Jornal Ceilândia em Foco - Ano 1| Edição 5 | Setembro 2017

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EDIÇÃO Nº 5, ANO 1 | CEILÂNDIA, DISTRITO FEDERAL | SETEMBRO DE 2017

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

ADDA TORRES IDEALIZADORA DO PROJETO MULHERES DE ATITUDE FOTO: CEILÂNDIA EM FOCO

DIVA

Pág. 5

ADDA TORRES É NOSSA DIVA DE SETEMBRO

CIDADE

Pág. 2

NÚMEROS DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA SÃO CRESCENTES CULTURA

Pág. 8

MULHERES EMPODERADAS DA CASA IPÊ

CONEXÕES URBANAS

Pág. 4

ALUNOS DO CEF 25 DÃO AULA DE SOLIDARIEDADE

FICA A DICA

Pág. 7

CLUBE CAMPESTRE GRAVATÁ É A DICA DESTA EDIÇÃO

26 x 6 cm 5 colunas

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02 | CIDADE

CEILÂNDIA EM FOCO

CIDADE

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER – UMA TRISTE REALIDADE por

Pâmela Paiva

A violência doméstica contra a mulher é tema recorrente em nosso dia a dia. Este ano, a Lei Maria da Penha (11.340/06), que define violência doméstica como toda ação ou omissão, baseada no gênero, que cause morte, sofrimento físico, sexual, psicológico, moral ou patrimonial, completou 11 anos. Neste período, houve alterações na Lei para que fosse ampliado e humanizado o atendimento às vítimas. Segundo a advogada Gessyca Viana, “ a Lei Maria da Penha proporcionou maior segurança às mulheres vítimas de violência doméstica, punição mais rigorosa ao agressor, visando inibir condutas violentas, aplicando as medidas protetivas”. Um avanço, uma vez que, “anteriormente, o Direito Penal não se preocupava diretamente com a mulher”, ressalta. Conforme dados da Coordenação de Análise de Fenômenos de Segurança Pública

do Distrito Federal (Cooafesp), Ceilândia foi a cidade do DF onde mais se registrou crimes de violência doméstica até junho deste ano, com 1.104 casos. Ainda de acordo com a Cooafesp, este tipo de crime apresenta um perfil: em sua maioria são cometidos por atuais ou ex-companheiros, cônjuges, namorados ou amantes. O pico das agressões está entre sábado e domingo, das 18hr às 23:59hr, ou seja, durante a noite aos finais de semana. Violência Antes da implementação da Lei Maria da Penha, Adda Torres, com um filho pequeno, se viu mais uma vítima desamparada pela comunidade e pelos órgãos de proteção à mulher. “Apesar de eu viver na delegacia, a polícia não me dava apoio”. As primeiras agressões do marido foram psicológicas: “ ‘Você não vai trabalhar com essa calça’. Ele não me dei-

EXPEDIENTE JORNAL CEILÂNDIA EM FOCO CNPJ: 23.445.219/0001-08 Tiragem: 10 mil exemplares / mensal Diretora/Editora chefe: Poliana Franco - 11.583/DF Colaboradores: Catarina Loiola, Pâmela Paiva, Rúbia Gondim, Vinícius Remer da Silva Diagramação e arte: Dianne Freitas FALE CONOSCO E-mail: ceiemfoco@gmail.com Facebook: facebook.com/ceiemfoco Departamento comercial: (61) 9 8332-6607 Redação: Ceilândia Sul- DF Textos assinados e Informes Publicitários são de responsabilidade dos autores.

xava sequer pintar o cabelo. Afirmava que eu tentava seduzir outros homens através da minha voz e passou a me trancar em casa para ir jogar futebol durante a semana”, relata. Passado um tempo, começaram as agressões físicas. “As tentativas de me desvencilhar dos golpes dele acabaram entortando um dos meus braços. Ele cortava meu cabelo de madrugada e até quebrava copos na minha cabeça”. A violência cresceu ainda mais, até chegar ao ponto dele a agredir com uma faca. Para Adda, foi o ponto final. Acolhimento e proteção Ceilândia possui um Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam), espaço de acolhimento psicossocial e atendimento jurídico por uma equipe de advogado, psicólogo e assistente social que, atualmente, atende 168 mulheres. Os atendimentos ocorrem por procura espontânea de mulheres ou por encaminhamento jurídico. A assistente social da equipe, Rosângela Marques, destaca que “empoderar e acompanhar as mulheres que sofreram violência doméstica é mais do que apenas encaminhá-las à delegacia. Essas mulheres precisam sentir segurança e saber que podem sair dessa situação”. Para receber atendimento as vítimas não precisam ter registrado Boletim de Ocorrência ou estar separadas de seus companheiros. A Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM) divul-

gou que apenas no primeiro semestre deste ano, a Central de Atendimento à Mulher recebeu mais de 560 mil ligações de todo o país, por meio do Ligue 180. Para a doutora Gessyca, esse grande número de ligações se deve ao fato das mulheres se sentirem seguras em denunciar os casos de agressão. “Ao divulgar, ensinar, esclarecer as vítimas que há uma saída, que aquele puxão de cabelo, que aquele celular quebrado, aqueles xingamentos não são provas de

amor e sim violência doméstica, muitas têm procurado denunciar seus agressores e consequentemente, há um aumento no número de casos denunciados”, defende. Através do programa de governo lançado em 2013 - ‘Mulher, Viver sem Violência’, que visa humanizar e ampliar os serviços públicos a mulheres em situação de violência, Brasília ganhou uma Casa da Mulher Brasileira (CMB). Lá são oferecidos serviços especializados para garantir e facilitar as condições de enfrentamento da violência, o empoderamento da mulher e sua autonomia econômica. Campo Grande (MS) e Curitiba (PR) são as outras duas cidades que possuem uma unidade da CMB.

Maria da Penha: Comitê Latino-Americano do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher - CLADEM foto Governo Federal

QUEM É MARIA DA PENHA? A farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, que deu nome à Lei 11.340/06, é uma mulher que não se calou diante da violência sofrida diversas vezes pelo marido durante seis anos de relacionamento. Em 1983, motivado por ciúmes, o companheiro tentou assassiná-la duas vezes. Na primeira, com uma arma de fogo, ele a deixou paraplégica, e na segunda, por choque e afogamento. Após a última tentativa de homicídio, ela o denunciou. O agressor foi punido mas ficou apenas dois anos preso em regime fechado. Em homenagem à luta desta mulher, a Lei recebeu o nome dela. FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, SEGUNDO A LEI MARIA DA PENHA: Violência física: tapas, empurrões, queimaduras, puxões de cabelo, socos e pontapés, beliscões, entre outras atitudes que coloquem em risco a integridade física da vítima; Violência psicológica: qualquer atitude que atinja a autoestima da vítima por meio de ameaças, xingamentos, privações de liberdade, humilhações, insultos, isolamento, perseguições e limitação do direito de ir e vir; Violência sexual: a vítima é obrigada a presenciar, manter ou participar de relação sexual não desejada; Violência patrimonial: atos causadores de danos, perda ou retenção de bens ou valores que limitem a autonomia financeira da mulher; Violência moral: entendida como qualquer conduta que configure calúnia, injúria e difamação. fonte: Cartilha informativa do Governo do Distrito Federal

SERVIÇOS ÚTEIS Ligue 180: Número de abrangência nacional, gratuito, funciona 24 horas. Delegacia Especial de Atendimento à Mulher: 3442-4300 / 3442-4328 - EQS 204/205- Asa Sul Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam): Unidade Ceilândia - QNM 02 conjunto F lotes 1/3 ao lado da Caixa D’água


SAÚDE E BEM ESTAR | 03

CEILÂNDIA EM FOCO

INFORME PUBLICITÁRIO

SAÚDE E BEM ESTAR

MESMO DOENTES, SERVIDORES DA SAÚDE DE CEILÂNDIA BATEM RECORDES por

Nicolas Bonvakiades - Ascom SindMédico-DF

Ceilândia foi citada entre as três cidades do Distrito Federal onde mais houve afastamento de profissionais da saúde por motivo de doença. Integrantes do governo e da própria Secretaria de Saúde se apressaram em dizer que os atestados é que criam o caos na saúde. Foi apontado que houve demissão de 30 acusados por ausências injustificadas ou adulterações nos atestados médicos apresentados. O que não se disse, aponta o presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF), Gutemberg Fialho, é que essas pessoas eram apenas 0,09% dos servidores da Saúde. “Um, entre mais de 4.800 médicos foi demitido, o que não tem sequer peso estatístico”, destaca o Dr. Gutemberg. Desde que assumiu, o atual governo tem o exato conhecimento do problema do adoecimento dos servidores (em especial da Educação e da Saúde) e a orientação para as medidas necessárias para solução. O Relatório do Conselho Nacional de Secretários de Estado da Administração Pública (Consad) Câmaras Técnicas em Saúde do Servidor – Absenteísmo – Doença entre Servidores Estatutários Estaduais (julho de 2014) apresentou números e principais causas dos afastamentos por saúde, a maior parte decorrente de causas

psicossociais, psiquiátricas e musculoesqueléticas – tudo relacionado às condições inadequadas de trabalho. As condições inadequadas de trabalho na Saúde do DF incluem estruturas sucateadas, equipamentos quebrados, quantidade insuficiente de profissionais e sobrecarga de trabalho, falta de medicamentos e falta de materiais. “Os profissionais da saúde adoecem pelos mesmos motivos que os pacientes sofrem. Ou seja, resolver os problemas que prejudicam a assistência à população também ajudaria a melhorar a saúde do trabalhador”, afirma Dr. Gutemberg. A situação de Ceilândia Na maior cidade do Distrito Federal, o drama fica bem evidente: o hospital, que tem 36 anos, não tem instalações suficientes para a demanda, que é cada vez maior. A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) não tem profissionais suficientes e concentra todo o atendimento da clínica médica. E a relação da superintendência local com os servidores é a mais criticada de todo o DF. Apesar de todos os obstáculos, os servidores do HRC batem recordes de produtividade. Em cirurgia geral e traumato-ortopedia, por exemplo, foi, entre todos os hospitais públicos do DF, o

Presidente do SindMédico – DF, Dr Gutemberg Fialho, em entrevista para canal de TV local foto Assessoria de Comunicação SindMédico - DF

que mais realizou atendimentos: 81.298. O hospital é, também, recordista em partos, que são cerca de 530 por mês. Segundo registrou a própria Secretaria de Saúde, os profissionais trabalham até fora do horário normal para não deixar os pacientes desassistidos, apesar de não encontrarem incentivos da gestão. O esforço de trabalhar em uma unidade sucateada, com equipamentos que quebram, com falta de medicamento e materiais e vendo pacientes sofrerem dias e semanas a fio em macas pelos corredores, às vezes sendo atendidos em cadeiras e até ressuscitados no chão pesa, também, na saúde dos profissionais. “Por mais que se tente manter um distanciamento profissional para não ceder ao desespero e continuar atendendo, os profissionais sofrem e isso

afeta a saúde de todos”, esclarece o Dr. Gutemberg. Atestado de incompetência A revelação das indicações de demissão de servidores da Saúde encaminhadas ao Palácio do Buriti revela má fé ou desconhecimento por parte do secretário da pasta e de quem o cerca. Em dezembro de 2016, o secretário e o corregedor da Saúde faziam alarde na imprensa, afirmando que até 40% dos atestados homologados seriam fraudulentos. A notícia atual reforça que o caos instalado nas UPAs, no SAMU e no resto da rede pública é de responsabilidade do governo. O adoecimento dos servidores é consequência direta da má gestão e também da perversa rotina de perseguição e assédio moral no trabalho que se estabele-

ceu no governo Rollemberg. O Conselho de Saúde do Distrito Federal apresentou, no início de agosto, denúncia ao procurador geral de Justiça do Distrito Federal, Leonardo Bessa, contra a Secretaria de Saúde por deixar de executar as medidas previstas para a gestão da saúde de seus servidores. Em vez disso, o governo Rollemberg, para atingir seus objetivos (como se apropriar dos recursos da Previdência Social dos servidores) tenta voltar a opinião pública contra os servidores da Saúde, aumentando ainda mais a tensão na ponta do atendimento. E faz isso por meio de um secretário que só pôde assumir o cargo após exoneração, porque ocupava ilegalmente um cargo na própria Secretaria de Saúde do DF.


04 | CONEXÕES URBANAS

CEILÂNDIA EM FOCO

CONEXÕES URBANAS

Educação

LIÇÃO DE HOJE: SOLIDARIEDADE por

Catarina Loiola

10,1 x 7,2 cm 2 colunas

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Projeto “Não Sou Apenas Mais Um”, iniciativa da professora Júlia Nunes foto Layra Sarmento

Para motivar a leitura e a união entre os alunos do Centro de Ensino Fundamental 25, a professora Júlia Nunes criou, em 2016, o projeto “Não Sou Apenas Mais Um”, que faz apresentações culturais em abrigos e instituições sociais. O projeto é formado por alunos voluntários do 5º ao 9º ano, que fazem as visitas aos sábados para não atrapalhar o desenvolvimento escolar. “Quando estava dando aula, percebia as confusões dos alunos e a falta de interesse em ler”, relata a professora, que este ano atua na coordenação da escola. O projeto foi utilizado como avaliação disciplinar, com uso dos gêneros textuais e de vídeos feitos pelos alunos. E, assim, eles têm se tornado multiplicadores dos valores aprendidos. Para saber mais, participar ou colaborar, entre em contato com a professora Júlia Nunes:

O grupo de 12 alunos já visitou o Lar Samaritano de Águas Lindas e o Lar de Excepcionais, em Ceilândia. A escolha dos lugares é feita por sugestões deles e analisada pela professora. A próxima ação social, em 12 de outubro, será no Orfanato de Águas Lindas para alegrar e presentear as crianças com brinquedos doados. O transporte é realizado nos carros dos professores e colaboradores do CEF 25. Ao retornar à escola, os alunos escrevem um relatório onde descrevem como foi ajudar o próximo. “Eles gostam de se sentir úteis”, afirma Júlia. As instituições sempre agradecem o apoio e o amparo recebidos. Entre os objetivos da professora está a ampliação do projeto para outras escolas, a fim de propagar a solidariedade e a interação escola-sociedade. E-mail: julialirius@hotmail.com Telefone: (61) 9 9539-1484

PROFESSORES DO BRASIL O prêmio é uma iniciativa do Ministério da Educação para homenagear práticas pedagógicas que contribuem para a educação pública. O projeto foi inscrito pela professora Júlia e caso a escola ganhe, o prêmio de R$ 7 mil será utilizado para a compra de instrumentos musicais para montar uma banda no CEF 25. O resultado sai em dezembro. CIRCUITO DE CIÊNCIAS O projeto “Não Sou Apenas Mais Um” participou do Circuito de Ciências - etapa regional, evento científico realizado pela Secretaria de Educação para as escolas públicas. Os alunos apresentaram vídeos e fôlderes confeccionados por eles aos jurados. O resultado e a premiação serão divulgados no final do ano.

10,1 x 9,2 cm 2 colunas

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10,1 x 7,2 cm 2 colunas

CEF 25: QNP 09 Área Especial - Setor P Norte publicidade


DIVA | 05

CEILÂNDIA EM FOCO

DIVA

Coluna

ADDA TORRES, UMA MULHER DE ATITUDE Pâmela Paiva

Há quatro anos, surgia o Projeto Mulheres de Atitude, idealizado pela ‘Diva’ deste mês, Adda Torres. O espaço, no Setor de Chácaras de Ceilândia, é uma casa que oferece assistência a mulheres que sofreram ou sofrem violência doméstica. A história de resistência dessa mulher, que hoje se dedica integralmente ao projeto, começou em 2006 quando ela, vítima de violência doméstica, decidiu se separar do marido agressor. Foi um período difícil em que precisou se esconder com o filho durante dois meses. “Eu fiquei escondida, com o cabelo cortado (pelo marido), andando masculina para que ele não me reconhecesse e não viesse atrás de mim”, relata. Construindo a casa própria e tentando reconstruir a própria vida, Adda decidiu voltar a estudar e iniciou o curso de pedagogia, onde encontrou outras mulheres que precisavam de ajuda. “ Comecei a formar grupos de mulheres na minha casa para trocar e doar roupas, calçados e pro-

porcionar autocuidado entre elas”. Ainda conciliou o emprego em um supermercado com o trabalho voluntário em projeto socioassistencial, processo decisivo para a recuperação de sua autoestima e confiança. “No projeto social tive a oportunidade de me doar e me valorizar, porque eu não acreditava mais que servisse para algo depois de tanto sofrimento que passei. Mas eu mudei a minha história”. Mudou mesmo: Adda é uma mulher alegre, vaidosa, super alto astral, guerreira, que redescobriu o amor e se casou novamente.

PROJETO MULHERES DE ATITUDE

facebook.com/ada.geni (61) 9 8601-8591 (61) 9 8187-3375 (61) 3375-1448

A casa não recebe auxílio de entidades privadas ou públicas, vive de doações, trabalho dos voluntários e da comunidade. São realizadas oficinas de artesanato para que as vítimas obtenham renda e criem independência econômica; tem o ‘Divando na Zumba’ – projeto de dança para fortalecimento da autoestima e o programa ‘Chá de Mulheres’, realizado uma vez ao mês em várias Regiões

Mulheres de Atitude Na sede do projeto são desenvolvidos trabalhos de valorização da autoestima da mulher, atendimento psicológico e trabalho social com as famílias. O grupo acompanha cerca de 130 vítimas de violência; contando com os familiares, são mais de 3.800 pessoas atendidas.

Administrativas para atrair e dialogar com mais mulheres sobre a violência doméstica. A mais nova empreitada do Mulheres de Atitude é a construção de uma Casa Abrigo. O projeto precisa de doações e ajuda da comunidade para sair do papel e se tornar realidade, sendo mais uma ferramenta de apoio a mulheres não só de Ceilândia, mas do DF e Entorno na luta contra a violência.

foto Ceilândia em Foco

por

Endereço sede: DF 180 - km 04 Condomínio Quintas do Amarante - Ceilândia/DF

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06 | COMPORTAMENTO

CEILÂNDIA EM FOCO

COMPORTAMENTO

CEILÂNDIA FASHION Evento de moda urbana inédito chamou atenção de quem passou por shopping da cidade por

Poliana Franco foto Ceilândia em Foco

O JK Street Fashion, evento inédito em Ceilândia, de 14 a 16 deste mês, foi um sucesso. Cerca de 50 marcas parceiras desfilaram suas coleções em uma passarela alternativa e colorida montada no térreo do Shopping. As roupas, calçados e acessórios de lojas de departamento foram mostradas como opções acessíveis aos consumidores; a diferença fica no estilo, no jeito de combinar as peças. O jornalista especializado em moda, Fernando Lackman, foi o idealizador e organizador do evento. Ele não escondeu que o projeto era “a realização de um sonho”, e que um dos objetivos do JK Street Fashion é “desmistificar a cidade e voltar o olhar dos empresários do setor

para Ceilândia, que tem um potencial enorme”. Moda x Estilo A cidade mais populosa do DF é grande consumidora, mas será que usamos o consumo a nosso favor e fazemos as escolhas certas, de acordo com nosso estilo? Na palestra de abertura outro Fernando, o Demarchi, professor de consultoria de imagem no Senac - DF, falou sobre moda, estilo, e a diferença entre os dois. Segundo ele, “ a moda é passageira e de uso coletivo. Já o estilo é personalidade, é nosso modo de dizer ao mundo quem somos”. Claro que o estilo pode mudar de acordo com os papeis sociais que desenvolvemos ao longo do dia, mas “

tem gente que tem o mesmo estilo a vida toda”, concluiu Demarchi. Quer saber qual é o seu estilo? Confira no box. Na passarela, profissionais de agências dividiram espaço com modelos da comunidade em desfiles individuais e coletivos de várias marcas. Na plateia, clientes do Shopping, estudantes de moda, estilistas, blogueiras e amantes do mundo fashion. Foram três dias intensos de desfiles, palestras, debates e workshops. Cabe lembrar que o JK traz, com frequência, eventos gratuitos de áreas que não se restringem apenas a entretenimento, mas de esporte, arte, cultura, inclusão, protagonismo juvenil, campanhas de conscientização.

7 ESTILOS UNIVERSAIS 1 Esportivo – espírito livre refletido nos looks. Praticidade em se vestir, casual, natural, sem tecidos “complicados”. Nada de ficar se arrumando demais, e não, maquiagem não é uma paixão para consumidores deste estilo; 2 Clássico – looks conferem um ar de seriedade e rigidez; o consumidor é mais tradicional com relação à imagem, usa modelos discretos, conservadores e sem detalhes; 3 Elegante – clientes adeptos deste estilo têm um ar de prestígio e refinamento, estão sempre chiques, com roupas bem ajustadas e sob medida. A elegância em pessoa; 4 Romântico – passa a sensação de pureza, suavidade, docilidade e meiguice;

5 Sexy – os adeptos deste estilo são sensuais e sedutores, gostam de provocar, adoram um glamour, são cativantes e carismáticos; 6 Criativo – estilo que mistura cores, texturas, formas e estampas. Neste caso, se vestir é uma arte. Pessoas do estilo criativo são livres, espontâneas e inventivas; 7 Exuberante – estilo urbano, poderoso, corajoso e ousado. Esse cliente quer estar à frente de seu tempo e não quer saber de usar o que os outros estão usando, seu visual é exagerado e pode causar o afastamento de outras pessoas, coisa que ele nem liga se acontecer. fonte: Senac

10,1 x 9,6 cm 2 colunas

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foto Ceilândia em Foco

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FICA A DICA | 07

CEILÂNDIA EM FOCO

FICA A DICA

Coluna

DIA DE SOL E PISCINA NO GRAVATÁ por

Poliana Franco

foto Ceilândia em Foco

Fica a Dica não é matéria paga. É uma coluna que traz opções de roteiros turísticos no DF e Entorno para você, leitor, passear com sua família ou amigos. Se o lugar for bom e valer a pena, o Ceilândia em Foco faz questão de indicar, de graça. Nesta edição, nossa dica é o Clube Campestre Gravatá, pertinho de Ceilândia. Criado há 12 anos, o clube é restrito aos sócios e convidados, mas, atualmente, está recebendo visitantes, que não pagam para entrar e conhecer suas dependências. Notamos que, tanto no site quanto na página do Facebook, algumas informações não são muito claras e poderiam vir em destaque questões sobre os valores de exame de pele (exame médico) e restrição quanto à entrada de comidas e bebidas dentro do clube. Nossa equipe esteve no Gravatá em um domingo. Chegamos cedo, mas já havia certa aglomeração na identificação de visitantes. Tudo resolvido, entramos. Nos deparamos com um local muito limpo, funcioná-

rios espalhados por todo o clube cuidavam da limpeza das piscinas e áreas verdes. Há espaços gramados e arborizados onde, mais tarde, famílias faziam piqueniques e relaxavam em redes ou em toalhas estendidas ao chão. À medida que o sol esquentava mais famílias foram chegando ao Gravatá. O silêncio e calmaria foram, aos poucos, dando lugar ao barulho das vozes e vai e vem das pessoas circulando, somados às dezenas de sorrisos e gritinhos das crianças enquanto brincavam nas piscinas ou corriam para lá e para cá, em suas roupas de banho coloridas e boias nos bracinhos. No ar, cheiro de protetor solar, cheiro de clube e de domingo de sol. Piscinas São nove, e as mais procuradas ficam no centro do clube, local de muita circulação. Bar, lanchonete, restaurante, área de eventos, músicos cantando ao vivo, e muita, muita gente passando o tempo todo pela área central. É preciso passar por lá para acessar o parque aquá-

tico infantil, os toboáguas, quadra de areia, parquinho, e para entrar e sair do clube, o que explica o grande fluxo de pessoas. Há seguranças por todo clube e salva-vidas nas piscinas, com cuidado especial na que comporta os dois toboáguas. Uma das piscinas possui um bar molhado, mas muitos banhistas preferem a semi aquecida. Bon appetit

balha com self service, com boas opções de salada e carnes, galinha caipira, rabada, feijoada e, aos domingos e feriados, churrasco. Todos pareceram bem apetitosos, mas escolhemos almoçar no Restaurante do Pesque e Pague. Apesar de cedo, a cozinha comandada pela dona Marilda já estava a todo vapor. Ela e a família estão há 13 anos à frente do restaurante, e apesar da correria, Marilda parou os afazeres para conversar conosco e explicar sobre o funcionamento da casa. De volta à cozinha, nos preparou um delicioso tira gosto: peixe frito acompanhado de alface, tomate e molho rosé. As opções de peixe no local variam de tilápia, tambaqui, piau, filhote, dourado. O ambiente vazio e tranquilo rapidamente deu lugar a uma pequena multidão, o cheiro de comida fresca no ar e as bandejas enormes com refeições sendo servidas à mesa, em estilo comercial de meia porção ou inteira, abriram nosso apetite.

O cliente escolhe a carne – entre peixe, frango, carne vermelha – e os acompanhamentos são arroz, feijão, macarrão e vinagrete. Optamos por um misto das três carnes em uma porção inteira e muito generosa, que serve cinco pessoas e dá direito a um refrigerante de dois litros, com preços entre R$ 90 e R$ 120,00. Todos comemos bem e ainda sobrou comida. Fomos muito bem recebidos e tratados, equipe muito educada e prestativa, atendimento rápido, comida boa, refri e cerveja gelados a preços não absurdos, pagamento em dinheiro, cartões ou estalecas (moeda própria do clube). Enfim, nossa estada no Gravatá foi das melhores, é um bom clube, com boa estrutura, espaçoso, com muitas opções de lazer e de comida. Há melhorias a fazer? Sim, sempre há, é preciso cuidar do espaço e zelar pelo bem-estar dos sócios e demais frequentadores, para que queiram voltar e se associar. Clube Campestre Gravatá, essa é nossa dica.

O quê? Clube Campestre Gravatá Onde? DF 190 - Km 3 Valor exame médico para acesso às piscinas? R$ 15,00 aos sábados. R$ 25,00 aos domingos e feriados. Contatos: 61 3224-4859/ 3225-2731/ 9 9616-2854 www.clubegravata.com.br www.facebook.com/clubegravata

foto Ceilândia em Foco

A variedade de comida é enorme: de cachorro-quente a javali, de peixe frito a churrasco. Além das lanchonetes com salgados, há três restaurantes com cardápios bem diferentes como o Point, de carnes exóticas. Lá, ao estilo à la carte, é servido pato, marreco, avestruz, jacaré, carneiro, cabrito, capivara, coelho, galinha da angola. Já o Restaurante do Bosque tra-

10,1 x 7,2 cm 2 colunas

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08 | CULTURA

CULTURA

CEILÂNDIA EM FOCO

“O RAP CONTINUA SENDO UMA EXPRESSÃO MUSICAL QUE COLOCA O DEDO NA FERIDA”

O Som da Cidade

DE CEILÂNDIA PARA O BRASIL: JAPÃO - VIELA 17 por

Poliana Franco

“Minha revolução é gritante dentro de mim, mas ela é feita no silêncio do meu quarto”. Essa revolução que grita dentro do Marcos Vinicios é ouvida por nós em forma de música, versos e rimas que traduzem a realidade da periferia. Conhecido no cenário da música local e nacional como Japão, este ceilandense decidiu que era preciso contribuir para melhorar a juventude de seu tempo, ainda na década de 1980, e a forma encontrada foi cantar. CEILÂNDIA EM FOCO: Por que a escolha em cantar rap?

foto Ceilândia em Foco

JAPÃO: O carro chefe de Ceilândia é o rap. Ele pode e deve estar aliado a protesto e reivindicação. A tradução conhecida do rap é: ritmo, amor e poesia. Achavam que amor e poesia eram todos vivendo bem e de mãos dadas, mas está errado, amor também é atrito e resistência, e Ceilândia sempre foi um local de resistência. CF: Hoje, o rap de Ceilândia é conhecido nacionalmente graças a artistas como você. Como foi levar o nome de Ceilândia para o resto do Brasil na década de 90? JAPÃO: Sair de Ceilândia

para ganhar o Brasil foi árduo. Viajar o Brasil era difícil, avião era uma coisa de rico, elitizado, uma época em que não havia internet ou celular. Quando fechava um show tinha que me estabelecer no lugar e tentar conseguir mais shows, para compensar a viagem. Passava muito tempo fora de casa. Me fez ganhar muitos adeptos na música, mas me afastou da família.

seta, boné da minha marca. Vivo feliz com o pouco que tenho. CF: Depois de anos na estrada e de tanto esforço, dá para viver do rap?

CF: Em que momentos do dia o rap está presente em sua vida?

JAPÃO: Dá para viver da música, mas dinheiro não é o foco principal. O dia em que se tornar, eu paro de cantar rap. Não pode se basear em uma situação financeira nem em uma conta bancária. O foco principal é a vida, é minha fala, e isso não tem preço.

JAPÃO: Vivo o rap 24 horas por dia, faço meus shows com o Viela 17, vendo cami-

CF: Com quase 30 anos na música, quais são seus planos, Japão?

JAPÃO: Minha contribuição no hip hop é o rap. Quero que a nova geração continue minha ideia, isso é contribuir para o hip hop, não é falando da vida de ninguém, nem falando pelos cotovelos. E isso vai ecoar dentro dos becos, das vielas e dos lugares mais remotos dentro das comunidades. É isso o que eu faço e farei até quando Deus me der forças. Nossas mulheres continuam sendo violentadas, os negros continuam sendo discriminados, as cadeias continuam lotadas com as pessoas da periferia. Até quando reclamar? Enquanto tiver injustiça nós vamos reclamar, o poder que faz o mundo girar é força nossa, do povo. O rap canta isso, tem muito a dizer e contribuir para a sociedade. Temos que fazer da música o ponto de partida para uma grande revolução.

CASA IPÊ: MULHERES NA CENA ARTÍSTICA por

Rúbia Gondim foto Ceilândia em Foco

foto Ceilândia em Foco

SERVIÇO Endereço: QNN 23 conj. J casa 35 - Ceilândia Norte Quando: Todas as quartas-feiras, das 21h às 23h30 Demais atividades são divulgadas na agenda mensal Facebook: @casafeminista

Há um ano, surgia na QNN 23, um local de apoio para mulheres artistas: a Casa Ipê. Dentre os diversos projetos desenvolvidos por lá, o sarau “Quarta o Quê? ” ganhou espaço na agenda das moradoras da região. Todas as semanas o microfone é livre para que as mulheres recitem suas poesias, cantem, toquem e interpretem. Fundada pela cantora e produtora cultural Daniela Vieira, a Casa Ipê é um espaço destinado a dar voz e escutar as mulheres da comunidade

por meio de rodas de prosa, saraus, oficinas, consultoria e assessoria na área de empreendedorismo criativo. “Durante a história da humanidade, as mulheres foram silenciadas. Então, quando a gente consegue colocar uma mulher fazendo o que ela gosta sem nenhum julgamento, sem nenhum conceito já posto pela masculinidade, é lindo. A casa faz isso, fortalece”, explica Daniela. Residência artística Para tocar o projeto, Da-

niela tem o apoio de outras sete mulheres, residentes da casa. Durante a semana, elas se preparam para apresentar ao público algo novo todas as quartas. Kessy Freire, de 28 anos, conta que “escrevia coisas que ficavam guardadas na gaveta e agora escrevo para o sarau, isso me motiva a produzir mais”. Além dos projetos comuns da casa, no mês de setembro a Ipê foi palco para abertura da segunda edição do Sonora, o festival internacional de composição feminina.


CULTURA | 09

CEILÂNDIA EM FOCO

CULTURA

CRUZADAS

WWW.COQUETEL.COM.BR

"Ambiente" retratado pelos sites Catedral e revistas da (?): Concurso de celebri- Enraipostal vecida; em que dades paulistano furiosa Marta Rocha foi a primeira eleita oficialmente

Território palestino ocupado por Israel Bê-á-(?): (2014) o abecedário

Salvador Que Allende, acontece presidente por acaso chileno

A Capital da Salsa, na Colômbia Machuca

(?) Neill, ator irlandês Rasurada

Problema que atrasa o trabalhador nas metrópoles

Quarta letra do alfabeto grego

Usado (abrev.)

Moeda do Japão

Desigualdade; diferença

Tecla de computadores

TV italiana Michel (?), cantor sertanejo

Ceder para instituição de caridade Figura da letra "Q", Calendário no baralho (?): previu o fim de um ciclo em 2012

Fora de moda (ing.) Opaco; embaçado Acontecimentos incontestáveis

M M C

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A C I D E N T A L

S E O DO

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SOLUÇÕES

D

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S I A L U A D M I R O N S A P U A D E O U R T O

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D E L T A

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S S B R E J A O OD E R N I D ON S A L A N S I M I M A Z U O U S P A R I I E N R T E A M A I A F

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M I E R I A O D A A R T R I A S B T I I S C C O A D M A

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WWW.A77.COM.BR

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Facebook: @risoflorasurbanart Instagram: @risofloras

Sufixo de "barbado" Secreção da infecção

Vermelho, Amarelo e (?): rios chineses

"(?) Vice", filme com Colin Farrell (?) Patinhas, milionário das HQs

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Contatos: (61) 9 8503-3630 risoflorascoletivo@gmail.com

Ratazana, em inglês

Moradia de socialites Amalucado

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Obra em exposição na galeria Olho de Águia Taguatinga – 2017 foto Risofloras/Divulgação

Carro luxuoso que leva a noiva à igreja

Tema de brindes entre amigos

SUDOKU

Obras em exposição ‘Ser o que se quer ser’ - 2017 foto Risofloras/Divulgação

Título do dirigente de Abu Dhabi

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Risofloras O nome é uma alusão à cultura dos maracatus pernambucanos. “Somos fãs da

cultura manguebeat de Recife. E a música ‘Risoflora’, da banda Nação Zumbi, nos inspirou a seguir uma arte com elementos regionais, como estampas em cores quentes, típicos do nosso Nordeste”, afirma Didi. Suas pinturas são marcadas pelo caranguejo pensante, símbolo do mangue, quase sempre interagindo com a ‘Ira’, personagem criado para representar o sagrado feminino nas obras do trio, em trabalhos que podem ser vistos na Sede do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) e na Secretaria Nacional da Juventude, onde pintaram a palavra ‘Juventudes’.

(?) King, empresário do boxe

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“estimular um olhar criativo, gentil e solidário sobre os muros das cidades por meio de diversas linguagens urbanas e artísticas, como o grafite, stencil, pintura, palavra e poesia”. Em suas obras estão presentes a sororidade (conceito para aliança entre as mulheres), união e empoderamento, propondo uma reflexão sobre as relações humanas, conscientização para o bem comum, diversidade e interação entre a cidade, o cotidiano das pessoas e a arte.

Período marcado pelo domínio da razão e da técnica (Hist.)

O tempo passado Usain Bolt, atleta

Vilão do filme "Superman II"

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Três gurias muito talentosas resolveram se juntar e formar um coletivo feminino de arte visual em Ceilândia, em 2014. De lá para cá, as ruas de toda Brasília vêm recebendo as intervenções do Coletivo de Arte Urbana Risofloras. Formado pelas artistas Edilene Colado (Didi), Camilla Leite e Verônica Pires, o grupo teve início a partir do projeto de arte e educação chamado Mapa Gentil, no Jovem de Expressão. Em seguida, foram convidadas a realizar uma oficina de grafite no Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam) de Ceilândia. Edilene Colado destaca que o objetivo do grupo é

Anistia Internacional (sigla)

3/non — out — rat — sam. 4/emir. 11/modernidade.

Live painting - 50 anos Caixa Seguradora - 2017 foto Risofloras/Divulgação

Fruta que padarias substituem por chuchu

Principal avanço social do governo de Abraham Lincoln, assassinado Enganar em 1865

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Pâmela Luciene

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por

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ARTE E POESIA DO COLETIVO RISOFLORAS

POR ONDE O TRABALHO DO RISOFLORAS JÁ PASSOU? - Painel colaborativo de grafite aberto nos festivais: - Elemento em Movimento - Cena Contemporânea - Semana do Movimento Empresa Juniores - ENEJ - Arts Day - Escola das Nações - 1º Encontro de graffite do DF (2017), que reuniu 32 artistas locais no Parque da Cidade e Biblioteca Pública.


10 | DEDO DE PROSA

CEILÂNDIA EM FOCO

DEDO DE PROSA

Coluna

Estamos, há três edições do Ceilândia em Foco, ansiosos por descobrir o final de Ludgero, homem culto que agora velho e sozinho, quer a todo custo entrar para a história, deixando registradas suas últimas palavras...

SUAS ÚLTIMAS PALAVRAS por

José Geraldo C. Trindade José Geraldo é jornalista mestre em comunicação, professor universitário, poeta, contista e cronista. foto Aline Silvério

Continuação...

Num final de tarde, enquanto esperava os solícitos préstimos de Alfredo, os acordes da Quinta Sinfonia, de Beethoven, encheram o quarto. E seus pensamentos voaram para o leito de morte do genial compositor alemão. “Já é tarde, não posso ouvir!” – dissera esse. Mas, para Ludgero Esperidião da Cunha, Ludwig van Beethoven não servia de inspiração, pelo menos não com o propósito que àquele animava. Ele não era surdo, maravilhara-se com os sons e fúrias do dia a dia e o máximo que lhe ocorreu foi parodiar o gênio: “Já é tarde, tenho que ir!” Mas isso lhe pareceu muito sem graça. Todos tinham que ir, um dia. Naquele exa-

to momento, outros também se despediam deste vale de lágrimas. Não, Beethoven também estava descartado. Que descansasse em paz. Em outro dia, num dos seus frequentes acessos de humor negro, imaginou-se pedindo a Alfredo que o deixasse nu. Poderia, então, parodiar Frederico I, da Prússia: “Nu vim ao mundo, e nu voltarei. Não quero vestir meu uniforme!”. Ficaria interessante. Diria, então: “Nu vim ao mundo, e nu voltarei. Não quero que me metam paletó e gravata!” Porém, algumas considerações de ordem moral e prática refreavamlhe tal impulso. Parecia-lhe algo canhestro apresentarse diante do Criador inteiramente despido ou, então, de paletó, gravata e sapatos lus-

trados, como quem ia a uma festa. Nada disso, pensava. Para uma hora tão grave, um pijama bem lavado e passado parecia-lhe mais apropriado. Também incomodava-o sobremaneira o espetáculo de seu esquálido corpo nu cercado das lamentações, hipócritas ou não, dos que chegariam para vê-lo já defunto. Além do mais, uma vez que não se marca hora para a última viagem, por quanto tempo ele ficaria ali, deitado, nu, esperando sua vez? Um dia? Dois? Uma semana? Um mês? Depois de quase um século de uma vida pautada pela decência e pelos bons costumes, esperar pelado a hora do barqueiro seria falta de compostura. E se a barca viesse cheia? De novo o acesso de humor: via

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3 colunas

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sua alma nua entregando o óbolo a Caronte que, com certeza, iria olhá-lo desconfiado. Podia até, quem sabe, recusar-se e transportá-lo e mandá-lo atravessar o Estige a nado. Num final de tarde, Alfredo chegou da rua cansado, mas feliz e sorridente. Fizera uma aposta na loteria e ganhara uma boa quantia, com a qual comprara algumas peças de roupa, livros e uma garrafa de vinho. Professor, dissera, vamos comemorar! Trouxe aqui pra nós um legítimo Château Moutton-Rothschild. E já vinha com as taças numa bandeja. A alegria do criado e enfermeiro era contagiante. Conversaram muito, falaram de tudo e de todos. Alfredo revelara-lhe seus planos para

o futuro – para quando eu morrer, pensava Ludgero Esperidião da Cunha com um sorriso nos lábios. O tempo passou, a noite chegou, Alfredo serviu-lhe a sopa de legumes que ele adorava e, como sobremesa, uma ambrosia que agradaria mesmo ao mais exigente dos deuses do Olimpo. Após o jantar, conversaram ainda sobre muitos assuntos, assistiram ao noticiário pela televisão e já era tarde quando Ludgero, relaxado e tranquilo, após tomar seus medicamentos desejou boa noite a seu criado e enfermeiro, lembrou-lhe o compromisso com suas derradeiras palavras, ajeitou-se para dormir... e nunca mais acordou.

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MEU OLHAR E A VOZ DO LEITOR | 11

CEILÂNDIA EM FOCO

MEU OLHAR

Coluna

MEU OLHAR... por

Ana Lacerda

10,1 x 7,2 cm 2 colunas

foto Lê Alburi

Fim de tarde. Centro de Ceilândia. Nada de trânsito pesado, nada de pressa na volta para casa. Para Lê Aburi, moradora de Ceilândia, o que chama atenção na imagem é essa despreocupação, coisa típica de cidadezinhas do interior do Brasil, onde o relógio não é inimigo e cuja função-mor é de adereço, muito mais que de senhor do tempo e das horas. Então, pressa para quê? Nada melhor, para aproxi-

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mar os velhos amigos e fazer novos, que jogar um carteado ou uma partida de dominó. Assim, sentados à sombra de uma velha mangueira, com a bike Monark devidamente estacionada. Esse é o olhar de Lê Aburi sobre Ceilândia. Qual é o seu? Envie uma foto para nós que, em sua opinião, represente Ceilândia. Ela pode entrar aqui na coluna Meu Olhar!

A VOZ DO LEITOR

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A VOZ DO LEITOR Está gostando do Ceilândia em Foco? Envie suas dúvidas, críticas e sugestões para ceiemfoco@gmail.com

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