O mundo dentro de Sergipe

Page 1

oMUnD oD E nTr o D ES E r Gi p E


O MUNDO DENTRO DE SERGIPE João Vitor Figueiredo e Silva Maria Franciele da Silva de Oliveira Taís Fernanda Félix dos Santos ORGANIZADORES


Universidade Federal de Sergipe 2021 DIREÇÃO EDITORIAL Vitor Braga e Taís Fernanda Félix dos Santos PROJETO GRÁFICO Gabriel Ferreira da Silva Alcântara João Vitor Figueiredo e Silva Maria Franciele da Silva de Oliveira EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Franciene Maria Santos Maria Franciele da Silva de Oliveira João Vitor Figueiredo e Silva James Santos Silva Junior Marina Menezes Moura Gabriel Ferreira da Silva Alcântara IMAGENS DA CAPA Gabriel Ferreira da Silva Alcântara ASSISTENTE EDITORIAL João Vitor Figueiredo e Silva Maria Franciele da Silva de Oliveira REVISÃO Taís Fernanda Félix dos Santos ORGANIZAÇÃO João Vitor Figueiredo e Silva Maria Franciele da Silva de Oliveira Taís Fernanda Félix dos Santos


CRÉDITOS DAS FOTOS: Artes visuais - Franciele Nonato - Foto de Vitor Braga Forró Sergipano - Franciene - Foto de Franciene Maria Memória afetiva na culinária - Eduarda - Foto de Eduarda Juliana Judô Sergipano - Tatiane - Foto da Federação Internacional de Judô / Reprodução Instagram Esportes na praia - João Vitor - Foto de Luciano Bispo Praias Sergipanas - Sabrina - Foto de Sabrina Chaves Mercado- Yuri - Foto de Yuri Pio Equipe Serbaja - Maria Franciele - Foto da Equipe Serbaja Hallowen - Tais - Foto de Tais Félix Animais abandonados - Marina - Foto de Marina Menezes Frescor Sergipe - Jonathan - Foto de Bruna Noveli Cordel - Jaqueline Francielle - Foto de Jaqueline Francielle ou Francielle Oliveira Papel do Regionalismo - James Santos - Foto de James Santos Quadrilha Junina - Janisse Bispo - Foto de Janisse Bispo

Essa obra é um produto experimental desenvolvido por discentes do curso de jornalismo da Universidade Federal de Sergipe, sob supervisão do professor doutor Vitor Braga.


Apresentação

C

ontrariando a ideia de que o regional é resumido pela geografia física, conceituar região e regionalidade pode ser muito mais difícil do que parece, já que a regionalização é tão

complexa quanto os humanos que ocupam os diversos territórios que compõem a terra, principalmente quando se tem a idealização de um mundo globalizado. Prova da complexidade envolvida no que é região e seus derivados é ter vários estudos indicando que quanto mais se cresce a ideia de globalização, mas se aumenta os movimentos regionais – a população se vê em um paradoxo de abraçar a cultura mundial e apagar a sua regional; ou reforçar seu regional e se fechar para a escala global. No entanto, com o avançar das discussões, foi-se percebendo que regionalidade caminha junto a realidade, e realidade é movimento, já dizia Milton Santos. Portanto, reconhecer uma região é perceber o que é vivido naquele determinado momento. E, se olharmos para Sergipe com o olhar de agora, vamos perceber que o estado, assim como todo o Nordeste, não tem uma única cultura; são diversos costumes que vão crescendo suas raízes e germinando em outros espaços, com outros aspectos, outros olhares e outras formas de se expressar em sociedade. Afirmar que é de Sergipe não nos resume a um só pensamento, a um só modo de viver ou a uma só expressão. Ser de Sergipe também é


ser da Bahia, da Paraíba ou até de algum cantinho mais ao Sul, ao Norte ou ao Oeste. É saber que aqui tem a melhor Orla, o melhor caranguejo, muito forró e um povo hospitaleiro, mas que também tem gamers, influencers, e tantas outras coisas cultuadas ao redor do mundo. Este livro, composto de crônicas, vai tentar levar o leitor a uma diversidade de temas discutidos mundialmente, mas do ponto de vista territorial, político e sociológico de quem é ou mora em Sergipe, mostrando que regionalidade vai muito além do que é visto e vivido entre as fronteiras.


Sumário Parque da Sementeira: a semente da esperança Animais abandonados: uma gata paraibana que se apaixonou por Aracaju Linda Brasil e Sergipe Cinema do jeito sergipano As bruxas que se cuidem O marketing do lado de dentro: a equipe de Competição Serbaja do Estado de Sergipe E-sports conheça um pouco sobre o games em Sergipe O papel do regionalismo para o fortalecimento do quadrinho sergipano Viu a arte que estava ali? Frescor Sergipe: Quem tá trazendo uma nova visão da cena musical? Forró Sergipano Reinvenção das quadrilhas juninas na pandemia Memória afetiva na culinária Queijadinha: patrimônio imaterial de Sergipe Os esportes nas praias sergipanas Participação de sergipano na condução da Tocha Olímpica 2016 Jiu-Jitsu, a arte com a cara sergipana Cada crítica, uma motivação Mercado de Aracaju Cordel: Cultura e resistência As praias sergipanas

07 12 15 19 23 28 33 37 42 46 51 55 62 66 70 75 79 83 88 92 97


1


Parque da Sementeira: a semente da esperança

Anna Marilia dos Santos Paiva

Mais uma vez, uma outra semente foi lançada, a semente da esperança da vida, em meio ao crescente urbanismo das cidades e suas mazelas. Que o Parque da Sementeira continue brotando sementes de natureza, vida e esperança para todos os sergipanos de corpo, alma e coração. O mundo dentro de Sergipe

007


E

m hebraico a palavra "zara" (: ‫ ) ז ַָרע‬significa "semear", "jogar a semente". Segundo a tradição hebraica, a descendência de uma família, os filhos, são comparados a "sementes" plantadas.

Em várias partes da Bíblia a palavra semear se faz presente, demonstrando a sua ligação com o processo de evolução humana. "Quem semeia a injustiça colhe a maldade; o castigo da sua arrogância será completo". Provérbios 22.8. No Novo Testamento a Parábola do semeador em Mateus 13 é o exemplo grego da palavra semear, no sentido de ação, sua origem vem da palavra "speirein" ("speiro" no presente) . Em Latim a palavra semear é SEMINARE, significa “produzir, procriar”, de SEMEN, “semente”. Os ditados populares dizem:" quem semeia vento, colhe tempestade" e " quem planta, colhe" reforçando que nossas ações geram consequências. Podemos ver que a palavra semear tem vários sentidos que podem ser: conceber, dar à luz, perpetuar, plantar a semente, implantar, semear, plantar, preparar o campo. O historiador Luiz Antonio Barreto (in memoriam) afirmava que na década de 80 foi semeada uma plantação de coco, na gestão do prefeito Heráclito Rolemberg. A sementeira de cocos deu início a um fruto, o Parque da Sementeira, que é administrado pela Prefeitura de Aracaju, em parceria com a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) . A semente do lazer e das reuniões familiares foi plantada em uma área verde, natural e com ar puro, um oásis em meio ao cenário de desenvolvimento urbano. Situado em um terreno com 396.019m² de

O mundo dentro de Sergipe

008


Mata Atlântica, com aves raras como pica-pau, arara pequenina, joãode-barro, canário, gavião, coruja, rolinha-do-pará , além dos patos e cisnes. Entre 112 árvores frutíferas e exóticas, famílias, amigos e turistas podem desfrutar de parque infantil, quadra poliesportiva, campo de futebol, espaço com aparelhos para exercício físico, pista para caminhada, quiosques, etc. Em homenagem a um dos governadores de Sergipe - Augusto Franco - o parque recebeu seu nome, porém, a semente da nomeação já havia sido disseminada e o apelo popular manteve o nome Parque da Sementeira. O Parque, em quase todos os seus aspectos, condiz com os objetivos da Agenda 2030 da ONU, que visa qualidade de vida para todos os seres humanos do planeta, sem comprometer o meio ambiente, e, consequentemente, as gerações futuras, através de um conjunto de metas, indicadores, perspectivas, e norteadores. Em 10 de fevereiro de 2021 o Parque da Sementeira, através de um drive- thru, tornou-se cenário do início da segunda etapa de vacinação contra o coronavírus, com a imunização de idosos acima de 90 anos, em ação realizada pela Prefeitura de Aracaju em parceria com o Governo do Estado, permanecendo como ponto de vacinação. Mais uma vez, uma outra semente foi lançada, a semente da esperança da vida, em meio ao crescente urbanismo das cidades e suas mazelas. Que o Parque da Sementeira continue brotando sementes de natureza, vida e esperança para todos os sergipanos de corpo, alma e coração.

O mundo dentro de Sergipe

009


5

O mundo dentro de Sergipe

010



Animais abandonados: uma gata paraibana que se apaixonou por Aracaju

Marina Menezes

Porém, ao chegar em sua nova casa ficou quieta, observando, logo depois começou a explorar cada cômodo da casa e horas depois já sentiu que aquele lugar poderia ser chamado de casa. Nos dias seguintes, a gata assustada saiu de casa para conhecer as ruas de Aracaju, O mundo dentro de Sergipe

012


J

ordana é uma gatinha que foi abandonada no sertão da Para-

íba, assustada e acuada, nem imaginaria que teria um lugar especial na terrinha de Aracaju. A princípio, tudo começou quando uma aracajuana estava trabalhando em terras paraibanas e ao voltar de um dia longo de serviço, a mulher viu um filhote en olhido em uma noite fria. Assim, sem pensar duas vezes, levou a gatinha para sua casa e a chamou de Jordana. Os meses se passaram, a gatinha foi crescendo, mas sua dona ainda tinha uma preocupação: não tinha tempo suficie te para fi ar com a gata, que passava muito tempo sozinha naquela terra. Além disso, Jordana não tinha o hábito de sair de casa, pois estava muito traumatizada pelo abandono. Então, a sua dona teve a ideia de mandar a gata para a sua terra , aquela que ela tem tanto apreço, e depositou toda sua esperança para que Jordana tivesse uma vida feliz junto com a sua família. Ao tomar a decisão, juntou as malas e levou a gata em uma caixinha, Jordana estava tensa, não sabia o que estava acontecendo. Porém, ao chegar em sua nova casa fi ou quieta, observando, logo depois começou a explorar cada cômodo da casa e horas depois já sentiu que aquele lugar poderia ser chamado de casa. Nos dias seguintes, a gata assustada saiu de casa para conhecer as ruas de Aracaju, rodou a cidade inteira e fi ou encantada, assim, finalme te admitiu pra si mesma que tinha achado um lar.

O mundo dentro de Sergipe

013


O mundo dentro de Sergipe


1


Linda Brasil e Sergipe

Caroline de Almeida Rosa

O nosso plenário e bancadas de poder devem ser ocupadas por pessoas de todo tipo que encorajem e representem todos os grupos de nossa sociedade. O mundo dentro de Sergipe

015


S

obre as aulas de estética e cultura de massa lembro-me das discussões que questionavam onde Pela invisibilidade dos mais pobres, pela falta de liberdade dos oprimidos, pelas faltas de

políticas públicas que favoreçam os excluídos e pela guerra que é de

ser mulher e transexual, Linda Brasil é o reflexo da luta por direitos básicos que ainda estão distantes de serem alcançados de forma integral. Linda é uma das 25 pessoas transexuais eleitas no Brasil nas eleições de 2020. Eleita com 5773 mil votos, foi a vereadora mais votada de Aracaju. Exemplo de militância feminista, trânsfeminista e defensora dos direitos humanos, Linda vem sendo sinônimo de força, esperança e perseverânça no cenário sergipano. Hoje, com 48 anos, veio de família humilde e mudou-se para Aracaju ainda criança para estudar. Após assumir sua verdadeira identidade de gênero, tentou abrir seu próprio negócio, um salão de beleza, mas como a vida é feita de altos e baixos, Linda largou tudo e viveu cinco anos na Itália sobrevivendo da prostituição. Depois de uma reviravolta, ela volta e entra na Universidade para cursar Portugues Francês, a partir daí, conhecendo o movimento feminista, ela busca lutas sinceras contra o machismo e por direitos positivos para a comunidade LGBTQIA+. A política brasileira precisa de um impulso de mudança onde se inclua pessoas que lutam por uma causa maior por grupos menores. O nosso plenário e bancadas de poder devem ser ocupadas por pessoas de todo tipo que encorajem e representem todos os grupos de nossa sociedade. A luta continua eternamente, mas as mudanças precisam acontecer aos poucos. Sendo assim, a importância da figura de Linda

O mundo dentro de Sergipe

016


Brasil é um divisor de águas, é o ponto de luz e esperança que o Brasil pode sim ser um país igualitário e representar a todes.

O mundo dentro de Sergipe

017



CINEMA DO JEITO SERGIPANO

Gabriel Alcântara

O “Oxente, Pipoca?” mostra que cultura é para todos, não é só academias artísticas renomadas que ditam regras e espalham opiniões. Cada um que consome é importante, não importa se você não gostou, outro pode gostar, é só esperar o Oxente mostrar. O mundo dentro de Sergipe

019


C

omo um bom fã de cultura pop me sinto lisonjeado em apresentar, é muito especial saber que tem conteúdo com o qual se identifi ar. Aqui você esquece Hollywood e foca em Sergipe.

Não, não me venha com Oscar, nem muito menos Rotten Tomatoes, o negócio que importa é “Oxente, Pipoca?”. Aqui a gente fala de telão e telinha, aquela série que você vai

gostar e o filme que talvez vá

odiar. Mas quem é esse povo que tá mostrando tanto conteúdo bom pra gente? Rapaaaaz... é o “Oxente, Pipoca?” lá do Instagram. Ah, e também do podcast, viu? Uma galerinha bem legal mostra pra gente produções fenomenais e outras banais, a crítica é do “Oxente, Pipoca?”, mas o critério ele deixa pra gente. A classifi ação das estrelas dos conteúdos é de característica ímpar, tem aquela série “marromenos”, outra é “boazinha” e já aquele que você gostou bastante é “filme bom da peste”, mas o filma o é “filme do abrunco”. O “Oxente, Pipoca?” tá no Instagram, lá você vê crítica de uma galerinha bem legal. Tem o Wes que achou a série “Only Murders In The Building” uma “uma série do cabrunco”. Já a Gabi achou a primeira parte da quinta temporada de La Casa de Papel “marromenos pra mais”, o que concordo com ela. E ainda tem a Beta, o David, o Gabs, o Rafa, o Gus, a Malu, Clara e o Math. É uma galera muito empenhada em trazer cinema e televisão com muita sergipanidade. No podcast é muito mais verbalização, o “Oxente, Pipoca?” se torna o Cuscuz com Pipoca, o podcast derivado da página como mesmo descrito oficialme te, é um programa cheio de cultura pop apresentado do melhor jeito, como muito nordeste e Sergipe. É se juntar e o debate começar. O que tá saindo, o que tá chegando, o que tá acabando ou

O mundo dentro de Sergipe

020


começando. O “Cuscuz com Pipoca” discorre sobre Marvel e DC (Será que a Wanda é capaz mesmo de dar um pau na mulher maravilha?), faz lista de piores séries de todos os tempos e ainda faz mesa redonda de discussão sobre o filme Esquadrão Suicida. Isso é só um pouco do cuscuz bem recheado que é servido pelo “Oxente, Pipoca?” em seu podcast. O “Oxente, Pipoca?” mostra que cultura é para todos, não é só academias artísticas renomadas que ditam regras e espalham opiniões. Cada um que consome é importante, não importa se você não gostou, outro pode gostar, é só esperar o Oxente mostrar.

O mundo dentro de Sergipe

021


1


As bruxas que se cuidem

Taís Fernanda Félix dos Santos

Quem diria que o horripilante, o terror e o medo seriam motivo de comemoração. Meia hora no instagram, perdi as contas de tanto chamego para comemorar essa data. O mundo dentro de Sergipe

023


D

e repente, vi o feed do meu instagram sendo invadido por pessoas

usando

personagens

máscaras,

favoritos,

se

fantasiando

abusando

da

com

seus

maquiagem

e

divulgando festas em que era preciso incorporar alguma figura. Por alguns instantes, achei que poderia ser carnaval fora de época, mas, ao “ler doces e travessuras”, percebi que o dia das bruxas realmente tinha chegado até aqui, e elas estavam à solta – literalmente – pois esbarrei com minha vizinha na porta de casa. Mas veja, digo isso pela beleza de sua fantasia, e não pelo trocadilho negativo – se é que me entendem. O halloween, mesmo sendo essa palavra difícil, encontrou facilidade em se alastrar por todas as partes do mundo, mais rápido até do que os vôos da vassoura de uma bruxa, e chegou na cidade de Aracaju, em Sergipe, no Nordeste, além de entrar no vocabulário de diferentes línguas, quase como um encantamento. O termo é derivado da expressão em inglês “All hallow’s Eve”, que significa véspera de todos os santos, que, com certa ousadia, foi escolhido para celebrar o dia das bruxas, um dia anterior ao designado aos santos. Quem diria que o horripilante, o terror e o medo seriam motivo de comemoração. Meia hora no instagram, perdi as contas de tanto chamego para comemorar essa data. Aracaju realmente fez o “rolezinho” das bruxas, mas tinha Frankstein, Drácula, Múmia e até o Capitão América – que eu não entendi muito bem o que iria fazer ali, mas os convidados eram livres para se fantasiar como quisessem. Para o fenômeno, eu só tenho algo a dizer: a redes sociais tem o poder de globalizar costumes. E, com o halloween não foi diferente, principalmente por causa da plataforma de vídeos TikTok, aplicativo que é famoso por viralizar os mais diversos costumes e práticas do dia

O mundo dentro de Sergipe

024


a dia, de diferentes pessoas, em diversos lugares do mundo. Ainda que a comemoração tenha se efetivado, não pude deixar de notar a nossa regionalidade nos mínimos detalhes: era dia das bruxas, mas a música que embalava os corpos geralmente era um forró, bregafunk ou pagodão. Até porque, se tem uma coisa que o povo nordestino gosta, essa coisa é travessura. As bruxas que se cuidem.

O mundo dentro de Sergipe

025


5

O mundo dentro de Sergipe

026


1


O marketing do lado de dentro: a equipe de Competição Serbaja do Estado de Sergipe

Maria Franciele da Silva de Oliveira

Amarelo e preto, com marcas de pneu e duas fontes que são usadas em todas as postagens. Reels quase duas vezes ao mês, stories mostrando quem está por trás de tudo isso e, claro, o famoso botão seguir. O mundo dentro de Sergipe

028


A

marelo e preto, com marcas de pneu e duas fontes que são usadas em todas as postagens. Reels quase duas vezes ao mês, stories mostrando quem está por trás de tudo isso e, claro, o

famoso botão seguir. Quando comecei a estudar na faculdade no curso de Jornalismo, Comunicação Social, estava ciente de que experiência em sala de aula não seria o bastante. No terceiro período veio a ideia de entrar para uma Equipe de Competição de Baja SAE, do departamento de Enge‐ nharia Mecânica da Universidade Federal de Sergipe. “Mas do que se trata exatamente?” Ao pé da letra, é basicamente um grupo de estudantes universi‐ tários (principalmente dos cursos de engenharia) que se juntam para atuar na construção de um protótipo de carro off-road. Ouso dizer que essa equipe é pioneira do estado. Mas sim, eu sei que vocês devem es‐ tar pensando algo como “ela vai construir um carro?”, “não está na sua área, melhor não tentar", “mas o que isso tem haver com você?”, entre outros questionamentos. Acontece que uma equipe é formada por vá‐ rios subsistemas, setores e comissões que juntos conseguem construir o produto pedido, nesse caso, o baja. Realmente, desde que cogitei entrar, percebi muita gente de exatas ali e no começo me senti perdida. Passei por várias etapas do processo seletivo e finalmente aprovada, entrei no setor de Marketing. Um ano depois cá estou liderando os outros membros dessa área, dan‐ do aula de capacitação do site, de análise de SWOT, aplicação do PDCA e várias outras tarefas que permitem que tenhamos uma avaliação mais precisa do que devemos melhorar para conseguir, principalmente, mais engajamento. Quem diria, logo eu que sou tímida e que jurava que

O mundo dentro de Sergipe

029


preferia trabalhar sozinha. Para contextualizar melhor, o Serbaja foi fundado há muito tem‐ po atrás, no ano de 2009 e continua de forma determinada até hoje buscando estar entre os melhores na competição regional e nacional. Mas como nem tudo são flores, para alcançar o objetivo, a gente sem‐ pre busca apoio de patrocinadores (construir um carro do zero sem apoio financeiro está fora de cogitação), vender rifas, fazer bazares e claro, trabalhamos para sermos melhores a cada dia (principalmente em relação a nossa imagem, que é o que atrai não só o patrocinador, mas todo o público alvo). Com isso estamos na construção do nosso sexto carro, que provavelmente nomearemos com alguma palavra rela‐ cionada ao nordeste ou ao nosso estado, assim foram alguns dos ante‐ riores: Oxente (2019), Cabrunco (2017/18) e Mangaba (2015). Quer saber o mais importante nessa parte da equipe em que atuo? É que ela é o rosto, a primeira impressão, a maneira como eles podem conseguir mais visibilidade (e estão conseguindo) e essa é uma parte tão prática e cheia de possibilidades para ideias que me sinto à vontade e cheia de ideias para pôr em prática. Então sim, irei ajudar a construir um protótipo baja. Um pouco fora da minha bolha, da minha futura área de atuação,talvez precise também sujar as mãos de graxa, mas estou completamente perto de mim mesma e descobrindo que ti‐ po de profissional quero me tornar (uma que goste de explorar um pouco de tudo, provavelmente, mas isso você que está lendo já tinha percebido).

O mundo dentro de Sergipe

030


5

O mundo dentro de Sergipe

031


1


E-sports conheça um pouco sobre o games em Sergipe

Maria Leticia Oliveira Santos

O que antes eram apenas jogos de brincadeira, hoje é um cenário importante para muitos. O cenário dos jogos tem se mostrado cada vez mais produtivo em Sergipe; mas o que seria E-sports? O mundo dentro de Sergipe

033


E

sportes eletrônicos, ciberesporte ou Esports são algumas das expressões dadas a essas competições profissionais de jogos digitais, que, na minha época, não era tão conhecido assim. O

que antes eram apenas jogos de brincadeira, hoje é um cenário importante para muitos. O cenário dos jogos tem se mostrado cada vez mais produtivo em Sergipe; mas o que seria E-sports? Esports, Esports ou eSports é a abreviação para Electronic Sports ou esportes eletrônicos, que será competições profissionais, de vídeo games, celulares ou computadores e que, com o passar do tempo, vi a trajetória dessa tecnologia crescer. Há alguns anos é possível ver aquelas lan houses cheias de adolescentes jogando diversos jogos em computadores, lembro-me das vezes que via meus primos pedindo dinheiro aos meus avós para ir ao estabelecimento jogar com os amigos, lugares cheios de animação, competitividade e muita diversão. Nesta época, eu morava em uma casa perto da Orla da Atalaia, próximo a minha casa tinha uma lan house, onde sempre íamos para poder jogar, mas o tempo foi passando e todos os meus amigos tinham agora um computador em casa, eles me chamavam para jogar nas casas deles… ah, como era legal. Os anos se passaram, mas aquelas lembranças de onde tudo começou ficaram marcadas em minhas memórias, os jogos se tornaram competições e logo evoluíram para uma nova modalidade de esporte. Era tudo tão novo para mim, mas que sempre achei um máximo. Aos 14 anos eu consegui ter meu próprio computador, e vivia treinando, conheci equipes em meu estado, gamers de diversos municípios. Me apaixonei por este mundo e pela evolução que acompanhei em minha cidade, era uma diversão viver tudo aquilo, e

O mundo dentro de Sergipe

034


claro, ainda continua sendo. O cenário é cada vez mais popular e lucrativo, diversas ligas são formadas com meninos que, assim como eu, um dia sonharam com esse esporte.

O mundo dentro de Sergipe

035


1


O papel do regionalismo para o fortalecimento do quadrinho sergipano

James Santos

O atual quadrinho brasileiro encontra-se num dilema. O que fazer para conquistar novos leitores? Hoje, essa é a pergunta de ouro para editoras e autores. O mundo dentro de Sergipe

037


O

atual quadrinho brasileiro se encontra em um dilema. O que fazer para conquistar novos leitores? Hoje, essa é a pergunta de ouro para editoras e autores. Este dilema sempre esteve

presente, mas nos últimos tempos, com a crise editorial que afetou o mercado de gibis, a solução se tornou ainda mais valiosa. Em Sergipe, este cenário é ainda mais complexo. A produção de quadrinhos é escassa e o público não é estimulado a consumir o pouco que tem. Porém, contrariando este discurso, um grupo de estudantes do curso de design gráfico da Universidade Federal de Sergipe (UFS) decidiram investir na nona arte, trazendo o regionalismo como principal estratégia para atrair os leitores sergipanos. Assim surge "Contos Serigy - Uma antologia sergipana em quadrinhos". Sem perder o aspecto lúdico e fantasioso das histórias, o quadrinho tenta expressar em suas páginas diversos elementos próprios do nosso estado, para estabelecer uma relação de aproximação com o público local e, também, tentar capturar os leitores que não estão habituados em consumir quadrinhos feitos por sergipanos. O gibi manifesta este regionalismo desde a capa. A torre do relógio do mercado Thales Ferraz é o principal elemento que estampa a capa do quadrinho. Qualquer pessoa que vive nessas terras serigy vai conseguir se identificar imediatamente com a obra, pois o que está sendo mostrado e descrito são recortes dos lugares e ambientes em que vivemos. Personalidades essencialmente sergipanas, como o Zé Peixe, figura que ficou marcada na história de Aracaju pelo seu trabalho de conduzir as embarcações que circulavam no rio Sergipe, são

O mundo dentro de Sergipe

038


destacadas como personagens dos contos. Além desses personagens históricos, os autores apropriam o espaço da obra para apresentar figuras do cenário do quadrinho sergipano. Uma entrevista com o artista Eduardo Cardenas, quadrinista sergipano, foi introduzida entre os contos que fazem a antologia. Isso é importante para oferecer ao novo público um panorama do que já foi produzido aqui no estado. A linguagem também é um fator que pode ajudar no processo de identificação do leitor com a história. Com um tom informal e popular, o quadrinho aproveita as gírias e expressões típicas da região para construir uma narrativa bem-humorada. Fazer quadrinho nos dias de hoje é uma tarefa que exige diversas competências. Fisgar o público que deseja atingir é um grande desafio, e com a fragilidade do mercado local, é algo ainda mais difícil. "Contos Serigy - Uma Antologia Sergipana em Quadrinhos" escolheu o tema da regionalidade como um foco e o público local deve ser o seus principais leitores.

O mundo dentro de Sergipe

039


5

O mundo dentro de Sergipe

040


1


Viu a arte que estava ali?

Francielle Nonato

Em quantos artistas sergipanos você já ouviu falar nos últimos meses? O país do forró e do caranguejo, também permite ser plural em diversos segmentos. O mundo dentro de Sergipe

042


S

obre as aulas de estética e cultura de massa lembro-me das discussões que questionavam onde a arte deveria estar. Aliás, a arte precisa estar em algum lugar para se firmar enquanto

manifestação linguística? Parede, chão e até na nuvem. Parece mesmo que precisa estar para circular. Não basta ser. Mas na tentativa de democratizar é preciso que as pessoas vejam. Outro dia conheci uma artista na exposição de outro artista. Meu primeiro evento presencial na capital sergipana desde o começo do furdunço da quarentena de um ano e meio. Conversadora pelos cotovelos, a artista contou que abriu o celular para pedir um Uber, como de costume, e selecionou o destino. Era o equipamento cultural no centro da cidade. Ao entrar no carro, o motorista indagou “vamos aonde?”. “No Centro Cultural, moço”, respondeu prontamente. Nem deu tempo de ficar em silêncio, o motorista esticou a conversa fiada. “E aqui tem isso é? Onde fica? O que tem lá? Precisa pagar?”, não parava de perguntar. Encucado com o espaço desconhecido quase encerrou sua maratona de corridas para espiar o que havia naquele espaço aparentemente colonial e distante dos seus itinerários. Em quantos artistas sergipanos você já ouviu falar nos últimos meses? O país do forró e do caranguejo, também permite ser plural em diversos segmentos. A Lei regulamentada pelo Governo Federal, em 2020, para dar suporte financeiro ao setor cultural durante a pandemia da covid-19, até novembro de 2021 já contemplou mais de 1.400 artistas de Sergipe. O menor estado brasileiro foi o primeiro a iniciar os pagamentos e a

O mundo dentro de Sergipe

043


fazer a arte circular. Não basta ser. É preciso que as pessoas vejam. Não basta querer. É fundamental que o dinheiro caia na conta bancária. Acontecia ali a exposição do artista Davi Cavalcante e Rayanne Ellem, “Monólogos interiores”. Na sala entreaberta haviam quadros e objetos que faziam questão de confirmar: AINDA ESTAMOS AQUI. Resistindo, existindo, fazendo, movimentando, e pintando o sete —não só sete, mas pintando os R$4,6 milhões disponibilizados pela Lei Aldir Blanc para Aracaju.

O mundo dentro de Sergipe

044


1


Frescor Sergipe: Quem tá trazendo uma nova visão da cena musical?

Jonatas Martins Valentin

The Baggios, Isis Broken, Héloa, Taco de Golfe e tantos outros nomes que se misturam às raízes sergipanas com suas narrativas e vivências são apenas a ponta de uma geração que têm criado uma nova O mundo dentro de Sergipe

046


P

oucas pessoas conseguem contagiar com tanta energia um público, ao mesmo tempo em que carrega dentro de si outra vida já prestes a parir no mundo. Sandyalê é uma dessas, que

leva consigo o movimento e a graça de artista que tem o dom nato para tal. No palco do Festival Guinada, em Aracaju, sua voz ecoa no espaço circular do Centro de Criatividade e no coração das pessoas ali presentes, tão sedentas de um contato humano e desse canto, que já há quase dois anos só se fazia possível através das telas. Junto a ela, existem outros que não se limitam mais a gêneros musicais e fórmulas prontas de sucesso. “O que é que você canta?” Não é mais sobre ser MPB, Pop ou Axé, é sobre a liberdade de ver o inesperado surgir. The Baggios, Isis Broken, Héloa, Taco de Golfe e tantos outros nomes que se misturam às raízes sergipanas com suas narrativas e vivências são apenas a ponta de uma geração que têm criado uma nova visão para a gente. Antes, quando o som de Céu parecia tão autêntico ao ponto de não imaginarmos encontrar nada parecido aqui, existia o sentimento de limitação da música e da falta de horizonte maior de ideias no Estado. Hoje, não é difícil imaginar que está tudo interligado, e que o movimento de mudança de um, inspira outro artista e assim por diante. Penso também nesse novo olhar sobre as relações pessoais na sociedade e na revolução da diversidade como determinantes para que continuem surgindo novos capítulos dessa história. Não é à toa que a saudade pulsa tão forte no aguardo de uma outra edição do Festival de Artes de São Cristóvão, ou de algo a mais que nos lembre “é isso que tá

O mundo dentro de Sergipe

047


acontecendo na música em Sergipe, agora”. Que, assim como Sandyalê deu a luz a Serena, no dia 25 de novembro de 2021, Sergipe continue parindo novos artistas e apreciadores da sua arte. Esse é o frescor que queremos!

O mundo dentro de Sergipe

048


5

O mundo dentro de Sergipe

049


1


Forró Sergipano

Franciene Maria Santos

E quem disse que sonhar é pecado ou errado vislumbrou um futuro tão esperado. Em sua imaginação, de seus lábios saíam canções que alegravam a todos que a ouviam com melodias que ressaltam a cultura que a sua terra pertence. O mundo dentro de Sergipe

051


N

ascido em Estância, Rogério desde criança alimentava o sonho de ser um ilustre cantor, a sua paixão pelas notas das canções crescia com o passar do tempo. A sensibilidade, a

confiança, a esperança e o amor à música tornavam-se inspiração para concretizar o desejo que ardia em seu peito. As suas mãos tremiam só de pensar em subir no palco e explanar músicas que enaltecem Sergipe. Enquanto criança, já anunciava aos seus familiares a paixão, o fogo ardente que no seu coração permanecia no tocante a sua carreira futura como músico. E quem disse que sonhar é pecado ou errado vislumbrou um futuro tão esperado. Em sua imaginação, de seus lábios saíam canções que alegravam a todos que a ouviam com melodias que ressaltam a cultura que a sua terra pertence. O menino cresceu e se tornou um cantor renomado, o qual expressou as suas canções a todo o Brasil. Com perseverança e dedicação, o sonhador concretizou o seu desejo e com a delicadeza de uma brisa fez o seu Estado ser conhecido por todas as regiões como o país do forró, conforme relata uma de suas canções. Como um tambor que ecoa um som forte, da mesma forma Rogério incorporou a sua exacerbada paixão por sua terra natal e a demonstrou por meio da arte. O forró sergipano penetrou no mais íntimo dos brasileiros, bem como uma tatuagem penetra nas camadas da pele. Esse ritmo envolvente une corpos seguindo um ritmo na batida do compasso, no qual as pernas se entrelaçam, as mãos se juntam, os olhos se encontram e a felicidade se torna plausível, é visível nas músicas de forró de Rogério que as interpretam.

O mundo dentro de Sergipe

052


4

O mundo dentro de Sergipe

053


1


Reinvenção das quadrilhas juninas na pandemia

Janisse Bispo

Encarar o mês junino sem festança, causa impactos culturais, emocionais e financeiros para muitas quadrilhas e o estado não fica de fora. Assim como a fogueira esquenta, esquenta também as possibilidades das alternativas que muitos grupos puderam adotar para manter a realização do São João. O mundo dentro de Sergipe

055


H

á dois anos, os festejos juninos no estado tiveram que ser adaptados ou não realizados durante a pandemia, como foi o caso da realização dos tradicionais concursos de

quadrilhas juninas. Encarar o mês junino sem festança, causa impactos culturais, emocionais e financeiros para muitas quadrilhas e o estado

não fica de fora. Assim como a fogueira esquenta, esquenta também as possibilidades das alternativas que muitos grupos puderam

adotar

para manter a realização do São João. Com a não realização dos festejos juninos presencialmente, os grupos de danças tradicionais da época tiveram que se adaptar à forma do novo "normal'', a forma online. Mantendo de forma mais simples as apresentações, diminuindo a quantidade de participantes em alguns eventos, mas mantendo vivo a alegria e as cores do período. Assim como exemplo, tivemos a realização do 2° arraiá do shopping prêmio. O evento ocorreu no dia 6 de junho e contou com a participação de dez casais entre quadrilhas da capital e interior. A atividade do concurso ocorreu com todas as restrições de saúde e o distanciamento social, e pôde ser acompanhada pelas plataformas digitais. Contudo, várias quadrilhas, quadrilheiros e telespectadores vêm sofrendo um impacto, pelo fato de o São João ser considerado uma das melhores épocas do ano, já que o período junino

tem um valor

emocional para todos e é de grande importância. As quadrilhas têm buscado diversas formas de se adequar a esse momento, gerar renda para seus participantes e mostrar para o público que mesmo em período pandêmico, quadrilha junina tem arrasta pé, xaxado, xote, forró, amor, alegria e baião os eventos aconteceram.

O mundo dentro de Sergipe

056


Olha o Brasil zerando o Covid… é verdade! E que no próximo ano tenha festejos, é verdade!

O mundo dentro de Sergipe

057


5

O mundo dentro de Sergipe

059


6

O mundo dentro de Sergipe

060


1


MEMÓRIA AFETIVA NA CULINÁRIA

Eduarda Juliana Silveira de Oliva

Além de me dar de volta esse pedaço da infância, o caranguejo dá aquele sentimento de pertencimento, de que só quem é daqui, de Sergipe, pode sentir. É tão nosso, que quase estranha pensar que outro lugar pode proporcionar a mesma sensação. O mundo dentro de Sergipe

062


D

entre tantos sabores da minha infância, aquele cuscuz com leite de manhã cedo ou o bolo no fim de tarde e o gostinho de caranguejo no domingo é o que me marcou mais. Uma

das iguarias mais famosas e presentes na vida dos sergipanos, o caranguejo passa a fazer parte da gente. Desde pequena, quando eu ia à praia, minha mãe pedia caranguejo e quebrava todas as patas pra mim. Foi ela quem me ensinou a gostar de caranguejo e passou a ser ritual nosso comer juntas. Lembrar desta comida traz a lembrança da praia, de ainda não saber direito como quebrar cada parte e pedir ajuda, porque pra comer caranguejo é preciso de quase um ritual, cada pata até chegar na mais desejada e maior de todas, e então dar a cabeça pra minha mãe comer. De tantas comidas da infância que ficaram na memória, o caranguejo permaneceu e até hoje faz parte do meu presente sempre trazendo o gostinho do passado. Além de me dar de volta esse pedaço da infância, o caranguejo dá aquele sentimento de pertencimento. Esse sentimento de quem só é daqui, de Sergipe, pode sentir. É tão nosso, que quase estranha pensar que outro lugar pode proporcionar a mesma sensação. Gostar de caranguejo também é o que faz a gente se sentir sergipano. Hoje, eu sento com minhas amigas na passarela do caranguejo e vivo sempre a sensação de estar acolhida por aquela memória afetiva que o caranguejo traz.

O mundo dentro de Sergipe

063


4

O mundo dentro de Sergipe

064



Queijadinha: Patrimônio imaterial de Sergipe

Nívea Estelaa

Sua bisavó foi escrava e aprendeu a cozinhar nas casas brancas, a partir disso, com a adequação da receita, passou a ensinar a sua filha, passando a eceita em gerações. Quando D. Marieta tinha apenas cinco anos, sua mãe a ensinou e até hoje segue com a tradição O mundo dentro de Sergipe

066


A

culinária sergipana é bastante diversifi ada, em que varia dos doces aos salgados, agradando a todos da região e turistas. Cada canto de Sergipe possui suas tradições, e em São Cristó-

vão não é diferente, a quarta cidade mais antiga do Brasil carrega exacerbadas histórias de lutas e vitórias, em que esses relatos se estendem até os dias atuais. Entre eles há o da famosa queijadinha, bastante conhecida e que se tornou patrimônio imaterial do estado, em 2011. A queijadinha tem origem portuguesa, foi trazida ao Brasil e na época era feita nas casas brancas (casas grandes), pelas escravas que aprendiam a fazer através das portuguesas, mas só não era possível fabricar nos engenhos por conta do custo benefício, já que não tinham dinheiro e uns dos ingredientes era manteiga e queijo, bastantes caros na época. Com isso, as escravas inovaram a receita substituindo os dois ingredientes por coco, ao qual era abundante no litoral do Nordeste brasileiro. Formada apenas com uma capinha feita de farinha do “reino” (farinha de trigo) e leite, sua simplicidade conquista o paladar de todos que a provam. Já o recheio é formado com cravo, açúcar, coco, ovos e farinha do reino, por fim é levado ao fogo a lenha. Dona Marieta Santos, nascida em São Cristóvão, detalhou todo o processo e quais os ingredientes para utilizar, além disso, contou sua história e da sua família, ao qual carrega consigo toda a tradição de fabricar queijadinhas. Sua bisavó foi escrava e aprendeu a cozinhar nas casas brancas, a partir disso, com a adequação da receita, passou a ensinar a sua filha, passando a receita em gerações. Quando D. Marieta tinha apenas cinco anos, sua mãe a ensinou e até hoje segue com a tradição e com o passar dos anos, isso sustentou finan eiramente a família.)

O mundo dentro de Sergipe

067


Hoje a casa da queijada é um ponto obrigatório na cidade, localizada no centro histórico, além de vender as queijadas é também vendido licor, biscoitos variados, cocada, bala de banana e muito mais, todos os produtos produzidos um por um de maneira artesanal.

O mundo dentro de Sergipe

068


1


Os esportes nas praias sergipanas

João Vitor Figueiredo e Silva

Durante o tempo que morei em Aracaju, teve uma ocasião que fui à praia para cobrir e ver os principais destaques de um evento de verão promovido pela Prefeitura e que reunia atrações culturais, musicais e esportivas. O mundo dentro de Sergipe

070


A

inda conheço pouco de Sergipe. Sou baiano e atualmente moro em Caldas do Jorro, no interior da Bahia. Infelizmente morei apenas um ano no Estado de Sergipe, em razão da

pandemia, que forçou a paralisação das atividades presenciais na Universidade. Como morava em Aracaju, natural que conhecesse mais sobre aspectos da capital. E se tem uma coisa que gostei foi da orla. Não é só porque ela é bem estruturada, organizada, atrativa, e sim pelo potencial que enxergo naquele espaço. Gosto muito da praia, principalmente. Se tem algo que me chama atenção são as práticas esportivas feitas na faixa de areia, muito favorecidas pela longa faixa de areia que a orla tem que possibilitam as práticas esportivas. Talvez a famosa Orla de Atalaia não seja tão conhecida por essa característica quanto outras praias de cidade maiores, de outras capitais. Mas nas vezes que fui à praia sergipana, me deparei com um bom proveito do espaço e uma excelente combinação de sol, brisa do mar e esporte. E eu sendo um amante do esporte e da praia, fiquei contagiado. Nas vezes que frequentei o espaço, sempre senti um bom envolvimento com as práticas esportivas. Das corridas ou academias públicas na rua até as práticas de diversas modalidades na faixa de areia, como beach tennis, vôlei de praia, futevôlei, futebol, frescobol, surf, etc, enfim, bem diverso e movimentado. Durante o tempo que morei em Aracaju, teve uma ocasião que fui à praia para cobrir e ver os principais destaques de um evento de verão promovido pela Prefeitura e que reunia atrações culturais, musicais e esportivas. Então, depois que cumpri com os objetivos, não me contive. Me juntei a um grupo que jogava vôlei de praia e pedi para jogar. No final

O mundo dentro de Sergipe

071


das contas, saí somente no início da noite. E no momento em que jogava muitas outras pessoas se divertiam em outros espaços. E creio que todo final de semana é assim, já que a praia tem diversas formas de convidar, e os esportes praticados, com certeza, são um dos melhores.

O mundo dentro de Sergipe

072


5

O mundo dentro de Sergipe

073



Participação de sergipano na condução da Tocha Olímpica 2016

Gabriel Santana

Deidison ajudava as pessoas que tinham limitações físicas e mentais a enxergar que a deficiência não era um empecilho para que elas fossem tratadas diferentes ou deixassem de fazer algo. O mundo dentro de Sergipe

075


D

eidison Rocha da Silva, é o nome do sergipano que conseguiu a honra de conduzir a Tocha Olímpica de 2016 que foi sediada aqui no Brasil, na cidade maravilhosa, o Rio de Janeiro. Deidi-

son era professor de música na APAE de Aracaju (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), e lá ele dava aulas há três anos para pessoas com deficiência intelectual e múltiplas. Nessa instituição, ele tinha um coral chamado BatucAPAE, onde faziam apresentações à fora. O objetivo do Sergipano era ensiná-los a tocar instrumentos de percussão e instrumentos não convencionais, utilizando o corpo como um tipo de instrumento. Dessa forma, Deidison ajudava as pessoas que tinham limitações físicas e mentais a enxergar que a deficiência não era um empecilho para que elas fossem tratadas diferentes ou deixassem de fazer algo. O Banco Bradesco era o patrocinador oficial das Olimpíadas, e estava selecionando condutores que estivessem contribuindo com projetos sociais e solidários. O pilar de toda essa emoção foi a namorada dele, Luana Oliveira, que fi ou sabendo da notícia através das redes sociais e o inscreveu, gravando um vídeo do projeto que o jovem ministrava. Para sua alegria e alegria dos seus parentes e amigos, ele havia sido selecionado e a confirma ão veio através do e-mail. Esse projeto não só o ajudou a conseguir uma vaga para condução da tocha, como também foi selecionado para uma entrevista que seria exibida em rede nacional no programa da Rede Globo, Domingão do Faustão. No dia 28/05/2016, Deidison carregou a Tocha Olímpica da metade do viaduto do mergulhão até a praça do Inácio Barbosa. Foram apenas 200 metros, mas foi um dos percursos mais emocionantes da sua vida. Como eu sei disso ? Perguntei se havia tirado uma foto com a

O mundo dentro de Sergipe

076


famosa Tocha, mas ele negou e explicou que “era noite, a emoção era tanta que ninguém lembrou”. Não tem problema! Acreditando que o revezamento da Tocha iria fi ar marcado pra sempre na memória de Deidison, O Bradesco deu de presente a Tocha Olímpica Rio 2016 que ele conduziu. E o sentimento ? Como diz o Sergipano Deidison, inexplicável!

O mundo dentro de Sergipe

077


1


Jiu-Jitsu, a arte com a cara sergipana

Mirela Santos Souza

Nessa arte marcial, é preciso matutar, deve ser por isso que caiu no gosto do povo sergipano. Matutar é com essa gente mesmo. Não se sabe ao certo quando o jiu jitsu chegou ao estado, mas dizem que ele veio na mala de seu Jairo Moura. O mundo dentro de Sergipe


E

ngana-se quem acredita que o futebol é o esporte que domina o cenário esportivo, pelo menos não é o que acontece em Sergipe. O menor estado do país acolheu para si uma arte que

veio lá do oriente, mas criou suas raízes e ganhou novas formas aqui no Brasil. O jiu-jitsu, como dizem, é uma arte suave e milenar em que a força bruta não é a principal característica do lutador, mas a sua capacidade técnica de executar os golpes de modo certeiro. É como no xadrez - movimentos precisos, jogadas rápidas e muita tática. Nessa arte marcial, é preciso matutar, deve ser por isso que caiu no gosto do povo sergipano. Matutar é com essa gente mesmo. Não se sabe ao certo quando o jiu jitsu chegou ao estado, mas dizem que ele veio na mala de seu Jairo Moura. Foi em 1968 que ele quem começou a ensinar as primeiras imobilizações. Modéstia à parte, este homem em questão nunca sequer foi nocauteado. Não é atoa que ele ostenta uma faixa vermelha - a maior graduação no esporte. Só quem tem muito amor pela arte para chegar a tal nível. É importante deixar claro que esse esporte é de todos. Todo mundo pode participar - da gurizada até pessoas com mais experiências de vida. Dona Nair Oliveira é um grande exemplo. Natural de Sergipe, aos 67 anos de idade, conquistou o campeonato brasileiro de Jiu-jitsu em 2017 e, no mesmo dia, teve a honra de receber a faixa preta pelo próprio filho. Aqui o ofício não foi passado de pai para filho e, sim, de filho para para mãe. Foi Danilo Oliveira, quando ainda era um menino, que incentivou sua mãe a entrar no tatame. Hoje ele tem sua própria academia e é o sensei da dona Nair. Com características de um samurai, ela exala serenidade e agilidade. Ao SPN, ela disse que incentiva outras garotas a lutarem.

O mundo dentro de Sergipe

080


“Minha gente, vamos treinar. Não é o corpo que domina a mente, é a mente que domina o corpo.” E assim, expande-se do mais velho para o mais novo, não necessariamente nesta ordem, a luta que atravessou oceanos e continentes para fincar raízes em terras brasileiras.

O mundo dentro de Sergipe

081


1


Cada crítica, uma motivação

Tatiane Macena dos Santos

Fez então do tatame a sua segunda casa e dos parceiros de treino, a sua família. O mundo dentro de Sergipe

083


Q

uando Edu saiu da cidade de São Cristóvão com seus familiares em direção a capital sergipana, Aracaju, não imaginava que um dia se tornaria um dos maiores nomes do

esporte sergipano. Afinal, naquele período, ele tinha apenas nove anos de idade. A entrada de Edu Lowgan Paiva no judô aconteceu naturalmente, pois em sua família havia um contato frequente com o esporte, e como o pequeno Edu era uma criança muito hiperativa e cheio de energia para gastar, começou a praticar a modalidade. E, a partir dali, entraria em sua vida e não sairia mais. Assim que chegou em Aracaju, Edu despertou o interesse pelo judô, e por isso conversou com o professor da modalidade, Euder Lima, que foi responsável por apresentar o judô para aquela criança que via diversão em tudo. O sensei ensinou ao garoto, que, com seus olhos atentos e inteligentes, aprendia com facilidade os primeiros golpes e lições do esporte criado pelo japonês Jigoro Kano. Euder, que foi o primeiro e único sensei do talentoso Edu Lowgan, viu todo o processo evolutivo do atleta sergipano, que começou a representar o estado de Sergipe em competições de nível nacional aos quinze anos. O seu primeiro campeonato brasileiro foi um choque de realidade, pois o jovem atleta não contava que iria se sair mal, afinal sempre se destacava nos torneios sergipanos, mas parecia que as competições nacionais eram mais difíceis. Foi depois de tomar um sacode em seu primeiro desafio fora de casa que Edu decidiu começar a se dedicar treinando mais duro. Sentira ali que o quimono não era apenas o seu companheiro de treino, mas também uma extensão de seu corpo. Era aquela adrenalina misturada com o suor escorrendo em seu rosto que sentia a cada

O mundo dentro de Sergipe

084


treino que ele queria viver para o restante de sua vida. Fez então do tatame a sua segunda casa e dos parceiros de treino, a sua família. Foram muitas viagens para diversos estados brasileiros, na tentativa de se trazer uma medalha para casa. No entanto, apesar de seu grande esforço, Edu não conseguiu trazer na mala uma medalha de ouro, prata ou bronze, e encerrou sua passagem pela categoria júnior sem medalhas nacionais em brasileiros. Apesar de não conseguir o que queria, ele trouxe consigo experiência e lições aprendidas com cada um de seus erros, além de muita vontade de vencer. Conquistou a medalha de prata nos jogos brasileiros escolares, mas nem para os críticos de plantão e muito menos para Edu, aquela conquista era o suficiente. Ele queria ser medalhista em campeonatos brasileiros, pois ouvira que não conseguiria, afinal, nenhum sergipano havia chegado tão longe na categoria sênior. Cada vez que ele voltava de uma competição sem subir em pódios, as críticas aumentavam, mas o rapaz revertia cada crítica em um motivo diferente para continuar treinando em busca de seus objetivos. Por isso, o judoca continuou no esporte e, depois de muita persistência e aperfeiçoamento,

não conseguiu uma medalha em

brasileiros, mas conquistou cinco; dois bronzes e duas pratas, seguindo em busca do ouro. Além de quebrar o jejum de medalhas sergipanas em jogos brasileiros universitários, e ser o primeiro sergipano a conquistar uma seletiva olímpica.

O mundo dentro de Sergipe

085


5

O mundo dentro de Sergipe

086


1


Mercado de Aracaju

Yure Sales Pio

Ele descansa de forma leve e suave, pois sabe que não passará do ponto. O mundo dentro de Sergipe

088


O

senhor Romildo, vendedor de roupas, acorda todas as manhãs para ir ao trabalho e sempre se depara com Romário, cobrador de ônibus que há anos trabalha na linha

do Fernando Collor, lugar de origem do senhor Romildo. Cansado, ele sempre sossega no banco do ônibus para um cochilo antes de chegar ao Mercado Central de Aracaju. Ele descansa de forma leve e suave, pois sabe que não passará do ponto. Ao chegar perto do Mercado, ele sabe que encontrará um odor fácil de distinguir, o cheiro de mariscos, que infesta toda a área. Mas ele não reclama, aquilo permite a ele um bom cochilo antes de mais um dia difícil.

O mundo dentro de Sergipe

089


4

O mundo dentro de Sergipe

090


1


2

Cordel: Cultura e resistência

Jaqueline Francielle de Oliveira

É difícil saber quando o cordel sergipano teve a sua origem, isso ocorre em razão dos poucos estudos nessa área que pudessem identificar o início dessa cultura em Sergipe. O mundo dentro de Sergipe

092


O

ntem, domingo, fui mexer em uma caixa que estava guardada e acabei encontrando um cordel, chamado “Seu Lunga” com rimas bem divertidas e que prenderam minha

atenção, depois disso bateu uma nostalgia, lembrei de uma vez que fui ao Mercado de Aracaju, e acabei comprando esse cordel por um valor simbólico. O Mercado Augusto Franco fica no centro da capital e, abriga um bom número de pontos de vendas de cordel, um desses pontos é o “Box do Cordel”, onde é possível encontrar uma grande variedade de títulos e de autores. A barraquinha é herança de Joel Santana, filho do poeta João Firmino, que há anos comercializa cordel naquele mesmo lugar. É difícil saber quando o cordel sergipano teve a sua origem, isso ocorre em razão dos poucos estudos nessa área que pudessem identificar o início dessa cultura em Sergipe. Mas, já se sabe que essa literatura é muito forte e movimenta a grande maioria dos 75 municípios. Além disso, a literatura de cordel em nosso estado colabora na compreensão da sociedade do que se pode identificar como popular. O cordel também é considerado como produto social que busca representar a época, os costumes e as problemáticas em que está introduzido. Fazendo uma pesquisa descobri que mesmo o cordel sendo de grande importância para a cultura, ele ainda se encontra coberto por um véu, que faz com que os estudos sobre esse tema sejam ainda tão pouco explorados. Por conta disso, uma grande parcela da população sergipana, acredita que o cordel esteja caindo em desuso, passando a

O mundo dentro de Sergipe

093


ser considerado como uma literatura do passado, mas se depender de mim vou sempre falar do cordel para as pessoas, algo que traz originalidade, humor e beleza não pode jamais ser esquecido.

O mundo dentro de Sergipe

094


5

O mundo dentro de Sergipe

095


1


As praias sergipanas

Sabrina Hillary Chaves Santos

São inúmeras as resenhas vividas, algumas engraçadas e outras extremamente emocionantes. O mundo dentro de Sergipe

097


M

inha relação com as praias de Sergipe sempre foi das melhores, acostumada desde pequena a passar vários finais de semana com toda família reunida em alguma

praia do estado, me possibilitou a experiência de ter diversos relatos de momentos únicos vividos ao lado deles, como aniversários, virada de ano, carnaval e outros feriados, mas sempre optando por estar todos juntinhos em alguma praia sergipana. São inúmeras as resenhas vividas, algumas engraçadas e outras extremamente emocionantes. É impressionante que sempre que estamos juntos por vários dias, em algum momento alguém fala a famosa frase “se fossemos contar tudo que já passamos aqui na praia, daria um livro”[...], e na real, não seria um, seria vários livros, cada pessoa contando suas experiências por ângulos diferentes de uma só história. Na praia do Saco não temos memórias tão legais assim, eu e uma prima estávamos tomando banho de mar juntas e infelizmente uma onda nos derrubou e nos arrastou um pouco para longe, quando foram notar, já estávamos nos afogando e por sorte conseguiram nos tirar, hoje temos a história pra contar. Tem relatos na praia de Atalaia? Tem também, as histórias mais aleatórias sempre foram lá, chega a ser impressionante a coincidência de que toda vez que vamos até lá acontece algo aleatório e engraçado, da última vez nos envolveram em um pedido de casamento de duas pessoas que nem conhecíamos. E tem a praia dona do meu coração e do coração de toda família, a praia da Caueira, essa carrega nas costas sozinha as melhores e mais emocionantes histórias, são anos e anos recheados de vários

O mundo dentro de Sergipe

098


momentos vividos ali e todo esse amor devemos ao patriarca da família, que não está mais entre nós, mas nos passou um carinho imenso por esse lugar e nos proporcionou as melhores risadas, e agora está presente em nossas lembranças.

O mundo dentro de Sergipe

099


5

O mundo dentro de Sergipe

100


1


Crônica sobre rap sergipano

Pâmela Stefani Alves da Silva

O rapaz iniciou a música em tom de seriedade e, em sotaque sergipano puxado, disse poucas e boas sobre a sociedade. O mundo dentro de Sergipe

102


M

inha relação com as praias de Sergipe sempre foi das melhores, acostumada desde pequena a passar vários finais de semana com toda família reunida em alguma

praia do estado, me possibilitou a experiência de ter diversos relatos de momentos únicos vividos ao lado deles, como aniversários, virada de ano, carnaval e outros feriados, mas sempre optando por estar todos juntinhos em alguma praia sergipana. São inúmeras as resenhas vividas, algumas engraçadas e outras extremamente emocionantes. É impressionante que sempre que estamos juntos por vários dias, em algum momento alguém fala a famosa frase “se fossemos contar tudo que já passamos aqui na praia, daria um livro”[...], e na real, não seria um, seria vários livros, cada pessoa contando suas experiências por ângulos diferentes de uma só história. Na praia do Saco não temos memórias tão legais assim, eu e uma prima estávamos tomando banho de mar juntas e infelizmente uma onda nos derrubou e nos arrastou um pouco para longe, quando foram notar, já estávamos nos afogando e por sorte conseguiram nos tirar, hoje temos a história pra contar. Tem relatos na praia de Atalaia? Tem também, as histórias mais aleatórias sempre foram lá, chega a ser impressionante a coincidência de que toda vez que vamos até lá acontece algo aleatório e engraçado, da última vez nos envolveram em um pedido de casamento de duas pessoas que nem conhecíamos. E tem a praia dona do meu coração e do coração de toda família, a praia da Caueira, essa carrega nas costas sozinha as melhores e mais emocionantes histórias, são anos e anos recheados de vários

O mundo dentro de Sergipe

103


momentos vividos ali e todo esse amor devemos ao patriarca da família, que não está mais entre nós, mas nos passou um carinho imenso por esse lugar e nos proporcionou as melhores risadas, e agora está presente em nossas lembranças.

O mundo dentro de Sergipe

104


O mundo dentro de Sergipe


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.