Jornal Ceilândia em Foco - Ano 2 | Edição 16 | Agosto 2018

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EDIÇÃO Nº 16, ANO 2 | CEILÂNDIA, DISTRITO FEDERAL | SETEMBRO DE 2018

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

ADRIANA MARIA E A FILHA, JESSYKA LAINARA FOTO: ARQUIVO PESSOAL

DIVA

Pág. 5

O RECOMEÇO DE ADRIANA MARIA, NOSSA DIVA DO MÊS

CIDADE

Pág. 2

NÚMEROS CADA VEZ CRESCENTES DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER MOTIVARAM DUAS MATÉRIAS NESTA EDIÇÃO CONFIRA NAS PÁGINAS 2 E 6

foto divulgação

FICA A DICA

Pág. 7

BRAZLÂNDIA E A SAFRA DO MORANGO

CULTURA

Pág. 9

O ACESSO À SÉTIMA ARTE

O SOM DA CIDADE

Pág. 8

A MISTURA MUSICAL DE DANIEL DUMONTT foto Gabriela Farias

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02 | CIDADE

CEILÂNDIA EM FOCO

CIDADE

VIDAS PERDIDAS

Simones, Marias, Romildas... feminicídios e tentativas crescem a cada dia no Distrito Federal por

Pâmela Paiva

Ceilândia ocupa a primeira posição no ranking do Relatório da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Paz Social (SSP/DF) que trata sobre ‘Crimes de Feminicídio tentado e Consumado no Distrito Federal’. Somente de janeiro a junho deste ano, foram sete tentativas de homicídio e três assassinatos de mulheres na comunidade. Em todo Distrito Federal, 16 mulheres foram vítimas de feminicídio no primeiro semestre de 2018, contra 11 no mesmo período do ano passado, na maioria dos casos por companheiros, ex-companheiros e ex-namorados. E um dado importante disponível em http://www.ssp.df.gov. br/violencia-contra-a-mulher/)

aponta que a maioria das execuções foram cometidas com armas de fogo. Feminicídio A Lei 13.104 alterou o Códi-

Perfil de feminicídios cometidos no DF no primeiro semestre de 2018 Dos casos havia vínculo entre autor e vítima

Das mulheres foram vítimas dentro da própria residência

94% 88%

fonte Banco Millenium

go Penal nacional ao tipificar o crime de homicídio qualificado quando este for praticado contra a mulher por ela ser mulher. Desde 2015, violência doméstica e familiar e o menosprezo ou discriminação à condição de mulher são descritos como elementos de violência de gênero e integram o crime de feminicídio. A violência contra a mulher é fenômeno mundial, segundo a organização Mundial de Saúde (OMS), e o Brasil é o quinto país no mundo onde mais se cometem tentativas ou assassinatos contra mu-

lheres (4,8 para cada 100 mil mulheres). O Mapa da Violência de 2015 indica que: entre 1980 e 2013, 106.093 pessoas morreram por sua condição de ser mulher, e que as negras sofrem ainda mais essa violência. Violência de gênero pode ser entendida como ofensa à dignidade humana e manifestação das relações de poder historicamente desiguais entre mulheres e homens, diferenças históricas, sociais e culturais. Exemplo: meninas brincam de boneca, meninos de carrinho.

Ceilândia Em março deste ano, Mary Stella Maris, 32 anos, foi morta dentro de casa, na QNN 4, pelo ex marido, que se matou em seguida, na frente do filho de dois anos de idade. No mesmo mês, na QNQ, Edna Maria de Jesus, 43 anos, foi vítima de tentativa de feminicídio. O marido ateou fogo no corpo dela depois de uma briga. Em maio, na Expansão do Setor ‘O’, Jéssyka Laynara da Silva, 25 anos, foi assassinada na casa da avó, com quatro tiros, pelo ex-namorado e policial militar Ronan Menezes. Apesar dos diversos casos, Ceilândia ainda não possui Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM), o que dificulta denúncias e o atendimento às vítimas.

Não seja omisso! Qualquer pessoa, homem ou mulher pode denunciar casos de violência contra a mulher. Para isso, basta ligar no Disk 180 que funciona 24 horas por dia, sete dias por semana.

A Assessoria de Comunicação da SSP/DF explica que: No DF, toda morte violenta contra mulher é tratada com prioridade por equipes policiais especializadas. Desde 2017, de forma inovadora no país, a Polícia Civil adota um tipo específico de protocolo para investigação desses casos. Assim que uma morte violenta de mulher é identificada, a ocorrência passa a ser tratada como feminicídio. Após concluídas as investigações, caso se confirme que não se trata de feminicídio, a hipótese é descartada e o boletim de ocorrência é alterado. O método veio para garantir que provas importantes em crimes de gênero sejam preservadas e as investigações fiquem cada vez mais qualificadas.

EXPEDIENTE JORNAL CEILÂNDIA EM FOCO CNPJ: 23.445.219/0001-08 Tiragem: 10 mil exemplares / mensal Responsável: Poliana Franco - 11.583/DF Colaboradores: Ana Karoliny Barros, Dayana Correia, Pâmela Paiva, Poliana Franco Diagramação e arte: Dianne Freitas FALE CONOSCO E-mail: ceiemfoco@gmail.com Facebook: facebook.com/ceiemfoco Departamento comercial: (61) 9 8332-6607 Redação: Ceilândia Sul- DF Textos assinados e Informes Publicitários são de responsabilidade dos autores. Disk 180 foto Governo Federal


SAÚDE | 03

CEILÂNDIA EM FOCO

INFORME PUBLICITÁRIO

SAÚDE

INSTITUTO HOSPITAL DE BASE TERÁ DE CONTRATAR POR CONCURSO PÚBLICO, DECIDE TJDFT por

Ascom SindMédico-DF

A Justiça, mais uma vez, deu razão aos argumentos do Sindicato dos Médicos (SindMédico-DF) e desferiu novo golpe contra a privatização do Hospital de Base (IHB). Em decisão tomada no dia 10 de agosto, a 2ª Vara de Fazenda Pública, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), reverteu decisão em um recurso do governo e definiu que o Instituto não é Serviço Social Autônomo e, sim, Fundação Pública de direito privado. Isso significa, em outras palavras, que a gestão da unidade terá de fazer concurso para contratar pessoal e licitação para compras. Essa havia sido a primeira sentença dada, em setembro do ano passado, quando a ação movida pelo SindMédico-DF foi julgada em primeira instância e o recurso foi apreciado no TJDFT. Porém, à época, o Ministério Público não se pronunciou e, agora, foi convocado a se manifestar. Após esta última decisão, o processo volta à primeira instância. E, o que o GDF está anunciando não é, para boa parte dos servido-

res da Saúde, uma novidade. Ele vai recorrer da decisão e continuar sua tentativa de privatizar o maior hospital público do DF. “Para isso (privatizar), eles têm pressa. E eu sei disso porque, desde o início da privatização do Hospital de Base, nós, do SindMédico-DF, tivemos que correr contra o tempo para tentar barrar mais essa aberração deste governo”, diz o presidente em exercício do SindMédico-DF, Carlos Fernando. É preciso proteger o SUS Na avaliação de Carlos Fernando, a aprovação do IHB, no ano passado, mostrou o quanto é necessário um representante da área da Saúde no parlamento do DF. “Foram inúmeros debates e argumentações mostrando que o Instituto seria extremamente prejudicial à Saúde do DF. No entanto, ainda assim, foi aprovado. E com rolo compressor”, lembra. “Por isso, acredito que já passou da hora de nos unirmos e colocarmos, lá dentro, alguém que, de fato, tenha a

SindMédico-DF continua sua batalha na Justiça contra a privatização do Hospital de Base foto Arquivo SindMédico/DF

preocupação de proteger e reerguer o SUS-DF”, completa o médico. O Instituto Hospital de Base foi aprovado, pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), no dia 20 de junho do ano passado e, alguns meses depois, vieram à

tona as denúncias: faltava até ar-condicionado no centro cirúrgico da unidade e a lista de espera para operações começou a aumentar – apesar de o governo, obviamente, negar. “Depois de tudo isso, recentemente, tivemos que travar nova batalha contra as

remoções arbitrárias de médicos do IHB. Alguns deles, inclusive, que irão deixar, se saíram de lá, muitos pacientes “órfãos”, como já afirmei antes, tamanha a complexidade das especialidades agregadas no Base”, salienta Carlos Fernando.


04 | CONEXÕES URBANAS

CEILÂNDIA EM FOCO

CONEXÕES URBANAS

ENTREVISTA por

Pâmela Paiva

O Ceilândia em Foco traz, nesta edição, o penúltimo candidato a deputado distrital ceilandense: Eduardo Rezende, 40 anos, filiado ao Partido Progressista (PP).

ER: Faremos nossa campanha corpo a corpo, casa a casa. Estamos nas ruas, temos um trabalho reconhecido na cidade, a comunidade participa e é parceira nas lutas diárias.

CEILÂNDIA EM FOCO: Fale um pouco sobre sua trajetória política.

CF: Quais suas pretensões frente à Câmara Legislativa (CLDF) e suas propostas ligadas a Ceilândia?

EDUARDO REZENDE: Trabalhei em campanhas políticas no passado, participei da eleição para o Conselho Tutelar, fui eleito e hoje sou Conselheiro Tutelar em Ceilândia. CF: Por que a decisão de se candidatar a deputado distrital? ER: Decidi me candidatar porque fui apoiado por grande parcela da comunidade. Acredito que Ceilândia merece um representante na Câmara e que podemos batalhar por um poder público mais presente no lugar onde moramos. Minha escolha para o cargo de deputado distrital está ligada à minha atuação na comunidade. CF: Qual a linha de frente de seu trabalho de campanha eleitoral?

ER: Primeiramente, cumprir o papel legal inerente a um deputado distrital, seja contribuir com a Casa na fiscalização do poder Executivo ou estar atento às proposições. Sob este aspecto, apoiar e votar projetos que atendam demandas da minha comunidade; traçar parcerias com setor público e privado para levarmos para as escolas de Ceilândia palestras preventivas da iniciação do ato infracional; fortalecer o Judô Cidadão (projeto social que funciona em Ceilândia Sul); apoiar as proposituras que vão de encontro aos anseios da comunidade nas áreas de saúde, educação, segurança e transporte público; fortalecer o mercado de trabalho da cidade com geração de empregos.

foto Divulgação

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DIVA | 05

CEILÂNDIA EM FOCO

DIVA

Coluna

RECOMEÇO A dor de seguir em frente para Adriana, mãe que perdeu a filha vítima de feminicídio por

Pâmela Paiva

com edição de

A coluna ‘Diva’ desta edição traz uma mãe forte e guerreira que tenta sobreviver em meio à perda da filha mais velha - uma jovem de 25 anos assassinada a tiros pelo ex-namorado, dentro de casa, este ano em Ceilândia. Quando um ente querido morre, toda família sente a perda. Mas há mortes que nos chocam mais que outras, e nos fazem repensar que sociedade estamos construindo e como queremos viver. O Distrito Federal vive uma onda crescente de violência contra mulheres, com casos semanais onde muitos terminam em morte. Aos 39 anos, a ceilandense Adriana Maria da Silva, mãe de cinco filhos, faz parte de uma dessas famílias que tentam se reerguer após uma tragédia. Vinda de uma família grande, com 14 irmãos, nunca imaginou se deparar com tamanha violência dentro de casa – perder uma filha que começava a vida, com tantos planos e projetos futuros. Seguindo adiante Moradora do Sol Nascente, Adriana tenta seguir em frente após o feminicídio da filha Jessyka Laynara, contando com o apoio de profissionais de saúde, da família e dos amigos mais próximos, e alerta para que

Poliana Franco

as mulheres exerçam o direito de não se calar e de não passar por violências como a que a filha passou “infelizmente minha filha morreu, as mulheres precisam denunciar os agressores”. Para se recuperar e recobrar o ânimo e a força para recomeçar, Adriana se afastou do emprego de farmacêutica para cuidar da própria saúde, da mãe e dos filhos mais novos - de seis e sete anos de idade, o que inclui terapias, diálogo, reflexão. Desabafar sobre o caso da filha não é fácil, mas se fez necessário para aceitar a perda e prosseguir. Desde o ocorrido, homenagens, marchas e debates sobre feminicídio estão sendo promovidos em Ceilândia pela família e amigos de Jessyka. A intenção de Adriana, como mãe, é de não deixar o caso cair no esquecimento e servir de alerta. “Eu falo para que outras famílias não passem pelo que nós estamos vivendo agora”, admite. A inexplicável dor de perder um filho não pode ser descrita em palavras, então, como seguir em frente? O que fazer? Adriana admite que “vai ser uma caminhada longa e diferente, porque não vai ter a mesma alegria. Só o tempo vai amenizar, porque não vamos esquecer nunca”.

Família cobra por justiça no caso Jessyka foto Arquivo pessoal


06 | COMPORTAMENTO

CEILÂNDIA EM FOCO

COMPORTAMENTO

ARTIGO

FEMINICÍDIO: O PERIGO DENTRO DE CASA por

Justiça Comunitária

Programa Justiça Comunitária, do Fórum de Ceilândia, também é parceiro do Ceilândia em Foco escrevendo artigos para esta coluna. Casos de feminicídio estão nas rotinas policiais, mesmo no 12º aniversário da Lei Maria da Penha, os casos registrados no Distrito Federal em 2018 já superam a estatística de 2017. No DF, o maior número ocorre em São Sebastião, seguido de Sobradinho e Ceilândia. Mas os poucos dados não revelam a dimensão da realidade. Criada em 2015, a Lei 13.104 aumenta a pena do

crime de homicídio quando cometido contra a mulher, tornando-o qualificado e hediondo. Há razões de gênero envolvidas, se cometido com violência doméstica ou quando se menospreza e discrimina a condição da mulher. Tudo pode começar com agressão verbal. O que pode parecer demonstração de amor romântico, na verdade, é o início de uma violência crescente, que, não raramente, culmina com morte. Em sua maioria, o agressor é um homem. Não se trata de um assassinato comum. Vivendo numa sociedade machista,

sentimentos de posse e dominação costumam aflorar nas relações afetivas, dando espaço a manifestações de agressão e força por parte dos homens. Como formas de prevenção, dispomos das Delegacias e Centros Especializados no Atendimento à Mulher e da Lei Maria da Penha. A denúncia ou a procura por um serviço especializado são muito bem-vindos e podem salvar vidas. Nossas comunidades são responsáveis por cada feminicídio ocorrido e têm poder de evitá-los, buscando a desconstrução do machismo. Mulheres fortalecidas e homens conscientes re-

sultam numa comunidade verdadeiramente mais forte, preparada para conviver com mais harmonia e respeito, também nas relações entre os gêneros. • Programa Justiça Comunitária - Fórum de Ceilândia: 3103-9398 • Delegacia Especial de Atendimento à Mulher Entrequadra 204/205 Sul: 3207-6172 • Centro Especializado de Atendimento a Mulher QNM 02 Conjunto F Lotes 1/3, Ceilândia Centro: 3373-6668 • Central de Atendimento à Mulher: Ligue 180

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FICA A DICA | 07

CEILÂNDIA EM FOCO

FICA A DICA

Coluna

A TERRA DO MORANGO por

Poliana Franco são premiadas e o público participa da degustação. A região de Brazlândia está entre as principais produtoras de morango do Brasil, com previsão de produção de mais de 6 mil quilos da fruta este ano.

foto Larissa Vieira/Flickr

O quê? 23ª Festa do Morango de Brazlândia foto Aline/Flickr

O Distrito Federal todo já sabe e espera, anualmente, pela Festa do Morango, em Brazlândia, entre o fim de agosto e início de setembro. A tradicional comemoração celebra o auge da colheita e está na 23ª edição. Milhares de turistas do DF

e Entorno são atraídos para a Associação Rural e Cultural Alexandre de Gusmão (Arcag), onde acorre a escolha de rei e rainha do morango e muitos shows de artistas locais e nacionais. Além de poderem conferir as muitas delícias do mo-

rango in natura e derivados – tortas, mousses, bolos, geleias, sorvetes, pavês, compotas e outras tantas opções na praça de alimentação chamada “Morangolândia”. Sem contar o tradicional concurso de receitas, onde as iguarias mais saborosas

Onde? Arcag – Associação Rural Cultural Alexandre de Gusmão (Brazlândia, Incra 6, BR-080, Km 13) Data: 31 de agosto a 9 de setembro (fins de semana) Entrada franca

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08 | CULTURA

CULTURA

CEILÂNDIA EM FOCO

O Som da Cidade

DANIEL DUMONTT – DA SIMPLICIDADE À POESIA por

Ana Karoliny Barros

A mistura entre poesia e música, entre MPB e rap tem nome e sobrenome na nova geração de artistas de Ceilândia, Daniel Dumontt. Caracterizado por composições simples, o jovem ceilandense de 20 anos tenta trazer a ‘ideia do orgânico’ para suas produções. “É a ideia crua da minha cabeça, a música veio assim, sem interferência de ninguém, só eu que pensei, gravei e postei”, explica Daniel. Há cerca de um ano, ele vem lançando seus primeiros clipes musicais com esse conceito “orgânico”. Até o momento, o conjunto dos três videoclipes, intitulado Melancia Trilogy, conta com mais de 3 mil visualizações no YouTube. As produções unidas às letras refletem bem a genuinidade, serenidade e até a timidez do artista. “Minhas composições são simples e acho que refletem muito do que eu sou. Algumas frases acabam até soando de um jeito meio ingênuo”, afirma Daniel. Inspirações Acompanhado do violão e de quatro amigos do ensino médio, o que era para ser um típico trabalho de português, acabou sendo a primeira música e o incen-

tivo que faltava para Daniel se dedicar a escrever. Ele conta que suas maiores inspirações são Manoel de Barros e Paulo Leminski. Manoel de Barros foi um poeta brasileiro do século XX, nascido em Cuiabá, Mato Grosso. Entre as principais marcas da obra de Manoel estão o retrato da natureza ao seu redor, especificamente o pantanal e o cotidiano das figuras regionais. O paranaense Paulo Leminski foi um poeta, tradutor e professor brasileiro. Ficou conhecido por seus curtos poemas e por fazer trocadilhos e piadas com ditados populares. Paulo tinha grande afinidade com a música, evidente em suas obras. Chegou a compor com Caetano Veloso.

“Acho que sou melhor escrevendo porque escrevo do jeito que eu quero, mas não toco e nem canto do jeito que quero”, confessa. Mas a influência musical veio muito antes disso, aos 14 anos, o ceilandense começou tocando contrabaixo na igreja, acompanhado pela mãe e pela irmã nos vocais. O envolvimento, desde pequeno, com música e a paixão pela poesia

foto Gabriela Farias

não negam o talento de Daniel. Após tentativas de trabalhar em outras áreas, ele relata: “Agora ou eu morro ou eu vivo pela minha poesia, já tentei de tudo”. Por causa da timidez, Daniel teve dificuldades em se assumir como artista e se apresentar, mas, hoje, mostra sua arte com mais segurança e já demonstrou em apresentações no Shopping Metrópole, em Águas Claras. Com a repercussão, o obstáculo se transformou em como se comportar com os fãs. “Até hoje não sei lidar com alguém que escuta a minha música”, disse.

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CULTURA | 09

CEILÂNDIA EM FOCO

CULTURA

DO PROJETOR À NETFLIX

Antes do JK Shopping e da popularização da Netflix, dona Honorita já atuava na democratização do acesso ao cinema na periferia CRUZADAS

Dayana Correia

WWW.COQUETEL.COM.BR

Carne própria para churrasco Que não está acabado

Derrama Administra o tráfego lágrima no aeroporto Lá; acolá Ofertado

Desprovido de cor A (?): acelerado Corroer; apodrecer (o dente) Preposição de origem Rodovia (abrev.)

Queijo com pouca gordura Código no envelope de carta (sigla)

Que não é transparente 1.550, em romanos Peça de mobília

Ingrediente que adoça o café

Dispositivo da câmera fotográfica Ana Carolina, cantora de "Garganta"

A mulher com o corpo malhado (gír.) O Universo (?) Franco, político brasileiro

Ida à casa de alguém

Fechado; lacrado

O carinho de dona Honorita e sua neta, Isabela foto Arquivo pessoal

Mesa da missa A primeira hora

(?) já: imediatamente Aplaudido entusiasticamente

Sílaba de "rocha" Oposto de "off"

É vendida em lojas de plantas

50, em algarismos romanos Local de trabalho do pedreiro

S A R A D A A L C A T R A

C T H A D O O L O R R I A R A D E R O D C O E E A C P A Ç O F U N S C T E L T A R A R O D O L O N D E

SOLUÇÕES

M P I I N M C I C O L M O P V E L I E S I T O T O R A M U L A M B R A

4 9 6 5 8 1 6 2 4 6 1 5 1 4 5 9 7 8 3 4 9 5 1 3 6 87 3

R E C T O R M D E M O L V I M P I A C O

8 1 9 4 3 6 5 2 7

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SUDOKU

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BANCO

Em qual lugar?

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O acesso mais “facilitado” ao cinema na cidade só veio em 2013 com a inauguração do Shopping JK, na divisa de Taguatinga e Ceilândia.

Divertir-se, em inglês Cecil Thiré, ator

Propulsor do automóvel (pl.)

3 8 6 1 7 4 9 5 2

tro lado da tela produzindo conteúdos e movimentando a cena na cidade. Essas criações encontram espaços não só no meio digital: de tempos em tempos o programa promove, assim como dona Honorita, sessões de cinema seguidas de debates. TNT preto ou uma parede, um projetor com computador e um pen drive já são suficientes para iniciar as sessões. O antigo e o novo se conectam não só no Jovem de Expressão, mas em espaços culturais, ruas, escolas, igrejas, casas, uma parede ou a palma da sua mão são lugares em que o cinema pode e faz sua magia.

9 7 4 3 6 1 2 8 5

foi herdado pela neta Isabela Luiza, que acompanhava de perto as sessões da vovó. “Minha avó ficou toda orgulhosa depois que aprendeu a usar os equipamentos, sempre procuramos apoiar o projeto. Além da parte técnica a gente também dava dicas dos filmes que iriam bombar nas sessões, os lançamentos do cinema na época, sempre era um grande sucesso entre as crianças e adolescentes”. Hoje, Isabela faz parte do programa Jovem de Expressão e lá encontra incentivo para alimentar seu hobby: todos os dias, encontra na sala multiuso do programa um lugar no sofá para assistir filmes e séries na Netflix. No mesmo espaço acontecem as aulas da oficina de audiovisual do Jovem, onde além de espectadores, a juventude de Ceilândia tem a oportunidade de estar do ou-

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Nova geração O gosto pela sétima arte

O grande inimigo do Jerry (HQ)

Consoante repetida em "mamão"

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Em meados dos anos 2000, a iniciativa de dona Honorita Barbosa trouxe para uma Ceilândia ainda sem cinema o acesso à sétima arte. O projeto “Cinema vai à escola” levou por dois anos, 108 filmes para mais de 24 mil pessoas na cidade, em mais de 200 sessões. Mineira de Biquinhas, Honorita chegou a Brasília na década de 1960, e na capital federal conheceu a magia do cinema. Em sua gestão como coordenadora de cultura levou para escolas, creches e espaços públicos filmes em sessões de cinema gratuitas. “Foi aqui que descobri minha paixão pelo cinema e pela literatura, após alguns anos trabalhando na área de cultura da administração de Ceilândia pude apresentar para crianças, jovens e idosos a magia do cinema, até hoje me lembro com carinho das expressões das crianças ao assistirem as paredes das escolas se transformarem como mágica em grandes telas de cinema.” Honorita levava os filmes escolhidos pelo público e para montar os equipamentos contava com a ajuda da família. “Tudo era muito novo pra mim, recebi o desafio de tocar o projeto, mas não tinha conhecimentos técnicos, foi com a ajuda do meu esposo e netos que aprendi a montar o projetor com as caixas de som, aquilo pra mim foi um desafio pessoal e uma conquista de independência”, relembra.

Índice almejado por atletas Antecede o "S" Amontoado; acumulado

2/on. 3/fun. 5/opaco — visor. 6/ricota. 8/aclamado.

por


10 | DEDO DE PROSA

DEDO DE PROSA

CEILÂNDIA EM FOCO

Coluna

PENSAMENTO por

Percília Júlia*

Hora prolongada dia escuro Vida comprida cruz moderada Espaço no muro Rua longa sem guarida Gente perdida andando por aí Com pensamento ligeiro apenas ouvi Passando levinho alguém no caminho Falou no silêncio: - “Aonde hás de ir? Irás devagar ao longo caminho Coração transbordante de amor e carinho Falando das flores, amando os espinhos. Buscando pessoas que estão nos cantinhos.”

*poetisa e moradora de Ceilândia

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TÁ COM FOME DE QUÊ? | 11

CEILÂNDIA EM FOCO

TÁ COM FOME DE QUÊ?

Coluna

BURGER CHICKEN Quiosque de comida de rua traz novidades no cardápio por

Poliana Franco

As opções de comida de rua em Ceilândia não param de crescer. O mais recente é o Burger Chicken, em Ceilândia Sul, e a gente correu lá para conhecer, afinal, esta coluna serve para comer e indicar aos leitores – mas só se a comida for boa mesmo. O ambiente é simples, mas diferente: é um quiosque de entrequadra como inúmeros outros, despojado e informal, mas ao mesmo tempo parece uma hamburgueria - que remete àquele lugar mais arrumadinho, sabe, com assentos estofados e senha para retirada do lanche.

É notório que as hamburguerias tragam, como conceito, esse distanciamento do trailer de esquina - onde se espera dentro do carro ou em uma mesinha na rua mesmo para comer o ‘dogão’ ou o ‘bomba’ - aquele que vem com tudo dentro. Mas unir as duas coisas também dá certo. No caso do Burger Chicken, essa mistura de quiosque e hamburgueria se reflete no cardápio, com opções do ‘bomba’ ao hambúrguer artesanal - mais refinado, com sabor individual e apurado, de carne mais nobre.

foto Divulgação redes sociais

As opções vão além dos hambúrgueres, passando por fritas com cheddar e bacon, anéis de cebola – empanados, fritos e crocantes, frango frito no pote, açaí e petit gateau. As porções são generosas, os preços são camaradas e o atendimento é bom e ágil. Ou seja, vale a pena conhecer e saborear.

foto Divulgação redes sociais

Via Leste da Ceilândia Sul QNM 1/3 (antigo Tapera), próximo ao Beer House

Aberto de quarta a segunda – feira, de 18 às 23 horas

Esgoto a céu aberto

E AGORA, RODRIGO? SHSN - Chácara 115A, conjunto C

Brasília não está no rumo certo.

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