Jornal Ceilândia em Foco - Ano 2 | Edição 15 | Julho 2018

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EDIÇÃO Nº 15, ANO 2 | CEILÂNDIA, DISTRITO FEDERAL | 25 DE JULHO A 25 DE AGOSTO DE 2018

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

DONA PERCÍLIA COMPOSITORA, POETISA E MILITANTE FOTO:: CEILÂNDIA EM FOCO

DIVA

Pág. 5

ESCRITORA E POETISA, DONA PERCÍLIA SEGUE NA ATIVA AOS 79 ANOS

CIDADE

Pág. 2

COMUNIDADE RECLAMA DA ESTRUTURA E EQUIPAMENTOS DE CEU DAS ARTES INAUGURADO HÁ POUCOS MESES EM CEILÂNDIA NORTE foto Lidi Leão

FICA A DICA

Pág. 7

QUE TAL CURTIR UMA PREGUICINHA NO RANCHO PREGUIÇA?

COMPORTAMENTO

Pág. 6

CONHEÇA O PAPEL DAS DOULAS NA GESTAÇÃO, PARTO E PÓS-PARTO

O SOM DA CIDADE

Pág. 8

O SOM MARCANTE DE REBECA REALLEZA, CANTORA DA CEI

foto Beto Castro

COMERCIANTE

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02 | CIDADE

CEILÂNDIA EM FOCO

CIDADE

ARTE NO CEU Em um CEU das Artes recém-inaugurado e já cheio de problemas, educadores falam das condições do espaço, equipamentos e mobilidade urbana por

Pâmela Paiva

foto Lidi Leão

Poucos meses depois de ser inaugurado em Ceilândia Norte, o Centro de Artes e Esportes Unificados, conhecido como CEU das Artes, apresenta sintomas da falta de planejamento do Estado em equipar e assegurar com qualidade que espaços criados para integração entre práticas esportivas, ações culturais e de lazer gratuitas para comunidade não caiam no abandono. Grades De acordo com a descrição do projeto inicial, disponível na internet http://ceus.cultura.gov.br

o modelo dos CEU’s se caracteriza por ser em uma praça pública aberta à comunidade, e conta com um conjunto de edifícios de múltiplos usos. Porém, a unidade de Ceilândia Norte foi cercada e teve grades instaladas nas portas de vidro e janelas das salas, antes mesmo da obra ser entregue aos moradores. Para Lidi Leão, arte educadora e professora de artes da unidade, esta ação confronta os conceitos do projeto: “Me gera muita angústia estar em um espaço que necessariamente, em sua ideia principal, deveria estar totalmente aber-

EXPEDIENTE JORNAL CEILÂNDIA EM FOCO CNPJ: 23.445.219/0001-08 Tiragem: 10 mil exemplares / mensal Responsável: Poliana Franco - 11.583/DF Colaboradores: Dayana Correia, Pâmela Paiva, Poliana Franco Diagramação e arte: Dianne Freitas FALE CONOSCO E-mail: ceiemfoco@gmail.com Facebook: facebook.com/ceiemfoco Departamento comercial: (61) 9 8332-6607 Redação: Ceilândia Sul- DF Textos assinados e Informes Publicitários são de responsabilidade dos autores.

to, mas que nós trabalhamos dentro de grades, estamos dentro de gaiolas, isso é triste. É uma segurança que assusta o morador”, declara. A Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEDESTMIDH), responsável oficial pelo complexo, por meio de sua Assessoria de Comunicação, informou:

sei como um arquiteto projeta um teatro sem pé direito”, desabafa a educadora. A condição da pista de skate também foi indicada como precária: “Os usuários alegaram que as rampas estão mal posicionadas, os corrimãos utilizados para manobras foram instalados com uma altura grande, dificultando o treinamento e a aprendizagem da prática”, conclui a educadora Lidi. Em nota, o Ministério da Cultura esclarece que: “A responsabilidade pela construção, gestão e manutenção dos CEU’s cabe aos governos locais – neste caso, o Governo do Distrito Federal. Ao aderirem ao programa federal que custeia a implantação destes equipamentos, os governos municipais tornam-se responsáveis pelas condições de funcionamento do CEU.

“O projeto arquitetônico de

Para acelerar a execução dos

referência partiu do Ministério

projetos e economizar recursos

da Cultura e é comum a todos os

públicos, o Ministério oferece aos

Centros de Artes e Esportes Uni-

gestores locais opções de projetos

ficados (CEU’s) no Brasil. A pasta

de arquitetura e engenharia, mas

explica que o conceito de pra-

orienta os municípios a realizarem

ça coberta, conforme consta do

quaisquer ajustes necessários para

projeto executivo, remonta a um

adequar o projeto aos terrenos es-

espaço equipado para ações em

colhidos, considerando as pecu-

esporte, lazer e cultura, e não ao

liaridades e práticas regionais”.

uso convencional da palavra. Devido ao acervo e aos equipamentos eletrônicos mantidos no CEU das Artes, é necessário manter vigilância constante e cuidados na preservação dos bens, assim como é feito em teatros, cinemas e escolas”.

Equipamentos Outra reclamação está relacionada à construção do cineteatro capaz de acomodar 125 lugares. Apesar de novo, Lidi Leão aponta a falta de pé direito no ambiente como uma falha: Expressão usada na engenharia e arquitetura, pé direito significa a altura interna entre o piso e o teto. A falta de pé direito quer dizer

Mobilidade O CEU das Artes atende toda população de Ceilândia. Moradores de todas as faixas etárias, desde crianças à idosos, participam das oficinas. A dificuldade de chegar ao complexo, que fica num local isolado, e a falta da gratuidade no transporte coletivo para locomoção também são pontos insatisfatórios para quem frequenta o lugar. Muitas famílias não têm dinheiro para

custear a passagem e acabam sendo forçados a desistir dos cursos, que não são reconhecidos pela Secretaria de Educação como regulares. Indagado sobre esta questão, o Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) informou: “Em relação ao Passe Livre e aos cartões + Melhor Idade, + Criança Candanga e + Estudante, o DFTrans explica que se tratam de benefícios já vigentes em todo o Distrito Federal, conforme estabelecido por lei. De acordo com a legislação, fica assegurada a gratuidade nas linhas do serviço básico de transporte público aos estudantes do ensino superior, médio e fundamental da área urbana, inclusive para alunos de cursos técnicos e profissionalizantes com carga igual ou superior a 200 (duzentas) horas-aula. Os cursos devem ter reconhecimento da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal ou do Ministério da Educação. A norma também se aplica a alunos de faculdades teológicas ou de instituições equivalentes. Um dos requisitos é que os pleiteantes residam ou trabalhem a mais de um quilômetro distante do estabelecimento em que estejam matriculados”.

Apesar dos problemas citados, o CEU das Artes disponibiliza cursos de manhã, tarde e noite, de segunda a quinta-feira, e aos sábados. As aulas são ministradas por três profissionais cedidos pela Secretária de Estado de Educação e por voluntários. Para se inscrever nos cursos basta levar documento de identificação e preencher formulário no local. O CEU das Artes é um espaço seu. Conheça, use, cuide e lute por ele.

O modelo do CEU de Ceilândia é o maior entre três projetos existentes. São 7 mil metros quadrados que acomodam biblioteca, Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), quadra coberta e de areia, parquinho, pista de caminhada e pista de skate. O gasto com a implementação foi de R$ 3,5 milhões do Governo Federal. Ao Distrito Federal coube a cessão do terreno e execução da obra. A manutenção mensal do espaço está orçada em R$ 800 mil.

um teto baixo em relação ao piso.

“Eu não posso usar os equipamentos de iluminação em sua totalidade, porque como as luzes são muito quentes e estão próximas do palco queimam quem estiver nele. Não

O CEU das Artes de Ceilândia fica localizado na QNM 28 e possui salas multiuso, cineteatro para sessões de teatro e cinema e equipamentos para práticas esportivas e de lazer. Além de formação e qualificação profissional, serviços socioassistenciais, políticas de prevenção à violência e inclusão digital. Contato: ceuqnm28@sedestmidh.df.gov.br Telefone: (61) 3581-6985


SAÚDE | 03

CEILÂNDIA EM FOCO

INFORME PUBLICITÁRIO

SAÚDE

DECISÃO IRRESPONSÁVEL: REMOÇÕES DO BASE E DE OUTRAS UNIDADES DE SAÚDE PREOCUPA PACIENTES E SERVIDORES por

Carla Rodrigues - Ascom SindMédico-DF

Presidente em exercício do SindMédico-DF, Carlos Fernando (direita), e o advogado, Luiz Felipe Buaiz, em reunião com médicos removidos do Base foto SindMédico/DF

É de conhecimento amplo e irrestrito que a dor tem pressa. Por isso mesmo aquelas pessoas com doenças graves, como câncer, por exemplo, precisam de atendimento especializado urgente: elas não têm tempo para esperar. No entanto, no Distrito Federal, a lógica do governador Rodrigo Rollemberg e do secretário de Saúde, Humberto Fonseca, parece estar invertida. Hoje, o Instituto Hospital de Base (IHB) é a maior prova disso. Apesar da promessa de que os servidores que optassem

por continuar na instituição teriam a decisão respeitada – após as mudanças no Hospital de Base -, do dia para a noite, centenas de profissionais foram removidos da unidade. Nesse contexto, é importante lembrar que o Hospital de Base (como Instituto ou não) é a maior instituição de saúde do Distrito Federal. Justamente por isso, agrega, dentro dele, as especialidades mais complexas da rede pública de saúde. E, nessa leva de profissionais removidos, infelizmente, há vários

médicos: o que deixa a população ainda mais insegura com a decisão do governo, pois muitos deles acompanham os pacientes há anos. Por isso, o Sindicato dos Médicos (SindMédico-DF) tem encarado a medida – que revela todo o autoritarismo da atual administração do Buriti - com grande preocupação e vem buscando todas as instâncias possíveis para reverter as remoções do IHB. “Para nós, as remoções são arbitrárias e compulsórias. E lutaremos até o fim para que os médicos remo-

vidos do Instituto Hospital de Base retornem à unidade. Essa é uma defesa da qual o sindicato não abre mão. Porque, na transformação do Base em instituto, em agosto do ano passado, independente de qualquer coisa, tanto o governador quanto o secretário de Saúde garantiram aos servidores que quem optasse por permanecer na unidade teria seus direitos garantidos e isso não está sendo cumprido agora”, aponta o presidente em exercício do SindMédico-DF, Carlos Fernando. No início de julho, a assessoria jurídica do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal deu entrada em uma ação civil pública, no Tribunal de Justiça do Distrito Federal, pedindo a suspensão das remoções arbitrárias ocorridas nos últimos dias no Instituto Hospital de Base do Distrito Federal. Além disso, o presidente em exercício do SindMédico-DF buscou o próprio presidente do IHB, Ismael Alexandrino, e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) para tratar das remoções. “Justamente por ser uma questão que está

longe de atingir apenas os servidores, nossa luta é ainda mais intensa”, salienta Carlos Fernando. Arbitrariedade em outras regionais As remoções não se restringem apenas às ocorrências no Hospital de Base. Segundo o presidente em exercício do SindMédicoDF, há relatos de médicos removidos em períodos de afastamento legal (férias, atestado médico e licença prêmio); remoção de profissionais que estão a poucos meses de se aposentar; encerramento de projetos terapêuticos por remoção de profissionais dos Núcleos de Apoio ao Saúde da Família e relocações descabidas, como homeopatas sendo lotados em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). “É importante que os servidores e a população saibam que eles não estão sozinhos. Nós, do SindMédico-DF estamos atentos. E não nos dobraremos aos desmandos do atual governador. O que estão fazendo no Base é inconcebível”, afirma o presidente em exercício do SindMédico-DF, Carlos Fernando.


04 | CONEXÕES URBANAS

CEILÂNDIA EM FOCO

CONEXÕES URBANAS

ENTREVISTA por

Ceilândia em Foco Ceilândia em Foco falou com a pré-candidata à Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) pelo PSOL, Ludmila Suaid. CEILÂNDIA EM FOCO: Fale um pouco sobre você, de onde você é e quais suas ações e atuações dentro da comunidade de Ceilândia.

foto Divulgação

LUDMILA SUAID: Sou brasiliense, tenho 39 anos e já sofri com o machismo por ser mulher, negra, mãe. Por ser contra as injustiças e as desigualdades no Brasil, sou Assistente Social. Por saber que a gravidez e o parto merecem respeito e que a violência obstétrica não deve ocorrer, sou doula. Desde a adolescência realizo trabalhos voluntários com crianças e adolescentes, e com mulheres em situação de vulnerabilidade social para discutir sobre seus direitos. Fui servidora do Ministério da Saúde e da Secretária de Saúde do DF. Fui membro das gestões do CRESS-DF 2005-2007 e 2007-2011. Destaco que em 2010 participei ativamente da luta pela aprovação do PL 30 horas para as assistentes sociais. Fui professora de Ser-

viço Social na Universidade Católica entre 2011 e 2016. Desde 2008 atuo como Assistente Social no Programa Justiça Comunitária no Fórum de Ceilândia e atuo nas áreas de mediação de conflitos, educação para os direitos e articulação de redes sociais. No Justiça Comunitária participei da organização de três cursos de combate ao racismo oferecidos para a população da cidade, em 2015 e 2016. Participo da Rede Social de Ceilândia desde 2009, e por meio da articulação de todos nós, lutamos e conseguimos o CAPS-AD de Ceilândia e a escola parque Anísio Teixeira.

teza que nós, mulheres, na política trabalharemos pelo povo e não em benefício próprio, como temos visto. CF: Qual a linha de frente de seu trabalho na campanha eleitoral? LS: Políticas sociais para as mulheres que garantam pré-natal de qualidade, partos respeitosos e uma rede de proteção para mulheres em situação de violência, além disso, a garantia de creches para 100% da demanda com horário estendido, pois muitas mulheres trabalham à noite.

CF: De onde veio a motivação para a primeira candidatura?

CF: Quais suas pretensões frente à CLDF e quais são suas propostas ligadas a Ceilândia?

LS: O que me motivou é o fato de nós, mulheres, sermos mais de 50% da população brasileira e estarmos sendo representadas por menos 10% de mulheres no Legislativo. O assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, também foi outro motivador para eu colocar meu nome para disputar uma vaga na Câmara Legislativa do DF. Tenho cer-

LS: Todo deputado distrital é um servidor público, portanto sua função é servir ao público, ao povo, e é isso que farei. Cumprirei meu mandato com ética, compromisso e honestidade. E para Ceilândia, lutarei pela construção da casa de parto ao lado do HRC (Hospital Regional de Ceilândia) e pela construção de uma DEAM (Delegacia Especial de Atendimento à Mulher).

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DIVA | 05

CEILÂNDIA EM FOCO

DIVA

Coluna

CORA CORALINA CANDANGA Pâmela Paiva

Ela chegou ao P. Norte em 1979, quando não havia nada no setor, a não ser muito mato e cerrado. Nascida em Inhapim, interior mineiro, Percília Julia Toledo, conhecida como a Cora Coralina candanga, segue publicando histórias, contos e costurando figurinos aos 79 anos. Os passos lentos e a voz mansa enganam quem pensa que faltam forças para continuar o trabalho e estudos de uma vida inteira. Manifestações culturais sempre fizeram parte da vida dela, ainda criança via de perto o pai organizar festas de Folia de Reis. “Meu pai era artista, sempre

teve muita arte em nossa casa, quando eu tinha uns 10 anos comecei a desabrochar também”, relembra.

foto Ceilândia em Foco

Pioneira Dona Percília é idealizadora do primeiro grupo de teatro do P. Norte, a ‘Comunidade Cristã do Setor P (Comcrisp)’ e organizou o ‘Nascimento de Jesus’, primeira peça teatral realizada no P. Norte. Ela dirigiu,

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produziu os figurinos das crianças e deu a eles a liberdade para criar. O pátio da Escola Classe 35 virou palco para as celebrações teatrais. “Eu precisava fazer alguma coisa com as crianças que passavam o dia na rua. Tinha que cuidar daquelas crianças, tirar eles da rua. Meus filhos sempre estiveram presentes nas minhas empreitadas e fazendo parte dos espetáculos”, explica. Em 1986, Dona Percília lançou o livro ‘Envolto em sua paz’ em parceria com a filha Julia Maria. Possui nove livros publicados entre contos infantis, terror, romances. É fundadora da Academia Ceilandense de Letras e Artes Populares (Aclap), além de compositora, poetisa e militante da associação comunitária do P. Norte e do movimento religioso da comunidade.

foto Ceilândia em Foco

por


06 | COMPORTAMENTO

CEILÂNDIA EM FOCO

COMPORTAMENTO

O PAPEL DA DOULA NO GESTAR E PARIR Profissionais são cada vez mais procuradas para apoiar emocionalmente as gestantes por

Dayana Correia

foto Jefferson Rodrigues

Gravidez e maternidade já foram muito impostas às mulheres, uma obrigação que para muitas era sinônimo de medo e frustração. Hoje, a maternidade não é mais obrigatória, é uma escolha que não se resume só no fato de gestar e maternar de forma sacrificada, é algo muito mais compartilhado e menos doloroso, e se molda a diferentes tipos de construções familiares e a outros tipos de maternidades seja por adoção, barriga de aluguel, apadrinhamento, dentre outras. Para aquelas que decidem carregar em seu corpo mais uma vida, existe hoje uma onda que resgata os saberes populares e a humanização da gestação. As mulheres que têm a oportunidade de receber esse atendimento encontram suporte em doulas, par-

teiras e profissionais da saúde. Papel da doula Nesse universo, as doulas têm encontrado destaque, são elas que realizam a parte mais calorosa do processo gestacional. Durante os nove meses de gravidez, a mulher pode escolher ser acompanhada por uma doula, profissional que oferece suporte físico e emocional às futuras mamães e papais. A doula não substitui o médico, não faz exames e não cuida do recém-nascido, ela é um apoio durante o processo da gravidez, orienta sobre o parto e pós-parto, ajuda a mulher a se preparar. Durante o parto atua como uma ponte entre a equipe médica e a parturiente, ajuda a explicar termos técnicos, auxilia a gestante a encon-

trar posições confortáveis, treina tipos de respirações e usa métodos naturais para aliviar as dores. No pós-parto oferece apoio orientando sobre cuidados, especialmente sobre amamentação e bem-estar da mãe e bebê. A doula é uma profissional que ‘serve’ a mulher durante o período desejado e acordado entre ambas, não tendo obrigatoriedade de estar em todas as etapas. É um trabalho sério de prestação de serviço, mas que envolve troca, carinho e cuidados. Início Para se tornar doula é preciso passar por uma formação específica certificada, podendo depois exercer a função profissionalmente de forma comercial ou voluntária. Hoje, existe no Hospital Regional de

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Ceilândia (HRC) uma equipe de doulas que acompanham as mulheres internadas ali para dar à luz. Este é o primeiro hospital público a oferecer o serviço de doulagem no DF. A ideia do projeto começou em 2011 com a iniciativa da professora de Yoga, Lúcia Andrade, acompanhando mulheres que faziam o pré-natal em um posto de saúde. Nos anos seguintes, a iniciativa ganhou novos parceiros até ser adotada pelo serviço voluntário do governo do Distrito Federal, em 2017. Veio apoio e continuidade como projeto piloto no HRC, tendo como meta se estabelecer futuramente em Taguatinga, Samambaia, São Sebastião, Paranoá e Sobradinho. A média mensal de partos em Ceilândia é de 600 nascimentos, e as mulheres que terão seus filhos no hospital público daqui podem escolher ter o acompanhamento com uma das oito doulas voluntárias que se revezam em plantões. Respeito e humanização Tem-se notando, ultimamente, uma grande procura do serviço de doulagem, pois as mulheres têm entendido que alguns procedimentos na gestação e parto são violências e não respeitam suas vontades e o seu corpo, como afirma a doula Ana Paula To-

lentino, do projeto Amma Doular: “O sistema médico anda muito contaminado por influências do mercado e acaba direcionando a mulher a ter seu filho de uma forma muito prática e técnica, e que muitas vezes não respeita a vontade dela. Somos a favor do sistema que respeite as mulheres nas suas escolhas, seja cesárea ou normal estamos lá para ser um apoio e uma ponte para que elas consigam o parto que desejam”. O reconhecimento do trabalho das doulas tem sido tão crescente quanto a demanda, como destaca Marilda Castro, presidente da Associação de Doulas do DF. “A profissão vem, cada vez mais, sendo conhecida e respeitada pelas mulheres e pelos profissionais da saúde que tem visto as diferenças na hora do parto, o acompanhamento tem sido inclusive indicado e orientado desde o início da gravidez.

O serviço de doulagem oferecido no HRC é gratuito. Para informações, entre em contato com a Associação de Doulas do DF pelo telefone (61) 9 8175-5157. A palavra doula é de origem grega e significa mulher que serve.


FICA A DICA | 07

CEILÂNDIA EM FOCO

FICA A DICA

Coluna

CURTINDO UMA PREGUICINHA MERECIDA Rancho no Sol Nascente ainda é roteiro desconhecido de muitos ceilandenses. Vem com a gente conhecer por

Poliana Franco

No meio do Setor Habitacional Sol Nascente, pertinho da Fundação Bradesco, está localizado o Rancho Preguiça. Quer nome mais sugestivo para um lugar calmo, com redes armadas sob mangueiras e muito verde, comida gostosa e som de passarinhos? Não sabemos desde quando o rancho está lá, nem o dono, o José Goudim, que comprou o terreno há 25 anos para morar com a família: “Eu nem sei quando o rancho começou, a ideia no início não era explorar comercialmente este lugar”. Mas os amigos acharam o espaço tão bom que aos finais de semana foram chegando, comendo, bebendo. “Então tive que começar a cobrar o consumo”. E os amigos continuaram vindo, certo? “Não, eles foram embora” confessa, Goudim, sorrindo. E completa: “Mas outros vieram no lugar deles”. Hoje, o Rancho Preguiça recebe entre 150 e 200 pessoas a cada domingo, em uma área de 20 mil metros. Tem música ao vivo, bingo, piscina, redário, passeio a cavalo, trilha, mirante, pescaria... ufa! Can-

sou? Então sente-se em uma das muitas mesas rústicas de madeira dispostas no enorme salão, tome uma bebida gelada e coma um negocinho dentre as muitas opções de petiscos e refeições do cardápio. Comidas deliciosas Aliás, os cardápios dos roteiros turísticos do Fica a Dica são sempre um capítulo a parte: sempre nos deparamos com comidas simples, mas muito, muito saborosas, e no Rancho Preguiça não foi diferente: peixes variados, carne de sol, costelinha de porco, galinha caipira. A diferença é que todos os produtos consumidos lá são orgânicos: carnes, ovos, folhagens, verduras, tudo cultivado na propriedade. Em família Como a ideia inicial era apenas morar, o rancho não foi erguido rapidamente, ao contrário: “Tudo aqui foi feito aos pedaços”, entrega Goudim, e cada membro da família encontrou seu espaço de trabalho: a esposa virou a cozinheira, a filha cuidava dos sucos e sobremesas, os filhos

viraram garçons, e o dono, o anfitrião. Hoje, alguns papeis mudaram, como o dos filhos que, casados, vem apenas aos finais de semana trazer os netos para passar o dia no rancho do vovô. O que não mudou foi a tranquilidade e calmaria dos dias de semana – onde é servido almoço e não é cobrado valor de entrada, e em nada se parece com os finais de semana – especialmente o domingo, quando o lugar fica lotado. Lugar mais perto de Ceilândia como este, impossível: o rancho fica dentro de Ceilândia, pertinho de tudo e distante de tudo também: do stress, da correria, do barulho. Vale super a pena ir conhecer. Lembrando sempre que Fica a Dica não é matéria paga e não é jabá. Para quem não sabe, definição segundo o dicionarioinformal.com.br: JABÁ - Propaganda oportunista que se faz sobre algum produto ou serviço comercial de forma espontânea, mas em momento inadequado (o jabazeiro é sempre aquele “chato”). Há também o jabá pessoal, em que o indiví-

duo vende a própria imagem. Pessoas desesperadas por emprego ou simplesmente exibicionistas crônicas costumam valer-se desse tipo de jabá.

O restaurante funciona com serviço à la carte, com opções que variam do prato executivo a R$ 23,00, até a galinha caipira que vem à mesa com vários acompanhamentos, serve até seis pessoas e custa R$ 140,00

O local permite passeios pedagógicos com turmas escolares e aluga para eventos como casamentos e aniversários.

foto Divulgação

Opções de lazer O usuário pode escolher entre pagar R$ 5,00 e usufruir do espaço, ou adquirir um dos pacotes de day use com direito a refeição, piscinas e toda área de lazer por preços a partir de R$ 50,00 por pessoa. O rancho também funciona como hotel fazenda: possui 10 suítes com camas, frigobar e banheiro que ficam em área reservada próxima às piscinas e longe do agito do salão. Custa R$ 150,00 por pessoa e dá direito a almoço, jantar, café da manhã e lazer. No site ao final do texto tem as informações completas.

Informações: 3378-3031 Redes Sociais: facebook.com/RanchoPreguica Site: www.ranchopreguica.com

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08 | CULTURA

CULTURA

CEILÂNDIA EM FOCO

O Som da Cidade

A VOZ MARCANTE DE REBECA REALLEZA por

Pâmela Paiva

foto Lenadro G. Moura

Negra, jovem e empreendedora, Rebeca Realleza começou a cantar no coral da igreja quando tinha 10 anos. O nome artístico ‘realeza’ que ela carrega, mas com a letra ‘L’ dobrada surgiu na escola. Anos depois, estudando a cultura africana, percebeu que se encaixava como uma luva. “Nós descendemos da realeza africana, somos filhos de reis e rainhas”, afirma a cantora de rap moradora do Sol Nascente, descrevendo suas vivências em todos lugares onde se apresenta. O rap se revelou aos poucos, através do projeto chamado ‘Colisão de Ideias’, que trabalhou a luta contra o racismo, respeito ao próximo e preservação do meio ambiente com adolescentes da Escola Classe 27 da QNR. A inclusão da cultura hip hop no espaço escolar deu a Rebeca a oportunidade de contar a própria realidade. Resultado? Se descobriu rimadora. A primeira vez que cantou para um público ela

não esquece. “Foi em 2009, Festival de Talentos do Sesc Newton Rossi, em Ceilândia. Naquele palco descobri o que iria fazer da minha vida: cantar. Hoje, eu quero ganhar o mundo”. Carreira Rebeca Realleza já fez parte dos grupos de rap: ‘Resgatados das Cinzas’, que é um grupo gospel, e o reconhecido ‘Sobreviventes de Rua’. Com 17 anos de carreira, no final de 2017 ela saiu em carreira solo para trilhar os próprios sonhos. Suas canções dialogam e exaltam a realidade da periferia, a superação dos obstáculos e empoderam mulheres contra o machismo e feminicídio. E de onde vem a inspiração? “Das minhas experiências vividas na favela,

da perseverança da minha mãe em me criar sozinha, da força de nós mulheres, dos bons exemplos, da disposição e garra dos meus vizinhos e amigos que estão na ‘quebrada’, afirma. O lançamento do primeiro álbum EP está programado para o final do ano e brevemente será divulgado nas redes sociais da artista. Trabalho autoral e independente que leva o nome de ‘Afrontosa’, “porque é bem isso mesmo, eu afronto, posso fazer o que eu quiser” declara Rebeca, que inova ao se apresentar no palco acompanhada por dançarinos. Fugindo do padrão do rap em que normalmente o cantor se apresenta sozinho, a presença dos dançarinos se tornou marcante nos shows da artista. “Me incomodava muito ver as pessoas paradas nas apresentações, tem que ter uma troca”, finaliza.

Locais onde Rebeca Realleza se apresentará em agosto:

“DESCENDEMOS DA REALEZA AFRICANA, SOMOS FILHOS DE REIS E RAINHAS”

foto Ceilanwood

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10/8 - Piri Rap 11/8 - Hey DJ 22/8 - Bienal Brasil do Livro e da Leitura

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CULTURA | 09

CEILÂNDIA EM FOCO

CULTURA

PAIXÃO POR MOTOS

Não se engane, eventos culturais que reúnem motociclistas são ambientes harmoniosos e ideais para ir com a família toda por

CRUZADAS

Poliana Franco

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homens arruaceiros com cara de malvados, nada disso, muitos motos clubes fazem trabalhos socias, como eventos para arrecadação de dinheiro ou alimentos em benefício de pessoas da comunidade.

Mulheres estão cada vez mais presentes nos grupos, e não só como garupas, mas assumindo o comando das motos.

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SOLUÇÕES

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SUDOKU

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Solidariedade Sendo assim, qual o motivo de falar sobre o assunto, se o nome do jornal é Ceilândia em Foco? É que por aqui também há grupos de motociclistas. E chega do estereótipo de

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compridas e caras de mau, muitas vezes com as famílias inteiras. E nem quando os milhares de homens e mulheres se reúnem e saem em um tradicional passeio pelas ruas evidenciando o ronco dos motores de suas motos e triciclos possantes, a gente não fica sabendo, pois Brasília está longe à beça de nós (em vários sentidos).

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É tradição: Há 15 anos, em julho o DF recebe o Brasília Capital Moto Week, terceiro maior encontro motociclístico do mundo, sendo o maior da América Latina. Não é pouca coisa; vem gente do mundo inteiro para cá. Ah, você não sabia? Relaxa, quase ninguém da periferia sabe, isso porque o evento ocorre na longínqua Brasília, em um local mais longe ainda, a Granja do Torto. Durante 10 dias, os ‘caveiras’ tomam conta da Granja, espaço com 250 mil metros onde acampam, formando uma enorme comunidade de coletes de couro, barbas

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foto bsbflash.com

Comportamento Além disso, segundo Léo Portela, presidente fundador do Legião do Reino, cada moto clube tem seu estatuto com regras rígidas de comportamento, o que obriga os barbudões, digo, os integrantes, a andarem na linha e se comportarem bem, sob pena de expulsão do grupo ou pior, perda do colete, chamado no meio de ‘pendura’. Pois é, desrespeitar colegas ou mulheres do grupo, arrumar confusão, beber muito, entre outras práticas, pode levar a penalidades.


10 | DEDO DE PROSA E A VOZ DO LEITOR

DEDO DE PROSA

CEILÂNDIA EM FOCO

Coluna

POEMA PRA CEILÂNDIA por

Nicolas Behr

subo na caixa dágua de Ceilândia e lá de cima vejo o sertão do cariri ao cariranha euclides da cunha desafia guimarães rosa a provar que antônio conselheiro conheceu lampião

JORNALISMO DE QUALIDADE TEM NOME: CEILÂNDIA EM FOCO

padim ciço entra na discussão

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conheceu adão conheceu caim

A VOZ DO LEITOR

Coluna

A VOZ DO LEITOR publicidade

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TÁ COM FOME DE QUÊ? | 11

CEILÂNDIA EM FOCO

TÁ COM FOME DE QUÊ?

Coluna

COMIDA COM GOSTINHO DE ROÇA por

Poliana Franco

Definitivamente, não dava para passar um dia de descanso no Rancho Preguiça, não provar e não falar um pouquinho sobre as delícias servidas no almoço de lá. Nossa aposta foi na costelinha de porco frita com mandioca cozida, servidas com arroz branco, feijão de caldo e salada de tomate, alface e cenoura ralada. É tudo muito simples, nada de pompa, assim como

tudo no rancho. Neste caso, simplicidade, gostosura e asseio andam de mãos dadas, tudo preparado com carinho e cuidado, em porções muito generosas: o almoço para duas pessoas teria servido três, tranquilamente. A comida tem gostinho caseiro, em nada lembra uma comida de restaurante. Parece mais a casa da vó, onde a gente se reunia aos domin-

gos diante de uma mesa farta e saborosa. O fato de os alimentos serem orgânicos também é bastante interessante: a impressão é que as folhagens são mais verdes e que a carne tem mais sabor. Se tem comprovação ou se é apenas o psicológico agindo, não sei. Mas que a comidinha tem gosto de roça e de coisa fresca, ah, isso tem.

foto Ceilândia em Foco

Esgoto a céu aberto

E AGORA, RODRIGO? SHSN - Chácara 115A, conjunto C

Brasília não está no rumo certo.

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