Notícias da Paz - Janeiro de 2021

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Notícias da Paz Janeiro 2021

CONSELHO PORTUGUÊS PARA A PAZ E COOPERAÇÃO

Pela Paz, todos não somos de mais! ISABEL LHANO

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ivemos um dos momentos mais complexos da nossa vida coletiva, o que nos está a dificultar a realização de eventos, embora continue a convergência de vontades na defesa da justiça, da paz e da solidariedade com os povos que estão a ser vítimas de agressões, bloqueios e falta de condições mínimas para uma vida com dignidade. O Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) tem procurado intervir nesta situação difícil que a COVID-19 e as sucessivas declarações de estado de emergência estão a provocar. Mas nem sempre com êxito. Já tivemos de adiar vários Concertos pela Paz, incluindo os que estavam previstos para Lisboa e Porto. Mas esperamos realizar, ainda em janeiro, um Concerto pela Paz em Gondomar. Continuamos a trabalhar e a concretizar tudo o que é possível com apoios diversos, incluindo autarquias, artistas, associações, sindicatos e escolas, como se pode ver nas páginas deste boletim. Merecem especial destaque as sessões de solidariedade com os povos da América Latina e do Médio Oriente, realizadas em Lisboa e no Porto; o Concerto pela Paz e a exposição de artistas pela paz, que decorreram em Viana do Castelo, durante o mês de outubro, a exposição de artistas pela paz em Vila Real de Santo António e o previsto Concerto pela Paz em Gondomar, a realizar no início de 2021, a que se seguirão outros que foram adiados. Entretanto, prossegue a preparação pelas 12 organizações e entidades que estão envolvidas na organização do Encontro pela Paz, a realizar em 5 de junho 2021, em Setúbal. Apelamos à

participação dos amantes da paz, das formas mais diversas, incluindo debates, conferências e iniciativas culturais, envolvendo o maior número possível de organizações. Sabemos que a evolução da situação internacional é complexa, mas mesmo nestes tempos difíceis os povos resistem e lutam contra o colonialismo como no Sara Ocidental e na Palestina, contra bloqueios e chantagens como em Cuba e na Venezuela e, nalguns

casos, até obtêm importantes vitórias, como na Bolívia e no Chile. Por tudo isso, apesar da crise que estamos a viver, a convergência e unidade possíveis em torno da defesa da paz e da denúncia das constantes ameaças aos povos vítimas da ingerência externa, dos bloqueios e agressões são caminhos que estamos a trilhar e que precisamos de aprofundar, na certeza que pela paz, todos não somos demais.


50 estados já ratificaram

Tratado de Proibição de Armas Nucleares será realidade

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om a ratificação, pelas Honduras, no passado dia 24 de Outubro, o Tratado de Proibição de Armas Nucleares atingiu a meta de 50 estados, necessária para que entre em vigor, o que sucede já no início de 2021. Num comunicado emitido a esse propósito, o CPPC realça a «significativa vitória dos que, em todo o mundo e também em Portugal, se batem há décadas pela interdição deste tipo de armamento». Por mais que constitua um importante estímulo à continuação da movimentação pela eliminação das armas nucleares, a entrada em vigor do Tratado, por si só, não resolve muitos dos problemas colocados pela «existência de numerosos e poderosos arsenais». Sobretudo num momento em que os EUA se retiraram de «vários acordos internacionais que promoviam o desanuviamento e o desarmamento» e as relações internacionais são cada vez mais marcadas pela «retórica agressiva». O Tratado de Proibição de Armas Nucleares foi lançado em Julho de

2017 pelos 122 estados participantes numa conferência das Nações Unidas realizada com o objectivo de negociar um instrumento juridicamente vinculativo para a proibição de armas nucleares, que conduza à sua total eliminação. O CPPC, que tem em curso uma campanha para que também Portugal

se junte ao Tratado de Proibição de Armas Nucleares, de que consta uma petição (aberta à subscrição) e a realização de exposições em todo o País, salienta que nenhum membro da NATO aderiu ao tratado. Da União Europeia, apenas o fizeram a Irlanda e a Áustria, que não integram a NATO.

Iniciativas na Madeira

Eleições na Venezuela

O CPPC promoveu, a 31 de Outubro, um debate sobre «A Centralidade do Movimento da Paz», nas instalações da Junta de Freguesia do Machico, na ilha da Madeira, onde esteve patente a exposição alusiva à luta contra as armas nucleares. Estiveram presentes, entre outros, os presidentes da Junta e da Câmara Municipal e Ilda Figueiredo, em representação do CPPC. A presidente da Direção Nacional do CPPC referiu a importância de ser cumprido o princípio constitucional de Portugal pugnar pelo desarmamento geral, simultâneo e controlado, fundamental para salvaguardar a paz, os ecossistemas e a própria sobrevivência da Humanidade. Os presentes foram convidados a assinar a petição que defende a adesão de Portugal ao Tratado de Proibição de Armas Nucleares e desafiados a levarem a cabo mais iniciativas pela paz na Região Autónoma da Madeira. Foram ainda convidados a participar no Encontro pela Paz que decorrerá em Setúbal a 5 de Junho de 2021. A iniciativa contou também com a participação da Tuna de Música de Câmara da Ribeira Seca, que proporcionou um momento cultural pela Paz.

O CPPC saudou a realização, no passado dia 6 de dezembro, das eleições legislativas na República Bolivariana da Venezuela, valorizando o que elas significam de expressão da vontade democrática de um povo decidir livremente do seu destino, sem pressões ou ingerências externas.

2 CPPC

Quatro anos sem Fidel Evocando, a 25 de Novembro, a passagem de quatro anos sobre o desaparecimento do líder da revolução cubana, Fidel Castro, o CPPC recorda o «abnegado lutador pela paz, pela soberania, a democracia, a liberdade, o progresso social, pelo desarmamento nuclear, a justiça, a cultura, a amizade e cooperação entre os povos, pela causa libertadora dos trabalhadores e dos povos de todo o mundo». O CPPC continua a ter «no seu percurso de vida e nos ideais que o orientaram um exemplo para todos os amantes do progresso, da justiça social e da paz. Até a vitória, sempre!»


Viana do Castelo

Talento ao serviço da mais bela das causas

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iana do Castelo acolheu, a 4 de Outubro, o primeiro Concerto pela Paz após o início do surto epidémico. Realizado pelo CPPC com o apoio da Câmara Municipal e a Junta da União de Freguesias de Viana do Castelo (Santa Maria Maior e Monserrate) e Meadela, o Concerto pela Paz contou com a participação generosa e solidária de artistas do Teatro do Noroeste/CDV, do grupo Contraponto, da classe de Canto do Colégio do Minho e das jovens bailarinas da Open Dance School do Centro Social e Cultural da Meadela. No discurso que aí proferiu, Ilda Figueiredo justificou a importância de realizar aquele Concerto em tão complexa situação com a necessidade de alargar a ação pela paz, a denúncia das guerras de agressão, chantagens e ingerências e o reforço da solidariedade aos povos que resistem ao imperialismo. Ilda Figueiredo agradeceu ainda, em nome do CPPC, o contributo importante e solidário de todos os artistas e instituições, incluindo toda a equipa do Teatro Municipal Sá de Miranda.

Artistas pela Paz Na véspera, abriu a exposição Artistas pela Paz na galeria Barca d´Artes, em Viana do Castelo, resultante da colaboração entre o Centro Cultural do Alto Minho e o CPPC. A curadoria ficou a cargo de Cipriano Oquiniame e Fernanda Vilas Boas e participaram 20 artistas da região. A comemoração dos 75 anos da vitória sobre o nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial serviu de mote aos criadores. Na inauguração da exposição, que esteve aberta até final de Outubro, intervieram Cipriano Oquiniame, presidente da direção do Centro Cultural do Alto Minho, e Ilda Figueiredo, em nome do CPPC, tendo estado presentes naquela ocasião vários dos artistas participantes na mostra e as vereadoras da Câmara Municipal Carlota Borges, do PS, e Cláudia Marinho, da CDU.

Exposição de arte em Vila Real de Santo António O CPPC organizou, em parceria com o município de Vila Real de Santo António e a Peace and Art Society, uma exposição alusiva à luta contra as armas nucleares, que esteve patente na biblioteca Vicente Campinas durante o mês de Novembro. Devido aos constrangimentos provocados pela situação sanitária, não houve uma inauguração formal da mostra, mas o executivo municipal fez questão de a visitar, através da vereadora da Cultura Carla Sabino e do chefe de divisão da Cultura Miguel Godinho, que foram acompanhados por Sofia Costa, da direção do CPPC, e Elidia Luís, em representação da PAS.

Origens do movimento da paz Em Novembro de 1950 realizou-se na capital polaca, Varsóvia, o II Congresso Mundial da Paz, no qual foi constituído o Conselho Mundial da Paz. O CPPC evocou este acontecimento, realçando o «exemplo dos partidários da paz que, em meados do século passado, construíram um movimento de carácter mundial e ergueram uma poderosa barreira contra o imperialismo e a guerra». Exemplo que, acrescenta, «deve ser recordado hoje, quando se adensam novas ameaças à paz, à segurança internacional e aos direitos dos povos». Nesse histórico Congresso estiveram presentes mais de dois mil delegados de 80 países, que reclamavam a abolição das armas nucleares, o fim da corrida aos armamentos e a cessação imediata das agressões na Coreia e na Indochina. Notícias da Paz 3


Importante momento de debate e convergência

Encontro pela Paz marca para 5 de Junho em Setú O

Encontro pela Paz, que era para se realizar este ano, está marcado para o próximo dia 5 de Junho, em Setúbal. Convocam-no 12 organizações das mais variadas áreas de intervenção: Conselho Português para a Paz e Cooperação, as câmaras municipais de Setúbal e Loures, a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional, a Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto, a Federação Nacional dos Professores, a Juventude Operária Católica, o Movimento Democrático de Mulheres, o Movimento dos Municípios pela Paz, o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e a Paz no Médio Oriente, a Obra Católica Portuguesa de Migrações e a União de Resistentes Antifascistas Portugueses. A estas juntar-se-ão seguramente muitas outras, no decurso da sua preparação. À semelhança do primeiro encontro, que em 2018 reuniu mais de 700 participantes em Loures, o Encontro pela Paz deste ano decorrerá sob o lema Pela Paz, todos não somos demais. Mantêm-se igualmente os temas centrais: Paz e Desarmamento; Cultura e Educação para a Paz; Solidariedade e Cooperação.

Congregar energias e vontades O próximo Encontro pela Paz, a realizar no próximo dia 5 de junho, em Setúbal, será um marco importante na defesa dos direitos dos povos, da igualdade entre os Estados, da solução pacífica dos conflitos internacionais, defendendo o desarmamento geral, simultâneo e controlado e a criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos. Na sua preparação, o Conselho Português para a Paz e Cooperação e outras organizações estão a procurar 4 CPPC

congregar energias e vontades, dando continuidade ao Encontro realizado em Loures, em 2018, onde participaram mais de 50 organizações e 700 pessoas vindas de todo o País. Tal como então, o Encontro pela Paz de 2021 está a ser preparado por 12 organizações sociais e entidades que partilham o mesmo objetivo da defesa da paz, tendo por base a Carta das Nações Unidas e a Constituição da República Portuguesa, e terá uma configuração idêntica, com três mesas de debate em torno dos seguintes

temas – Paz e Desarmamento, Cultura e Educação para a paz, Solidariedade e Cooperação. Espera-se que termine com um desfile nas ruas de Setúbal, envolvendo as pessoas na defesa da paz, tendo por base o lema Pela paz, todos não somos demais. Cada uma das 12 organizações tem o seu próprio programa de divulgação e preparação, incluindo iniciativas próprias ou conjuntas, a realizar em diversos locais.

Ilda Figueiredo Presidente da direção nacional do CPPC


Setúbal está profundamente empenhada na defesa da paz

ado úbal Acolher o Encontro em 2018 orgulhou o concelho de Loures A realização do Encontro pela Paz em Loures, exatamente no Pavilhão Paz e Amizade, foi um grande acontecimento público que muito nos orgulhou acolher entre nós. Foi um Encontro com uma enorme participação, de dezenas de organizações, com grande diversidade e abrangência, o que reforçou a qualidade e importância do que ali se discutiu e decidiu. A Paz continua a ser uma das mais relevantes questões da atualidade, mantendo uma importância incontornável na nossa vida coletiva. É verdadeiramente uma questão do nosso tempo e continuará a ser essencial para o nosso futuro coletivo.

É nosso entendimento que os municípios não podem alhear-se de uma questão tão importante como a luta pela Paz; essa é também uma tarefa dos representantes democraticamente eleitos pelas populações. Pela nossa parte não nos vamos alhear dela. As circunstâncias atuais condicionam, mas não podem impedir este trabalho tão importante. Aguardamos pela realização do próximo Encontro pela Paz. Lá estaremos. Contem connosco!

Bernardino Soares Presidente da Câmara Municipal de Loures

Lema do Encontro convoca-nos a todos A Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM), inspirada pelo lema Pela Paz, todos são somos demais, respondeu afirmativamente a esta iniciativa do CPPC, que a todos nos convoca. As imagens e os relatos que nos chegam pelos meios de comunicação social denunciam verdadeiras atrocidades, inspiram o repúdio e condenação do terrorismo, das guerras bélicas e económicas que condenam tantos povos à indigência, e infelizmente provocam a mobilidade forçada. Infelizmente este fluxo humano, que abeira os 80 milhões em todo o mundo, nem sempre encontra a segurança desejada e consagrada em tantos documentos internacionais; ao longo do trajeto, sofrem hostilidades, construção de muros, violação de direitos humanos, discursos de ódio, racismo e xenofobia.

A ação da Igreja sintetiza-se em torno de quatro verbos Acolher, Proteger, Promover e Integrar migrantes e refugiados com vista ao desenvolvimento humano integral de pessoas e povos. A OCPM participa ainda de ações de sensibilização e educação para a cidadania e advocacia. Sublinhamos, através das palavras da encíclica Fratelli Tutti, a urgência e a necessidade de «interromper o apoio a movimento terroristas, através do fornecimento de dinheiro, de armas, de planos ou justificações e também cobertura mediática, e considerar tudo isto como crimes internacionais que ameaçam a segurança e a paz mundial.» FT 283

Eugénia Quaresma Diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações

Em Setúbal trabalhamos incessantemente para assegurar uma vivência comum pacífica. Fazemo-lo acolhendo da melhor forma todos os que nos procuram, seja porque fogem da pobreza, seja porque é aqui que procuram encontrar melhor vida. A paz constrói-se, primordialmente, antes das guerras. Constrói-se incluindo; constróise na procura permanente da integração, e não na artificial imposição e valorização das diferenças entre homens e mulheres. Porque a paz só é plena quando pudermos olhar, olhos nos olhos, à mesma altura para o nosso semelhante. A paz faz-se sem cercas sanitárias só para os outros, apenas porque são diferentes. Constrói-se por antecipação nas cidades com oferta cultural e desportiva de qualidade, com urbanismo sustentável; com regras de segurança que se façam respeitar com proporcionalidade. A paz faz-se nas cidades com a recusa ativa das ideias dos que fazem do medo do outro o principal trunfo político e partidário. Setenta e cinco anos depois de encerrada a mais mortífera guerra contemporânea é imperioso que continuemos a trabalhar todos os dias para manter a paz no nosso continente e para a levar onde ela escasseia. E se a verdade é que no continente europeu mantivemos a paz nestas últimas décadas, também não deixa de ser verdade que a cada esquina da geopolítica mundial espreitam vários perigos e, por isso, este é um trabalho que nunca tem fim. Porque em Setúbal estamos plenamente empenhados nesta causa, aceitámos acolher na nossa cidade, em 2020, o Encontro Pela Paz iniciativa que, pelas razões que todos conhecemos motivadas pela pandemia do COVID-19, teve de ser adiada para 2021. Cá estaremos para acolher todos os que se empenham na procura da paz, todos os que trabalham incessantemente para acabar com a guerra.

Maria das Dores Meira Presidente da Câmara Municipal de Setúbal Notícias da Paz 5


CPPC promoveu debates em Lisboa e no Porto

Vitórias e resistência na América Latina

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CPPC promoveu recentemente dois debates sobre a luta dos povos da América Latina pela sua libertação nacional e emancipação social: um em Lisboa, a 27 de Outubro, na Casa do Alentejo; o outro no Porto, a 18 de Novembro, na Biblioteca Municipal Almeida Garrett. No primeiro sentaram-se na mesa, com Ilda Figueiredo, os embaixadores de Cuba e da Venezuela em Portugal, Mercedes Martínez e Lucas Rincón Romero; no segundo, o jornalista e membro da Presidência do CPPC, Alfredo Maia, e a professora universitária Sandra Tavares. As recentes vitórias na Bolívia e no Chile foram temas em destaque nas duas iniciativas, com os participantes a sublinhar, respectivamente, o significado da retumbante vitória eleitoral do Movimento para o Socialismo (MAS), que derrotou o golpe de Estado de há um ano, e do resultado do referendo por uma nova Constituição, que desferiu

um golpe fatal no que restava do fascismo de Pinochet. Todos concordaram, porém, que a ação desestabilizadoras dos EUA e das oligarquias ao seu serviço prossegue, pelo que a solidariedade não deve abrandar.

Vitórias na Bolívia e no Chile As eleições bolivianas de Outubro, que resultaram numa inequívoca vitória das forças progressistas, constituíram uma importante resposta ao golpe de Estado que, um ano antes, se viveu naquele país e que se traduziu num grave retrocesso das conquistas democráticas, com agressões e violências diversas promovidas pelas forças golpistas. A vontade do povo da Bolívia que, através de eleições, demonstrou, mais uma vez, que deseja seguir um caminho de democracia, progresso social e paz, deve ser respeitada. Ao saudar o povo da Bolívia pela sua vitória, o CPPC apela a todos os amantes da paz para que se mantenham vigilantes na exigência do respeito pela vontade do povo boliviano expressa nas eleições, e lhe manifestem toda a solidariedade na defesa da paz e progresso social. Com a retumbante vitória do «Sim» no referendo de Outubro sobre a elaboração de uma nova Constituição, o povo do Chile desferiu um profundo golpe na herança da ditadura fascista de Pinochet. Após mais de um ano de poderosas mobilizações populares, marcadas por uma brutal repressão, a luta do povo chileno por uma vida melhor, contra a violência e as desigualdades e pelo direito a viver em paz (como cantava Victor Jara) alcançou um objectivo central. 6 CPPC

Resistir e avançar Nas intervenções deu-se particular destaque à evolução recente naquela região, vítima das ingerências permanentes do imperialismo, mas onde os povos não desistem dos seus direitos, tendo Cuba como exemplo de longa e profícua resistência. Foram igualmente denunciados os bloqueios dos EUA e seus aliados a diversos países, desde logo a Cuba e à Venezuela, com graves consequências económicas e sociais. A ingerência agravou-se com a aproximação das eleições de 6 de dezembro para a Assembleia Nacional da Venezuela. Em destaque esteve ainda a transição de poder nos EUA, na sequência das eleições que ditaram a derrota de Donald Trump. Ao que tudo indica, os povos do mundo não poderão respirar de alívio, pois do que se conhece do programa e das figuras que constituem a equipa do novo presidente, Joe Biden, prosseguirá, com poucas diferenças, o rumo de agressão, ingerência e chantagem que há muito marca a política externa norte-americana. A solidariedade de sempre do movimento da paz português aos povos latino-americanos e caribenhos foi reafirmada – e uma vez mais renovada!


Causa de sempre do CPPC

O povo palestino tem direito ao seu estado independente

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CPPC não esquece a Palestina e mantém uma intensa atividade de solidariedade para com este povo, que há décadas resiste à ocupação sionista e prossegue corajosamente a luta pelo seu direito inalienável a um Estado independente, soberano e viável, nas fronteiras anteriores a junho de 1967. Nesta luta assume um significado especial o dia 29 de novembro, consagrado pela Assembleia-geral das Nações Unidas como Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino. Esta data assinala a aprovação, em 1947, da Resolução 181 da ONU, que estipula a divisão da Palestina em dois estados, um árabe e um judeu: o primeiro constituído em 44% do território e o segundo em 55%; Jerusalém e Belém permaneceriam zonas internacionais. Passados mais de 70 anos, só o Estado de Israel existe, mantendo a ilegal ocupação de território pela força das armas, com o apoio das potências ocidentais. Quanto ao povo palestino, resiste para permanecer na sua terra sob a mais violenta opressão.

A ilegal ocupação de territórios da Palestina por parte de Israel é responsável por incontáveis crimes e pela tentativa de, por todos os meios, apagar o sentimento nacional palestino.

Defender a paz CPPC e MPPM promoveram no dia 19 de novembro, no salão da Casa do Alentejo, em Lisboa, a sessão pública «Médio Oriente: defesa da justiça e da paz», que contou com a participação de Ilda Figueiredo, do CPPC, Carlos Almeida, do MPPM, o jornalista José Goulão e o embaixador da Palestina em Portugal, Nabil Abuznaid. No debate foi analisada a situação no Médio Oriente e sublinhada a necessária solidariedade de todos na exigência do fim da ingerência e da ofensiva do imperialismo na região, com especial destaque para os EUA – sublinhe-se que, no dia da sessão, Mike Pompeo se encontrava em Israel – e seus aliados da União Europeia, que sempre foram cúmplices de Israel na ocupação da Palestina. As agressões ao Iraque, à Líbia, à Síria

ou ao Líbano, como também a guerra da Arábia Saudita contra o Iémene, entre outras, foram também denunciadas. Foi sublinhada a necessidade de elevar a solidariedade aos povos do Médio Oriente, em defesa do direito à paz.

Exigências fundamentais Para o CPPC, constituem exigências fundamentais para uma solução justa do problema palestino: • o fim dos colonatos israelitas, do bloqueio a Gaza e do muro de separação impostos por Israel; • a libertação dos presos políticos palestinos nas prisões de Israel; • o fim da ocupação dos territórios da Palestina ilegalmente ocupados por Israel; • e a criação do Estado da Palestina, dentro das fronteiras de 1967, com capital em Jerusalém Oriental e o respeito pelo direito de regresso dos refugiados palestinos. Notícias da Paz 7


CPPC intensifica solidariedade

Agressão e resistência no Saara Ocidental

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Reino de Marrocos violou, na manhã de 13 de Novembro, o cessar-fogo em vigor desde 1991 (celebrado sob a égide da ONU), ao desencadear uma agressão militar contra o Saara Ocidental, efetuando uma incursão em território saarauí na zona de Guerguerat. O ataque seguiu-se à divulgação de informações que davam conta de atividades militares de Marrocos com estacionamento de tropas e armamento junto à fronteira. Perante a agressão, as forças da frente Polisário evacuaram os civis da zona e ripostaram ao ataque. O CPPC reagiu imediatamente, apelando à mobilização dos amantes da paz na exigência do «fim imediato da agressão do Reino de Marrocos e da retirada das suas forças militares da região» e à condenação inequívoca por parte das Nações Unidas. No mesmo dia, juntamente com muitas outras organizações e movimentos sociais, exigia ainda o fim da ocupação

marroquina do Saara Ocidental, a instalação de um mecanismo permanente da ONU para o acompanhamento do respeito dos direitos humanos do povo saarauí nos territórios ocupados, a libertação dos presos políticos saarauís nas prisões marroquinas e o respeito pelo inalienável direito à autodeterminação do povo saarauí. Do governo português exige-se a não só condenação da mais recente agressão militar marroquina, mas o cumprimento das decisões das Nações

Unidas relativas àquele território – por muitos considerado como a última colónia de África.

Canções pela paz Se a solidariedade do CPPC ao povo saarauí e à sua justa luta não é de hoje, ela tem vindo a intensificar-se nos últimos meses. A vários músicos foi colocado o desafio de lhe dedicarem uma canção, o que muitos generosamente fizeram. Os vídeos estão disponíveis em www.cppc.pt e em www.facebook.com/conselhopaz.

Paz na Colômbia O CPPC uniu-se à iniciativa lançada por um grupo de organizações da América Latina, comprometidas com a paz e em defesa do Acordo de Paz na Colômbia, e subscreve a carta que estas organizações dirigem ao Conselho de Segurança da ONU, exigindo do governo colombiano o respeito por esse importante acordo. Na missiva denuncia-se o assassinato de centenas de antigos guerrilheiros e ativistas de movimentos sociais desde que o acordo foi celebrado.

Conselho Português para a Paz e Cooperação Rua Rodrigo da Fonseca, 56 - 2.º 1250-193 Lisboa Portugal Tel. 21 386 33 75 conselhopaz@cppc.pt e www.cppc.pt, facebook.com/conselhopaz Pagamento de quotas e donativos através do NIB: 0035 2181 00004570930 06


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