermino de Oliveira, situada no bairro, a professora Elizabeth Barros, que mora há quase 20 anos na Gruta, gostou muito do projeto com as crianças e destacou: “A Gruta é um bairro familiar e tradicional, gosto muito de morar e trabalhar aqui. Achei ótimo o trabalho de redação com os alunos, pois estimula a imaginação e a autoestima. Eles ficaram muito empolgados com o trabalho”. Alunos como Deivid da Silva, de 11 anos, aprovaram a ideia e participaram escrevendo o que esperma que aconteça daqui a 10 anos. “Quero fazer uma faculdade e terminar

meus estudos. Também quero estar aqui para abrir a cápsula do tempo para ver se tudo o que escrevi aconteceu até 2024”, disse. A estudante Kaylane da Silva, de 10 anos, que também mora na Gruta, achou o projeto muito interessante e confessou algumas de suas expectativas: “Pensei em várias coisas para o futuro. Daqui a 10 anos eu quero ser chef de cozinha”, contou. Educadores consideram a ideia de integrar as crianças no contexto de expectativas com o futuro como inovadora e bastante válida. Para a coordenadora da Escola Guilhermino de Oliveira, Nadja Guimarães, a iniciativa mobilizou as crianças de uma forma muito espontânea. “Vimos que eles têm uma visão positiva do futuro. Nos surpreendeu muito o envolvimento e a empolgação deles”, ressaltou. Já a diretora, Sheila Cardoso, ficou orgulhosa por fazer parte do projeto: “Ficamos felizes por terem convidado os alunos da escola pública para participar de um trabalho tão interessante, que possibilitou integrar outros aspectos interdisciplinares, trazendo a discussão sobre o passado, presente e futuro para dentro da sala de aula”, concluiu. Os alunos do colégio simplificaram bem o conceito desta revitalização, eles esperam realizar seus sonhos e viver numa Maceió melhor. A estudante Letícia Leite Alves, de 10 anos, já pratica o nado sincronizado e espera se tornar uma atleta profissional antes da abertura da cápsula. “Também quero ser médica ou veterinária. Vamos ver se o que eu escrevi para a cápsula do tempo vai se realizar”, sonha a aluna. Interessante notar que as pessoas desejam mais que guardar objetos, elas preferem compartilhar com o futuro as suas esperanças. Não são realmente os itens, que na maioria dos casos estão presentes nas cápsulas, mas o ato de dividir algo com as gerações futuras e o seu próprio eu futuro que importa. Hoje olhamos para frente, mas em dez anos, ao abrirmos a cápsula, lá estaremos, de novo, olhando para trás. Uma revista com a cara do Nordeste


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8113

Cripta da Civilização, da Universidade Oglethorpe A cápsula foi hermeticamente fechada e enterrada em 1940, devendo ser aberta apenas em 8113. Ali, será possível encontrar depoimentos e informações sobre de pessoas e empresas influentes na época, como textos do rei da Suécia, informações sobre a empresa Kodak e o roteiro original do filme E o Vento Levou. Além disso, a cripta deve revelar aos seres existentes no futuro dezenas de livros, máquinas de escrever, máquinas de costura e aparelhos considerados como sendo de alta tecnologia, como receptores de TV.

1940

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2040

Universidade da Pensilvânia A cápsula foi enterrada em 1940 e deve ser aberta apenas em 2040. A cápsula pesa nada menos do que 204 kg, mas tudo o que se sabe é que ela traz um discurso do presidente estadunidense Franklin Roosevelt, no entanto, com todo esse peso, espera-se que mais elementos tenham sido incluídos nela.

1939

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6939

Westinghouse Uma das cápsulas mais incríveis dessa lista foi enterrada em 1939, na Feira Mundial de Nova York e só será aberta em 6939. Lá dentro, os humanos (ou outros seres habitantes da Terra) poderão encontrar as relíquias de nada menos do que 5 mil anos antes. Entre elas, dezenas de microfilmes, cinejornais, sementes e tecidos. Na época, 3 mil exemplares de um livro documentando a cápsula do tempo, seu conteúdo e funcionamento foram distribuídos em museus e bibliotecas do mundo todo. Em 1964 a cápsula ganhou um complemento com relógios digitais e escovas de dente eletrônicas.

Realidade sem ficção Diferente do cinema, as cápsulas do tempo ainda são a única forma de voltarmos ao passado.

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2000

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2100

National Millennium Time Capsule Ela foi enterrada em Washington, no ano 2000 e deve ser aberta em 2100. Ela carrega diversos objetos importantes para a história mundial, incluindo pedaços do Muro de Berlim, um capacete da Segunda Guerra Mundial, um celular e um trompete de Louis Armstrong.

1988

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2088

Cápsula de Martin Luther King Jr. A cápsula foi enterrada no ano de 1988, na Freedom Plaza, em Washington e está programada para ser aberta em 2088. Ela contém alguns itens pessoais de Martin Luther King Jr, além de algumas fitas cassetes com a mensagem de pessoas coletadas nos anos 80.

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2076

A cápsula de Los Angeles Poucas coisas definem mais o espírito de Los Angeles na década de 70 do que a cápsula do tempo enterrada em 1976 e que deve ser aberta apenas em 2076. Ela leva um vestido usado pela cantora e atriz Cher, além de uma camiseta do jogador de basquete do Lakers, Jerry West, um skate e alguns outros itens, digamos, inusitados.

1997

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A cápsula do tempo de George Lucas Ela foi enterrada no rancho Skywalker, em 1997 e, segundo Lucas, nem ele sabe exatamente o que foi colocado ali dentro. No entanto, em entrevista à Wired, ele garantiu que a cápsula carrega “uma série de artefatos de Star Wars e itens de sua empresa”.

Imagem Divulgação

1940


A agonia de Chico

Texto original Paula Góes

Quem era visto como salvação, agora pede socorro!

Meio Ambiente

A chuva que caiu na Serra da Canastra no final de outubro não foi suficiente para alimentar as esperanças de que a nascente do Rio São Francisco, que secou em setembro pela primeira vez na história, se recupere. Mudanças climáticas, estiagem prolongada, incêndios e devastação gradativa do ecossistema da região são algumas das causas da morte do minadouro do rio, um dos mais importantes de toda a América do Sul. Esta nascente era, até então, considerada perene.

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Na cidade de Iguatama, localizada no oeste do estado de Minas Gerais e primeira a ser banhada pelo São Francisco, o rio já está tão seco que os pescadores estão largando o ofício. Três Marias, a primeira represa do rio, está operando com 3,5% do seu volume normal e precisou ter a sua vazão reduzida. Segundo avaliação do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF), se não começar a chover, a previsão é de que um trecho de 40 km de rio após a barragem seque completamente. Em Sobradinho, a segunda represa do Rio São Francisco, localizada na Bahia, o volume segue em 18%. Com 2.863 km, maior do que a distância entre as cidades europeias de Madri e Berlim, o São Francisco banha cinco estados brasileiros – Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe – abrangendo 504 municípios e formando uma das principais bacias hidrográficas do país. Apelidado de Velho Chico, é também conhecido como o “rio da integração nacional”, por unir diferentes climas e regiões e ligar o Sudeste e Centro-Oeste ao Nordeste, e o “mais brasileiro dos rios”, por nascer e desaguar em território nacional. Embora o rio ainda esteja correndo devido aos seus vários tributários, a seca temporária da sua cabeceira é considerada um dos sintomas da grave crise hídrica pela qual o Sudeste passa. Para o sociólogo Roberto Malvezzi, a seca da nascente representa um luto histórico para o rio São Francisco e seu povo. “Nem o pior dos vaticínios nos anteciparia essa notícia. Agora não é mais previsão dos catastrofistas, dos apocalípticos, de ambientalistas sectários. Estamos diante do fato”.

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Foto Divulgação

O Velho Chico morreu de sede, segundo o jornalista Carlos Costa, que disse ter sido “triste demais” ver a nascente seca: “Ele não perecerá por completo porque também recebe água de outros afluentes, mas sua nascente já morreu (já ressuscitou) e está cercada de pedras como se fosse em volta de uma sepultura. Um quadro triste! O “Velho Chico” morreu de sede em sua nascente, como outros rios poderão morrer também se eles não forem tratados com carinho, respeito e responsabilidade como se fosse mais um ser vivo, como na verdade é”. Da Bahia, o blogueiro Edivaldo Braga lista alguns dos problemas que assolam o Velho Chico, e diz que ele pede socorro:”O Velho Chico está agonizando e prestes a morrer. A ponte que liga algumas cidades encontra-se completamente descoberta e denuncia o sério problema. A morte do rio significa o fim de muitos ribeirinhos”. O São Francisco é a única fonte de água doce para muitas populações ribeirinhas, que também dependem dele para pecuária, agricultura e transporte, via navegação. O blog e as fotos de Markileide Oliveira mostram como a vida está prejudicando a locomoção dos moradores da cidade de Xique-Xique, Bahia, que se abastece de um braço do Velho Chico: “O Rio São Francisco vem enfrentando uma das maiores secas da sua existência, as várias cidades das suas margens sofrem com a falta de água. São inúmeros os relatos dos ribeirinhos, que contam as dificuldades enfrentadas no seu cotidiano. Muitos caminham a pé pelo leito do rio até chegarem à cidade e fazem o mesmo trajeto de volta para casa. Alunos das redes públicas chegam a usar três transportes para ir à escola, acordam às 5h para poder assistir a segunda aula por que a primeira não é possível. Os ribeirinhos estão aportando os seus barcos nas margens de um rio seco. Sem profundidade, as barcas de médio porte não conseguem navegar e os barqueiros buscam outras formas de sobrevivência. Os ribeirinhos estão substituindo os barcos por bicicleta, carroças, carrinhos de mão, entre outras possibilidades de locomoção”. A devastação do entorno do São Francisco não é um problema recente e há anos vem sendo documentada tanto por

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especialistas quanto cidadãos. Em 2009, João Carlos Figueiredo, autor dos blogs Meu Velho Chico e Meu Velho Chico: memórias de uma expedição solitária (também disponível no formato de livro eletrônico), percorreu de canoa toda a extensão do rio em cem dias, remando sozinho desde sua nascente, na Serra da Canastra, em Minas Gerais, até a sua foz, em Piaçabuçu, Alagoas. Sobre a notícia da seca na nascente, ele diz: Estamos chegando, rapidamente, no limite de resiliência (capacidade de recuperação) de nosso Meio Ambiente. Passado esse limite, o Brasil, gradualmente, se transformará em uma gigantesca savana seca e estéril. Regiões desérticas substituirão as florestas e as nossas gigantescas bacias hidrográficas. E até mesmo os ignorantes donos do agronegócio verão seus latifúndios se transformarem em terra seca e inútil para a lavoura. Será esse o nosso destino final? Lançado em 2012, o livro “Flora das caatingas do Rio São Francisco: história natural e conservação” traçou o mais completo perfil sobre a vegetação do Velho Chico, concluindo que a sua extinção é “inexorável”. Resultado de quatro anos de pesquisa e mais de 340 mil quilômetros percorridos por mais de cem especialistas de todo Brasil, o livro alertou para o perigo do projeto de transposição que pretende levar as águas do rio para os sertões, causando danos ainda maiores na caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, já extremamente ameaçado. A obra de transposição do Rio São Francisco, que já custou R$ 8 bilhões e ainda não está pronta, destinou menos de 10% de seu valor à revitalização de nascentes e matas ciliares. Segundo os críticos, a transposição deve beneficiar mais o agronegócio do que as populações carentes ou o meio ambiente. Roberto Malvezzi alerta que o processo pode inclusive acelerar a morte do São Francisco, que já é praticamente um rio intermitente: Hoje ainda se fala na transposição, ela continua na mídia, por muitos considerada ainda como a redenção do semiárido. Vamos respeitar a ignorância dessa afirmação, afinal o Nordeste e o semiárido continuam desconhecidos para 90% dos brasileiros,


Foto Divulgação

Lamento de um nordestino “Agora, mais uma vez o sol se põe, e a água do Velho Chico se mistura com o céu desmanchando no horizonte; eu sem meios me acuo enquanto a areia enterra o rio que me alimenta. Entro em casa e espero por uma chuva que teima em não chegar. E os muitos chicos escondidos pelo nordeste se trancam feito um “assum preto cego dos olhos” num assovio que não é canção, mas choro. Deitar já não é alívio, mas lembrança de um rio que nasceu com o Brasil, enterrar toda lenda nele escondida. Há se Nego d´água aparecesse, aquele diacho nunca mais derrubaria minha canoa, mas bem que eu queria, a gente comia um peixe com cachaça, e no fim das contas, seria só mais uma história de pescador. Vá em paz meu Chico... Deus há de mandar chuva e tua nascente há de nascer de novo; e como uma serpente tu há de colorir de verde o meu Sertão”.

A fonte secou Pela primeira vez na história a nascente do São Francisco parou de jorrar. Foram dois meses sem água

mas vale lembrar que 40% do semiárido brasileiro está em território baiano, portanto, longe dos eixos da transposição. Quantos ainda falam da revitalização? Alguém tem alguma notícia? O São Francisco continua em processo de extinção rápida e fatal. Mesmo assim fala-se em projetos de 100 mil hectares de cana irrigada em Pernambuco, 800 mil hectares de cana irrigada na Bahia, transposição para outros estados e assim por diante. Certamente voltará a chover, o rio vai recuperar volume, mas as secas serão cada vez maiores e mais constantes. A NASA, anos atrás, projetava que o São Francisco seria um rio intermitente em 2060. Realizamos a façanha de antecipar a projeção em mais de 40 anos. Diante do presságio da morte irreversível do rio, o historiador Carlos Bittencourt pergunta “o que se está transpondo então?”: Transpõe-se a seca, transpõe-se a água que acaba aqui para lá. Transpõe-se a barbárie do Sudeste ao Nordeste, aponta-se a proa do navio para o buraco. Soluciona-se a causa aprofundando as consequências. Círculo vicioso da acumulação de capital, da

coisificação da vida e dos meios da vida. A transposição do Rio São Francisco bebe da mesma água de sua extinção. Historicamente, a região Nordeste sempre sofreu com a seca. A novidade agora é que o Sudeste, onde está a nascente do São Francisco, também enfrenta grave escassez de água. Refletindo sobre o assunto, a geógrafa e blogueira paulista Martina Sanchez conclui que é preciso perceber que a natureza segue seu curso, seus ciclos e fases, eresta ao homem se adaptar: Algo está confundindo os climatólogos que não acertam com as causas da seca prolongada no Sudeste neste ano (2014). Até as nascentes do Rio São Francisco na serra da Canastra (MG) secaram. O nível dos reservatórios da Cantareira, na cidade de São Paulo, está baixo e começa a comprometer o abastecimento. É o aquecimento global! Dizem uns. Outros acusam sobre o mau uso dos recursos hídricos, a falta de planejamento, o excesso de consumo e desperdício. Todos têm razão e nenhum tem o direito de apontar o dedo para o outro. Os cidadãos terão que aprender a conviver com os extremos climáticos que não obedecem a decretos nem leis humanas.

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