8 Edição do Jornal O MIRACULOSO

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Eis que lançamos a 8° Edição do Jornal O MIRACULOSO trazendo como tema a EDUCAÇÃO. Tema escolhido em razão da tragédia na escola de Realengo no Rio de Janeiro; pelo grande Caos que vive a Universidade de Brasília e pelas perspectivas com o ínicio do Governo Agnelo para a Educação do Distrito Federal. Trouxemos nesta edição vários educadores que atuam no ensino fundamental, médio e superior, bem como a visão de alunos também. O MIRACULOSO espera com esta edição ajudar no debate e no acúmulo sobre a Questão da Educação, bem como outros temas que aborda nesta edição. Esperamos na próxima edição voltarmos a lançar o Jornal Impresso e Gratuíto como foi até a 6° Edição, mas para isso precisamos de anunciantes e parceiros para conseguirmos bancar o custo gráfico. De qualquer forma, diante de seus olhos está mais uma edição do Jornal O MIRACULOSO, nascido para ser independente e colaborar para a democratização da Comunicação, tão concentrada nas mãos de poucos e tão restrita a tantos.


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Literatura


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Literatura


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Quem caminha pelo campus Darcy Ribeiro tem a impressão de que até as paredes exalam informação. No ICC, por exemplo, são quase 700 metros de murais repletos de cartazes e avisos, aos quais se juntam pichações políticas, colagens, desenhos e aplicações de estêncil. Há até uma anedota segundo a qual os calouros da Universidade podem ser identificados pelo hábito de andarem olhando para as paredes e para o teto. Em meio ao “barulho visual” do Darcy Ribeiro, algumas intervenções se destacam pelas dimensões ou pelo cuidado com que foram feitas. É o caso de curiosas instalações montadas com linhas no campus todos os semestres, ou do gramado tomado por esculturas que fica acima da FA. Tratase, no primeiro caso, do trabalho de grupos de alunos da disciplina Desenho 3, ministrada pelo professor Vicente Martinez Barrios, do Departamento de Artes Visuais (VIS). As esculturas são o resultado de um semestre de trabalho dos estudantes da disciplina Escultura 2, sob a batuta do professor Miguel Simão da Costa. “O que tentamos fazer é subverter a linearidade da gramática tradicional do desenho, aquela que diz que o papel é um substrato para ser desenhado com o lápis, etc. A idéia é ampliar as possibilidades, introduzir um desenho mais contemporâneo, que sai da superfície bidimensional e vai para o espaço”, conta o professor Martinez. Ele explica que os trabalhos resgatam os estudos realizados pelas chamadas vanguardas artísticas do início do século XX, como o cubismo, que repensaram a relação entre o espaço tridimensional e o desenho bidimensional feito no papel. As instalações com as linhas foram o primeiro trabalho da disciplina nesse semestre. “O próximo trabalho que estou planejando com eles é sobre o suporte. Da mesma forma que imaginamos uma linha que sai do papel e ocupa o espaço, agora vamos utilizaremos o papel como a matéria do desenho”, informa Martinez. Ele próprio começou seus trabalhos com instalações em locais públicos no fim dos anos 1970, em Brasília, com um grupo chamado Excultura. Exemplos dos trabalhos com linha desse semestre puderam ser vistos no Teatro de Arena, na Concha Acústica e na escada do “corredor da morte”, próximo ao Instituto de Geociências, no ICC. Incompreensão e vandalismo “O nosso trabalho foi colocado ali próximo ao instituto de Geociências, se chamava 'A morte do corredor da morte'. Os

fios foram cortados umas quatro vezes, e foi com tesoura, a pessoa tinha o objetivo de destruir o trabalho”, conta Natasha de Albuquerque, que cursa a disciplina Desenho 3 com o professor Martinez. Professor e alunos contam que a depredação dos trabalhos, especialmente das instalações com linhas, é recorrente. “Colocamos uma plaquinha explicando que era um trabalho, mas as pessoas cortaram exatamente em cima da plaquinha. Não foi acidente”, reforça Natasha. Gabriel Couto, colega de Natasha na disciplina, explica que os trabalhos já são feitos levando em conta o fator depredação. “O desrespeito acontece realmente, e varia muito de acordo com o local onde a instalação está. Alguns grupos tentam, o nosso mesmo tentou, conscientizar as pessoas sobre o que é o trabalho, sobre o fato de ser uma experimentação, etc. A gente deixou bilhetes ali no teatro, conversamos com as pessoas enquanto estávamos montando”. Nos trabalhos dos alunos da disciplina Escultura 2, a depredação também já faz parte do exercício, como explica o professor Miguel Simão da Costa. “Já tivemos problemas com isso, discutimos bastante estão questão e de certa forma a depredação foi incorporada ao processo como um todo. Esperamos que não ocorra”. Arte que choca? Algumas das esculturas chamam a atenção pela ousadia na escolha do tema. É o caso do trabalho de César Augusto Flores Becker, do 7º semestre de Artes Plásticas. O trabalho, ainda em exposição, consiste numa espécie de torre formada por figuras humanas que praticam (e recebem) sexo oral, encimadas por um beijo. O trabalho foi elaborado a partir de moldes de argila das figuras masculinas e femininas que compõem a torre. Os moldes foram replicados em massa plástica, usada corriqueiramente para reparar latarias de automóvel, e agrupados no formato final da escultura. Entre os primeiros estudos e a finalização da obra, César levou cerca de oito meses. “Ela se tornou um projeto de vida, durante algum tempo”, conta o estudante. “A escultura é resultada de um processo de muitas descobertas, muitos erros. O objetivo do beijo é adicionar alguma coisa doce ao trabalho, como que uma cereja em cima do bolo”. Perguntado sobre se o trabalho não poderia ser ofensivo para algumas pessoas, o professor Miguel Simão é enfático: “Estamos na universidade e nesta comunidade a experimentação é a tônica da sua existência, não é possível censurar um experimento mesmo que ele perturbe as convicções religiosas ou morais de certos grupos”.


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Bem vinda Maria!!!


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