Claro! Fronteiras

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Claro!

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editorial De onde vieram as fronteiras? Em algum momento de nossa curta história na Terra, ultrapassamos a barreira que distingue nossa humanidade dos outros animais, o que quer que isso signifique. Passamos a inovar, explorar e expandir nosso conhecimento do mundo à nossa volta, redefinindo constantemente nossa relação um com o outro e com o nosso meio. Erguemos muros e barreiras, de pedras e ideias, para nos unir e proteger. Dificilmente imaginávamos o quanto elas poderiam nos separar. Quando pensamos em fronteiras, pensamos no quê? No passado, pensávamos em tribos e reinos. Em oceanos, desertos e selvas. No espaço sideral. Em 2016, provavelmente nos vêm à cabeça embarcações cheias de refugiados, explosões no deserto e arame farpado. Mas só isso? Fronteiras são guerras, atrito e segregação. Fronteiras são rios, montanhas e vales. Fronteiras são um desconhecido a desbravar, um objetivo a ser conquistado. São os limites que buscamos definir e quebrar num inconstante equilíbrio. Algumas são físicas e óbvias, outras nem tanto. O Claro! gostaria de te convidar a explorar alguns dos significados e formas que elas podem tomar. E quem sabe até mesmo quebrar algumas no meio do caminho.

Daniel Quandt Daniel Tubone Simões Diagramação Jéssica Soler Texto

EXPEDIENTE ECA-USP Diretora Margarida Maria Krohling Kunsch | Departamento de Jornalismo e Editoração Chefe Dennis Oliveira REDAÇÃO Professora responsável Eun Yung Park Editores de conteúdo Daniel Quandt e Daniel Tubone Simões Editor de fotografia Júlio Viana Diagramadores Isabelle Almeida, Jéssica Soler, Marília Fuller, Nairim Bernardo, Nyle Ferrari, Vinícius Almeida Ilustradores Giovanna Lukesic e Guilherme Caetano Repórteres Amanda Oliveira, Ana Luísa Moraes, Heloísa Iaconis, Isabel Seta, Isadora Vitti, Joana Darc Leal, Júlia Moura, Luiza Magalhães, Rafael Ihara, Tiago Aguiar Diretora online Sofia Mendes Redes sociais Isabella Galante Equipe online Breno Leoni Ebeling e Felipe de Barros Marquezini Vídeo Marcos Vinícius Nona e Paula Thiemy Making of Gabriela Sarmento e Laura Himmelstein Endereço Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Bloco A. Cidade Universitária, São Paulo - SP CEP: 05508-900 – Telefone (11) 3091-4211 O suplemento Claro! é produzido pelos alunos do 6o semestre de graduação de Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo Impresso – Suplemento Tiragem: 8000 exemplares


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Eu enxergo o mesmo que você? Sua percepção do mundo é praticamente um chute: é a melhor estimativa do seu cérebro sobre o que está acontecendo de verdade, com base nos sentidos e memórias. As únicas informações que temos acesso, na verdade, são filtradas pelo nosso corpo – é impossível sair da sua mente para ter uma ideia de como o mundo é realmente. Também não dá para fazer uma visitinha à cabeça de outra pessoa – por isso, ninguém nunca vai conseguir dizer se todos nós enxergamos exatamente a mesma coisa. Como você pode ter certeza que a cor verde que eu enxergo é a mesma cor que você enxerga? “Nossos sentidos são limitados, não temos acesso ao real”, explica a neurocientista Claudia Feitosa-Santana. Há cerca de 450 anos, Nicolau Copérnico mostrou que a Terra gira ao redor do Sol: antes, as pessoas acreditavam no contrário. Acreditavam porque era isso que elas percebiam - elas não sentiam a Terra se mover, enquanto o Sol ia e vinha todos os dias. É isso que os seus sentidos te entregam, mas não é essa a realidade. “Mas nossa realidade não depende apenas da percepção formada por nossos sentidos, ela depende também das nossas experiências que formam memórias e que vão influenciar a forma como percebemos o mundo”, diz Claudia. Você pode odiar morangos, por exemplo, e eu adorar. Isso pode acontecer, basicamente, por dois motivos. Primeiro, como os nossos sentidos são diferentes, eu experimento um sabor que para mim é agradável e para você não. Segundo, pode ser que, em algum momento da sua vida, você tenha tido uma experiência ruim com morangos. Você pode ter comido um estragado e ter passado mal - e, assim, sua percepção foi completamente modificada. As suas experiências e memórias, entretanto, são facilmente manipuláveis - e, consequentemente, sua percepção. Em um estudo científico da década de 80, na Universidade de Washington, a pesquisadora Elizabeth Lotus pediu que os participantes da pesquisa lessem quatro textos escritos por familiares, que relatavam alguns episódios vividos na infância. Um deles era falso, e contava sobre o dia em que o voluntário, quando pequeno, perdera-se em um shopping. Mais ou menos ¼ dos participantes incorporou o acontecido às suas memórias, e chegaram até a dar detalhes que não estavam escritos no texto. Mas você não precisa participar de um estudo para ter memórias falsas: todos os dias, você recebe milhares de impressões que, sem que você perceba, alteram as suas lembranças. “Como o ato de vivenciar o mundo é influenciado pelas experiências passadas, e é praticamente impossível encontrar duas pessoas que tenham tido as mesmas experiências, consequentemente, fica muito difícil que essas duas pessoas experimentem o mundo da mesma maneira”, comenta Claudia. Agora, olhe para o desenho deste texto: o que você enxerga? E o que esse desenho é, de verdade? Você sabe dizer? aes Mor a s í Lu r Sole Ana a c i s Jés

to Tex ão maç a r g Dia


no limite INTERNACIONAL O par de ilhas conhecido como Diomedes, uma da Rússia e uma dos EUA, fica no estreito de Bering. Devido à Linha Internacional de Mudança de Data entre elas, a separação de 4km de mar é também de 21h no horário.

Texto

Daniel Tubone Daniel Quandt

Diagramação e Arte

Vinícius Almeida

O vilarejo de Baarle tem 22 territórios belgas “ilhados” dentro do território holandês. A peculiaridade se deve a uma transferência de terras entre nobres, no século XII.

BOLÍVIA BRASIL A Coreia do Sul e a do Norte nunca assinaram um tratado de paz, e a “Zona Desmilitarizada” é a área em que os territórios ficam frente a frente, trocando frequentes provocações.

Diferenças em legislação e fiscalização podem ter consequências físicas marcantes, como neste exemplo da disparidade do desmatamento no Brasil e na Bolívia. O cume do Monte Everest é, além do ponto mais alto do mundo, a divisa entre a China e o Nepal.


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a our M a i eida m Júl l a n A ia cius oV Júli Viní

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Com a elaboração da nova constituição em 1988, o governo aproveitou para atender uma solicitação popular centenária: a divisão do Estado de Goiás e a criação do Tocantins. Os moradores do norte goiano tinham uma realidade e necessidades diferentes daqueles no sul. Com o território vasto e de extremos díspares, a solução encontrada foi a separação. Dia 1 de janeiro de 1989, nasceu o Estado de Tocantins. Mas, por que o pedido que havia sido negado por duas vezes foi aceito e uma nova linha no mapa foi traçada? Aliás, como deveria ser essa linha? Por que depois do rio Traíras deveria deixar de ser Goiás? Qual critério justificável por trás da regra que diz que desde o 13° paralelo até o Bico do Papagaio é Tocantins?

É centro ou é norte? As respostas para estas questões não chegam a um consenso e nem sempre são satisfatórias. Uma justificativa seria que um novo estado, com um governo próprio, daria a devida atenção à região e traria o tão esperado desenvolvimento. Apesar da lógica administrativa, a decisão não deixa de ser arbitrária em certos aspectos. Até hoje existem 844 imóveis no interior de Tocantins

que, oficialmente, pertencem a Goiás. Apesar das adversidades, para Paulo de Tárcio e sua família, que era goiana e agora é tocantinense, a criação da nova fronteira não teve tanto impacto. A grande questão foi a escolha da nova capital. As opções eram Araguaína, Paraíso do Norte e Gurupi. A vencedora foi a inexistente, até aquele momento, Palmas. “Eu ficava muito em Araguaína por causa da família, que inclusive mora lá até hoje. Durante a escolha da capital, as pessoas comentam que Sarney não permitiu que ela fosse escolhida porque era próxima da cidade de Imperatriz, no Maranhão, e ele não queria prejudicar a economia do seu estado”. Verdade ou não, Palmas para o Sarney.


Leandro sente o vento descabelando seu cabelo curto. Pedala mais rápido, pedala mais forte. O som da corrente da bike mescla-se com os versos tristes de Aguapé, de Belchior. Nada nada nada nada. Absolutamente nada, diz o refrão. No cestinho da bicicleta preta com banco vermelho está Odara. Cachorra viajante tamanho médio pêlo comprido, um pouco aflita de não encontrar seu companheiro logo atrás. Mas tti ra Vi o d a logo El Loco chega, cheio de energia e excitação. Is ira e e v i l Correndo louco com a língua pra fora atrás da O nda sic Ama bicicleta. Leandro lembra que deixou as lágrimas Luke r a n Fulle an to v rolarem livremente, logo quando toca a terceira a x o i i l e í T G Mar estrofe da canção. Como eles tinham parado nas e t r A na ção estradas do Uruguai, a mais de 1.300 km de diso Via ama i l r ú g J a Di tância do solo brasileiro? Foi preciso um acidente s Foto de moto em 2009, uma bicicleta e uma primeira viagem que mudou a vida do jovem. Em uma ultrapassagem mal sucedida, ele, de moto, colidiu com um cara no caminho de São Paulo a Ubatuba. Dia seguinte ao Natal, muita gente comendo a ceia da noite anterior, mas Leandro estava no hospital. Tudo estava quebrado: sua mão, bacia, um quadro bem sério. Trabalhando como bartender na capital, o jovem viu sua vida mudar totalmente. Imobilizado por três meses, decidiu que ao sair dali, seria uma nova pessoa, um novo Leandro. Ideias começaram a pipocar em sua mente. Por que não aproveitamos a saúde que temos para a explorar o mundo? “O corpo é a nossa máquina, a gente não precisa de nada”. O jovem resolveu comprar uma bicicleta e começou a fazer longos percursos entre um bairro paulistano e outro. Um ano mais tarde chegou a Odara e a vontade de percorrer um destino maior. Não deu muita bola a seus familiares e amigos que insistiam para que ele não fosse, com medo da sua bacia ainda estar ruim. Era meio aquariano ao quadrado, sabe? Juntou poucas roupas, pediu férias no emprego, pegou a bicicleta… e Odara. A border collie não podia faltar, é claro. Tratou de colocá-la numa cestinha improvisada atrás da bike - caixa de plástico

Patas, pés e bicicleta


sem luxo daquelas de supermercado - e foi. Apenas mais um rapaz latino-americano sem dinheiro no bolso seguindo um impulso porque deu na telha. Ele, ciclista de primeira viagem, escolheu a rota da Estrada Real, de Ubatuba a Ouro Preto. Foram 18 dias até chegar ao destino. Em pleno ritmo do carnaval de 2012, os viajantes alcançaram a cidade de Ouro Preto. Odara costumava ficar na sua cestinha, quietinha, sem saracotear ou pular para fora, só nas subidas íngremes tinha que caminhar. No segundo dia veio uma das partes mais difíceis da viagem. “Eu tive que subir 1600 metros em uma estrada de terra que só fusquinha conseguia passar”. A travessia da fronteira física virou seu mote pra continuar a viagem, quebrou esse paradigma de que ele não era capaz. Mas, para [in]felicidade dos ciclistas que fazem o percurso, a Estrada Real não tem só uma subida. Nas outras várias pelo caminho, os três tinham que decidir se iam andando, pedalando ou se paravam e voltavam atrás. Ou melhor, os três não, um. Eles se entendiam através de olhares e gestos sutis, era como se fossem um só: um cachorro-humano-bicicleta. Leandrodarabike. “Eu comecei a ter uma maior telepatia com a Odara, se ela levantava a orelhinha eu já sabia que tinha acontecido alguma coisa”. Depois da sua primeira viagem, não dava pra ficar parado em São Paulo, sua vida não era mais a mesma, mesmo se quisesse. Em plena Copa de 2014, resolveu se aventurar em uma nova viagem. Dessa vez suas pedaladas atravessariam o Uruguai e, em meio ao litoral da cidade de José Ignacio, no dia 17 de junho, surge um novo personagem na história. Grandão, pêlos curtinhos e lisos, um tantinho branco e o resto corzinha marrom clara, cor de cachorro mesmo. Ele não abandonou os novos amigos, lutou até contra o vento que acelerava a bicicleta a 35 km/h. “Parecia um tourão correndo”. Leandro teria que atravessar uma balsa e pensou que seria um adeus para o companheiro. Mas a situação foi outra: “A balsa saiu da margem e o cachorro pulou para dentro. Agora eu seria responsável por ele”. O cachorro entrou para família e foi batizado de El Loco, já que seu comportamento tinha uma boa pitada de loucura. Pedalar por aí permitiu que Leandro desconstruísse a ideia de que a bagagem da vida tem que ser repleta de recursos para se alcançar a felicidade. “Eu me senti muito como um cachorro selvagem sem frescura. Tava comendo lavagem de galinha… e era mó delicia”. Chegar em São Paulo não foi uma adaptação fácil. “Na volta, eu não consegui me adaptar muito aqui, não tinha motivação aqui”. Formado em audiovisual, hoje Leandro trabalha dando algumas oficinas. Agora um viajante de carteirinha, o jovem já marcou seu próximo destino no mapa: Logo estará deixando os seus rastros por outros países da América Latina em uma motorhome, sua nova casinha a 4 rodas.

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Nyle Ferrari

Reprodução Foto

Diagramação

Rafael Ihara Texto

curiosidade humana impulsiona expansão daS fronteiras do nosso planeta Já tentou se concentrar pra ouvir a conversa alheia no metrô, no restaurante, na fila do banco? Ou já diminuiu a velocidade do seu carro pra saber como foi o acidente que está obstruindo a avenida? É provável que sim. As pessoas fazem isso simplesmente porque existe algo dentro delas: a chama da curiosidade. Graças a ela descobrimos muita coisa na ciência, na história… Chegamos até a pisar na Lua. A curiosidade natural do homem faz com que ele queira ultrapassar fronteiras - inclusive as do nosso planeta. Segundo o vice-chefe do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP), professor Roberto Costa, é essa curiosidade que impulsiona os estudos desenvolvidos tanto na astronomia (estudo dos planetas, da estrutura do universo), quanto na astronáutica (prima da engenharia, que consiste na exploração espacial com foguetes, sondas, satélites, naves). O pesquisador do IAG fez questão de salientar que muitas pessoas e muitos veículos de comunicação acreditam que deve-se explorar se outros planetas possuem condições de abrigar a vida humana porque a Terra não conseguirá mais, daqui a algum tempo, comportar seres humanos. Costa explicou seu posicionamento dizendo que o planeta ficará inabitável daqui a aproximadamente dois bilhões de anos – os homo sapiens existem há 300 mil, e os macacos pelados, como disse o pesquisador, não existiam há 100 milhões de anos. Portanto, os ciclos de vida dos humanos e dos plane-

tas possuem escalas de tempo absolutamente diferentes. Quando a vida na Terra não for mais possível, os humanos de hoje já terão se transformado em outros seres diferentes. Mas essa curiosidade pelo que acontece no universo só pode ser sanada graças a grandes investimentos em pesquisas, tecnologia, inovação, capacitação. Sabe quanto o Brasil já gastou só com o estudo da astronomia de 1965 até o ano de 2014? 212 milhões de dólares já ajustados pela inflação da moeda no período, segundo levantamento do IAG-USP. E olha que estamos falando só do Brasil que, segundo o professor Costa, é um dos países que menos investe nessa área. Com essa grana seria possível construir 48 hospitais com capacidade para atender, cada um deles, a uma população de aproximadamente 40 mil pessoas. E então fica a pergunta: será que vale a pena investir tanto dinheiro em áreas como astronomia e astronáutica? Para encontrar a resposta, basta olhar os equipamentos mais usados pela população atualmente. Celulares, computadores e tablets só existem graças a tecnologias desenvolvidas por esses dois campos de estudo, segundo o vice-chefe do IAG-USP. Os Estados Unidos são o país que mais investe em astronomia e astronáutica no mundo, o que explica o fato de serem um dos maiores desenvolvedores de novos produtos tecnológicos. Talvez eles queiram mostrar que não é suficiente serem a nação mais poderosa da Terra: eles também precisam dominar o universo.


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...e descobertas surpreedentes na terra Entre fotos de amigos e textos sobre política, encontrei uma citação, daquelas que circulam na internet e a gente não sabe quem é o autor. “Somos os filhos do meio da história”, começa a frase, “Nascemos muito tarde para explorar a Terra e muito cedo para explorar o Universo”. A inquietação me pareceu razoável: o mundo é vasto, já dizia Carlos Drummond de Andrade, mas ultimamente ele tem mesmo parecido cada vez menor. Nós já descobrimos todos os continentes, mapeamos cada pedaço de terra e, através da internet, temos acesso aos lugares mais distantes sem precisar sair de casa. Já pisamos no topo do Monte Everest e até na superfície da Lua – mas a exploração interestelar, talvez a próxima grande fronteira a ser conquistada, só será possível num futuro muito distante, mesmo se considerarmos as perspectivas mais otimistas. O que restaria, então, para os exploradores do século XXI? A resposta, creio eu, é que talvez estejamos pensando pequeno quando achamos que nascemos tarde demais para explorar a Terra. Se a sensação é de que já conhecemos tudo o que tem por aí, eu diria que na verdade o buraco é mais embaixo – 11.033 metros, para ser mais exata, se estivermos falando da Fossa das Marianas, o local mais profundo do oceano e talvez o menos explorado do planeta. “Na verdade, tem muita coisa ainda para explorar”, diz o biólogo

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es alhã g a aM l Luiz ssoa e ri p erra vo i F u e q l Ar Ny

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Luis Felipe Toledo quando lhe pergunto a respeito. “Não precisa nem ser nas profundezas do oceano: na areia da praia que as pessoas vão tem organismos ainda não conhecidos, no terreno baldio em São Paulo tem espécie nova de sapo”. Toledo estuda os anfíbios, e recentemente coordenou uma pesquisa que descobriu uma nova espécie de rã: a Pseudopaludicola jaredi. Encontrada na caatinga, nos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte, a nova rã pôde ser diferenciada pelo som. “Cada espécie tem um canto diferente. Então às vezes, indo pro mato, a gente acaba escutando uns cantos que a gente nunca ouviu, e aí com a análise do DNA consegue descobrir que é uma espécie nova”, detalha o biólogo. E por que não explorar o passado? “Tenho todo dia a possibilidade de me deslumbrar com a realidade da extinção e a enormidade do tempo geológico. É uma grande lição de humildade, ‘ressucitar’ os nossos ancestrais biológicos e olhá-los nos olhos. Eles têm muita história para contar”, relata a paleontóloga Aline Ghilardi, líder de uma equipe que, por meio de um osso fossilizado, descobriu uma nova espécie de dinossauro na cidade de Sousa, no interior da Paraíba. “Novas ferramentas para buscar mais conhecimento estão sendo desenvolvidas a todo instante. Temos muita gente trabalhando por isso”, diz Aline. “Em breve, vamos quebrar mais uma fronteira. Alguns

colegas dizem que é o espaço, mas eu te digo, com a minha experiência como paleontóloga, que ainda temos muita coisa para descobrir por aqui mesmo”. Ambos os pesquisadores com quem conversei são apenas dois exemplos das infinitas possibilidades de descobertas que podem ser feitas na Terra – não só de novas espécies, mas também novas tecnologias, novos avanços na medicina, entre muitas outras. Talvez sejamos os filhos do meio da história, mas essa posição não me parece menos interessante que as outras. Não vivenciamos a descoberta do Novo Mundo, mas temos vários novos mundos aqui e agora, esperando para serem explorados.

Aline Ghilardi

Luis Felipe Toledo


de

AS MARGENS DO SEXO

*baseado em depoimentos reais

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Me apego mu ser casual. ito fá a r a cil, o ra p E . sex e x u s s a e i l b , e u coloc como ad os o z o n i i f o se em m de a e xo c pre a m o o u o o d u t s r o o d m h , l t o o u r co o c éa ba op g an orpo o os l go tra Qu a ç u s . rte o o d E a g r a é n e o t x o i ã a de a . de ou qu se nsar n mor a o r t t t r o q o, . Po n ue e e t q r u s so o do om ,p teira se diluísse e se n o r o m f i nti d o se ma n u r a xo se st fos o m se o m ,s c

e cê

igo os mais am s. Na maioria d a ficam s veze e só gar, nos am s a m r o o algum lu ade s . lava O se uld e, em x o c fac o ou s é mo pro rte da existiu e é estranho p e o e r f v n p s a b ar q ri d igo ito sem u e o e am nc alg mu am sex uais. Pode s o e o r o erão ig u o m qu r, ue af laç ca s r e o orq nun n se t s eir ,p que meu prime m a exo arece so i s r f o a c cil m. P is o i n m m tat do o c om

r. Sexo é sexo, e s exo e amo ó. Per s i e r di a pa e s virg re q u r e o p n o s s o p c m onhece a ind s n m a r t e ade mos e S s . o d mu m n i com e t ito m o outro. É meu mo en e r b a o b s o r m e em um ã ento pa im – . N e m m pu ia s u ais tem re o b s ta í o n om b c m i n r a s e ção des u t q l o i a m eu o u a t s q sas d o. É ui um m – ou u m e a a s l s u z c i u e c r e . h O n coi on sexo va rep e se co sa s d i fu od m u a s r i uito o . e s n A o fin alé ma çã m a al, a r m de at u vo ais

sc o i sa

eira vez, eu queria que fosse alg a prim o m minh é ais. era Mas o amor maior que t u . M d o a – de mo trega sd f e en i n . Co i t a vida depois de ivam eu tu ed mo o a minh e ça u t es e e udad r exp nte do e fian r e a m con ter m r m r ad ime eir ai e ssa ima, ou uma o o n d b a po ad os aprox r t r l r n e a i e r a u qu a d u , qu o. isti el, q sin e x v É a cab oní um ee rreira no meu modo a d a b e nsp pr e no nxe tra uma s r g te a ar rou fa a eb en qu Texto

Isabel Seta

Diagramação

Nairim Bernardo


Claro! Setembro / 2016 11

Texto

Heloísa Iaconis

Diagramação

Nairim Bernardo


Qual é o seu país? Como cartografar algo tão intangível quanto o mundo das séries? O Claro! montou um mapa baseado nos dados da IMDB Rating (Internet Movie Database), reunindo as séries de maior nota e popularidade com mais de 50 mil votos. A proximidade geográfica estabelecida corresponde à relação temática entre elas, formando continentes repletos de magia, mistérios, conflitos políticos e o que mais a imaginação permitir projetar. Acesse Facebook.com/claro.usp para ver as séries mais votadas.

The Sopranos

Fargo

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The Wire

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Dia ão traç Ilus

GAME OF THRONES

Breaking Bad

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Narcos

Doctor Doctor Who Who

Firefly

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Game of Thrones

Leyla Ile Mecnun

Peaks Blinders

House of Cards

Sherlock

Daredevil

Rick and Morty

House MD

Freaks and Geeks Death Note

Arrested Development

Stranger Things

Friends Sei

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True Detective


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