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ensino remoto e isolamento social

Quando o querer é poder –uma crônica sobre ensino remoto e isolamento sociaL

Taís Félix

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Nunca pensei que o ditado popular de que “ a boca tem poder ” se tornaria tão verídico como foi em 2020 e segue sendo em 2021. Em anos anteriores, lembro-me de várias vezes ao dia soltar que o meu sonho era estudar à distância e trabalhar em home office. Que tolice a minha. A pandemia chegou, o isolamento social começou e os meus dias em casa nunca mais foram os mesmos.

A paz que o meu quarto transmitia começou a me atormentar. A série que eu amava se tornou insuportável. O curso de jornalismo, que era tão prático e eu reclamava tanto, ficou monótono e eu não aguentava mais acordar e ter que abrir o Google Meet e fingir assistir à aula.

Meu trabalho, local que eu lidava com mais de cem idosos, e havia dias em que eu jurava que iria enlouquecer, acabou se restringindo às reuniões intermináveis pelo computador e a minha chefe me ligava a qualquer hora do dia, de domingo a domingo. Como podem ver, o tão sonhado home office, de home não tinha nada, só office, mesmo. Com o passar dos meses eu até consegui me acostumar melhor com a dinâmica do virtual, mas me custou muito. Principalmente pelo fato de eu já não ser uma pessoa tecnológica, sempre fui um pouco aversa às redes sociais e seus derivados.

No entanto, ao me ver obrigada a aderir a nova realidade, como boa canceriana que sou, me organizei e planejei melhor as minhas horas diárias. Estabeleci limites no meu emprego e decidi diminuir as disciplinas na UFS, porque o ensino remoto é extremamente complicado.

Os assuntos que eram tão interessantes se tornaram entediantes e estar parada numa tela de notebook não ajuda em nada na aprendizagem. Digo isso com propriedade.

Tirando toda a negatividade citada, o que teve de positivo em estar em isolamento social foi poder me dedicar mais à minha escrita e ler durante o tempo que eu gastava com deslocamento, mas eu juro que até do ônibus eu sentia falta. De fato, não me adequei ao ensino remoto e tão pouco ao home office. A saudade da sala de aula, do barulho das conversas e dos debates entre alunos e professores é grande. Amo a minha casa, mas só como local de chegada, como de vivência, jamais.