Jornal Ceilândia em Foco - Ano 1 | Edição 6 | Outubro 2017

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EDIÇÃO Nº 6, ANO 1 | CEILÂNDIA, DISTRITO FEDERAL | 20 DE OUTUBRO A 20 DE NOVEMBRO DE 2017

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA MARGARIDA TORRES ESPECIALISTA EM FORMAÇÃO DE PROFESSORES E MESTRE EM TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO FOTO: CEILÂNDIA EM FOCO

DIVA

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A LUTA DE MARGARIDA TORRES PELA EDUCAÇÃO

CIDADE

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TODO MÊS É DE PREVENÇÃO AO CÂNCER DE MAMA Organics News Brasil foto Divulgação

CULTURA

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CINE 23 CINEMA PRODUZIDO NA 23 DA NORTE

CONEXÕES URBANAS

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CONHEÇA O KRAV MAGA, DEFESA PESSOAL ISRAELENSE

FICA A DICA

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CACHOEIRA E PISCINAS DE ÁGUAS NATURAIS EM COCALZINHO DE GOIÁS foto Ceilândia em Foco

26 x 6 cm | 5 Colunas

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02 | CIDADE

CEILÂNDIA EM FOCO

CIDADE

CÂNCER DE MAMA PREVENÇÃO, TRATAMENTO E CURA por

Poliana Franco elongevidade.com.br foto Divulgação

No mês em que os olhares de diversos países do mundo se voltam para ações de prevenção ao câncer de mama, a doutora Marta de Betânia, mastologista no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), reconhece que a procura por atendimento neste período aumenta, mas é preciso intensificar campanhas sobre o tema, pois “a informação que chega à população ainda é precária, deveria ser mais ampla”. Passado o mês conhecido como Outubro Rosa, “há pacientes que não voltam sequer para buscar os exames realizados, como a mamografia”, afirma a Dra. Isso pode ocorrer por muitos motivos, mas a médica identifica que “ as mulheres se preocupam mais com o câncer quando veem alguém próximo com a doença, como um familiar ou uma colega de trabalho”.

A mastologista alerta, ainda, que o autoexame, tão difundido em campanhas anos atrás, não tem caráter preventivo: “Quando o nódulo é palpável já está avançado, o que não significa que seja incurável”. Ainda assim, muitas mulheres o fazem, sendo o período mais correto uma semana após a menstruação, quando a mama não estiver mais inchada ou dolorida. Fatores de risco Alguns fatores podem contribuir para o surgimento do câncer de mama, como: dieta rica em gordura, sedentarismo, obesidade, excesso de álcool, não ter filhos, hereditariedade. Mudar alguns hábitos, como ter uma alimentação saudável, uma vida sem excessos, praticar exercícios físicos, ter filhos, podem ser aliados à saúde da mulher e diminuir o risco de desenvolver a doença.

EXPEDIENTE JORNAL CEILÂNDIA EM FOCO CNPJ: 23.445.219/0001-08 Tiragem: 10 mil exemplares / mensal Diretora/Editora chefe: Poliana Franco - 11.583/DF Colaboradores: Catarina Loiola, Pâmela Paiva, Poliana Franco, Rafaella Remer da Silva, Rúbia Gondim. Diagramação e arte: Dianne Freitas FALE CONOSCO E-mail: ceiemfoco@gmail.com Facebook: facebook.com/ceiemfoco Departamento comercial: (61) 9 8332-6607 Redação: Ceilândia Sul- DF Textos assinados e Informes Publicitários são de responsabilidade dos autores.

Vencendo o câncer Apesar de jovem, Mônica Alves descobriu um câncer de mama aos 36 anos – VER BOX a partir de um nódulo no seio. A mamografia foi feita em uma Carreta da Mulher e levada a um médico mastologista, que confirmou o câncer. “ Na hora eu pensei: meu Deus, eu com essa doença? Foi um choque, mas eu não chorei”. Doutora Marta afirma que, quando a paciente chega ao mastologista, está com medo, sem informação e sem acreditar no tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). E aconselha: “Qualquer dúvida que a mulher tiver deve procurar ajuda, procurar atendimento e acreditar nele, não deixar passar, não pode viver aterrorizada pelo medo de estar com câncer”. Foi o que a Mônica fez, se informou sobre a doença e seguiu todas as orientações médicas durante o tratamento, que durou oito meses; passou por seis sessões de quimioterapia, mas por todo o tempo se manteve forte e otimista “do início ao fim eu

QUANDO FAZER A MAMOGRAFIA? • Pela Lei Federal 11.664/2008 - a partir dos 40 anos de idade, todo ano, mamografia de rastreamento – sem que a mulher tenha sintomas de câncer de mama; • Pela Portaria 61/2015, do Ministério da Saúde – a partir dos 50 anos – mamografia realizada a cada dois anos.

nunca desisti, arrumei forças não sei de onde”. Ela viu o cabelo cair sem se abater, e ainda ajudou a mãe a ter forças e não desistir. Hoje, Mônica ainda está em acompanhamento médico, mas tem qualidade de vida e retomou o convívio social com os amigos e pessoas da igreja onde frequenta. Entretanto, nunca se esqueceu do drama que enfrentou e do quanto é importante manter o otimismo e a cabeça erguida: “ As pessoas te olham como vítima, mas nunca perdi meu amor próprio, eu ia fazer químio maquiada e usando lenços coloridos na cabeça”. Direito assegurado A advogada Rafaella Remer destaca alguns direitos de portadores de qualquer tipo de câncer, como: “ uso

do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, isenção de alguns impostos e reconstrução mamária”. Segundo ela, “ a mulher com câncer de mama que realizar a mastectomia total ou parcial, que é a retirada da mama, tem o direito à reconstrução mamária. Não só pela rede pública, como pelos planos de saúde”. E ainda destaca que, segundo a “Lei 12.802/2013, a reconstrução mamária deverá ocorrer no mesmo ato cirúrgico de retirada, desde que existam condições técnicas e clínicas. Na impossibilidade de reconstrução imediata, a paciente deverá ser encaminhada para acompanhamento médico e terá garantida a realização da cirurgia após alcançar as condições clínicas”.

O primeiro atendimento da paciente é na Unidade Básica de Saúde (UBS). Ali ela é atendida e, se necessário, encaminhada pelo ginecologista ou clínico geral ao hospital, para consulta com o mastologista. Principais procuras aos ambulatórios se devem a: • Nódulo; • Descarga mamilar (saída de líquido); • Dor mamária; • Paciente de auto risco; • Imagens de exames com alteração.


SAÚDE E BEM ESTAR | 03

CEILÂNDIA EM FOCO

INFORME PUBLICITÁRIO

SAÚDE E BEM ESTAR

PARA EVITAR DESGASTE, GOVERNO DO DF USA TÁTICA DE “FAZ DE CONTA” por

Nicolas Bonvakiades - Ascom SindMédico-DF

No mês de outubro, foi noticiado por uma rádio do Distrito Federal que o racionamento de água, que hoje é de 24 horas por semana, aumentaria para 48 horas semanais. No mesmo dia, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) e a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa) desmentiram a informação, apenas para voltar atrás dois dias depois. Ainda assim, mesmo depois de ter sido publicada no Diário Oficial do DF a autorização para ampliação do tempo que a população ficará submetida à falta de água, a decisão do governo foi esperar pela possibilidade de que viesse chuva em quantidade suficiente para fazer o nível dos reservatórios subir. “É uma decisão que não foi baseada em aspectos técnicos, mas que foi tomada na esperança de evitar um desgaste ainda maior da imagem do governo, que em seu melhor momento, ainda tem 80% de reprovação”, aponta o presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal, Gutemberg Fialho. No entanto, localidades como Brazlândia, Planalti-

na e Sobradinho têm sofrido interrupções constantes até maiores que as 48 horas. Os presidentes da Caesb e da Adasa chegaram a ser convocados a dar explicações na Câmara Legislativa a deputados distritais irritados, no dia 23. “Nós queremos entender o processo e contribuir. Porque a água desaparecer, sem aviso nenhum, sem programação nenhuma para a volta, é um absurdo!”, reclamou o deputado Cláudio Abrantes, ele mesmo afetado pela falta de água. Em que ponto se encontram as posições do governo e a realidade é o que precisa ser explicado. Porque saber dos problemas hídricos, o governador sabia antes de assumir o cargo. Publicou isso na própria conta de Twitter, em 2011. O portal de notícias G1 noticiou isso em fevereiro deste ano. (https://glo.bo/2ixD1PJ).

Desmentidos e desinformação também na Saúde O governo tem agido da mesma forma duvidosa em diversas outras situações em que ficou evidente a falta de capacidade de ação. Em 2016, por exemplo, um surto de caxumba que começou, no mês de fevereiro, no sistema prisional e em agosto já havia contaminado quase 1.200 pessoas em todas as cidades do Distrito Federal. O governo Rollemberg disse que foram “42 casos isolados”, para minimizar o problema. Em maio de 2015, um surto de infecção hospitalar pela Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC) atingiu seis unidades públicas de saúde do Distrito Federal. No Hospital Regional de Santa Maria, 16 pacientes chegaram a ficar isolados em função disso. “A falta de antibióticos simples e o consequente uso de outros mais fortes tornou as bactérias

super-resistentes. Primeiro, o governo negou o surto, depois chegou a dizer que o problema era que os médicos não lavavam as mãos”, relembra o presidente do Sindicato dos Médicos. Outro fato que o governo Rollemberg também fez de conta que não ocorreu foi o aumento recorde das mortes nos hospitais públicos do Distrito Federal entre 2015 e 2016, ao mesmo tempo em que caíram as mortes por acidentes de trânsito ou por outras formas de violência. Pulou de 5.713 mortes para 6.727 sem que houvesse nenhuma epidemia ou catástrofe que justificasse. “E, infelizmente, sabemos que boa parte dessas mortes eram evitáveis, mas faltou medicamento, exame, equipamento, leito e gente para cuidar dos pacientes”, destaca Dr. Gutemberg. No transporte, na segurança e na educação a situação não é diferente. Repete-

se sempre o mesmo modo de agir: primeiro se diz que o problema não existe, depois se diz que ele não é tão grande. Quando não dá mais para esconder, alguém é escolhido como culpado. A ação do governo, se acontece, vem atrasada e a sociedade é quem perde. “E quem mais perde são as comunidades mais carentes, que são atingidas pela má gestão dos serviços públicos e, não por coincidência, as mesmas que estão sendo as mais castigadas pelo racionamento de água”, critica o Dr. Gutemberg.

Presidente do Sindicato dos Médicos, Dr. Gutemberg Fialho foto Assessoria de Comunicação SindMédico - DF


04 | CONEXÕES URBANAS

CEILÂNDIA EM FOCO

CONEXÕES URBANAS

Esporte

EFICIÊNCIA EM COMBATE: KRAV MAGA por

OS QUATRO PRINCÍPIOS DO KRAV MAGA: • Coragem; • Equilíbrio emocional; • Paciência; • Respeito.

Poliana Franco

A caçula das artes, desenvolvida em Israel na década de 1940 é exclusiva para defesa pessoal e não possui filosofias ou tradições milenares. Apesar de ainda pouco difundido, o Krav Maga é, sim, uma arte marcial, segundo o instrutor Rafael Menezes, e cada vez mais procurada por mulheres que querem aprender a se defender em casos de violência social ou doméstica. Krav Maga, em hebraico, significa combate de contato, e a disputa corpo a corpo não possui competições esportivas nem regras – todos os golpes são permitidos. O criador, Imi Lichtenfeld, passou décadas aperfeiçoando a arte para ser usada por civis de qualquer idade, homens ou mulheres, apesar da modalidade ter sido criada dentro das forças armadas de Israel. Em Ceilândia, o Centro de Lutas Arena Capital ensina todas as técnicas. São muitos os praticantes que escolheram a arte marcial por motivos como condicionamento físico ou autodefesa. Para o instrutor Rafael, se você procurou o Krav Maga “ é porque precisou de algo diferente”. Esse algo a mais a que se refere significa saber se defender de situações de ataque e violência usando golpes precisos, rápidos e muitas vezes, letais, tendo o corpo como principal ferramenta.

Onde fica? QNN 03 Conj. A lote 14 A – Via Leste – Ceilândia Norte

contra-ataque e para finalizar uma ação de violência, os treinos contam com facas, bastões e armas de fogo. Réplicas, é claro, mas que podem ser usadas em uma situação real da qual você terá que se desvencilhar e sair vivo. Graduação Com dedicação do aluno, não é preciso muito tempo para troca de faixa no Krav Maga, entre três e seis meses ele deixa o nível 1 - faixa branca para o nível 2 – faixa amarela. “Nesse período, terá aprendido a executar nove dos 78 chutes, 38 socos, cinco quedas e cinco rolamentos”, destaca Rafael, que ensina no Arena Capital há um ano e meio e é considerado pelo dono, Jefferson Pereira, como “um dos melhores instrutores de Krav Maga de Brasília”, atualmente graduado faixa marrom. Instrutor faixa marrom em Krav Maga, Rafael Menezes foto Rafael Menezes/Divulgação

A mais famosa das regras Das 15 regras do Krav Maga, a mais famosa é: Seja bom o suficiente para não matar. Com estratégia e técnica é possível, rapidamente, paralisar o agressor, atingindo-o em pontos sensíveis e vulneráveis como olhos, nariz, garganta, nuca, às vezes, pontos vitais. Como parte da aprendizagem, visando um rápido

Contato: (61) 3047-9791/ 9 8402-6601 Jefferson

BENEFÍCIOS DO KRAV MAGA ENQUANTO EXERCÍCIO FÍSICO: • Exercita todo o corpo; • Proporciona perda de peso (média de 800 kcal por aula de 1 hora de duração); • Trabalha a consciência corporal e a visão periférica; • Confere condicionamento físico; • Fortalece e tonifica os músculos; • Treina flexibilidade, postura e coordenação motora; • Melhora o sistema cardiovascular; • Melhora a auto estima.

O analista de sistemas, Jefferson Pereira, sempre gostou de lutas e chegou a criar um espaço de treino de Jiu-Jitsu para ele e o filho, Pedro Henrique, em um cômodo na frente da casa, na Via Leste, segundo ele “mais para os momentos de lazer em família”. No entanto, ao se aposentar decidiu investir na estrutura, ampliando o espaço e adquirindo materiais. Hoje a academia, que é federada, é espaço de treino para diversas modalidades.

Já o filho, Pedro, 18 anos, alçou voos maiores: este ano foi medalhista no Campeonato Brasileiro de Wrestling, no Rio de Janeiro e no Brasília International Pro, de JiuJitsu, lutou na Romênia e nos Estados Unidos. Ele treina pesado na Cei Jiu- Jitsu, no Setor O, e a maior dificuldade que enfrenta é a mesma de milhares de atletas pelo país: falta de patrocínio. Mesmo com apoio da Marra Brand em quimonos e roupas de treino, falta dinheiro para disputar grande parte dos campeonatos que Pedro gostaria.

10,1 x 7,2 cm | 2 Colunas Treino com faca foto Ceilândia em Foco

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Facebook: @arenacapital

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DIVA | 05

CEILÂNDIA EM FOCO

DIVA

Coluna

MILITÂNCIA CONTRA O ANALFABETISMO por

Pâmela Paiva

A ‘Diva’ deste mês é Maria Madalena Torres, mulher negra, goiana de Divinópolis de Goiás, que chegou com a família aqui aos oito anos de idade, quando Ceilândia tinha apenas oito meses. Ela acolheu a cidade e até hoje luta por melhorias para seus moradores. Madalena Torres é graduada em filosofia pela Uni-

versidade Católica de Brasília (UCB), Especialista em Formação de Professores e Mestre em Tecnologias na Educação pela Universidade de Brasília (UnB). E dedicou parte de sua vida à alfabetização popular de jovens e adultos na comunidade. O início da luta pela educação Na juventude, através de uma colega do grupo de jovens da paróquia, teve seu primeiro contato com o discurso do educador e pedagogo Paulo Freire, na época disseminado na Escola Normal de Ceilândia, espa-

alfabetizadora popular de jovens e adultos. “Desenvolvi uma consciência crítica da importância que tem, para a vida, alfabetizar as pessoas”. Dois anos depois, a pastoral de educação foi encerrada e os voluntários que desejaram continuar o trabalho de formação com analfabetos fundaram o Centro de Educação Paulo Freire de Ceilândia (Cepafre). Nessa caminhada, já foram mais de 15 mil jovens e adultos alfabetizados. Em decorrência de um câncer de mama e algumas complicações pós-tratamen-

ço destinado a formação de docentes do primário. “Foi nesse contato e com esse trabalho que eu comecei a sistematizar a luta na minha cabeça. Paulo Freire me inspirou a lutar por uma educação humanizada e de qualidade”, afirma. Em meados dos anos 1980, a paróquia onde frequentava iniciou uma pastoral social de educação, formas organizadas da igreja oferecer serviços específicos a grupos socialmente excluídos. No segundo semestre de 1987, entrou, pela primeira vez, em uma sala de aula como

to, Madalena se aposentou, mas faz questão de enfatizar, usando um trocadilho, que “estou aposentada e não após sentada. Até hoje consigo organizar meu tempo e continuo contribuindo e dando a minha parte social”. Madalena é uma militante que sempre defendeu a educação pública e de qualidade na sociedade. Hoje, além de integrar o Cepafre, é uma das coordenadoras do Grupo de Trabalho Pró-Alfabetização – Fórum EJA (GTPA) e coordenadora do Movimento Por Uma Ceilândia Melhor (Mopocem).

“QUANDO VOCÊ EMITE O BEM, NÃO SABE ONDE ESSA CORRENTE VAI DAR”

foto Ceilândia em Foco

Contato: facebook.com/MagdalaTorres publicidade


06 | COMPORTAMENTO

CEILÂNDIA EM FOCO

COMPORTAMENTO

NEGRITUDE TATUADA Estúdio Diáspora e a arte da tattoo em pele negra por

Rúbia Gondim foto Rúbia Gondim

Inaugurada há dois meses, em frente ao Skate Park, em Ceilândia Norte, Diáspora Tattoo é um estúdio de tatuagem especializado em dermopigmentação de peles negras, apesar de estar com agulhas a postos para receber a todos. A técnica, ainda pouco explorada pelos profissionais da área, desafiou a tatuadora Karol KaLibre a ser uma figura representativa para mulheres negras dentro da cena da tatuagem, tanto para as que seriam suas clientes, como para aquelas que quisessem se aprofundar nesta arte. No início da carreira, “por ser mulher e por ser negra, tive

muita dificuldade em me desenvolver”, comenta. KaLibre encabeça um time de quatro profissionais, entre eles o veterano Wellington Rasta, que desenvolve o trabalho há 20 anos. “Temos que estudar sempre, tem questões como o excesso de melanina na pele, que pede uma aplicação com mais cautela. A forma de diluir a tinta é diferente, a forma da aplicação, o tipo de agulha utilizada, inclusive, a pele negra reage diferente da pele branca”, explica. O nome do estúdio faz alusão à diáspora africana, que foi uma grande onda migratória forçada de nativos africanos para outras regiões do

globo; o termo vem do grego e significa dispersão.

Quer conhecer o trabalho do Diáspora Tattoo? Faceboook: @tattoodiaspora Endereço: QNM 20 Conj. B Lote 18 Contato: (61) 9 9393-8251 Atendimento: 10h às 20h

Flash Day Para divulgar o estúdio, os tatuadores do Diáspora organizaram um evento de três dias com tatuagens relâmpago, o Flash Day. Os clientes podiam escolher entre diversos trabalhos autorais e exclusivos para serem tatuados em suas peles, por um valor muito abaixo do preço de mercado.

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ARTIGO

Direito do consumidor por

Rafaella Remer da Silva*

Frequentemente consumidores tem seu nome inscrito indevidamente no cadastro de inadimplentes por empresas, o famoso “nome sujo”. Isso pode ocorrer em diversas situações, por exemplo, quando a empresa faz uma cobrança indevida do cliente e este se recusa a pagar, ou ainda quando o cliente paga uma dívida antiga e mesmo assim seu nome permanece nos órgãos de proteção ao crédito. Neste caso, se a empresa recusar a retirar o nome do cliente dos cadastros de devedores,

o consumidor poderá entrar com uma ação judicial, requerendo a retirada de seu nome desses cadastros e ainda indenização por danos morais em função de ter o nome “sujo” indevidamente. O dano moral decorrente da manutenção indevida do nome do consumidor no cadastro de devedores é presumido, ou seja, basta que o nome do consumidor seja indevidamente negativado, gerando assim o direito à indenização por dano moral ao consumidor, independente de outras provas.

“DESDE QUE CUMPRA O REQUISITO DE NÃO POSSUIR REGISTRO ANTERIOR, O CONSUMIDOR TERÁ DIREITO À INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL CASO TENHA SEU NOME INDEVIDAMENTE NEGATIVADO” *Rafaella Remer da Silva Advogada - OAB/DF 44.627 Contatos: (61) 9 9251-5532 rafaellaremer.advocacia@gmail.com

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FICA A DICA | 07

CEILÂNDIA EM FOCO

FICA A DICA

Coluna

CACHOEIRA DO GIRASSOL - UM RECANTO DA NATUREZA Distante de Ceilândia cerca de vinte minutos, o destino é boa opção para quem procura aventura ou descanso por

Pâmela Paiva

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foto Ceilândia em Foco

Para aproveitar esse calor que está fazendo no Distrito Federal, indicamos outro roteiro turístico refrescante. Então, em um domingo seco e ensolarado, saímos em busca de uma cachoeira pelos arredores de Ceilândia. Por volta do meio-dia, chegamos na Cachoeira do Girassol, onde recebemos a notícia de que “devido ao baixo nível dos lençóis freáticos, a cachoeira não está aberta à visitação até passar o período de seca”.

Mas isso não nos fez desistir de adentrar ao local, que possui além da cachoeira, quatro piscinas naturais de águas correntes e vasta área de lazer. As piscinas se dividem em duas para crianças com pequeno toboáguas e outras duas para adultos, também com escorregador, e não é necessário fazer exame médico. A infraestrutura para recreação se estende para área de camping com churrasquei-

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ras (para aluguel), quadra de futebol de areia e parquinho para crianças, além de várias duchas de banho espalhadas. Os usuários podem entrar com comida e bebidas em latas ou garrafas de plástico.

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foto Ceilândia em Foco publicidade

Atividades Durante a tarde, nos aventuramos pelo ecoturismo e praticamos arvorismo, um percurso com a combinação de obstáculos entre cabos de aço e altura que custa R$ 20,00. O passeio não tem duração estipulada, pois cada pessoa realiza o trajeto em seu próprio tempo. Há, também, opções de tirolesa (R$ 20,00), passeio a cavalo (R$ 25,00 – 30 minutos) e uma pequena escalada em parede projetada, a R$ 5,00 por 10 minutos.

Bateu aquela fome? No restaurante principal os visitantes podem aproveitar o cardápio à la carte, com pratos que variam de frango a moqueca de peixe, a partir de R$ 20,00. Outra opção é o self service a R$ 39,90 o quilo. Dona Rosa, a proprietária, conta que as deliciosas opções de “galinha caipira e carne de porco na lata são as principais pedidas, e servem até seis pessoas, pois acompanha arroz, batata frita, salada e quiabo” ao preço de R$ 120,00.

Vinhedo Há dois anos, a propriedade vem produzindo três tipos de uvas: Syrah, uva persa para produção de vinho local e as uvas de mesa Niágara e Isabel. A colheita só ocorre em setembro do ano que vem, e o vinho fica disponível para venda no local. O passeio pelo vinhedo dura o dia todo, com recepção e café da manhã no local, degustação de vinho e espumante, almoço e ida à cachoeira, e custa R$ 250,00 por pessoa.

Onde fica? No começo de Cocalzinho de Goiás, possui uma entrada bem sinalizada. O percurso em estrada de terra dura cerca de cinco minutos. Quanto Custa? R$ 22,00 durante a semana, exceto quarta-feira, que não abre. R$ 28,00 aos finais de semana. Camping - R$ 38,00 a diária para casal. Contatos: (61) 3224-7001 www.cachoeiragirassol.com.br facebook.com/cachoeiradogirassol


08 | CULTURA

CULTURA

CEILÂNDIA EM FOCO

O Som da Cidade

HOJE É DIA DE ROCK, BEBÊ Quinto Áz marca presença na cena de rock do DF e lança primeiro disco no final de novembro por

Catarina Loiola

Quem nunca quis montar uma banda com os amigos? Os meninos da Quinto Áz quiseram, e deu certo! A banda surgiu em uma escola de Ceilândia, em 2011, e tem como integrantes: Casen Barboza (guitarra), Carlos Henrique (vocal), Matheus Azzara (bateria), Matheus Fernandes (baixo) e Rubens Almeida (guitarra), garotos de 20 a 22 anos que, inspirados no rock nacional, não deixam ninguém parado nos shows. Quando o público pede “toca Raul” eles atendem, mas também não deixam a desejar quando o assunto é música autoral. Carlos e Rubens produzem a maioria das canções,

transformando experiências do dia a dia em músicas envolventes e de ritmo agitado. Além do som pesado, uma identidade visual conta muito. Por isso, a banda é adepta de figurinos diferentes para animar e se diferenciar e usam, nas apresentações, máscaras do filme V de Vingança, gorila e unicórnio, além de meiões de futebol. Reconhecimento Ceilândia é o berço dessa galera e shows aqui são frequentes; recentemente tocaram no aniversário do P.Sul. “Não vamos abandonar as origens”, afirma Matheus Fernandes. O sonho deles é

viver da música e ter o trabalho reconhecido. Por isso, se entusiasmam ao relembrar o contato com ídolos do rock. Digão, vocalista do Raimundos, já os assistiu e gostou, postando uma foto em seu Instagram com elogios ao grupo. Quinto Áz também já abriu um show da Plebe Rude, outra banda brasiliense. Desde o meio deste ano, vem sendo produzido o primeiro E.P: “Eis”. Com produção independente, terá a distribuição gratuita: online pelas redes sociais e física nos shows. O disco terá músicas novas e as preferidas do público, como “Dilemas” e “Como a Música Muda”.

foto Cristiano Costa

O som que embala o público é o mesmo que incomoda os vizinhos durante os ensaios. Eles acontecem na casa do baterista, que conta, com bom humor, que chegou a ser processado por um vizinho e perdeu a causa. Depois disso, precisou colocar proteção acústica no cômodo. Mas espere aí: não tem como fazer um som legal e de qualidade sem ensaiar bastante, não é mesmo? Contratempos à parte, o Quinto Áz segue ensaiando muito e fazendo um som de primeira. Gostou? Entre em contato com a banda: facebook.com/RockQuintoAz/ (61) 9 9844-8491

A MANEIRA DELES DE FAZER CINEMA Cine 23 democratiza e incentiva a produção de cinema na periferia por

Poliana Franco

Léo Maravilha é compositor de samba-enredo e um dos fundadores da escola de samba Águia Imperial, além de produtor cultural, roteirista e diretor de fotografia do Cine 23, um grupo de audiovisual. O trabalho com cinema é mais recente na vida do também técnico em informática, que, questionado como aprendeu as técnicas da sétima arte, afirma: “ a gente aprende cinema assistindo cinema, via Youtube e fazendo cursos na área”. O projeto Cine 23, idealizado pelo irmão, Téo Fissura, é

desenvolvido em Ceilândia, democratizando o acesso do fazer cinema na periferia, fomentando e incentivando a prática. Para tanto, conta com apoio de voluntários – equipe técnica e artistas; o ingresso de atores profissionais ou amadores no grupo não exige processo seletivo. As inscrições são online, em janeiro de cada ano, e os inscritos passam por um curso de formação com um preparador de elenco, de onde saem com certificado e preparados para os desafios de audiovisual propostos pelo projeto.

Made In Ceilândia Todas as locações de filmagens são aqui, com toda equipe, pré-produção, filmagem e montagem na cidade, o Cine 23 se orgulha de ser totalmente de Ceilândia. A equipe concentra ensaios e reuniões no CEF 10, “nosso QG”, brinca Léo, se referindo à sigla para Quartel General, local de trabalho desta turma que lançou o primeiro filme em 2016: ‘ A Lição’. A estreia, claro, também foi no CEF 10, na 23/25 de Ceilândia Norte, com a presença da comunidade e apoio da di-

Equipe do Cine 23 reunida foto Cine 23/ Divulgação

retora escolar, Flávia Hamid e da equipe escolar. Os dois novos curta-metragens estão quase prontos: ‘ Brilho no esgoto’ e ‘Um passo do perigo’, e o objetivo do grupo é inscrevê-los em Mostras e Festivais. Todos os filmes são produzidos com recursos próprios dos integrantes e de

alguns parceiros, e sobre as dificuldades em fazer cinema independente, Léo enfatiza: “ Não é fácil, mas no Brasil, as pessoas só acreditam que algo é capaz depois que alguém faz”. Então eles realizam, e fazem à maneira deles; o lema do Cine 23, inclusive, é: A nossa maneira de fazer cinema.

Contatos do Cine 23: (61) 9 9243-5503 / 9 9390-8046 / 9 8461-9670 cine23no10@gmail.com


CULTURA | 09

CEILÂNDIA EM FOCO

CULTURA

SIMPLESMENTE ARTE Professora do CEF 07 transforma trabalhos de sala de aula em exposição fotográfica por

Poliana Franco

“ACREDITAMOS QUE A VERDADEIRA EDUCAÇÃO TRANSCENDE OS MUROS DA ESCOLA. É PARA SER VISTA, APRECIADA, COMENTADA. A PARTICIPAÇÃO DE NOSSOS ALUNOS NA EXPOSIÇÃO NOS ENCHEU DE ORGULHO E NOS FAZ ACREDITAR, CADA VEZ MAIS, QUE A ARTE ROMPE BARREIRAS NA SOCIEDADE E REVELA O SER HUMANO CRIATIVO E EXPRESSIVO EM CADA OBRA APRESENTADA” Sheylla Mesquita | Supervisora Pedagógica CEF 07

CRUZADAS Situação que permite Cálice pagamenvia suposta- tos conta mente protegido pelos Templários (Mit.)

WWW.COQUETEL.COM.BR Os cartuchos de tinta que são reciclados Vocalista da banda Ira!

Efeito de câmeras que Enfeites Principal diversão possibilita a captura produzidos violenta entre os de fotos a longa pelos romanos, tinha como cenário o Coliseu distância floristas

Prato feito com fubá Fuzil ou rifle (?) Ramos, ator de "Geração Brasil" Flor-de(?): a açucena Charme das unhas (pl.) Marca na pele Cabeça, em inglês Cervídeo da savana

Instrumento de igrejas Som da cascavel

Planta que produz a bebida da "fada verde"

(?) Lucas, cineasta Leste, em inglês

Arte-educadora Lidi Leão foto Ceilândia em Foco

Membro do Conselho de Segurança da ONU Gafe (bras.) Dina (símbolo)

Garante o ingresso em trio elétrico

Línguamãe do português

Acolá (?) Moore, escritor de "Hellblazer" Operação de busca e apreensão (jur.)

"(?) baba!", expressão indiana Reduto da boemia Brinde de festas

Tiago Abravanel, ator de "Joia Rara"

Aveia, em inglês Reação típica de quem não leva nada muito a sério Alimentam a memória do saudosista

Tribunal Regional Eleitoral (sigla)

L

L A T I M N A L S

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N A S I

7 6 3 8 1 9 2 4 5

Z T O G R O M A S R E S MA N O A G C E N A U C S E T A U B B A S A D B R A

3 4 9 7 2 8 6 5 1

6 8 1 9 4 5 3 7 2

5 7 2 1 3 6 9 8 4

R A A L A N G U M A T A C A L T E S H E A D E O R GE T R A L E M A S R D A L I A T I DA L A O A T RE N Ç A S

SOLUÇÕES

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Exposição Mulheres de Frida e Autorretratos foto Ceilândia em Foco

Cantora paulista de "Malemolência"

Região onde se localizam Cazaquistão e o Uzbequistão Doente, em inglês

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entrou em cena: uma campanha de apadrinhamento no WhatsApp dela, onde os amigos escolhiam um desenho ou foto e doavam um pequeno valor em dinheiro. Assim, as obras foram emolduradas e expostas na Biblioteca Pública Carlos Drummond de Andrade e na Casa Ipê, em outubro. Para Lidi, o balanço do trabalho, que durou três bimestres, foi mais que positivo: “Me fortalece como arte-educadora quando faço esses trabalhos, o professor também precisa sensibilizar o aluno, e a escola é um espaço para perceber quem o aluno é”.

3/céu — ill — oat. 4/alan — east — head — nasi — zoom. 6/george. 10/santo graal.

Professora, vale nota? O trabalho dos alunos foi fazer uma releitura da pintora a partir do próprio olhar e da

criatividade, desenhando-a e se auto retratando em fotos, caracterizados de Frida. Sim, valia nota, e talvez por isso Lidi tenha recebido tantos desenhos e autorretratos. E o que fazer com eles? “Percebi que não podia ficar com esse material para mim, ele merecia ser exposto”. Com apoio da supervisora pedagógica, Sheylla Mesquita e de toda equipe do CEF 07, nasceu a exposição ‘Mulheres de Frida e Autorretratos’. A escola apoiou a iniciativa, os locais para abrigar as obras foram definidos, porém, os quase 80 trabalhos precisavam de molduras. A criatividade da professora

(?) Miranda, escritora Conteúdo do texto

Câncer de (?): afeta mais as mulheres

"(?) bicudos não se beijam" (dito)

Lidi Leão é arte-educadora no DF há 20 anos, e durante todo esse tempo, “ 2017 é o primeiro ano em que a Secretaria de Educação oferta livro na disciplina de Arte”, explica. A professora sempre complementou as aulas com materiais didáticos, mas ter um livro específico de Arte permitiu mais possibilidades de trabalho com os alunos do CEF 07, em Ceilândia Sul, onde leciona. Com os 180 alunos do 6º ano vespertino, de 11 e 12 anos, Lidi, formada em artes plásticas e artes cênicas, trabalhou anatomia e simetria do corpo humano, estrutura óssea, além das várias formas de expressão que a arte possibilita; incluiu sensibilidade, história, cultura, fotoperformance, e um estudo mais profundo sobre Frida Kahlo, ‘trazendo’ a artista mexicana para a sala de aula, com seus quadros de natureza e autorretratos.

Tomo (abrev.) Comeram à noite

Órgão de cursos técnicos (sigla)


10 | DEDO DE PROSA

CEILÂNDIA EM FOCO

DEDO DE PROSA

Coluna

CEIÇA NA FEIRA por

Assis Coelho*

Era domingo, e como em todos, o ritual se repetia. Sempre se demorava na escolha de qual camisa vestir. Qual sapato combinaria com aquela roupa? Qual perfume que poderia cativar damas sensíveis à perfumaria? Ficava muito tempo diante do espelho tentando moldar uns fios remanescentes de cabelos que relutavam em esconder sua calvície proeminente. Só conseguia aplacar a rebeldia de seus cabelos com uma boa porção de brilhantina glostora, já tão difícil de ser encontrada. Nunca deixara de ir à Feira de Ceilândia. Era lá que encontrava seus conterrâneos orgulhosos de terem construído Brasília. Era sempre ali, ao redor do balcão do “Comi impé” alternando goles de cerveja e cachaça, que era proibida, mas vendida em doses chamadas de “celulares” que era consumida rápida e sem ostentação, tornando-as mais palatáveis graças aos tira-gostos de sarapatel, buchada, dobradinha e o fortificante mocotó. O cheiro dessas iguarias os remetia de volta para seus currais, seus alpendres, seus festejos de sua terra distante. Do lado da Feira, o Trio Siridó tocava for-

rós que os fazia lembrar dos forrós nas casas de reboco do Nordeste e era quando os gestos se alargavam. Abraços eram trocados efusivamente, alguns ensaiavam, sozinhos, passos de forrós e xaxados e os tempos sofridos agora eram só lembranças boas. Poucos sabiam seus nomes de batismo. Chamavam-se de Piauís, Cearás, Pernambucos e Paraíbas e Mineiros. Por ali se encontrava quase todo o Brasil. Não demorava ficarem eufóricos contando casos ocorridos nos inúmeros canteiros de obras ou nos acampamentos da Camargo, da Encol, da Engesa e outras centenas de construtoras que haviam construído casas, blocos, edifícios, viadutos, praças, ruas e casas como num milagre da noite para o dia. Relembravam amigos já idos, grande oferta de trabalho, de moradia, de sorte, de farras nos puteiros da Cidade Livre ou nas fugas para as “casas” do Km 7. Eram fileiras de bancas de roupas, sapatos, peixes e frutas, de várias regiões. Por aqueles corredores multicoloridos transitavam cegos, falsos mendigos com falsas receitas médicas. Mulheres

sobraçavam crianças alugadas para sensibilizarem os mais piedosos. Algumas crianças batiam carteiras dos menos atentos. Alguns adultos ainda cultuavam Lampião portando peixeiras na cintura, outros se diziam representantes diretos de Cristo e vendiam orações que curariam vícios e doenças, e prometiam trazer de volta a amada fujona em poucos dias. Seu Antonino, entre um gole e outro, nos intervalos das pabulagens, relembrava a primeira vez que vira Ceiça. Ao mesmo tempo que ela abraçava seu namorado, o olhava disfarçada e faceiramente. Isso aconteceu durante muitos domingos. Num deles veio só. Foi rápida a aproximação depois das primeiras libações. Ceiça contou sua história sem se lamentar. Era a vida, suspirava. Agora era outra mulher. Estava livre e prometeu felicidade eterna... A paixão se instalou abruptamente, como é de seu feitio. Trouxe consigo a insensatez e os desmascaramentos dos apaixonados. Beijavam-se ali mesmo na Feira sem se importarem com os olhares reprovadores. Buscavam resquícios de felicidade entre gritos

de: “É só hoje”, “Tudo por dois real”, “Moça bonita não paga, mas também não leva”...e os afagos se intensificando com sabor apimentado das comidas. Seu Antonino, alegando compromissos inadiáveis e insubstituíveis com sua igreja combinou com Ceiça que se veriam domingo sim, domingo não. A vida continuou, por meses, dando a ilusão de estabilidade e, confiante na fidelidade amorosa, seu Antonino tentou por à prova o acordo firmado sob o destempero de um cupido embriagado. Voltou à Feira num dia não previsto para o encontro. Ao chegar, cumprimentou faceiramente as vendedoras de sorrisos fáceis e convidativos. Desconhecia, também, as manhas dos negócios. Antes de aproximar-se da banca de comida da qual era freguês, viu uma mulher parecida com Ceiça. Não acreditou na realidade. Talvez fossem os sentidos sempre enganadores. Não se enganara. Era Ceiça que abraçava um outro com mais entusiasmo e carinho. Obedecendo a um velho instinto e ainda muito cultuado, voltou pra casa apressa-

damente. Para onde foram as juras de amor eterno? Pra que gastou tanto com presentes caros? Estava colocando o revólver na cintura quando sua esposa o surpreendeu: - Vai querer matar puta e ficar na cadeia o resto da vida? Vai querer encarar a violência de policiais e bandidos na cadeia? Me dá essa porcaria e vai te quietar! Assim o fez. Foi para o quintal e sentou-se sob a mangueira frondosa. Sua ira foi aplacada quando dona Constância trouxe-lhe uma cerveja com farofa acebolada. Da cozinha saía o barulho da panela de pressão que disseminava forte cheiro de frango com pequi. Balançava a rede lentamente, sentindo o vento acariciar seu rosto. Ficou observando as mudanças das nuvens que, como tudo, estava mudando constantemente. Algum vizinho colocou um CD do Trio Nordestino para tocar. Muitas lembranças boas afloraram com as músicas. Sua mulher cantarolava alguns trechos que o faziam lembrar de seus tempos de namoro. Antes de cair num cochilo restaurador, pensou que a felicidade poderia estar por perto. *Assis Coelho é escritor

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