O CAMINHAR DO ANCIÃO

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O CAMINHAR DO ANCIテグ

Redenテァテ」o-PA Inverno de 2009 3


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O CAMINHAR DO ANCIテグ

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Idevilson Bandeira Fernandes

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Idevilson Bandeira Fernandes

O CAMINHAR DO ANCIテグ

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O CAMINHAR DO ANCIÃO Capa: Alufá-Licutã Oxorongá Digitação: Idevilson Bandeira Fernandes Editoração: Alufá-Licutã Oxorongá Revisão: Alufá-Licutã/Idevilson Bandeira

Ficha catalográfica: Fernandes, Idevilson Bandeira O CAMINHAR DO ANCIÃO Idevilson Bandeira Fernandes-Redenção-Pará Literatura Sul Paraense - poesia

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O CAMINHAR DO ANCIÃO

Fernandes, Idevilson Bandeira O Caminhar do ancião: poesia Apresentação, Alufá-Licutã 160 p.; il.

Redenção - Pará

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“Eu quero derramar o leite poético na calçada do sentimento, fazer da vida uma eterna poesia em busca do outro”. “A poesia descansa na calçada, em busca de novos sentimentos para projetar o mundo subjetivo”. “Muitas vezes deixamos a poesia escapar do sentimento, ela se vai para nunca mais voltar. Quando retorna, vem com nova roupagem”. O autor

“Pois vêem-se chamas nos olhos dos moços, mas no olho do ancião vê-se a luz”. Victor Hugo (1802-1885) A Lenda dos Séculos

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APRESENTAÇÃO “Há tempo que penso em te visitar/Para conversarmos sobre o mundo/ para pensarmos sobre Freud/ para discutirmos Sartre”

Com estas palavras Idevilson Bandeira rasga o véu, de cima a baixo, de toda a sua luminosidade humanística e nos descortina a sua alma andeja de poeta. Desta forma me foi trazido, ou melhor, me foi presenteado uma bela fábula redencense: o caminhar do ancião. No dia em que Idevilson me procurou, trazendo consigo este seu belo livro de poesia, ou como o próprio disse: “alguns rascunhos que merecem ser lidos”, não imaginava a sua intensidade. Não falo aqui propriamente do educador Idevilson, deste já conhecia toda a intensidade, falo, naturalmente, do escritor, do poeta que tem a capacidade de exercer uma força mágica pelo que escreve, pelo que quer dizer e diz, sem medo ou receios, sem entremeios em suas falas. Eu sempre digo que: a todo e qualquer poeta que quiser entrar em minha casa, as minhas boas vindas. Todo e qualquer poeta, pelo simples fato de serem poetas e de fazerem poesia, já me oferta um presente que gentilmente agradeço. Contudo, nem todos me surpreendem. Mas Idevilson, com o seu “O caminhar do ancião” me surpreendeu. A sua poesia é suave, esquemática, colorida, introspectiva, de lirismo neo-simbolista. A poesia, em “o caminhar do ancião” não conhece somente o tema da saudade vaga e a fascinação pelo mistério, mas se deixa iluminar pela luz da esperança e da serenidade. Por isto ele escreveu: Hoje talvez temos tempo para sonhar/ pois o sonho é uma ferramenta que/ brota de uma reflexão sobre o mundo/[...]Sobre os ombros que tudo suportam/ e que carregam a dor e a agonia da noite [...]

O caminhar do ancião certamente não é a história brasileira, não é uma epopéia paraense, tampouco um 13


manual de achados antropológicos. É tão somente um livro repleto de imagens e simbologia, onde o vento (e todo o vendaval da vida) se completa com o menor murmúrio, o menor cicio suave e tranqüilo de uma existência humana. Em “O caminhar do ancião” podemos vivenciar um poeta visitando seus pensamentos poéticos. Para ser mais exato, podemos presenciar um poeta nos presenteando com seu livro de poesia. Vasco José Taborda, ao apresentar “Do Mar e de Outras Coisas” nos deixou estas belas palavras: Os poetas nascem no céu. Descem à Terra por destinação. O sofrimento afina os sentimentos como o fogo afina o ouro. Se não houvesse poetas não haveria beleza. Quem a destacaria, na Criação?... Quem não luta, não sofre, não ama, não chora – jamais fará poesia. Lendo “O caminhar do ancião” vemos o quão ele é atual e necessário para nós, pois fala de pássaros, manhãs, bosques, árvores, alvoradas e pôr-do-sol, além disto, fala ainda de outros fenômenos paisagísticos tão particulares, tão paraenses, tão redencenses... Fala de aurora, de esperança, de suor, de trabalho, de fé, de crença, de paz, de sonho, de silencio, de ruptura, de semente, de orvalho e de colheita. Fala em se “plantar a semente da esperança nos corações dos homens na eterna busca de conhecer as necessidades, os opostos”. Fala que “Os homens tudo podem, tudo querem, tudo buscam”, no entanto, “Nada podem, nada querem, nada buscam, nada vêem, Apenas querem ser homens, querem a vida para a memória”. Idevilson, em seu “O caminhar do ancião” nos “indica o caminho de que é preciso lutar e superar a dor”, nos mostra que de repente, tudo o que nos “dilacera o sentimento, o momento vivido como olhar perdido na estrada que leva ao coração”, pode nos levar para uma outra estrada, onde possamos “olhar para o outro e 14


compreendê-lo na exatidão das mãos dadas, dos dias idos”. Pois, nos ensina Idevilson que: O sol se levanta para cobrir o homem de luz/e trazer a boa nova de que a razão vai iluminar vida/ e mostrar que somos responsáveis pela dor/ que corta a existência o sonho o sorriso e a esperança.

Diz ainda: Não podemos perder nossa crença na razão na força/No desejo que brota da consciência da ânsia/ de que o homem é capaz de sonhar e criar o novo na esperança/de um mundo melhor onde todos possam sorrir com paz.

Talvez por tudo isto é que Idevilson nos indica que: Ao olhar o horizonte e ver as estrelas não devemos nos/ sentir sozinhos pois a busca pela existência tem que/continuar e produzir vozes que irão ecoar nos vales/ do sentimento da imaginação e da razão.

Pois, “há muito o que se ver no espírito humano e traduzir o pulsar/ Há muito há se buscar na voz que murmura o sentimento/ Há muito que se debruçar para se construir a vida/ Há muito para ser edificado até que os sonhos se realizem”.

Li diversas vezes alguns poemas de “O caminhar do ancião” e, em todas as vezes que os lia, ou os relia, vi, vergada em suas linhas e estrofes poéticas, a vivacidade e o ar zombeteiro de Idevilson Bandeira. E isto muito me conquistou, muito me agradou, muito me aproximou dele, por ser tão certeiro em seu ataque. Eis uma amostra de versos tão saborosos: Hoje, pela manhã, quando/ olhei para o nascente/ senti vontade de visitar/ meu pai, para olhar seu rosto/ e ver o sentimento do mundo/ em seu olhar contemplando/ o horizonte que tanto procurava/ [...]imaginei chegar em sua casa/ dar-lhe a bênção, sentir suas/ mãos frias em minhas mãos/ nos tantos anos caminhados/ Seria tão bom abraçar-lhe/ pois um filho necessita de/ proteção, de carinho, de afago/ de algo que lhe diga sobre a vida.

A poesia de Idevilson, neste seu “O caminhar do ancião” não conhece somente o tema da saudade e do mistério, mas 15


se deixa iluminar pela luz da esperança e da serenidade. Por isto ele poeticamente escreveu: Sou uma semente que/ germina no fértil solo/ da existência/ proponho para o mundo/ frutas doces, cálidas, mel/ Quero a paz do mundo/ como sombra do discurso/ da linguagem que esvai/ Há muito o que sonhar/ pois os sonhos são/ possíveis de se ter/ Quero novos caminhos/ a seguir em cada hora/ em cada dia, em cada aurora..

Lendo o poema: Pedra que dormita no tempo, muito me agradou pela originalidade estilística das imagens e pela fina sabedoria que encerra: Há um tempo na existência de plantar e colher/ de buscar sentimentos para a vida nascer/ de menino travesso, hoje estou ancião/ peregrino da vida, parceiro do coração [...] Caminheiro eu sou, caminheiro do coração/ de menino a ancião, construindo a razão.[...] Eu sou Pedro, eu sou pedra que dormita no tempo/ sou menino travesso, construtor de sentimentos.

Sabemos que a língua escrita é meio preliminar e necessário para a construção da luminosa trajetória da civilização de um povo. Sem a língua escrita, como aprimorado meio de comunicação entre os povos, impossíveis se tornam cultura, ciências, artes, progresso. Atenas e Roma, graças à língua grega e latina, ilumina ainda hoje a historia universal. Enquanto na mesma época, homens africanos fizeram feitos inomináveis, heróicos, embora não registrado, todos estes feitos ficaram apenas para a sua época, para o seu povo. O que um povo faz e gasta para construir, aperfeiçoar e conservar sua língua é um patrimônio bem empregado. Por isto a importância de “O caminhar do ancião”. Por isto se deve enaltecer a coragem do poeta Idevilson Bandeira em lançar este livro, em nos presenciar com este livro de poesia. A linguagem, embora simples e simbólica, nos brinda com uma rica imaginação ao ponto de nos fazer criar uma nova e fantástica visão do terreiro redencense. Pois, se não há lugar deserto ou pedregoso que não surja alguma flor para consolar com sua cor e seu perfume a árida solidão, 16


Idevilson Bandeira, neste seu “O caminhar do ancião” nos mostra que as coisas podem até não mudarem face a imutável e exigente natureza, tanto a dos homens quanto a do universo, contudo, ao findar a sua leitura, ninguém fica omisso de uma verdade: Tudo pode mudar, só o homem não pode passar sem os seus sonhos de poesia, pela qual, o homem deve andar, levando para a frente sua vida de fé e esperança. Alufá-Licutã Oxorongá Poeta

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Em memória de José Ribamar Torres Fernandes Meu pai O retrato da poesia repousa sobre tua face transmutando lembranças daquilo que situou-se em seu coração mostrando a quietude do teu ser numa caminhada perene A cumplicidade do tempo foi tua companheira dilacerando metáforas renovando a vida num caminhar permanente ante o brilho dos olhos do ancião. Idevilson Bandeira Fernandes

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Agradecimentos A Deus, por seu amor para com a humanidade À minha família, em especial à Leinha e filhos, pela paciência Ao Alufa-Licutã Oxorongá, pelo apoio literário Aos amigos e amigas que labutam na educação escolar cotidiana “A flor brota o perfume A regar a cálida e despretensiosa amizade nos discursos que travamos na compreensão da existência para nos tornarmos humanos simplesmente humanos e agirmos sobre o mundo”

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Tempo (Para Aloísio Sales, O Lorsheider)

Há tempo que penso em te visitar para conversarmos sobre o mundo, para pensarmos sobre Freud, para discutirmos Sartre. A nossa consciência nos convida a filosofar, a dizer coisas e pensar que o mundo poderia ser bem melhor do que estar. Eu sei que o tempo é pouco. escorre em direção ao centro da galáxia onde mais uma vez sonhamos tanto naquelas noites. Quantas estrelas vimos se derramar numa contemplação poética que somente Sartre sabe explicar, Freud também é testemunha; Ah, se fosse possível mais uma vez contemplarmos o céu e ver como as estrelas são belas, etéreas, num firmamento de luzes. Provenientes do dançar dos átomos que pulsam no interior do infinito enquanto nossos corações contemplam o firmamento. Eu sei que ainda será possível, pois o ontem pode se repetir no amanhã E dizer que o céu da nossa adolescência não é mais o mesmo, as nuvens o levaram Enquanto nosso ser contemplava o infinito. 23


Poesia sem data (Para Antonio Menezes, no dia do jabuti)

As horas correm, eu passo na Av JK vejo uns bêbados sentados na calçada rodeando uma garrafa de aguardente, discutem coisas que não consigo entender. Olho em seus rostos e vejo o espanto, uma pergunta que rasga o espírito; tomam um gole de um só golpe cospem no chão desenho dimensional. As moscas rondam atrás de vapores, todos se olham, sem saber que horas são nem qual dia da semana e do mês, todos querem estar ali, Rodeando o troféu de aperitivo, atrás de um furtivo gole de rum numa noite sem fim, sem dores, sono leve cheio de pesadelo. No intervalo que os vejo parece o infinito, pés roliços de tanto estar ali. Não sei por que não vêem a noite chegar, estão absortos à espera de mais um trago, De um afago que não vai chegar. Que se perdeu há muito nos dias frios de inverno, na chegada da aurora da existência da outra noite. Amanhã, talvez eles continuem lá sentados na calçada, pés descalços, todos se contemplam numa felicidade sem fim, sem rumo, de um dia de uma noite. 24


Olhando para a aurora (Para a professora Nilma Ferreira Pinto, in memórian)

Hoje, talvez temos tempo para sonhar, pois o sonho é uma ferramenta que brota de uma reflexão sobre o mundo. Há quanto tempo não se pensa assim, talvez pela dúvida que paira sobre nós sobre os dias de existência pesada. Sobre os ombros que tudo suportam e que carregam a dor da agonia da noite mas temos que ser fortes e lutar pela vida. Temos que olhar para a aurora e acreditar, ver no sorriso da criança a chave para um mundo de paz, de amor. Esse sorriso pode aquecer a dor de olhar para as estrelas e vermos o que não vemos, o que não sentimos. Talvez ainda temos forças para lutar, para correr e alcançar nosso objetivo, nossa busca do sorriso da criança. Jamais devemos abrir mão do sonho de alcançar uma estrela e oferecer a uma criança que possui a chave A dimensão da vida numa plenitude de paz, de amor, de sorriso, da chegada do abraço fraterno, do sonho dimensional De uma noite que vai trazer um novo dia 25


Para iluminar a vida do homem que se levanta ao sol e cuja sombra caminha Em direção ao poente, a uma outra noite em busca de um outro dia, num ciclo eterno de existência da ânsia de lutar pela vida. 30 de dezembro de 2003

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A palavra (Para Maria Clara Bandeira, por sua generosidade e Félix Bandeira Fernandes).

A pá lavra a terra em busca da linguagem, a linguagem redime o homem de sua condição, de sua porta de entrada no templo da razão para a compreensão das nuances do mundo. A palavra traz o sentimento e a dor do mundo, busca o devir heracliteano no rio que corta o ser, manifesta a solidão da noite e a dor do crepúsculo, mostra a aurora cujo orvalho banha a flor. A palavra liberta o homem do cárcere do silêncio, renova a esperança de uma manhã de sol, do gosto do vento que sopra vindo do leste, da ruga do ancião que dormita o silêncio. Às vezes o sentimento irrompe o calar e busca na expressão da linguagem uma nova mensagem de que é preciso reinventar o sorriso, o gesto, o olhar, a dor, a flor. Não basta esperar a primavera para sorrir, é fundamental discorrer a palavra sobre o silêncio, as linguagens dizem tudo, mostram o sentimento, trazem consigo um caminho para o homem. Expõem a beleza das pedras que seguem em volta da estrada, que levam ao coração a palavra das plantas, que brotam entre elas mostrando ao homem de que a palavra traduz todo o sentimento. A palavra é a porta de entrada e a janela para o outro e para se ver a si mesmo na dimensão da 27


Plenitude humana, da espera da construção do ser que caminha na trilha da existência. Numa dimensão maior, a palavra traduz a luz que vem da linguagem, da ação do homem sobre as coisas, sobre si mesmo, sobre sua interação com outro homem no outono. A pá lavra a terra que faz brotar a flor, que inunda a linguagem de uma manhã de primavera. 5 de janeiro de 2004)

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Ruptura (Para Marco Antônio Cunha da Silva) A aurora traz a esperança para o coração do homem e renova a fé na vida, a crença na vida, a luta pela vida; pois é lutando pela vida que seremos felizes nos olhares. Lutando pela vida compreenderemos nós mesmos, num vínculo permanente, que é preciso lutar organicamente com ânsia da respiração ofegante, o suor do trabalho. É preciso reinventar o sonho, a paz, o amor, a carne; é necessário um novo modo de fazer política partidária, é preciso dizer à criança que vai nascer, mostrar-lhe o sol! Jamais cederemos ao medo, à ânsia do silêncio, à ruptura; buscaremos força na razão para construir a vida e a paz, diuturnamente lutaremos pela vida sem medo do medo. O coração do homem pulsa amparado no desejo, na voz, na peleja do acreditar, na luz do sol, no dançar da energia, na voz da criança, no sorriso tênue, nos olhos que abrem. Talvez haja uma conexão entre sonho, realidade e paz para que o homem possa compreender a si mesmo e o mundo, numa dimensão única, no pulsar da matéria, Na voz que irradia o caminho a percorrer, para trazer consigo as marcas que mostrarão ao homem que o amanhã é uma chave a percorrer na realidade o meio. Nesse percurso, a aurora espelha um painel composto de vozes que murmuram o pulsar da matéria, o desejo do homem em buscar o caminho, a percorrer para a razão. 10 de Janeiro de 2004

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Poesia para o amanhã (Para Rosimar Brito e Francisco de Assis Bandeira Fernandes),29/01/04

Devemos plantar a paz no coração do homem através da semente da razão, do coração. Devemos ver a aurora cobrir o orvalho com o calor do sol, com os ventos que sopram do leste. Nunca podemos esquecer que o homem nasceu para amar, para plantar a semente da esperança nos corações dos homens, na eterna busca de conhecer as necessidades, os opostos, as vozes que ecoam da razão, do ver o mundo numa outra latitude, numa outra atitude, numa nova esperança, nas vozes que gritam pela paz. Nunca devemos desistir de nossos sonhos, de nossos desejos de paz, para isso, precisamos acreditar no homem, na sua voz, nos anseios que brotam ao amanhecer, na cruzada da labuta pela vida, pela lida, pelas mãos calejadas, pelas estradas percorridas, pela poeira ao céu, pelo dia que não veio. Pelo anúncio de que é preciso sonhar e fazer da vida um labirinto de buscas, uma perspectiva pela saída em busca de uma via que leve ao sol da liberdade à idade da criação, da razão, de ser das coisas, das atitudes do homem que dormita esperando a luz. Não, não é cedo para se buscar a paz, nem é tarde para se lutar. A vida é, então, uma janela pictórica, onde Pablo Picasso esboçou sua guernica, sua repulsa Contra a guerra civil espanhola, os descaminhos que Franco impôs ao povo espanhol na adolescência do Século XX. 30


Uma nova poesia (Para Jader Moutinho)

Quando Mário de Andrade esboçou a semana de arte moderna, criou um sentimento de liberdade e as vozes ecoarem com todas as matizes, com toda a força retida há séculos, pelo formalismo. Oh! Mario de Andrade e toda a troupe que projetou o teatro modernista, vós semeastes a palavra ao povo à vida cotidiana, ao sol ardido com o sentimento de brasilidade, vós plantastes a liberdade da palavra. A liberdade do verso branco, do sentimento imediato, do bêbado da calçada, do olhar que reflete a multidão, o desalinhar da história ante aos olhos ativos. Vós destes asas à imaginação criadora do menino, que ver o sol e sonha. Uma vontade de ver o mar, de correr na areia e sentir a liberdade da brisa, um anseio de sentir e doar o sentimento para a palavra, para a vida, o mar, navegar na busca de uma vida repleta de buscas, da razão, de ver o mar. Pois o mar leva à liberdade, a novas terras, a novas descobertas, ao sonho. O mar leva o corpo, a razão, o anseio de pisar no chão e descobrir que mar e terra são co-irmãos para o navegar das palavras livres, Projetadas na semana de arte moderna de fevereiro de 1922, onde Manual Bandeira, a golpe de metáforas semeava sapos nos parnasianos, resgatando a palavra livre de formalismos, dando-lhe forma à forma perdida no martelo da erudição. 31


Donde, nessa empreitada artística nasceu um novo paradigma poético, livre capaz de voz às vozes da multidão, de fazer nascer um novo dia onde o homem é capaz de fazer brotar sua vida, germinada de esperança. 29 de janeiro de 2004

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Poesia esquecida sobre o armário (Para Antônio Carlos Vieira de Melo)

Ontem eu vi um gato pular o muro e olhar para céu, vi também uns homens conversando na calçada com os olhares atentos ao firmamento, como o gato. Vi a linguagem destilar-se ante aos olhos da vida que corre como brasa a cozinhar o feijão, a costela do boi, quando a espera escuta as vozes que vêm da rua, do brado. Uns homens estavam traçando planos para o futuro enquanto crianças brincavam de andar bicicleta, eles estavam absortos em busca de um objetivo. Muitos são os planos feitos, pois a vida voa célere rumo à inexatidão do cosmos, do centro da galáxia, daqueles diálogos tudo se constrói, tudo se planeja. Os homens tudo podem, tudo querem, tudo buscam, nada podem, nada querem, nada buscam, nada vêem, apenas querem ser homens, querem a vida para a memória. Talvez nessa busca perene, outras vidas venham dizer que o amanhã é hoje e que ontem, esboça a fotografia do tempo, da voz, da razão, do coração, do sentimento, da história, do ser. 23 de Fevereiro de 2004

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Página em branco (Para Núria Cruz Borba e as gêmeas que estão para chegar)

Em nossa vida há apenas uma página em branco a preencher-se. Em nossa vida o homem se constrói, cria mitos e fábulas, dá vazão à existência, elabora uma consciência, tem noite e dia. Busca na aurora sonhos para superar os desatinos, as vãs. Vai e volta num amanhã desconhecido, preenche um diário atento, oferece ao momento vão a fria noite mal dormida, esquece a dor, constrói artifícios para superar a noite e vê o clarão da aurora como a esperança de que o caminhar leva-o a atravessar a via. Num retorno efêmero constrói palacetes de vidro onde mira-se, tendo em vista uma perspectiva de que o sol bate seu rosto e indica o caminho de que é preciso lutar e superar a dor que dilacera o sentimento, o momento vivido, como olhar perdido na estrada que leva ao coração, onde um dia pode olhar para o outro e compreendê-lo na exatidão das mãos dadas, dos dias idos. 29 de Fevereiro de 2004

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O caminhar do ancião (Para José Ribamar Torres Fernandes, Meu Pai)

O sol se levanta para cobrir o homem de luzes e trazer a boa nova de que a razão vai iluminar a vida e mostrar que somos responsáveis pela dor que corta a existência, o sonho, o sorriso e a esperança. Não podemos perder nossa crença na razão, na força, no desejo que brota da consciência, da ânsia de que o homem é capaz de sonhar e criar o novo, na esperança de um mundo melhor, onde todos possam sorrir com paz. Ao olhar o horizonte e ver as estrelas, não devemos nos sentir sozinhos, pois a busca pela existência tem que continuar e produzir vozes que irão ecoar nos vales do sentimento, da imaginação e da razão. Há muito o que se ver no espírito humano e traduzir o pulsar, há muito que se buscar na voz que murmura o sentimento, há muito que se debruçar para se construir a vida, há muito para ser edificado até que os sonhos se realizem. Pois é a vida humana que dá sentido à natureza e transborda no rio do espírito, que enxerga a aurora como um guardião da poesia. Assim mesmo, não há limite para o sonho e ver que homem nasce de si mesmo na tentativa de compreender o mundo, de perceber-se nessa dimensão.

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Walking of the elder (For JosĂŠ Ribamar Torres Fernandes, My Father) The sun rises to cover the man of lights and to bring the good new that the reason will light up the life and to show that we are responsible for the pain that it cuts the existence the dream the smile and the hope We cannot lose our faith in the reason in the force in the desire that springs from the conscience of the faith that the man is capable to dream and to create the new in the hope of a better world where all can smile with peace To the glance the horizon and to see the stars was not due to feel alone because the search for the existence has that to continue and to produce voices that will echo in the valleys of the feeling of the imagination and of the reason There is a lot what if sees in the human spirit and to translate pulsing There is a lot there is if it looks for in the voice that murmurs the feeling There is a lot to lean over to build the life There is a lot to be built until that the dreams take place Because it is the human life that he/she gives sense to the nature and it overflows In the river of the spirit that sees the dawn as a guardian of the poetry

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Even so there is no limit for the dream and to see that man is born of itself Even in the tentiva of understanding the world if he/she notices in that dimension.

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As dezenove castanheiras (Para Margareth Camargo)

Os sonhos podem se perder à beira da estrada e se transformarem em cinzas, em pó, em dúvidas. Mesmo assim, há espaço para sonhar, para a esperança para a crença no homem, para o novo amanhecer. Foi assim a vida das dezenove castanheiras que espetadas ao céu esperam em silêncio por uma voz. Que redima o coração do homem e transforme-o num arauto da paz, da fraternidade, da crença no homem. Mas as dezenove castanheiras continuam a clamar por um novo dia, por uma nova vida, por um novo sol. Por uma nova luz a clarear a vida de esperanças como o sorriso da criança, que tudo ama e reluz. Oh! Como seria bom um mundo fundamentado na paz entre os homens, na convicção de que o homem confia em si e no outro homem, como as castanheiras amigas do sol e da chuva, do vento e dos olhares passantes. Da angústia, do silêncio a clamar por justiça, por liberdade, pelo caminhar confiante na vida e no brilho do sol. Pelo amor do vento à folha da árvore, que traz a sombra ao caminhante que no seu descanso clama por justiça. Por uma nova luz a incidir sobre a vida daquelas castanheiras 39


que tombadas para sempre, esperam o sol brilhar com o furor. Que o caminhante passa e contempla o altar onde dezenove brasileiros dormem para sempre, amparados na crença de Que a justiça vai vencer e vai trazer a boa nova, de que todos são irmãos e que este mundo é de todos, é de cada um na Dança da construção da fraternidade a iluminar o sorriso da criança que contempla o mundo num sorriso singelo. 17 de Abril de 2004

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Duas Esquinas (Para José Ribamar Neto, meu sobrinho)

Mesmo assim, temos que ver os jovens como continuação da vida, como a esperança para um mundo de paz, para um novo sorriso. São eles que mostrarão às crianças que o sol nasce sempre Os jovens são os guardiões da esperança, de uma nova página, de um alvorecer tênue, cujas estrelas darão um novo painel de cores, que será refletidas nos olhos das crianças que brincam na Rua Olga Lustosa Jovens, seu sorriso é belo, autêntico, reflexo da pureza que destila sentimentos, que jorra na fonte da vida que pulsa no peito a procura de aconchego, repouso no descer a água da ponte para buscar o rio em direção a uma outra fonte Hoje devemos ver os jovens como esteio da imaginação, da criatividade do olhar que contempla a vida numa rotina de esperança, de luta,de busca de construção de sentidos, de significados do outro, de si mesmo, do ser e do coração. Há tempo que o sonho brota na imaginação do jovem que caminha guiado pela busca, pela espécie, pela voz que murmura uma nova poesia, um novo canto de paz contra a guerra, contra o ódio, contra a mão, que ardente, açoita a noite. 17 de Abril de 2004

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Carta para Aloísio Sales (Ao Pedro Alves de Pinho, quando estudávamos a 8ª série)

Prezado amigo, prezado Lorshaider! Ao olhar para o cruzeiro do sul, lembro-me de você e aquela admiração por Carl Sagan quando via cosmos. Atrás do mercado municipal, numa noite que não lembro, fomos ver o céu e navegar na esperança, na crença na confiança, na ciência, nos valores de Augusto Comte. Para nós, naqueles dias, a física e a química eram duas ciências maravilhosas, que nos forneciam várias indagações, opiniões, sentimentos, confiança de que o mundo é belo E que o homem é bom, nasce para ser bom, mas Freud duvida, pensa que não diz, que não afirma, que as dores prevalecem, que o ego o id e o super ego vivem em permanente antagonismo, em rumores internos que inquietam a alma, que desequilibram o sentimento da construção da base a fornecer combustível para o pulsar da corrente sanguínea. Nós sabemos o quanto queríamos navegar pelo cosmos amparados nas idéias da física moderna das teorias do universo nas respostas que buscávamos na revista planeta nos manuais Ainda hoje, vejo você buscando no firmamento uma voz para o brilho do espírito, do canal de comunicação com os professores que buscávamos para nos sentirmos apoiados em nossas idéias de que Einstein tinha razão ao explicar espaço e o tempo como algo relativo

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Como um firmamento de proposições universais a libertar o silêncio, a bater nas janelas que estão além, num corredor onde a luz brilha nas portas laterais, que nos convidam a adentrar, caminhando lado a lado. Sentíamos confiança no mundo, nas pessoas ao nosso redor, pois elas eram para nós seres especiais, que precisavam se encontrar e sorrir com significados, com trejeitos esperançosos, com a confiança de que a vida erra. Prezado amigo, quanta saudade, quanta vontade de ver seu sorriso infanto-juvenil dizendo que Carl Sagan explica muita das teorias da ciência moderna, para que o homem fosse buscar nos manuais respostas significativas para a dor. 20 de Março de 2004

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Duas Portas (Para Terésio dos Santos Fernandes, meu irmão)

Há muitos caminhos a seguir pela noite, a contemplar as estrelas, existem muitas vozes a murmurar palavras em busca de paz. Onde todos caminham em direção à vida, na incessante busca do outrora, das raízes que nossa gente plantou em seu torrão. Talvez ainda seja cedo para esperar que pássaros passem sobre nossas cabeças, para que possamos contemplar o céu. Muitos são os dias idos, as vidas consumidas, o por do sol. Dúvidas existem, pois conduzem a novas buscas na noite. Quantas vezes contemplamos o sorriso de uma criança no alvorecer? Talvez muitas, talvez nunca, talvez sempre! Assim, a aurora mostra um retrato do homem que desperta a vida para o nós, exceto o eu, pois o que vale é o outro. E a esperança, o ato contínuo, os valores da ciência, a possível ida à Marte e a solidão do Cosmos, das estrelas. A água é possível ter, e seus compostos compõem vida, a cor do mar quando se está no espelho das algas. Foi naquele dia, a esmos, quando contemplávamos as crianças brincando na calçada que descobrimos a vida e sua beleza. A partir disso, vivemos intensamente, olhos ávidos ao novo, à esperança, ao vento, à liberdade. Meu Deus! O quanto a vida é bela, o quanto o homem pode ser bom e digno de valorizar o despertar do homem na solidão do Cosmos, onde estamos a sós, em busca de novas respostas, de novas indagações de novos sorrisos. Brasília, 24 de abril de 2004

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Poesia para a mamãe (Para todas as mães de Redenção)

Mãe é amor, é caminhar de mãos dadas com o filho, é mostrar o caminho, é andar guiando os passos. Mãe é sorriso quando tudo parece difícil, quando o turvo tira o brilho do sorriso da criança, do menino e do homem. Mãe é amiga nas horas mais difíceis, nas desesperanças que às vezes nos assolam, nos tira a alegria. Mãe é uma flor que enche de perfume nossas vidas e nos diz que o sol vai brilhar lá fora, que a aurora vai trazer um novo dia. Mãe é o diminutivo de mamãe, mas não é pequeneza, é grandeza, é força, é garra, é paciência, é a inteligência que nos educa para os caminhos da vida.

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Mãe, é o amor de Deus para com a vida, é o alimento que nutre o corpo e o espírito do homem, que em todas as horas pode dizer: mamãe eu preciso de você! Venha me ajudar! 09 de maio de 2004

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Eclipse Lunar Para Aloísio Sales

As estrelas no firmamento contemplam o eclipse lunar que se processa, ante meus olhos, quando estou na quadra da Escola Palma Muniz, no dia 04 de maio de 2004, às dezoito horas e quarenta minutos. A sombra da terra se projeta sobre o espaço Lunar, num círculo gradual que entra e sai, mostrando a dança perpétua dos corpos celestes em busca de novas configurações e estigmas que trazem um novo sentimento ao homem E mostram as belezas que há no universo, como o eclipse lunar, saudando o início do verão nessa parte da Amazônia, resvalando reflexos de prata da lua, que, num jogo interativo com a terra esconde-se na penumbra do movimento. As respostas aos questionamentos caminham para o contemplar da beleza celestial proporcionada pelo eclipse lunar, que num panorama artístico proporciona novos olhares ao céu, uma nova utopia que projeta respostas, novas advindas da cosmologia: a ciência do universo. O movimento dos corpos celeste é um convite à dinâmica da vida, que construída no cotidiano, pode proporcionar uma constante busca de nós; onde Freud, deitado em divã, tantas vezes refletiu, através da busca continua, às indagações sobre o ser. Tal como os astros celestiais vagueiam em busca de um encontro com seu semelhante, para uma conjugação 47


dos verbos que denotam atitude, ação, procura, eclipses no sol a pino drummondiano, da existência construída pela fuga do óbvio, dos eclipses que tentam perpassar nossa existência, nosso cotidiano, nosso olhar para o céu e para nossos semelhantes num entardecer eclipsial. 05 de maio de 2004

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Imagens e Sentimentos Para Levi Alves da Silva, retrato do filósofo do cotidiano, 27 de Maio de 2004

Narciso, ao debruçar-se sobre a fonte depara-se com Freud. Há uma nítida imagem a refletir o sentimento corroído pela dor do tempo, pela passagem das horas. Há um buscar de si mesmo na solidão social, muitos sentimentos dormitam na ruptura dos pensamentos, das teses, do íntimo ser do que poderia ter sido, das buscas pelo real. O espectro da imagem aglutina angústias, remove sentimentos e olhares alternativos que semeiam novos brotos, configurando-se outras paisagens, outros eus, outros nós. Pois estes seres nasceram para o social, para a miragem do espelho narcisíaco, para o contemplar do absurdo do corpo que se vai para sempre, do exaurir das forças, do imediato, do pulsar cardíaco das horas vãs, da mitologia grega, onde a deusa, seu amor ofereceu e narciso renegou, buscando o reflexo de si no regato da cálida fonte, onde zeus o transformou na bela flor que habita as várzeas sonoras de passarinhos, a saudar a aurora, o chegar da luz para clarear o olhar do eu da imagem púrpura que reveste o auto ego. Onde Freud postulou a existência do id, do ego e do super ego, contribuindo ao entendimento Da complexidade dos narcisos que cruzam a fronteira da humanização vygostiquiana. 49


Poesia para o Amor de Mauro e Sandra Uma luz brilhante cruzou o céu e veio iluminar o sorriso de dois jovens, veio lhes trazer a boa nova do amor, do sentimento, da verdade, do querer. Neste momento, suas vidas tornaram-se uma única voz, um único pulsar de alegria em busca da felicidade, do eco perene dos que se amam e partilham do mesmo sorriso. Oh! estrela bendita, quanto unistes o coração desses jovens, esperançosos na vida, no caminhar de mãos dadas rumo ao amor e à busca de que os sonhos se concretizem. É por isso que acreditamos no amor, na união e no desejo de construir uma família, um mundo melhor, repleto de sentimentos sublimes e ternos, pois assim, estamos caminhando de mãos dadas No enlevo mais alto, mais terno e perene, onde o amor é o guardião da vida, da felicidade, do bem querer, do caminhar para a gratidão, para o encontro do sorriso que vem do coração O amor é um esteio a unir para sempre esses jovens que caminham confiantes, um no outro e os dois na vida, na crença de que o sonho torna realidade o sentimento e a esperança. Foi o sonho, a força motriz da união desses jovens, com ele, a construção do possível tornou-se em caminhada, em ritmo de vida, em fragrância do perfume da alma a impregnar para sempre o sorriso e a esperança de Mauro e Sandra. 50


Poesia para José Ribamar Torres Fernandes Um coração e o mundo, um sentimento de tudo no silêncio vesperal da varanda companheira. O contemplar o céu azul, o pulsar do corpo na cálida tarde que mais parece um recital poético. O passado contemplado de uma infância que vai longe e se perde na caminhada de Loreto ao Lago. Os pais a guiar sua mão no almoço da viagem, nas curvas que parecem apontar para a chegada. O galho da árvore lhes deixam órfãos no frio dia dos anos 40: Um menino e seus irmãos perdidos na imensidão da vida. A retidão a lhe guiar em busca da vida que estar em flor, na longa construção de si mesmo em torno de uma teia social. Os passos dados na fria poeira da nova morada, um quê de busca 51


Do pulsar diante do que virá na hora exata, da força que desperta. Ao olhar o horizonte, descobre-se capaz de caminhar para a vida e edificar seus pensamentos, sua ida pela poeira dos dias, dos momentos frêmitos. Institui família rumo a pedras de cristal; em Xambioá, nasce o rebento primogênito. Sem perder a ternura retorna ao Maranhão e supera a aridez do final dos anos 50. Acredita que o mundo será seu, pois a existência é um desafio a ser superado, um portal a ultrapassar a fronteira de si mesmo num gradear perene. Menino corajoso, destemido, autodidata jamais sentiu repulsa dos espinhos tampouco afrontou alguém, nem a si vê o outro como par, deixa-lhe espaços, Traz consigo a tarja da lealdade, da complacência, do ver os dias continuamente como quem busca respostas a tantas indagações no outono que se repete a cada estação. Em cada momento da poesia existencial construiu a razão como uma obra surrealista, espelhando a angústia do tempo, das horas do contemplar a si mesmo como algo único. Como uma porta que abre-se para um vale, em que animais e plantas possam conviver 52


Pacificamente, em harmonia com o cosmos como o silencio que ecoa para sempre no coração E faz de sua vida uma obra a interpretar o quadro espectral do por do sol, cujos raios buliçosos, refletem-se nos últimos galhos da mangueira do quintal, a esperar respostas àquela vida Que a tudo contempla num silencio especial. Que somente os poetas existenciais sabem fazer, sabem projetar, colorindo de luzes o sorriso, a voz, o brilho do olhar para sempre. 27 de julho de 2004

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Rio Araguaia (Para Andréia, na militância do Centro Acadêmico da Uepa).

O Rio Araguaia é uma serpente etérea a cortar o Serrado em busca do Tocantins. Por ele, navega a História do Centro Oeste nas mãos calosas dos bandeirantes taciturnos. Ao meio-dia espelha o céu, espelho d’água, navegantes banhos em tuas encostas como gaivotas a bailar segues o curso da natureza, onde a arraia se reproduz. A beleza do Rio Araguaia está na sua gente ribeirinha, no curtiço do rosto ardido, Nas caudalosas águas silenciosas a abrigarem espécies diversas de viventes peixes, Que do alimento, retira a gente ribeirinha na luta constante de fazer do rio seu pão. Sua vida, sua história, sua ida e vinda, o corte do remo na água cálida que Tantas vezes Gil de Vilanova o rosto lavou na construção de Conceição do Araguaia. Há poesia nas tuas curvas, oh! Araguaia! Há história de um povo que faz do trabalho A construção da vida, a esperança no futuro, o ecoar das gaivotas pescadoras em desenhos És tu fonte de vida, de histórias tantas, de suor, 54


da busca pela arte esculpida pela natureza, Das pedras drumondiana que habitam teu leito e fazem limo anunciando que o Araguaia é a Morada dos Índios Carajás, do luar, do sol e das nuvens que passeiam contemplando tua Beleza ímpar, espectro natural do Cerrado. 15 de setembro de 2004

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Rascunho (Para minha mãe, Antônia Araújo Bandeira, que me mostrou o caminho da escola)

Sobre a mesa, o papel à espera da poesia da vida caminhada pelas ruas e um olhar sobre os modos do povo em busca de algo. A folha escarlate abriga a palavra que entra pela luz dos olhos, janela do sentimento, dos batimentos cardíacos, das vontades. Nessa folha, tantos sentimentos e sonhos, talvez dores, talvez equilíbrio de um olhar sobre o dia que vai impulsionado pelas horas. É isso que dormita no peito do poeta, que busca na vida o combustível para entender e viver o mundo, para acender a razão. Assim, a vida se constrói, se torna voz, se torna silêncio, se torna monólogo, se torna diálogo, se torna busca e respostas. A folha tênue abriga linguagem, espelho do homem, espelha da voz, espelho do olhar e traduz desejos de comunicação, de ecos. Nessa espera e busca, nesses risos e passos, nessas dores e suores, construímos nossas vidas para um amanhã, talvez, de paz fraternal 30 de setembro de 2004

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Professor (a): um (a) mestre (a) para toda a vida O (a) professor (a) tem um trabalho especial: transforma conhecimentos informais em saberes formais, metódicos é um (a) guia consciente dos desafios que permeiam a vida da escola, que faz do seu ofício uma arte, um tributo ao saber. Mostra à criança, ao jovem e ao adulto que são capazes de construir sua própria compreensão de mundo. Por buscar sempre novos horizontes para a educação, o (a) professor (a) torna-se sempre um (a) mestre (a) para toda a vida! Esta poesia é dedica a todos (as) os (as) professores de Redenção, por esta data tão especial em nossas vidas

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Esboço poético da sexualidade freudiana (Para Everaldo Silva, quando trabalhamos no Palma Muniz)

Freud, pai da psicanálise, respira sexualidade explicando que o humano é pulsar para a vida. Olha para o mundo e nada vê mas tudo vê na solidão do cosmos humano, das instâncias psíquicas do id, ego e super ego. Reprime os sentimentos pelo super ego onde a moralidade mora no íntimo dos impulsos que vêm da carne mais tenra. Na eterna busca de construção da existência, os impulsos pulsam cálidos, movidos a desejos perenes que irão perpetuar a espécie humana. Foi, talvez, no esboço da psicanálise que muitas respostas desenharam o entendimento da vida sexual humana que brota das paixões plantadas Na tríade freudiana. Tantas perguntas, tantas respostas acerca dos desejos, da procura do inconsciente que guarda o conteúdo latente do sentimento humano. Nessa procura poética de explicação do pulsar as dúvidas permanecem onde nem mesmo Freud, após tantos decalques da psique humana, diagramou definitivamente a estampa da imagem em que o homem guarda, para sempre, a necessidade de sentir suas pulsações; onde tantas perguntas e tantas respostas marcam os passos de uma vida que caminha sem cessar 02 de dezembro de 2004

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Taguatinga Para Edvalber Alves Pereira

Terra Roxa dos tupis guaranis estrela do Cerrado, esteio de sonhos e quimeras. Nascestes com o sonho de Juscelino de construir a Capital Federal. Por tuas avenidas largas e ruas estreitas, os transeuntes passam, taciturnos, em busca de abrigo. São tipos diversos desse Brasil que teima em caminhar rumo ao futuro, ao conexo social. Tuas cores espelham o rosto das pessoas que cruzam teus caminhos, oh, estrela do cerrado! Tua geografia retrata o planalto central, tópicos místicos dos búzios que predizem teu futuro, teu destino. Há muito tempo não se via uma cidade tão irrequieta, trigueira, capaz de despertar sentimentos poéticos de que a vida é capaz e escorre na tua geografia retilínea, onde os candangos, fatigados, descansavam dos dias puxados na construção dos esboços de Niemayer e Lúcio Costa, para mais tarde formar patrimônio da humanidade, numa cidade com características singulares, do trânsito que não espera por ninguém tão somente por si mesmo por algo que talvez não vai chegar nem mesmo no sonho do nordestino de voltar. 59


Eu sei o quanto tu és a cidade preferida da Maria Clara, que te ama como a uma mãe, cujo ventre deu luz à esperança de um dia melhor, onde seus irmãos foram construir a vida nas entranhas de teu relevo, do teu trabalho, de que caminha sem cessar por tuas avenidas 12 de janeiro de 2005

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Quarta Feira de Cinzas Em memória de José Ribamar Torres Fernandes, meu pai.

Hoje, pela manhã, quando olhei para o nascente senti vontade de visitar meu pai, para olhar seu rosto e ver o sentimento do mundo em seu olhar, contemplando o horizonte que tanto procurava, como a procura da fagulha do ouro. Imaginei chegar em sua casa, dar-lhe a bênção, sentir suas mãos frias em minhas mãos nos tantos anos caminhados. Seria tão bom abraçar-lhe, pois um filho necessita de proteção, de carinho, de afago. de algo que lhe diga sobre a vida. Oh! meu pai, quanto você é maravilhoso, o quanto inspira confiança para agir ante os obstáculos que permeiam o tempo. Mas eu sei que tudo hoje é muito difícil sem você, sem sua presença sem sua voz para nos falar palavras firmes, leves, tênues, mansas. Assim mesmo, tu plantaste a semente de otimismo em nossos corações, dando-nos instrumentos racionais para ver que o mundo escorre em nossas vidas em busca de respostas às dúvidas surgidas. Quando falávamos tópicos existenciais das literaturas esquecidas nos bolsilivros que líamos muitos anos antes das dúvidas. 09 de fevereiro de 2005.

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Tantas vezes (Para Eunice Marinho, in memórian)

Sempre conversamos com alguém querendo lhe dizer tudo da nossa vida, mas temos receio de não ser compreendidos, porque talvez as dúvidas persistem em nossa vã memória taciturna, de tanto ver, de tanto caminhar a esmo. Mesmo assim, palavras são espelhos d’alma quando transmitimos mensagens incompreensíveis, de tudo isso sabemos; que o tempo é pouco, corre frêmito em direção a todas as vidas, em todas as horas, seja lá o que for precisamos dialogar e garantir o espaço da democracia, cuja herança grega aprendemos a ouvir o outro na sua inquietude, na sua humanização. Talvez ainda tenhamos tempo para falar sobre o amor, sobre a beleza da filosofia que nos entranha o pensar racional, mesmo assim, devemos crer em nós mesmo, pois o amanhã traz novamente aquele pensar poético, que tanto inquietou Bandeira em sua viagem a Pasárgada. Quantas vezes sofremos pela dor de não termos novas chances, de ver o pôr do sol, de sentir a aurora brotando em nossa infância, tantas vezes esquecidas pela memória dos dias que correm, que levam nossos sonhos para sempre, numa viagem que talvez 62


novos retornos tragam sentimentos de que a literatura nos redime, nos faz ver o sentimento universal de que a palavra para sempre imortaliza nossa vida. 24 de marรงo de 2005, quinta feira santa.

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Somos (Para Josiane de Almeida Silva, nos dias integrados)

Somos átomos, sentimentos, anseios, dúvidas, sorrisos, expectativas de novos dias. Somos carne, matéria celular que pulsa transmitindo nosso contato com o mundo frêmito. Somos seres pensantes, onde os neurônios nos redimem para que possamos ver, ouvir e ser. Somos todos, somos tudo onde um dia tanto sonhamos ter aquilo que nossos pais não tiveram. Somos vida, pulsações, sentimentos! Ondas, vibrações de desejos contidos nos rostos que tudo ver, tudo quer! Somos corpos, ávidos pela vida que caminha conosco e transmite o que nós somos para sempre. Somos aquilo que nossa memória traz e projeta no discurso feito nas horas e silêncio quando estamos com o outro. Somos voz, somos tez, somos aquele que tudo quer, que tudo deseja no cálido silêncio dos amantes ternos. Somos nós, somos tudo o que um 64


dia queríamos ser, mas nossa imaginação diz não, diz sim, talvez! Somos caminhos a percorrer em construção de vida, para que possamos ser algo, onde sempre o discurso nos faz. Somos ter, somos nada, somos tudo nessa estrada que nos conduz ao coração e aonde não queremos chegar. Somos um dia para que somos para Sempre, algo que construímos em nosso Caminho, que será sempre reto e curvo. Redenção, 24/03/05

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Na busca dos sentimentos (Para Luciléa Sobreira, esposa amada para sempre!)

Eu mesmo sei que a vida é um longo caminho. É um discurso com o outro na busca dos sentimentos! eu sei o quanto precisamos caminhar em direção ao coração, que pulsa, contando as horas que passam de modo quântico, nos deixando em dúvida quanto à existência. Eu sei que não devemos ter medo do futuro, que podemos construir juntos para que nossos filhos possam brincar na varanda de casa, ou, no parquinho da praça. Quanto é bom apertar a mão do amigo e lhe dizer palavras confiáveis, de incentivo, pois não devemos temer a vida que Deus nos deu para fazer algo de bom para nós e para outras pessoas no caminho da amizade eterna. Não devemos ter receios do amanhã, devemos buscar mais sementes para plantarmos árvores que darão sombra para nossos filhos, para nossos netos. Jamais abriremos mão de nossos sonhos de ver uma criança sorrir na plenitude da da pureza do brilho do olhar, que nos diz 66


Que a vida pode ser linda, como uma aurora que vem do leste trazendo raios solares, rasgando as densas nuvens. Eu sei que tudo isso pode ser realidade, se olharmos as pessoas como seres que necessitam de ser elas mesmas, num discurso que traz a marca dos nossos sentimentos, que traduzem os dizeres de uma linguagem universal, que o homem ĂŠ capaz de amar seu semelhante nessa vida que pode ser bela como um filme. 01 de Abril de 2005

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Poesia Para Leonice Campos (Por ocasião de seu aniversário)

És uma flor que perfuma nossa existência. O brilho de sua vida mostra dignidade, esperança, traz a certeza de que a vida é importante, pulsa no plano existencial. Seu pulso, é firme; o olhar, sereno; o sorriso meigo nos traz uma mensagem de fé. Sua vida é sua família, seu trabalho, os amigos a igreja e o mundo. Caminhas sempre confiante na crença inabalável de que a educação forma o homem para uma vida melhor. Menina bonita, meiga, que Deus possa sempre lhe mostrar o caminho do discernimento, hoje e sempre! 17 de dezembro de 2005

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O universo da leitura (Aos meus filhos Ana, Hilbert e Idevilson, na esperança da leitura)

Eu leio constantemente, leio freneticamente em busca de respostas para o que não sei. Leio pela imaginação para despertar o coração do sentimento que dormita. Leio Drummond, Bandeira, Machado, Quintana, Vinícius Ferreira Gular, textos científicos e filosóficos. Quero encontrar o sentimento da cidade. No dia em que saí de casa para o mundo nunca mais voltei! Procuro ler sempre a flor que brota na roseira, o sorriso da moça faceira que desfila o seu canto juvenil. Leio com entusiasmo minha própria vida na partida do dia que não voltei. Gosto de ler o amanhecer, o clarão da aurora. Gosto de ler o pôr do sol, 69


luzes ao arrebol a clarear os olhos dos monges tibetanos. Leio Fernando Pessoa, leio Nietzche, Platão, Sócrates e Aristóteles. Leio as notícias que passam sem avisar, leio a noite, que vai chegar repousando os corações que caminham lentamente no entendimento do mundo.

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Viver a Páscoa Páscoa é povo, é um abraço irmão, é Cristo nascendo em nosso coração. É a vida brotando com força e fé, um sorriso no rosto, um abraço fraterno de uma amizade. Páscoa é presente de uma história distante, a lembrança perdida no caminho da gente, da longa jornada da vida que se vai para sempre. Páscoa é desejo de renovação, a esperança brotando em cada irmão, no caminho da vida, a integração na certeza de um dia para um mundo melhor. Páscoa é promessa de paz, é primavera, é vida no encontro fraterno, no abraço da chegada, é a distância encurtada na trilha percorrida. Páscoa é sorriso, é a família reunida, é o pão na mesa, na oração a firmeza para um mundo melhor: é o transcendente chegando agora, nos narrando a história 71


Que a vida é para ser vivida, intensamente, com coração. Um desejo crescente para a felicidade de nosso irmão. Páscoa é liberdade e fraternidade, um discurso de amor para uma vida que pulsa. É um sentimento que brota do âmago do ser, que na sua história, traz na memória um amor, uma paixão, a ânsia de viver intensamente Com o coração, com o coração ...

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Clamor do tempo (Ao amigo de infância Iran do Zé Baixinho)

Ouço o tempo me falar coisas de amor como uma criança que espera um brinquedo. Ouço o tempo a dizer-me que o homem pode ser bom, e caminhar reto num espelho de luz em destino ao seu coração. Ouço o tempo a sublinhar a história que escreves numa fábula fantástica, imaginária de tantos fatos. Ouço o tempo querer te levar para idade que não tens, mas que terá num tempo remoto. Ouço o tempo dizer que te ama, mesmo em meio a tantas hostilidades e ganâncias, fome e guerras. Ouço o tempo anunciar que o homem precisa caminhar para um destino mais fraterno e irmão Ouço o tempo afirmar que é preciso tempo 73


Para a vida, para as crianças que caminham arduamente. Ouço o tempo pregar um mundo mais fraterno, onde as pessoas possam se ver como irmãos. Ouço o tempo caminhar lentamente no pulsar das horas, no pulsar do coração, no dobrar dos sinos que ecoam ao longe anunciando que a vida pulsa numa mensagem. Ouço o tempo clamar por um mundo melhor, por uma vida mais humana e fraterna, por um sorriso puro que vem refletido nas águas de um rio, cujo destino o mar espera!

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Jean Paul Sartre: o caminho da existência (Ao Chutinha, pela passagem do ano novo na fazenda da Mônica)

Eu vejo o tempo escorrer em minhas mãos, tenho uma paixão pela vida, sou amigo do saber. Sei que sou responsável pela minha existência, que precede a essência daquilo que eu sou e serei. Sou caminheiro do tempo, das horas tardias, do dia em que conversava com meu pai no alpendre de casa. Sou um menino traquino, sou um ancião silencioso que contempla a vida, cúmplice da existência. Eu sei dos meus limites, onde a dias amadureço, ouvindo a voz do tempo: menino na eternidade! Caminho por uma rua que ajudei a construir no dia que minha mãe me enviou para escola vespertina. Não sou mais ninguém, não sou mais nada, 75


Mas sou tudo o que havia da existência em São Luis. Sou um menino filho da utopia, da luz que havia no sorriso zefeliano. Sou a essência, a existência daquilo que somos, daquilo que seremos hoje e sempre!

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Assim é o meu sentimento (À tia Esmeralda, que mora na Unha de Gato)

Maior do que o mar é meu sentimento pelo mundo. Ele se derrama ao contemplar a natureza, busca respostas a perguntas tantas. Navega na solidão de incertas horas, na demora da aurora de uma longa noite. Prescinde o amanhã, imprevisível talvez, pois a busca não abala o que virá depois. Assim é o meu sentimento Vejo tudo e nada vejo, emoção, talvez não tenha, para dizer tudo o que sinto quando vejo uma rosa desabrochar. E no silêncio dessas horas, quando tudo se aquietar, eu quero dizer que viver é o melhor que há. A vida é um caminho, é um bonde que passa 77


Com destino à razão. Um sentimento profundo de fugir da solidão. Nesse sentimento, que voa qual pássaro de Minerva, te espero a cada instante para andarmos, de mãos dadas e dizer ao homem que o mundo é belo e precisa ser cuidado.

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Vôos soturnos (Para minha sobrinha Maria Halley, no dia do jabuti na casa da Geni)

Os pássaros voam ao destino buscar, são pétalas balançando, soltas, no ar. Assim como elas os pássaros exalam odor, buscam seu alimento na seiva da flor. Em cada estação, alçam vôos soturnos, abrigados no vento em destino ao firmamento. Eu quero ser como os pássaros para voar, voar, voar, ler as entrelinhas do universo e, assim como Ícaro e Fernão Capelo Gaivota, tantos segredos desvendar.

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Os monges (À minha cunhada Nilzoneide, pelos zelo familiar)

O canto dos monges beneditinos enche nossa alma de melodia trazendo ao coração, imensa emoção. É um canto alegre, retumbante, em todos os instantes o inquieto coração pulsa sem parar. Oh! monges melódicos, o teu canto esvoaça minha alma, que diz à minha emoção que o homem é capaz de tudo, até boa música criar.

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Em busca do conceito de arte (Aos professores de Arte da EMEF São Jorge, por deixar brotar a arte dos alunos)

Arte, instrumento que parte em qualquer parte que haja poesia. Arte da burguesia, clássica, arte popular, quero-te abraçar. Arte, poesia, haja dia a contemplar-te, no Aboporu de Tarsila em Portinari ou em Dali. Arte popular, tu falas a minha linguagem meu inconsciente que pulsa latente. Arte, teu desejo é o desejo da linguagem, do homem pré-histórico, paleolítico, no silêncio das grutas de São Raimundo Nonato no Piauí, Serra da Capivara. Arte que brota nos muros da cidade trazendo para eternidade o canto de nossos ancestrais. Arte, referência humana, a busca profana do ser que sempre flui, do nada perfeito, a dor em meu peito, do sentimento tardio, da tela exposta, natureza morta ou espaço social. Arte, tu és uma mãe profana, amiga do tempo, amiga do homem, amiga da vida, do sentimento que brota sem cessar, perenemente. 81


Quatro Luas (Para minha sobrinha Fernanda Brito Bandeira, por ocasião das 17 primaveras e aprovação na UFT)

Menina travessa, inquieta do mundo, sorriso na alma a irradiar. São muitos caminhos, são trilhas íngremes a passos trilhar. A alma esvoaça o sentido da vida, caminha ferida para sempre curar. Há muito perdidos no seio a brotar, a lágrima da face tristeza expirar. Menina bonita, da tez bem morena, a alma ingênua pra longe ficar. Pois grande é o mundo e a solidão, o pulso inquieto do teu coração te conduz, mansamente, à busca da razão. Essa flor da existência pra sempre brotar, 82


De uma vida que corre pra algum lugar. Na certeza do dia, da busca talvez, do sentimento perdido ao escrever a palavra. Do registro de uma vida que vem de quatro luas, todas cintilando na solidão de uma rua. Sentimentos cortar pra sempre a procura, de inquietas respostas provisórias sempre. No peito pulsar coração inquieto, a esperta menina na busca, talvez, alegria que grita. Nas horas que correm ao tempo dando sentido de um amanhã que melhor pode ser.

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Poesia aos (às) formandos (as) Intensamente o perfume brota da flor inebriando nossas vidas de um odor natural. Da idéia, surge a palavra que no discurso das horas diz quem somos. Da ternura, brota o amor que guia o homem em busca, sempre, que seu coração pulsa. Do desejo de conhecer, brota a educação que nos conduz à formação do somos e seremos. E, de mãos dadas, vamos nos guiando pelo mundo na construção de discurso fraterno, amoroso paulofreiriano. Seremos, sempre, estas criaturas em busca do saber; pois assim é o destino do homem que nasceu para aprender. Seremos estas criaturas para construir o equilíbrio entre a vida e a arte, entre a prosa e o verso, entre a teoria e a prática. Nesse trilhar amoroso, seremos capazes de compreender o valor da vida, o valor dos jovens, o valor da amizade , o valor de da poesia. Nossa compreensão é a porta de entrada das impressões sensoriais, do entendimento humano acerca das coisas e dos fatos. Acerca da natureza, que escorre silenciosamente, na linha do tempo e diz aos nossos corações a mensagem mais sublime da existência. Assim, nesse trilhar diuturno, a educação nos faz pessoas; a educação traduz nossos sentimentos em uma linguagem universal, fazendo com que nossas idéias divaguem para sempre no coração e na emoção de todos aqueles que caminham, incessantemente, para a construção de uma vida melhor para toda a comunidade. 15 de dezembro 2006

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Ao meu Pai, com carinho! Querido PAI, hoje é o teu dia e quero falar-te sobre o imenso amor que sinto por você! Lembro-me, quando você carregou-me no colo, afagando-me e mostrando o caminho da vida! Agradeço sua dedicação e paciência para que eu me tornasse um ser que acredita na vida, capaz de lutar para construir um mundo melhor. Nessa caminhada, com seu apoio, fui desbravando cada caminho, cada lida, cada espaço justo. Mesmo assim, meu pai, sei que caminhar cada vez mais é preciso, pois há muito o que fazer; há muito o que construir para que as flores permaneçam sempre belas e as crianças possam sorrir confiantes no futuro. Por mais que eu tente, meu pai sei que jamais serei capaz de recompensar tudo o que o senhor fez por mim. 85


Mesmo assim, rogo a Deus que lhe proteja infinitamente, onde quer que esteja, que sua vida seja repleta de bênçãos maravilhosas hoje e sempre! eternamente grato do filho que te ama! Feliz Dia dos Pais

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Poesia ao (à) professor (a) Professor (a): tu és um ser holístico capaz de ter múltiplas linguagens. Seu sentimento irradia: ciência, história, literatura e arte. Mostrando-nos de que somos capazes de elaborar o discurso das horas num tempo que corre célere rumo ao coração. Você é um ser determinado, insiste com aqueles que ainda não compreendem os valores da educação. Com tua pena escreves nossa caminhada, guiando-nos pela fonte da cultura. Sem você, o saber fica menos elaborado, deixando-nos anjos tortos, insensíveis às coisas do mundo. Obrigado professor (a) por nos mostrar que somos capazes de escrever nossa própria história.

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Poesia ao Amigo Dr. Ederson da Silva As pessoas são como sementes: podem germinar e produzir flores e frutos que refletem em nossa existência. Dando-nos novo caráter, com um rol de significados que permeiam trilhas transcendentais. Cada pessoa traz consigo o significado da vida que pode ser traduzida desde o sorriso tênue de uma criança onde no silêncio das horas o coração pulsa. Viver é debruçar-se sobre um caminho cujo significado nos deparamos a cada dia, quando temos tempo para refletir sobre o que somos, quais respostas buscamos. As soluções que encontramos para nossas indagações nos acalentam, nos animam em caminhar e fazer da nossa lida uma tradução de nossa existência. Nessa trilha vivencial, vamos nos moldando, aos poucos discernimos as dores do mundo, percebemos o outro como irmão, pois somos sujeitos em comunhão, carecemos de uma dependência recíproca Nesse discurso do tempo, cada vez mais nos aproximamos da vida, que é um Caminho a se percorrer desde o nascimento, 88


desde a aurora existencial, a luz do mundo. Nesse trilhar perpétuo, vamos cumprindo a missão que Deus nos concede fazer, com que nossos semelhantes sejam mais felizes, sejam mais retos e percebam que a vida pode ser uma bela poesia, em cujos versos, pessoas como o Dr. Éderson da Silva delineiam um discurso fraterno, justo, cujas estrofes nos dizem que devemos acreditar no homem como um ser, capaz de construir uma história de vida, em que seus semelhantes podem ser mais felizes, hoje e sempre! 09 de dezembro de 2006

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Poesia Para Márcia Caetano Moreira Da pétala, brota a flor que exala de perfume nossas vidas. Do chão, nasce a semente que brotará a árvore para dar sombra, flores e fruto. Do sorriso, nasce a esperança daqueles que acreditam na vida como um caminho a percorrer. Da noite, nasce o dia, para que o sol brilhe com toda intensidade. Do trabalho, vem o suor e a gratidão da certeza do pão, para a mesa fartando a fome do homem. Vida que desagua na correnteza da existência e faz brotar alegremente um ser tão especial para a escola São Jorge Este ser, tão maravilhoso, que perfuma nossas vidas para que tenhamos ânimos e criatividade, para educar as novas gerações: chama-se Márcia Caetano Moreira, ou, simplesmente SUPERFLOR. 23 de agosto de 2006

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Ósculo do abstrato (Poesia ao meu irmão Josélio, pela passagem de 2006 para 2007)

Tu és meu irmão, o teu coração exala poesia. Tu és uma estrela que cintila em nossa existência. Tu és guardião do tempo em que a mensagem da tua voz ecoa em nossos ouvidos num magistral discurso. Você ler Nietsche em busca de respostas à existência filosófica, como um camaleão, que desfila na folhagem. O coração teu pulsa, frenético, na pressa da vida, na lida diária, na busca do ser, do dia em que a consciência zefeliana pulsa sem cessar. O teu olhar contempla o vôo do pássaro de Minerva, cujas asas, batem num salto soturno, rumo ao coração. E o sorriso infantil, quase Ingênuo, perpassa nossa consciência dizendo que o homem nasceu para 91


ser feliz, desde a aurora até o ocaso, neste acaso que é a existência sem pressa. Mas, um dia ele descobriu a poesia e sua vida metamorfoseou-se ao ler Neruda, Vinícius e Drummond. Foi assim que o menino transmutou-se Fernão Capelo Gaivota, respirando outros ares no planalto central e, em terras maranhenses, lapidando as horas regadas a aguardente no solo lagopedrense, lado a lado com Nego Hélio, filho da tia Elza e do tio Ageni. Êta, menino travesso! Como a vida para você é uma ponte para a poesia, para o dia em que o tempo é somente felicidade, nesta segunda idade...

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Poesia para Luciene As flores estão no jardim, para embelezar sua vida e exalar o perfume que te fortalece para as lutas do cotidiano. Você está aqui para dizer que o mundo é bom, que o ser humano é bom e pode construir uma existência com dignidade e ternura. Caminhando para a vida, você constrói sua família, seu próprio estar no mundo, pois assim é você, que sempre caminha, confiante na promessa de uma sociedade melhor. Com essa meiguice, demonstra que é uma mulher guerreira, lutadora, destemida, mãe, educadora, e, acima de tudo uma sonhadora, uma mulher goiana, do coração do Brasil. Como esposa, mãe, educadora ou, simplesmente uma cidadã brasileira, você transmite às pessoas que habitam em sua órbita, confiança, fé e otimismo. Sem você, nossa existência seria vazia de significados, pois não teríamos uma grande amiga para nos dizer que as crianças são o futuro do mundo e que devemos regar sempre as plantas para que floresçam e transmitam alegria e esperança para todos nós. Dia da Criança de 2006

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Professor (a): caminheiro da esperança Tu queres escrever o mundo e educar as pessoas para a vida, para caminhos que desembocam no coração, no sentimento de irmão. Antes que a poesia transmute para um novo tom, cores vivas despertam para a existência dizendo para todos, a importância do (a) professor (a) para a sociedade. De novo ampliamos nossas convicções para quem faz germinar sementes, rebentar o chão e o arvoredo, vem cantar a vida todos os dias, todas as horas da aquarela natural. Somente assim, a beleza aflora em cada coração e o sentimento da alegria arrebenta do espírito que carrega, consigo, a fraternidade e o valor da descoberta em cada gesto. Nesses passos firmes, tu professor (a), levas consigo a alegria dos desafios de viver, de descobrir, de ensinar e aprender num autêntico ciclo dialético, interminável. Para sempre tu serás o caminho do saber, o guia da curiosidade, o baluarte de uma educação, cujo princípio, se assenta na construção da identidade humana. Nós sabemos das dores, dos desafios que rondam 94


nossa vida, mesmo assim, segues firme, taciturno, como o ancião, cuja trilha, percorreu com alegria e dor sem se importar com sabores ou dissabores, sem jamais abrir mão do sonho de viver. Então, após percorrer íngremes caminhos não abres mão do sonho de continuar vivendo e amando com dignidade, de construir saberes e sabores da descoberta de letras e ciências que jazem no inconsciente do tempo e da história, numa trajetória interminável que conduz ao coração e à esperança de viver e ser feliz

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Orlandina

Orlandina é o nome da menina no sorriso da mulher que nos afaga, carinhosamente, para dizer que temos a luta continuar, pois ao chegar a aurora vamos todos sem demora a construir uma nova vida nesta lida ferrenha que embala o coração é uma lida prazerosa ela é a educação

Azul da cor do mar eu vim te buscar, eu vim do coração e tenho uma razão a dizer-te: você é especial, especial para mim, para nós, para eles, para vós. Tua tez é a verdade de uma raça cidadã que luta todos os dias a garantir o pão, quando a mesa está vazia.

Orlandina, educadora! Orlandina, mãe! Tua mensagem está naquilo que pregas a cada criança, a cada jovem,

Com esse olhar sereno vais tecendo corações, pois abriga em teu peito um amor maior do mundo.

a cada adulto. Mostrando-lhes o caminho que a escola é a verdade e a companhia que nos aponta o conhecimento sobre o discernimento para um mundo melhor.

E quando a noite chegar sem medo de tantos presságios nesses braços fortes vamos nos abrigar.

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O Universo em expansão (Para Manoel Martins Bandeira, apaixonado por astronomia)

Bate meu coração enquanto pulsa o universo em expansão, dilatando-se na solidão do cosmos. Na arritmia da frenesi cardíaca os astros caminham, silenciosos, embalados pela solidão do tempo que corre, célere, ao centro de si mesmo. Inertes pessoas vejo noites estreladas contemplar, inquietas perguntas indagam de onde viemos, para onde vamos por que aqui estamos nesta reserva biológica do cosmos? Perguntas ecoam destoando inquieto prazeroso coração, com tanta contemplação vozes, errantes, variam no pulsar de um astro distante. Indagações feitas, são tantas, numa noite a encarar cintilantes estrelas que passam sem nada avisar. Inquietas em busca de uma trajetória elíptica, de uma noite sem fim, quando vem somente a aurora termina o seu querubim, 97


De um baile incessante caminha errante nesse universo sem fim. Estrelas, tantas estrelas, pulsando sem razão de uma força inercial que impulsiona meu coração.

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Uma dimensão transcendental (Para as professoras Ivani e Nasaré, com admiração).

Sou uma semente que germina no fértil solo da existência. Proponho para o mundo frutas doces, cálidas, mel. Quero a paz do mundo como sombra do discurso da linguagem que esvai. Há muito o que sonhar, pois os sonhos são possíveis de se ter. Quero novos caminhos a seguir em cada hora, em cada dia, em cada aurora. Sou uma criança, que caminho sem medo do mundo, sou o próprio mundo que brota dentro de mim, num frêmito que nunca dormita. Pois mesmo os sonhos manifestam aquilo que sou e o que serei sempre. Sou a manifestação da natureza, tenho um olhar que repousa sobre 99


o infinito, sobre o grito do ancião que dá o último suspiro na agonia, das horas que trazem uma nova dimensão transcendental.

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Brasil, um pais de muitas cores Queremos um país decente para toda a gente, de norte a sul, de leste a oeste. Onde todos possam se ver como irmãos, dividir o pão sonhar, se amar. Nessa caminhada perene muitas vozes ecoarão: fraternidade, palavra de ordem, uma nova revolução. Revolução do sonho do amor, do alívio da dor, da supressão do ódio que nos corrói e subtrai o brilho do sorriso. Queremos um país decente, onde crianças, jovens e adultos possam andar, confiantes na vida, felizes da vida...

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Esboço de uma poesia para a mulher (Para todas as mulheres de Redenção, em especial minhas mães Antonia e Leonina e minha esposa Leia, com eterna gratidão)

Mulher, tu és a aurora de uma história escrita com lutas e batalhas, de uma trajetória que se esvai na linha do tempo. Tu és uma flor, um tecido de amor que caminha, lado a lado com o homem, na construção de uma vida que se espera no lento desaguar do tempo. Vais por tua vontade, tempo, bondade na consciência dos desafios a superar teu fraco é forte, bússola pro norte da vida a guiar. Caminho perene, de todas as épocas na hora certa de dizer sim ou não, de olhar a vida pelo coração, nas palavras ternas o mundo embalar. A chaga aberta pela luta renhida, ferida da vida um dia curar. Discurso eterno, no peito fraterno a nos afagar. Mulher lutadora, guerreira da vida, caminha destemida. Cabeça erguida, dignidade renhida, por toda a vida sempre lutar.

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Poesia Para a Mamãe, com uma flor (Para minhas mães: Antonia Araújo Bandeira e Leonina Bandeira Fernandes).

Mamãe, és o sonho possível de uma vida de labor, de suor muito intenso, lágrimas, alegrias e amor. A dedicação de todo dia para com o filho querido, numa luta interminável, nunca se dá por vencida. Por isso, mãezinha querida, eu quero te agradecer nessas linhas mal traçadas teu carinho reconhecer. Mamãe, mamãe querida, eu sou grato por seu amor, por sua vida de dedicação esperança e louvor. Eu sei que tudo isso é pouco para te agradecer. Mesmo assim, mamãe querida, rezo para Deus te proteger. E neste dia tão lindo eu quero te homenagear: Dizer, com todas as forças, ser maravilhoso como você não há. Eu te amo, mamãe querida, 103


Com toda a força de meu coração. Eu lembro, com muita saudade, de seu compromisso e dedicação. Então, receba com carinho esta dedicação especial, e a semente que plantaste, com o suor do teu rosto, trará, para sempre, a lembrança de teu amor mamãe querida! Mamãe, tu és uma poesia numa linda manhã de primavera! Tu és uma canção que se espera para embalar os sonhos de uma criança que hoje está aqui para reconhecer o valor que tens para a vida eternamente!

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Estudante: caminheiro da educação Tu caminha por uma rua que conduz ao coração, desperta o sentimento e a imaginação. Tua lida é a verdade, o combustível é a ciência, destemido, avança com toda a sapiência. Jamais se dá por vencido (a) nesta terra sem igual, taciturno é que caminhas com o sorriso magistral. Estudante, estudante, caminhas pela vida confiante, confiante, ante aos desafios que a vida lhe proporciona menino (a) destemido (a) a luta não abandona. E nessa caminhada sem fim, aprende e ensina, troca experiências surdas, cumprindo sempre a tua sina de que a vida é uma escola, oficina do saber, caminha, intensamente, da aurora até o entardecer!

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Papai: caminhar da existência Pai, o teu caminho é uma trilha de luz, um perene pensar. É um peito aberto, esperança no ar. É o sorriso que corre na face trigueira, é o menino feliz da vida que escoa, célere, em busca da razão: É o coração, é o coração, é o coração!!! Pai, tua vida é exemplo, é amor, é perdão; é a vida pulsando, em todos os corações. É a palavra de carinho, a todo instante, é o verbo que corre cintilante na fúria do tempo, na fúria do tempo! Pai, assim é o mundo, assim é a vida, assim é o tempo e o pensamento. Do ontem, do hoje e do amanhã da noite travessa, a febre terçã. Pai, com poucas palavras quero te dizer o amigo que és, sem envaidecer, na eterna busca familiar, do filho solene, esperança no ar, esperança no ar! Assim é a vida em toda manhã, a esperança que ancora sem ser vã. O discurso das horas tardias, a mansa corrente do riacho e a ponte trazendo o poente da noite que se foi. Papai, meu amigo de todos os dias, sempre estarei ao seu lado, coração perene,

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Do sorriso no rosto, o brilho no olhar, o coração pulsando sem cessar. Meu papai querido, minha projeção, no peito o amor, o sentimento cristão, eu peço a Deus sua proteção. Que sua vida flua em abundância sentimento, amor e promissão. No dia de hoje quero agradecer Por Deus ter dado vida a você. Vida que pulsa na imaginação Buscando, trigueiro, a Santa Proteção. Com sorriso infantil, eterno a brilhar, no peito a inocência de pai.

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Mãos Solidárias Para Alufá-Licutã Oxorongá, pela anarquia da linguagem

Um homem caminha ao sol, vê seu irmão e estende a mão. São muitos anos idos e a sombra para trás. Pergunta a si mesmo: - como posso ser melhor para mim e ao meu semelhante? -o que posso fazer para que as estrelas do céu sejam mais belas e o meu chão mais firme? Na encruzilhada da estrada vê várias placas indicando caminhos. Cada um leva ao coração, sabe que o destino está em suas mãos. É o senhor de si, capaz de viver e sonhar, acreditar e fazer um mundo onde as flores exalem o perfume para impregnar a alma de todos os seres.

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Meu Brasil Tu és um belo país, povo ordeiro e trabalhador, como criança eu te vejo com amor. Eu quero sempre pisar firme em teu solo andar confiante no futuro. Trago uma mensagem de paz para sempre e quero dizer-lhe que a independência conquistamos a cada dia, pelo trabalho de teu povo. De mãos dadas seremos fortes, andaremos como as flores, radiantes e belas exalando o perfume da cidadania.

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Poesia Matemática (Aos (às) professores (as) professores (as) de Matemática da EMEF São Jorge)

Dois mais dois, quatro! Afirma meu coração. No compasso do número vai tecendo uma equação. Tantas incógnitas são nessa reta a encontrar, na dúvida, surge a solução, pois era este o seu lugar. O número caminha, Incógnito, na base da expressão. Valendo-se de passagem de qualquer aferição diz a verdade inconteste do conjunto solução. Assim é a verdade que brota da expressão. São números, tantos números a expressar a razão, de certo têm uma história e carregam na memória a força de uma época. Respostas dadas, tantas respostas, angústia solucionada. Assim é a matemática de Pitágoras e Euclides. Vai tecendo espaços Na geometria das curvas, 110


nas turvas soluções, das mil equações. Pois Einstein desenhou a linha espaço – tempo a vida relativizou na imagem e sentimento. Permitindo ao mundo conhecer a verdade caminhos, soltos caminhos, nas curvas da relatividade.

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A mãe que caminha na existência (Para a Profª Solimar, com admiração)

Eu sou matéria, corpo e coração, tenho o sentimento do mundo a contemplar, na eterna busca do devir dialético heraclitiano. Sou Demócrito na Grécia antiga postulando os fundamentos do átomo, matéria e energia pulsando no coração do ser, na eterna busca. Sou os alquimistas da Idade Média transformando o pó em ouro, tesouro escondido nos corações dos magos dando força à química, nas misturas de corpo e mente. Eu sou a ciência sistematizada de Galileu dando respostas objetivas ao conhecimento do mundo. Sou Avogadro, Arrenhius, Dalton Mendeleiv, Rutherfird, Bohr , Moseley na solidão da ciência. Consciência na procura de tantas respostas que estão por vir para ti. Sou ser para a ciência, ter consciência nas voltas do átomo social, ingrediente perfeito para que a matéria possa existir e ocupar espaços nesse cosmo sideral. 112


Luzes (Ao Josélio, no dia do chá de cozinha)

Um clarão paira sobre nosso olhos iluminando o mundo, vejo paisagens, construções, ambientes e pessoas. Minha consciência ilumina-se e diz que o sonho é ferramenta da utopia na hora silenciosa da existência. Sei que sou capaz de compreender as coisas, identificar no mundo que o homem é capaz de elaborar um percurso, uma trilha vivencial. O candeeiro que alumia a mim clareia a ti, reflete a todos. Candeeiro à querosene, um pavio úmido, taciturno, que evapora luz e fumaça, Fazendo com que o caminho que percorremos possa ser visível, diáfano, como os paralelepípedo que revestem os pisos das cidades históricas.

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Poesia Para Márcia Caetano Moreira, com uma flor! Caminhar Muitas vezes caminhamos sem pensar Até mesmo chegamos a algum lugar nesse Resumo existencial. Nesse Caminhar, cuja felicidade encontramos ou não, Isso nos conduz ao coração ou a outra estação, nem ligamos muito o que importa é A capacidade de amar que habita no íntimo de nosso ser. Caminhamos sempre em busca de objetivos, perenes ou efêmeros Antes que nossos corações decidam por onde seguir Este é o sinal de que nunca devemos desistir de nossos sonhos Tal como a ave noturna que passeia na solidão do espaço, queremos sempre Amar o mundo, amar a vida. Construir uma identidade com meus semelhantes Naquilo que temos de mais sublime: a capacidade de amar, de compreender o mundo em plenitude Onde jamais dormimos, jamais o temor nos abraçar e dizer: TE AMO. Muitos são os instantes que contribuímos na construção do mundo hoje, Ontem, para sempre! Assim seremos, como aves, como plantas que exalam o perfume natural do campo Resistimos à força do tempo. Rompemos barreiras e espaços na busca da existência digna e da felicidade plena. 114


Esta é a lei que habita em nossos corações: sonhar, conquistar, vir a ser, Lei eterna, lei imutável Invencível pela força do tempo, da mão do homem, da vida que caminha Rapidamente rumo ao coração, à razão, ao sentimento do mundo e do amor eterno Assim, ao compreendermos os limites da existência, podemos estabelecer parâmetros de felicidade. E, por falar em felicidade, OBRIGADO Márcia, pela sua existência, pelo seu jeito meigo de ser flor suaviza e embeleza o nosso eterno caminhar... para sempre!

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Educar pela pedra (Para a profª Nasaré)

Eu sou o que a educação fez de mim para estar no mundo, ao abrir os olhos matinais a aurora traz bom dia. Não sei se você é assim com seu discurso tênue suas horas que caminham em direção permanente ao teu ser Apenas sei dizer que o mundo é perpétuo e traz consigo a possibilidade de nos moldar através de uma consciência que paira em silêncio. Um dia, minha mãe falou-me: -filho, vai para a escola, lá você construirá um novo caminho. Eu não entendia o que minha mãe queria dizer, eu era tão criança... Hoje compreendo sua mensagem, sei o valor que escola tem. Assim, nesse discurso perene, procuro me encontrar todos Os dias na fonte da educação e escrever a mensagem onde pode se ler: o homem nasceu Para aprender e construir seu caminho onde a existência desagua num aprendizado constante. 116


Poesia aos (às) professores (as) Para Maria do Socorro Lopes, A Corrinha

Nesta caminhada, tão árdua, pelos trilho da educação com o seu sorriso sereno vai semeando sementes no coração de toda a gente. Eles são crianças, jovens e adultos, carregam no peito a vontade de aprender aquilo que a cultura quer lhes mostrar. E como timoneiro nessa viagem você vive a lhes guiar. Com seu bote certeiro você alcança o coração, traz em sua mensagem que devemos ser irmãos. Irmãos em todo dia, irmãos em toda hora, irmãos em uma sociedade que caminha e quase tudo ignora. Mas o (a) professor (a) é persistente não tem força que lhe faça desistir, pois sabe que através do diálogo muitos objetivos irá conseguir. Professor (a) meu (minha) amigo (a) estou aqui para lhe dizer que o seu sorriso é franco nada lhe faz temer, nessa caminhada lida a glória vai lhe alcançar. 117


Trazendo como marca perene a ignorância extirpar, sabemos que todos os dias você caminha para a escola trazendo em sua companhia uma lição de cidadania.

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O Filho do Sertão (Para Maria Cruz da Conceição, aos 102 anos de vida)

Eu sou caminheiro do sertão, trago no peito a bondade e peço à santíssima trindade muita inspiração para minha vida narrar. Tenho a condição das pedras que dormitam à beira da estrada. Sou ferro, sou pó, sou homem ser, sentimento, paixão e amor. Em meu peito, paira a poesia do sertão, da gente simples destemida que senta na calçada para prosa contar, são tantas histórias de nossos antepassados dos dias levados na labuta do roçado, do contemplar a vida que corre intensamente, enquanto meu peito, mansamente, vai pulsando o silêncio das horas. Eu sou Alexandre Gomes Moraes da Conceição, nasci no ano de 30, do século XX, no dia 22 de junho, quando Getúlio Vargas fez a revolução, chamando a atenção de você, meu amigo, nessa estrada trilhada na temo o perigo. Sou assim desde menino, onde tracei o meu destino pela trilhas do sertão. 119


Quando minha mãe, a senhora Maria Cruz da Conceição me deu a sua benção e a divina proteção. Assim, naquele dia, com Deus e Ave Maria eu iniciei minha caminhada. Eu fui longe, muito longe, amigos eu construí, levei chuva, levei sol e foram meus companheiros por esse sertão inteiro. Minha vida fui talhando Ardendo, qual brasa rala, que teima numa fornalha da caminhada sem fim. Menino destemido, que do peito sofrido pela dor da solidão, traz consigo a paixão eterna, por estas terras do sertão. A escola que freqüentei aprendi o bê-á-bá de que o homem sertanejo deve gemer sem chorar. Pisar em cabeça de cascavel sempre foi a minha sina, menino trigueiro, sereno, capaz de amar a vida, estância querida, onde um dia deixei, caminhando para terras do norte, 120


trilhando erguendo a sorte driblando sempre a morte a ancião aqui cheguei. Mas o meu peito menino nunca deixou de brotar, e isto é a mensagem maior que nesta vida eu trago, jamais temi o destino eu sou pedra, eu sou chão. eu sou filho do sertão. Eu sou filho do Evangelista e Maria da Conceição, na hora que descansou, perto do dia de São João, e na hora que ela deu as dores ela pediu: “me dá um bom parto nossa senhora da conceição. (Tuntum, Ma, 23 de julho de 2007.

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Poema para Josélio Santos Fernandes Meu irmão, tu és a verdade certeira do olho do camaleão, o discurso do filósofo que caminha na linha do tempo. A luz que brota da aurora no germinar do novo dia, o afago do caminho da árvore à beira da estrada. Jamais, a um só tempo, pouco ou muito se viu um discurso contemplativo da poesia que pulsa do coração. Das vezes que refletimos, muito se chegou a ouvir a voz que vem do silêncio na eterna quietude zefeliana. Sabemos o quanto o tempo urge em busca da matéria perdida, do movimento eterno dos astros na busca de algum lugar. Na lida de todo dia, no sorriso da criança, no sorriso do ancião que dormita na calçada urbana. No tempo que se foi daqueles dias daquelas horas, daquelas noites, 122


Eternas noites que à luz da fogueira nossa verdade, nossa vida, um caminho a percorrer desde o nascimento, desde o pulsar do coração do eterno devir heracletiano, rio corrente Na imaginação do filósofo a conduzir a teia da idéia em que o mundo é um discurso perene, onde todos e cada são capazes de construir a si mesmos. Na caminhada eterna que humanidade desagua, repouso à memória do eu poético para que todos possam ser felizes, num caminhar fraterno e dialógico, cujo caminho a arte esvai no grafite do muro de mármore. Mostrando ao mundo a sensibilidade humana capaz de eternizar a linguagem, de elaborar arte, de elaborar proposições, que guardam na imaginação do poeta um longo caminho, uma longa história, que nossos antepassados nos ensinaram do “Cento do Olímpio, perto do Caititu onde tio Dorival plantou uma árvore que ainda hoje produz diversos frutos” contemplávamos nossa inocência 12 de maio de 2006, aos 37 do sorriso inocente, das verdades eternas.

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Pequeno discurso poético para a mulher Você mulher, que constrói a vida superando as feridas deixadas no caminho do discurso. Você mulher, que conquista espaços através de golpes de martelos éticos, rompendo a barreira do tempo e do espaço, de mãos dadas procura caminhar através de si e do outro. Você mulher, que sem medo da vida espanta as feridas, marcas da lida de cada tempo, de cada dia. Eu sei, mulher, o valor que tens! Para mim filho, cujo ventre Saí, e a luz descobri um dia, outro dia para sempre.

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Enlace Poético Solidário Para a Professora Antônia de Lourdes

Vem, vamos nos dar as mãos e caminhar juntos numa vida fraterna. Vem, vamos dizer ao próximo que a vida é bela. Vem, vamos dizer ao outro que o pão pode ser compartilhado. Vem, venha ver o sorriso de uma criança que contempla o mundo na pureza dos inocentes. Vem, vamos construir uma nova história. Vem, vamos dizer que o homem nasceu para amar Vem, vamos dar as mãos mais uma vez e construirmos um discurso ético e fraterno.

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Vem, vamos ver a aurora despertar a vida. Vamos juntos ver o ocaso do sol para uma noite de paz em que as consciĂŞncias dormitem depois de um dia de paz Vem ...

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De Mãos Dadas (Aos / às funcionários / as da EMEF São Jorge, com esperança)

De mãos dadas trilharemos caminhos seguros na educação da esperança edificaremos o homem do amanhã. Seremos como pássaros, que voam ao céu confiantes no clarão do sol. Buscaremos algo novo no discurso das horas, pois seremos únicos na meta a alcançar. De mãos dadas edificaremos vidas, sonhos e esperanças, buscaremos alegria, entusiasmo e vontade de viver, pois a vida é bela e brota como um milagre do criador. Teremos discernimento do mundo, compreenderemos que o amanhã virá como presente para uma existência pulsante, bela. Temos um único objetivo nesta vida: sermos felizes e fazermos nossos semelhantes felizes. Isso é possível quando estabelecemos parâmetros de confiança com nosso próximo, com ações justas e éticas. 127


De mãos dadas seremos crianças que brincam na pureza da inocência do mundo que estar por vir. Olharemos as pessoas como irmãos na fraternidade de cada dia de cada hora, de cada instante para sempre ...

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Professor (a): Um ser que faz história (Para a Profª Ângela Carneiro in Memórian)

Ao estender as mãos sinto o peso do tempo que nos diz tantas histórias. Em tuas mãos paira o saber e o sabor da descoberta, os passos e a trilha da ciência, os caminhos de construção da vida consciente Tua função é lapidar sentimentos, é trilhar o absurdo da existência inquieta que poderia remeter à dor, ao descaso do ser À descoberta do espanto, da indagação perene do plasma da sapiência que trilha o desvendar do oculto antes mesmo da aurora e depois do ocaso Tua existência é um espelho que reflete inúmeras faces todas elas com ângulos calculáveis pois teu caminhar trilha por veredas dialéticas A gramática existencial supera o soletrando da fonética mostrando o potencial da linguagem que divulgas para o mundo daquele que segue o teu ser. Assim, professor (a), por estas trilhas existenciais tu teces o tecido daquele que espera de ti algo mais do que uma simples aula. Ele (a) espera de ti o afago, o carinho e tantas histórias sobre o mundo, sobre tudo que cerca a vida e a natureza.

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Mãos calejadas (Para Alexandre Gomes da Conceição, o Filho do Sertão, o Cheiroso, em Tuntum - Maranhão)

Batata na terra doente, batata da perna cansada, e as mãos calejadas escavam o chão. Mãos calejadas escavam o chão, bocas famintas esperam o pão. Olhos aflitos atentos ao céu, esperam milagres debaixo do véu. Assim é a vida do povo sofredor, ordeiro, pacíficos, sedentos de amor. Um dia a vida vai melhorar, a esperança, um cavalo selvagem vive a galopar. No coração dos aflitos em busca de pão, pois, mãos calejadas escavam o chão. 31 de outubro de 2007

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Sou assim Para Félix Bandeira Fernandes, meu irmão

Sou um comum, vivo em meio social, vejo meus semelhantes num vai-e-vem constante em busca de um lugar ao sol. As luzes piscam ao arrebol clareando vidas que vão rumo ao coração. Não sei se sou eu que aqui estou para dizer-te que o ser social pulsa nas entranhas de uma vida que nasce a cada dia pela aurora, que escorre em busca de um novo dia, um dia, um novo dia pela face que esvai ...

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Apologia a Sócrates (Para meu irmão Josélio dos Santos Fernandes, nos dias do Hair Style)

Quanto mais filosofa mais encontra a verdade, esse seu jeito de filosofar faz logo lhe compreender a realidade que existe entre o mundo e você. E você vai filosofando A filosofia é um modo de pensar que surgiu na Grécia antiga com Sócrates e Platão para a realidade desvendar e ser feliz. E você vai filosofando A descoberta da razão conduz à compreensão, um mundo novo pra você pode acreditar, tudo irá se desvendar e ser feliz. E você vai filosofando 25 de abril de 2007

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A força da vida (Para Dona Neide, Merendeira na EMEF São Jorge)

Vida, és um caminho a percorrer desde o nascimento. O espanto e o mundo da ternura e mãos que se encontram num dia outro dia, todas as horas. Um plano vital, o pulsar do coração, o sorriso irmão, o abraço fraterno. A solidão do enfermo, a dor da perda e da procura, a noite escura que tantas vezes nos assola. Mas és sentimento ternura e momento, dos olhares que na busca por respostas sobre o mundo e a dor. O sorriso da juventude, a superação da fome, do discurso do rio de João Cabral de Melo Neto. És tudo isso e algo além do sentimento que dormita no íntimo do ser zefeliano hoje e sempre

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Dialética (Ao Walderlane Freitas, nos dias do Cifor)

Sou eu mesmo, este homem simples, olhar taciturno ao céu. Todas as manhãs gosto de olhar a vida, o passar das nuvens. Ver, eu mesmo no espelho, tantas rugas e histórias. O menino adormecido no homem à procura de si mesmo no outro, na eterna solidão dos instantes. Não sou solidão, mas dialética nessas horas em que o coração passeia. Pela poesia de Drummond, Bandeira, Pessoa, João Cabral de Melo Neto Ferreira Gullar e o espanto da palavra no absurdo poético a tilintar a dor quando a existência esvai nesse ciclo dialético interminável. 22 de novembro de 2007

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O caminheiro da razão Duas vezes não passamos num mesmo rio, pois Recebemos a razão para lidar com coisas, pessoas e seres nessa caminhada Estremecida muita vezes, nas circunstâncias que pouco ou muito desejamos Diante de tudo isso, ainda força nos resta, para seguir adiante e acreditar na Estrela que nos guia, timoneira daquilo que discernirmos Restando a reflexão nessa caminhada Seguimos adiante, num alvo certeiro: o coração do outro Ou mesmo nosso coração. Onde somos capazes de restabelecer energias Naturais, advindas da construção de nosso ser, que em totalidade ou Dividido, cada parte compõe o todo, numa metamorfose Alem daquilo que imaginamos ou conhecemos. É isso mesmo: a vida é espanto, descoberta Suor, lágrimas, risos, uma eterna busca do impossível num mar de circunstâncias. Somos muitos, somos Irmãos em tantas lidas e percursos a trilhar em 135


Lutas dignas, existenciais, catalisadora das quimeras que vão se perdendo nessa trilha Várias vezes pensamos em desistir. Mas acreditamos no impossível e seguimos em frente. Seguimos Além daquilo que sonhamos ou estabelecemos como planos de vida. Como elemento superior de uma existência pautada na dignidade, no amor, trabalho e esperança.

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É Natal Por isso, devemos celebrar a vida, devemos celebrar o amor, devemos celebrar a amizade, devemos celebrar o sorriso e a pureza de uma criança. Em meio a tantos turbilhões insistimos: é natal! Por isso devemos agradecer a Deus por tudo de bom que ele faz por nós. Devemos nos conceber como irmãos, como amigos, como companheiros de uma caminhada que conduz ao coração e à edificação do viver. Ao contemplar as luzes de natal jamais devemos abrir mão de nossos sonhos, olhar as estrelas, todas estão no céu belas, cintilantes. Como irmãos (ãs), de mãos dadas, renovaremos nosso amor ao próximo, aos nossos amigos, aos nossos familiares, aos nossos alunos e alunas. O sonho impulsiona a vida, embala sentimentos e nos faz ver que o natal representa o nascimento de Cristo, o nascimento da existência, da quimera o nascimento de tudo que é bom e pode 137


fazer de nosso ser uma dádiva maravilhosa de Deus, da vida. Assim, ao acendermos as luzes de natal, o seu brilho reflete em nossos olhos e nos alerta para que possamos ser pessoas de paz, de amor, de dignidade, esperança, bondade, fidelidade, perseverança. Devemos ser tudo isso, porque Cristo habita em nós e esta é a lição que ele deixou ao mundo. Para que nós pudéssemos amar uns aos outros contemplando as luzes de natal que refletem e em nosso ser hoje e para sempre Feliz Natal!

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Poesia do Caminhante Ao professor Anderson Borges Barbosa, nos dias de São Jorge

Antes mesmo que o sol venha se pôr, é preciso acreditar no amor, Na vida, numa existência repleta de significados Diante de tudo isso, o que nos resta é amar, amar intensamente tudo o que nos cerca, pois Éramos assim no início da caminhada sobre a face da Terra, num Rumo ininterrupto que conduz ao coração, à liberdade plena do Ser que habita em nós mesmos e em nossa imaginação Onde as indagações são tantas, tantas que nos caracterizam como seres racionais, Numa possibilidade dialógica infinita, repleta de Bons fluidos, de boas lembranças daquilo que fomos ou poderia ter sido Outrora ou no tempo presente. Pois de agora em diante, elaboraremos um discurso Reflexivo, capaz de conduzir ao coração do outro, remetendo-o à compreensão do mundo, de toda Gente que nos cerca e habita em nossa imaginação e criatividade E isso será o ingrediente principal de uma vida que paira sobre o amor, sobre o sentimento Sem jamais abrirmos mão dos sonhos que permeiam a existência que nos conduz à Boa nova dos caminhos que pulsam em nossas veias e artérias Além disso, elas conduzem os impulsos nervosos que palpitam o sopro da vida, fazendo uma Releitura de tudo o que somos, ante aos olhos de nossos semelhantes, assim, a 139


Boa nova trará uma mensagem de paz que aliviará os corações e mentes daqueles que se inquietam com as dores do mundo, com as dores dos Outros, com as dores de nossos semelhantes Sem todos esses elementos, os dias tornam-se mais breves ea Alma perde seu colorido, seu jeito simples de viver e agir ante os desafios do mundo. Redenção, 12 de janeiro de 2008

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Família: uma semente de esperança na vida dos jovens

Meu pai, minha mãe e meus irmãos, hoje estou aqui para declamar esta poesia, dizer-lhes, que a vida é bela e pulsa no sentimento da existência. Os caminhos são muitos mas, a sua mão guia-me por estradas de retidão de buscas, compreensões. De caminhos e luzes que clareiam nossas vidas, nossos destinos, para que possamos ser felizes. Tu confias em mim, pela educação que me destes, para que me tornasse humano: eternamente humano! Pelas obras que estou a construir e reforçar os píncaros existenciais, dos mananciais que nascem da consciência do saber, da procura, eternas indagações. As palavras são poucas para agradecer o que fazes por mim, pela minha vida, sem seu pulso firme, eu não estaria aqui para reforçar todo o amor que sinto. Por isso quero agradecer e rogar a Deus que lhe proporcione saúde, disposição e retidão para todo o sempre Muito obrigado minha família e meus professores, 08 de fevereiro de 2008

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Papai Noel Eu sou o papai Noel, gosto muito de brincar. Quando é noite de natal brinquedos eu saio a entregar. São todos os tipos de brinquedos para crianças em geral, para que não tenham medo e vivam bem sem segredos. Eu moro no Pólo Norte e de lá eu saio para o mundo, eu trago vivo construindo a sorte para que a criança respire bem fundo. Crianças, minhas crianças, do mundo vocês são a esperança. No peito plantem a bonança para um mundo bem melhor. Para um mundo em que o brincar é a alegria a saltitar, o saltitar do coração repleto de emoção, repleto de alegria fazer da vida um carrossel de ventania. Eu sou o Papai Noel, mensageiro da alegria, alegro crianças em geral para que a vida seja bela, pintada numa aquarela

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Mamãe, flor sublime! Para Eugênia Ferreira dos Santos, Minha Madrasta

Mamãe, mamãe querida, eu quero lhe dizer que a vida não existe sem você. Nós somos seus filhos, nós somos a esperança do mundo. Nós somos a própria existência, nós somos tudo! nós somos a vida! Nós somos os dias, as horas, as manhãs, as tardes, as noites a existência, somos tudo. Porque mamãe, você permitiu tudo isso com a força do teu ventre, com o som da tua voz, a nos embalar nos momentos mais difíceis dos dias que vivemos. Mamãe, queremos reconhecer o amor que constrói os dias que vivemos, os dias que existimos para dizer, com toda a força que há em nós, queremos dizer, mamãe: nós te amamos hoje e sempre! por toda a eternidade!!!

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Poesia para a Menina Erly Terezinha Camargo Há um caminho a seguir para que a poesia venha florir. Florir teus verdes olhos para a luz cintilar. São olhos de encanto para a vida afagar. Tua vida é uma história de dignidade e amor. Teus passos são sábios de carinho e louvor. Louvor de um tempo que esvai assim como a poesia mansa Que emana do peito dos poetas traz uma mensagem branda, que em teu peito descansa. E assim essa menina, linda tal como uma flor vai irradiando sonhos, poesia e amor. É um amor cintilante que somente a poesia inspira buscando por verdades eternas, que no peito suspiram. Dessa forma, a luz vem para brilhar nos olhos teus, trazendo a poesia mansa que do sentimento veio do céu. Menina, menina meiga, cheia de alegria e ternura tu trazes em tua existência, eterna magia de uma vida pura 144


Por isso a poesia vem do peito para florir, florir a tua existência que dos teus lábios tem a sorrir. É um sorriso franco e aberto, um sorriso de amiga e irmã amiga de toda hora, e não é de esperanças vãs. Nesse percurso trigueiro, da tua vida irá brotar um discurso perene e amigo, cintilante a brilhar E a luz dos olhos teus, trazem brilho e ternura criando uma atmosfera, tornando nossa vida mais pura. 31 de janeiro de 2008

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Pedra que dormita no tempo (Ao Senhor Pedro Martins dos Reis, por ocasião dos 68 anos de vida)

Há um tempo na existência de plantar e colher de buscar sentimentos para a vida nascer. De menino travesso, hoje estou ancião peregrino da vida, parceiro do coração. No caminho eu vou semeando o amor de um dia que retorne, para aliviar a dor. Eu sou um caminhante, peregrino da razão nesta lida tão árdua, superando a ilusão. De um dia, outro dia, a vida assim caminhar é um caminho perene, para o coração afagar. Ancião, hoje estou carregando no tempo a semente do eterno sentimento. Sentimento de tudo o que estou a afagar lágrimas que escorrem no rosto, a tudo duvidar. São dúvidas eternas, dos dias que vão caminhando perene, superando a ilusão. Caminheiro eu sou, caminheiro do coração de menino a ancião, construindo a razão. A razão de um dia, de uma noite, da existência talvez sou menino travesso, da existência, os porquês. Eu sou Pedro, eu sou pedra que dormita no tempo sou menino travesso, construtor de sentimento. 146


Mulher: uma história no tempo, na vida... Sou mulher, e contemplo o mundo criticamente num discurso que voa com as horas e faz uma história construída por minhas próprias mãos. Sou mulher, enfrento as dores da rotina mas sou otimista com a vida, com tudo que diz respeito ao meu ser. Sou mulher e dou a luz ao mundo, arrebento as consciências com golpes de metáforas. Não temo a vida, busco nos dias alimento para minha existência. Ainda que o tempo seja perene na dinâmica do que é, a busca perfeita da consciência a vida, o discurso, a lida, a fé. Eu sei dos desafios da existência: a maternidade, a família, a solidão, a incompreensão que paira sobre meu ser. Há muito o que se refletir sobre minha vida sobre o que sou e o que poderia ter sido nas cálidas e turvas manhãs do pulsar cardíaco. 147


Como é bom olhar para mim mesma e contemplar meu ser dá uma vontade imensa de gritar ao mundo: eu sou mulher, mãe, amiga e companheira do destino. Companheira dos dias, das noites, dos conceitos que elaboro sobre mim mesma e tudo o que me cerca. A pálida luz matinal ao refletir sobre meu rosto divulga minha história, traduzida em dores, alegrias, memórias de um tempo que escorre no meu sentimento, para sempre sou mulher ...

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Na curva da Estrada (Para Sofia, pela oportunidade de um sonho de paz às novas gerações) Em busca da terra, em busca da vida, abriu-se a ferida. O sonho se foi na curva da estrada. Nem terra, nem nada, a alma dilacerada, a dor da violência armada sucumbiu o sonho de ver a terra plantada a fome saciada.

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Ao meu pai, com eterna gratidão. Papai, tu és um presente de Deus para nossas vidas. A instância querida dos dias que vão pulsando ao sabor das horas e do coração. Nessa demonstração de amor, dedicação e louvor, é o pouco e o muito que sentimos para agradecer a Deus pela sua vida. O teu olhar sereno. o sorriso de menino. nos faz acreditar que a vida pulsa em intensidade carregada de sentimentos, construindo pessoas capazes de amar e ser feliz. Tu és o muito, o carinho e a devoção, a força que pulsa em cada coração. Papai, você é a própria vida multiplicada em outras vidas para todo o sempre!

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Estudante: caminheiro (a) do conhecimento Ser estudante é buscar conhecimento construindo sentimentos para uma vida melhor É ultrapassar fronteiras, rompendo barreiras, confiante na vida que escoa no tempo reforçando valores, saberes. É caminhar destemido, peito e coração erguidos, confiantes na vida. É resolver mil e uma equações superando razões no discurso das horas, do tempo. De um sentimento eterno do desvendar do saber, do querer ser pessoa. Num eterno discurso do antes e depois, a palavra fraterna para sempre pulsar. Assim é a vida de quem constrói saberes na caminhada do tempo, superando limites e outras questões. Estudante, estudante tua vida é buscar conhecimentos numa caminhada perene ao sabor dos sentimentos. 151


Olhos de Nibelungo (Para Josélio dos Santos Fernandes)

A poesia pulsa intensamente ( no vôo do pássaro Esconde o sentimento das horas ( nas entrelinhas das palavras São elas que tecem o tecido da linguagem da passagem de cada instante da vida. Transformando cada sentimento em momentos vividos (puros ou não! São sentimentos vãos como o vôo do pássaro de Minerva. No silêncio soturno do espaço (entreaberto para o infinito O grito de silêncio expresso ( pela solidão cósmica do homem Em cada hora que pulsa (vem a metáfora da vida Traduzida na dialética (do que é Antes, depois, agora (como a água do rio que corre Já não sou mais o mesmo ( mas serei eu mesmo 152


Na consciência de ser pessoa (do pulsar do tempo em mim Diante de tudo isso (a poesia freneticamente Reclama pela linguagem (ao tudo quer falar Há muito a ser e a existir ( no sentimento do Do homem, da espera, do ontem, do hoje, do agora Redenção, Outubro de 2008

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Professor (a): o ser e o saber Nos caminhos da educação vou construindo corações que palpitarão ao longo ( da existência. Eu sei que tantos desejos escondidos nos olhares de cada aluno nas aulas ( que pulsam são aulas sobre a vida, sobre o mundo, sobre a história, escrita com a pena da dialética ( por cada ser. Nas lições que ensino modifico comportamentos pois são tantos ensinamentos (para o ontem, o hoje e o depois. É a história que pulsa em cada lição ruminando um coração aberto para o mundo para a troca do conhecimento, do diálogo (eternamente. Nessas lições que ensino também aprendo, e vou modificando a mim mesmo e a vida ( numa lição permanente.

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Professor (a): um ser que constrói vidas Em tuas mãos repousa o tempo que flui intensamente em nossas vidas deixando marcas profundas. E traz na memória as lições que recebemos. São tantas, tantas, tantas onde a dimensão humana dormita no mar da existência. Onde cada pulsar, cada olhar, mostra o que somos, ou, o que poderemos ser. Sem ti, professor (a), o caminho a percorrer é mais árido, intrépido, sem o sabor das descobertas. És mais do que ensinas, trazes contigo a marca da vontade, do desejo de edificar melhor tua imagem. A percepção das coisas, o anseio das respostas que a vida planta em cada indagação, Nessa caminhada tua vida é filosofia, tua vida é poesia talhada com a pena da dialética, do discurso da ética de que podemos ser mais humano, infinito pulso existencial no discurso do saber.

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Eu sou criança Eu sou criança, tenho muita esperança no mundo. Eu gosto de brincar, eu gosto de estudar, eu gosto da vida. Assim, caminho para o mundo com a alegria e esperança no coração. Pois sei que sou capaz de amar, estudar, ser feliz e fazer meus semelhantes felizes!

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Luciene Pacheco: a menina e a vida Eu sou mulher e tenho em minhas mãos, a vida, o sentimento do mundo. Sou caipira, dos rincões de Goiás, por isso sou forte, não temo a vida, não temo a luta. Sou assim desde menina, aprendi com a caminhada de cada dia, de minha existência. Vejo o mundo com os olhos da Cora Coralina, a menina que banhou no Rio Vermelho e um dia Drumondd afirmou ser essa menina a pessoa mais importante de Goiás. Eu sou uma mulher do meu tempo, tenho o trejeito do amor, daquilo que a vida oferece para cada pessoa! Tenho o dom da felicidade e discurso com o tempo tudo isso, tudo o que sou. Na companhia da existência Deus me deu uma família: 157


Três pérolas maravilhosas, por isso sou feliz sempre! E quero transmitir esse amor aos meus semelhantes, quero dizer-lhes que a vida vale a pena. Ela é algo mais do que um dom, é um presente que Deus nos deu para vivenciá-la , autenticamente, na companhia daqueles que amamos hoje e sempre!

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Dia de Finados Ontem, dia 2 de novembro fomos ao cemitério acender velas. Encontramos várias pessoas todas saudosas dos entes queridos. Por um instante refletimos sobre a vida, sobre o sentido do existir. Descobrimos que viver pode ser simplicidade dada a finitude da nossa existência. A vida é esse trilhar, às vezes árduo, às vezes tênue. Pode ser a construção da paz onde cada um veja a si mesmo Espelhando no outro em tudo, em todos. Em cada passo que guia o ser. Talvez o mais belo de viver não seja O sorriso de uma criança, o desabrochar de uma flor, Mas o somatório de tudo isso em cada consciência. Viver então, é reconhecer a finitude da vida. Viver então, é reconhecer a infinitude da vida. No sorriso da criança e no desabrochar da flor.

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Poesia nua, sem segredos Dizem que a poesia é descrever tudo o que é belo. Então são belas todas as coisas que estão por aí. Na brisa, nas esquinas, no barulho da rua, na sujeira do asfalto e no ato de olhar e ser olhado, de ensinar e ser ensinado. É esse olhar que me leva a escrever e descrever o olhar poético do professor Idevilson Bandeira, sim professor! Pois sua poesia é didática, singela, segura, operária e com um toque de revolucionária. Porque revolução se constrói no dia-a-dia. Nas escolas, nas cadeias, nos bancos das praças, nas bibliotecas. A saga de um poema é como uma folha levada pelo vento que pousa tranqüila, junto a outras folhas para nutrir o solo do conhecimento. Que bom Idevilson! A sua poesia está aqui exposta, nua sem segredos à nossa espera para que nós nos deliciemos com sua sabedoria, profundidade e beleza!. (Paulo Reis. Licenciado em Letras pela Universidade Federal do Pará e professor de Língua Portuguesa e Redação da Rede Municipal de Ensino de Redenção.

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