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09. O computador, meu amigo

O computador, meu amigo

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Gabriel Alcântara

Este é o lugar onde passei a maior parte dos meus dias e meses. Achávamos que seriam apenas semanas, no máximo três. Lá se vão dois anos. Digo que até virei planta enraizada.

O mundo ficou quadrado, distante... diferente.

Todos eram acostumados a estarem quase sempre olhando para uma tela, mas não como agora, tudo praticamente se resume a ela. É realmente intrigante como está tela se tornou meu mundo, sim, pelo menos o meu mundo.

No ápice da pandemia, consequentemente da quarentena, era fechando uma janela e abrindo outra. Durante o dia era telas de estudos, textos, documentários e chamadas acadêmicas. A noite era o momento da tela de entretenimento, abria uma janela com um filme ou série. Nos finais de semana eram as janelas dos jogos que se abriam, e aí eram transcorridas horas imperceptíveis de jogatina. O sono chegava, finalmente a tela tinha o seu descanso. Coitada, logo mais, dentro de poucas horas, seria novamente requisitada.

Essa tela me acompanhava por toda casa durante a quarentena. Era no meu colo no sofá, em cima da cama, na cozinha ouvindo a aula enquanto cozinhava.

Não, nunca foi para o banheiro, o receio de um desastre aquático sempre foi muito maior. Mas ela estava ali, sempre ao meu lado me auxiliando e, sinceramente, na maioria das vezes me fazendo companhia, pois atire a primeira pedra quem não se sentiu extremamente sozinho e foi procurar companhia na tela.

Eu geralmente tinha três comigo, a menor na mão, a média no colo e a maior na minha frente, daí você imagine qual é qual.

Ah, não posso esquecer das raivas, estresses e perrengues que essa tela me vez e ainda me faz passar. Incrível como ela sempre resolvia dar problema no momento mais crucial de necessidade. Momentos de desespero foram vários quando o programa fechava e temia que todo o trabalho da faculdade fosse perdido. Felizmente em todas as vezes conseguir recuperar. Para ligar a tela eu contava uns 5 minutos, nisso a impaciência chegava e logo o estresse. Parece que essas coisas são programas pelo o além, sem explicação.

Hoje continuo com essa tela e por muito tempo permanecerei, os cantos onde ela estará vai mudando, mas sempre será ela. No fim eu agradeço pelos momentos que esteve comigo.

Até estranho falar isso, parece que estou personificando uma máquina, particularmente não sou fã de prosopopeia. Mas no final, como me expressar da melhor forma se não desta? No fim, é quem esteve comigo neste momento.